Um modelo heurístico para implantação de empreendimentos Gov
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Um modelo heurístico para implantação de empreendimentos Gov
VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 Um modelo heurístico para implantação de empreendimentos Government-toGovernment no Brasil Luiz Antonio Joia OBJETIVOS O objetivo principal desse artigo é apresentar alguns fatores críticos de sucesso na construção de empreendimentos Government-to-Government (G2G), dentro da realidade Brasileira. Pretende-se, também, mostrar como organizações e entes públicos podem se beneficiar da tecnologia Internet para interligarem seus processos com os de outras organizações e entes públicas. Aborda-se, portanto, como esse tipo de interligação digital permite aos órgãos públicos obter uma maior agilidade e eficácia nos seus processos de trabalho, a um menor custo. Adicionalmente, objetiva-se apresentar um modelo heurístico de implantação de empreendimentos Government-to-Government (G2G) no Brasil, a partir dos dados de campo coletados. Para se depreender os fatores críticos de sucesso em empreendimentos G2G no Brasil e desenvolver um modelo heurístico de implantação, um estudo de caso de sucesso é analisado, tendo como entidades envolvidas o Banco Central do Brasil (Bacen) e o Superior Tribunal de Justiça do Brasil. A análise detalhada desse estudo de caso permite que se verifique os cuidados a serem tomados na implantação de empreendimentos desse tipo e os resultados advindos do mesmo. De modo mais específico, será analisado o sistema BacenJud1 do Banco Central do Brasil. O estudo mostrará como esse empreendimento G2G possibilitou ao Banco Central do Brasil e ao Superior Tribunal de Justiça, a obtenção de maior agilidade e eficácia no trâmite de solicitações judiciais demandadas pelo Poder Judiciário ao Banco Central do Brasil, a um menor custo. Além disso, esse estudo abordará quais fatores influenciaram, claramente, o sucesso na implantação desse empreendimento, nos tribunais e esferas do Poder Judiciário. Questões de Pesquisa Verifica-se, portanto, que o artigo visa responder às seguintes questões de pesquisa: - A partir do estudo de caso analisado, quais os fatores críticos de sucesso na implantação de processos Government-to-Government (G2G), no Brasil? - Como a implantação de um processo G2G entre o Banco Central do Brasil (Bacen) e o Poder Judiciário alterou a eficiência do antigo processo produtivo envolvendo a ambos? - A partir do estudo de caso analisado, quais as principais barreiras encontradas, as suas respectivas causas e as possíveis soluções, quando da implantação de um projeto G2G, no Brasil? - Que modelo pode ser utilizado para implantação de empreendimentos G2G no Brasil? 1 Bacen Jud – Sistema de Solicitações do Poder Judiciário ao Banco Central do Brasil. VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 METODOLOGIA DE PESQUISA Para desenvolvimento da pesquisa foi utilizada a metodologia de estudo de caso simples explanatório. A partir do estudo de caso focalizando a ligação digital entre o Banco Central do Brasil e o Poder Judiciário, objetivando atender a solicitações judiciais relativas a depósitos bancários de pessoas físicas e jurídicas, descrito detalhadamente adiante, foram buscados os fatores críticos de sucesso, assim como analisada a melhoria na eficiência do processo produtivo tradicional. Estudos de casos são particularmente adequados para responder a perguntas do tipo: “Como?” e “Por quê?”, sendo, também, especialmente úteis para geração e construção de teorias, onde poucos dados ou teorias existem (Yin, 1994), o que corresponde à situação em questão. Permitem, também, ao pesquisador, o uso do “oportunismo controlado”, de modo a responder, de forma flexível, a novas descobertas feitas quando da coleta de novos dados (Eisenhardt, 1989). Mais detalhadamente, a metodologia de pesquisa se baseou no que se chama de “embedded single case” (Yin, 1994), já que várias unidades de análise foram consideradas e mensuradas, à medida que observou-se o comportamento de diferentes varas do Poder Judiciário, frente ao empreendimento G2G, consideradas, portanto, como distintas unidades de análise. Da mesma forma, optou-se por um estudo de caso de natureza explanatória. Estudos de casos explanatórios ou causais são úteis para avaliar-se como determinados projetos ou ferramentas estão funcionando e por quê. Verifica se há problemas, se modificações são necessárias e procura explicar as relações de causa e efeito encontradas. Baseiam-se, fortemente, em observações de dados, entrevistas e material publicado. Necessitam, também, de mais de um site para análise comparativa, o que foi feito através do estudo de distintas varas judiciais espalhadas pelo Brasil (Morra & Friedlander, 1999). De modo a atender às idéias de Yin (1994) necessárias à validação do estudo de caso simples, considerou-se, cuidadosamente, os pontos relevantes para tal, quais sejam: validade da construção; validade interna; validade externa e confiabilidade. Para validação da construção, usou-se a tática de múltiplas fontes de dados e procurou-se estabelecer uma cadeia de evidências relativa às questões investigadas. Os próprios registros existentes foram amplamente analisados; questionários foram enviados aos envolvidos para preenchimento, acerca do impacto do empreendimento G2G no seu modusoperandi; e entrevistas com alguns envolvidos foram também realizadas. Para validação interna (aplicável apenas a estudos de casos causais ou explanatórios), usou-se a tática de reconhecimento de padrões e de uso de outsiders para leitura do draft da pesquisa. Já para validação externa, aplicou-se a lógica da replicação, procurando-se inferir comportamentos, mantida a mesma estrutura em questão, a fim de não introduzir tendenciosidade. Finalmente, a confiabilidade foi assegurada pela criação de um repositório de dados e informações, muitos deles contidos em ambiente virtual, e de um protocolo para elaboração do estudo de caso, objetivando a que, se reproduzido por outro pesquisador, o estudo conduzisse a resultados e conclusões semelhantes às aqui apresentadas, ao final. Adicionalmente, usou-se o conceito de modelo heurístico para elaborar-se um framework de implantação de projetos G2G. O conceito de modelo heurístico desenvolvido por Winter S. 2 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 em seu artigo Knowledge and Competence as Strategic Assets é, portanto, largamente utilizado nessa pesquisa. Como afirma Winter: “Um modelo heurístico corresponde a um grau de definição de problema que ocupa uma posição intermediária na seqüência entre uma lista longa e indiscriminada de coisas que podem importar de um lado, e um modelo teórico de controle bastante elaborado do outro. Dentro de um modelo heurístico, há espaço para uma ampla gama de formulações mais específicas do problema– mas também existe estrutura suficiente fornecida pela próprio modelo para guiar e focalizar a discussão. Por outro lado, uma variedade rica de modelos heurísticos diferentes pode representar abordagens plausíveis para um problema apresentado”. Winter (1987, pp. 1723). Baseado nesta formulação e a partir do estudo de caso analisado, desenvolve-se um modelo teórico, segundo exposto em Einsenhardt (1989). O modelo de implantação sugerido é um dentre muitos que ainda podem ser utilizados em um futuro muito próximo e representa um esforço para superar o efeito de “paralisia por análise” (Ansoff, 1984), extremamente comum quando se lida com coisas intangíveis, levando a discussões intermináveis e não a resultados práticos. Um modelo é bom não por causa do excesso de rigor que aplica a si mesmo, medido pelo número de variáveis levadas em consideração, mas sim pelo fato de modelar e expressar adequadamente a realidade que se enfrenta. A complexidade não é necessariamente sinônimo de bons resultados, e é preciso ter-se alguma flexibilidade quando se lida com tópicos para os quais é necessário uma boa dose de senso crítico. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA Os Efeitos Incrementais da Informação e da Tecnologia da Informação nas Organizações Segundo Venkatraman (1994), o início da década de 90 foi marcado pelo ceticismo e desconfiança em relação à contribuição da tecnologia da informação para os negócios. Com base nessa constatação, o autor propôs a conveniência de se criar novos critérios para avaliar o impacto da tecnologia da informação nos negócios, a partir da hipótese de que a lógica de análise prevalecente até então – centrada nos efeitos da automação, na redução dos custos e na eficiência das operações internas –, poderia não ser adequada para a década de 90. Em resposta à sua própria proposição, o autor desenvolveu um modelo referencial, no qual o grau de transformação das organizações, propiciada pela tecnologia da informação, foi classificado em cinco níveis: exploração localizada, integração interna, redefinição de processos de negócio, redefinição da rede de negócios e redefinição do escopo do negócio. Ainda, segundo Venkatraman (1994), os dois primeiros níveis são evolucionários, ao passo que os três últimos são revolucionários. A sua tese central é que o uso conservador da tecnologia, relacionado aos dois primeiros níveis, produz pouco efeito sob o ponto de vista de mudanças no negócio, não importando o grau de sofisticação das soluções implementadas. Assim, os benefícios decorrentes da aplicação da tecnologia da informação só se tornariam significativos, quando vinculados aos níveis revolucionários, resultando em transformações nos processos, na rede ou no escopo do negócio. 3 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 O alcance dos patamares de transformação do modelo de Venkatraman – redefinição dos processos, da rede e do escopo de negócios - ganhou dimensão ampliada a partir da metade da década de 90, com a expansão do uso da rede Internet e das novas funcionalidades da tecnologia da informação, marcando o surgimento da chamada economia da informação. A característica fundamental desta economia não está relacionada a nenhuma tecnologia específica, mas sim ao desenvolvimento, em larga escala, da capacidade de conexão entre pessoas, empresas e comunidades, o que causa enorme impacto na forma como os negócios contemporâneos são geridos. Conforme salientado por Evans & Wurster (2000): “...durante a década passada os gerentes deram ênfase à adaptação de seus processos operacionais às novas tecnologias da informação. Entretanto, por mais dramáticas que tenham sido tais mudanças operacionais, uma transformação mais profunda no ambiente de negócios não foi levada adiante” (Evans & Wurster, 2000 : 71). Partindo do princípio de que a informação e a conectividade constituem, hoje, dois elementos fundamentais, aqueles autores prevêem que muitos negócios serão inteiramente modificados através do fenômeno por eles denominado de “desconstrução da cadeia de valor” (Evans & Wurster, 2000). Governo Eletrônico: Em busca de uma definição No panorama atual, a expansão rápida da Internet está, de certo modo, obrigando governos de inúmeros países, em seus mais variados níveis, a pensar como podem atuar e, principalmente, oferecer novos serviços à sociedade. Com o crescimento econômico e avanços na tecnologia da informação, a forma de atuação governamental deve e será bem diferente no século que se inicia. As novas tecnologias disponíveis, principalmente a Internet, permitem aos governos interagirem de modo mais eficiente com funcionários públicos, cidadãos-contribuintes, empresas e, principalmente, com outros próprios entes governamentais. Essas tecnologias permitem criar novas aplicações e serviços antes inviáveis. É dentro desse panorama que surge o governo eletrônico – E-government (Washtenaw County, 2002). E-Government é uma área de conhecimento ainda em estágio exploratório e, portanto, de difícil detalhamento. Some-se a isso, o caráter extremamente abrangente do que, hoje, vem sendo chamado por Governo Eletrônico. Usando o conceito de Zweers & Planqué (2001, p. 92) pode-se dizer que: “Governo Eletrônico é um conceito emergente que objetiva fornecer ou tornar disponível informações, serviços ou produtos, através de meio eletrônico, a partir ou através de órgãos públicos, a qualquer momento, local e cidadão, de modo a agregar valor a todos os stakeholders envolvidos com a esfera pública”. Já Balutis (1999), define Governo Eletrônico através da seguinte equação: 4 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 Governo Eletrônico = ∑ [ Comércio Eletrônico; Customer Relationship Management (CRM); Supply Chain Management (SCM) + Gestão do Conhecimento + Business Intelligence (BI) + Tecnologias Colaborativas ] Segundo Lenk & Traunmüller (2001), quatro perspectivas podem ser, hoje, vislumbradas, acerca de Governo Eletrônico, quais sejam: 1. A Perspectiva do Cidadão – visando oferecer serviços de utilidade pública ao cidadãocontribuinte; 2. A Perspectiva de Processos – visando repensar o modus-operandi dos processos produtivos ora existentes no Governo, em suas várias esferas, tais como, por exemplo, os processos de licitação para compras (e-procurement); 3. A Perspectiva da Cooperação – visando integrar os vários órgãos governamentais, e estes com outras organizações privadas e não-governamentais, de modo a que o processo decisório possa ser agilizado, sem perda de qualidade, assim como evitando-se fragmentação, redundâncias etc. hoje existentes nas relações entre esses vários atores; 4. A Perspectiva da Gestão do Conhecimento – visando permitir ao Governo, em suas várias esferas, criar, gerenciar e disponibilizar em repositórios adequados, o conhecimento tanto gerado, quanto acumulado por seus vários órgãos. Essas quatro facetas podem ser melhor visualizadas na figura 1 a seguir. <Inserir Figura 1> Adicionalmente, Governo Eletrônico também pode ser entendido através de outras taxonomias, tal qual a expressa por Perri 6 (2001), onde o conceito pode ser entendido através dos três seguintes viesses: 1. Fornecimento de Serviços Eletrônicos Atualmente, a maior parte dos esforços, recursos e atenção política devotados a Governo Eletrônico se concentram nessa área. Essa área envolve o fornecimento de serviços de utilidade pública para o contribuinte, assim como o relacionamento Governo-Empresas, usando as tecnologias da informação e comunicação como propiciadoras para tal. 2. Democracia Eletrônica (e-democracy) Novas legislaturas, como as da Escócia e País de Gales, estão usando sistemas de votação eletrônica nos seus Parlamentos Locais, assim como há no mundo experiências piloto de consulta on-line aos cidadãos. O Brasil vem usando o e-voting, já há algum tempo, em eleições majoritárias e para o Congresso Nacional, o que o enquadraria nessa tipologia. 5 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 3. E-governance Segundo Kraemer & Dedrick (1997), essa é a área menos estudada de Governo Eletrônico. Ela incluiria, entre outras atividades, todo o suporte digital para elaboração de políticas públicas; tomada de decisões; public choices e workgroup entre os vários gestores públicos de diferentes escalões. A figura 2 a seguir, mostra essa tríade de modo sistêmico. <Inserir Figura 2> Como se pode observar, o termo E-government apresenta diversas definições dentro da literatura. Assim, E-government pode ser também definido como o conjunto de serviços governamentais tornados disponíveis, através da Internet, pelo governo, nas suas várias instâncias (Washtenaw County, 2002). Dentro dessa linha, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil - BNDES - define e-government como o uso, pelos entes governamentais, das novas tecnologias da informação na prestação de serviços e informações para cidadãos, fornecedores e servidores (BNDES, 2001). Outros autores definem o termo e-government de forma mais ampla. Para esses autores, o termo e-government cobre um amplo conjunto de atividades, desde o armazenamento de dados digitais e serviços públicos eletrônicos, à votação online e participação do cidadão (ITAC,2002). Contudo, as definições mais atuais tratam e-government como as diversas maneiras pelas quais o governo usa a tecnologia da informação para permanecer relevante na sociedade do conhecimento. E-government é a troca de valores, através de meios eletrônicos, entre os entes governamentais e todos aqueles afetados, de alguma forma, pela sua atuação – empregados, cidadãos, empresas e outros entes governamentais (ITAC, 2002). A Internet torna quase inevitável para os entes governamentais, participar, de modo ativo, dessa troca de valores. Entretanto, essa atuação vai além de construir serviços para o cidadão ou para as empresas. Dentro do projeto de governo eletrônico brasileiro, tem-se observado a grande concentração de esforços na construção de serviços voltados para o cidadão ou para as empresas. Contudo, esses serviços têm se mostrado ações isoladas dos diversos componentes da esfera governamental. (E-GOV, 2000). Atualmente, observa-se nos processos governamentais tradicionais que envolvem a participação de dois ou mais entes governamentais, uma baixa eficácia e eficiência, além de um elevado custo. Uma das principais razões para isso está no fato de que esses processos são pouco automatizados, sendo, ainda, o papel, o fator principal de interligação. Além disso, verifica-se a existência de atividades que agregam pouco valor ao processo produtivo interorganizacional. Diante desse fato, surge a seguinte questão: Se as empresas comerciais descobriram, nas relações entre si, o grande benefício que a Internet poderia proporcionar, por que os entes governamentais não podem utilizar a Internet para obtenção de uma maior integração, de modo a se tornarem mais ágeis, eficazes e eficientes, a um baixo custo ? Em uma época 6 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 onde os orçamentos públicos estão cada vez mais restritos e a sociedade exige mais eficiência e eficácia do Governo, os processos organizacionais eletrônicos integrados entre entes governamentais, através da Internet, chamados de Government-to-Government (G2G), acabam se tornando uma solução concreta para esta questão (Canuto, 2001). Nota-se que a maior parte da literatura sobre planejamento de negócios e integração de processos através da Internet está voltada para a iniciativa privada. Além disso, a literatura que aborda o planejamento de serviços eletrônicos governamentais, em sua maioria, está voltada para serviços que têm, como público-alvo, cidadãos e empresas. Diante da necessidade de elevar a performance de atuação dos entes governamentais, a um baixo custo, e da restrita referência bibliográfica sobre essa modalidade de processo eletrônico, o administrador público precisa de fontes de apoio no momento de construir os seus modelos de atuação. O administrador público, por exemplo, deverá justificar os investimentos para a construção desses processos. Para isso, precisa conhecer os principais benefícios auferidos pelo governo, pela sociedade e, em especial, pelo cidadão. Adicionalmente, um bom plano de investimento envolve conhecer os principais riscos. Desse modo, torna-se necessário, para o administrador público, saber os principais fatores que influenciam o sucesso desses processos. O desconhecimento desses fatores pode conduzir a um baixo retorno do investimento feito ou, até mesmo, a uma completa perda do investimento realizado. Sendo assim, esse estudo busca elucidar algumas dessas questões, mostrando alguns dos benefícios e fatores críticos para a construção de processos G2G. Para analisar empiricamente os argumentos apresentados, como já dito anteriormente, esse trabalho analisa os argumentos através de um estudo de caso no Banco Central do Brasil (Bacen), mostrando quais fatores influenciaram o sucesso do processo. No mais, esse trabalho também mostra que benefícios (p.ex. agilidade, eficácia e baixo custo) podem ser obtidos através desses processos G2G. Taxonomia de Governo Eletrônico As relações governamentais através da Internet terão um impacto equivalente às transações de negócio pela Internet - o e-business. Segundo Symonds (2000), em survey da revista “The Economist”, a próxima revolução da Internet, depois do e-commerce e do e-business, será o e-government. Desse modo, conhecer essa nova revolução é fundamental para as mudanças que virão. Para esse trabalho, considerar-se-á e-government como um sistema integrado de objetivos políticos, procedimentos organizacionais, informação e tecnologias de informação, operando dentro da administração pública, de modo a contribuir para o cumprimento da missão do ente público (Gouscos et al., 2001). O e-government, de forma direta ou indireta, tem como foco de suas ações os cidadãos que a administração pública tem de servir. Apresenta-se sobre a forma de administração eletrônica interna, colaboração eletrônica com empresas parceiras, serviços eletrônicos para cidadãos e empresas, entre outros. 7 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 Com o papel do governo na Internet, obtêm-se o seguinte panorama das relações na Internet: a) Business-to-Government (B2G): Nesse tipo de modalidade de relação eletrônica, o agente que oferece o serviço ou produto é uma empresa, enquanto que o agente que o está adquirindo é algum ente governamental. Um exemplo desse tipo de relação é uma compra direta internacional feita por um órgão através da Internet, de um produto que não existe em seu país. Outro exemplo, mais concreto, seria o site Comprasnet (http://www.comprasnet.gov.br). Nesse site, várias empresas inscrevem-se para participar de licitações e outras modalidades de compra do governo federal. Entre essas modalidades, existe a do Pregão Eletrônico, onde o governo diz o que deseja comprar e as empresas ofertam as propostas de negócio (Joia & Zamot, 2002). b) Government-to-Business (G2B): É a situação inversa da anterior. Nesse caso, o agente que oferece o serviço ou produto é um ente governamental, enquanto o agente que o adquire é uma empresa. Um caso desse tipo de relação seria a emissão de certidão negativa de débitos de tributos e contribuições federais, disponível no site da Receita Federal para pessoas jurídicas (http://www.receita.fazenda.gov.br). Através do site, não só pode ser feita a emissão da certidão, como também, verificar-se a validade de uma certidão apresentada. c) Citizen-to-Government (C2G): Nesse tipo de modalidade de relação eletrônica, o agente que propõe o serviço ou produto é o cidadão e o agente que aceita ou adquire é um ente governamental. Um caso desse tipo seriam as audiências públicas eletrônicas, onde o cidadão propõe ao governo alguma instrução normativa sobre determinado assunto e, baseado nessa proposta, o governo decreta uma instrução normativa. d) Government-to-Citizen (G2C): A situação aqui é a oposta do item c. O agente que disponibiliza o serviço ou produto é o ente governamental, e o cidadão adquire esse produto ou serviço. Um exemplo desse modelo seria a declaração de imposto de renda de pessoa física feita no Brasil. Nesse caso, o governo disponibiliza um software através do qual o cidadão pode fazer a sua declaração de renda e entregá-la, via Internet, à Receita Federal. Depois de entregue, caso haja alguma restituição a receber, o cidadão pode, através do site da Receita, acompanhar se sua restituição já está disponível na rede bancária ou nãoGovernment-to-Investor (G2I): Nessa relação, o agente que disponibiliza um produto ou serviço é um ente governamental e o que adquire é um investidor. O padrão especial de disseminação de dados, estipulado pelo FMI, seria um exemplo dessa relação. Através da adesão a esse padrão, os governos disponibilizam informações socio-econômicas do país, provendo informações padronizadas aos investidores que subsidiam suas decisões (http://www.bcb.gov.br/ingles/sdds/templ_i.htm). e) Investor-to-Government (I2G): É a relação onde o investidor disponibiliza um produto ou serviço e um ente governamental adquire esse produto ou serviço. Um exemplo dessa situação seria, por exemplo, linhas de financiamento disponíveis no site de uma instituição financeira direcionado a prefeituras de um país. f) Government-to-Government (G2G): Nesse tipo de relação, tanto o agente que disponibiliza o serviço ou produto, como o que o adquire são entes governamentais. Um exemplo desse modelo, seria o sistema de informações disponibilizado pelo Banco Central do Brasil ao Senado Federal, bem como o sistema de pedidos judiciais disponibilizado, 8 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 também, pelo próprio Banco Central ao Poder Judiciário. Esse tipo de transação é o foco desse trabalho. Alguns Benefícios do Governo Eletrônico A disponibilização de serviços eletrônicos por parte de entes governamentais oferece uma oportunidade de ganhar tempo em uma infinidade de serviços, hoje prestados de forma precária. Serviços de saúde, licenciamentos de veículos e outras tarefas burocráticas podem ser oferecidas através da Internet. No caso dos EUA, por exemplo, muitos dos serviços oferecidos online possibilitam ao cidadão um ganho de tempo e uma maior agilidade. A compra da casa própria - todo cidadão americano ou imigrante legalizado que comprove renda tem acesso ao financiamento - pode ser feita em poucas semanas, com ínfima burocracia. Todas as informações necessárias sobre os procedimentos estão na Internet. As páginas relacionadas com dinheiro, ou seja, a possibilidade de se ter algum dinheiro a receber do Tesouro, são as mais visitadas. Em geral, elas estão relacionadas com diferenças de pensões para aposentados, cálculos de reajustes, juros da casa própria, etc. (Taquari, 2000). Para os processos G2G, o benefício da agilidade torna-se ainda mais acentuado. Em processos tradicionais, a principal interface entre entes governamentais é algum meio físico, geralmente, o papel. Além disso, poucas entidades dispõem de convênios e parcerias que as permitam trocar informações eletronicamente e integrar fluxos de trabalho. Através dos processos G2G, os entes públicos podem substituir a interface em papel, por uma interface eletrônica, evitando que trâmites de correio e "carimbo" afetem a velocidade do processo. Uma visão dos processos de forma integrada permite descobrir atividades que estejam sendo feitas de forma redundante por ambos os entes. Como será visto no estudo de caso apresentado a seguir, a diminuição de tempo de processos intergovernamentais pode chegar a 80%. O governo pode, também, usar a tecnologia Internet para aumentar sua produtividade e a eficácia na administração pública (Barbet & Coutinet, 2001). Um exemplo disso, é o uso de meios eletrônicos pelo governo norte-americano para elevar a eficácia da política pública de segurança contra o terrorismo (Sotero, 2001). Em muitas situações, a eficiência dos processos G2G é fortemente influenciada pela agilidade do processo. Uma vez que esses processos permitem ganhos de velocidade, a eficiência de uma ação pública pode ser elevada. A troca de informações eletrônicas através da Internet entre Secretarias de Saúde Municipais/Estaduais e o Ministério da Saúde permite a construção de ações mais coordenadas e precisas, otimizando os recursos públicos. A agilidade dessa troca de informações e a integração de processos entre os órgãos de saúde podem ser vitais para que se evite, por exemplo, que uma epidemia se espalhe por todo país (DATASUS, 2001). A transformação das ações governamentais, em direção a uma automação eletrônica, torna essas ações mais rápidas e baratas. O baixo custo dessas ações advém, principalmente, dos custos reduzidos na manutenção desses serviços, ao longo do tempo. Além disso, a criação de novas ações pode permitir que outros custos possam ser diminuídos, como é o caso do 9 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 pregão eletrônico (Joia & Zamot, 2002). No estado do Alasca, EUA, o custo de registro de um veículo foi reduzido de $7.75 para $0.91(Atallab, 2001). Portanto, a redução de custos é outro potencial benefício dos processos G2G. Uma vez que entes governamentais estão integrados através de processos eletrônicos, os custos necessários para a manutenção da infra-estrutura de interface entre os entes governamentais são drasticamente diminuídos. Os custos de instalações físicas, materiais de escritório e recursos humanos, necessários para o controle e comunicação entre órgãos, são reduzidos fortemente, uma vez que a estrutura física e o quantitativo de pessoal requerido para dar manutenção a processos G2G são otimizados, se ocorre uma alta utilização desses processos. ESTUDO DE CASO Segundo a Constituição Federal Brasileira, poucas instituições têm poder para quebrar o sigilo bancário ou bloquear ativos financeiros de uma pessoa, seja física ou jurídica. As Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), que se formam para investigar assuntos de extrema gravidade para o país, são exemplos dessas instituições. Outra instituição é o Poder Judiciário, através de ordens judiciais expedidas por juizes dos diversos tribunais existentes. Quando se faz necessário, o juiz pode mandar bloquear ou desbloquear valores contidos na conta corrente de uma pessoa física ou jurídica, determinar a falência de uma pessoa jurídica. Também é permitido ao juiz determinar a extinção dessa falência ou apenas solicitar informações, como saldos ou extratos de investimentos financeiros. Ao expedir a ordem, ao final destinada a instituições financeiras que podem abrigar ativos financeiros de pessoa física ou jurídica, o juiz, primeiramente, a envia ao Banco Central do Brasil (Bacen), para que esse a repasse ao Sistema Financeiro Nacional (SFN) ou a uma instituição financeira específica. Tal ocorre para dar maior comodidade ao juiz, já que o mesmo desconhece quantas e quais são as instituições financeiras, assim como seus respectivos endereços. Por já dispor de um sistema informatizado que interliga o SFN, o Banco Central nunca enfrentara, até então, problemas para repassar as ordens judiciais às instituições financeiras, mesmo não fazendo parte de suas atribuições legais. Entretanto, a demanda crescente por ordens dessa natureza tem feito com que o Banco Central destine, a cada ano que passa, mais recursos humanos e financeiros para atendimento a essas solicitações, conforme mostra a figura 3, a seguir. <Inserir Figura 3> Essa demanda crescente fez com que o Departamento Jurídico do Banco Central (Dejur) emitisse parecer recomendando a recusa dessas ordens judiciais, uma vez que o atendimento às mesmas não faz parte das atribuições legais do Banco Central. Contudo, uma atitude como essa poderia ocasionar um atrito entre o Poder Judiciário e o Banco Central, prejudicando a ambas as instituições. Em um momento onde o Poder Executivo exige dos seus órgãos e autarquias a otimização da utilização de recursos no exercício das atribuições legais, ficava mais do que evidente a 10 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 necessidade de um novo processo produtivo que diminuísse os custos financeiros e mantivesse a continuidade de serviços ao Poder Judiciário. Necessidade de um Processo Inovador O ano de 1999 demonstrou a inviabilidade do Banco Central continuar a exercer essa atribuição de forma manual. Tal forma consistia em receber os diversos ofícios em papel e transcrevê-los para o sistema de comunicação com o SFN. No ano de 2000, o Banco Central recebeu uma média de 300 ofícios por dia, totalizando 71.675 ofícios (vide figura 3). O contingente de 23 pessoas, dedicadas em tempo integral para atender somente aos ofícios judiciais, já não conseguia atender, tempestivamente, às necessidades decorrentes desse processo, ocasionando problemas de eficácia. Os gastos do Banco Central para atender a essas solicitações, incluindo materiais e salários de funcionários, totalizava, aproximadamente, R$ 2 milhões de reais, em 1999. Ficava evidenciada a necessidade da criação de um sistema de informação onde o próprio Poder Judiciário poderia fazer as suas solicitações judiciais, as quais seriam repassadas, diretamente, às instituições financeiras. O Bacen, então, passou a analisar a viabilidade na construção de um novo processo. A solução encontrada foi utilizar a capilaridade da Internet, uma vez que a grande maioria dos tribunais do país já possuía acesso à mesma. Para isso, foi desenvolvido um sistema com interface Web, onde fosse centralizada a interação dos juizes para o envio de ordens judiciais. Uma outra vantagem da utilização de um sistema Web é a dispensa em se instalar um software específico nos computadores dos juizes que se utilizassem do mesmo, diminuindo muito os custos de atualização do sistema. A Arquitetura do Processo O funcionamento do processo está delineada na figura 4 a seguir. A partir do momento em que um tribunal assina um convênio com o Bacen, aquele indica uma pessoa que é responsável por gerenciar os usuários daquele tribunal. Esse gestor executa operações como inclusão de usuários, alteração de dados, mudança de senha, habilitação e desabilitação de juizes, entre outras. Essas operações são feitas através do próprio sistema, o qual possui uma interface dinâmica, de acordo com as permissões do usuário. Os usuários incluídos no sistema pelos gestores podem ser outros gestores e/ou os responsáveis por fazer solicitações judiciais junto ao Bacen, i.e., o próprio juiz ou uma pessoa designada por ele. <Inserir Figura 4> Os usuários têm à sua disposição um site na Internet de acesso restrito. Após a identificação junto ao sistema por parte do usuário, são disponibilizados formulários Web que lhes permitem fazer os pedidos. Estes são gravados diretamente nas bases de dados do Bacen. Ao final de cada dia, mas precisamente às 19 horas, os pedidos recebidos naquele dia são 11 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 processados e repassados para as instituições financeiras que possuem depósitos bancários à vista, sob a forma de arquivo eletrônico. Cabe a cada instituição responder diretamente ao juiz da forma que este especificar. O processo possibilita que a instituição possa automatizar a resposta, através de uma carta postal ou de um correio eletrônico. CONSOLIDAÇÀO DE DADOS E RESULTADOS Benefícios Observados Esse novo processo trouxe vários benefícios, tanto para o Bacen, como para o Poder Judiciário. Um primeiro benefício foi a melhoria na eficiência do processo de trâmite das ordens judiciais. No processo tradicional, o tempo entre o momento em que o ofício é assinado e o momento que o ofício chega ao SFN levava, em média, 5 dias. Já ocorreram casos em que ofícios, por ausência de informações, levaram até 20 dias para serem cumpridos. Prazos tão longos tornam determinações judiciais, como bloqueio de ativos financeiros, ineficazes pois os ativos podem não se encontrar mais nas respectivas contas. Com o novo processo, o tempo máximo entre o momento em que o ofício é preenchido no sistema e o momento que as instituições financeiras recebem os arquivos é de, no máximo, 24 horas. Esse tempo dá as solicitações judiciais uma maior eficiência. A agilidade proporcionada pelo novo processo advém não somente do baixo tempo de entrega das solicitações. Uma vez que as solicitações são entregues em meio eletrônico, isso possibilita às instituições financeiras construírem ou adquirirem sistemas para cumprirem as ordens judiciais, automaticamente, e emitirem respostas (JUDNET, 2001). Junto a cada solicitação judicial pode ser informado o e-mail do juiz. Dessa forma, as instituições podem dar ciência ao juiz, mais rapidamente, do cumprimento da solicitação judicial. Outro ponto de agilidade gerado com o novo processo é o acompanhamento da solicitação. O sistema permite acompanhar quando a solicitação é entregue a uma instituição financeira. Caso passe um determinado prazo sem receber a resposta da instituição financeira, o juiz pode contactar a instituição e pedir informações sobre a solicitação judicial emitida. Quanto ao custo, o novo processo diminuiu não só os custos para o Bacen, como também para o Poder Judiciário. No caso do Bacen, os custos principais consistem da estrutura montada para atender às solicitações. Em um primeiro momento, essa estrutura não foi desfeita, uma vez que existe ainda um grande número de pedidos feitos fora do novo processo. Mas, com a nova sistemática, a pressão por expandir essa estrutura foi atenuada. Estima-se que o custo total de um solicitação pelo processo tradicional seja da ordem de R$ 35. No meio eletrônico, esse custo é inferior a R$ 2. Para o Poder Judiciário, os custos com o processo também são reduzidos, uma vez que existe apenas a necessidade básica de utilização da Internet, a qual grande parte dos tribunais já hoje acessa. Os custos de postagem, pessoal para gerenciar os ofícios, entre outros, também não são mais necessários. Fatores Críticos de Sucesso 12 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 Segundo as observações do pesquisador e entrevistas com os envolvidos, foram os seguintes os fatores críticos de sucesso associados a esse empreendimento G2G: a) Segurança Como a Internet passou a ser um forte elemento de comunicação do governo, é preciso garantir que esse canal não esteja vulnerável a falhas de segurança. Essas falhas de segurança podem variar desde falhas no funcionamento do sistema a violação de informações e do processo por crackers. Os prejuízos advindos desses problemas vão muito além dos custos financeiros, envolvendo fatores como confiança e aceitabilidade. Tal pode, inclusive, significar o fim do canal de comunicação (Endler, 2001). No caso de processos G2G, o fator segurança torna-se ainda mais crítico. Além dos custos financeiros, confiança e aceitabilidade, uma falha de segurança nesse tipo de processo pode significar o vazamento de informações confidenciais. Essa confidencialidade varre desde informações consideradas estratégicas pelo governo, como informações que de alguma forma estão protegidas por sigilos firmados em lei, até o sigilo bancário e fiscal do cidadão. Diante do exposto de forma genérica, verificou-se que um dos principais fatores críticos desse processo é a segurança. Qualquer falha na autenticação pode fazer com que uma pessoa não autorizada emita uma ordem judicial, fato que já ocorrera no processo tal qual funcionava anteriormente. Uma falha de confidencialidade estaria violando o preceito legal do sigilo bancário e, em alguns casos, do sigilo de justiça. A questão da segurança foi um dos motivos alegados para que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) não fizesse parte do processo desde o seu início. A Justiça do Trabalho foi a primeira a quem o Bacen fez a proposta de uso do novo sistema. Entretanto, a desconfiança com relação à segurança do novo processo impediu que o convênio entre as duas instituições fosse assinado. Com a assinatura do convênio entre o Bacen e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e a utilização, sem problemas de segurança, por parte da justiça comum, o TST iniciou negociações com o Bacen para também assinar o convênio e fazer uso do novo processo. b) Cultura Organizacional Outro fator que influencia o sucesso do modelo de governança eletrônica é a cultura organizacional do ente público que o constrói. Isso se deve, principalmente, ao fato de que novos processos e modelos de governança, em vários níveis de decisão do governo, requerem uma mudança na sua cultura organizacional (ITAC, 2002). A influencia da cultura em processos G2G torna-se mais forte à medida que esses processos requerem mudanças na cultura de dois entes públicos, simultaneamente. A mudança requerida em culturas distintas para a integração em um processo comum requer um forte papel da liderança. Esse papel, por sua vez, demanda uma direção clara e um julgamento preciso para encontrar meios de tornar viáveis processos inovadores e criativos (Kieley et al., 2001). Dessa forma, conforme observado, o sucesso de utilização do novo processo depende da cultura das organizações envolvidas, no caso, a cultura de cada um dos tribunais. Observase, pela utilização do sistema na esfera da justiça comum, que aqueles tribunais onde há um 13 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 maior índice de informatização associado a seus processos internos, são aqueles onde ocorreram os maiores índices de utilização do sistema por parte de seus juizes, principalmente no Rio de Janeiro, Brasília e Paraná. Os tribunais onde os processos de trabalho estão associados a menores índices de informatização - tribunais do Norte e Nordeste -, são aqueles com menores índices de utilização do sistema. A maioria desses tribunais nem chegou a utilizá-lo. Deve-se considerar que todos os tribunais da justiça comum já dispõem de acesso à Internet. c) Capacitação As novas tecnologias envolvidas e os novos modelos e processos de governança eletrônica requerem das pessoas envolvidas novos conhecimentos. A capacitação envolve, não só aqueles que estão ligados diretamente ao processo, mas, também, aqueles que irão gerenciá-lo. Dessa forma, os entes governamentais devem atentar fortemente para seus recursos humanos e, em especial, torna-se mandatória a capacidade desses entes em treinar e reter funcionários qualificados (Kieley et al., 2001). Quando os processos envolvem dois entes governamentais, a atenção à capacitação deve ser exercida não só pelo ente que propõe o modelo, mas, também, pelos entes que estarão participando desse modelo. Deve, então, haver um esforço conjunto para compatibilizar os conhecimentos dos funcionários envolvidos nos diversos entes. A não qualificação de profissionais pode gerar um mal uso dos serviços e processos do modelo eletrônico de governança. Isso pode fazer com que os benefícios potenciais do modelo não sejam atingidos. Assim, conforme observado, outro fator relevante para o novo processo implantado é a capacitação dos funcionários públicos envolvidos. Apesar do sistema ser construído utilizando-se de uma interface Web de fácil manuseio, o Bacen constatou a necessidade de fazer palestras para juizes, de modo a explicar-lhes a finalidade do processo e as boas práticas associadas à sua utilização. Essa constatação aconteceu mediante a observação de que tribunais, mais especificamente o tribunal regional federal e o tribunal de justiça do Rio de Janeiro, com cultura em processos informatizados, estarem com índices muito baixo de utilização do sistema. Em outubro de 2001, o Bacen fez uma apresentação do processo para os tribunais acima citados. Antes da apresentação, os dois tribunais apresentavam menos de 10 juizes cadastrados com, aproximadamente, 8 solicitações realizadas pelo novo processo. Nos dois meses subseqüentes à apresentação, o número de juizes cadastrados saltou para, aproximadamente, 130, com quase 100 solicitações realizadas pelo novo processo nesse período. Dados e relatos coletados recentemente mostram que os índices de utilização do sistema por esses tribunais estão crescendo, mostrando a eficácia de estratégias de capacitação. Assim, de modo consolidado, verificou-se que Segurança da Informação e do Acesso, Cultura Organizacional e Capacitação dos Funcionários foram os fatores-chave para o sucesso do empreendimento G2G, conforme apresentado, a seguir, na figura 5. 14 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 <Inserir Figura 5> Barreiras, Causas e Soluções A partir da observância do caso apresentado e valendo-se de entrevistas com os atores envolvidos, vislumbrou-se que três tipos de barreiras surgem num processo de implantação G2G: Organizacionais, Pessoais e Tecnológicas. Como se pode depreender da tabela 1, a seguir, as barreiras tecnológicas são as mais fáceis de serem resolvidas, em contraposição àquelas que lidam com a organização como um todo e com as pessoas de modo específico. A tabela 1, a seguir, consolida os resultados encontrados pelo pesquisador. Esse resultado vem coincidir com a realidade encontrada em implantação de projetos tecnológicos de certa complexidade (Joia, 1998). < Inserir Tabela 1> UM MODELO HEURÍSTICO DE IMPLANTAÇÃO G2G A partir dos dados levantados e das observações realizadas, as quais levaram o pesquisador a entender os fatores críticos de sucesso em projetos G2G, assim como as barreiras encontradas, suas respectivas causas e as possíveis soluções, amadureceu a idéia de consolidar os resultados em um Modelo Heurístico de implantação G2G, o qual tivesse uso genérico. Einsenhardt (1989) mostra como estudos de caso podem ser usados para validar modelos e Winter (1987) explicita o que é um modelo heurístico. De posse dessa duas fontes de consulta e linhas metodológicas, e recorrendo a modelo proposto por Christensen (1997) para entender o surgimento de inovação nas organizações, o pesquisados desenvolveu o modelo g-RPV 2 (Recursos – Processos – Valores), aplicável a G2G. Esse modelo explica os fatores críticos de sucesso já apresentados, associados ao caso do Banco Central do Brasil, assim como engloba os obstáculos, causas e soluções apresentados na tabela 1 do artigo. Recursos Como recursos, entende-se tudo aquilo que possa ser comprado e/ou capacitado. Pessoas, hardware, software, ativos fixos, recursos monetários, entre outros, se enquadram nessa categoria. Eles podem ser contratados ou dispensados, comprados ou vendidos, depreciados ou melhorados. Sem dúvida alguma, o fator críticos de sucesso: Capacitação se encaixa, totalmente, dentro desse item. Da mesma forma, parte do fator crítico de sucesso: Segurança também aqui se enquadra, ainda que parcialmente, à medida que para estabelecê-la, ativos tangíveis são necessários. No caso do Banco Central e Poder Judiciário, como já dito, tornou-se imperativa a capacitação de profissionais, assim como a implantação de uma infra-estrutura tecnológica que permitisse que a segurança desejada fosse alcançada. 2 Esse Modelo deriva fortemente da idéia de Clay Christensen, apresentada em “The Innovator’s Dilemma”, p. 162-166, Harvard Business School Press, 1997. 15 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 Processos Organizações criam valor quando empregados transformam inputs de recursos – pessoas, equipamentos, tecnologia, informação, energia, capital etc. – em produtos e serviços de valor agregado ao cliente/cidadão. Os padrões de interação, coordenação, comunicação e tomada de decisão, através dos quais elas atingem sua missão são processos (Garvin, 1998). Cada ente público possui seus processos produtivos, os quais fazem parte da Cadeia de Valores do mesmo (Porter, 1980), conceito esse, também hoje sendo usado na área governamental (Andersen, 1999). Os empreendimentos G2G geram impacto nos processos produtivos desse órgãos, levando a que os mesmos tenham que inová-los e/ou flexibilizá-los. Paralelamente, cada vez mais torna-se imperativo, não só que as organizações entendam seus processos produtivos, como também analisem a ligação dos mesmos com os processos produtivos de seus principais parceiros (Hammer, 2001). Percebe-se, claramente, que o fator crítico de sucesso: Segurança, dentro do caso de estudo analisado, enquadra-se, parcialmente, dentro desse item, já que, além de infra-estrutura computacional necessária, a adaptação de processos produtivos já existentes tornou-se imperiosa para que esse fator crítico propiciasse o sucesso da empreitada. Valores Os valores de uma organização dizem respeito aos critérios adotados pela mesma para tomada de decisões e definição de prioridades. Os valores de uma organização formam os padrões subjacentes que definem como os funcionários alocam suas prioridades, julgam se uma ordem é atrativa ou não, decidem se um cliente/cidadão deve ser atendido ou deixado de lado, percebem se um novo modus-operandi é, para ele, vantajoso ou perigoso, entre outras características. Isto é, dentro do escopo desse artigo, os valores definem se os funcionários trabalharão a favor ou contra o empreendimento, ajudando-o ou sabotando-o (ainda que passivamente). Sem dúvida alguma, o fator critico de sucesso: Cultura se enquadra totalmente nesse item, chegando a confundir-se com ele. Pode-se perceber, também, que a maioria das barreiras encontradas e mostradas na tabela 1, relativas à implantação G2G, dizem respeito a esse item, com a exceção óbvia das barreiras tecnológicas e de algumas poucas outras barreiras estruturais ligadas ao item Processos. Todas a barreiras humanas, por exemplo, se enquadram dentro desse vértice do modelo proposto. De modo a perceber-se, claramente, o modelo g-RPV proposto e a sua interação com os Fatores Críticos de Sucesso encontrados e as Barreiras apresentadas, apresenta-se a figura 6, a seguir. <Inserir Figura 6> 16 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Face ao que foi constatado na revisão bibliográfica e no estudo de caso descrito, é possível concluir que: • A agilidade alcançada em processos G2G é nitidamente superior àquela resultante dos processos tradicionais, sendo essa agilidade fundamental para a aplicação de políticas públicas mais eficientes e eficazes; • Os processos G2G são uma alternativa concreta para a administração pública brasileira, diante do seu dilema em reduzir custos operacionais, de modo a garantir um equilíbrio fiscal, e à pressão da sociedade por respostas mais eficazes dos entes governamentais; • A segurança para processos G2G é um fator bastante crítico, à medida que os problemas originados a partir de falhas nesses processos podem não só causar prejuízos a algumas organizações, como a toda a sociedade; • Observar somente o aspecto tecnológico e desprezar a cultura das organizações envolvidas em empreendimento G2G pode ser um passo certo para o insucesso do mesmo. Apesar da esfera pública ser regida pelo mesmo conjunto de leis e tendo que observar normas similares, cada ente público, seja autarquia, órgão ou fundação, possui uma identidade e cultura próprias, com valores e sistemática de trabalho diferenciados dos demais. Analisar e trabalhar as diferentes culturas é ponto fundamental para o sucesso de processos G2G; • Por mais que a tecnologia ofereça uma interface amigável e, em alguns casos, a tecnologia utilizada já seja do conhecimento das organizações envolvidas, os empreendimentos G2G implicam em uma sistemática nova de trabalho, com a qual boa parte das pessoas que compõem os diversos entes públicos, não está ambientada. Mostrar os benefícios da nova sistemática, bem como as boas práticas de utilização, são passos importantes nas estratégias de implantação G2G. • As barreiras estruturais e humanas são, de longe, bem mais relevantes do que as tecnológicas, havendo para cada uma delas, uma respectiva causa e uma possível solução a ser implantada, conforme apresentado na Tabela 1. • Como várias varas de justiça foram analisadas pelo pesquisador, percebe-se que os resultados podem ser replicados dentro do Poder Judiciário nacional. Para outros ambientes, estudos de casos múltiplos e comparação de resultados se fazem necessários, de modo a permitir a extrapolação das conclusões aqui apresentadas. Verifica-se, também, que o estudo de caso apresentado se coaduna mais fortemente - dentro da taxonomia proposta por Lenk & Traunmüller (2001) -, com a abordagem de Governo Eletrônico associada a “Processos” e “Cooperação”, segundo apresentado no item CONTEXTUALIZAÇÀO desse artigo. Adicionalmente, o artigo trata de e-Governance (Perri 6, 2001), já que aborda-se o suporte digital para tomada de decisões e workgroup entre os 17 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 vários gestores públicos de diferentes escalões, o que, segundo Kraemer & Dedrick (1997), configura a área menos estudada de Governo Eletrônico. Do mesmo modo, dentro da taxonomia proposta por Venkatraman (1984), apresentada ao início desse artigo, pode-se concluir que o quarto e penúltimo estágio de uso estratégico da Tecnologia da Informação “Redesenho da Rede de Negócios” - foi alcançado por ambas as instituições, ainda que relativamente ao processo inovado apresentado. Assim, finalmente, o artigo responde às perguntas formuladas no início do trabalho, relativas aos fatores críticos de sucesso e à melhoria na eficiência no processo produtivo, oriundas de G2G. Da mesma forma, pontua os principais obstáculos, as suas respectivas causas e as prováveis soluções associadas a tal empreendimento e termina propondo um modelo heurístico que possa ser usado na implantação genérica de empreendimentos G2G. O assunto “Empreendimentos G2G” merece, ainda, muito mais estudos e pesquisas. Análises de processos G2G envolvendo entes públicos federais, estaduais e municipais podem, paralelamente, revelar outros fatores importantes para o sucesso de projetos desse tipo, do mesmo modo que pesquisas focalizando empreendimentos dessa natureza realizadas com entes públicos de outros países. Do mesmo modo, há que se verificar a adequação dos resultados apresentados, quando aplicados à realidade de outros países, que não o Brasil Finalmente, este trabalho objetivou ser uma contribuição para o tema em questão. A partir do momento que mais pesquisas forem sendo desenvolvidas e divulgadas sobre o assunto, certamente outras e importantes contribuições sobre essa nova área de conhecimento serão apresentadas, permitindo que mais processos de trabalho G2G sejam implantados dentro da administração pública brasileira, de modo a que os benefícios aqui relatados, possam ser estendidos para toda a sociedade brasileira. REFERÊNCIAS Atallab S. (2001). “E-government – Considerations for Arab States”. Disponível em: <http://www.surf-as.org/Papers/e-gov-english.PDF>. Acesso em: 23 dez 2001. Andersen K.V. (1999). “Reenginering Public Sector Organisations using Information Technology”; In: Reinventing Government in the Information Age; Heeks R. (ed.), Routledge, p. 312-330. Balutis A. P. (1999) - Digital Government - When All is Said and Done, Electronic Government Journal, Vol. 2, No. 6, November BNDES (2001). “E-governo no Brasil”. Disponível em <http://federativo.bndes.gov.br>. Acesso em: 25 maio 2001. 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É autor de vários artigos publicados em congressos nacionais e internacionais, assim como revistas de renome mundial como: Internet Research, Journal of Workplace Learning, Information Strategy: The Executive’s, Journal, International Journal of Information Management, Journal of Global Information Management, Revista de Administração Pública, Revista de Administração de Empresas; de capítulos nos livros Knowledge Management and Business Model Innovation e Advanced Topics in Global Iknformation Management, do Idea Group Publishing e de um livro sobre Reengenharia (Reengenharia e Tecnologia da Informação – Ed. Pioneira), publicado em 1994. É membro do Conselho Editorial do Journal of Intellectual Capital da Emerald. Engenheiro pelo Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, Mestre em Ciências em Engenharia Civil (área de Estruturas e Fundações) e Doutor em Ciências em Engenharia de Produção (área de Inovação Tecnológica e Organização Industrial) pela Universidade Federal do Rio de janeiro. É, também, M.Sc. em Management Studies pela Oxford University. Endereço: Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas – Praia de Botafogo 190, sala 1306, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 22253-900 Telefone: 55-21-2559-5794 Fax: 55-21-2559-5945 E-Mail: [email protected] URL: www.ebape.fgv.br/cd/luizjoia 20 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 FIGURAS E TABELAS Figura 1 – As Perspectivas do Governo Eletrônico CIDADÃO PROCESSOS GOVERNO ELETRÔNICO GESTÃO DO CONHECIMENTO COOPERAÇÃO Figura 2 – Facetas do Governo Eletrônico Fornecimento de Serviços Eletrônicos GOVERNO ELETRÔNICO E-governance Democracia Eletrônica (e-democracy) 21 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 Figura 3 – Crescimento das Solicitações Judiciais 90.000 80.000 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 1.500 0 1992 82.180 71.675 57.924 42.624 25.190 3.261 1993 5.931 1994 9.134 1995 13.964 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Figura 4 – Arquitetura do Processo Sisbacen em mainframe Servidor Web Internet Seguro Juizes solicitando pedidos pela Internet Segurança Integrada Solicitação de Pedidos Armazenamento e Consulta dos Pedidos Banco Resposta às Solicitações de Pedidos Instituições Bancárias 22 Envio dos Pedidos Judiciais VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 Figura 5 – Fatores Críticos de Sucesso para Processos G2G Segurança Cultura Processos G2G de governança Capacitação Figura 6 – Modelo g-RPV Proposto e suas Interações CAPACITAÇÃO SEGURANÇA SEGURANÇA PROCESSOS RECURSOS Barreiras Estruturais Barreiras Técnicas CULTURA ORGANIZACIONAL VALORES Barreiras Humanas e Estruturais 23 VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002 Tabela 1 – Barreiras, Causas e Soluções BARREIRAS CAUSAS SOLUÇÕES Estruturais Foco apenas em mão- Critério de decisão Avaliação dos custos e de-obra direta e índices obsoleto benefícios tangíveis e de performance intangíveis envolvidos tradicionais Fracasso na percepção Ausência de medidas Análise de produtividade dos reais benefícios para benefícios tangível e intangível intangíveis Elevado risco para os Sistema de recompensa Sistemas de recompensa gestores públicos não estimulando a diferenciados inovação Ausência de Fragmentação Sistema que permita coordenação e Organizacional prover cooperação e cooperação colaboração Alta expectativa e “custos Venda de um sistema escondidos” irreal Planejamento estratégico Humanas Aversão ao risco Resistência Decisões não planejadas Medo de mudanças e Comunicação e incertezas envolvimento Medo de perda de poder Engajamento da alta e status direção Orientação e Ação: falta Planejamento de Projeto de paciência com Piloto e objetivos de planejamento médio e longo prazos Tecnológicas Incompatibilidade de Aquisição de diferentes Aquisição de apenas Sistemas plataformas de hardware uma única plataforma e software computacional 24