André Manz: "As pessoas têm uma maior consciência

Transcrição

André Manz: "As pessoas têm uma maior consciência
André Manz: "As pessoas têm uma maior consciência da necessidade de exercício físico" - Dinheiro Vivo
12/12/04 13:04
Versão para impressão
André Manz: "As pessoas têm uma maior consciência da necessidade de
exercício físico"
O fundador da empresa de formação em fitness Manz detesta a conversa da crise e está confiante no mercado
Ana Rita Guerra | 26/11/2012 | 17:51
André Manz, fundador da empresa de formação em fitness Manz, considera que há mais oportunidade que crise no mercado do
exercício físico. A empresa, que também organiza eventos e produz vinho - ManzWine - tem uma das convenções anuais mais
importantes da Europa no mercado.
Durante a convenção 2012, que decorreu este fim de semana em Aveiro, André Manz explicou ao Dinheiro Vivo o que pensa do momento que se vive
no fitness em Portugal.
Foi possível manter o investimento dos profissionais e expositores na convenção, em momento de crise nos ginásios?
A crise é um pouco relativa. Anda no ar, existe, principalmente para quem está desempregado. Em algumas áreas de negócio o consumo baixou, porque
o poder de compra das pessoas baixou. O desemprego aumentou bastante mas na cabeça das pessoas existe um grande pessimismo que tem feito recuar
bastante o consumo.
Como contornaram isso?
Para superarmos esta situação de pessimismo tentámos passar o máximo de positivismo às pessoas. Queremos fazer com que tenham aqui uma válvula
de escape e encontrem energia para superar as próximas dificuldades. Tivemos que duplicar o nosso trabalho para poder manter o mesmo número de
participantes do evento. Superámos um pouco 2011, por causa da vinda de um grande número de espanhóis este ano.
Quantas pessoas vieram?
Temos perto de 3000 inscritos na convenção. Tivemos que trabalhar mais que nos anos anteriores para motivar e vender, mas principalmente para
tentar esquecer por alguns momentos o pessimismo. É só notícias más. Eu estou há um ano e três meses sem ler jornais, (principalmente desportivos
porque sou sportinguista), sem ouvir rádio e sem ver televisão. Só tomei conhecimento que o Steve Jobs tinha morrido há três semanas num jantar. Se
entramos neste ciclo do pessimismo isso acaba por se reflectir nos nossos negócios.
No entanto, a feira parece ter menos expositores.
Não há menos expositores, a área de exposição até aumentou ligeiramente. Eles diminuíram foi a compra dos metros quadrados. Tiveram que se
adaptar. E isso eu acho normal, porque o consumo estava absurdo. Agora você vai e compra o que realmente vai consumir.
Mas isso não está a prejudicar a prática do exercício físico, por haver menos rendimento disponível?
Há ginásios a fechar e ginásios a abrir. O nosso departamento de Les Mills, que vende os programas tipo Body Combat, é o único que vai alcançar o
'target' no final do ano. Tanto em vendas, que aumentaram, como pela redução de cancelamentos. É verdade que houve muitos cancelamentos, que os
mais fracos não sobreviveram com a crise e as dificuldades financeiras. Mas abriram novos ginásios, outros adaptaram-se. Tiveram de fazer novas
políticas de preço, tiveram de ser mais criativos para atraírem mais consumidores. As pessoas têm uma maior consciência da necessidade de exercício
físico.
Então porque é que Portugal continua a ter uma taxa muito baixa de exercício físico?
A prática é muito baixa mas tem aumentado significativamente. Aí está uma oportunidade, ser baixa significa que há muitos consumidores que
podemos atrair para os nossos ginásios. É isso que está a ser feito. Antigamente você recebia folhetos no correio para ir ao ginásio. Hoje em dia os
consultores batem-lhe à porta de casa. A realidade mudou, temos de ir buscar as pessoas a casa e mostrar o quão importante é fazer exercício. O que
você prefere, aumentar o consumo de remédios, ou com exercício ter uma vida mais saudável? As pessoas falam cada vez mais em bons hábitos
alimentares. E toda a parte social que um ginásio pode proporcionar. Hoje com as rede sociais e a internet, reduzimos a vida social cara a cara e o
ginásio é um grande refúgio, onde você pode fazer amizades, onde pode conviver, onde pode marcar um encontro. O ginásio tem outras vertentes e
outros artifícios que podem atrair o consumidor.
Tiveram de fazer ajuste de preços?
Mantivemos o mesmo preço do ano passado. Criámos foi mais motivação naquilo que iríamos apresentar aqui. Houve um maior esforço. Há alguns anos
mandávamos um folheto para a casa das pessoas e ficávamos à espera, porque era natural que se inscrevessem para a convenção. Hoje não. Coloquei
mais consultores na rua, foram aos ginásios conversar com os instrutores, tentar motivá-los, fazer parcerias com empresas de média, para poderem
comunicar mais. Eu estava apreensivo, com medo de este ano haver redução, e por isso recorri ao país vizinho. Comecei a fazer comunicação e acordos
com universidades em Espanha.
Quantos espanhóis trouxeram?
Só da Universidade de Toledo vieram 100 estudantes. Correu bem. Aumentámos ligeiramente o número de inscritos na convenção graças a esse esforço.
Como mantêm o interesse na convenção, visto que este tipo de eventos na Europa está a perder participantes?
Andamos contra a corrente. Na Europa as convenções começaram a diminuir em termos de público, nós aqui não parámos de inovar. Tentamos sempre
todos os anos ter aulas diferentes, programas diferentes, inovar (dentro das nossas possibilidades) os espetáculos que temos na feira. Aqui é um ponto
de encontro, já está no calendário dos professores. É o lugar onde têm de vir, onde terão as informações de todas as tendências que acontecem no
mundo. Temos oradores dos Estados Unidos, Reino Unido, Japão. Aqui sabe-se qual o caminho que o mercado vai levar no próximo ano. Mais que tudo,
é a grande máquina impulsionadora do resto do mercado. É aqui que vêm buscar energia e motivação para continuar. É uma prova que tento dar aos
donos de ginásio: isto é possível. Se eu enchi esta casa, vocês também têm possibilidade.
Que tipo de preocupações tem ouvido dos donos dos ginásios?
Estão mais apreensivos. Nunca sabemos como vamos acordar. O conselho que dou é que se tentem concentrar mais no trabalho e encarar menos o
pessimismo. Não se tentem enquadrar num determinado jogo. É traçar o nosso próprio jogo, a nossa meta para o ano, e as coisas acabam por funcionar.
Os ginásios low cost vieram dar um novo fôlego ao mercado?
Sim, é um exemplo. O caso do Fitness Hut é de sucesso. Conversei com o CEO há pouco tempo e está feliz. Descobriu uma grande receita em termos de
negócio, tem um caminho, está focado, vai abrir novos clubes ao longo do ano. Não sabe o que é crise.
Mas pelo contrário, a Associação de Ginásio e Academias traça um cenário negro.
É uma tendência pessimista, que não leva a absolutamente nada. Vai fazer com que os proprietários acabem por desistir. As associações deviam estar
mais preocupadas em motivar as pessoas e dizer "vamos em frente" do que chorar o leite derramado. Não adianta reclamar o que os políticos fizeram.
Temos que andar em frente, as coisas não páram.
É importante manter esta inovação nas máquinas, nos equipamentos, nas aulas?
O mercado internacional está atento à inovação. É um mercado em plano desenvolvimento. Não só relativamente às máquinas, a todos os métodos de
treino, os pequenos acessórios de treino, a volta da utilização do próprio corpo na ginástica, o personal trainer, o treino funcional. As aulas Les Mills não
páram: lançámos duas novas modalidades este ano, no próximo ano temos mais algumas. As pessoas cada vez mais procuram experiências. O
importante é que se mexam. Essa inovação náo para. Internacionalmente, o mercado está muito aceso.Tenho de estar preocupado em trazer coisas
novas para cá, e elas aparecem. Já tenho coisas novas para o próximo ano, já estamos a trabalhar na convenção de 2013. As pessoas têm que parar com
essa conversa de pessimismo. Quem fala nisso anda para trás e vai ficar com uma nuvem negra em cima da cabeça.
http://www.dinheirovivo.pt/Imprimir/CIECO073705.html
Página 1 de 2