ago 2009 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino

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ago 2009 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
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ago/set/09
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ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE
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N
Unir para crescer
o início do mês de julho
uma notícia mereceu
destaque na imprensa
especializada no agronegócio.
Diretores-responsáveis pelas Organizações Estaduais de Pesquisa
Agropecuária (Oepas) e pesquisadores da Embrapa, liderados
pela unidade de Caprinos e Ovinos, reuniram-se para trocar experiências e informações em prol do desenvolvimento
de tecnologias para um dos segmentos mais importantes do
Nordeste brasileiro; a ovinocultura. Segundo esta notícia
a reunião serviria para que houvesse a interação, detalhamento e mapeamento das competências das Oepas e da Embrapa e construírem uma agenda de projetos prioritários e
ações de transferência de tecnologia focadas para o Nordeste visando otimizar recursos, tempo e ter mais agilidade
na obtenção e aplicação dos resultados.
E porque este fato merece destaque? Porque promove a
união de instituições de pesquisas para a troca de experiências acumuladas durante muitos anos de trabalho. Já dissemos em outra oportunidade que já era hora deste setor se
unir, junto a todos os outros operadores do setor, para fazer
um levantamento de tudo o que já foi pesquisado e experimentado em prol do desenvolvimento da ovinocultura. E de
posse do resultado deste levantamento, ver aquelas que podem ser postas em prática imediatamente e as que precisam
de mais tempo, mas que com certeza, trarão importantes
benefícios para o agronegócio da ovinocultura.
Destacamos com isto a importância que os pesquisadores têm no desenvolvimento de novas tecnologias. E chamamos a atenção também para o fato de que muitas destas
Associado
Editorial
pesquisas não chegam ao conhecimento dos produtores
porque na maioria dos estados, a estrutura de extensão
rural – que são os divulgadores da aplicação destas tecnologias – estão desmontadas, quebrando com o processo de
difusão das mesmas, no campo.
Temos no Brasil um número bastante expressivo de organismos que estão a todo o momento, realizando pesquisas. O processo de formação de mestres e doutores leva
à elaboração e execução de projetos de pesquisas cujos
resultados nem sempre se tornam públicos para a maioria
dos produtores envolvidos na atividade. E, muitas vezes,
elas podem ser feitas sobre temas próximos com resultados
semelhantes, e por questões de distância geográficas, não
há trocas de informações entre os pesquisadores para estudarem formas de levarem ao campo os resultados deste trabalho. E não é difícil imaginar que este fato deve acontecer
em várias partes do País.
Por isto acreditamos que esta iniciativa é extremamente
positiva e deve servir de modelo para a formação de outras
redes, porque quanto mais troca houver entre as instituições de pesquisas com o objetivo de encontrarem pontos
em comum em seus trabalhos, melhor poderão ser os resultados alcançados e, por conseqüência, melhores serão as
tecnologias desenvolvidas. Ao final de todo este processo,
mais ganhos poderão ter aqueles produtores que aplicarem
em suas propriedades, estas tecnologias. E, numa visão
macro, todos sairemos ganhando porque conseguimos que
os elos de uma cadeia, se unissem e trouxessem efetivos
resultados para a ovinocultura. Portanto, que se formem
mais redes de entidades de pesquisas! Bem vindo sejam, e
parabéns por esta inovadora idéia!
Paulo Schwab - Presidente da ARCO
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Carne
Marfrig desenvolve programa de produção de cordeiros
O
Projeto pretende conquistar criadores para um sistema de integração
Grupo Marfrig é um dos
maiores fornecedores
de carne congelada de
cordeiro no mercado nacional, a
partir de importações do Uruguai,
Chile, Argentina e Nova Zelândia, em um volume que chega a 5
mil toneladas por ano. Em 2008,
o grupo abateu cerca de 320 mil
animais a partir de suas unidades
na América do Sul, volume que
em 2009. Com a idéia de mudar
um pouco este cenário, e investir
numa produção nacional, o frigorífico inaugurou em abril, sua 1°
Unidade de Abates de Cordeiros
em Promissão (SP), interior paulista, com capacidade inicial para
abate e processamento de 1.000
animais/dia. Segundo o diretor de marketing
da empresa, Sergio Mobaier, com a
empresa atuando no segmento de
cordeiros no Brasil, passa também a
fornecer o produto resfriado, produzido no País. “O interesse por carne
ovina está crescendo e sentimos
isto via procura pelos supermercados e outros estabelecimentos que
atendemos. Talvez não cresça mais
porque ainda não se conseguiu uma
padronização de carcaça. Algo que
faz parte dos nossos objetivos”, assinala.
Para o criador de ovinos e coordenador do Projeto Cordeiros do
Marfrig, Fernando Gottardi, o processo de padronização passa pelo
uso de uma genética que proporcione uma seleção com este objetivo.
“Estamos trazendo para o Brasil
raças como a Highlander, que transmitem aos seus descendentes excelentes características na produção
de carne”, completa Gottardi.
O coordenador explica que o
projeto vai envolver criadores de
vários estados, interessados em
participarem deste programa que
o Marfrig está iniciando. Ele diz
Fotos: Divulgação
Sérgio
Mobaier,
diretor
de marketing
do Marfrig
que os que se inscreverem terão
incentivos financeiros na hora da
compra do produto, assistência
técnica no campo entre outras
ações de suporte. Usar a genética indicada pelo projeto é uma
condição do contrato. “São raças
compostas que já comprovaram
sua eficiência de produtividade no
campo e, com certeza, trarão os
resultados que esperamos”, afirma.
Como criador ele diz acreditar muito nas perspectivas para
o setor, uma vez que cresce o
interesse por consumo da carne
ovina. Entretanto comenta que o
momento está exigindo mudança de comportamento dentro da
porteira. Para ele é preciso que o
produtor se preocupe mais com
a produtividade, que passe a utilizar animais comprovadamente
melhoradores, nos rebanhos gerais para “aprimorar os resultados
de produção de carne por hectare
nas fazendas”. O programa tem
a meta de conseguir 4 milhões de
ventres em produção em todo o
país. Marcos Molina, presidente
do Grupo Marfrig, ressalta que a
ovinocultura é uma atividade em
potencial com grandes perspectivas e possibilidades de expansão,
uma vez que a oferta da carne de
cordeiros no Brasil não atende
nem mesmo a ainda baixa demanda atual. “Inicialmente, nossa
estratégia prevê acionar de forma
equivalente o mercado de food
service e grandes redes varejistas,
destinando 50% da produção para
cada segmento”, informa Molina.
Ele complementa dizendo que
são dezesseis tipos de cortes especiais, todos oferecidos em embalagens práticas, o que facilita o
preparo. Entre os principais cortes
estão: paleta com osso, paleta sem
osso, pernil, seis tipos diferentes
de costela (ex: oito tiras, costela
ripa) e frenched rack (equivalente
à ponta do contrafilé com osso bovino), entre outros. •
Varejo tem forte interesse na carne ovina
Supermercadistas, consumidores finais
e canais de food service são os mercados
que o Marfrig busca conquistar para a carne
ovina, informa o diretor de varejo, Antonio
Sobrinho de Almeida Souza, mais conhecido como Toninho. Utilizando sua rede de
consultores de vendas da carne bovina, vem
trabalhando para mostrar este novo produto
com a marca Bassi. O retorno obtido com
este movimento e que não é resultado somente por causa da ação do frigorífico, demonstra que há interesse em disponibilizar
aos consumidores esta carne. Um dos grandes conhecedores do mercado de carne porque foi confinador de gado, Silvio Lazzarini, possui hoje dois restaurantes em São
Paulo, o Varanda e o Magistrale. Para eles,
compra cerca de 300 kg de carne de cordeiro por mês de cortes como paleta, pernil e
carré. Segundo Silvio o consumo tem crescido nos seus restaurantes e ele acredita que
se houvesse mais divulgação sobre a carne
ovina, o interesse iria aumentar sem dúvida
alguma. “Eu vejo potencial tanto em restaurantes da alta gastronomia quanto os mais
Toninho, do Marfrig
José Antônio, do Lavapés
populares. Só é preciso descobrir o que cada
um quer consumir, qual o corte se deve destinar para cada mercado”, assinala.
José Antonio Schiabel Jr, é gerente de
compras da rede de supermercados Lavapés, de Mogi Mirim, interior de São Paulo.
Conforme diz são seis lojas na cidade e em
todas tem colocado carne ovina. Em média
800 a mil quilos mês de pernil ou T-Bone
para um público que quer fazer churrasco
ou em panela, ensopado. Schiabel diz que o
consumo é forte e que se houver um trabalho de marketing, promovendo degustações,
colocações de receitas, vai haver aumento
de demanda. Já o Chef Magrini Gerson, do
restaurante Gran Felicita Buffet, diz que
consome cerca de 150 kg de carne ovina
Chef Magrini Gerson
por mês. Para ele é preciso que seja melhor
trabalhado junto aos restaurantes a parte
de divulgação. Promover as qualidades da
carne, as formas de cortes possíveis que segundo ele podem chegar a 28 tipos, e ainda
a busca por uma padronização de carcaça.
“As vezes fica difícil produzir um prato se
em cada animal o tamanho é diferente”, salienta. Outro item que ele ressalta é encontrar formas de reduzir o custo do produto
aos restaurantes e food services, pois assim,
conseguem reduzir o preço ao consumidor
final. “É uma carne saborosa com grande
potencial de mercado. É preciso trabalhar
o marketing, assim com o pessoal da suinocultura está fazendo, por exemplo”, finaliza
Magrini. •
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Mercado
Lã gera vários tipos de negócios
A carne tão saborosa que faz parte dos cardápios
mais requintados e o confortável pelego usado na montaria ou para os dias frios. Essas são as qualidades mais
conhecidas e que vêm de imediato à mente das pessoas
quando se falam de ovinos. A lista de produtos derivados
a partir deste animal, no entanto, é bem maior e quando
são pesquisadas suas aplicações se encontra um vasto
campo na indústria. É possível se deparar com o uso
farmacêutico da lanolina, por exemplo, ou então descobrir que aquele chapéu de feltro, guardado no armário,
o tapete e a pantufa são de lã pura. Neste momento é
possível visualizar a importância deste animal para a
vida das pessoas e para a economia. Mas será que o
produtor rural está ciente disto e está buscando aumentar o seu lucro? O uso do cordeiro é muito maior do que
se imagina.
Nicolau Balaszow
A
pós o período do renascimento, os pós de arroz
e de talco tornaram-se
a grande sensação para manter a
pele jovem e com a extrema palidez que compunha o protótipo
de beleza da época. Óleos extraídos da lã dos ovinos (lanolina) da
Ática, a sudoeste da Grécia, eram
muito utilizados para suavizar o
rosto das damas. Mas, antes mesmo deste período já se ouvia falar
deste produto, que é uma cera natural extraída da lã dos ovinos, após
a sua tosa e que apresenta propriedades biológicas exclusivas para
o cuidado da pele. “O óleo de lãs,
igualmente referido como ‘graxa
lãs’ e de ‘gordura lãs’, cria como
uma substância original, similar
à cera, segregada das glândulas
especiais na pele destes animais”,
explica a farmacêutica Alessandra
Schirmer. Esta substância migra à
lã e oferece a proteção natural ao
animal contra o tempo áspero e às
circunstâncias climáticas. A lanolina é um produto natural obtido
a partir da cera de lã bruta gerada
pelos beneficiadores têxteis como
um subproduto. Durante o beneficiamento, a lã é lavada com uma
mistura de sabões e detergentes.
Normalmente, pode-se obter entre
10 e 15% de gordura de lã neste
tipo de processo.
A lanolina é utilizada nas áreas
farmacêutica, cosmética e industrial devido aos inúmeros benefícios que oferece, e está presente
em cremes, pomadas, ungüentos,
batons, sabonetes, xampus, condicionadores, protetores solares
e produtos de maquiagem e amaciantes de roupas. Como suavizante, seu principal diferencial
é, sem dúvida, a capacidade de
absorver água. Outras propriedades que agregam valor a esta
A lanolina tem inúmeras aplicações na área farmacéutica
Fotos: Divulgação
Carlos Leal, presidente da Tejupá
A lã é produto exclusivamente oriundo de ovinos
matéria-prima são: a penetração
nas camadas mais externas da
pele e seus efeitos comprovados
na hidratação. Também vem sendo indicado com sucesso em assaduras de bebês, cicatrização de
pequenas cirurgias, escaras, feridas em diabéticos, entre outros.
“É importante destacar que as
propriedades farmacológicas da
lanolina trazem benefícios para as
mães em seu período de amamentação. A indicação médica para o
uso do produto, em casos de fissuras ou rachaduras dos mamilos,
vem representando um alívio para
a lactante”, orienta a Alessandra.
Conforme a farmacêutica da área
de Pesquisa e Desenvolvimento,
Andréa Dantas, muitos ácidos
graxos e derivados têm sua origem
nas gorduras animais. “Outros insumos como ácido hialurônico,
alantoína, algumas vitaminas, colágeno, elastina, glicerina e queratina também podem ser obtidos a
partir de fonte animal”, informa a
pesquisadora.
Lã é lei
Ainda que seja comum usar o
termo lã para qualquer fio, a legislação (Resolução nº 6 de 19/12/05,
do Conmetro), diz que lã é apenas
o fio oriundo de ovinos. Ciente
disso, a Cooperativa de Lã Tejupá
Ltda., situada na cidade gaúcha de
São Gabriel, é outro exemplo de
com o selo de ISO TCHÊ, que
atesta a qualidade de seus produtos e a identifica com a cultura
gaúcha. “Temos os pés fincados
no sul, pois a nossa principal
matéria prima, que é a lã, é originária do Rio Grande do Sul”,
conta Ângelo Siracusa, diretor
da empresa. A empresa produz
elementos filtrantes, feltros em
mantas, feltros em rolos e artefatos em feltro. Um de seus
principais produtos são os discos de polimento, feitos com a
utilização dos melhores fios e
que são utilizados em diversos
ramos da indústria metalúrgica
para polimento de metais não
ferrosos, ferro, alumínio, aço,
vidros, espelhos, cristais, mármores, granitos e cerâmicas,
com grande desempenho e durabilidade. Mas, o que torna a
Pralana conhecida no mercado
é a confecção de seus chapéus,
presentes em todas as feiras do
Brasil e exterior. •
que com organização o setor pode
se desenvolver ainda mais. Ela realiza a comercialização de lãs com
abrangência de 80 municípios, inclusive fora do estado, possuindo
um quadro próximo de 5 mil associados. Segundo informa o seu
presidente, Carlos Cleber Dias
Leal, no período de safra 2006/07
a Cooperativa comercializou 2
milhões de quilos, o que representa 25% do que todo o estado produz, sendo a maior quantidade de
quilos negociados em uma única
safra, em toda a sua história. Cabe
ressaltar que 90% da lã
Foto: Luiz Ávila
produzida no Brasil é
exportada.
Pós beneficiamento
A lã é lavada e penteada e, após a sua classificação, está pronta
para ser repassada para
as empresas. Começa,
então, uma nova etapa
nos negócios deste fio
nobre. O resultado são
chapéus, ponchos, cobertores, feltros industriais, entre outros. E o
melhor exemplo disso
é a empresa Pralana
Indústria e Comércio
Ltda., localizada na
cidade paulista de Limeira e que recentemente foi premiada Chapéu: um dos principais produtos da Pralana
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Carne
Confinamento: tecnologia que precisa de planejamento
V
ista como uma possibilidade de obter ganhos mais
rápidos tanto de peso quanto
financeiro, esta técnica pode ser utilizada como um recurso dentro do
processo de produção de cordeiros,
na propriedade. Para falar deste assunto, entrevistamos a Zootecnista
Ana Carolina Prado Zara, consultora
técnica de um grupo de ovinocultores paulistas.
ARCO Jornal - Qual a vantagem de se fazer confinamento com
ovinos?
Ana Carolina Prado Zara - A
grosso modo, em um sistema de
produção intensivo, o confinamento, deve ser considerado como parte
final ou de terminação no processo
produtivo do cordeiro. A aceleração
no acabamento promove um retorno
mais rápido do investimento aplicado dentro de um empreendimento
que visa à produção de carne ovina,
e, consequentemente, exige uma
agilidade na reposição dos animais,
o que justificaria seu lucro líquido
reduzido. Pelo seu imenso potencial
de desenvolvimento, o cordeiro, requer uma intensificação no sistema,
do contrário, deixa de aproveitar
esta importante característica que
ele tem.
Com um regime de alimentação
intensiva, composta de ração e forragens que promovem um crescimento
mais rápido do animal, é possível
abater os cordeiros (com creep-feeding e confinamento) com 90 dias
enquanto que se o mantivermos somente a pasto, ele irá demorar bem
mais! O confinamento aceleraria a
venda e a reposição.Mas é importante ressaltar que só haverá vantagem
na utilização desta técnica se o sistema de produção for visto como um
todo, pois o confinamento é apenas
uma parte do processo, podendo ou
não ser suprimido.
ARCO Jornal – Qual a relação
entre benefício e custos?
Ana Carolina - Por ser uma parte
do sistema, o confinamento compõe
um custo que pode fazer a relação
benefício: custo positivo ou não. A
agilidade, portanto, do sistema compreendendo a alimentação complementar deve ser grande.
É preciso ressaltar que a terminação, que nada mais é do que a deposição de gordura na carcaça é, de
fato, cara. Calcula-se que a gordura
necessite de oito vezes mais energia
do que o músculo (NRC, 1985), o
que faz com que o maior crescimento seja feito até a desmama (crescimento muscular) e que o confinamento, que compreende a deposição
de gordura, deva ser feito em pouco
tempo para que seu benefício/custo
seja bom.
ARCO Jornal – Qual a alimentação básica de um confinamento?
Ana Carolina - Como todo ruminante sua dieta é composta de
forragem (volumoso) e ração (concentrado). O balanceamento da alimentação do cordeiro deve ser feito
por um zootecnista responsável que
consiga entender a fase que o mesmo
se encontra e conheça sua fisiologia.
O fator principal para sua nutrição
depende muito do seu peso corporal,
porém a realidade desse peso não é,
em geral, identificada por sua idade,
isso dependerá do sistema. Ou seja,
pode-se ter cordeiros de 23kg com
dois ou cinco meses. Para o ovino,
essa diferença é gritante, nutricionalmente e fisiologicamente falando.
A partir daí devem ser analisados os
alimentos que serão fornecidos, pois
tanto forragens como rações diferenciam-se por sua relação carboidrato:
proteína, e é exatamente a fisiologia
do animal que determinará uma boa
composição.
Muitos técnicos fazem a dieta
do cordeiro durante o confinamento com 100% de concentrado. Essa
dieta deve ser formulada, principalmente, por um zootecnista responsável, pois a fisiologia do animal de
acordo com sua idade, muitas vezes
não suporta essa condição causando
distúrbios metabólicos como acidose e laminite, além do desperdício
de ração pelo mau aproveitamento
do animal, excretando-as nas fezes.
Desse modo, a combinação forragem + ração é perfeita, e é a ração
a parte a ser controlada, pois o fornecimento à vontade desse alimento
também gerará distúrbios.
ARCO Jornal – Podem ser utilizados subprodutos na composi-
Foto: Divulgação
Ana Carolina Prado Zara, consultora técnica em São Paulo
ção alimentar?
Ana Carolina - Sim, como um
ruminante, o cordeiro come e se
desenvolve bem com a utilização
de subprodutos na ração de confinamento. Baratear o preço do alimento
para cordeiros ainda na fase de aleitamento não é aconselhado por sua
alta taxa de fibra e que o cordeiro,
ainda muito novo e não transformado em ruminante, não consegue
aproveitar.
Deve-se lembrar o fato de que
por serem subprodutos devem ser
adicionados para diminuir o preço
do quilo da ração, e não usados como
alimentos principais. A combinação
de aminoácidos dos produtos como
milho, farelo de soja, farelo de trigo,
farelo de algodão, dentre outros, são
muitíssimo ricos, mas podem e devem ser complementados com subprodutos.
ARCO Jornal - Quantos animais podem ser colocados em confinamento e a partir de que idade?
Ana Carolina - Normalmente
calcula-se 0,5m² por cordeiro. É preciso entender que quanto mais velho
o animal maior é sua conversão alimentar. Entende-se por conversão
alimentar a relação da quantidade
alimento ingerido dividido pelo seu
ganho de peso. Quanto mais velho o
animal menos peso ele ganha e mais
ele come, assim, a relação é inversamente proporcional o que a torna
desvantajosa. Dessa forma, quanto
mais jovem e mais pesado o animal
melhor a época de colocá-lo no con-
finamento considerando sua desmama feita normalmente aos 60 dias.
ARCO Jornal - Existem regiões
propícias para se implantar um
confinamento?
Ana Carolina - Não, o que existe
de fator limitante ao confinamento
é o preço pago pelo quilo do peso
vivo ou de carcaça, limitando ao sistema um manejo mais intensificado.
Por exemplo, atualmente, pelo valor
pago aos produtores do Rio Grande
do Sul, não é compensatório colocálos em confinamento. Acredito que
um valor próximo a R$ 4,00 começa
a valer a pena.
ARCO Jornal - Quanto tempo
pode ficar em confinamento?
Ana Carolina - O tempo de confinamento dependerá de seu peso à
desmama. Quanto maior o animal
mais harmoniosa é sua ingestão na
relação carboidrato:proteína, o que
fará com que sua permanência no
confinamento seja menor.
O desmame de um animal com
baixo peso implica em uma recria
do mesmo em confinamento. Podese dizer que dentro de um sistema
intensivo e considerando uma boa
genética de animais para corte, na
raça lanada ou no cruzamento industrial, o cordeiro ganhe de 300
a 400 gramas por dia. Já o animal
desmamado mais leve, por sua baixa
capacidade de ingestão, ganhará no
máximo 250g/dia. Essa diferença de
ganho é de mais de ½ kg por semana.
Desse modo, cordeiros mais pesados
normalmente passam 30 dias confi-
nados e cordeiros mais leves, no mínimo, um mês e meio, considerando
um mesmo tempo de desmama aos
60 dias.
ARCO Jornal - Como fica o
controle sanitário com tantos animais em um só lugar?
Ana Carolina - A estrutura, quando projetada para facilitar o manejo,
a limpeza se torna mais fácil. De
qualquer forma, alguns utilizam a
cama (palha de arroz, maravalha,
etc.) para diminuir a umidade do
ambiente, a mesma dura por aproximadamente 15 dias. Na supressão
da cama é indicado que se utilize
estrutura sem piso cimentado onde o
chão batido drena a urina dos cordeiros. Aconselha-se que a limpeza seja
feita, no caso do chão batido, duas
vezes por semana e no caso do piso
cimentado diariamente. Naturalmente que essa limpeza também dependerá da lotação do galpão, podendo
aumentar a freqüência.
No período de confinamento pode-se fazer aplicações de cal virgem
ou até mesmo de vassoura de fogo
para secar e esterilizar o ambiente,
prevenindo doenças comumente encontradas em animais em ambiente
fechado. No esvaziamento do confinamento, dependendo de sua lotação, pode-se aplicar também amônia
quaternária.
ARCO Jornal - Como se prepara a estrutura para tal, galpões?
Qual o investimento?
Ana Carolina - Uma construção
para confinamento deve ter sempre
como perspectiva o rebanho futuro,
de maneira que o crescimento do
plantel não inviabilize a estrutura
que em sua maioria é bastante cara.
Alguns pontos como facilidade do
manejo devem ser priorizados. A entrada de máquinas para limpeza da
estrutura assim como a posição dos
cochos podendo ser melhor aproveitado para ambos os lados aumentando o número de cordeiro/metro do
cocho, a melhora da ventilação, a
disponibilidade de água, etc. são de
suma importância antes mesmo de
pensar em seu custo. Isso porque, a
estrutura pode ser feita desde alvenaria até canos de PVC, mais uma vez
o que importa é sua funcionalidade.•
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ago/set/09
Reportagem
Santa Catarina: ordenhando lucros
Ainda que em escala reduzida, a ovinocultura de
Santa Catarina está vivendo um novo momento, com o
ingresso de raças com aptidão leiteira e o investimento de uma empresa de lacticínios em novos produtos,
como o queijo pecorino – típico da Itália. Duas raças
leiteiras – com destaque para a Lacaune - dividem espaço em pequenas propriedades voltadas para a produção
de leite. A vocação para este setor está enraizada entre
os pecuaristas da região, que criam gado bovino de leite
há muitas décadas.
Horst Knak
A
região do oeste catarinense produz três milhões
de litros de leite bovino
por dia, sendo conhecida como a
maior bacia leiteira de Santa Catarina. Esta nova atividade é, portanto, uma ampliação dos horizontes
comerciais, com a perspectiva de
produção de alimentos alternativos. Até pouco tempo, a criação de
ovinos tinha dois objetivos únicos:
exploração de lã e, especialmente,
o aproveitamento da carne para
churrasco. Com a expansão do
mercado leiteiro ovino, a criação
artesanal da ovelha passou a ser
resgatada na região.
Nos últimos seis anos, a atividade da ovinocultura de leite
ganhou impulso graças também
ao apoio do governo estadual. “O
governador Luiz Henrique considerou a atividade interessante para
pequenos produtores do oeste catarinense, abriu as possibilidades de
importação de matrizes e carneiros, determinou a criação de uma
estação de pesquisas (a Epagri, em
Lajes, na região serrana) e apoiou
visitas de integração ao Chile,
Nova Zelândia, Uruguai, entre outros centros criadores de ovinos”,
enumera o pesquisador da Epagri
em Lages, SC, e técnico da ARCO,
Volney Silveira de Avila. “Vimos
que no Chile a indústria controla
a produção e o Uruguai trabalha
com queijos artesanais, seguindo
sua vocação, e a Nova Zelândia
privilegia os grandes rebanhos,
graças às extensões de seus campos. Aqui teria que ser diferente”,
resume Volney.
O sistema atual, confirma o técnico em Agropecuária e coordenador do programa de leite ovino da
Cedrense, Clóvis Lenzi, envolve a
compra de toda a produção de leite
ovino da região para a elaboração
de queijos, na unidade da empresa no município de Anchieta. E o
queijo escolhido é o Pecorino, originário da Itália, uma escolha que
passou pelo presidente da Cedrense, Acari Menestrina, durante viagens à Europa. É uma alternativa
de renda que mantém o produtor
no campo e permite a formatação
de uma nova atividade agroindustrial. O objetivo da Cedrense
é a substituição da importação de
queijos finos (a empresa produz
mais de 60 tipos comercializados
especialmente na Região Sul), destinados a um mercado consumidor
de 27 milhões de brasileiros.
A formação dos rebanhos também conta com apoio da Cedrense
e empresários do oeste de Santa
Catarina, interessados na atividade, que passaram a adquirir reprodutores e matrizes das raças
Lacaune e Milchschaf oriundas do
Rio Grande do Sul e do Uruguai.
Além de raças puras, também o
Rebanho leiteiro de Erico Tormen, em Chapecó
Fotos: Divulgação
Rebanho ovino no oeste catarinense está crescendo graças aos investimentos no leite
cruzamento absorvente de carneiros especializados para leite em
cruzamento com fêmeas de raças
especializadas para carne (Texel,
Ile de France, Hampshire) e mistas
como a Bergamácia.
Uma das iniciativas mais marcantes foi a importação, no final
de 2008, de 100 matrizes e 20
reprodutores Milchschaf do Uruguai, com o objetivo de incorporar
genética leiteira via cruzamentos
absorventes. O Milchschaf (ovelha de leite, na tradução literal) é
uma raça alemã vocacionada para
a produção leiteira. “O objetivo
comum de produtores, da indústria
(no caso a Cedrense), do governo e
dos técnicos é trabalhar com cruzamentos absorventes para a criação
de um rebanho leiteiro no estado”,
diz Volney de Avila. Além do Milchschaf, o Lacaune já possui um
cabanhas difusoras de genética na
região.
A Cedrense contou com a experiência de queijeiros franceses e
italianos, como Luciano Magnioni, para fabricação de um produto
diferenciado. Foi a solução para
introduzir no mercado a experiência no fabrico de queijos de leite
ovino, atividade totalmente desconhecida no Estado. Consolidando
a formação do núcleo leiteiro, foi
formada em São Miguel do Oeste
a Associação Catarinense de Produtores de Leite Ovino, para organizar cursos, fomentar e divulgar a
atividade.
Somada a gestação de 150 dias
ao período de lactação de outros
Volney de Avila
150 dias, é possível obter 300 kg
de leite/lactação/ano. Com a sincronização dos cios, obtêm-se três
partos a cada dois anos, com ganhos tremendos. O preço do leite
está fixado em R$ 2,00/litro, quatro vezes mais que o leite de vaca.
O borrego macho de descarte está
pronto para o abate em quatro meses. Com estas duas fontes de renda, o produtor ganha uma nova e
rentável atividade, sem a necessidade de grandes alterações na logística e na atividade agropecuária
como um todo. Na verdade, estará
Todo o leite é utilizado na produção de queijo fino
agregando valor à atividade rural.
Os criadores Paulo Gregianin
e Erico Tormen decidiram apostar alto. Em sua Cabanha Chapecó, em Linha Tormen, Erico Tormen formou um rebanho baseado
no melhoramento genético. Em
2008, adquiriu 30 animais Lacaune, de forte aptidão leiteira. São
animais com produção de 2,5 e
3,5 litros por dia em uma lactação
que dura entre 120 e 150 dias. Segundo Tormen, até 2010 a meta
é de 750 animais em lactação em
três lotes e obter com isso uma
produção de 500 litros de leite
ovino ao dia, com perspectiva de
faturamento de R$ 1.000,00/dia.
De cada 5,5 litros de leite de ovelhas é possível produzir um quilo
de queijo, proporção que se eleva
para 10 litros/kg de queijo no caso
de vacas. Outra vantagem é que
a alimentação de uma vaca serve
para atender entre 8 e 10 ovelhas.
A Cabanha Chapecó instalou um
sistema de ordenha automática
com equipamento italiano, único
em Santa Catarina, com investimento estimado em R$ 300 mil,
impulsionado Pela alta valorização
dos animais. “Um macho chega
custar entre R$ 7 mil e R$ 10 mil, e
>>
Produção diária das ovelhas supera os 2,5 litros
7
ago/set/09
Cordeiros cruza para abate
uma fêmea, até R$ 1.500”, explica
Tormen. Por meio de cruzamentos,
Gregianin e Tormen estão obtendo cordeiros precoces, específicos
para a exploração da carne. Juntos,
os dois agropecuaristas têm um
rebanho de mil ovelhas, das quais
550 são matrizes de diversas raças,
incluindo as famosas Texel e Ile de
France.
O técnico da Cedrense, Clóvis
Lenzi, esclarece que o projeto é
aberto a produtores do Oeste Catarinense. “Queremos formar uma
verdadeira cadeia produtiva, adquirindo leite ovino nos mesmos
moldes do leite bovino”, simplifica. Na verdade, todo produtor de
leite convencional possui conhecimentos de ordenha, já investiu
em equipamentos de resfriamento
e conservação do produto e precisa
ser educado apenas para a criação
da ovelha leiteira. Sendo igual-
mente animais dóceis
como a vaca de leite,
as ovelhas das raças
Milchschaf e Lacaune vão facilitar muito
este processo.
Para atingir mais
rapidamente as metas
para viabilização de
uma linha regular de
coleta de leite ovino, a
Cedrense – em parceria com o Senar, Sebrae e governo
estadual (via estação de pesquisas
da Epagri e linhas de crédito pra
aquisição de matrizes e reprodutores leiteiros) contribuiu com o
treinamento para uso da tecnologia
de sincronização de cio, produção
de alimentos, estabelecimento de
piquetes racionais, administração
rural, controle de qualidade do leite. “Tudo ficou mais fácil devido à
experiência anterior dos criadores,
descendentes de alemães, italianos
e poloneses, que na verdade tem
o leite no sangue”, destaca Clóvis
Lenzi.
O sistema de coleta funciona de
forma semelhante ao do leite bovino. O produtor realiza a ordenha
utilizando teteiras e ordenhadeiras
normalmente importadas – hoje
não há equipamentos de ordenha
nacionais para pequenos animais -,
faz o resfriamento e aguarda pela
coleta, que é realizada a cada
48 horas. Até 40 animais, ainda
é possível fazer a ordenha manual, mas segundo Clóvis Lenzi
todos os produtores integrados à
Cedrense possuem ordenha me-
cânica.
Atualmente, o leite é coletado
junto a 20 famílias produtoras
nos municípios, entre outros, de
Guarujá do Sul, São José do Cedro, São Miguel do Oeste, Cha-
pecó e Anchieta, sede da planta
processadora de leite da Cedrense. A carne dos cordeiros, desmamados aos três dias e engordados
até os 120 dias, é processada no
frigorífico de Chapecó. •
Características do leite ovino
O leite de ovelha apresenta 5,60 % de proteína, representando 58% a mais do que os 3,25 do
leite de vaca. Esse elevado teor de sólidos proporciona um ótimo rendimento na elaboração
de queijos. Além disso, as proteínas do leite são
consideradas proteínas de alto valor biológico
(PAVB), ou seja, possuem aminoácidos essenciais
e devem ser fornecidas através da alimentação.
As formas protéicas encontradas no soro
de leite são facilmente digestíveis, e o
Leite de Ovelha é mais rico nestas
proteínas que o leite de vaca ou de
cabra, tornando-se de mais fácil
digestão. Contêm várias destas
substâncias essenciais, que são:
Vitamina A, B1, B2, B12, Biotina
e Vitamina C, esta com um teor de
150% a mais que a Biotina.
O mesmo leite apresenta quantidades
maiores de gordura, no entanto, os glóbulos são
menores. Contém 75% mais cálcio do que o leite de vaca, acrescido de minerais como potássio,
manganês, sódio, cobre, zinco e fósforo. O teor
elevado de cálcio contribui significativamente na
prevenção de doenças, com destaque para a os-
teoporose.
Os queijos mais conhecidos são o Pecorino –
produzido na Itália, o Roquefort, da mesma região
francesa, e o Feta, um queijo suave de origem grega com no mínimo 70% de leite de ovelha e o restante de leite de cabra.
Características do Queijo Pecorino
Pecorino é o nome genérico que se dá aos
queijos feitos exclusivamente com queijo de
ovelha. De origem italiana, tem características específicas dependendo da
região e da forma como é produzido
(os diferentes tamanhos dos grânulos, o tempo de maturação, o tipo
de leite empregado e as misturas
de leite). Trata-se de um queijo com
boa capacidade de conservação. Há
o pecorino fresco, o semicurado, o
doce e o pepato (com adicão de pimenta).
À medida que o queijo fica mais curado, é usado
para ralar. As variações mais famosas são o Pecorino Romano, o Sardo e o Toscano. O queijo Pecorino Cedrense possui casca densa e granulosa e
seu interior é cremoso. O sabor salgado e picante
se acentua à medida que é curado. •
8
ago/set/09
Especial
Mato Grosso abre espaço e pasto para os ovinos
Fotos: Divulgação
Com enormes espaços e muito pasto, o estado do
Mato Grosso está rapidamente montando um dos maiores rebanhos ovinos do País. Em cinco anos, projeta o
presidente da Associação dos Criadores de Ovinos de
Mato Grosso (Ovinomat), Antônio Carlos Carvalho de
Souza, o rebanho ovino poderá superar as 5 milhões de
cabeças. Na verdade, estas estimativas baseiam-se nas
ações que a entidade, o Senar, Sebrae e dois frigoríficos
realizam por todo o Estado.
Por Horst Knak
A
progressão do rebanho é
forte, e só não é mais visível devido à enorme extensão deste estado eminentemente agropecuário – leia-se pecuária
de corte e soja. Em novembro
de 2004, o Estado tinha 275 mil
animais; em novembro de 2005,
o rebanho já era de 624 mil cabeças, no final de 2008, era estimado
em mais de 1 milhão de cabeças.
Hoje, a criação de ovinos é desenvolvida comercialmente em 23
municípios, calcula o presidente
da Ovinomat, que conta com 380
Antônio Carvalho de Souza
associados.
Apoiada pelo Sebrae e especialmente pelo Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural (Senar), a
Ovinomat tem promovido cursos,
leilões, exposições e julgamentos de animais como incentivo à
atividade e o fomento de novos
criadores. “Queremos implantar
uma ovinocultura com bases empresariais, aproveitando o clima,
pastagens de braquiária, os subprodutos da soja e as benesses do
nosso clima”, resume o consultor
em associativismo e cooperativismo do Senar, Carlos Tabareli
(Carlão).
Também superintendente estadual do Senar, Antônio Carlos
Carvalho de Souza destaca que o
grande objetivo deste programa
Núcleo de criadores de Ipiranga do
Norte, no imenso estado do MT
é organizar os produtores e mostrar que a criação de ovinos pode
correr paralelamente à pecuária
de corte. Nos assentamentos mais
recentes, os ovinos vem ganhando força. “Um pequeno produtor
com 25 hectares não vai sobreviver criando Nelore ou fazendo
lavouras de soja. Sua alternativa
na pecuária é o ovino de corte”,
destaca.
A técnica da ARCO no Mato
Grosso, Eloísa Maria Alves El
Hage, observa que há espaço para
pequenos, médios e grandes criadores. A raça Santa Inês já conta
com 30 anos de seleção e muitos
criadores já participam de exposições fora do Estado. Durante a
Expopec, em abril, e na Exposição Agropecuária de Cuiabá, em
Julho, os ovinos dobraram o número de boxes. Os animais PO de
alta linhagem foram negociados
entre R$ 3 mil e 5 mil, mostrando
boa liquidez nos pregões.
Se na criação de animais puros – especialmente Santa Inês e
Dorper – já existe um roteiro permanente de exposições e leilões,
ainda falta organizar a cadeia
produtiva. “A criação somente
vai deslanchar quando a indústria
estiver implantada em pontos estratégicos do Estado, o que ainda
não acontece”, constata a técnica
da ARCO.
Atualmente, existem duas unidades de abate estabelecidas: a Estância Celeiro, em Rondonópolis,
e a Abravel, em Cuiabá. “Temos
outros três projetos em estudos
avançados: a Cooperativa Alta
Floresta, em plena Amazônia; em
Canarana, na divisa com Tocan-
Eloisa Alves El Hage
tins, outro projeto vai viabilizar a
ovinocultura no vale do Araguaia.
Além disso, em Pontes e Lacerda,
já foi lançada a pedra fundamental
de um frigorífico”, detalha o presidente da Ovinomat.
Compromissos
O fornecimento de matrizes e
a assinatura de contratos de compromisso de compra representa-
Carlos Tabareli convence produtores a formar núcleos da Ovinomat
ram o start do Frigorífico Estância Celeiro, informa a diretora
comercial e zootecnista Cristiane
Rabaioli. “Durante um período - e
ainda hoje, para criadores selecionados – fornecemos matrizes em
comodato, recebendo cordeiros
em pagamento”, revela. Ainda
assim, há carência de produção
para esta planta com capacidade
de abate de 1.200 cordeiros/mês.
Atualmente, 10% das propriedades fornecedoras de cordeiros recebem as matrizes, sempre orientados por médicos veterinários
do frigorífico. Entretanto, revela
Cristiane, ainda há muito amadorismo e o trabalho de assistência
técnica e difusão de tecnologia
nos próximos anos será grande.
O Frigorífico Estância Celeiro
possui o SISE 091 – Serviço de
Inspeção Estadual, o que possibilita a comercialização de todos
os produtos para o estado do Mato
Grosso, e inspecionado quanto
as condições higiênico-sanitárias
pelo INDEA – Instituto de Defesa Agropecuária, o que dá garantia ao consumidor de que todos
os produtos da Estância Celeiro
são inspecionados e seguem as
mais rigorosas normas higiênicosanitárias. A unidade iniciou seus
abates em 2007, por iniciativa do
criador de ovinos Marco Tulio
Duarte Soares, para dar vazão à
produção de cordeiros de sua propriedade em Pedra Preta/MT, que
anteriormente atendia, sob sistema de disk entrega, a um grupo de
amigos e alguns restaurantes de
Rondonópolis/MT.
No início de 2008 pode-se
constatar que o empreendimento
foi bem sucedido. A carne de cordeiro teve uma aceitação inesperada na região sul do Mato Grosso,
e a demanda de vendas já era tão
grande que a produção da fazenda não conseguia mais atendê-la.
A partir daí, o Frigorífico Estância Celeiro passou a desenvolver
ações de fomento ao pequeno
produtor e incentivo à agricultura
familiar sob o Sistema de Integração.
Em agosto de 2008, durante a
Exposul – Feira Agropecuária de
Rondonópolis foi assinado um
protocolo de intenções entre o
Governo do Estado, SENAR, SEBRAE, Banco do Brasil e o Frigorífico Estância Celeiro, como
empresa âncora responsável pelo
fomento da ovinocultura no estado de Mato Grosso. Cada vez
mais, a Estância Celeiro dispõe de
recursos tecnológicos e conhecimento especializado, seriedade e
ética, para incentivar a produção
de ovinos, respeitando sempre o
produtor e o meio ambiente.
Após o abate, as carcaças pas-
Cristiane Rabaioli
sam aproximadamente 12 horas
em processo de refrigeração, e em
seguida são separados nos cortes
definitivos. Após esse processo
passam pelo controle de qualidade, que verifica as características
visuais do produto sendo então
embalados a vácuo para serem
disponibilizados para venda.
São 14 tipos de cortes, que
provém do abate de cordeiro (até
7 meses de idade), o que confere
ao produto a qualidade excepcional em termos de características
organolépticas (cor, maciez e sabor), garantindo ao consumidor
um produto nobre.
Redução do ICMS
Antônio Carlos Carvalho de
Souza explica que o governo estadual está fazendo sua parte, reduzindo a base de cálculo do ICMS
>>
9
ago/set/09
da carne ovina produzida e comercializada no Estado em 100%.
Sem impostos para onerá-los, os
frigoríficos tem forte estímulo
para fomentar a produção de carne no Estado. “O produtor precisa
criar a ovelha para vender e não
para dar de presente a parentes e
amigos”, enfatiza.
Mas para isso, é preciso difundir técnicas básicas de criação a
produtores rurais que fizeram sua
vida na agricultura ou na pecuária de corte. “Temos dificuldade
de mão-de-obra, já que podemos
comparar a ovinocultura à pecuária de leite, que exige maior manejo sanitário e alimentar”, explica o
presidente da Ovinomat.
O criador Osvaldo Câmera,
médico veterinário, diretor de
tecnologia da Ovinomat, cria
280 animais em uma área de sete
hectares e optou por um nicho de
mercado de alta tecnologia: é o
primeiro em Mato Grosso a fazer transferência de embriões de
ovinos e trabalha com genética e
inseminação artificial.
Ele cria ovinos desde 2000 e
começou com animais sem registro e sem raça definida até chegar
ao atual plantel composto por
animais de ponta. “Como eu não
podia aumentar o volume, porque
minha propriedade é pequena, resolvi investir em tecnologia”, relata, acrescentando que a criação
de ovinos é a atividade indicada
tanto para agregar valor à grande
propriedade de pecuária bovina,
quanto para viabilizar pequenas e
médias propriedades. Os criadores são unânimes ao ressaltar que
é preciso buscar informações para
que o negócio tenha êxito.
Em suas palestras pelo interior
mato-grossense, Carlão está buscando a implantação da ovinocultura com bases empresariais, utilizando subprodutos da lavoura de
soja, silagem de braquiária e outras gramíneas, como milho e milheto. “Animais de raças de carne
que ficam 30 dias em confinamento consumindo silagem terão uma
carne muito macia e saborosa. Já
comprovei isso e me tornei divulgador desta maravilha que é a carne ovina”, exulta Carlão.
Núcleos municipais
A produção em escala exige conhecimento técnico e leva à padronização das carcaças e qualidade
da carne, destaca o consultor do
Senar. E para ele a melhor solução
é criar núcleos municipais de criadores (ou restritos a pequenas regi-
Fotos: Divulgação
Carcaças da Cabanha Celeiro: fornecedores de cordeiros
recebem matrizes selecionadas em programa de troca
ões), de forma a criar um vínculo
forte com a Associação Estadual
- no caso a Ovinomat. “Já temos
26 núcleos no Mato Grosso e queremos montar outros 40 nos próximos anos”, entusiasma-se Carlão.
O processo é simples: a parte
burocrática – redação de estatutos,
fundação, realização de assembléias e outras questões formais –
são realizadas por Carlão. “Basta
que os produtores queiram, que
fazemos tudo. Os núcleos funcionam como local de encontro e em
muitos casos, como no município
de Gaúcha do Norte, o Sindicato
Rural cedeu uma sala para sediar
o núcleo de criadores do município”, exemplifica Carlos Tabare-
li. Outra alternativa interessante
é que o núcleo de criadores tem
muito mais condições para pleitear recursos de financiamento e implantação de projetos regionais.
Os núcleos recebem a documentação pronta, os veterinários do Senar dão os cursos básicos de criação,
com apoio da Câmara Setorial de
Ovinos e Caprinos do Estado. Aliás, foi integrando esta câmara que
Carlão conheceu Antônio Carlos e
deu o start na montagem dos núcleos, há pouco mais de três anos.
Como se vê, é um processo
relativamente rápido, ainda que
sujeito a chuvas e trovoadas. Um
destes obstáculos é a falta de energia elétrica. O Programa Luz para
Todos, do Governo Federal, porém, está avançando rapidamente,
trazendo para a civilização muitos
produtores, inclusive de grande
porte. Nos assentamentos da Reforma Agrária, como em Campo
Verde, o interesse pelos ovinos foi
grande e promete frutificar rapidamente, testemunha Carlão.
Na fatia dos grandes produtores está o pulo do gato do setor,
acredita a técnica da ARCO, Eloísa
Alves El Hage. Num estado com as
dimensões do Mato Grosso, ter 500
a 1.000 ovelhas é algo fácil e rápido:
basta o produtor querer.
Eloísa também percebe grande
interesse acadêmico pela ovinocultura. Afinal duas ex-alunas da Universidade de Cuiabá (Unic) são agora
técnicas da ARCO. Na Universidade
Federal do Mato Grosso (Ufmt), a
fazenda experimental realiza trabalhos acadêmicos com nutrição. Já a
Escola Agrotécnica Federal tem um
projeto sobre cruzamento, visando à
produção de carne ovina. •
10
ago/set/09
Notícias da ARCO
ARCO apoia criação do Centro de Pesquisa e Produção de Ovinos
A aquisição de 73 matrizes da raça Corriedale e o apoio financeiro para a construção
de um aprisco e de mangueiras para o manejo do rebanho foi a contribuição dada pela
Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos, ARCO, à Fundação Estadual de Pesquisa
Agropecuária (Fepagro), para a concretização do projeto denominado Centro de Pesquisa
e Produção de Ovinos. Instalado na unidade de Viamão, próximo a Porto Alegre, no Rio
Grande do Sul, o Centro vai ocupar, inicialmente, 18 hectares e foi inaugurado no dia 16 de
junho, pela Governadora Yeda Crusius.
Segundo a pesquisadora da Fepagro Zélia Castilhos, “por meio da pesquisa e ensino, o
centro será um polo de conhecimento e desenvolvimento aonde os alunos poderão praticar e
os produtores terão acesso a tecnologias de produção”. Para o presidente da ARCO, Paulo
Schwab, a iniciativa da Fepagro vem ao encontro das necessidades do setor que carece de
técnicos que conheçam a ovinocultura. “O campo está precisando de assistência técnica”,
ressalta Schwab. Para ele o Centro deve suprir esta lacuna com a possibilidade de realizar
cursos e treinamentos. •
Encontro de Técnicos
A Superintendência do SRGO da
ARCO vai realizar nos dias 23, 24 e 25
de setembro, no Pará, o quarto e último
encontro de Inspetores Técnicos da entidade, dentro do programa de treinamento regional, destes profissionais.
O evento vai reunir técnicos do norte e nordeste brasileiro nas cidades de
Belém e Castanhal. “Com este encontro, fechamos o ciclo de reciclagem com
todos os técnicos da ARCO no Brasil e
nos preparamos para o encontro nacional, que deve acontecer em 2010”, assinala o presidente da entidade, Paulo
Schwab. •
Foto: Divulgação
Governadora
Yeda Crusius
inaugura
Centro
de Pesquisa
e Produção
de Ovinos
FINEP tem recursos para bons projetos
Da aquisição de equipamentos para
montar uma linha de abate até a importação
de genética para melhoramento do rebanho.
Investimento em pesquisas que possam
resultar em novas tecnologias, processos
inovadores. Tudo isto e muito mais pode
conseguir apoio financeiro através da Financiadora de Estudos e Projetos, FINEP,
também conhecida como Agência Brasileira de Inovação, órgão ligado ao Ministério
da Ciência e Tecnologia. A FINEP é um organismo que visa à promoção e o financiamento da inovação e da pesquisa científica
e tecnológica em empresas, universidades,
institutos tecnológicos, centros de pesquisa
e outras instituições públicas ou privadas,
mobilizando recursos financeiros e integrando instrumentos para o desenvolvimento econômico e social do País.
Segundo o Coordenador da área de Planejamento do Departamento de Estudos,
Planos e Programas Integradores, Murilo
Guimarães, a FINEP possui uma série de
programas com capacidade de financiar
todo o sistema de C,T&I, combinando recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis,
assim como outros instrumentos, o que proporciona à instituição grande poder de indução de atividades de inovação, essenciais
para o aumento da competitividade do setor
empresarial. “Para ter um exemplo, apoiamos inúmeros projetos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e
de universidades, que foram essenciais para
o desenvolvimento tecnológico do sistema
agropecuário brasileiro, tornando-o um dos
mais competitivos do mundo”, assinala
Murilo.
O analista de projetos, Mauro Machado
da Costa, que trabalha junto com Murilo, diz
que a FINEP concede financiamentos reembolsáveis e não-reembolsáveis. O apoio da
instituição abrange todas as etapas e dimensões do ciclo de desenvolvimento científico e tecnológico: pesquisa básica, pesquisa
aplicada, inovações e desenvolvimento de
produtos, serviços e processos. “Vale lem-
brar que a FINEP financia apenas as etapas
anteriores à produção, não apoiando investimentos para expansão da produção”, ressalta Mauro.
Ele explica que os financiamentos reembolsáveis são realizados com recursos próprios ou provenientes de repasses de outras
fontes, e seguem regras de juros no parcelamento, de acordo com o estabelecido pelo
Governo Federal. As empresas e outras organizações interessadas em obter crédito
podem apresentar suas propostas à FINEP
a qualquer tempo. O primeiro passo é encaminhar uma consulta prévia e, caso esta
seja enquadrada, a FINEP receberá a Solicitação de Financiamento. Já os financiamentos não-reembolsáveis são feitos com
recursos do FNDCT, atualmente formado
preponderantemente pelos Fundos Setoriais
de C,T&I. Eles são destinados a instituições
sem fins lucrativos, em programas e áreas
determinadas pelos comitês gestores dos
Fundos. “Acredito que nossos programas
podem de alguma forma, alavancar vários
negócios ou pesquisas dentro do setor de
ovinocultura, e cito como exemplo o Grupo Marfrig, que recorreu à FINEP para ter
recursos que lhe permitisse, por exemplo,
montar uma introduzir no Brasil a genética
da raça Highlander e também, montar uma
nova sala de desossa para ovinos, em sua
unidade de Promissão”, finaliza Mauro. •
Notícias do SRGO
A Superintendência do Serviço de Registros Genealógicos da ARCO, esteve em
audiência no Ministério da Agricultura, no mês de julho, em Brasília, na Coordenação Geral do Sistema de Produção Integrada para tratar dos seguintes assuntos:
• Apresentação formal de solicitação da homologação da Soinga como raça
no SRGO;
• Apresentação de estudos dos ovinos naturalmente coloridos;
• Exigência de genotipagem dos doadores de material genético importado;
• Comércio de embriões e sêmen congelados, doação e transferência de
material genético;
• Criação do BANCO DE SÊMEN CONDOMINADO;
• Possibilidade de registro de clones (Transferência Nuclear, TN)
• Banco de Ovócitos, fracionamento de doses de sêmen;
• Autorização para a abertura do Flock Book de registro da raça Eastern
Friesian. •
11
ago/set/09
Sanidade
A seleção genética para controle da verminose
Eduardo Fehn Teixeira
T
udo começou há mais
de dois anos, quando 70
machos da raça Merino
Australiano, filhos de reprodutores uruguaios com OPG negativo,
foram submetidos a exames, permitindo a seleção de 23 animais
resistentes à verminose. Foi então
que o veterinário Alexandre Guerra, da Estância São Marcos, de
Rosário do Sul, na região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul,
distante 62 quilômetros da divisa
com o Uruguai, iniciou o efetivo
controle da verminose nos ovinos
da propriedade através da identificação de exemplares geneticamente resistentes aos parasitas.
A técnica de controle da doença, denominada Ovos por Grama
(OPG), espelha-se no modelo difundido no Uruguai pelo Instituto
Nacional de Investigação Agropecuária, INIA. Países como Austrália e a Nova Zelândia, também
desenvolvem programas similares
de seleção de ovinos resistentes
especialmente às parasitoses gastrointestinais, como no caso da
lombriga vermelha, no popular.
Segundo Arnol Fernandes
Guerra, pai de Alexandre Guerra e proprietário da Estância São
Marcos, a propriedade já acompanha, com êxito, a terceira geração
de reprodutores da raça Merino
Australiano submetidos à técnica
de controle da verminose. Detalhadamente, o Alexandre explica
que o primeiro passo ocorre após
o desmame dos cordeiros, quando
é feita a coleta de fezes para identificação, em laboratório, da quantidade de ovos dos parasitas por
grama. “Essa prática é repetida
outras três vezes, o que possibilita elaborar uma média individual
dos animais, visando apontar os
portadores do gene que indicará o
alto grau de resistência ou não ao
verme”, revela o técnico.
“Os cordeiros com grau intermediário de infestação são
Estiagem ajuda a ovelha
Alguns sabem, mas para muitos é uma curiosidade: a ovelha
(ovinocultura) é a única espécie da cadeia produtiva da pecuária
que não é atingida pela estiagem. “Quando tem seca, a ovelha
engorda”, enfatiza o veterinário Alexandre Guerra.
Segundo ele, a ovelha é originária de lugares áridos, Na Austrália, por exemplo, onde a ovinocultura é extremamente desenvolvida, o índice pluviométrico é de cerca de 500 milímetros
ao ano. Já no Brasil, essa média cresce bastante, ficando entre
1.500 a 2.000 milímetros anuais de chuvas. •
Merino Australiano
Fotos: Divulgação
Olímpio Guerra
registra
no sistema
as informações
dos animais
dosados normalmente, enquanto
que os mais sensíveis são descartados por meio de castração”,
sendo destinados ao abate, dentro
do Programa Carne de Cordeiro
de Qualidade da ARCO. Outros
70 machos, nascidos no ano pas-
Arnol com o amigo Eli
sado, são empregados na experiência. Guerra diz ainda que além
da redução no custo da dosagem
com vermífugos, há também significativos avanços, tanto no aprimoramento da seleção genética
do rebanho, quanto nas áreas de
manejo e de sanidade, sem falar
na redução de custos com a mão
de obra. “Há ainda significativa
redução de resíduos tóxicos na
carne, pela diminuição do uso de
anti-helmínticos (vermífugos) nos
animais”, aponta.
Conforme Alexandre Guerra, em sua comercialização deste
ano, a Estância São Marcos já vai
proporcionar ao mercado compra-
Carcaça
Merino
tem alto
rendimento
De propriedade do tradicional ovinocultor Arnol Fernandes Guerra, que toca
a produção juntamente com os filhos, o médico veterinário Alexandre Guerra
e o zootecnista Olímpio Guerra, a Estância São Marcos (contatos pelo fone:
55.9982.5208) trabalha com um plantel selecionado de 1.800 ovinos da raça Merino Australiano, produzindo carne de alta qualidade e rendimento de carcaça e
lã com micragem média de 21 microns de diâmetro do fio. •
Nas laterais,
o zootecnista
Olímpio Guerra
e o veterinário
Alexandre
Guerra,
com a turma
do INIA
dor, além de animais com o exame
OPG, também reprodutores com
análise de área de olho de lombo
de bife, através de ultrassonografia. “Esse exame desmistifica a aptidão 80% laneira da raça Merino
Australiano, mostrando que a raça
também é excelente produtora de
carne de alta qualidade”, afirma o
veternário. Ele aponta que no concurso
de carcaças ovinas, realizado durante a 30ª Expofeira de Ovinos
de Verão de São Gabriel, no RS,
em 2008, a diferença entre o rendimento de carcaças dos animais
Merino de seu estabelecimento,
na comparação com exemplares
da raça Corriedale, foi de apenas
meio por cento. O Corriedale teve
rendimento de 47,19% ao passo
que o Merino foi de 46,36%. •
12
ago/set/09

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