Os Deuses dos Celtas Continentais

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Os Deuses dos Celtas Continentais
Templo de Avalon - Caer Siddi
Os Deuses dos Celtas Continentais
Templo de Avalon - Caer Siddi : Registros de Belloṷesus
Publicada por Rowena em 12/1/2013
Enquanto dependemos do testemunho dos celtas insulares para os mitos, para as imagens temos
alguns documentos no tocante aos celtas do continente. Esses documentos são de dois tipos: textos
de escritores antigos e inscrições e monumentos gauleses e galo-romanos.
Os textos latinos e gregos são breves, enfáticos e sugerem concepções análogas às que são
familiares em outras mitologias, sendo, portanto, tranquilizadores. As inscrições (meros nomes ou
epítetos de divindades) e os monumentos (na medida em que são puramente célticos, pois devemos
considerar a possibilidade de influência romana) nos dão somente alusões que não são fáceis de
interpretar e lançam apenas um pouco de luz sobre um mundo de noções obscuras. Fica-se tentado
a usar os textos como pontos de partida com o fito de explicar os monumentos e isso para ajustar os
fragmentos do quebra-cabeça na moldura pronta que algum parágrafo de Caesar fornece.
Porém, essa tentação deve ser evitada, pois é mais seguro perambular sem guia num país não
mapeado do que confiar totalmente em um mapa traçado por homens que vieram só como turistas e
muitas vezes com julgamento tendencioso. Desse modo, avançaremos como se jamais grego ou
romano houvessem visitado um território céltico e examinaremos primeiro os documentos nativos.
Estaremos então prontos para comparar nossas descobertas com o que outros escritores relataram.
O primeiro fato que nos atinge é a multiplicidade de teônimos e a escassez dos exemplos da
ocorrência de cada um deles. De acordo com uma estimativa antiga, que provavelmente não está
sujeita e nenhuma correção de monta, de 374
p. 15
Nomes atestados nas inscrições, 305 ocorrem uma única vez 1. Os nomes mais frequentemente
mencionados são os dos deuses Grannos (19 vezes) e Belenos (31 vezes) e das deusas Rosmerta
(21 vezes) e Epona (26 vezes). Os nomes dos deuses gauleses são uma legião e o número não
ficou explicado por esses processos paralelos de sincretismo e expansão que noutros lugares
resultou na definição e fixação das características dos deuses.
No período galo-romano, quando os cultos nativos tornaram-se integrados ao sistema religioso
imperial, uma única deidade romana representava uma multiplicidade de deuses locais cuja
lembrança ficava preservada no epíteto do estrangeiro importado. Assim, cinquenta e nove epítetos
diferentes são ligados ao nome de Marte 2: Marte Teutates é o Teutates que conhecemos de
Lucanus; Marte Segomo é o Segomo cujo culto aparece em Munster e cujo nome ocorre no do herói
irlandês Nia Segamon (“Campão de Segomo”) 3; Marte Camulus é o disfarce do deus Camulus, sem
dúvida idêntico a Cumhall, pai do herói Finn (v. cap. VIII); Marte Rudianos (“o Vermelho”) lembra o
nome do deus-cavalo Rudiobos 4, pois o cavalo e a cor vermelha estão associados à terra dos
mortos e à guerra em todo o território céltico. Isso fica evidente pelos jaezes vermelhos da Morrígan
e pelos três cavaleiros vermelhos do reino de Donn, senhor dos mortos, cujo surgimento em A
Destruição da Hospedaria de Da Derga anuncia o destino iminente do rei Conaire 5. Desse modo,
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uma multiplicidade de deuses tribais que ele suplantou aparece sob a unidade do culto imperial de
Marte.
A pluralidade de nomes em toda a extensão do território sugere:
1. Anwyl, Trans. Gael. Soc. Inverness, 26, 411.
2. Dottin, Manuel por servir a l'étude de l'antiquité celtique, 226.
3. MacNeill, Phases of Irish History, 127.
4. J. Loth, Rev. Arch. 22, 5e Sér. 210; Eva Wunderlich, Rel.-Geschicht. Versuche, 20,46.
5. RC 22, 36.
p. 16
Que esses eram deuses tribais, os deuses de comunidades ou grupos de comunidades, pois sua
distribuição parece ser política ou geográfica, em lugar de funcional. E essa sugestão é confirmada
por uma útil observação feita por Vendryes 1. É fato bem conhecido que um dos deuses
representados com mais frequência nos monumentos gauleses é o Tricephalus, um deus com três
cabeças ou três faces.
Temos dele trinta e duas efígies, a maioria delas da Gália setentrional. Quinze dos exemplos mais
arcaicos foram encontrados no território dos Remi. Portanto, podemos considerar o Tricephalus
como um deus dos Remi, ao menos quanto a sua origem. Novamente, o culto das Matres é
difundido na Renânia e, especialmente, entre os Treveri. Encontramos, porém, um exemplo do
Tricephalus representado numa estela em Trier e ele aparece sobrepujado pelas três Matres dos
Treveri, que parecem calcá-lo aos pés. Esse momumento pode ser comparado a uma estela
descoberta em Malmaison, na qual o Tricephalus está associado a um outro grupo, o par formado
por Mercúrio e sua companheira, Rosmerta. No entanto, as posições estão nesse caso invertidas e
o Tricephalus parece dominar o par divino. Assim, cada um dos dois povos simbolizou o triunfo de
seu próprio deus sobre deuses estrangeiros ou hostis. Vendryes sem dúvida está correto ao
considerar tal evidência como indicação do caráter nacional que os Remi atribuíam ao seu
Tricephalus e os Treveri a suas Matres.
Esse caráter tribal do deus fica claramente explícito no nome do deus gaulês Teutates mencionado
por Lucanus: “e aqueles que com sangue maldito pacificam o selvagem Teutates, de Esus os
santuários hórridos, e os altares de Taranis, cruéis como aqueles amados pela Diana dos Citas” 2.
Supôs-se que Teutates fosse um dos grandes deuses gauleses, mas essa hipótese fica invalidada
1. Comptes Rendus de l'Acad. des Inscriptions, 1935. 324.
2. Pharsalia, i, 445-46 (tr. Bellovesos).
p. 17
Pelo fato de que ele é mencionado alhures em uma única inscrição e era, provavelmente, adorado
apenas por alguma tribo obscura. Deveras, o nome significa simplesmente “(o deus) da tribo”
(gaulês touto-, teuta-, irlandês túath, “tribo”) 1, título que corresponde a uma fórmula familiar das
sagas ilandesas: “Juro pelo deus (ou deuses) pelo qual meu povo jura!” 2 Cada povo gaulês posuía,
então, seu Teutates e cada um adorava-o com um nome diferente ou com um dos títulos: Albiorix,
“Rei do Mundo”; Rigisamus, “Muito Majestoso”; Maponos, “o Grande Jovem”; Toutiorix, “Rei da
Tribo”; Caturix, “Rei da Batalha”; Loucetius, “o Brilhante”, que talvez não sejam mais do que formas
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de invocar o deus sem profanar seu nome, por meio de uma precaução correspondente à sugerida
pela fórmula irlandesa. Como esses deuses de povos ou tribos surgem à imaginação dos gauleses?
Sem discutir detalhadamente as imagens, observaremos algumas características gerais 3.
Em primeiro lugar, figuras triplas são importantes, deuses com três cabeças ou três faces e grupos
de três deusas. O número três desempenha um grande papel na tradição céltica; a “tríade”, uma
fórmula que combina três fatos ou rês preceitos, é um gênero que domina a literatura gnômica de
Gales e da Irlanda e personagens triplos ou trios são proeminentes nas tradições épicas dos dois
povos. Outro fato notável é o distintivo caráter mais ou menos zoomórfico das efígies, algumas
vezes expresso em forma mais evoluída do mesmo tipo mitológico pela associação de um animal
com o deus. Um exemplo é oferecido por Cernunnos (“o Chifrudo”), o deus cujo culto é mais
amplamente atestado. Ele é representado com os chifres de um carneiro ou gamo, acocorado no
chão. A postura lembra a do Buda, mas isso deve ter sido habitual aos gauleses, cujo mobiliário não
incluía nenhum
1. Vendryes, Teutomatos, Comptes rendus de l'Acad. des Inscriptions, 1939, 466.
2. Tongu do día toinges mo thúath!, em irlandês antigo (nota do tradutor).
3. Para as imagens, veja W. Krause, Religion der Kelten (Bilderatlas zur Religions-geschichte, 17);
S. Reinach, Description raisonné du museé de Saint-Germains-en-Laye, Bronze figurés de la Gaule
Romaine, 137.
p. 18
Tipo de cadeira. Ele está frequentemente acompanhado de uma ou duas serpentes com chifres e o
deus chifrudo com uma serpente aparece no famoso caldeirão de Gundestrup. Certas variações
mostram uma deidade feminina, ou uma figura de três cabeças, do mesmo tipo.
Esse elemento zoomórfico aparece com mais clareza nas figuras femininas que nas masculinas;
uma das deusas mais familiares é Epona, cujo nome significa “a Grande Égua” e que surge motada
em lombo de cavalo, acompanhada por uma égua com seu potro; a galesa Rhiannon, “a Grande
Rainha”, tem sido reconhecida como uma deusa-égua comparável a Epona 1. Encontramos também
uma deusa-ursa, Artio, e não pode haver dúvida que o nome de Damona, formado como Epona,
significa “a Grande Vaca” (cf. irlandês dam, “boi”).
Essas deidades femininas ocupam um grande espaço no mundo religioso dos gauleses. Elas podem
ser divididas em duas classes. A primeira é a das deusas tutelares 2, que são ligadas à própria terra
e a características locais, fontes ou florestas, ou, novamente, aos animais que os frequentam, e que
controlam a fertilidade da terra, como demonstrado pelo #$%&@# da abundância que é um de seus
atributos. Tais são as Matres e Epona e as deusas da água (Sirona na Gália oriental e Brixia, a
companheira de Luxovius, o deus aquático de Luxeuil) ou das florestas (Dea Arduina das Ardennes).
A segunda classe, que é menor, é a das deusas da guerra: por exemplo, Andarta, dos Vocontii, ou
Andrasta, que era invocada por Boudicca antes de entrar em batalha, ou Nemetona, cujo nome
assemelha-se ao de Nemain, uma das três Morrígna da tradição irlandesa (v. p. 32). Os dois tipos,
dos quais um representa os poderes de fertilidade, o outro, os poderes de destruição, aparecem
separadamente no território continental. Encontramo-los fundidos nas pessoas das mesmas
divindades na tradição insular, que representa, nesse aspecto como em outros, uma
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1. H. Hubert, "Le Mythe d'Epona", Mélanges Vendryes, 187.
2. Daremberg-Saglio, Dict. des Ant., s. V. Matres.
p. 19
Concepção menos analítica e mais arcaica que a gaulesa.
Muitas das deusas usualmente aparecem como companheiras de um deus. Brixia e Luxovius já
foram citados e Sirona é comumente associada a Grannos ou, algumas vezes, a Apolo; Nemetona
aparece nos monumentos ao lado de Marte, que, sem dúvida, substitui nesses casos algum deus
guerreiro céltico; do mesmo modo, Rosmerta é a companheira de Mercúrio. Contudo, o par que se
vê com mais frequência é Sucellos e Nantosuelta.
Sucellos, “o Deus do Malho”, cujo nome significa “Bom Golpeador” tem sido identificado a Dispater,
ancestral dos gauleses, de quem Caesar nos fala. A aparência desse deus barbudo, vestido com a
túnica curta que era o traje nacional dos gauleses, expressando força e autoridade e, ao mesmo
tempo, uma certa benevolência, combina bastante com a ideia de um deus-pai e lembra, em muitos
aspectos, o deus principal dos irlandeses, o Dagda (v. Cap. III).
Seus atributos são o malho, arma do “Bom Golpeador”, e o cálice ou prato, símbolo da abundância,
e há um contundente paralelo com os dois atributos do Dagda, a maça que derruba seu inimigo e o
inexaurível caldeirão que assegura a abundância a seu povo. Portanto, essas divindades possuem
as duas características que definem a função do deus-pai, que é, a um só tempo, guerreiro e, assim,
protetor e nutridor. O nome de sua companheira, Nantosuelta, é obscuro, mas o primeiro elemento
pode ser reconhecido como significando “rio” (cf. galês nant, “correnteza”). Dessa forma,
encontramos em solo gaulês uma associação de um deus-pai como uma deusa fluvial local, que é
confirmada por um episódio da mitologia irlandesa em que o Dagda é associado ao Boyne, o rio
sagrado da Irlanda (v. p. 41). Outros pares podem ser acrescentados a essa classe. Na região de
Salzbach, um “deus do malho” está associado à deusa Aeracura, que aparece com
p. 20
Um corno da abundância e um cesto de frutos, atributos das Matres. Na mitologia dos celtas
insulares, encontraremos novamente esses pares, compostos por um deus principal e uma das
Matres e não há dúvida de que representam uma das noções fundamentais da religião céltica.
Deuses tribais e deusas-mães: é possível ir além dessa caracterização geral das divindades
gaulesas? É possível encontrar um traço de separação de suas funções e atividades? A tentativa
tem sido feita por força do parágrafo de Caesar que é citado com frequência e que deve ser
novamente mencionado aqui. Recusamo-nos a começar com seu testemunho, mas este deve agora
ser considerado. Caesar usa estas palavras:
O principal deus dos gauleses é Mercúrio e há imagens dele em toda parte. Diz-se que é o inventor
de todas as artes, o guia de cada viagem e jornada e o deus mais influente nos negócios e questões
financeiras. Depois dele, adoram Apolo, Marte, Júpiter e Minerva. Esses deuses têm as mesmas
áreas de influência que entre os outros povos. Apolo afasta as doenças, Minerva é a mais influente
nos ofícios, Júpiter governa o céu e Marte é o deus da guerra 1.
Assim, os grandes deuses dos celtas parecem corresponder mais ou menos exatamente aos
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grandes deuses dos romanos e teriam compartilhado entre si, como fazem estes, os vários domínios
da atividade humana. Tal coincidência é a priori surpreendente. Em vista da divergência profunda na
mentalidade e estrutura social que observamos entre romanos e celtas, devemos espantar-nos com
essa semelhança em suas ideias religiosas; e uma comparação desse texto com os documentos
gauleses confirma a suspeita.
Se considerarmos as deusas, observamos entre as deusas-mães divindades da água e da floresta,
deusas da fertilidade que protegem certos animais e
1. Commentarii de Bello Gallico, vi, 17 (trad. Bellovesos).
p. 21
Deusas da guerra, mas em parte alguma uma Minerva, padroeira das artes. Isso não significa que
alguma deusa-mãe não desempenhava esse papel. E com efeito encontraremos na Brigit tripla uma
padroeira das artes entre os celtas insulares. Caesar pode ter observado essa qualidade em alguma
deusa gaulesa desconhecida para nós, ou mesmo em alguma que conhecemos, porém não com
essa conexão. A qualidade que lhe era familiar e, portanto, imediatamente compreensível, sugeriu
uma identificação apressada calculada para satisfazê-lo e confundir-nos. O testemunho de Caesar é
importante na medida em que lança luz sobre um aspecto das deusas-mães que é confirmado pela
tradição irlandesa e sobre o qual a tradição gaulesa é silenciosa. Contudo, ao aceitá-lo tal como
colocado, formaremos uma noção equivocada das complexas deusas dos celtas.
No caso dos deuses, estamos na mesma situação. Podemos acreditar que os deuses gauleses
eram guerreiros, artesãos, curadores e governavam certos fenômenos celestes. Isso fica
exemplificado pelas contradições dos comentaristas que tentaram acomodar a evidência
independente de Lucanus com o sistema delineado por Caesar. Na passagem acima citada,
Lucanus enumera três deuses adorados pelas tribos gaulesas: Teutates, Esus e Taranis. Nada há
que sugira serem estes os três grandes deuses gauleses, menos ainda que fossem os três
principais deuses dos gauleses, uma concepção que, como vimos, não corresponde a qualquer
realidade. Porém, à luz do testemunho de Caesar, somos conduzidos a achar uma equivalência
entre estes deuses e aqueles que ele definiu; e os comentaristas de Lucanus fizeram essa
tentativa1. O nome Taranis, que significa “Trovejante” (cf. irlandês torann, “trovão”) indica uma
identificação com Júpiter. No entanto, entre Esus e
1. Commenta Bernensia, 445.
p. 22
Teutates, qual corresponde a Marte e qual a Mercúrio? Há tão pouca concordância que os dois
comentaristas responderam a questão em termos contraditórios, de modo que encontramos tanto
Esus quanto Teutates identificados a cada um dos dois deuses romanos. Já vimos que Teutates é
de fato “o deus da tribo” e ele deve ter sido visto em alguns momentos como deus da guerra, em
outros momentos como deus da indústria, conforme fosse invocado em tempo de guerra ou de paz.
Indubitavelmente, o mesmo ocorria no caso de Esus, cujo nome pode significar “mestre”, se estiver
correta a comparação com o latim “erus”.
Lucanus o descreve como o senhor sanguinário de tribos belicosas, mas, nos altares de Trier e
Paris, ele surge como o benigno padroeiro de uma corporação pacífica de construtores. De forma
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semelhante, o irlandês Lug é um artesão de muitos talentos, inclusive um curador, mas também um
guerreiro cuja lança nunca erra o alvo. Universal e completa eficiência é o caráter de todos os
deuses célticos e os vemos combater ou dar ajuda e conselho, de acordo com as necessidades de
seu povo.
Não obstante, há um ponto do testemunho de Caesar que deve ser lembrado e exige interpretação.
É a proeminência que ele atribui ao Mercúrio gaulês sobre os outros deuses, incluindo o senhor do
céu. Isso conflita tão fortemente com as noções a que somos familiares que somos levados a
aceitá-la; e, além disso, ela é confirmada pela tradição irlandesa. Não devemos, entretanto,
atirar-nos à conclusão de que os gauleses distinguiam um deus das artes e ofícios em oposição a
um deus da guerra e preferiam um ao outro. O culto de Marte, que é adorado sob cinquenta e nove
títulos distintos, não é menos difundido na Gália galo-romana que o de Mercúrio, que possui apenas
dezenove títulos. Devemos ao contrário supor que os gauleses davam precedência em seu mundo
divino ao artesão
p. 23
Sobre o guerreiro e que ambas as qualidades podiam ser combinadas (e normalmente o eram) em
uma só divina pessoa. Essa é, ao menos, a forma como poderíamos explicar, em termos de
mitologia céltica, o fato que impressionou Caesar e que este explicou em termos romanos.
Algumas características gerais emergiram deste breve apanhado: a multiplicidade das pessoas
divinas, algumas vezes em forma tríplice; o caráter tribal, marcante no caso dos deuses; o caráter
local, especialmente no caso das deusas; a importância das deidades femininas, deusas da guerra
ou deusas-mães; a associação frequente dessas divindades femininas aos deuses tribais; a
ausência de diferenciação de funções entre os deuses e a importância do artesão na hierarquia
celestial. Essas características surgem apenas como sombras em nossa imagem do mundo
religioso dos gauleses, pois nosso conhecimento imperfeito permite meramente um esboço; iremos
vê-las novamente, no entanto, desenhadas com mais clareza e realçadas pelo rico colorido de uma
mitologia viva na tradição épica dos celtas insulares.
Fonte: Sjoestedt, Marie-Louise. Celtic Gods and Heroes.
Courier Dover Publications, Chemsford, MA, 2000, p. 14-23. ISBN 0-486-41441-8.
Tradução: Bellovesos /|
Belloṷesus Īsarnos
Assim, considera-te recepcionado, com meus votos de encontrares aqui algo que desperte teu
interesse ou, na pior das hipóteses, não te entedie.
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Bellodūnon:
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