faculdade de pará de minas

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faculdade de pará de minas
FACULDADE DE PARÁ DE MINAS
Curso de Letras
Danila Santana Duarte
O PAPEL DO PROFESSOR NO COMBATE E NA PREVENÇÃO DO BULLYING
EM SALA DE AULA
Pará de Minas
2013
1
Danila Santana Duarte
O PAPEL DO PROFESSOR NO COMBATE E NA PREVENÇÃO DO BULLYING
EM SALA DE AULA
Monografia apresentada à Coordenação do Curso
de Letras da Faculdade de Pará de Minas, como
requisito parcial para a conclusão do curso de
Letras.
Orientadora: Prof. Ms. Cristina Mara França Pinto
Fonseca
Pará de Minas
2013
2
Danila Santana Duarte
O PAPEL DO PROFESSOR NO COMBATE E NA PREVENÇÃO DO BULLYING
EM SALA DE AULA
Monografia apresentada à Coordenação do Curso
de Letras da Faculdade de Pará de Minas, como
requisito parcial para a conclusão do curso de
Letras.
Aprovada em: _____ / _____ / ______
_______________________________________________________
Prof. Ms. Cristina Mara França Pinto Fonseca – Mestre em Letras
_______________________________________________________
Prof. Ms. Vanessa Faria Viana – Mestre em Linguística e Língua Portuguesa
3
Dedico este trabalho de conclusão de curso aos
meus pais, esposo, amigos, professores e
familiares e a todos que algum dia sofreram
bullying dentro do ambiente escolar e também
a todos que contribuíram e incentivaram para
que fosse possível a sua concretização.
4
Agradeço primeiramente a Deus e a Nossa
Senhora Aparecida, pela força e pela presença
constantes em minha vida, a minha família
pelo incentivo e por sempre acreditar no meu
potencial, à professora e orientadora Cristina
Mara pelo apoio incondicional e a todos os
professores do Curso de Letras da FAPAM
pelos grandes ensinamentos, meu muito
obrigada a todos.
5
“A intolerância, a ausência de parâmetros que
orientem a convivência pacífica e a falta de
habilidade para resolver os conflitos são
algumas
das
principais
dificuldades
detectadas no ambiente escolar. Atualmente, a
matéria mais difícil da escola não é a
matemática ou a biologia; a convivência, para
muitos alunos e de todas as séries, talvez seja
a matéria mais difícil de ser aprendida”.
FANTE
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RESUMO
Esta pesquisa apresenta como tema central “O papel do professor no combate e na prevenção
do bullying em sala de aula” e tem como objetivo geral analisar as ações dos professores em
prol ao combate e a prevenção do bullying em sala de aula. Na perspectivas teóricas foram
abordados os seguintes temas: Os estudos internacionais e nacionais sobre o fenômeno
bullying, a conceituação desse fenômeno (bulying), as suas possíveis causas e consequências,
o papel social da escola, o bullying e a escola, os pais e o bullying, o papel do professor no
combate e na prevenção do bullying no contexto pedagógico e os programas antibullying de
prevenção e combate. Quanto à metodologia, trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com
pesquisa de campo, de natureza qualitativa. A coleta de dados foi realizada através de
questionários semiestruturados que foram aplicados a alunos e professores do ensino
fundamental da Escola Estadual Francisco Tibúrcio. A análise dos dados foi analisada de
acordo com o referencial teórico. Os resultados revelaram a existência de bullying na escola
pesquisada e indicaram que o lugar de maior incidência da ocorrência desse comportamento
agressivo é a sala de aula, e com isso a escola pesquisada precisa qualificar os profissionais de
educação para eles possam adotar programas antibullying de prevenção e combate ao bullying
para que assim o ambiente escolar se torne um ambiente de paz.
Palavras-chaves: Bullying. Prevenção. Combate. Papel do professor.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................
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2 OBJETIVOS....................................................................................................................
2.1 Objetivo geral...............................................................................................................
2.2 Objetivos específicos.....................................................................................................
2.3 Estrutura da Pesquisa..................................................................................................
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11
11
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3 ESTUDOS INTERNACIONAIS E NACIONAIS SOBRE O BULLYING...............
3.1 Estudos Internacionais - Bullying...............................................................................
3.2 Estudos Nacionais - Bullying.......................................................................................
3.3 Conceituando o fenômeno bullying.............................................................................
3.4 Os envolvidos no bullying............................................................................................
3.4.1 As vítimas de bullying..................................................................................................
3.4.2 Vítima típica................................................................................................................
3.4.3 Vítima provocadora.....................................................................................................
3.4.4 Vítima agressora.........................................................................................................
3.4.5 O agressor...................................................................................................................
3.4.6 Os espectadores...........................................................................................................
3.5 As possíveis causas do bullying...................................................................................
3.6 As consequências do bullying para os envolvidos......................................................
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4 O PAPEL SOCIAL DA ESCOLA.................................................................................
4.1 O papel da escola e o bullying.....................................................................................
4.2 O papel dos pais e o bullying.......................................................................................
4.3 O papel do professor e o bullying................................................................................
4.4 O papel do professor no combate e na prevenção do bullying em sala de aula.....
4.5 Programas antibulying de prevenção e combate ao bullying no contexto
pedagógico...........................................................................................................................
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5 METODOLOGIA...........................................................................................................
5.1 Lócus da Pesquisa.........................................................................................................
5.2 Caracterização da Escola.............................................................................................
5.3 Instrumentos de coleta de dados.................................................................................
5.4 Procedimentos...............................................................................................................
5.5 Sujeitos da pesquisa......................................................................................................
5.6 Resultados e Discussão.................................................................................................
5.7 Questionários aplicados aos alunos do ensino fundamental II.................................
5.8 Questionários aplicados aos professores pesquisados...............................................
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48
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6 CONCLUSÃO.................................................................................................................
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REFERÊNCIAS.................................................................................................................
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APÊNDICES....................................................................................................................... 70
ANEXO.............................................................................................................................
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1 INTRODUÇÃO
Este estudo pretende analisar o papel do professor no combate e na prevenção do
bullying na sala de aula. O interesse por este tema surgiu por considerar que o fenômeno
bullying, mesmo sendo há muito tempo uma prática frequente nas escolas, pode ser combatido
efetivamente através da educação. O bullying tem sido discutido no meio acadêmico e
também através da mídia. Assim, as pessoas estão mais informadas e sabem que não podem
se calar diante dessa violência e devem exigir uma postura rigorosa das instituições de ensino
que identificarem a sua existência.
Brincadeiras de mau gosto como chamar o colega de ‘baleia’, ‘feio’, ‘dentuço’, ou
seja, brincadeiras que de alguma forma tendem a ofender seus receptores, estão presentes no
universo das salas de aula, mas, a partir do momento em que isso se torna repetitivo, violento
em forma física ou psicológica, e que seus receptores passam a sofrer as consequências
oriundas dessas “brincadeiras”, sejam elas no âmbito afetivo ou na aprendizagem, esse aluno
se torna uma vítima do bullying.
O termo bullying é uma palavra oriunda da língua inglesa e não possui tradução para o
português. O termo Bully significa “valentão”, e pode ser traduzido por “intimidação”. A
palavra bullying é utilizada para denominar comportamentos agressivos, intencionais e
repetitivos, que acontecem sem motivação evidente (FANTE, 2005).
De acordo com Fante (2005), é considerado bullying toda forma de agressão, seja ela
física ou verbal, sem um motivo aparente, causando em suas vítimas consequências que vão
desde o âmbito emocional até consequências na aprendizagem. Para ser considerado como
bullying é preciso existir a intencionalidade, a frequência nas agressões, a gratuidade que
gera consequências muito negativas em seu receptor. Ainda, de acordo com esse autor seu.
O bullying é um conceito específico e muito bem definido, uma vez que não se
deixa confundir com outras formas de violência. Isso se justifica pelo fato de
apresentar características próprias, dentre elas, talvez a mais grave, seja a
propriedade de causar traumas ao psiquismo de suas vítimas e envolvidos. (FANTE,
2005, p. 26).
Essas “brincadeiras” passaram a ser denominadas de bullying na década de 90, e o
primeiro pesquisador a relacionar essas brincadeiras ao nome de bullying foi Olweus (1978),
pesquisador e educador da universidade de Bergen, na Noruega. Olweus fez inúmeras
pesquisas com relação às consequências que o bullying pode acarretar em suas vítimas.
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A partir de então, várias pesquisas a respeito das causas e consequências do bullying
passaram a ser desenvolvidas em todo o mundo. Os Estados Unidos são um grande pioneiro
nas pesquisas e também na prevenção e combate ao bullying em suas escolas. O fenômeno
bullying foi melhor estudado, neste país, a partir de uma grande tragédia ocorrida no ano de
2001, na qual dois jovens de 15 anos entraram em uma escola secundária e assassinaram, a
tiros, treze alunos e, em seguida, se suicidaram. Durante a investigação, a polícia descobriu
que esses dois alunos eram vítimas de bullying nessa escola.
No Brasil, o bullying passou a ser conhecido e estudado pela ABRAPIA (Associação
Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência), na qual se desenvolveu
um projeto em onze escolas na cidade do Rio de Janeiro com o objetivo de conscientizar e
prevenir a ocorrência de bullying nas escolas fluminenses.
Portanto é objetivo dessa pesquisa analisar o papel do professor na prevenção e no
combate ao bullying no cotidiano escolar, como também refletir sobre suas ações, ou seja,
se as atitudes docentes podem de alguma forma gerar ou prevenir o bullying no cotidiano da
sala de aula.
A partir do tema apresentado, entende-se necessário desenvolver a presente pesquisa,
com a finalidade de identificar estratégias que possam ser aplicadas nas salas de aula pelos
docentes que podem prevenir e combater o bullying e as atitudes que podem gerar tal
violência.
Com este trabalho, também se pretende deixar claro que o comprometimento do
professor em conhecer as consequências que o bullying pode trazer para as suas vítimas é de
suma importância, para assim prevenir e combater este problema na sala de aula de forma
completamente efetiva.
Levantam-se com esta pesquisa outras questões: Se o professor teria condições de
lidar com o problema, bullying, de maneira adequada para todos os escolares? Se o professor
tem o dever de cuidar da educação conceitual e da educação comportamental, em sala de
aula? Sendo assim, é possível analisar se a ação se a postura do professor pode combater e
prevenir o bullying na sala de aula? Se o professor precisa de mais conhecimento a respeito
do bullying e de suas trágicas consequências para assim atuar melhor no combate e na
prevenção do bullying?
Este trabalho se justifica por trazer a temática do fenômeno bullying para as discussões
acadêmicas, uma vez que muito se tem discutido na mídia, a esse respeito e, em muitos casos,
confundindo-se o que realmente se configura como sendo bullying. É muito comum ouvir-se
o termo bullying ser atribuído a muitas brincadeiras ou a um episódio de “violência” como
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brigas e discussões corriqueiras no ambiente pedagógico, mas para ser configurado bullying
esse tipo de violência tem suas especificidades e suas particularidades. O bullying pode
acarretar graves consequências para
à sua vítima uma simples “brincadeiras” não,
consequências que pode prevalecer para toda a vida em algumas vítimas desse tipo de
violência.
Dessa forma, o bullying faz parte de uma realidade vivida em muitas escolas e em
muitas salas de aula. Advém daí a necessidade de o professor conhecer e saber definir, de
forma adequada, o termo e saber quais as consequências que o bullying pode trazer para as
suas vítimas, para assim prevenir, combater e desmitificar esse problema na sala de aula.
Sendo assim, este trabalho poderá ser útil como pesquisa socioeducativa não só para o
estudante do curso de formação de professores, tendo em vista que buscará informações e
definições conceituais científicas embasadas em autores que estudam o fenômeno bullying no
ambiente escolar.
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2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar o papel do professor no combate e na prevenção do bullying em sala de aula.
2.2 Objetivos específicos
a) definir o bullying e verificar suas causas e consequências;
b) analisar as ações dos professores o que fazem para prevenir e combater o bullying
na sala de aula;
c) verificar se as ações por parte dos professores podem implicar na ocorrência de
bullying na sala de aula;
d) refletir sobre o papel social da escola.
2.3 Estrutura da Pesquisa
A presente pesquisa está estruturada em quatro capítulos: o primeiro capítulo
apresenta a introdução da pesquisa intitulada “O papel do professor no combate e na
prevenção do bullying em sala de aula”, que constitui-se de uma breve abordagem sobre o
bullying no contexto escolar, a relevância, a justificativa e as questões que norteiam a presente
pesquisa.
O segundo capítulo apresenta o objetivo geral e os objetivos específicos aos quais a
presente pesquisa pretende atingir e apresenta a estrutura do trabalho.
As perspectivas teóricas inerentes à pesquisa estão divididas em dois capítulos: o
capítulo três abrange os estudos internacionais e nacionais referentes ao bullying, os
envolvidos nessa prática de violência e as possíveis causas e consequências do bullying. O
capítulo quatro abrange o papel social da escola; o papel da escola e o bullying, o papel dos
pais e o bullying, o papel do professor e o bullying , o papel do professor no combate e na
prevenção do bullying em sala de aula e os programas antibullying de prevenção e combate ao
bullying no contexto pedagógico.
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No capítulo cinco apresentam-se a metodologia utilizada na pesquisa e as etapas que
foram percorridas para a coleta de dados e a análise dos dados coletados através dos
questionários os confrontando-os com os estudos teóricos.
Enfim, o capítulo seis apresenta a conclusão que se pode chegar diante dos resultados
coletados e analisados e dos estudos realizados nas perspectivas teóricas.
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3 ESTUDOS INTERNACIONAIS E NACIONAIS SOBRE O BULLYING
A realidade a que se assiste nas escolas são diversas formas de violências que estão
infiltradas muitas das vezes ocultas, os alunos passam por situações constrangedoras, como
humilhações, ameaças, apelidos, brincadeiras de mau gosto, fofocas, chantagens, provocações
e até mesmo agressões físicas e morais.
Sempre que isso ocorre à vítima, ela se isola, entra em depressão, fica em silêncio
ficando com medo do próximo ataque ou manifestação do agressor.
O bullying pode ser considerado um fenômeno novo, pois passou a ser investigado e
estudado apenas nas últimas décadas, esse fenômeno despertou a atenção dos estudiosos
devido às graves consequências causadas nos envolvidos, e pelos requintes de crueldade com
que o agressor age contra a vítima de forma oculta dentro do contexto escolar.
Portanto, faz-se necessário que o fenômeno bullying seja estudado e seja divulgado e
que todos adquiram o conhecimento e possa refletir que esse fenômeno está presente em
todos os contextos sociais, como escolas, universidades, famílias, vizinhanças e locais de
trabalho. Fante (2005), afirma que é na escola e no trabalho que se acentua de maneira
indelével sobre o indivíduo, levando-o a atitudes inesperadas, por vezes desesperadas, que em
casos graves levam até ao suicídio.
3.1 Estudos Internacionais - Bullying
Para se entender o bullying, é necessário estudá-lo historicamente. Segundo Fante
(2005), embora o fenômeno seja tão antigo quanto à própria escola e, mesmo que já houvesse
certa preocupação, por parte de educadores, em relação à problemática entre agressores e
vítimas, anteriormente à década de 1970, não havia um estudo sistemático a respeito do
fenômeno. A partir desta época e, primeiramente na Suécia, a sociedade do referido país
passou a se interessar pelos problemas entre agressores e vítimas e, posteriormente, esta
preocupação se estendeu por todos os países escandinavos.
Os primeiros estudos a respeito do bullying se deram início na década de 1970, pelo
professor Dan Olweus na universidade de Bergen – Noruega e com a campanha nacional
antibullying nas escolas norueguesas, na Europa os estudos começaram na década de 1990.
Antes o bullying não era considerado um problema que merecesse intervenção social, ou seja,
educacional, pois esse tipo de atitude era vista simplesmente como brincadeira. Entretanto,
muitos educadores notaram que tais atitudes entre alunos figuravam verdadeiros problemas
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mediante várias consequências, levando alunos ao baixo rendimento escolar, a abandonarem
as escolas ou em caso mais grave até ao suicídio. Apesar da gravidade da violência, Fante
(2005), afirma que as autoridades educacionais não se comprometiam oficialmente, pois ainda
não existiam políticas públicas a este respeito até a década de setenta. Um fato marcou
intensamente as pesquisas:
No final de 1982, um jornal noticiava o suicídio de três crianças no norte da
Noruega, com idades entre 10 e 14 anos, ato que, com toda a probabilidade, foi
motivado principalmente pela situação de maus-tratos a que eram submetidas pelos
seus companheiros de escola. (FANTE, 2005, p. 45).
A essa irreparável tragédia Silva (2010) acrescenta que “em resposta à grande
mobilização nacional diante dos fatos, o Ministério da Educação da Noruega realizou, em
1983, uma campanha em larga escala, visando ao combate efetivo do bullying escolar”.
Na Noruega, durante muitos anos esse fenômeno foi motivo de inquietações e debates
inclusive instigados pelos meios de comunicação, pelos pais e professores, mas sem ações
efetivas das autoridades educacionais. O Fenômeno Bullying passou a ser objeto de atenção
das autoridades educacionais somente em 1983, quando um estudante levou a morte três
alunos (na faixa etária de 10 a 14 anos), cuja principal causa foi identificada como maus tratos
a que era submetido por seus companheiros de escola. Devido à divulgação e tensão advindas
do caso, o Ministério da Educação da Noruega desencadeou uma campanha nacional para a
prevenção e extinção da violência nos ambientes escolares.
Para a realização da pesquisa, Olweus (1978), utilizou um questionário contendo 25
questões de múltipla escolha e aplicou a oitenta e quatro mil estudantes, trezentos a
quatrocentos professores e mil pais, entre vários períodos de ensino. Um fator importante para
a pesquisa sobre a prevenção do bullying foi analisar sua natureza e ocorrência. Com o uso
dos questionários foi possível verificar a frequência das agressões, os tipos, os locais de maior
risco, os tipos de agressores e as percepções individuais quanto aos números de agressores.
Esse questionário foi adaptado e utilizado em diversos estudos, em vários países, inclusive no
Brasil, pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência
(ABRAPIA, 2003), possibilitando assim, a instituir comparações interculturais.
Em 1993, Dan Olweus escreveu o livro: “Bullying at School: What We Know and
What We Can Do”, (O bullying nas escolas: O que se sabe a respeito e o que se pode fazer).
No livro, o autor discute o problema e também sugere diferentes formas de identificar
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possíveis vítimas e autor, e indica estratégias de intervenção. De acordo com Fante (2005), no
livro Dan Olweus:
Desenvolveu os primeiros critérios para detectar o problema de forma específica,
permitindo diferenciá-lo de outras possíveis interpretações, como incidentes e
gozações ou relações de brincadeiras entre iguais, próprias do processo de
amadurecimento do indivíduo. (FANTE, 2005, p. 45).
O programa de intervenção proposto por Olweus (1978 apud FANTE, 2005) tinha
como características principais desenvolver regras claras contra o bullying nas escolas,
alcançar um envolvimento ativo por parte de professores e pais, aumentar a conscientização
do problema, avançando no sentido de eliminar alguns mitos sobre o bullying, prover apoio e
proteção às vítimas.
Os estudos de Olweus (1978) constataram que um em cada sete alunos noruegueses
estavam envolvidos em caso de bullying, tanto no papel de vítima como no de agressor. Esta
descoberta deu início a uma mobilização social de amparo legal que deu origem a uma
campanha nacional antibullying, com o devido apoio do governo Norueguês. Em pouco
tempo de atuação da campanha, houve a redução de 50% dos casos de bullying nas escolas da
Noruega. Com resultados bastante satisfatórios, a campanha antibullying na sua prática serviu
de exemplo em outros países inicialmente no Reino Unido, Canadá e Portugal.
As pesquisas mundiais sobre o bullying apontam o crescimento do fenômeno e estima
que 5% a 35% das crianças e adolescentes, em idade escolar, estejam envolvidas em
condutas violentas dentro do ambiente educacional.
Para Olweus (1978), bullying é “quando uma pessoa é intimidada e fica exposta
repetidamente e ao longo do tempo às ações negativas por parte de uma ou mais pessoas, e ele
ou ela tem dificuldade em defender-se”.
O fenômeno bullying, atualmente nos Estados Unidos, é tema de grande interesse,
pois o fenômeno cresce visivelmente entre os alunos americanos. O aumento de casos
bullying é notório, com altos índices de incidência, os pesquisadores americanos classificam o
bullying como um conflito global.
Olweus (1978) é o maior representante no combate e resistência contra o bullying, e
suas pesquisas servem de referência mundial na prevenção, identificação e combate ao
mesmo. No Brasil, a preocupação com o bullying e suas consequências é recente,
o
questionário sobre o tema criado por Dan Olweus – Modelo TMR (Training and Mobility of
Researchers) com tradução e adaptação por Mora-Mérchan, Ortega, Pereira, Menesini (1999)
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é adaptado conforme a realidade do país que o utilizará. No Brasil, no caso, o questionário
pode ajudar na produção de dados para melhorar a identificação da vítima/agressor e na
compreensão sobre o bullying e elaboração de propostas para combatê-lo.
3.2 Estudos Nacionais - Bullying
No Brasil, o bullying ainda é pouco estudado, se comparado com a Europa, no que se
refere aos estudos internacionais acerca do bullying o Brasil está pelo menos com 15 anos de
atraso na realização de estudos sobre esse fenômeno. O fenômeno bullying é discutido por
diversos autores, que utilizam como base os estudos desenvolvidos por Dan Olweus.
De acordo com Fante (2005), em 1997, a professora Marta Canfield e seus
colaboradores observaram os comportamentos agressivos apresentados por crianças em 4
escolas de ensino público de Santa Maria, Rio Grande do Sul, utilizando uma forma adaptada
por sua equipe, do questionário desenvolvido pelo professor Dan Olweus em 1989.
A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância Adolescência –
ABRAPIA, no Brasil, realiza estudos e divulga o fenômeno desde 2001. A ABRAPIA no
período entre novembro e dezembro de 2002 e março de 2003 realizou uma pesquisa no
estado do Rio de Janeiro, por meio de aplicação de questionários a alunos de 5ª a 8ª série de
11 escolas (nove públicas e duas particulares). A esse respeito Fante (2005, p. 47), comenta:
Também foi realizada pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à
Infância e Adolescência (ABRAPIA, 2003) uma pesquisa em 11 escolas do
município do Rio de Janeiro, contando com a participação de 5.875 alunos de 5ª a 8ª
séries. Os resultados divulgados mostraram que 40,5% desses alunos admitiram
estar envolvidos em bullying.
Nos anos 2000 a 2001, os professores, Israel Figueira e Carlos Neto, realizaram
pesquisas para diagnosticar o fenômeno bullying em duas escolas do Rio de Janeiro, usando
uma forma adaptada do questionário. (ABRAPIA, 2001)
No ano de 2002, a professora Cleodelice aparecida Zonato Fante, pesquisou o bullying
em escolas municipais do interior paulista, para reduzir e combater comportamentos
agressivos. A publicação do livro: “Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas
e educar para a paz”, publicado em 2005, faz uso dos estudos de Dan Olweus, enfatizando a
importância de seus estudos para diferenciar o bullying
desenvolvimento do ser:
dos demais atos presentes no
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Olweus desenvolveu os primeiros critérios para detectar o problema de forma
específica, permitindo diferenciá-lo de outras possíveis interpretações, como
incidentes e gozações ou relações de brincadeiras entre iguais, próprias do processo
de amadurecimento do indivíduo (FANTE, 2005, p. 45).
As pesquisas realizadas por Fante (2005), não são patrocinadas nem incentivadas
pelo governo brasileiro, os recursos utilizados para as pesquisas são próprios e os trabalhos
são voluntários, e com isso podemos perceber o descaso do governo brasileiro em prol das
problemáticas sociais importantes como a do bullying. De acordo com Fante (2005, p. 50),
diante a falta de recursos financeiros e incentivos governamentais:
Diante da limitação de recursos financeiros disponíveis para a realização das
pesquisas e o número de alunos entrevistados não ultrapassou a marca de 450
indivíduos por grupo.
As pesquisas realizadas, por Fante (2005) têm o objetivo de conscientizar pais,
professores, alunos, psicólogos, pediatras e demais profissionais envolvidos no processo
educacional, demonstrando que é possível reduzir os índices de sua manifestação do bullying
por meio de medidas criadas e sugeridas pela autora no Programa Educar para a Paz.
Em Outubro de 2004, Leonardo Cheffer, publicou, nos Anais da Sexta Semana de
Psicologia da Universidade Estadual de Maringá: Subjetividade e Arte, o qual o autor trata a
respeito de bullying, descrevendo o início de uma pesquisa quantitativa e qualitativa, realizada
com duzentos e quarenta alunos de quinta a oitava série de uma escola pública de uma cidade
do estado do Paraná, a fim de caracterizar o perfil das vítimas do bullying.
Com a pesquisada realizada pela ABRAPIA (2001), também foi possível constatar que
o bullying está presente nas escolas brasileiras, com maior incidência se comparado com os
países europeus.
A ABRAPIA (2001) foi fonte de busca para diversos estudos na área, por se tratar de
um trabalho realizado sobre o bullying no Brasil. Contudo, após 19 (dezenove) anos de
existência a instituição fechou as portas, devido às dificuldades para o financiamento das suas
atividades. Em consequência todos os sites de que serviam de apoio para pesquisas saíram do
ar. O que justifica a ausência de referências em relação a estes estudos.
3.3 Conceituando o fenômeno bullying
Para se conceituar o fenômeno bullying, Fante (2005), o designa como uma palavra
inglesa, uma forma de gerúndio, usada para definir um fenômeno, cujo autor é chamado de
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Bully, palavra esta que se traduz como “brigão” e “valentão”. No Brasil, tratando-se de um
assunto recentemente abordado, não há registros de tradução dessa palavra, que designa um
fenômeno inteiramente ligado às várias ações maldosas sucedidas no espaço escolar.
O bullying também é conhecido com outros nomes, como assédio moral, mobbing na
Noruega e Dinamarca, mobbning na Suécia e Finlândia, harassment nos Estados Unidos,
acoso na Espanha, entre outras denominações.
A primeira pergunta que se faz é: O que é bullying? Bullying é uma situação que se
caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, praticadas de maneira repetitiva, por
um ou mais alunos contra um ou mais colegas, sem motivos justificáveis, praticado com o
intuito de maltratar a outra pessoa.
Fante (2005, p. 27), caracteriza o Bullying como:
Uma palavra de origem inglesa, uma forma de gerúndio, usada para definir um
fenômeno, cujo autor da agressão é chamado de Bully, traduzido como “Valentão”,
“Tirano”. Dessa forma o Bullying, compreende uma série de comportamentos
agressivos de maneira repetitiva e traz em sua prática uma relação de desequilíbrio
de poder, em que, a vítima não consegue se defender das agressões sofridas, em
geral por apresentar comportamentos inferiorizantes.
Para Fante (2005), o bullying é uma forma de violência muito cruel, visto que a pessoa
que sofre a agressão fica com um alto nível de ansiedade, o que acaba interferindo
negativamente nos seus processos de aprendizagem e convívio social, devido à excessiva
mobilização de emoções de medo, de angústia e de raiva reprimida.
O bullying é um comportamento ofensivo, humilhante, que desmoraliza de maneira
repetida, com ataques violentos, cruéis e maliciosos, sejam físicos ou psicológicos. O bullying
está basicamente ligado à incapacidade de lidar com a diferença e de aceitá-la, cada vez mais
se veem atos de intolerância e desrespeito àquilo que não se enquadra na homogeneidade e
que é considerado diferente.
Segundo Silva (2010), o fenômeno bullying pode se expressar de forma verbal, física e
material, psicológica, moral, sexual e virtual. Em sua forma verbal, materializa-se através de
insultos, ofensas, xingamentos, gozações, colocações de apelidos pejorativos, piadas
ofensivas e as “zoadas”. Física e materialmente, encontram-se atitudes de bater, chutar,
espancar, empurrar, ferir, beliscar, roubar, furtar ou destruir os pertences da vítima e atirar
objetos contra as mesmas. Sob a forma psicológica e moral verificam-se atos que visam a
irritar, humilhar e ridicularizar, excluir, isolar, ignorar, desprezar, discriminar, ameaçar,
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intimidar, chantagear, e outros. A forma sexual do bullying está em abusar, violentar, assediar
e insinuar a vítima.
Para diferenciar o bullying de uma “simples brincadeira” é preciso usar o bom senso.
O fundamental é sempre ter em mente que a brincadeira não causa sofrimento a outra pessoa
ao contrário do bullying, mas é preciso tomar cuidado para não generalizar. A falta de
critérios para identificar o bullying pode causar uma precipitação na avaliação, quando todas
as situações de conflito de grupos são caracterizadas como este fenômeno. Para ser
considerado bullying, a agressão deve ocorrer entre pares (colegas de classe ou de trabalho,
por exemplo). É necessário salientar o bullying é uma agressão, mas nem todas as agressões
são consideradas bullying, como discussões ou brigas pontuais.
Para diferenciar o bullying de outras formas de violência e das brincadeiras próprias da
idade devem-se utilizar alguns critérios de identificação, pois as condutas bullying apresentam
características próprias. São elas: ações de violência repetida contra a mesma vítima num
período prolongado de tempo, relação de desequilíbrio de poder, o que dificulta a defesa da
vítima, ausência de motivos que justifiquem tal agressão, esses comportamentos são graves e
danosos.
O Bullying não se deixa confundir com outros tipos de violência, pois apresenta
características próprias que marca os envolvidos por toda a vida. De acordo com Fante (2005,
p. 30):
O bullying é um conceito específico e muito bem definido, uma vez que não se
deixa confundir com outras formas de violência. Isso se justifica pelo fato de
apresentar características próprias, dentre elas, talvez a mais grave, seja a
propriedade de causar traumas ao psiquismo de suas vítimas e envolvidos.
Portanto, o conceito de bullying deve ser compreendido como um comportamento
ligado à agressividade física, verbal ou psicológica, exercida de maneira contínua dentro do
ambiente escolar.
O bullying apresenta três personagens: o agressor, a vítima e o espectador. Mas,
segundo Fante (2005, p. 71), os estudiosos identificaram e classificaram os tipos de papéis
sociais desempenhados pelos protagonistas de bullying de cinco maneiras:
A vítima típica;
A vítima provocadora;
A vítima agressora;
O agressor;
O espectador.
20
De acordo com Calhau (2009), acrescenta-se a esses cinco tipos a figura do novato, o
aluno transferido de escola que fica fragilizado nas situações de bullying.
O bullying pode ser dividido em duas categorias: o Bullying direto caracterizado por
ataques diretamente à vítima, englobando atitudes como colocar apelidos, fazer ameaças,
ofender verbalmente, fazer expressões e gestos que provoquem mal-estar, além de
comportamentos como chutar e bater, o bullying direto é mais executado pelo sexo masculino,
e o Bullying indireto, que é mais presente no sexo feminino e nas crianças, é caracterizado
pela ausência da vítima em questão, sendo as atitudes mais utilizadas por forçar as vítimas ao
isolamento social. Geralmente os agressores espalham comentários maldosos sobre as
vítimas, recusa em se socializar com a vítima e impede que outros também se socializem,
critica o modo de vestir, raça, religião e incapacidade entre outros. A esse respeito Fante
(2005, p. 50), comenta:
Os comportamentos bullying podem ocorrer de duas formas: direta e indireta, ambas
aversivas e prejudiciais ao psiquismo da vítima. A direta inclui agressões físicas
(bater, chutar, tomar pertences) e verbais (apelidar de maneira pejorativa e
discriminatória, insultar, constranger); a indireta talvez seja a que mais prejuízo
provoque, uma vez que pode criar traumas irreversíveis. Esta última acontece
através de disseminação de rumores desagradáveis e desqualificantes, visando à
discriminação e exclusão da vítima de seu grupo social.
De todos, o que se vê, o bullying indireto é o mais difícil de ser percebido, pois
geralmente quando vemos uma criança sozinha achamos que ela é tímida e não quer se
socializar.
Outra forma de agressão que está muito acentuada remete ao cyberbullying que
acontece fora das escolas, porém usam coisas do dia a dia escolar, para ridicularizar o outro,
usa-se a tecnologia para mostrar o mundo à imperfeição ou o desgosto pelo outrem, ao
contrário do Bullying que acontece somente dentro da escola. O cyberbullying consiste em
utilizar os mais atuais e modernos instrumentos da internet e da telefonia móvel com o intuito
de constranger, humilhar, maltratar e difamar suas vítimas. É uma forma perversa muito
utilizada pelo agressor fora do ambiente escolar.
Conforme Calhau (2009, p. 8):
Os atos de bullying são de uma perversidade tremenda. Eles podem ocorrer a nossa
volta e não serem percebidos como tais, caso não façamos um esforço para conectálos. Eles vão ocorrendo de forma silenciosa e diuturna em nosso meio, em
corredores, em banheiros públicos, na sala de aula do colégio, em comunidades do
Orkut, etc.
21
Portando, o bullying tem a intenção de ferir a vítima de forma repetitiva e com
desequilíbrio de poder, podendo ocorrer em todos os ambientes de forma velada, causando
danos psicológicos nas vítimas.
3.4 Os envolvidos no bullying
O bullying caracteriza-se por ser uma violência oculta. É de grande importância saber
identificar e diferenciar o bullying de quaisquer outros tipos de manifestações presentes nos
ambientes escolares.
Atualmente encontramos dentro dos ambientes escolares uma clientela diversificada,
com objetivos e gostos diferentes, essas diferenças entre os alunos que muitas vezes os levam
a serem alvos de brincadeiras e gozações.
A identificação dos envolvidos precocemente é de suma importância para as escolas e
as famílias possam traçar estratégias e ações efetivas contra o bullying.
Na prática do comportamento bullying são identificados e classificados os papéis
desempenhados pelos envolvidos. São eles: vítima, agressor e espectador.
3.4.1 As vítimas de bullying
Os alunos que são vítimas de bullying, geralmente não precisam fazer nada para serem
alvos, os agressores simplesmente as elegem, sem nenhum motivo especial. A maioria das
vítimas de bullying são aqueles que possuem características diferentes em relação ao grupo,
como obesidade, deficiência física, superdotadas ou com dificuldades de aprendizagem. A
vítima geralmente é passiva, insegura e introvertida. Silva (2010, p. 38) afirma que
geralmente as vítimas:
São indivíduos que não conseguem reagir aos comportamentos provocadores e
agressivos dirigidos contra elas. Normalmente são mais frágeis fisicamente ou
apresentam alguma “marca” que as destaca da maioria dos alunos: são gordinhas ou
magras demais, altas ou baixas demais; usam óculos; são “caxias”, deficientes
físicos; apresentam sardas ou manchas na pele, orelhas ou nariz um pouco mais
destacados; usam roupas fora da moda; são de raça, credo, condição socioeconômica
ou orientação sexual diferentes...
Portanto, como se pode perceber os motivos que levam as vítimas a se tornarem alvos
de bullying são muito fúteis e banais.
22
Segundo Fante (2005), os alvos do bullying são aqueles considerados pela turma como
diferentes “esquisitos”. São tímidos, retraídos, passivos, submissos, ansiosos, temerosos, com
dificuldade de defesa, de expressão e de relacionamento.
Às vezes é difícil identificar o bullying como forma de violência por parte dos
familiares e da escola, pois a “vítima” teme em denunciar seus agressores, com medo de
sofrer represálias e por vergonha de admitir que esteja passando por situações humilhantes na
escola ou porque não acreditarão nele. A sua denúncia seria interpretada pela própria “vítima”
como uma confissão de fraqueza ou impotência de defesa.
Segundo Fante (2005), os estudiosos dos comportamentos bullying, identificam e
classificam os tipos de papéis desempenhados, que são bem definidos entre os envolvidos no
fenômeno da seguinte forma:
3.4.2 Vítima típica
São aquelas vítimas geralmente encontradas em maior número neste papel de vítima,
facilmente classificadas por Silva (2010,) como: “alunos que apresentam pouca habilidade de
socialização. Em geral são tímidas ou reservadas e não conseguem reagir aos comportamentos
provocadores e agressivos dirigidos contra ela”. Pois costumam ser retraídas, passivas, sem
amigos que lhes deem apoio ou as protejam. Fante (2005, p. 72) acrescenta que suas
características mais comuns são:
Aspectos físicos mais frágeis que o de seus companheiros; medo de lhe causem
danos ou de ser fisicamente ineficaz nos esportes e nas brigas, sobretudo no caso dos
meninos; coordenação motora deficiente, especialmente entre os meninos; extrema
sensibilidade, timidez, passividade, submissão, insegurança, baixa autoestima,
algumas dificuldades de aprendizado, ansiedade e aspectos depressivos.
A vítima típica tem maior facilidade de relacionamento com pessoas adultas e elas
possuem dificuldade de se imporem, tanto física como verbalmente, apresenta
comportamentos não agressivos.
3.4.3 Vítima provocadora
Conforme Silva (2010), as vítimas provocadoras “são aquelas capazes de insuflar em
seus colegas reações agressivas contra si mesmas. No entanto, não conseguem responder aos
revides de forma satisfatória. Elas, em geral discutem ou brigam quando são atacadas ou
23
insultadas”. No geral, provocam tensão nos ambientes em que frequentam despertando o
interesse de agressores. Podem ser hiperativas, imaturas, dispersivas, impulsivas, ofensoras,
costumam ser irritantes, demonstrando assim sua insegurança.
Para Fante (2005) a vítima provocadora é aquela que provoca e atrai reações
agressivas contra as quais não consegue lidar com eficiência.
A vítima provocadora é aquele aluno de “gênio ruim”, que age com agressão quando é
provocado ou insultado, mas geralmente de maneira ineficaz, costuma ser hiperativa, inquieta
e ofensora, de costumes irritantes e, na maioria das vezes, é responsável por causar tensões no
ambiente que se encontra.
3.4.4 Vítima agressora
De acordo Silva (2010), a vítima agressora “reproduz os maus-tratos sofridos como
forma de compensação, ou seja, ela procura outra vítima, ainda mais frágil e vulnerável, e
comete contra ela todas as agressões sofridas”, pois, elas são tão ansiosas quanto agressivas,
têm dificuldade de convívio social e são muito impulsivas. São geralmente um tipo inquieto e
irritante propenso a níveis elevados de estresse.
A tendência é que a vítima agressora reproduza os maus tratos assegura Fante (2005,
p. 72), “fazendo com que o bullying se transforme numa dinâmica expansiva, cujos resultados
incidem no aumento no número de vítima”.
E com isso, o bullying vem se transformando em uma epidemia mundial pelo círculo
vicioso a que se forma, na complexidade de suas relações e reproduções se tornando um
problema de difícil solução.
3.4.5 O agressor
O agressor é aquele que vitimiza os mais fracos, muitas vezes o agressor se une aos
demais alunos para se autoafirmar. Os agressores também são denominados bullies, eles
gostam de poder e de controle.
Os agressores geralmente buscam uma vítima que lhes pareçam vulneráveis aos seus
ataques, gostam de impor sua autoridade através do medo e das ameaças morais ou da força
física.
A esse respeito Fante (2005, p. 73) afirma que o agressor:
24
“sente uma necessidade imperiosa de dominar e subjugar os outros, de se impor
mediante o poder e a ameaça e de conseguir aquilo que se propõe. Pode vangloriarse de sua superioridade real ou imaginária sobre outros alunos”.
O que caracteriza o agressor ou bullie é a sua personalidade. Para Silva (2010),
“Traços de desrespeito e maldade e, na maioria das vezes (...) associadas a um poderoso poder
de liderança que, em geral, é obtido ou legitimado através da força física ou de intenso
assédio psicológico”.
É possível identificar os praticantes de bullying precocemente, pois geralmente eles
apresentam traços perversos e um histórico de condutas como mentiras constantes, fúria,
irresponsabilidade, ausência de culpa ou remorso, sexualidade precoce exacerbada, etc. O
agressor geralmente se une em grupos com outros alunos formando (gangues).
Os autores Silva (2010) e Fante (2005) acreditam que os agressores são membros de
famílias desestruturadas, e que apresentam relacionamento afetivo deficitário total ou parcial,
como também pode ser atitudes da própria índole do indivíduo. Seus pais exercem uma má
influência, praticam atos agressivos e violentos para solucionar conflitos. Portanto, vale a
pena ressaltar, que filhos de bullies tem maior chance de se tornarem bullies.
Os autores de atos de bullying são apáticos, são mais forte fisicamente em relação às
vítimas, sente necessidade de dominar e julgar os outros. Geralmente são deficientes de afeto,
e a manifestação de violência é visível desde cedo nos maus-tratos com os irmãos, colegas,
animais, etc.
Calhau (2009, p. 8) afirma que os bullies:
É mau-caráter, impulsivo, irrita-se facilmente e tem baixa resistência às frustrações.
Custa a adaptar- se às normas; não aceita ser contrariado, não tolera os atrasos e
pode tentar beneficiar-se de artimanhas na hora das avaliações. É considerado
malvado, duro e mostra pouca simpatia para com suas vítimas.
Os bullies adotam comportamentos extremamente antissociais e se envolvem em atos
delinquentes como roubos, vandalismo além de poderem consumir álcool, drogas ilícitas e se
envolverem com más companhias. Nesse sentido, Calhau (2009, p. 17) informa que:
O agressor (de ambos os sexos) envolvido no fenômeno estará propenso a adotar
comportamentos delinquentes, agressão sem motivo aparente, uso de drogas, porte
ilegal de armas, furtos, indiferença à realidade que o cerca, crença de que deve levar
vantagem em tudo, crença de que é impondo-se com violência que conseguirá obter
o que quer na vida... afinal foi assim nos anos escolares.
25
Para os agressores, a violência praticada não traz prejuízos para si, mas apenas para a
vítima, no entanto, segundo a Constituição Federal, o Código Penal Brasileiro e o Estatuto da
Criança e do adolescente, as práticas do bullying podem ser consideradas crime. Para
confirmar o Art. 146 do Código Penal descreve que “Constranger alguém mediante violência
ou grave ameaça ou depois de lhe haver ridicularizado, por qualquer outro meio a capacidade
de resistência, é crime de constrangimento ilegal”. (BRASIL, 2013). Portanto, fica claro que
os prejuízos não se restringem apenas às vítimas.
3.4.6 Os espectadores
Os espectadores presenciam o bullying, mas não o sofre nem o pratica, eles têm
conhecimento do bullying, conhece os envolvidos, mas não se posicionam frente à situação.
Segundo Silva (2010), são indivíduos que presenciam as ações dos agressores contra
as vítimas, mas não tomam atitudes diante do fato. Não defendem o agredido e não se
posicionam a favor dos agressores e nem se unem a eles. Muitos espectadores ficam em
silêncio, por temerem se tornar um alvo, ou por medo de se envolverem num problema que
consideram não ser deles, ou seja, a indiferença frente aos problemas do outro, fator marcante
na atual sociedade, contribui fortemente para que não haja uma ação contra este tipo de
atitude. Não querem se comprometer, acreditam que o problema é com o outro e ele que
resolva.
Silva (2010) divide os espectadores em três grupos distintos, o passivo, o ativo e o
neutro. O espectador passivo normalmente recorre a essa postura por temer ser objeto de
retaliações do bullie.
Quanto ao espectador ativo, apesar de não participar de forma atuante na violência,
demonstra certo apreço pelo ato, seja com risadas ou palavras que incentivam o bullie a
continuar praticando-a. De acordo com Silva (2010, p. 46), os espectadores ativos:
Estão inclusos neste grupo os alunos que, apesar de não participar ativamente dos
ataques contra as vítimas, manifestam apoio “moral” aos agressores, com risadas e
palavras de incentivo. Não se envolvem diretamente, mas isso não significa, em
absoluto, que deixam de se divertir com que veem.
O espectador neutro, não se deixa tocar pelo ato presenciado, nem positiva como o
espectador ativo nem negativamente como o espectador passivo. Ele mantém uma postura
apática frente ao bullying. De acordo com Silva (2010, p. 46):
26
Dentre eles, podemos perceber os alunos que, por uma questão sociocultural
(advindos de lares desestruturados ou de comunidades em que a violência faz parte
do cotidiano), não demonstram sensibilidade pelas situações de bullying que
presenciam.
Fante (2005, p. 73-74) afirma que os espectadores:
Representa a grande maioria dos alunos que convive com o problema e adota a lei
do silêncio por temer se transformar em novo alvo para o agressor. Mesmo não
sofrendo as agressões diretamente, muitos deles podem se sentir inseguros e
incomodados.
Segundo Calhau (2010), as testemunhas não denunciam os fatos para seus pais e
professores, no ambiente escolar, pois a fama de “dedo duro” é terrível, e também eles se
sentem ameaçados e temem sofrer represálias e até pagar com a vida por entregar o agressor.
A atitude de omissão por parte dos espectadores contribui para que o bullying continue
a acontecer, pois a ação não contraria pelos que sabem dos atos violentos e não funcionam
como forma de coibi-los. A não repreensão do bullying faz com que o fenômeno se propague
cada vez mais em todos os ambientes sociais. A grande maioria dos espectadores não
concorda com as agressões, mas preferem ficar em silêncio por medo do agressor.
3.5 As possíveis causas do bullying
De acordo com Calhau (2009), a realidade brasileira a qual se tem assistido é a
existência de
maior preocupação com o ter do que ser a nossa cultura é centrada no
individualismo no egoísmo em detrimento aos interesses coletivos. O padrão de beleza
imposto pela mídia gera preconceito com aqueles que fogem dos padrões aceitáveis como
ideal. Esse desrespeito é resultado da cultura centrada no individualismo.
Segundo Fante (2005, p. 62), as causas do comportamento bullying são inúmeras e
variadas:
As causas desse tipo de comportamento devem-se à carência afetiva, à ausência de
limites e ao modo de afirmação de poder dos pais sobre os filhos, por meio de
“práticas educativas” que incluem maus- tratos físicos e explosões emocionais
violentas.
Os pais geralmente agem com agressão contra seus filhos e o agressor sente
necessidade de reproduzir os maus-tratos sofridos em casa e também os sofridos na escola,
como talvez de exercer autoridade e de fazer-se notado de autoafirmação perante a seu
grupo. A reprodução constante desses comportamentos agressivos e intimidatórios no
27
convívio escolar implica um número cada vez maior de alunos, uma dinâmica doentia uma
espécie de Síndrome de Maus-Tratos (SMAR). Essa síndrome se intensifica entre os
educandos conforme aumenta o grau de escolaridade, alastrando de forma epidêmica dando
origem ao bullying.
Para Fante (2005, p. 62) outras causas estão associadas ao bullying:
A ausência de modelos educativos humanistas, capazes de estimular e orientar o
comportamento da criança para a convivência pacífica e para o seu crescimento
moral e espiritual, fatores indispensáveis ao bom processo socioeducacional, que se
torna promotor de autossuperação na vida.
A falta de modelos educativos humanistas induz o educando a intolerância, que resulta
na não aceitação das diferenças pessoais inerentes a todos os seres humanos. O bullying
frequentemente começa pela recusa de aceitação de uma diferença como deficiência física,
religiosa, psicológica, opção sexual, social, etc. Essas diferenças fazem surgir conflitos
interpessoais no ambiente educativo.
Segundo Silva (2010), a escola é responsável pela causa do bullying devido ao número
excessivo de alunos e por possuir uma estrutura física inadequada, além disso, as escolas não
sabem lidar com problemas da família e do aluno.
A escola é também responsável pela falta de preparo dos profissionais da educação
para educar sem o uso de coerção e agressão e também falta espaços onde o aluno possa
expressar suas emoções e dificuldades pessoais, além do espaço escolar ser menos omissivo e
mais punitivo para assim a violência dentro do ambiente escolar seja combatida.
A omissão dos pais em relação a seus filhos é apontada também como causadora do
bullying, pois tais atitudes dos pais geram nos filhos descompromisso com aprendizagem e
com sua desvalorização. A falta de apoio emocional dos pais geram crianças inseguras com
dificuldades de relacionamento, com baixa autoestima, faz com que essas crianças obtenham
aceitação social através de atitudes agressivas.
3.6 As consequências do bullying para os envolvidos
As consequências do bullying envolvem todos os envolvidos, desde a vítima ao
agressor. De acordo com Fante (2005), as consequências relativas ao bullying são inúmeras,
dependendo de como as vítimas recebem as agressões, de como reagem a seus agressores.
A esse respeito Fante (2005, p. 44) comenta:
28
As consequências para as vítimas desse fenômeno são graves e abrangentes,
promovendo no âmbito escolar o desinteresse pela escola, o déficit de concentração
e aprendizagem, a queda do rendimento, o absentismo e a evasão escolar.
As vítimas do bullying podem sofrer as consequências dessa violência fora do
ambiente escolar, trazendo-lhe prejuízos no ambiente de trabalho na constituição familiar na
educação dos filhos, além de problemas psicológicos e mentais.
O bullying é um fenômeno comportamental que atinge o ego de suas vítimas, envolve
e vitimiza as crianças, tornando-as reféns da ansiedade e insegurança e que interfere
negativamente nos seus processos de aprendizagem, devido à excessiva mobilização de
emoção, medo, de angústia e raiva reprimida.
Podemos ressaltar que além do medo de represália, a vítima tem medo de denunciar
seu agressor devido ao fato de expor que ela está sendo vítima de situações humilhantes na
escola.
Segundo Fante (2005), a superação dos traumas causados pelo fenômeno poderá ou
não ocorrer, dependendo das características individuais de cada vítima, bem como da sua
habilidade de se relacionar consigo mesma, com o meio social, e com a família.
Quando a vítima não consegue superar os traumas causados pelo bullying, os
desenvolvimentos psíquicos e os seus comportamentos são prejudicados, a vítima pode ter
sentimentos negativos e pensamentos de vingança, baixo autoestima, dificuldades de
aprendizagem, queda no rendimento escolar, podendo também desenvolver transtornos
mentais e psicopatologias, levando-a ser um adulto com dificuldades de relacionamento e com
outros graves problemas. E em casos extremos a vítima pode cometer suicídio.
As consequências do bullying são tão graves que se pode citar como exemplo, o caso
ocorrido em dia 7 de Abril de 2011, no Rio de Janeiro, que ficou marcado na memória dos
brasileiros. Um jovem desequilibrado invadiu a escola de ensino fundamental no bairro de
Realengo, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro e com auxílio de armas de fogo executou 11
crianças e logo após cometeu suicídio. A sociedade ficou chocada com o acontecimento e
também com a causa que levou o jovem a cometer tamanha barbárie. A mídia logo noticiava
que o que levou o jovem a essa violência foi o fato dele ter sido alvo de bullying por parte dos
colegas durante sua trajetória escolar na mesma escola em que havia cometido à chacina. E
com essa tragédia, pode-se confirmar que as consequências do bullying para as vítimas são
gravíssimas e muitas vezes essas vítimas têm desejo deliberado de vingar a violência sofrida.
29
A vítima pode também desenvolver comportamentos agressivos ou depressivos, e
ainda, quando adulto praticar ou sofrer bullying no ambiente de trabalho, além de desenvolver
fobia escolar. Os momentos que antecedem a ida à escola e a volta são marcados por
sofrimento psíquico que afeta o biológico. Esse sofrimento nem sempre a vítima consegue
exprimir, o que dificulta o seu diagnóstico e possível tratamento.
De acordo com Fante (2005, p. 81), os agressores também sofrem consequências da
prática de bullying;
O agressor (de ambos os sexos) envolvido no fenômeno estará propenso a adotar
comportamentos delinquentes, tais como: agregação a grupos delinquentes, agressão
sem motivo aparente, uso de drogas, porte ilegal de armas, furtos, indiferença à
realidade que o cerca, crença de que deve levar vantagem em tudo, crença de que é
impondo-se com violência que conseguirá obter o que quer na vida... afinal foi assim
nos anos escolares.
É grande a relação entre o bullying e a criminalidade. O agressor sente a sensação de
consolidação de suas condutas, mesmo sem perceber que está prejudicando a si mesmo, o
agressor supervaloriza a violência como forma de obter poder, caminho que pode o levar ao
mundo do crime futuramente, tornando-o uma pessoa de difícil convivência nas relações
interpessoais.
Os espectadores por sua vez, mesmo não se envolvendo de forma direta com o
comportamento bullying, também sofrem as consequências, pois veem o direito de uma escola
segura, solidária e saudável sendo violada à medida que o bullying foi corrompendo as suas
relações interpessoais, causando dano ao desenvolvimento socioeducacional.
O fenômeno bullying passou a ser considerado problema de saúde pública, pois
acarreta danos físicos e emocionais em aqueles que estão direta ou indiretamente envolvidos
nele.
30
4 O PAPEL SOCIAL DA ESCOLA
A escola tem sido vista ao longo de sua história como sendo um espaço destinado ao
processo de ensino aprendizagem. Até pouco tempo, o aprendizado do conteúdo programático
era o único que interessava na avaliação escolar.
Na escola do passado as escolhas eram claras e restritas, os modelos ideológicos eram
rígidos e poucos democráticos, porem mais explícitos e determinados. Dessa forma, a
educação era bem mais fácil para os adultos que tinham que exercer apenas o papel de
educador, os educandos copiavam e reproduziam os modelos vigentes de comportamento e os
estereótipos socioculturais da época.
Segundo Fante (2005), a comunidade escolar tende a reproduzir, em maior ou menor
escala, a sociedade como um todo. Todos os membros dessa comunidade devem exercer seus
papéis de forma eficiente e solidária para que os alunos possam aprender e praticar o
aprendizado na fase adulta.
A escola pode ser vista como grupo social e como instituição, ela pode ser considerada
como um conjunto de indivíduos que possuem interesses em comuns e que estão em contínua
interação e é considerada como instituição, pois carrega um conjunto de normas e
procedimentos padronizados, que são valorizados pela sociedade, objetivando a socialização
do indivíduo e a transmissão cultural.
A escola é um espaço social diversificado, por isso saber conviver e respeitar as
diferenças e viver em comunidade é importante para termos uma sociedade mais justa e
democrática. A esse respeito Chalita (2008, p. 201) comenta:
A escola é um lugar que reúne muita gente. Diferentes olhares, gostos, caprichos,
talentos, sentimentos, sonhos, necessidades, histórias de vida, contextos. E esse
lugar tão especial também guarda uma missão igualmente especial: fazer toda essa
gente feliz, com princípios de justiça e equidade social. Essa missão pode parecer
óbvia, mas não é nada simples, pois cada pessoa tem sua maneira peculiar de ser
feliz. Todavia, desejam ser felizes, mas ninguém alcança a felicidade sozinho.
A escola é uma instituição social com o objetivo de desenvolvimento as
potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem dos
conteúdos pragmáticos (conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes e valores, que
deve acontecer de forma contextualizada desenvolvendo nos alunos a capacidade de se
tornarem cidadãos participativos na sociedade em que vivem).
31
Os profissionais da educação dos dias atuais não têm apenas a função de um mero
transmissor de conhecimentos e sim o de facilitador, o de provocador. A escola é o caminho
para a construção de uma sociedade mais digna e mais justa. Atualmente, a escola tem a
função de proporcionar aos alunos uma formação capaz de compreender de forma crítica a
realidade e atuar na superação das desigualdades sociais. A escola também precisa
compreender as necessidades sociais a qual ela está inserida e fornecer aos alunos os
subsídios adequados para que eles possam ter acesso à informação com a intenção de superar
essas dificuldades e levando-os a descobrirem e desenvolverem seus talentos.
De acordo com Chalita (2008, p. 258):
A educação conduz a comportamentos mais amistosos. Isso porque a educação
refina as atitudes. O conhecimento tem essa magia de engendrar pessoas e processos
para encontros. Cada encontro é, em semente, uma nova amizade. E cada nova
amizade representa uma nova possibilidade de aprender e de ensinar.
A escola é um local de transmissão de conhecimento e tem como objetivo diminuir as
desigualdades sociais existentes na sociedade, fazendo com que todos tenham os mesmos
direitos e deveres, levando em consideração o contexto cultural na qual os alunos estão
inseridos.
O grande desafio da escola na atualidade é tornar as práticas educativas mais próximas
da realidade, promovendo o conhecimento e a educação. Hoje cabe à escola a transmissão de
valores e modelos educativos nos quais os jovens possam conduzir sua vida como cidadão
ético e responsável.
Com se pode perceber com o grande aumento das tecnologias, as aulas tradicionais
não prendem mais a atenção dos alunos fazendo com que os alunos sintam-se desinteressado
em aprender e cabe ao professor associar os conteúdos a essa nova realidade tecnológica para
gerar aprendizado levando em consideração os fatores do cotidiano e elevando o aluno a
entender que toda matéria trabalhada tem utilidade.
O papel fundamental da escola é preparar o indivíduo para a sociedade. Todos os
acontecimentos vivenciados pelo aluno no ambiente escolar traduzem uma vida de
aprendizados. Portanto, a boa escola é aquela que proporciona ao educando condições de
aprendizado eficientes levando em consideração os conhecimentos prévios trazidos por seus
alunos e que levem em consideração uma educação para a vida e não para o mercado de
trabalho, uma educação pautada em valores e modelos educacionais que levem o jovem a um
caminho ético e democrático, consciente de seus direitos e deveres para com a sociedade.
32
Na Constituição Brasileira e no Estatuto da Criança e do Adolescente, estão previstos
os direitos da criança e do adolescente, e que a escola deve ser um ambiente de respeito e
proteção, respeito às diferenças, sendo que todos devem ser tratados com dignidade e
igualdade.
4.1 O papel da escola e o bullying
Pode-se afirmar que o bullying está presente em cem por cento das escolas do mundo,
independente de sua tradição, localização ou poder aquisitivo dos alunos, sejam públicas ou
privadas. O que pode variar nas escolas são os índices encontrados em cada realidade escolar,
devido o conhecimento acerca do bullying.
A problemática da violência nas escolas se faz presente é um fenômeno mundial e
social complexo e de difícil solução, por atingir a sociedade como um todo. Esse fenômeno é
resultante de vários fatores, tanto externos como internos a escola, característicos das
interações sociais.
Segundo Fante (2005, p. 168):
Os fatores externos são decisivos na formação da personalidade do aluno, pela
influência que recebe no seu contexto familiar, social e pelos meios de comunicação.
A escola não dispõe de recursos e de meios para impedir a influência dos fatores
externos sobre a vida de seus alunos, entretanto, torna-se alvo de muitos casos de
violência, praticados em decorrência desses fatores que não estão sob seu controle.
Os fatores externos a escola são referentes às desigualdades e às exclusões sociais,
raciais, a perda de um modelo de referência entre os adolescentes, as violências existentes na
sociedade, a desestruturação familiares e a falta de espaços de sociabilidade.
De acordo com Fante (2005), os fatores internos podem ser classificados em três
categorias: o clima escolar, as relações interpessoais e as características individuais de cada
membro da comunidade escolar.
Segundo Calhau (2010), as escolas estão passando por um processo muito difícil, pois
atualmente os pais transmitiram para a escola o seu papel de educar seus filhos.
A escola considerada com melhor qualidade de ensino, seja ela pública ou privada,
não é aquela onde o bullying não ocorra, mas aquela que enfrenta o bullying com coragem e
determinação. A maioria das escolas particulares omitem a existência do bullying por receio
de mancharem sua reputação e de diminuírem sua clientela, essa omissão dificulta as medidas
preventivas e combativas e faz com que o bullying prolifere.
33
De acordo com Silva (2010, p. 118):
As Varas da infância e juventude têm recebido um número cada vez mais
significativo de denúncias relativas às práticas de bullying. No entanto, um dado
chama a atenção: quase a totalidade das denúncias é relativa a agressões ocorridas
em escolas públicas, onde a tutela do estado é direta.
Um grande número de escolas ainda em pleno século XXI ainda desconhecem,
omitem, acomodam ou negam a existência do fenômeno bullying dentro do ambiente escolar,
apesar de inúmeros casos referentes às tragédias causadas por esse fenômeno terem sido
divulgados pela mídia, desprezando totalmente os sentimentos dos alunos em relação ao
bullying. A esse respeito Silva (2010, p. 163) comenta:
De maneira clara e objetiva, a escola deve procurar meios para se informar sobre as
formas que possibilitem saber quais são as experiências e os sentimentos seus alunos
possuem em relação ao bullying.
Para que as escolas possam prevenir e combater o bullying dentro do contexto escolar,
primeiramente a escola deve reconhecer a existência desse fenômeno e ter consciência de suas
inúmeras consequências para o desenvolvimento socioeducacional e para a estruturação das
personalidades dos educandos. Além de capacitar seus profissionais para identificar, intervir e
fazer um encaminhamento adequado em todos os casos de conflitos violentos existentes no
ambiente escolar.
As instituições escolares têm o dever de discutirem o tema da violência escolar
(bullying), mobilizando toda a comunidade escolar para traçar estratégias preventivas e
imediatas com o propósito de enfrentar o problema. Para o enfrentamento do problema do
bullying escolar, a escola deve formar parcerias com profissionais de diversas áreas
especializados no assunto como: pediatras, psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais e
também com instituições públicas ligadas à educação e ao direito: conselhos tutelares,
delegacias da criança e do adolescente, promotorias públicas, varas da infância e juventude e
promotorias de educação. Com essas parcerias, a escola terá eficiência nas medidas
preventivas e combativas acerca do bullying.
Para Silva (2010, p. 173-174):
A luta antibullying deve ser iniciada desde muito cedo, já nos primeiros anos de
escolarização. A importância precoce das ações educacionais se deve ao incalculável
poder que as crianças possuem para propagar e difundir ideias.
34
Os programas antibullying dentro das escolas devem ser iniciados precocemente, para
que assim o bullying não se multiplique e os alunos desde cedo possam aprender a cultura da
solidariedade, do respeito às diferenças, da tolerância, da cooperação, da justiça, da dignidade,
da amizade e do amor ao próximo, tornando o ambiente escolar um ambiente de paz.
De acordo com Silva (2010, p. 119):
No Brasil existe um projeto de Lei (nº 350, de 2007) do deputado Paulo Alexandre
Barbosa (PSDB – SP), no qual o Poder Executivo fica autorizado a instituir o
Programa de Combate ao Bullying, de ação interdisciplinar e de participação
comunitária nas escolas públicas e privadas do estado de São Paulo.
No Brasil, não existe uma lei específica de combate ao bullying, como se pode
perceber o índice de incidência de violência no contexto escolar brasileiro aumenta a cada
dia, mas podem ser aplicadas sanções genéricas previstas na legislação. Os órgãos
governamentais devem tomar consciência da importância do combate ao bullying no ambiente
escolar, criando políticas públicas para que a escola se torne um ambiente seguro com
condições adequadas de trabalho para todos os profissionais da educação.
As escolas devem se conscientizar que para a violência seja solucionada não basta
somente defender a vítima e punir o agressor. O ideal é investir em iniciativa de prevenção e
combate à violência, devendo a escola ser um ambiente democrático transmitindo não só os
conteúdos pragmáticos, mas focando também na convivência e nos valores humanísticos e
educando a emoção e os sentimentos dos alunos, estimulando- os a pensarem antes de
qualquer reação e a lidarem com os seus medos, angústias, rejeições, etc., a serem pessoas
proativas, líderes e autores de suas próprias vidas.
Portanto, é importante o envolvimento de todos os profissionais da educação para que
a escola tenha resultados satisfatórios e positivos na questão do combate ao fenômeno
bullying no ambiente escolar e reconhecer que a omissão e a negação em frente à existência
dessa problemática tão importante é de responsabilidade de todos, podendo a escola e os seus
profissionais ser punidos em prol da negação de sua existência.
4.2 O papel dos pais e o bullying
Os pais têm um papel importante na educação dos filhos. Atualmente se tem visto uma
transformação na vida familiar, ou seja, a construção de novos modelos familiares. As
35
relações familiares atuais são marcadas pela desestruturação familiar, pela falta de um dos
genitores ou pela falta de bom entendimento afetivo entre os pais ou entre pais e filhos.
Na sociedade contemporânea, os pais estão cada vez mais ausentes nas relações
familiares, devido à obrigação de trabalhar para manter a família, e com isso os filhos ficam
carentes da necessidade afetiva de seus familiares.
Como se pode perceber para suprir a carência afetiva dos filhos os pais usam da
permissividade na educação de sua prole não lhe ensinando limites, e muitas das vezes se
omitem e fingem não enxergar as condutas transgressoras de seus filhos. A esse respeito Silva
(2010, p. 61) comenta:
Os pais agem dessa forma sob a alegação de que não querem ferir a sensibilidade
dos filhos ou para evitar desavenças familiares. Outros, ainda, assim o fazem como
forma de compensar o período que estão distantes dos filhos por motivos
profissionais.
Os pais com essa atitude educativa de permissividade excessiva
em função do
sentimento de culpa em relação à ausência no ambiente familiar fazem com que os filhos
tenham hábitos autoritários perante aos familiares e as outras pessoas, ou seja, uma troca de
papéis. E com isso os pais não questionam se as suas próprias condutas irão refletir em seus
filhos em outros ambientes sociais, e muitas das vezes se esquecem de que o ato educativo
deve haver regras morais e de condutas, pois educar é um ato de respeito e amor.
Os pais devem ter consciência que educar é ensinar os filhos regras e limites, além de
ensinar a tolerância, respeito e a lidarem com suas frustrações do dia a dia.
Segundo Fante (2005, p. 174):
Sendo a família o modelo primeiro de socialização, ela deveria constituir um modelo
positivo para a criança, uma vez que o registro de suas primeiras experiências
emocionais surge da relação de afeto com as figuras materna e paterna, formando
matrizes psíquicas que determinarão sua visão de mundo e de si mesma.
É nas relações familiares que as crianças encontram os modelos referenciais ou de
referência que são decisivos na formação de sua personalidade e no seu processo
socioeducacional, entretanto quando esses modelos de referências são negativos podem
acarretar condutas agressivas e violentas comprometendo o desenvolvimento educacional.
As relações familiares estão cada vez mais desestruturadas, a presença da violência,
seja ela física ou psicológica, se faz constante, gerando como consequência o comportamento
inadequado dos filhos em prol a resolução de conflitos.
36
De acordo com Fante (2005) é no ambiente familiar que a criança aprende ou deveria
aprender a relacionar-se com as pessoas, respeitar e valorizar as diferenças individuais e a
adotar métodos não violentos nos conflitos interpessoais.
A família é a base e a sua desestruturação é um dos principais fatores de bullying no
ambiente escolar, pois as condutas violentas e os maus tratos sofridos pelas crianças no
ambiente familiar as influenciam e as incentivam a resolverem seus conflitos mediante a
violência. Essa violência é reproduzida pelos educandos no contexto escolar e quando adultos
reproduzem os maus tratos sofridos contra o cônjuge ou os filhos, ou no local de trabalho.
Portanto, é necessário que os pais tornem-se modelos de referências positivos e
transmitam uma educação de valores e fiquem atentos aos comportamentos de seus filhos,
cabendo também a eles abrir espaços para os filhos expressarem seus sentimentos e suas
opiniões em relações a eles.
É preciso ressaltar que os pais podem ser responsabilizados pelas condutas
transgressoras de seus filhos de acordo com a legislação brasileira.
Para combater o bullying no ambiente escolar é necessário que se estabeleça parcerias
entre pais e escolas, cabe aos pais ao suspeitarem que seus filhos estejam envolvidos em
bullying informarem a escola para que ela tome as devidas providências necessárias para
intervir diante da situação de forma efetiva.
4.3 O papel do professor e o bullying
O bullying é uma forma específica de violência e deve ser identificada, reconhecida e
tratada como um problema social complexo e de responsabilidade de todos. O papel dos
professores em frente a essa forma de violência é de fundamental importância para detectar
precocemente os casos de bullying no ambiente escolar.
De acordo com Fante (2005), em estudos realizados no Brasil o lugar de maior
ocorrência do fenômeno bullying no ambiente escolar é na sala de aula. Esse dado revela que
os professores não sabem distinguir as condutas violentas de brincadeiras próprias da idade.
A esse respeito Fante (2005, p. 67-68) comenta:
É necessário que os professores sejam capacitados para lidar com esse fenômeno,
uma vez que ele os atinge diretamente, a considerar o baixo rendimento, observando
em vários alunos, como ‘”resultado de trabalho”, também os afeta veladamente, de
maneira sutil e estressante, dentre outros motivos, pelo fato de ser o professor um ser
emocional, capaz de perceber e captar tanto as atitudes de interesse dos alunos como
o clima emocional da sala.
37
Os professores devem ser capacitados para educar a emoção de seus alunos, porém
muitos professores têm dificuldades de intervir em situações de violência ocorridas dentro da
sala de aula, agindo muitas das vezes com agressividade com seus educandos.
Os professores têm dificuldades emocionais para lidar com problemas de maus-tratos
ou de violência que ocorrem em sala de aula e com isso muitos professores acabam agindo
com postura autoritária, agressiva e intimidatória como forma de obter poder e controle diante
da classe. E com essa postura inadequada os professores transformam-se em modelos
referenciais negativos para os alunos que adotam a mesma conduta agressiva adotada por seus
mestres.
Nas escolas brasileiras já foram retratados pela mídia vários casos de alunos que
sofreram bullying advindos de seus próprios professores. Muitos professores se convertem em
agressores devido à sua postura autoritária, discriminam seus alunos, fazem comparações,
ameaçam, os perseguem, utilizam de apelidos pejorativos os vitimizando a ser mais uma
vítima de bullying.
A esse respeito Silva (2010, p. 148) comenta:
Os alunos vitimizados por quem deveria educá-los e até protegê-los apresentam
quadros depressivos caracterizados por sentimentos negativos, autoestima rebaixada,
sensação de impotência, desmotivação para os estudos e queda no rendimento
escolar.
E com essa postura muito professores agem com conduta desrespeitosa diante de seus
alunos, sem se darem conta que essas condutas inadequadas podem acarretar em resultados
negativos ao aluno vitimizado. Faz-se necessário que o professor leve em consideração a sua
postura diante aos sentimentos dos alunos, visto que, a ridicularizarão desse aluno na frente
dos demais colegas, é uma das formas de bullying que mais deixa marcas negativas em suas
vítimas.
De acordo com Silva (2010, p. 169):
Todo professor deve proceder de forma que seu comportamento sirva de exemplo
para seus alunos. No entanto, por vezes, a escola se depara com circunstâncias em
que o professor destitui de suas obrigações e acaba criando situações que podem
ameaçar, constranger ou colocar em risco a integridade física ou psicológica de um
estudante. Nesses casos, cabe à direção apurar os fatos e, se confirmada a
responsabilidade do profissional, deve aplicar-lhe as penas previstas no regimento
da instituição. Se necessário, o caso deverá ser encaminhado a instâncias superiores.
38
O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 232, prevê pena (detenção de
seis meses a dois anos) para quem ‘submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,
guarda ou vigilância à vexame ou à constrangimento’.
No entanto, cabe ao professor refletir sua conduta dentro da sala de aula, e transmitir
aos alunos a importância do respeito, do companheirismo, da amizade, além de saber intervir
de maneira adequada nas situações de conflitos dentro do ambiente escola, agir eticamente
pautando sempre no diálogo e sempre priorizando o convívio escolar.
Fante (2005, p. 98) enumera alguns questionamentos que os professores devem-se
fazer:
a) será que as atitudes de alguns profissionais de educação ante um conflito poderão
ser adotadas, como exemplos, pelos alunos?;
b) será que a atitude autoritária ou agressiva do próprio profissional não está
contribuindo para que os alunos exerçam tal autoridade ou agressividade sobre seus
companheiros de escola?;
c) será que os profissionais educadores possuem habilidades para relacionar-se com
seus alunos?;
d) como anda o relacionamento desses profissionais com os alunos?.
É necessário, que o profissional da educação reflita sobre seu desenvolvimento
profissional para que se possam redirecionar suas ações pedagógicas no combate às diversas
formas de violências que se desencadeiam na sala de aula, além de adotar sempre uma postura
não violenta na resolução de conflitos.
De acordo com Fante (2005), a relação entre professor - aluno é marcado pela simetria
de poder, pois muitos professores aproveitam o primeiro dia de aula para afirmar sua
autoridade, exalando a tirania. E alguns alunos provocam o professor, só para ver até a que
ponto ele consegue chegar.
Segundo Silva (2010), muitos professores são humilhados, ameaçados, perseguidos e
ridicularizados por seus alunos, e maioria dos docentes não sabem como agir frente a essa
situação no ambiente escolar.
Os professores que sofrem bullying no ambiente pedagógico temem em expor o
problema para a direção escolar com receio de serem mal interpretados por seus superiores e
serem rotulados como incompetentes. Essa violência sofrida pelos professores muitas vezes
vem dos próprios colegas de profissão ou de seus superiores, em forma de pressão, ameaças,
abusos e maus-tratos.
Na atualidade é comum nos depararmos com professores adoecidos, com problemas
psicossomáticos, e em alguns casos com transtornos psíquicos e até mesmo com doenças
autoimunes, ocasionados pela violência no ambiente educacional.
39
Segundo Fante (2005), 92% dos professores estão estressados devido à profissão e
perdendo a qualidade de vida pessoal, familiar e profissional e com essa realidade se faz
necessária à capacitação desses profissionais para lidar com essa grave realidade encontrada
no ambiente escolar.
Como se pode observar apesar dos vários problemas existentes no ambiente
pedagógico Fante (2005, p. 205), os encoraja e os incentiva a persistir na profissão:
Apesar de tudo, encorajamos os nossos colegas para que não se deixem vencer pelas
desilusões no desenvolvimento da arte de educar. Ao contrário, que se lembrem de
que, onde quer que atuem sempre existirão crianças que necessitam do seu afeto, do
seu carinho e do seu ensino humanizante. Que sonhem e estimulem as crianças a
sonhar, pois, se deixarem de acreditar na vida, não haverá esperança de um dia
melhor.
Dentre outros problemas, pode-se citar a desvalorização dos profissionais de educação, a
jornada excessiva de trabalho, o grande número de alunos por sala, o baixo salário, falta de
tempo para capacitação e pesquisas, etc.
4.4 O papel do professor no combate e na prevenção do bullying em sala de aula
Como já dito anteriormente o bullying é fato inegável dentro das escolas. E com isso
pode se perguntar como prevenir e combater o bullying dentro da sala de aula?
Segundo Fante (2005, p. 98), os educadores devem saber qual papel cabe a eles
desempenharem:
Acreditar que nada podemos fazer e cruzar os braços, comodamente, esperando
soluções dos órgãos superiores?
Permanecer cada vez mais inseguros e fingir que essa é uma questão que não nos
cabe resolver?
Acreditar que não podemos mudar o mundo, enquanto o alto grau de insegurança
para a nossa família, para os nossos alunos e para a sociedade em geral se mostra
cada vez mais assustador?
Ou, ao contrário, buscar coragem para enfrentar os problemas e participar
ativamente de programas que possam transformar o cenário violento das escolas
num cenário de paz?
Se conseguirmos resultados em nossa comunidade escolar, já não será um grande
feito?
Será que não podemos nos tornar um polo irradiador de ações, atitudes e valores
capazes d e aumentar o âmbito da prevalência do amor sobre o ódio, da
compreensão, da fraternidade e da tolerância sobre todo e qualquer tipo de
violência?
Será que a educação não é o caminho que podemos utilizar para transformar uma
sociedade agressiva e violenta em sociedade mais justa, mais solidária e mais feliz?
40
A primeira consequência do bullying dentro da sala de aula é o baixo rendimento
escolar. Através dessa constatação os professores devem investigar a causa desse baixo
rendimento e como fazer isso?
De acordo com Olweus (1978 apud FANTE, 2005, p. 75), em relação à vítima de
bullying os professores devem observar os seguintes comportamentos:
Durante o recreio está frequentemente isolado e separado do grupo, ou procura ficar
próximo do professor ou de algum adulto.
Na sala de aula tem dificuldade em falar diante dos demais, mostrando-se inseguro e
ansioso.
Nos jogos em equipe é o último a ser escolhido.
Apresenta-se comumente com aspecto contrariado, triste, deprimido ou aflito.
Apresenta desleixo gradual nas tarefas escolares.
Apresenta ocasionalmente contusões, feridas, cortes, arranhões ou a roupa rasgada,
de forma não natural.
Falta às aulas com certa frequência (absentismo).
Perde constantemente os seus pertences.
Em relação ao agressor, os professores devem observar os seguintes comportamentos
de acordo com Fante (2005, p. 75):
Faz brincadeiras ou gozações, além de rir de modo desdenhoso e hostil.
Coloca apelidos ou chama pelo nome ou sobrenome dos colegas, de forma
malsoante; insulta, menospreza, ridiculariza, difama.
Faz ameaças, dá ordens, domina e subjuga. Incomoda, intimida, empurra, picha,
bate, dá socos, pontapés, beliscão puxa os cabelos, envolve-se em discussões e
desentendimentos.
Pega dos outros colegas materiais escolares, dinheiro, lanches e outros pertences,
sem o consentimento.
Logo após o reconhecimento da existência do bullying, dentro do ambiente escolar,
deve-se tomar consciência das suas graves consequências para o desenvolvimento
socioeducacional, devem ser tomadas as providências cabíveis com o intuito de minimizar o
problema.
Segundo Fante (2005), a prevenção ao bullying deve começar pela capacitação dos
profissionais de educação, a fim de que saibam identificar, diagnosticar e distinguir esse
fenômeno das brincadeiras corriqueiras.
Os profissionais de educação devem ter conhecimentos das estratégias de intervenção
e prevenção disponíveis atualmente. Inúmeras iniciativas antibullying estão sendo
desenvolvidas por vários países, visando à melhoria da competência profissional e à
capacidade de interação social nas relações interpessoais, além de estimular comportamentos
cooperativos e solidários.
41
Os professores devem trabalhar desde cedo com seus alunos valores humanísticos,
como a ética, a moral e a cidadania e ensiná-los a desenvolver atitudes de solidariedade,
tolerância, respeito e cooperação uns com outros. Fante (2005, p. 91) relata que:
A intolerância, a ausência de parâmetros que orientem a convivência pacífica e a
falta de habilidade para resolver os conflitos são algumas das principais dificuldades
detectadas no ambiente escolar. Atualmente, a matéria mais difícil da escola não é a
matemática ou a biologia; a convivência, para muitos alunos e de todas as séries,
talvez seja a matéria mais difícil de ser aprendida.
Para iniciar uma luta antibullying no ambiente escolar, primeiramente se faz
necessário conhecer a realidade da escola, além de toda comunidade escolar se conscientizar e
se compromissar que todos têm responsabilidade com o que passa entre as crianças e os
adolescentes no ambiente pedagógico, esse envolvimento de todos faz com que a luta diante
do bullying obtenha resultados positivos. A participação dos pais, alunos e da gestão escolar
visa estabelecer normas, diretrizes e ações coerentes.
Os programas antibullying de acordo com Fante (2005, p. 92):
Tais iniciativas veem as escolas como sistemas dinâmicos e complexos, possuidoras
de suas próprias peculiaridades, devendo-se respeitar as características culturais e
sociais de seus componentes. Assim, cada escola possui sua realidade e a partir dela
é que se devem desenvolver estratégias e ações cotidianas e contínuas.
As ações contra o bullying devem promover apoio às vítimas, fazendo com elas se
sintam protegida e conscientizar os agressores sobre os seus atos antissociais e garantir um
ambiente pedagógico sadio e seguro.
Segundo Fante (2005), um dos os objetivos do programa de intervenção contra o
bullying é “que os alunos, por meio da interiorização de valores humanos, desenvolvam a
capacidade de empatia”.
Segundo Fante (2005), para detectar quem são os envolvidos em bullying, os
professores podem fazer uso de redações intituladas de “minha vida escolar e minha vida
familiar” e também entrevistas individuais em grupos. Com essa estratégia é possível
identificar, a vítima, o agressor e o telespectador.
Conforme Silva (2010, p. 163), outra estratégia pode ser adotada pelos professores:
Os alunos devem ser estimulados a escrever uma espécie de autobiografia escolar,
documentada em computador e enviada para um email seguro, que garanta o
anonimato de seus relatos. Nessa autobiografia, o aluno pode romper suas barreiras e
quebrar o silêncio que, na maioria das vezes, predomina em relação ao assunto
dentro da sala de aula.
42
Essa autobiografia tem como objetivo de fazer com que os alunos quebrem o silêncio
e revele seus pensamentos, sentimentos e emoções que muitas das vezes ficam ocultos porque
eles não conseguem se expressar por algum receio.
Outra estratégia que pode ser usada em sala de aula que são muito eficazes nos
relacionamentos interpessoais são as peças teatrais, com os papéis de vilões e mocinhos bem
definidos, nessa atividade os papéis dos personagens podem ser trocados, fazendo com que a
turma toda apresente a mesma cena com o intuito que cada colega se coloque no lugar do
outro, trabalhando a vivência individual e coletiva de respeito, empatia e solidariedade.
Para Chalita (2008), "as formas de coibir as agressões devem ser tão variadas e
criativas quanto às próprias agressões".
De acordo com Fante (2005, p. 115), outra estratégia que pode ser desenvolvida em
sala de aula com a participação de todas as classes é o estatuto contra o bullying:
Uma medida que sugerimos como estratégia indispensável é a criação de um código
ou estatuto, desenvolvido pelos próprios alunos, que estabeleçam normas ou regras
para uma boa convivência.
Esse estatuto deve ser criado pelos alunos e não imposto pela escola. Esse estatuto tem
como objetivo impor regras de boa convivência, e sua desobediência deve gerar sanções que
podem ser convertidas em ações solidárias para que esse aluno transgressor tenha
possibilidade de aprender atitudes positivas e melhorar seu comportamento.
Em suma, os professores dispõem de várias estratégias que podem ser utilizadas na
prevenção e no combate ao bullying dentro da sala de aula e em todo ambiente escolar, a
escola juntamente com todos os envolvidos no processo educacional devem estimular e
valorizar atitudes como o diálogo e as relações de cooperação no ambiente pedagógico.
4.5 Programas antibulying de prevenção e combate ao bullying no contexto pedagógico
Estudos realizados sobre o fenômeno bullying constataram que essa prática de
violência afeta todos os envolvidos e também acarreta graves consequências para toda a vida.
Essa prática de violência interfere em todas as convivências sociais, principalmente
nas convivências escolares e emerge a necessidade de intervenção de medidas preventivas e
combativas e
políticas públicas eficientes para combater a proliferação dessa temática
gravíssima que é o bullying em um ambiente que é incumbido de zelar da educação dos
indivíduos em prol de uma sociedade democrática.
43
Os programas de intervenção têm como objetivo prevenir e reduzir o comportamento
bullying, com estratégias adequadas e eficientes. Os programas antibullying devem fazer parte
dos currículos escolares como forma de combater todos os tipos de violências existentes nos
contextos escolares.
No Brasil, segundo Fante (2005), as notícias sobre os programas educacionais de
prevenção e combate ao bullying são escassas.
No Brasil, têm-se conhecimentos sobre dois programas de intervenção ao bullying, o
primeiro realizado pela Associação Brasileira de Proteção a Infância e Adolescência
(ABRAPIA) entre 2002 e 2003, em parceria com a Petrobrás Social, intitulado, “Programa de
Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes”,
e o segundo realizado pela
educadora Cleo Fante, que o foi o pioneiro no Brasil, intitulado “Programa Educar para a
Paz”, esse programa é composto de estratégias psicopedagógicas e socioeducacionais que
objetivam a intervenção e a prevenção do bullying nas escolas brasileiras.
De acordo com Fante (2005), as medidas preventivas devem começar com a
capacitação de todos os docentes, para que assim esses saibam como agir diante de ações
conflituosas como o bullying e que todos os profissionais de educação devem unir em prol de
um mesmo objetivo na luta contra o bullying fazendo cada um a parte que lhes cabe, para que
assim o programa antibullying seja satisfatório e obtenha resultados favoráveis na redução de
casos de bullying no interior da escola.
Os programas de intervenção devem ser adotados precocemente dentro das escolas
com parceria dos pais, alunos e educadores, esses programas interventivos estão
disponibilizados para serem adaptados de acordo com a realidade escolar em sites da internet,
livros, chats, documentários, programas de TV, palestras, filmes, etc.
Segundo Fante (2005, p. 90):
Os objetivos dos programas de intervenção ao bullying têm como intuito
conscientizar toda a comunidade escolar sobre o fenômeno e sensibilizar sobre a
importância do apoio as vítimas, buscando encaminhamento adequado para
tratamentos clínicos, encorajá- las a denunciar o agressor.
Entretanto, cabe à escola e a toda comunidade escolar prevenir e combater o bullying,
pois através da união de todas as partes é possível combater e conscientizar com investimento
e adoção de estratégias eficazes que estejam comprometidas com o bem-estar social dos
educandos, fazendo da escola um ambiente seguro e que a paz esteja presente.
44
5 METODOLOGIA
Neste capítulo, será descrita a natureza da pesquisa, o contexto em que a pesquisa foi
realizada, a caracterização dos participantes, os instrumentos utilizados na coleta de dados e
os procedimentos para a coleta e análise dos dados e os resultados e a discussão sobre os
dados obtidos nesta pesquisa.
Segundo Oliveira (2000), o objetivo da pesquisa estabelece a compreensão para os
pesquisadores encontrarem respostas para suas indagações.
Esta pesquisa se caracteriza do ponto de vista de sua natureza como básica e aplicada,
pois envolve verdades e interesses universais e objetiva solução de problemas específicos
envolvendo verdades e interesses locais.
De acordo com Vergara (2008), o presente estudo pode ser classificado quanto aos fins
e quanto aos meios. Quanto aos fins, trata-se de uma pesquisa descritiva, uma vez que sua
finalidade é analisar o papel do professor no combate e na prevenção do bullying em sala de
aula.
De acordo com Gil (2002), este tipo de pesquisa “[...] tem como objetivo primordial a
descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou então, o
estabelecimento de relações entre variáveis”.
No que diz respeito aos procedimentos técnicos, esta pesquisa pode ser classificada
como pesquisa bibliográfica, pois permite a revisão de literatura em livros publicados por
autores estudados no referencial teórico.
Segundo Ruiz (1996), a revisão literária enquanto pesquisa bibliográfica tem por
função justificar os objetivos e contribuir para própria pesquisa. “E a pesquisa bibliográfica
consiste no exame desse manancial, para levantamento e análise do que já produziu sobre
determinado assunto que se assume como tema de pesquisa científica”.
A metodologia utilizada para os levantamento dos dados contidos no presente estudo é
a pesquisa qualitativa e quantitativa.
Segundo Ludke e André (1986), a pesquisa qualitativa é de abordagem naturalista, ou
seja, a fonte direta dos dados pesquisados é o ambiente natural do sujeito a ser pesquisado.
A pesquisa quantitativa significa traduzir em números opiniões e informações para
classificá-las e analisá-las.
Quanto ao método científico, essa pesquisada classifica-se como etnográfica, pois
descreve todos os dados possíveis de uma sociedade em geral, nesse caso a escola.
45
5.1 Lócus da Pesquisa
A presente pesquisa foi realizada na Escola Estadual Professor Francisco Tibúrcio,
localizada na cidade de Maravilhas – Minas Gerais, com uma amostra de cinco professores
que atuam no ensino fundamental II e com quatro alunos do 6º ao 9º ano.
5.2 Caracterização da Escola
A escola onde foi realizada a pesquisa faz parte da rede estadual de educação há 80
anos. A escola fica situada na Avenida Brasil, nº 254, Centro, na cidade de Maravilhas –
Minas Gerais. A escola oferece ensino fundamental I (1º ao 5º ano), ensino fundamental II (6º
ao 9º ano), ensino médio e educação de jovens e adultos (EJA), nos turnos manhã, tarde e
noite. A escola atende um público discente diversificado, sendo atendidos alunos de nível
socioeconômico médio e baixo, oriundos de família de baixa renda, filhos de pais com pouca
escolaridade, com renda familiar em média de 1 a 3 salários mínimos. A escola Estadual
Francisco Tibúrcio atualmente é dirigida pela diretora Ednara Castro Duarte e pela vice
Susana Castro Abreu e pela outra vice Sônia Biscardi. No seu quadro de funcionários, a
escola dispõe de 40 professores todos com ensino superior completo, 2 supervisoras, 1
secretário, 5 assistentes de educação básica, 2 bibliotecárias e 14 serviçais.
A escola conta com aproximadamente 711 discentes, sendo 133 no ensino
fundamental I; 177 no ensino fundamental II; 284 no ensino médio e 67 no EJA (Educação de
Jovens e Adultos) e 50 alunos no PROETI.
5.3 Instrumentos de coleta de dados
Segundo Marconi e Lakatos (2008), o pesquisador não consegue encontrar resposta
sozinho. Precisa da opinião de pessoas que estão exercendo a prática, e assim influenciando a
opinião dos demais.
Para a coleta de dados, foram utilizados dois questionários semiestruturados que foram
aplicados aos professores e alunos pesquisados. Para utilizar o questionário, primeiramente,
foi realizado um pré-teste para confirmar se o questionário estava de acordo com os objetivos
a serem atingidos na pesquisa. O questionário foi elaborado de acordo com as concepções
presentes nas perspectivas teóricas.
46
O questionário aplicado aos professores continha doze questões (6 fechadas e 6
abertas) e o questionário aplicado aos alunos continha nove questões fechadas. A coleta de
dados foi realizada no período de 23/09/2013 a 27/09/2013. Nessa pesquisa, os nomes dos
entrevistados serão preservados por uma questão ética e eles serão denominados como
professora A, professora B, professora C, professora D e professora E e os alunos serão
denominados como aluno 1, aluno 2, aluno 3 e aluno 4.
A pesquisa foi realizada com alunos do ensino fundamental II devido ao fato de o
bullying ser mais comum entre adolescentes nessa faixa etária, pelo fato que eles estão
vivendo a fase de mudanças físicas e psicológicas, passando da infância para préadolescência.
Os questionários aplicados aos professores e alunos participantes se encontram no
final da pesquisa, na parte apêndice.
5.4 Procedimentos
Para a realização da pesquisa a princípio, foi feito um encontro com a diretora desta
unidade de ensino na qual foi apresentado o tema da pesquisa e os seus objetivos. Em seguida
apresentou-se aos professores o questionário a ser respondido e o termo de consentimento a
ser assinado.
5.5 Sujeitos da pesquisa
Os sujeitos da presente pesquisa foram constituídos de alunos e professores do ensino
fundamental II. A amostra foi realizada de forma voluntária, ou seja, pôde-se contar com
participantes que se dispuseram a responder ao questionário da pesquisa de forma solidária e
cooperativa.
TABELA 1 – Tabela de identificação dos alunos do ensino fundamental II
Questionário
Aluno 1
Aluno 2
Aluno 3
Aluno 4
Fonte: pesquisa direta.
Série
6º ano
7º ano
8º ano
9º ano
Sexo
F
F
M
M
Idade
12
13
14
15
47
Para identificar os casos de bullying na escola pesquisada foi necessário dotar-se de
instrumentos de análise por meio de um questionário fechado e anônimo aplicado a um aluno
correspondente de cada série do ensino fundamental II, contendo questões relacionadas ao
fenômeno bullying.
TABELA 2- Tabela de identificação dos professores do ensino fundamental II
Questionário
Idade
Formação acadêmica
Tempo de
atuação
Professora A
25 anos
Licenciatura em Letras
3 anos
Professora B
29 anos
Licenciatura em Ciências Biológicas
1 ano
Professora C
38 anos
Graduação em História
17 anos
Professora D
39
Licenciatura em Letras
17 anos
Professora E
51
Licenciatura em Letras
24 anos
Fonte: pesquisa direta.
Os professores participantes têm entre 25 a 52 anos de idade. Quanto ao tempo de
trabalho há professores com 1 ano de atuação em sala de aula e também professores com mais
de 20 anos de experiência. Quanto à formação acadêmica, todos os professores possuem curso
superior, mas nenhum deles possui pós- graduação.
5.6 Resultados e Discussão
Os dados foram analisados quantitativa e qualitativamente, estabelecendo relação entre
as respostas obtidas pelos participantes e a pesquisa bibliográfica.
5.7 Questionários aplicados aos alunos do ensino fundamental II
Fonte: pesquisa direta.
48
Verificou-se através da questão l, como mostra o gráfico acima que todos os
pesquisados sabem o que é bullying.
Segundo Calhau (2009), é um assédio moral, são atos de desprezar, denegrir,
violentar, agredir, destruir a estrutura psíquica de outra pessoa sem motivação alguma e de
forma repetida coma intenção de ferir.
Fonte: pesquisa direta.
Pode-se verificar na questão 2 que todos os alunos pesquisados já presenciaram casos
de bullying dentro da sala de aula e, com isso, se pode confirmar que a maioria dos casos de
bullying acontece na presença do professor.
Fante (2005) afirma que é comum entre os alunos de uma mesma classe a existência
de diversos tipos de conflitos e tensões, mas que é preciso distinguir os maus-tratos ocasionais
e não graves dos maus-tratos habituais e graves, pois os atos de bullying apresentam
características próprias e dentre elas a repetição da violência contra a mesma pessoa por um
tempo prolongado e suas consequências podem causar danos ao psiquismo de sua vítima.
Fonte: pesquisa direta.
49
De acordo com Fante (2005), o bullying está presente em 100% das escolas brasileiras
e através do gráfico acima, se pode confirmar que todos os alunos pesquisados já sofreram
algum tipo de violência (bullying) no ambiente escolar.
Fonte: pesquisa direta.
Ao investigar as formas de agressão que os alunos mais sofreram ficaram constatadas
que 28% dos alunos foram apelidados, 29% foram ameaçados e 43% foram denegridos por
seus agressores. Cabe ressaltar que a aluna 3 sofreu mais de um tipo de violência, ela foi
apelidada, denegrida e ameaçada por seu agressor.
Conforme Silva (2010), as vítimas de bullying dificilmente recebem apenas um tipo de
maus-tratos.
Esses comportamentos maliciosos pode se expressar de variadas formas, como verbal
(insultar, ofender, colocar apelidos pejorativos, etc.); físico e material (bater, chutar,
empurrar, etc.); psicológico e moral (humilhar, ridicularizar, etc.), sexual (abusar, violentar,
assediar e insinuar) e virtual.
50
Fonte: pesquisa direta.
A indagar aos alunos pesquisados quantas vezes eles sofreram algum tipo de violência
(bullying) no ambiente escolar, 50% responderam que sofreram bullying várias vezes ao dia,
25% responderam que sofreram bullying diversas vezes e os outros 25% responderam que
sofreram bullying uma única vez, e com se pode confirmar que há sim a existência do bullying
no ambiente da escola pesquisada de forma repetitiva.
O bullying não se trata apenas de brincadeiras próprias da idade, mas de casos de
violência física ou moral, realizada de forma repetitiva. Na prática de bullying, o agressor tem
a intenção de ferir sua vítima, portanto não existe “brincadeira” quando uma pessoa está
fazendo a outra sofrer.
Fonte: pesquisa direta.
Como representa o gráfico acima 75% dos casos de bullying acontece dentro da sala
de aula e 25% acontece no pátio escolar. Através de uma pesquisa realizada por Fante
(2005), no Brasil, a maioria dos casos de bullying acontece no interior da sala de aula
diferente de outros países onde o lugar que mais ocorre casos de bullying é no pátio do
recreio.
51
A Abrapia (2001) realizou uma pesquisa entre 2002 e 2003 em escolas do Rio de
Janeiro, e constatou que (60,2%) dos casos de bullying ocorrem na sala de aula e esse
resultado justifica-se pelo fato de que os professores ainda não sabem distinguir condutas
violentas de brincadeiras próprias da idade e lhes faltam preparo para identificar, diagnosticar
e desenvolver estratégias pedagógicas eficazes para enfrentar os problemas bullying.
Fonte: pesquisa direta.
O gráfico 7, representa os sentimentos dos alunos pesquisados ao sofrerem o bullying,
33% dos alunos não se incomodaram com a agressão sofrida e 67% não queriam mais ir para
escola por medo de seus agressores ou de sofrer bullying novamente.
As consequências do bullying para as suas vítimas são inúmeras e essas consequências
emocionais causadas por essa ação violenta podem acarretar danos futuros na vida adulta.
Fonte: pesquisa direta.
A prática de bullying podem ocasionar consequências para todos os envolvidos.
Conforme Calhau (2009), as consequências do bullying são terríveis para todos os envolvidos,
mas em especial para as vítimas.
52
Como se pode confirmar 50% dos alunos pesquisados vítimas de bullying relataram
que as consequências da violência acarretaram algumas consequências ruins como medo de ir
à escola por temer sofrer bullying novamente e os outros 50% relataram que não tiveram
consequências.
O bullying pode gerar quadros graves de transtornos psíquicos ou comportamentais
que, muitas vezes, pode trazer prejuízos irreversíveis.
Fonte: pesquisa direta.
Em resposta a essa pergunta 25% dos alunos participantes responderam que contaram
para seus amigos e 75% dos alunos pesquisados disseram que contaram para seus pais sobre
o bullying sofrido na escola.
Segundo Fante (2005), em muitos casos as vítimas de bullying temem em denunciar
seu agressor e adotam a lei do silêncio, seja por conformismo, vergonha ou medo.
5.8 Questionários aplicados aos professores pesquisados
A presente seção tem o objetivo de mostrar a relevância da pesquisa, sobre “O papel
do professor no combate e na prevenção do bullying em sala de aula”, através dos dados
coletados e analisados criticamente.
53
Fonte: pesquisa direta.
Essa questão tinha as seguintes alternativas: sim ou não. Os cinco professores
pesquisados responderam que tinham conhecimento sobre o que é bullying.
Segundo Fante (2005, p. 28-29), por definição universal, bullying é:
Um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem
motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor,
angústia e sofrimento.
Assim sendo, o bullying caracteriza-se por insultos, intimidações, gozações que
magoam seus receptores, além de causar danos físicos, morais e materiais.
Fonte: pesquisa direta.
Essa questão tinha como alternativas: sim ou não, e os professores teriam que justificar
a sua resposta. Todos os cinco professores pesquisados responderam que o bullying pode sim
trazer consequências para os alunos envolvidos.
54
TABELA 3 - Justificativa das consequências causadas pelo bullying dadas pelas
professoras pesquisadas
Sim, as consequências são trágicas para quem sofre o bullying, pois
Professora 1
a criança ou adolescente pode ficar reprimido ou até mesmo deixar
de ir à escola. Em outros casos pode gerar violência por parte de
quem pratica ou sofre o bullying.
Sim, leva os alunos à autocrítica negativa e ao medo.
Professora 2
Sim, hoje as crianças e jovens não aceitam críticas, não respeitam
Professora 3
pais e muito menos professores. Se algum dia eles estiverem
nervosos por algum motivo, isso pode levar o agressor e o agredido
a cometerem atos ( assassinatos, brigas, perseguições, etc.).
Sim, pode trazer complexo de inferioridade; levar o aluno a cometer
Professora 4
suicídio ou até mesmo levá-lo a praticar contra o outro como forma
de vingança.
Sim, pois, as marcas de sofrimento silencioso podem trazer
Professora 5
distúrbios aos adolescentes.
Fonte: pesquisa direta.
É fato que o bullying traz consequências trágicas para todos os envolvidos. E essas
consequências que o bullying pode acarretar são de conhecimento dos professores
pesquisados essas consequências podem afetar a integridade física e emocional de suas
vítimas e até mesmo atingir indiretamente familiares e amigos.
Fante (2005) assinala que “as consequências da conduta bullying afetam todos os
envolvidos e em todos os níveis, porém especialmente a vítima que continua a sofrer seus
efeitos negativos muito além do período escolar”.
A vítima de bullying pode estar sujeita à estresse, baixa autoestima, transtornos
psicológicos, depressão, anorexia, bulimia, etc.; desencadear diversos tipos de fobia, como
escolar e social e, em casos extremos, chegar à prática do homicídio e suicídio.
Para Fante (2005) é necessário que a instituição escolar conheça as consequências do
fenômeno bullying e proporcione aos profissionais da instituição, uma familiaridade com o
problema que atualmente tem afetado todas as escolas. Essa familiaridade com o bullying
pode ocorrer através de estudos sobre o fenômeno, e por meio de capacitações profissionais e
uso de campanhas combativas e preventivas contra o bullying.
55
Fonte: pesquisa direta.
Ao serem questionados sobre a questão de saber reconhecer casos de bullying dentro
da sala de aula, os cinco professores pesquisados afirmaram saber reconhecer.
Portanto, é necessário ressaltar que nem tudo é caracterizado bullying, pois na rotina
escolar os alunos podem sofrer arranhões, cotoveladas, empurrões e outras manifestações
acidentalmente. Para ser considerado bullying, os professores devem levar em consideração
fatores que distingue o bullying de brincadeiras naturais da idade.
O bullying tem fatores distintos de intencionalidade, a repetição e a continuidade,
normalmente advinda de um mesmo agressor em uma mesma vítima. Outra característica
associada ao bullying é o desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
Fonte: pesquisa direta.
A questão 4 do questionário continha as alternativas: sim ou não e pedia ao professor
se caso houvesse a existência do bullying em sua sala de aula que ele o relatasse. Como
56
mostra o gráfico acima, quatro dos cinco professores pesquisados responderam que ocorre ou
ocorreram casos de bullying em sua sala de aula, apenas uma professora respondeu que não
houve ocorrência do bullying em sua sala de aula.
Professora 1
Professor 2
Professora 3
Professora 4
Professora 5
TABELA 4 - Alguns relatos de casos de bullying em sala de aula
Tenho um aluno que os colegas o apelidaram de Cirilo (o
personagem da novela Carrossel). Este aluno fica muito
irritado.
Normalmente acontece com alunos com deficiência de
aprendizagem e carência social.
Não posso relatar.
A professora 4 respondeu que nunca ocorre ou ocorreram
casos de bullying em sua sala de aula.
O que mais me chamou a atenção foi um aluno albino que
era chamado de “branca de neve”.
Fonte: pesquisa direta.
A tabela acima transcreve alguns casos de bullying relatados por três professores da
escola pesquisada, a professora 3 não quis relatar o caso de bullying ocorrido na escola, talvez
seja por questão ética.
Segundo Silva (2010, p. 64):
As instituições educacionais se veem obrigadas a lidar com fenômenos como o
bullying, que, embora sempre tenha existido nas escolas de todo o mundo, hoje
ganha dimensões muito mais graves. O fenômeno expõe não somente a intolerância
às diferenças, como também dissemina os mais diversos preconceitos e a covardia
nas relações interpessoais dentro e fora dos muros escolares.
O bullying é caracterizado por agressões físicas ou verbais, de forma contínua e
intencional, podem ocorrer tanto dentro da sala de aula, refeitório, corredores, etc.
Como afirma Fante (2005, p. 53-54):
São vários os locais onde ocorrem os ataques: pátios de recreio, playgrounds,
banheiros, corredores, salas de aula, bibliotecas, quadras esportivas, salas de
informática, laboratórios e imediações das escolas. Também ocorrem em outros
locais fora da escola, mas de convivência em comum dos alunos.
Diante dos casos relatados pelos três professores acima, pode-se afirmar que eles já
presenciaram casos de bullying dentro da escola pesquisada e com isso pode concluir que a
afirmação dos alunos em que o lugar de maior incidência de bullying na escola pesquisada é a
sala de aula.
57
A questão 5 do questionário inquiria aos professores sobre sua opinião a respeito de
que levam os alunos a praticarem bullying.
TABELA 5 – Em sua opinião, o que leva os alunos a praticarem bullying?
Professora 1
A fase da adolescência é a mais comum de os alunos praticarem o
bullying, pode ser pelo fato da transição da fase infantil para a
adolescência, o fato de chamar a atenção de se divertirem deixando o
colega constrangido.
Professor 2
Hiperatividade, domínio sobre o outro, diferenças sóciorracial e
intelectual.
Professora 3
Falta de respeito consigo próprio, falta de limites e tolerância para com
o próximo. E a educação familiar que hoje está muito crítica leva os
jovens a acharem que são superiores aos outros a ponto de desagradalos.
Professora 4
A falta de “valores”, ou seja, o respeito mútuo.
Professora 5
Alguma revolta de certos problemas não resolvidos em casa, por
exemplo.
Fonte: pesquisa direta.
Essa questão do questionário era aberta e os professores tiveram a liberdade de
expressarem sua opinião de acordo com o que eles achavam que levavam os alunos à prática
do bullying. A tabela acima demonstra diferentes tipos de opiniões a esse respeito.
De acordo com a literatura estudada as causas que levam os alunos à prática do
bullying são inúmeras e variadas.
Segundo Fante (2005), as causas desse tipo de comportamento se justificam pela
carência afetiva, ausência de limites e práticas educativas inadequadas às quais os pais
submetem aos filhos que incluem desde agressões verbais, maus-tratos e explosões
emocionais.
Outra causa também associada à prática do bullying é o despreparo do professor em
não saber como intervir em casos de violência dentro da sala de aula e a falta de modelos
educacionais humanistas pautados no respeito ao próximo e na convivência social pacífica e
na tolerância.
A esse respeito Fante (2005, p. 93) comenta:
Se a violência é um comportamento que se aprende nas interações sociais, também
existem maneiras de ensinar comportamentos não violentos para que se possa lidar
com as frustrações e com a raiva, e ensinar habilidades para que os conflitos
interpessoais possam ser solucionados por meios pacíficos. Portanto, a violência
pode ser desaprendida e a tolerância e a solidariedade ensinadas.
58
É necessário que os professores repensem suas práticas pedagógicas, pois a prevenção
e o combate à violência efetiva tanto na escola como na sociedade depende de sua ação dentro
da sala de aula. Cabe a ele, medidas preventivas e de combate ao bullying dentro do ambiente
pedagógico como um todo.
Fonte: pesquisa direta.
A questão 6 do questionário pergunta aos professores: Como você acha que deve ser a
reação do professor diante de casos de bullying? Essa questão era fechada e continha as
alternativas contidas no gráfico acima.
As respostas foram as seguintes: as professora 1, 3, 4 e o professor 2, ou seja, (67%)
responderam que a reação do professor deve ser de interferir e conversar com a turma
fazendo-os refletir e a professora 4 e 5, ou seja, (33%) responderam que a reação do professor
deve ser de encaminhar o aluno para a coordenação pedagógica.
Segundo Fante (2005, p. 208):
Qualquer que seja o ângulo de observação do fenômeno bullying e de suas causas
determinantes, entendemos que as propostas de soluções precisam ter na educação o
seu principal veículo. Para que isso ocorra, acreditamos que as soluções devem
promover a convivência pacífica, iniciando pela escola e se expandindo para toda a
sociedade. Se essas mudanças se iniciarem desde os primeiros anos escolares,
reduzirão o comportamento agressivo e minimizarão a sua propagação.
Diante do exposto acima e de acordo com a literatura estudada, a reação adequada do
professor deve ser pautada na intervenção e no diálogo e em caso do professor não conseguir
resolver o caso de bullying dentro da sala de aula, o professor deve encaminhar o aluno para a
59
coordenação pedagógica da escola para que as medidas adequadas sejam aplicadas a esse
aluno.
TABELA 6 – Você acha que atitudes por parte do professor podem gerar casos de bullying
na sala de aula? Justifique.
Professora 1
Sim, caso o professor não tenha uma postura adequada e em seu
momento de raiva, as emoções falam algo que não devia. Isso pode
gerar conflitos e tornar motivo de gozações por parte dos demais
alunos.
Professor 2
Sim, comportar-se como um professor que não aceite erros de si
próprio.
Professora 3
Atitudes agressivas. O professor passou a ser hoje em dia os pais e
mães responsáveis pela formação educativa. Além de ensinar o
contexto familiar ele tem que se desdobrar para fazer com que os
alunos aprendam o contexto social.
Professora 4
Sim, principalmente professores que se julgam melhores do que os
outros.
Professora 5
Sim, Às vezes um apelido por brincadeira do professor pode virar
bullying.
Fonte: pesquisa direta.
A questão 7 tinha como objetivo saber se os professores tinham consciência que suas
atitudes dentro da sala de aula poderiam gerar bullying dentro da sala de aula, e como
mostrado na tabela acima todos os cinco professores pesquisados têm consciência que uma
conduta inadequada por parte deles pode gerar bullying em sua sala de aula, pois eles sabem
que os alunos tendem a imitar o professor, tendo nele um referencial a ser seguido.
Para Silva (2010, p. 148):
Os professores podem ocupar na triste história de violência que acomete nossas
escolas: o papel de agressores contra seus próprios alunos. Infelizmente, essa
realidade se faz presente em nossos ambientes escolares em proporção maiores do
que supúnhamos até pouco tempo atrás. Muitos alunos são intimidados, coagidos,
humilhados e até mesmo perseguidos por professores.
Os professores devem refletir se seus atos podem ou não causar bullying e ter
consciência que esse aluno vitimizado por ele pode ter consequências negativas, como
depressão, queda no rendimento escola e desmotivação para os estudos, etc.
Todos os profissionais de educação que lidam com crianças e adolescente devem ter
conhecimento e entendimento da legislação que rege o Estatuto da Criança e Adolescente
(ECA), pois dessa forma, todos podem se orientar e refletir sobre seus atos e comportamentos,
e também saber as consequências que deles podem surgir.
60
Fonte: pesquisa direta.
A questão 8 tinha como objetivo saber se os professores já tinham sido vítimas de
bullying, todos os cinco pesquisados responderam que não tinham sido vítimas dentro da sala
de aula.
Segundo Silva (2010), muitos professores são humilhados, ameaçados, perseguidos e
até ridicularizados por seus alunos. A maioria dos professores não sabe como agir frente a
essas situações desagradáveis, pois temem em procurar a direção e serem mal interpretados ou
até mesmo serem tachados de incompetentes.
Os professores também podem sofrer bullying dos próprios colegas de trabalho ou de
outros funcionários que lhes são hierarquicamente superiores. E em ambas as situações, o
bullying sofrido pelos professores trazem consequências como: doenças psicossomáticas,
transtornos psíquicos, doenças autoimunes e até mesmo o abandono da profissão.
TABELA 7 – Você utiliza nas suas aulas métodos de prevenção e combate ao bullying?
Quais?
Sim, debates, pesquisas e conscientização.
Professora1
Sim, relato casos da imprensa e fatos que afetam a moral das pessoas.
Professor 2
Sim, falo da boa convivência com os colegas e do respeito para com os
Professora 3
mesmos.
Sim, a importância do respeito um ao outro. Reflexão sobre a aceitação de
Professora 4
como cada um “é” e deve ser.
Sim, fazendo dinâmicas de uso dos nomes próprios.
Professora 5
Fonte: pesquisa direta.
A questão 9 tinha como objetivo de saber se os professores da escola pesquisada
utilizam métodos de prevenção e combate ao bullying em suas aulas. Todos os cinco
61
professores pesquisados disseram que utilizam pesquisas, debates, conscientização, casos de
bullying retratados pela imprensa, a importância do respeito e dinâmicas.
De acordo com Silva (2010), o papel dos professores é de fundamental importância
para a detecção precoce dos casos de bullying, pois são eles que passam a maior parte do
tempo com os alunos e também é na sala de aula que acontece a maioria dos casos de
bullying.
De acordo com Calhau (2009) é possível conseguir excelentes materiais em Língua
Portuguesa para montar campanhas, pesquisas científicas, palestras, cartilhas, grupos de
estudo, dinâmicas em grupos, etc., com o objetivo de reduzir o problema.
E com isso, cabe ao professor utilizar maneiras criativas e eficazes de trabalhar o
fenômeno bullying na escola, pois temos disponibilizados vários tipos de materiais na
internet, livros, revistas, programas de TV, etc.
TABELA 8 – A escola que você leciona faz uso de programas antibullying? Explique.
Professora1
Não.
Professor 2
No momento não.
Professora 3
Sim, campanhas esclarecendo sobre o bullying, conversas informais, etc.
Professora 4
Sim, palestras, cartazes e avisos.
Professora 5
Não.
Fonte: pesquisa direta.
A questão 10 tinha o objetivo de saber se a escola pesquisada fazia uso de programas
antibullying em seu ambiente pedagógico. Como mostra a tabela acima três professores
disseram que não e duas professoras disseram que sim, se justificando que a escola faz uso de
campanhas, palestras, cartazes e avisos. Cabe ressaltar que os professores pesquisados
trabalham na mesma escola e atuam nas mesmas séries.
Fante (2005) afirma que desenvolver estratégias de intervenção e prevenção do
bullying na escola são necessárias e que toda a comunidade escolar deve estar consciente da
existência desse fenômeno e das consequências advindas desse comportamento.
A prevenção do bullying deve ser iniciada com a capacitação dos professores, a fim de
que eles saibam distinguir e diagnosticar, e com isso conhecer as estratégias de intervenção e
prevenção hoje disponíveis.
Fante (2005, p. 96), comenta:
O ideal é que todas as escolas tomem a iniciativa de prevenir a violência antes que
ela se instale em seu meio e inviabilize o processo educativo, chegando ao ponto de
62
não conseguir resolver, de um modo geral, as questões ligadas principalmente aos
conflitos interpessoais, geradores da violência. Para tanto, a escola deveria ser um
espaço democrático no qual o ensino se estendesse para alem da instrução, a
convivência fosse tratada de maneira democrática e os valores humanísticos fossem
transmitidos pela educação dos sentimentos e das emoções.
Para ser implantada uma política antibullying na escola deve-se levar em consideração
a sua realidade cultural e social e a partir dessa realidade que devem ser traçadas estratégias e
ações cotidianas e contínuas.
Fonte: pesquisa direta.
A questão 11 tinha como principal objetivo saber a opinião dos professores sobre a
responsabilização da escola pela existência do bullying dentro do contexto pedagógico. Diante
dessa pergunta, três professores responderam que sim e dois professores disseram que não.
De acordo com Calhau (2009), a escola pode sim ser responsabilizada pelos atos de
bullying dentro do seu estabelecimento. Os atos de bullying configuram atos ilícitos por
desrespeitarem princípios constitucionais como a dignidade humana.
A escola ao tomar conhecimento do bullying em seu interior pode tomar duas atitudes:
a ação ou a omissão. A ação consciente em tomar medidas de prevenção e combate ao
bullying em seu interior e a omissão consiste na negação da existência do fenômeno em seu
ambiente pedagógico. A forma omissiva é condenável e suscetível às penalidades previstas
em lei.
63
TABELA 9 – Em sua opinião, qual o papel da escola frente à sociedade atual?
Professora1
Além de ensinar os conteúdos disciplinares a escola também tem o papel de
socializar os alunos, já que muitos não têm essa socialização dentro de suas
famílias.
Professor 2
A escola tem o papel de reerguer as paredes através do alicerce que é
construído dentro das nossas famílias. “Educação em casa + Educação
Escolar”.
Professora 3
A escola é responsável por tornar o cidadão, crítico, capaz de cumprir seus
deveres e direitos, capaz de se por perante a sociedade um ser atuante cheio
de saberes para saber usá-lo na sociedade.
Professora 4
O papel da escola é estar sempre próxima das famílias, ou seja, alunos e
pais, orientando-os e sensibilizando-os quando se trata do assunto. Não
fingir os problemas, mas resolvê-los.
Professora 5
Desenvolver projetos antibullying juntamente com a família.
Fonte: pesquisa direta.
A escola em frente à sociedade atual deve modificar não somente a organização
escolar, mas a mentalidade da educação informal para cumprir todos os papéis por ela
desempenhados. Cabe a ela, o papel de não somente transmitir saberes, mas também o papel
de educar de forma efetiva o cidadão para viver em sociedade.
De acordo com Silva (2010), o ensino deverá estar voltado para a formação
permanente do indivíduo, visando não somente preparar nossos jovens para uma vida laboral
produtiva, garantindo atualizações em seu desenvolvimento tecnológico de suas áreas de
saberes.
De acordo com Chalita (2008, p. 213):
A escola, enfim, tem de ser um espaço acolhedor em que as relações de amizade
sejam construídas como um exercício para a vida. A ética, o respeito, o cuidado com
o outro plantado na escola e na família terão o poder de fazer florescer a cidadania
em um outro jardim.
Segundo Fante (2005), a educação é o caminho que conduz à paz. A solidariedade, a
tolerância e o amor são os ingredientes que compõem o antídoto contra a violência e que deve
ser aplicado no coração de cada criança, de cada adolescente, de cada jovem.
Diante dos resultados coletados e analisados o objetivo geral e os objetivos específicos
da pesquisa foram atingidos. As respostas dos alunos e professores confirmaram que na escola
pesquisada o bullying faz-se presente e que o lugar de maior incidência do bullying é a sala
de aula, e com isso faz-se necessário que os professores sejam capacitados para saber
diagnosticar, intervir e combater o bullying de forma efetiva, fazendo uso de medidas
64
preventivas e combativas adequadas, que podem ser encontradas nas literaturas especializadas
no assunto e também em sites, programas de TVs, etc.
65
6 CONCLUSÃO
A palavra bullying é de origem inglesa. O bullying está presente em todas as escolas
mundiais, sejam elas públicas, particulares, urbanas ou rurais. Essa violência denominada
bullying não se deixa confundir com outros tipos de violência, pois seu conceito é muito bem
definido. Esse tipo de violência (bullying) é caracterizado por agressões físicas, morais ou
psicológicas, sendo praticada pelo agressor de forma intencional e repetitiva com a intenção
de ferir, magoar a sua vítima.
O objetivo geral desta pesquisa foi analisar o papel do professor no combate e na
prevenção do bullying em sala de aula, quais medidas preventivas e combativas os professores
da escola pesquisada utilizavam nas suas aulas e se eles tinham consciência que ações
inadequadas por parte deles também poderiam gerar tal violência.
Acredita-se que os estudos contidos nas perspectivas teóricas facilitam a compreensão
desse tipo de violência e também contribuem para a implantação de uma política antibullying
dentro das instituições escolares que visem a uma educação digna e respeitosa a cada aluno.
A literatura estudada indicava que o lugar de maior incidência do bullying no Brasil
era na sala de aula diante da presença do professor, essa constatação foi comprovada através
dos questionários aplicados aos alunos e professores pesquisados. Diante desse fato, o papel
do professor é de fundamental importância para reduzir a violência dentro das escolas.
Ao findar a pesquisa intitulada, ”O papel do professor no combate e na prevenção do
bullying em sala de aula”, pode-se concluir através dos dados coletados que a violência
escolar denominada bullying ainda não recebe a atenção merecida dentro das escolas, diante
da gravidade de suas consequências para todos os envolvidos na prática dessa violência e
também para o ambiente pedagógico.
Um dos grandes problemas de diagnosticar o bullying é a falta de conhecimento dos
professores, pois esse tipo de violência muitas vezes é considerado “brincadeiras” próprias da
idade, visto que “brincadeiras” não acarreta sofrimento, o bullying sim.
A pesquisa sobre a temática “bullying” é de extrema relevância, visto que, as escolas
devem se conscientizar de que precisam capacitar seus profissionais, principalmente os
professores para que eles possam intervir, diagnosticar e combater esse tipo de violência
(bullying) com programas antibullying adequados adaptados de acordo com a realidade de sua
escola e essa política antibullying deve estar associada ao projeto político pedagógico da
escola. A escola deve conscientizar-se que a capacitação de seus profissionais é o primeiro
passo para a prevenção e o combate ao bullying, pois os resultados da pesquisa demonstraram
66
que os professores sabem o que é bullying e suas consequências, mas não estão prontos para
lidar com a violência dentro da escola e nem sabem como agir e muito menos conhecem
programas antibullying eficazes de prevenção e combate a esse tipo de violência.
É de extrema importância que os órgãos públicos implantem políticas públicas que
visem à redução do bullying nas instituições escolares, visto que no Brasil não temos uma lei
específica para esse tipo de violência, que cada vez mais aumenta nos meio escolares e suas
trágicas consequências são noticiadas pela mídia, pois só a educação é capaz de reduzir a
violência na sociedade atual.
Para prevenir e combater o bullying dentro das escolas é necessário trabalhar em
equipe, profissionais de educação, pais, psicólogos, conselhos tutelares, etc., todos devem se
unir em prol de prevenir esse fenômeno, porque não se pode atribuir somente ao professor
essa responsabilidade, visto que os pais devem assumir a responsabilidade de educar seus
filhos e serem referenciais positivos. A literatura estudada aponta como uma das causas do
bullying a omissão dos pais na educação dos filhos, a desestruturação familiar, a falta de
limites e as agressões morais e físicas muitas vezes sofridas em casa e que reflete diretamente
na escola e, com isso o ato educativo, são transferidos para os professores que além de ensinar
os conteúdos curriculares devem educar seus alunos ensinando-lhes valores morais como
respeito, tolerância, limites e até mesmo dar-lhes amor, carinho e atenção.
Outra causa associada ao bullying, advém dos próprios professores, que muitas vezes
são autoritários e pautam suas aulas apenas em exercícios curriculares, esquecendo-se de
ensinar valores humanísticos para seus alunos. Os professores devem rever suas práticas
pedagógicas e questionar se sua postura dentro da sala de aula está sendo adequada, pois uma
postura inadequada por parte de quem deveria ser exemplo, o torna um referencial negativo
para seus alunos. Os professores devem sempre agir de forma respeitosa com seus alunos,
evitando se tornar um professor praticante de bullying.
Em suma, pode-se concluir que para combater o bullying no ambiente escolar deve-se
trabalhar de forma cooperativa, pois só um trabalho em equipe é capaz de prevenir e combater
essa violência precocemente e suas graves consequências. Ensinar valores humanos nas
escolas é imprescindível, pois o bullying é fruto da intolerância as diferenças, e a falta de
respeito ao próximo. Esses valores humanos podem ser trabalhados em palestras, redações,
reflexões, etc.
Na sociedade atual, o papel dos professores e da escola como um todo em desenvolver
uma cultura de valores humanísticos em uma sociedade totalmente individualista é de extrema
complexidade, mas os professores dispõem de várias estratégias que podem ser utilizadas na
67
prevenção e no combate ao bullying dentro da sala de aula e em todo ambiente escolar, a
escola juntamente com todos os envolvidos no processo educacional devem estimular e
valorizar atitudes como o diálogo e as relações de cooperação no ambiente pedagógico, visto
que a prevenção e o combate da violência é dever de todos e sua omissão pode acarretar em
punição prevista nas leis brasileiras tanto para os pais, professores e escolas. Ao combater a
violência no ambiente educacional teremos com isso uma sociedade menos violenta, visto que
só a educação é capaz de modificar essa realidade cruel, as quais estão vivenciando na
sociedade atual.
68
REFERÊNCIAS
ABRAPIA. Programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes.
Disponível em: <http://www.observatoriodainfancia.com.br/IMG/pdf/doc-154.pdf>. Acesso
em: 13 ago. 2013.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e
documentação. Referências. Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
CALHAU, Lélio Braga. Bullying: o que você precisa saber: identificação, prevenção e
repressão. Niterói: Impetus, 2009.
CHALITA, Gabriel. Pedagogia da Amizade, Bullying, o Sofrimento das Vitimas. 2. ed.
São Paulo: Gente, 2008.
FANTE, Cléo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a
paz. 2. ed. Campinas: Verus, 2005.
GIL, Carlos Antonio. Como elaborar projeto de pesquisa. 4 .ed. São Paulo, Atlas.
2007.
MAIA, Heli Souza. Bullying reflexões éticas e jurídicas. 1 ed. Rio de Janeiro, Livre
Expressão, 2012.
LÜDK, M.; ANDRÉ, M. E. D. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo:
EPU, 1986.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos da Metodologia
Científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MONTEIRO, Lauro. BULLYING: Questionário (kidscape). 2013.
OLIVEIRA, Luiz Silva. Tratado de metodologia cientifica. 2. ed. Pioneira, 2000.
OLWEUS, Dan. Bullying na escola: o que nós sabemos e o que nós podemos fazer. Oxford:
Publishers de Oxford Blackwell, 1993.
RUIZ, J. A. Metodologia Científica: guia para a eficiência nos estudos. São
Paulo, Atlas, 1996.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: Mentes Perigosas na Escola. Rio de Janeiro,
Objetiva, 2010.
69
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSRES DO ENSINO
FUNDAMENTAL II
Título da pesquisa: O papel do professor no combate e na prevenção do bullying em sala de
aula
Nome do pesquisador responsável: Danila Santana Duarte
Nome da professora orientadora: Cristina Mara França Pinto Fonseca
Brincadeiras de mau gosto como chamar o colega de baleia, feio, dentuço, ou seja,
brincadeira que de alguma forma tendem a ofender seus receptores psicologicamente ou
fisicamente são conhecidas como bullying.
Diante disso o objetivo desse questionário é saber se ocorre na escola essa prática do
bullying e qual é o papel do professor no combate e na prevenção do bullying em sala de aula.
Nome: _____________________________________ Idade: _____________
Formação Acadêmica_______________ Tempo de atuação: _______________
1) Você tem conhecimento sobre o que é bullying?
1. Sim ( )
2. Não ( )
2) Você acha que esse tipo de comportamento, ou seja, o bulying pode trazer consequências
para os alunos envolvidos? Justifique.
1. Sim ( )
2. Não ( )
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3) Você sabe reconhecer casos de bullying dentro da sala de aula?
1. Sim ( )
2. Não ( )
70
4) Na sua sala de aula já ocorreu ou ocorre algum caso de bullying?
1. Sim ( )
2. Não ( )
Relate-o:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
5) Em sua opinião, o que leva os alunos a praticarem Bullying?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
6) Como você acha que deve ser a reação do professor diante de casos de bullying?
( ) Dar uma bronca e continuar a ministrar o conteúdo.
( ) Encaminhar para a coordenadora pedagógica.
( ) Gritar e ameaçar os agressores.
( ) Fingir que não ouviu e continuar a aula.
( ) Interferir e conversar com a turma fazendo-os refletir.
( ) Outros
Qual? ______________________________________________________________________
7) Você acha que atitudes por parte do professor podem gerar casos de bullying na sala de
aula? Justifique.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
71
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
8 ) Você já foi vítima de bullying dentro da sala de aula?Justifique.
1. Sim ( )
2. Não ( )
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
9)Você utiliza nas suas aulas métodos de prevenção e combate ao bullying? Quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
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10) A escola que você leciona faz uso de programas antibullying? Explique.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
11) Em sua opinião a escola e o corpo docente que nela atuam devem ser responsabilizados
pela existência de bullying dentro do contexto pedagógico?
1. Sim ( )
2. Não ( )
12) Em sua opinião qual o papel social da escola frente à sociedade atual?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
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___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS DO ENSINO
FUNDAMENTAL II
Título da pesquisa: O papel do professor no combate e na prevenção do bullying em sala de
aula.
Nome do pesquisador responsável: Danila Santana Duarte
Nome da professora orientadora: Cristina Mara França Pinto Fonseca
Brincadeiras de mau gosto como chamar o colega de baleia, feio, dentuço, ou seja,
brincadeira que de alguma forma tendem a ofender seus receptores psicologicamente ou
fisicamente são conhecidas como bullying.
Diante disso o objetivo desse questionário é saber se ocorre na escola essa prática do
bullying e qual é o papel do professor no combate e na prevenção do bullying em sala de aula.
Nome: _____________________________________ Idade: _____________ Sexo:
_______________
Série: _____________________
1)Você sabe o que é bullying?
1. Sim ( )
2. Não ( )
2 ) Você já presenciou algum caso de bullying dentro da sala de aula?
1. Sim ( )
2. Não ( )
3 )Você já foi vítima de bullying?
1. Sim ( )
2. Não ( )
4) Que tipo de bullying você sofreu?
( ) Fui empurrado, fui chutado, bateram em mim.
( ) Fui apelidado, riram de mim.
( ) Contaram mentiras / fofocas a meu respeito.
( ) Fui ameaçado.
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( ) Outras coisas. Explique: ______________________________________________
5) Quantas vezes você já foi vítima de algum tipo de intimidação, agressão ou assédio?
Uma vez ( )
Quase todos os dias ( )
Diversas vezes ( )
Várias vezes ao dia ( )
6) Onde isso aconteceu?
Indo ou vindo da escola ( )
Na sala de aula ( )
No pátio da escola ( )
No refeitório da escola ( )
Nos banheiros da escola ( )
Em outro local ( )
7) Como você se sentiu quando isso aconteceu?
Não me incomodou ( )
Senti-me mal ( )
Senti-me assustado ( )
Não queria mais ir para escola ( )
Fiquei com medo ( )
8) Quais foram as consequências da intimidação, agressão ou assédio sofrido por você?
Não teve consequências ( )
Consequências terríveis ( )
Algumas consequências ruins ( )
Fez você mudar de escola ( )
9) Você contou para alguém que estava sofrendo bullying? Para quem?
Pais ( )
Amigos ( )
Professores, coordenadores, diretores ( )
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ANEXO A - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE LEI N2 8.069, DE 13
DE JULHO DE 1990
O Estatuto da Criança e do Adolescente tem por finalidade proteger integralmente os direitos
da criança e do adolescente, além de ser um manual de medidas sócio-educativas, visto que
pode ser usado como um guia de orientação para que tais direitos sejam resguardados e
devidamente seguidos, como serão abordados a seguir:
Art. 15, ECA: “A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade
como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis,
humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis”.
Art. 16, ECA: “O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos”:
V – participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
Art. 17, ECA: “O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica
e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da
autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais”.
Art. 18, ECA: “É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a
salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor”.
Art. 232, ECA: “Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a
vexame ou a constrangimento”:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Art. 245, ECA: “Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à
saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente
os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos
contra criança ou adolescente”:
Pena – multa de 3 (três) a 20 (vinte) salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência.
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