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NOME DO ARTIGO -::- NOME DO AUTOR A mídia no “Caso Nardoni” Ana Paula Moreira Jacqueline Teixeira Sinfrônio Wanderlei Homem Paulo Graduandos do 8º período de Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas 51 A MÍDIA NO CASO NARDONI Resumo Este artigo tem por objetivo demonstrar o quanto a mídia, em especial o telejornalismo fez a cobertura do maior caso midiático do ano de 2008, e de que modo ela contribui para a formação da opinião pública. A análise da cobertura do programa Fantástico da Rede Globo de jornalismo, a maior rede de televisão do país, permitirá verificar uma série de elementos discursivos utilizados para a formação da opinião pública. PALAVRAS-CHAVE Caso Isabella, Telejornalismo, Opinião pública. Abstract This article aims to show how the media, especially television news coverage made the biggest media event of the year 2008, and how it contributes to the formation of public opinion. The analysis of program coverage Fantastic Globo journalism, the largest television network in the country, will see a series of discursive elements used for the formation of public opinion. KEYWORDS Isabella’s case, TV Journalism, Public Opinion. 52 A MÍDIA NO CASO NARDONI Introdução No dia 29 de março de 2008, uma menina é arremessada de uma janela do apartamento em um bairro de classe média num edifício na zona norte da capital paulista. Uma madrasta ciumenta e o pai são os possíveis suspeitos. Um conflito de família que tem Isabela Nardoni como vítima fatal, uma história de amor, ódio e ameaças. O caso mais parece enredo de uma telenovela, traz para dentro dos lares uma história de comoção de uma forma tão imensa que os fizeram sentir como se tivesse acontecido com alguém que faz parte da própria família. A mídia denominou a tragédia do “Caso Nardoni”. O interesse da sociedade foi tão grande a respeito do desmembramento dos fatos que fez com que a mídia se voltasse completamente para obtenção de novas informações, tornando o caso de maior repercussão midiática daquele ano . O programa Fantástico exibia semanalmente matérias sobre o caso com exclusividade. Este trabalho tem como objetivo avaliar a influência que a mídia exerceu sobre e opinião pública. Analisaremos quatro reportagens exibidas no citado programa. São elas: • As matérias do dia 20/04/2008 “Reprodução virtual do quarto de Isabella” • Entrevista com o casal Nardoni “Pai e madrasta de Isabella falam pela primeira vez”, do dia 11/05/2008 gamento no dia 21/03/2010 obtidas no site do Fantástico. O papel da mídia é escolher matérias que chamem a atenção e causem comoção na sociedade, casos que impressionem e comova a população, atitudes cruéis e más estão dentre as notícias mais rentáveis e possibilitam a manipulação da sociedade para o fortalecimento do direito. Não existe “produto” midiático mais rentável que a dramatização da dor humana gerada por uma perda perversa e devidamente explorada, de forma a catalisar a aflição das pessoas e suas iras. Isso ganha uma rápida solidariedade popular, todos passando a fazer um discurso único: mais leis, mais prisões, mais castigos para os sádicos que destroem a vida de inocentes indefesos. No melodrama, o povo pode olhar para si mesmo. É uma encenação que, sem diálogos, estabelece uma grande cumplicidade com o público. Público que procura nas cenas não palavras, mas “ações e grandes paixões”. O apelo para as emoções, aliás, é uma das principais marcas do melodrama. Nele se lida com os sentimentos de “medo, entusiasmo, dor e riso” (MARTÍN-BARBERO, 2003, pg. 171, 174). A mídia usou de todos os modos de comoção para levar a noticia de uma forma tão impactante que a sociedade se comoveu, gerando assim uma expectativa do andamento e apuração de cada detalhe. O telejornalismo trabalhou incessantemente para levar a informação com exclusividade. • “Mãe de Isabella Nardoni fala pela primeira vez numa entrevista surpreendente e reveladora” e • A matéria que fez a cobertura do jul53 A MÍDIA NO CASO NARDONI O telejornalismo: um espetáculo na busca pela audiência Para que uma noticia chegue até ao telespectador, primeiramente é feita a seleção dos assuntos mais impactantes e de grande relevância no caso. Feita a seleção, a pauta é elaborada com os principais pontos a serem apresentados pelo jornalista. Nela estão relatadas as informações principais que o repórter precisará para compor sua matéria, o direcionamento que deverá ser dado ao assunto, os horários das entrevistas, etc. Eles podem ser chamados de estrategistas do jornalismo, pois sugerem os assuntos e roteirizam todo o trabalho da equipe na rua. Diariamente, antes de sair com a equipe, recebem do chefe de reportagem uma pauta. Lá está toda a orientação sobre o que a equipe fará no dia. Essa infraestrutura foi montada para que a equipe tivesse maior mobilidade e cumprir a pauta no menor tempo possível. Uma redação televisiva raramente é dividida em editorias, quando os repórteres chegam com a matéria ela é passada pela chamada retranca e roteirizarão. Para o telejornalismo a complexidade é ainda maior. A junção de técnicas da produção e emissão da mensagem faz a diferença para o trabalho final, seja ele informar ou prender a atenção do telespectador. Além da voz, o repórter aparece no vídeo durante a transmissão de uma notícia em TV. Portanto, é indispensável que ele tenha cuidado com a postura corporal, seus gestos e com sua expressão facial. Quanto mais natural e sincero em suas gravações ele for, mais credibilidade ele irá transmitir. Como considera Constantin Stanislavski, 54 “para representar verdadeiramente, vocês devem enveredar pelo caminho dos objetivos certos, como se estes fossem sinais de demarcação a orientá-lo através de uma planície árida e deserta” (STANISLAVISKI, 1989, p.27). Outros elementos são fundamentais como os verbais, o movimento do corpo a fala e a postura, a colocação da fala é de suma importância. Nem tudo que é veiculado na mídia tem a sua veracidade comprovada. O papel do telejornalismo é informar a sociedade a respeito dos acontecimentos e fatos ocorridos. Ela tem que atuar como propagadora da informação. Nos dizeres de Sálvio De Figueiredo Teixeira, A Imprensa, por sua vez, tornou-se indispensável à convivência social, com atividades múltiplas, que abrangem noticiário, entretenimento, lazer, informação, cultura, ciência, arte, educação e tecnologia, influindo no comportamento da sociedade, no consumo, no vestuário, na alimentação, na linguagem, no vernáculo, na ética, na política, etc. Representa, em síntese, o mais poderoso instrumento de influência na sociedade dos nossos dias. (FIGUEIREDO, 1996, In: <http://bdjur. stj.gov.br/xmlui/bitstream/handle/2011/20397/imprensa_judiciario. pdf?sequence=3>) O telejornalismo, na maioria das vezes, trata a noticia de uma forma exacerbada e sensacionalista, cometendo excessos e estabelecendo a suposta verdade do caso, se o assunto é de interesse da sociedade logo considerado para grande veiculação. Quando surge o interesse de diversos meios de comunicação à busca incessante A MÍDIA NO CASO NARDONI pela exclusividade das matérias, os meios de comunicação tratam a matéria com a mesma linha de raciocínio, é quase impossível formar uma opinião pública diferente com a que esta sendo veiculada pela mídia. Nos dizeres de Graça Caldas, Sabe-se, que a aquisição do conhecimento e a formação crítica de leitores não se dá pela leitura única de um veículo, mas justamente pela comparação entre eles. É exatamente pelo acesso ao contraditório, à percepção e ao reconhecimento de diferentes visões e interpretações de um mesmo fato, pela polifonia das vozes, que é possível efetuar uma leitura do mundo que vá além da leitura das palavras. (CALDAS, 2006. In: <http://www.scielo.br/ pdf/es/v27n94/a06v27n94.pdf>) Geralmente as matérias que são decorrentes de crimes, principalmente os que envolvem a prática de delitos, são pratos cheios nas mãos da mídia que se utilizando do interesse da população para ir afundo no caso, transformando a tragédia em um melodrama; ficando estabelecida na convicção das pessoas, a verdade que é passada pela mídia. Para Carla Gomes de Mello: O crime, desde os tempos mais remotos, onde predominavam execuções públicas que se constituíam em verdadeiros espetáculos de horror, fascinava a população e era notícia. A mídia, sabedora desse fascínio e atração do público pelos acontecimentos violentos, desde então, explora o assunto. (MELLO, 2010. In: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/direitopub/article/ view/7381/6511>) Partindo do enorme interesse da sociedade pelo caso Isabela, a mídia,diariamente, mostrava o andamento do caso, trazia entrevistas com os familiares envolvidos, ficava horas acampada na porta dos apartamentos em que o triste fato ocorrera na busca de alguma informação que os levasse a conclusão do caso,cuja repercussão se tornou enorme; causando forte convivência por parte da sociedade, ocasionando assim o julgamento do casal Nardoni que apenas era tido como suspeito pela polícia. A influencia da mídia na opinião pública Segundo Milan Rados Radenovic (2006, p.93), para existir uma verdadeira opinião pública mundial,é indispensável a existência de meios de comunicação que chegue a todas as pessoas da Terra, É ainda necessário que todas as pessoas do mundo tenham livre aceso à informação através de um processo democrático ,bem como a existência de capacidades cognitivas que permitam receber e analisar a informação. A opinião reúne elementos heterogêneos em diversas combinações e resulta em julgamentos reflexivos .Já a opinião pública é baseada em mídia numa espécie de agrupamento homogênio de crenças ,ideais e opinião.Para atingir a opinião ,o consenso geral,a estrutura midiática aposta em valores comuns à maioria,como o repúdio à corrupção,o apelo ao sofrimento humano perante às tragédias ou admiração por valores assumidamente honestos. 55 A MÍDIA NO CASO NARDONI O telejornal Fantástico utiliza elementos que impressionam e aguçam o lado emotivo da sociedade quando dramatiza o caso Izabela Nardoni na televisão retratando dos seguintes fatos: quando fala do cenário do crime. A opinião pública, tal como concebida, sempre esteve associada ao desenvolvimento de um regime político democrático, em que, para se legitimar, o governo busca o apoio e o consentimento da sociedade. Analisando detidamente esta fase de evolução do conceito de opinião, alguns autores destacam especialmente as contribuições de Hobbes e Locke (HABERMAS, 1984; NASCIMENTO, 1989; SPEIER, 1950). Para Hobbes, “a opinião, enquanto suposição da verdade pode ser comparada à consciência individual”. A formação de cadeia de opinião que se estendem desde a fé até o próprio julgamento ou crença, contudo, não é suficiente para elevar a opinião ao estatuto da verdade objetiva. Para Habermas (1984, p.112), a grande contribuição do pensamento de Hobbes está na desvalorização da crença religiosa e na valorização da convicção privada individual (Certeza adquirida por fatos ou razões; persuasão íntima, convencimento). Seguindo esta tradição, LOCKE também não confere à opinião o estatuto da verdade, concedido indiscutivelmente à ciência, única esfera capaz de provar de maneira irrefutável suas proposições. A opinião, tida como sentimento difuso a respeito de um provável raciocínio, contudo deixa de ser um ente isolado e passa a ser identificada enquanto aceitação coletiva. A retidão das ações dos homens pode ser julgada, ainda de acordo com LOCKE, a 56 partir de três leis: lei divina, lei civil e lei da opinião. A mais temida, entre outras, seria lei da opinião. É importante frisar que esta lei não se apóia nas leis do Estado e sim no “consentimento dos homens privados”. Durante toda a primeira metade do século XVIII, a opinião pública ainda é aquela opinião que se tornou pública (que foi externalizada) por uma elite que freqüenta as academias e salões literários, ela não se opõe à opinião do povo (composto por camponeses e analfabetos que não têm opinião sobre política) e sim aos interesses particulares dos “conchavos políticos”. A partir do momento em que a sociedade toma consciência de sua moralidade e passa a ocupar um espaço público, rapidamente transformado em espaço político, as ações políticos começam a ser julgadas pelo tribunal da moral, chamado de opinião pública, que age em nome da razão e da crítica. Para Speier (1950, p. 137), as mudanças institucionais ocorridas na sociedade européia, que resultaram no surgimento da opinião como fator proeminente na política, podem ser resumidas da seguinte forma: ”um público fechado e registro se transformou, aos poucos, num público aberto, aumentando seu tamanho esfera social”. A notícia existe por meio de um processo de transformação: a mídia transforma molda a notícia de acordo com as características pré-estabelecidas do suposto receptor. Este, o receptor, cria, em função de desejos, personalidades e credos, sua interpretação em relação ao fato noticiado. A opinião pública é criada a partir do agrupamento das interpretações dos receptores. Num sentido mais amplo, a opinião está ligada à crença na qual o indivíduo se baseia para criar conclusões e pontos de vista. A MÍDIA NO CASO NARDONI A opinião privada e pública protagonizam um movimento centrífugo e centrípeto. Que tende a aproximar-se do centro: aceleração centrípeta. Ambas precisam se mesclar para se formarem, numa troca constante que cria e se refaz ao longo do tempo. A mídia exerce um grande poder sobre as pessoas dando relevância a determinados temas ou assuntos ,atuando de diversas maneiras para relatar os acontecimentos de forma que eles se transformem em notícias . Os meios de comunicação de massa nem sempre são essenciais para formação da opinião pública. No dizer de Rouanet, essa opinião pública construída por esses intelectuais é igual àquela construída através da oratória .Para ele num século esclarecido ,em que cada cidadão pode falar à nação inteira por meio da imprensa, aqueles que têm o talento de instruir os homens e o dom de convencê-los ,os homens de letras,em uma palavra,são no meio do público disperso o que eram os oradores de Atenas e Roma no meio público reunido. A imprensa tem o dom de unificar um público que não pode mais ser integrado pela oratória.Essa opinião ,constituída pelo texto, é uma opinião lúcida ,porque esclarecida pelos filósofos ,e onipotente ,porque sabe impor sua vontade aos governantes tão seguramente como os cidadãos reunidos nas assembléias antigas. (2001,p.163) A presente análise tem por objetivo estudar o conteúdo dos vídeos reportagens exibidos pelo telejornalismo Fantástico da Rede Globo, exibido no dia vinte de abril de 2008, onde e mostrada a primeira reconstituição do crime, em seguida a pri- meira entrevista com o casal Nardoni e subsequencial com Anna Carolina de Oliveira e finalizaremos com a matéria de cobertura do julgamento do caso Isabella, onde será analisado a influência exercida pela mídia na formação da opinião pública. O programa Fantástico conseguiu algo que normalmente não é comum, dar continuidade ao tema, geralmente um assunto e explorado somente por um determinado tempo, a cobertura do caso Isabela Nardoni assim titulado pelo programa Fantástico teve o acompanhamento do primeiro ao último dia do caso, sendo este o tema de maior impacto pelo qual todos os veículos de comunicação proporcionaram maior cobertura em detrimento de todos os assuntos dos últimos tempos seja em jornais, revistas, radio ou televisão. Esta análise tem como objetivo avaliar o modo como o telejornalismo constituiu a cobertura do caso Nardoni, como a mídia influencia na formação da opinião pública, ficando evidente a exclusividade das matérias e a clareza da estratégia comunicacional utilizada pelo programa. As reportagens foram dirigidas pelos apresentadores Zeca Camargo e Patrícia Poeta. Nas chamadas a imagem dos apresentadores inicialmente é tomada por uma sequência de fotos da Isabela acompanhada de um fundo musical suave na matéria levada ao ar no dia 24/04/2012. A matéria em seguida é acompanhada por uma musica de grande impacto um suspense com frases de como era a vida do casal Nardoni segundo relatos dos vizinhos do Edifício London no distrito da Vila Guilherme, em São Paulo, ”Brigas frequentes e de Grandes proporções”, eram o que relatavam os vizinhos que sempre acompanha57 A MÍDIA NO CASO NARDONI vam as discussões entre o casal,em seguida o jornalista Rodrigo Bocardi trás relatos mais afundo de como era a vida do casal, em uma entrevista exclusiva ao programa. No período da matéria o repórter Rodrigo Bocardi faz uma afirmação: “segundo a polícia, essas provas técnicas levam a seguinte conclusão, o pai jogou a menina pelo buraco feito na rede e a queda foi determinante para a morte de Isabela.Fica evidente a afirmação que o repórter faz contra o pai de Isabella.” O grande diferencial do jornalismo televisivo é poder contar com recurso que trás originalidade ao acontecimento a simulação, nesta repostagem era possível ver os detalhes no quarto de Isabella e também acompanhar o que aconteceu no dia do crime, como o resultado das provas periciais os levavam a reconstituição daquela sena. A matéria contou com o recuso da simulação, onde fora reconstituído os últimos instantes de vida de Isabella no quarto, o que chamaram de “o quarto virtual” o jornalista Rodrigo Bocardi pode em sua matéria mostrar onde foram encontradas as provas do crime e ao mesmo tempo que ele mostrava ele andava em torno da cama mostrando nos detalhes da reconstituição do crime, contudo fica evidente a posição de jornal em assumir o papel de justiceiro antecipando ao telespectador a reconstituição dos crime antes mesmo da policia, já que a mesma ainda não havia feito a reconstituição policial do crime até a presente data, pois a mesma aguardava provas pericias para conclusão e assim reconstituir a sena do crime. Segundo Carla Gomes de Mello, “o veículo midiático sensacionalista faz da emo58 ção o principal foco da matéria, esquecendo-se do conteúdo da notícia a ser repassada, se é que ela existe”. Desta forma, o jornal trata a informação com obtenção de lucro, não se preocupando com a veracidade e fidedignidade das informações transmitidas. Para o jornalista fica incumbida a responsabilidade de encontrar entrevistas exclusivas, fatos, relatos e depoimentos que ainda não são de conhecimento do telespectador, a reconstituição dos acontecimentos ocorridos no quarto de Isabella veio mostrar como o telejornal assumiu o papel da polícia, fazendo a antecipação da informação, na matéria foi mostrado os recursos usados para a melhor comprovação dos fatos como Crimescope, Bluestar Forensic e Hexagon citados na reportagem. O Fantástico conseguiu com exclusividade uma entrevista com o casal Nardoni que até a presente data não havia falado com a imprensa sobre o ocorrido na noite do dia 29 de Março de 2008 no Edifício London. A entrevista concedida ao Fantástico ocorreu no apartamento do casal e foi ao ar no dia vinte (domingo), Aparentemente abalados,o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da menina Isabella,falar com exclusividade sobre o drama que estavam vivendo desde a morte da menina, na chamada feita antes da matéria ir ao ar fica evidente como e grande o interesses com que o jornalista tem para com os telespectadores avaliem a sinceridade do casal. Durante toda a entrevista o casal manteve-se um ao lado do outro, a entrevista foi conduzida pelo jornalista Valmir Salaro. Inicialmente foram questionados como eles se sentiam em relação ao pré julgamento que era feito em relação a eles “Estão A MÍDIA NO CASO NARDONI julgando a gente por uma coisa que nós não fizemos. Não tem nem como explicar isso. As pessoas que conhecem a gente sabem como nós somos. Sabem que isso não existe” relatou Alexandre, que acrescentou: “Eu nunca levantei a mão para ela. Eu nunca falei mais alto com ela. Não tinha motivo.” Em todo momento da entrevista o casal tentava passar que eram uma família muito unida e que tudo era baseado no amor. Em momento algum da entrevista o casal foi questionado a fazerem a reconstituição crime, e mostrar o lado que a sociedade não conhecia a influência por parte da mídia era tão grande em mostrar o casal como culpados que era impossível com a entrevista mostrar que o casal poderia sim ser inocente, e que a versão de uma pessoa ter entrado no prédio no dia não foi de grande relevância para a entrevista, esta influencia que e feita na formação da opinião pública ocorre quando varia meios de comunicação noticiam a mesma informação com a mesma opinião de dados,e quase que impossível que o público não seja manipulado pela informação prestada pela mídia pois os diferentes veículos de informação transmitem a informação da mesma maneira, estabelecendo uma única verdade sobre o caso, não deixando com que a sociedade pense por si própria. Para Carla Gomes de Mello, Não se importa a sociedade manipulada pela mídia se contra o suspeito houve tortura que o levou a confessar o ato criminoso, se, da mesma maneira, houve força excessiva, se está preso inocentemente e sem necessidade, se os direitos dele estão sendo violados, se eles tem a chance de não ser considerado culpado e se ele faz jus a um julgamento justo. [...] (MELLO, 2010. In: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/direitopub/article/ view/7381/6511>) Em todo o momento da entrevista Anna Carolina chorava muito com tom de voz sempre baixa,falava no emprenho que tiveram em construir o quarto da Isabella. Martin-Barbeiro (2003,Pg,176) descreve a inocência da virtude, quase sempre a “Mulher Vitima” a madrasta em todos o momentos se coloca como Amiga e mãe de Isabella enfatizando sempre amor que ambos sentiam por ela. Os holofotes se direcionavam para os dois o papel de culpados ou suspeitos se misturava na mente de quem acompanhava a entrevista, a opinião pública estava formada, por mais que o casal desse a sua versão a sociedade já os via como condenados. Nos dizeres de Carla Gomes de Mello, Holofotes cinematográficos são dirigidos ao suspeito do crime com o intuito de revelar sua identidade e personalidade. Em poucos segundos, sabe-se de tudo, detalhadamente, a respeito da vida desse cidadão e de seus familiares. Tudo é vasculhado pela mídia. Bastam alguns momentos para que eles se vejam em todas as manchetes de telejornais, revistas e jornais. A mídia, assim, vai produzindo celebridades para poder realimentar-se delas a cada instante, ignorando a sua intimidade e privacidade. (MELLO, 2010. In: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/direitopub/article/ view/7381/6511>) O entrevistador, em todos os momentos, induziu aos entrevistados a res59 A MÍDIA NO CASO NARDONI ponder questões de como se sentiam com a formação da opinião pública o que achavam o fato de serem os principais suspeitos pela morte da Isabella, em resposta Alexandre disse: “Deus é nossa maior testemunha” e segundo o mesmo, irá mostrar quem foi a pessoa que matou Isabella. Questionados sobre como alguém poderia agir com tanta brutalidade contra uma menina de 5 anos, Anna Carolina respondeu: “é o que a gente se pergunta também. Todas as noites, todos os dias.” Nas perguntas feitas ao casal fica visível como a formulação das perguntas eram feitas para se obter respostas da culpa ou inocência do casal, a insistência por parte do entrevistador em questionar o fato de serem os suspeitos,ou o que achavam do fato em que a sociedade já os condenavam pelo crime eram de grande percepção. Desta forma cresce as manifestações em busca de justiça só aumentava a sociedade clamava pelo julgamento e condenação dos suspeito/réu.Aos olhos da sociedade o casal já era os culpados pela morte da menina. Em uma outra entrevista dada ao Fantástico pela primeira vez Anna Carolina de Oliveira em entrevista para a repórter Patrícia Poeta fala do ocorrido na noite do crime. Por sua vez relata a sua versão para a sociedade. Na entrevista ela descreve como era a relação com o pai e a madrasta de Isabella. Durante a entrevista era notável o tom de voz baixo de Anna Carolina de Oliveira, o silêncio entre uma pergunta e outra, a interrupção no depoimento de uma mãe visivelmente emocionada e muito abalada com o ocorrido, A seriedade pela parte da entrevistadora que ao mesmo tempo que se mostra solidaria a entrevistada. 60 Na entrevista Ana Carolina de Oliveira vestia uma camisa com a foto de Isabella em suas mão um bichinho de pelúcia. A matéria levada ao ar teve enorme repercussão e garantiu uma a alta audiência global. Todos se voltaram para sabe como era a versão dos fatos por parte da mãe. Segundo Cláudio Bertode: A sede por ibopes, por audiência, por acessos, faz com a qualidade do que é produzido seja feito cada vez mais de maneira superficial. Não importa a relevância a informação. Não, o que é interessante é saber que um grande número de pessoas acompanharam a publicação. Pode ser um gato em uma árvore, desde que possa ser transmitido em tempo real o fascinante resgate promovido por um grupo de bombeiros; claro que pode ser também um psicopata louco que prendeu a namorada em um quarto. Melhor ainda se conseguir uma gravação de imagens exclusivas do meliante na janela com uma arma apontada na cabeça da garota. Em momento algum da entrevista Anna Carolina fez algum julgamento ao pai e madrasta na Isabella, em todas as perguntas feitas a ela em nenhum momento a mesma fez acusações ou até mesmo pré julgou o casal, mas em todos os momentos era notório perceber o interesse da repórter em fazer com que ela falasse sobre o que achava do pai ser o principal suspeito da morte de sua filha. Em alguns trechos poderia observar a obseção em fazer que ela falasse do pai seguindo a linha do raciocínio dele ser culpado ou buscar provas através de um depoimento como era Alexander Nardni como pai, em um trecho da reportagem fica claro a intenção da repórter em obter A MÍDIA NO CASO NARDONI uma declaração de Anna Carolina da conduta de Alexandre Nardoni. Podemos ver o preparo da repórter sobre o assunto em uma das perguntas pergunta, fica claro observar ambas as coisas, o interesse em que Ana falasse do comportamento de dos suspeitos com sua filha e como ela dominava o assunto “Caso Isabella”. Patrícia Poeta: Alguma vez a Isabella relatou qualquer história de violência ou agressão por parte da madrasta?Ana Carolina de Oliveira: Não.Patrícia Poeta: Eu pergunto porque em outra parte do depoimento você conta que a Isabella chegava com manchas roxas no corpo e beliscões. Como ela explicava isso para você? Em outro momento quando questionada sobre o que achava da entrevista que o casal deu ao Fantástico para o Valmir Salaro, ela responde que “prefiro não dar detalhes do que aconteceu naquele dia” mas em seguida a repórter diz a Ana Carolina que ela tem todo o direito de não falar nada sobre o ocorrido mas a faz outra pergunta sobre a entrevista. Patrícia Poeta: Você tem todo o direito. Agora, em um momento da entrevista ela [Anna Carolina jatobá] diz algumas coisas, que se referem à Isabella e que de certa forma atingem você. Uma delas foi dizer que algumas vezes a Isabella a chamava de mãe. Você sabia disso, você concorda com isso? Na mátria levada ao ar no dia 28.03.2010, especialistas criminalísticos contam o que foi usado para obtenção das provas que levaram os réus Alexandre Nardoni e Carolina Jatobá a condenação da morte de Isabella. Rosângela Monteiro perita responsável do caso relata como foi a obtenção das provas para a condenação do casal, Rosângela mostra as técnicas usadas no caso. Nesta reportagem fica perceptível como a mídia consegui a formação da opinião pública no caso, como foi o comportamento da sociedade no dia do julgamento do casal assim então suspeitos pelo crime, O comportamento da sociedade do lado de fora do fórum de Tremembé, era notório se perceber que a opinião pública já tinha o seu veredito antes mesmo de iniciar o julgamento o que predominava era a expectativa da condenação do casal, os gritos por justiça já descrevia a suas opiniões sobre os réus, e bem mais evidente foi a comemoração feita quando o juiz mauricio fossen anunciou a sentença dos então condenados. A mídia foi a principal condutora na formação da opinião Pública, através dela a sociedade se obteve dos fatos. Desde o inicio quando a sociedade se interessou pelo caso a mídia foi afundo explorando ao máximo o caso de maior comoção midiática. Por sua vez opinião pública já tinha o veredito antes mesmo do julgamento ser anunciado, isto se deu pela influência que a mídia exercia como formadora de opinião,antes mesmo do juiz responsável condenar ou não o casal Nardoni, do lado de fora do fórum era notório a pressão com que a opinião pública fazia sobre o poder Judiciário em querer a condenação do casal. Em suas reportagens a Rede Globo de jornalismo conduzia suas entrevistas pré julgando o casal, em muitas delas foi possível perceber como ela conduzia os fatos 61 A MÍDIA NO CASO NARDONI fazendo com que a sociedade acreditasse que um casal suspeito fosse mesmo culpado, podendo ela ser legitimadora de um julgamento incorreto pois as provas conclusivas só seriam apresentadas no dia do julgamento. O papel do jornalista é de grande valia em casos como o da Isabela, pois a influência midiática é capaz de alterar o imaginário das pessoas, mas a imparcialidade destes profissionais é fundamental para que a sociedade pense e julgue o caso e não seja manipulado por informações que a face pensar manipulada mente, por mais que as provas levasse a condenação do casal Nardoni,não era papel da mídia julgar ou pré julgar, o jornalista tem que ter a atenção voltada para a contextualização dos fatos e não levar a matéria para o sensacionalismo. Referências GOMES, Itania. Questões de método na análise do telejornalismo: premissas, conceitos, operadores de análise. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação - Compós, abril/2007. RADOS,Milan. Opina Pública mundial: Formar ou Manipular. Faculdade de Letras da Universidade do Porto-Prisma.com MORETZSOHN, Sylvia “O crime que chocou o Brasil”: mídia, justiça e opinião pública na primeira fase do caso Isabella Nardoni. Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo-UMESP,Novembro/2008. 62 MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às medições: comunicação,cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2003 Caso Isabella faz audiência de telejornais crescer até 46%. Disponível em: http://www1.folha.uol.com. br/folha/ilustrada/ult90u393376.shtml Mãe de Isabella Nardoni fala pela primeira vez numa entrevista surpreendente e reveladora. Disponivel em: http://fantastico.globo.com/ Jornalismo/FANT/0,,MUL699153-15605,00. html BOURDIEU, P. O desencantamento do mundo: Estruturas econômicas temporais. Tradução de Silvia Mazza et al. São Paulo: Perspectiva, 1979. A notícia como espetáculo: Estudo de caso da morte de Isabela Nardon. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Caxias do Sul, RS. Setembro /2010. LUCIANE BLUMVESTENA, Carla.O papel da mídia na formação da opinião pública: a contribuição de Bourdieu. Professora do Departamento de Pedagogia – UNICENTRO. Pai e madrasta falam pela 1ª vez da morte de Isabella,Disponível em: http://www.marataizes.com.br/noticias/ news.php?codnot=231967 GOMES, Luiz Flávio. Casal Nardoni: inocente ou culpado? (parte 1). Disponível em: <http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20100315111040784>.
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