Matéria - Lina de Albuquerque
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Matéria - Lina de Albuquerque
Encontrar uma identificação com a obra, reconhecer-se e compreender melhor o mundo são proveitos da boa leitura 4 .- o cidades Invisíveis' (de taIo Calvino, Companhia das Letras). O que achei legalé que o autor não tem barreiras. ão minicontos 'contados em um misto le poesia e prosa. Como a gente mora em São 'aulo e o livro fala sobre iárias cidades, eu me dentifiquei com as iistórias. E comum tncontrá-las pekts Juliana Mattos, 25, historiadora Risadinhas' (de Roddy Doyle, Estação Liberdade), que conta a história de uns monstriflhos que protegem as crianças, colocando cocô de cachorro no chão para os pais pisarem. Achei a Heitor Fantinati de Moraes, 7, estudante .z. olivro'OQuarkeo Jaguar - A Dança do Universo' (de Murray Geil-Man, Rocco), que mistura física quântica e filosofia. Percebi que a ciência também é ume forma de poesia, e isse me comoveu bastante. Liaobrahácincoano: me senti diferente depois disso. Passei ercommastersç» Alessandra Maestrini, 24, atriz e cantora d peça 'Liberdade, Liberdade' (de F! Rangel e Millôr Fernandes, LP& Pocket. Li a obr anos, em uma fase: stionamentc-' rcar-. ArieStorch, 17, estudante Caio GuateUifFoIha Imagem M2ReIO Bnrabani'F&ha Inaqerri que fica à disposição dos alunos. "Costumo comprar creatina e aminoácidos dentro da academia. O preço é igual ao das outras lojas. Além disso, tenho a vantagem de marcar em uma conta e só pagar no final do mês", conta o aluno Cláudio Andrade, 42. A Competition também vai investir na alimentação. Em abril do ano que vem, deve inaugurar o Empório Equilibrium, onde serão vendidos produtos naturais e comidas balanceadas, feitas sob supervisão de nutricionistas. "O aluno que mora sozinho poderá sair da academia e levar sua refeição para casa", diz Fernando Rossi, gerente de marketing da academia, que também dispõe de serviço de lavaiideria e cabeleireiro. Como a maioria das academias de Sào Paulo, a Competition oferece aulas avulsas para quem está de passagem pela cidade, mas não quer deixar de se exercitar. "O cliente fica o tempo que quiser e faz seus exercícios preferidos", explica Rossi. Outra comodidade que as academias oferecem é o serviço de "child care", uma sala onde as mães podem deixar os filhos brincando enquanto se exercitam. Esse serviço pode ser gratuito ou não. "Sempre trago o Haik comigo; enquanto eu malho, ele brinca com outras crianças", conta a aluna da Reebok Daniela Djehdian, 25, mãe do garoto de 11 meses. Mas 1-laik não fica sozinho, ele tem uma babá que o acompanha na sala. Ter um acompanhante é uma das normas para as crianças menores de dois anos de idade. A academia Runner ampliou os cuidados com o corpo. Na unidade de Moema, há um centro de estética que leva a assinatura de Ala Szerman. "Mesmo a pessoa que malha há anos às vezes não consegue perder aquele pneuzinho ou a celulite, e nós oferecemos os tratamentos adequados", explica Cristina Scalon, gerente do Beauty Runner. Nas nove filiais da Runner, quem deseja seguir a carreira de modelo encontra um curso especial que ensina inclusive como se maquiar e se pentear e é ministrado pela Oficina da Imagem. "Já formainos mais de cem modelos desde junho deste ano", conta a coordenadora Daniela Policela Vieira. Com aulas teóricas e práticas, o curso dura dois meses e custa R$ 350. "Temos alunos dos 12 aos 65 anos de idade que querem aprender a andar em uma passarela ou simplesmente desejam aprimorar a imagem", explica a coordenadora. 4,1 : L: / t# A loja instalada na Companhia Atlética vende livros, COs e DVDs C, &i,, v ,urelli;Folha In,açjem - íON-- 1,_" Ana Lua Negreili, 25, prefere sacar dinheiro no caixa da academia Junqueira poupa tempo com o salão da Reebok Carolina Venta' '- 1,. F.,]l,a Imagem ONDE tel. 0/xxi tei OIxxIl 1/ 3061-06.1 '149-0522 Master: tel.0/xx.' iRitmo 3081-lic. 817-9725 Il Reebok: teto tel.Ofxx1t mpanhia - htica 4S ojt cia a T 5T06-3':I 1 1 VOCÊ TAMBÉM PODE PARAR DE FUMAR! "7 nto. Claudio Andtade abastece seu estoque de suplementos CENTRO DE TRATAMENTO DO TABAGISMO HOSPITAL BENEF CÊNCIA PORTUGUESA (11) 288-1255 Caio Goatelli/Folha Imagem tn : I s - - a Um Spa Hote/ em Campos do Jordáo diferente de tudo oque você já viu! *c:tc 1 Guilherme Rocha costuma usar a lavanderia da Reebok "Se lermos a obra-prima de um homem de gênio, sentiremos prazer ao descobrir nas suas reflexões alegrias e tristezas que também são as nossas, mas que estavam reprimidas" Proust, romancista francês "Num mundo que abomina o silêncio e a solidão, a leitura é um dos poucos exercícios que valoriza o espaço individual" Cristovão Tezza, professor do departamento de linguística da Universidade Federal do Paraná LINA ALBUQUERQUE - rAPE-LANCE PARA A FOLHA nquanto a fórmula dos manuais de auto-ajuda —espécie de pílulas de Prozac em forma de livro— brilha na lista dos mais vendidos, as grandes obras da literatura prosseguem alimentando a incurável e fundamental questão —"quem sou eu?"— que começou a perseguir o homem antes de Gutenberg ter inventado a máquina impressora. No fundo, as pessoas lêem por prazer ao conhecimento. Trata-se de um impulso humano natural, o de conhecer, e existe até um nome técnico para isso: "epistemofilia". Mas elas também lêem porque querem se encontrar, reconhecer-se e compreender-se por meio das palavras escritas. Depois de Gutenberg, ficou mais fácil para o simples mortal sonhar um pouco mais alto. E dividir a sua existência com Ulisses, 1-lamiet, Fausto. No recreio com Capitu "Os grandes livros são portas para vivências que o homem comum não teve", diz o escritor e jornalista Luiz Carlos Lisboa no recentemente reeditado "Tudo o que Você Precisa Ler sem Ser um Rato de Biblioteca" (Editora Papagaio), um guia de literatura saído das fichas de leitura que o autor faz desde os 14 anos de idade (ele tem 72), quando escalou a estante mais alta da biblioteca do pai a procura de livros de sexo e acabou descobrindo Machado de Assis. A companhia de "Dom Casmurro", de Machado, além de render uma suspensão justificada pelo estatuto do Colégio Santo Inácio, que não permitia a leitura durante o recreio, levou o autor a se transformar num rato —ou num "verme", conforme o termo inglês similar— de biblioteca. Pura sorte Lisboa ter sido "desvirginado" pela maliciosa Capitu na adolescência e despertado cedo para a complexidade da alma humana. Inexperiente, o então adolescente contava apenas com a curiosidade a seu favor. "O leitor precisa chegar aos livros essenciais levado pela curiosidade que o faz sempre buscar a resposta para o mistério de estar vivo", escreveu no prefácio do seu guia, tratando de ocultar a sua vivência pessoal. Hoje, o seu critério de seleção baseia-se no repertório adquirido e também filtrado ao longo da vida. "São essenciais aqueles livros que exerceram grande influência e, ao mesmo tempo, sofreram influência de grandes autores", completa a definição. LeitoC de si mesmo Éde modo para- doxal que a leitura acaba atuando como um fator de qualidade de vida. Quem apanha uni livro em busca de uma resposta, em geral, pouco ou nada encontra. Quem lê por prazer, movido por interesse e curiosidade pelo mundo, recebe de volta o poderoso estímulo da "identificação" que provém da arte, e aí, sim, a realidade pode ser, se não transformada, compreendida com maior profundidade. "Na verdade, todo leitor é, quando está lendo, um leitor de si mesmo", afirmou Marcel Proust, autor da importante obra "Em Busca do Tempo Perdido". A frase foi extraída pelo escritor britânico de origem suíça Alain de Botton e faz parte do livro "Como Proust Pode Mudar a Sua Vida" (Editora Rocco), uma mistura de biografia e crítica literária que se faz de auto-ajuda apenas no título. Para Alain de Botton, Proust ajuda muito quando observa: "Não se pode ler um romance sem atribuir à heroína os traços da mulher amada". Ou então: "Se lermos a obra-prima de um homem de gênio, sentiremos prazer ao descobrir nas suas reflexões alegrias e tristezas que também são as nossas, mas que estavam reprimidas: um mundo inteiro de emoções que desprezávamos e cujo valor se torna subitamente evidente ao fato de as lermos em um livro". Os efeitos benéficos ou deletérios da leitura, segundo os críticos, têm menos a ver com a trama da história do que com a capacidade das palavras de invocar a curiosidade e a imaginação em tomo da vida. Os filmes e os livros Todos os instrumentos que a humanidade até hoje inventou são uma extensão da mão, ao passo que o livro é um prolongamento da imaginação, diz, citando Jorge Luis Borges, Luís Augusto Fischer, colunista da Folha e professor de literatura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. "A diferença entre um filme e um livro é que há vários sonhos no meio do acompanhamento da história escrita", diz Fischer. Os sonhos estão no meio da leitura porque ler é sujeitar-se a um tempo diferente. Talvez seja justamente esse um dos maiores benefícios que o livro traz. Primeiro, porque quem lê como que "ganha" o tempo para si. Controla assim o tempo, fazendo dele o que bem desejar. "Num mundo que abomina o silêncio e a solidão, a leitura é um dos poucos exercícios que valoriza o espaço individual", ressalta Cristovão Tezza, autor de "Breve Espaço entre Cor e Sombra" (Editora Rocco) e professor do departamento de linguística da Universidade Federal do Paraná. Depois —e não menos importante— a leitura faz com que presente, passado e futuro se fundam e fluam justapostos à "Os grandes livros são portas para vivências que o homem comum não teve" Luiz Carlos Lisboa, escritor ejornalista "O formato de um livro é tão formidável como a bicicleta; não encrenca, não dá pane e não precisa de combustível" Luís Augusto Fischer, colunista da Folha e professor de literatura na Univ. Federal do Rio Grande do Sul Marelo arabanI/Folha Imagem imaginação. Um mesmo livro lido em momentos diferentes tem as suas interpretações revistas e atualizadas pelo desenrolar da vida. Ao longo de uma leitura, é possível reter um amontoado de palavras capazes de despertar para experiências antigas, reconstituir algum sentido —ou falta de sentido— no labirinto da memória. Um livro revira o baú das lembranças e, de repente, estacionando os olhos numa ou noutra página, o leitor reconcilia-se com alguma experiência antiga. Compreende assim um pouco mais do seu passado. Ou, numa outra inversão do tempo linear, encontra algum tipo de "preparação" para os acontecimentos futuros —Nietzsche dizia que a arte antecipa a vida sob muitos aspectos. Os adeptos da leitura dinâmica podem não gostar, mas o prazer de ler pouco ou nada se beneficia da rapidez. Isso vale, claro, para a leitura de um livro —não de jornal, outdoor ou legenda de filme. Também não se aplica àqueles que, mesmo com o hábito de devorar diversas obras ao mesmo tempo, sempre farão sua parada mais demorada em uma ou outra página aberta sobre o topo da pilha de livros que vai aumentando ao lado da cama. Ler muito não é o mesmo que ler muito depressa. A qualidade vagarosa da leitura dá ouvidos aos "concertos interiores", comparou Gaston Bachelard em "A Poética do Devaneio" (Martins Fontes). O filósofo insiste em um —único— conselho: não ler rápido demais e cuidar para não engolir trechos demasiadamente longos. "Sim, mastiguem bem e bebam em pequenos goles", orienta. Mas que grandes livros são esses que, lidos sem nenhuma pressa e, quem sabe, até com uma caneta na mão, podem acender o estopim que falta para as coisas serem mais profundamente compreendidas na vida ou na imaginação de uma pessoa? São aqueles capazes de sobreviver à prova crucial do tempo. "Cruel para a maioria das obras, o tempo traz à obraprima a suprema consagração", afirma o filósofo Michel Guérin no ensaio "O que É uma Obra?" (ed. Paz e Terra). Assim é a natureza de um clássico. Mas, afinal, por que lê-los? preseote O escritor ftalo-cubano Italo Calvino transformou essa questão em nome de livro "Por Que Ler os Clássicos" (Companhia das Letras)— e deixou bem claro que os clássicos servem para entender quem somos e onde chegamos. São demarcadores de lugar - "Quem leu antes os outros e depois lê aquele, reconhece logo o seu lugar na genealogia"—, mas merecem ser alternados com a leitura do presente. "É clássico tudo aquilo que tende a relegar as atualidades à posição de barulho de fundo, mas ao mesmo tempo não pode prescindir desse barulho de fundo", diz Calvino. Um objeto formidável -J 4 - "O meu livro preferido é 'Cem Anos de Solidão', (de Gabriel García Márquez, editora Record). Eu me impressionei como realismo fantástico proposto pelo livro. O que mais me tocou foram as histórias da família contada no livro recheado de vários personagens" Alexandre de Oliveira Souza, 27, advogado lo / - Uma pilha de folhas impressas, presas pelo meio e protegidas por uma capa —o livro é um objeto. Mas não é qualquer objeto. O seu formato, na opinião do professor de literatura Luís Augusto Fischer, é perfeito, e o seu design, insuperável. "Ele é tão formidável comoa bicicleta", compara Fischer. "Não encrenca, não dá pane e não precisa de combustível" Esse material impresso exerce fascínio justamente porque faz a ponte entre a realidade rastejante e o entendimento que se eleva sobre ela. "Livros são objetos transcendentes", carimbou Caetano Veloso. São também objetos afetivos. O filósofo Gaston Bachelard afirmou na "Poética do Devaneio" que só consegue conceber o paraíso como uma imensa biblioteca. O "sonhador das palavras escritas", como Bachelard se denomina, imagina que a prece do leitor voraz possa se iniciar assim: "A fome nossa de cada dia nos dai hoje". Na biblioteca ideal, para o escritor Italo Calvino, devem estar até os "objetos" livros ainda não lidos: "Metade composta delivros que já lemos, e outra metade que pretendemos ler". Especialistas sugerem listas de títulos clássicos "Escolhi os Iivros que me deixaram 'siderado" "Selecionei os livros que marcaram minha juventude" "A dotei como crítérioarepresentatividade histórica" De Luís Augusto Fischer, professorde literatura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e colunista da Folha PorCristovão Tezza, escritore professordo Departamento de Linguística da Universidade Federal do Paraná e autorde "Breve Espaço entre Core Sombra" De Ivan Teixelra, professor de literatura na Escola de Comunicação e Artes da USP, autor do "Mecenato Pombalino e Poesia Neoclássica" (vence- dor do Prêmio Jabuti 2000) "O Coração das Trevas", de josephConrad(1902) "Euolio contexto do filme 'ApocalipseNow de Coppola, e entendique a artepodedialogarcom a arte, sendo ao mesmo tempo um profundo comentário sobre a vida." "Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas", de Robert M.Pirsig (1974) "Mistura de viagem com diário íntimoemeditaçâo fi!osó fica, num clima meiohippie queé perfeito." "Grande Sertão: Veredas", de João Guimarães Rosa (1956) "Tenteioito vezes aleiturae, sóna oitava, entreinoclima necessário. Éuma viagem pelalinguagem, pelo interior dopaísepelainteligênciade uma eSpé "O Vermelho a. C.) 'Toda a formadepensaresen- primeiro granderomancepsicológicO tiro mundo grego está lá. O conjunto da literatura moderna, apresenta uma análiseprofunda dos personagens de mitológico apresentado nesse épico é uma das fontes do pensamento freudiano. Considerado um dos maiores romances doséculo2ü, "Ulisses" de Jamesioyce, éuma derivação modernis- um mundo que ainda estava por vir. É atualíssimo. Parece tersido escrito no mês passado." toda 'Odisséia'." "Os Irmãos Karamázovi", de Dostoiévski (1880) "É uma leiturolibertadora.AbordaaScriseseXis tenciaiseasquestôesreligiosaS emorais com uma intensidade fantástica." "Lord Jim", de Joseph Conrad (1900) "Mostra o peso carregado porum homem que comete um erro numasituação-limiteepasSaa vida cie de sábio caboclo." pensando em repará-lo." "Crime e Castigo", de Dostoiévski (1866) "Édaqueles livros "Palmeiras Bravas", de William Faulkner(1 939) "São tragé- que nos arras tapara o mais fundo que podemos imaginarsobrea experiência humana. Enosdevo!veàsuperfkiemelhoresdo que érarnos." "A Metamorfose", de Franz Kafka (1915) "Na primeira vez em que li, deixou-me impressionado comigo mesmo, com asensaçãode que a arte nos reinventa." "Conde de Monte Cristo", de Alexandre Dumas (1848) "Lem- "Odisséia", de Homero (séc. 80 e O Negro", de Stendhal (1830) "Considerado o dias modernas. Duas histórias intercaladas de figuras condenadas pelo destino ea luta para transcendê-lo." "A Divina Comédia", de Dante Alighien(1320) "Condensa as idéias cristãs da Idade Média, que, nesse livro, são transformadas em linguagem poética. Opensamento cristão até hoje permanece essencialmente o mesmo." "Os Lusíadas", de Camões (1572) "Éa maiorepopéia do Renascimento europeu. Exalta o expansionismoe o cristianismo. As navegações dos séculos 15e 76 representaram um feito tãoimportantena época como a chegadado homem à Lua. Camões faz umpoemasobre o início daglobalizaÇâO." "O Estrangeiro", deAlbertCamus (1942) "Talveza mais perfeita fábula sobre a solidãodosécu!o20." "Antologia Completa";de Carlos Drummond de Andrade (1962) "Éo maior poeta brasileiro. Umasíntese doqueháde melhorna linguagem poética brasileira." bro-me até hojedo arrebatamentodo personagem, capazde renúncias tre- "Dom Quixote", de Miguel de Cervantes (1605) "Éo primeiro grande livro que tematiza o próprio livro:Dom Quixote teriaperdido ojuízo porcausa doexcesso de leitura das novelas de cavalaria." "Tom Jones," de Henry Fielding (1749) "É um dos consolidadores de um novo gênero em acensão, o romance. Cria um tiponovo, o 'narradorbisbilhoteiro, que conversaebrin- mendas em favorde sua vingança." cacomoleitOr." Retrato da alfá ue de ieliUra Brasileiro lê pouco. A conclusão, que não chega a surpreender, faz parte de uma nesauisa realizada no imcio deste ano peIa Camara Brasileira do Livro em 46 cidades 'e d'. terentes regioes do Brasil. Os dados do levantamenrevelam que o desinteresse pela leitura está ligado a razões econômicas e culturais. Entre os mcmbros da classe A, 50% tinham o hábito de ler; na B,37%;naC,27%,ena classe D, 21%. As porcen- i tagens sao gualmente proporcionais ao nível de . escolandade: grau supe- nor, 55%; ensino médio, 29%; 9 a 8 séries, 15%; le a 4 séries, 10%. Apenas um terço das pessoas alfabetizadas e com mais de 14 anos leram um livro nos três meses anteriores ao levantamento, e 20% - tidos entrevistados nao , . nham um umco livro em casa. Os que poderiam ler, - liam, alegavam mas nao falta de tempo (39%) e nheiro para comprar livros (11%). Mais de 60% do total dos compradores de livros têm mais de 30 anos de idade, sem distinção de sexo. Somente 1% . 5.980 ,e um umverso i , ,uecarou Ler enuevlsiat.&os uma biblioteca com mais vo 1umes. de 500 "Memórias Póstumas de Brás Cubas," de Machado de Assis (1881) "Promove uma súmula bri- — ai lhante do pensamento e das formas literá riasdomundo europeu naAméricadoséculo 19. Conquista amaturidadepara a literatura brasileira, cr 11 •• B~ 1 amia •r O ideal de pai perfeito gera montanha de culpa Andrea/Iolha mgem ais perfeitos? Isso não existe. Mas, apesar de essa idéia ser bem-aceita e muito bem compreendida pelos pais, eles travam, quase diariamente, uma dura batalha contra ela. E o pior: arcam com uma consequência nada agradável e muito perturbadora da imagem 12 idealizada de pais que criaram para si. É, a culpa atrapalha. Mas que culpa é essa, afinal? Bem, um belo dia um casal resolve ou aceita colocar um filho neste mundo. Um mundo um tanto quanto insano, violento, inseguro. Isso significa assumir a árdua tarefa de preparar o filho para enfrentar o que der e vier. Quer dizer, enfrentar é pouco: o que os pais almejam é, na verdade, preparar o filho para que ele se dê bem na vida, para que seja feliz. Esse anseio só aumenta a responsabilidade dos pais e a exigência que fazem sobre o papel a cumprir. E o filho nasce, começa a crescer, e, com isso, surgem os contratempos para atrapalhar a imagem criada. Os pais, que sonhavam e desejavam ser democráticos, justos, pacientes, tolerantes, enfrentam um filho rebelde, teimoso, curioso, insistente. E, no lugar da idéia de que uma boa conversa com o filho tudo pode resolver, surge a realidade muito diferente. Os pais precisam ensinar regras, impor limites, assumir a autoridade, proteger a criança, fazer-se respeitar. E como uma criança de três anos, por exemplo, pode entender e aceitar tudo isso com uma simples conversa? Como um adolescente impetuoso e cheio de vitalidade e vontade de descobrir o mundo pode ouvir as razões dos pais sem brigar pelo que pensa e pelo que quer? Com essa parte o sonho não contava, e a atitude educativa dos pais que se impõe nessas horas provoca culpas. Ou, então, os pais passam a ser tolerantes além da conta, o que também provoca culpas. Quem tem filhos quer dar a eles o melhor, dentro do possível: boa escola, conforto, segurança, saúde e um bom lazer. Para dar conta de tudo isso, os pais trabalham. E trabalham. Consequência: ficam estressados, passam pouco tempo com os filhos, perdem facilmente a paciência quando estão com eles. Tem mais: depois de um longo dia longe do filho, os pais acreditam que devam desfrutar da companhia dele no tempo que resta, que precisem expressar o afeto que sentem por ele. Mas como fazer isso e, ao mesmo tempo, orientar, conter, cobrar? Atitudes como essas geram culpas. Os pais, então, optam por não dizer "não", o que também provoca culpas. Tudo is- so torna ainda mais distante a imagem idealizada de pais que já foi tão sonhada. E isso gera mais culpas. É possível escapar de tanta culpa? Talvez não, pois assumir o papel de pai ou de mãe significa educar, passar valores, restringir impulsos, sustar comportamentos. Mas talvez seja possível assumir esse papel com um pouco mais de liberdade de ação. Para tanto é preciso aceitar a idéia de perder aquela imagem tão idealizada de como ser pai que foi criada, mas que fica longe da realidade. Os pais podem sonhar ser —e ser de fato— compreensivos, tolerantes, justos, pacientes. Mas na medida da realidade, do possível, e sem perder de vista o papel educativo que têm a cumprir. Claro que essa função provoca ao filho desconforto, sofrimento, frustração. Quem aceita uma restrição de bom grado, sem lamentar? Quem gosta de ter um pedido nega- do? Mas isso tudo faz parte do jogo, tanto quanto amar os filhos e por eles ser amado. A culpa paralisa, impede, congela a ação. Por isso não é produtiva, por isso deve ser evitada pelos pais. Pelo menos seus efeitos. Já a responsabilidade facilita a busca de soluções, implica os pais em seu dever. E isso é tudo de que os filhos precisam. Muito melhor assumir essa responsabilidade no mundo real do que uma culpa que se alimenta apenas no mundo de imagens idealizadas, portanto impossíveis. Pais perfeitos? Isso não existe. Pais que tentam acertar, mas que erram, pais que se affigem, pais cheios de dúvidas, pais que se inventam a cada dia, pais que se perdem, mas não desistem, pais que não têm certas respostas. Esses são os pais que assumem seu papel tão humano. Com toda a humanidade possível. ROSELY SAYAO é psicóloga, consultora em educacao e autora de 'Sexo E Sexo" (cd. Companhia das Letras); e- mail: roseIysuoI.com.br