efeitos colaterais
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efeitos colaterais
+ Folhas Informativas InfoRed SIDA Nuevo México EFEITOS COLATERAIS O que são os efeitos colaterais? São reações não desejadas que nosso corpo apresenta quando tomamos determinados medicamentos. Os remédios são receitados com um propósito específico (terapêutico), como, por exemplo, controlar o HIV. Todos os demais efeitos apresentados ao se tomar uma medicação, fora os terapêuticos, são considerados efeitos colaterais. Alguns efeitos são leves, como dor de cabeça; outros podem ser severos e inclusive mortais, como danos ao fígado. Alguns duram poucos dias ou semanas; outros persistem durante todo o tratamento e mesmo após o seu término. Importante: Alguns sintomas são chamados de efeitos colaterais apesar de não conhecermos seus mecanismos. Nem sempre os sintomas e sinais que apresentamos são efeitos colaterais dos anti-retrovirais e nem sempre é muito fácil determinar uma única causa para os sintomas e sinais apresentados. O que são os sintomas? Qualquer fenômeno ou mudança apresentada pelo nosso corpo que descrevemos para o médico, como por exemplo, dor de cabeça, dor de garganta, ardência ao urinar, náuseas, diarréia etc. O que são os sinais? São as evidências objetivas que o médico detecta através do exame físico, auxiliando-se dos sentidos (visual, auditivo, olfativo e tato), auscultando, apalpando, medindo a temperatura e verificando a pressão arterial, entre outros. Quem apresenta efeito colateral? A maioria das pessoas que toma remédios anti-HIV apresenta efeitos colaterais. Em geral, níveis altos de medicamentos causam mais efeitos colaterais. Caso você tenha uma estatura menor que a população em geral, também pode apresentar mais efeitos colaterais. Além disso, se seu corpo processa os remédios mais lentamente que o normal, podem ocorrer níveis mais altos de medicamento em seu sangue, fazendo com que você apresente mais efeitos colaterais. Lembre-se: todo medicamento é acompanhado de uma bula, com informações sobre efeitos colaterais mais comuns. No entanto, isso não quer dizer que você vai apresentar algum ou alguns deles. Certas pessoas só apresentam efeitos colaterais leves ao tomarem antiretrovirais, e outras, segundo seus relatos, não apresentam efeito colateral algum. Nem todos os efeitos colaterais dos anti-retrovirais apresentam sintomas e/ou sinais. Portanto, não são identificáveis pelo exame físico e requerem acompanhamento contínuo com variados exames laboratoriais (além do CD4+ e da carga viral, são necessários o hemograma completo, o leucograma total, a contagem de plaquetas, a medição das taxas de colesterol, de triglicerídeos e glicose, bem como a realização da bioquímica do sangue). É importante a investigação do histórico de doenças do paciente prévias à infecção por HIV e à terapia anti-retroviral para a escolha de esquemas que possam ser melhor tolerados e mais bem aceitos. Por exemplo: se a pessoa tem propensão à diarréia, o médico pode fazer uma combinação de anti-retrovirais excluindo os remédios que mais causam essa situação. 1 Série D Como controlar os efeitos colaterais? Existem vários passos que você pode seguir para enfrentar os efeitos colaterais: • Informe-se sobre o medicamento que vai tomar. As Folhas Informativas Séries C e D e as recomendações brasileiras oficiais do Programa Nacional de DST e AIDS, do Ministério da Saúde (veja Anexo 1) oferecem informações sobre os efeitos colaterais mais comuns de cada medicamento. • Pergunte ao seu médico sobre os efeitos colaterais que você poderá apresentar. Caso algum efeito dure mais tempo do que o esperado (algumas poucas semanas) ou piore, pergunte a ele ou a algum profissional da equipe de saúde quando você deverá requerer atenção médica. Importante: Não tome nenhum remédio para evitar um efeito colateral antes de falar com o seu médico ou com a equipe de saúde. • Verifique, com o seu médico, se você pode tratar um efeito colateral leve com remédios caseiros ou de venda livre (sem receita médica). Folhas Informativas Lembre-se: não deixe de tomar, não perca nem reduza a dose de qualquer medicamento sem antes consultar o seu médico, pois isso cria vírus resistentes aos remédios (veja a Folha Informativa C 7 e C 4), ou seja, alguns anti-retrovirais e algumas de suas combinações acabam tornando-se ineficazes contra o HIV. Se você estiver tendo problemas com algum medicamento, converse com o seu médico para mudar o esquema, mas não perca ou reduza as doses por conta própria. 1 Série D • Caso um efeito colateral seja insuportável e você decida mudar de combinação junto com o seu médico, lembre-se que você pode estar limitando as opões futuras de combinações de anti-retrovirais. Antes de mudar de combinação, tente resolver o efeito colateral. Todos os anti-retrovirais podem provocar efeitos colaterais. Dê um tempo para o seu corpo se adaptar ao medicamento. Um efeito colateral pode ser passageiro. Quais são os efeitos colaterais mais comuns? Ao começar a tomar anti-retrovirais, poderão surgir alguns dos efeitos colaterais já conhecidos, como dor de cabeça, hipertensão ou sensação de mal-estar geral. Geralmente, esses efeitos melhoram ou desaparecem com o tempo. Veja as outras Folhas Informativas da Série D. • Não faça automedicação. Terapias naturais também podem produzir efeitos colaterais ou interações com os anti-retrovirais. A homeopatia pode ser uma importante aliada no combate aos efeitos colaterais. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED - Evangelischer Entwicklungsdienst e V. Tiragem: 4 mil exemplares/março de 2004 2 EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQÜENTES Folhas Informativas A o começar a tomar anti-retrovirais, poderão surgir alguns efeitos colaterais, como dor de cabeça, hipertensão ou sensação de mal-estar geral. Geralmente, esses efeitos melhoram ou desaparecem com o tempo. Outros efeitos colaterais bastante freqüentes são: Fadiga: a maioria das pessoas HIV positivas se sente cansada algumas vezes. É importante saber a causa da fadiga e tratá-la. Informações específicas na Folha Informativa D 3. Anemia: aumenta o risco da infecção por HIV progredir para a AIDS e pode causar fadiga. Os exames de sangue podem detectar a anemia, que tem tratamento. Informações específicas na Folha Informativa D 4. Problemas digestivos: alguns medicamentos afetam o estômago e causam náuseas, vômitos, gases e diarréias. Existem algumas soluções caseiras muito boas para o enfrentamento desses problemas: Ao invés de fazer três grandes e abundantes refeições, coma porções pequenas e com mais freqüência. + InfoRed SIDA Nuevo México Diarréia: pode ser leve ou grave. Entre em contato com o seu médico, caso a diarréia dure muito tempo ou piore. Informações específicas na Folha Informativa D 6. Lipodistrofia: é a perda de gordura nos braços, pernas, rosto e nádegas e a acumulação de gordura na barriga, peito ou atrás do pescoço com ou sem aumento dos níveis de gordura no sangue. Essas mudanças podem aumentar o risco de um ataque do coração ou de uma embolia. Informações específicas na Folha Informativa D 5. Problemas na pele : alguns medicamentos podem causar erupções cutâneas. Na maioria das vezes, as erupções são temporárias, mas em alguns casos indicam a presença de uma reação séria. Caso apresente erupções ou brotoejas, consulte o seu médico. Outros problemas são pele ressecada e perda de cabelo. Lembre-se: os cremes hidratantes ajudam a tratar alguns problemas de pele. Ingira alimentos leves e sopas. Evite comidas picantes. Beber chá de gengibre pode ajudá-lo a se sentir melhor, assim como cheirar limão fresco. Faça as principais refeições e não perca muito peso. Tome cuidado com os medicamentos que aliviam as náuseas, sejam eles de venda livre ou com receita, já que podem interagir com o tratamento anti-HIV. Antes de tomar qualquer remédio, fale com o seu médico. O inchaço do estômago e os gases podem ser diminuídos se você evitar comer feijão, vegetais crus e cascas de vegetais. Ainda para evitar gases, não coma melão (batido com laranja não provoca gases) e evite alho e cebola. Uma dica para combater o ressecamento da pele: a temperatura do banho deve ser, no máximo, morna, e o sabonete, neutro, à base de glicerina. Caso não tenha transpirado muito, limite o uso do sabonete às regiões do pescoço, axila, virilha e entre as nádegas. Após o banho, passe um hidratante para pele extra seca. Se a pele estiver muito ressecada, coçando, descamando ou avermelhada, você pode passar óleo de girassol (aquele de cozinha), esperar 20 minutos e lavar a área com água. Nesses casos, o uso de sabonetes anti-séptico e de glicerina também ajuda. Contra o rash (pintas vermelhas) da pele, você pode usar medicação específica. Geralmente, quando já se sabe que um anti-retroviral pode provocar rash, inicia-se seu uso com dosagem menor, que depois é aumentada. Se Série D o rash aparecer, entre imediatamente em contato com o seu médico. Neuropatia periférica: é uma situação dolorosa causada por dano nervoso. Geralmente começa nos pés e nas mãos. Informações específicas na Folha Informativa D 7. Toxicidade mitocondrial: é um dano a estruturas internas das células. Pode provocar neuropatia ou dano renal e causar acumulação de ácido láctico no corpo. Danos aos rins e acumulação de ácido láctico podem levar à morte. Informações específicas na Folha Informativa D 8. · Problemas ósseos: têm sido identificados recentemente nas pessoas com HIV. Os ossos podem perder seus conteúdos minerais e tornam-se frágeis. A diminuição da circulação sangüínea pode causar problemas nos quadris. Informações específicas na Folha Informativa D 9. Dicas para enfrentar outros efeitos colaterais: Para prevenir cálculo renal: beba ao menos dez copos de água por dia ou água de coco e modere a ingestão de vitamina C. A medicina ortomolecular pode ajudar a tratar cálculos renais com a administração de vitamina B6 e magnésio. Para combater boca seca (baixa produção de saliva): beba muita água, mastigue bem os alimentos, pingue gotinhas de limão em pedacinhos de maçã e mastigue, use pastilhas ou gomas de mascar sem açúcar, mastigue pequenos pedaços de gengibre. Se a boca estiver muito seca, use borrificador de água de bolso. Além disso, um médico ou dentista pode receitar um medicamento específico. Para ressecamento dos lábios, use produtos à base de glicerina ou manteiga de cacau. Contra o gosto ruim do ritonavir: passe uma pitada de sal na língua de Folhas Informativas trás para frente antes de tomá-lo, ou chupe bala de menta após a sua ingestão. Hiper-sensibilidade ao abacavir: esse efeito aparece até o segundo mês inicial de uso. Os sintomas são: febre alta e dor abdominal ou erupções cutâneas sem febre. Caso após 48 horas da suspensão de todos os anti-retrovirais, a febre, a dor abdominal e as erupções da pele desapareçam, significa que foram provocadas pelo abacavir e que você deve deixar de tomá-lo e nunca mais poderá reiniciar seu uso, pois isso pode provocar uma reação mortal. 2 Série D Resumindo A maioria das pessoas que tomam medicamentos anti-HIV sofre efeitos colaterais. Porém, você não deve achar que vai apresentar todos os efeitos colaterais. Informe-se sobre os efeitos colaterais mais comuns e sobre seus tratamentos. Leia as Folhas Informativas da Série D sobre efeitos colaterais dos anti-retrovirais. Utilize remédios caseiros e descubra outras ações que possam controlar os efeitos colaterais. Não deixe de consultar o seu médico, caso um efeito colateral dure tempo demais ou piore. Caso você esteja sentindo-se muito mal, achando que deve parar imediatamente de tomar algum antiretroviral porque o efeito colateral identificado é grave na sua observação, ou ainda, esteja sofrendo de um efeito de que não tem conhecimento e não está seguro sobre o que fazer, marque uma consulta com o seu médico ou procure ajuda com profissionais de uma equipe de saúde. Não deixe de tomar seus medicamentos por apresentar efeitos colaterais. Caso não possa tolerá-los, negocie com o seu médico a mudança da combinação dos anti-retrovirais. Mas antes de mudar a combinação, tente manejar (diminuir ou eliminar) os efeitos colaterais, pois, na prática clínica, não existem muitos esquemas de anti-retrovirais que possam ser utilizados com sucesso numa única pessoa e, portanto, mudanças de combinações de anti-retrovirais acabam limitando opções futuras de tratamento anti-HIV. O manejo dos efeitos colaterais dos anti-retrovirais pode ser efetuado de diferentes formas: nutrição, prática moderada de exercícios físicos, ações físicas antagônicas, tempo de espera (já que alguns desses efeitos duram cerca de algumas poucas semanas), mudanças de estilo e de hábitos de vida, e remédios. É válido ressaltar que, mesmo existindo dicas gerais para o manejo dos efeitos colaterais, sempre existe a possibilidade de uma pessoa descobrir e criar uma estratégia própria para lidar (evitar ou minimizar) com os efeitos colaterais da terapia anti-retroviral. O sistema imunológico é sensível à alimentação, às emoções e ao estresse. Portanto, cuide bem dessas três questões em sua vida. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED - Evangelischer Entwicklungsdienst e V. Tiragem: 4 mil exemplares/março de 2004 Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México fadiga O que é a fadiga? É uma sensação de cansaço que não desaparece mesmo após você ter descansado. Pode ser de origem física ou psicológica. Fadiga pode ser diferenciada de cansaço. Fadiga é um sentimento penetrante, subjetivo, exaustivo e que não pode ser eliminado. Cansaço é um estado temporário, causado pela falta de sono, alimentação imprópria, estilo de vida sedentário ou aumento temporário de trabalho ou de responsabilidades. Fadiga é caracterizada por exaustão, diminuição da capacidade do esforço físico e mental, e não pode ser eliminada, apenas tratada. Na fadiga física, os seus músculos não podem fazer movimentos com a mesma facilidade de antes. Você pode notar isso quando sobe escadas ou carrega bolsas de supermercado, por exemplo. Na fadiga psicológica, você pode apresentar dificuldade para se concentrar. Em alguns casos, pode não querer se levantar da cama nem realizar as suas tarefas diárias. Lembre-se: a fadiga é uma das duas formas principais que o nosso corpo tem para nos alertar sobre a existência de algum problema. A outra forma de alerta é a dor ou a febre. Em geral, prestamos muita atenção à dor e à forma de eliminá-la, mas não prestamos muita atenção à fadiga. Uma das razões para tal atitude é que a fadiga aparece quase sem que reparemos e piora tão lentamente que quase não notamos. As pessoas HIV positivas e com fadiga ficam doentes mais rapidamente do que as que não têm fadiga. Além disso, a fadiga contínua (crônica) pode debilitar o sistema imunológico. Os soropositivos devem identificar a causa da fadiga e tratá-la. Como posso saber se estou com fadiga? A fadiga pode começar e aumentar lentamente. Fale com o seu médico, contando todos os detalhes, caso se sinta cansado mesmo após os repousos. Isso tornará mais fácil determinar se você está com fadiga ou não e descobrir suas causas. Observe: Desde quando está se sentindo com fadiga? Como essa sensação tem mudado seu ritmo de atividades em comparação com meses anteriores? Quando é que se sente cansado? Após determinadas atividades, como subir escadas? Já acorda cansado? Como se sente quando está cansado? Tem problemas para respirar? Tem dor nos músculos? Tem dificuldades para lembrar alguma coisa ou para se concentrar? É difícil se interessar por suas atividades diárias? Está dormindo bem? Quantas horas está dormindo por noite? Quantas vezes acorda durante o sono à noite? Tem dificuldades para conseguir dormir ou se manter dormindo devido a coceiras, dores ou a algum outro problema? 3 Série D O que causa a fadiga e como tratá-la? A fadiga pode ser causada por diferentes fatores: processos inflamatórios, infecções oportunistas, efeitos colaterais dos antiretrovirais, diarréia, náuseas, vômitos, depressão, perturbação do sono e ansiedade. Consulte o seu médico para saber a causa da sua fadiga e a melhor forma de tratá-la. As causas mais freqüentes são: Infecção ativa pelo HIV. Quando o vírus se multiplica rapidamente, seu corpo utiliza muita energia para combatê-lo. A maioria das pessoas se sente com mais energia quando toma medicamentos anti-HIV. Outras infecções ativas. Essas infecções podem causar cansaço ainda que você não tenha nenhum outro sintoma. Parasitas intestinais, bronquites e alergias podem causar fadigas que, ao serem tratadas, possibilitam o aumento do seu nível de energia. Nutrição inadequada. As pessoas HIV+ necessitam de mais energia que as pessoas soronegativas. Se você não consome nutrientes na quantidade suficiente, seu nível de energia será baixo. A diarréia, por exemplo, provoca perda de nutrientes e, por conseguinte, fadiga (veja a Folha Informativa D 6). Importante: É bom consultar um nutricionista especializado em pessoas HIV positivas para saber como melhorar seus hábitos alimentares. Em alguns soropositivos, melhorar a nutrição ou tomar suplementos de vitamina B12 pode eliminar a sensação de fadiga. Folhas Informativas Anemia. A principal função dos glóbulos vermelhos é transportar oxigênio dos pulmões para o resto do corpo. Se você não tem quantidade suficiente de glóbulos vermelhos ou se eles não transportam oxigênio suficiente, sua fadiga deve estar relacionada com a anemia. Um simples exame de sangue pode determinar se você tem anemia ou não. Se você tem anemia, seu médico determinará a causa. A anemia pode estar relacionada à perda de sangue, a danos na medula óssea causados pelos anti-retrovirais, a deficiências de vitaminas ou a um nível baixo do hormônio eritropoietina que ajuda a fabricar os glóbulos vermelhos (mais informações, veja a Folha Informativa D 4). Baixos níveis hormonais. Um nível baixo do hormônio testosterona, especialmente nos homens, pode causar fadiga e falta de interesse sexual e em outras atividades diárias. Baixos níveis de hormônios DHEA, do cortisol ou dos hormônios fabricados pela tiróide podem causar problemas similares. Os níveis hormonais são determinados através de exames de sangue e podem atingir níveis normais com o tratamento de reposição hormonal (com comprimidos, adesivos, cremes ou injeções). Depressão. É muito mais que se sentir cansado. As mudanças nos receptores químicos no cérebro podem causar fadiga ou falta de interesse nas atividades diárias. Não existe um exame de sangue para determinar se você tem ou não depressão. Se já teve um primeiro diagnóstico de depressão, tem antecedente de tomar muito álcool, drogas ou um histórico familiar de problemas emocionais, você tem mais possibilidades de apresentar depressão. 3 Série D A depressão pode ser tratada com medicamentos. No entanto, alguns antidepressivos interferem no funcionamento sexual ou podem interagir com os anti-retrovirais. Portanto, devem ser usados com muito cuidado. Procure a ajuda de um psiquiatra e/ou de um psicólogo. Após uma avaliação dos níveis de fadiga feita por um profissional, de hora em hora durante 24 horas, é recomendado um planejamento de atividades diárias essenciais, segundo picos de energia do paciente. Atividades não essenciais devem ser eliminadas. Reduzir subidas e descidas de escadas, evitar tarefas difíceis durante a semana, descansar antes das tarefas mais exigentes e interrompê-las antes que a fadiga se instale e realizar refeições pequenas são algumas estratégias para combater a fadiga. A participação em grupos de relaxamento e em grupos comunitários que discutem os sentimentos ajuda na redução do estresse que influencia os níveis de energia de uma pessoa. Lembre-se: acupuntura também pode ajudar no combate à depressão, à ansiedade e aos distúrbios do sono. Importante: Importante: Quais características uma pessoa com fadiga pode apresentar? Uma pessoa com fadiga pode apresentar: falta de energia persistente, incapacidade de manter rotinas, instabilidade emocional ou irritabilidade, baixa concentração, inquietação ou letargia (desinteresse, apatia, indiferença, insensibilidade, abatimento, falta de iniciativa), isolamento, ou melhor, preocupação apenas com seus próprios pensamentos e sentimentos, diminuição da libido. Lembre-se: a fadiga pode deixar a pessoa propensa a acidentes. Ao se sentir muito fraco e não havendo problema orgânico, faça exercícios aeróbicos, como correr, nadar e caminhar, que também evitam aumento do colesterol. A banana é boa para combater a fraqueza muscular e a apatia mental. Resumindo: A fadiga é uma condição muito comum nas pessoas HIV+. Se a fadiga não for tratada, pode causar a rápida progressão da infecção por HIV para a AIDS. É difícil determinar a causa da fadiga. Vários fatores diferentes podem provocar os mesmos sintomas. Exames de sangue podem identificar algumas causas da fadiga, mas não todas. Quanto mais informações você passar para o seu médico, mais fácil será determinar a causa da fadiga e tratá-la. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED - Evangelischer Entwicklungsdienst e V. Tiragem: 4 mil exemplares/março de 2004 Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México anemia O que é a anemia? É uma diminuição nos níveis de hemoglobina (HGB, sigla em inglês), proteína dos glóbulos vermelhos que tem como função transportar o oxigênio dos pulmões para o resto do corpo. A anemia causa fadiga e dificuldade para respirar. As pessoas com anemia não se sentem tão bem em comparação com as pessoas que têm níveis normais de hemoglobina. Quem tem anemia, tem dificuldades para trabalhar e uma qualidade de vida inferior. Os níveis de hemoglobina são medidos através da contagem completa dos elementos que formam o sangue (CBC, sigla em inglês). Para mais informação sobre esses exames, veja a Folha Informativa XXXXXX. A hemoglobina é medida em gramas por decilitros (g/dl). A anemia é definida pelo nível de hemoglobina. A maioria dos médicos concorda que níveis inferiores a 6,5 indicam uma anemia com risco de morte. Os níveis normais variam, no caso das mulheres, de 12 a 16 g/dl e, no caso dos homens, de 13 a 18 g/dl. Freqüentemente, as mulheres, idosos ou as pessoas muito jovens têm valores inferiores de hemoglobina. A anemia é mais comum em pessoas de origem africana (negros) do que em qualquer outro grupo étnico. Quais são as causas da anemia? A medula óssea produz glóbulos vermelhos. Esse processo de fabricação de glóbulos vermelhos necessita de ferro, vitamina B12 e ácido fólico (ou folato). A eritropoietina é um hormônio fabricado nos rins que estimula a produção de glóbulos vermelhos. A anemia pode ser causada por uma baixa produção de glóbulos vermelhos. Também pode ser causada por perda ou destruição anormal dos glóbulos vermelhos. Existem vários fatores que podem causar anemia: Deficiência de ferro, de vitamina B12 ou de folato. A deficiência de folato pode causar a anemia megaloblástica com glóbulos vermelhos grandes e pálidos. Dano na medula óssea ou nos rins. Perda de sangue devido a hemorragias internas e, no caso das mulheres, por sangramento abundante durante a menstruação. Destruição acelerada de glóbulos vermelhos (anemia hemolítica). Importante: A infecção pelo HIV pode causar anemia. As infecções oportunistas relacionadas com o vírus também podem causar anemia. Muitos dos medicamentos usados para tratar o HIV e as infecções oportunistas relacionadas a ele também podem causar anemia. Como é a relação entre anemia e HIV? A anemia severa era bastante comum no curso da infecção pelo HIV. Mais de 80% das pessoas com AIDS desenvolviam algum grau de anemia. As pessoas com um quadro clínico de AIDS mais avançado ou com contagem baixa de células CD4+ tinham um risco maior de apresentar anemia. Isso mudou quando as pessoas começaram com o tratamento antiretroviral altamente potente (o 4 Série D chamado coquetel ou HAART, sigla em inglês). A anemia severa ocorre em raras ocasiões. Porém, o uso dos anti-retrovirais não eliminou por completo essa possibilidade. Segundo um estudo, aproximadamente 46% das pessoas, após um ano de tratamento anti-retroviral, ainda tinham anemia leve ou moderada. Existem vários fatores ligados à anemia grave no curso da infecção pelo HIV: Baixa contagem de células CD4+ (veja a Folha Informativa XXXX). Carga viral alta (veja a Folha Informativa XXXX). Tomar AZT- Retrovir (veja a Folha Informativa XXX). Ser africano ou ter ascendência africana (siclemia). Ser mulher. Lembre-se: o avanço da infecção pelo HIV em direção à AIDS é cinco vezes mais provável em pessoas com anemia. A anemia também está relacionada com um maior risco de morte. O tratamento da anemia parece diminuir esse risco. Como se trata a anemia? O tratamento depende da causa. Deve-se: Investigar se ela existe e estancar qualquer sangramento (hemorragia), seja interno, por hemorróidas ou nasal. Investigar a existência de deficiência de ferro, de vitamina B12 ou de folato e corrigi-la. Folhas Informativas Deixar de tomar ou reduzir a dosagem de medicamentos que causam a anemia. Se a anemia é causada pelo tratamento anti-retroviral, estudar a possibilidade de mudar de combinação. É possível que essas estratégias não funcionem. Talvez você não possa mudar ou deixar de tomar todos ou alguns dos medicamentos que estão causando a anemia, tendo que recorrer a outros tipos de tratamentos como transfusões de sangue ou injeções de eritropoietina. As transfusões de sangue eram o único tratamento para anemia. Porém, essas transfusões podem causar infecções e debilitar o sistema imunológico. Em estudos realizados com pessoas HIV positivas, as transfusões foram tidas como causas do avanço mais rápido da infecção por HIV em direção à AIDS e como fatores de aumento do risco de morte em portadores do HIV. Por isso, na atualidade, quase não são utilizadas. 4 Série D Resumindo A anemia tem sido sempre um problema no curso da infecção pelo HIV. A quantidade de soropositivos com anemia severa tem diminuído drasticamente depois da introdução dos anti-retrovirais. Porém, quase metade das pessoas HIV positivas apresenta anemia moderada ou leve. A anemia aumenta a fadiga e provoca mal-estar. Aumenta o risco do avanço à AIDS, assim como o risco de morte. Pode ser causada pelo HIV ou por outras doenças. Muitos dos medicamentos anti-retrovirais e das infecções oportunistas associadas com o vírus causam anemia. Quando a anemia é tratada, melhoram-se a saúde e a qualidade de vida das pessoas soropositivas. Os primeiros passos são: detectar e eliminar as causas de hemorragias ou as deficiências de ferro ou de vitaminas. Negociar com o médico a interrupção de remédios ou a mudança de combinações de anti-retrovirais quando esses foram a causa da anemia e não houver outra possibilidade de tratá-la. Caso seja necessário, o paciente deve ser tratado com eritropoietina e, em raras ocasiões, com transfusões de sangue. Lembre-se: não deixe de tomar seus antiretrovirais sem antes consultar o seu médico. A eritropoietina estimula a produção de glóbulos vermelhos. Em 1985, os cientistas descobriram como sintetizar esse hormônio no laboratório. Está disponível em injeções que se aplicam debaixo da pele uma vez por semana (seu custo é alto). Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED - Evangelischer Entwicklungsdienst e V. Tiragem: 4 mil exemplares/março de 2004 Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México lipodistrofia O que é a lipodistrofia? É uma combinação de mudanças no metabolismo e na forma do corpo de quem toma anti-retrovirais. Lipo significa gordura, distrofia, crescimento anormal. Essas mudanças podem ser metabólicas ou a perda e/ou o depósito de gorduras em diferentes partes do corpo. A perda de gordura ocorre nos braços, nas pernas, nas nádegas, no rosto (nas bochechas) e em outras partes do corpo. Os depósitos de gordura podem aparecer na barriga, na parte posterior do pescoço, na nuca (corcova de búfalo), nos peitos (tanto em homens como em mulheres) e em outras partes de nosso corpo. As mudanças metabólicas incluem o aumento dos níveis de gordura e/ ou ácido láctico no sangue. Algumas pessoas desenvolvem resistência à insulina. Veja como isso funciona: - As gorduras do sangue incluem o colesterol e os triglicerídeos. Já o ácido láctico é produzido quando a glicose (açúcar) é utilizada pelas células. Os danos à mitocôndria (veja a Folha Informativa D 8) e/ou ao fígado podem aumentar a quantidade de ácido láctico no sangue. - A insulina transporta açúcar (glicose) para dentro das células para que produzam energia. Quando desenvolvemos resistência à insulina, a quantidade de glicose que entra na célula é menor, fazendo com que os níveis de açúcar se acumulem no sangue. A Folha Informativa XXXX oferece mais informações sobre os exames de glicose, colesterol e triglicerídeos. Importante: Nem todos os pacientes que tomam anti-retrovirais apresentam lipodistrofia, e não há consenso entre os especialistas a respeito das suas causas. Inicialmente, as mudanças no corpo causadas pela lipodistrofia foram chamadas de barriga de Crixivan, já que apareciam em pessoas que tomavam esse inibidor da protease (IP) também conhecido como indinavir. No entanto, a lipodistrofia pode se desenvolver quando tomamos qualquer tipo de antiretroviral. Na lipodistrofia, pode haver alterações corporais e pode ou não haver modificações nos níveis sangüíneos das gorduras e açúcares: aumento do colesterol ruim (LDL) e dos triglicerídeos e diminuição do colesterol bom (HDL). A lipodistrofia é perigosa? Ainda que, no geral, não nos coloque em risco de vida, a lipodistrofia é um problema sério, pois níveis altos de gordura no sangue podem aumentar o risco de doenças cardíacas. Lembre-se: a acidose láctica, que ocorre raramente, pode ser mortal. Para mais informações sobre acidose láctica, veja a Folha Informativa XXXX. O medo de apresentar mudanças corporais vem sendo um empecilho para as pessoas HIV+ atrasarem ou rejeitarem o início da terapia antiretroviral. Além disso, podem se transformar em um grande proble- 5 Série D ma, a ponto de muitas pessoas decidirem deixar de tomar os anti-retrovirais. A resistência à insulina pode favorecer o desenvolvimento de diabetes e o aumento de peso. Os depósitos de gorduras na nuca (corcova de búfalo) podem chegar a ser tão grandes que passam a provocar dores de cabeça, problemas para respirar e para dormir. O aumento das mamas nas mulheres pode provocar dores. Importante: Não há nenhuma orientação científica que sugira o abandono da terapia anti-retroviral em função da lipodistrofia. Os benefícios dos anti-retrovirais à saúde são infinitamente superiores. Qual é a causa da lipodistrofia? Ainda não compreendemos muito bem as causas da lipodistrofia, e seus sintomas e sinais podem ter diferentes motivos. Uma teoria aponta que os IPs interferem no metabolismo das gorduras. As moléculas dos inibidores da protease são semelhantes a algumas proteínas humanas que processam e transportam gorduras. No entanto, alguns pacientes que nunca tomaram IP também apresentam lipodistrofia. Outra teoria aponta que a resistência à insulina tem um papel importante. As pessoas que apresentam essa resistência tendem a ganhar gordura na área do abdômen. Folhas Informativas A lipodistrofia é similar a outra síndrome que ocorre em pessoas que estão se recuperando de alguma doença séria, como a leucemia infantil ou o câncer de mama. Nas pessoas HIV positivas, é possível que a causa seja a reconstituição do sistema imunológico, após um tratamento anti-retroviral efetivo. Na realidade, a lipodistrofía é mais comum nas pessoas em que o tratamento anti-retroviral é bemsucedido. Há tratamento para a lipodistrofia? Como não conhecemos os mecanismos inerentes às suas causas, não sabemos muito bem como tratá-la. As mudanças corporais podem piorar, estabilizarem-se ou melhorarem natural e espontaneamente. Algumas pessoas mudam de medicamentos, evitando tomar IP. Porém, não existe evidência de que a lipodistrofia desapareça por deixarmos de tomar inibidores da protease. Os depósitos de gordura podem ser retirados cirurgicamente ou com lipoaspiração. Algumas pessoas fazem implantes para preencher as bochechas. Dependendo da técnica utilizada, esse implante acarreta riscos, e os resultados podem ser apenas temporários. Importante: O hormônio do crescimento humano e a testosterona podem ajudar no combate à lipodistrofía e vêm sendo estudados. Existem informações sobre os benefícios obtidos a partir de mudanças na alimentação e da realização de exercícios (musculação). Os níveis altos de colesterol e de glicose devem ser tratados da mesma forma que são tratados em pessoas que não têm HIV. Alguns médicos receitam medicamentos para diminuir o colesterol e os triglicerídeos ou para melhorar a sensibilidade à insulina. 5 Série D Coma carnes brancas e vermelhas, derivados do leite e beba leite para ganhar massa muscular. Faça exercícios, pois além de diminuírem o colesterol, aumentam a autoestima: ande, corra, nade, pedale, ao menos por 20 minutos. Para quem tem muita barriga, o ideal é a bicicleta também por pelo menos 20 minutos. Exercícios de fisioterapia para a lipoatrofia do rosto podem ajudar. A alimentação pode ajudar no combate à lipodistrofia: evite açúcares, massas em excesso, refrigerantes, carne vermelha, doces e batata-inglesa (aumentam os triglicerídeos). Para prevenir o aumento do colesterol, evite: frutos do mar (camarão, ostra, mexilhão), vísceras e miúdos (moela), fígado, coração, dobradinha, gema de ovo, alimentos com gema de ovo (macarrão, por exemplo), mocotó, rabada, buchada, feijoada e churrasco. Coma: arroz, feijão, frango e peixe (ambos sem pele), frutas, verduras e legumes, cebola e alho (menos em cápsulas, que interagem com os antiretrovirais). Faça uma alimentação sem gorduras, sem frituras e faça exames periódicos. Substitua o açúcar por adoçante (a stévia é uma boa opção, pois é natural e dá bom sabor). A medicina ortomolecular também pode ajudar a baixar níveis de colesterol e triglicerídeos: semente de uva, semente de linhaça, ômega 3. Por exemplo, você pode colocar semente de linhaça, à venda em lojas de produtos naturais, em sucos e vitaminas. Mas consulte sempre um especialista para saber a forma de usar os produtos contra os efeitos colaterais. Resumindo A lipodistrofía é uma combinação de mudanças no metabolismo de gorduras e açúcares no sangue e na forma do corpo, ocorrendo principalmente em pessoas que tomam medicamentos anti-retrovirais. Não existe uma definição consensual para a lipodistrofía. É difícil saber claramente quantas pessoas apresentam tal efeito colateral. É difícil, também, tratá-la porque ainda não conhecemos o suficiente sobre os processos e mecanismos inerentes às causas que já identificamos (por exemplo, tomar anti-retrovirais). Os cientistas estão investigando vários tipos de tratamentos para a lipodistrofia, inclusive tratamentos hormonais. Não se recomenda deixar de tomar ou substituir medicamentos anti-retrovirais por conta da lipodistrofia, ou de qualquer outro efeito colateral, sem consulta prévia ao seu médico. É importante evitar o aumento de triglicerídeos, porque tal alteração pode provocar pancreatite, diabetes e doenças cardíacas, levando a pessoa à morte. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED - Evangelischer Entwicklungsdienst e V. Tiragem: 4 mil exemplares/março de 2004 Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México diarréia O que é a diarréia? É um aumento do conteúdo de água nas fezes e um aumento da freqüência e do volume das defecações. É freqüente em pessoas HIV positivas que tomam anti-retrovirais. Lembre-se: a diarréia pode ser um problema sério. Os casos leves desaparecem em poucos dias, os severos podem causar desidratação ou problemas nutricionais. Quais são as causas da diarréia? Geralmente, a diarréia é causada por uma infecção no estômago ou nos intestinos. A infecção pode ser causada por bactérias, parasitas, fungos ou vírus. Na verdade, um grande número de fatores pode afetar o funcionamento intestinal: intolerância ou intoxicações alimentares, inflamações patogênicas, quantidade de líquidos ingeridos, estilo de vida (horas regulares de refeição e defecação), medicações, emoções, estresse e ansiedade. Esses dois últimos tanto podem aumentar quanto diminuir a motilidade gastrintestinal. Os parasitas criptosporidium e microsporidium eram a causa mais freqüente de diarréia em pessoas HIV+. O uso das combinações de anti-retrovirais tem diminuído muito a ocorrência desses problemas. Importante: Os medicamentos anti-retrovirais e de outros tipos também podem provocar diarréia, que geralmente ocorre com o uso do nelfinavir (Viracept), ritonavir (Norvir), ddI (V idex), amprenav ir, saquinavir, Kaletra, foscarnet (Foscavir) e interferon alfa (Roferon ou Intron). Os antibióticos podem eliminar as bactérias mantenedoras da sua flora intestinal e provocar diarréia. A diarréia também pode ser causada por intolerância à lactose, que é um produto derivado do leite e que encontramos em queijos e iogurtes. A diarréia pode ser provocada ainda por problemas no pâncreas ou por estresse emocional. Pode ser difícil determinar a causa da diarréia. Seu médico deve lhe perguntar o que você comeu ou tomou recentemente e se você fez alguma viagem há pouco tempo. É possível que você precise fazer um exame de fezes para identificar a presença de bactérias ou parasitas em seu corpo. Caso um primeiro exame de fezes não consiga determinar a causa da diarréia, é provável que o seu médico peça para você repetir o exame. Em alguns casos, é necessário fazer exames de urina e de sangue. Caso não se possa determinar a causa da diarréia com tais exames, seu médico poderá examinar seu aparelho digestivo através de uma endoscopia (na qual se insere um instrumento pela boca) ou de uma retosigmoidoscopia (na qual se insere um instrumento através do ânus). É difícil determinar a causa da diarréia em um terço das pessoas. A diarréia é perigosa? O maior risco da diarréia é a desidratação. Você pode perder até cinco litros de água por dia quando tem uma diarréia severa. Junto com a água, você perde minerais (eletrólitos) que são importantes para o bom funcionamento do corpo. Os principais eletrólitos são o sódio e o potássio. A diarréia persistente pode levar à má absorção dos nutrientes, gerando a síndrome de desgaste. A diarréia prolongada gera a perda de líquidos e de eletrólitos, cujos sintomas podem ser: pouca elasticidade da pele, perda de peso, sede e má nutrição. A pessoa com diarréia prolongada pode se queixar de fadiga, 6 Série D fraqueza e mal-estar em geral. Náuseas e vômitos podem acompanhar a diarréia e agravar ainda mais as perdas de líquidos e de eletrólitos. Importante: A desidratação severa pode deixar o corpo em estado de choque e ser mortal. A desidratação é mais séria em bebês e crianças do que em adultos. Qualquer pessoa que apresente diarréia necessita beber muito líquido que não contenha corante. Algumas boas opções são: chá, caldo de frango, soda. Essas opções são melhores que beber água pura, já que essa não restitui eletrólitos. O soro caseiro também pode ser um bom aliado (colocar como se faz o soro caseiro). Lembre-se: a diarréia pode ser perigosa. Consulte rapidamente o seu médico se a diarréia durar além de uns poucos dias. Como tratar a diarréia? A diminuição da peristalse é um dos principais objetivos no tratamento da diarréia e pode ser obtida retirando-se a estimulação. Isso significa que pode ser necessária a retirada temporária de certos alimentos e líquidos, além da redução de atividade para se evitar a peristalse. Alguns alimentos podem causar diarréia e outros ajudam no seu combate: Não coma ou beba: Produtos lácteos (leite e queijo) Comidas gordurosas ou fritas Alimentos gordurosos, como, manteiga, margarina, azeites ou nozes Folhas Informativas Comidas muito condimentadas ou picantes medicamento sem ter uma idéia da causa da sua diarréia. Comidas com alto conteúdo de fibras insolúveis, o que inclui frutas e verduras cruas, pão integral, milho, cascas de frutas ou sementes, grãos integrais, ervilhas, cenouras (cruas), farelo de cereais, soja, mamão, manga, verduras folhosas Alguns medicamentos funcionam bem para tratar a diarréia e não necessitam de receita médica. Mas lembre-se de só tomar os medicamentos de venda livre após falar com o seu médico. Evite problemas de automedicação. Comidas preparadas com dendê e líquidos que contenham álcool e cafeína (café, por exemplo), além de sucos ácidos Importante: Mate, refrigerante, saladas com alimentos crus ou gordurosos. Evite, principalmente no verão, saladas ou sanduíches com maionese, creme de leite e ovos, pois nessa época se estragam mais facilmente. Evite comer ainda: laranja, tangerina, caroço de feijão e abóbora. Você pode comer: Purê de maçã ou de batata Pão branco torrado ou bolachas de água e sal Macarrão tipo cabelo de anjo Ovos cozidos Cereal de aveia Iogurte (mesmo sendo um produto lácteo, o iogurte é parcialmente digerido pela própria bactéria utilizada em sua fabricação). Importante: Aumente a ingestão de alimentos com fibras solúveis: farelo de aveia, farinha de aveia, banana (prata), maçã, massas e amidos em geral, batata, inhame, arroz branco, aipim, cenoura cozida e chá. Coma também: goiaba e caju. Prefira saladas com alimentos cozidos e com pouco sal, vinagre e azeite. Sopas, cremes de batata, inhame, aipim são boas alternativas. Substitua o leite integral que contém lactose por leite sem esse elemento. Existe tratamento com medicamentos? Dependendo da causa da diarréia, são usados diferentes remédios. Seu médico não lhe receitará qualquer 6 Série D Alguns dos remédios usados para prisão de ventre também podem ser utilizados para o combate à diarréia. Esses medicamentos contêm fibras solúveis que absorvem a água. Converse com um profissional de saúde a respeito. Também existem tratamentos alternativos para a diarréia: acredita-se que menta, gengibre e noz moscada ajudam o funcionamento do aparelho digestivo. Os chás de menta ou de gengibre são boas opções de bebidas sem corantes que necessitam ser tomadas por quem tem diarréia. Adicione noz moscada em seus alimentos e bebidas. As cápsulas de acidofilus (compostas por bactérias acidófilas benéficas para a saúde) ajudam a regularizar a digestão e a restaurar a flora intestinal, especialmente em pessoas que tomam antibióticos. Alguns iogurtes apresentam cultivos vivos de acidófilos e fazem o mesmo efeito das cápsulas. Um estudo demonstrou que os suplementos de cálcio (comprimidos) ajudam a aliviar a diarréia em pessoas que tomam nelfinavir (Viracept), que é um inibidor da protease (IP). Esses suplementos poderiam também ser úteis nos casos de diarréias causadas por outros medicamentos, inclusive outros IPs. Lembre-se: lactobacilos presentes no iogurte, leite fermentado e na coalhada ajudam a combater tanto a diarréia quanto a prisão de ventre. Contra a prisão de ventre coma: mamão, laranja, ameixa seca, e beba bastante líquido: um copo de água gelada pela manhã em jejum é bom. Como a diarréia pode provocar irritação da pele e da mucosa na região anal e, para evitar o desenvolvimento de infecções, deve-se lavar a região com água morna e sabão neutro logo após a evacuação. Essa região deve ser secada com delicadeza e podemos aplicar uma camada protetora de vaselina ou óxido de zinco. Bolas de algodão e uma loção não irritante também podem ser empregadas durante a limpeza. O uso de cremes emolientes ajuda a conservar a pele intacta e a aliviar a área irritada. Importante: Caso perceba que a sua diarréia é constante e dura poucos dias, tente fazer anotações dos alimentos para descobrir qual(is) elemento(s) pode(m) estar lhe provocando tal efeito. Então, você poderá optar entre deixar de comê-lo(s) ou não. Resumindo A diarréia é um problema comum e significativo em pessoas HIV positivas que tomam anti-retrovirais. Geralmente, é causada por uma infecção no aparelho digestivo. O estresse, alguns medicamentos, principalmente os antibióticos, e os problemas para digerir derivados do leite também podem causar diarréia. É importante identificar qual o remédio (anti-retroviral ou de outros tipos) está causando a diarréia. A conseqüência mais séria da diarréia é a desidratação e a perda de sais minerais. Esse é um problema ainda mais grave em crianças do que em adultos. Se você tem diarréia, deve beber grandes quantidades de líquidos que não contenham corantes (evitar refrigerantes, por exemplo). A reposição de líquidos e de eletrólitos, e tomar soro caseiro (a cada duas horas) são também medidas importantes. Alguns medicamentos vendidos sem receita, o acidófilo ou uma mudança na sua alimentação também podem ajudar a controlar a diarréia. Se você apresentar diarréia por mais de alguns poucos dias, entre em contato com o seu médico. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED - Evangelischer Entwicklungsdienst e V. Tiragem: 4 mil exemplares/março de 2004 Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México Neuropatia periférica O que é a neuropatia periférica? É uma doença dos nervos periféricos, que são formados por todos os nervos do corpo, exceto os nervos do cérebro e da coluna vertebral. Aproximadamente 30% das pessoas HIV positivas desenvolvem neuropatia periférica. Algumas vezes, a neuropatia é causada por uma ruptura nas terminações dos nervos que enviam sensações ao cérebro. Em outras ocasiões, é produzida por dano na capa que reveste os nervos (mielina). Esse dano interfere na transmissão de sinais de dor ao cérebro. Importante: A neuropatia pode ser apenas um mal que provoca muitos incômodos ou uma condição de incapacidade. Geralmente, aparece como uma sensação de formigamento, queimação, endurecimento ou adormecimento nos pés, incluindo os dedos. Também podem ocorrer sensações de cócegas, dor sem causa aparente ou sensações que parecem ser mais intensas do que as normais. A neuropatia periférica severa pode causar dificuldades para andar e se manter em pé. O que causa a neuropatia periférica? A neuropatia pode ser causada por infecção com o HIV ou citomegalovírus, pelos efeitos colaterais dos anti-retrovirais ou por infecções oportunistas. Não há necessidade de exames laboratoriais para se detectar a neuropatia, pois os sintomas e sinais já são o suficiente. É possível que você tenha que fazer exames espe- cíficos para identificar a causa da sua neuropatia. Esses exames medem a corrente elétrica nos nervos e músculos. A quantidade e velocidade dos impulsos elétricos variam de acordo com o tipo de neuropatia periférica apresentada. Qual é o tratamento para a neuropatia periférica? A princípio, se for possível, deixe de tomar os medicamentos que causam a neuropatia. A neuropatia causada por medicamentos geralmente desaparece totalmente com a suspensão da medicação (às vezes, tal processo pode demorar até oito semanas). Caso você continue tomando os medicamentos que causam a neuropatia, os danos aos nervos podem se tornar permanentes e irreversíveis. Lembre-se: vários dos antiretrovirais causam neuropatia periférica como, por exemplo, o ddC (Hivid), o ddI (Videx) e o d4T (Estavudina, Zerit). A hidroxiuréia, que algumas vezes é combinada com anti-retrovirais, também pode aumentar o risco de neuropatia periférica. Outros medicamentos que podem causar neuropatia periférica são: dapsona (para o tratamento da pneumonia por pneumocistis carinii), isoniazida (para o tratamento da tuberculose), metronidazol (Flagyl, usado no tratamento da amebíase e da microsporidíase) e vincristina (usado para tratar o sarcoma de Kaposi e o linfoma tipo não Hodgkin). O AZT, o abacavir, assim como os inibidores da transcriptase reversa não análogos de nucleosídeos e os inibidores da protease não parecem causar neuropatia periférica. 7 Série D Tratamentos não medicamentosos: Use sapatos folgados Não caminhe demais Não permaneça em pé por muito tempo Mergulhe os pés em água gelada. Tratamentos médicos: Não existe nenhum medicamento aprovado que possa reverter o dano nervoso. Na atualidade, estuda-se a lamotrigina, que é um medicamento anticonvulsivo. A forma recombinada do fator de crescimento dos nervos foi estudada como tratamento para a neuropatia periférica, mas as pesquisas com essa estratégia foram abandonadas. Alguns medicamentos podem reduzir a dor da neuropatia: Sintomas leves: algumas vezes, é utilizado o ibuprofen Sintomas moderados: podem ser utilizadas a amitriptilina ou a nortriptilina, antidepressivos que aumentam a transmissão dos impulsos nervosos para o cérebro. Outros tratamentos incluem o neurontin (anticonvulsivo) e um gel contendo o anestésico lidocaína Sintomas severos: analgésicos narcóticos, como a codeína ou a metadona, podem ser utilizados. Terapia nutricional: Não há estudos sobre tratamentos nutricionais em pessoas HIV positivas com neuropatia. Mas a neuropatia causada pela diabetes é similar e tem sido estudada na Europa. Vitaminas B: são efetivas no tratamento da neuropatia diabética e parecem aumentar a função nervosa. Folhas Informativas Ácido alfa lipóico: é provável que proteja os nervos da inflamação. Ácido gama linoleico: encontra-se no azeite noite de prímula. Tem revertido, em algumas pessoas com diabetes, os danos nervosos. Magnetos: um estudo recente demonstrou que meias magnetizadas ou imantadas (com ímãs) aliviam a neuropatia diabética, embora sejam menos efetivas para tratar as dores dos pés provenientes de outras causas. Lembre-se: a acupuntura ajuda no combate à neuropatia (dor e dormência nas mãos e pés, cãibras). 7 Série D Resumindo A neuropatia periférica é uma enfermidade do sistema nervoso que causa sensações estranhas, particularmente nos pés, nas pernas e nos dedos, e pode causar dores. Essas dores podem ser leves ou tão severas que impedem a pessoa de caminhar. Caso você tenha sintomas de neuropatia periférica, fale com o seu médico imediatamente. É provável que você tenha que deixar de tomar os medicamentos que estão causando os danos aos nervos. Se a suspensão dos medicamentos não for bem-sucedida, será necessário realizar análises para se determinar a causa da neuropatia. Existem tratamentos distintos para as diferentes neuropatias periféricas. Embora nenhum tratamento reverta o dano nervoso, existem medicamentos para controlar a dor e uma série de terapias nutricionais que podem ajudar a estabilizar ou a diminuir o dano. Para mais informações (em inglês) sobre a neuropatia periférica, acesse www.neuropathy.org Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED - Evangelischer Entwicklungsdienst e V. Tiragem: 4 mil exemplares/março de 2004 Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México toxicidade mitocondrial O que são as mitocôndrias? Quais são os sinais da TM? São como pequenos órgãos dentro das células. A mitocôndria é responsável pela produção de energia das células. Para tal, utiliza oxigênio, gordura e açúcar para produzir ATP (trifosfato de adenosina). Esse processo chama-se respiração celular. Quando a célula necessita de energia, processa moléculas de ATP que liberam a energia acumulada. Um dos sinais mais comuns é a debilidade muscular (miopatia) acompanhada ou não de dor muscular (mialgia). Se as células musculares não obtêm energia suficiente através da respiração celular, têm que gerar a quantidade necessária de energia que falta sem o oxigênio. Essa produção anaeróbica de energia gera o ácido láctico como produto metabólico. Quanto mais energia necessitar uma célula, maior quantidade de mitocôndrias ela terá. Uma célula pode ter desde poucas até milhares de mitocôndrias. O maior número de mitocôndrias encontra-se nas células nervosas, musculares e nas células do fígado. O acúmulo de ácido láctico no músculo causa dor. A dor que é sentida após uma corrida do tipo maratona deve-se à acumulação de ácido láctico no músculo. Algumas pessoas que apresentam TM têm níveis altos de ácido láctico no sangue. Essa rara condição é denominada acidose láctica. Existe um exame para medir os níveis de ácido láctico no sangue, mas os especialistas não estão de acordo em relação à maneira de interpretálo. O esforço físico antes do exame de sangue (subir escadas ou caminhar rápido) pode aumentar os níveis de ácido láctico e falsear interpretações. Importante: Alguns cientistas acreditam que as mitocôndrias são a chave do envelhecimento. À medida que envelhecemos, nossas mitocôndrias acumulam mais e mais mutações. Quase todas as células do nosso corpo são capazes de corrigir erros durante as suas multiplicações (mutações), mas as mitocôndrias não são capazes disso. Eventualmente, as mutações reduzem a quantidade de energia disponível para as células. Se a energia diminuir muito, a célula pode funcionar mal. Se a energia diminuir ainda mais, pode fazer com que a célula deixe de funcionar por completo. O que é toxidade mitocondrial (TM)? É o dano que faz com que a mitocôndria deixe de funcionar adequadamente. Os sinais de acidose láctica são: Náuseas Vômitos Fadiga severa Perda recente de peso Respiração rápida e intensa Cãibras, adormecimento, formigamento ou dores musculares Debilidade muscular que piora rapidamente. Lembre-se: a acidose láctica pode ser mortal. Caso apresente alguns desses sintomas, consulte o seu médico imediatamente. 8 Série D A TM também pode causar dano nervoso (neuropatia periférica, veja a Folha Informativa D 7). Ela está associada com danos aos rins e à perda de audição. Alguns pesquisadores acreditam que a TM é responsável pela redistribuição das gorduras (lipodistrofia, veja a Folha Informativa D 5) em pessoas que tomam medicamentos anti-HIV. Como os medicamentos anti-HIV causam a TM? As mitocôndrias produzem uma enzima que as ajudam a se multiplicar. Essa enzima é chamada gama polimerase e é similar à enzima transcriptase reversa do HIV. Lamentavelmente, isso significa dizer que os medicamentos que inibem a transcriptase reversa também inibem a gama polimerase. Quando isso acontece, é produzida uma menor quantidade de mitocôndrias. Os inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (AZT, 3TC, ddl, ddC, d4T e abacavir) inibem a gama polimerase até certo ponto. Quanto mais tempo durar o tratamento anti-retroviral, maior será a possibilidade de desenvolvimento de toxicidade mitocondrial. Medicamentos diferentes concentram-se em diversos e diferentes órgãos do nosso corpo. Essa é umas das razões pelas quais a toxicidade mitocondrial causada por medicamentos diferentes pode afetar e danificar distintas partes do corpo. Folhas Informativas Importante: A TM causa fraqueza muscular em pessoas que tomam AZT e, provavelmente, causa esteatose hepática (fígado gorduroso) e altos níveis de ácido láctico em pessoas que tomam anti-retrovirais nucleosídeos. Infelizmente, não existem muitas informações sobre o nível de dano mitocondrial causado pelos diferentes medicamentos, tampouco sobre as combinações de medicamentos que causam TM em maior grau. 8 Série D O que esperar do futuro? Poucos são os estudos sobre a TM causada pelos anti-retrovirais nucleosídeos. As pesquisas feitas em animais demonstram que a TM causa dano nervoso. Estudos em seres humanos não têm sido realizados. Nos próximos anos, esperamos que os pesquisadores estudem mais a TM e que seja desenvolvido um exame capaz de melhor detectá-la. Além disso, esperamos que estudem mais profundamente a conexão entre a TM e os efeitos colaterais. Por enquanto, as pessoas HIV+ devem saber, principalmente, quais são os sintomas da acidose láctica, um efeito secundário que pode ser mortal. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED - Evangelischer Entwicklungsdienst e V. Tiragem: 4 mil exemplares/março de 2004 Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México problemas ÓSSEOS O que é o osso? É matéria viva em movimento, formada por uma estrutura de proteínas. O cálcio fortalece essa estrutura. A superfície exterior dos ossos possui nervos e uma rede de pequenos vasos sangüíneos. O osso velho é eliminado continuamente ao mesmo tempo em que se gera um novo. Nas pessoas jovens, é gerado mais osso do que eliminado, fazendo com que se tornem mais pesados e fortes. Depois dos 30 anos de idade, o corpo elimina maior quantidade de osso, que se torna afinado e frágil. Importante: As pessoas soropositivas possuem uma alta incidência de dois problemas ósseos: osteoporose e osteonecrose. Não sabemos se são causados pelo HIV ou pelos anti-retrovirais. O que é a osteoporose? Também conhecida como osso poroso, a osteoporose ocorre quando há perda de muita quantidade de mineral da estrutura do osso. Os ossos tornam-se quebradiços e fraturam-se com mais facilidade. As fraturas mais comuns são nas cadeiras (quadris), na coluna e nos pulsos. A osteopenia é uma perda de minerais ósseos que é menos severa do que a osteoporose. O que causa a osteoporose? À medida que envelhecemos, nossos ossos perdem minerais. Se você tem mais de 50 anos, é mulher, está na menopausa, é caucasiana, asiática, magra ou de baixo peso, perde minerais com mais rapidez. A osteoporose está associada ao fumo, ao uso de cafeína ou de álcool, à falta de atividade física e à falta de cálcio ou vitamina D na alimentação. Ainda não se sabe por que os soropositivos apresentam índices mais altos de osteoporose em relação à população em geral. Embora um estudo recente tenha encontrado uma relação entre a perda de massa óssea e o tempo de infecção por HIV. Quais são os sinais de osteoporose? Lamentavelmente, muitas pessoas só descobrem que têm osteoporose quando fraturam um osso. A única forma de saber se seus ossos estão perdendo minerais é através de um exame. A maioria dos exames é do tipo raio X ou de densitometria óssea. Importante: A densidade mineral óssea é medida em gramas por centímetro quadrado. Esse valor é comparado com o valor máximo de densidade mineral de um adulto saudável com 30 anos de idade e do mesmo sexo que o requisitante do exame. A pontuação T (T score, em inglês) mede o quanto abaixo do valor máximo está a sua densidade mineral. É diagnosticada osteoporose quando a pontuação T é de (-2) ou menor. As pontuações T entre (-1) e (-2) indicam osteopenia. Os resultados de densidade óssea também podem ser interpretados utilizando-se a pontuação Z (Z score, em inglês). Esse método compara seu conteúdo mineral com o de uma pessoa da mesma idade e sexo. 9 Série D Como prevenir e lidar com a osteoporose? Consuma muito cálcio enquanto esteja construindo o osso (até os 30 anos). Quanto mais alto for seu valor máximo de densidade óssea, melhor. Se você tem osteopenia ou osteoporose, pode reduzir o risco de fratura: Tome suplementos de cálcio. Especialmente carbonato ou citrato de cálcio. A vitamina D ajuda na absorção do cálcio. Converse com o seu médico sobre a quantidade apropriada de cálcio que você deve ingerir. Tome sol pela manhã: ajuda a fixar a vitamina D. Faça com que seus ossos fiquem fortes levantando pesos ao caminhar e ao fazer exercícios físicos. Isso possibilita ao osso reter maior quantidade de minerais. Deixe de fumar e reduza a ingestão de cafeína e álcool. Diminua as possibilidades de queda. Retire obstáculos dos lugares por onde caminha, por exemplo, tirando tapetes do chão. Tenha cuidado com degraus e escadas. O que é a osteonecrose? Osteonecrose significa morte óssea, e é também conhecida como necrose avascular. Geralmente afeta o fêmur, osso que conecta a perna ao quadril (um de cada lado, esquerdo e direito). O que causa a osteonecrose ? É causada pela perda da irrigação sangüínea do osso. Pode ser causada por acidentes, uso excessivo de álcool e pelo uso prolongado de corticóides (antiinflamatórios). As gorduras podem obstruir os vasos sangüíneos dos ossos. Folhas Informativas Quais são os sinais da osteonecrose? A osteonecrose gera dores nas articulações. Por exemplo: dor nos quadris pode ser um sinal dessa doença. A princípio, a dor só acontece quando levantamos pesos. Em casos mais severos, a dor torna-se constante. A ressonância magnética (MRI, sigla em inglês) pode detectar a osteonecrose em estágio inicial. O raio X e outros tipos de exames podem detectar a osteonecrose em etapa avançada. Alguns médicos também utilizam a cirurgia para detectar a osteonecrose. O que é possível fazer? 9 Série D Resumindo As pessoas soropositivas geralmente apresentam altos incidências de osteoporose e de osteonecrose. Não sabemos se esses problemas são causados pelo HIV ou pelos anti-retrovirais. Você pode se prevenir da osteoporose tomando suplementos de cálcio ou de vitamina D, deixando de fumar e reduzindo a ingestão de álcool e de cafeína. Caso não tenha dores nas articulações, os exercícios podem ajudar. Você precisa fazer exames específicos para saber se tem osteoporose, embora a dor nas articulações, especialmente nos quadris, seja um sinal de osteonecrose. Se você tem dor nas articulações, consultese com o seu médico antes de aumentar a carga de exercícios. Para mais informações (em inglês), com a Fundação Nacional de Osteoporose (National Osteoporosis Foundation): www.osteoporosis.org.ar Uma pessoa saudável pode se recuperar da osteonecrose, especialmente se ela for causada por um acidente. O corpo pode restaurar os vasos sangüíneos e reconstruir o osso danificado. Se a osteonecrose é causada pelo uso de álcool ou de esteróides, deve-se deixar de tomar tais drogas. Você também pode reduzir o peso que é suportado por suas articulações. Esse procedimento é o oposto do tratamento para a osteoporose. Os casos graves requerem cirurgia para restaurar o osso afetado ou para substituir a articulação danificada (prótese) que geralmente está localizada na região dos quadris. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED - Evangelischer Entwicklungsdienst e V. Tiragem: 4 mil exemplares/março de 2004 Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México anorexia O que á a anorexia? É a redução ou a perda do apetite e pode vir acompanhada de depressão. O que causa a anorexia? Pode ser causada por distúrbios emocionais, por exposição a cheiros desagradáveis e por vários agentes químicos e medicamentos, inclusive os anti-retrovirais. Quais são os sinais associados à anorexia? Perda de peso, náuseas, vômitos, fraqueza e indiferença. Além disso, a anorexia pode causar muitas complicações: anemia, pressão baixa, ausência de menstruação, arritmias no coração etc. O que pode ser feito? Um objetivo do tratamento da anorexia é reduzir a ocorrência dos estímulos causadores e manter a alimentação adequada. O planejamento das refeições é outro ponto importante: a necessidade de vários horários regulares de refeição, um bom desjejum, uma boa higiene oral para que se garanta uma ingestão adequada de nutrientes, a necessidade de limpeza no armazenamento, na preparação e na forma de servir os alimentos. Como diminuir os estímulos desagradáveis (cheiros e sons) à anorexia? Alimentar-se num ambiente limpo, ventilado, livre de odores, sons e de estímulos visuais desagradáveis pode estimular o apetite; comer acompanhado; preparar os alimentos em temperatura adequada e servi-los de forma o mais atraente possível; deixar pratos e outros utensílios limpos; fazer uma higiene corporal antes das refeições (pode ajudar a retirar estímulos desencadeadores da falta de apetite). 10 Série D Resumindo A anorexia pode estar associada à depressão e a estímulos físicos e químicos (medicações). Pode provocar muitas complicações. O planejamento das refeições, o armazenamento, a preparação e a forma de servir os alimentos são importantes para o combate à anorexia. Outras estratégias de combate vão desde a higiene pessoal até a arrumação do local de refeição. Pequenas refeições ricas em carboidratos em intervalos regulares, e a ingestão de lanches e bebidas com elevado teor calórico devem ser estimuladas. Suprimentos nutricionais líquidos geralmente também são bem tolerados e podem ser prescritos. Importante: Os líquidos durante as refeições devem ser ingeridos lentamente até o limite de tolerância de cada um, devendo ser tomados em poucas quantidades. Lembre-se: em hipótese alguma, devemos apressar a pessoa com dificuldades de comer nas suas refeições, e o ambiente deve ser calmo e agradável. Se possível, procure motivá-la a aumentar o seu consumo de alimentos. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED - Evangelischer Entwicklungsdienst e V. Tiragem: 4 mil exemplares/março de 2004 Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México náuseas e vômitos O que são náuseas e vômitos? A náusea é a sensação de um desejo iminente de vomitar; e vômito, ou êmese, refere-se ao ato de expulsão pela boca do conteúdo gástrico. Náuseas e vômitos podem ocorrer independentemente um do outro, todavia, em geral estão associados. O que causa náuseas e vômitos? Náuseas e vômitos podem ser manifestações de numerosos distúrbios orgânicos e funcionais, incluindo o fenômeno dos efeitos colaterais de diversos medicamentos. Podem estar associados a determinados estímulos: alimentos, cheiros e certos períodos do dia. Vômitos também podem ser causados por estímulos psíquicos e não só físicos: cenas desagradáveis, sensações provocadas por cheiros incômodos e outros fatores psicológicos. Para a descoberta das causas reais desses sintomas é preciso saber a freqüência e o tempo exato de suas ocorrências: Quantas vezes? Quando? Após qual medicação? Após qual alimento? É preciso também saber sobre a natureza do material vomitado: Sai em forma de jato? É precedido de náuseas? Qual é o estado emocional da pessoa? Há situações desagradáveis e de tensão (podem aumentar a freqüência das náuseas e vômitos)? Quais são os sintomas de naúseas e vômitos? A pessoa nauseada pode se queixar simplesmente de sentir-se mal e, muitas vezes, ocorre aumento da transpiração e da salivação, palidez, vertigens (tonturas, zonzeiras), ou sensações de formigamento nas extremidades do corpo. Podem ocorrer também: defecação, pressão baixa (hipotensão) e diminuição dos batimentos do coração (bradicardia). Importante: A presença de náuseas e vômitos numa pessoa HIV+ pode decorrer do uso de antiretrovirais e de outros medicamentos, como antibióticos, antimicobacterianos, antimicóticos e analgésicos. Náuseas e vômitos podem trazer complicações sérias? Umas das complicações mais sérias para a pessoa que sofre de náuseas e vômitos é o desequilíbrio hidreletrolítico. Sede, diminuição do turgor (elasticidade) da pele, ressecamento das mucosas, agitação, elevação da temperatura corporal, taquicardia (aumento dos batimentos do coração) e perda de peso são alguns dos sintomas desse desequilíbrio. Devemos ficar bem atentos à administração excessiva de líquidos, evitando-a principalmente em pessoas com problemas nos rins e no coração. Verificação dos sinais vitais a cada 2 a 4 horas (dependendo da gravidade da perda de líquidos), da pressão sangüínea e da perda de peso diária são importantes quando da ocorrência de tais desequilíbrios. Lembre-se: no combate ao vômito e às náuseas, a pessoa deve ser orientada a evitar tomar líquidos junto às refeições (tome-os 30 minutos antes ou após a refeição), bem como evitar ingerir gorduras, frituras ou doces. Alimentos secos, como torradas e biscoitos são mais aceitos e melhoram a sensação de mal-estar. Beber líquidos gelados na hora das tomadas dos medicamentos é uma boa recomendação. 11 Série D Caso haja uma freqüência grande de vômitos, é necessária uma reposição de água e eletrólitos. Portanto, recomendamos tomar líquidos ricos em sódio e potássio, como suco de laranja e caldo concentrado de carne. Para alguém desidratado, é importante aplicar loção na pele e umedecer os lábios. Especificamente contra os enjôos: faça refeições que sejam agradáveis de ver e cheirar. Prefira sopas, que são fáceis de digerir. Porém, para não ficar logo em seguida com fome, tome dois pratos fundos. Importante: Em caso de vômito, logo após a tomada de uma medicação via oral, a dosagem deve ser repetida. Caso o vômito tenha ocorrido após uma hora da tomada da medicação, não há a necessidade de se repetir a dose. Lembre-se: a acupuntura ajuda a combater náuseas e vômitos. Na hora do vômito, a pessoa deve ficar com a cabeça de lado, pois isso pode prevenir complicações como a broncoaspiração. Deitar a pessoa em local fresco, quieto, ventilado, pedindo que se levante de vez em quando pode ser uma boa medida. Nessa hora, a pessoa sentada deve fazer respirações profundas. Uma dica é tentar fazer com que ela desvie a atenção do problema. Importante: A suspensão da medicação anti-retroviral nos casos de vômitos e náuseas não é o mais indicado, mas, sim, nos convencermos de que tais efeitos podem ser minimizados ou prevenidos. 11 Folhas Informativas Série D Resumindo Náuseas e vômitos podem ser manifestações de numerosos distúrbios orgânicos e de diversos estímulos físicos (incluindo as medicações em geral) e psíquicos. Uma das suas complicações mais sérias é o desequilíbrio hidreletrolítico, que não é resolvido apenas com a ingestão de água. A alimentação correta e a administração de líquidos e de eletrólitos ajudam a combater as náuseas e os vômitos. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED - Evangelischer Entwicklungsdienst e V. Tiragem: 4 mil exemplares/março de 2004 Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México depoimento 12 Série D Escreva na tabela abaixo todos os medicamentos que você esteja tomando, desde quando e os efeitos colaterais decorrentes de cada um deles. Depois, envie para a ABIA no endereço Rua da Candelária, 79/10º andar Centro Rio de Janeiro/RJ CEP: 20911-020 ou via fax (21) 2253-8495. Quem sabe a gente pode dar alguma informação ou dica útil para ajudá-lo? MEDICAMENTO DESDE QUANDO EFEITOS COLATERAIS Observações: Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED - Evangelischer Entwicklungsdienst e V. Tiragem: 4 mil exemplares/março de 2004