A revista da indústria de Crédito e Cobrança A

Transcrição

A revista da indústria de Crédito e Cobrança A
DEZEMBRO 2014 , ANO 5
|
WWW . CREDITPERFORMANCE . COM . BR
A revista da indústria de Crédito e Cobrança
# 22
A PRÓXIMA
DÉCADA
A décima edição do Congresso Nacional de Crédito e Cobrança marca
história e aponta para o futuro reunindo grandes lideranças para discussão
dos possíveis cenários que farão parte dos 10 anos que vêm pela frente.
ENTREVISTA
O cientista político Murilo Aragão
opina sobre a necessidade de uma
reforma política brasileira.
DESTAQUES
Os caminhos do Crédito e da
Educação Financeira se cruzam
pela necessidade de um mercado
mais sustentável.
A GRAMA DO VIZINHO
Perspectivas e preocupações para a
Indústria de Crédito na América
Latina.
P04
A Credit Performance é a pioneira e mais
importante revista especializada na indústria
brasileira de crédito e cobrança. A publicação
é idealizada pela CMS - Credit Management
Solutions, a organização líder em interação e
conteúdos da indústria latina de crédito com
atuação em 19 países da América e Europa.
Com periodicidade trimestral e tiragem de
5 mil exemplares, a revista oferece conteúdo
especialmente desenvolvido para executivos
líderes de grandes corporações e empresas
da área. Distribuição exclusiva e gratuita.
CONSELHO EDITORIAL:
Adilson Melhado, Elane Cortez, Jefferson
Viana, Luis Carlos Bento, Pablo Salamone,
Paulo César Costa, Paulo de Tarso, Paulo
Gastão, Ricardo Loureiro, Sergio Bahdur,
Victor Loyola, Wagner Montemurro.
REDAÇãO:
Cris Moraes
Camila Balthazar
Gersica Rocha
Erika Cerutti
Editora e jornalista
responsável:
Elane Cortez
MTB 0000687|MA
REVISÃO:
Gersica Rocha
COLABORAÇÃO:
Nicolas Garaycoechea
E-mail da redação:
[email protected]
Diagramação:
Leandro Hoffmann
www.hoffmannestudio.com
FOTOS:
Andréa Rego Barros
Paulo Bau
Tereza Nery Sá
Comercial:
Madleine Rose M. Sprocatti
[email protected]
Tel. (11) 3868-2883/ 3865-7013
Credit Performance, a revista da indústria de
crédito e cobrança.
www.creditperformance.com.br
Credit Performance é uma publicação da
CMS – Credit Management Solutions. Todos
os direitos reservados, proibida a reprodução
total ou parcial sem prévia autorização.
Comitê Editorial
A CMS reuniu um time de craques
para ajudar na formulação de cada
edição da revista Credit Performance.
Veja quem são os líderes que
integram nosso dream team.
# 22
Sumário
DEZEMBRO 2014
P20 ESPECIAL CAPA
A PRÒXIMA DÉCADA
DO CRÉDITO
Congresso Nacional de Crédito e Cobrança chega à 10ª edição, fazendo uma
ponte entre passado, presente e futuro
e consolidando-se como plataforma de
discussão de tendências e novidades que
pautam a indústria e contribuem para
melhor tomada de decisão nos negócios.
P05
Editorial
P06
COM A PALAVRA
Pablo Salamone, presidente mundial
da CMS e membro do comitê editorial
da Credit Performance faz um balanço
do maior evento latino-americano
em sua mais especial edição.
P30
NOVIDADES
Nova Diretoria composta por expresidentes toma posse no Instituto
GEOC
P08
ENTREVISTA
MURILO ARAGÃO
Um dos cientistas políticos mais
respeitados da atualidade, fundador
e presidente da Arko Advice, além de
advogado fala sobre a influência do
governo na economia e a necessidade de
uma reforma política.
P12
ACONTECEU NO MERCADO
SÃO SALVADOR
A capital baiana foi a sede do regional
que encerrou a agenda de eventos
da CMS no Brasil em 2015. Veja uma
retrospectiva desse grande encontro.
P40
NOVIDADES E AGENDA
Confira as principais notícias rápidas
da indústria de crédito e cobrança,
além de se programar para os próximos
eventos da CMS em todo o mundo.
P42
PELO MUNDO
RECIFE
A capital que abrigará o Congresso
Regional de Crédito e Cobrança
Norte e Nordeste é a maior capital
nordestina e encanta também
pelas belezas naturais.
P16
SEGMENTO E GLOBALIZAÇÃO
CRÉDITO NA AMÉRICA
LATINA
Apesar de estarem geograficamente
próximos, os países da América do Sul
vivem situações econômicas distantes,
especialmente no ciclo de crédito.
P32
TENDÊNCIAS
REDES PARA SOCIALIZAR
(E PROSPECTAR)
Veja um compilado de algumas redes sociais
que devem fazer parte do radar das empresas de crédito e aquelas que prometem
levar em pouco tempo muitos brasileiros ao
universo da interação das mídias sociais.
P44
SOFISTICAÇÃO & LUXO
HOMEM AO MAR
A paixão por mares e oceanos é
uma constante entre executivos,
que aproveitam a tranquilidadeou adrenalina – para relaxar.
P36
DESTAQUES
P46
BASTIDORES
Confira os melhores momentos do
10º Congresso Nacional de Crédito e
Cobrança.
EDUCAÇÃO FINANCEIRA E
CRÉDITO
Educação financeira na concessão e na
tomada do crédito. Unir a necessidade de
um negócio responsável a um equilíbrio
financeiro de cada família.
Credit Performance
3
Editorial
Sem educação,
tecnologia e crescimento
serão para poucos
COMITÊ EDITORIAL
A CMS reuniu um time de craques para ajudar na formulação de cada edição da revista Credit Performance.
Veja quem são os líderes que integram nosso dream team.
Jefferson Viana
Presidente da Way
Back
Paulo Gastão
Diretor-Presidente da
PG Mais Resultado
Luis Carlos Bento
Presidente da
Intervalor
Ricardo Loureiro
Expert
Pablo Salamone
Presidente
da CMS
Sérgio Bahdur
CEO da Quantum
Strategics
Paulo César Costa
Presidente da
PH3A
Victor Loyola
Diretor de Risco Varejo
America Latina do HSBC
Paulo de Tarso
Sócio Fundador da
Kitado
Wagner
Montemurro
Sócio-Diretor da
Unioneblue
N
os cenários futuristas de algumas décadas, costumava-se pensar como seriam os
avanços da humanidade que
se seguiriam à passagem dos anos no
segundo milênio. Ainda hoje, diversos cientistas e pesquisadores tentam
desvendar e dar um panorama do que
podemos entender e esperar do que se
chama “futuro”, especialmente com a
velocidade de evolução da tecnologia.
Em 2012, Michio Kaku, um dos maiores
nomes da física teórica do mundo na
atualidade, passou rapidamente pelo
Brasil e falou com muita desenvoltura e
simplicidade sobre os rumos da tecnologia e os seus reflexos sobre a humanidade.
De banheiros inteligentes até óculos
que permitem uma realidade aumentada, escassez de empregos e a cura do
câncer, o físico co-criador da teoria do
campo de cordas mostrou que, dentro
da divisão das gerações tecnológicas,
hoje vivemos na chamada terceira onda,
na qual presenciamos equipamentos de
qualidade que permitem a conexão com
outras pessoas em todos os lugares,
como smartphones, tablets, microcomputadores e outros gadgets. Segundo
ele, já estamos indo rumo à quarta onda,
ou seja, o da biotecnologia e nanotecnologia, que juntas permitirão que o
futuro da raça humana seja muito
diferente do que temos hoje.
É verdade. Quando se fala em
tecnologia, as únicas constantes que
conhecemos são a inovação rápida e as
mudanças frequentes. Entretanto, se
olhamos para a realidade brasileira, de
sua população de modo mais genérico,
percebemos um abismo imenso que se
abre em relação ao estágio em que se
encontra a evolução tecnológica e o
verdadeiro acesso a essa realidade, especialmente quando se leva em conta o
déficit educacional que tem o país.
o novo padrão em toda camada etária, é
necessário pensar e implementar a educação em todos os seus níveis, inclusive a financeira.
Elane CORTEZ
Editora da Credit Performance e Diretora de
Desenvolvimento Corporativo Brasil da CMS
Para se ter uma ideia, enquanto estamos
falando da chegada da nanotecnologia,
biometrias e os próximos passos, o Brasil
ainda está entre os 10 países responsáveis por 72% dos analfabetos no mundo,
ocupando a oitava posição, com cerca
de 13 milhões de pessoas, segundo o último Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, da Unesco.
Em junho do ano passado, o Governo
Federal sancionou a lei que estabelece
as 20 principais metas e desafios do
PNE – Plano Nacional de Educação
nos próximos 10 anos. Todas, no geral,
levam a uma ressignificação do que
existe hoje em termos de educação no
Brasil, desde a oferta de vagas, atração
de adolescentes para o ensino médio, a
valorização financeira e simbólica dos
docentes, superação de desigualdades,
inclusão e diversos outros pontos que
levam a repensar e construir um novo
modelo.
Mas não é só papel do governo federal
pensar o novo modelo, muito menos a
abrangência da educação. Levando em
conta que estamos correndo atrás do
prejuízo e devemos encontrar e replicar
Óbvio que não se pode exigir de
uma população atrasada em termos de
educação e capacitação o interesse ou
a desenvoltura em entender a importância do dinheiro, do planejamento, de
ferramentas como o crédito, ou do seu
papel como população ativa e consumidora dentro do equilíbrio econômico
de um país. Mas é importante partir de
algum lugar.
Hoje, a educação financeira não tem a
mesma importância de discussão que
os avanços tecnológicos dentro na indústria de crédito, por exemplo. Muitos
esforços de empresas dessa indústria
são voltados a descobrir e implementar
inovações no mercado, alta tecnologia e
estar um passo à frente do seu tempo.
Não digo que devemos sentar e esperar
que o contexto mude para seguir, pois
isso é um problema de gerações,
mas será que não estamos avançando em um campo enquanto o
básico é deixado de lado?
Dentro de uma mesma empresa,
metas e discursos diferentes colocam a
oferta massiva de crédito ao consumo e
a educação financeira em lados opostos,
quando no final do trajeto está um mesmo consumidor, ainda sem entender
por que há tantos discursos diferentes
que saem da mesma indústria. Se entender é difícil, imagine optar por um
desses lados.
Todos defendem a importância de interseccionar esses caminhos para a sustentabilidade e perenidade do negócio
e por que não dizer do futuro. Difícil é
começar, mas uma vez iniciado, esse é
o início de todas as revoluções e seguramente um passo certeiro para o crescimento. •
Boa leitura!
4
Credit Performance
Credit Performance
5
Com a palavra
10 anos
de gratidão
É
interessante refletir sobre esses 10
anos da indústria de crédito. Há
um pouco mais de uma década,
quando chegamos ao Brasil (no
meu caso, em especial, um argentino,
torcedor do Boca e do Corinthians), já
tínhamos a experiência de conhecer a
indústria e ter realizado grandes eventos
em países como Argentina, Colômbia e
México, mas o mais importante era que
tínhamos um grupo de amigos no Brasil que
conheciam nosso trabalho e acreditavam
que nossas ideias dariam certo por aqui.
Eu sempre digo que devemos ser gratos,
e não somente em retórica. A chave mais
importante do êxito em todo esse tempo
de CMS foi conhecer as pessoas corretas
e reconhecê-las. Boas pessoas nos apresentam a outras boas pessoas, formando
assim uma cadeia positiva de interesses
comuns e tudo se viraliza com uma velocidade impressionante para que o trabalho
resulte no sucesso de um projeto.
Na vida, empreender não é algo simples.
Empreender inovando é ainda mais difícil.
Muitas vezes, nos equivocamos e saímos
arranhados, mas é preciso se levantar, retomar as forças e mostrar as cicatrizes de
forma orgulhosa, pois elas são resultado
de nossa experiência, boas intenções e
tentativas, o que significam que estamos
mais próximos do sucesso.
Quando chegamos ao Brasil, por exemplo,
esse mercado não existia com a grandeza
de hoje em dia. Nós o chamamos na épo-
do o modelo, criticando e nos felicitando.
São nossos aliados, nossos companheiros
de sonhos. Suas necessidades terminam
sendo as nossas e nós trabalhamos para
superar suas expectativas sempre.
E também houve pessoas mágicas dentro
da equipe CMS que durante esses 10 anos
nos ajudaram a trabalhar cada dia com mais
profissionalismo, otimismo e eficiência.
Integrantes de nossa equipe como Madi,
Carmen, Luciana, Julieta, Elane, Olívia e
Federico deixaram, em diferentes etapas,
suas marcas em nossa proposta de valor.
Pablo Salamone
Presidente da CMS
ca de “indústria de crédito e cobranças”,
que talvez não fosse etimologicamente o
mais adequado, mas era o que traduzia a
importância que colocávamos sobre essa
atividade dentro do mercado financeiro.
Nesse contexto, existiram empresas e entidades que apoiaram com forte convicção
nossas ideias. Todos nossos patrocinadores
e parceiros locais ajudaram a que cada uma
de nossas propostas melhorasse ano a ano,
convocando o mercado, recomendando o
evento, sugerindo mudanças, aperfeiçoan-
Por último, é preciso agradecer a cada
um dos assistentes de cada evento que
realizamos, pois eles nos nutrem com suas
inquietudes e ideias. Eles sabem que podem esperar de nós uma antecipação de
tendências, de inovação e do que está mais
em evidência no mercado em forma de
conteúdos, agendas e discussões em nossos eventos, mídias sociais ou nesta mesma
revista. E cada dia renovam essa confiança,
nos presenteando com sua presença.
O Brasil marcou um antes e depois na
CMS. A experiência no mercado brasileiro
nos credenciou ainda mais para ir além e
estabelecer base na Europa e conquistar
outros dez países com a nossa proposta,
que se traduz basicamente no poder da
especialização, antecipação e inovação,
que as ideias podem se transformar em
oportunidades para todos e que o conhecimento é o único bem que se expande
quando é compartilhado. •
Muito obrigado a todos!
6
Credit Performance
Entrevista
Por Camila Balthazar
Murillo de Aragão
Fundador e presidente da Arko Advice
Vem reforma
política pela
frente?
O
“
A expansão do crédito para
alavancar o crescimento
econômico parece ter chegado
ao limite
8
Credit Performance
”
assunto das eleições políticas ficou
para trás. Após a definição dos nomes
que guiarão os rumos econômicos e
políticos pelos próximos quatro anos
nas esferas federais e estaduais, especialistas começam a analisar o que vem pela frente. “É fundamental que a presidente mude seu padrão de
comportamento dos primeiros quatro anos para
reconquistar o apoio dos setores da sociedade
que hoje criticam a atual gestão”, aponta Murillo
de Aragão, fundador e presidente da Arko Advice, além de advogado e um dos mais respeitados
cientistas políticos do Brasil. Na opinião dele, a recuperação da credibilidade do governo junto ao
setor corporativo e empresarial depende de gestos concretos da presidente.
Recentemente, Aragão esteve no “Programa do
Jô”, na Rede Globo, para uma entrevista sobre a
necessidade de uma reforma política brasileira. O
assunto é frequentemente abordado, porém pouco executado, como bem pontuou o especialista.
O cientista político mantém uma coluna nos jor-
nais “O Liberal” e “O Tempo”, bem como no “Blog
do Noblat”. Mestre em Ciência Política e doutor
em Sociologia pela Universidade de Brasília, Aragão também é membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da
República – CDES e presidente do Instituto Brasília, centro de pesquisas em políticas públicas.
Em entrevista exclusiva à Credit Performance, o
especialista discute não apenas o que esperar dos
políticos, mas também a postura do eleitorado
brasileiro e como o setor internacional enxerga os
rumos do país. “Caso o mercado não se sinta seguro em relação aos rumos da economia brasileira, é
pouco provável que o pessimismo atual com o governo seja revertido. Para isso, é fundamental ter
uma equipe econômica, principalmente o ministro
da Fazenda e o presidente do Banco Central, que
transite bem no mercado”, explica Aragão, sem
deixar de mencionar como fica o crédito diante
desse cenário. “A expansão do crédito para alavancar o crescimento econômico parece ter chegado
ao limite”, diz.
Credit Performance
9
Entrevista
Murillo de Aragão
Fundador e presidente da Arko Advice
Credit Performance– Os anos de
2013 e 2014 foram controversos, marcados por manifestações de amor e
ódio em relação às decisões políticas.
Como o Sr. enxerga o atual perfil do
brasileiro em relação à consciência de
seu poder e dever político? A grande
questão em relação a convivência entre governo e sociedade atualmente?
Murillo de Aragão – O perfil do eleitor
brasileiro em relação à sua consciência
política segue o mesmo padrão. Ou
seja, o eleitor pensa a política a partir de
sanções, sobretudo na economia, que
impactam o seu dia-a-dia. Em que pese
o amadurecimento da democracia, não
temos uma opinião pública que majoritariamente está interessada em grandes temas do debate político. A grande
questão em relação a convivência entre
governo e sociedade, principalmente
após a eclosão dos protestos de junho
de 2013, é que parte importante da sociedade brasileira não se sente representada pelo atual sistema político.
CP– Fala-se muito sobre a necessidade de uma reforma política. Na sua
opinião, quais são os pontos prioritários e por quê? Há sinais que levam
o governo atual a ir nesse sentido da
reforma?
MA– A reforma política é uma bandeira que sociedade, congresso, partidos
e governos são favoráveis. No entanto, não há consenso em relação a esse
tema, em função de sua complexidade.
Diante desse fato, é difícil estabelecer
o que são pontos prioritários. O que é
prioridade para um determinado segmento ou partido não é para outro. E
vice-versa. No momento, não há condições de se fazer uma reforma política
imediata sem uma crise institucional de
grandes proporções. Portanto, proponho que ela seja feita em etapas. E para
tal, faço uma analogia com as regras da
Basileia sobre a consistência do sistema financeiro. Elas entraram em vigor
de forma escalonada. Proponho três
medidas para as próximas eleições: o
financiamento cidadão de campanhas
eleitorais; teto rigoroso de despesas
10
Credit Performance
por tipo de candidatura; e a proibição
de coligações para eleições legislativas.
As demais etapas devem ser discutidas
e implementadas adiante.
CP– Qual é a sua opinião sobre a
nomeação de Joaquim Levy ao cargo
de Ministro da Fazenda? Qual é o impacto na política e economia brasileira? O que deve mudar?
MA– A nomeação de Joaquim Levy
foi uma importante sinalização ao mercado, que não enxerga credibilidade
no atual ministro da Fazenda, Guido
Mantega. A grande incógnita agora é
saber qual será a autonomia que Levy
terá a frente da Fazenda. Mais importante que isso: quais serão as medidas
“Caso o mercado não
se sinta seguro em
relação aos rumos da
economia brasileira, é
pouco provável que o
pessimismo atual com o
governo seja revertido”
de ajustes que irá implementar. Por ser
um economista formando na Escola de
Chicago, de matriz econômica ortodoxa, a tendência é que Levy implemente
mudanças.
CP– Tivemos um grande boom de
crédito nos últimos anos, o que foi
importante para o país. O Sr. é favorável ao fomento do crescimento
do PIB por meio do crédito? Como
enxerga esse mercado creditício com
base no consumo?
MA– Fomentar o crescimento econômico através do crédito é uma medida
importante, principalmente para aumentar a distribuição de renda. Porém,
esse modelo tem um prazo de duração. No caso do Brasil, por exemplo,
a expansão do crédito para alavancar
o crescimento econômico parece ter
chegado ao limite, segundo os economistas. Assim, necessitamos da atração
de investimentos, que cobram uma
maior previsibilidade da política econômica do atual governo, para voltarmos
a crescer.
CP– Em 2009, a Revista The Economist publicou a capa com o título
“Brazil Take Off” (Brazil decola). No
ano passado, a mesma revista publicou uma nova matéria dizendo que o
caminho foi errado. Quais são as mudanças necessárias para que o mercado internacional veja o país com
otimismo novamente? Qual é a real
importância disso para o Brasil?
MA– Em relação ao mercado, a primeira medida fundamental é recuperar a
confiança. Caso o mercado não se sinta
seguro em relação aos rumos da economia brasileira, é pouco provável que
o pessimismo atual com o governo seja
revertido. Para isso, é fundamental ter
uma equipe econômica, principalmente
o ministro da Fazenda e o presidente
do Banco Central, que transite bem
no mercado. Sem essa recuperação da
confiança, será mais difícil atrair investimentos e, consequentemente, voltar a
crescer.
CP– Olhando para alguns vizinhos
da América Latina, percebemos
que governos populistas têm certa carga de antipatia por parte do
mercado internacional. Quais são as
semelhanças do governo brasileiro
com esses países latino-americanos
e o que poderia ser feito para aumentar a confiabilidade do Brasil
perante o mercado internacional?
MA– A simpatia ocorre no campo ideológico por parte de alguns setores do
governo, localizados principalmente
no PT. Em termos de política, não há
como comparar a situação do governo Dilma com a realidades política da
Argentina, Venezuela, Bolívia, Equador
“Em termos de política, não há como comparar a
situação do governo Dilma com a realidades política da
Argentina, Venezuela, Bolívia, Equador etc.”
etc. Apesar de Dilma fazer uma política mais a esquerda que a gestão Lula,
estamos ainda distante de um governo
populista.
CP– Ainda analisando o cenário latino-americano, pode-se dizer que há
um fenômeno da volta de governos
populistas, baseados em subsídios
sociais? Temos o Bolsa Família, no
Brasil, e outros planos sociais que
são o carro-chefe dos políticos na
Argentina, Bolívia e Venezuela, por
exemplo. Qual sua opinião sobre o
papel do governo em relação ao enfrentamento da pobreza por meio da
doação de renda ao invés da geração
de renda? Como isso interfere no incentivo e na formação da população
ativa e crescimento desses países?
MA– As políticas de transferência de
renda, por meio de programas como
o Bolsa Família, são importantes. Além
de diminuírem a desigualdade social,
contribuem para reduzir a criminalidade
nos grandes centros urbanos (na medida em que com uma renda, mesmo que
pequena, parte da famílias opta por
permanecer nos chamados grotões).
O problema é que precisamos avançar
numa política de superação da pobreza e não apenas administrar a situação
atual.
CP– Nesse sentido, o que poderia ser
feito?
MA– Uma medida importante seria
aumentar os investimentos em educação. Fortalecendo a educação, ocorre
um aumento do acesso da população
às universidades, criando uma mão de
obra mais qualificada. Com cidadãos
melhores instruídos, eles serão naturalmente absorvidos pelo mercado de
trabalho.
CP– Essa eleição foi marcada por
uma grande oposição do setor corporativo e empresarial ao atual governo.
Com a reeleição da presidente, esses
segmentos preveem investimentos
mais baixos para os próximos anos. O
Sr. acredita que o governo atuará no
aumento de sua credibilidade entre
esse setor? Como esse cenário pode
ser revertido?
MA– A recuperação da credibilidade
do governo junto ao setor corporativo
e empresarial depende, assim como na
relação com o mercado financeiro, de
gestos concretos da presidente Dilma.
Após à reeleição, Dilma falou em dialogar. Porém, ao menos por enquanto,
não chamou tais setores para o diálogo.
É fundamental que a presidente mude
seu padrão de comportamento dos primeiros quatro anos para reconquistar
o apoio dos setores da sociedade que
hoje criticam a atual gestão.
CP– Na sua opinião, qual é o padrão
de comportamento atual e como deveria ser?
MA– Nos últimos quatro anos, a presidente Dilma Rousseff tomou decisões
ouvindo pouco os aliados. Mesmo entre o PT, seu partido, o diálogo foi tênue. Não foi por acaso que o chamado
“Volta, Lula” demorou para sair completamente da agenda. Além de partilhar
do poder, dando peso proporcional aos
partidos aliados dentro do novo ministério, é fundamental que Dilma forneça
autonomia a legenda na administração
da pastas, e, principalmente, dialogue
mais com o Congresso.•
Credit Performance
11
ACONTECEU NO MERCADO
São
Salva
dor
Bahia abre as portas para
o Crédito e encerra as
atividades da CMS
em 2014
Cerca de 200 executivos se reuniram em Salvador para discutir os
possíveis cenários econômicos pós-eleição e os caminhos para fomento
sustentável do crédito no Nordeste.
O
ano de 2014 foi realmente intenso e atípico. O
período de eleições
presidenciais foi também de Copa do Mundo no Brasil,
acirrando disputas no campo e nas
urnas. Com esse pano de fundo, a
CMS desembarcou pela primeira vez
na capital baiana para encerrar seu calendário de atividadesem 2014 no Brasil.
O evento, que aconteceu em novembro, no
Bahia Othon Palace Hotel, discutiu, além dos
rumos que a economia tomaria em 2015, as
expectativas e cenários para o crescimento
do crédito na Bahia e no resto do país.
Armando Avena,
Economista
O primeiro a subir ao palco foi o economista local Armando Avena, que traçou
o cenário econômico no Nordeste e
fez uma análise do que se pode esperar do país nos próximos anos. Na
sequência, Armando também assumiu o papel de moderador do debate
máster, ampliando a discussão com
presidentes e executivos de grandes
empresas e entidades regionais.
Além do debate máster, um dos temas
centrais nas discussões do dia girou em
torno dos preparativos do mercado para
incrementar o financiamento para os brasileiros (levando em conta que a Bahia tem
um grande polo de fabricantes automotivos
na região de Camaçari). Para Bruno Lozi,
Gerente de Clientes Estratégicos do SPC
Brasil, mediador do debate, o financiamento de automóveis deve melhorar:
“Atravessamos um ano difícil e houve
uma desaceleração do financiamento
de veículos, mas discutimos juntos os
motivos pelos quais aconteceu essa
queda e concluímos que agora a tendência é que melhore.”, afirma. Rogério
12
Credit Performance
Pereira de Sousa, Gerente de Mercado e
Pessoa Física do Banco do Brasil, também
defende que haverá um crescimento nesses
segmentos, mas, para ele, o brasileiro deve
também aprender a se planejar melhor: “A
Educação Financeira deve ser trabalhada
de maneira mais efetiva para que o ciclo do
crédito flua. Esse congresso, que reuniu os
líderes do mercado financeiro, nos ajuda a
refletir mais sobre esses assuntos.”, completa.
Outro ponto forte do evento foi o debate
sobre os segredos para o equilíbrio de investimentos em tecnologia e capital humano no
segmento de cobrança. Eric Lieb, Country
Manager da Presence Technology, que levou
ao congresso uma discussão acerca da tecnologia para a indústria de recuperação de
crédito, garante que o mais importante não
é a parte tecnológica de criar plataformas
e ferramentas, e sim compreender o cliente. “Nós do setor de tecnologia devemos
acompanhar todo o processo de implantação
e operação das ferramentas de cobrança,
capacitando os profissionais com muito cuidado. Ressaltamos muito essa necessidade
da aproximação entre tecnologia e recursos
humanos para garantir que o resultado seja
atingido.”, defende o executivo.
No encerramento, o jovem Augusto Frazão
surpreendeu a plateia ao contar sua trajetória
de vida e seu espírito empreendedor. Em sua
palestra sobre a criatividade e inovação nos
Madleine Sprocatti,
Diretora Comercial da CMS
negócios, Augusto falou sobre o papel da
nova geração para a obtenção de resultados
nas empresas.
Segundo Madleine Sprocatti, diretora Comercial da CMS, 2014 foi um ano de muitas
conquistas que só podia ser encerrado com
as boas vibrações da Bahia. “No último ano,
tivemos um crescimento vertiginoso em número de eventos e público, pela ampliação
de nossas atividades no Brasil. Saímos de
dois eventos em 2013 para seis eventos em
2014, o que significou a reunião de mais de
3 mil líderes nesse ano. A Bahia foi escolhida
para encerrar as atividades pelo potencial
de desenvolvimento do Estado na indústria
do crédito, apesar de que sabemos que é
um mercado que ainda precisa de muita
capacitação e insistência na criação da cultura
do crédito sustentável. E aqui justamente
porque acreditamos nesse crescimento e
nossa meta na CMS é ajudar na formação
dessa cultura. Esse é um projeto que apenas
se inicia aqui. 2015 está chegando e trará
muito mais”, finaliza a diretora. •
O encontro reuniu cerca de 200 líderes na capital baiana
Credit Performance
13
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16
Credit Performance
Apesar de estarem geograficamente próximos, os países da América do Sul vivem
situações econômicas distantes, especialmente no ciclo de crédito. Especialistas
analisam a realidade das principais potências vizinhas ao Brasil a fim de
compreender o que se pode esperar para 2015.
N
a última década, a indústria de
crédito da América Latina registrou um grande crescimento,
impulsionado por uma maior
bancarização, pelo aumento na penetração do crédito doméstico, bem como pela
formalização dos trabalhadores. Paralelamente a esses fatores, o setor também se
desenvolveu, tanto do lado da concessão do
crédito e da gestão de seus riscos, como da
cobrança. Uma vez que a indústria de C&C
está intimamente ligada ao desempenho
macroeconômico de cada país, o economista
e cientista político brasileiro Marcos Troyjo
enfoca que enquanto a economia global
observou uma espécie de “ciclo dourado
das commodities”, entre 2003 a 2010, o que
possibilitou a expansão dos mecanismos
de crédito, a América Latina passa por um
movimento de “rearrumação das camadas
tectônicas”, dividida em grupos de países
que se encontram em diferentes estágios de
desenvolvimento econômico e creditício.
Ao analisar as principais potências sul-americanas, Troyjo aponta que o Brasil ainda
é a nação industrialmente mais forte. “No
entanto, no que toca ao desenvolvimento
econômico mais amplo, Chile e Colômbia
têm tido um desempenho impressionante”,
ressalta o economista, explicando que o
Chile conquistou uma elevada especialização em commodities minerais e agrícolas
voltadas ao mercado externo, enquanto a
Colômbia colocou sua casa macroeconômica em ordem. “Quando agregamos a
esse quadro o Peru, que juntamente com
Chile e Colômbia fazem parte da Aliança do
Pacífico, percebemos que nossos vizinhos
estão buscando uma inserção mais dinâmica
na economia global contemporânea”, diz.
As diferenças entre esses países também se
estendem para a esfera do crédito. Enquanto
o setor bancário de Chile e Colômbia é sofisticado para os padrões latino-americanos
e mais semelhante ao modelo brasileiro,
a Bolívia apresenta algumas experiências
de microcrédito, porém ainda em volume
pequeno. “Na Venezuela e na Argentina,
a confusão macroeconômica tem desencorajado crédito farto e de perfil de longo
prazo.”, afirma Troyjo.
Para comparar o desenvolvimento do
crédito de cada país, o Partner e Financial
Advisory Services da Deloitte Argentina,
Marcos Bazán, indica a adoção do crédito
concedido ao setor privado em termos de
percentual do PIB como medida. Anualmente, o Banco Mundial publica uma relação
desses dados, sendo que o Chile é o país
com a indústria de crédito mais desenvolvida
quando comparada aos demais países sul-americanos. “Com índice de 105,9%, seu
volume supera até mesmo o próprio PIB.
O Brasil fica em segundo lugar, com 70%
do PIB”, comenta Bazán, destacando que
a média latino-americana é de 72,6%.
Credit Performance
17
Segmento & Globalização
anticíclico-chave no desenvolvimento do
Brasil como potência econômica mundial”,
analisa o especialista da Deloitte.
O que esperar para 2015
Marcos Bazán
Partner e Financial Advisory Services da Deloitte
Argentina
Os países também possuem suas semelhanças. A principal delas, de acordo com
Bazán, tem sido a alta volatilidade da economia, o que impacta diretamente no grau
de desenvolvimento de um país. Nesses
momentos, à exceção do Chile, o crédito se
contrai e os bancos aumentam sua carteira
de ativos financeiros de maior liquidez. “Sob
esse ponto de vista, o Brasil se difere, uma
vez que sua economia se estabilizou em
2002. Desde então, os bancos oferecem
produtos creditícios a todos os setores econômicos e o BNDES atua como provedor
de fundos de longo prazo para a indústria
e infraestrutura, tornando-se um jogador
Fernando Contardo Días Muñoz,
Gerente geral da Sinacofi (Sistema Nacional de
Comunicaciones Financieras)
18
Credit Performance
De acordo com Fernando Contardo Días-Muñoz, gerente geral da Sinacofi (Sistema
Nacional de Comunicaciones Financieras), a perspectiva econômica chilena para
este ano é de crescimento do PIB entre
2,5 e 3,5%, com inflação ao redor de 3%,
níveis de investimento em torno de 22%
do PIB e desemprego na casa dos 6,5%.
“Sem aprofundar o cenário econômico,
que tem algumas incertezas importantes
em certos países do mundo, acreditamos
que a indústria de crédito no Chile não terá
mudanças significativas em seus indicadores,
ou seja, manterá o crescimento real positivo
de aproximadamente 5%, com os mesmos
riscos atuais”, destaca.
O executivo também examina uma mudança na política chilena implementadas
no fim de 2013, cujo real impacto poderá
ser percebido a partir de 2015. Na ocasião,
o país aprovou uma nova lei que alterou a
regulamentação da taxa máxima convencional, o que se traduz em uma diminuição
das taxas máximas que a indústria de crédito
pode cobrar dos créditos de consumo. “O
que à primeira vista poderia ser uma boa
notícia, especialmente para os devedores de
valores menores, pode estar deixando essas
pessoas fora do acesso ao crédito bancário,
uma vez que as instituições têm avaliado que
esse segmento não é rentável. Os bancos
divulgarão uma análise oficial no primeiro
trimestre de 2015”, esclarece Días-Muñoz.
Com boa expectativa para os próximos anos,
o alerta que o economista Troyjo faz em
relação à economia chilena refere-se ao
caso de o país almejar a criar um grande
estado de previdência social, assim como a
Europa, porém precipitadamente. “O Chile
está no piloto automático para se tornar uma
sociedade com padrão de Europa mediterrânea nos próximos 15 anos. No entanto, o
grande risco é querer envelhecer antes de
ficar rico. Se você apresenta renda acima de
US$ 35 mil e tem a produtividade da economia elevada e com geração de impostos
eficiente para cobrir estes gastos, tudo bem
crescer menos. O problema é querer fazer
isso quando ainda está chegando ao seu
teto de idade para a população economi-
Pódio do crédito latino-americano
camente ativa, quando a produtividade da
economia ainda é muito baixa”, comenta o
especialista, fazendo uma análise também
sobre os possíveis desdobramentos para os
demais países latino-americanos.
Considerando os dados divulgados pelo Banco Mundial referentes à medida
do percentual do PIB destinado ao crédito interno ao setor privado, é possível
estabelecer um ranking das principais potências da América Latina. Confira os
números de 2013, última compilação publicada pela instituição.
Para ele, o processo de afundamento
sociopolítico da Venezuela deve acabar
com algum tipo de mudança, aceleração
ou interrupção do atual modelo bolivariano,
embora não necessariamente em 2015. “Já
na Colômbia, a possibilidade de ruptura de
uma crise política ou econômica é nenhuma.
ARGENTiNA
15,8%
47%
BoLÍViA
70,7%
BRASiL
105,9%
CHiLE
50,2%
30,6%
31,4%
CoLÔMBiA
MÉxiCo
Francisco D’orto Neto
Diretor de Finanças Corporativas, M&A e Governança
Corporativa da Crowe Horwath
tral de La República Argentina estimulou
o crédito ao setor privado produtivo. No
entanto, o crédito destinado ao consumo
se mantém igual”, diz.
Marcos Troyjo
Economista e cientista político brasileiro
As Farc estão derrotadas e a perspectiva que
se tem no mundo em relação à Colômbia é
a melhor possível. O Peru é uma sociedade
muito mais desigual do que essas outras da
Aliança do Pacífico. Além disso, talvez seja
o país que mais se beneficiou na América
Latina do vento bom das commodities”,
compara Troyjo.
Em linhas gerais, a indústria de crédito da
região deve permanecer estável no próximo ano. O executivo da Deloitte Argentina indica que Chile, Peru, Colômbia e
Bolívia tendem a manter seu crescimento
econômico, enquanto Brasil, Argentina e
Venezuela, terão maior influência nesse
resultado estável, uma vez que suas atuações
têm sido mais fracas. No caso específico da
Argentina, Bazán aposta em um crescimento
nulo ou até mesmo uma leve redução no
volume geral de empréstimos em dólar.
“É importante ressaltar que o Banco Cen-
Além dos principais países da América do
Sul, vale destacar o desempenho mexicano, a segunda maior economia da América
Latina. O país tem se beneficiado do ponto
de vista da atração de investimentos estrangeiros para o setor industrial por conta do
aumento dos custos relativos de produção
na China e pelo fato de integrar o Nafta, o
Acordo de Livre Comércio da América do
Norte. Segundo Francisco D’Orto Neto,
diretor de Finanças Corporativas, M&A e
Governança Corporativa da Crowe Horwath, o México mereceu atenção especial dos
bancos internacionais por apresentar consistência em seus planos de investimento e
infraestrutura, realidade que deve permanecer em 2015.
“Falar da indústria de crédito é pensarmos
sobre os riscos macroeconômicos que se
reproduzem em taxas mais ou menos flutuantes. Em geral, a América Latina se apresenta em fase de ajustamento relativos aos
ciclos econômicos de baixa provenientes da
crise global de 2007 e 2008”, observa Neto,
deixando claro que os rumos do crédito
serão determinados pelo quadro político-econômico mais amplo – opinião unânime
entre os especialistas.•
PERU
25,3%
VENEZUELA
02
04
06
08
0
100
120
Vizinhos lado a lado
Presidente e fundador da VN Global BPO, além
de fundador da LatinCob, Luciano Nicora utiliza
sua expertise dos últimos 20 anos dedicados à
indústria para avaliar qual é a posição de cada
um dos seis principais países da América Latina
no setor de cobrança.
Brasil: política de estado forte, alto nível de
bancarização e tradição bancária. No último
ano, os bancos estão mais cautelosos em suas
políticas de risco creditício. Os juros são altos e
as empresas de cobrança apresentam grande
porte. Há cerca de 10 companhias com pelo
menos dois mil colaboradores. Historicamente,
o país pode ensinar mais do que aprender com
a América Latina.
México: média bancarização, alguns banqueiros locais, porém um alto ingresso de bancos
americanos e europeus. As empresas de recuperação são grandes e têm a particularidade de
realizarem cobranças a domicílio. Há cerca de
10 empresas com mais de mil colaboradores.
Colômbia: média bancarização, sobretudo
conquistada nos últimos anos. Assim como
outros países latino-americanos, a Colômbia
recebeu bastante investimento de bancos dos
Estados Unidos e da Europa. O país virou um
hub de exportação de BPO, entre os quais a
cobrança. Há entre quatro e cinco empresas
com mais de 600 colaboradores.
Argentina: bancarização baixa, apesar de
sólida e forte. Os juros são baixos, próximos
de 2%, e as empresas de recuperação têm
porte médio se considerado o tamanho do
país. A Argentina tem uma boa oportunidade
de futuro, considerando que se a penetração
em termos de empréstimos/PIB for similar ao
Brasil é possível crescer seis vezes em relação
ao tamanho atual.
Chile: bancarização média-alta, com um sistema financeiro forte e sólido representado
por bancos locais e internacionais. Com boa
gestão do setor de crédito e juros razoáveis,
as empresas de cobrança contam com uma
população de escala média para trabalhar.
Existem aproximadamente seis empresas
com 600 colaboradores.
Peru: anteriormente bastante atrasado em
relação aos demais países da América Latina, o Peru vivenciou um salto em consumo e
bancarização nos últimos anos. Os juros são
razoáveis e as empresas de recuperação vêm
crescendo constantemente devido ao crescimento do crédito e das dívidas. O setor está
se profissionalizando, apesar de ainda seguir
com o processo de cobrança domiciliar. Há
muitas empresas que já superam a marca de
400 colaboradores.
Credit Performance
19
CAPA
Líderes
traçam
cenário para
a próxima
década
POR Camila Balthazar
e Cris Moraes
O Congresso Nacional de Crédito e Cobrança chega
à 10ª edição, fazendo uma ponte entre passado,
presente e futuro e consolidando-se como plataforma
de discussão, tendências e novidades que pautam a
indústria e contribuem para melhor tomada de decisão
nos negócios.
A
última década foi um grande marco para a indústria de
crédito e cobrança no país. O
crédito foi o principal motor
da economia brasileira, tornando-se
acessível para a população, rompendo
barreiras e criando oportunidades para
as empresas do setor. E também por 10
anos os principais executivos e tomadores de decisão se reúnem para analisar as
decisões, compartilhar estratégias e boas
práticas, além de colocar sobre a mesa os
20
Credit Performance
gaps e possíveis soluções do mercado e
processos. Coincidência? Certamente
não. Evolução e conhecimento sempre
andaram juntos para que a indústria de
crédito chegasse ao patamar atual. Por
isso, para comemorar a sua 10a edição,
o Congresso Nacional de Crédito e Cobrança decidiu se debruçar sobre o futuro
e unir grandes nomes da indústria para
identificar as oportunidades e práticas do
presente e visualizar os gargalos e tendências para os próximos anos. “Completar
10 anos não é realizar 10 congressos. É
promover um espaço perene e confiável
onde os decisores podem encontrar-se
para aprender, ensinar, reinventar e inovar
os conceitos e suas empresas. É contribuir,
por consequência, para o crescimento do
mercado e da economia do país”, explica
Pablo Salamone, presidente da CMS, realizadora do evento.
Cerca de dois mil líderes da indústria participaram dos dois dias de programação
que contava com 25 palestras e fóruns e
trouxeram 85 speakers para falar sobre a
sustentabilidade da indústria que segue
em constante expansão. O presidente da
CMS, Pablo Salamone, fez um balanço da
última década da indústria e das 10 edições,
bem como aproveitou para anunciar as
novidades de um novo ciclo ainda mais
inovador, com todos os eventos e chegada
a outras capitais. “Para mim, a grande palavra que resume esses 10 anos é orgulho de
conquistar. Gerar uma equipe de trabalho
Credit Performance
21
CAPA
sólida e coordenada, abordando as melhores práticas de cada país onde estamos
presentes e antecipando tendências. Muita
coisa aconteceu no mercado nesse ciclo e
agora vamos falar do que ainda está por
vir. Mas temos certeza de que o contato
pessoal não vai mudar. É isso que o evento
faz: aproxima as pessoas e gera negócios
e oportunidades”, ressaltou Salamone.
Para desvendar os próximos movimentos do setor, o evento foi aberto pela
palestra máster com Ricardo Amorim,
economista, colunista e apresentador de
TV. O especialista falou da importância
do papel do crédito de trazer o futuro
para o presente. “O crédito possibilita
o consumo e o investimento hoje. Mas
depende de uma coisa determinante, que
é a crença. Ninguém empresta dinheiro
se não acreditar que será pago. Portanto,
para olharmos o horizonte dos próximos
10 anos, temos que olhar para a última
década”, apontou Amorim.
Independentemente do governo e da política econômica, o economista destacou
as áreas que terão maior crescimento no
país, como a agricultura. “O nosso território nacional equivale a 33 países da
Europa, desconsiderando a Amazônia.
Somos o segundo exportador mundial
de alimentos e, no máximo em 10 anos,
devemos ser o primeiro, ultrapassando
os Estados Unidos”, apontou. De acordo com Amorim, o interior deve crescer
mais do que as capitais, fenômeno que
vem sendo observado na última década.
“A região Norte foi a que mais cresceu,
sendo que o Nordeste ficou em segundo
lugar”, citou.
O economista também lembrou que nos
últimos anos, o Brasil injetou mais de 59
milhões de pessoas nas classes B, C e D.
“Existem oportunidades de negócios
ligadas ao crédito em todas as classes.
Normalmente, a demanda está ligada
ao produto, mas o serviço crescerá mais.
Se o cabelereiro custar 10 vezes mais,
as pessoas vão continuar consumindo,
diferentemente do produto. Escolas, universidades, planos de saúde e farmácias
vão continuar crescendo mais que a média
da economia brasileira”, acrescentou. Se
temos visto o Brasil expandindo mais no
comércio do que na indústria há 10 anos,
a má notícia é que o modelo está se esgotando e, segundo o economista, não
teremos grande crescimento no futuro
próximo. Por outro lado, ele diz que o
medo das pessoas de comprar presente
durante o período eleitoral já passou e,
quando o lado pessimista desaparecer,
teremos novas oportunidades para o Brasil.
O seu lugar na indústria
na próxima década
Quando pensamos no futuro, precisamos
olhar para o passado, principalmente para
números e acontecimentos. A economista
e comentarista Rita Mundim trouxe uma
fotografia dos 20 anos do Plano Real. “A
cidadania que a moeda nos deu foi um
grande avanço. A estabilidade do Real
é uma condição da qual não podemos
abrir mão. Assim, os brasileiros podem
usar o crédito, que é uma ferramenta fundamental para crescimento de um país e
das pessoas”, destacou a moderadora do
debate máster.
Palestra Máster com Ricardo Amorim e Debate Máster “O seu lugar na indústria da próxima década”
22
Credit Performance
Na opinião de Rita, o governo terá um
papel fundamental na direção da economia, mas precisará dar espaço para a
equipe econômica. “A Dilma tem que
ser presidente e não ministra”, afirmou.
O presidente da Serasa Experian, José
Luiz Rossi, é um otimista e acredita que
com novos instrumentos, como o cadastro
positivo, poderemos voltar a ter crescimento na indústria, ao trabalharmos na base.
“Meus filhos nunca viveram a inflação, mas
só quem viveu sabe que a economia era
desorganizada. Tivemos grandes acontecimentos e agora podemos retomar o
tripé do plano”, observou o debatedor.
Outra opinião na discussão foi a do economista Roberto Luis Troster. Ele acredita
que estamos vivendo um período cíclico,
vivenciado 10 anos atrás na implantação da
moeda, e defende que temos capacidade
para fazer melhor e diferente no futuro.
“Temos que enfrentar os problemas e
colocar uma pimenta para ter um pulo
qualitativo. Acredito que nos próximos 10
anos teremos mais legitimidade de toda a
indústria sobre o crédito. Hoje todos usam
a mesma lagoa para pescar, mas alguns
estão estragando os peixes. Temos que
trabalhar para cortar os custos e as taxas.
Eventos como esse são extremamente
importantes porque o crédito pode ser
um propulsor importante de crescimento,
desde que seja feito de forma responsável
na oferta e na tomada”, sinalizou Troster.
O expert Emilson Alonso também defendeu que o futuro estará na eficiência.
“Independentemente do quadro eleitoral,
o setor continuará crescendo, tendo um
impacto importante com o crédito imobiliário. Porém, existe um desafio importante,
que será a consolidação nos próximos 5-10
anos. Os desavisados ficarão na estrada,
permanecendo apenas as empresas que
têm capacidade”, afirmou Alonso. O diretor Sênior Chevrolet, Serviços Financeiros,
Marcos Pedote, compartilha da ideia que a
eficiência será o nome do jogo daqui para
frente. “O crédito automotivo está vivendo
um momento de adaptação e precisamos
nos reinventar. Vai voltar a crescer, mas
em ritmo lento para conquistarmos novos
patamares”, finalizou.
entrevistados afirmaram ter débitos em
atraso, sendo que o cartão de crédito foi
citado por 65,53% deles como o grande
responsável pela dívida. Vale ressaltar que
o números de brasileiros com dívidas no
cartão cresceu 56% nos últimos quatro
anos, enquanto o atraso com crédito
pessoal triplicou.
Durante a apresentação, os especialistas
discutiram como os dados da pesquisa
impactam o dia-a-dia das empresas, trazendo diferentes visões e setores, que
contou com a presença de executivos do
Hospital Sírio-Libanês, da EF Englishtown,
da Carsystem, e do expert Ricardo Loureiro. Segundo o estudo, 51,56%
dos devedores preferem ser
abordados por e-mail na hora
da negociação, 19,05% optam
o contato via celular, 11,22%
são adeptos da carta e 4,76%
simpatizam com telefone
fixo ou comercial. “Ninguém
mais manda carta”, enfatizou
Loureiro, destacando a importância de virtualizar o contato.
“Precisamos criar um relacionamento digital para acessar
o devedor da forma correta,
no momento correto e com o
acordo correto”, disse.
A multicanalidade e a evolução no relacionamento com o novo consumidor
também foi um dos temas abordados no
congresso, reunindo experiências e ferramentas adotadas por empresas como
Kitado e Analytics for Life, NET, PH3A,
PG Mais Resultado e Serasa Experian.
O professor e pesquisador Alexandre
Augusto Giorgio, da Faculdade Cásper
Líbero e da USP, ampliou a questão com
sua visão acadêmica. Se antigamente a cobrança era feita prioritariamente via carta
e telefone fixo, atualmente a quantidade
de meios de comunicação disponíveis
aumentou consideravelmente o desafio
de estabelecer um diálogo com o devedor.
O QUE PENSAM OS
INADIMPLENTES E COMO
ACESSÁ-LOS
Outra ponto fundamental nas discussões
para a próxima década e que esteve bastante presente na pauta dos líderes da
indústria nos últimos anos são os índices
de inadimplência. Com as grandes oscilações nos últimos tempos, tornou-se
ainda mais importante entender como
pensam os inadimplentes e atuar diretamente na raiz do problema. O IGEOC,
atento a essas preocupações de mercado,
tem realizado anualmente uma relevante
pesquisa com o objetivo de desvendar
os comportamentos do consumidor. De
acordo com Jefferson Frauches Viana,
presidente da Way Back, quase 80% dos
Debate sobre a pesquisa do IGEOC: Inadimplência e Consumo em Foco”
Credit Performance
23
CAPA
Operacional da Credigy, Bruno Brosens; o
COO Latam da Cetelem, Bruno Leroux;
o Executivo Comercial da AMC do Brasil,
Henrique Alves e o CIO da Recovery do
Brasil, Santiago de La Fuente, que se mostrou animado com as perspectivas desse
mercado daqui para frente. “Os bancos
já estão vendo que não existe problema
em vender carteira e que a maior busca é
pela eficiência”, apontou Fuente.
quais as fraudes relacionadas ao sistema
financeiro, que assim como a tecnologia,
evoluíram e precisam de ações incisivas
desde a concessão. Serasa Experian, ClearSale, Banco do Brasil e SAS, aprofundaram o tema com experiências e modernas
técnicas que estão em constante mudança
e evolução para garantir melhores resultados para toda a cadeia.
DE OLHO NOS MERCADOS
PROMISSORES
Debate “Crédito e Cobrança: Cenário e expectativas para a próxima década”
Para Luiz Junqueira, gerente de Produtos
Decision Analytics da Serasa Experian, o
primeiro passo é ter uma tecnologia que
integre esses canais. “Também é preciso
compreender quais ferramentas são mais
aderentes para cada perfil de cliente, sendo
fundamental analisar esses resultados,
mensurar, modelar e criar grupos de controle para entender a propensão de cada
devedor”, observou. Outro ponto considerado foi a integração entre os diferentes
softwares de cobrança utilizados pelas
empresas. “Em alguns casos, o mesmo
CPF aparece em mais de um sistema. A
inteligência de cruzamento é primordial
para profissionalizar o processo”, comentou Paulo César Costa, CEO da PH3A.
Dando um passo atrás nesse ciclo, os especialistas presentes no evento também analisaram a falta de informação que antecede
a contratação de um novo empréstimo.
Afinal, ainda de acordo com a pesquisa
do IGEOC, 78,91% dos entrevistados
afirmaram não ter recebido orientação
financeira ao solicitar o empréstimo. O
painel “Tendência: Educação Financeira e
Responsabilidade Creditícia” aprofundou
essa questão com executivos da Serasa
Experian, da BM&FBovespa, do SPC
Brasil, do Itaú-Unibanco e da Fundação
CESP. A economista chefe do SPC Brasil,
Marcela Kawauti falou da importância
da educação financeira para todo o país.
“Não é intenção do banco e do lojista que
o consumidor fique endividado. Todos têm
interesse em que o crédito seja tomado
de forma consciente”, concluiu.
24
Credit Performance
A educação financeira é o caminho para
mudar os números revelados pela pesquisa
e deve começar ainda na infância. Assim,
garante-se que as novas gerações tenham
maturidade financeira para lidar com o
crédito e com o mercado de trabalho. Por
esse motivo, o perfil da nova onda de mão
de obra formada pela geração Z, aqueles
nascidos entre 1990 e 2000, bem como
seus impactos para a indústria, também
esteve na pauta do congresso. A diretora de Certificação da ABRH Nacional,
Andréa Huggard moderou o tema que
contou com a presença de diretores da
Great Place to Work, Tatiane Tiemi; da
Intervalor, da ASAP Recruiters e do autor
e especialista em conflitos de gerações,
Sidnei Oliveira.
Esses mesmos profissionais enfrentarão
os desafios da próxima década, entre os
Quando se fala em endividamento no país,
os números mostram que o brasileiro não
é tão endividado se comparado a outros
países como Estados Unidos. A verdade é
que a população está aprendendo a usar o
crédito e cada vez mais uma parcela realiza
o maior sonho: a compra da casa própria.
Para entender melhor o segmento de crédito imobiliário e responder a pergunta se
estamos vivendo uma bolha de problema
ou de sabão, foram apresentados estudos
e números por especialistas do segmento.
O diretor de Novos Negócios do Portal
de Documentos, Marcos Caielli, foi mediador do painel com experts no assunto
do Banco Itaú-Unibanco, ABECIP, Banco
do Brasil e Santander.
“Minha preocupação com uma bolha
no Brasil nos próximos anos é zero. Normalmente, isso acontece em países com
baixíssimas taxas de juros e especulação de
investidores. Hoje ainda temos uma taxa
alta e quem está comprando imóvel é para
moradia”, comentou o diretor Executivo de
Negócios Imobiliários do Banco Santander, Gilberto Duarte de Abreu. O diretor
do Banco do Brasil, Hamilton Rodrigues
Debate “Cases de Gestão: Inspire-se nos grandes e mude a história da sua empresa nos próximos 10 anos”
Evolução
desigual
no setor de
cobrança
Debate sobre Multicanalidade (acima) e
Consórcios (abaixo)
da Silva, concordou que não existe um
risco de crise ou bolha, mas, por outro
lado, afirma que os consumidores estão
avaliando muito bem as condições para
tomar crédito. “O sonho da casa própria
está em primeiro lugar na mente do brasileiro, mas o que vai garantir crescimento
desse mercado é a renda e o emprego”,
enfatizou Silva.
Na opinião do presidente da ABECIP,
Octávio de Lazari Junior, os números mostram que ainda temos muito espaço para
crescer e imóveis para financiar no Brasil.
“Em 1980, financiamos 600 mil imóveis e
foi o boom do financiamento. Em 2013,
financiamos 1 milhão de unidades, mas
sabemos que 18% do total das famílias
brasileiras ainda pagam aluguel”, apontou.
Outro fato que mostra que o interesse pela
tomada de crédito seja maior nos próximos 10 anos é a mudança na configuração
das famílias. “Sabemos também que o
número de divórcios tem crescido exponencialmente, o que acaba gerando mais
demanda de imóveis”, explicou. Mesmo
assim, o recado dele é que devemos ficar
atentos e que as instituições financeiras não
podem afrouxar nas exigências, mantendo
o percentual de 80% do valor do imóvel
no financiamento.
A área de consórcios também deve se
beneficiar com o mercado imobiliário
e foi um dos novos temas dessa edição
do congresso, que trouxe importantes
empresas do mercado, como a ABAC
(Associação Brasileira de Administradores
de Consórcios). Entre os convidados estavam a gerente de Operações da GMAC
Administradora de Consórcios, Mara
Silvia Gianesi Brites, que enfatizou que
as empresas de cobrança apostem em
um maior conhecimento do consórcio, o
que pode ser uma grande oportunidade
de atuação. A diretora administrativa da
Luíza Administradora de Consórcio, Edna
Honorato, concordou que a linguagem
do produto é diferenciada, assim como
o perfil do tomador, que começa como
poupador e pode virar inadimplente.
O superintendente Jurídico da Rodobens, Thiago Tagliaferro Lopes, disse que
existe um grande espaço de crescimento
no mercado imobiliário. Já o presidente
da Administradora de Consórcios Honda, Ricardo Tomoyose, observou que o
consórcio ainda é uma poupança forçada
e muito utilizada como instrumento de
educação financeira, principalmente no
segmento de motocicletas. “Ainda temos
inadimplência por conta de questões atípicas, como problemas para entrega de
boletos. Temos que diversificar os meios
de cobrança e sermos mais ágeis para que
o grupo não seja prejudicado”, concluiu.
Outro segmento que tem avançado no
Brasil é o de compra e venda de carteiras.
Todas as dúvidas e questões que ainda
pairam sobre o tema, como motivos de
venda, precificação e os riscos, estavam no
debate mediado pelo sócio-executivo da
Becrux Ativos de Crédito, Victor Loyola,
e com os experts no assunto: o diretor
Se a indústria do
crédito atingiu um
nível interessante
nos últimos anos,
a área de cobrança precisa correr
atrás para alcançar
o mesmo patamar
de performance.
Essa foi a opinião
dos especialistas
da Novaquest,
Santander, Banco
do Brasil, Itaú-Unibanco, Banco Safra e
Febraban presentes no debate “Crédito
e Cobrança: Cenário e Expectativas para
a Próxima Década”.
“Hoje trabalhamos muito no reativo, mas
precisamos focar no preditivo. Já temos
ferramentas suficientes para ver os sinais
que o cliente adimplente dá, indicando a
necessidade de uma abordagem com uma
oferta diferenciada”, apontou o presidente
da Novaquest, Jair Lantaller, destacando
a importância de inserir mais inteligência no setor de cobrança. Já Francisco
Maqueda, superintendente do Banco
Safra enfatizou que a parte operacional
no processo de cobrança evoluiu bastante,
porém a eficiência não acompanhou esse
desenvolvimento. De qualquer forma, a
perspectiva para a indústria é positiva. Há
10 anos, o crédito no Brasil representava
400 bilhões de reais. Hoje em dia, a cifra
atingiu 2,6 trilhões de reais. “Imaginando
que o PIB crescerá 4,5% na média e a inflação fique em 5% nos próximos 10 anos, o
crédito pode subir a 95% do PIB até 2024,
considerando um cenário otimista, e 61%
se formos pessimistas. É significativo”,
calculou Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban.
Credit Performance
25
CAPA
Na opinião de Vander Nagata, Head da
Unidade de Negócios de Consumer Information da Serasa Experian, a cobrança
ainda utiliza uma espécie de “força bruta”, em vez de aplicar analytics. “Eu diria
que aproximadamente 20% das empresas adotam essa inteligência”, afirmou. O
painel “Analytics e Gestão em Cobrança:
Aplicação Prática para Sucesso da Recuperação”, trouxe executivos da Quantum
Strategics; Banco Pan; Neurotech, IBM
Latam, que puderam ampliar o debate e
identificar as lacunas que ainda existem
nesse segmento.
Ricardo Takeyama, superintendente
de Cobrança do Banco Pan, contou sua
experiência com a migração para o uso
de analytic. “Tivemos um crescimento
considerável de recuperação no último
ano tanto na operação quanto na gestão
interna do portfólio. No entanto, no ritmo
em que a indústria está, acredito que serão
mais cinco anos para todo o mercado falar
de uma maneira analítica em cobrança”,
expôs. Luciano Kalatalo, especialista da
IBM Latam, também reforço o valor do
conceito de Big Data diante desse contexto. “O grande ponto é a morosidade
para acessar as informações em um banco
de dados. Ter muita informação não é Big
Data. O grande diferencial é usar muita
informação com muita rapidez”, pontuou
Kalatalo, corroborando para o resultado
Apresentação de abertura com o Coral da Gente
final esperado pelas empresas, que visam
a recuperação de aproximadamente 220
bilhões de reais em dívidas, distribuídos
entre 57 milhões de CPF’s.
No caso do mercado B2B, as estratégias
adaptam-se ao tamanho da carteira de
clientes e ao perfil de cada indústria a ser
cobrada. O diretor de Finanças, Crédito
e Cobrança da Braskem, Rogério de Paiva Coura, comentou que a empresa de
petroquímica atua com 3.500 clientes.
“Temos que analisar o segmento, identificar futuros problemas, fazer modelagem
e atuar de forma delicada. A fidelização
nesse mercado não é apenas importante,
mas essencial. Meu portfólio de clientes é
finito”, destacou o profissional ao participar
do debate “Novas Oportunidades Falando
de B2B para Cobrança”. Além dele, estiveram presentes Dércio Fernandes, serviços
financeiros shared services Gerdau Brasil;
Nival Martins, superintendente do SPC
Brasil; e Márcia Loureiro, superintendente
comercial B2B da Way Back. O executivo
da Gerdau também fez uma provocação
interessante: “Recuperação no mercado
B2B é um investimento, e não um custo”,
disse.
Saber cobrar e operar as ferramentas tecnológicas agiliza todo o processo, inclusive
as cobranças judiciais. Esse foi o enfoque
do Debate Jurídico desse ano, que contou com o então presidente do Instituto
GEOC, Dr. Egberto Hernandes Blanco,
para discutir o assunto juntamente com o
Os líderes falam
Veja o que alguns dos principais líderes que participaram do 10º Congresso Nacional de Crédito
e Cobrança opinam sobre a indústria de C&C e as perspectivas para os próximos 10 anos.
Ricardo Amorim,
Economista
“Eu tentei avaliar o que aconteceu nos últimos 10 anos para depois olhar para os próximos dez. Na minha opinião, o que aconteceu nos
últimos dez anos se pode dividir em dois períodos: no início dele o Brasil teve um desempenho ótimo, cresceu 5% ao ano e o crédito no
Brasil expandiu como nunca. Porém, nos últimos quatro anos o crescimento caiu. O Brasil começou a ter ciclos de elevação da inadimplência, que por um lado geram oportunidades de negócio para as empresas de cobrança, mas também geram uma desaceleração na expansão das operações de crédito e, consequentemente, geram algumas dificuldades para outras empresas da cadeia. Olhando pra frente,
o que eu queria mostrar é que a gente está em um momento de muito pessimismo: as pessoas estão com medo e estão segurando os
gastos de consumo, principalmente de produtos com valores mais altos, e no caso, dos empresários, os investimentos estão mais fracos.”
26
Credit Performance
juiz assessor da Presidência do Tribunal de
Justiça de São Paulo, Dr. Gustavo Santini
Teodoro; o presidente da Comissão de
Direito Bancário da IASP, Dr. Ernesto
Antunes Carvalho; e o diretor jurídico
da FEBRABAN, Dr. Antonio Carlos de
Toledo Negrão.
Reconhecimento
Nesse balanço de uma década de CMS
no Brasil, é impossível falar do congresso
sem lembrar de alguns nomes que foram
fundamentais para a construção e evolução dessa indústria ao longo desses 10
anos. Por conta disso, a CMS Brasil fez
uma homenagem para o Instituto GEOC
e para a Serasa Experian, que acreditaram na iniciativa desde o início, e para
os amigos e parceiros Adilson Melhado,
da Localcred, Isaias Abudd, do Comitê
Organizador, e Madleine Sprocatti, que
também acompanharam e apoiaram o
Congresso desde a primeira edição.
“A participação desse congresso só é
possível quando acreditamos nas ideias.
É isso que estamos propondo nesse 10º
Congresso. Olhar para frente e acreditar, como fizemos há 10 anos. Tivemos
verdadeiros parceiros. É uma vitória da
indústria e da união das pessoas e dos
parceiros que acreditaram”, declarou
Egberto Hernandes Blanco, presidente
do IGEOC 2013/14. “Desde o início, acreditamos que discutir o futuro nos faz cada
vez melhor, aprendendo com as lições do
passado e nos preparando para o que virá
pela frente, sempre fazendo as mudanças
necessárias para chegar lá”, afirmou Paulo
Melo, diretor de Relações Institucionais
da Serasa Experian. •
Roberto Luis Troster,
Economista
“Eu acompanho a CMS desde os primeiros congressos e pude ver de perto toda essa história. Os
Congressos formam o espaço ideal para pensar
estrategicamente as novas tecnologias e as tendências do mercado. Foi uma ótima oportunidade
de analisar e identificar as novidades do setor e
refletir sobre o que podemos esperar da indústria
nos próximos 10 anos. “
Emilson Alonso,
Expert
“A indústria viveu uma era muito importante de
2004 a 2012, com o crescimento do país e crescimento da indústria de crédito e cobrança, depois
da estabilização econômica feita através do Plano
Real. Eu acho que os próximos dez anos serão de
consolidação: os bons vão ficar e aqueles que não
estão preparados ficarão no meio do caminho. O
setor vai precisar de muita competência e muita
eficiência para que as empresas sejam bem sucedidas.”
Credit Performance
27
Os líderes falam
Hubert Czapinski,
CEO Mundial da TCM
“Nós devemos estar preparados para todos os
possíveis acontecimentos do futuro. E se nós tivermos clientes em vários países, isso vai proteger
de alguma maneira o nosso negócio de qualquer
acontecimento inesperado. A indústria brasileira é
muitíssimo avançada e a sua tecnologia é muito
sofisticada. Então, não tenham medo de atravessar os limites e ir para fora do Brasil. Toda a América Latina está esperando por companhias brasileiras, todo o mundo está esperando por vocês...”
Octávio de Lazari Junior,
Presidente da ABECIP
“Eu agradeço à CMS por fazer esse trabalho que
é muito importante para que a gente possa esclarecer as pessoas envolvidas sobre o crédito imobiliário no Brasil, que é um setor muito importante.
Estamos falando de moradia, de financiamento
imobiliário... é um assunto que interessa muito a
população brasileira e também as construtoras e
todas as empresas que se envolvem no processo.
No debate, foi discutido se realmente existe uma
bolha imobiliária no Brasil e podemos chegar à
conclusão de que não, por que o brasileiro compra imóvel para moradia. Então, o que estamos
vivendo, na realidade, é um crescimento do poder
aquisitivo da nossa população e um crescimento
do mercado imobiliário no Brasil. Então, podemos
concluir que o Brasil vem passando por um momento muito bom no que diz respeito ao crédito
imobiliário e a tendência para os próximos dez
anos é que melhore ainda mais.”
Michael E. Coleridge,
CFO da EF Englishtown
“Eu gostei muito de ver a diversidade das indústrias representadas aqui hoje: tinha gente da
indústria de seguro, saúde, educação e também
Ricardo Loureiro, o nosso Expert sobre o mercado
de cobrança no geral. A interação com o público
foi muito interessante e o debate foi bastante informativo, foi um prazer estar aqui hoje.”
Rita Mundim,
Economista
“São esses congressos, tanto em nível nacional
como regional, que fazem com que as pessoas do
setor se encontrem, se relacionem e se aprimorem.
Já que estamos falando de eficiência, o congresso
passa a referência para que a gente coloque em
prática cada ano que se passou e teste, na prática,
aquilo que foi conquistado por cada um dos participantes desse setor. Então, a cada ano, os congressos regionais e esse grande congresso nacional
aqui em São Paulo, são palco do encontro do que
foi falado, do que foi pensado e, principalmente,
do que foi executado. Assim podemos ver, juntos,
qual é a realidade da indústria de crédito e cobrança no Brasil.”
“Nós acreditamos que se conectar mais com o varejo, ouvir mais o cliente, respeitar o cliente, levar
informações mais transparentes... esse é o nome
do jogo. Nós estamos no mercado há 43 anos,
com a parceria com mais de vinte mil lojas espalhadas em mais de dois mil municípios brasileiros.
60% do nosso negócio vem de pequenos varejos,
como lojas de móveis, eletrônicos e matérias de
construção, e os outros 40% vêm de parcerias
estratégicas. Nós nos conectamos com o varejista
levando uma solução para o ponto de vendas, e
para que essa parceria se torne sustentável é muito importante conhecer o cliente.”
“O tema principal do debate foi relacionamento,
ou seja, não se pode esquecer que do outro lado
tem uma pessoa, que é o devedor. As empresas
infelizmente acabam deixando de fortalecer esse
relacionamento. Esse é um tema que foi muito
debatido aqui e eu acho que vai continuar a ser
debatido pelos próximos dez anos. Além disso,
falamos sobre o processo da inovação. Acho que
as empresas devem começar a se permitir a errar
mais, mas errar barato e rápido, para aprender e,
com isso, avançar.”
Paulo César Costa,
CEO da PH3A
“Há dez anos, quando estávamos começando, o
mercado de crédito compreendia cerca de 20%
do PIB e hoje está em 56%. Nós acompanhamos
neste período, nos vários congressos, esse crescimento. Em alguns momentos estávamos mais
otimistas, em outros nem tanto, mas eu acho que
em dez anos a gente pôde ver como a indústria
evoluiu e se profissionalizou. Eu fico muito feliz
por podermos participar desta trajetória juntos.”
“Quando a gente fala em cobrança em multicanais, a grande preocupação é com o discurso,
por que todos os canais devem fazer o mesmo
discurso. Além disso, deve-se preocupar com a democratização do processo, que é a cobrança sem
intervenção humana em casos de cobranças em
situações constrangedoras. E o grande processo,
talvez o mais importante, é a integração de tecnologias, para que você possa mensurar todos os
resultados, de todos os canais, e possa encontrar
um modelo ideal de cobrança para cada situação.”
Bernardo Lustosa,
Vice-presidente de Inteligência
Estatística e Operações da ClearSale
“O Congresso Nacional da CMS tem sucesso
como o principal evento brasileiro de crédito e
cobrança pela capacidade de localizar e reunir
os melhores especialistas sobre os temas do
congresso e a ele relacionados. Mantendo o foco
principal no conteúdo passado aos participantes
do congresso, torna-se fonte de importante para
os profissionais das áreas. Na mesa redonda em
que participei (Fraudes: prepare-se para enfrentar
os fraudadores da próxima década), especialistas
e concorrentes discutiram temas relevantes para o
público evitando discursos comerciais, o que é um
grande ponto de questionamento de congressos e
feiras brasileiras.”
“Sair de nossas empresas, participar de um ambiente rico em reflexões e informações que impactarão nossos negócios no futuro, olhar
estrategicamente nossas empresas de fora para dentro e se relacionar com líderes do setor de Crédito e Cobrança formam o lastro para
a conclusão de sucesso do 10º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança da CMS. Particularmente, tive a rica experiência de participar
do Painel: GESTÃO: INPIRE-SE NOS GRANDES E MUDE A HISTÓRIA DA SUA EMPRESA NOS PRÓXIMOS 10 ANOS, onde CEOs
de importantes empresas deram exemplos de grandes transformações vividas, que certamente nos inspirarão nos nossos negócios no
futuro, sempre com uma forte visão de planejamento e melhores práticas, num ambiente de mudanças. Para colaborar, neste sentido,
apresentamos a experiência da CREDZ, uma nova bandeira e administradora de cartões de crédito, que nasceu adaptada a esses novos
tempos, onde o cartão ocupa papel importante como meio de pagamento e acesso a produtos e serviços financeiros, num cenário de
migração de classes sociais, crescimento da bancarização e mudança no comportamento dos consumidores.”
Credit Performance
Paulo de Tarso,
Sócio Fundador da Kitado
José Luiz Rossi,
Presidente da Serasa Experian
José Renato Simão Borges,
CEO da Credz Administradora de Cartões
28
Hilgo Gonçalves,
CEO da Losango
Alexandre Augusto Giórgio,
Professor da Faculdade Cásper
Líbero
“Eu acho esse encontro fundamental, especialmente por já estar no 10º ano, é sinal do sucesso
do evento, já é sinal da necessidade que o mercado tem desse tipo de atividade. Eu parabenizo
os organizadores do evento por que o mercado
precisa discutir esse assunto e é isso que faz o
mercado crescer.”
Jefferson Frauches Viana,
Presidente do IGEOC 2015/16
“Eu me sinto muito honrado por ter participado
do 10º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança porque eu participei de todos que foram
realizados até hoje. Eu aprendi muito, modifiquei
coisas dentro da minha própria empresa e também tenho certeza que também contribuí muito.
O passado foi sensacional e espero que o futuro
seja de integração total com tudo que está por
vir, inclusive com o desconhecido. Esse congresso
atualiza os líderes do mercado sobre onde devemos estar na indústria de Crédito e Cobrança”.
Luiz Junqueira,
Gerentes de Produtos Decision
Analitcs da Serasa Experian
“Eu acho fundamental trazer os profissionais
do mercado para que consigam interagir entre
si, trocar experiências, ver e acompanhar as
tendências de diferentes seguimentos que as
empresas apresentam aqui. Vemos também diferentes regiões aqui discutindo e debatendo e
trocando essa experiência.”
Ricardo Loureiro,
Expert
“Acho que as empresas de cobrança têm um mercado fantástico e há muita inadimplência, muito
dinheiro a recuperar para os credores. O mercado
é muito competitivo, há um alto nível de endividamento da população, e, evidentemente, o sucesso
dessas empresas de cobrança vai depender muito
do investimento que elas fizerem, principalmente
em conhecimento.”
Martin Roberto Glogowsky,
Diretor-presidente da Funcesp
“A educação financeira é inerente à atuação da
Funcesp. Nosso principal negócio – a previdência
– é alimentado especialmente pelo aculturamento da população brasileira para o planejamento
financeiro. Iniciativas que promovem a constituição de reservas para o futuro são fundamentais
para o fortalecimento de mercado de previdência
e para a sustentabilidade dos mercados como um
todo. O convite para apresentarmos as ações do
nosso programa de educação financeira e previdenciária, o Vida Investe, no 10º Congresso
Nacional de Crédito e Cobrança, foi uma honra
para a Funcesp e um indicador de que este tema
é sensível a todos, independentemente do setor
de atuação”.
Credit Performance
29
Com você e com cada cliente por um
NOVIDADES
Nova Diretoria composta
por ex-presidentes toma
posse no Instituto GEOC
O
Instituto GEOC, que reúne
as principais empresas de cobrança do Brasil, empossou
em janeiro sua nova diretoria
para o biênio 2015/16. Jefferson Frauches
Viana que era o diretor Administrativo e
Financeiro assumiu a presidência, substituindo Egberto Hernandes Blanco, que fica
na 1ª vice-presidência na gestão 2015/16.
Completam a diretoria: João Antonio Belizário Leme, 2° vice-presidente; Jair Lantaller, diretor Administrativo e Financeiro;
e Adilson Sil Melhado, diretor de Relações
com o Mercado. Todos os integrantes são
ex-presidente do IGEOC.
A prioridade da nova gestão é a revisão
do estatuto, transformando o regime
executivo do IGEOC para conselho de
administração. “Teremos um diretor-executivo contratado para trabalhar a frente
dos projetos e interesses do Instituto e dos
30
Credit Performance
contratantes das associadas. Atualmente,
a Diretoria tem que administrar os negócios das próprias empresas e contribuir na
gestão dos projetos do Instituto. Com a
profissionalização, o trabalho ficará ainda
mais dinâmico”, explica Jefferson Frauches Viana.
O novo presidente conta que serão feitos
ainda mais investimentos para capacitação
e graduação de profissionais que atuam
no segmento de crédito e cobrança. “Essa
sempre foi a essência do IGEOC, com
cursos de profissionalização, graduação
e MBA no setor. Iremos intensificar todas
essas iniciativas”.
O terceiro alicerce da atual gestão será
a ampliação do Dr. Débito, um portal
lançado no final do ano passado e que
localiza a dívida do consumidor, sem custo,
sem burocracia e com total segurança dos
dados. “A iniciativa foi um sucesso maior
do que poderíamos imaginar e em poucas semanas cerca de 20 mil devedores se
cadastraram para que pudessem encontrar suas dívidas, iniciar uma negociação
e voltar a ter crédito. Vamos ampliar o Dr.
Débito, com mais benefícios aos associados, aos contratantes e, principalmente,
aos consumidores”, completa o executivo.
Jefferson Frauches Viana atua há 25 anos
no segmento de crédito e cobrança nacional de internacional. Sempre esteve
presente nos principais órgãos representativos do setor, inclusive no LatinCob Associação Latinoamericana de Empresas
de Cobrança. Atualmente é CEO da Way
Back Recuperação de Créditos, uma das
associadas do IGEOC, e acionista brasileiro do TCM Group, companhia mundial
de recuperação de crédito presente em 155
países e com mais de 5 mil colaboradores.•
Facebook, chat online, whatsapp ou onde o cliente quiser!
Para nós, um feliz ano novo é aproximar as pessoas dos seus sonhos,
ajudá-las a recuperar seu crédito e construir um futuro Sempre Mais!
São Paulo: + 55 (11) 3156-5700
www.localcred.com.br
Tendências
Redes
socia
Todo mundo conhece
Facebook e Twitter.
Enquanto muitas
empresas ainda
estão aprendendo a
incorporá-las no seu
dia a dia, novas redes
sociais não param de
aparecer. O mundo
conectado gera uma
verdadeira revolução na
interação com clientes,
fazendo com que seja
imprescindível inovar
constantemente para
não ficar para trás.
para
lizar
(e prospectar)
U
ma pesquisa do Conecta Brasil
(comunidade on-line de informações da rede) apontou que
brasileiros entre 15 e 32 anos têm
perfil em aproximadamente sete redes sociais. Divulgado em 2014, o estudo mostra
que há muito mais além de Facebook e
Twitter. O ranking de acesso colocou a
rede de Mark Zuckerberg em primeiro
lugar (96%), seguida do YouTube (79%),
Skype (69%), Google+ (67%) e Twitter
(64%). Além disso, boa parte desse acesso
ocorre via smartphones. A gestão dessa
multicanalidade é o grande desafio das
empresas, que precisam integrar suas
estratégias, seja de relacionamento ou
de cobrança, considerando também o
universo online e mobile.
Durante o debate “Crédito e Cobrança:
Cenário e Expectativas para a Próxima
Década”, realizado no 10º Congresso Na-
cional de Crédito e Cobrança, promovido
pela CMS, o superintendente de Crédito
e Cobrança do Itaú-Unibanco, Mauricio
Shiniti Teramoto, resumiu em poucas palavras o gap que atormenta hoje muitas
empresas que entendem a necessidade
de trabalhar com esse nível interatividade,
mas ainda necessita de tempo e análise para
unir estratégia e efetividade. “Como atinjo
esse cliente que não atende o telefone,
mas está com Whatsapp?”, questiona o
executivo, indicando que esse deve ser o
caminho que será percorrido pelos próximos cinco anos.
E o desafio não para por aí. Atualmente,
o nascimento e a conquista de milhões de
adeptos de uma rede social ocorrem em
incrível velocidade, o que leva público e
empresas a uma mobilização constante
para estar atualizado nas redes.
Por Camila Balthazar
32
Credit Performance
Credit Performance
33
Tendências
Imagine uma ferramenta de recuperação
de crédito ágil, eletrônica e ainda com
segurança jurídica. É O PROTESTO.
VIDA ALÉM DO FACEBOOK
A revista Credit Performance listou algumas dessas redes que integram – ou integrarão – uma camada significativa da
população em rede. Algumas já são sucesso e contam com milhares de usuários – caso do Instagram que recém comemorou a marca de 300 milhões de perfis –, outras estão chegando devagarinho e têm potencial para reinventar a forma
de fazer negócios.
Instagram
Esse aplicativo já está
bastante popularizado,
mas nem todas as marcas
exploram seu potencial. A
rede social para compartilhar fotos
e vídeos permite aplicar filtros nas imagens,
que são exibidas entre os seguidores. No final
de outubro de 2014, o Instagram anunciou
que permite exibir propaganda no feed dos
usuários. Também vale ressaltar que 86%
das 500 maiores empresas do mundo têm
um perfil por lá.
Tinder
Espera-se que as empresas
de cobrança nunca utilizem
essa rede social, mas não
dá para viver nesse mundo
alheio às novidades amorosas de
hoje em dia. O aplicativo de namoros Tinder
é ligado ao Facebook e apresenta fotos de
possíveis pretendentes na timeline. A partir
daí, o usuário diz se gostou ou não gostou.
Quando os dois lados “se curtem”, o sistema
envia um alerta e o casal interessado começa
uma conversa.
Pinterest
Essa rede social foi chegando devagar e conquistando cada vez mais adeptos.
Lançado em 2009, o Pinterest
funciona como um quadro de imagens que inspiram o usuário. É possível carregar, guardar, classificar e gerenciar fotos e
vídeos (chamados de pins), que podem ser
compartilhados na página pessoal. Empresas
já estão por lá fazendo suas propagandas
e aumentando o tráfego de usuários para
seu próprio site.
Foursquare
Mais do que fazer o famoso “check in”, que informa
onde o usuário está, o aplicativo de geolocalização
funciona como um guia para
quem busca bares e restaurantes
em qualquer lugar do mundo. A maioria dos
estabelecimentos é avaliada pelos próprios
frequentadores, que também enviam fotos
do local. Agora a boa notícia: o serviço de
publicidade baseia-se na localização do
usuário. Impossível ser mais certeiro.
Line
O aplicativo japonês é um
fenômeno de usuários e
performance comercial no
país asiático. Assim como o
Whatsapp, também é possível
enviar mensagens instantâneas, mas o Line
deu alguns passos além. Há opção de realizar chamadas, publicar algo na timeline,
compartilhar conteúdo com amigos e jogar
games. É uma mistura de várias redes sociais.
LinkedIn
A rede social profissional
já tem mais de 15 milhões
de brasileiros conectados.
O sistema possibilita o networking, facilita a criação de
um currículo online, permite a busca por empregos e o desenvolvimento de carreira, bem
como ajuda a manter contato com colegas de
trabalho e empresas. Assim como acontece
nas redes sociais, os usuários compartilham
conteúdo, porém a premissa é ser relevante
sobre o mercado corporativo.
Whatsapp
Levanta a mão quem não
tem esse aplicativo instalado no celular. Com interface
semelhante ao sistema de
SMS, porém com custo zero
e utilizando a internet, o sistema permite
enviar mensagens, vídeos, fotos e áudios. As
empresas de cobrança já estão de olho nesse
canal. Afinal, diferentemente do telefone,
nesse caso o cliente lê o recado e escolhe o
melhor momento de responder.
Ello
A nova rede social tem proposta “Anti-Facebook”, ou
seja, quer deixar os usuários
livres de anúncios. Por enquanto, é preciso ter convite
para entrar – assim como aconteceu com o
Orkut no início. O layout é clean e minimalista, lembrando mais o Tumblr (plataforma
de blogging) do que o Facebook. Muitas
redes sociais nascem todos os dias, mas essa
tem tudo para virar um novo vício.
34
Credit Performance
Vine
Focado 100% nos vídeos, o
app nasceu antes da atualização do Instagram, que
agora também apresenta
essa funcionalidade. Mas o
Vine conquistou seu adeptos. A comunidade compartilha vídeos de até 6 segundos
que podem ser gravados em tempo real ou
até mesmo com uma câmera profissional e
importados para o smartphone. O aplicativo
foi comprado pelo Twitter antes mesmo de
seu lançamento oficial.
Google+
Todo mundo que tem
Gmail automaticamente
entrou para o Google+,
mas poucos realmente adotaram essa rede no dia a dia.
Os números mostram que seus usuários não
navegam no G+ mais de 2% do tempo que
passam no Facebook. Em 2014, o gigante
de buscas dedicou muitos esforços para
fazer o sistema finalmente ter sucesso. No
entanto, a maioria das pessoas ainda está
esperando para ver.
Snapchat
O aplicativo de mensagens
“autodestrutivas” virou febre
entre jovens e adolescentes.
Os usuários enviam texto,
imagens ou vídeos que são
automaticamente deletados em até dez
segundos após a visualização. Se alguém
fizer um print screen da tela, o outro lado da
conversa recebe uma notificação. É como
conversar pessoalmente: registra na memória ou esquece para sempre. O aplicativo
já está fazendo cobertura de eventos ao
vivo. É bom as empresas ficarem atentas
às oportunidades.
Garante a defesa dos interesses do consumidor, uma vez
que ele é comunicado por
correspondência com Aviso
de Recebimento (AR)
O Protesto é gratuito
para o credor
(no Estado de
São Paulo)
Índice de Recuperação
de Crédito: média de
65% em até 5 dias úteis
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
Ocorre em
aproximadamente
5 dias úteis
K
Consultas gratuitas de Protesto:
www.pesquisaprotesto.com.br
ou 11 3292-8900
Ajuda a desafogar
o Judiciário
Mais informações
Acesse: www.protesto.com.br
ou ligue 11 3242-2008
Para realizar uma consulta gratuita de Protesto, acesse:
www.pesquisaprotesto.com.br ou ligue 11 3292-8900
O procedimento
do Protesto é feito
eletronicamente
DESTAQUES
Por Cris Moraes
Educação
financeira e
crédito: de mãos
dadas pelo
futuro
36
Credit Performance
Educação financeira na concessão e na tomada
do crédito. Unir a necessidade de um negócio
responsável a um equilíbrio financeiro de cada
família. O que hoje parece uma utopia não é nada
mais que o caminho mais logico para o crescimento
sustentável e perene de toda uma indústria.
F
az apenas duas décadas que o brasileiro passou a ter estabilidade da
moeda e começou a pensar em
fazer um planejamento financeiro.
Mesmo que as novas gerações tenham
uma melhor consciência da importância
de pensar no futuro, são raros os brasileiros
que possuem educação financeira. Justamente por esse motivo, tomar crédito
ainda é uma questão tão delicada para
os consumidores, que acabam se endivi-
dando, transformando o que poderia ser
um ciclo virtuoso de crescimento em um
cenário de altos índices de inadimplência
e encolhimento da oferta de crédito.
O mercado financeiro no Brasil possui
um vasto leque de produtos dentro das
instituições que podem servir o consumidor
e o crédito é a apenas uma delas. Para que
esse mesmo cliente consuma mais, melhor
e sempre, é preciso que ele esteja prepa-
rado para arcar com as responsabilidades
no curto, médio e longo prazos. Existe
uma latente necessidade de integração
das diferentes áreas dos bancos e outras
entidades financeiras para que todos saibam a importância do papel da educação
financeira na vida dos brasileiros, a fim
de alcançar melhores resultados. Afinal
de contas, no final do dia todos vão falar
com o mesmo cliente, que pode ser aquele
que vai financiar um imóvel, adquirir uma
previdência, ter uma poupança ou tomar
um crédito pessoal.
Essa dinâmica do nosso mercado mostra a
real importância dos caminhos do crédito
e da educação financeira se cruzarem e
que setores com diferentes metas e produtos entendam a educação financeira
como parte de sua estratégia, não como
somente um item de responsabilidade
social da instituição. Ela deve fazer parte
do negócio e ser assimilada em todas as
escalas, já que reflete nos resultados e na
sustentabilidade da instituição.
Credit Performance
37
DESTAQUES
Para a gerente de Sustentabilidade do
Banco Itaú-Unibanco, Maria Eugênia
Sosa Taborda, a educação financeira
não é somente um curso de como fazer
o orçamento familiar. “Temos que oferecer
orientação financeira e falar menos dos
malefícios e mais dos benefícios de cuidar
do dinheiro”, argumentou no debate sobre
Educação Financeira e Responsabilidade
Creditícia, durante a 10ª edição do Congresso Nacional de Crédito e Cobrança,
em São Paulo. Para ela, não existem dúvidas de que se não cuidarmos de como
o cliente toma crédito, a situação pode
se tornar um problema para o banco no
futuro. “Se olharmos o ciclo de C&C, o
tema é um grande desafio para nosso
mercado”, acrescentou.
O gerente de Relacionamento Institucional da Serasa Experian, Tomás Carmona,
que moderou o debate, ressaltou que a
falta de educação financeira impacta na
economia como um todo. “Precisamos
que o tema comece a se tornar um assunto
estratégico em todos os setores. Assim
conseguiremos mudar o comportamento
das pessoas, que é a chave para o sucesso
no setor”, acrescentou. Para a gerente de
Desenvolvimento Educacional do Instituto Educacional BM&FBovespa, Christianne Bariquelli, existe muita informação, mas
os conceitos são tantos que dar o primeiro
passo se torna uma tarefa complicada. “A
indústria tem um vocabulário difícil e, na
nossa área, é ainda mais complexo. Por
isso, desenvolvemos um trabalho didático
com vídeos e experiências sobre finanças
pessoais, principalmente com crianças. É
fundamental explicar para os pequenos de
onde vem o dinheiro, bem como a causa
e consequência. Assim, quando ela for
adulta e tiver que tomar uma decisão,
conseguirá fazer o raciocínio”, defendeu
durante o evento.
“Não é a intenção do banco e do lojista que o consumidor fique endividado.
Muitas vezes falta educação básica para
calcular os juros”, observou a economista
chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Na opinião da especialista, o crédito não
é o vilão, mas grande parte das escolhas
do consumidor ainda não é saudável. “O
brasileiro tem uma relação imediatista com
o crédito. Será que é preciso entrar em
38
Credit Performance
“Temos que oferecer
orientação financeira e falar menos dos
malefícios e mais dos
benefícios de cuidar
do dinheiro”
Maria Eugênia Sosa
Taborda
Maria Eugênia Sosa Taborda
Gerente de Sustentabilidade do Banco Itaú-Unibanco
uma dívida para consumir uma roupa, por
exemplo?”, questiona Marcela. O presidente do fundo de pensão Fundação Cesp,
Martin Glogowsky, também falou sobre
o interesse das entidades de previdência
complementar em promover mais o tema
nas empresas. “Trabalhamos com um produto para o futuro, que é a aposentadoria,
mas as pessoas precisam entender que
quanto mais ela poupar hoje, mais fácil
será o futuro dela”, enfatizou.
Todos querem mais
educação
O tema é tão relevante que deixou de
ser uma responsabilidade apenas do
consumidor ir atrás do assunto e virou
uma preocupação para o setor público e
privado. Uma das iniciativas da indústria
foi a implantação do Cadastro Positivo,
que através de um histórico de compromissos e hábitos de pagamento do consumidor, permite que a concessão seja mais
assertiva e também mais vantajosa para
o bom tomador de crédito. Na maioria
dos países, o cadastro é feito por opt-out
- todos são automaticamente cadastrados
e, o consumidor que não quiser, solicita a
exclusão. O Brasil escolheu a forma opt-in
- os consumidores precisam se cadastrar
para entrar, um modelo que, na opinião
de diversos executivos, acaba adiando a
formação de uma massa crítica para melhor
aplicação dos benefícios do programa,
mas que mesmo assim é uma das grandes
apostas no setor para os próximos anos que
segue no caminho da educação creditícia.
Na esfera pública, o Governo Federal, com
apoio de entidades públicas e privadas,
criou o ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira). O objetivo é promover
a educação financeira e previdenciária,
aumentar a capacidade do cidadão para
realizar escolhas conscientes sobre a administração dos seus recursos e contribuir
para a eficiência e a solidez dos mercados
financeiro, de capitais, de seguros, de previdência e de capitalização. Ainda estão
sendo dados os primeiros passos, como
a inclusão da disciplina nas escolas, e talvez, nos próximos anos, tenhamos uma
geração mais educada e preparada para
tomar crédito com consciência.
A especialista em educação financeira
e autora de diversos livros sobre o tema,
Cássia D’Aquino, tem observado um
esforço sincero das instituições para
conscientizar os consumidores. “Agora
precisamos de mais ações inseridas na estratégia dos negócios para que se torne
algo real”, sugeriu a expert, apontando
que existem os dois lados da moeda. Do
lado do consumidor, ele deve ter ciência
do compromisso assumido, porém nem
sempre as consequências são claras. “O
tomador precisa entender que o crédito
é uma invenção maravilhosa, mas que
sempre devemos contar que tudo pode
dar muito certo, mas também que tudo
pode dar errado. Desenvolver um plano B
para alguma emergência, como perda de
emprego, por exemplo, é fundamental”,
ensina.
Segundo Cássia, as instituições também
devem ter consciência do mais elementar:
temos uma população de 75% de analfabetos funcionais. Isso quer dizer que
nem sempre as pessoas compreendem
o que estão assumindo, desde o produto
(crédito) até o contrato. Todas essas questões ficam prejudicadas pela cognição.
Adicionado a isso, temos uma população
que não era habituada a ter crédito. “Há
10 anos, algumas pessoas iriam de joelhos para Aparecida para ter um cartão
de crédito. É normal que quem nunca
comeu melado, se lambuze”, explica a
escritora, que alerta para os índices de
inadimplência dos últimos anos e também
para o superendividamento da população
de baixa renda, que foi o maior alvo de
apelo ao consumo nos últimos anos e que
deve ser o foco do trabalho dos bancos
e instituições. “É preciso cautela com a
população brasileira, além de uma visão
de longo prazo, mirando no tomador de
crédito sensato, que não traz tantos riscos
para os negócios”, alerta.
Na visão do presidente da Serasa Experian, José Luiz Rossi, que participou do
debate máster do 10º Congresso Nacional
Tomás Carmona
Gerente de Relacionamento Institucional da Serasa
Experian
Educação financeira foi um dos assuntos discutidos durante o 10º Congresso Nacional de Crédito e Cobraça.
de Crédito e Cobrança, a inadimplência
cresceu muito nos últimos anos mesmo em
uma fase de pleno emprego, ou seja, falta
educação financeira. “Nas pesquisas que
realizamos, percebemos que é muito mais
comportamento do que situação financeira. Mesmo a sociedade com informação e
educação sabe que não pagando no prazo
terá juros, mas não deixa de gastar mais
do que ganha. Esse comportamento é
igual em todas as classes. Devemos ir mais
longe e não apenas abordar manuais de
educação financeira, mas sim ajudar as
pessoas a mudarem seus hábitos e fazer
uma reeducação creditícia”, destacou
Rossi. •
EDUCRER: Crédito e educação
Na indústria de crédito
e cobrança, o assunto
tem grande relevância, desde a ponta
da concessão até
a cobrança, que
também tem um
papel fundamental ao fazer com
que um consumidor
endividado reestabeleça as pazes com o setor
financeiro e esteja apto a novamente
tomar crédito. Para aprofundar mais o
tema e ampliar o debate. A CMS realiza em 2015 o EDUCRER - Congresso
de Líderes em Educação Financeira e
Crédito Responsável. A iniciativa visa
fazer com que os caminhos do crédito e
da educação financeira sejam utilizados
de modo estratégico, contribuindo para
a sustentabilidade do mercado e dos
negócios.
Para a diretora de Desenvolvimento
Corporativo da CMS Brasil, Elane
Cortez, é preciso discutir e entender
o tema com maior profundidade, a partir
de uma agenda específica
reunindo os líderes da
indústria. “A mudança de pensamento
começa conosco.
Para que educação
financeira esteja
no cerne das decisões e estratégias da
empresa, inclusive comerciais e de resultados,
é necessários que os líderes e
tomadores de decisão estejam cientes
de sua importância. É um processo longo
mas que deve começar já, sendo que
o primeiro passo é colocar lado a lado
os executivos dessas duas pontas de
modo a discutir os gargalos de processos,
planejamentos e melhores práticas do
Brasil e de outros países. É a oportunidade de focarmos na sustentabilidade
do negócio e fazer com que o crédito
e a educação financeira, que estão em
diferentes lados da calçada, cruzem a
rua e andem juntos. Só assim vamos
construir um longo e sustentável caminho para manter a expansão do crédito
no país”, apontou.
Credit Performance
39
AGENDA & NOVIDADES
Música de espera:
padrão nunca mais
5º Fórum de Inovação
IGEOC 2015 acontece
em junho, com a
presença de convidados
internacionais
O Instituto GEOC, que reúne as principais empresas
de cobrança do Brasil, confirmou a realização do 5º Fórum de Inovação no dia 16 de junho, no Hotel Maksoud
Plaza, em São Paulo.
O evento reúne as soluções e ferramentas mais modernas e eficientes para a operação de cobrança e é
considerado um dos mais importantes do segmento.
Para 2015, o Instituto já confirmou a presença de dois
convidados internacionais, que vão apresentar palestras sobre o mercado de cobrança nos Estados Unidos
e Europa.
O Fórum de Inovação do IGEOC é um dos eventos
mais aguardados do ano no segmento de cobrança já
que oferece, num mesmo ambiente, novas tecnologias
e soluções para o aprimoramento de processos, troca
de experiências e networking. “O grande diferencial do
Algo muito marcante nos contact centers são as longas músicas de espera. Já
pensou se houvesse como mudar a canção para mesclar o conteúdo e tentar
agradar a todos os consumidores? Isso
é possível ao aderir à solução Total IP.
Entenda como!
Com a Total IP, é possível escolher diversas mídias de áudio atreladas a diferentes setores ou ramais. Para seguir esse
mecanismo é muito simples. Basta clicar
em “adicionar música”, colocar o nome,
nosso evento é o formato. Através de cases, apresentamos ferramentas de ponta nas áreas de Tecnologia,
Recursos Humanos, Qualidade e Negócios. Todos os
temas são previamente avaliados por uma comissão
formada pelos líderes do setor que trabalham nas
associadas do IGEOC. Paralelo aos cases, realizamos
Workshops na área jurídica, com convidados experien-
tes e renomados do mercado. A novidade em 2015 será
a inclusão de duas palestras internacionais”, afirma o
gerente do Instituto, Fulvio Lugli Junior.
No ano passado o evento reuniu mais de 400 participantes, todos colaboradores das associadas do IGEOC
e convidados.
Em 2015 descubra o
Brasil com a CMS!
Indicador Serasa Experian de
Inadimplência do Consumidor: Variação
Acumulada de 2014
A CMS entra em 2015 em pleno vapor. Neste ano, o grande objetivo é dar
continuidade ao projeto de expansão dos mercados no Brasil com os congressos e seminários regionais, que buscam levar uma discussão mais específica para a realidade cada região e temas mais segmentados da indústria.
O Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor encerrou o ano de
2014 com crescimento de 6,3%, na comparação com o ano anterior. Após as fortes altas em 2011 e 2012 (21,5% e 15,0%, respectivamente) e da queda de 2,0% em
2013, o índice de 2014 voltou a apresentar o mesmo ritmo de 2010, quando também
fechou o ano com aumento de 6,3% Na variação anual – dezembro de 2014 contra
o mesmo mês de 2013 – o indicador subiu 13,3%, sendo o oitavo aumento mensal
consecutivo na comparação interanual, isto é, perante o mesmo mês do ano anterior.
Segundo os economistas da Serasa Experian, apesar de o consumidor ter sido desestimulado a ampliar seus níveis de endividamento no ano passado, o aumento quase
que contínuo das taxas de juros (pressionando o custo de carregamento das dividas),
a estagnação da economia, a inflação elevada e o enfraquecimento do mercado de
trabalho contribuíram para o crescimento da inadimplência do consumidor no ano
de 2014, revertendo o recuo de 2,0% observado em 2013.
Em 2014, foram realizados quatros congressos regionais nas seguintes
capitais: Fortaleza, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador. Agora, em 2015,
a proposta dos regionais é abarcar novas cidades do Brasil, nos Congressos
Regionais de Crédito e Cobrança de regiões como Norte e Nordeste, Sul e
Sudeste. (Confira a agenda completa com as datas e sedes).
Valor médio das dívidas
O valor médio das dívidas não bancárias apresentou alta de 12,7% no acumulado do
ano de 2014, na comparação com o mesmo período do ano anterior. O valor médio
dos cheques sem fundos também teve crescimento de 7,2%. Já os valores médios
dos títulos protestados e das dívidas com os bancos registraram quedas de 0,4% e
3,3%, respectivamente.
Dezembro 2014
Em dezembro de 2014, na comparação com o mês anterior (novembro), todas as
modalidades da inadimplência do consumidor tiveram alta e fizeram com que o indicador registrasse no último mês de 2014 avanço de 4,9%. As dívidas não bancárias
(junto aos cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços
como telefonia e fornecimento de energia elétrica, água etc.) e a inadimplência com
os bancos apresentaram variações positivas de 4,8% e 3,2% e contribuíram com 2,2
p.p. e 1,5 p.p., respectivamente. Os títulos protestados e os cheques sem fundos registraram alta de 13,5% e 15,1% e contribuíram com 0,2 p.p. e 1,1 p.p., respectivamente.
40
Credit Performance
Mais informações no site: www.cmspeople.com
CALENDÁRIO DE EVENTOS CMS 2015:
1º Congreso Nacional de Microcréditos
23 de Abril de 2015 | Espanha | Madrid
3º Congresso Regional de Crédito Norte e Nordeste
Abril de 2015 | Brasil | Recife
2º Congresso Regional de Crédito Sul
Maio de 2015 | Brasil | Porto Alegre
“Nossa proposta é trazer o máximo de
opções para o cliente potencializar o seu
setor de atendimento ao consumidor. E
estamos abertos a novas sugestões!”,
explica Ariane Abreu, Diretora Comercial da Total IP.
Outras opções para inovar e ser diferente da concorrência incluem PABX e
DAC, Integrações, Relatórios, Discadores e Campanhas, Gravação de Voz e
Tela, Gestão de Monitoria, Bilhetador
e Tarifador.
Grupo Renac otimiza processos de
recuperação de crédito com SAS
O Grupo Renac, especializado em
recuperação de crédito, investiu em
tecnologias do SAS, provedor de soluções de análise avançada de dados, para
otimizar o fluxo de informações na área
de Controladoria, Control Desk e Manegement Information System (MIS).
Devido ao alto tráfego de dados, o processamento e tratamento informações
demandava muito tempo à companhia. Para gerenciar esses processos,
foram adotadas as soluções SAS Visual
Analytics e o SAS Office Analytics, que
permitiram a centralização do monitoramento de operações envolvidas na quitação de dívidas, possibilitando a tomada de decisões de forma mais assertiva
O tempo necessário para disponibilizar os resultados gerenciais na área de
Controladoria foi reduzido de quatro
dias para 15 minutos com o apoio do
SAS Visual Analytics. “Isso reduziu em
Além dos congressos, serão realizados novos Seminários no Rio de Janeiro,
Curitiba, Fortaleza e São Paulo, que também recebe pelo 11º ano o maior e
mais importante evento da indústria na América Latina: Congresso Nacional
de Crédito e Cobrança.
Outra ponto forte da agenda da CMS em 2015 é o EDUCRER - Congresso
de Líderes em Educação Financeira e Crédito Responsável, que vai reunir
em um grande fórum de discussões os tomadores de decisão responsáveis
pela estratégia de educação financeira e ciclo de crédito de modo que esses
dois mundos possam se unir em benefício da sustentabilidade do negócio.
alguma descrição do arquivo e selecionar o documento no padrão de formato.
Posteriormente, o gestor pode escolher quais canais terão determinadas
canções. Por exemplo: se a ligação for
destinada ao setor administrativo de
uma empresa, após a URA, poderá tocar um determinado ritmo. Se a chamada for para o financeiro, outro som será
executado.
cerca de 15% os nossos custos ligados a
mão de obra e processos”, acrescentou
o diretor do Grupo Renac, Alexandre
Hernandes, em nota.
Já as rotinas das áreas de Control Desk e
MIS do grupo, por sua vez, foram otimizadas por meio do SAS Office Analytics.
Segundo o executivo, o grande desafio
estava na remodelagem dessas áreas,
que juntas possuem 1.800 profissionais.
“Se algum profissional deixasse a em-
presa levava o conhecimento adquirido. Agora, centralizamos todas essas
informações com as soluções analíticas
do SAS e elas se tornaram vitais para o
dia-a-dia do nosso negócio”, detalha.
Até o final do ano, o Grupo Renaca
pretende utilizar o SAS Enterprise Mineraté para analisar o grande volume de
dados das carteiras de crédito e tomar
decisões estratégicas com maior assertividade para cada cliente.
PH3A inova no setor de cobrança e
propõe acordo online de dívidas
A PH3A, software house brasileira com atuação nos
segmentos de Cobrança e DBM/CRM, anuncia o lançamento da ferramenta que promete movimentar o
mercado de recuperação de crédito, o DataPact.
Trata-se de uma plataforma de negociação online, na
qual o cliente pode fazer um acordo para pagar suas
dívidas sem a necessidade de intervenção humana. A
ferramenta pode ser utilizada por qualquer empresa
que deseja aprimorar sua área de cobrança e é totalmente integrada ao sistema da contratante.
O objetivo da PH3A é reduzir os custos das companhias na área da cobrança, uma vez que a solução é
web e não tem despesas com funcionários, e ainda
agregar valor ao ambiente operacional da empresa que
optou por esse serviço.
O lançamento é considerado uma inovação no segmento de recuperação de crédito, em sintonia com
os avanços das relações no universo virtual. “Aproveitamos este momento de massificação da internet e
estamos propondo mais um canal para cobrança de
dívidas, representando uma nova forma para reaver
o dinheiro não recuperado”, disse Paulo César Costa,
CEO da PH3A.
Dentre os benefícios da ferramenta, vale destacar a
privacidade das pessoas, flexibilidade nas negociações,
aprofundar o conhecimento no cliente e o baixo custo
operacional.
do com as determinações de cobrador, oferece várias
possibilidades para um acordo, como por exemplo, a
escolha da data de vencimento, o número de parcelas
no acordo, desconto para determinado prazo, pagamento de uma entrada e parcelamento do restante,
quitação no boleto ou cartão de crédito, entre outras.
A plataforma online possui dois módulos, um voltado
para o cliente, que pode simular condições e quitar
sua dívida, e outro com foco nas empresas, para que
definam os parâmetros financeiros, regras para negociações, seleção de clientes e acompanhamento dos
acordos.
A pessoa que vai renegociar uma dívida recebe todas
as orientações de como proceder e ainda pode simular
as melhores formas de pagamento. O sistema, de acor-
Credit Performance
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Pelo Mundo
Por Camila Balthazar
Fotos: Andréa Rego Barros
Uma boa
viagem, visse?
Recife tem muito frevo e maracatu e também dá um banho de história, arquitetura, praias maravilhosas,
gastronomia de primeira e um povo pra lá de hospitaleiro. Durante o 3º Congresso Regional Norte e
Nordeste de Crédito e Cobrança, os principais líderes da indústria discutirão o mercado em uma das
capitais mais vibrantes do Brasil.
O
s oito quilômetros da orla de
Boa Viagem com quiosques,
ciclovia e pista de cooper dão
as boas-vindas para o turista
que desembarca no Aeroporto Internacional do Recife, localizado a apenas três
quilômetros da praia. Em 2015, a capital
pernambucana sediará pela primeira vez
o Congresso Regional Norte e Nordeste
de Crédito e Cobrança, realizado pela
CMS. Ao som de muito frevo e maracatu,
não faltarão opções de passeios para os
executivos que buscam saber mais sobre
a cidade, que já passou pelo domínio holandês, tem influência africana e indígena
e abriga a primeira sinagoga judaica das
Américas.
Protegida pelos recifes de corais, que inclusive nomeiam a cidade, a capital exibe
um mar esverdeado de água clara e morna, sendo possível avistar as piscinas naturais durante a maré baixa. Essa é a barreira
natural que separa banhistas e surfistas do
mar aberto. Desde os anos de 1990, as
praias metropolitanas ficaram conhecidas
pelos ataques de tubarões, levando os turistas a visitarem os balneários vizinhos em
busca de um bom mergulho de snorkel ou
cilindro, disponível em Porto de Galinhas,
Carneiros e até mesmo na alagoana Maragogi, localizada a apenas duas horas de
Recife, mas com a segunda melhor visibilidade do Brasil, perdendo apenas para
Fernando de Noronha.
Antes de explorar o mundo embaixo
d’água, o dia começa na orla da capital
pernambucana e segue para os arredores do Recife Antigo, também conhecido
como Centro Histórico. Há quase cinco
séculos, passado e presente se mesclam
nessa região, onde muito está gravado
nos casarões e praças. O tradicional porto,
situado ao lado do Marco Zero e responsável pelo surgimento do bairro, recebeu
42
Credit Performance
uma grande novidade em outubro de
2014. Após a reforma de dois armazéns
e seguindo o conceito de projeto como
o Puerto Madero, em Buenos Aires, e a
Estação das Docas, em Belém, o local ganhou um espaço gastronômico batizado
de Armazéns do Porto. Outros pontos
recifenses que merecem uma visita são
a Casa-Museu Magdalena e Gilberto
Freyre, onde o escritor viveu por mais de
40 anos, o Forte das Cinco Pontas e o
Forte do Brum, além da Sinagoga Kahal
Zur Israel.
A vizinha Olinda, que fica a apenas 15
minutos do Recife, é praticamente um
anexo da capital e não pode ficar fora do
roteiro. Pelas ladeiras de paralelepípedo,
as fachadas coloridas dos casarios dos séculos 18 e 19 dividem espaço com ateliês
de artesanato, restaurantes típicos e monumentos históricos, como o Mosteiro de
São Bento, o Convento de São Francisco,
o Alto da Sé e a Igreja da Sé, que tem uma
das melhores vistas da cidade. Inclusive, é
ao redor da igreja que as tapioqueiras se
reúnem todos os dias, perto do horário
do pôr-do-sol, para armar suas barracas
recheadas dessa iguaria tipicamente brasileira.
Sombra e água fresca
O ritmo é de tranquilidade no balneário de
Porto de Galinhas, praia que fica a apenas
70 quilômetros do Recife. A vila de 60 mil
habitantes oferece uma ótima rede hoteleira,
gastronomia de ponta e um cenário paradisíaco
com águas transparentes, recifes e peixes coloridos. Passeios de jangada, buggy, mergulho e
esportes aquáticos ocupam o dia que termina
com uma caminhada pelo calçadão do centrinho. Se for programar um bate-volta, consulte
a tábua de marés antes. Afinal, é na maré baixa
que as piscinas naturais aparecem. Quem
puder estender a estadia, pode aproveitar um
dos resorts mais luxuosos do Brasil: o Nannai
Resort & Spa. Localizado na praia de Muro
Alto, são 12 hectares para te fazer esquecer a
vida lá fora.
Sofisticação e Luxo
Homem
ao mar
P
oucas atividades exercem tanto
fascínio sobre os homens quanto
estar em alto mar. Há quem diga
até que o mar é mais estável do que
o ambiente terrestre, pela constância de seu
ar misterioso. Essa busca por liberdade e
aventura leva muitos a fazer da navegação
muito mais do que um hobby. Vira uma paixão
e um verdadeiro lifestyle, seja pilotando ou
apenas apreciando águas desconhecidas.
Prova de que o mercado náutico está em
expansão no Brasil é que São Paulo recebe o
maior salão náutico indoor da América Latina,
o São Paulo Boat Show, que já está em sua
17ª edição. O evento reuniu 50 estaleiros que
apresentaram mais de 200 barcos diferentes,
incluindo modelos de luxuosos iates e barcos
de marcas famosas como a Intermarine, um
dos mais importantes estaleiros do Brasil, e o
grupo italiano Azimut, considerado um dos
maiores fabricantes de iates a motor de luxo
no mundo. O investimento mínimo para se
ter uma lancha pequena de 20 pés começa
entre 30 e 40 mil reais, chegando até a casa
dos milhões dependendo do tamanho, marca
e personalizações.
44
Credit Performance
O fascínio pelo alto mar é um dos
hobbies mais sofisticados entre
executivos aventureiros e gerou um
boom no crescimento do mercado
náutico no Brasil.
Além de motor potente e design externo
diferenciado, os donos de barcos também
têm uma preocupação extra com a decoração do interior, que pode ser customizada
para se tornar um verdadeiro “lar náutico”.
O badalado designer Jeff Koons e o famoso
estilista Giorgio Armani são alguns nomes
que emprestaram seu talento para transformar completamente iates superluxuosos. Já
Zaha Hadid, arquiteta vencedora do prêmio
Pritzker, considerado o Oscar da arquitetura,
foi além ao desenhar um modelo de luxo
para ser produzido pela marca Shoreteam.
A Z Boat, como foi nomeada a lancha, tem
desenho assimétrico e escultural. “A ideia é
pensar em embarcações como expressões
altamente individualistas das artes, arquitetura e design”, declarou Hadid.
O empresário e presidente da Localcred,
Adilson Melhado, faz parte de um seleto
grupo de pilotos e navegantes. Sua história
com o mar começou há mais de 15 anos,
quando saiu para pescar com a família em
um barco de 22 pés e se encantou pelo mundo náutico. “De lá pra cá, já tive 11 barcos.
Por Erika Cerutti
Comecei com um de 22 pés, que foi uma
verdadeira emoção e um novo desafio, e
atualmente tenho uma Intermarine de 60
pés. Fiz vários cursos, aprendi a pilotar e fui
me aprofundando nesse mundo. Hoje em
dia faz parte do meu cotidiano. Vou todos
os finais de semana até a marina, olhar se
está tudo em ordem e, obviamente, dar uma
volta de barco”, conta.
Para quem não tem o hábito de navegar,
Adilson recomenda o trajeto entre Guarujá
e Angra dos Reis. “Esse é o passeio que mais
amo. O contraste entre o mar e a serra é
realmente fabuloso. Você vai parando em
Ilha Bela, Ubatuba e Paraty. Toda essa região
é maravilhosa e tem uma estrutura náutica
boa, o que é muito importante”, completa Melhado. O presidente da Localcred
é fascinado pelo misto de sensações que
o mar provoca, uma combinação entre a
tranquilidade e a beleza de estar no meio
da natureza com o medo do desconhecido
e da grandeza do mar.
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