Mísseis de cruzeiro com urânio empobrecido sobre a Líbia

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Mísseis de cruzeiro com urânio empobrecido sobre a Líbia
03/11/2015
Mísseis de cruzeiro com urânio empobrecido sobre a Líbia
Mísseis de cruzeiro com urânio
empobrecido sobre a Líbia
­Uma primeira avaliação sobre o impacto ambiental e
a saúde
por Massimo Zucchetti [*]
1. Introdução As questões respeitantes ao urânio empobrecido (depleted uranium, DU) e
à sua toxicidade transcenderam, nestes últimos anos, o âmbito da ciência.
O autor [1] trata da protecção radiológica desde há vinte anos e do urânio
empobrecido desde 1999. Após uma experiência de publicação de
documentos científicos em revistas académicas, actas de colóquios
internacionais e conferências na Itália sobre DU, este artigo tenta estimar os
possíveis impactos ambientais e sobre a saúde da utilização do urânio
empobrecido na guerra da Líbia (2011). Informações sobre a sua utilização tem aparecido nos media desde o
princípio do conflito [2] . Em particular, foram utilizados mísseis Cruise
desde os primeiros dias e mostraremos aqui que há a forte suspeita de que
estes mísseis contenham Urânio Empobrecido tanto nos seus
estabilizadores de voo como nas asas, ou como peso potenciador de
energia cinética. Na última semana do conflito, aviões A­10 foram
destacados e estes também são conhecido por utilizarem balas DU. O ICBUW (International Council for the Ban of Uranium Weapons) tem
tratado a fundo da questão [3] . Declarações da US Air Force de que os
aviões A­10 não estão a utilizar balas DU serão adoptadas como hipótese
de partida, sendo entretanto muito suspeitas uma vez que em todos os
conflitos passados (Balcãs, Iraque, Afeganistão) aviões A­10 utilizaram
amplamente munição DU. Outras armas suspeitas de também conterem
DU, tais como os aviões AV­8B, são apontadas aqui, mas não consideradas
nos cálculos e avaliações seguintes, os quais se centram amplamente nos
mísseis Cruise. Devido às suas características físicas únicas, particularmente a densidade
que o torna um potenciador de massa extremamente conveniente (cerca de
19 kg/l), mas também o custo baixo (o custo de produção do DU é cerca de
US$2 por kg) e a incomodidade de tratá­lo como resíduo radioactivo, o DU
encontrou o seu caminho de utilização no campo militar. http://resistir.info/du/libia_14abr11.html
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Se for tratado adequadamente, a liga U­Ti (urânio­titânio) é um material
muito eficaz para a construção de penetradores de energia cinética, balas
de metal pesado que podem furar blindagens quando disparadas contra as
mesmas em alta velocidade. O processo de penetração pulveriza a maior parte do urânio que explode
em fragmentos incandescentes (combustão violenta a quase 5000º C),
quando atinge o ar do outro lado da blindagem perfurada, aumentando o
efeito destrutivo. Esta propriedade, chamada "piroforicidade", é a
característica, por exemplo, do enxofre em fósforos. Assim, além da alta
densidade do DU, a piroforicidade também faz dele um material de grande
interesse para estas aplicações, em particular como arma incendiária (API:
Armour Piercing Incendiary). Finalmente, na fase de impacto sobre o objectivo, a dureza relativa do DU
(em liga com o titânio) proporciona ao projéctil a capacidade de auto­
afiação: por outras palavras, o projecto não se "achata" contra a blindagem
a ser rompida, formando uma "cabeça chata" – como por exemplo um
projéctil de chumbo – mas mantém o seu perfil afilado até a fragmentação
completa, sem portanto perder as propriedades de penetração. No campo de batalha, o DU certamente foi utilizado na Guerra do Golfo de
1991, durante os bombardeamentos da NATO/ONU sobre a República
Sérvia da Bósnia em Setembro de 1995, contra a Jugoslávia na Primavera
de 1999; neste século, durante o ataque ao Afeganistão e a seguir, mais
uma vez, no Iraque em 2003. A utilização de dispositivos com DU em guerras na Somália, Bósnia central
e Europa central e do Leste (especialmente grandes áreas em torno de
Sarajevo) na década de 1990, na Palestina e campos de tiro da
responsabilidade de forças militares da NATO, ainda está incompletamente
documentada. [4] http://resistir.info/du/libia_14abr11.html
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Dentre as armas que
utilizam DU, incluímos
também o míssil
Tomahawk Cruise,
cuja utilização durante
a guerra balcânica da
Primavera de 1999,
embora não
reconhecida pela
NATO foi confirmada
por descobertas no
sítio e fontes da União
Europeia. [5] Por outro lado, no
Decálogo entregue a todos os soldados enviados para o Kosovo em 1999,
havia recomendações a serem seguidas ao pé da letra declarando a
presença de urânio empobrecido no território e particularmente em mísseis
Tomahawk Cruise. A introdução diz o seguinte:
"Os veículos e materiais do exército sérvio no Kosovo podem ser
uma ameaça à saúde de soldados e civis que lhes forem
expostos. Os veículos e equipamento encontrados destruídos,
danificados ou abandonados devem ser inspeccionados e
manuseados só por pessoal qualificado. Os perigos decorrem do
urânio empobrecidos resultantes de danos provocados pela
campanha de bombardeamento da NATO relativos a veículos
atingidos directa ou indirectamente. Além disso, os colimadores
contendo trítio e os instrumentos e indicadores podem ser tratado
com pintura radioactiva, perigosa para aqueles que tiveram
acesso aos meios de inspeccioná­los. "Aqui estão dicas sobre
como evitar a exposição ao urânio empobrecido. Textualmente:
"Evitar qualquer meio ou material suspeito de ter sido atingido por
munições contendo urânio empobrecido ou mísseis Tomahawk
Cruise. Não apanhar ou colectar munições com DU encontradas
no chão. Informe o seu comandante imediatamente acerca da
área que sente estar contaminada. Demarque sempre a área
como contaminada se encontrar material no sítio. Se estiver numa
área contaminada, pelo menos use uma máscara e luvas.
Garanta boa higiene pessoal. Lave frequentemente o corpo e as
roupas".
As avaliações da quantidade de DU utilizado em mísseis de cruzeiro variam
muito. Em particular, elas variam conforme as diferentes fontes, incluindo
valores em torno dos 3 kg mas podendo chegar a cerca de 400 kg. Na nota
[6] há uma compilação de diferentes fontes disponíveis a este respeito,
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muito importantes para a estimação do impacto ambiental. As previsíveis declarações oficiais de negação da presença de urânio
nestes mísseis chocam­se com as publicações acima, bem como com
fontes de origem militar [7] . Esta ampla variabilidade nos dados pode ser explicada facilmente. Alguns
mísseis Cruise têm a sua cabeça lastreada com urânio empobrecido, outras
não. Mesmo estas outras, contudo, ainda que não tenham uma ogiva com
urânio empobrecido, trazem­no nas asas como estabilizador de voo. Assim, podemos definir dois casos CASO PIOR: Cruise com urânio na ogiva. Assuma 440 kg de DU. CASO MELHOR: Cruise sem urânio na ogiva. Assuma 3 kg de DU nas
asas. 2. Cálculo do impacto ambiental e seus efeitos na saúde Na vasta literatura sobre urânio empobrecido vista pelo autor [8] , o
problema já examinado foi o cálculo da contaminação do urânio devido a
mísseis de cruzeiro, particularmente aqueles lançados na Bósnia em 1995.
O estudo também pode ser encontrado na Internet, bem como a revista
científica "Tribuna Biologica e Medica" (Biological and Medical Forum). [9] ,
[10] . Retornando aos modelos utilizados no artigo acima mencionado, pode­se
deduzir qual é o mecanismo de contaminação, no ponto de exposição e de
inalação, com um cálculo destinado apenas a determinar se – pelo menos
num caso realista – a relevância das doses permite ou não esquecer o
problema. Consideremos o impacto de um míssil Tomahawk Cruise que contém 3 kg
(melhor caso), ou 400 kg (pior caso) de DU. O impacto produz uma nuvem de fragmentos de várias dimensões, após
violenta combustão a cerca de 5000º C. A poeira é, como mencionado,
composta de partículas dimensionadas na amplitude [0,5 – 5] micron [NT 1]
. A uma distância entre 500 e 1000 metros do impactos alguém pode
respirar nuvens com uma densidade suficiente de doses significativas,
consistentes de partículas tendo uma massa com cerca de 0,6 a cerca de 5
nanogramas [NT 2] . Foi feita uma estimativa utilizando o código GENII [11]
para cálculos de dose e dispersão. Optámos por ignorar os efeitos do fogo,
considerando apenas a exposição à inalação devida à simples libertação do
material, sem considerar alguns factores que poderiam provocar acréscimo
de exposição. http://resistir.info/du/libia_14abr11.html
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O grupo crítico, neste caso, é precisamente o das pessoas recobertas pela
nuvem de pó após a explosão. Depois de o míssil atingir o alvo, o pó pode incendiar­se, dispersar­se e ser
oxidado no ambiente, conforme as estimativas que serão apresentadas
neste trabalho. Cerca de 70% do DU contido no míssil, o qual se supõe atingir sempre o
alvo uma vez que é uma "arma inteligente", arde. Destes 70%, cerca de
50% são óxidos solúveis. Todas as constituintes da poeira de óxido de DU cabem na categoria da
pequena dimensão, ou seja, respiráveis, e do pó ultra­fino. Em particular, o
diâmetro das partículas neste caso é mais fino do que o pó de urânio
habitualmente encontrado na preparação de combustível nuclear nessa
industria. Trata­se praticamente de pó incluído na amplitude [1­10] micron,
com uma proporção significativa de partículas com um diâmetro inferior a
um micron. Quanto ao comportamento do pó de DU no corpo humano, a principal rota
de contaminação é a inalação. Tal como mencionado, parte dos pós são
solúveis e alguns são insolúveis nos fluidos corporais. Dadas as características dos óxidos de DU de origem militar, deveria ser
observado que elas têm diferentes comportamentos em relação ao pó de
urânio industrial. Pode­se, contudo, assumir, de acordo com ICRP [12] , que
cerca de 60% do pó inalado é depositado no sistema respiratório, o restante
sendo re­exalado. Pode­se assumir que cerca de 25% das partículas com diâmetro em torno
de 1 micron são retidas nos pulmões por um longo período, ao passo que o
resto é depositado no aparelho de respiração superior, passando então para
o sistema digestivo e sendo portanto eliminado, enquanto pequenas partes
vão acumular­se nos ossos. Cerca de 25% das micro­partículas é mantida nos pulmões, cerca da
metade do material comporta­se como classe M conforme o ICRP, a qual é
vagarosamente solúvel em fluidos corporais, enquanto o resto é insolúvel. Este tipo de comportamento e exposição não foi estudado em qualquer
situação anterior de exposição a emissores alfa nos pulmões, descoberta
em aplicações civis. O caminho da exposição é muito diferente daquelas
sob as quais doses equivalentes de radiação lesiva foram derivadas. Portanto não é inteiramente correcto – embora seja um ponto de referência
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de partida – utilizar aqui as avaliações de risco do ICRP, as quais foram
derivadas dos dados de pó radioactivo e da exposição de mineiros em
minas de urânio, nem tão pouco é correcto utilizar as correlações derivadas
dos estudos epidemiológicos sobre a população altamente irradiada de
Hiroshima e Nagasaki. Os padrões de protecção à radiação do ICRP são
baseados nestas experiências e portanto podem subestimar o risco neste
caso. Prosseguindo para um outro tipo da toxicidade que se pode encontrar na
radiação ionizante, também é plausível que:
­ Dada a componente de pó fino e ultra­fino do DU de origem
militar, ­ Dada a bem conhecida toxicidade química do urânio,
a contaminação ambiental de pós oxidados de DU de origem militar têm
tanto toxicidade química como radiológica: ela deve ser avaliada pelo efeito
sinérgico destes dois componentes. Por outras palavras, a radioactividade e a toxicidade química do DU
poderiam actuar em conjunto para criar um efeito "cocktail" o qual, mais
uma vez, aumenta o risco. Devemos também enfatizar o facto de que o clima árido da Líbia favorece a
dispersão no ar das partículas de urânio empobrecido, as quais podem ser
inaladas por civis durante anos após a explosão. Não se trata de caso, por
exemplo, nos Balcãs. O principal mecanismo de exposição a longo prazo
refere­se à re­suspensão de pó e consequente inalação. A metodologia e suposições deste modelo já foram publicadas em outros
trabalhos referidos pelo autor [13] . Mencionaremos aqui apenas os
refinamentos e alterações a respeito do modelo aplicado e já publicado, e
em particular:
­ O cálculo da dose ao longo de 70 anos e não mais de 50 anos,
como recomendado pelo ICRP. ­ Os dados disponíveis são utilizados para aproximar a
distribuição da população em torno dos pontos de impacto, os
quais também consideram a utilização das principais armas DU
em áreas relativamente populosas da Líbia. Os resultados do modelo podem ser resumidos como se segue: ­ CEDE (collective effective dose equivalent): 370 mSvp e, 70
anos, para 1 kg de DU oxidado e libertado para o ambiente. http://resistir.info/du/libia_14abr11.html
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­ CEDE máximo anual no primeiro ano (76 mSvp), seguido pelo
segundo ano (47 mSvp) e terceiro (33 mSvp). ­ Toda rota de exposição é através da inalação do pó. O órgão
alvo é o pulmão (97,5% de contribuição para CEDE). ­ Dentre os nuclídeos mais responsáveis, 83% do CEDE é
constituído por U238 e 14% por U234.
Quanto à quantidade total de DU oxidado no ambiente, começamos a partir
dos dados para esta avaliação encontrados na imprensa internacional: no
primeiro dia de guerra, cerca de 112 mísseis Cruise atingiram o solo líbio
[14]. Quantos mísseis serão disparados até o fim da guerra? Isso não se
sabe, entretanto faremos uma avaliação considerando o disparo de 1000
mísseis. Em qualquer caso os valores são linearmente variáveis com a
quantidade real de mísseis disparados, numa simples proporção. Dada a extensão das operações militares, a ampla variedade de armas
suspeitas de conterem DU, consideraremos que esta declaração estará do
lado serguro. Se todos os mísseis fossem "sem" DU, ainda assim haveria uma quantidade
de: 1000 * 3 = 3000 kg = 3 toneladas de DU (melhor caso) Se todos os mísseis estiverem a utilizar DU temos uma quantidade que
sobe para; 400.000 kg = 400 toneladas de DU. Comparem­se estes dados com as 10­15 toneladas de DU disparados no
Kosovo em 1999 para avaliar a sua gravidade. Assuma­se que cerca de 70% do DU incendeia­se e é liberdade para o
ambiente, chegando­se então a estimativas da quantidade de óxidos de DU
dispersos de cerca de 2,1 toneladas (melhor caso) e 280 toneladas (pior
caso). Isto portanto permite estimar uma CEDE (dose colectiva) para toda a
população de:
· Melhor caso: 370 mSvp / kg * 2100 kg = 780 Svp · Pior caso: 370 mSvp / kg * 280,000 kg = 104,000 Svp
Declaramos mais uma vez que isto não é inteiramente correcto – embora
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seja um ponto de partida de referência – para extrapolar as avaliações de
risco a este tipo de poeira micro­radioactiva a partir dos padrões de
protecção radioactiva do ICRP, os quais são aqueles adoptados pelo código
GEN II. Contudo, se aplicarmos aqui o coeficiente de 6% Sv­1 para o risco de
cancro, obtemos:
· Melhor caso: cerca de 50 casos de cancro, a serem verificados
em 70 anos. · Pior caso: cerca de 6200 casos de cancro, a serem verificados
em 70 anos.
3. Conclusões Os riscos da exposição a urânio empobrecido da população da Líbia devido
à utilização deste material na Guerra de 2011 foram avaliados com uma
abordagem tão ampla quanto possível, tentando levar em conta alguns
resultados recentes de estudos no campo. Este tipo de exposição não foi estudado em qualquer situação anterior de
exposição a emissores alfa dentro dos pulmões, encontrada em aplicações
civis. Contudo, a avaliação efectuada das doses e os riscos consequentes para
ambas as situações (Cruise com ou sem urânio) permitem­nos extrair
algumas conclusões: No primeiro caso (o melhor), o número esperado de cancros é muito
pequeno e absolutamente não relevante do ponto de vista estatístico. Esta
dificuldade estatística – como é óbvio destacar – nada tem a ver com a
aceitação desta prática, sua aceitação moral, ou ainda menos com
alegações de um impacto menor ou mesmo da segurança desta prática. No segundo caso (o pior), contudo, somos confrontados com um número de
tumores da ordem dos milhares. Tal quantidade poderia ser facilmente
detectada em estudos epidemiológicos e um tal número de baixas é, não há
dúvida, bastante preocupante. Deveria ser útil, portanto, que os exércitos que estão a bombardear a Líbia
clarifiquem com provas, e não simples afirmações de conveniência, a
presença ou ausência, e em que quantidades, de urânio nos seus mísseis e
em outras armas. No passado, houve negações "oficiais" da presença do urânio em mísseis
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Cruise, mas elas provinham da área militar: o autor vê, pelo menos, com
alguma cautela a sua aceitação superficial. Com base em dados disponíveis, estimativas sobre a tendência de casos de
cancro na Líbia dos próximos anos em resultado desta prática são
absolutamente injustificados e constituem uma preocupação. A discussão
acerca do impacto relativo de cada uma das substâncias carcinogénicas
utilizadas numa guerra (química, radioactiva, etc) parece – num certo nível –
de pouca significância. Além disso, o autor coloca isto como uma reflexão
final, tal discussão mostra pouco respeito pelo facto de que as baixas civis
na Líbia que serão provocadas por este ataque excederão de longe
qualquer montante que possa ser definido como "um preço razoável a
pagar". Finalmente, é importante coleccionar dados e investigações – e há muitas –
no campo dos efeitos das "novas guerras" sobre a população e o ambiente.
Devemos mostrar como armas modernas, de modo algum cirúrgicas e
inteligentes, produzem danos inaceitáveis para a população que foi sujeita
às guerras "humanitárias" a partir de 1991.
NOTAS Este documento foi publicado originalmente em italiano em muitas publicações on line e sítios web,
dentre os quais: it.peacereporter.net/... http://www.linkiesta.it/libia­l­uranio­impoverito­fara­piu­danni­dei­raid­aerei Um vídeo em italiano do autor a denunciar publicamente o facto, em Roma, a 2 de Abril, está disponível
aqui: http://www.youtube.com/watch?v=tyWUurkPjk8 e uma entrevista à rádio italiana RAI3 em 31 de Março de 2011: www.radio3.rai.it/... Alguns comentários nos principais jornais italianos: espresso.repubblica.it/dettaglio/libia­si­spara­uranio­impoverito/2147840 www.ilmanifesto.it/... e na TV italiana Rainews24: http://www.rainews24.rai.it/it/canale­tv.php?id=22708 A seguir o documento foi traduzido para o francês por Marie­Ange Patrizio e publicado aqui: http://www.mondialisation.ca/index.php?context=va&aid=24015 O autor denunciou o facto à Radio Algerie em 30 de Março: http://www.radioalgerie.dz/ar/ Recentemente, a versão francesa foi traduzida para castelhano e publicada em cerca de 100 sítios na
América Latina e na Europa, dentre os quais: www.cubadebate.cu/... http://www.voltairenet.org/article169174.html http://resistir.info/du/libia_14abr11.html
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[1] Professor de "Instalações de Energia Nuclear" no Politecnico di Torino, Itália. Cátedra de "Segurança
e análise de risco" e "Protecção radiológica". [email protected] [2] contropiano.dyndns.org/... /it.peacereporter.net/... http://www.linkiesta.it/libia­l­uranio­impoverito­fara­piu­danni­dei­raid­aerei [3] A porta­voz da Força Aérea afirma que os A­10s não estavam carregados com munição DU, mas não
descarta a sua utilização futura no conflito. 04/Abril/2011. Uma porta­voz da Força Aérea disse a um
jornalista escocês que, em 2 de Abril, A­10s a combaterem na Líbia não têm estado a disparar munição
DU. Contudo, ela recusou­se a dar quaisquer garantais acerca da utilização futura de DU, declarando que
não queria "especular sobre o que pode ou não pode ser utilizado no futuro". A ICBUW apela aos EUA
para que dêem uma garantia categórica, semelhante àquela dada pelo primeiro­ministro britânico David
Cameron, de que armas contendo DU não têm lugar neste conflito. Uma declaração clara, abrangendo
tanto os aviões A­10 como os AV­8B deveria ser emitida na primeira oportunidade. Se os EUA tomaram
uma decisão estratégica de não equipar aviões estado­unidenses com munição DU neste conflito, isso é
um passo progressivo. Contudo, na ausência de uma declaração pública de que tal decisão foi tomada,
permanecem preocupações de que a porta tenha sido deixada aberta para a utilização futura de DU na
Líbia. A ICBUW apela aos EUA para darem passos de um modo claro e transparente para garantir ao
mundo que nenhum avião estado­unidense irá para o ar equipado com munição DU, e que os pilotos não
serão autorizados a dispará­lo. Qualquer munição DU actualmente no teatro de guerra deveria ser
separada e deixada sem utilização. Como a ICBUW mantém há muito, o DU não tem lugar em munições
convencionais. A posição actual dos EUA afirma: se aviões estado­unidenses têm sido capazes de
utilizar alternativas, não há razão porque alternativas não devessem ser encontradas para todas as
munições contendo DU. Apelamos a todos os estados que actualmente as utilizam a removerem estas
armas dos seus arsenais. Um passo urgente para proteger civis em áreas onde armas com DU já foram
utilizadas é, para estados utilizadores, partilhar os dados alvejados com as autoridades dos estados
afectado – uma medida apoiada por 148 estados na Assembleia Geral da ONU em Dezembro último, e
contrariada por apenas quatro, incluindo os EUA, França e Reino Unido. Mais: http://www.bandepleteduranium.org/en/a/402.html [4] Zajic V.S., 1999. Review of radioactivity, military use and health effects of DU:
http://members.tripod.com/vzajic; Liolos Th. E.(1999) , Assessing the risk from the Depleted Uranium
Weapons used in Operation Allied Forces, Science and Global Security, Volume 8:2, pp.162 (1999);
Bukowski, G., Lopez, D.A. and McGehee, F.M., (1993) "Uranium Battlefields Home and Abroad: Depleted
Uranium Use by the U.S. Department of Defense" March 1993, pp.166, published by Citizen Alert and
Rural Alliance for Military Accountability. [5] Carta de Satu Hassi, ministro do Ambiente da Finlândia, a todos os ministros do Ambiente na Europa,
declarando que a maioria dos 1500 mísseis disparados na Sérvia em 1995 tinha urânio empobrecido,
cerca de 3 kg cada um. http://www.frontlineonnet.com/fl1803/18030580.htm [6] Diferentes declarações acerca da presença de DU em mísseis Cruise Tomahawk: http://www.eoslifework.co.uk/pdfs/DU2102A3b.pdf http://www.nadir.org/nadir/initiativ/mrta/ipan22.htm http://web.peacelink.it/tematiche/disarmo/u238/documenti/uranio_impoverito.html http://www.bandepleteduranium.org/en/a/60.html http://www.mail­archive.com/[email protected]/msg01570.html www.atlanticfreepress.com/... http://vzajic.tripod.com/3rdchapter.html http://www.prorev.com/du.htm http://resistir.info/du/libia_14abr11.html
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http://www.envirosagainstwar.org/know/read.php?itemid=1712 http://cseserv.engr.scu.edu/StudentWebPages/IPesic/ResearchPaper.htm worldpol.wordpress.com/... Zajic, Vladimir S. "Review of Radioactivity, Military Use, and Health Effects of Depleted Uranium" [1
August, 1999]. 2/27/2002. http://vzajic.tripod.com [7] Enquanto a US Navy afirma que substituiu o projéctil MK149­2 Phalanx com um penetrador DU pelo
projectil MK149­4 Phalanx com um penetrador de tungsténio (com o projéctil DU permanecendo no
stock), novos tipos de munição DU estão a ser desenvolvidos para outros sistemas de armas, tais como
os projécteis M919 para veículos de combate Bradley. O urânio empobrecido também é colocado nas
extremidades dos mísseis de cruzeiros Tomahawh para ataque em terra (TLAM) durante testes de voo
para proporcionar peso e estabilidade. O míssil TLAM tem um alcance de 680 milhas marítimas (1260
km) e é capaz de transportar uma ogiva convencional de 1000 libras (454 kg). As ogivas mais antigas
eram envolvidas em aço. A fim de aumentar o alcance para 1000 milhas marítimas (1850 km), os
mísseis de cruzeiro Tomahawk transportam uma ogiva mais leve de 700 libras (318 kg), a WDU­36,
desenvolvida em 1993, a qual é encapsulada em titânio com uma extremidade de urânio empobrecido. [8] M.Zucchetti, 'Measurements of Radioactive Contamination in Kosovo Battlefields due to the use of
Depleted Uranium Weapons By Nato Forces'', Proc. 20th Conf. of the Nuclear Societies in Israel, Dead
Sea (Israel), dec. 1999, p.282. M.Cristaldi, A.Di Fazio, C.Pona, A.Tarozzi, M.Zucchetti "Uranio impoverito (DU). Il suo uso nei Balcani,
le sue conseguenze sul territorio e la popolazione", Giano, n.36 (sett­dic. 2000), pp. 11­31. M.Zucchetti, 'Caratterizzazione dell'Uranio impoverito e pericolosità per inalazione', Giano, n.36 (sett­dic.
2000), pp. 33­44. M.Cristaldi P.Angeloni, F.Degrassi, F.Iannuzzelli, A.Martocchia, L.Nencini, C.Pona, S.Salerno,
M.Zucchetti. Conseguenze ambientali ed effetti patogeni dell'uso di Uranio Impoverito nei dispositivi
bellici. Tribuna Biologica e Medica, 9 (1­2), Gennaio­Giugno 2001: 29­41. M. Zucchetti, "Military Use of Depleted Uranium: a Model for Assessment of Atmospheric Pollution and
Health Effects in the Balkans", 11th International Symposium on "Environmental Pollution And Its Impact
On Life In The Mediterranean Region", MESAEP, Lymassol, Cyprus, October 2001, p.25. M. Zucchetti "Some Facts On Depleted Uranium (DU), Its Use In The Balkans And Its Effects On The
Health Of Soldiers And Civilian Population", Proc. Int. Conf. NURT2001, L'Avana (Cuba), oct. 2001, p.31. M. Zucchetti, M. Azzati "Environmental Pollution and Population Health Effects in the Quirra Area,
Sardinia Island (Italy)", 12th International Symposium on Environmental Pollution and its Impact on Life in
the Mediterranean Region, Antalya (Turkey), October 2003, p. 190, ISBN 975­288­621­3. M.Zucchetti, R. Chiarelli 'Environmental Diffusion of DU. Application of Models and Codes for
Assessment of Atmospheric Pollution and Health Effects', Convegno 'Uranio Impoverito. Stato delle
Conoscenze e Prospettive di Ricerca', Istituto Superiore di Sanità (Roma) Ottobre 2004. R. Chiarelli, M.Zucchetti, 'Effetti sanitari dell'uranio impoverito in Iraq', Convegno 'La Prevenzione Primaria
dei Tumori di Origine Professionale ed Ambientale', Genova, Novembre 2004. Poster reperibile al sito:
http://registri.istge.it/italiano/eventi/poster%20n°25.htm R. Chiarelli, M.Zucchetti, 'Applicazione di modelli e codici di dose alla popolazione alla dispersione
ambientale di Uranio impoverito', Convegno 'La Prevenzione Primaria dei Tumori di Origine Professionale
ed Ambientale', Genova, Novembre 2004. Poster reperibile al sito:
http://registri.istge.it/italiano/eventi/poster%20n°26.htm M. Zucchetti, "Environmental Pollution and Population Health Effects in the Quirra Area, Sardinia Island
(Italy) and the Depleted Uranium Case", J. Env. Prot. And Ecology 1, 7 (2006) 82­92. M. Zucchetti, "Scenari di esposizione futura In Iraq: convivere con l'uranio impoverito" in: M.Zucchetti (a
cura di) "Il male invisibile sempre più visibile", Odradek, Roma, giugno 2005, pp. 81­98. http://resistir.info/du/libia_14abr11.html
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Mísseis de cruzeiro com urânio empobrecido sobre a Líbia
M. Zucchetti, "Uranio impoverito. Con elementi di radioprotezione ed utilizzo delle radiazioni ionizzanti",
CLUT, Torino, febbraio 2006. ISBN 88­7992­225­4. M.Zucchetti "Depleted Uranium", European Parliament, GiethoornTen Brink bv, Meppel (Holland), 2009.
ISBN 978­90­9024147­0 [9] http://web.peacelink.it/tematiche/disarmo/u238/documenti/uranio_impoverito.html [10] Cristaldi M. et al., Conseguenze ambientali ed effetti patogeni dell'uso di Uranio Impoverito nei
dispositivi bellici. Tribuna Biologica e Medica, 9 (1­2), Gennaio­Giugno 2001: 29­41. [11] É um código de dispersão e doseamento, desenvolvido nos EUA utilizado à escala mundial:
B.A.Napier et al. (1990), GENII ­ The Hanford Environmental Radiation Dosimetry Software System, PNL­
6584, Pacific Northwest Laboratories (USA).. [12] ICRP, 1995. Age­dependent Doses to Members of the Public from Intake of Radionuclides: Part 3 ­
Ingestion Dose Coefficients. Publication 69 Annals of the ICRP. 25 (no 1). [13] M.Zucchetti, 'Caratterizzazione dell'Uranio impoverito e pericolosità per inalazione', Giano, n.36 (sett­
dic. 2000), pp. 33­44; R.Chiarelli, M.Zucchetti, 'Applicazione di modelli e codici di dose alla popolazione
alla dispersione ambientale di Uranio impoverito', Convegno 'La Prevenzione Primaria dei Tumori di
Origine Professionale ed Ambientale', Genova, Nov.2004. http://registri.istge.it/italiano/eventi/poster%20n
°26.htm [14] abcnews.go.com/... [NT1] 1 micron = um milésimo de milímetro [NT2] 1 nanograma (ng) = 0,000000001g The CRG grants permission to cross­post original Global Research articles on community internet sites as long as the text & title are
not modified. The source and the author's copyright must be displayed. For publication of Global Research articles in print or other
forms including commercial internet sites, contact: [email protected] © Copyright Massimo Zucchetti, Global Research, 2011 Ver também: Urânio empobrecido: Bombas sujas, mísseis sujos e balas sujas ,
Leuren Moret
Urânio empobrecido, arma de extermínio da humanidade , Leuren
Moret
Guerra do Iraque: Urânio empobrecido contamina a Europa , Leuren
Moret
As armas utilizadas e os alvos atingidos pelos bombardeamentos
israelenses , Leuren Moret
Uma questão de integridade , Doug Rokke
Urânio empobrecido: Um crime de guerra dentro de uma guerra
criminosa , William Bowles
Afeganistão: O pesadelo nuclear principia , Davey Garland
O urânio empobrecido retorna aos EUA , Eli
Os bárbaros e os civilizados , Chandra Muzaffar
Forças israelenses utilizam armas mortais novas e desconhecidas –
de 'energia directa', agentes químicos e/ou biológicos – num ensaio
macabro da guerra futura , Paola Manduca
Gaza, campo de extermínio lento , Thabet El Masri
DU, o horror que o imperialismo espalha por todo o planeta , David
Randall
Belicistas do mundo, uni­vos , John Pilger
http://resistir.info/du/libia_14abr11.html
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Mísseis de cruzeiro com urânio empobrecido sobre a Líbia
Um absurdo na Grã­Bretanha: persuadir as pessoas de que podem
escolher uma política , John Pilger
O terrorismo americano no Iraque , John Pilger
O urânio e a guerra , John Williams
Queixa­crime contra o general Franks , Jan Fermon e Nuri Albala
Mistificações de Bush acerca do Iraque , Internacional ANSWER
Coalition
Faluja: Anatomia de uma atrocidade , David Rothscum
Intervenção no I Fórum Social Português , Rui Namorado Rosa
A situação das mulheres e das crianças no Iraque ocupado , Haifa
Zangana [*] Professor de "Instalações de Energia Nuclear" no Politecnico di
Torino, Itália. Cátedra de "Segurança e análise de risco" e "Protecção
radiológica". [email protected] O original encontra­se em www.globalresearch.ca/index.php?
context=va&aid=24212 Tradução feita a partir da versão em inglês. Este artigo encontra­se em http://resistir.info/ .
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http://resistir.info/du/libia_14abr11.html
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