out 2009 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
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out 2009 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
1 out-nov/09 out-nov/09 2 Editorial Representar a ovinocultura O ARCO JORNAL é o veículo informativo da ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS – ARCO Av. 7 de Setembro, 1159 Caixa Postal 145 CEP 96400-901 – Bagé (RS) Telefone: 53 3242.8422 Fax: 53 3242.9522 e-mail: [email protected] home page: www.arcoovinos.com.br DIRETORIA EXECUTIVA Presidente: Paulo Afonso Schwab 1º Vice-presidente: Suetônio Villar Campos 2º Vice-presidente: Arnaldo Dos Santos Vieira Filho 1º Secretário: Wilson Belloc Barbosa 2º Secretário: Antônio Gilberto da Costa 1º Tesoureiro: Paulo Sérgio Soares 2º Tesoureiro: Teófilo Pereira Garcia de Garcia CONSELHO FISCAL Titulares Carlos Alberto Teixeira Ruy Armando Gessinger Leonardo Rohrsetzer de Leon Suplentes Emanoel da Silva Biscarde Joel Rodrigues Bitar da Cunha Fabrício Wollmann Willke SUPERINTENDÊNCIA DO R.G.O. Superintendente Francisco José Perelló Medeiros Superintendente Substituto Edemundo Ferreira Gressler CONSELHO DELIBERATIVO TÉCNICO Presidente: Fabrício Wollmann Willke A representação associativa, sindical ou de entidades de classe é uma atividade que tem exigido cada vez mais preparo daqueles que postulam estar em cargos diretivos destas entidades. Em muitos casos exige até dedicação exclusiva para que se possa atender a todas as demandas, que não são poucas. Cargos deste porte exigem equilíbrio, comprometimento com a neutralidade e disponibilidade para atender aos anseios de todos. Tanto dos representados quanto do mercado e suas representações, bem como dos vários níveis governamentais. A experiência de trabalhar neste cargo tem mostrado que as demandas são múltiplas. É quase que comparável a uma família que tem muitos filhos. Atender às expectativas de todos é um esforço muito grande. Interesses diversos e divergentes às vezes não conciliáveis. No caso específico da ARCO, entidade representativa da Ovinocultura em nível nacional e outorgada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para os registros genealógicos, a comparação é bem próxima, uma vez que precisamos atuar em várias frentes. Isto significa atender às demandas e aos pedidos das associações estaduais que, pelas diferenças regionais, têm suas particularidades. Ao mesmo tempo, somos frequentemente procurados pelos criadores que buscam soluções para seus problemas particulares. E precisamos ainda ter um olhar para o horizonte de tal forma que possamos planejar ações que tragam benefícios para o setor. Isto quer dizer que muitos dos anseios que nos chegam buscam soluções práticas de mercado, seja para a lã, ou Associado A ARCO quer estar em contato permanente com você. Atualize seu cadastro e seu endereço de email. Envie suas informações para: [email protected] SUPERVISOR ADMINISTRATIVO Paulo Sérgio Soares GERENTE ADMINISTRATIVO Bismar Augusto Azevedo Soares ARCO JORNAL Coordenação Geral Agropress Agência de Comunicação Edição Eduardo Fehn Teixeira e Horst Knak Agência Ciranda Jornalista responsável Nelson Moreira - Reg. Prof. 5566/03 Diagramação Nicolau Balaszow Fotografia Banco de Imagens ARCO e Divulgação Departamento Comercial Gianna Corrêa Soccol [email protected] Fone: 51 3231.6210 / 51 8116.9782 A ARCO não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos assinados. Reprodução autorizada, desde que citada a fonte. Colaborações, sugestões, informações, críticas: [email protected] Fotos de Capa: Divulgação para a carne, a pele ou o leite. Temos buscado agir em todas as frentes para que consigamos conquistar espaços, crescer na produção de cada um destes produtos. Isto tem exigido do grupo diretivo conhecimentos específicos, contato permanente com entidades de pesquisa, com os governos a fim de que os processos que iniciamos dentro da entidade, tragam o resultado esperado. Um exemplo deste trabalho foi a reunião que realizamos na Expointer 2009 realizada em final de agosto, no Rio Grande do Sul, com entidades de pesquisa dos três estados da Região Sul do Brasil. Ali tínhamos a proposição de unir esforços que este segmento tem feito, em relação à ovinocultura e buscarmos um denominador comum em torno do tema. Plantamos uma semente em torno do assunto. Realizamos uma tarefa que nos é importante e que sabemos, vai trazer bons resultados para nossos criadores. A atuação no cargo diretivo da ARCO tem nos colocado diante de importantes desafios. Para enfrentá-los, a dedicação de todos é indispensável. Andamos por várias partes do País, a fim de bem representar a ovinocultura. Deixar um legado de realizações para o setor, que propiciem ganhos não destrutíveis é a tônica do nosso trabalho, algo que tem sido feito com grande desprendimento por todos. A informatização do processo de registros genealógicos é um marco neste sentido. E, mais recentemente, a execução do programa que vai criar um banco de dados com o registro de DNA de todos os animais, é outro. É por isto que sempre que conversamos sobre este tema, sentimos que é gratificante ver que estamos construindo, dentro da entidade, uma unidade forte de trabalho, um espírito que vai além dos interesses pessoais, uma vez que o principal objetivo é ver a ovinocultura se elevar ao patamar de importância econômica que ela tem. Paulo Schwab - Presidente da ARCO SANTA INÊS NO SUL 3 out-nov/09 Reportagem A Criação da raça Santa Inês ganha força no Sul raça Santa Inês tem sua criação ligada diretamente ao norte e nordeste do País. Resultado da cruza entre as raças Morada Nova, Crioula e Bergamácia, a Santa Inês é um ovino deslanado, de grande porte e de alta fertilidade. Corpulentos, de pelagem nos tons vermelho, preto e branco, chegando os machos a pesar 80 kg e as fêmeas 60 kg , com rendimento da carne em média de 30 kg, possui o couro espesso e macio, excelente para a fabricação de calçados e roupas. A produção de leite permite desmamar cordeiros com bom peso. Todas estas credenciais, mais a prolificidade - mais de um cordeiro ao ano - animaram alguns criadores gaúchos que resolveram investir nesta raça considerada hoje como produto autenticamente nacional. Os resultados ainda não são definitivos, mas quem decidiu correr o risco e pagar para ver como ela se comportaria nos campos do Rio Grande do Sul, está bem impressionado com os resultados. Criador O produtor de Santiago/RS, Júlio Gaspar Noronha Saldanha, está investindo na ampliação do seu rebanho após um período seis anos criando e observando a adaptação da raça. “O clima era uma questão que me preocupava, mas até agora não percebi nada muito diferente. Apenas que os animais, depois de passados dois ou três anos, começaram a botar uma lanugem”, informa Saldanha. Proprietário da Cabanha Três Açudes, atualmente, o criador dispõe de um plantel de 500 animais, 140 dos quais já possuem registro. Falando sobre a prolificidade, ele explica que em um período de 14 meses são obtidos quatro cordeiros. “Estes resultados me deixaram satisfeito e, neste ano, já adquiri nove carneiros da raça Foto: Nicolau Balaszov/ARCO Jornal Júlio Saldanha, com o exemplar Santa Inês, durante a Expointer e pretendo aumentar ainda mais a minha produção”, destaca. Na edição da Expointer de 2008, Saldanha lembra que realizou uma degustação de carne da raça. “As pessoas sempre tiveram a ideia de que o gosto da carne era igual ao do cabrito, mas puderam verificar que este produto tem uma qualidade própria”, afirma. Apesar de possuir sangue de uma raça europeia como é o caso da Morada Nova, a Santa Inês manteve a característica de rusticidade tendo, assim, melhorada a sua adaptação. “Este é um animal de fácil manejo, pois se adequou muito bem ao pasto e aceita qualquer tipo de ração, mantendo a sua produtividade. Quanto ao aspecto sanitário, o animal exige a desvermifugação apenas duas vezes ao ano”, conclui. Cláudio de Souza Caldas, da Cabanha Santa Rita, localizada em Santana do Livramento, explica que começou a criação da raça quase por acaso. “Foi uma experiência que não sabíamos qual seria o resultado e esperávamos encontrar problemas durante o inverno. Colocamos até cortinas e capas de proteção contra o frio, a exemplo dos criadores do Uruguai”. Mas, para surpresa de Caldas, quando fazia muito frio os animais se agrupavam e resistiram ao clima, sem haver perdas e tampouco doenças. “Pude perceber a rusticidade da raça que começa a ganhar espaço no mercado da região Sul”, informa Caldas. Pioneiro na introdução da raça no Rio Grande do Sul, o criador Pedro Eloi Scalco, do município de Alecrim/RS, há mais de 20 anos acolheu e tem observado atentamente o desenvolvimento da Santa Inês. Ele dispõe no momento de mil animais em seu plantel e ratifica as informações anteriores e, além disso, acrescenta que o hábito alimentar deste animal difere do ovino lanado. “A Santa Inês dá preferência aos arbustos e leguminosas, enquanto as demais raças buscam os pastos baixos”, descreve Scalco. Também é notável que o peso do Santa Inês possa chegar a 50% a mais, comparativamente ao nativo nordestino. “Isto se justifica pela abundância e qualidade do pasto encontrado no sul”, justifica. Scalco explica que o manejo sanitário com o deslanado requer pouca mão-de-obra. São higiênicos, não sendo necessários manejos como desolhe e cascarreio, o que permite um parto mais seguro. Finalizando, Scalco destaca que o paladar da carne é um diferencial. “O Santa Inês tem sido muito bem aceito entre os gaúchos, principalmente no tradicional churrasco. A carne difere bastante das demais raças criadas no sul devido ao seu menor teor de gordura”. Técnico Para o técnico da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO), Claiton de Almeida Severo, a raça inicialmente teve algumas dificuldades devido à barreira sanitária, o que impedia a sua entrada nos estados da região sul. “Solucionado este impasse, atualmente, temos a presença dos animais em maior escala na região de Santa Rosa e Alecrim e, mais espalhados, em outros municípios gaúchos e, pelo que tudo indica, a cadeia produtiva está se organizando e a sua criação tende a se expandir”, explica Severo. Em suas observações relativas ao desempenho da Santa Inês, ele diz que ainda é muito cedo para se chegar a conclusões definitivas, mas reconhece que o animal tem se adaptado bem ao clima frio. “O que pude ver e que chamou a atenção, é que com a chegada do inverno à raça desenvolve uma lanugem e depois, com a chegada do verão, a proteção desaparece”, conta. Essa característica, segundo o técnico, vem provavelmente da origem Bergamácia, presente em seu gene. Ele também confirma a profilacidade da raça, “pude observar as fêmeas e o que mais pode ser ressaltado é o fato de que enquanto havia um cordeiro no pé, ela já carregava outro na barriga, quer dizer, as matrizes passam quase todo o ano prenhas”. • Foto: Nelson Moreira/Agropress Hábitos alimentares e a carne com menor teor de gordura diferenciam o Santa Inês das demais raças criadas no Sul out-nov/09 4 Notícias da ARCO Perelló completa 50 anos como técnico da ARCO Formada a rede integrada de Ovinocaprinocultura Baleiro e operador de filmes conta que foi professor da cadeiFoto: Horst Knak/Agência Ciranda no antigo Cinema Avenida, em Pelotas, RS, o atual Superintendente do Serviço de Registro Genealógico da ARCO, Francisco José Perelló de Medeiros entrou para a Agronomia porque queria aprender mais sobre biologia. Mas antes de tudo, há uma característica na sua vida que ele mesmo define: “Eu nunca escolhi nada na minha vida, ao contrário, ela que foi me levando para os caminhos que percorri”. Buscando seus objetivos, Perelló conseguiu uma bolsa e foi estudar na Escola de Agronomia Eliseu Maciel, da Universidade Federal de Pelotas, de onde saiu em dezembro de 1951. Em 52 começou a trabalhar na Fazenda Modelo da Palma, pertencente ao Ministério da Agricultura e hoje à Embrapa Clima Temperado. Por indicação do Dr Geraldo Nunes Veloso, em 58 foi trabalhar no serviço de ovinocultura da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul, que possuía um convênio com a ARCO. Desta forma, em 59 começou oficialmente como Inspetor Técnico da entidade que já era responsável pelo aprimoramento genético dos rebanhos ovinos. Mais de 50 anos depois e com quase 84 anos de vida, Perelló, como é conhecido por todos, mantém a mesma disposição para o trabalho. Ele ra de ovinocultura no Conjunto Agrotécnico de Pelotas e desde 1997 é o superintendente do Serviço de Registro Genealógico da ARCO. Segundo ele, a ovinocultura brasileira tem qualidade genética igual a muitos países do mundo, mas está precisando adotar práticas mais empresariais, buscando resultados de produtividade, visando ao comércio. “Creio que já não se sustenta mais a idéia de criar como o pai e o avô faziam, isto não dá retorno financeiro”, sentencia, acrescentando que a rentabilidade tem que ser o foco principal de quem está na ovinocultura. “Temos tecnologias para quase tudo hoje e que podem ser aplicadas ao campo. É preciso tomar a decisão de implantá-las para realmente ter lucro com a atividade”, finaliza. • ARCO com agenda cheia nos últimos meses Encontro com Embaixador da Austrália, participação em seminários, promoção do encontro de Inspetores Técnicos, eventos no Pará, no Rio Grande do Sul e muitas outras atividades fazem parte da movimentada agenda que a diretoria da ARCO tem mensalmente. Ser representante da Ovinocultura em nível nacional exige um fôlego imenso para estar presente em tudo que é evento para a qual a ARCO é convidada. Felizmente a diretoria é coesa e consegue atender a vários destes convites. Abaixo apresentamos uma amostra do que foi feito nos dois últimos meses. • Agenda da ARCO DATA EVENTO LOCAL 02/06/09 Reunião com Ministério do Desenvolvimento Industria e Comércio - MDIC Brasília/DF 02/06/09 Reunião com o Embaixador da Nova Zelândia - Mark Trainor Brasília/DF 04 a 06/06/09 VI Exposição Pequenos Notáveis na Superagro 2009 Belo Horizonte/MG 23/06/09 Reunião Ordinária do C.D.T. Bagé/RS 05 a 11/07/09 Treinamento a Candidatos de Novos Inspetores Técnicos da ARCO Belém/PA 07/07/09 18ª Reunião Ordinária Câmara Setorial Cadeia Produtiva Caprinos e Ovinos Brasília/DF 14 a 15/07/09 Reunião com Coordenação da Produção Integrada da Cadeia Pecuária Brasília/DF 30/07/09 Reunião Extraordinária do C.D.T. Bagé/RS 06 a 09/08/09 Avaliação de candidatos de inspetores técnicos que concluíram treinamento Mossoró/RN 28/08 a 06/09/09 XXXII Expointer Esteio/RS 03/09/09 Reunião da Formação Rede Integrada de Pesquisa de Ovinocaprinocultura Esteio/RS 14 a 16/09 Expo Prado Montevidéu/UY 17/09/09 Reunião com o Secretario Agricultura Pecuária Pesca e Agronegocio do RS Sr. João Carlos Machado Porto Alegre/RS 23 a 24/09 XIV Simpósio Paranaense de Ovinocultura Curitiba/PR 23 a 26/09/09 4º Encontro Regional dos InspetoresTécnicos Belém/PA 24 a 26/09/09 AMAZONPEC – Encontro Internacional da Pecuária da Amazônia Belém/PA 29/09/2009 Reunião da Câmara Setorial da Ovinocultura – SEAPPA/RS Porto Alegre/RS 30/09/09 19º Reunião Ordinária Câmara Setorial da Cadeia Produtiva Caprinos Ovinos Brasília/DF 30/09/09 Reunião do Fórum de Competitividade do Sistema Agroindustrial Brasília/DF 28 a 30/09/09 II Curso Sênior de Formação e Oficialização do Corpo de Jurados da ABCDorper – Avaliação para homologação do curso no Colégio de Jurados de Ovinos da ARCO Jaguariúna/SP 01/10 Encontro da ABCDorper com ARCO Jaguariúna/SP Foto: Divulgação/ARCO Evento de instalação foi realizado durante a Expointer Com a participação de 10 instituições de pesquisas dos três Estados do sul do Brasil, ocorreu em setembro, na sede da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos, ARCO, em Esteio, Rio Grande do Sul, o primeiro encontro para a formação da Rede Tecnológica de Ovinocaprinocultura, cujo objetivo é reunir conhecimentos já existentes e formar propostas para novas pesquisas destinadas à melhoria do setor. Durante o encontro, realizado por iniciativa da ARCO, foi debatido a forma como esta rede irá trabalhar e qual a contribuição que cada instituição pode dar, segundo sua expertise, para a Rede. Também ficou deliberado que a ARCO será a coordenadora do processo de organização da rede e buscará meios para que ela se mantenha sempre em contato. Uma das sugestões que será posta em discussão é a importância de ter como pilar do processo a Educação, tanto do produtor rural quanto de seus funcionários. “Muito da ovinocultura passa por treinamento de quem trabalha com ela”, ressalta o presidente da ARCO, Paulo Schwab. O professor do curso de Veterinária da UFSM, Cléber Cassol Pires disse que este encontro foi importante para reunir as tecnologias já existentes e ver como melhorá-las ou aplicá-las. Para o presidente da ARCO, Paulo Schwab, a formação deste Rede vem contribuir para que se reúna tudo o que já foi feito em termos de pesquisas para ovinos, se faça uma avaliação e atualização e se veja como aplicá-las no campo. “Também podemos ver quais as necessidades do campo, em termos de pesquisas e ver de que forma esta rede pode contribuir para obter as respostas”, assinala Schwab. • Livro discute potencial dos ovinos no Mato Grosso do Sul Abordando as questões relacionadas à cadeia produtiva da carne ovina e sua relação com as instituições e organizações vigentes, André Sorio acaba de lançar seu livro “Sistema agroindustrial da carne ovina - O exemplo de Mato Grosso do Sul”. Uma das principais questões da obra é a seguinte: “Por que o Estado conta com todos os requisitos para ter uma produção pujante de ovinos e no enFoto: Reprodução tanto as coisas não acontecem com a velocidade e eficiência que se deseja?” O livro coloca uma luz sobre as causas que impedem a carne ovina de ser mais competitiva, apesar de todo o potencial de mercado para o produto existente no Brasil. O livro está disponível para aquisição na página www.sistemavoisin. com.br/livros.asp, com as facilidades do sistema Pagseguro, por R$ 35,00 com o frete grátis. Está disponível, no mesmo local, o download gratuito do livro. Para mais informações, entre em contato diretamente com o autor pelo número (67) 92243230. • 5 out-nov/09 Notícias do S.R.G.O. MAPA concede registro da raça East Friesian à ARCO A Associação Brasileira de Criadores de Ovinos - ARCO foi autorizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a realizar o registro genealógico do ecotipo East Friesian, que também passou a ser reconhecida como raça no Brasil. Leia abaixo a íntegra da Portaria do MAPA. Foto: Divulgação MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO GABINETE DO MINISTRO PORTARIA Nº 804, DE 1º DE OUTUBRO DE 2009 O Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no uso das atribuições que lhe conferem o art. 87, Parágrafo único, inciso II, da Constituição, tendo em vista o disposto na Lei nº 4.716, de 29 de junho de 1965, no Decreto nº 58.984, de 3 de agosto de 1966, na Portaria SNAP nº 47, de 15 de outubro de 1987, e o que consta do Processo nº 21000.000767/2009-55, resolve: Art. 1º Conceder autorização à entidade privada Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos - ARCO, com sede no Município de Bagé, Estado do Rio Grande do Sul, registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento sob o número 07, na categoria de Entidade de Âmbito Nacional, para efetuar o registro genealógico do ovino East Friesian. Parágrafo único. O ecótipo East Friesian é reconhecido como raça de ovinos. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Comunicado aos Associados e Inspetores Técnicos -Identificação Numérica e Código de Rebanho em ovinos SO – RD – CG De conformidade com a determinação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA todo o ovino que for tatuado com sinete da ARCO (além dos PO e PCOC): SO – RD – CG – deverá receber identificação numérica e o código de rebanho tatuados nas orelhas. É obrigatório a observância desta determinação, e o seguinte procedimentos: - Ovinos SO (Seleção Ovina): O sinete SO e o código de rebanho são tatuados na orelha direita e a identificação numérica é tatuada na orelha esquerda. - Ovinos RD (Rebanho de Raça Definida): O sinete RD e o código de rebanho são tatuados na orelha esquerda e a identificação numérica é tatuada na orelha direita. - Ovinos CG (Controle de Gerações): O sinete CG (acompanhado da indicação da geração) e o código de rebanho (da raça absorvente) são tatuados na orelha esquerda, a identificação numérica é tatuada na orelha direita. IDENTIFICAÇÃO NUMÉRICA Em qualquer classe (SO – RD – CG) a identificação numérica obedecerá a uma ordem própria, continua e crescente, não podendo haver repetições, igual ao observado na identificação dos ovinos PO – PCOC. A tatuagem de um ovino SO – RD ou CG, automaticamente vai gerar um correspondente certificado. O Inspetor Técnico ao preencher a Ficha de Inspeção deverá indicar a identificação numérica dos produtos nela anotados. REGISTRO Os ovinos SO – RD e CG passarão a constar do Arquivo Zootécnico de Registro Genealógico. out-nov/09 6 Notícias da ARCO A ovinocultura gaúcha perde Fernando Affonso DNA dos ovinos na Internet Fotos: Divulgação/ARCO Jornal Foto: Horst Knak/Agência Ciranda Durante a Expointer, foram realizadas as primeiras coletas de material genético de animais registrados que vão formar a grande árvore genealógica da ovinocultura brasileira – baseada no DNA dos animais. Brevemente, estes dados estarão disponíveis para consulta no site da ARCO, permitindo identificar precisamente cada animal antes de definir o novo pai de cabanha da propriedade ou mesmo realizar investimentos para Fibras, lã e sangue integram amostras ampliar o plantel. melhoradores. Formados por pelos ou amosTodos os dados coletados setras de sangue dos animais prerão reunidos em um banco de damiados – machos e fêmeas – os dos administrado por um softwaprimeiros materiais foram enviare, que poderá ser acessado por dos a um laboratório credenciado todos os criadores, via Internet. pelo Ministério da Agricultura O banco de dados será atualizado (Mapa), em São Paulo, que fará a pelos 110 inspetores técnicos da genotipagem de cada reprodutor. ARCO espalhados em 24 estados Por isso, o departamento técnibrasileiros, isto porque a coleta se co da ARCO tem certeza de que estenderá para outras exposições isso é um caminho sem volta. O no país. A previsão da ARCO, rebanco genealógico permitirá a vela o superintendente do serviço identificação precisa da origem, de registro genealógico adjunto, diminuindo a chance de o criador Edemundo Gressler, é de ampliar adquirir reprodutores inadequaa coleta de amostras na Expointer dos ou mesmo animais comuns 2010. “Em 2011, a apresentação em lugar de borregos e carneiros da genotipagem deve se tornar uma das exigências para a inscrição de exemplares”, destaca. “No futuro, todos os animais de genética terão de estar no banco”, assinala. Atualmente, muitas cabanhas já fazem o atestado de genotipagem por conta própria, mas os dados não estão compilados. A árvore genealógica da ovinocultura brasileira será muito importante para o criador que produz genética, destaca Gressler. “É mais um selo que dá a garantia ao comprador de que o produto contém o perfil genético desejado”, diz. Há casos de fertilizações in vitro (FIV), em que muitas vezes são colocados materiais de diferentes animais no mesmo ensaio, de forma que não se sabe a origem exata do produto. Por isso, explica o superintendente do serviço de registro genealógico da Arco, Francisco José Perelló Medeiros, é necessário que o criador faça o teste de comparação de parentesco e informe a ARCO. O resultado será um maior conhecimento do indivíduo. “A ARCO não é a primeira a controlar a genética, mas está na vanguarda”, sentencia Perelló. • Em Brasília, criadores investem O brasiliense consome entre 28 e 30 toneladas de carne ovina por mês, sendo 10% produzidas no Distrito Federal e 90% provenientes da Bahia, região Sul e Uruguai. O leite de cabra vem de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Os dados foram apresentados no Dia de Campo promovido em Brasília, com o objetivo de difundir tecnologias da Integração Lavoura-Pecuária voltadas aos ovinos. “Estamos estimulando a criação de ovelhas, pois a demanda está aquecida, o mercado está em expansão”, afirmou o presidente da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Brasília (ACCOB), Carlos Alberto Reis. No DF e entorno são quase mil criadores, com rebanho estimado em 16 mil ovinos. • ABC Dorper realiza Curso de Jurado Sênior O II Curso Sênior de Formação e Oficialização do Corpo de Jurados da ABC Dorper, realizado no início de Outubro em Jaguariúna, SP, foi coordenado pelo jurado internacional e ex-presidente da Associação Sul Africana de Criadores de Dorper e White Dorper, Ron Van Der Merwe. Realizado no Rancho VPJ, Fazenda Talisman e Cabanha Interlagos, o curso mostrou que o jurado precisa conhecer cada detalhe do padrão racial para realizar um bom julgamento. “É uma função ingrata, muitas vezes, mas é preciso saber que é para o bem da raça”, assinala Ron. A ovinocultura está de luto. Faleceu no dia 1º de outubro um dos seus pilares mais sólidos, o criador Fernando Rodrigues Affonso. Nesta hora triste lembro de um pensamento da jornalista e escritora Martha Medeiros “ Fernando Affonso com a esposa Pessoas entram na sua vida por uma mentos, as lembranças dos morazão, uma estação ou uma vida mentos compartilhados e, graças inteira...” Fernando era dessas a Deus, foram muitos. Ele parpessoas, que entram na vida da tiu... deixa saudade, muita saugente e ficam por uma vida indade. Querido Amigo, vai em teira. Ficam para sempre. paz, vai cuidar dos rebanhos de Ele se foi, infelizmente muiDeus e nós, que por aqui ainda to cedo, mas deixa sua marca ficamos, cuidaremos com carigravada bem no fundo de nosnho de tua querida esposa Maria sos corações. Deixa o exemplo Cecília, de tuas filhas Arysinha de um verdadeiro líder, homem e Adriana, de teu filho Hélio, de firme, correto, nobre, homem tua nora Alejandra e de teus neque não tinha medo de dizer o tos, Bernardo, Luíza, Santiago e que pensava, que lutava por suas Martina. idéias, que levantava bandeiras, Eternas saudades... de todos um apaixonado ovelheiro que os amigos da Raça Ideal, de toa todos sempre encantava com dos ovinocultores que tiveram o suas memoráveis palavras. privilégio de teu convívio. Ele partiu... ficam os ensinaCleusa F. Piegas Pará realizou feira de ovinos A Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos do Pará, Accopa, realizou no dia 25 de setembro, um evento chamado 8º Leilão Ovinorte & Convidados. O resultado da comercialização foi de R$ 196.840,00 considerado recorde de venda, pois os 38 lotes obtiveram média de R$ 5.180,00. Já a comercialização de 98 animais teve média de R$ 2.008,00 por animal. O presidente da Accopa, Joel Bittar, se declarou muito satisfeito com os resultados, pois mostram que a ovinocaprinocultura está sendo valorizada no Estado, e ainda mantendo o interesse na atividade. A raça Texel obteve o total de R$ 47.808,00 para a comercialização de 26 animais com média de R$ 1.838,00 por animal. As 18 fêmeas foram vendidas por R$ 28.608,00 com média de R$ 1.589,00 e 8 machos foram negociados por R$ 19.200,00 com média de R$ 2.400,00. O preço mais alto deste leilão foi para um macho Texel vendido por R$ 5.520.00. Já a raça Santa Inês faturou R$ 24.072,00 na comercialização de 46 animais com média R$ 557,00. As 45 fêmeas foram vendidas por R$ 24.072,00 com média de R$ 534,00 e 1 carneiro por R$ 1.560,00. E a raça Dorper, negociou 8 animais por R$ 7.920,00 com média de R$ 990,00 por animal. Foram vendidos dois carneiros pela média de R$ 1.920,00, 1 borrega por R$ 1.680,00 e cinco fêmeas cruzadas por R$ 480,00. • Integrante do grupo PauliTexel firma parceria com o IZ Campeões Dorper da Expovelha, de Lençóis Paulistas O presidente da ABC Dorper, Valdomiro Poliselli Júnior, destacou que o curso visa à formação de técnicos que possam, através de seus julgamentos em exposições, ajudar ao criador a aperfeiçoar o seu rebanho, indicando os animais realmente melhoradores. • A Fazenda 3 Sinos, de José Roberto Sobral, participante do PauliTexel, Núcleo Paulista Criadores de Ovinos Texel, fechou parceria com o Instituto de Zootecnia (IZ), de Nova Odessa, para pesquisa com cordeiros desmamados, a cargo do pesquisador e zootecnista Mario Sartori. A avaliação prevê prova de ganho de peso, seguida de abate e mensurações, encerrando no dia 25 de novembro. Os cordeiros foram divididos em três lotes, sendo um de controle e os outros testados com dois tipos diferentes de probióticos. • 7 out-nov/09 Notícias do brete Estados se mobilizam para abater ovinos O Pará vai ganhar seu primeiro frigorífico para abate de ovinos, completando a cadeia produtiva no Estado a partir de 2010. A Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e a iniciativa privada são parceiras no projeto, que deverá ser instalado numa área da Escola Agrotécnica do município de Castanhal, no nordeste paraense, para atender criadores do Estado. “A participação da Sagri e da Emater é muito importante porque viabiliza o acesso dos pequenos criadores e estimula o crescimento da atividade no Pará”, informou Joel Bitar, presidente do Sindicato e da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos do Pará. “Tendo para quem vender a produção, acredito que dentro de um ano o número de produtores será cinco vezes maior do que hoje”, disse Joel. A Sagri incentiva a criação de caprinos e ovinos entre os produtores familiares, por meio do Projeto de Pequenos Animais. O objetivo é proporcionar alternativa de renda no meio rural e aumentar a oferta de alimentos. “A atividade é emergente no Brasil, onde 90% do abate estão na informalidade, por isso precisa de muito incentivo do governo”, disse o presidente da ARCO, Paulo Schwab. No Mato Grosso, o município de Vila Rica (1.259 km a Nordeste de Cuiabá, na região do Araguaia), irá receber investimentos da ordem de R$ 1 milhão com a implantação de um frigorífico de ovinos. A indústria será a primeira do Estado com o Selo de Inspeção Federal (SIF) no segmento, com comercialização prevista para todo o território nacional. Já em Rondonópolis o Conselho Diretor de Política e Desenvolvimento Industrial de Rondonópolis (Codipi) aprovou a doação de uma área de dez hectares para a instalação de um frigorífico de cordeiros. A Corfrigo Frigorífico pretende investir aproximadamente R$ 9 milhões e gerar 54 empregos diretos e 150 indiretos. A empresa terá capacidade para abate de 900 animais por dia. As instalações vão ser projetadas para industria- Restaurante só de carne ovina em Pelotas A cidade de Pelotas ganhou um restaurante exclusivo de carne de cordeiro: Buena Vida (rua Gonçalves Chaves, 308, tel. 33214749). Já funciona há quatro meses, tendo a nutricionista Luciane Duarte Prado como uma das sócias. Sua família dirige o Criadero Buena Vida, em Piratini, especializado na criação de ovinos e fornecedor da boutique de carnes Cordeiro Pedras Altas, de Abilio Paiva, que também tem loja em Porto Alegre. As receitas do restaurante são criações do chef Richard Techera Silveira, uruguaio de Rocha, terra do meu amigo Carlos Julio Pereira. “Utilizamos os cortes especiais com receitas que exploram uma variedade de molhos”, informa Luciane Prado. Com decoração que lembra uma casa de fazenda, o Buena Vida, neste mês de outubro, terá um prato especial para a Quinzena Gastronômica de Pelotas, com batata suíça recheada, salada e costela de cordeiro desossada. Uma entrada gostosa são os croquetes de cordeiro. • Fotos: Divulgação/ARCO Jornal Aumento das demandas de carne ovina pelo país ampliam interesse de criadores e frigoríficos lizar os produtos, atender grandes centros e exportar. Além da unidade do Grupo Marfrig em Promissão, instalada em 2008, até o final de 2009 estará finalizado o frigorífico para ovinos em Paraguaçu Paulista, que atenderá as cidades da região. Segundo Celina Harume Nishizawa, secretária municipal de Agricultura, após levantamento das dificuldades encontradas pelos ovinocultores, os principais problemas identificados foram o abate clandestino e a dificuldade na comercialização das carnes. “Para chegarmos à instalação do frigorífico foi um longo trabalho, que começou em 2000 e está finalizando agora”, diz. O Paraná também se mobiliza para atender à crescente demanda por carne ovina. As grandes cooperativas de produção agrícola também estão projetando investimentos no setor. A Castrolanda, por exemplo, prevê a instalação de um frigorífico específico para o abate de cordeiros, serviço que hoje é terceirizado. Hoje, um grupo de 25 cooperados comercializa 4 mil cordeiros por ano, com idade entre 100 e 150 dias. A precocidade ajuda na produção de carne de melhor qualidade, com maciez e nível moderado de gordura. “Todo este movimento demonstra o quanto cresce o interesse pela produção e pelo consumo da carne ovina”, salienta o presidente da ARCO, Paulo Schwab. • Criadores organizam sistemas de produção A boa perspectiva de comercialização para centros maiores motivou os criadores de Santiago, no CentroOeste do Rio Grande do Sul a formar a Cooperovinos e lançar a marca Cordeiro do Boqueirão. Segundo Glauco Bitencourt, um dos sócios da cooperativa, a produção está em 3 mil cordeiros/ano, comercializada na cidade e na região. “Com este sis- tema é mais fácil organizar a cadeia produtiva e buscar atender ao mercado regional”, ressalta. Também na cidade de Mafra, em Santa Catarina, produtores estão se organizando para oferecerem este produto ao mercado do litoral norte catarinense. A expectativa é que tudo esteja pronto até o final deste ano. O mesmo acontece com criadores da região de Cascavel que prospectam mercado e estão em fase de organização do processo produtivo para atender a demanda que existe em torno da carne ovina. Para estes um mercado consumidor muito forte é o da tríplice fronteira que se forma em Foz do Iguaçu, região fortemente habitada por árabes, reconhecidos consumidores de carne ovina. • Embrapa cria Agência de Notícias para Ovinos Fruto de um projeto de comunicação e transferência de tecnologia da Embrapa Caprinos e Ovinos, a Agência de Notícias de Caprinos e Ovinos (ANCO) tem como objetivo facilitar o acesso de jornalistas e de interessados em ovinocultura e em caprinocultura a informações sobre as cadeias produtivas de caprinos e ovinos. Dessa forma, pretende ajudar a manter o setor na pauta do dia da imprensa nacional. A ANCO reúne 14 unidades da Embrapa que desenvolvem pesquisas com caprinos e ovinos, em todo o País. Além das notícias produzidas pela equipe de jornalistas da Embrapa, traz um apanhado do material divulgado por veículos de comunicação e assessoria de imprensa de órgãos ligados ao setor. As matérias veiculadas pela Agência podem ser reproduzidas livremente desde que citada a fonte.• Leite de ovelha contém mais CLA na primavera Pesquisadores do Departamento de Produção Animal da Universidade de León, na Espanha, descobriu que o leite ovino possui concentração entre 30 e 44% maior de ácido linoléico conjugado (CLA) na primavera do que nas demais estações do ano. O CLA é conhecido por seus efeitos benéficos para a saúde – é anti- cancerígeno e anti-hipertensivo e pode garantir um valor agregado aos produtos lácteos ovinos. A pesquisa – que envolveu 2.218 lactações de 1.109 fêmeas de 14 rebanhos de ovelhas Churras, uma raça autóctone da comunidade de produtores de leite em Castilla y Leon - pretendia conhecer quais eram os fatores ambien- tais que incidem na presença de até 36 ácidos graxos no leite de ovelha. Esse conjunto de ácidos possui qualidades benéficas para a saúde. A ideia era saber os efeitos da variabilidade que incidem na presença dessas substâncias no leite para poder determinar as melhorias genéticas que podem ser realizadas nos ovinos leiteiros. • out-nov/09 Especial 8 São Paulo no caminho Fotos: Divulgação/ARCO Jornal Após uma euforia que durou quase uma década – com fortes investimentos em matrizes e plantéis de animais puros, a ovinocultura de São Paulo está passando por mudanças profundas. Com a retirada de aventureiros e “investidores” que buscavam lucro rápido e fácil, o setor passa por um processo de profissionalização. Ao mesmo tempo em que estabelecem as bases de um rebanho puro consolidado, capaz de arrancar prêmios em exposições importantes como a Feinco e a Expointer, os criadores também percebem a existência de nichos especiais para a carne ovina, não só para abastecimento de restaurantes finos, como também para a rede de varejo – leia-se supermercados. Horst Knak A s principais raças criadas no Estado são Santa Inês, Suffolk, Texel, Ile de France, Hampshire Down, Poll Dorset, Dorper e White Dorper. A maioria dos criadores trabalha com animais comerciais, sem registro, como atividade secundária de haras, granjas leiteiras, de suínos e aves e possui instalações adequadas para estes animais. A maioria dos ovinocultores não vive da atividade, são agropecuaristas, comerciantes, industriais e profissionais liberais que adquiriram sítios e fazendas com os lucros de sua profissão. O rebanho puro está mais concentrado em torno da capital, enquanto os rebanhos comerciais estão a oeste, rumo ao Mato Grosso do Sul. Devido aos tamanhos dos rebanhos e à falta de maior organização, a maioria comercializa seus produtos no mercado informal, já que frigoríficos e abatedouros organizados exigem cargas fechadas e programadas. O diagnóstico da atividade foi realizada pela Rede de Inovação e Prospecção Tecnológica para o Agronegócio (RIPA). O levantamento, realizado durante oito meses em parceria com a Embrapa Pecuária Sudeste e Sindicato Rural de São Carlos, envolveu consultores do Sebrae, professores e pesquisadores da USP, apresentando pontos fortes e fracos, oportunidades e estratégias relacionadas para a produção de carne ovina, aplicada aos produtores da região de São Carlos. Com base na pesquisa, o documento apontou cinco forças, 21 fraquezas, seis ameaças e 24 oportunidades para os ovinocultores. A partir desse resultado, foram estabelecidas oito estratégias relacionadas para os rebanhos de São Carlos e região. Foi recomendada a especialização da mão-deobra, por meio de capacitação e treinamento, para trabalhar com ovelhas incluindo a agricultura familiar, a participação em cursos de manejo sanitário, pastagens e arraçoamento, oferecimento de atrativos para os trabalhadores rurais, como a profissionalização da gestão da exploração do rebanho, a utilização da raça Santa Inês como base para as estratégias de seleção e cruzamento. Mas o caminho pedregoso também começou a ser asfaltado com a formação, em 2005, da Câmara Setorial de Ovinos e Capri- Direção da ARCO prestigia eventos no Estado Feinco, um dos principais palcos da ovinocultura paulista, também é uma vitrine nacional nos, para gradual implantação de uma rede de assistência técnica e difusão de tecnologia comandada pela Associação Paulista de Criadores de Ovinos (Aspaco). Em apenas três anos, foram criados mecanismos de estímulo, como Arnaldo Vieira preside a Aspaco a linha de crédito de R$ 100 mil com juros de 3% ao ano, o Indicador de Preço do Cordeiro Paulista (elaborado pela USP), bem como a implementação dos núcleos de criadores. O rebanho paulista reúne 11 mil produtores, que criam cerca de 700 mil cabeças. O presidente da Aspaco, Arnaldo dos Santos Vieira Filho (Dindo Vieira) é o atual presidente da Câmara Setorial e aposta que a unificação de esforços é o único caminho para alavancar o setor. Para isso, promove reuniões interiorizadas, como ocorreu agora em Outubro, durante a Expovelha em Lençóis Paulista, também um belo exemplo de município que encontrou sua vocação na ovino- cultura, como um complemento da atividade rural. Esta também é a tese defendida pelo técnico da ARCO, Francisco Fernandes, que presidiu a Aspaco durante 17 anos, entidade com sede em São Manuel e cerca de 500 associados espalhados em 15 núcleos. A tese da entidade é de que os ovinos podem ocupar áreas marginais da cultura da cana-de-açúcar, de lavouras de pequeno ou grande porte, além de se aliar perfeitamente à pecuária de corte e leite, já que utiliza instalações já existentes em muitas propriedades. A fragmentação incessante da propriedade rural, neste caso, favorece os ovinos. “Em pequenas áreas de 30 a 40 hectares, é possível manter e desenvolver rebanhos de 300 a 400 fêmeas em produção”, resume Fernandes. Procurando integrar criadores de animais de cabanha e os produtores comerciais, a Aspaco criou o Campeonato Cordeiro Paulista (CCP), com o objetivo de divulgar os produtos, conhecer a performance das diferentes raças no desempenho de engorda dos cordeiros em confinamento e promover o consumo de carne de cordeiro. Os animais participantes do concurso são sempre cordeiros machos nascidos no mês de junho são adquiridos pelo CCP, remunerando os produtores pelo peso vivo de seus cordeiros na data de entrega no local da prova, ao pre- ço de mercado vigente. À frente do núcleo de Bauru, o criador Alexandre Tolói, admite que os criadores paulistas não têm muita base empresarial. “Estamos mudando a cara da ovinocultura, Francisco Fernandes utilizando a estrutura de treinamento do Sebrae. Sempre é tempo para correr atrás e recuperar o tempo perdido”, resume. Com um volume de matrizes considerado pequeno (5.500 animais) o núcleo acaba de reduzir o rebanho, descartando matrizes inferiores e se prepara para incorporar qualidade aos plantéis. Com isso, especula, “é possível ganhar em quantidade, com fêmeas mais prolíficas, e na qualidade, com animais de genética superior”. O objetivo é aumentar o rebanho em 35% nos próximos dois anos. Aplicando técnicas de gerenciamento, o grupo já obteve uma sensível aumento do peso 9 out-nov/09 da profissionalização da desmama do cordeiro – 20 kg vivo aos 70 dias, bem como a redução da mortalidade – de 23% para 15%. “Nossa meta é baixar a mortalidade para menos de 10%”, estipula Tolói. Nos próximos seis meses, outro objetivo é identificar os ralos por onde escoam os lucros dos criadores integrantes do núcleo. Outra frente de profissionalização é do governo paulista, que programou investimentos de R$ 830 mil na geração e transferência de tecnologias e material genético de caprinos e ovinos do pólo APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) Sudoeste, em Itapetininga (SP). As metas do projeto envolvem apoiar o desenvolvimento da ovinocaprinocultura familiar em bases técnico-científicas, proporcionando a geração de emprego e renda na atividade. Do dinheiro aplicado, R$ 400 mil serão disponibilizados ainda em 2009, para a reforma das instalações do pólo de Itapetininga, e R$ 430 mil serão investidos em novos laboratórios, aquisição de matrizes de ovinos e caprinos e em um centro de capacitação de agricultores. Para o técnico Francisco Fernandes, a tecnologia disponível permite desenvolver a ovinocultura sustentável e lucrativa em várias condições de criação no Estado. “Hoje há crédito disponível, mais e mais técnicos estão sendo treinados e preparados pela ARCO, Aspaco, Senar e Sebrae”, justifica. Segundo ele, a Aspaco está em vias de firmar convênio com a CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, equivalente a Emater e outros estados. Com isso, outros 14 técnicos da CATI prontos para trabalhar com ovinos entrariam no circuito. No front tecnológico, há outras iniciativas da Unidade Pecuária Sudeste, da Embrapa, em São Carlos. O pesquisador Rui Machado, Mestre e Doutor em Produção Animal, com 23 anos de atuação, revela que a unidade está envolvida em várias frentes de trabalho científico. Um dos primeiros a apresentar resultados é o Projeto Terminação, que avaliou animais SRD cruzados com Suffolk, Dorper e Santa Inês. O objetivo foi a manutenção da matriz a campo, encaminhando o cordeiro já desmamado para confinamento. O primeiro aspecto identificado é que a diferença de peso entre os três grupos de animais ½ sangue ao final do confinamento não foi muito expressivo. Enquanto os cruza Dorper ganharam 310 g/dia, os cruza Suffolk atingiram 250 g/dia e os Santa Inês 225 g/ dia. Igualmente as carcaças ficaram entre 18,2 kg e 17,6 kg. A maior precocidade foi dos animais cruza Dorper, com 130 dias. O cruza Santa Inês foi o mais tardio e de carne mais magra, o que para Rui Machado é um nicho a se melhor desenvolvido para a raça. “Sabemos que um abatedouro está adquirindo com preferência animais cruza Santa Inês, visando atender mercados que buscam a carne magra”, observa. A unidade de São Carlos possui outras linhas de pesquisa em andamento, como o uso de extratos de plantas no controle da verminose (leia reportagem exclusiva nesta edição), além de um trabalho que envolve o uso de um resíduo da moagem mineral na nutrição. Os resultados devem ser promissores, porque o mine- Rui Machado: várias linhas de pesquisa avaliam ganho de peso, doenças e a nutrição de ovinos, mas a meta mais ambiciosa da unidade da Embrapa de São Carlos (abaixo a sede) é a formação de um ovino composto adequado à realidade brasileira Fotos: Divulgação/ARCO Jornal ral contribui para a melhora do balanço do nitrogênio ruminal, possuindo efeito probiótico, a um custo muito interessante. Além de linhas que envolvem o controle reprodutivo – já em andamento, a unidade está azeitando projeto de pesquisa que pode contribuir para a fi- xação dos ovinos no Sudeste e Centro-Oeste. “Nos próximos 20 anos, vamos desenvolver um ovino composto, utilizando raças carniceiras, como Ile de France, Texel, Santa Inês, Suffolk e Dorper. Pretendemos chegar a 31 genótipos diferentes, identificando um deles para a produção de carne de qualidade. Vamos fixar genes destas várias raças, selecionando vantagens como eficiência reprodutiva, precocidade, ganho de peso, resistência a vermes, envolvendo várias unidades da Embrapa no País”, revela Rui Machado. • Cordeiro Prime VPJ e Programa Marfrig Uma das ações de ponta no segmento da carne ovina está sendo comandada pela VPJ Pecuária, dirigida pelo empresário Valdomiro Poliselli Júnior, com fazendas em Mococa e Jaguariúna. Além da criação própria, trabalha com outros ovinocultores fornecendo, inclusive, melhoramento genético aos rebanhos e assessoria técnica. Esta é uma garantia de que os animais tenham uma genética semelhante, fazendo o produto ter um mesmo padrão de qualidade. No programa Cordeiro Prime da VPJ, os animais são abatidos aos 4 meses de idade, com peso médio de carcaça de 18 quilos, a 48% de rendimento, com garantia de maciez e suculência da carne. A VPJ realiza o abate em frigoríficos arrendados, sendo as carcaças encaminhadas à sede da empresa, em Pirassununga, onde a carne é selecionada, porcionada, embalada a vácuo e etiquetada, sob o crivo da Inspeção Federal. Os cortes, as embalagens e a etiquetagem seguem uma padronização que reforçam a marca da empresa, que distribui a carne direto dos clientes. O projeto mais ambicioso do País no segmento da carne ovina também está em São Paulo. Ao inaugurar sua primeira unidade de abates de cordeiros em Promissão, com capacidade inicial para abate e processamento de 1.000 animais/dia, o Marfrig ingressou forte no setor, prometendo atender o mercado do Sudeste. Atualmente, o Marfrig importa carne de cordeiro congelada processada na Argentina e Uruguai. O diretor de marketing da empresa, Sergio Mobaier, diz que agora o Marfrig também vai fornecer o produto resfriado, já produzido no País. Os investimentos da empresa, que está em expansão em todo o País (acaba de ad- quirir o Frigorífico Mercosul, no RS), prometem ser pesados e passam pela padronização de carcaças e cortes. O coordenador do Projeto Cordeiros do Marfrig, Fernando Gottardi, explica que até mesmo a importação de outras genéticas e raças estão nos planos da empresa. Além dos incentivos financeiros para adesão ao projeto, os produtores deverão utilizar genéticas recomendadas e indicadas, inclusive de raças compostas. Entretanto, planos agressivos como este exigem mudança de comportamento dos criadores, a começar com a produtividade, o uso de animais comprovadamente melhoradores nos rebanhos gerais para aprimorar os resultados de produção de carne por hectare nas fazendas. O programa do Marfrig prevê 4 milhões de ventres em produção em todo o país, com a adesão entusiasmada do presidente da empresa, Marcos Molina, para quem a ovinocultura é uma atividade com grande potencial de expansão, já que a oferta da carne de cordeiros não atende nem a baixa demanda atual. • out-nov/09 10 Carne Embutidos e derivados para agregar valor O sabor da carne ovina todo mundo conhece. Olha! Assada, na panela, realmente é uma delícia. Opa! E o que dizer de um bom churrasco da paleta, que tem lugar cativo nos melhores cardápios do mundo? Huuummmm!!! Mas, não é só isso, a carne ovina também começa a fazer parte das mesas brasileiras com novas embalagens e, hoje, estão disponíveis nas prateleiras dos supermercados e açougues na forma de charque, embutidos, como o salame, a linguiça, salsicha, presunto, kibe, entre outros. Nicolau Balaszow D ados obtidos junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que apesar de no período compreendido entre 1975 a 2003 ter havido um decréscimo de 18% no efetivo total de ovinos no Brasil, a ovinocultura está em franca expansão em praticamente todo o país, crescendo nas regiões onde não havia tradição na exploração econômica de ovinos. Tais fatos apontam para um cenário em que a tendência da atividade é aumentar a sua importância e sua efetiva participação no produto interno bruto (PIB) do agronegócio brasileiro. Para Antonio Augusto Rodrigues Miranda, gerente geral da VPJ Beef, sediada na cidade paulista de Pirassununga, a maior dificuldade para que o setor deslanche é a falta de organização da cadeia produtiva da ovinocultura. “Atualmente não produzimos mais pela falta de oferta de carne de cordeiro padronizada no mercado”, informa. Além de trabalhar com cortes de cordeiros, a VPJ Beef também dispõe de produtos como o espeto de cordeiro, pernil temperado, hambúrguer, kibe e linguiça de cordeiro. A empresa, em sua estratégia de crescimento, quer expandir a oferta de embutidos derivados das partes nobres do cordeiro e já faz planos para entrar firme neste mercado em 2010. Dedicada a atender um público diferenciado, a empresa consome 2.500 kg de cordeiro mensalmente. “Não crescemos mais porque não existe oferta e, para podermos atender exclusivamente o mercado nacional, precisamos recorrer também aos frigoríficos do Uruguai, do contrário não conseguiríamos satisfazer a enorme demanda existente hoje”, lamenta Miranda. Pesquisa A médica veterinária e consultora Eliane Mattos Monteiro, doutora na área da Ciência e Tecnologia dos Alimentos, desenvolveu trabalho pioneiro de pesquisa na Universidade Federal de Santa Maria no processamento de carne de ovelha de descarte para o seu aproveitamento em embutidos. “A partir de todos os cortes dos ovinos, fizemos produtos e estes foram adaptados em formulação, acompanhamento de estabilidade, tanto do ponto de vista químico como microbiológicos, e verificamos a aceitabilidade desses produtos junto a um Fotos: Divulgação/ARCO Jornal Linguicas de carne ovina, um novo prato na culinária paulista público consumidor”, explica Eliane. Ela disse que o trabalho surgiu num momento em que se acentuava a preocupação com a padronização dos cortes da carne de cordeiro. “Como a carne de cordeiro era escassa, para suprir essa falta, a ovelha de descarte era colocada no mercado, gerando uma depreciação na qualidade do produto. Surgiram a partir daí questionamentos relativos ao que fazer com esses animais que não estavam mais dentro dos padrões exigidos e, portanto, impróprios para a comercialização”, esclarece. Este trabalho, comenta a consultora, não quis apenas realizar um teste para a criação de novos produtos. “Sempre tivemos em mente resolver um impasse na cadeia produtiva que não conseguia agregar valor à ovelha de descarte”, enfatiza. Os embutidos fermentados, com 80% de carne de ovelhas de descarte mais 20% de carne suína são aceitos por consumidores de salame, sendo sua elaboração uma alternativa importante para agregar valor à carne de ovelhas de descarte. No entanto, novos trabalhos devem ser realizados utilizando-se carne suína em diferentes proporções, com a finalidade de atingir um melhor nível de aceitabilidade. animais por mês e aproveitamos praticamente toda a carcaça das ovelhas de descarte, sendo que, dos 2.520 kg de carne, 500 kg vão para a fabricação de derivados”, informa Rocha. Na produção da Cava Alimentos, há o aproveitamento do pescoço das ovelhas de descarte, do qual é obtido o guisado, também usado para linguiça e hambúrguer. “O cliente gosta muito, porque utilizamos somente animais selecionados”, explica. Complementando, o consultor informa que já estão sendo realizados testes para a produção de carne de sol e charque com carne ovina, sempre com a orientação de um especialista na área de engenharia de alimentos. “Penso que é preciso agregar valor, pois quando utilizamos partes do animal que seriam naturalmente descartadas, como a carne de pescoço e o peito, conseguimos um ganho de 25% sobre estas partes ao transformá-las em embutidos”, conclui Rocha. A fazenda Santa Maria, em Itapira (SP), por mais de 13 anos tinha como principal atividade produção de leite bovino, mas os baixos preços de mercado fizeram com que seu proprietário, o biólogo, Beno Zaterka, procurasse outra atividade. “Comecei a pesquisa e vi que as instalações da fazenda poderiam ser facilmente adaptadas para a criação do cordeiro, cuja procura estava crescendo no mercado”, conta. Atualmente ele possui 600 matrizes e trabalha com desmama precoce, cruzamento industrial e confinamento. Preocupado com a qualidade do produto que chega à mesa do consumidor final, o biólogo treinou pessoalmente os oito funcionários que fazem 20 diferentes cortes. A falta de abatedouros adequados e específicos para os ovinos levou Zaterka a inaugurar, há seis meses, um frigorífico, com a marca Clube do Cordeiro. Para que fosse instalado no padrão internacional e referência no Estado, era preciso uma série de documentos e exigências de diversos órgãos de fiscalização. Todo o processo de instalação foi por meio do programa SAI (Sistema Agroindustrial Integrado), do Sebrae em São Paulo. “Não existia nenhum projeto especifico sobre abatedouros e frigoríficos de ovinos. Praticamente o projeto foi todo meu com a ajuda do Sebrae, que trouxe veterinários, técnicos e engenheiros”. O Clube do Cordeiro abate semanalmente 200 animais, produzindo 3 mil quilos de carne com osso. Recentemente, Zaterka lançou a linha de embutidos de ovinos, como hambúrguer, almôndegas e linguiças. Além do aproveitamento máxi>> Empreendedor Carcaças ovinas do Açougue Bolinha antes do beneficiamento O consultor e médico veterinário, André Rocha, que atende o Condomínio Agropecuário Vale do Araguaia (Cava Alimentos), sediada na cidade de Jussara, em Goiás, conta que a empresa fabrica linguiça, hamburguinho, kibe e espetinhos de pernil já há bastante tempo e tem uma ótima aceitação do consumidor. “Abatemos 180 A criatividade dos gourmets insere a carne ovina em novos pratos 11 out-nov/09 mo da carne ovina na fabricação de embutidos, o couro é retirado dos animais e vendido para uma empresa, que leva o material para receber tratamento na Bahia. O empresário vem estimulando empresários locais a investirem em um curtume específico de couro ovino, garantindo a eles 900 peles por mês a um preço acessível. Atualmente o frigorífico paga R$ 8,00 o kg/carcaça. Entre as vantagens da criação de ovinos em relação a bovinos, o biólogo exemplifica: "um garrote precoce está no ponto de abate aos dois anos e uma ovelha com cinco meses. E mais, num alqueire é possível criar até 80 animais”. Cresce consumo No Paraná, o consumo de carne ovina aumentou significativamente nos últimos anos. Com um plantel de 600 mil cabeças, o consumo supera em oito vezes a demanda. Nos primeiros três meses de 2009, o Paraná importou aproximadas 50 toneladas de carne ovina do Uruguai. Para o criador Elídio Vieira Guiomar, que assumiu a presidência do Núcleo dos Criadores de Ovinos da Região de Maringá (Ovinomar), este cenário mostra-se atrativo ao produtor, que já deu suas respostas; nos últimos cinco anos, a criação de ovinos cresceu 60% nos arredores do município e mais de 100% no Estado. Outra ação que caracteriza o interesse no incremento da atividade vem através do professor Francisco de Assis Fonseca de Macedo, do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Ele coordena um programa de extensão universitária que a Ovinomar e a UEM executam com a finalidade de treinar técnicos de nível superior e alunos do curso de Zootecnia para tarefas como a escolha Fotos: Divulgação/ARCO Jornal Marcelo "Bolinha": embutidos agregam valor de animais de qualidade nas propriedades. Além de acompanhamento nos abatedouros, serviço de inspeção, definição dos cortes da carcaça, embalagem a vácuo e a elaboração de produtos como o charque, defumados, linguiça, salsicha, patês e outros. Esse trabalho é financiado pelo Governo do Estado por meio do Programa Universidade Sem Fronteiras, da Secretaria de Ciências e Tecnologia do Paraná. “Apesar do aumento satisfatório no consumo da carne de ovinos, ela permanece como um produto diferenciado, que não compete com as outras, que são carnes do dia-a-dia”, diz o professor. A Ovinomar está dando acompanhamento técnico nas propriedades e definindo os cortes do cordeiro, de forma que o consumidor, na hora de comprar, possa fazer escolhas entre costela, lombo, picanha, pernil, carré, filé mignon, paleta, miúdos e os produtos industrializados, como linguiça e salsicha. Outra estratégia é fazer com que o ovino deixe de ser exclusivo de alguns açougues e passe a ser vendido nos supermercados em cortes embalados a vácuo. Para o presidente da Ovinomar, chegou o momento da ovinocultura da região de Marin- gá ser encarada como uma atividade altamente profissional. Charque Uma das empresas que se dedica à produção de charque com carne ovina é a Charque Paladar Ltda., sediada na cidade gaúcha de Bagé, e que há seis anos tem alcançado resultados muito animadores. “A nossa produção mensal gira em torno de seis toneladas e nos dedicamos unicamente ao charque”, conta o presidente da empresa, Valter Martins. Ele informa que faz o aproveitamento completo do ovino capão, em sua maioria nas encomendas, e também a carne de cordeiros. “Procuramos utilizar carne de animais jovens para mantermos a qualidade e satisfazer o consumidor”, destaca. Com fornecedores gaúchos assim como o seu mercado, exclusivamente regional, o empresário explica que a maior dificuldade para que os negócios continuem satisfatórios é encontrar produtos de boa qualidade e em quantidade necessária. “Sofremos com a desorganização dos frigoríficos e dos produtores e, ao mesmo tempo, precisamos fiscalizar a carne que chega a nossa empresa, pois é muito comum que ovelhas velhas sejam misturadas com animais mais jovens e isso coloca em risco a qualidade do nosso charque”, explica Martins. O preço pago pela carcaça do capão é de R$ 6,00 o quilo. Ele conclui dizendo que há uma ótima aceitação do produto que acaba sendo uma alternativa bastante viável para o comerciante que busca novas soluções para a utilização completa do ovino. Varejo Bolinha é o nome de um tradicional açougue localizado no centro de Porto Alegre. Há mais de 20 anos no mercado de carnes, a empresa cresceu e hoje, com uma fábrica na cidade de Hamburguinhos da VPJ - produto saboroso e de mercado garantido Charque: uma tradição gaúcha Cachoeirinha (RS), faz cortes especiais de cordeiros e vêm testando outros produtos como a linguicinha, salsichão, patês, presunto, salames e linguiça. Um de seus proprietários e consultor de cortes de carnes, credenciado pelo Sebrae, Marcelo Conceição, explica que os produtos como as linguicinhas, salsichão, miúdos e linguiça já fazem parte da produção normal da empresa. “Os primeiros resultados que temos observado é que o cliente compra para experimentar e retorna com novos pedidos ou, muitas vezes, indica para os amigos que nos fazem uma visita e acabam levando embutidos e os cortes diferenciados”, comenta. Ainda em uma fase de experimentação, os patês, salames e outros embutidos serão colocados à venda num futuro próximo. “Estes produtos são mais complexos de se produzir, mas todas as experimentações deram um retorno favorável”, informa Conceição. Preocupado com a padronização dos cortes, Conceição também entende que a cadeia produtiva precisa passar por uma reformulação, com a finalidade de garantir qualidade e produtividade para atender o mercado produtor e consumidor. “Por outro lado, temos a tarefa de quebrar alguns tabus relativos aos ovinos que ainda prevalecem junto ao consumidor e mostrar que a carne pode entrar no cardápio diário das famílias, assim com as carnes de bovinos, suíno e frango”, define. • out-nov/09 Artigo 12 Aplicação da DEP em ovinos Foto: Divulgação Marcelo Roncoletta / - Med. Veterinário - Doutor em Reprodução Animal pela FCAV/Unesp Jaboticabal E ssa palavrinha DEP tem gerado muita dúvida ultimamente, já que tem estado cada vez mais presente no dia a dia do produtor de ovinos. Muitos já a ouviram, mas poucos sabem o seu significado, sabem de sua importância. A idéia aqui é desmistificá-la. DEP é uma sigla do termo Diferença Esperada na Progênie – mas o que isso quer dizer? Considere uma característica zootécnica – a exemplo peso ao nascimento (PN) – um reprodutor com DEP para PN de +1kg – o que isso significa? A resposta é simples, é esperado (com uma bom % de segurança1) que seus filhos (progênie) tenha 1kg a mais que a média do PN dos outros filhos reprodutores avaliados naquele Programa da Avaliação Genética. Dessa forma podemos dizer que as DEPs podem ser consideradas as “moedas” dos Programas de Avaliação Genética. São os indicadores do valor genético, que expressam a capacidade de transmissão genética do progenitor (pai ou mãe) a sua progênie. (1 – esse % de segurança é o que chamamos de acurácea – é a confiabilidade dos valores de DEPs – quanto mais próxima de 100% melhor.) Em ovinocultura as DEPs de interesse geralmente calculadas são: DEP Peso ao Nascimento, DEP Peso a desmama (45 ou 60 dias), DEP peso ao abate (90, 120 ou 180 dias), DEP peso adulto (270 dias), DEP Circunferência Escrotal, DEP Resistência à Verminose, DEP Parto Gemelar, DEP Habilidade Materna ou Materno Total, entre outras. Outra forma de interpretar uma DEP é a comparação entre dois reprodutores A e B. No exemplo, os dois reprodutores são utilizados em um rebanho. O reprodutor “A” tem DEP de Peso aos 120 dias de 1.500g e o reprodutor “B” tem DEP de Peso aos 120 dias de 1.000g negativos. Como a diferença entre as suas DEPs é de 2.500 g, se estes reprodutores forem utilizados em matrizes de um rebanho avaliado, a média de peso dos filhos do reprodutor “A” será 2.500g mais pesada que a média de peso dos filhos do reprodutor “B”, quando eles estiverem com 120 dias de idade. Entendida a definição, agora é saber para que serve uma DEP, o que se ganha com isso? Primeiramente vamos então abrir um parênteses, frisando sobre o grande objetivo de um produtor – que no final das contas é a geração de comida – seja carne e/ou leite – de forma cada vez mais eficiente e barata. Mesmo que o objetivo do produtor seja venda de matrizes, no final das contas, é carne e/ou leite que ele esta vendendo, apenas incluindo um intermediário na cadeia. Nesse contexto podemos dizer que a DEP é uma forma de se obter esses objetivos com maior eficiência. Como? Primeiramente, considere os objetivos de sua propriedade e utilize uma DEP que imprima maior eficiência para se atingir o objetivo – vamos esclarecer no quadro. Fica óbvio então entender o porquê que as DEPs são consideradas “moedas” de programas de Quadro 01 - Descrição dos motivos e considerações para o uso de cada DEP obtida pelos programas de avaliação genética. DEPs para Peso ao Nascimento Peso a desmama (45 ou 60 dias) Para que serve Pondere esse índice - nascimento de cordeiros muito pequenos não é ideal pois aumentaria o prazo para o Para escolher um reprodutor peso a desmama. Mas nascer muito grande, pode cujos filhos serão mais pesados trazer complicações ao parto. Busque o peso ideal ao nascimento para a raça. O cordeiro deve se desenvolver após o nascimento. Índice interessante para : (1) àqueles que querem vender um cordeiro para ser engordado para abate; Para escolher um reprodutor cujos filhos serão mais pesados (2) àqueles que querem ganhar tempo na terminação do cordeiro, pois se desmamaram mais a desmama pesados, serão terminados mais rápido. Para escolher um reprodutor cujos filhos serão abatidos. A Peso ao abate DEP 90, 120 ou 180 dias vai ser (90, 120 ou 180 dias) escolhida de acordo com o sitema de produção Peso adulto (270 dias) Considerações Índice interessante para : (1) àqueles que querem abater seus cordeiros mais pesados; ou (2) àqueles que querem ganhar tempo na terminação do cordeiro. A DEP 90, 120 ou 180 dias vai ser escolhida de acordo com o sitema de produção, com o cordeiro acabado com 90, 120 ou 180 dias. DEPs elevadas para esse índice pode ser interessante àqueles que querem vender animal para reprodução, porém devemos ponderar esse índice Para escolher um reprodutor nem sempre é interessante se ter matrizes muito cujos filhos serão mais pesados pesadas, elas devem sim produzir cordeiros quando atingirem a idade adulta pesados. Quanto maior o animal, mais ele come, mais ele custa. Devemos achar um meio termo de acordo com a raça. Circunferência Escrotal (CE) Medida de circunferência escrotal está relacionada a fertilidade do rebanho DEPs positivas a CE siginificam aumentar a fertilidade de machos e fêmeas no seu rebanho. Resistência à Verminose Para escolher um reprodutor cujos filhos serão mais resistentes a verminose. A verminose em ovinos é um problema sério como todos sabem. Existem animais que possuem como característica genética uma capacidade natural de controlar a infestação de vermes, ou seja, são os animais que devemos manter no rebanho, pois diminuimos a necessidade de gastos com vermifugação - e isso é redução de custos. Parto Gemelar Para escolher um reprodutor cujos filhas serão mais prolíferas - é ferramenta para aumentar o índice de prolificidade na propriedade A prolificidade em ovinos é um índice zooténico de maior importância. Para entender sua importância basta dividir o custo anual de manutenção de uma matriz em número de cordeiros desmamados. Quanto maior esse índice, menor será o custo de manutenção de sua matriz. Maior a eficiência do rebanho. Para escolher um reprodutor cujos filhas serão melhores mães. É o índice indicado para Habilidade Materna ou seleção de reprodutores para Materno Total produção de matrizes de reposição de matrizes no rebanho. É um índice muito importante para escolha do pai de suas novas matrizes. Ponderar com DEP de parto gemelar, peso ao nascimento e peso ao desmame para a seleção do melhor reprodutor para essa finalidade. avaliação genética – elas são ferramentas para as palavras de ordem do Melhoramento Genético - seleção e descarte. A finalidade do Melhoramento Genético é progredir em características zootécnicas2 de interesse para espécie e isso somente é possível com descarte e seleção. E a utilização das DEPs é a forma de deixarmos os “achismos” de lado – o efeito do “olho do dono” – que sempre esta achando que aquela ovelha é bonitinha e não merece ser descartada – é a forma de se comparar adequadamente os animais, pois os efeitos de nutrição, manejo, clima foram minimizados. Cabe salientar que os Programas de Avaliação Genética, além de calcular as DEPs geram outros índices importantes: (1) IMGT – ÍNDICE MERITO GENÉTICO TOTAL – é um índice geral, calculado como uma média ponderada que reúne todas (ou as principais) DEPs, mostrando o equilíbrio genético do progenitor frente a sua progênie, para todas as características zootécnicas avaliadas. (2) E TOP % - AGRUPAMENTO EM GRUPOS EM RELAÇÃO A UMA DEP – classificação em grupo de progenitores frente a uma DEP específica. O progenitor se classifica entre os 10, 5, 3 e 1% melhores progenitores, dentre todos os avaliados, para uma determinada DEP. A exemplo: quando nos referimos a um reprodutor como TOP 3% para Peso ao desmame, significa que o progenitor está entre os 3% melhores progenitores para DEP de peso ao desmame. O agrupamento de todas essas informações gera o que denominamos de SUMÁRIO – uma publicação de periodicidade semelhante a das avaliações genéticas, que resume e classifica os animais avaliados frente a cada uma das características zootécnicas. A agilização dos resultados ou o progresso no Melhoramento Genético dos rebanhos - fato muito importante para a mudança do cenário nacional atual da ovinocultura – pode ser obtida com a união de duas ferramentas: a Inseminação Artificial e as DEPs – é a DEMOCRATIZAÇÃO da genética superior selecionada nos PROGRAMAS DE AVALIAÇÃO GENÉTICA. O cenário ideal será aquele onde as Centrais disponibilizem sêmen de reprodutores provados – reprodutores com DEP positiva para as características zootécnicas de interesse. Esse cenário não esta tão distante de nossa realidade. Atualmente no Brasil já existem alguns programas de avaliação genética em andamento – de raças como a Santa Inês (ASCO/ USP, Proag Brasil, entre outros) e a raça Texel (TOPTexel) – e destes programas já existem doadores com sêmen disponível no mercado. Esse cenário já é corriqueiro na pecuária bovina – os criadores já estão profissionalizados, buscando a aquisição de material genético para o progresso genético dos rebanhos, via sêmen de reprodutores provados. A bovinocultura brasileira escalou diversos degraus de dificuldade, mas em 40 anos de tropeços e acertos conquistou o título de maior produtor e exportador no cenário mundial da carne bovina. A ovinocultura brasileira pode pular degraus nessa escada já garimpada antes, encurtando o intervalo de tempo necessário para colocar o Brasil num cenário de auto-suficiência e exportador de carne ovina. Uma forma de pularmos degraus é melhorar a eficiência produtiva dos nossos rebanhos, e aqui coloco o importante papel dos produtores, que devem acreditar no potencial do segmento e investir em melhorias de produtividade e qualidade de produto, aumentando sua competitividade no mercado e gerando animais melhoradores a partir do uso de ferramentas como os Programas de Avaliação Genética. Obs. 2 - Características zootécnicas de interesse são índices ou medidas obtidos no rebanho e/ou em cada indivíduo, que serão utilizadas para a comparação do individuo frente ao rebanho, seja ele o rebanho residente ou de uma população maior – e através dessa comparação é que se tem o embasamento para se realizar a Seleção – apontando aqueles animais que merecem permanecer no rebanho – e o DESCARTE – apontando aqueles animais que devem ser eliminados do rebanho. • 13 out-nov/09 Artigo Produção de leite de ovelhas: diversificação de renda para o produtor Tatiana Pfüller Wommer Marcel Hastenpflug A produção ovina vem se tornando cada vez mais promissora e competitiva, despertando nos produtores o interesse pelo aumento e diversificação da produção. A ovinocultura é uma atividade de fácil manejo, podendo ocupar áreas ociosas da propriedade que não se prestam para outras criações, pois os ovinos são animais que possuem grande adaptabilidade em qualquer tipo de relevo e clima. Com isto, há uma diversificação da produção na propriedade, o que é de extrema importância em pequenas e médias empresas rurais. Os ovinos podem ser explorados de maneira eficiente tanto para carne, lã, pele e leite. Em se tratando de ovinos para produção leiteira, os índices produtivos vêm demonstrando resultados satisfatórios. Uma ovelha pode ser considerada apta para a produção leiteira quando proporciona regularmente uma quantidade de leite para o consumo humano e também produza satisfatoriamente para alimentar seus cordeiros. A criação tradicional de ovinos estrutura-se basicamente na produção de carne e lã, tendo pouca ênfase na produção leiteira. Porém com a necessidade de se diversificar a cadeia produtiva com novos produtos é que se tem despertado para a linha de produção e beneficiamento do leite. Pode-se concomitantemente com a produção de carne e lã, agregar a atividade leiteira na cadeia produtiva, aumentando assim a renda do produtor. As raças leiteiras de maior produção introduzidas no Brasil são a Lacaune, originária da França e Bergamácia, oriunda da Itália, sendo que a primeira tem uma maior representatividade e produtividade na Região Sul. O rebanho mundial de ovelhas ordenhadas é de aproximadamente 100 milhões de cabeças, tendo uma produção estimada em 7,8 milhões de litros produzidos por ano, segundo dados da FAO. No Brasil, a produção leiteira dos ovinos ainda encontra-se em desenvolvimento com algumas propriedades em franca expansão. A primeira propriedade do país a trazer ovinos com aptidão leiteira foi a Cabanha Dedo Verde, localizada em Viamão, no Rio Grande do Sul, com animais da raça Lacaune importados da França. O município de Viamão também sediou o primeiro laticínio com inspeção oficial de leite de ovelha, processando 48 mil litros anualmente. O leite é beneficiado em queijos, iogurtes, ricota, etc. A segunda indústria inspecionada implantada foi o laticínio Casa da Ovelha, na cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, tendo uma produção anual de 100 mil litros de leite, reunindo a produção de produtores da região. Qualidade do leite ovino O leite ovino apresenta algumas diferenças na sua constituição em relação ao leite das demais espécies, principalmente por possuir elementos mais ricos em sua composição. O teor médio de proteína no leite ovina é de 5,6%, 7,6% de gordura, 19% de sólidos totais, 10,3% de sólidos desengordurados, 4,7% de lactose, 4,6% de caseína. Por possuir elevados níveis de caseína e gordura, o leite ovino presta-se satisfatoriamente para a produção de produtos lácteos como queijos duros e macios, apresentando um sabor e textura particular e com preço elevado no mercado. A gordura do leite ovino apresenta maior quantidade de certos ácidos graxos de cadeia curta, como caprílico, capróico e cáprico, quando comparado ao leite de vaca, além de não possui caroteno em sua gordura, o que resulta em um leite branco típico. O leite ovino apresenta um menor tempo de coagulação e um coalho mais firme, o que pode ser explicado principalmente pela maior ocorrência de caseína em sua composição. O iogurte proveniente do leite ovino Foto: Divulgação Ovelhas Lacaune da Cabanha Dedo Verde, de Viamão, RS é mais fino, mais leve e 50% mais nutritivo. A água presente no leite dos ovinos é em menor quantidade do que a dos bovinos, sendo esta relacionada com a síntese de lactose. A gordura é o constituinte de maior variação encontrado no leite. Esta pode ser afetada pela raça, fase de lactação, cuidados na ordenha e principalmente pela nutrição. Cruzamento entre animais com aptidão leite x carne O cruzamento entre animais destinados a produção de carne com exemplares leiteiros, vem surgindo como uma alternativa para intensificar a produção. Com o acasalamento de animais destas duas aptidões tem-se como resultado uma melhor capacidade leiteira das matrizes mestiças e conseqüentemente um significativo aumento no desempenho de seus cordeiros, que tem seu desenvolvimento estreitamente relacionado com a produção leiteira de sua mãe. Juntamente com esse aumento na produção de cordeiros para o abate, pode-se proporcionar um incremento com a produção leiteira destas matrizes, vindo a beneficiar a sua produção láctea. Com a utilização destes cruzamentos o produtor tem a possibilidade de diversificar e aumentar a sua produção, tendo como produtos finais a carne de cordeiro, que está sendo muito demandada, e produtos lácteos como queijo, iogurte e ricota. Comercialização Os produtos oriundos do leite de ovelha, como queijo, iogurte, doce de leite e ricota estão con- quistando vários mercados consumidores. Os produtos lácteos beneficiados na região da Serra Gaúcha são tradicionalmente absorvidos por mercados consumidores da Região Sul, porém, nos últimos anos essa oferta de produtos está sendo dividida com alguns Estados como São Paulo e Rio de Janeiro. Mais recentemente, outros Estados estão fazendo pedidos para comercializar os produtos lácteos fabricados no Rio Grande do Sul. Atualmente existem duas indústrias que beneficiam o leite de ovelha no Rio Grande do Sul, a Casa da Ovelha, em Bento Gonçalves e a agroindústria Confer Alimentos, com leite proveniente da Cabanha Dedo Verde, em Viamão. No Estado de Santa Catarina a produção leiteira vem despontando em passos largos. Com o apoio do SEBRAE, produtores estão produzindo ovinos leiteiros e entregando sua produção para a empresa de alimentos Cedrense, que após altos investimentos está produzindo o queijo Pecorino, típico da Itália. A comercialização dos produtos lácteos gera um retorno satisfatório aos produtores e agroindústria. Os queijos são os mais procurados e apreciados, atingindo preços que vão desde R$ 50,00 até R$ 100,00 o quilograma, como é o caso do queijo tipo Pecorino com 270 dias de maturação. Considerações finais Realizando uma avaliação comparativa entre a produção leiteira bovina e ovina, podemos observar que existem algumas vantagens importantes da ovinocultura sobre as vacas leiteiras: A eficiência alimentar dos ovinos é maior para produção de leite, ou seja, com a produção forrageira total da propriedade, produz-se mais volume em leite ovino do que bovinos; Na cadeia leiteira bovina, a figura do “machinho” é rejeitada, tornando-se um empecilho na propriedade e sinônimo de perda financeira. Já na ovinocultura, o cordeiro macho pode ser desmamado precocemente e chegar a peso de abate cedo, gerando retorno financeiro com a venda de carne, inclusive, de grande aceitação no mercado, principalmente quando falamos na raça Lacaune; As ovelhas leiteiras podem ser consorciadas as vacas, sem representar perda produtiva a estas últimas, pois possuem hábitos de pastejo distintos e acabam não competindo tanto por alimentação. Além da sala de ordenha para vacas poder ser adaptada para utilização com ovelhas em um mesmo sistema de produção. Levando em conta todos os aspectos avaliados anteriormente, a ovinocultura vem crescendo muito, e possui um potencial de diversificação de atividades singular, que pode proporcionar renda para o produtor em diversas épocas do ano, deixando este livre das questões de sazonalidade de mercado. Com isso, é o produtor rural com maior qualidade de vida e a ovinocultura em franca expansão, demonstrando suas possibilidades em uma idéia de desenvolvimento sustentável. Sendo assim, o Laboratório de Ovinocultura da Universidade Federal de Santa Maria, está iniciando suas pesquisas nesta linha. Inicialmente, estão sendo feitos cruzamentos industriais com a raça Lacaune em cima do rebanho base tipo carne (cruza Texel X Ile de France) para mensurar a produção de leite, além do desempenho dos cordeiros e a qualidade da carcaça destes. • Zootecnistas, Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (PPGZ) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Ovinocultura (Gepeo) out-nov/09 14 Sanidade Verminose desafia pesquisadores Na atualidade os profissionais da área de parasitologia veterinária têm abordado o controle parasitário de rebanhos ovinos de forma mais realista e consciente, uma vez que o uso abusivo e inadequado dos medicamentos antiparasitários tem demonstrado conseqüências graves. Segundo a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos, SP, Dra. Ana Carolina de Souza Chagas, entre essas conseqüências ganha destaque o forte estabelecimento da resistência aos remédios, assim como o perigo de contaminação dos produtos de origem animal através de resíduos das drogas veterinárias administradas para o controle da verminose. Fotos: Divulgação Eduardo Fehn Teixeira A resistência dos parasitas aos medicamentos antihelmínticos, conforme Ana Carolina, é considerada por técnicos e criadores como um dos grandes problemas da ovinocultura no Brasil. “Nos países desenvolvidos, por exemplo, as perdas anuais estimadas para o controle de nematóides em pequenos ruminantes superam todos os outros custos para o controle de doenças endêmicas que afetam esses animais”, compara a pesquisadora. Para que se possa fazer idéia do tamanho do problema acarretado ao setor, Ana Carolina lembra que nos três países de maior produção em ovinos – a Austrália, a África do Sul e o Uruguai - as perdas anuais giram em torno de US$ 222 milhões, US$ 45 milhões e US$ 42 milhões, respectivamente, conforme levantamentos de 2006. Na ovinocultura brasileira, diz a Dra. Ana Carolina, o nematóide gastrintestinal Haemochus contortus é considerado um grande problema, que causa prejuízos aos criadores devido à queda de produção, aos gastos com vermífugos e à morte dos animais jovens e debilitados. “O uso de anti-helmínticos em muitos países em desenvolvimento esbarra nos custos e na disponibilidade e qualidade dos produtos. Soma-se a isso a catastrófica resistência anti-helmíntica, especialmente nos ovinos”, argumenta a especialista. A pesquisadora lamenta que a transferência para os técnicos de informações importantes e simples relacionadas ao manejo sanitário dos animais continua deficiente. “Isto se transformou num grande aliado da resistência dos vermes aos medicamentos”, aponta. Novos caminhos Formas alternativas e/ou adicionais ao controle dos parasitas com químicos sintéticos estão entre as prioridades da pesquisa. “A meta é encontrar novos caminhos para o controle da verminose, e com isto reduzir o uso dos medicamentos”, informa a especialista. Experimentos com acompanhamento técnico, realizados por criadores, estão mostrando resultados positivos. Segundo a Dra. Ana Carolina, a seleção de raças ou cruzamentos com características desejáveis de produtividade e também que apresentam resistência à infecção por nematóides gastrintestinais se mostra bastante prática. “Mas Ana Carolina de Souza Chagas: foco nas doenças dos ovinos o produtor deve estar atento, pois numa mesma raça indivíduos apresentam maior ou menor sensibilidade à verminose e a observação destas características pode orientar a seleção de reprodutores, matrizes e animais para descarte”, alerta a técnica. Neste sentido, a pesquisadora observa que o método Famacha (leia no box) também é um instrumento muito prático, pois sua adoção na rotina da propriedade identifica os animais que necessitam de vermifugação freqüente. “Trata-se de um método seletivo, onde só são tratados os exemplares mais anêmicos do rebanho”, explica. Pesquisas demonstraram a segurança do método adotado sob condições alimentares ideais para os animais, ou seja, com os níveis de proteína bruta recomendados para cada categoria (filhotes, fêmeas em lactação, etc.). A economia representada pela redução de tratamentos com antihelmínticos foi notória. “Mas a maior vantagem do método é a minimização do problema da resistência, pois a pressão seletiva sobre os parasitas é muito menor”, aponta a técnica. Fungos predadores A Dra. Ana Carolina Chagas também cita pesquisas sobre o controle biológico dos nematóides por meio de fungos nematófagos. “Algumas espécies de fungos predadores têm demonstrado resistir à passagem pelo trato gastrintestinal dos pequenos ruminantes (caso dos ovinos) e apresentam ação sobre as larvas dos nematóides no bolo fecal. Entretanto, os resultados em termos de eficácia ainda são insatisfatórios, pois variam muito com relação à dose fornecida ao animal, intervalo de tratamentos, influência das condições climáticas, dieta do animal, taxa de lotação, eficácia entre isolados, etc”, observa ela. Remédios oriundos das plantas Oesophagostomum e Trichostrongylus, dois dos mais importantesnematóides gastrintestinais dos ovinos Nos últimos anos, as pesquisas que investigam a aplicabilidade de plantas medicinais no controle parasitário animal estão em expansão. O Brasil, segundo Ana Carolina Chagas, possui 22% de toda a biodiversidade vegetal do mundo, o que representa elevada riqueza de substâncias com potencial para uso farmacológico. Cerca de 40% dos medicamentos consumidos na área humana no mundo são de origem natural e que anualmente US$ 22 bilhões são movimentados pelos fitoterápicos, com crescimento de 12% ao ano. O Brasil responde a um segmento de 7% do mercado farmacêutico, o que representa US$ 400 milhões por ano, gerando cerca de 100 mil empregos diretos e indiretos. Embora ainda em fase experimental, o uso de fitoterápicos em parasitologia veterinária, especialmente no controle dos nematóides gastrintestinais de pequenos ruminantes, ocorre em pequenas propriedades do Nordeste, mas ainda sem a necessária comprovação científica. As linhas de pesquisa estão centradas na etnoveterinária, que busca a associação dos conhecimentos populares com as práticas de prevenção e tratamento de doenças animais. “O conhecimento popular está impulsionando vários estudos que indicam espécies vegetais, parte da planta a ser utilizada, forma de extração das substâncias de interesse, etc. Muitas vezes os resultados laboratoriais demonstram elevada eficácia, mas os testes in vivo não reproduzem a eficácia de laboratório”, relata a Dra. Ana Carolina. As plantas produzem algumas substâncias que são classificadas como metabólitos secundários e que têm sido utilizadas como pesticidas ou modelos para pesticidas sintéticos, como piretrinas, toxafeno, nicotina e rotenona. Essas substâncias podem causar interferência tóxica nas funções bioquímicas e fisiológicas dos parasitas. Algumas são consideradas alternativas potenciais aos produtos comerciais sintéticos, ao serem reconhecidos como seguros pela US Food and Drug Administration, sendo utilizadas em muitos produtos como con>> 15 out-nov/09 a encontrar alternativas naturais dimentos artificiais, perfumes e em formulações de expectorantes, descongestionantes, analgésicos externos e anti-sépticos. “Inseticidas originados de plantas tendem a ter baixa toxicidade no trato dos mamíferos, rápida degradação e desenvolvimento lento da resistência. E tais características fazem com que os bioparasiticidas tenham elevado apelo comercial, permitindo o controle de parasitas de uma maneira menos agressiva ao meio ambiente”, avalia a pesquisadora. Para ela, os fitoterápicos podem ter uma ação direta, causando mortalidade do parasita, por exemplo, ou também uma ação indireta, interferindo na sua metamorfose, reduzindo a fertilidade da fêmea, causando repelência, dentre outros. A pesquisadora chama a atenção que para o uso de princípios ativos botânicos, vários aspectos devem ser levados em consideração: extração, conservação dos extratos, dosagem eficaz, estabilidade, toxicidade e custos. A “sabedoria popular” muitas vezes indica que determinadas plantas podem ser utilizadas na fitoterapia. Muitas pesquisas realmente atestam a ação destas plantas, mas ao mesmo tempo demonstram reações tóxicas no organismo hospedeiro. “A relação entre ação da planta, dosificação com ação significativa e efeito tóxico deve ser muito bem investigada, para que os conhecimentos adquiridos através das pesquisas possam ser passados de maneira clara no momento da utilização prática do fitoterápico”, assevera Ana Carolina. Para ela, a realização dos testes laboratoriais é essencial no início da investigação, no sentido de estimar a possibilidade de uso de determinado fitoterápico. É muito comum uma relação não linear entre concentração e ação do extrato e acredita-se que isto ocorra em função do processo de extração do princípio ativo e produção do extrato. Muitas vezes, o efeito sobre a praga alvo é como o comportamento, irão influenciar diretamente nos resultados, provocando uma série de testes para se chegar ao ajuste final da fórmula. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma lista de espécies já investigadas, com níveis de toxicidade determinados para alguns marcadores, possibili- sido realizados em laboratório, bem como testes controlados com necropsia dos hospedeiros e também a partir de espécies de árvores e arbustos consumidos por esses animais no campo. “O consumo de forragens contendo taninos condensados pode afetar o estabelecimento, o crescimento, a persistência e a fecundidade dos nematóides Foto: Divulgação Lote de animais da Unidade da Embrapa de São Carlos provocado por vários constituintes do extrato e a união dos mesmos potencializa o efeito. A validação da eficiência ocorre realmente nos experimentos a campo, onde os fatores ambientais, tais como temperatura, umidade e pluviosidade, além de fatores inerentes ao hospedeiro, tando registro simplificado dos fitoterápicos para ações terapêuticas específicas em humanos. O neem (ou nim) (Azadirachta indica) é uma árvore indiana à qual se atribui atividade antiparasitária direta e indireta. Levantamentos do efeito anti-helmíntico de plantas ricas em taninos têm gastrintestinais no hospedeiro. Os taninos são uma classe de metabólitos secudários de plantas e são classificados em taninos condensados e hidrolisados. Os estudos em relação à sua ação não são conclusivos, pois não se determinou se a redução no estabelecimento da infecção O que é o Método Famacha? O método Famacha é utilizado como estratégia auxiliar no controle do parasita Haemonchus contortus em ovinos e caprinos no Brasil. A principal característica deste método é a identificação de animais resistentes e resilientes no rebanho, sendo possível a seleção de animais que não necessitam receber tratamento antiparasitário. Os animais anêmicos são identificados por meio da observação da mucosa ocular dos animais em comparação ao Cartão Famacha. Além do acompanhamento clínico, foram de- terminados valores de hematócrito e ovos por grama de fezes (OPG). Ao término do experimento, foi determinada uma considerável redução (75,6%) na utilização de medicação antiparasitária nos ovinos, quando comparado com o controle profilático de tratamento do rebanho todo em intervalos de 30 dias dos anos anteriores. O método Famacha pode ser utilizado no Brasil com o objetivo de racionalizar o uso dos compostos antiparasitários, preservando sua eficácia por períodos prolongados. • se deve a um efeito direto dos taninos nos parasitas ou ao aumento da resposta imune associada à maior disponibilidade de proteínas pós-ruminal”, examina a Dra. Ana Carolina. Extratos vegetais Na maioria das vezes, os resultados de elevada eficácia verificados em estudos em laboratório não se repetem na avaliação da mesma planta a campo. Estudos relatam dificuldades encontradas na administração direta de plantas para controle antihelmíntico em ovinos, tais como destruição das substâncias ativas pela flora ruminal e pH ruminal. “Ao se detectarem nos testes in vitro extratos com grande potencial anti-helmíntico, deve-se buscar soluções para elaboração de formulações adequadas à fisiologia dos animais em parceria com químicos e farmacêuticos especialistas”, alerta a técnica. A questão, conforme a pesquisadora, é realmente complexa. A variabilidade dos princípios ativos presentes no extrato de cada espécie é um dos maiores problemas nessa linha de pesquisa. As condições climáticas, tipo de solo, fase de desenvolvimento da planta, ataque de predadores e outros estresses, são os principais fatores que influenciam a quantidade de princípios ativos. “Desta forma, deve-se levar em consideração nessa área de pesquisa que as condições de coleta, estabilização e estocagem influenciam na qualidade e no valor terapêutico do material vegetal. A domesticação, produção biotecnológica e melhoramento genético de plantas medicinais são processos hoje disponíveis e ainda sub-utilizados para a produção de matérias-primas de maior qualidade, e mais uniformes com relação à constância dos componentes e das propriedades terapêuticas”, diz a pesquisadora. Para ela, somente o controle de qualidade realizado por técnicas analíticas, possibilitará no futuro a produção em escala industrial de fitoterápicos de espécies de plantas bem conhecidas com relação ao seu potencial antiparasitário. • out-nov/09 16 Mercado Fibras naturais, a nova tendência O mercado consumidor, especialmente o europeu, dá mostras consistentes de que o momento é privilegiar os produtos naturais. Um exemplo disso ficou manifesto durante a inauguração da Lanatur 2009, realizada na sede do Observatório de Sustentabilidade em Pastrana, Guadalajara, quando a ministra do Meio Ambiente, Meio Rural e Marinho da Espanha, Elena Espinosa, fez uma solicitação ao setor para assumir um compromisso com a lã. A partir do tema Sustentabilidade está na Moda, a ministra destacou o papel social do ovino e o seu benefício para o meio ambiente. “A lã é uma fibra natural com uma linhagem ecológica e é tanto sustentável como biodegradável”, afirmou. Ela disse ainda que aposta na fibra natural, pois esta requer menos energia na sua produção, em comparação ao de fibra artificial. Esta proposta é apenas o início de uma nova estratégia para que a produção de lã seja global, integradora e sustentável. E, nesta mesma direção, o presidente da Fecolã, Álvaro Lima da Silva, diz que o momento para os negócios ligados ao produto mostrase favorável. “Além do aspecto Foto: Seagri-RS/Divulgação ou do pelo bovino. O projeto busca agregar valor à lã, uma fibra natural composta dessa proteína chamada queratina. Ao tratar essa proteína mediante reação com ácidos se obtém o hidrolisado. A qualidade da lã depende fortemente da finura da fibra, de forma que existem lãs de baixa qualidade difíceis de se colocar no mercado. Essas podem ser utilizadas para a produção de hidrolisado de queratina. Atualmente, a população ovina mundial é estimada em 1,2 bilhões de cabeças. A lã representa 18% do vestuário do mundo, re- sultando de 1,6 milhões de toneladas de tops de lã, sendo 40% da Austrália, 30% África do Sul e Nova Zelândia e 30% de outros países. No Brasil, conforme o presidente da Fecolã, o rebanho estimado é de um pouco mais de 14 milhões de cabeças, sendo que destas, quatro milhões se destinam exclusivamente à produção de lã. “A safra a partir de 2007 tem-se mantido em patamares constantes, ou seja, em torno de 12 mil toneladas, o que vai se confirmar provavelmente para a safra atual”, informou Lima da Silva. Foto: Divulgação Produtos apresentados na Expointer 2009 valorizam vestuário ecológico que, de fato, é uma tendência e que vai favorecer o consumo do produto, atualmente, a lã passou a ser também uma exigência básica no tema da segurança”, informa. Este tema a que se refere Silva, diz respeito às novas exigências para as companhias aéreas em confeccionar os forros dos assentos com a utilização de grande quantidade de lã. Do mesmo modo, a segurança em prédios comerciais e residenFoto: Horst Knak/Agência Ciranda Artesanato, outra vertente que utiliza as fibras naturais ciais seria muito maior caso os carpetes e cortinas fossem confeccionadas com lã, isso porque pesquisas mostram que o fogo se propaga pelos carpetes e, por andares, as chamas se espalham pelas cortinas. ”A tendência para as empresas construtoras é investir cada vez mais nesta fibra que é um material anti-chamas, a lã na propaga o fogo”, explica. Lã líquida O Instituto Nacional de Tecnologia Industrial da Argentina (INTI) desenvolveu um sistema para produzir um valioso produto industrial a partir de dejetos de tosquia. Trata-se da obtenção de hidrolisado de queratina (ou lã líquida) empregado em cosmética (em tratamentos capilares), na indústria têxtil, na fabricação de polímeros e papel e na produção de biomateriais. O produto obtido nos laboratórios do INTI, com a participação de suas unidades de química e têxtil, foi comparado com os produtos presentes no mercado provenientes do casco Lã bruta beneficiada no Brasil é exportada a vários países 2009 - Ano das Fibras Naturais A Assembléia Geral das Nações Unidas decidiu proclamar o ano de 2009 como o Ano Internacional das Fibras Naturais, conforme resolução 61/189. A produção de uma grande diversidade de fibras naturais produzidas em muitos países tornou-se fonte de renda importante para muitos produtores, que, assim, possuem um papel importante na provisão de segurança alimentar, na erradicação da pobreza e na contribuição para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. A resolução convida a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a coordenar o Ano em colaboração com Estados, organizações regionais, internacionais e não-governamentais, setor privado e agências do Sistema das Nações Unidas. Os objetivos do Ano Internacional das Fibras Naturais são: sensibilizar e estimular a procura de fibras naturais; encorajar respostas políticas adequadas por parte dos governos para os problemas enfrentados pelas indústrias de fibras naturais; promover uma efetiva e duradoura parceria internacional entre as diversas indústrias de fibras naturais e promover a eficiência e sustentabilidade das indústrias de fibras naturais. •
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