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Nicole e Dione na Chapada Diamantina - BA
Transporte da Cabana à
Sede do Parque
Família Ribeiro, em sua casa, no Grajaú.
Sede do Clube por 10 anos
Visita do Caliano ao CEG
ATM 2009 - confraternização dos sócios e amigos na barraca do CEG e entrega de certificado aos homenageados
Maio/2009 - 100 exemplares - Boletim Informativo
IMPRESSO
CEG
Mural CEG
Leia nesta edição: Feriadão em Salinão
Na casa do Dacran
www.guanabara.org.br
programação
D A TA
Via / Local
Graduação
Guia
2
Chaminé Ely / Pedra da Gávea
Caminhada semi pesada
9
Face Sudoeste / Alto Mourão
- Itacoatiara
Escalada 5º
9
Caminhada no Tucum
Itacoatiara, Niterói
9
Alto Mourão - Concentração
/ Itacoatiara
16
Caminhada ao Papudo / PNSO
Caminhada Média
(9 horas ida e volta)
Roberto Schmidt
16
Travessia Petrópolis-Teresópolis
- ATM 2009 / PNSO
Caminhada Pesada
Waldecy
Escalada 3o. grau
(aderência)
Ivan e Trindade
23
30
Paredão Unicec /
Morro Dona Marta
Flavinho
DT
Caminhada Leve com rampa Roberto Schmidt
em rocha
Caminhada Leve
Excursão Comemorativa 50 anos / Ilha Grande
Paulo Reichel
(Padilha)/ Ivan
Diretoria
Os locais e horários de encontro são combinados nas quintas-feiras anteriores às excursões.
Procure o guia responsável nas reuniões sociais, ou ligue para o clube quinta-feira à noite: Tel.: 3285-8653
fique por dentro
Quando os amigos se encontram
Para dar continuidade às comemorações do cinquentenário do Centro Excursionista
Guanabara, nos dias 29, 30 e 31 de maio, o CEG irá invadir a Ilha Grande.
Todo o esquema está completamente planejado pela nossa fundadora Suelly Ribeiro.
Os interessados devem procurá-la no clube ou pelo email: [email protected]
Os grupos ficarão na Pousada Armação dos Anjos ou no acampamento Santana´s
Camping. Está sendo estimado o valor de R$ 150,00 para quem ficar na pousada
(transporte Rio-Mangaratiba-Rio + hospedagem) e R$ 75,00 para os adeptos do
camping (idem). No domingo, a volta será feita em barco ou saveiro que levará os
guanabarinos para conhecer (ou recordar) as maravilhas da Ilha Grande (valor não
incluso na taxa acima), com paradas em praias paradisíacas e retorno previsto às 14
horas para Mangaratiba.
Aproveitem. Ainda há vagas!
Prazo para inscrição: até 14 de maio (depósito para pousada e camping)
Mais informações: Suelly Ribeiro - 8890-9098
2
MAIO/2009
aniversariantes do mês
aniversariantes do mês
1 Garibaldi Nascimento
1 Guido D Anna e Sant Anna
1 Sandro de Magalhães Branquinho
2 Marcos Aurélio Rodrigues Corrêa
3 Antonio Duarte
3 Janete Rosa
3 Jorgina Rosete Teixeira
3 Maria Santana de Brito
4 Fernando Sequeira Irumé
4 Luis Carlos Ferreira
4 Vinícius Samu de Figueiredo
5 André Victor Alvarenga
5 Emmanuel Madei Martins
5 Fátima Cristina do A. Magalhães
5 Ingrid de Souza Carvalho
5 José Tobias de Souza Junior
5 Marcelo Eugenio de Almeida
6 Aloisio Oliveira da Silva
6 Renato de Magalhães Souto
7 Gracia Almeida Francisco
8 Luciano Cardinali Pereira
9 Clézio da Cruz Kleske
9 Rafael Lourenço Cintra
10 Fernando Augusto Abrantes
10 Raul de Oliveira Guanabara
12 Carlos Manuel B. do Souto
12 Francisco Alberto dos Santos Rios
12 Luiz Carlos Lourenço
12 Lygia Costa de Menezes
12 Maria de Nazaré Costa Rego
12 Paulo de Oliveira Cavalcanti
15 Marcelo Marques Braga
15 Naura dos Santos Americano
16 Augusta Leite Campos
16 Guilherme Loja Kropf
16 Mário de Araujo Mota Junior
17 Carlos Alberto da Costa
17 Claudio Eduardo B. de Oliveira
17 Cristiane de Castro de Carvalho
17 Francisco de Assis S. M. Junior
17 Marcílio Dias Gomes Teixeira
17 Maricelio Pedro de Souza
17 Mario Augusto Santos Oliveira
18 Alex da Silva Santos
18 Dione de Aquino
18 Maria Célia Fernandes S. Sabbas
18 Maria Cristina F. Pinto
19 Enaura Vieira de Azevedo
19 Marcelo C. Bossan
20 Denise Lyra
20 Marinês Antunes Pereira
20 Renato Bacellar
20 Roberto Groba Oliveira
20 Ulisses Lima de Mello
21
21
22
22
22
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25
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28
28
29
29
30
30
30
30
31
31
31
Seblen Mantovani
Sid Roberto Villar
Cláudia Regina P. Q.Monteiro
Gustavo Barbosa Montenegro
Paulo Roberto G. de Uzêda
Frederico José Vieira Rangel
Gilson Guimarães Chades
Elaine Martins Ribeiro
Daniela Mendes Lessa
Marcus Rocha Marques
Neuza Vieira de Azevedo
Ricardo Sigaud
Walter G. da Silva Filho
Ana Maria Machado
Celina Mannarino
Gislane Sabino da Costa
Sidnei Palatnik
Flávio de Anchieta Cordeiro
Manoel Bernardo N. Vieira
Eugênio Sousa
Maria Inês Pio Gomes
Fátima Ramalho Duarte
Rodolpho Ayres Pajuaba
Antônio Maciel B. Machado
Edna Maria Lousada Câmara
Francesco Antonio Castagnard
Jeronymo Monteiro de Sá
Divaldo Augusto S. Amorim
Elza Guimarães França Bahia
Mário do Carmo Senna
Tabela de PPreços
reços
Mensalidade*:
Mensalidade - casal*:
Matrícula ou Descongelamento:
Curso Básico de Montanhismo:
Curso Avançado de Escalada:
Expediente
Diretoria
P r e s i d e n t e Flavio Peixoto
Vice Presidente Roberto Schmidt
Te s o u r e i r o Luiz Alberto Correia
Secretaria Geral Ana Lúcia Andrade
Raphael Gouy
Diretor Técnico Boris Flegr
Diretor Social Dione Conde
Nicole Ingouville
Dir
Dir.. Meio Ambiente Francisco Saraiva
Diretor Divulgação Carla Vieira
Conselho Fiscal
Efetivo Carlos Trindade
José Emiliano Starosky
José Ivan Azevedo
Suplente Irini Petro
Rodolfo Campos
Suelly Ribeiro
Colaboraram nesta edição:
Textos: Aline Almeida, Cláudio Oliveira,
Nicole Ingouville, Roberto Schmidt, Seblen
Mantovani e Suelly Ribeiro
Fotos: Nicole Ingouville e Suelly Ribeiro
Edição e Diagramação:
Carla Vieira
Reuniões Sociais do CEG
Todas as quintas-feiras, a partir das 19h.
R$ 20,00
R$ 33,00
R$ 60,00
R$ 450,00
R$ 240,00
*Veja no clube, preços especiais para anuidade
Caso queira contribuir com esse boletim,
envie seus artigos, notícias, comentários e sugestões
ashington LLuiz,
uiz, 9 - cobertura para R ua W
Washington
Rio de Janeiro - RJ - Cep 20230-020 ou
por e-mail: [email protected]
Tel.: 3285-8653
As matérias aqui publicadas não representam
necessariamente a posição oficial do Centro
Excursionista Guanabara. Ressaltamos
que o boletim é um espaço aberto àqueles
que queiram contribuir.
11
www.guanabara.org.br
em prática. “Vai escurecer. Temos que ser
eficientes.”. Não há tempo para fazer doce
ou hesitar; para chegar tem que escalar,
sem cessar. Contínuo. Ritmado. Ritmo
animado. Cercados da rijeza e da beleza
de um reinado, o da pedra, que impõe e
que alenta.
E assim seguiram com êxito as cordadas
dos iniciados: Alfa com o guia Boris; Batman
MAIO/2009
com o guia Carlos (Xuxu).
Via: Face Leste do Pico Maior, 700m 5° V A0 D4 E3
Data: 10/04/2009 (Semana Santa –
Excursão do CEG à Região dos Três Picos Nova Friburgo - RJ)
editorial
A ATM DO RIO NO FINAL DE ABRIL E
A ATM DE TERESÓPOLIS EM 16 DE MAIO
Aline Almeida (Alfa) e
Cláudio Oliveira (Batman)
história do Guanabara
“Soube do Guanabara (na época Jiló)
pelo Haroldo de Souza (sócio fundador
nº 10), Meu colega no curso científico.
Comecei, salvo engano, numa excursão
ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos
- Teresópolis, em nov/1958, em que
ficamos no Abrigo Dois, quando
escalamos o Nariz do Frade). Entrei para
sócio do Guanabara, pois adorei o
ambiente familiar do grupo; eu tinha 22
anos”, essas foram as primeiras respostas
do sócio fundador nº 17, Raul
Fernandes de Oliveira e Cunha
Cunha,
sobre seu início no Guanabara.
Representante dos sócios nos anos 59/
60, junto com o irmão Fernando (matr.
19) e outros sócios, fundou o “Clube dos
Lindos” somente de “bolinha” e a revista
“O Lindóia”, de fofocas e outros
divertimentos mais - editada até os anos
80. Jornalista, teve colunas sobre
“montanhismo / excursionismo” em vários
jornais de grande circulação na cidade,
naquela época.
Após várias excursões, Raul passou a
participar, juntamente com o Idalício e o
Bandeira, do Programa “Mais Perto do
Céu”, da professora Odete Toledo, às
segundas-feiras, das 20 às 21 horas, na
10
Rádio Roquete Pinto e a redigir a coluna
“Diário Excursionista” no “Diário de
Notícias” e no “Diário Carioca”, passando
à condição de Jornalista. Ainda possui
muitos recortes desses artigos dos jornais
em sua antiga residência, no Grajaú, como
também várias fitas de gravações de
reuniões e festas nos anos 60.
“Nunca devemos esquecer que a
harmonia e a familiaridade que existia no
passado nos foram plantadas e transmitidas
pela Família Ribeiro. Quero dizer também
que foi no Guanabara que tomei gosto por
excursionar pelo Brasil, Paraguai, Argentina
e duas vezes à Europa. Também foram
importantes, para mim, a escalada ao Dedo
de Deus e ter guiado o grupo que, na noite
de 20 para 21 de abril de 1960, subiu à
pedra do Perdido do Andaraí (erroneamente
chamada de Pico do Papagaio), soltando
fogos, à meia-noite, para saudar e
comemorar o nascimento do Estado da
Guanabara, que deu nome ao nosso Grupo
do Jiló”, enfatiza.
“Aproveitem o convívio do Clube, onde
já brotaram inúmeras famílias e muitos
guanabarinhozinhos, pois todos não
devem esquecer que ‘A natureza é o nosso
guia’”, aconselha Raul
Se o mês de abril prometeu e cumpriu
em termos de clima mais ameno e repleto
de feriados, incluindo aí uma Semana Santa
em Três Picos/Salinas para ninguém botar
defeito, foram testemunhadas performances
invejáveis de nossos escaladores, tanto guias
como participantes. Os exemplos de
superação de Aline (Alfacinha), Batman,
Jorge, Emiliano, Dione, Nicole, Elizete que,
juntamente com Boris, Xuxu, Play, Ricardo
Penna, Flavinho, Ivan, Waldecy, fizeram
algumas vias e caminhadas no conjunto do
Pico Maior, Médio, Menor e Capacete.
No campo das orgias gastronômicas, o
Abrigo República Três Picos do Mascarins
foi palco de uma das mais lautas festas de
queijos e vinhos que se tem notícia na área.
A quantidade de vinhos, queijos,
cachaças, licores, frutas, ovos de chocolate,
Colombas (panetone de Páscoa) foi
monumental, tanto que deu para fazer duas
festas noturnas (de sexta para sábado e de
sábado para domingo).
No dia 26 a nossa ATM Rio aconteceu
(apesar de quase ser abortada pelo “choque
de ordem”). Foi salva pela persistência do
“eterno organizador” Waldecy e pela força
política do André Ilha, que conseguiram tirar
da tomada o “choque”.
As duas barracas do CEG, como
sempre, reforçadas com um estoque de 400
latas de suco de cevada e uma tonelada de
hot dogs marcaram presença, também,
pelos banners com fotos alusivas aos 50
anos de existência e pelas homenagens feitas
aos clubes co-irmãos e pessoas que
auxiliaram o CEG nesses 50 anos.
Para maio (16) teremos a ATM de
Teresópolis, com o CEG participando de duas
atividades. Waldecy guiando uma travessia
Petrô-Terê em 10 horas, para os que estiverem
com suas condições “físico-psicotópricas” em
alta conta e uma ao Papudo, para os demais
mortais, guiada por mim.
No mais, as atividades do nosso CBM I
e as do CAE estão em fase de término com
os alunos motivados e com fome de pedra!
Boa temporada para todos!
Roberto Schmidt
3
artigo
www.guanabara.org.br
MAIO/2009
artigo
NA CASA DO DACRAN: UMA VIAGEM ÀS MEMÓRIAS ESQUECIDAS
Por ocasião da festa do cinqüentenário
do CEG, o casal Dacran/Rosa combinou
com a Suelly marcar um encontro jurásico
com a “Velha Guarda” do CEG em sua
residência em Albuquerque, Teresópolis.
Infelizmente o dia chocou-se com a
excursão do Rafting do Trindade no
Paraibuna, mas as recordações falaram
mais alto e eu telefonei para o Dacran
confirmando minha ida e solicitando que
ele disponibilizasse algumas fotos que ele
havia digitalizado. São fotos do final dos
anos 60 e início dos 70. Na ocasião eu
levaria para ele um CD de fotos que o filho
da Laize havia digitalizado e que ela me
enviou em 2007.
Como sempre, Suelly montou um
esquema super confortável para a viagem,
com uma Van de primeira linha e um
motorista super solícito.
Após algumas peripécias de desencontros
e atrasos a “Caravana Rolidey” chegou em
Albuquerque e iniciamos os trabalhos de
beberagem e de recordações. Beberagem,
por conta do genro de Dacran que cuidou
da caipirinha e recordações por conta do
casal que colocou a nossa disposição os
álbuns de fotos da época (algo como 4 ou 5
parrudos), paralelamente havia churrasco e
um feijão amigo de deixar saudade,
acompanhado de uma cachaça mineira de
primeira ordem.
Depois o Dacran armou o notebook e
me ofereceu acesso aos seus arquivos
digitalizados, que passei para o meu
pendrive, e eu deixei com ele o CD da Laize.
Eram fotos que mostram as atividades da
primeira escola de guias do CEG
organizada pelo Harald nos anos de 68 e
69. Figuras históricas como Waldinar,
4
Aligieri, Harald, Helena Campelo, Reginaldi
Danti, Dacran, Rosa, Lais, Luiz Pequeno,
Laize, Schmidt, Camelo e outros estão nas
diversas atividades de montanha que o CEG
organizou no período.
Vou passar algumas dessas fotos para o
nosso guardião da memória do
montanhismo, Waldecy Matias para
fortalecer suas histórias sobre a segunda fase
do montanhismo carioca e mostrar a
parcela de atividades do CEG na época.
Roberto Schmidt
fique por dentro
No ano de cinquentenário, durante a
Abertura da Temporada de Montanhismo
- ATM 2009, o CEG prestigiou
personalidades e entidades:
“Menção Honrosa” para Luigi
Iannace (matr. 030) e José Reginaldi
Dante (matr. 091): os primeiros
conquistadores do CEG, a Chaminé
Guanabara, no Morro Outeiro Santos,
em Jacarepaguá (Taquara) - anos 60;
Juratan Leite da Câmara (matr. 246),
Pedro Cézar Caliano (matr. 239), Dalton
Chiarelli dos Santos (matr. 263) e André
Silva Ilha (não-sócio) os que maiores
quantidades de conquistas fizeram pelo e
para o Guanabara, entre 1976 e 1999.
“Honra ao Mérito” em face dos
grandes serviços prestados ao CEG logo
após sua fundação, no decorrer dos anos
60, para: Clube Excursionista Light - CEL,
pela ajuda administrativa através de seu
sócio Sr. Carlos Manes Bandeira; Centro
Excursionista Rio de Janeiro - CERJ, pela
ajuda na área técnica e disponibilização
do curso de guia e Centro Excursionista
Brasileiro - CEB, também pela ajuda na
área técnica e curso de guias.
artigo
FERIADÃO EM SALINÃO
Sempre achei aquele lugar mágico e até
hoje me lembro a primeira vez em que estive
por lá. Não tinha nem um ano de clube e
cheguei todo abusado querendo escalar
com a galera da ETG. O ano era 98 e o
Rogéria (Ricardo Penna) estava
comandando a excursão que os alunos
fariam na Leste. Obviamente fui vetado de
escalar com eles por conta da minha falta
de experiência, mas para a minha sorte o
Groba apareceu lá pelo acampamento e
resolveu me rebocar até o cume do Pico
Maior. Essa escalada despertou em mim
sentimentos que nunca tinha tido antes.
Sentimento de ser livre, de ser forte, de ter
amigos e poder contar com eles, de
superação dos meus próprios limites e de
sorrir com a alma ao pisar naqueles cumes.
A sensação foi tão intensa que logo
retornei ao Pico Maior junto com o Fred,
meu grande parceiro de escalada da época
(Vê se volta Japonês!!!!) e com tão pouco
tempo de montanha quanto eu. Apesar da
pouca experiência fizemos uma escalada
rápida e segura, e a partir daí pensei pra
mim mesmo: “Sou” montanhista, não
“estou” montanhista. Ser montanhista faz
parte de mim e não consigo me imaginar
longe desse mundo.
Por muito tempo achei que Salinas fosse
um lugar especial somente para alguns
loucos brasileiros e uns raros gringos que
caiam por lá de paraquedas, mas durante a
viagem a Chaltén no ano passado vi que a
coisa não é bem assim. Conversei com
vários gringos sobre escaladas no Brasil e
muitos deles me perguntavam com brilho nos
olhos se eu já tinha escalado na região dos
Três Picos, um lugar onde as aventuras
realmente são intensas.
Gostaria de dar os parabéns a todos os
amigos que estiveram presentes por lá, a
todos que escalaram e levaram os novatos
para escalar, a todos que riram, se
abraçaram, firmaram mais amizades e
encheram a cara. E que venham mais e
mais Salinas para as nossas vidas. Que
venham mais montanhas gigantes,
montanhas que nos façam escalar além da
simples prática desportiva e nos façam
escalar para sermos seres melhores, para
“sermos”, e não para somente “estarmos”
montanhistas.
Seblen Mantovani
(Texto extraído do email enviado à lista
em 14 de abril de 2009)
Os Iniciados na FFace
ace LLeste
este do PPico
ico Maior - R
elato de dois seres bestificados
Relato
A primeira experiência nesta via de 700
m no Pico Maior, a Face Leste, foi um
batizado (ou um marco, ou um sei lá) na
vida montanhística de Alfa e Batman.
Aurélio diz que “Purgatório” é o “lugar
de purificação das almas dos justos antes
de admitidas na bem-aventurança”. A
subida, com direito a duas chaminés e
chuva, foi o purgatório que levou ao céu
(ou ao cume), com velocidade de 100 m
por hora; e a descida foi o purgatório que
trouxe de volta à terra (ou ao
acampamento).
O passeio completo durou 14 horas.
Tempo suficiente para se adaptar ao habitat,
para mudar. Mudar a maneira de olhar a
montanha. Porque escalar aquela pedra
altera internamente. Mexe com as vísceras.
O instinto entra. A brincadeira fica real. Sim,
fica de verdade. Hora de colocar o treino
9
www.guanabara.org.br
deixávamos para trás. Antes da subida ao
Calixto, passamos por uma linda cachoeira
do mesmo nome. O banho no poço nos
relaxou antes do subidão pela mata de
vegetação abundante. No caminho vimos
lindas bromélias e árvores estreitas e altas.
No alto, a vegetação é rasteira e o sol
castigava. Por sorte havia poços no meio
do caminho nos quais parávamos para
tomar banho e nos refrescar. Foi uma dura
caminhada de volta, já cansadas por vários
quilômetros já percorridos.
Chegamos à entrada do parque às
16h30, e os mesmos mototaxis estavam nos
esperando, para nosso alívio. Estávamos
exaustas, mas satisfeitas. Tudo em que
pensávamos era brindar com uma cerveja
gelada e saborear a famosa lasanha no
bistrô do argentino Diego. Desejo realizado,
após um bom banho e roupas limpas.
Realmente, tudo que tínhamos escutado
era verdadeiro. Valeu cada uma dos mais
de setenta quilômetros de caminhada. Foi
uma experiência inesquecível.
Naquela mesma noite pegamos um
ônibus para Lençóis, onde faríamos passeios
mais light com uma agência local. Como
MAIO/2009
tínhamos apenas dois dias e meio lá, demos
preferência a dois passeios imperdíveis. O
primeiro era ao Morro do Pai Inácio (cartãopostal da Chapada), com visita às incríveis
grutas Lapa Doce, Azul, Pratinhas e ao Poço
do Diabo no Rio Mucugezinho. As águas
da gruta da Pratinha são de um tom lindo,
azul transparente, que refletem o brilho do
fundo coberto de conchas, calcário e
magnésio.
O segundo passeio foi uma caminhada
de dificuldade moderada subindo até a
Cachoeira do Sossego, que é absolutamente
linda, encravada num cânion. Para chegar
lá é preciso caminhar pelas grandes pedras,
algumas escorregadiças, do leito do rio. Na
volta passamos pelas divertidas
Escorregadeiras do Rio Ribeirão do Meio.
Em nossa última manhã caminhamos pelo
centro histórico de Lençóis, que é uma
gracinha e lembra o Pelourinho.
Nicole Ingouville
Nota: Para ter acesso ao artigo na íntegra e da
relação de custos da viagem, procure por Nicole no
clube ou na lista.
curiosidade
A suposta origem (ou inspiração) para o termo Daisy Chain
Certa vez me flagrei a pensar no porquê do nome Daisy Chain. Será que Daisy era o
nome de uma americana que patenteou a idéia? (lá nos EUA isso é moda, tanto para
pequenos como para grandes: a Microsoft queria patentear o duplo clique do mouse,
veja você). Chain significa corrente. Sim. Eu lembrava desta palavra. Mas Daisy...
Consultei o Seu GOOGLE (Grande Oráculo Orixá Garantidor de Louváveis/Lastimáveis
Explicações). Literalmente, “Daisy Chain” significa guirlanda de margaridas. Então Daisy
não era o nome de uma americana, e sim de uma flor. No uso comum, Daisy Chain é um
jogo, geralmente praticado por crianças, onde as margaridas são unidas formando uma
corrente: faz-se um buraco na base do cabinho de uma, e este costura o cabinho da
outra, de modo que são ligadas várias delas formando um círculo. Para visualizar o
descrito, consulte no google images pelo termo Daisy Chain.
Coisa mais bela. Eu não sabia que escalava com uma Guirlanda de Margarida (ou
uma fita que usa esta ideia). Minha vida é divida em duas fases: a fase pré-conhecimento
desta guirlanda, e a que vivo doravante. (Aline Alfacinha)
8
artigo
TRILHA DO VALE DO PATI – CHAPADA DIAMANTINA
O Vale do Pati fica no coração da
Chapada Diamantina, na região central da
Bahia, a 410 km de Salvador. Dizem que a
trilha que o percorre é uma das mais bonitas
do Brasil. Também dizem que a Chapada é
o Grand Canyon brasileiro. E o mais
surpreendente é que o Vale do Pati está
listado entre os trekkings mais bonitos do
mundo, ao lado do caminho de Santiago
de Compostela e da Trilha Inca a Machu
Picchu. Eu precisava ver para crer. Se esse
lugar realmente fosse isso tudo, eu não
podia deixar de conhecer.
Em clima de caminhada, eu e Dione
resolvemos substituir o Carnaval do Rio de
Janeiro pela Chapada. Ninguém podia
acreditar que estávamos indo passar o
Carnaval no interior da Bahia, e não em
Salvador. Após a experiência maravilhosa
que tivemos ao passar o Reveillon em Machu
Picchu, que alcançamos pela trilha
Salkantay, as férias seguintes tinham que
chegar à altura.
A Chapada Diamantina é um parque
nacional compreendido no quadrilátero
formado pelas pequenas cidades de Lençóis
(ao nordeste), Palmeiras (ao noroeste),
Andaraí (ao centro-leste) e Mucugê (mais
ao sul de Andaraí). É formada por inúmeras
cachoeiras, corredeiras, cânions e grutas,
com várias trilhas fantásticas para todos os
gostos. Para chegar lá, normalmente se pega
um vôo até Salvador, e depois um ônibus
Real Expresso até Lençóis, a porta de entrada
da Chapada. Ao chegarmos a Salvador, em
pleno sábado de Carnaval, pegamos um
ônibus na Rodoviária até Palmeiras, e depois
um carro até o Capão, uma vila que fica a
23 km em estrada de terra de Palmeiras.
Este ônibus passa antes por Lençóis, onde
a maioria dos passageiros desembarca.
O Capão é um vilarejo hippie, sem
asfalto e muito rústico. Lá, o forró e o
reggae coexistem em plena harmonia. E é
de lá que começa a trilha para a maior
cachoeira do Brasil, a Fumaça, com 340
metros. Para chegar à cachoeira da
Fumaça por cima é preciso subir uma trilha
por cerca de três horas, partindo da vila
do Capão. Uma trilha muito procurada por
quem tem mais fôlego é o acesso à Fumaça
por baixo, mas para isso é necessário fazer
uma caminhada longa e acampar, na
companhia de um guia.
É também do Capão que partimos para
a trilha do Vale do Pati. O circuito escolhido
foi o longo e circular, que faríamos em quatro
dias, cujo ponto de partida e de chegada
era o Capão.
Saímos do Vale do Capão, atravessamos
os Gerais do Vieira, os Gerais do Rio Preto,
até o Cachoeirão (por cima), depois
descemos até o Vale do Pati, passamos pela
Ruinha (o antigo centro comunitário), a
cachoeira dos Funis e do Lajedo,
escalaminhamos o Morro do Castelo,
pernoitamos na ex-Prefeitura, subimos o
Calixto e retornamos pelos Gerais do Calixto
até chegar novamente aos Gerais do Vieira.
Deixamos uma mochila com roupas
limpas no local onde pernoitamos no
Capão, e partimos de manhã com nossos
mochilões para a nossa tão esperada
aventura, na companhia de nossa guia,
Bruna, e de sua pitbull, Flor. Entre outras
coisas, levávamos conosco uma barraca,
todo o equipo de acampamento, lanche
para quatro dias de trilha (sanduíches,
biscoito, trail mix e frutas desidratadas como
banana e jaca, esta última feita no próprio
Capão), comida suficiente para dois jantares
e três mudas de roupas.
5
www.guanabara.org.br
Dias 1 e 2– Gerais do Vieira e Gerais
do Rio Preto
Para chegar até a entrada do parque e
iniciar a caminhada pegamos um moto-taxi
(R$ 10 p/pessoa) que percorreu uma
distância de 10 km. Foi uma aventura “com
emoção” equilibrar-nos no carona da moto,
com um mochilão nas costas, enquanto o
motorista tentava desviar dos buracos e
poços de lama! Mas valeu a pena, pois nos
poupou tempo e esforço, pois só naquele
primeiro dia caminharíamos 35 km.
Para chegar ao Vale do Capão era preciso
subir o primeiro morro, uma subida conhecida
como o Bomba, paralela ao Morro Branco.
Essa área ainda tinha as marcas do incêndio
que assolou a Chapada no ano anterior,
varrendo aproximadamente 20 km do parque.
Por sorte, essa foi a única área afetada que
vimos, o restante não tinha indícios.
Ao chegar ao topo nos encontramos
num grande planalto de vegetação rasteira,
chamado de Gerais do Vieira. À nossa frente
um panorama geral do que veríamos nos
próximos dias. A paisagem é moldada por
imponentes desfiladeiros, vales e platôs.
Deixamos para trás o Morro Branco e
caminhávamos em direção ao Vale do Pati,
com o Morro do Manuel à frente, o Calixto
atrás e o Castelo ao fundo. Um cenário
fantástico de morros em forma de mesas.
Ao chegar no final dos Gerais do Vieira
descemos ao vale do Rio Preto e depois
pegamos outra subida conhecida como o
“Quebra Bunda” que acessa os Gerais do
Rio Preto, outro planalto. Percorremos toda
crista em horas de caminhada, mas
agraciadas com uma vista de rara beleza
do Vale do Pati, que corria paralelamente
abaixo. Fizemos uma parada no Mirante,
de onde podíamos ver a Igrejinha lá
embaixo e o Morro do Castelo de frente.
Chegamos ao fim dos Gerais do Rio Preto
quando nos deparamos com o Rio do
Cachoeirão. Nos preparamos para
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MAIO/2009
acampar ali ao lado, na Toca do Gavião,
um lugar abrigado e confortável. Tivemos
sorte, pois minutos depois que chegamos
na Toca começou a chover. Corremos para
tomar banho no rio antes que o volume
aumentasse, o que foi uma divertida
aventura. Nos banhamos nas águas
acobreadas do Rio Cachoeirão como duas
ninfas, entre gargalhadas nervosas e rezas,
para que ninguém aparecesse naquele
momento.
Choveu torrencialmente à noite, o que
causou um desconforto à noite. Por sorte
estávamos acampadas na Toca e tínhamos
uma barraca para nos proteger da chuva e
dos mocós. Enquanto preparávamos nosso
jantar, nossa guia Bruna nos contava que à
noite roedores conhecidos como mocós
reviram e furam sacolas e mochilas em
busca de alimentos. Depois disso, é claro
que cada ruído que escutávamos à noite
nos assustava. Mas essa noite mal-dormida
foi compensada na manhã seguinte.
Caminhamos até o Cachoeirão, 20 minutos
da Toca, e fomos presenteadas com um
visual de tirar o fôlego. O Cachoeirão não
só estava cheio devido à chuva forte na noite
anterior, mas também tinha um recorde de
quedas d’água – eram 14 no total! Nem
mesmo a nossa guia havia visto tal coisa.
Era de arrepiar ficar sentada no mirante do
Cachoeirão, uma laca de pedra pontiaguda
que desafia a gravidade ao pairar no ar a
200m do chão, e estar rodeada de quedas
d’água que compõem uma das mais belas
cachoeiras do Brasil, com um lindo tapete
verde de mata exuberante no vale abaixo.
A vantagem de termos feito a trilha no
mês de fevereiro é que era o período de
chuvas, e as cachoeiras estavam mais
abundantes e bonitas. Não pegamos chuva
durante a trilha, mas não teria sido ruim,
pois seria bem-vinda para nos refrescar. Por
outro lado, o verão é mais quente, mas como
a Bahia é quente o ano todo, isso não nos
desmotivou. Os meses de fevereiro e março
também são os mais indicados para quem
gosta de orquídeas, o que comprovaríamos
no último dia, no Calixto.
Depois de nos esbaldarmos com o visual
do Cachoeirão, um dos pontos altos da
trilha, seguimos para o Vale do Pati. Desta
vez caminharíamos lá embaixo, vendo o
visual de outra perspectiva. Chegamos à
Ruinha às 13h, onde dormiríamos essa noite.
Deixamos nossas mochilas no abrigo ao
lado da Igrejinha e partimos rumo à
Cachoeira dos Funis. Naquela noite
dormimos no abrigo, um salão simples com
colchões espalhados pelo chão.
Cozinhamos no fogão à lenha com muitos
outros
trekkers
e
jogamos conversa fora
com os baianos.
As casas do Pati
foram beneficiadas com
o programa do governo
“Luz para Todos”. Foram
instaladas placas solares
nas poucas casas do
vale, que alimentam
lâmpadas frias, mas não
aparelhos que exijam um
consumo maior de energia, como geladeiras
e chuveiros. Assim, o banho era frio, e a
cerveja, quente. O que importa é que havia
cerveja, que desceu mesmo assim, meio
quadrada.
Dia 3 – Morro do Castelo
O terceiro dia era do tão esperado Morro
do Castelo. Uma incrível formação 1,500
m acima do nível do mar, com torres no
cume que nos fazem lembrar do Frey, e que
dão ao morro seu formato peculiar, e seu
apelido: o Castelo de Greyskull. O Castelo
era assustador não só na aparência, mas
também na sua subida. Íngreme e exaustiva,
a escalaminhada até o topo não foi nada
fácil, mas como tudo naquele lugar,
terminava com um belo presente. No alto
há uma vista deslumbrante da Chapada.
De lá vimos todo o Vale até o Morrão ao
fundo, e ficamos impressionadas com as
distâncias que havíamos percorrido.
Definitivamente, nos sentíamos poderosas
como She-Ha no alto do castelo de
Greyskull. O que mais me impressionou no
Castelo é que ao chegar lá no alto nos
deparamos com uma enorme gruta de
quartzito que fura o morro. Através dela
podemos chegar ao outro lado onde há um
mirante espetacular. Para a travessia
tínhamos que tirar das mochilas nossas
lanternas de cabeça e anoraks, pois fazia
frio naquele breu. Quando conseguimos
chegar ao mirante
sentamos, lanchamos
e contemplamos o
entardecer. Depois
corremos para não
pegar a noite na
descida.
Nessa
noite
comemos nossa primeira refeição de
verdade. D. Maria,
esposa do guardião
da “Prefeitura” (um abrigo onde ficava uma
pequena escola) nos recebeu com uma
deliciosa e farta comida caseira. Enquanto
comíamos como rainhas, os filhos de Maria
nos entretiam com truques de mágica que
turistas estrangeiros os ensinaram. Foi um
momento mágico. Dormimos tão bem essa
noite, o que foi importante, já que no dia
seguinte encararíamos uma dura caminhada
de retorno. Foi a melhor chapada da
Chapada.
Dia 4– O Calixto
O retorno seria pelo planalto paralelo
aos Gerais do Rio Preto (o caminho da
vinda). Entre o Calixto e os Gerais do Rio
Preto estava o Vale do Pati, que agora
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