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Clipping Nacional de Educação Quarta-feira, 18 de Setembro de 2013 Capitare Assessoria de Imprensa SHN, Quadra 2 Bloco F Edifício Executive Tower - Brasília Telefones: (61) 3547-3060 (61) 3522-6090 www.capitare.com.br Valor Econômico 18/09/13 2205 BRASIL Em dez anos, total de novas matrículas no ensino superior aumenta 91% Por Agência Brasil, de Brasília O ensino superior no Brasil atingiu, no ano passado, 7.037.688 de matrículas na graduação, o que representa crescimento de 4,4% em relação a 2011. Desse total, o número de matrículas nas instituições públicas chegou a 1.087.413 e, nas privadas, a 5.140.312. Nas escolas privadas, houve crescimento de 3,5% e, nas públicas, de 7%. Os dados são do Censo da Educação Superior de 2012, divulgado ontem pelo Ministério da Educação (MEC). "O setor privado é maior, mas foi o setor público que sustentou o crescimento", disse o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Levando-se em consideração graduação e pós-graduação, as matrículas somaram 7.261.801. "Temos 7,2 milhões na universidade e 7 milhões no Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] querendo entrar. Apesar de toda a expansão no ensino superior, temos um número igual [aos que estão no ensino superior] batendo na porta, querendo entrar", ressaltou ele. O crescimento em 2012 foi inferior ao apresentado no último censo. De 2010 para 2011, o número de matrículas cresceu 5,6%. O ministro justifica a queda pela diminuição da abertura de vagas nas instituições privadas. "O que observamos foram acomodações no ensino privado [com fusões e aquisições] e não a expansão", explicou o ministro. Ele destaca, porém, que o número de estudantes que ingressou no ensino superior chegou a 2,7 milhões, alta de 17,1% em relação a 2011 e de 91,9% nos últimos dez anos. Do total de novos alunos, a maioria está na rede privada - 2,2 milhão, alta de 18,5% em comparação a 2011. As públicas receberam 547 mil calouros, 6,7% mais que no último ano. O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia responsável por compilar os dados, Luiz Cláudio da Costa, diz que o resultado mostra que "quem quer, tem acesso ao ensino superior". Ele se refere principalmente à faixa de 18 a 24 anos. Segundo ele, 1,8 milhão deixam o ensino médio, número inferior ao total de vagas oferecidas. Mercadante estima que se mantido o ritmo de crescimento, até 2022, será possível chegar a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - também meta do Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação no Congresso Nacional - de 34% da população de 18 a 24 anos matriculada no ensino superior ou graduados. A taxa atual é 17,8%. Valor Econômico 18/09/13 2206 OPINIÃO A formação médica e os hospitais universitários Por Luiz Carlos Lobo Em 1910 Abraham Flexner publicou o seu famoso relatório analisando e tornando público o estado caótico das escolas de medicina então existentes nos Estados Unidos. Em decorrência, um grande número de escolas foi fechada devido ao clamor do público, temeroso da ação eventualmente perversa de profissionais tão mal formados. Influenciado pela universidade alemã, Flexner propunha a criação de hospitais universitários, com professores em tempo integral e dedicados essencialmente ao ensino e à pesquisa. Dizia que um professor deveria atender apenas a um pequeno número de pacientes, necessários para realizar as suas atividades de docência e pesquisa médica. Celebrava-se aí o conceito do hospital universitário fechado e o conceito do "teacher-researcher", em vez do "teacher-practitioner". A Universidade de Johns Hopkins foi criada seguindo esses ditames e influenciou a criação de novas escolas nos EUA e, sobretudo, na América Latina. Não se deve pensar na tecnologia mais moderna e sim na mais apropriada à situação do serviço de saúde Estudos posteriores de Kerr White mostravam o problema de se desenvolver o ensino médico em hospitais universitários, de regra, atendendo a uma parcela de pacientes com doenças mais raras e que requeriam o uso de exames complementares por vezes muito sofisticados. Esses estudos foram corroborados na Colômbia, mostrando o problema da adoção do Hospital Universitário como o local principal da formação geral de médicos. Quando em 1966 criamos a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília, além de adotar um ensino pré-clínico integrando ciências básicas, clínicas e sociais em módulos de sistemas orgânicos, dando desde logo ao aluno uma visão do homem em relação ao seu meio físico, biológico e social, adotamos um hospital comunitário - Unidade Integrada de Saúde de Sobradinho - UISS - para abrigar o ciclo clínico do curso médico. Aceitando a responsabilidade integral na cobertura dos serviços visando atender às demandas e necessidades da população da cidade satélite de Sobradinho, os alunos iniciavam o seu ciclo clínico estudando a comunidade e sua população e avaliando os problemas que deveriam encontrar em relação à sua saúde. Habitação, saneamento, alimentação (propunha-se hortas nas quadras), educação e condição econômica eram estudadas e discutidas (obteve-se, por exemplo, a ligação de casas provisórias à rede de esgotos que era inoperante). O curso oferecido era igualmente integrado, comportando módulos de medicina comunitária, medicina integral do adulto, medicina integral da criança, saúde materno-infantil. O aluno era envolvido, sob supervisão, em todas as atividades da UISS e Unidades de Saúde Periféricas, de atenção domiciliar, ao ambulatório, enfermarias e emergência, sempre apoiados por um corpo docente trabalhando em tempo integral e dedicação exclusiva. Desenvolvia-se o aprendizado em serviço (a teoria emergia da prática), em regime de "clerkship", ou seja o internato era ao longo do curso clínico. Os alunos não tinham férias longas e sim escalas de serviço e aprendiam e atingiam os objetivos cognitivos, afetivos e psico-motores definidos para cada módulo com ritmos diferentes, de acordo com sua aptidão, conhecimentos prévios e motivação. Discutiam-se os problemas da comunidade, propondo-se soluções a todo o tempo, sempre com a participação ativa de alunos, professores, técnicos, funcionários e da própria população. Na formatura, o orador do primeira turma de alunos dizia: Continua Continuação "Nessa escola não tivemos obstáculos a transpor. Nosso estudo não foi a prova da memória, mas o aprendizado do entender. Nossos mestres estiveram a nosso lado sem a distância do título e o vazio da cadeira. Não fizemos um curso: vivemos ciência, criamos um método, tornamo-nos médicos". Infelizmente os tempos difíceis que macularam nossa história nos impediu de continuar esse projeto tão auspicioso. No momento em que se pensa em ampliar o ensino médico no país, continua-se pensando em criar novos hospitais universitários (muitos dos que existem não são sequer integrados à rede de serviços de sua região) preservando uma formação fora da realidade e das necessidades comuns de uma população. Cultivamos o diagnosticar difícil, auxiliado por uma série de exames complementares de laboratório e de imagens, protegido por médicos especialistas e por procedimentos sofisticados, por vezes. Não se deve pensar na tecnologia mais moderna e sim na mais apropriada à situação 18/09/13 do serviço de saúde. As pessoas são avaliadas ao longo de sua vida, por tudo e por todos, pais, filhos, companheiros, amigos, chefes, e moldam sua vida para se ajustar a essas avaliações. Ninguém quer perder amor e reconhecimento. E as universidades não avaliam os seus docentes por todas as suas atividades. Importa, sobretudo, a sua atividade de pesquisa, sobretudo para se conformar com avaliação de órgãos como a Capes/MEC, instituição de grandes méritos, mas que certamente introduz um efeito perverso que é avaliar só uma faceta do trabalho docente, esquecendo de sua atividade como professor e no serviço de saúde. Quando quis instituir cursos de autoinstrução em ciências básicas no Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde- Nutes/ UFRJ, ouvia repetidamente frases como "vou lhe dedicar um mês de meu tempo fora do laboratório para desenvolver materiais instrucionais, ou criar questões de avaliação formativa, porque a universidade só reconhece o que pesquiso e publico". Se quisermos formar médicos com uma formação básica integral, temos que sair do hospital universitário e caminhar para hospitais comunitários e unidades de atenção básica, sempre aceitando a responsabilidade social de prestar serviços visando atender às demandas e necessidades da população de um território definido e sempre contando com a participação plena (como membro da equipe de saúde) dos alunos. Carlos Chagas dizia em 1918 que na escola médica devia-se "aprender fazendo e ensinar praticando". E assim deve ser. Hospital Universitário deverá ser considerado como hospital de referência, integrado a uma rede de serviços e reservado à formação especializada e pósgraduada dos profissionais de saúde. Luiz Carlos Lobo, consultor da UNA-SUS/Fiocruz, é professor aposentado da UFRJ e foi o fundador do curso médico da UNB, em 1966. Valor Econômico 18/09/13 2207 EU & CARREIRA Apagão de talentos deve piorar em cinco anos Por Leticia Arcoverde | De São Paulo Se as empresas de óleo e gás já enfrentam problemas para encontrar profissionais com a formação necessária para sustentar o crescimento dos negócios, a tendência é o cenário piorar. Estudo da consultoria de recursos humanos Mercer estima que metade da mão de obra qualificada desse mercado mundial estará aposentada nos próximos cinco anos. O principal desafio do setor para garantir a oferta de profissionais, agora, é a transferência do conhecimento entre gerações. Essa é a visão do diretor global da área de energia da consultoria, Philip Tenenbaum, que esteve no Rio de Janeiro na semana passada. Na ocasião, ele apresentou o estudo realizado com mais de cem companhias do segmento da América do Norte, Europa e Ásia. De acordo com os dados, pelo menos 40% das empresas consideram que a oferta insuficiente de trabalhadores qualificados, interna e externamente, é hoje um assunto crítico. Apesar de os números não incluírem o Brasil, onde a pesquisa ainda será conduzida, Tenenbaum considera que a situação no país é similar. "Há um desafio de transferir habilidades para uma geração 20 anos mais nova", diz o americano. Para ele, isso levará ao desenvolvimento de formas de treinamento menos tradicionais e mais pensadas para públicos jovens, como aulas on-line e games. Segundo a pesquisa, algumas profissões aparecem como 'hot jobs' para as companhias, como engenheiros de petróleo, de operação e técnicos de operação. Em todos esses casos, cerca de 60% das companhias preveem que, dentro de cinco anos, essas profissões estarão com demanda ainda maior do que a atual. Gerentes de operação e profissionais de geociências, como geólogos, também são posições que preocupam pelo menos metade das empresas pesquisadas. "Essa força de trabalho é essencial para que as empresas consigam crescer para novos mercados", diz o diretor da Mercer no Rio de Janeiro, André Maxnuk. Segundo ele, atualmente muitas empresas brasileiras já preenchem posições de engenheiros com profissionais técnicos, em razão da dificuldade de encontrar mão de obra. De acordo com a pesquisa, 74% das empresas apontam a falta de habilidades técnicas como o problema mais significativo na força de trabalho desse setor. Como parte desse cenário, Tenenbaum vislumbra uma maior ênfase na retenção do que na atração de talentos. No entanto, também falta adaptar essas práticas a aspectos particulares como idade e localização dessas pessoas. "As multinacionais precisam criar estratégias distintas para segurar profissionais de gerações e países diferentes." Os jovens, por exemplo, dão mais valor a oportunidades de desenvolvimento de carreira. Atraílos apenas pelo dinheiro, portanto, não é uma estratégia eficaz, considerando que a indústria já oferece salários base altos. Além disso, segundo Maxnuk, a tendência é a diversificação dos pacotes para incluir mais remuneração variável, como aconteceu em outros setores. 18/09/13 2208 O PAÍS Ensino superior cresceu apenas 4% em 2012 Foi a segunda menor taxa desde 2000, mas número de calouros aumentou 17% em relação a 2011 Oemétiuo Weber -BRASÍLIA O ritmo de expansão do ensino superior brasileiro voltou a cair e registrou, em 2012, a segunda menor taxa de crescimento neste século XXI. De acordo com dados divulgados nesta terça-feira pelo Ministério da Educação (MEC), o país tinha, no ano passado, 7.037.688 alunos em cursos de graduação, um acréscimo de 4,4% em relação a 2011. Desde a década passada, o único ano em que o ensino superior registrou taxa de crescimento menor (de 2,5%) foi 2009, no rastro da crise econômica internacional, quando o Produto Interno Bruto do país não cresceu. Os dados do Censo da Educação Superior de 2012 foram apresentados ontem pelo ministro Aloizio Mercadante. Ele destacou a expansão de 17% no número de ingressantes, isto é, os calouros que entram na universidade. — Estamos num sistema em forte expansão — disse. Indagado sobre a perda de fôlego no aumento de matrículas — o crescimento de 2010 para 2011 tinha sido de 5,6%, e o de 2009 para 2010, de 7,1% —, o ministro afirmou que o fraco desempenho da economia pode ter afetado o setor em 2012, quando o PIB subiu apenas 0,9%. lá o total de concluintes aumentou em ritmo ainda menor que o de matrículas e de ingressantes: 3,3%, passando de 1.016.713, em 2011, para 1.050.413, em 2012. Esse crescimento menor dos concluintes em relação às matrículas e aos ingressantes sinaliza que o país segue perdendo muitos alunos que ingressam no sistema por evasão. — Educação é maratona. O filme é bom. Quando se olha a foto, vemos que temos muito a fazer — disse o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, Luiz Cláudio Costa. 18/09/13 2209 TENDÊNCIAS & DEBATES Sem leitura, não se formam cidadãos Mônica Gouvêa Na Faixa de Gaza, adultos se formam para ser mediadores de leitura para crianças. Surpreendentemente, o livro preferido delas é 'Cinderela' O que fazer com as crianças que, em várias partes do mundo, não têm adultos que apresentem e leiam livros para elas desde pequenas? A solução de Patrícia Aldana, editora guatemalteca radicada no Canadá, é conectar adultos disponíveis e prepará-los para serem mediadores de leitura, além de criar situações que permitam sua atuação. Aldana relata que esse trabalho é feito no Irã para atender ao 1 milhão de crianças refugiadas do Afeganistão. A formação de mediadores de leitura e a aquisição de livros são coordenadas pelo Ibby (International Board on Books for Young People), entidade não governamental. Na Faixa de Gaza, também foram formados mediadores pelo Ibby e criadas duas bibliotecas. Seu acervo é bastante diversificado e, surpreendentemente, o livro preferido das crianças de lá é "Cinderela". Na China, há um grupo de colégios nos quais todo o ensino é estruturado a partir da leitura e, no México, escolas possuem voluntários que leem livros para os alunos nos intervalos de lanche e almoço. Em Toronto (Canadá), durante anos, existiu um clube de leitura semanal de mães e filhos. No início, as crianças tinham nove anos e já eram adolescentes quando deixavam de se reunir. A cada semana, uma das gerações escolhia o livro a ser lido. Registrou-se, ao longo dos anos, uma mudança na qualidade dos critérios de escolha dos livros tanto por parte dos filhos como das mães. E no sul do Chile, após um terremoto em uma pequena comunidade, formou-se um grupo de voluntários que lia todas as semanas para as crianças afetadas. O impacto dessa ação foi grande. Crianças e suas famílias passaram a procurar por livros da biblioteca da escola, que antes não eram lidos e tampouco divulgados pelas professoras. A semelhança entre essas ações está na existência de mediadores adultos que leem para as crianças e na criação de bibliotecas que servem à formação de leitores. Mas como tornar essa meta viável em um país do porte do Brasil? Sabe-se que muitas crianças não têm acesso à leitura, seja pela falta de livros ou instrução dos pais, seja pela desatenção à prática da leitura na sala de aula --mais comum nas escolas do que se imagina. Desde 1997, a distribuição de acervos às escolas, alunos e professores pelo PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola) vem cumprindo de forma tímida sua função de promover a inserção dos alunos na cultura letrada. A implantação do PNLL (Plano Nacional de Livro e Leitura), em 2006, reavivou o debate. Criaram-se espaços de práticas de transmissão de narrativas e programas de formação de professores mediadores. Porém, ainda faltam projetos de formação leitora nas escolas e creches. Também se deve pensar num sistema de bibliotecas públicas comunitárias com funcionários qualificados. Nesta semana, acontece em São Paulo a terceira e última etapa do seminário internacional Conversas ao Pé da Página de 2013. A segunda etapa encerrou-se em agosto com uma concordância entre autores, editores e acadêmicos de destaque nacional e internacional: para se formar cidadãos democráticos, é imprescindível o contato com a leitura e a literatura. Apenas assim teremos adultos capazes de ler, compreender e formar opinião sobre todo tipo de questão e, com base nela, escolher seus representantes. Representantes do Ministério da Continua Continuação 18/09/13 Cultura presentes no seminário enfatizaram que as iniciativas em municípios do Brasil devem ser aglutinadas nacionalmente. Eles defendem a formação de uma rede de projetos sociais de leitura, de autogestão e troca. Até o final de 2014, pretende-se enviar um projeto de lei para a institucionalização do PNLL, tornando-o uma determinação política, ampliando radicalmente os investimentos públicos em leitura e, ao mesmo tempo, dando uma solução superior e qualificada à contribuição da iniciativa privada no Fundo Pró-Leitura. Enquanto isso, resta-nos acompanhar de perto esse trabalho e nos inspirarmos em experiências únicas e criativas. MÔNICA GOUVÊA, socióloga e psicóloga, trabalha com formação de gestores e professores das redes pública e privada de São Paulo 18/09/13 2210 COTIDIANO Matrículas nas faculdades de medicina desaceleram Ritmo de crescimento de alunos do curso cai mais do que na média de outras áreas DE BRASÍLIA O ritmo de crescimento das matrículas nas faculdades de medicina do Brasil está em queda -e fica aquém da média dos cursos de graduação. A informação consta de dados parciais do Censo da Educação Superior, referentes a 2012, divulgados ontem pelo Ministério da Educação. Entre 2011 e 2012, a elevação de matrículas de medicina foi de 3,24% --em 2010, a alta chegava a quase 7%. Essa desaceleração foi um pouco mais acentuada do que a da média da graduação. Considerando todos os cursos, a alta foi de 7,14% em 2010 e de 4,42% em 2012. A constatação ocorre num momento em que a gestão Dilma Rousseff tenta atrair médicos brasileiros e estrangeiros para atenuar a carência no interior do país e nas periferias de grandes cidades. Há cursos em que os novos alunos chegaram até a cair. Por exemplo, enfermagem, ciências biológicas e física, que tiveram em 2012 queda de 3,9%, 2,8% e 2,5%, respectivamente, nas matrículas. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, diz que a fusão de instituições privadas pode ser um dos fatores para a queda no ritmo de crescimento da graduação. No Brasil, para cada matrícula em instituição pública, há 2,45 alunos nas privadas. No Estado de São Paulo, há 5,37 as particulares para cada graduando em pública. 18/09/13 2211 COTIDIANO Análise Números são reflexo da própria constituição do ensino superior SABINE RIGHETTI DE SÃO PAULO Num momento em que o país discute como resolver a falta de médicos, o Censo da Educação Superior mostra que o crescimento das matrículas em medicina tem sido menor do que a média geral: 3,24%, contra 4,42%. O dado preocupa porque a busca pela formação de médico tem caído a cada ano: de 2011 para 2012, o aumento de matrículas foi a metade do registrado três anos antes. Os números são reflexo da própria constituição do ensino superior. No Brasil, 75% das matrículas estão em escolas privadas, que não têm interesse em medicina, curso longo que exige instalações complexas --como hospitais-escola-- e docentes superqualificados. É mais rentável oferecer administração de empresas, campeão nacional em matrículas. Da parte dos alunos, a demanda tende a ser pequena. A graduação exige dedicação exclusiva por ao menos seis anos, privilégio de poucos. Além disso, a carreira, antes tão promissora, não está mais na lista de preferências de quem sai do ensino médio. Salários iniciais de algumas engenharias, por exemplo, superam os de residentes. A queda do crescimento de matrículas do ensino superior em geral também preocupa. Apenas 14% dos jovens em idade universitária estão matriculados. Em países desenvolvidos, a taxa chega a 70%. 18/09/13 2212 SP começa a mapear peso de alunos da rede estadual 128 escolas iniciaram levantamento para traçar um perfil dos hábitos alimentares DE SÃO PAULO Profissionais de educação física, nutricionistas e educadores começaram ontem a pesar, medir a altura e a circunferência abdominal de 13 mil crianças da rede estadual de ensino de São Paulo. No total, 128 escolas da capital e região metropolitana iniciaram um levantamento para traçar um perfil de hábitos alimentares dos alunos. No primeiro dia de medição na Escola Expedicionário Brasileiro, a maioria das crianças estava dentro do peso considerado saudável. O projeto está em fase de testes e deve ser aplicado no Estado inteiro daqui a um ano. "Todos os pais receberão um termo de consentimento para que eles saibam como está a saúde dos filhos", afirmou a nutricionista Andreia Regina Ignácio. "Aprendi a comer salada este ano. Sei que é importante, mas não dá para deixar de lado uma sobremesa gostosa", disse Maria Clara Silveira Moreno, aluna do 5º ano, ao lado da mãe, Elisabete Silveira Moreno, 48. (CÉSAR ROSATI) COTIDIANO 18/09/13 2 2 1 3 MÔNICA BERGAMO FAMÍLIA O diretor da USP Leste, que na semana passada teve a renúncia pedida por professores, funcionários e alunos, enfrenta também uma investigação por suspeita de ter favorecido sua mulher na instituição. José Jorge Boueri desrespeitou norma da universidade ao coordenar concurso para professor em que Meire Cachioni foi aprovada. A seleção foi invalidada. FAMÍLIA 2 O Ministério Público apura o caso. Na USP, Boueri sofreu moção de censura. A união dele e de Cachioni não era de conhecimento público na época da avaliação, em fevereiro. Mas documentos apresentados à comissão de ética mostram que os dois se casaram em julho de 2011. Para o colegiado, ele "deveria ter se afastado" do processo porque "sua esposa era candidata". O diretor disse, via assessoria, que não foi notificado sobre a medida. 18/09/13 2214 METRÓPOLE Medicina pode ter testes a cada dois anos O relator da Medida Provisória dos Mais Médicos, deputado federal Rogério Carvalho (PT-SE), incluiu no relatório a ser analisado peío Congresso Nacional a realização de teste obrigatório de progresso dos estudantes durante o curso de Medicina, Pela proposta, o aluno seria submetido a uma avaliação a cada dois anos e, na especialização, faria outras duas provas para avaliar o "ganho de compe-tênci a A Carvalho afirmou que a medida foi incluída por sugestão da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (An-difes) e de uma comissão de especialistas, Essa medida, no entanto, já havia sido lançada pelo governo. Em outubro de 2012, a avaliação foi pivô de uma disputa pública entre os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Educação, AloizíoMercadante. O ministro da Saúde anunciou a intenção da criação da avaliação, mas, poucas horas depois, foi desmentido, em nota, por Mercadante, que afirmou desconhecer a ideia. Na defesa da proposta, Padilha argumentava que exames periódicos, feitos ao longo ao curso, poderiam corrigir a tempo algumas distorções, algo que poderia trazer mais segurança aos estudantes. Atualmente, a avaliação é feita pela Lei do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), por meio do Enade, uma prova nos i.° e 6.° anos da graduação" de Medicina. "À avaliação trará mais mecanismos para avaliar os cursos e corrigir problemas rapidamente, tão logo sejam identificados", disse o relator, Impor avaliação aos universitários já é prática defendida pelas associações e conselhos. O "teste de progresso" serviria, segundo aÃssociação Médica Brasileira (Â.MB), para avaliar não apenas o aluno, mas também escolas. "Apoiamos integralmente essa medida", diz o presidente Florentino Cardoso. Hoje, não existe padrão nem entre as faculdades nem entre os conselhos de Medicina quando o tema é avaliação dos estudantes. Para ele, os testes deveriam ainda definir se os formandos podem ou não praticar a Me-dicina, como ocorre com os formandos em Direito - submetidos à prova da Ordem dos Advogados do Brasil. (OAB). Atualmente, o Conselho Regional. de Medicina de São Paulo (Cremesp) é o único que obriga os formandos a se submeterem a uma prova no fim do curso. Quem boicota pode ter dificuldades para obter o registro. Residência. O relatório de deputados e senadores também vai manter a residência obrigatória 110 Sistema Único de Saúde (SUS). Carvalho afirmou que a especialização em atenção básica, urgência e emergências será uma etapa obrigatória para quem quiser cursar cerca de 70% de cursos de especialização no País. A dispensa dessa etapa será permitida somente para cursos de residência que atualmente já são longos, como neurocirurgia, ou para especialidades como radioterapia. Carvalho afirmou ainda que a exigência de um segundo ciclo seria feita somente depois de 2017 ou quando as vagas de cursos de residência sejam suficientes para atender a toda demanda de formandos. "A especialização não será obrigatória para todos. Mas aqueles que optarem por fazer residência terão de passar por esse curso - observada as exceções", completou. A duração da residência também vai variar. Para especialidades como pediatria, cirurgia geral e ginecologia, terá duração de um ano. Para outras especialidades, a duração será de 2 anos, incluindo clínica médica. Ontem, Padilha e Mercadante se reuniram com líderes da base governista na Câmara dos Deputados para discutir o relatório final da MP. Ele deverá ser apresentado hoje para a Comissão Especial Mista. A expectativa é de que seja votado em duas semanas. Depois, será apreciado pelos plenários da Câmara e do Senado em 30 dias. / COLABOROU ADRIANA FERRAZ 18/09/13 2215 METRÓPOLE Ensino superior cresce menos em 2012 Censo mostra que o aumento do número de matrículas no ano passado foi de 4,4%, enquanto que em 2011 o porcentual chegou a 5,62. O ensino superior teve um crescimento menor no número de matrículas no ano passado» Foi o que revelou o Censo da Educação Superior 2012, divulgado ontem pelo Ministério da Educação» Enquanto em 2011 o aumento em relação a 2010 chegou a 5,6% (de 6,38 milhões para 6,7 milhões), em 2012 o porcentual foi de 4,4% 7,03 milhões. O número foi minimizado pelo ministro da Educação,Aloizio Mercadante, que atrelou o fato à recente onda de fusões das universidades privadas. Tem havido muitas fusões, grupos que adquiriam outros. !Seguramente isso explica a pequena redução na expansão, justificou. Para ele, o dado que merece mais atenção é a quantidade. Para Roberto Lobo, especialista em gestão na área de Educação, 0 crescimento mais fraco nas matrículas é um reflexo do baixo número de formados no ensino médio, ciclo que tem muita evasão. "0 aumento da procura de cursos de graduação por uma exigência do mercado é um fenômeno que se saturou." O-mercado também explica por que 0 setor de Engenharia foi 0 que teve maior alta de matrículas (16,0% entre 2011 e 2012). Â participação dessa área no total de cursos foi de 11,3% para 12,6%. Segundo 0 economista e especialista em Educação Cláudio de Moura Castro, isso é reflexo da indústria superaquecida. de novos alunos. "A evolução dos ingressantes no sistema tem ocorrido numa velocidade fantástica", afirmou. maior de matriculados na área de Educação do que a média dos países mais desenvolvidos, representados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). São 19,4% dos matriculados no País, ante 9,9% na OCDE. Para Castro, 0 Brasil hoje recupera a falta de investimento nas últimas décadas. MA OCDE já forma pessoas em quantidade adequada. Já o Brasil não fez nos últimos 20 anos o que os países desenvolvidos fizeram no século 19." Na comparação dos dois últimos anos, a quantidade de ingressantes no ensino superior aumentou 17,1% - passou de 2,35 milhões para 2,75 milhões. Em 2002, o número de novos estudantes era 91,9% menor, em torno de 1,43 milhão. Já a participação de formam-dos em Humanidades e Artes no total de matrículas no Brasil (2,3%) é musto menor do que a da OCDE (11,4%). Para Castro, a formação na área é vista por muitos como "um luxo" em um momento em que há necessidades em setores estratégicos. Outro dado que chama a atenção diz respeito ao ensino noturno. A evolução histórica mostra que a quantidade de matrículas em cursos no período da noite mais do que dobrou de 2002 para 2012. No início da década, o número de alunos matriculados em cursos diurnos eraprati0 País tem uma proporção muito Para o ministro, essa mudança de cenário se deve ao desemprego no País, que atingiu a menor taxa da história no primeiro semestre deste ano, com uma média de 5,7%. "O mercado de trabalho está muito aquecido, a taxa de desemprego está baixa e muitos trabalhadores também estudam.77 Mercadante afirmou que a ampliação da educação superior Continua Continuação tem sido impulsionada especialmente pelas universidades públicas, cujo aumento no número de matrículas foi de 7% de 2011 para 2012. Esse porcentual cai pela metade quando se trata das instituições particulares. Em 10 anos, a rede pública cresceu 74%, embora ainda seja responsável pela menor parte da demanda - as particulares concentram 73% do total de alunos. "Antes, tínhamos a ausência de políticas públicas que induzissem o 18/09/13 setor privado e não havia a expansão do setor público, estagnado durante muito tempo.77 usa a capacidade de algumas universidades privadas nos períodos matutino e vespertino. Os dados mostram que a maioria dos cursos diurnos está nas universidades públicas, enquanto as privadas concentram os noturnos. O ministro destacou, contudo, a necessidade de "ocupar a capacidade ociosa77 na rede, o que tem sido feito com o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que Corp© docente» A rede pública de ensino superior concentra a maior parte de professores com doutorado - nelas, 51,4% dos docentes têm a pós-graduação. Nas particulares o porcentual é de 17,8% do total. Os profissionais com mestrado correspondem a 30% do corpo docente da rede pública e 45% da privada. Continua Continuação 18/09/13 CORREIO BRAZILIENSE 18/09/13 BRASIL 2216 Baixa procura em cursos de licenciatura preocupa » GRASIELLE CASTRO Escassez de docentes se reflete na qualidade da educação básica Dados do Censo do Ensino Superior 2012 mostram que os cursos de licenciatura não atraem estudantes. Divulgado ontem pelo ministro Aloizio Mercadante, o levantamento revela que as matrículas na área aumentaram apenas 0,8%, entre 2011 e o ano passado, e representam apenas 19,1% do total — bacharelados subiram 4,6% e tecnológicos, 8,5%. O indicador tem reflexo na educação básica, que encara um deficit de 170 mil professores em exatas. Os números preocupam educadores e o Ministério da Educação. Especialista em educação e reitor da Universidade Católica de Brasília, o professor Afonso Celso Danus Galvão destaca que a licenciatura é um problema sério que o ensino superior precisa enfrentar. “A captação desses cursos tem sido baixa. Por mais que se ofereça descontos, nos cursos de química, física, as pessoas não têm interesse. Não há atração pela docência”, ressalta. Segundo ele, os jovens não querem segui-la porque a carreira não atrai. “Prevejo uma crise forte na área de ciência. Isso é muito preocupante.” De olho na insuficiência, o Ministério da Educação lança hoje um programa para incentivar a formação de educadores em exatas, o Quero ser cientista, Quero ser professor. A qualificação dos docentes do ensino superior também é uma das preocupações da pasta. Segundo o censo, 51,4% dos professores da rede pública têm doutorado diante 17,8% da rede particular. “As instituições avançaram muito nos mestres e terão de avançar nos doutores”, acrescentou o ministro. Sete milhões O censo mostrou ainda que o Brasil alcançou à marca de 7 milhões de estudantes matriculados no ensino superior — aumento de 4,4%, chegando a 7.037.688. De 2010 para 2011, o índice foi de 5,6%. O número de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) — critério de seleção para essa etapa do ensino — é semelhante ao do total dos que estão nas universidades: 7,17 milhões. “Apesar de toda a expansão no ensino superior, temos um número igual batendo na porta, querendo entrar”, comentou Mercadante. Uma das metas da pasta é assegurar a velocidade da expansão compatível com a melhora na qualidade. “Esse é o maior desafio que temos no MEC”, pontuou. Para Afonso Galvão, entretanto, é preciso reconhecer que as portas para o ensino superior se abriram ao longo dos últimos anos. O país conta com 17,8% dos jovens com idade entre 18 anos e 24 anos com nível superior. “Mas a demanda reprimida ainda é enorme. A evasão no ensino médio e a dificuldade da escola na preparação dos alunos para o ensino superior ainda são grandes entraves”, critica. CORREIO BRAZILIENSE 18/09/13 2217 40 estudantes intoxicados na capital paulista Uma torta de frango levou cerca de 40 estudantes de uma escola pública a serem hospitalizados, em uma escola de Parelheiros, Zona Sul de São Paulo. O alimento estava contaminado com uma bactéria que causou a intoxicação, segundo divulgou, ontem, a Secretaria Municipal de Saúde. Além disso, exames feitos pelo laboratório de alimentos da prefeitura constataram que o suco servido aos alunos do estabelecimento estava vencido há mais de um mês. A escola, que recebeu a inspeção de uma equipe técnica, foi notificada. BRASIL CORREIO BRAZILIENSE 18/09/13 2218 CIDADES EDUCAÇÃO » Alta de até 21% na mensalidade Algumas instituições particulares do Distrito Federal anunciam reajustes muito maiores do que os previstos pelas entidades que representam o setor, estimados em até 10% para o próximo ano. Segundo especialistas, pais devem ficar alertas para os preços abusivos » LARISSA GARCIA Amábilis Pacios, presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares:"O pai deve ser o primeiro a reclamar" Os pais já se preocupam com o reajuste das mensalidades para o próximo ano. Pelo menos uma das sete instituições de ensino do Distrito Federal ouvidas pelo Correio prevê aumento de até 21%. Apesar disso, a Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (AspaDF) acredita que a média da elevação deve ficar entre 8% e 10% em 2014, índice acima da inflação estimada pelo governo, em torno de 7%. A temporada de matrículas começa em outubro. O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (SinepeDF) ainda não tem uma estimativa de quanto a mensalidade escolar ficará mais cara. “As escolas têm autonomia para reajustar o valor, de acordo com as necessidades da instituição. Elas se baseiam, principalmente, na proposta educacional do ano letivo seguinte, bem como em melhorias na estrutura do colégio. Além disso, o que foi aumentado de gastos, como impostos, água, luz e mão de obra, também é repassado aos pais”, disse a presidente da entidade, Fátima Franco. Ela ressalta que 60% da planilha de custos de uma instituição são formados pela folha de pagamento dos professores. “Os auxiliares de administração escolar conseguiram reajuste de 8,16%. E o aumento do corpo docente deve ficar próximo a esse índice, o que também influencia a mensalidade”, argumenta a presidente do Sinepe-DF. A média da elevação do valor mensal pago pelos pais deve ser divulgado em outubro. “É importante ressaltar que, em uma pesquisa realizada por nós, o preço do colégio fica em 8º lugar na hora de escolher onde o filho vai estudar. Os responsáveis observam itens como qualidade do ensino, limpeza e localização, primeiro”, comenta. Para Luís Cláudio Megiorin, presidente da Aspa-DF, os pais não devem aceitar aumentos que considerem abusivos. “No ano passado, fizemos uma reclamação ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e surtiu efeito. Neste ano, também estamos dispostos a recorrer à Justiça. Não adianta reclamar e ficar parado. Todo ano, é a mesma coisa, não vemos altas de menos de dois dígitos”, reclama. Em algumas escolas do ensino médio, por exemplo, o valor desembolsado por mês em 2014 pode chegar a R$ 1,9 mil. Megiorin defende o direito de negociação. “Os pais deveriam ter mais abertura para argumentar o reajuste com a escola. Pedimos mais transparência nesse processo. Também queremos saber os gastos extras da escola e o porquê do aumento. Na Justiça, podemos pedir a quebra desse sigilo, que envolve as planilhas de custo das instituições de ensino do DF”, afirma. No total, são 480 escolas filiadas ao SinepeDF. “O DF é a unidade da Federação que mais tem colégios per capita. Por causa do alto poder aquisitivo, investir nesse setor é lucrativo na capital do país”, avalia. Continua 18/09/13 Continuação Fiscalização A Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) também não tem estimativa de reajuste nacional. “Neste ano, não faremos esse levantamento, porque é difícil colocar os colégios da Região Nordeste com os de São Paulo, por exemplo, no mesmo patamar”, afirma a presidente da entidade, Amábilis Pacios. “Pela legislação, é permitido que as escolas repassem os custos e as melhorias ao consumidor. Se a escola aumenta a mensalidade porque promete que terá uma atividade extra no ano seguinte e não implementa a medida, o pai deve ser o primeiro a reclamar, como uma espécie de fiscal”, alerta. Segundo Amábilis, o principal regulador de preços é o mercado. “No DF, há muitas instituições particulares de ensino. Se uma escola pratica preços abusivos, na compreensão dos pais, eles podem matricular o filho em outro local. Por isso, não é vantajoso para o colégio”, pondera. As mensalidades tiveram aumentos entre 4% e 15% nos dois últimos anos na capital federal, de acordo com levantamento do Correio. Cobrança indevida Após queixa da Aspa-DF, com o apoio da OAB-DF, o MPDFT concluiu, em julho deste ano, após investigar 13 instituições de ensino, que uma escola do DF teria de devolver os valores cobrados indevidamente. Os proprietários do colégio, cujo nome não foi divulgado, terão que chegar a um acordo para escapar do processo na Justiça: ou devolvem o dinheiro ou abatem a cobrança imprópria nas próximas mensalidades. É a primeira vez, em todo o Brasil, que o MP investiga esse tipo de caso. CORREIO BRAZILIENSE 18/09/13 2219 CIDADES ENSINO SUPERIOR » Estudantes ocupam a reitoria da UnB » KELLYALMEIDA » CAMILA COSTA Os alunos da assistência estudantil invadiram a sala do reitor, Ivan Camargo, por volta das 17h: luta por um espaço para o próprio Centro Acadêmico Os estudantes do Centro de Assistência Social (Cassis) da Universidade de Brasília (UnB) ocuparam a reitoria da universidade ontem à tarde. Até o fechamento desta edição, por volta das 22h, os universitários continuavam no local, invadido depois de deixarem uma sala no Instituto Central de Ciências (ICC) Sul, tomada em 14 de agosto. A desocupação do ICC foi feita pela Polícia Federal, após notificação de reintegração de posse. Segundo o reitor da instituição, Ivan Camargo, a determinação do Conselho Universitário sobre a retirada do ICC valerá também para a expulsão dos alunos acampados na reitoria. Os cerca de 50 estudantes são de baixa renda e de diversos cursos. O grupo reivindica, entre outras coisas, um Centro Acadêmico para o Cassis. A direção chegou a oferecer um espaço de 20 metros, provisório, como forma de negociação, mas foi recusado. Segundo os universitários, a área é pequena. Na lista de pedidos, aparece ainda a isonomia de direitos entre calouros e veteranos e o atendimento médico gratuito no Hospital Universitário de Brasília (HUB), suspenso, segundo eles. O pedido de reintegração de posse foi ajuizado pela AdvocaciaGeral da União, depois de notificação do procurador-geral, Vladimir Cantanhede. Há uma semana, um oficial de justiça foi à sala invadida no ICC para avisar sobre a decisão judicial e a necessidade de os alunos deixarem o local em 24 horas. Ontem, por volta das 15h, policiais federais tiraram o grupo da sala. No momento, cinco jovens estavam no espaço. “Não foram agressivos nem violentos, mas não nos deram tempo de chamar os alunos que estavam em aula para retirar as coisas”, queixou-se Taís Albina, 27 anos, do curso de farmácia. O coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Pedro Ivo Santana, afirmou que acompanhou todas as negociações entre reitoria e alunos. “Avançamos quanto ao auxíliomoradia, que passaria de R$ 530 para R$ 565, e na oferta de duas salas, uma no subsolo e outra no mezanino, sendo que, no próximo semestre, eles ganhariam uma no térreo, que é a reivindicação”, detalhou. Os universitários tinham a intenção de passar a madrugada na reitoria. Apesar disso, Ivan Camargo acredita que a ordem judicial deve ser cumprida. “Imagino que a reintegração não seja apenas de uma sala, mas da reitoria também. Fizemos o possível, com conversas e negociações, mas não houve entendimento. A única solução é em cima das determinações legais”, afirmou. Por volta das 21h, o grupo decidiu que ninguém sem relação com o Cassis poderia permanecer no local. Um dos estudantes fez ameaças à reportagem. Disse que apelaria à força caso a imprensa continuasse na reitoria. JORNAL DE BRASÍLIA 18/09/13 2220 CIDADES S U P E R D O TA D O S Eles são acima da média Continua Continuação 18/09/13 JORNAL DE BRASÍLIA 18/09/13 2221 CIDADES JORNAL ALÔ BRASÍLIA-DF 18/09/13 2222 BRASÍLIA DESTAKjornal (DF) 18/09/13 2223 Mais verba para educação, menos para a saúde BRASÍLIA CLÁUDIO HUMBERTO 18/09/13 2224 UNE NÃO PRESTA CONTA DE USO DO DINHEIRO PÚBLICO Não será em 2013, como estava programado, e talvez nem mesmo em 2014 a inauguração no novo prédio da União Nacional dos Estudantes, no Rio, no lugar da sede incendiada pela ditadura, em 1964. Lula deu R$30 milhões e lançou a pedra fundamental em 2010, Oscar Niemeyer doou o projeto de 13 andares, mas a obra não anda, e a UNE não explica por quê, após diversos contatos da coluna com sua assessoria. NO BOLSO A UNE enricou e pela primeira vez na história não foi às ruas protestar contra os escândalos de corrupção da era Lula, inclusive o mensalão. ‘SUBJETIVIDADES’ O assessor argumentou que a coluna é “muito irônica” e contestou a acusação de aparelhamento da UNE: “é uma questão subjetiva.” ‘INADIMPLENTE’ Dona do monopólio das carteirinhas de meia-entrada, ela foi impedida pela Controladoria-Geral da União de fazer convênios com o governo. DIÁRIO DO PODER.COM.BR