Revista Pork World - Ricam Consultoria

Transcrição

Revista Pork World - Ricam Consultoria
www.porkworld.com.br | 66 jan/fev
Tendências para 2012
Ano 11 | Nº 66 | R$ 29,90
Referências para tomada de decisão de executivos:
análises, estatísticas, tabelas, gráficos e projeções à sua mão
EXPEDIENTE | ÍNDICE
3
Índice
12
18
22
MUNDO 1
28
BRASIL
Revista PorkWorld, liderança construída
com credibilidade e eficiência.
PRESIDENTE
Flavia Roppa
[email protected]
32
FUTURO
36
CONSUMO INTERNO
40
CONSUMIDOR
46
50
54
ESTADOS UNIDOS
70
GRÃOS
80
GOVERNO 1
84
GOVERNO 2
Editora AnimalWorld | Uma referência no Agronegócio
Com a proposta de informação atualizada e de alto nível, a AnimalWorld hoje é referência de know-how em
suinocultura, avicultura e bovinocultura, aproximando
empresas, médicos veterinários, produtores, universidades, executivos e gestores do agrobusiness mundial.
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Revista PorkWorld: ISSN - 1980-1971
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108
“Visão sobre as carnes em 2012”, por Osler Desouzart
MUNDO 2
USDA: produção e consumo nos principais países em 2012
MUNDO 3
“Lucratividade sustentada no ano novo”, por Richard Brown
“Carne suína: balanço 2011 e perspectivas para 2012”,
por Jurandi Machado
“Ano novo promissor para a suinocultura”, por Mário Lanznaster
“Brasileiro já consome 15kg de carne suína por ano”,
por Lívia Machado
“Como é o consumidor brasileiro de carne suína?”,
por Maria Stella Saab
“Previsões positivas para os produtores dos EUA”, por Doug Wolf
EUROPA 1
“Mercado europeu de carne suína em 2012”, por Sven Häuser
EUROPA 2
“Como atender aos supermercados europeus”, por Jonahtan Banks
“Menor oferta mundial de grãos pode elevar custos em 2012”,
por USDA
“Um ano para ser repetido”, por Mendes Ribeiro Filho
“MDIC lança Plano Brasil Maior para setor de carnes”,
por Ricardo Schaefer
GUIA RÁPIDO
Estatísticas
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Anunciantes desta edição:
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[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
4
Shutterstock
INTRODUÇÃO
O
texto DANIEL AZEVEDO
mundo precisa
da suinocultura
brasileira para se
alimentar. O setor, em um ambiente de instabilidade global,
precisa de informação de qualidade mais do que nunca. Por isso, nossa motivação em lançar um formato inédito de anuário com
este “Guia Executivo da Suinocultura –
Perspectivas e tendências para 2012”
e ser útil aos executivos da suinocultura brasileira durante todo o novo ano.
O instável 2011 chegou ao fim e o ano
novo anuncia-se como outro período
em que as incertezas sobre o mercado
podem ser maiores que as certezas.
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
Nesta hora, não existe nada melhor do
que conhecer os números, análises e
previsões dos melhores especialistas
do Brasil e do mundo para tomar decisões acertadas.
Em nosso cotidiano jornalístico, acompanhamos de perto as oscilações da
economia brasileira e mundial ao longo
de 2011, o que nos permite traçar um
quadro geral da economia nacional e
global como introdução a este anuário.
No Brasil, tivemos um início de ano próximo à euforia pelo crescimento econômico acelerado, aumento da renda das
famílias, reconhecimento internacional
e, até, algumas lições aos “donos da
verdade” de países do primeiro mundo.
Não era para menos. O PIB (Produto
Interno Bruto) brasileiro cresceu 7,5%
em 2010 (o maior crescimento em 24
anos, desde 1986), depois de mais de
20 anos em 24 de crescimento tímido
ou vegetativo, e totalizou R$ 3,675 trilhões. Enfim, o Brasil, parafraseando o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
passou por uma “marolinha” em lugar
do tsunami vivido pela maior economia do mundo, os EUA, desde o final
de 2008 até 2010.
O “ritmo chinês” de crescimento em
2010 culminou no aumento da renda das famílias brasileiras que, conforme o economista Ricardo Amorim,
ajudou a “transformar nossa pirâmide social em um losango”. Mais de
40 milhões de pessoas subiram das
classes D ou E para a classe C em
cerca de 5 anos.
INTRODUÇÃO
5
informações e análises
completas à sua mão
Instabilidade global valoriza informação
confiável para decisões acertadas
“Nada melhor do
que conhecer
as análises
dos melhores
especialistas
do Brasil e do
mundo para
tomar decisões
acertadas!”
Essa “melhoria de vida” se refletiu diretamente no varejo que apresentou índices de crescimento para lá de chineses. Segundo análises do Bradesco e
do IBGE, as vendas do setor cresceram 10,9% em 2010, sustentando a expansão econômica enquanto o mundo
ainda se convalescia da crise financeira de 2008-2009.
O consumo interno garantiu velocidade de cruzeiro enquanto a “marolinha”
GRAFICO 1 Brasileiros nas Classes A, B, C, D e E
Fonte: Ricam Consultoria Empresarial
2010
2005
B
Classes A e
2
7
.1
1
2
26.4
Classe C
8
62.702.24
B
Classes A e
42.195.088
Classe C
3
101.651.80
E
Classes D e
4
47.948.96
E
Classes D e
8
8
.6
6
92.93
passava. Assim, o agronegócio teve
crescimento superior a 6,5% em 2010
e representou 22,3% do PIB com produção estimada em R$ 821,06 bilhões.
O ano de 2011 começou com expectativas positivas para o Brasil, especialmente para o agronegócio uma
vez que o crescimento populacional e da renda média no mundo garantem maior demanda. Chegamos
a 7 bilhões de habitantes em 2011 e,
até 2050, teremos mais 2,5 bilhões de
pessoas ou mais de 12 “Brasis” em 39
anos, como alertou o especialista Marcos Fava Neves.
Além da população, os países emergentes de Ásia, América do Sul e África
também sustentarão o crescimento da
economia mundial nas próximas décadas. A China é o caso mais conhecido
mas a Índia é outro bom exemplo. O
país cresce “um Brasil” em população
a cada dez anos e também urbaniza
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
INTRODUÇÃO
seus habitantes, alterando hábitos alimentares e aumentando a renda média das pessoas.
Alguns países emergentes, inclusive,
passarão a ter mais importância enquanto bloco do que os países mais ricos atualmente. Segundo a consultoria Goldman Sachs, os BRICs (Brasil,
Rússia, Índia e China) vão superar o
G-7 (EUA, Canadá, França, Alemanha,
Itália, Japão e Reino Unido) em produção entre 2030 e 2035.
A China deve superar os EUA em PIB
já em 2026, segundo as previsões, desenvolvendo seu potencial na indústria
transformadora. O Brasil, por sua vez,
tem grande potencial no agronegócio,
GRAFICO 2 Crescimento das vendas do comércio varejista em 2010
Fonte: Bradesco e IBGE
Norte
16,5%
Centro-oeste
12,2%
Nordeste
12,2%
10,9%
Brasil
10,6%
Sudeste
Shutterstock
6
9,6%
Sul
0,0%
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
12,0%
10,0%
14,0%
16,0%
18,0%
TABELA 1 PIB do Agronegócio
Fonte: Cepea
“Chegamos a
7 bilhões de
habitantes em
2011 e, até 2050,
teremos mais
2,5 bilhões de
pessoas”
Agronegócio milhões R$
2006
2007
2008
2009
2010
Total (A+B+C+D)
712.008
768.202
821.560
779.791
821.060
A) Insumos
72.590
82.018
96.744
87.804
88.853
B) Agropecuária
167.567
187.981
216.005
207.461
217.450
C) Indústria
237.632
247.975
248.531
234.634
251.383
D) Distribuição
234.219
250.227
260.280
249.892
263.373
GRÁFICO 3 Aumento do número de consumidores no mundo
Fonte: U.S. Census Bureau
6.867
Mundo
Mas, a curto prazo, o cenário não é tão
positivo e inspira prudência. Ainda no
primeiro semestre de 2011, a instabilidade em algumas das principais economias do mundo já se refletia nas
bolsas de valores, prognósticos de
crescimento econômico para os EsPORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
4.149
Ásia
1.017
África
398
531
América
Latina
América
do Norte
539
732
Europa
729
649
5.503
2.073
2010
2050
35
50
Oceania
0
SXC
apesar de ser a economia mais completa entre os BRICs. O agronegócio
brasileiro tem uma responsabildiade
mundial e assim, apesar do expressivo mercado interno, somos os terceiros maiores exportadores de produtos
agropecuários do planeta, atrás apenas de EUA e UE.
9.539
1000
2000
3000
4000
5000 6000
População em milhões
7000
8000
9000
10000
7
INTRODUÇÃO
GRÁFICO 4 Urbanização da população direciona Índia para maior renda per capita
Fonte: Índia Urbanization Econometric, por Markestrat
Taxa de crescimento
Renda per capita em milhares de rúpias
240
Histórica
220
200
Crescimento do PIB
Crescimento população
180
239 Urbana
Projeção
6,5 %
1,8%
6.4
7,4%
1,1%
160
140
6.1
120
136 Média
da Índia
100
80
5.4
60
4.2
40
4.3
20
3.2
1995
2000
2005
2010
2015
2020
2025
2030
SXC
0
1990
67 Rural
tados Unidos (EUA) e União Europeia
(EU) diminuíram e o consumo dos países mais importantes no comércio internacional também.
trilhões que exigiu autorização parlamentar para aumento do teto da dívida
no último minuto para evitar um inédito
calote do tesouro americano.
Apesar de afastado o calote, a agência de risco Standard & Poors diminuiu
a nota do país quanto à segurança de
seus credores, o que pode potencializar um ciclo negativo de desconfiança,
retração do crédito, menos investimento, queda no consumo e, enfim, reces-
Os EUA, que no primeiro semestre do
ano alimentava expectativa de crescimento, têm, hoje, risco de 35% a 40%
de viver uma recessão em 2012, segundo analistas econômicos. O motivo é a dívida pública de US$ 14,3
são na maior economia do planeta e
segundo principal parceiro comercial
do Brasil.
Já na União Europeia, o problema e
as consequências se repetem. Países como Grécia, Irlanda e Portugal tiveram que ser resgatados pelo bloco
para não caírem no calote devido a dívidas públicas impagáveis. O problema é mais grave pois economias mui-
GRÁFICO 5 Maiores economias do mundo em 2050, PIB nominal (milhões de dólares)
Fonte: Goldman Sachs
80,000
2050
2040
2030
2020
2010
70,000
60,000
50,000
40,000
30,000
20,000
0
China
EUA
Índia
Brasil
México
Rússia
Indonésia
Japão
Reino Unido
Alemanha
Shutterstock
10,000
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
8
INTRODUÇÃO
TABELA 2 Evolução do PIB por blocos
Fonte: Goldman Sachs
Em trilhões de US$
2010
2030
2035
2050
BRIC
8.640
40.278
55.090
128.324
G-7
30.437
43.745
48.281
66.039
TABELA 3 Brasil: líder no agronegócio
Fonte: Ricam Consultoria Empresarial
Produção
Exportação
Produto
Ranking
Participação
mundial (%)
Ranking
Participação
mundial (%)
Café
1º
49%
1º
26%
Açúcar
1º
20%
1º
42%
Carne Avícola
3º
15%
1º
41%
Carne Bovina
2º
15%
1º
25%
Fumo
2º
13%
1º
27%
Suco de Laranja
1º
51%
1º
84%
Soja
2º
29%
2º
33%
Milho
3º
7%
3º
7%
Algodão
5º
6%
3º
6%
Carne Suína
4º
3%
4º
11%
Álcool
2º
31%
Arroz
8º
2%
Trigo
9º
1%
GRÁFICO 6 EUA: Futuro desmoronando - Diferenças entre os
orçamentos do governo comparado com 2008 (em US$ Bi)
Fonte: Ricam Consultoria Empresarial
Gastos
500
0
Receitas
-500
-1000
Saldo
PIB
to maiores, Itália e Espanha – terceira e
quarta da zona euro, também entraram
na rota do “calote” e são muito grandes para serem “resgatadas”.
A UE, depois de exaustivas reuniões do Banco Central Europeu, anunciou medidas fiscais e estruturais para combater o déficit público além de
volumosos aportes de crédito a juros
mais baixos para evitar desdobramentos tão traumáticos como calotes ou
mesmo o desmembramento do bloco.
Se vai funcionar, ninguém sabe.
Analistas divergem sobre o impacto
que a “nova crise” internacional pode
ter no agronegócio brasileiro. Alguns
dizem que o reflexo será similar a crise
de 2008-2009 enquanto outros confiam no aumento da demanda mundial por alimentos para sustentar preços e o comércio.
A queda nos preços das commodities nos últimos meses seria, apenas,
uma suavização ou acomodação nos
preços que vinham com muita força e,
não, a diminuição da demanda. Ouvidos em agosto, o economista Ricardo Amorim, o jornalista Carlos Alberto Sardenberg e o ex-ministro Roberto
Rodrigues tinham avaliações diferentes sobre o impacto de uma nova crise mundial.
Amorim via um quadro pior do que em
2008-2009 e previa uma crise ainda
mais forte para os próximos meses. Já
para Rodrigues, a crise só afetaria de
maneira importante o setor no Brasil
se for muito longa e profunda. Sardenberg, por sua vez, acreditava que “o
Brasil entra em crise mas não quebra”.
Como se não bastasse, lembramos as
“desvantagens” para todos os empreendedores brasileiros: o custo Brasil.
-1500
-2000
2010
2011
SXC
2012
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
Uma pesquisa do Fórum Econômico
Mundial de Competitividade, com 133
países, colocou o Brasil no 56º lugar,
sendo 27º no setor privado e 128º no
setor público! O Brasil tem uma infraestrutura nota 3,8 de zero a sete (meio
ponto a menos que a média mundial);
leva 411 dias para lidar com licenças
9
INTRODUÇÃO
GRÁFICO 7 Risco: calote generalizado na Europa - Dívida líquida
do setor público (% do PIB)
TABELA 4 Previsão de
crescimento econômico
Fonte: JP Morgan, Morgan Stanley, OCDE, Deutsche Bank
Fonte: Ricam Consultoria Empresarial
2011
120%
117%
100%
100%
80%
73%
60%
60%
40%
36%
61%
74%
78%
83%
63%
40%
2012
EUA
1,6%*
1,1%*
EU
1,7%*
1,2%*
China
8,9%*
8,3%*
Brasil
4,1%*
4,5%*
Mundo
3,9%*
3,8%*
*Estimativas revistas para baixo
no mês de agosto/2011
20%
Grécia
Itália
Portugal
França
Inglaterra
Tudo isso pode aumentar o impacto
no Brasil de uma eventual nova crise
mundial bem como, em médio e longo
prazo, dificultar e mesmo desperdiçar
grandes oportunidades para mantermos crescimento econômico que per-
Shutterstock
(210 dias mais que a média mundial);
tem carga tributária sobre o lucro de
69% (25 pontos percentuais mais do
que o mundo); exporta cada contêiner
por US$ 1790 (US$ 465 mais caro que
na média do planeta); entre outras.
EUA
Irlanda
Espanha
Alemanha
México
Brasil
0%
Shutterstock
10
INTRODUÇÃO
mita melhor qualidade de vida à população brasileira. Grande exemplo de
benefício social, a suinocultura brasileira emprega mais de 2,7 milhões de
pessoas direta ou indiretamente.
O Brasil ocupa a quarta posição mundial como produtor (atrás de China,
EUA e UE), com mais de 3,3 milhões
de toneladas, e exportador, com cerca de 520 mil toneladas. Segundo
previsões da FAO (Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), teremos expressivo crescimento nos próximos 20 ou 40 anos.
A indefinição sobre os rumos da economia mundial, no entanto, segue meses após os primeiros sinais chegados
do velho continente. A suinocultura brasileira precisa estar preparada. Assim,
buscamos os melhores e mais respeitados especialistas e entidades do
planeta para trazer a informação mais
completa e qualificada sobre a suinocultura global e nacional, desde a produção até o comércio e o consumo.
A indefinição do está por vir gera “Fames magistra” (necessidade imperiosa) por este tipo de material, assim como o mundo precisa do Brasil para se
alimentar. Logramos reunir, nesta mesma edição, as análises do norte-americano Doug Wolf, do inglês Jonathan
Banks, do brasileiro Osler Desouzart,
do alemão Sven Hauser, do especialista Dennis DiPietre; do presidente da
Aurora, Mário Lanznaster; além dos artigos do presidente da ABCS, Marcelo
Lopes; do presidente da Abipecs, Pedro Camargo Neto, entre outros.
As ações e prioridades governamentais, cruciais para desenvolver o potencial da suinocultura no País, também
são amplamente abordadas com textos dos ministérios da Agricultura, dos
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
TABELA 5 Entraves para o desenvolvimento, dados de 2010
Fonte: Carlos Alberto Sardenberg
Padrão emergentes
grau de investimento
Brasil
Dívida Pública Líquida /PIB
30%
40%
Dívida Bruta/PIB
38%
55,0%
Carga tributária/PIB
22%
37%
Gasto c/Previdência
% do PIB
Até 6%
11%
Investimentos - AL
Asiáticos
24% do PIB
30% do PIB
18,0%
GRÁFICO 8 O Brasil e o resto do mundo - Indicadores médios de
competitividade e PIB per capita em 2010
Fontes: Dados do Banco Mundial (Doing Business 2000), FMI e Fórum Econômico Mundial (OCR 2000-11).
Elaborado pela LCA Consultores
Indicadores
Unidade
Brasil
Média
131 países
Diferença em
relação ao Brasil
PIB per capita
US$
9.886
14.884
Qualidade de
infraestrutura
2010/2011*
Índice
3,8
4,3
-0,5
Tempo para lidar
com licenças
Dias
411
210
201
Carga tributária
sobre o lucro
%
69
44
Custo para exportar
US$ /
Container
1.790
1.325
Tempo para garantir
o cumprimento dos
contratos
Dias
616
584
-4.998
Recorde
Tempo para
pagar impostos
Brasil
2.600 h
25
Média
países
284 h
465
32
Diferença
2.316 horas a
mais no Brasil
*Nota de 0 a 7
Transportes e da Indústria e Comércio
Exterior. Já o abastecimento de grãos,
igualmente, tem um “capítulo” à parte
com previsões da Conab e da USDA
para 2012. Também trazemos a visão
de executivos de empresas do setor e
a opinião da Embrapa sobre o desem-
penho da suinocultura no próximo ano.
Um anuário que superou o desafio de
reunir tantas fontes importantes para
poder ser chamado de “Guia Executivo da Suinocultura”. Com essa primeira
edição de 2012, a AnimalWorld renova
seu objetivo: ser útil a você leitor!
12
MUNDO 1
sobre as carnes em 2012
E
texto OSLER DESOUZART*
Shutterstock
stamos entrando no
ano 2012 com algumas nuvens cinzentas no céu e com o
famoso “efeito manada” prometendo
transformá-las
em
uma tempestade de
proporções bíblicas. A cada dia lemos
sobre a acentuação da crise europeia,
sobre a Grécia, cujo PIB equivale
ao da cidade de Campinas,
ameaçando destruir a
economia da
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
União Europeia; Portugal, Itália e Espanha sendo as próximas bolas da vez;
a zona do Euro estando ameaçada de
desaparecer e outras coisinhas mais.
Exageros e exaltações à parte, a situação europeia é real e tende a se agravar, com chances de que 2012 esteja
para a Europa como 2008/2009 esteve
para os Estados Unidos, ou seja, ápice de uma crise.
Como vimos este filme no final de
2008 e início de 2009, não devemos
nos esquecer de que nesse mundo global quando alguém espirra há
sempre o risco que se apanhe uma
gripe, ainda que estejamos a continentes de distância de quem espirrou.
Ainda que nossos governantes atuais
sigam o modelo romano do “Panis
et Circenses”1 e afirmem que o Brasil é uma ilha de rocha firme à prova
de qualquer crise, sabemos que crises afetam a todos, pelo menos para
aqueles que ganham a vida pelo trabalho e não por “malfeitos”.
Nosso agronegócio e em particular
nossa pecuária é dependente de exportações, ainda que estejamos ancorados no quarto
13
Shutterstock
MUNDO 1
Consultor considera fatores políticos e
econômicos na previsão para o próximo ano
maior mercado consumidor do mundo, isto se considerarmos a União Europeia como um único país. Esta crise
que se centra nos países desenvolvidos acaba por afetar demanda gerando um efeito dominó e os preços dos
produtos do agronegócio caem, afe-
TABELA 1 Produção mundial de carnes (em 000 tm)
Elaborado por ODConsulting com base em dados da FAOSTAT
2004
2005
2006
2007
2008
2009
Bovina
61.043,11
62.322,25
64.137,99
65.533,01
65.233,70
66.165,04
Suína
96.659,38
99.068,63
101.350,11
100.270,09
104.302,75
106.326,31
Aves
77.540,75
79.920,77
81.907,47
86.370,43
90.221,33
94.431,44
TABELA II Produção mundial de carnes (em 000 tm)
mundial
aumentará
em 2012,
mas perdendo
velocidade de
crescimento em
relação aos anos
precedentes”
2005
2006
2007
2008
2009
2,10%
2,91%
2,18%
-0,46%
1,43%
Suína
2,49%
2,30%
-1,07%
4,02%
1,94%
Aves
3,07%
2,49%
5,45%
4,46%
4,67%
Bovina
Shutterstock
“A produção
Elaborado por ODConsulting com base em dados da FAOSTAT
tando a todos nós, inclusive quem vive
de vender ideias e conhecimento.
Em artigos anteriores afirmei que:
a. Crise ou não crise as pessoas comem.
b. Alimento é o último item a sofrer cortes.
c. O consumidor não volta ao vegetarianismo econômico. Ele seguirá
comendo carnes, mas poderá mu[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
14
MUNDO 1
dar de espécies e de produtos dentro de uma mesma espécie ou mesmo na frequência ou quantidade da
ingestão, favorecendo aqueles produtos que exigem menor dispêndio
por ticket de compra. Traduzindo:
sofrerão muito mais os preços do
que as quantidades.
d. Saúde animal é um dos principais
itens com potencial de comprometer
o crescimento do consumo de carnes.
o episódio do Lehman Brothers, que
deixou patente a fragilidade de um sistema de especulação sobre derivativos e outros ativos financeiros duvidosos. O mundo ensaia uma recessão e
esta se torna localizada nos países desenvolvidos, tendo os Estados Unidos
como o epicentro.
“O empresário
prudente não
descartará o fato
de que desde
abril de 2011 há
uma discreta
inflexão nos
A Tabela I endossará com fatos e dados as afirmações “a” e “b”
índices dos preços”
A Tabela II demonstrará a afirmação
“d”, pois episódios sanitários (PRRS)
afetaram a produção chinesa de suínos (quase 50% da produção mundial
de carne suína) trazendo uma queda
da produção mundial em 2007. Quando o brote foi controlado, houve rápida recuperação da produção mundial
que em 2009 volta a patamares mais
em linha com seu histórico.
O Gráfico I sustenta a afirmação da letra “c”. Verifiquem que o Índice de Preços das carnes atinge seu ápice em
agosto de 2008 com um IPC de 140,4
(2002-2004 = 100). É o momento em
que se inaugura a crise financeira com
Ainda que Brasil e outros parceiros dos
BRIC tenham passado por essa recessão com poucos danos, e não são poucos os analistas que dizem terem sido
os BRIC os responsáveis por que essa recessão não se tornasse global, é
inegável que sofremos com ela. Verifiquem no Gráfico I com o Índice de Preços de Alimentos e o das Carnes despencam a partir de setembro de 2008 e
só voltam a crescer a partir do início do
segundo trimestre de 2009.
Combinando este dado com os das
duas tabelas anteriores - crescimento continuado da produção mundial
GRÁFICO I Índice de preços de alimentos e das carnes
Elaborado por ODConsulting com base em dados da FAO-GIEWS
índices de preços de alimentos
índices de preços das carnes
107,4
109,6
111,5
114,8
117,7
135,4
165,4
184,6
181,4
171,9
161,9
142,0
129,5
121,9
125,7
121,4
123,0
126,7
135,4
135,9
132,6
137,1
137,4
140,0
150,3
153,0
153,6
150,3
143,8
145,2
144,8
143,6
147,3
156,1
165,7
174,9
181,6
190,6
203,3
209,1
203,8
206,4
203,5
205,1
203,2
202,6
198,1
190,1
250,0
200,0
150,0
112,6
135,4
138,6
140,4
140,0
132,6
120,3
111,5
108,7
103,6
106,8
109,8
114,7
118,1
120,0
120,4
119,1
115,6
118,3
117,1
120,0
121,3
123,7
128,8
129,6
130,2
129,0
132,8
131,0
134,8
137,3
141,8
146,8
150,0
153,5
158,7
158,3
156,6
155,3
157,1
156,4
155,7
109,6
102,7
110,1
115,8
100,0
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
9/2011
10/2011
7/2011
8/2011
5/2011
6/2011
4/2011
3/2011
1/2011
2/2011
11/2010
12/2010
9/2010
10/2010
7/2010
8/2010
5/2010
6/2010
4/2010
3/2010
1/2010
2/2010
11/2009
12/2009
9/2009
10/2009
7/2009
8/2009
5/2009
6/2009
4/2009
3/2009
1/2009
2/2009
11/2008
12/2008
9/2008
10/2008
7/2008
8/2008
1/2008
6/2008
6/2007
1/2007
1/2006
6/2006
1/2005
6/2005
0,0
Shutterstock
50,0
15
MUNDO 1
Também interessante constatar na
apreciação do Gráfico I que os preços das carnes apresentam, como regra, menor correção do que todos os
demais alimentos. Deixo esta afirmação para os promotores de slogans
que adoram culpar a pecuária por todos os males do mundo, indo desde
que destruiremos o planeta até que
seremos responsáveis pela fome. Dados e fatos, amados ativistas profissionais e suas ONG, aqui consignando
a ressalva de que há ONGs honestas
e bem intencionadas, ainda que mal
orientadas. Faço a ressalva, pois ONGs têm sido usadas nesta terra, exaltada por Olavo Bilac no seu verso de
que “criança jamais verás terra como
esta”, como “Organizações Nacionais
de Gatunos” ou como “Outra Na Gatu-
nagem”, em suma, entidades usadas
para “malfeitos” em pelo menos dois
dos poderes desta república.
flexão nos índices dos preços internacionais dos alimentos e das carnes e
que crises levam a menores preços.
Essas constatações do passado podem servir de encorajamento para o
ano 2012, a de que haverá crescimento
da produção e da demanda de carnes.
Ao lado dessa boa nova, o empresário
prudente não descartará o fato de que
desde abril de 2011 há uma discreta in-
O Gráfico II permitirá que apreciem
que desde 2002 que o Índice de Preços de Carnes não fica consistentemente acima do Índice de Preços de
Alimentos, situação que se acentua a
partir de 2006. Observem que os preços de alimentos começam a ceder a
TABELA 3 Projeções da produção
mundial de carnes pela ODConsulting
ODConsulting Produção Mundial de Carnes por espécies
1948 a 2011 base de dados e projeções a 2050
Evolução da produção mundial de carnes (em 00 tm)
aves
ovina & caprina
outras
População mundial
(000 pessoas)
109.216
97.972
13.004
5.560
6.842.923
114.865
109.592
13.492
5.333
7.284.296
123.498
123.919
14.321
5.484
7.656.528
Ano
carnes total
bovina
suína
2010
290.639
64.887
2015
310.352
67.071
2020
337.484
70.262
SXC
de carnes – podemos licitamente afirmar que as crises afetam as carnes
em seus preços e não nas quantidades demandadas.
GRÁFICO 2 Índices de preços de alimentos e das carnes – Séries anuais 1990-2010 e mensal para 2011
Elaborado por ODConsulting com base em dados da FAO-GIEWS
índices de preços de alimentos
índices de preços das carnes
206,4
203,5
205,1
203,2
202,6
198,1
190,1
158,7
158,3
156,6
155,3
157,1
156,4
155,7
4/2011
5/2011
6/2011
7/2011
8/2011
9/2011
10/2011
209,1
203,8
150,0
153,5
3/2011
203,3
146,8
1/2011
2/2011
158,1
126,3
2008
134,9
110,0
2007
114,3
109,1
2006
130,0
112,4
2010
106,3
2005
164,4
96,7
2003
2004
2009
96,2
2002
116,5
102,4
2001
139,4
98,7
2000
105,1
97,7
98,6
1999
109,7
96,6
103,7
1998
93,1
119,1
93,2
115,5
1997
107,6
105,3
101,3
1995
1996
116,1
100,1
110,8
104,2
1994
114,5
102,5
118,3
1992
1993
98,2
101,6
1991
105,5
124,1
123,0
1990
99,1
250,0
200,0
150,0
100,0
50,0
0,0
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
16
MUNDO 1
GRÁFICO 3 Projeções da produção mundial de carnes a 2020 (em 000 tm)
Elaborado por ODConsulting a partir de dados da OECD FAO
carne bovina
carne suína
carne de aves
carne ovina & caprina
140.000
120.000
107.942
109.487
111.956
100.000
113.492
115.462
116.765
119.203
109.473
112.094
121.038
114.704
123.257
124.982
127.299
117.228
119.868
122.411
104.557
106.826
70.233
71.151
73.173
65.233
68.114
69.224
74.127
66.878
72.130
65.691
12.819
13.126
13.413
13.676
13.952
14.221
14.506
14.772
15.082
15.363
15.673
2010
2011
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
100.115
102.202
64.927
97.546
80.000
60.000
-
2012
partir de junho de 2011 e que o índice
de preços das carnes só cede a partir
de setembro de 2011. Tal nos apresenta três hipóteses:
1. Ou acreditamos que esta inflexão é
passageira e que todos os alimentos voltarão a subir;
2. Ou acreditamos que o índice de preços de carnes voltará a ser superior
ao dos alimentos, situação que vigorou consistentemente até 1994;
3. Ou acreditamos que o índice de
preços de carnes acompanhará a inflexão do índice de preços
de alimentos.
GRÁFICO 4 Projeção de crescimento da
produção mundial de carnes (∆% 2012/2011)
Elaborado por ODConsulting com base em dados próprios, da OECD-FAO Agricultural
Outlook 2011-2020 e USDA-FAS Livestock & Poultry: World Markets and Trade, Oct 2011
OECD-FAO
Voltando ao conforto do crescimento,
pois produtor adora produzir, o Gráfico
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
USDA-FAS
ODConsulting
3,00%
2,50%
A cada um cumprirá acreditar em uma
dessas hipóteses ou formular outras
segundo suas convicções. O bom de
ser consultor é que não temos que tomar a decisão, mas apenas fornecer
aos administradores os dados & fatos
que lhes permitam melhor conhecer as
perspectivas de seu negócio. Em suma e resumo: a decisão é sua.
Os números da ODCONSULTING são
discretamente mais otimistas para as
carnes de aves até 2020 e mais pessimistas em relação às demais carnes. É
possível que a OECD-FAO esteja mais
certa do que nós, dado o dinamismo
III apresenta uma quantificação elaborada pela OECD-FAO para todas as carnes até 2020. Denota crescimento para
todas as carnes não só em 2012 sobre
os números de 2011, como projeta crescimento linear ao longo de toda a série.
2,40%
2,26% 2,30%
2,00%
2,20%
2,09%
1,73%
1,50%
1,00%
Shutterstock
20.000
Shutterstock
40.000
0,71%
0,70%
0,50%
0,00%
-0,10%
BOVINA
-0,50%
SUÍNA
AVES
MUNDO 1
da produção suína em países asiáticos e mesmo no
Brasil, acelerada pelo fato de que o brasileiro finalmente está aprendendo a comer carne suína. Isso graças
a melhores apresentações e porcionamento de cortes
em pesos adequados à nova realidade da família brasileira, mas também aos altos preços das carnes bovinas, preços estes que estão aqui para ficar. Reitero que no futuro para comer carne bovina numa boa
churrascaria será necessário apresentar garantia bancária ou cartão de crédito platino.
O Gráfico IV mostrará o que é universalmente conhecido – que as previsões sempre mudam segundo seus
autores e que ao contrário da estatística, que traduz o
passado, as projeções oscilam segundo a avaliação
dos autores sobre circunstâncias e eventos que se podem inferir, mas não matematicamente quantificar.
E por que então não se metem todos de acordo para
publicar um único cenário ou índice de crescimento?
Simples, pois Nelson Rodrigues dizia com muita propriedade que toda a unanimidade é burra. Podemos
aplicar essa regra para a política e mesmo para apro-
“O que não sabemos é se
não teremos que realizar
crescimento a patamares
de preços mais discretos”
vação de líderes? Creio que sim, mesmo quando eles
atingem 84% ou mesmo 96% de aprovação, como foi o
caso de Adolf Hitler, o que demonstrou que até um povo supostamente desenvolvido como o alemão poder
embarcar na burrice da unanimidade. O supostamente não é discriminação contra os alemães, onde tenho
amigos e já tive amores, mas porque a prática de genocídio manchou sua história de civilização e deixou-nos a lição de quão tênue é a fronteira entre civilização e barbarismo.
Apesar das diferenças o leitor crítico concordará que
todas as previsões convergem a apontar crescimento,
a uma única exceção das previsões para a carne bovina do USDA-FAS que prevê estagnação e discreta queda, talvez influenciados pelo fato de que a produção
norte-americana de carne bovina sofrerá uma queda de 5% em
2012, devido à falta de animais para o abate.
Breve, a produção mundial aumentará em 2012, mas perdendo
velocidade de crescimento em relação aos anos precedentes.
Grãos em patamares de preços elevados, crescimento dos custos de energia, aumento dos preços dos microelementos de rações, preço da terra em ascensão, etc determinam essa queda
nas taxas futuras de crescimento da produção mundial de carnes. Esses mesmos fatores impactam particularmente os ruminantes pelos seus ciclos mais longos e menores taxas de conversão quando comparadas com os suínos e aves.
Sabemos que haverá crescimento quantitativo. O que não sabemos é se não teremos que realizar esse crescimento a patamares
de preços mais discretos.
*[email protected]
1. Expressão romana que significa criação de aprovação popular, não através de políticas ou serviços públicos exemplares ou excelentes, mas através de diversão, distração e/ou a mera satisfação
das necessidades mais imediatas da população. Denota a erosão do cívico para o homem comum
e objetiva a que o povo deixe de valorizar virtudes cívicas na vida pública. Dê-lhe uma copa do
mundo, uma olimpíada, ambas fontes inexauríveis para “malfeitos” da base própria e da base
aliada, e eles ficam quietinhos votando nos “malfeitores”. O “pão e jogos circenses” ou “pão e
circo” surgem em obra do poeta romano Juvenal (ano 100 DC)
17
18
MUNDO 2
USDA
Produção e consumo de suínos
nos principais países em 2012
Recuperação de China e Coreia do Sul reflete
na produção de carne suína no mundo
Imagens: Shutterstock
texto USDA
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
MUNDO 2
PRODUÇÃO MUNDIAL DE CARNE SUÍNA SOBE
Em milhões de toneladas
105
100
95
90
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012(f)
IMPORTAÇÕES RUSSAS E COREANAS CAIRÃO
1.2
1.0
Em milhões de toneladas
A
s previsões indicam
que a produção
de carne suína no
mundo crescerá 2%
em 2012, chegando
ao recorde de 103,4
milhões de ton. O
crescimento é atribuído principalmente à recuperação
da China e Coreia do Sul. Crescimento
modesto também é esperado de grandes exportadores como Estados Unidos, Rússia e Brasil.
A produção na Coreia do Sul deve crescer 21% para 1 milhão de ton, conforme
a indústria da carne suína no país se reconstitui após um surto devastador de
febre aftosa. Estima-se que a doença exterminou 25% da produção sul-coreana.
Os preços recordes pelo suíno e sua
carne encorajaram os produtores a retomarem a produção rapidamente, independente dos altos preços da alimentação dos animais. O estoque de matrizes
reprodutoras expandiu rapidamente e o
inventário de marrãs deve chegar a 98%
do registrado antes do surto.
Espera-se que os produtores continuem repovoando suas instalações
em 2012. No entanto, é improvável que
o estoque total ao fim de 2012 alcance os índices aferidos antes do surto.
A ação está sendo dificultada devido
aos novos regulamentos que elevam
o espaço mínimo de criação dos animais e a novas regras ambientais.
Adicionalmente, o recém-aprovado Acordo de Livre Comércio entre Coreia do Sul
e União Europeia deve elevar a competitividade na carne do bloco econômico e,
consequentemente, reduzir a pressão na
produção sul-coreana.
A produção na China deve crescer 4%
para 51,3 milhões de ton após problemas com doenças e baixos retornos financeiros a produtores. A recuperação
está sendo motivada pelo preço alto e
medidas governamentais como o subsídio para suínas reprodutoras eficientes.
Mesmo assim, os levantamentos não
devem registrar a recuperação esperada
para 2012. A expansão de operações em
pequena escala, que ainda contabilizam
19
Rússia
0.8
0.6
Coréia do Sul
0.4
0.2
0.0
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Nota: O gráfico sobre a Rússia inclui informações comerciais da Bielorússia.
2011
2012(f)
“As importações no mundo
devem cair 4%, para 6 milhões
de toneladas, pela redução nas
compras da Rússia e menor
demanda sul-coreana”
a maior parte da produção, está sendo
restringida devido ao alto preço da alimentação dos animais e as ameaças
de doenças aos suínos. Enquanto isso,
membros de operação em larga escala
reportam dificuldades em adquirir novas
terras necessárias à expansão.
A produção nos Estados Unidos deve
crescer 2% para 10,5 milhões de ton.
Os produtores devem continuar se
beneficiando com os ganhos na produtividade, com o cultivo de suínos
crescendo 2%. O inventário de marrãs
deve crescer sutilmente. A maior disponibilidade do produto em comparação às outras proteínas deve fortalecer
o consumo interno.
A produção na Rússia deve crescer
3% para 2 milhões de ton, apoiada pelo ganho por parte dos produtores e o
suporte e investimento do governo no
setor. Os produtores expandiram seu
rebanho de produção aproveitando o
baixo preço da alimentação dos animais, a queda na concorrência das importações consequente à redução nas
quotas e a perspectiva de preços mais
altos da carne suína.
O crescimento na produção é esperado
principalmente em operadoras de larga
escala, visto que pequenos produtores
encontram dificuldades em competir
com granjas novas e modernizadas.
A produção no Japão deve crescer 2%
para 1,3 milhão de ton conforme espera-se a retomada na produção por par[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
MUNDO 2
COMÉRCIO GLOBAL
DIFICULTADO POR
RESTRIÇÕES ÀS
IMPORTAÇÕES
As importações no mundo devem cair
4% para 6 milhões de ton, forçadas
pela drástica redução nas quotas tarifárias da Rússia e na menor demanda
sul-coreana por carne de outros países.
Outros grandes importadores devem
manter os índices ou, no caso do México e da China, crescer sutilmente.
As importações da Rússia devem cair
25% para 700 mil ton devido ao corte
de quase 30% nas quotas de importação, enquanto o governo russo tenta
promover a produção interna. No entanto, os embarques além das quotas
devem registrar níveis consideráveis.
As quedas nas importações e o modesto crescimento na produção local
devem resultar na queda do consumo.
As importações da Coreia do Sul devem cair 20% para 500 mil ton, mas
continuarão consideravelmente acima
do registrado antes do surto de febre
aftosa. As quotas tarifárias zero para
facilitar importações em 2011 não devem permanecer.
As importações do México devem
crescer 3% para 650 mil ton, já que a
carne suína deve oferecer preços mais
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
EXPORTAÇÃO MUNDIAL DE CARNE SUÍNA CAI DEPOIS DE TRÊS ANOS
8
Em milhões de toneladas
te dos produtores afetados pelas tragédias em março de 2011. O aumento
no fornecimento local deve reduzir a
demanda por importações.
A produção no Canadá deve crescer
1% para 1,8 milhão de ton após vários anos de queda. O inventário de
marrãs e o cultivo de suínos devem
crescem modestamente. O preço relativamente alto da alimentação dos
animais e as incertezas no preço da
carne suína e na demanda externa
devem afetar o crescimento.
A produção no Brasil deve crescer 2% e
passar os 3,3 milhões de ton, conforme
a demanda interna cresce em resposta
a promoções da indústria. O consumo
também deve crescer entre a classe
média brasileira, já que o preço do produto compete com o da carne bovina.
7
6
5
4
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012(f)
EUA AUMENTA PARTICIPAÇÃO NO MERCADO MUNDIAL
40
Estados Unidos
35
Percentual de mercado
20
30
UE-27
25
Canada
20
15
Brasil
10
5
2003
2004
2005
2006
2007
competitivos frente às outras carnes.
Além disso, a esperada redução nas
tarifas mexicanas de retaliação impostas para presuntos e ombros suínos
devem tornar o produto estadunidense
mais competitivo.
As importações da China devem crescer
2% para 560 mil ton, visto que a expansão no fornecimento interno é incapaz
de atender à crescente demanda no país. As importações do Japão devem ficar
estáveis em 1,2 milhão de ton, pois o aumento no fornecimento interno limitará a
compra do produto de outros países.
As exportações dos Estados Unidos
devem crescer 3% para 2,3 milhões de
ton. A redução na demanda da Coreia
do Sul e Rússia deve ser compensada pelo aumento nos embarques para
China e México. As exportações são
cada vez mais importantes à indústria
da carne suína dos EUA e, atualmente,
contabilizam 22% da produção.
As exportações da União Europeia devem cair 5% para 1,9 milhão de ton devido à redução no fornecimento e menor demanda de importadores-chave.
Os embarques para a Rússia devem
2008
2009
2010
2011
2012(f)
cair devido à redução nas quotas de
importação. À Coreia do Sul, as vendas devem cair com a recuperação no
fornecimento interno da carne.
As exportações do Brasil devem cair
2% para 570 mil ton, conforme a Rús-
“O crescimento
é atribuído
principalmente à
recuperação da China
e Coreia do Sul”
sia mantém a proibição do embarque
de três grandes estados produtores.
No entanto, espera-se aumento nas
exportações para Hong Kong, Argentina e outros mercados.
As exportações do Canadá devem
ficar estáveis em 1,2 milhão de ton,
pois o dólar canadense relativamente
forte e o fornecimento limitado do produto devem dificultar a posição competitiva da carne.
22
MUNDO 3
LUCRATIVIDADE
Shutterstock
Consultor inglês enxerga crescimento
modesto nos próximos 12 meses
texto RICHARD BROWN*
O
ano de 2011 foi um
período de altas
impressionantes
nos custos de produção das carnes,
que subiram muito mais do que era
esperado. O catalisador para estes aumentos foi a combinação de surtos de doença na Ásia
que diminuiu a produção enquanto a
demanda por importações aumentou.
Isto ocorreu em um momento em que
a situação de alto custo da alimentação animal forçou o resto do mundo a
ser sumamente conservador e cauteloso nos planejamentos sobre produção de carne.
A perda de 1,5 milhão de toneladas
de carne de suína na China devido à
PRRSV e 0,2 milhão de toneladas na
Coreia do Sul devido à febre aftosa e
os problemas pós-tsunami no Japão
causaram um aperto no fornecimen-
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
to da carne de suína, que impulsionou os preços drasticamente na Ásia.
A demanda extra de importação tem puxado os preços da
carne de suína nos EUA e nos mercados da UE e, também,
apoiado os preços de outras carnes vermelhas e, em certa medida, das aves. O resultado foi que o consumo global
encolheu para 236 milhões de toneladas mas deve crescer
1,2%, para 239 milhões de toneladas em 2012, pela demanda sustentada nas economias emergentes.
No entanto, com as conturbadas condições econômicas
dos EUA e a tendência de queda no consumo de carne na
UE, a demanda cairá ainda mais nessas regiões. Ainda assim, serão praticados níveis mais elevados de preços que
se sustentam para cobrir os altos custos. A reação dos consumidores continua sendo de retração através de uma variedade de mecanismos, incluindo quantidade, qualidade, espécie, cortes e redução do consumo fora de casa.
Os preços da carne no varejo dos EUA e da UE estavam
sob pressão pois os varejistas, que geralmente usam promoções como instrumento para a obtenção/retenção de
mercado, foram muito relutantes em passar o aumento aos
consumidores. Isso diminuiu as margens dos embaladores
e processamento. Essa realidade foi sentida mais aguda-
MUNDO 3
23
SUSTENTADA
para as carnes
em 2012
Shutterstock
mente no setor de frangos dos EUA,
que lutou para processar carne de peito e asas a preços mais justos e, consequentemente, os integradores tiveram severas perdas.
“A cautela
ainda é o sinônimo
de planejamento
da produção
por mais um ano”
2012 TERÁ AUMENTO TÍMIDO NA DEMANDA MAS “ALTO” EM RELAÇÃO A 2011
O crescimento do consumo de carne de frango será o principal beneficiado de novo, superando de longe as outras
GRÁFICO 1 | Consumo mundial de carnes, 2007 a 2012
Fonte: Gira
260 000
Total: 236 mio t
(-0.2%)
240 000
Total: 239 mio t
(+1.2%)
220 000
200 000
180 000
80 244
82 057
72 018
74 647
75 378
78 187
90 034
93 249
95 974
98 521
96 695
(-1.9%)
(+1.5%)
8 545
8 447
8 369
8 269
8 171 (-1.2%)
8 189 (+0.2%)
52 680
51 547
51 412
51 289
50 702
50 210
(+2.6%)
(+2.3%)
(‘000 towe)
160 000
140 000
120 000
100 000
98 102
80 000
60 000
40 000
20 000
0
2007
2008
Aves
2009
Suínos
2010
Ovinos
(-1.1%)
2011
Bovinos
(-1.0%)
2012
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
MUNDO 3
Shutterstock
24
GRÁFICO 2 | Índice de variação dos preços no mundo, 2000-2012
Source: GIRA
200
Com base em 2000
190
Ovinos
Índice de preços
180
Bovinos
170
Suínos
160
Aves
Todos
150
140
130
120
110
100
90
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
GRÁFICO 3 | Comércio mundial de carnes, 2007-2012
Fonte: Gira
30 000
Total: 274 mio t
(+3.6%)
28 000
Total: 27.9 mio t
(+1.9%)
26 000
24 000
10 601
22 000
Milhares de toneladas
20 000
18 000
9 855
9 740
10 214
6 600
6 199
6 355
1 165
1 214
1 096
968
8 199
8 714
8 370
8 913
2007
2008
Aves
2009
Suínos
8 784
10 799
(+1.9%)
16 000
14 000
12 000
10 000
8 000
5 493
6 000
Shutterstock
(+3.8%)
4 000
7 056
7 146
(+11%)
(+1.3%)
938 (-3.1%)
990 (+5.6%)
8 818
(-1.1%)
8 993
(+2.0%)
2 000
0
carnes, pois continuar a manter a dobradinha de vantagens de baixo custo
e alta flexibilidade/conveniência.
Deve haver alguma recuperação no
consumo da carne de suína, assumindo que a situação da saúde dos animais na China melhore. No entanto,
embora os custos com alimentação
aliviem um pouco, eles ainda estão em
um nível alto, e com o fornecimento de
grãos ainda bem ajustado, a cautela
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
2010
Ovinos
2011
Bovinos
2012
do produtor ainda é o sinônimo de planejamento da produção por mais um ano.
O Índice Mundial de Preços da Carne Gira (Y2000) demonstra que os preços de todas as espécies subiram notavelmente em 2011. Estes preços elevados levam a despesas
mundiais com carne muito maiores, mesmo que os aumentos não tenham sido integralmente repassados aos consumidores ou capitalizados pelos produtores.
As previsões para 2012 mostram que as carnes de ovinos
e de suínos podem ter queda (em termos reais) em relação
MUNDO 3
GRÁFICO 4 | Exportações dos EUA, 2006-2012
Fonte: Gira
8 000
Aves
Suínos
Bovinos
6 000
5 000
3 638
3 665
2 292
2 400
3 530
3 380
3 369
4 000
3 000
3 000
2 687
2 125
2 000
1 000
0
1 377
1 435
536
667
2006
2007
1 858
1 925
1 117
949
1 152
1 431
1 483
2008
2009
2010
2011
2012
aos níveis recordes de 2011: refletindo alguma recuperação de abastecimento em regiões-chave. No entanto, os preços da carne bovina e de aves tendem a aumentar novamente na média mundial, mas em um ritmo
mais lento do que em 2010 e 2011.
A carne bovina mantém oferta limitada (devido à baixa
rentabilidade histórica) e o tempo de espera necessário
para reconstruir os rebanhos no novo ambiente de preços mais elevados é grande. Embora existam indicadores claros de mais confiança entre os produtores, o desejo e a capacidade de reconstruir rebanhos são diferentes.
Na Austrália, a abundante precipitação pela La Niña
tem melhorado as condições pastorais tanto que até o
rebanho de ovelhas terminou seu declínio de 20 anos.
No entanto, na América do Sul, evidências de reconstrução do rebanho ou produção mais intensa é variável
e o fornecimento de gado de abate será muito apertado
por, pelo menos, mais um ano.
O custo de investimento para aumentar o volume de gado de corte em comparação com aráveis (como cana-de-açúcar, eucalipto, etc) é tal que interessa apenas
a criadores de regiões inadequadas para agricultura. A
alta dos custos de alimentação para o gado também
tem sido uma restrição sobre o emergente modelo semi-intensivo de acabamento e/ou confinamento.
Enquanto isso, os canadenses têm as condições pastorais e de confiança para o ciclo do gado para andar
bem mas, na América, a grave seca no sudoeste (região-chave para o rebanho de cria) e custos de confinamento altos combinam-se para indicar que a produção
continuará à deriva para baixo.
O volume global do comércio de carnes em 2011, conforme previsão da Gira, aumentou 3,6% (1 milhão de
Shutterstock
Volumes exportados (milhares de toneladas)
7 000
25
26
MUNDO 3
GRÁFICO 5 | Importações de carne nos países Mena, 2006-2012
Fonte: Gira
4 500
Aves
Suínos
Ovinos
Bovinos
4 000
Milhares de toneladas
3 500
3 000
2 000
1 500
2 340
54
256
52
278
1 410
1 562
1 600
2010
2011
2012
2 127
1 159
1 487
1 744
1 000
35
275
37
314
41
348
47
328
500
999
1 028
883
1 012
2006
2007
2008
2009
0
2 279
2 151
2 500
51
276
EUA RECUPERAM PRIMEIRO LUGAR NA
EXPORTAÇÃO DE CARNE
GIRA PREVÊ AUMENTO DE 1,8%
NO COMÉRCIO MUNDIAL DE
CARNES DE AVES
• CARNE DE AVES: maior importação na Ásia, Mena (Oriente Médio e Norte da África) e África e considerável progresso dos EUA para encontrar mercados alternativos já que seu mercado de importação
de longa data, a Rússia, cairá ainda mais.
• CARNE SUÍNA: volumes com espaço para aumentar ainda mais na China e no Japão, mas excluindo a Rússia (desde que a febre suína africano não tenha um impacto mais dramático na produção).
• CARNE BOVINA: o volume será modestamente mais robusto em todas as
principais rotas de comércio do mundo mas, especialmente, para a Ásia
e Rússia.
Shutterstock
• CARNE DE OVINO: acentuada
reversão das perdas comerciais recentes devido a alguma recuperação na oferta da Austrália e Nova Zelândia, principalmente para o cordeiro,
mas também mais de carneiro da Austrália.
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
toneladas) e muito mais em valor,
porque os preços negociados aumentaram dramaticamente. No entanto, existem algumas diferenças
importantes subjacentes neste crescimento do comércio. Entre elas, o
crescimento espetacular no comércio
da carne suína refletindo tanto a forte demanda, devido às questões na
China (PRRS) e Coréia (FMD), e menor consumo nos EUA e na UE.
As principais quedas no volumes de
carne comercializadas ocorreram,
principalmente, nas exportações do
Canadá e da Austrália para os EUA e
do Brasil para a Venezuela, que também refletem a fraca demanda nos
EUA e melhores preços nos mercados como da Rússia.
Os EUA recuperaram o primeiro lugar como exportador de
carne durante 2011. A demanda aquecida, ajudada pelo
dólar fraco, veio como salvação para um setor bastante
conturbado pelas condições do consumo interno e os custos altos.
O aumento na exportação foi alcançado por meio de bons
preços de mercado e permitiu aumento melhor que o esperado dos preços domésticos da carne suína e bovina, mas
não para frango. Ganhos no volume de exportação devem
continuar até em 2012, embora o USD mais forte possa levar alguma competitividade de preço.
Os brasileiros foram relegados para a segunda posição entre os países exportadores de carne, com uma quota de comércio mundial de 41% para aves, 15% de bovinos e 8% de
suínos. O ano de 2011 presenciou uma queda expressiva
nas exportações de carne brasileira devido a uma combinação de:
• Real valorizado minando a competitividade
de preços.
• O crescimento no uso da terra arável para culturas comerciais limitando a disponibilidade
de pasto.
• A demanda interna aquecida.
• Problemas de acesso a mercados importadores, especialmente a Rússia, que não parece
que terminará rapidamente.
• Escassez de oferta de gado de abate, que gera preços acentuadamente mais elevados, e as questões de
lucro / capacidade de utilização para processamento.
“Os EUA
recuperaram
o primeiro
lugar como
exportador de
carne durante
2011”
A região de Mena (do inglês Middle
East and North Africa, cerca de 20 países do Oriente Médio e Norte da África, avaliados por Gira) é a maior região
importadora. Disponibilidade de carne, a preços acessíveis, é um imperativo político. Com a produção doméstica limitada pelo clima e alto custo, a
região é um destino de exportação altamente interessante, a partir de muitas origens diferentes, para os próximos anos e a preços atraentes.
2011 foi um ano atípico com preços altos e custos elevados. Com a concorrência pela terra, os preços dos alimentos deverão aumentar ainda mais:
os varejistas e operadores de foodservice no mundo desenvolvido precisam
ajustar as suas mentalidades para esta
realidade de novos preços.
Eles vão precisar passar os aumentos
de preços necessários para os consumidores que não gostam de pagar
mais. Mas a experiência deste ano demonstra que eles podem e vão pagar
mais ou, então, a carne vai ser exportada para o mundo em desenvolvimento. O seu reconhecimento destes novos preços (e custos de produção),
então, darão confiança para o investimento em mais produção.
*Richard Brown é analista da respeitada consultoria Gira.
28
BRASIL
CARNE
SUÍNA:
Shutterstock
balanço 2011
e perspectivas
para 2012
Aumento da produção
é absorvido pelo
mercado interno
texto JURANDI MACHADO*
“O dinamismo
do mercado
interno absorveu
180 mil toneladas
a mais”
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
O
s principais fundamentos da cadeia
suína brasileira, em
2011, foram o consistente crescimento da produção, a
demanda ajustada
à oferta, a elevação
dos custos de produção, a instabilidade dos preços no mercado interno e
firmes no mercado externo, as restrições de acesso impostas pelos russos
e a abertura do mercado da China.
BRASIL
29
A produção, em 2011, cresceu 4,9%
em relação a 2010, passando de 3,24
milhões de toneladas para 3,50 milhões de toneladas. Esse crescimento
foi sustentado pelo aumento da produtividade e do peso médio de abate,
já que os novos investimentos foram
para substituir parte das estruturas
consideradas obsoletas. O plantel de
matrizes, estimado em 2,48 milhões de
cabeças, apresentou um leve crescimento de 0,6%.
MERCADO INTERNO
Em cabeças, a oferta para abate passou de 34,3 para 36,2 milhões.
A oferta de suínos para abate, em
2010, aumentou 5,5%. No período, os
abates sob Inspeção Federal (SIF) somaram 30,4 milhões de cabeças, um
aumento de 4,5% em relação a 2010.
Já os abates sob outras certificações
retornaram aos patamares de 2008.
O mercado interno absorveu 84,7% da
oferta, aumentando a sua participação
em relação ao ano passado, quando
absorveu 83% da oferta.
A disponibilidade interna cresceu
6,7%, igualando-se ao potencial do
consumo, estimado em 15 kg por habitante. Mesmo diante do expressivo aumento da oferta, somado à queda das
exportações, o dinamismo do mercado interno absorveu 180 mil toneladas
a mais, chegando ao final do ano com
os estoques abaixo do normal.
O ano de 2011 se caracterizou pela
continuidade da expansão das vendas
de industrializados, mas a pressão da
oferta gerou instabilidade de preços,
sobretudo para os cortes in natura e
temperados. As empresas que operam
neste segmento tiveram suas margens
de comercialização comprometidas.
Tal situação também foi influenciada
pela oferta de carne de aves a preços
muito baixos.
A elevação dos preços internacionais
dos grãos, principais componentes
dos custos de produção, foi o grande
diferencial, que ao lado da instabi-
Shutterstock
PRODUÇÃO
TABELA 1.
Abates, Produção, Auto-Consumo,
Exportações e Disponibilidade Interna
Abate (Milhões de Cab.)
Ano
SIF
2004
2005
Auto-consumo
Produção
(mil t)
Outras
(1)
Total
20,6
5,9
26,5
6,8
2.620
22,4
5,3
27,6
6,4
2.708
2006
23,1
6,8
30,0
6,6
2.943
2007
24,4
6,6
31,0
5,8
2.998
2008
26,1
5,8
31,9
5,9
2009
28,1
5,7
33,8
2010
29,1
5,2
34,3
2011
30,4
5,8
36,2
Exportações
(mil t)
Disponibilidade
(mil t)
(kg/habitante)
510
2.110
11,3
625
2.083
11,6
528
2.415
13,3
607
2.391
13,0
3.026
529
2.497
13,2
5,6
3.190
607
2.583
13,7
4,7
3.238
540
2.698
14,4
4,5
3.398
520
2.878
15,1
Fonte: ABIPECS e EMBRAPA
lidade dos preços em todos os segmentos do mercado interno, afetou as
margens de comercialização e comprometeu os resultados do setor em
boa parte do ano.
MERCADO EXTERNO
As exportações tiveram uma queda
de 4,4%, mas as receitas cresceram
6,0%. O dinamismo do mercado interno, o real forte na maior parte do
ano e as restrições do mercado russo
foram os fatores determinantes deste
comportamento. Apesar da instabilidade nos preços, as vendas internas
se mantiveram mais atrativas do que
as exportações. A valorização do real, na maior parte do ano, manteve o
produto brasileiro menos competitivo em relação aos concorrentes. As
restrições no mercado russo tiveram
um efeito apenas especulativo, pois o
crescimento dos volumes exportados
para outros mercados provou que já
não somos mais tão dependentes do
mercado russo.
PERSPECTIVAS
PARA 2012
A oferta tende a ter um crescimento
moderado, no máximo de 2%. A demanda deve continuar aquecida, ancorada no mercado interno. Espera-se
uma recuperação dos preços, que ao
lado da redução dos custos, permitirá
uma recomposição das margens de
comercialização, sobretudo no segmento de cortes, esperando com isso
o retorno da rentabilidade ao setor.
O grande diferencial tende a ser o
crescimento das vendas para Ásia,
com intensificação das vendas para a
China e a abertura dos mercados do
Japão e da Coreia do Sul.
* Jurandi Machado é diretor da Abipecs
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
32
FUTURO
Suinocultura tem um
futuro promissor
Santa Catarina sintetiza importância econômica do setor
texto MÁRIO LANZNASTER*
Shutterstock/SXC
P
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
resente em todos os municípios
e na maioria das
190.000 propriedades rurais, a suinocultura é uma das
principais atividades do setor primário da economia catarinense. Encontra-se desde a minúscula unidade
microfundiária de alguns poucos hectares até a grande e tecnologicamente
sofisticada propriedade rural.
No início do século, quando principiou
o processo de ocupação e colonização do grande Oeste de Santa Catarina, a criação de suínos acompanhava,
de forma tênue e incipiente, a atividade
extrativa. Quando o ciclo da madeira
exauriu-se, na década de 1950/1960,
iniciava-se a expansão e o fortalecimento da suinocultura ao lado da produção de grãos.
O quadro atual não guarda nenhuma semelhança com os primórdios
da atividade. A capacitação técnica
dos criadores eliminou o despreparo e a falta de informações, a pesquisa científica ofereceu material genético de alta qualidade, a expansão e
aperfeiçoamento da nutrição animal
proporcionaram rações que otimizaram a produtividade. A zootecnia, a
medicina veterinária e a engenharia
oportunizaram criatórios adequados,
técnicas avançadas, máquinas, implementos e equipamentos de manejo para tornar absolutamente racional
e produtiva a suinocultura.
Hodiernamente, Santa Catarina detém
a maior, a melhor e a mais desenvolvida suinocultura do país. Esses números ganham vida e expressão quando
cotejados com a pequena base territorial: o Estado catarinense representa apenas 1,12% do território nacional.
A dimensão social da suinocultura sobressai-se pelos 150.000 empregos
que gera e pelas 500.000 pessoas que
dela dependem diretamente.
FUTURO
O controle sanitário e a proteção ambiental são as prioridades atuais. Livre
de zoonoses e epizootias, Santa Catarina conquistou o status de área livre
de aftosa sem vacinação junto à OIE,
condição privilegiada que a credenciou a disputar os mais exigentes mercados do planeta. O Estado lidera as
exportações de carne suína e a prospecção de novos mercados e há mais
de duas décadas firmou-se competitivamente no cenário mundial da carne.
O grande óbice do produto catarinense é a nova escalada de protecionismo dos países hegemônicos que subsidiam maciçamente seus produtores,
artificializando e corrompendo as relações comerciais.
Por outro lado, os cuidados ambientais tornaram-se fatores determinantes no planejamento, na aprovação
e na execução de empreendimentos suinícolas. Tratamento e destinação de dejetos, proteção das fontes
de água e eliminação da poluição das
águas superficiais tornaram-se absoluta prioridade.
Apesar dos problemas mercadológicos, sou um entusiasta em relação ao
mercado mundial de carne suína, a
SANTA CATARINA
e a SUINOCULTURA
1,12% do território nacional
150 mil empregos na suinocultura
500 mil pessoas
dependentes do setor
190 mil propriedades rurais
Suinocultura em todos
os municípios de SC
Status “Livre de aftosa” junto a OIE
mais consumida no planeta. O Brasil
atingiu a marca de 15 kg per capita de
consumo de carne suína, ultrapassando a meta estabelecida pelo Projeto
Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS) prevista para 2012.
Acredito que a supremacia da carne
suína no mundo se manterá por mais
uns cinco ou seis anos e, depois, cederá lugar à carne de frango. A carne
de aves deve crescer não apenas pelo
preço, mas, também, pela inexistência
de restrição de ordem cultural ou religiosa, como ocorre com a carne suína
em alguns países.
No Brasil, o mercado doméstico foi a
base de sustentação dos suinocultores e indústrias de processamento de
carne. Por um longo período, o consumo per capita permaneceu estagnado,
aumentando apenas de acordo com o
crescimento da população. Agora, o
aumento é real. Esse aumento do consumo interno expressa a melhoria de
renda da população brasileira.
A produção brasileira não para de
crescer, especialmente por conta do
Brasil central. Com a maior
oferta e o aumento da
renda da população, o
consumo cresceu, e
a carne suína está
mais presente na
mesa do brasileiro. O mercado
nacional absorveu o aumento
de 180 mil toneladas que ocorreu na
produção de suínos
em 2011.
Neste ano, a produção de
carne suína evoluiu 4,9% em relação a 2010, de 3,24 milhões de toneladas para 3,5 milhões. O fechamen-
33
to do mercado russo no início de 2011
pressionou a disponibilidade de carne
suína no mercado brasileiro em 6,7%.
O ano foi bom, sobretudo porque o
mercado interno absorveu 84,7% da
oferta em relação a 83% em 2010,
houve expansão das vendas, principalmente, de industrializados, e o foco
dos produtores centrou-se na gestão,
o que explica em parte o baixo crescimento dos alojamentos de matrizes e
o aumento da produtividade. Esse cenário positivo foi embaçado, mas não
foi neutralizado pelo aumento da concorrência interna e pela elevação dos
custos de produção. Esperamos que
a demanda continue aquecida para
recuperação dos preços e redução
dos custos.
Acredito que haverá progresso das exportações para Ásia. A China habilitou
três frigoríficos, as missões técnicas
do Japão e da Coréia do Sul, que visitaram o Brasil, devem aprovar as importações em 2012. A crescente abertura da Ásia às exportações de carne
suína do Brasil deve representar fato
relevante já em 2012, com boas perspectivas nos próximos anos. A concorrência da União
Européia tende a
persistir, sobretudo na Rússia.
Os preços médios internacionais deverão permanecer
firmes
devido à continuidade do crescimento da demanda na Ásia.
Enfim, o futuro é promissor
para a suinocultura.
“O quadro
atual não
guarda nenhuma
semelhança com
os primórdios da
atividade”
*Mário Lanznaster é presidente da Coopercentral Aurora
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
36
CONSUMO INTERNO
Shutterstock
Brasileiro
já consome
“Manter-nos
nossa capacidade
de resultados
para o setor”
texto LÍVIA MACHADO*
s reflexos da capacidade de planejar e atuar de forma conjunta frente
aos desafios na
atividade suinícola
no Brasil transformaram o sistema
ABCS na união de 13 entidades estaduais, que representam 50 mil produtores
independentes e integrados e quase 1
milhão de empregos na cadeia.
Hoje o País ocupa o 4º lugar no ranking
de maior produtor e exportador da proteína animal mais consumida no mundo, patamar que não poderia ser atingido sem a quebra de obstáculos e
barreiras do conhecimento e tecnologia, avançadas ao longo dos anos por
meio de diversas áreas que se lançaram no desafio de desenvolver a suinocultura brasileira no quesito de produtividade, qualidade, sanidade e
eficiência, elevando-a ao destaque no
agronegócio nacional e mundial.
Mas perante o agente responsável pela movimentação de qualquer atividade
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
econômica, o consumidor, qual
papel a carne suína conseguiu
ocupar ao longo desses anos?
Mesmo com mercado interno representado por mais de 192 milhões brasileiros, segundo dados do IBGE 2010,
a atividade não conseguiu galgar com
a mesma evolução. O Brasil ocupava a
70ª posição no ranking mundial em relação ao consumo (dados FAO 2007) e
no mercado interno, no ano de 2005, a
carne suína permanecia estagnada nos
13 kg per capita ano.
Mesmo diante do aumento de poder
de compra dos brasileiros trazidos pela
criação e estabilização do real e das altas em anos anteriores do preço da car-
ne bovina, nossa proteína não ganhava
espaço na cesta dos brasileiros. Segundo dados da tabela abaixo, no quesito consumo, a carne suína estava muito aquém da carne bovina e de frango.
Era preciso mudar esse cenário e com
urgência para a retomada da sustentabilidade da atividade para os produtores. Foi dessa constatação que
TABELA 1 Consumo per capita de carnes no Brasil
Fonte: ABCS
Consumo no Brasil
em 2005
Quantidade (média
Kg per capita)
Frango
39
Bovina
37
Suína
13
Shutterstock
O
unidos e
organizados aumenta
37
CONSUMO INTERNO
de carne suína por ano
Coordenadora do PNDS prega
união para melhorar ainda mais
Mais do que varejo, o objetivo principal
do Projeto é trabalhar para uma maior
estabilidade econômica da atividade
e os consequentes benefícios para os
suinocultores, por meio da ampliação
do mercado doméstico de carne suína. Mas para isso era preciso trazer
modernização para o comércio dessa proteína e a generalização de boas
práticas de produção, da granja à mesa, consolidando assim a carne suína
como um produto saudável e nutritivo.
Um desafio gigantesco para toda cadeia, tendo a questão cultural como
uma das principais causas do baixo
consumo, seguidas da estagnação da
indústria frigorífica suína em relação à
de carnes de frango e boi, no quesito
formato, praticidade e conveniência.
Mancur Olson, autor da obra “Lógica
da Ação Coletiva”, descreve uma teoria tradicional de grupo como sendo “o
comportamento de indivíduos racionais
que se associam para a obtenção de
algum benefício coletivo”. Foi em busca de formar um grupo com esse conceito que a ABCS idealizou e assumiu
a liderança do PNDS e foi em busca de
atores para se comprometer e iniciar
ações. No gráfico 2 está demonstrado
o esquema de trabalho estruturado.
Houve necessidade de planejar a atuação de acordo com a especificidade
de cada estado, considerando a forma
de organização da produção e indústria, ajustando às possibilidades dos
Sebraes estaduais, fato que ampliou
a capacidade de gestão e coordenação do Projeto, neste primeiro ano. O
conceito de Peter Drucker resume em
poucas palavras a força do trabalho
realizado pelos inúmeros parceiros e
agentes do setor: “o planejamento não
é uma tentativa de predizer o que vai
acontecer, é um instrumento para raciocinar agora, sobre que trabalhos e
ações serão necessários hoje, para
merecermos um futuro. O produto final
do planejamento não é a informação:
é sempre o trabalho”. E ao iniciar o desenvolvimento do PNDS, era precioso
atingirmos o produto final do planejamento: foi criado o mix de produtos para serem aplicados nas bases de atuação do PNDS, sendo:
GRÁFICO 1 Esquema estratégico do Projeto Nacional de
Fonte: ABCS
Desenvolvimento da Suinocultura – PNDS
PNDS
Geração de
Conhecimento
Comercialização
Ações Gerais
Indústria
Produção
Shutterstock
a ABCS iniciou trabalhos pilotos voltados para a área de comercialização,
numa iniciativa baseada em pesquisas
nacionais sobre o baixo consumo de
carne suína no Brasil e suas causas,
no ano de 2006. Com resultados expressivos junto ao varejo, por meio da
implantação da campanha “Um Novo
Olhar sobre a Carne Suína”, foi idealizado o Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS), – em
2009 – já num formato sistêmico que
abrangesse todos os elos da cadeia e
não somente a comercialização. A iniciativa, então, ganhou parceiros de peso como o Sebrae Nacional e a Confederação Nacional de Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA) que juntos
traçaram a meta de aumentar o consumo no país em 2kg per capita até 2012.
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
38
CONSUMO INTERNO
PRODUÇÃO
INDÚSTRIA
• Consultorias de marcas e embalagens e também industrial para pequenos e médios frigoríficos;
• Aplicação do programa Sebrae da
Qualidade Total Rural nas Granjas;
• Criação do Programa de Capacitação Total para suinocultores (PCT’s)
• Capacitação em tecnologia de cortes com base no Manual Brasileiro
de Cortes Suínos;
• Disseminação tecnológica
por meio de consultorias
individuais (SUINTEC);
• Diagnósticos de Implantação de Boas Práticas de Fabricação;
• Elaboração do Manual Brasileiro
de Boas Práticas Agropecuárias
na Produção de Suínos;
• Organização de missões técnicas
para produtores.
sua forma de
atuação
Sebraes UF’s
Associações
Locais
Execução Estadual
ABCS
GRÁFICO 3
SEBRAE
Aumento no consumo
carne suína X tempo
de atuação do PNDS
Planejamento Conjunto
Fonte: Abipecs e ABCS
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
Shutterstock
PNDS
Projeto de Todos
• Treinamento de merendeiras
e promotores de vendas;
• Divulgação de cartilhas com
receitas para nichos específicos;
• Oficinas e festivais gastronômicos;
• Curso de cortes para varejo;
Já em 2011, com a adesão dos estados da Bahia e Ceará que inseriram mais 14
mil matrizes tecnificadas e, em média, 21 mil consumidores potenciais de carne
suína as chances de consumo foram ampliadas significativamente. Foram efetivados o desenvolvimento de ações na área de produção como Suintec e parceria com o Senar Nacional para criação de cursos modulares na suinocultura. Todo esse esforço pode ser quantificado nos números abaixo que demonstram os
resultados obtidos em 2 anos de PNDS.
Federações e
SENAR UF’s
CNA
• Campanhas junto ao varejo,
com apresentação de
cortes porcionados;
Com a aplicação desse conjunto de ações e a capacidade de transformação, no
seu primeiro ano de atuação nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
Paraná, Minas Gerais, Distrito Federal, Espírito Santo e Goiás – representando
mais de 70% do plantel de matrizes tecnificadas do país – o PNDS capacitou mais
de 5 mil profissionais, sensibilizou quase 600 mil pessoas e o mercado interno absorveu 3% a mais da oferta, segundo dados da Abipecs. Ou seja, no primeiro ano
de presença sistêmica do PNDS, o consumo per capita no Brasil aumentou mais
de 1 kg por pessoa, chegando a 14,5 kg per capita.
GRÁFICO 2 O PNDS e
Fonte: ABCS
• Palestras para profissionais
de saúde;
• Presença nas principais feiras
do país;
Shutterstock
• Criação de cursos modulares
em suinocultura para colaboradores, numa parceria inédita com o
Senar Nacional;
• Estudos de Inteligência competitiva
para frigoríficos em parceria com a
FINEP e ITAL.
COMERCIALIZAÇÃO
CONSUMO INTERNO
TABELA 2 Abates, produção, auto-consumo, exportações e disponibilidade interna
Shutterstock
Fonte: ABIPECS, EMBRAPA
ANO
ABATE (Milhões de Cab.)
SIF
OUTRAS
TOTAL
AUTOCONSUMO
2004
20,6
5,9
26,5
6,8
PRODUÇÃO EXPORTAÇÕES
(mil t)
(mil t)
DISPONIBILIDADE
(mil t)
(kg/habitante)
2.620
510
2.110
11,3
2005
22,4
5,3
27,6
6,4
2.708
625
2.083
11,6
2006
23,1
6,8
30,0
6,6
2.943
528
2.415
13,3
2007
24,4
6,6
31,0
5,8
2.998
607
2.391
13,0
2008
26,1
5,8
31,9
5,9
3.026
529
2.497
13,2
2009
28,1
5,7
33,8
5,6
3.190
607
2.583
13,7
2010
29,1
5,2
34,3
4,7
3.238
540
2.698
14,4
2011
30,4
5,8
36,2
4,5
3.398
520
2.878
15,1
Resultados das ações PNDS
no anos de 2010/2011
• 367 ações desenvolvidas.
• Mais de 120
municípios atendidos.
• Mais de 1 milhão de
pessoas sensibilizadas.
• 13.350 profissionais
capacitados (nessa fatia
mais de 2 mil produtores).
A tabela 2 demonstra o expressivo crescimento da produção, a queda nas exportações, o aumento da disponibilidade interna e confirma a meta de
aumento de consumo atingida, confirmando que as iniciativas do Projeto,
aliadas ao positivo momento da eco-
nomia do País e a manutenção do alto
preço da carne bovina permitiram a suinocultura brasileira comemorar o alcance dos 15 kg per capita ainda em 2011.
O objetivo geral do PNDS, de trabalhar
pela sustentabilidade da cadeia, requer
extrema capacidade de liderança, credibilidade, união, articulação e planejamento estratégico. Sozinhos, às vezes,
parece ser possível caminhar mais rápido, mas a decisão por atuar de forma
conjunta nos permitiu alcançar a meta
desejada e chegar mais longe. Centenas de suinocultores, empresas do setor, autoridades e lideranças acreditaram na revolução que o PNDS traria para
a cadeia suinícola. Associações filiadas
a ABCS, Sebraes e federações estadu-
ais se lançaram nesse desafio. Juntos
trabalharam, ousaram e hoje veem essa
meta histórica no Brasil se concretizar.
Mas é preciso olhar para o futuro.
A expectativa é multiplicar as ações, expandir o número de produtores e profissionais capacitados, com novas metas para 2012. A entrada de São Paulo
no PNDS, estado que concentra quase
25% dos consumidores do país e consome em quantidade mais carne suína que a nossa atual exportação, reforça que o nosso desafio será gigantesco.
Manter-nos unidos e organizados de forma a respeitar as diferenças com foco
no ganho coletivo, aumenta nossa capacidade de resultados para o setor.
*Lívia Machado é Coordenadora Nacional do PNDS
39
40
CONSUMIDOR
U
tilizando dados
obtidos a partir
do projeto Q-PorkChains,
custeado pela
União Europeia
e
organizado
pela Universidade de Copenhagen, realizou-se um estudo a respeito desse ser tão importante e, infelizmente, tão pouco estudado
no Brasil: o consumidor final de alimentos. A pesquisa continha um extenso
questionário cobrindo 9 diferentes
áreas, das quais somente algumas
serão abordadas neste artigo.
Inicialmente, verificaram-se os níveis
de penetração de mercado dos produtos pesquisados, de onde foram obtidos alguns resultados interessantes:
• em geral, os brasileiros comem produtos de suínos pelo menos uma
vez por ano. O pernil tem a mais alta
COMO É O
penetração na amostra observada,
entre os 11 produtos;
• embutidos, como salames, presunto e mortadela, também têm alta
penetração, seguidos de costela de
porco, lombo e bisteca, salsichas e
alguns pratos como feijoada;
• patê é o produto menos consumido
entre os pesquisados, com uma penetração de menos de 50%, seguido
de miúdos (rabo, toucinho, orelha);
• os produtos da categoria de frescos
primariamente processados (carne
recheada, carne assada, marinados, temperados) também têm pe-
consumidor
brasileiro
Shutterstock
DE CARNE
SUÍNA?
Aumento da
produção é absorvido
pelo mercado interno
texto MARIA STELLA DE MELO SAAB*, MARCOS
FAVA NEVES* E MÁRCIA DUTRA DE BARCELOS*
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
41
CONSUMIDOR
GRÁFICO 1. Nível de penetração em % das famílias
Presunto cru
Presunto cozido, salame, mortadela
Costela suína
Lombo e costelinha suína
Produtos alimentícios
quena penetração e podem representar uma boa oportunidade para
as indústrias introduzirem uma variedade maior desse tipo de produto
no Brasil, e até mesmo desenvolver
produtos desse tipo mais de acordo
com o paladar do brasileiro;
• outra oportunidade é aumentar a
disponibilidade desses produtos no
ponto de venda, principalmente supermercados e açougues.
É importante observar que a penetração não mostra frequência de consumo ou níveis reais de consumo. De
fato, diz mais a respeito da familiarida-
Salsicha
Refeições (pizza, feijoada, macarrão)
Bacon
Linguiças, carne suína moída, carne suína seca
Carne suína recheada, escalope, carne suína assada
Miúdos
Patê
20
40
60
80
100
120
Shutterstock
0
Shutterstock
TABELA 1. Frequência de consumo (%)
Nunca
Uma vez por
ano ou menos
frequente
Várias vezes
ao ano
Uma vez
por mês
Costela suína
5,6
29,9
23,7
19,1
Várias vezes Uma vez por
por mês
semana
85
11,6
Várias vezes
por semana
Diariamente
0,6
1,0
1,9
Paleta, lombo, bisteca
5,8
31,1
23,0
18,5
7,1
11,0
1,7
Pernil
4,4
47,7
20,5
11,8
6,2
7,1
0,6
1,7
Outros (miúdos, toucinho,
rabinho, orelha)
29,0
33,6
13,7
10,8
3,5
8,5
0,4
0,4
Salsichas, carne suína
moída, brochete, carne seca
15,5
34,4
15,4
12,4
11,4
7,9
1,7
1,0
Carne recheada, escalope,
carne assada, espetinho
24,3
35,9
12,2
11,4
8,3
6,0
0,8
1,0
Pratos (lasanha, pizza,
espaguete, feijoada)
7,1
21,6
17,8
19,9
16,4
14,9
1,7
0,6
Embutidos (salame,
presunto, mortadela)
4,8
7,7
11,8
12,2
11,8
22,8
10,2
18,7
Bacon
15,8
24,1
12,7
15,8
10,0
14,7
3,9
3,1
Linguiças
6,6
13,5
14,5
13,7
14,1
25,1
7,9
4,6
Patê
51,5
21,4
6,8
4,6
5,0
5,8
2,9
2,1
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
42
CONSUMIDOR
Shutterstock
TABELA 2. Como e onde você compra (%)
Fresca Congelada
Ambos
No
açougue
No
supermercado
Outro
lugar
1,3
Costela suína
88,7
10,3
1,0
41,2
57,6
Paleta, lombo, bisteca
89,5
10,5
0
45,7
52,6
1,6
Pernil
84,0
13,9
2,2
32,5
65,4
2,2
Outros (miúdos, toucinho,
rabinho, orelha)
88,3
11,1
0,6
37,8
58,3
3,9
Salsichas, carne suína
moída, brochete, carne seca
88,8
10,8
0,4
19,6
78,8
1,7
Carne recheada, escalope,
carne assada, espetinho
84,9
15,1
0
20,3
65,6
14,1
Pratos (lasanha, pizza,
espaguete, feijoada)
79,9
20,1
0
5,2
75,9
18,9
Embutidos (salame,
presunto, mortadela)
96,4
3,6
0
8,1
89,8
2,1
Bacon
93,8
6,2
0
20,0
79,3
0,7
Linguiças
92,7
7,3
0
19,0
80,3
0,8
Patê
93,1
6,9
0
3,8
96,2
0
de do respondente com o produto do
que se ele gosta ou não do produto.
O Gráfico 1 facilita a visualização deste conceito.
A fim de investigar o comportamento
de consumo dos respondentes, incluíram-se questões a respeito da frequência de consumo e das preferências
dos consumidores, conforme expostas na Tabela 1.
Pelos resultados, percebe-se que é
bastante significativo o número de
pessoas que nunca consome alguns
itens de carne suína. No caso do patê,
por exemplo, a quantidade de respondentes que nunca consome o produto
supera a metade da amostra (51,5%).
No item outros (miúdos, toucinho),
chega a 29%, e nos mais processados
(carne recheada, escalope), 24,3% afirmaram nunca consumirem o produto.
Se forem somadas as opções ‘nunca’,
Shutterstock
TABELA 3. Quando você consome (%)
Em dia de
semana
Qualquer dia
Nos finais de
semana
Somente em
ocasiões
especiais
Costela suína
17,0
57,2
20,9
4,8
Paleta, lombo, bisteca
11,5
67,1
15,1
6,3
Pernil
9,1
50,2
23,4
17,3
Outros (miúdos, toucinho,
rabinho, orelha)
10,0
75,6
13,9
0,6
Salsichas, carne suína moída,
brochete, carne seca
10,0
65,4
21,3
3,3
Carne recheada, escalope,
carne assada, espetinho
8,9
46,9
32,3
12,0
Pratos (lasanha, pizza,
espaguete, feijoada)
8,1
40,4
48,3
3,2
Embutidos (salame, presunto,
mortadela)
6,4
87,9
4,7
0,9
Bacon
7,2
80,0
11,0
1,7
Linguiças
6,5
85,2
7,3
1,0
Patê
11,5
77,1
11,5
0
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
‘uma vez por ano ou menos’ e ‘várias
vezes ao ano’, somente os itens embutidos, pratos e linguiças apresentam
valores abaixo de 50% das respostas
(24,3% para embutidos, 46,5% para
pratos e 34,6% para linguiças). Isso
corrobora as pesquisas que afirmam
que cerca de 65% do consumo de
carne suína no Brasil ocorre na forma
de embutidos (ROPPA, 2005). Aliás,
os embutidos são o único item cuja
frequência ‘diariamente’ aparece para
uma parcela significativa da amostra
(18,7%). No entanto, ao se somarem
as maiores frequências, ou seja, as
opções ‘diariamente’, ‘várias vezes por
semana’ e ‘uma vez por semana’, encontram-se frequências bem maiores,
como 51,7% para embutidos, seguida
de 37,6% para linguiças, 21,7% para
bacon e 17,2% para pratos (lasanha,
pizza, feijoada).
Na Tabela 2 são mostrados os resultados em relação à maneira como o
respondente compra os produtos.
Percebe-se que a diferença entre as
compras congelada e fresca são enormes, uma vez que para todos os itens a
maioria dos respondentes afirma comprar 80% ou mais dos produtos frescos.
Ainda na Tabela 2, os resultados
apresentados referem-se ao local de
compra de carne suína e confirmam a
crescente participação dos supermercados como principal local de compra
de alimentos (CONSOLI et al, 2010).
Para todos os itens questionados, a
participação dos supermercados supera a metade da amostra (de 57,6%
para costela a 89,8% para embutidos e
96,2% para patês). Para a opção ‘outro
lugar’, os valores significativos (18,9% e
14,1%) aparecem respectivamente para
‘pratos’ como lasanha, pizza ou feijoada, e ‘carne recheada, escalope, espetinho’, que são, pela própria natureza,
mais consumidos em restaurantes.
Na Tabela 3 apresentam-se os resultados da questão sobre a ocasião de
consumo dos produtos de carne suína.
Os resultados demonstram que os
itens são, em sua maioria, consumidos
principalmente em ‘qualquer dia’. O
Shutterstock
CONSUMIDOR
TABELA 4. Com quem (%)
Sozinho
Com a família
Com amigos
Com outros
Costela suína
6,4
89,4
4,2
0
Paleta, lombo, Bbisteca
5,9
87,2
6,9
0
Pernil
5,6
84,8
9,1
0,4
Outros (miúdos, toucinho,
rabinho, orelha)
6,7
85,0
7,8
0,6
Salsichas, carne suína moída,
brochete, carne seca
5,8
82,9
11,3
0
Carne recheada, escalope, carne
assada, espetinho
7,8
73,4
18,8
0
Pratos (lasanha, pizza, espaguete,
feijoada)
4,1
64,2
31,1
0,6
Embutidos (salame, presunto,
mortadela)
18,0
78,7
3,3
0
Bacon
11,7
85,2
2,8
0,3
Linguiças
12,5
84,9
2,6
0
Patê
16,0
82,4
1,5
0
produto ‘pernil’ apresenta o maior consumo ‘em ocasiões especiais’ entre todos os itens (17,3%), seguido dos mais
processados, como ‘carne recheada,
escalope, carne assada e espetinho’
(12%). Esse resultado era esperado, já
que pelo próprio tamanho e por ser tradicionalmente preparado de maneira
mais lenta, o pernil costuma ser consumido em ocasiões especiais, principal-
“os produtos da
categoria de frescos
primariamente
processados
também têm
pequena
penetração”
mente nas festas de final de ano, como
o Natal e Ano Novo, quando se reúne
uma grande quantidade de pessoas.
Já os pratos, como lasanha, pizza, espaguete e feijoada, e também os mais
processados, são os que aparecem
com mais frequência como consumidos nos finais de semana (48,3 e
32,3% respectivamente). As massas
são tradicionais refeições de domingo
no Brasil, principalmente nas famílias
43
44
CONSUMIDOR
de descendência italiana (e aí estão
incluídos a lasanha e o espaguete), a
feijoada é tradicionalmente um item
consumido aos sábados, como prato
único, e a pizza é um programa ‘de domingo’ para grande parte da população urbana no Brasil.
Na Tabela 4, demonstram-se os resultados da questão a respeito da companhia na qual os respondentes consomem os itens de carne suína. Nos
resultados, percebe-se que a maioria
dos respondentes consome os alimentos com a família, e o único item
em que o consumo ‘com a família’ é
menor que 70% é ‘pratos’, que inclui
pizza (tradicionalmente consumida em
pizzarias, e, portanto, onde amigos
costumam encontrar-se) e feijoada,
um prato bastante escolhido para confraternizações e eventos entre amigos.
O item com nível de consumo mais
significante ‘sozinho’ é o ‘embutidos’,
que, pelas próprias características é
bastante compreensível, já que os embutidos são comumente inseridos em
sanduíches e outros alimentos consumidos rapidamente e fora de casa.
A Tabela 5 apresenta os resultados da
questão sobre onde se consomem os
alimentos à base de carne suína. Pelas
próprias características da amostra,
que incluiu cidades bem próximas ao
ambiente rural e capitais de porte médio, onde os níveis de refeições fora do
lar são baixos e ainda é costume que
as pessoas façam suas refeições em
casa, a prevalência de respostas ‘em
casa’ é bastante grande, chegando a
98,5% para patês, e 95,9% para bacon.
“O pernil tem
a mais alta
penetração na
amostra observada,
entre os 11
produtos de suínos”
Novamente, os itens mais consumidos
em restaurantes (21,4% e 18,9%) são
‘carne recheada, escalope, espetinho’
ou os mais processados, e os ‘pratos’
(pizza e feijoada).
Na Tabela 6, onde são demonstradas
as respostas referentes ao grau de
preparação do alimento em casa, per-
Shutterstock
TABELA 5. Onde você consome (%)
Em casa
Em um
restaurante
No caminho
Algum outro
lugar
Costela suína
91,3
7,1
0,6
1,0
Paleta, lombo, bisteca
91,4
6,3
0
2,3
Pernil
87,4
7,8
0,4
4,3
Outros (miúdos, toucinho, rabinho,
orelha)
85,6
12,2
0,6
1,7
Salsichas, carne suína moída,
brochete, carne seca
82,9
12,9
2,9
1,3
Carne recheada, escalope, carne
assada, espetinho
68,2
21,4
7,3
3,1
Pratos (lasanha, pizza, espaguete,
feijoada)
61,9
18,9
9,6
9,6
Embutidos (salame, presunto,
mortadela)
94,5
4,7
0
0,7
Bacon
95,9
3,4
0
0,7
Linguiças
93,8
5,2
0,3
0,8
Patê
98,5
1,5
0
0
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
cebe-se que os embutidos e os patês,
logicamente, são comprados ‘prontos
para comer’, mas que a maior parte dos
itens, especialmente os cortes frescos
como costela (80,1%), paleta, lombo e
bisteca (81,6%) ou pernil (75,3%), são
principalmente ‘preparados em casa
desde o início’. No item pratos, há uma
boa distribuição entre os graus de preparo, sendo 39,2% ‘preparada em casa
desde o início’, 25,9% ‘finalizada em
casa antes de comer’ e 34,9% ‘comprada pronta para comer’.
Demonstra-se, assim, que quanto
mais processado o produto, menor
seu preparo pelo consumidor e, ao
contrário, quanto menos processado,
maior o preparo pelo consumidor de
carne suína.
COM QUAIS PRODUTOS
O RESPONDENTE
COMBINA O CONSUMO
DE CARNE SUÍNA
Foram questionados em seguida as
preferências por acompanhamentos
aos produtos suínos, ou seja, com
quais produtos os respondentes costumam consumir produtos de carne
suína. Como acompanhamento mais
frequente para a costela de porco, 90%
dos entrevistados citam o arroz; como
segundo acompanhamento, 35,9% das
pessoas citam feijão e 30,2%, batata.
Observa-se que o arroz é o acompanhamento mais citado pelos entrevistados para os produtos suínos, com
exceção dos frios e patês. Os outros
acompanhamentos mais citados são o
feijão, massas e bebidas frias. Tradicionalmente, o brasileiro consome arroz
diariamente em suas refeições. Aliás, a
refeição mais usual é arroz e feijão com
algum acompanhamento, que neste
caso é a carne suína. A massa também
costuma ser acompanhada de alguma
proteína, especialmente a carne. E pelo
fato de ser um país com altas temperaturas na maior parte do ano, o acompanhamento de bebidas geladas é uma
consequência natural.
Percebeu-se pelo estudo realizado
que algumas suposições práticas que
CONSUMIDOR
Shutterstock
TABELA 6. Quanto de preparo (%)
É preparada em casa
desde o início
É finalizada em casa
antes de comer
É comprada pronta
pra comer
Costela suína
80,1
16,7
3,2
Paleta, lombo, bisteca
81,6
16,1
2,3
Pernil
75,3
21,2
3,5
Outros (miúdos, toucinho,
rabinho, orelha)
66,7
30,0
3,3
Salsichas, carne suína
moída, brochete, carne seca
62,1
23,8
14,2
Carne recheada, escalope,
carne assada, espetinho
50,5
33,3
16,1
Pratos (lasanha, pizza,
espaguete, feijoada)
39,2
25,9
34,9
Embutidos (salame,
presunto, mortadela)
26,8
18,2
55,0
Bacon
46,2
27,2
26,6
Linguiças
43,1
27,0
29,9
Patê
24,4
19,1
56,5
se faziam a respeito do consumidor
puderam ser confirmadas pelas análises estatísticas realizadas, enquanto
que outras novas foram encontradas.
Isso gera uma série de informações
que, se utilizadas de maneira eficiente,
podem possibilitar um melhor direcionamento das ações de vários agentes
da cadeia de carne suína no Brasil.
Maiores detalhes, bem como a fundamentação teórica que deu base aos
estudos aqui demonstrados, as análises estatísticas realizadas, conclusões, implicações e definições mais
aprofundadas podem ser encontradas
na tese de Doutorado “Comportamento do consumidor de alimentos no Brasil: um estudo sobre a carne suína”,
disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/
disponiveis/12/12139/tde-31052011154749.
*Maria Stella de Melo Saab, Marcos Fava Neves e Márcia
Dutra de Barcelos são pesquisadores da USP
45
46
ESTADOS UNIDOS
O
texto DOUG WOLF*
s produtores de suínos dos EUA estão
saindo de um ano em que, em média,
lucraram apenas US $ 6-7 por animal
e, assim, eles esperam que 2012 seja
melhor. Com base em projeções de redução nos custos de alimentação, preço estável e novos acessos a mercados externos, 2012 se apresenta como
mais promissor que 2011. Mas os produtores terão de lidar
com um grande número de variáveis.
Um deles é o tamanho da safra de milho de 2012, que será fundamental para os planos de longo prazo de expansão
para a indústria de carne suína dos EUA. Os produtores, no
último trimestre de 2011, moveram-se lentamente com base
na colheita de milho de 2011 e projetada para 2012. As previsões indicam que os preços do milho devem continuar elevados, assim como os valores do petróleo, que poderia fazer
muito voláteis preços dos alimentos nos próximos 12 meses.
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
O que poderia ser um plantel estável,
provavelmente, vai subir porque o tamanho médio da maca nos EUA deverá aumentar cerca de 2%, média que
tem subido ao longo dos últimos quatro anos. O abate de suínos do país este ano deverá subir 2% a 3% em relação a 2011, principalmente no final do
ano. O peso médio de carcaça, também, deve subir um pouco por causa da esperada redução dos custos
de alimentação, sanidade geralmente boa e o constante aperfeiçoamento genético.
Embora a combinação desses fatores em 2012 deva aumentar a produção de suínos dos EUA em 3% a 4%
na comparação com 2011, as expor-
ESTADOS UNIDOS
47
Shutterstock
Acordos internacionais
são importantes,
diz especialista
“Os produtores
de suínos dos
EUA esperam
que 2012
seja melhor”
tações robustas devem levar a maior
parte do produto para fora do mercado dos EUA, deixando o abastecimento interno muito próximo dos níveis de
2011 e os preços da carne suína no varejo relativamente sustentados. Isso é
uma boa notícia para os produtores de
suínos dos EUA. De fato, a economista
Chris Hurt, da Purdue University, prevê
lucros de US$ 17 por animal em 2012.
de de todos
os tempos e chegaram a US$ 5 bilhões. O recorde anterior, de US$ 4,88 bilhões, foi registrado em 2008;
em 2010, a indústria de carne suína dos EUA exportou quase US$ 4,8 bilhões.
As fortes exportações de carne suína, também, corroboram significativamente para a visão positiva. No
ano passado, as exportações renderam mais de US$ 65 para os produtores por cada suíno comercializado.
De fato, as exportações de carne suína dos EUA em 2011 foram um recor-
ACORDOS DE LIVRE COMÉRCIO
Em 2012, os produtores de suínos dos EUA vão estar à procura de novos mercados e para a expansão dos já existentes
através de acordos comerciais para aumentar as exportações, que hoje respondem por quase um quarto da produção dos EUA. Existem várias oportunidades no ano novo.
Entre elas estão os acordos de livre comércio com Colômbia, Panamá e Coreia do Sul, que o Congresso dos EUA
aprovou em outubro passado. Dado que estes acordos se[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
ESTADOS UNIDOS
Shutterstock
48
TABELA 1 | Projeções para carne suína nos EUA
Fonte: USDA
Estoques iniciais
Produção
Import.
Oferta total
Export.
Estoques finais
Uso total
Per Capita
525
22456
859
23840
4224
541
19075
47,7
541
22660
836
24037
4951
600
18486
45,9
Nov
541
22678
826
24045
4976
580
18489
45,9
Oct
600
23074
825
24499
5090
610
18799
46,3
Nov
580
23074
815
24469
5090
590
18789
46,2
2010
2011
Proj.
2012
Proj.
Oct
jam implementados, os produtores de
suínos dos EUA vão colher enormes
benefícios nesses países.
De fato, os acordos comerciais irão gerar cerca de US$ 772 milhões em vendas de carne suína e vão permitir adicionar mais de US$ 11 no preço por
animal comercializado e criar mais
de 10 mil empregos, de acordo com
o economista Dermot Hayes, da Iowa
State University.
Outro desenvolvimento que deve ser
benéfico para os produtores de suínos
dos EUA é a adesão da Rússia à Organização Mundial do Comércio (OMC).
O país foi convidado no ano passado para se juntar ao grupo de comércio global e deve se tornar membro da
OMC no segundo trimestre do ano.
PARCERIA DO PACÍFICO
Shutterstock
Além disso, a indústria de carne suína
dos EUA vai estar à procura de novos
mercados por meio da Parceria Trans-Pacífico (TPP), que atualmente inclui
a Austrália, Brunei, Chile, Malásia, Nova Zelândia, Peru, Cingapura, Estados
Unidos e Vietnam. O Japão também
pediu para participar das negociações sobre o acordo de comércio multilateral, o que ajudaria a expandir as
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
exportações, salvar e criar empregos
nos Estados Unidos.
tarifas sobre seus produtos por parte
do Canadá e do México, que levaram
o caso à OMC.
A indústria de carne suína dos EUA
tem questões sanitárias e fitossanitárias com alguns dos países TPP e vai
trabalhar com o governo americano
para resolvê-las durante as negociações de comércio.
ALÍVIO
ROTULAÇÃO
A questão comercial que poderia ser
problemática para os produtores de
carne suína dos EUA é a recente decisão de um painel da OMC que condenou os varejistas do país por desrespeito a lei de rótulos (MCOOL). A lei,
que foi incluída na Farm Bill de 2002 e
entrou em vigor no início de 2009, exige que os varejistas informem os clientes sobre o país de origem de vários
produtos, incluindo carne suína.
A indústria de carne suína dos EUA e
de outras organizações agrícolas, que
se opuseram a lei MCOOL quando ela
estava sendo debatida no Congresso,
estarão trabalhando com os parlamentares para elaborar uma solução legislativa que seja compatível com a OMC.
Se os Estados Unidos não estiverem
de acordo com a decisão da OMC,
corre o risco de retaliação na forma de
Finalmente, os produtores de suínos
dos EUA podem ter um ano melhor em
2012 por outra razão: é um ano de eleições parlamentares e presidenciais.
Isso significa que os legisladores em
Washington vão estar muito ocupados
- e espero – sem tempo de causar muito dano aos produtores de suínos (ou
qualquer outro setor da economia).
Embora haja uma série de políticas
públicas domésticas com as quais a
indústria de carne suína dos EUA pode estar lidando este ano (provavelmente com cortes significativos para programas agrícolas, novas regras
ambientais sobre as emissões de
CO2 e qualidade da água e esforços
para banir certos produtos de sanidade animal de suínos), a legislação não
deverá ser finalizado em 2012. Tudo isso dá à indústria de suínos dos EUA
uma perspectiva positiva para 2012,
mas é só janeiro.
*Doug Wolf é um produtor de suínos em Lancaster,
Wisconsin, e presidente do Conselho Nacional de
Produtores de Suínos (NPPC).
50
EUROPA 1
Exigências regulatórias diminuem competitividade da UE
Shutterstock
texto SVEN HÄUSER*
D
e acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a
produção de suínos mundial deverá
aumentar 2% em 2012. Razões para o
crescimento são, principalmente, a re-emergência da produção na Coreia
do Sul e na China. Haverá também um
ligeiro aumento em alguns dos principais países exportadores como os EUA e o Brasil.
Recuperando-se de massivos problemas de saúde e receitas muito fracas na China no ano passado, a produção vai
aumentar em 4%, o que significa um volume de 51,3 milhões
de toneladas de carne de suína. Portanto, além de aumento
dos preços, o governo fornece suporte.
CUSTOS
Devido à alimentação animal em alta e aos preços da
energia, os custos ainda estão em um nível elevado. Os
custos de produção são cerca de € 1,60-1,70 por kg e €
50-55 por leitão de 25 kg e, então, as margens estão negativas para um grande número de fazendas na Europa.
Os preços de mercado para suínos não seguem o aumento de preços dos alimentos, ou pelo menos, não
rápido o suficiente. Nesse mercado, a produção será reduzida se as margens de lucro seguirem caindo.
Mesmo em dois anos de alta nos preços dos alimentos
(2007 e 2010), levou cerca de um ano e meio até que o
preço de mercado para suínos alcançasse o aumento
dos custos. Controlar estas flutuações é um dos desafios para o futuro.
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
51
EUROPA 1
estão negativas
para um grande
número de fazendas
na Europa”
2011. Os EUA devem crescer 2% até
10,5 milhões de toneladas, como para
o Brasil é esperado pouco mais de 3,3
milhões de toneladas. A Rússia irá produzir cerca de 3% a mais, o que significa 2 milhões de toneladas.
O recorde na produção global de suínos é, em grande parte, resultado nos
ganhos de eficiência na China e pesos de abate elevados na UE, que de-
O comércio internacional de carne suína deve retroceder em 2012 devido
principalmente a Rússia e Coreia. Na
Rússia, as importações vão diminuir
em 25% para 700 mil toneladas porque, a fim de fortalecer a produção nacional, quotas de importação foram
drasticamente reduzidas. Importações
inferiores e, ao mesmo tempo, aumento moderado na produção significarão
um declínio no consumo.
Já a Coreia do Sul deve importar 20% a
menos em 2012, algo em torno de 500
TABELA 1 Os dez maiores exportadores e
importadores de carne suína em 2009 (Fonte: FAO)
Exportadores
Importadores
País
(1.000t)
Fatia (%)
País
(1.000t)
Fatia (%)
Alemanha
1.440
15,8
Alemanha
968
11,1
EUA
1.255
13,7
Itália
857
9,8
Dinamarca
1.100
12,0
Japão
757
8,7
Espanha
861
9,4
Rússia
650
7,5
Canadá
811
8,9
Polônia
522
6,0
Holanda
741
8,1
México
496
5,7
441
5,1
Bélgica
655
7,2
China+Hong
Kong
Brasil
529
5,8
Reino Unido
361
4,1
França
468
5,1
França
341
3,9
China+Hong
Kong
190
2,1
Coreia do Sul
294
3,4
10 principais
8.050
88,1
10 principais
5.687
65,2
Mundo
9.133
100,0
Mundo
8.720
100,0
BEM-ESTAR ANIMAL
No oeste da Europa, o bem-estar animal está no foco dos
consumidores. A aceitação da criação de suínos convencional na opinião pública se move para trás e, portanto,
programas de nova etiqueta serão lançados pela indústria de carne suína. Isso também irá aumentar os custos
de produção e não está claro se o consumidor está disposto a pagar por este “padrão prata e ouro” adicionais.
Considerando a competição global, a preço de custo é
o parâmetro mais importante para a Europa continuar
a competição com outros exportadores. Maiores custos
de energia, alimentação e de trabalho, mais exigências
de bem-estar dos animais e ecológicas na Europa levantaram os custos de produção nos últimos dois anos que
devem seguir aumentando, também, depois de 2012.
Shutterstock
“As margens
vem mais que compensar a febre aftosa (FA) responsável pela queda na
Coreia do Sul. A expansão do comércio mundial em 2011 foi impulsionada
pela forte demanda da Coreia do Sul e
da China.
TABELA 2 Desenvolvimento estimado
de importações de carne suína em
países selecionados, entre 2010
e 2020, em milhares de
toneladas (Fonte: USDA)
Shutterstock
Mas o crescimento de pequenas empresas, que ainda constituem o grosso
da produção, é ainda dificultado pelos
custos altos e problemas de saúde. Já
as grandes empresas lutam com dificuldades para conseguir as terras necessárias para o crescimento.
A UE irá produzir no próximo ano cerca
de 22,5 milhões de toneladas de carne
suína, um número semelhante ao de
País importador
2010
2020
Variação (%)
Japão
1.150
1.190
+3,5
Rússia
850
516
-39,3
China
350
457
+30,6
México
685
1.047
+52,8
EUA
394
501
+27,2
Coreia do Sul
380
520
+36,8
Total dos principais
importadores
4.379
4.924
+12,4
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
EUROPA 1
TABELA 3 Projeções sobre carne suína na UE-25,
2003-2012 em milhares de tons (fonte: UE)
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Produção bruta
21 324
21 276
21 207
21 314
21 405
21 515
21 544
21 665
21 837
22 015
Importação viva
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Exportação viva
17
17
17
17
17
17
17
17
17
17
Produção
21 307
21 259
21 190
21 297
21 388
21 498
21 527
21 648
21 820
21 998
UE 15
17 793
17 996
18 101
18 224
18 248
18 243
18 247
18 352
18 512
18 664
UE N10*
3 514
3 263
3 089
3 073
3 140
3 254
3 281
3 296
3 309
3 334
Importação
25
15
14
18
23
27
30
33
36
37
Exportação
1 330
1 445
1 309
1 310
1 320
1 327
1 312
1 311
1 329
1 343
Variação de estoque
- 135
- 90
0
0
0
0
0
0
0
0
20 137
19 919
19 895
20 005
20 091
20 197
20 246
20 371
20 527
20 692
Consumo
Consumo per capita
44,1
43,5
43,3
43,4
43,5
43,6
43,7
43,9
44,1
44,4
UE 15
43,7
43,2
43,5
43,7
43,5
43,6
43,6
43,8
44,1
44,3
UE N10*
46,3
45,0
42,5
42,0
43,5
43,8
43,9
44,1
44,3
45,0
*UE-N10: Os novos 10 membros
EXIGÊNCIAS
Além disso, o alojamento em grupo para matrizes grávidas (desde o serviço até o parto) tem que ser feito
até 2013. Portanto, muitos investimentos são necessários dentro de toda a UE a fim de cumprir tais exigências. O status quo da implementação nos estados
membros da UE é muito diferente e, até agora, não
está claro se e como a UE vai reagir se fazendas não
cumprirem as exigências.
As adaptações necessárias para implementar o alojamento em grupo para as porcas prenhas poderia diminuir o número de porcas na Europa nos próximos dois
anos de forma dramática. Isto força uma mudança estrutural e leva a uma diminuição do número de produtores
de suínos na Europa.
Especialmente, os agricultores na parte oriental da Europa saíram do negócio pela situação econômica. Por outro lado, temos de perceber que este desenvolvimento
poderia ser útil para a situação dos preços dos leitões e
suínos para abate, que ajudará os produtores de sucesso a desenvolver seus negócios.
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
mil toneladas. A China vai demandar cerca de 560 mil toneladas, o que seria de 2% mais. Neste país, o crescimento da
produção nacional não corresponde à demanda crescente.
A exportação mundial de carne suína aumentou nos últimos
anos e, em 2012, esta tendência parece haver chegado a
uma estagnação. O total de 6,6 milhões de toneladas está
ao redor do volume comercializado em 2011.
E QUANTO À PRODUÇÃO LOCAL NA UE?
Os números estão mostrando que a produção de suínos é
um negócio globalizado e impulsionado pela oferta e demanda planetária do produto. A auto-suficiência em países
europeus como Dinamarca, Alemanha e Holanda mostra
que é importante fazer acordos comerciais entre países que
assegurem o comércio de animais e carne suína.
Além disso, é importante promover uma melhoria constante
no nível de produção, a fim de permanecer no negócio. Portanto, o desempenho de um lado e os custos de produção do
outro têm de ser geridos com cuidado pelos produtores.
*Sven Häuser é diretor da EPP (European Pig Producers, Associação Europeia de Produtores de Suínos)
Shutterstock
52
54
EUROPA 2
Shutterstock
Dicas para
consolidar
uma marca
na Europa
Mercado europeu antecipa tendências para todo o mundo
texto JONATHAN BANKS*
O
abastecimento do
mercado europeu
é muitas vezes difícil. O problema
é agravado pela política agrícola da União Europeia de proteger
agricultores ineficientes. Além disso,
o domínio de uns poucos grupos de
grandes supermercados (como Metro,
Tesco, Carrefour e Ahold), também,
significa que os compradores podem
exercer um enorme poder.
Isso faz com que as negociações com
os fornecedores sejam alongadas em
grandes períodos probatórios. A pressão das forças do livre-mercado pode
fazer que gestores sintam que as suas negociações com os compradores
são unilaterais, com muito poder do lado do comprador.
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
O que os fornecedores podem fazer
para “nivelar o jogo” e que outras estratégias que eles poderiam considerar?
Existem várias maneiras de desenvolver um negócio rentável e sustentável,
então vamos explorar alguns. Não há
respostas fáceis, embora todos elas
têm prós e contras!
MARCA FORTE
Desenvolver a força de uma marca raramente acontece rapidamente e sem
muito investimento. Os proprietários
de uma marca muito amada e bem sucedida em seu país de origem muitas
vezes precisam lembrar que sua marca não tem esse patrimônio em outros
lugares e, portanto, não tem direito automático de ser valorizada.
Os fornecedores podem também
sentir-se especialmente contrariados quando tempo, esforço e recur-
sos investidos no desenvolvimento de
novos produtos são copiados e lançados por outras marcas algumas
semanas depois, reduzindo assim a
vantagem do primeiro.
Por outro lado, o pessoal de marketing
dos varejistas pode ser muito disposto a compartilhar seus conhecimentos
e experiências com os fornecedores
certos. Isso permite que você ajuste o
seu produto e embalagem para o mercado você quer ganhar. E depois de se
familiarizar com esses mercados, você pode querer introduzir uma proposta de marca.
Como um fornecedor de marca, você
estará sempre em risco de perder seu
contrato por um fornecedor de menor
custo. Embora seja possível desenvolver relacionamentos com os varejistas,
o dinheiro fala - e sempre haverá fornecedores concorrentes – assim, para
EUROPA 2
o seu planejamento de longo prazo, é
preciso estar certo que você será sempre o fornecedor mais barato.
Por definição, apenas um fornecedor
pode ser “o mais barato” e, assim, a
qualidade que você adiciona ao seu
produto por meio de insumos mais caros e bem-estar animal podem não ser
percebida para agregar o valor que
eles estariam dispostos a pagar.
VAREJÕES
(DISCOUNTERS,
EM INGLÊS)
1962 foi um grande ano na indústria do
varejo - com a construção do primeiro hipermercado Carrefour (França), o
lançamento da primeira loja Sam Walton (EUA) e o primeiro varejão (ou mercado de bairro) aberto na Alemanha.
Os varejões têm crescido sua participação no mercado de forma constante
desde então e agora tem 18% do mercado europeu de supermercados.
Os varejões usam ações de diversas
categorias (incluindo um monte de
itens não alimentares), mas com uma
escolha restrita dentro de cada categoria. Se você receber uma listagem
como a deles, o seu negócio, muitas
vezes, será relativamente fácil de gerir.
Sua estratégia é “Cada Dia um Preço
Baixo” com apenas cerca de 15% das
vendas provenientes da atividade promocional. Isso se compara com, por
exemplo, mercados do Reino Unido que
adotam uma estratégia de ‘HiLo’, contando com promoções para entregar
mais de metade do seu volume, tornando a gestão da cadeia de fornecimento
e as negociações em torno de preços
de custo e subsídios mais complexa.
Outros principais diferenciais que
marcam a política dos varejões são
a listagem de algumas marcas - com
quase rótulos próprios que compõem
a maioria dos seus estoques. A gama total é baixa demais - geralmente por volta de 1,5 mil, em comparação com o 30-40 mil que você veria
em um grande supermercado.
Eles também são famosos por terem
produtos de boa qualidade a preços
muito baixos. Muitos consumidores
europeus preferem fazer uma grande
compra semanal ou mensal em um hipermercado, se eles têm um varejão ou
mercado de bairro nas proximidades
para usá-lo para compras isoladas.
Você também pode considerar que
seu relacionamento não tem nenhuma
garantia de longevidade e fornecedores, muitas vezes, após 3 ou 4 anos,
perdem o abastecimento para um concorrente mais barato.
“O abastecimento
do mercado
europeu é muitas
vezes difícil”
INVESTIMENTO
NA MARCA
Se a sua marca é suficientemente bem
diferenciada e tem valor de marca forte, você pode achar mais fácil manter-se nas listas de supermercado. Como
isso é conseguido? Por meio do trabalho consistente, o investimento em
publicidade, atividades de promoção
e desenvolvimento de novos produtos. Mas como você sabe qual dessas
“alavancas” usar?
A pesquisa de mercado constante é o
único caminho. Como uma generalização, a longo prazo, as empresas mais
bem sucedidos são aquelas que verdadeiramente colocam o consumidor
no centro do seu pensamento todos os
dias. Se você já se pegou pensando
em reduzir a qualidade de sua embalagem, ou pior, seu produto, por causa
do dinheiro que você pode salvar, pense com cuidado, e pesquise como o
consumidor vai perceber isso.
55
Há muitas maneiras de medir o retorno sobre o investimento em atividade promocional, mas muitas vezes eu
vejo as empresas apenas jogando dinheiro fora, só para “comprar” algum
ganho de volume de curto prazo. Muitas vezes há boas razões para fazer
isso como para proteger uma listagem, ganhar mais distribuição dentro
de um cliente existente ou, talvez, para bloquear ou estragar a atividade de
um concorrente.
Na minha experiência, vale sempre a
pena tomar o tempo e o esforço para
compreender o efeito de tal atividade.
Ao longo do tempo, isso permite que
você direcione melhor seus gastos na
promoção entre os varejistas que produzem o maior benefício para você e
seus acionistas.
DESENVOLVIMENTO
DE NOVOS PRODUTOS
Você deve sempre seguir em frente em
termos dos produtos que você oferece
e deve primar em suas embalagens.
Há quatro megatendências que trazem
consumidores dispostos a pagar mais
por um produto antes da crise econômica, durante ela, sem dúvida depois.
SÃO ELAS:
• Saúde e bem-estar
• Premium e indulgência
• Conveniência
• Ética (por exemplo, animais
produzidos de forma sustentável, mais alto e bem-estar dos
funcionários, baixas emissões
de carbono).
E, finalmente, eu desejo a você e sua
empresa a melhor sorte em seus esforços e os meus melhores votos a todos
vocês para um 2012 feliz e próspero.
*Jonathan Banks é consultor e proprietário da Jonathan
Banks Associates
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
58
eSTRATÉGIA
Estratégia cria oportunidades
no mercado mundial de suínos
Especialista revela alternativas para se diferenciar na produção de suínos
E
Shutterstock/SXC
texto DENNIS DIPIETRE*
stamos vivendo um
dos períodos mais
interessantes e perigosos na história
do moderno setor
de produção global de carne suína.
Nos últimos cinco
anos, temos visto a maioria das marcas confiáveis de produção e desempenho financeiro (muito usadas por
mais de uma década para marcar a
linha entre o desempenho excelente
e a média), literalmente, desaparecer
no mar volátil da turbulência econômica e política.
Estas mudanças transformaram a fronteira competitiva globalmente e alteraram as regras para o investimento futuro, estratégia e gestão operacional da
produção moderna de carne suína. No
entanto, neste tempo de incertezas,
um tempo tanto grave como de oportunidades mas com risco traiçoeiro, as
preocupações com questões operacionais parecem subjugar o interesse
em estratégia.
A palavra estratégia vem a nós desde os gregos, onde a tradução da
palavra “estrategos” significa líder militar. Não é segredo que a
fundação da estratégia de negócio moderno e planejamento tático têm sua origem no planejamento militar de milênios atrás.
Algumas das melhores declarações e insights sobre estratégia
ainda ensinados hoje, tanto em
academias militares e nas melhores escolas de negócios em
todo o mundo, vêm até nós com
PorKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
eSTRATÉGIA
a sabedoria do grande filósofo chinês
e líder militar Sun Tzu, que viveu várias
centenas de anos antes de Cristo.
A arte da estratégia é atemporal e sua
execução em táticas de sucesso nunca foi mais importante na agricultura
moderna e mais especificamente na
produção de suínos moderna do que é
hoje. A capacidade de envolver-se em
pensamento estratégico eficaz e planejamento estratégico é, em parte, impulsionada por um tipo de personalidade e isso nos ajuda a entender por
que eles são tantas vezes mal feitos na
agricultura de produção, onde a personalidade gerencial domina.
“Fins” ou “Meios”
A maioria das pessoas que gostam
de gestão de negócios tem uma personalidade que é mais confortável enfocando “meios” ao invés de “fins”.
Meios são tipicamente maneiras de
organizar e operar um negócio, seus
planos, táticas, procedimentos operacionais padrão, equipamentos e
opções de tecnologia, escolhas genéticas, horários de manutenção de
registros, incluindo aferição e controle de custos. No entanto, igualmente
importante para a gestão é a estratégia que cai sob a liderança ao invés
de gestão.
Liderança identifica o “fim” que a empresa procura e, assim, auxilia a orien-
A maioria dos
gestores tem uma
personalidade que
é mais confortável
enfocando ‘meios’
que ‘fins’
tar os diversos meios de apoio à realização do fim. Embora isso possa soar
como ideias simples, a maioria dos líderes de negócios e trabalhadores da
produção está perpetuamente focada
em itens operacionais e é muito difícil
ter tempo para realmente pensar criticamente sobre o ambiente atual e o futuro estratégico além de descrever a
direção suprema do negócio de forma
clara, penetrante e inconfundível.
A própria palavra “gerente” tem a conotação de alguém que acompanha,
organiza e executa “meios” e as soluções locais ao invés de levantar acima do dia-a-dia os desafios de questões operacionais para se concentrar
na finalidade, singularidade, vantagem
competitiva, que são todas as peças-chave da estratégia.
O fator-chave que limita o planejamento estratégico eficaz é um conjunto difuso de idéias sobre o que é e como
fazê-lo. Estratégia é identificar de forma sucinta o “fim” do negócio com objetivo de alcançá-lo. Ter um propósito claro e definitivo para as diferentes
atividades, bem como suas vantagens
para a empresa.
Outra maneira de pensar sobre estratégia é, em termos de intenção. Eu
frequentemente falo com meus clientes sobre o conceito de produção intencional. Produção intencional é diferente do que a produção simples pois
engloba, dentro de cada ação, um conhecimento claro e certo do fim buscado, assim como os meios para
resolver problemas do dia a dia,
que impedem a realização dos
objetivos finais.
Quando os proprietários e dirigentes de produção podem
dizer em uma frase o propósito central, singularidade ou intenção da produção
ou suas atividades dentro dele, é incrível como a solução de
problemas torna-se mais focada,
59
eficiente e menos correções técnicas
para uma série de rupturas.
guerra
Eu uso o exemplo a seguir, muitas vezes, pois é um exemplo muito claro
dos princípios que afirmei acima e ilustra as raízes da estratégia em ações
militares. Em 1991, quando os Estados
Unidos estavam prontos para invadir o
Iraque pela primeira vez, o principal líder militar (strategos) foi o general Colin Powell.
Durante uma entrevista de notícias
quando a guerra começou, ele foi
questionado sobre a estratégia dos
EUA. Sua resposta foi: “Nossa estratégia para vencer esse exército é muito simples. Primeiro, vamos cortá-lo e,
então, vamos matá-lo”. Note que ele
não se voltou para uma explicação de
meios (táticas) para realizar este fim,
como dizendo: “Primeiro, vamos estabelecer uma estação para a frente militar no Kuwait e depois iremos lançar a
primeira onda das tropas, etc”.
A simplicidade arrepiante destas duas afirmações “cortar e matá-lo” descreve claramente a formação das duas frentes do ataque que começou
com uma guerra aérea (cortando as
tropas iraquianas e equipamentos de
suas linhas de fornecimento e reforços
e neutralizou muitos de seus tanques,
etc) e depois a guerra terrestre, onde as tropas dos EUA vieram depois
que o campo de batalha foi pulverizado para envolver as forças restantes
na batalha.
Cada míssil disparado, caça lançado a
partir de um porta-aviões ou bombardeio foram táticas (meios) em apoio
à realização da estratégia final muito
simples e claramente articulada com
seu objetivo final na batalha.
clareZa
Um dos grandes escritores e pensadores sobre gestão do século 20 foi
Peter Drucker. Embora tenha escrito
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PorKWORLD
60
eSTRATÉGIA
extensivamente sobre ideias de gestão, ele possuía essa capacidade não
sem sentido de cristalizar o propósito
de um negócio como o general Powell
fez sobre as atividades militares. Drucker observou que, se as vendas são
o propósito de qualquer negócio e, a
fim de obter vendas, um negócio deve
criar ou atrair clientes, a empresa tem
apenas duas funções básicas: marketing e inovação.
lher para realizar atividades de maneira diferente do que os rivais para que
uma mistura distinta de valores possa
ser entregue para o cliente.
Este tipo de clareza no pensamento ajuda a reduzir a complexidade
de ambientes em mudança rápida
e da miríade de detalhes envolvidos
na operação de um negócio a cada
dia para entregar um claro senso de
propósito que pode atuar como uma
espécie de GPS, separando as atividades de propósito e, portanto, importantes do barulho e desordem
diária da carne de porco sendo produzida, mantendo a fazenda na pista
em direção a seus objetivos.
enganos coMuns
SXC
Michael Porter é uma das melhores
vozes na estratégia de negócios, atualmente e nas últimas décadas. Ele é
economista e professor da Harvard
Business School. Em um artigo seminal publicado na Harvard Business Review (novembro-dezembro 1996) intitulado “O que é estratégia”, Porter revela
que a essência da estratégia é esco-
Há enormes
oportunidades para as
empresas que podem
desenvolver um conjunto
de estratégias
eficazes
PorKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
Esta mistura distinta de valor é o que
me refiro como a intenção. A produção
intencional é realizada em um ambiente operacional onde está claramente
articulada a mistura distinta de valor,
assim o fim ou o propósito das atividades é sempre mais lembrado.
Pode-se argumentar que, se a produção de suínos é realizada em um ambiente de mercado de commodities,
sem vendas diretas ao consumidor final, a necessidade de uma estratégia
é menor. O argumento é que há pouca
diferença percebida em suínos produzidos por fazendas modernas ou matadouros. Como são apenas fornecedores de matérias-primas para seus
produtos finais processados, a única
competição que faz sentido é baseada
em controle de custos, em vez de valor
maior ou único.
Eu quero frizar o argumento de que nada está mais longe da verdade e que
as indústrias de alimentos de commodities que operam com essa mentalidade vão, inevitavelmente, em direção
ao que Porter se refere a como a competição mutuamente destrutiva. Enquanto
a produção de carne suína moderna realiza-se
em muitas regiões ao
redor do globo, há algumas coisas que formam
o ambiente estratégico
comum para todos os
produtores. A compreensão desses principais de-
safios e oportunidades, bem como o
ambiente regional/local é crucial para
a definição da estratégia.
Aqui estão algumas das coisas com
que os produtores de suínos em todo o
mundo têm de lidar e como eles lutam
para produzir uma vantagem competitiva sustentável para a sua empresa
e sua região. Se a população mundial
está crescendo rapidamente e já ultrapassou sete bilhões de pessoas, mais
gente nas próximas duas décadas não
significa necessariamente que a demanda rumará mais para a carne.
Isto porque a população aumenta
mais rápido em lugares mais pobres
do planeta onde a dieta típica é de
grãos e muito pouca carne. Mais gente
realmente significa mais demanda por
grãos e pressão de preços, portanto,
para os cereais forrageiros e os recursos que hoje são dedicados à produção de gado de grãos (terras aráveis,
água, tecnologia de recursos etc.), ou
seja, mais exigência por resultados na
produção de carnes.
MilHo
O abastecimento de grãos também
sofreu pressão enorme pela demanda dos combustíveis alternativos. Nos
Estados Unidos, o maior produtor de
milho do mundo, a produção de etanol consumirá, provavelmente, 40% da
colheita total do ano-safra. Com o aumento da demanda mundial de commodities, está se tornando evidente
que mesmo o etanol e seus subprodutos são susceptíveis de serem fracionados em distintos óleos e outros co-produtos cujo preço agora suporta
este processo de separação.
Como isso ocorre, a fração de DDGS
que retornou como alimento irá diminuir em quantidade e o aumento no
custo de alimentação leva a preços
cada vez mais elevados. A associação de alimentos com preços
do petróleo por meio do etanol sugere que a recuperação global e a
eSTRATÉGIA
procura por petróleo vão subir os preços de entrada
de mercadorias.
Os preços do milho triplicaram nos últimos cinco anos
e, desde algum tempo, os grãos substitutos ou substitutos parciais do milho também aumentaram dramaticamente seus preços. Em todo o mundo, graves secas afetaram países como a Rússia (que proibiu as
exportações de produtos em 2010), Uruguai e Argentina (que enfrentaram secas pela La Niña), bem como
partes do Brasil, Austrália, China e da seca histórica
nas grandes áreas de cultivo do Texas, mais recentemente. Esses são exemplos de forças fora do controle
do produtor que aumentam acentuadamente os preços dos insumos.
O aumento dos preços serve a uma função de alocação. Isto significa que os usuários de insumos devem
encontrar maiores mercados para seus produtos ou
encarar a realidade que o mercado vai alocar seu milho ou outros insumos longe deles para produtores que
ainda podem criar valor a partir do uso destes insumos.
Políticas retrógradas
Para além das catástrofes naturais e o crescimento da
população, os governos em países desenvolvidos e
nações emergentes parecem empenhados em políticas cujo impacto é calculado para retardar o crescimento da renda (PIB), que inevitavelmente retarda o
aumento da demanda por carne e outros produtos de
maior qualidade e agrava o problema do crescimento
populacional nos países pobres.
Onde as leis não proíbem ter filhos (como a política
chinesa do filho único), o aumento da renda é um fator-chave associado com a desaceleração do crescimento populacional. Há muitos meios pelos quais as
ações do governo, como a política (muitas vezes involuntária) de lento crescimento econômico, desqualificam áreas anteriormente competitivas na produção ou
em expansão.
Outras políticas que tendem a retardar o crescimento
da renda incluem falta de investimento em infra-estrutura, políticas muito agressivas destinadas à redistribuição de renda e restrições adicionais sobre redução
de custos e de qualidade mantendo insumos na agricultura, como antibióticos e alimentos OGM.
Outras políticas de crescimento desacelerado frequentemente incluem os impostos sobre água e uso
de energia e os impostos planejados sobre as emissões de gases de efeito estufa, que irá desencorajar as
exportações e favorecer a produção local de alimentos, mesmo
que a exportação seja a única oportunidade para o crescimento em países cuja vantagem comparativa na produção de certos
produtos já atende a demanda interna.
Barreiras comerciais, subsidiando o crescimento da produção
doméstica, controles de preços ou proibição de exportações e
importações são ainda mais perturbadoras e muitas vezes usadas por governos sem entender seus efeitos secundários e de
longo prazo.
A maioria dos fatores discutidos acima se combina para produzir
choques aleatórios em países e regiões que, gradualmente e às
vezes rapidamente, esgotam sua credibilidade. Em tal ambiente, é típico de experimentar um racionamento de crédito. Desde o
colapso do mercado global de 2008, a obtenção crédito tem sido
quase impossível para muitos produtores e aqueles que podem
receber empréstimos muitas vezes têm menos do que o necessário e ao custo de juros mais altos ou termos menos favoráveis.
Oportunidades
Apesar destes desafios, há enormes oportunidades para as empresas que podem desenvolver um conjunto de estratégias efi-
61
62
eSTRATÉGIA
cazes e têm a habilidade gerencial e
operacional para executar as estratégias de baixo custo. Com a demanda
da China e grande parte da Ásia, a carne suína continua a ser a proteína animal mais consumida no mundo. Se você examinar um mapa do mundo onde
a carne de porco é altamente valorizada pelos consumidores mas há limite na renda, você vai encontrar muitas
áreas e países cujas perspectivas de
aumento da renda per capita são bons
para a próxima década.
Esses países incluem Coreia, México,
China, Vietnã e Rússia enquanto países como Brasil, Japão, Canadá, grande parte da UE e os Estados Unidos
não podem aumentar drasticamente o
consumo per capita, mesmo por que a
medida que os rendimentos aumentam, eles consomem juntos, consomem uma parte substancial da
produção mundial e estabilizam
uma base de consumo para que
outras nações em crescimento
tragam um extra.
Estratégias de destaque em tempos de desafios nem sempre são
evidentes à medida que são essencialmente empresariais e exigem uma
empresa imaginativa para assumir os
muitos desafios com um conjunto fresco e original de atividades destinadas
a distinguir-se dos rivais.
A maioria das fazendas, especialmente as maiores, tende a copiar as práticas de líderes da indústria e, portanto,
resistir à inovação. As principais marcas, um parâmetro necessário para
compreensão da posição competitiva,
muitas vezes parecem conduzir a uma
concorrência baseada quase exclusivamente no custo, em vez de estratégia e atividades originais.
Porter destaca que a simples adoção das práticas de redução de custos de outras fazendas e torna as empresas cada vez mais iguais, em vez
de única na sua oferta. Como a conPorKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
corrência torna-se mais exclusivamente baseadas no custo, a competição
mutuamente destrutiva pode surgir como resultado de tentar manter o ritmo
do outro e envolver em perigosas correções para poupar dinheiro, como o
adiamento de manutenção necessária.
Outras práticas de produção cada vez
mais arriscadas incluem coisas tais
como a eliminação de algumas ou todas as vacinas de rotina e necessárias para prevenir doenças, reduzir ou
eliminar os ingredientes de certos alimentos, a contratação de trabalhado-
A empresa que
encontrar a maneira
para medir a variação
de produção e corrigir
rapidamente terá um
tesouro de valor não
explorado
res não qualificados cada vez com salários mais baixos, deixando de investir
em novas tecnologias, utilizando fêmeas terminais para melhoramento e outras práticas que prejudicam o lucro
sustentável a longo prazo.
graal da ProduÇÃo
de suínos
A característica fundamental que cria
valor em uma operação de produção
de suínos é o potencial para produzir a longo prazo com baixa variância,
maior do que a rentabilidade média da
indústria. A definição da estratégia deve começar com este resultado como
a intenção de negócios da fazenda.
Todas as decisões operacionais, procedimento operacional padrão, o contrato de fazenda, decisão sobre qual
gerente contratar, etc, só devem ser
realizadas se ele suporta de forma inequívoca este objetivo. Criar uma combinação única ou conjunto de atividades que leva a este resultado é a
responsabilidade da liderança. Lucros
mais elevados do que a média da indústria ocorrem para empresas que
apenas copiam os processos dos outros, mesmo copiando bem.
Os componentes críticos de uma estratégia bem sucedida na produção de
carne de porco global envolvem práticas que medem variação do resultado
pretendido e, em seguida, atenuar rapidamente as causas da variação aumenta os lucros uma vez que a taxa de transferência é maximizada.
Esta é a intenção real de qualquer negócio. O segredo do aumento de lucros nos próximos
cinco anos não virá de um rápido aumento nas medidas de
produtividade média, que é a sabedoria convencional, mas na redução substancial de sua variância
no contexto das estratégias de maximização do lucro.
A medição da variância foi quase impossível no passado até porque apenas com a tecnologia atual começa
a ser viável. As empresas que encontrarem uma maneira para medir a variação de produção e, em seguida,
aplicar correções rapidamente para
restaurar uma variância baixa durante
todo o processo de produção encontrará um tesouro de valor não explorado, não só na redução de custos, mas
em aumento de receitas e criação de
valor. Esta é a importância fundamental da estratégia e por isso é fundamental para a produção moderna.
*Dennis DiPietre é especialista em produção de suínos.
64
EFICIÊNCIA
Importância da eficiência
na produção de suínos
Especialistas fazem comparação entre
granjas quanto ao desempenho
A
texto VLADIMIR FORTES e GLAUBER MACHADO*
Agrostock / César Machado
o avaliarmos o histórico dos últimos
anos,
constatamos que a margem de lucro (Resultado Financeiro)
das nossas granjas tem diminuído,
ou seja, a cada ano que passa nos deparamos com um custo de produção/
kg mais alto e consequentemente uma
relação de lucratividade mais baixa.
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
Além de um aumento significativo no consumo interno da carne suína, resultado advindo de programas de marketing e estratégias de mercado
conduzidos pela ABCS, juntamente com instituições parceiras, o incremento anual em produção verificado em nossos sistemas de produção
mostrou-se extremamente significativo.
Avaliaremos aqui o aumento na produção de
carne advindo de produção em escala industrial, o qual impacta diretamente em nossos preços negociados.
“Podemos
observar um
aumento
de 27,57% em
produtividade
industrial
desde 2004”
EFICIÊNCIA
Podemos observar nos dados do quadro ao lado um aumento de 27,57%
em produtividade industrial no período analisado. Assim, observamos que
existe ainda uma diferença significativa
entre o crescimento em produtividade
e o crescimento em consumo, o que
nos matém ainda fortemente dependentes do mercado externo, desequilibrando oferta e demanda.
TABELA 1
Brasil - Oferta e demanda de carne suína - 2004 a 2010 (mil toneladas)
Fonte: Abipecs, Sips, Sindicarne-SC, Sindicarne-PR, Embrapa
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2.708
2.943
2.998
3.026
3.190
3.237
508
625
528
606
530
607
560
2.112
2.083
2.415
2.392
2.496
2.583
2.667
Kg per capita
12,2
11,9
13,3
13,01
13,42
14,24
14,76
TABELA 2
Produção brasileira de carne suína - 2004 a 2010 (mil toneladas)
Fonte: Abipecs, Sips, Sindicatos RS e PR, Embrapa
Estados/Ano
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
var. 10/09
585,9
588,7
0,48
Produção industrial (mil toneladas)
RS
383,3
416,7
465,6
481,4
528,4
SC
586,9
619,0
732,6
754,3
724,3
751,7
746,9
-0,63
PR
376,1
389,6
430,8
437,2
444,3
487,9
478,4
-1,94
SP
171,2
168,1
170,0
176,6
147,0
147,4
156,0
5,78
MG
213,1
251,8
314,9
335,5
348,1
375,0
397,1
5,88
MS
67,4
71,7
68,5
70,2
70,9
80,5
102,1
26,74
MT
79,1
104,7
111,5
116,2
140,0
152,3
156,1
2,48
108,7
115,1
121,1
127,0
137,6
147,7
GO
97,2
Sub total
1.974,3
Outros estados
159,1
Total industrial
2.133,4
Subsistência
Brasil
487,9
7,35
2.130,4 2.408,8 2.492,4 2.529,9 2.718,3 2.772,9
116,7
122,0
151,1
154,1
154,4
2,01
172,6
11,76
2.247,0 2.530,9 2.643,6 2.684,0 2.872,7 2.945,4
2,53
462,2
-0,02
412,3
354,0
342,4
317,3
317,2
2.621,3 2.709,3 2.943,1 2.997,6 3.026,4 3.190,0 3.262,7
2,28
TABELA 3
Dados médios de produtividade
Fonte: Integrall
Granja A
A primeira granja possui um plantel de
1550 matrizes (Granja A), enquanto que
a segunda possui 3300 matrizes (Granja B), sendo que os dados médios de
fechamento do ano de 2011 (janeiro a
novembro) encontram-se na tabela 3.
Médias
Shutterstock
Avaliando os diferentes índices zootécnicos, podemos observar diferentes níveis de eficiência entre as granjas A e
B, sendo que a resultante dessas eficiências determinará o resultado financeiro das granjas.
2004
2.620
Exportação
O mercado tem se caracterizado pela necessidade de auferir ganhos em
escala, e não mais por margens unitárias. Assim, quando discutimos menores margens e necessidade de ganhos
em escala, a eficiência técnica se torna
fator fundamental para otimizarmos o
capital alocado e os novos investimentos a serem realizados.
Podemos facilmente compreender
a importância em sermos eficientes
em nosso sistema de produção, observando a situação real que será
aqui descrita: duas granjas que apresentam potenciais produtivos muito próximos (mesmo perfil sanitário,
mesma genética e instalações tecnicamente equivalentes).
Situação
Produção
Disponibilidade
Agravando ainda mais a situação, percebemos uma inversão gradativa na
relação de custo de mão de obra, que
passa a representar um importante
componente de custo e um desafio de
gestão nas granjas brasileiras.
EFICIÊNCIA E
PRODUTIVIDADE
65
1550
Granja B
Médias
Nascidos totais
14.35
13.87
Nascidos vivos
13.74
12.89
Desm/porca/
ano
31.51
29.15
Mort. creche
1.32%
1.02%
Mort. term
2.46%
3.2%
gdp terminação
0.920
0.895
CA
(terminação)
2.43
2.52
Entregues/ano
47.368
91.328
3300
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
66
EFICIÊNCIA
TABELA 4
SITUAÇÃO B
Demonstrativo de resultado - Suinocultura
Fonte: Vladimir Fortes, 2011.
Granja A
Médias
Descrição
Médias
(+)
Receitas
395.632,72
Nascidos totais
(-)
Custos variável de animais vendido
281.476,76
Nascidos vivos
Matéria prima
138.934,59
Desm/porca/ano
31.51
29.15
Milho
127.205,59
Mort. creche
1.32%
1.02%
14.35
13.87
13.74
12.89
Farelo de soja
61.654,52
Mort. term
2.46%
3.2%
Medicamentos
15.336,58
gdp terminação
0.920
0.895
0,00
CA (terminação)
2.43
2.52
2.423,72
Entregues/ano
47.368
91.328
Insumos gerais
Despesas taxativas de animais vendido
(=)
Margem de contribuição
(-)
Custos fixos de animal vendido
50.741,80
Mão de obra
30.774,47
Energia elétrica
7.599,32
Manutenção Gja/Fab
12.368,01
Nascidos totais
14.35
13.87
5.518,11
Nascidos vivos
13.74
12.89
Frota transporte
3.245,61
Desm/porca/ano
31.51
29.15
outros
2.272,50
Mort. creche
1.32%
1.02%
55.472,34
Mort. term
2.46%
3.2%
1.009,84
gdp terminação
0.920
0.895
54.462,50
CA (terminação)
2.43
2.52
4,20
Entregues/ano
47.368
91.328
(-)
Despesas fixas de animal vendido
(=)
Lucro bruto
(-)
Despesas administrativas**
(=)
Lucro operacioanal (EBITDA)
(+)
Receita não operacional
(-)
Depreciação
(=)
Lucro antes de juros e IR (LAJIR/EBIT)
(-)
Despesas financeiras
(=)
Lucro antes do IR (LAIR)
(-)
Imposto de renda
(=)
Lucro líquido
(-)
Depreciação
111.732,24
SITUAÇÃO A
Granja A
Médias
1550
Granja B
Médias
3300
6.000,00
48.466,70
56,77
48.409,93
0,00
48.409,93
6.000,00
(-)
Investimentos
15.995,23
(=)
Resultado financeiro
38.414,70
A eficiência reprodutiva da granja A (NT = 14.35) se mostra
superior à B (NT = 13.87), inclusive em número de desmamados/fêmea/ano. Desta forma, considerando que o perfil
de consumo dos animais é o mesmo para ambas as granjas, podemos dizer que a granja A, no setor de maternidade, dilui mais eficientemente os custos fixos, considerando a
melhor produtividade com os mesmos custos.
Seguindo o mesmo modelo de avaliação, quando consideramos as taxas de mortalidade de creche, temos a Granja
A com 1.32% e a Granja B com 1.02%. Sendo assim, existe maior eficiência produtiva em mortalidade de creche na
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
3300
Agrostock / César Machado
Demonstração de resultados
1550
Granja B
Granja B. Entretanto, mesmo considerando o melhor resultado neste índice, a menor eficiência reprodutiva da granja
B não permite que os resultados proporcionais se equiparem, ficando clara a necessidade de eficiência no sistema
como um todo.
Mais adiante, daremos ênfase no item Conversão Alimentar, por se tratar do índice técnico de maior impacto econômico na produção de suínos. Nosso foco atual é não somente a produção de um alto número de desmamados por
fêmea, mas principalmente o desmame de animais de excelente qualidade de carcaça e ótima conversão alimentar.
EFICIÊNCIA
Ainda e não menos importante, precisamos considerar uma granja como eficiente se observarmos
a gestão não somente de
índices isolados, mas
sim a gestão dos índices considerando
os reflexos financeiros. Abaixo
temos um Demonstrativo
de Resultado
(DRE) gerido
com base nos
índices zootécnicos. O DRE
não é correspondente a nenhuma das granjas listadas acima,
porém, no exemplo
poderemos perceber a
importância das informações interligadas.
“A margem
de lucro
(Resultado
Financeiro)
das nossas
granjas tem
diminuído”
Os índices circulados refletem diretamente na diluição ou não dos custos e despesas fixas, como podemos analisar acima. A área
que está marcada do DRE terá exatamente aquele valor,
independente se o desmamado/porca/ano for
31.51 (A) ou 29.15 (B). Ou seja, o custo
por leitão desmamado fica obviamente maior à medida em que se desmama menos por fêmea instalada.
Consideremos agora a Situação B, da
tabela 4:
Os índices zootécnicos acima marcados (mortalidades, GPD e CA) afetam
diretamente os custos variáveis, sendo
portanto considerados custos e despesas variáveis os itens que aumentam na mesma proporção em que se
produz mais, ou diminuem seguindo a
mesma lógica. Assim, para os animais
que morrem na creche ou na terminação, o custo da ração que já consumiram será contabilizado da mesma forma, porém, esses animais não gerarão
receita alguma.
Para o índice Conversão Alimentar
(CA), seguindo a mesma idéia, quanto menos ração for gasta para ganhar peso, melhor será a relação receita/custo. Os valores de CA acima
apresentados pelas granjas A e B demonstram diferença de 0,09 kg, ou
seja, são gastos menos 90 gramas
de ração na granja A para ganhar um
mesmo kg de peso, quando comparada à granja B.
67
A granja B produziu, no período analisado, 91.328 animais, a uma média de
112,45 kg, gerando consequentemente 10.269.833,60 kg de peso vivo. Levando em consideração as 90 gramas
a menos da diferença entre A e B, teremos uma economia de 924.285,02
kg de ração. Se considerarmos o custo médio de ração terminação em
R$0,67 teríamos uma economia de
R$619.279,96 reais nos 11 meses, significando uma economia mensal de
R$56.297,36.
Entretanto, as boas Conversões Alimentares de terminação encontradas
no mercado atual estão em torno de
2,30 (conversão em peso vivo), onde
a diferença para a granja B seria 220g
de ração a menos por kg, implicando em uma diferença mensal, seguindo mesma metodologia de cálculo, de
mais de R$ 130.000,00. Pode-se dizer que esse é o custo de oportunidade por não se trabalhar eficientemente a CA.
Vale lembrar que atualmente temos
dados de conversão alimentar inferiores a 2:1 em animais de programas de
melhoramento genético. Se analisarmos que temos linhagens puras com
conversão de 1,9 na fase de termina-
TABELA 5 Custo de produção
Shutterstock
Fonte: Vladimir Fortes, 2011.
Média
Número animais
Peso
Preço praticado
1161
119,89
2,40
Maio
MAT
MOD
GGP
274.682,77
30.270,93
30.517,58
678
109,04
2,40
Junho
258.191,24
31.778,11
33.569,36
1038
140,05
2,39
Julho
257.681,35
27.290,32
32.614,64
1174
130,94
2,52
Agosto
303.721,84
29.107,52
26.999,48
1027
126,28
2,46
Setembro
290.071,85
29.530,36
33.613,82
Custo/animal
Custo/kg
Preço praticado kg
288,95
2,41
2,40
Maio
335.471,28
477,20
4,38
2,40
Junho
323.538,71
305,96
2,18
2,39
Julho
317.586,31
306,50
2,34
2,52
Agosto
359.828,84
Setembro
353.216,03
343,93
2,72
2,46
344,51
2,81
2,43
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
EFICIÊNCIA
Shutterstock
68
TABELA 6 Custo de produção
Fonte: Vladimir Fortes, 2011.
Número animais
Média
Peso
Preço praticado
MAT
MOD
1161
119,89
2,40
678
109,04
2,40
1038
140,05
2,39
1174
130,94
2,52
Setembro
GGP
Maio
274.682,77
30.270,93
30.517,58
Junho
258.191,24
31.778,11
33.569,36
Julho
257.681,35
27.290,32
32.614,64
Agosto
303.721,84
29.107,52
26.999,48
290.071,85
29.530,36
33.613,82
1027
126,28
2,46
Custo/animal
Custo/kg
Preço praticado kg
288,95
2,41
2,40
Maio
Milho
49.81% (26.00)
477,20
4,38
2,40
Junho
Farelo de Soja
20.67% (600.00)
305,96
2,18
2,39
Julho
Sorgo
65% de sorgo/milho
306,50
2,34
2,52
Agosto
29.52%
343,93
2,72
2,46
Setembro
Trigo
Micro
Aditivos
344,51
2,81
2,43
ção, percebemos que existe ainda um
enorme gap de oportunidade entre o
potencial genético de conversão e os
resultados médios de conversão obtidos nas granjas comerciais. Isso demonstra claramente o espaço pra otimização de manejos, cruzamentos,
sistemas de alimentação, sanidade,
ambiência, dentre outros fatores. A eficiência zootécnica passa necessariamente por essa otimização, e dela dependemos para buscar os melhores
resultados econômicos.
Abaixo temos uma sequência de três
quadros demonstrando a importância
de sermos eficientes na gestão dos
nossos custos.
No primeiro quadro temos à direita a relação dos itens que compõem
o custo de produção: matéria-prima
(MAT), mão de obra direta (MOD) e
gastos gerais de produção (GGP). Ali
podemos perceber que, no mês de junho, um problema sanitário fez com
que a granja produzisse pouco a um
custo altíssimo, não permitindo diluição dos custos.
Consequentemente, o custo de produção médio do período analisado ficou significativamente mais alto. As
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
setas comparam o mês de Junho com
Agosto e Setembro, demonstrando
que o custo com MAT foi muito próximo dos meses de produção normais.
A ineficiência em otimizar o custo frequentemente demonstra essa realidade: níveis de produtividades mais baixos com o mesmo custo observado
em níveis de produtividade aceitáveis
ou ótimos.
No segundo quadro observamos que,
ao retirarmos o mês ineficiente, saímos
de um cenário de prejuízo considerando o custo de produção frente ao preço praticado, para uma relação positiva, demonstrando o impacto gerado
no resultado da granja.
A partir do mês de Agosto, poderia ter
sido considerada a possibilidade de
se reduzir os custos, substituindo parte do milho por sorgo. A tabela 6 abaixo ilustra a situação ocorrida com esta granja.
A tabela 7 quadro já demonstra a
economia que seria feita com a substituição do milho pelo sorgo a partir
de Agosto, sendo que foi considerada uma queda de produtividade de
5% devido a tal mudança nutricional. O impacto da mudança no custo
médio do período analisado foi fun-
damental para gerar um lucro de R$
0,06/kg, analisando que antes de se
procurar eficiência em custos existia
uma situação de prejuízo de R$ 0,38
por kg produzido.
Os custos de produção são valores
não somente a serem calculados, mas
sim gerenciados. Eles devem determinar as próximas ações a serem tomadas dentro da produção. É importante que exista um trabalho conjunto dos
técnicos com os gestores do negócio
para que, em conjunto, definam e priorizem as mudanças necessárias.
A evolução de manejos adaptados às
novas realidades produtivas, a evolução do melhoramento genético, o
trabalho criterioso sobre cada índice
analisado, a absorção de novas tecnologias e o reconhecimento das variáveis mercadológicas são, dentre
outros, fatores fundamentais para se
atingir um alto padrão de eficiência
global na produção. O somatório das
variáveis acima descritas determinará
se o empresário será eficiente ou não
em otimizar seus recursos financeiros.
A eficiência em produção se estende
desde programas de medicação ajustados à realidade sanitária das gran-
69
Shutterstock
EFICIÊNCIA
TABELA 7 Custo de produção
Fonte: Vladimir Fortes, 2011.
Número animais
Média
Peso
Preço praticado
MAT
MOD
GGP
1161
119,89
2,40
Maio
274.682,77
30.270,93
30.517,58
678
109,04
2,40
Junho
258.191,24
31.778,11
33.569,36
1038
140,05
2,39
Julho
257.681,35
27.290,32
32.614,64
1174
124,39
2,52
Agosto
274.754,34
29.107,52
26.999,48
Setembro
261.064,66
29.530,36
33.613,82
1027
119,97
2,46
Custo/animal
Custo/kg
Preço praticado kg
288,95
2,41
2,40
Maio
Custo atual de 2,27 - 2,63
2,40
Junho
Custo anterior 2,34 - 2,72
305,96
2,18
2,39
Julho
Redução de 2,99% - 3,31%
281,82
2,27
2,52
Agosto
Novo C médio 2,37
315,69
2,63
2,46
Setembro
333,92
2,37
2,43
jas até uma gestão financeira com
definição de metas produtivas, sempre focando na melhor relação custo-benefício do mercado naquele dado
momento. Somente desta forma será
possível obter sucesso em um mercado com tendência a economia de escala e caracterizado por fortes oscilações de preços, tanto de insumos
como do produto final.
Margem de 3%
Custo de 2,36
*Vladimir Fortes é gerente técnico da DB Dan Bred.
Glauber Machado é consultor da Integrall Soluções em
Produção Animal.
70
Shutterstock
GRÃOS 1
Os estoques mundiais de
milho devem ser menores
ao final desta safra
A
fonte USDA
Shutterstock
oferta global de
grãos
forrageiros
para 2011/12 tem
projeções ligeiramente inferiores em
relação à safra anterior, com a menor
produção de milho
nos EUA e menor produção de centeio
na UE-27. Tais quedas são levemente
compensadas pela maior produção de
sorgo na Argentina, maior produção de
milho, cevada e aveia na UE-27, e maior
produção de cevada no Cazaquistão.
A produção de milho deve diminuir em
vários países com a maior queda para
o México, onde a produção ficará 3,5
milhões de toneladas menor. Um início
tardio para a temporada de verão chuvoso e um congelamento no início de
setembro em partes do sul do planalto
reduzirão a produção para a safra de
verão do México.
A menor área esperada para a safra
de inverno, que será plantada em novembro e dezembro, também reduz as
perspectivas de produção 2011/12. Os
níveis dos reservatórios de água estão
bem abaixo do necessário para sustentar uma colheita de milho normal
nas áreas noroeste, que normalmente
são responsáveis por 70 a 80% da produção mexicana de inverno.
Aumentos na produção de milho na
safra 2011/12 em alguns países compensam parcialmente as reduções no
México, os Estados Unidos e Sérvia.
A previsão de produção de milho na
China foi aumentada em 2,5 milhões
de toneladas, com aumento na área e
no rendimento, de acordo com as últimas indicações do National Grain of
TABELA 1 Oferta mundial de grãos e uso (Em milhões de toneladas)
Fonte: USDA
Estoques
iniciais
Produção
Importação
Interno
ração
Interno
total
Exportação
Estoques
finais
Out
168,19
1136,28
113,58
661,22
1148,48
117,14
155,98
Nov
168,12
1135,82
115,61
660,83
1148,82
118,87
155,12
2011/12 Projeção
Mundo
1 Agregado / ano de comercialização local. “Grãos” incluem milho, sorgo, cevada, aveia, centeio, milho, grãos e mistos
(para EUA exclui espigas e grãos mesclados) //
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
GRÃOS 1
71
Menor oferta mundial
de grãos pode elevar
custos em 2012
China e do Centro de Informação sobre Óleos.
Shutterstock
A previsão para a produção de milho
da UE-27 foi elevada em 1,9 milhão de
toneladas refletindo, principalmente,
maiores produções relatadas na França, Romênia e Áustria. A produção argentina também foi revista para cima
em 1,5 milhão de toneladas pela maior
área cultivada.
Os países pertencentes a FSU-12, do
mesmo modo, devem produzir mais
0,7 milhões de toneladas nesta safra,
com maior rendimento relatado na Bielorrússia e na Rússia. Há também uma
série de variações na produção de milho e sorgo na África Sub-Sahariana
que reduziu a produção de cereais secundários na região.
COMÉRCIO MUNDIAL
O comércio mundial de grãos forrageiros em 2011/12 deve ter aumento
das importações e exportações mundiais de cevada e milho. As importações de cevada serão levantadas pe-
TABELA 2 Maiores exportadores de grãos (Em milhões de toneladas)
Fonte: USDA
2011/12 Projeção
Maiores
exportadores
Argentina
Austrália
Canadá
Estoques iniciais
Produção
Importação
Interno ração Interno total
Exportação
Estoques finais
Out
13,25
81,81
1,58
32,53
50,57
33,31
12,76
Nov
12,67
84,03
1,58
32,83
50,88
34,09
13,31
Out
2,42
35,21
0,02
8,01
11,43
23,51
2,71
Nov
2,42
37,41
0,02
8,21
11,73
24,31
3,81
Out
3,04
12,38
0
6,07
7,74
5,01
2,67
Nov
3
12,38
0
6,27
7,94
5,01
2,43
Out
3,53
21,23
1,47
13,5
20,05
2,75
3,42
Nov
3,53
21,23
1,47
13,5
20,05
2,75
3,42
1- Exportações do Mundo e pode não ter equilíbrio devido a diferenças nas campanhas de comercialização
de grãos em trânsito, e relatar discrepâncias em alguns países. 2- Argentina, Austrália e Canadá.
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
GRÃOS 1
TABELA 4 Grãos em países selecionados (Em milhões de toneladas) Fonte: USDA
2011/12 Projeção
Estoques iniciais
Produção
Importação
Interno ração
Interno total
Exportação
Estoques finais
Out
Nov
Out
Nov
Out
32,3
32,3
10,36
9,86
54,28
326,32
323,26
63,33
63,33
188,31
2,29
2,29
0,86
0,86
3,93
123,3
120,76
47,05
47,05
131,9
292,98
290,69
54,8
54,8
194,84
43,45
43,19
8,51
8,51
0,27
24,49
23,98
11,24
10,74
51,41
Nov
54,31
190,81
4,93
132,4
197,34
0,27
52,44
Out
5,53
74,85
0,59
38,42
53,85
18,83
8,29
Nov
Out
Nov
Out
5,44
1,93
1,87
2,06
75,75
31,2
31,5
31,4
0,59
0,25
0,25
0,02
38,57
18,2
18,2
10,9
54,25
27,9
28,1
14,2
19,13
2,22
2,42
16,11
8,4
3,27
3,1
3,17
Nov
2,06
31,4
0,02
10,9
14,2
16,11
3,17
Shutterstock
72
Selecionados
Estados Unidos
Brasil
China
FSU-12
Rússia
Ucrânia
Shutterstock
1 Agregado/ano de comercialização local. “Grãos” incluem milho, sorgo, cevada, aveia, centeio, grãos e mistos (para EUA exclui espigas e grãos mesclados). 2 / Total estrangeiros e mundo usam ajustes para
refletir as diferenças nas importações mundiais e exportações. 3 importações / exportações do Mundo e pode não ter equilíbrio devido a diferenças nas campanhas de comercialização de grãos em trânsito, e
relatar discrepâncias em alguns países. 4 / Argentina, Austrália, Canadá e África do Sul. 5 / A UE-27, México, Japão, selecionados Norte da África e Oriente Médio, Coréia do Sul, Sudeste Asiático e Taiwan. 6
Comércio / exclui comércio intra. 7 / Argélia, Egito, Irã, Israel, Jordânia, Líbia, Marrocos, Síria, Tunísia e Turquia. 8 / Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã.
TABELA 3
Maiores importadore de grãos (Em milhões de toneladas) Fonte: USDA
2011/12 Projeção
Maiores
importadores
EU-27
Japão
México
Norte da África e
Oriente Medio
Arábia Saudita
Sudeste asiático
Coreia do Sul
Estoques iniciais
Produção
Importação
Interno ração
36,68
227,31
84,88
232,62
Nov
37,93
225,57
86,08
Out
15,72
143,55
4,17
Nov
15,7
145,66
3,67
Out
1,12
0,18
19,14
Nov
1,34
0,18
19,14
Out
Interno total Exportação
Estoques finais
311,31
4,29
33,27
233,5
311,99
5,29
32,3
108,03
146,33
3,76
13,35
109,4
147,61
4,76
12,67
14,45
19,37
0
1,07
14,45
19,37
0
1,29
Out
1,77
31,73
11,43
24,9
41,92
0,1
2,9
Nov
2,71
28,03
12,03
23,5
40,42
0,1
2,24
Out
11,04
26,21
21,78
42,44
49,87
0,19
8,98
Nov
11,16
26,06
22,38
42,94
50,37
0,19
9,04
Out
1,99
0,43
9,01
9,33
9,6
0
1,82
Nov
1,99
0,43
9,21
9,43
9,7
0
1,92
Out
3
24,8
7,06
23,44
31,54
0,25
3,07
Nov
3
24,8
7,06
23,44
31,54
0,25
3,07
Out
1,63
0,34
7,76
5,74
8,12
0
1,61
Nov
1,63
0,34
8,06
6,04
8,42
0
1,61
1-Importações do Mundo e pode não ter equilíbrio devido a diferenças nas campanhas de comercialização de grãos em trânsito, e relatar discrepâncias em alguns países. 2 - A
UE-27, México, Japão, selecionados Norte da África e Oriente Médio, Coréia do Sul, Sudeste Asiático e Taiwan. 3- Argélia, Egito, Irã, Israel, Jordânia, Líbia, Marrocos, Síria, Tunísia e
Turquia. 8 / Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã.
la Argélia, Arábia Saudita e Jordânia
com o aumento das exportações da
UE-27 e da Rússia.
As importações de milho também aumentarão para a China, México e Coréia. A expectativa é de as exporPORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
tações de milho da Argentina e da
UE-27 atendam a estes aumentos. Já
o aumento das exportações de sorgo
da Argentina devem compensar a redução nos embarques de sorgo esperados dos EUA.
Consumo global de milho ficará na
maior parte inalterado, com maior uso
industrial e ração na China e na UE-27
e reduções na Coréia do Sul, no México e nos Estados Unidos. Estoques
globais de milho ao final da safra 2011-
GRÃOS 1
2012 são projetados para ficar 1,6 milhão de toneladas inferiores, com reduções na UE-27, México, Brasil e
Estados Unidos superando os aumentos na China e Argentina.
ESTADOS UNIDOS
A oferta de grãos forrageiros dos EUA
para 2011/12 está projetada para ser
menor em relação à safra anterior pois
a produção de milho e aveia caiu mais
do que o compensado pelos pequenos aumentos para sorgo e cevada.
A produção de milho para 2011/12 está prevista em 123 milhões de bushels
(cada bushel equivale a 25,4 quilos)
a menos, com rendimento médio nacional previsto de 1,4 bushels menos
por acre em relação ao mês passado.
Com 146,7 bushels por acre, o rendimento deste ano seria o mais baixo
desde 2003/04.
O uso para produção de rações anumais foi reduzida para 100 milhões de
bushels, com o menos culturas e no-
vas reduções nas perspectivas para a
produção de frangos de corte. Os estoques dos EUA tiveram a projeção reduzida em 23 milhões de bushels no final
de 2011. Os preços agrícolas médios ficaram inalterados na temporada, entre
US$ 6,20 e US$ 7,20 por bushel.
“A taxa de
crescimento será
menor que nos
anos anteriores”
Outras mudanças na safra 2011/2012
incluem pequenos ajustes na previsão
final para os estoques de sorgo, cevada e aveia, refletindo mudanças neste
mês de produção. As projeções sobre
as exportações de sorgo foram reduzidas em 10 milhões de bushels. As ven-
das e os embarques continuam a frustrar expectativas iniciais.
Um aumento de 10 milhões de bushels
de sorgo no mercado interno deverá
encaminhar o alimento para rações,
sementes e industrialização como
compensação. Os preços agrícolas
projetados para o produto mantêm-se
inalterados, mas as margens projetadas serão estreitadas em relação a cevada e a aveia.
As mudanças na oferta de milho na safra 2010/11, em sua maioria, refletem
um aumento de 13 milhões de bushel
produção de rações, sementes e produtos como adoçantes, amido e etanol, todos com base nos últimos dados disponíveis.
Além disso, há pequenos ajustes nas
importações e exportações com base em dados de comércio do Censo
dos EUA a partir de agosto. Estas alterações reduzem o uso para rações e
o uso residual da safra 2010/11 em 11
milhões de bushels.
73
74
GRÃOS 2
Milho e soja têm mais
área plantada no
Brasil em 2012
Mas produção total de grãos
deve ser ligeiramente menor
texto EVANGEVALDO MOREIRA DOS SANTOS*
Shutterstock
O
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
Ministério da Agricultura,
Pecuária
e
Abastecimento
(Mapa), por meio
da Companhia Nacional de abastecimento (Conab),
realiza, sistematicamente, o levantamento da safra agrícola nacional que contribui para a tomada de decisão de diversos agentes
econômicos, inclusive para a elaboração, implementação e avaliação de
políticas publicas.
O acompanhamento da estimativa das
safras é realizado em levantamentos
mensais dentro do ano safra, que vai
de agosto de um ano até julho do ano
seguinte. No momento estamos no ter-
ceiro levantamento da safra 2011/12,
realizado em novembro.
As culturas de inverno (trigo, aveia,
centeio, cevada, triticale e canola), cultivadas basicamente na região Sul, estão em fase final de colheita e as principais culturas de verão da Primeira
Safra estão praticamente estabelecidas na região Centro-Sul, sendo que a
semeadura da Segunda Safra está prevista para começar em janeiro de 2012.
Na região Nordeste, apenas o oeste da Bahia, o sul do Piauí e o sul do
Maranhão estão com a lavoura
de soja, milho e algodão em
pleno período de implantação. Nas demais regiões destes Estados, o
cultivo da safra co-
GRÃOS 2
75
Produção total de grãos no Brasil
meça a partir do mês de dezembro, quando tem inicio o período de chuvas. Na região Norte, apenas no Tocantins
e em Roraima a semeadura está em andamento. As culturas semeadas nesta época
são: arroz, soja, milho, algodão e feijão.
Os fatores de produção que influenciam diretamente o volume da safra brasileira do período 2011/12
estão bastante favoráveis e indicam que poderemos ter resultados semelhantes àqueles obtidos na safra passada.
“As culturas de
milho e soja
acusam aumento
significativo
da área semeada
nesta safra”
É importante registrar que a melhoria da renda dos produtores, no
período 2010/11, possibilitou a aplicação de pacote de insumos adequados, o que pode gerar melhorias na produtividade. A modernização do maquinário
utilizado na lavoura está eliminando perdas antes
significativas, como o desperdício de sementes e fertilizantes, e o mau aproveitamento da área cultivada.
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
2007/08
2006/07
2005/06
2004/05
2003/04
2002/03
2001/02
Milhões de toneladas
Fonte: Conab
Diferente do que ocorreu no ano passado, quando o início das chuvas ficou atrasando em importantes regiões produtoras do Centro-Sul, neste
ano elas começaram na época certa e estão permitindo a realização
do plantio no período ideal. No entanto, por influência do fenômeno La
Niña, as precipitações estão ocorrendo abaixo da média no Rio Grande do
Sul e já sinalizam deficiência hídrica
em importantes regiões produtoras,
principalmente nas regiões nordeste
e sul do Estado.
No Centro-Oeste e no Centro-Norte do
país, apesar de irregulares, as precipitações estão sendo abundantes e estão favorecendo tanto o plantio como
o desenvolvimento e o início da floração das culturas de verão. Entretanto,
poderão ocorrer invernadas durante o
final do ciclo da soja e prejudicar a sua
Fonte: Conab
45.000,00
N/ME
40.000,00
C-Sul
35.000,00
30.000,00
25.000,00
20.000,00
15.000,00
10.000,00
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
2007/08
2006/07
2005/06
2004/05
2003/04
0,0
2002/03
5.000,00
2001/02
Shutterstock
BRASIL - Evolução da área plantada por região
Safra 2001/02 a 2011/12 (Em mil hectares)
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
76
GRÃOS 2
Brasil - Evolução da Área Plantada
Safra 2001/02 a 2011/12
Fonte: Conab
160.000,00
N/ME
C-Sul
140.000,00
120.000,00
100.000,00
80.000,00
60.000,00
40.000,00
20.000,00
Shutterstock
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
2007/08
2006/07
2005/06
2004/05
2003/04
2002/03
2001/02
0,0
Posição: novembro/2011 - projeção
colheita e o plantio do milho Segunda
Safra e do algodão.
Neste cenário, com a metodologia própria utilizada, é possível estimar que a
safra brasileira de grãos pode chegar
a 160,5 milhões de toneladas, pelo cultivo de 51,4 milhões de hectares (posição de novembro/2011). O comportamento climático será determinante
para alcançar a estimativa.
Shutterstock
O aumento da produção não é diretamente proporcional ao aumento de
área, porque a produtividade depende
da interação dos fatores de produção.
Na safra anterior, tivemos um sinergismo excelente. As culturas de milho e soja representaram 81,50% da produção
nacional de grãos e, nesta safra, acusam aumento significativo da área semeada, influenciada pela boa perspectiva de mercado e a liquidez
obtida pelos produ-
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
tores na safra anterior e que
persiste até o momento.
Quanto às culturas semeadas
a partir de dezembro, o comportamento dos fatores de produção é
bastante favorável para o incremento
na área e o consequente aumento da
produção. Na região Centro-Oeste,
o período de chuvas, começou na
primeira quinzena de outubro, o
que proporcionou a semeadura
da soja em período ideal para o
plantio da Segunda Safra de milho e de algodão. A melhor época para este tipo de safra vai até
dia 15 de fevereiro.
“É possível
estimar que a
safra brasileira de
grãos pode chegar
a 160,5 milhões
de toneladas”
Os quadros abaixo demonstram o
comportamento da área cultivada e da
produção obtida nos últimos anos. Enquanto, há dez anos, a área
cresceu 24,13%, a produção alcançou 73,77%. A diferença é resultante do ganho tecnológico gerado pela evolução do produtor brasileiro
que se especializou e teve mais
acesso ao maquinário moderno. Hoje, mais de 10% dos
produtores fazem agricultura de precisão.
*Evangevaldo
Moreira dos Santos é
presidente da Conab
78
RAÇÃO
Indústria de alimentação
animal registra crescimento
de 4,7% em 2011
Setor deve fechar ano com movimento
superior a US$ 20 bilhões
“O desempenho
da indústria de
alimentação
animal brasileira
é dependente
do impulso da
indústria de
alimentos”
A
texto ARIOVALDO ZANI*
produção da indústria de alimentação
animal no Brasil deve registrar incremento da ordem de 4,7% em 2011, de acordo com dados do Sindicato Nacional da
Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). De janeiro a outubro deste ano
já foram consumidas mais de 53 milhões
de toneladas de rações, segundo a entidade, que estima ainda a produção do setor em 64 milhões
de toneladas de ração e movimentação em torno de
US$ 20 bilhões
em
insumos,
além de mais
de 2,35 milhões
de toneladas de
sal mineral.
Em 2010 a indústria de alimentação animal no
Brasil
registrou
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
RAÇÃO
79
TABELA 1 Produção de rações (milhões tons)
crescimento de
GRÁFICO 1 Estimativa de consumo de ração por espécie em 2011
5,3% em relação
GADO LEITE GADO CORTE AQUA
CÃES E GATOS
ao ano anterior.
8%
4%
0,8%
3%
De janeiro a dePOEDEIRAS
8%
zembro de 2010
EQUINOS
foram
produzi1%
das 61,4 milhões
FRANGOS
de toneladas de
50%
rações e mais
2,15 milhões de
toneladas
de
SUÍNOS
24%
sal mineral. O
OUTROS
Fonte: Sindirações
1,2%
crescimento levemente inferior
ao de 2010 tem como principal fator
ração superior àquela verificada no
a estabilidade do desempenho da inano de 2010. A indústria de produção
dústria suinícola. Já o avanço da avide aves e suínos, juntas, representa
cultura não foi suficiente para deter82% da demanda de rações produziminar evolução no consumo geral de
das no Brasil.
Segmento
2010
2011*
%11/10
Aves
35,1
37,1
5,7
Frangos
30,3
32,2
6,4
Poedeiras
4,8
4,9
1,4
Suínos
15,3
15,4
0,4
Bovinos
7,2
7,7
8,0
Leite
4,6
5,0
8,1
Corte
2,5
2,7
7,7
Cães e Gatos
2,1
2,1
4,0
Equinos
0,57
0,58
1,7
Aquacultura
0,43
0,51
19,8
24,6
Peixes
0,35
0,43
Camarões
0,084
0,084
0
Outros
0,77
0,80
3,9
Total Rações
61,5
64,3
4,5
Sal Mineral
2,15
2,35
9,3
Total
63,6
66,6
4,7
Fonte: Sindirações *Estimativa
SUINOCUTURA
custo ração
82
106
105
105
110
107
set/11
out/11
102
76
ago/11
112
79
jul/11
115
78
jun/11
83
73
61
102
mai/11
114
75
abr/11
109
70
mar/11
110
jan/11
87
dez/10
102
nov/10
109
fev/11
GRÁFICO 2 Variação nos índices de preços (ração e suino vivo)
out/10
A quantidade de carne suína exportada até outubro sofreu recuo de 5% por
conta da valorização do real no primeiro semestre e dos embargos comerciais. O aumento no custo de produção
determinado pela valorização expressiva dos insumos da alimentação estabeleceu um ritmo acelerado no abate
de matrizes e, sobretudo, animais mais
leves. Esses fatores combinados têm
pressionado o preço do suíno vivo pago ao produtor e mantido a estabilidade do plantel. Alinhada à tendência de
estabilidade, a indústria de alimentação
animal deve produzir cerca de 15,4 milhões de toneladas de ração em 2011.
preço suíno vivo
Fonte: SPCS e Sindirações (baseado no Interior de São Paulo)
PREVISÕES E CONSIDERAÇÕES PARA 2012
O desempenho da indústria de alimentação animal Brasileira é dependente do impulso da indústria de alimentos que, por sua vez, é modulado
pela capacidade de demanda do
consumidor doméstico e pelo interesse de consumo dos clientes internacionais. O flagrante esfriamento econômico Brasileiro no último trimestre
parece ainda não ter influenciado demasiadamente o preço das carnes no
varejo, embora a desaceleração da
economia Chinesa e o agravamento da crise fiscal Européia representem risco potencial. A deflagração de
uma nova crise financeira global pode
ser amenizada no Brasil por sua disciplina na gestão macroeconômica alicerçada em sistema financeiro sólido
e moderno, Banco Central autônomo,
política de câmbio flutuante e setor
público que vem acumulando supe-
rávits primários e mais de U$ 350 bilhões em reservas. Os empreendedores Brasileiros poderão suportar uma
economia global convalescente se o
país continuar a crescer e vencer os
desafios dos ganhos de produtividade, disponibilidade de mão-de-obra
especializada e mobilização dos investimentos necessários.
*Ariovaldo Zani é vice-presidente executivo do Sindirações
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
80
GOVERNO 1
Um ano para
Pecuária respondeu por 29,6% do PIB
E
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stamos no momento de fazer o balanço
das realizações e de desejar muita prosperidade para o ano que inicia. O olhar para
trás nos permite comemorar os acertos e
aprender com os erros. Já focar no futuro,
nos possibilita traçar metas e recarregar o
espírito com expectativas renovadoras.
Em 2011, ajustamos o rumo e fechamos
o ano com números bastante positivos. O Valor Bruto da
Produção (VBP) atingiu o recorde de R$ 205,8 bilhões, o
maior desde 1997. Este crescimento, de 11,7% em relação
a 2010, foi alavancado pelos produtos como o algodão,
uva, café e milho.
O PIB do agronegócio alcançou R$ 46,6 bilhões no terceiro
trimestre, fortemente impulsionado pela pecuária. A agricultura responde por 70,4 % do PIB do setor e a pecuária, por 29,6
%. O agronegócio emprega cerca de 30 milhões de pesso-
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
texto MENDES RIBEIRO FILHO*
as, sendo que entre 16 e 17 milhões encontram-se no setor primário e o restante distribuído pelos diversos segmentos
que compõem o agronegócio.
Além de produzir a maioria dos alimentos que consome, o Brasil ainda
é o maior exportador mundial do complexo soja (grão, farelo e óleo), carnes,
açúcar e produtos florestais.
No ranking mundial, o país ocupa a liderança na produção de açúcar, café
em grãos e suco de laranja, soja em
grãos, carne bovina, tabaco e etanol.
Somos praticamente auto-suficientes
em todos os produtos da cesta básica,
com exceção do trigo. Por todos esses
fatores, somos considerados a quinta
GOVERNO 1
ser repetido
do agronegócio do Brasil em 2011
potência mundial do agronegócio.
Para 2011/2012, teremos uma leve queda na produção nacional de
grãos, chegando a 159,079 milhões
de toneladas.
CARNES ALAVANCAM
PRODUÇÃO
Já a produção de carnes (bovinos,
aves e suínos) vai ultrapassar a casa das 24 milhões de toneladas, com
uma projeção de crescimento de
26,5% para a próxima década. As ex-
portações de proteína animal devem conformar um crescimento de 10%.
Estamos cada vez mais vendendo para fora e acessando novos países. As exportações brasileiras do agronegócio atingiram o recorde de US$ 92 bilhões, nos últimos 12 meses, uma
expansão de 24,4% em relação ao mesmo período do ano
anterior. Nossos produtos já chegam a mais de 200 países.
Produzir alimentos é, sem dúvida, uma missão. Temos sete bilhões de pessoas no mundo para alimentar o que redobra a responsabilidade. Será necessário dobrar a produção
agrícola mundial em 18 anos para darmos conta da demanda crescente. Internamente, nosso desafio é igualmente
grande. Mais de 30 milhões de pessoas cruzaram a linha de
81
82
GOVERNO 1
pobreza e 20 milhões de brasileiros acessaram a classe média. Logo, estão consumindo mais.
COLHENDO RESULTADOS
Shutterstock
Diante deste cenário, a missão do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA) se torna ainda mais premente. Ao mesmo tempo em que o Ministério deve ser de
todos os produtores, independentemente de porte, localização ou atividade, precisamos resgatar a capacidade de servir à sociedade brasileira e ao agronegócio. E estamos trabalhando duro para isso.
A segunda fase da vacinação contra a febre aftosa, encerrada em dezembro, imunizou cerca de 160 milhões de bovinos e bubalinos, superando o índice de cobertura de 2010
que foi de 97,4%. A zona livre da doença no Brasil ultrapassa
cinco milhões de quilômetros quadrados, com uma população bovina de aproximadamente 182 milhões de cabeças e
suína de 30 milhões.
A implantação da Plataforma de Gestão Agropecuária
(PGA), ainda em caráter experimental, chancela mais uma
exitosa parceria entre o Ministério da Agricultura, e a CNA
(Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e tem como finalidade de instituir um banco de dados agropecuário
único, de abrangência nacional e totalmente informatizado.
No âmbito do Programa Agricultura de Baixa Emissão de
Carbono (ABC), em dezembro, foi lançada a Rede de Fomento da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF),
um acordo entre parcerias público-privadas que implicará num compromisso financeiro de investimento na ordem
de R$ 2,5 milhões ao longo de cinco anos, iniciativa esta
coordenada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Além do fator tecnológico e das boas condições climáticas,
ações governamentais apoiaram o avanço da produção de
“A produção
de carnes vai
ultrapassar a casa
das 24 milhões de
toneladas em 2012”
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
alimentos, com a concessão de crédito agrícola de baixo custo e o fortalecimento e integração das cadeias
produtivas agropecuárias. O crédito
beneficiou a produção agropecuária
empresarial nas áreas de investimento, custeio e comercialização. Os financiamentos concedidos saltaram
dos R$ 30 bilhões, em 2003, para R$
100 bilhões na safra 2010/2011. Um recorde histórico.
DESAFIOS
O ano de 2012 nos reserva novos desafios. A política agrícola que está sendo desenhada pelo Ministério deverá levar em conta as necessidades da
nova classe média rural que se cria no
País. Um dos pontos fundamentais
dessa premissa é que os produtores
poderão contar com medidas diferenciadas, como juros menores, crédito
rotativo e recomposição do perfil do
endividamento. Será uma estratégia integrada de apoio ao agronegócio.
A política agrícola vai estabelecer
uma renda rural compatível e um seguro agrícola eficiente aos produtores, além de garantir investimentos
em pesquisa para que mantenhamos
nosso protagonismo em inovação e
tecnologia. Também irá e que promover a segurança sanitária animal e vegetais tão necessárias para a estabilidade de mercado.
Outras ações serão tomadas, entre
elas a criação de uma Secretaria de
Cooperativismo, para incentivar ainda
mais o setor. A regionalização da defesa sanitária vai permitir atuar de forma diferenciada na prevenção da febre
aftosa e outras enfermidades e vamos
iniciar um grande debate nacional sobre o agronegócio por meio de seminários regionais.
O Brasil precisa estar preparado para
responder aos desafios que o mundo
nos impõe. Para isso, temos que produzir mais, com mais qualidade e de
forma sustentável.
*Mendes Ribeiro Filho é ministro da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento
84
GOVERNO 2
O
MDIC lança
para setor de carnes
Secretário do MDIC detalha
ações do PBM para a
pecuária industrial
Shutterstock
texto RICARDO SCHAEFER*
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
setor de carnes é
importante para a
atividade produtiva
e exportadora nacional e o seu crescimento está entre
as diretrizes da nova política industrial
brasileira, o Plano Brasil Maior (PBM),
lançado em agosto deste ano pela Presidenta da República, Dilma Roussef.
O setor de carnes tem participação
significativa nas exportações
brasileiras, somando
US$ 12,6 bilhões
de janeiro a
o u t u b ro
de 2011. Esse valor, que cresceu 13,8% frente a igual
período de 2010, correspondeu a quase 6% das exportações
brasileiras no período e constituiu importante fonte de superávit na balança comercial brasileira. Com efeito, o
Brasil se destaca no mercado mundial
ao ser o maior exportador de carne de
frango e o segundo maior exportador
de carne bovina.
A nova política industrial, tecnológica
e de comércio exterior prevista para
o período 2011-2014 é organizada em
ações transversais e setoriais e integra instrumentos de vários ministérios.
As políticas transversais têm impacto
GOVERNO 2
na economia como um todo enquanto
as setoriais são especificadas em função da característica, oportunidades e
ameaças de cada setor. Entre as oportunidades identificadas no PBM, estão
as condições do mercado de commodities excepcionalmente favoráveis para o país no curto e médio prazos.
BRASIL MAIOR
O Plano propõe um conjunto inicial de
medidas, que serão complementadas ao longo do período 2011-2014 a
partir do diálogo com o setor produtivo. Entre as medidas já lançadas, encontram-se estímulos ao investimento
e à inovação, com desonerações para
o setor de bens de capital e medidas
de financiamento para o investimento e
a inovação, além de novo marco legal
para a inovação. A defesa da indústria
e do mercado interno foi contemplada com desoneração da folha de pagamento, desenvolvimento de regime
especial automotivo, estímulo a compras governamentais e harmonização
de políticas de financiamento.
Em especial, podem ser destacadas algumas medidas no âmbito do
comércio exterior. Foram definidas
medidas de desonerações das exportações (como ampliação do ressarcimento de créditos aos exportadores), defesa comercial (intensificação
do combate a práticas desleais e ilegais), financiamento e garantias para
exportações (como o Fundo de Financiamento Exportação MPME – Proex
financiamento e o Enquadramento
automático - PROEX EQUALIZAÇÃO,
entre outros), além da promoção comercial (definição da Estratégia Nacional de Exportações).
85
CARNES
Em particular, o setor de carnes pode
auxiliar a meta do PBM de diversificar
as exportações brasileiras, ampliando
a participação do país no comércio internacional de 1,36% (em 2010) para
1,60% em 2014. Igualmente, pretende-se consolidar competências na Economia do Conhecimento Natural, com
a utilização dos avanços proporcionados pela economia do conhecimento para ampliar o conteúdo científico
e tecnológico dos setores intensivos
em recursos naturais, permitindo que
o país aproveite as vantagens na produção de commodities para avançar
na diferenciação de produtos.
O diálogo com o setor será intensificado por meio da estrutura do PBM,
o que tornará as ações mais efetivas
e coordenadas para o desenvolvimento do setor de carnes. Serão construídas Agendas Setoriais até o início de
2012, com ações prioritárias para cada
setor. Um dos blocos a ser trabalhado
no Plano Brasil Maior é a Agroindústria, tendo sido constituído um Comitê Executivo e um Conselho Setorial
de Competitividade. Dentro da Agroindústria serão definidos Grupos de Trabalhos para os vários setores. Um desses grupos será dedicado às Carnes,
onde participarão representantes do
governo, de representação de classe,
empresários e trabalhadores.
Dessa forma, as políticas públicas voltadas para o setor de carnes, que se
apresenta importante para a estrutura
produtiva brasileira, vêm sendo articuladas no âmbito da política industrial e
serão acompanhadas e aprimoradas,
neste e nos próximos anos, em parceria com os representantes do setor.
“O setor de
carnes tem
participação
significativa nas
exportações
brasileiras,
somando US$ 12,6
bilhões de janeiro a
outubro de 2011”
*Secretário-executivo adjunto do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
86
GOVERNO 3
Governo triplica
investimento
para eliminar
texto MARCELO PERRUPATO*
Shutterstock
A
pesar do esforço de investimentos e de
realizações, ainda encontramos gargalos que persistem nos diversos modos
de transporte. Somente ao longo dos
próximos anos, com investimentos crescentes, esses gargalos serão definitivamente superados.
Em rodovias, há déficits de capacidade
de tráfego na malha em regiões desenvolvidas e inadequação de cobertura nas regiões em desenvolvimento, além de
problemas em travessias urbanas. Nas ferrovias, persistem
as invasões de faixa de domínio, uma quantidade excessiva
de passagens de nível, falta de contornos em áreas urbanas
e extensão insuficiente da malha.
Mais que nos outros modais, as hidrovias vão exigir especial atenção para eliminar restrições de calado, deficiências
de sinalização e de balizamento e a falta de eclusas. A expectativa do Ministério dos Transportes,
no entanto, é que a concretização das ações previstas no Plano Nacional de Logística e Transportes – PNLT, priorizando ferrovias e hidrovias,
conduzam a um maior equilíbrio na matriz de
transportes, o que significa maior economia e
melhor aproveitamento energético, com menor
emissão de poluentes.
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
INVESTIMENTO
Nesse sentido, a previsão de investimentos em logística de transportes
de uma forma geral, segundo o portfólio do PNLT para o período entre
“A previsão de
em logística de
o período entre
aproximadamente
GOVERNO 3
87
GARGALOS
LOGÍSTICOS
Ministério prevê R$ 175 bilhões
de investimento até 2015
2012 e 2015, é de aproximadamente R$ 175 bilhões. Vale destacar que o
PNLT aponta investimentos para o Brasil, sendo uma proposta para o Estado, destinada a subsidiar a elaboração
dos Planos Plurianuais, com horizonte
até 2031. Ou seja, os valores apontados em seu portfólio não estão garantidos. O PNLT se limita a indicar onde
se deve investir e uma estimativa de investimento.
Como estamos tratando mais especificamente de produção
agropecuária, considero interessante destacar que a identificação dos principais eixos de escoamento da produção de
granéis sólidos vegetais é de suma importância para a definição das políticas de transporte, visto que a maior parte de
sua produção encontra-se distante das zonas de exportação.
Esses eixos, também conhecidos como corredores de grãos,
são fundamentais para a integração e desenvolvimento do
país, sobretudo das regiões produtoras. Considerando que
os principais portos exportadores por onde é embarcado esse tipo de mercadoria possuem infraestrutura logística específica e que o modo de transporte rodoviário ainda é o principal elo entre as zonas produtoras
e as zonas exportadoras, cumpre ressaltar que a expansão das chamadas “fronteiras agrícolas” também
tem proporcionado o avanço desse modal como principal meio de escoamento da produção.
PRIORIDADES
investimentos
transportes para
2102 e 2015 é de
R$ 175 bilhões”
Desde os Estados produtores mais distantes em relação aos portos marítimos até aquelas regiões produtoras localizadas no entorno das zonas de exportação tem se caracterizado como fundamental no
deslocamento dos granéis vegetais. Assim, cito, a
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
88
GOVERNO 3
BR-392
É a principal rodovia de acesso ao
porto de Rio Grande - RS, interligando ainda outros importantes
eixos como BR-158/RS, BR-293/
RS, BR-116/RS.
BR-280
Liga o porto de São Francisco do
Sul ao interior do Estado de Santa
Catarina, conectando ainda outras
importantes rodovias que cortam
o Estado, como BR-101 e BR-116.
BR-277
Conecta o porto de Paranaguá aos
principais eixos rodoviários que,
ligados às zonas produtoras de
grãos, formam o corredor rodoviário de grãos de maior movimentação do país. A BR-277/PR está
interligada com as BRs 116, 153,
158, 376 e 476. Outro aspecto
dessa rodovia é que a mesma é a
principal ligação entre o porto de
Paranaguá e o Paraguai.
BR-050
É a principal rodovia de acesso ao
porto de Rio Grande - RS, interligando ainda outros importantes
eixos como BR-158/RS, BR-293/
RS, BR-116/RS.
BR-262
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É a principal rodovia de acesso ao
porto de Rio Grande - RS, interligando ainda outros importantes
eixos como BR-158/RS, BR-293/
RS, BR-116/RS.
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
seguir, alguns dos principais corredores rodoviários, a partir dos portos
com maior volume de embarque desse tipo de produto:
Além das rodovias que permitem acesso direto aos portos marítimos, destacam-se ainda outros eixos não menos
importantes, que possibilitam o acesso aos terminais de cargas fluviais, como no caso dos portos localizados na
bacia do Tietê-Paraná.
“As novas
“fronteiras
agrícolas”
também tem
proporcionado o
avanço do modal
rodoviário como
principal meio de
escoamento”
Dentre essas rodovias encontram-se
as seguintes: BR-262/MS, BR-267/MS,
e BR-376/MS. Na região centro-oeste
além das rodovias BR-153, BR-158 e
BR-163, existe a BR-364 que é responsável pela ligação leste da referida região até o porto localizado no Rio Madeira no Estado de Rondônia, de onde
os produtos seguem para os portos de
Manaus - AM ou Santarém - PA, para
finalmente embarcarem para o destino final.
Essa rodovia também é principal via de
acesso ao terminal ferroviário de cargas localizado próximo a cidade Alto
Taquari - MT. Ressalte-se que a identificação desses corredores foi obtida
a partir dos estudos do PNLT, 2009 e
Plano Geral de Outorgas PGO, 2009 e
as Pesquisas de Tráfego de 2011, sendo que dados mais precisos sobre tais
eixos de escoamento deverão cons-
tar como resultado da modelagem das
pesquisas de tráfego, realizadas pelo Ministério dos Transportes, em fase
de conclusão. Obras nessas rodovias,
em travessias urbanas e em acessos a
portos das regiões Sul e Sudeste são,
portanto, fundamentais para o escoamento da produção.
ATÉ QUANDO
O Ministério dos Transportes trabalha
para garantir uma agenda produtiva e
de forte crescimento para os próximos
20 anos, com a retomada do planejamento que está possibilitando os níveis de investimento que vemos agora.
O PNLT é um instrumento orientador
na formulação de políticas públicas
do setor e tem contribuído para uma
maior racionalidade e qualificação do
gasto público. Mais que um plano, o
que se oferece à sociedade é um processo de planejamento permanente,
em formato participativo, de Estado,
sem qualquer vínculo com mandatos
específicos.
Temos motivos para acreditar que o
portfólio de investimento identificado
progressivamente se converterá em
obras e, na sequência, em serviços
públicos à disposição da população.
Portanto, a solução dos problemas de
logística passa, necessariamente, pelo
prosseguimento da formulação de políticas públicas específicas para o setor, como temos feito, pela execução
das obras do PAC e de grande parte
das intervenções previstas no portfólio
do PNLT. Já tivemos investimentos públicos em infraestrutura de transportes
que representavam 0,2% do PIB – isso
no final de 2002. Atualmente chega-se
a 0,6% do PIB.
Acredito que se alcançarmos um patamar acima de 1% já será razoável –
cerca de R$ 25 bilhões/ano. Por fim,
digo que, atraindo a iniciativa privada,
poderemos compatibilizar a eficiência da infraestrutura com o crescimento do País. Isso também já vem sendo
posto em prática.
*Marcelo Perrupato é secretário de Política Nacional de
Transportes
90
SUSTENTABILIDADE
Avanço da pecuária passa
por uso responsável de
RECURSOS NATURAIS
Iniciativa Lead, da FAO,
aponta alternativas para
desenvolvimento sustentável
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texto FAO (Food and Agriculture Organization)*
C
entenas de milhões
de famílias rurais
pobres dependem
total ou parcialmente da pecuária para ter renda e
subsistência. A pecuária proporciona um constante fluxo de alimentos
e receitas e ajuda a elevar a produtividade agrícola pela força de tração
animal e do estrume. Um quarto da
área terrestre do planeta é usado para alimentação de gado e cerca de um
quinto das terras aráveis do mundo é
destinado ao cultivo de cereais para
alimentar o gado. Isso faz com que a
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
“Os sistemas mistos têm sido
a base para a intensificação da
agricultura e o aumento da produção”
produção animal seja a maior usuária
de terra no mundo.
A oferta crescente significa que mais
pessoas podem pagar pela proteína
de alto valor que oferecem os produtos de origem animal. Como resultado, o consumo mundial de produtos
de origem animal está crescendo muito mais rápido do que a população
mundial. Mas recursos da terra e outros são finitos e a opção de expandir
a área de terra usada para o gado a fim
de atender à demanda aumentada é,
na maioria das situações, impossível.
Isto coloca uma grande pressão sobre
a base de recursos naturais globais
e devem ser encontradas formas pe-
las quais a produção de gado possa
ser aumentada sem prejudicar o meio
ambiente. O gado não destrói o meio
ambiente, as pessoas sim. Ignorância,
indiferença e políticas que desencaminham o uso de recursos ambientais
são responsáveis pela degradação.
No entanto, a crescente conscientização e a vontade política devem fornecer
oportunidades para explorar o imenso
potencial de desenvolvimento que oferece o gado, minimizando danos ambientais. A Iniciativa LEAD (Livestock,
Environment and Development), ligada
a FAO, está trabalhando para transformar essas questões prioritárias em prática comum e eficaz em todo o mundo.
91
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SUSTENTABILIDADE
PRODUÇÃO PECUÁRIA INDUSTRIAL
A produção industrial de carne suína, de aves, bovina e
de carneiro está crescendo mais rapidamente que qualquer outro sistema de produção pecuária. Mais da metade dos suínos e das aves, um décimo da carne de carneiro e mais de dois terços da oferta de ovos mundiais,
atualmente, vêm da produção industrial.
Os países desenvolvidos dominam a produção intensiva de suínos e aves, mas, nos últimos anos, tem havido uma tendência de larga escala e unidades de produção industrial nos países em desenvolvimento também.
O excesso de dejetos da produção industrial deixa grandes quantidades de nutrientes desperdiçados na forma
de sobras concentradas.
Isto pode criar graves problemas de poluição da terra e
das águas subterrâneas, porque o adubo resultante é
muitas vezes descartado nas proximidades. As principais
forças que favorecem essa tendência são a infra-estrutura pobre e regulamentações fracas.
Onde as estradas são inadequadas e os custos de transporte são elevados, as unidades industriais geralmente
estão localizadas perto de centros urbanos.
Isso já aconteceu na Ásia, por exemplo, onde a produção
pecuária industrial se desenvolveu muito rapidamente
com fraca legislação regulatória sobre riscos para a saúde humana, especialmente em matadouros inadequadamente regulados e outras indústrias de processamento.
Melhorias no transporte farão com que seja possível retornar nutrientes para a terra de onde foram tirados. É provável que as realidades econômicas forcem a produção de gado a se especializar, a fim de
fazer uso de tecnologias eficientes.
Contudo, os sistemas urbanos de produção de gado, que se multiplicam em nações em rápido desenvolvimento, podem não ser sustentáveis a longo prazo, e a produção de gado precise ser trazida de volta
às áreas rurais. Desenvolvimento institucional e de
infra-estrutura, juntamente com uma maior valorização do meio ambiente, significa que a agricultura no
futuro será semelhante a uma grande fazenda mista
composta por empresas especializadas.
Shutterstock
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QUE PODE SER FEITO?
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INTERAÇÃO DA PECUÁRIA COM A FAUNA
Particularmente na África e
na Ásia Central, os animais
criados para consumo humano,
muitas vezes, têm seu habitat em
contato por animais selvagens e
outros mamíferos de grande porte. Embora os produtores tenham
absorvido os danos causados por
animais selvagens pela transmissão de doenças, as perdas para os
predadores e a destruição de culturas não compensam os benefícios
colhidos a partir de conservação da
vida selvagem para o turismo.
QUE PODE SER FEITO?
Há um reconhecimento crescente de que, se bem gerida, a coexistência harmoniosa entre animais selvagens e gado é possível. Em algumas áreas, a gestão
local dos animais selvagens, em combinação com a
produção de gado, já está aumentando a renda dos
pecuaristas e fazendeiros, bem como da biodiversidade. A maioria dos animais selvagens exigem uma
redução de não mais de 20% da taxa de lotação de
gado, a fim de criar um nicho para a maioria das espécies de vida selvagem prosperar. Este é um exemplo clássico de como os proprietários de animais e o
meio ambiente podem se beneficiar.
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
92
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SUSTENTABILIDADE
SISTEMAS MISTOS
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Culturas de equilíbrio e pecuária
A maior integração de culturas e gado em sistemas de
agricultura familiar tem sido amplamente defendida co-
mo um meio adequado para melhorar a sustentabilidade. À medida que cada geração precisa de mais terra,
no entanto, a disponibilidade de área cai até um ponto
de colapso do sistema. O gado, muitas vezes grandes
ruminantes, não pode mais ser mantido na fazenda, privando assim a família de força de tração e os nutrientes.
Além disso, como os recursos naturais se tornam cada
vez mais degradados e a pobreza leva a tensões do desenvolvimento humano.
QUE PODE SER FEITO?
Em situações de déficit de nutrientes, o progresso pode ser feito aumentando o acesso aos insumos externos, como alimentação animal e fertilizantes, para
manter o equilíbrio de nutrientes. A integração da lavoura e pecuária pode ser estimulada com a remoção
de subsídios sobre os fertilizantes, alimentos e mecanização, pois isso resultaria em uma melhor utilização
de alimentos caseiros, tração animal e adubo. Mesmo em países desenvolvidos, onde a pecuária mista
é mais comum e, portanto, mais propensos a sofrer
de um excesso do que uma escassez de nutrientes, a
eliminação dos subsídios à alimentação e fertilizantes
ajudaria a reduzir os danos ao meio ambiente.
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Cada vez mais a agricultura no mundo se desenvolve em
sistema misto de lavoura-pecuária, que abrange cerca
de 2,5 bilhões de hectares de terra. Historicamente, os
sistemas mistos têm sido a base para a intensificação da
agricultura e o aumento da produção. Nestes sistemas,
os animais, que não só permitem converter biomassa
vegetal em alimentos de alto valor, força de tração e acumulação de ativos, mas também fornecem um mecanismo para importação e concentração de nutrientes, são a
chave para sustentar os sistemas agrícolas dos pequenos produtores. Agricultura mista oferece a melhor oportunidade para intensificar a produção agrícola sem causar danos ambientais.
Menos reconhecidos são os benefícios para a biodiversidade da utilização de terras mais variadas em sistemas
de lavoura-pecuária. Árvores forrageiras, faixas de grama e outras características da paisagem oferecem uma
diversidade de habitats para muitos tipos de vida selvagem, incluindo micro-fauna e flora.
DESMATAMENTO
Desde 1950, mais de 200 milhões de hectares de floresta foram perdidos. Em muitos casos, a produção pecuária tem sido apontada como uma razão importante
para estes desenvolvimentos, especialmente na América Latina. No passado, o desmatamento foi incentivado
por muitas vezes para registro de propriedade, de crédito, incentivos fiscais e especulação fundiária. Muitos
destes incentivos inadequados já foram removidos. As
principais causas estão agora na demanda por alimentos de uma população crescente e, possivelmente, a
atração financeira da pecuária, quando a fertilidade do
solo tem sido exaurida pela produção agrícola.
QUE PODE SER FEITO?
SXC
Intensificação do uso da terra, através de uma combinação de incentivos fiscais e a introdução de tecnologias economicamente viáveis, será uma estratégia
principal para a recuperação de áreas degradadas e
a desaceleração do desmatamento.
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
*O uso desse artigo foi autorizado pelo escritório da FAO em Roma, Itália.
94
ANÁLISE
Rentabilidade da
deve ter
“A taxa de
crescimento
será menor
que nos anos
anteriores”
F
texto FERNANDO PEREIRA*
azer qualquer previsão é mais difícil em
períodos de turbulência na economia
mundial, como no
momento atual. Mas
uma gestão eficiente, em qualquer negócio, requer tomadas de decisões
importantes, muitas vezes antecipando tendências. E é por isto que
a construção de cenários, fundamentados nas melhores informações disponíveis no momento, são de grande
valia para os executivos.
Tais cenários não podem ser entendidos como “bola de cristal”, nem tomados como algo estático. Ao contrário,
devem sempre ser atualizados diante
de novos fatos, tendo em conta que os
vários fatores envolvidos na sua construção são dinâmicos e muitas vezes
também imprevisíveis.
Com estas ressalvas, procuramos, a
seguir, compartilhar com os leitores da
Revista Porkworld, o cenário que tomamos como o mais provável, diante
dos indicadores disponíveis neste moPorkwORld [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
mento, para a suinocultura brasileira
em 2012.
Para começar, destaco quatro fundamentos da conjuntura internacional
que devem ser levados em consideração em qualquer projeção para 2012.
O primeiro deles é o impacto de uma
lenta recuperação da economia dos
Estados Unidos atrelado a problemas
de desarticulação política em ano eleitoral. Também devemos considerar o
risco de uma desaceleração do crescimento chinês, embora com perspectivas de manutenção de alta demanda
da China por commodities agrícolas.
O terceiro ponto está ligado às enormes incertezas quanto aos desdobramentos dos reajustes da economia
europeia que, no mínimo, deverá apresentar retração na taxa de crescimento
e terá um período razoavelmente longo
para se recuperar. E, finalmente, o fato
de que as projeções disponíveis mostram que a produção das três carnes
(bovina, suína e de aves), deverá se
manter contida nos principais países
produtores no decorrer de 2012.
Nossas estimativas iniciais apontam
para uma redução do custo de grãos,
comparado aos preços vigentes em
2011. Esta redução deve compensar
uma eventual queda no preço internacional das carnes, na hipótese de um
agravamento da crise na Europa. Entretanto, os baixos estoques mundiais
de grãos devem impedir que tal redução no preço seja drástica. Isto se confirmando, possibilita que o produtor de
grãos também opere com rentabilidade.
Vale também destacar o impacto da taxa de câmbio na competitividade brasileira para suas exportações. A sobrevalorização do Real em 2010 e em boa
parte de 2011 fez reduzir tremendamente a competitividade de preço para as
carnes brasileiras. Paradoxalmente isto
tem sido corrigido em parte pelas turbulências vividas pela crise européia.
Produção e oFerta
Nossas expectativas para a produção
brasileira de carne suína no próximo
ano é de crescimento muito modesto,
limitado aos ganhos de produtividade.
São quatro as razões para projetarmos esse baixo crescimento: a ine-
ANÁLISE
suinocultura
sustentação
em
2012
Oferta controlada e menor
custo podem ajudar o setor
xistência de novos investimentos em
2011 que resultasse em produção em
2012; a descapitalização dos suinocultores em 2011, limitando investimentos
na melhoria da produção; o processo,
ainda em curso, das grandes consolidações ocorridas no setor e, finalmente, o fato de as agroindústrias integradoras terem, como única alternativa,
excluindo aquisições externas, um aumento no peso de abate para dar sustentação a um aumento de demanda
de matéria-prima para o frigorífico.
Custo de Produção
O custo de produção deve se manter
ainda elevado em 2012, comparado a
valores históricos. Entretanto, deve se
situar abaixo dos altos níveis verificados em 2011 - trabalhamos com uma
redução mínima de 6% no custo médio
anual da ração, em relação a 2011. Já
o custo de mão de obra seguirá crescente e acima do índice de inflação, em
boa parte como decorrência da forte
correção do salário mínimo, já definida.
Estas projeções são sustentadas pela combinação de excelentes perspec-
95
Tabela 1 | Produção de suínos em países selecionados
(em milhares de toneladas)
2007
2008
2009
2010
2011
2012*
China
42,878
46,205
48,905
51,070
49,500
51,280
UE-27
22,858
22,596
22,434
22,552
22,530
22,480
EUA
9,962
10,559
10,442
10,186
10,278
10,466
Brasil
2,990
3,015
3,130
3,195
3,227
3,295
Rússia
1,640
1,736
1,844
1,920
1,965
2,020
Fonte: USDA (*Previsão / **Tabela selecionada pela AnimalWorld)
Tabela 2 | Consumo em países selecionados
2007
2008
2009
2010
2011
2012*
China
42,710
46,691
48,823
52,157
49,810
51,560
UE-27
21,507
21,024
21,057
20,823
20,545
20,595
8,526
EUA
8,965
8,813
9,013
8,653
8,384
Rússia
2,534
2,789
2,688
2,799
2,894
2,719
Japão
2,473
2,486
2,467
2,488
2,481
2,489
Brasil
2,260
2,390
2,423
2,577
2,646
2,726
Fonte: USDA (*Previsão / **Tabela selecionada pela AnimalWorld)
tivas de produção de milho e soja no
ano agrícola 2011/2012 com as estimativas de uma menor expansão da demanda doméstica de grãos para nutrição animal. Uma pressão adicional
para redução do preço de grãos pode advir de uma posição “menos comprada” dos fundos de investimento em
commodities agrícolas.
Demanda por carne
suína
A demanda por carne suína tende a se
manter boa no próximo ano, mas com
poucas possibilidades de aumento relevante no mercado interno. As exportações, cujo volume em 2011 foi o pior
dos últimos cinco anos, tem boa chance de ter uma recuperação parcial e,
assim, contribuir para sustentação dos
preços do cevado.
Quanto ao mercado interno, a expectativa é de um crescimento moderado no consumo. Um crescimento mais
robusto deverá ser limitado principalmente pela menor expansão da massa
salarial e por algum acréscimo da oferta interna de carne bovina.
Preço
Para estabelecer a estimativa de preço mais provável para 2012, em relação a 2011, temos que recorrer ao fato
marcante que resultou do súbito bloqueio da Rússia à carne suína Brasileira, em junho de 2011. Naquele momento e durante algumas semanas
seguintes ocorreu forte queda nos preços do suíno para abate, fazendo com
que eles ficassem entre os mais baixos
do ano quando, historicamente, se caracteriza por um período de preços em
recuperação. Por isso, em um contexto de oferta ajustada à demanda e de
não ocorrência de imprevistos o cenário mais provável é de um preço médio
em 2012 um pouco acima daquele verificado em 2011.
Em síntese, a expectativa é de uma
melhor relação de troca (preço do
suíno e custo da ração), que é o principal determinante da rentabilidade
da atividade.
*Fernando Pereira é engenheiro agrônomo e
presidente executivo do Grupo Agroceres.
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] porkworld
96
ASSOCIAÇÃO 1
A frente e
18kg per capita
Shutterstock
ABCS, em vista
dos resultados
positivos, amplia
metas para
consumo interno
D
“Projetamos para
2012 muito mais
do que fizemos
neste ano”
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
texto MARCELO LOPES*
e que a união faz a força, não há quem
não saiba. Mas que ela é a grande responsável pelo crescimento do associativismo, muitos ainda ignoram. Quando assumi a Associação Brasileira dos
Criadores de Suínos (ABCS), em junho
deste ano, trouxe para dentro da entidade essa linha de raciocínio. Acredito
que precisamos uns aos outros para trazer o que há de melhor para nossa cadeia, seja na área tecnológica, de produção ou mercado. Mas, mais do que isso, precisamos dessa
união para gerir com qualidade uma associação. Atuar com
lados sexistas só trouxe divergências para dentro da nossa
casa e afastou cada vez mais nossos suinocultores e líderes dessa atividade.
E para que haja esse espírito de coletividade é preciso comprovar que estamos no caminho certo, que buscamos sem
medir esforços a sustentabilidade de cada um dos produtores nesse Brasil. Por isso, projetamos para 2012 muito mais.
Muito mais do que fizemos neste ano. E as atividades não
foram poucas. Foi em 2011 que lançamos o tão aguardado Manual de Boas Práticas Agropecuárias na Produção
de Suínos, uma publicação de 140 páginas que reúne in-
ASSOCIAÇÃO 1
97
avante aos
de carne suína
formações sobre os principais temas
da suinocultura, divididos em 12 capítulos. De maneira didática, trouxemos
orientações sobre biosseguridade e
ferramentas de controle sanitário, manejos reprodutivo, de terminação e de
pré-abates, cuidados na alimentação,
gestão ambiental, entre outros. Resultado este de uma parceria certeira entre a ABCS, a Embrapa Suínos e Aves,
e o Ministério da Agricultura.
Selamos também em 2011 uma relação de confiança com os parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária, que têm acompanhado de
perto Projetos de Lei que interferem diretamente na suinocultura brasileira e
estabelecem condições, obrigações e
responsabilidades nas relações contratuais entre produtores integrados e
agroindústrias integradoras.
Foi nesse ano também que chegamos
a tão esperada marca de 15kg de carne suína no consumo per capita. Mas
isso não seria possível sem a parceria
das nossas associações afiliadas, parceiros, suinocultores e todos aqueles
que acreditaram que era possível virar
essa página de estagnação na suinocultura brasileira. Por isso, gostaria de
agradecer a parceria de cada um que
se dedicou e trabalhou pelo aumento
de consumo interno de carne suína e
confirmar também que em 2012 vamos
juntos executar o PNDS em nove estados e, assim, avançar no crescimento
da nossa atividade. Mas quero lembrar
a todos que é preciso fazer mais.
Ao longo de dois anos, o PNDS realizou cerca de 360 ações em mais de
100 municípios brasileiros, registrou
aumentos de 20% a 96% nas vendas
GRÁFICO 1
Produção de carne suína (mil toneladas)
Fonte: ABCS e Abipecs
3500
3397
3300
3100
3190
3238
3026
2900
Shutterstock
2700
2500
2300
2008
2009
2010
2011
de cortes suínos e através do trabalho realizado pelas afiliadas da ABCS
e mais de 1 milhão de pessoas foram
sensibilizadas. Além disso, cerca de 13
mil profissionais foram capacitados de
forma direta em treinamentos de cortes, oficinas gastronômicas, palestras para médicos e em universidades.
Nessa fatia de capacitações mais de
2 mil suinocultores receberam treinamento para melhoria de gestão e manejo, além de consultorias técnicas e
de inovação realizadas nas granjas.
Esses resultados confirmam que é
possível trazer estabilidade para nosso setor investindo aqui mesmo, no
Brasil. Então, com o apoio de cada um
dos nossos parceiros, a ABCS irá ampliar sua meta para 18 kg per capita de
consumo até 2015. E aqui, explico as
razões que embasaram a definição da
ABCS nessa meta, que apesar de ambiciosa, é coerente com as condições
econômicas atuais do País.
Nos últimos dois anos em que houve
atuação do PNDS no mercado, o aumento da disponibilidade interna ficou
em média de 6%. Com a meta de 18kg,
nossa projeção é de crescer em média
5% ao ano, de 2012 a 2015. Isso significa em média 3,5 milhões de toneladas
de carne suína consumidas pelos brasileiros, valor 21% a mais do que consumimos neste ano.
Com a expectativa de crescimento das
vendas para os mercados internacionais, chegando a 700 mil toneladas, a
produção deverá chegar, em 2015, em
torno de 4,2 milhões de toneladas e,
segundo projeção recente do MAPA,
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
ASSOCIAÇÃO 1
a produção brasileira de carne suína
em 2018 deverá ficar entre 3,7 e 5,2 milhões de toneladas. Ou seja, os mesmos parâmetros de crescimento estabelecidos pela ABCS.
Para essa definição da meta também
consideramos o índices do PIB nos últimos dois anos, que em 2010 ficou em
7,5% e que em 2011 deverá fechar em
3%. Já para 2012, os analistas preveem valor acima de 4%. O salário mínimo também terá forte influência sobre
o consumo interno, pois o aumento de
“Acredito que
precisamos uns
aos outros para
trazer o que há
de melhor para
nossa cadeia”
14,26% leva o mínimo de R$ 545,00 para R$ 622,73. Outro fator decisivo para o aumento do consumo de carne
suína no futuro é a evolução da renda
do brasileiro. Apenas neste ano cerca
de 40 milhões de brasileiros atingiram
a classe média, vindos das camadas
mais pobres da população. É como se
o país tivesse elevado toda a Argentina
a uma classe social mais elevada. Isso
significa mais gastos com alimentação,
mais carne na mesa do brasileiro. E por
que não mais carne suína?
Os grandes eventos internacionais,
como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, nos anos de 2013 a 2015 também beneficiarão direto nosso consumo interno. Lembrando que a carne
suína é a mais consumida em países
da Europa, o que tornará nosso produto bastante procurado por bares,
restaurantes e hotéis.
Nossos investimentos no Nordeste também poderão fazer a diferença
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
GRÁFICO 2
Exportação (mil toneladas)
Fonte: ABCS e Abipecs
Shutterstock
98
607
540
530
2008
no aumento de consumo, já que a região registrou um crescimento real de
36,95% entre 2002 e 2010, contra 32%
do Brasil no mesmo período e deve
manter o ritmo de crescimento no patamar de 7% ao ano, segundo especialistas. O aumento do apoio institucional das Empresas Amigas, bem como
o convite formal para a participação da
Abipecs nas ações do PNDS em São
Paulo poderão ter forte influência no
resultado dos próximos anos. E, finalmente, incluímos São Paulo ao PNDS,
o maior estado consumidor do país.
Mas, mesmo com o vento a favor do
nosso crescimento, também temos
enormes desafios pela frente. O mi-
520
2009
2010
2011
lidade do nosso rebanho, bem como
dos profissionais que atuam na atividade, são considerados alguns dos
principais fatores no desenvolvimento
do consumo.
Para ultrapassar esse cenário a entidade realizou em 2011 efetivos trabalhos e pretende nos próximos anos
seguir com a mesma estratégia e consolidar sua atuação. No quadro, listamos medidas definidas para enfrentar
esses desafios.
Nosso desafio é grande, mas o retorno será ainda maior para a suinocultura brasileira. Se traçamos metas é
porque podemos cumpri-las com assertividade. Mas todo esse trabalho só
• Modernizar e ampliar a sistema de Registro Genealógico de Suínos.
• Priorizar uma política agrícola específica para o abastecimento de milho.
• Pleitear no governo federal mais suprimentos e estoque, garantindo ao
produtor valores justos no preço dos grãos.
• Aumentar as ações políticas por meio da Frente Parlamentar da Agropecuária.
• Ampliar as ações do PNDS nos estados participantes e incluir novos estados nas atividades de desenvolvimento do mercado doméstico.
• Prosseguir com nossa política de investimento na produção, principalmente nos profissionais que fazem a suinocultura deste país.
lho é um deles e neste ano foi o grande obstáculo para nossos produtores
que tiveram sua rentabilidade abalada
pelos altos índices de correção aplicados ao grão. A produtividade e a qua-
será possível com o comprometimento
de cada elo da cadeia produtiva. Que
juntos possamos ser uma única voz da
suinocultura brasileira.
*Marcelo Lopes é presidente da ABCS
100
ASSOCIAÇÃO 2
Vendas para a Ásia
crescerão de forma
relevante em 2012
Hong Kong e China
juntos serão o
principal destino da
carne suína do Brasil
texto PEDRO DE CAMARGO NETO*
A
s exportações brasileiras de carne
suína, em 2012,
deverão ter como
principal destino
o mercado asiático. Já em 2011 notamos essa tendência com o crescimento das vendas
para Hong Kong, que deixou a Rússia
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
em segundo lugar e ocupou o posto de
maior comprador do nosso produto.
Essa reversão de rumo das exportações do Brasil foi notada em outubro.
Nos primeiros dez meses de 2011,
o Brasil exportou 120,73 mil toneladas de carne suína para a Rússia,
enquanto vendeu para Hong Kong
107,50 mil t, um crescimento de 32%
em relação a 2010.
O principal determinante dessa mudança foi o embargo sanitário russo
anunciado em 1º de junho e efetivado
no dia 15 daquele mês. Foram suspensos todos os estabelecimentos – 85
unidades do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso. Esse evento afetou
fortemente a exportação de carne suína, pois restaram, inicialmente, dois frigoríficos habilitados a exportar para a
101
ASSOCIAÇÃO 2
EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS
DE CARNE SUÍNA
JAN / NOV 2011 X JAN / NOV 2010
60000
2010
2011
40000
30000
20000
10000
0
O
O
O
EIR REIR
RÇ
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MA
FEV
JAN
RIL
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MA
HO
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TU OVEM EZEM
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OU
D
SE
N
OS
AG
Shutterstock
Volume (em toneladas)
50000
“As exportações
brasileiras de carne
suína, em 2012,
deverão ter como
principal destino o
mercado asiático”
102
ASSOCIAÇÃO 2
EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS
DE CARNE SUÍNA
Valor comparação (em milhares de dólares)
JAN / NOV 2011 X JAN / NOV 2010
2010
2011
160000
140000
120000
100000
80000
60000
40000
20000
0
O
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JAN
O
EIR
ER
FEV
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RIL
AB
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RO
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UB
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NO
OS
AG
EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE
CARNE SUÍNA
DEZEMBRO/2010 - NOVEMBRO/2011
160000
140000
120000
100000
80000
60000
40000
20000
0
dez/10 jan/11 fev/11 mar/11 abr/11 mai/11 jun/11 jul/11 ago/11 set/11 out/11 nov/11
160000
140000
120000
US$ Mil
100000
80000
60000
20000
0
dez/10 jan/11 fev/11 mar/11 abr/11 mai/11 jun/11 jul/11 ago/11 set/11 out/11 nov/11
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
Shutterstock
40000
“O Brasil é o
quarto maior
exportador
mundial de carne
suína, mas tem
credenciais para
liderar o mercado
internacional”
Rússia. Posteriormente, apenas uma unidade foi autorizada,
que permanece exportando até hoje.
A China, que em novembro passou a receber os primeiros
embarques de carne suína brasileira, e Hong Kong, deverão
se tornar juntos, em 2012, o primeiro mercado para o Brasil. A expectativa é de novas aberturas na Ásia, onde o Brasil sonha conquistar o maior mercado importador mundial,
o Japão, que compra 1,2 milhão de toneladas anuais e é o
que melhor paga, e a Coreia do Sul, quinto cliente, com 400
mil toneladas/ano.
As informações que chegam de Tóquio dão conta de que os
japoneses ficaram satisfeitos após missão veterinária que
visitou o Brasil em agosto, e o processo de aprovação sanitária segue seus trâmites. Também com a Coreia do Sul,
que visitou o Brasil em abril de 2010, a troca de informações
entre o Ministério da Agricultura e a autoridade sanitária coreana NVQRS prosseguiu, dando continuidade ao processo
de aprovação do País.
Quando se trata de exportações, a principal barreira continua sendo a sanitária. O Brasil, atualmente, negocia a habilitação sanitária
com Japão, Coreia do Sul, Canadá e
União Europeia. E aguarda a conclusão do processo de aprovação,
pelos Estados Unidos, de frigoríficos brasileiros.**
Aos poucos vamos avançando. Durante estes sete anos à frente da Abipecs, nos esforçamos
para a abertura de to-
dos esses mercados. A boa notícia é
que paulatinamente reduzimos nossa
dependência do mercado russo, que,
em 2006, tinha uma participação relevante no total das exportações brasileiras de carne suína: das 528 mil toneladas embarcadas, 50% se destinaram à
Rússia e apenas 14% para Hong Kong.
Nos anos seguintes, ainda a Rússia
predominou como cliente. O Brasil
vendeu ao exterior 606,5 mil t em 2007.
Naquele ano, a participação russa foi
de 46% e a de Hong Kong, de 17,5%.
A Rússia continuou seu caminho descendente como principal destino para as vendas do Brasil. Foram embarcadas 529,4 mil t em 2008, sendo que
42,6% se destinaram ao mercado russo e 20,4% para o de Hong Kong.
A Rússia manteve sua participação ao
redor de 43% nas vendas brasileiras
“Quando se trata
de exportações,
a principal
barreira continua
sendo a sanitária”
em 2009 (embarques totais de 607,4
mil t) e 2010 (540,4 mil t), períodos em
que Hong Kong se manteve entre 20%
e 18%. Porém, em 2011, dos cerca de
516,5 mil t exportados, a Rússia viu sua
participação declinar para 27,6%, enquanto Hong Kong fez o caminho inverso, subindo para 24,6%.
O Brasil é o quarto maior exportador
mundial de carne suína, mas tem credenciais para liderar o mercado internacional. Para isso precisamos ser
mais ágeis nas negociações de acordos sanitários.
*Pedro Camargo Neto é presidente da Associação
Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne
Suína (Abipecs).**O processo foi concluído em 10 de
janeiro de 2012.
104
Agrostock / César Machado
DESEMPENHO
MÃO de OBRA e
impactam na competitividade
E
texto DIRCEU TALAMINI*
ntendo que o grande
impacto na competitividade da avicultura e
suinocultura brasileira
e mundial se originou
de duas causas. Uma
decorre do aumento
do custo da mão-de-obra e a outra da
mudança e elevado patamar dos preços do milho, principal componente da
alimentação dos animais.
A expectativa é de que a remuneração
da mão-de-obra se mantenha nos níveis atuais por um bom período, o que
é um indicador positivo, de desenvolvimento do país. No caso do preço do
milho os preços elevados se mantive-
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
ram durante todo o ano de 2011 e devem persistir, talvez
com pequena redução, também em 2012. Uma pequena
compensação se origina no preço do farelo de soja, que
apesar do cereal ser usado na produção do biodiesel, proporciona maior disponibilidade do farelo, fonte de proteína
nas rações de suínos e aves.
Esta análise deve considerar também a atratividade das exportações que na maior parte do ano de 2011 sofreram com
um real valorizado frente ao dólar, mas que nos últimos meses do ano esta moeda teve queda importante na sua relação com o real. Esta desvalorização traz dois benefícios, pois
estimula a exportação das carnes e restringe as exportações
do milho, beneficiando a suinocultura e avicultura brasileiras.
PRODUÇÃO
O otimismo dos gestores destas cadeias produtivas determinou bom crescimento da produção, tanto de suínos co-
DESEMPENHO
Poder de
compra de carne
com um salário
mínimo em 2011
Fonte: Embrapa Aves e
Suínos
Janeiro
217 kg
Junho
244 kg
Outubro
231 kg
RAÇÃO
Aves
Variação da
produção das
diferentes carnes
em 2011
Fonte: Embrapa
105
7%
Suínos
7%
Bovinos
-6%
Chefe-geral da Embrapa analisa
mercado de aves e suínos
do Brasil
Abate Fiscalizado (SIF),
exportações e disponibilidade
interna de carnes nos primeiros
nove meses dos anos de 2010
e 2011 (em toneladas)
Fonte: UBAABEF, ABIPECS, APEC, ABIEC
2010
2011
Variação
Produção
Frango
7.714.183
8.280.661
7,34%
Bovinos
4.158.380
3.887.962
-6,50%
Suínos
2.127.268
2.278.529
7,11%
Total
13.999.839
14.447.153
3,20%
Frango
2.719.217
2.758.899
1,46%
Bovinos
905.648
737.606
-18,55%
Suínos
404.497
384.464
-4,95%
Total
4.029.362
3.880.969
-3,68%
Shutterstock
Exportações
Disponibilidade interna
Frango
4.994.966
5.521.762
10,55%
Bovinos
3.252.732
3.150.356
-3,15%
Suínos
1.722.771
1.894.065
9,94%
Total
9.970.468
10.566.184
5,97%
[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD
106
DESEMPENHO
Variação percentual
nos preços de produtos
diversos em 2011
Shutterstock
Fonte: IBGE, USDA, DERAL-PR
Crescimento do PIB
Câmbio
Farelo de Soja - USA
Farelo de Soja - Atacado PR
Milho - IL USA
Milho - Atacado PR
Ovo de Galinha
Frango Pedaços
Frango Inteiro
Mortadela
Linguiça
Salsicha
Presunto
Carne de Porco
Costela
Lagarto
Alcatra
Chã-de-dentro
Contra-filé
-15,00%
mo do frango, que devem chegar a
perto de 7% em 2011. Este incremento da oferta foi parcialmente compensado pela redução da oferta de carne bovina que apresentou queda no
abate sob fiscalização federal de cerca de 6%.
A robustez da economia brasileira permitiu o repasse do aumento dos custos de produção para os preços do
consumidor final. Mesmo com este resultado relativamente favorável, deve-se considerar que o cenário futuro é
um pouco mais pessimista, pois a crise economia mundial, que até o momento se concentra nos países ricos,
esta se aproximando também dos países emergentes e a China, um dos
principais motores do crescimento
mundial, vem dando sinais de redução
da atividade econômica.
MERCADO INTERNO
O crescimento da renda no Brasil tem
sido importante para o setor de carnes
do Brasil. O poder de compra do salário mínimo no ano de 2011, mesmo
com o aumento no preço das carnes,
saiu de 217 kg em janeiro para 231 kg
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
-10,00%
-5,00%
0,00%
5,00%
em outubro tendo atingido valores máximos de 244 kg em junho e julho.
Este aumento foi mais intenso na
carne de frango, seguido pela
de suínos e se mantido estável na carne bovina.
A indicação favorável com
respeito ao aumento no
salário mínimo em 2012 é
positiva para os mercados
de carne. A perspectiva de
um aumento de 13,62% no
valor do salário mínimo a
partir de janeiro de 2012 deve ter um efeito significativo na
renda das populações de menor
renda e um impacto direto na demanda por carnes.
Esta breve análise indica um cenário de muita
atenção e a necessidade de um acompanhamento cuidadoso da evolução, principalmente da economia internacional. O mercado mundial possui um papel importante na sustentação dos preços e volumes dos produtos exportados
assim como no preço dos insumos importados e exportados. Assim, mesmo com uma situação favorável da economia brasileira, a crise que se delineia na economia mundial
mostra um sinal amarelo, de precaução, para os tomadores
de decisão destes importantes setores produtivos.
10,00%
“O otimismo dos
gestores destas
cadeias produtivas
determinou bom
crescimento
da produção”
*Dirceu Talamini é chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves
108 guia rápido
Gráficos e tabelas
para consulta fácil
PROdUÇÃO dE SUÍnOS EM PaÍSES SElECIOnadOS
(em milhares de toneladas)
COnSUMO dE SUÍnOS EM PaÍSES SElECIOnadOS
(em milhares de toneladas)
2007
2008
2009
2010
2011
2012*
2007
2008
2009
2010
2011
2012*
China
42,878
46,205
48,905
51,070
49,500
51,280
China
42,710
46,691
48,823
52,157
49,810
51,560
UE-27
22,858
22,596
22,434
22,552
22,530
22,480
UE-27
21,507
21,024
21,057
20,823
20,545
20,595
EUa
9,962
10,559
10,442
10,186
10,278
10,466
EUa
8,965
8,813
9,013
8,653
8,384
8,526
Brasil
2,990
3,015
3,130
3,195
3,227
3,295
Rússia
2,534
2,789
2,688
2,799
2,894
2,719
Rússia
1,640
1,736
1,844
1,920
1,965
2,020
japão
2,473
2,486
2,467
2,488
2,481
2,489
Vietnam
1,832
1,850
1,910
1,930
1,960
1,960
Brasil
2,260
2,390
2,423
2,577
2,646
2,726
1,855
1,880
1,936
1,940
1,990
1,990
Canadá
1,746
1,786
1,789
1,772
1,753
1,765
Vietnam
japão
1,250
1,249
1,310
1,292
1,255
1,280
México
1,523
1,605
1,770
1,774
1,725
1,755
Coreia
do Sul
1,502
1,519
1,480
1,539
1,470
1,510
1,354
Filipinas
1,250
1,225
1,240
1,255
1,260
1,265
México
1,152
1,161
1,162
1,165
1,170
1,180
Coreia
do Sul
Filipinas
1,275
1,270
1,298
1,358
1,349
1,043
1,056
1,062
1,110
835
1,010
Taiwan
844
819
847
824
844
846
6,330
6,493
6,455
6,614
6,711
6,828
93,778
97,779
100,257
102,546
100,849
102,898
Outros
5,356
5,216
5,177
5,298
5,394
5,432
Outros
Total
93,957
97,694
100,405
102,745
101,127
103,433
Total
Fonte: USDA (*previsões divulgadas em outubro de 2011)
Fonte: USDA (*previsões divulgadas em outubro de 2011)
PRInCIPaIS EXPORTadORES
(em milhares de toneladas)
EUa
2010*
2011**
1790
2094
EU-27
1752
1880
Canadá
1049
1050
Brasil
635
597
China
459
503
Fonte: USDA (*Estimativa, **Previsão)
PRInCIPaIS IMPORTadORES
(em milhares de toneladas)
japão
2010*
2011**
1218
1280
China
894
976
Rússia
854
875
México
596
620
Coreia do Sul
358
562
Fonte: USDA (*Estimativa, **Previsão)
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
EXPORTaÇÕES BRaSIlEIRaS dE CaRnE SUÍna
Jan/Dez 2011 x Jan/Dez 2010
Tonelada
US$ Mil
Preço Médio
2011
2010
%
2011
2010
%
2011
2010
%
34.809
39.062
-10,89
93.029
90.462
2,84
2.673
2.316
15,40
Fevereiro
39.060
36.294
7,62
100.582
83.808
20,01
2.575
2.309
11,51
Março
44.299
50.111
-11,60
117.466
119.500
-1,70
2.652
2.385
11,19
abril
50.944
51.251
-0,60
145.410
132.199
9,99
2.854
2.579
10,66
Maio
44.988
46.028
-2,26
126.645
117.990
7,34
2.815
2.563
9,82
junho
52.752
46.952
12,35
152.134
117.342
29,65
2.884
2.499
15,39
julho
36.104
43.771
-17,52
93.854
108.225
-13,28
2.600
2.473
5,14
agosto
45.887
47.689
-3,78
122.093
115.917
5,33
2.661
2.431
9,46
janeiro
Setembro
41.405
51.012
-18,83
113.852
123.705
-7,96
2.750
2.425
13,39
Outubro
46.200
49.713
-7,07
135.236
124.482
8,64
2.927
2.504
16,90
novembro
43.039
43.008
0,07
130.623
115.122
13,46
3.035
2.677
13,38
dezembro
36.931
35.528
3,95
103.747
91.961
12,82
2.809
2.588
8,53
TOTal
516.419
540.418
-4,44
1.434.672
1.340.713
7,01
2.778
2.481
11,98
Fonte: Abipecs
guia rápido 109
Matrizes alojadas no Brasil por Estado
Estado/ano
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
RS
245.696
255.709
267.101
269.757
296.103
309.603
314.827
Var % 10/09
1,69
SC
362.616
363.781
391.682
388.783
391.720
392.720
386.000
-1,71
Paraná
229.359
233.196
238.517
236.479
234.833
255.528
247.228
-3,25
SP
114.027
112.000
114.677
110.356
95.432
92.055
88.055
-4,35
MG
145.794
151.106
196.920
195.033
210.272
217.758
222.508
2,18
MS
42.641
43.241
42.300
42.300
43.240
45.220
56.514
24,98
MT
46.492
60.118
61.784
62.954
74.954
80.466
82.204
2,16
GO
53.907
58.936
61.554
63.999
67.905
73.155
78.155
6,83
SUB-Total
1.240.532
1.278.087
1.374.535
1.369.661
1.414.459
1.466.505
1.475.491
0,61
Outros
133.549
89.882
96.659
106.152
111.990
111.990
113.406
1,26
Industrial
1.374.081
1.367.969
1.471.194
1.475.813
1.526.449
1.578.495
1.588.897
0,66
Subsistência
961.376
932.405
917.083
886.561
895.249
869.886
869.024
-0,10
Brasil
1.374.081
1.367.969
1.471.194
2.362.374
2.421.698
2.448.381
2.457.921
0,39
Fonte: Abipecs
110 guia rápido
PRInCIPaIS dESTInOS da CaRnE SUÍna BRaSIlEIRa
Jan/Dez 2011
Países
Ton
Participação
Países
US$ Mil
Participação
HOnG KOnG
129.734
25,12
RUSSIa,FEd.da
393.537
27,43
RUSSIa,FEd.da
126.449
24,49
HOnG KOnG
323.778
22,57
UCRanIa
61.708
11,95
UCRanIa
182.932
12,75
aRGEnTIna
42.032
8,14
aRGEnTIna
129.383
9,02
anGOla
37.742
7,31
anGOla
76.955
5,36
CInGaPURa
23.735
4,60
CInGaPURa
74.426
5,19
URUGUaI
15.956
3,09
VEnEzUEla
48.410
3,37
VEnEzUEla
11.780
2,28
URUGUaI
46.677
3,25
alBanIa
9.198
1,78
alBanIa
25.489
1,78
GEORGIa,REP.da
6.482
1,26
GEORGIa,REP.da
14.993
1,05
EVOlUÇÃO nO COnSUMO
dE CaRnES, 2010 a 2019
ano
2007-09 kg/
pessoa/ano
2019 kg/
pessoa/ano
Suíno
15,2
16,6
Frango
13,5
15,3
Bovino
9,5
9,7
Ovelha
1,8
2,0
Total
40,0
43,6
Fonte: OCDE-FAO Agricultural Outlook 2010-2019
OUTROS
51.603
9,99
OUTROS
118.092
8,23
TOTal
516.419
100,00
TOTal
1.434.672
100,00
Fonte: Abipecs
COnSUMO dE CaRnE POR
REnda PER CaPITa nO MUndO
TaXaS dE CRESCIMEnTO da dEManda aGREGada E PROdUÇÃO (% anual)
1969 a
1999
1979 a
1999
1989 a
1999
1997-99 a
2015
2015 a
2030
1997-99 a
2030
demanda
Mundial
2,2
2,1
2,0
1,6
1,4
1,5
Produção
Mundial
2,2
2,1
2,0
1,6
1,3
1,5
ano
PIB (USd
1995/Capita)
Consumo Carnes,
Kg/ano/pessoa
1990
4,353
34,1
2000
5,217
38,6
2010
6,103
43,3
2030
8,286
54,6
2050
11,248
68,8
Fonte: Projections of Global Meat Productions through 2050,
Thomas E, Elam, Center for Global Food Issues
Fonte: FAO
POPUlaÇÃO E CRESCIMEnTO anUal
População total
Milhões
1997-99
Mundial (ONU)
4 430
5 900
7 207
Em desenvolvimento
3 245
4 573
5 827
Industrializados
789
892
951
979
986
5
2
1
0
Em transição
382
413
398
381
349
0
-1
-1
-2
Fonte: ONU (2001)
PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11]
2015
aumentos anuais (milhões)
1979-81
2030
2050
1995 a 2000
2010 a 2015
2025 a 2030
2045 a 2050
8 270
9322
79
76
67
43
6 869
7935
74
74
66
45

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