Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz
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Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz
Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz A. Yu. Petrov Universidade Federal da Paraı́ba (UFPB) Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 1/25 Sumário • Introdução. Concepção da supersimetria. • Teoria supersimétrica de campos. Superparceiros. • Super-espaço e supercampo. • Teorias supersimetricas quânticas. “Cancelamentos milagrosos”. • Supersimetria nas teorias com quebra da simetria de Lorentz. • Conclusão. Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 2/25 Introdução. Concepção da supersimetria. Que é supersimetria (SUSY)? É simetria entre bósons e férmions. Cada simetria nova melhora a teoria – cancelamento das divergências, expressões mais compactas para as correções quânticas, até a previsão do resultado para as correções quânticas sem os cálculos... Exemplo: nas teorias de calíbre a ação efetiva é a função dos escalares obtidos através da contração do Fab . Bósons: agentes das interações fundamentais (γ, W ± , Z 0 , gluons, gravitons). Férmions: quarks (u, d, s, c, b, t) e léptons. Assim, supersimetria permite de “misturar” matêria usual e agentes das interações fundamentais. Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 3/25 A forma genérica das transformações da supersimetria: δB = ǫf (F ); δF = ǫg(B̃), (1) onde f e g são algumas funções. No caso mais usado, essas funções são lineares. O campo bosônico B e o campo fermiônico F são chamados de superparceiros. Tipicamente os seus nomes são: fotino – superparceiro de fóton, gravitino - de graviton, também, gluino etc... Introdução da supersimetria: Yu. A. Golfand, E. S. Lichtman, 1971; D. V. Volkov e V. P. Akulov, 1972, 1973; J. Wess, B. Zumino, 1974 (para a istória, vejam o livro “Supersymmetric World”, Ed. World Scientific). Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 4/25 Teoria supersimétrica de campos. Superparceiros. A teoria supersimétric mais simples – o modelo de Wess-Zumino (1974), descreve três campos: A, ψα , F (e os campos conjugados) cuja ação é Z h S = d4 x AĀ − ψ̄α̇ (σ m )α̇α ∂m ψα + F F̄ + i λ 1 α + [m(AF + ψ ψα ) + (Aψ α ψα + F A2 ) + h.c.] 2 2 (2) Essa ação é invariante sob as transformações com os parâmetros fermiónicos chamados de transformações da supersimetria: δA = −ǫα ψα ; δψα = −ǭα̇ i(σ m )α̇α ∂m A + ǫα F ; δF (3) = ǭα̇ i(σ m )α̇α ∂m ψ α . Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 5/25 O conjunto dos campos (A, ψα , F ) chama-se de multipleto quiral. • O campo ψα se chama de superparceiro do campo escalar A. E o campo F é o campo auxiliar cuja dinâmica é trivial pois a sua equação do movimento é meramente algêbrica: F̄ + mA + λ2 A2 = 0. Mas geralmente o F não é eliminado, para evitar a não-linearidade das transformações da supersimetria. • Todos os campos desse multipleto possuem a mesma massa. Isso é característico para qualquer multipleto supersimétrico. • Duas interações são caracterizados pela mesma constante do acoplamento λ. Isso é a propriedade comum das teorias supersimétricas – o número das constantes do acoplamento independentes é reduzido! Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 6/25 Super-espaço e supercampo A pergunta mais natural: se existe o formalismo que permite tratar as teorias supersimétricas em maneira mais compacta? Resposta: SIM!!! É o formalismo dos supercampos. “Superspace is the greatest invention since the wheel” (”Stuperspace”) A idéia-chave: os campos de multipletos são unidos para o supercampo. Por exemplo, o multipleto quiral corresponde ao supercampo quiral i α α̇ m Φ(x, θ, θ̄) = A(x) + θ ψα (x) − θ F (x) + θ θ̄ (σ )α̇α ∂m A(x) + 2 1 2 2 i 2 α̇ m α (4) θ θ̄ (σ )α̇α ∂m ψ (x) + θ̄ θ A(x). + 2 4 α 2 Aqui, θα e θ̄α̇ são as coordenadas extras no espaço novo estendido chamado de super-espaço, sendo os números anticomutantes (Grassmannianos). Os indices α tem valores 1, 2. Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 7/25 Agora ações, equações de movimento, transformações da supersimetria e os cálculos quânticos tonam-se muito mais simples. “We prove, once and for all, that people who don’t use superspace are really out of it.” (“Stuperspace”) Nessa formulação as transformações da supersimetria são: δΦ = i(ǫα Qα + ǭα̇ Q̄α̇ )Φ, (5) onde 1 Qα = i(∂α − iθ̄α̇ (σ m )α̇α ∂m ); 2 1 Q̄α̇ = i(∂α̇ − iθα (σ̄ m )αα̇ ∂m ) (6) 2 são as geradores. Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 8/25 O seu anticomutador: {Qα , Q̄α̇ } = i(σ m )α̇α ∂m . (7) Assim, obtemos extensão não-trivial da algebra de Poincaré (antes, tivemos apenas os comutadores). Os Q, Q̄ geram as translações em respeito as coordenadas fermiônicas, como ∂m – em respeito as usuais. As derivadas e integrais sobre as coordenadas Grassmannianas são: Z Z ∂θβ (8) dθα 1 = 0; dθα θβ = δαβ . = δβα ; ∂θα Ainda, temos a mêtrica no espaço das variáveis Grassmannianas – o tensor C αβ = iǫαβ , assim, θ2 ≡ 21 C αβ θβ θα . Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 9/25 Ainda, é necessário lhe introduzir as derivadas supersimétricas covariantes Dα , D̄α̇ . Todas elas anticomutam com todos os geradores, {Dα , Qβ } = 0, etc. – para a relação da covariância δDα Φ = Dα δΦ seria mantida. É fácil de ver que 1 α̇ m Dα = ∂α + iθ̄ (σ )α̇α ∂m ; 2 1 α m D̄α̇ = ∂α̇ + iθ (σ̄ )αα̇ ∂m , 2 (9) e {Dα , D̄β̇ } = i(σ m )β̇α ∂m . E agora, o modelo de Wess-Zumino adquire a forma muito simples!!! Z Z λ m (10) d6 z[ Φ2 + Φ3 ] + h.c. S = d8 ΦΦ̄ + 2 3! Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 10/25 Outra teoria importante é a teoria de super-Yang-Mills: Z 1 S = 2 tr d6 zW α Wα , 2g (11) onde Wα = D̄2 (e−gV Dα egV ) (12) Nas componentes, a teoria se reduz a Z 1 ab 4 /λ + D2 ), S = tr d x(− 2 F Fab + iλ̄D 4g (13) que é, a teoria de Yang-Mlls com a matêria acoplada. Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 11/25 Teorias supersimetricas quânticas. “Cancelamentos milagrosos”. Primeiro, consideraremos o modelo muito simplificado 1 λ 4 2 L = − φ( + m )φ + φ + Ψ̄(i∂/ − m + hφ)Ψ. 2 4! (14) Existem duas correções á função de dois pontos mais baixas apresentadas pelos diagramas de Feynman: a b Cada laço fermiónico carrega o fator (−1). Assim, as contribuições desses diagramas são Z Z 4 λ d p 1 d4 k Ia = φ(−p)φ(p) ; (15) 4 4 2 2 2 (2π) (2π) k − m Z Z 4 d4 k (k/ + m)(k/ + p/ + m) d p 2 φ(−p)φ(p)tr , Ib = −h 4 4 2 2 (2π) (2π) k −m Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 12/25 Ia Ib d4 p 1 d4 k φ(−p)φ(p) ; (16) = 4 4 2 2 (2π) (2π) k − m Z Z 4 k (k 2 + m2 ) 4p d d φ(−p)φ(p) , = −4h2 4 4 2 2 2 (2π) (2π) (k − m ) λ 2 Z Z É claro que as divergências quadrâticas somem na soma Ia + Ib , se λ = 8h2 . Na verdade, esse caso é muito simplificado, nos omitimos muitos efeitos finos. Mas a supersimetria funciona nessa maneira! P. S. Howe, K. S. Stelle, P. K. Townsend, “Miraculous Cancellations in Supersymmetry Made Manifest”, Nucl. Phys. B236, 125 (1984) – o artigo com discussões detalhadas. Os supercampos permitem de tomar isso em conta automaticamente!!! Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 13/25 No modelo de Wess-Zumino, em um laço temos o único supergráfico divergente 2 2 D̄− D − Usando o propagador dos supercampos 2 D̄ 2 < Φ(z1 )Φ̄(z2 ) >= D16 δ 8 (z1 − z2 ), fazemos as transformações algébricas simples, e temos Z Z 2 λ d4 p 4 Σ = d θ Φ̄(−p, θ)Φ(p, θ) × 4 2 (2π) Z 1 d4 k , (17) × 4 2 2 2 2 (2π) (k − m )[(k + p) − m ] então, divergência é única, e a sua ordem é melhorada (logarítmica em vez da quadrâtica). Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 14/25 Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz. A idéia-chave da quebra da simetria de Lorentz é presença do vetor ou R 4 abcd tensor constante na ação, como por exemplo d xǫ ka Ab ∂c Ad – termo de Carroll-Field-Jackiw (CFJ). Tal tensor destaca a direção preferencial. Isso não é a única maneira de quebrar a simetria de Lorentz. Outro exemplo importante é os termos tipo éter 1 φ( + m2 )φ + uµ uν ∂µ φ∂ν φ; 2 1 1 µ ν µν = − Fµν F + u u Fµα Fν α ; 4 2 = ψ̄(iγ µ ∂µ − m − uµ uν γµ ∂ν )ψ. Lesc = Lvect Lspin (18) O teorema: tensores constantes de posto impar, além d quebra da simetria de Lorentz, quebram também simetria de CPT, de posto par – não quebram a simetria CPT. Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 15/25 Três caminhos para quebrar a simetria de Lorentz na teoria de supercampos: 1. Deixamos os supercampos e os geradores a serem mesmos, adicionaremos os novos termos para ação. Exemplo: Z Z Ssc = d8 z(ΦΦ̄ + k ab ∂a Φ∂b Φ̄) + ( d6 zV (Φ) + h.c.) (19) Nesse caso, temos altas derivadas: a expressão em componentes é Z Ssc = d4 x(φφ̄ + k ab ∂a φ∂b φ̄ + . . .). (20) Portanto, temos os termos tipo Horava-Lifshitz (arXiv: 0901.3775) Z d4 x(φ̇φ̇ + ∂i ∂j φ∂i ∂j φ̄), e, ainda, muitos termos com derivadas espaciais e temporais mistas. Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 16/25 2. Introduzimos o supercampo novo envolvendo o vetor (tensor) constante (hep-th/0304166). Adicionamos á ação da super-QED Z 1 S=− d8 zV Dα D̄2 Dα V 16 (21) o termo novo δS = Z d8 z(W α Dα V Σ + h.c.), (22) onde Wα = − 41 D̄2 Dα V , e D̄α̇ Σ = 0. Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 17/25 E, como V = θ̄σ m θAm + . . . , Σ = s + θ α ψα + θ 2 F + . . . , obtemos em componentes Z 4 i δS = d z ∂a (s − s∗ )ǫabcd Fbc Ad + . . . , 2 (23) (24) i.e. o termo de CFJ: para s = ika xa , temos 2i ∂a (s − s∗ ) = ka , i.e. Z δS = d4 zka ǫabcd Fbc Ad + . . . . (25) Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 18/25 3. Vamos modificar os geradores de SUSY! (Kostelecky, Berger, hep-th/0112243) Qα Q̄α̇ 1 α̇ m = i(∂α − iθ̄ (σ )α̇α (∂m + kmn ∂ n )); 2 1 α m = i(∂α̇ − iθ (σ̄ )αα̇ (∂m + kmn ∂ n )). 2 (26) O seu anticomutador: {Qα , Q̄α̇ } = i(σ m )α̇α (∂m + kmn ∂ n ). (27) Em mesma maneira, modificamos as derivadas supercovariantes. Como a consequencia, podemos construir a teoria de supercampos com quebra da simetria de Lorentz. A diferença será em troca ∂m → ∂m + kmn ∂ n = ∇m (arXiv: 1206.4508). Escolhemos kmn = αum un . Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 19/25 Assim, ações em termos dos supercampos permanecem ser mesmos, mas em componentes se modificam! Por exemplo, a ação do modelo de Wess-Zumino torna-se Z h ˜ φ̄ + ψ α iσαmα̇ ∇m ψ̄ α̇ + F F̄ + S = d4 x φ + i 1 m(ψ α ψα + φF ) + λ(φψ α ψα + φ2 F ) + h.c. , (28) 2 ˜ = ∇m ∇m = + 2k mn ∂m ∂n + . . .. Os propagadores são onde < Φ(z1 )Φ̄(z2 ) > = < Φ(z1 )Φ(z2 ) > = 1 δ(z1 − z2 ); 2 ˜ −m mD2 δ(z1 − z2 ). 2 ˜ ˜ 4( − m ) (29) (30) Temos os termos de éter αum un ψ α iσmαα̇ ∂n ψ̄ α̇ e αum un φ∂m ∂n φ. Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 20/25 As relações da dispersão: E 2 = p2 + m2 + (2α + α2 )(~u · p~)2 para um um = 1 (tipo espaço) e E 2 (1 − α)2 = p~2 + m2 para um um = −1 (tipo tempo). A grau da divergência é ω = 2 − E − C. A função de dois pontos: D2 − − D̄2 A sua contribuição é Γ2 = i∆ λ2 2 Z d4 θ 1 + × ( 2 16π ǫ Z Z 1 0 d4 p Φ̄(−p, θ)Φ(p, θ) × 4 (2π) m2 + p̃2 x(1 − x) ). dx ln 2 µ (31) onde p̃2 = (pm + kmn pn )(pm + k ml pl ), e ∆ = det−1 (δnm + knm ) é o Jacobiano. Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 21/25 O potencial efetivo de um laço é ∞ Z 2 D̄ 2 X 1 D ]δ 8 (z − z ′ )|z=z ′ K (1) = − d8 z[ΨΨ̄ ˜2 2 16 (32) n=1 isso é a soma dos super-gráficos (com Ψ = m + λΦ): ★✥ ✧✦ ★✥ ✧✦ ★✥ ❅ ... ✧✦ ❅ Somando, temos Z Z 4q 1 Ψ̄Ψ d Ψ̄Ψ (1) 4 K =− d θ ln(1 − ). (33) 4 n 2 n 2 2 (2π) (qm + kmn q ) (qm + kmn q ) Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 22/25 Mudança dos variáveis qm + kmn q n → q̃m : Z Z 4 q̃ 1 Ψ̄Ψ 1 d 4 (1) Ψ̄Ψ 2 ln(1 − 2 ), K =− ∆ d θ 4 2 (2π) q̃ q̃ (34) o ∆ é o Jacobiano. Integrando, temos K (1) 1 ΨΨ̄ =− ∆ΨΨ̄ ln 2 . 2 32π µ (35) Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 23/25 Interpretação geomêtrica. Nesse caso, em um laço temos a seguinte correção quântica: Z ΓK = c∆ d8 zΦΦ̄ ≃ (36) Z ≃ −c∆ d4 x[η mn (∂m + kmn ∂ n )φ(∂n + knl ∂ l )φ] + . . . , onde ∆ = ∂q m det( ∂ q̃n ) = det−1 (δnm + knm ). Interpretação natural: a métrica nova g mn = η ab (δam + kam )(δbn + kbn ), p com gmn inversa, e ∆ = |g|, with g = det gab . Assim, Z p 4 (37) ΓK = − d x |g|g ab ∂a φ∂b φ, e a ação no espaço “curvo”, portanto, a correção quântica gera a geometria nova! (arXiv: 1305.1812) Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 24/25 Conclusão. Assim, com a supersimetria, temos os resultados seguintes: 1. Supersimetria mistura bósons e fermions e prevé as partículas novas. 2. O formalismo dos supercampos é o instrumento poderoso. 3. Cancelamento das divergências parcial, ou até total. 4. A extensão supersimétrica é construida para as teorias não comutativas e as teorias com quebra da simetria de Lorentz. 5. Geração da geometria. Mesmo assim, temos a grande lista dos problemas para o estudo futuro. 1. Outras maneiras de implementar a quebra de Lorentz nas teorias supersimétricas. 2. Estudo detalhado das teorias de calíbre supersimétricas (AdS/CFT etc.) e supergravitação. E muito mais... Supersimetria e quebra da simetria de Lorentz – p. 25/25