dossiê de tombamento da imagem de santa bárbara

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dossiê de tombamento da imagem de santa bárbara
DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA
IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
PREFEITURA MUNICIPAL DE ENGENHEIRO CALDAS – MG
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Desenvolvido de acordo com as normas do IEPHA-MG para o período
de ação e preservação de 01 de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2009.
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http://www.iepha.mg.gov.br/icms_patr_cultural.htm - Deliberação para Proteção e Modelos ICMS Patrimônio
Cultural.
IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
SUMÁRIO

Introdução

Informe histórico e caracterização do município

Informe histórico do bem cultural e contextualização do mesmo no desenvolvimento histórico do
município

Descrição e análise do bem cultural

Documentação fotográfica

Laudo de avaliação sobre o estado de conservação

Diretrizes de intervenção sobre o bem tombado

Anexo I – Ficha de Inventário

Anexo II – Documentos legais
Parecer sobre o tombamento elaborado pelo profissional responsável pela elaboração do
dossiê
Parecer sobre o tombamento elaborado por conselheiro integrante do Conselho Municipal de
Patrimônio Cultural
Notificação do proprietário do bem informando o tombamento
Recibo de Notificação
Cópia da ata da reunião do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural aprovando o
tombamento.
Cópia do decreto do executivo tombando o bem cultural
Cópia da inscrição do bem cultural no Livro de Tombo Municipal
Cópia da publicação do ato do tombamento

Anexo III – Documentos diversos

Bibliografia

Ficha técnica
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INTRODUÇÃO
O Dossiê em questão apresenta um conjunto de informações sobre o município de
Engenheiro Caldas, localizado na região do Vale do Rio Doce, banhado pelo Ribeirão Beija-Flor e
pelo Córrego do Onça. As informações foram organizadas e sistematizadas em forma de Dossiê de
Tombamento de Bem Móvel, de acordo com a Deliberação Normativa n° 01/2009 do Conselho
Estadual do Patrimônio Cultural do IEPHA-MG, para o exercício de 2010. A Prefeitura Municipal de
Engenheiro Caldas, órgão máximo do poder executivo local, preocupada em zelar por sua memória e
herança cultural, torna-se parceira da ARO Arquitetos Associados Ltda., para promover ações
visando à preservação de seu patrimônio cultural, iniciado neste ano de 2009. Para que possamos
cumprir essa tarefa em toda sua extensão, é importante que as ações sejam concebidas de forma
abrangente e sistêmica, configurando uma política de patrimônio cultural clara e acessível à
comunidade.
Este Dossiê constitui um esforço nesse sentido. Concebido de maneira a esclarecer a
importância da Imagem de Santa Bárbara para o município, a presente pesquisa propõe-se a
proceder à instrução do Processo de Tombamento da mencionada Imagem, pertencente ao acervo
da Igreja Matriz de Santa Bárbara, conforme solicitado pelo Conselho Municipal do Patrimônio
Cultural da cidade. A Imagem de Santa Bárbara é por nós considerada uma forma diferente de
registro do desenvolvimento de Engenheiro Caldas, na medida em que aglutina as esperanças, a
força do trabalho e a fé religiosa em favor de uma vida em sociedade mais satisfatória e justa. Sua
importância como um marco na história e na memória da comunidade caldense é inegável, agindo,
desde o surgimento do seu culto de forma organizada e formal, como um elo comunitário, nitidamente
perceptível no dia-dia dos moradores e durante a festividade em honra à Santa Mártir.
A metodologia de trabalho consistiu de uma pesquisa realizada em duas etapas. Na primeira,
foi feita uma revisão bibliográfica sobre a história da região do atual município de Engenheiro Caldas,
da Igreja Matriz de Santa Bárbara, bem como da imaginária em estudo, em particular. Esta pesquisa
procurou ser tão abrangente quanto o possível, embora não tenha sido encontrada nenhuma
documentação escrita relativa à imaginária em questão. As maiores fontes de informação e que mais
contribuíram para este trabalho foram o jornal “Informativo Paroquial”, o “Plano de Inventário do
Município de Engenheiro Caldas”, o “Dossiê de Tombamento da Igreja Matriz de Santa Bárbara” e os
depoimentos de membros da comunidade local, notadamente o da senhora Francisca Gonçalves
Soares e do senhor Francisco Mariano Pinto, figuras ilustres na cidade. Num segundo momento,
realizou-se um profundo levantamento bibliográfico em diversas bibliotecas municipais e
universitárias, além de sites especializados, acerca das análises, dos significados, dos sentidos e da
história da iconografia cristã e da vida de Santa Bárbara, com o intuito de obter-se conhecimentos
suficientes para uma composição honesta deste trabalho. Essa pesquisa, somada ao levantamento
fotográfico e às medições das características físicas, criou subsídios para a análise e descrição do
Bem Cultural a ser tombado.
A partir dessa análise e descrição tornou-se possível identificar o valor histórico, artístico e
simbólico relacionado à Imagem de Santa Bárbara e assim justificar seu tombamento, propondo
medidas complementares para a efetiva conservação desse Bem Cultural. Esperamos, com isso,
estar contribuindo para a reconstrução, preservação e valorização do Patrimônio Cultural de
Engenheiro Caldas como um todo e, em particular, do acervo de bens móveis pertencente à Igreja
Matriz de Santa Bárbara.
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INFORME HISTÓRICO E CARACTERIZAÇÃO DO MUNICIPIO
Contexto histórico
A ocupação do território do município de Engenheiro Caldas pode ser entendida a partir da
ocupação da região onde este está inserido: o Vale do Rio Doce.
Por volta de 1730, com o descobrimento de diamantes na região chamada de Distrito
Diamantino, com sede no arraial do Tejuco (atual Diamantina), a Coroa declarou monopólio à
extração de diamantes e ouro na região, estabelecendo, então, um controle rígido sobre a área,
baseado no fisco e na ação repressora. Como consequência, ocorreu a expulsão de mulheres e
homens negros, proibição da venda de bebidas, interdição de vendas e de vendedores ambulantes,
além de ter havido a expulsão dos mineradores clandestinos da região e a proibição da mineração de
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ouro, obrigando, assim, os moradores a se dedicarem à lavoura e à pecuária (BARBOSA,1981) .
Apesar do centralismo do poder e da severidade da legislação, as riquezas que jorravam iam
para a Europa não só por vias legais, mas também através de contrabando. Com essa exploração
desordenada, as jazidas aluviais se esgotaram muito cedo e os colonizadores perceberam que não
podiam ou não conseguiam mais manter a mineração aurífera.
A partir de então, as cidades do ciclo do ouro passaram por um melancólico esvaziamento.
Os mineradores, os clérigos e os escravos se distanciaram das cidades, buscando longínquas terras.
No dizer de Carrato, uma verdadeira diáspora. Os migrantes partiram em massa na busca de novas
aventuras, encontrando imensas florestas e terras desabitadas. Algumas vezes ainda tentavam a
mineração de ouro ou de gemas, mas acabavam abrindo currais, fazendas e pequenos negócios;
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começaram as construções de capelas, a criação de freguesias ou vilas (CARRATO, 1968) .
Após a época pombalina (1750-1777), ocorreram incursões no Vale do Rio Doce visando
novas descobertas de jazidas de ouro, sendo alcançado o município de Cuieté em 1781, pelo então
Governador da Capitania Dom Rodrigo José de Menezes (Conde de Cavaleiros). O Governador
voltou de Cuieté entusiasmado, não com a mineração aurífera, mas com a criação de uma colônia
agrícola. Tomou a iniciativa de mandar para o local uma companhia militar para ocupar a região,
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desde Cuieté até Natividade, hoje município de Aimorés (VASCONCELOS, D. 1974) .
A área coberta de mata indevassada ou ainda não percorrida era uma barreira natural que
impedia o contrabando de ouro. Devido às condições naturais, a partir daí o Rio Doce passou a ser a
via preferencial para o transporte do sal para a região do ouro. Para tornar o rio navegável, foi posto
em prática um projeto de devastação das suas margens.
Consolidação do município
Até o início do século XX, o Vale do Rio Doce permanecia amplamente coberto pelo
complexo da Mata Atlântica. A efetiva ocupação da região somente se deu a partir da construção da
Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM). Iniciada em 1903, em Vitória (ES), em 1910 chegava ao
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BARBOSA, Waldemar de Almeida. Os 250 anos de Minas Novas. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de
Minas Gerais. Belo Horizonte, N. XVIII, 1981.
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CARRATO, José Ferreira. Igreja, Iluminismo e escolas mineiras coloniais. São Paulo: Nacional, 1968.
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VASCONCELOS, Diogo de. História Média de Minas Gerais. Belo Horizonte: Itatatiaia, 1974.
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então pequeno entreposto comercial de Porto de Figueiras, hoje município de Governador Valadares
(MG).
E foi neste contexto, então que, por volta de 1906, uma caravana composta por doze
homens, entre eles José Manoel, Francisco Manoel, Joaquim Manoel e Joaquim Domingos, chefiados
por Joaquim da Silva (o Coronel Pião) adentrou o território, à procura de terras férteis. Essa incursão
afastou-se das áreas já ocupadas, próximas às margens do Rio Doce, dando origem ao povoado que
é hoje o município de Engenheiro Caldas.
A primeira construção no local foi um “barraco” ao final da antiga Rua Pedro Faria, atual Rua
Manoel Joaquim Ribeiro. A partir de então, os novos colonizadores iniciaram a ocupação do território,
que se deu ao longo dos leitos do Córrego do Onça e do Córrego das Pedras, em área plana,
rodeada por planícies onduladas que lhe dão um caráter de proteção natural.
De acordo com o Sr. Antônio Sotero Lopes (Sr. Pimenta), o Coronel Joaquim Pião, que
comandou a incursão da caravana e a ocupação do território, doou simbolicamente à Santa Bárbara,
por devoção, terras de sua posse na região da nova “área colonizada”. Daí o nome do povoado de
Santa Bárbara (ARO Arquitetos Associados Ltda, junho de 2009, p. 05).
A Estrada de Ferro Vitória-Minas, aberta em 1904, teve grande importância para a região no
que se refere ao escoamento dos produtos; porém, foi com a implantação definitiva da BR-116, cujos
estudos iniciais também datam dos anos compreendidos entre 1930 e 1939, que o povoado,
atualmente Engenheiro Caldas, se desenvolveu.
Como Distrito de Santa Bárbara, criado em 1948 pela lei nº. 336, de 27 de dezembro de
1948, pertencente ao município de Tarumirim, passou a denominar-se Santa Bárbara de Tarumirim.
Em 01 de março de 1962, os distritos de Santa Bárbara e São José do Acácio foram desmembrados
de Tarumirim.
Ao emancipar-se pela Lei Estadual nº. 2764, de 30 de dezembro de 1962, Santa Bárbara
então recebeu a denominação de Engenheiro Caldas, alterada pela mesma Lei, em homenagem ao
Engenheiro Felipe Moreira Caldas, que participou da frente de trabalho para a construção da antiga
rodovia Rio-Bahia (BR-116).
Em divisão territorial datada de 31 de dezembro de 1963, o município foi constituído de 02
(dois) distritos: Engenheiro Caldas (sede) e São José do Acácio, assim permanecendo até 1988. Pela
Lei nº. 530, de 03 de abril de 1992, foi criado o distrito de Divino do Traíra e anexado ao município de
Engenheiro Caldas. Em divisão territorial datada de 1992, o município passou a ser constituído de 03
distritos: Engenheiro Caldas (sede), Divino do Traíra e São José do Acácio, assim permanecendo até
hoje.
Distrito de São José do Acácio
O distrito de São José do Acácio está a 22,0Km do Distrito Sede e, desde 01 de março de
1962, juntamente com Santa Bárbara (atual município de Engenheiro Caldas) foi desmembrado de
Tarumirim. Em 2000, segundo dados da Prefeitura Municipal de Engenheiro Caldas, o Distrito
contava com 1.372 habitantes, o equivalente a 14,67% da população total do município naquele ano.
Segundo a Prefeitura Municipal, atualmente São José do Acácio conta com 972 habitantes na zona
urbana e 419 habitantes na sua zona rural.
Ao redor da Praça da Matriz está localizada, além da Igreja Matriz de São José, a Escola
Municipal Adeodata Silveira Castro (Ensino Fundamental), alguns estabelecimentos comerciais e a
sede de uma das empresas voltadas ao artesanato em pedras. O distrito conta com Posto de Saúde,
Agência de Correios, Cartório e Cemitério, além do estádio de Futebol Sebastião Damasceno Filho.
A economia de São José do Acácio se diversificou. Além dos estabelecimentos comerciais de
pequeno porte, e de parte dos habitantes estarem inseridos nas atividades agropecuária, segundo
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informações da Prefeitura Municipal, o Distrito desponta no artesanato em pedra com pequenas
empresas artesanais já com um significativo suporte dotado de máquinas de corte e lapidação, cuja
matéria prima é constituída pelos seguintes minerais: sodalita, calcita, magnesita, ametista e
dolomita. Acrescenta-se o manejo e cultivo de plantas aquáticas (para aquários) e criação de peixes
ornamentais, cujos produtos já são vendidos para vários estados brasileiros. Com isso, São José do
Acácio está se transformando em referência de produção especializada e diferenciada, neste caso,
ampliando a economia local e criando mais postos de trabalho.
Distrito de Divino do Traíra
Através da Lei nº. 530, de 03 de abril de 1992, foi criado o distrito de Divino do Traíra e
anexado ao município de Engenheiro Caldas, situado a 12Km do Distrito Sede. Segundo dados da
Prefeitura Municipal de Engenheiro Caldas, atualmente Divino do Traíra conta com 912 habitantes na
zona urbana do distrito e 205 habitantes na zona rural. Sua ocupação se deu margeando a BR-116,
na confluência do Ribeirão Traíra com o Córrego Beija-Flor, cursos d´água de grande importância
para o município. A economia é voltada para o comércio, com presença de pequenos
estabelecimentos comerciais, e para a agropecuária.
Hoje o Distrito possui os seguintes serviços e lugares de referência: Posto de Saúde, Agência
e Correios, Posto da Polícia Militar, Cartório João Izidoro Pereira, duas Igrejas (Igreja Matriz do Divino
Espírito Santo e Igreja Imaculada Conceição), cemitério, Praça Professora Adélia Dias Goulart,
campo de futebol e Escola Municipal Luzia Gonçalves Lessa, de Ensino Fundamental.
Povoados
Os povoados que compõem a zona rural de Engenheiro Caldas têm sua ocupação próxima
às grandes fazendas, ao longo dos cursos d´água. Essa é uma das razões pela denominação de
alguns deles, sendo a maioria devido aos córregos que banham suas áreas, sendo os povoados:
Córrego dos Italianos, Córrego dos Alexandres, Córrego do Moledo, Mangueira, Engenhoca, Calisto,
Mantimento de Cima, Mantimento de Baixo, Córrego das Pedras, Córrego dos Gonçalves, Córrego da
Cachoeira, Córrego Preto, Córrego do Caixa Larga, Córrego do Beija Flor, Córrego Bela Vista,
Córrego Boa Sorte, Córrego do Bonfim, Córrego dos Leites e Córrego Água Doce.
Atualmente a Zona Rural do Município de Engenheiro Caldas, segundo dados da Prefeitura
Municipal, conta com um total de 1.819 habitantes, incluindo os habitantes das zonas rurais dos
Distritos. A economia é voltada para a agricultura e para a pecuária, sendo de grande vulto
econômico as fábricas de cerâmica, localizadas na zona rural, margeando a BR-116.
Distrito Sede
Por volta de 1940, conforme a Sra. Francisca Gonçalves Soares, conhecida como Dona
Chichica, de 83 anos de idade, ela e o Sr. Ernesto Paulino de Oliveira (na época, seu esposo,
atualmente divorciados) possuíam um bar às margens de onde seria construída a BR-116 (antiga RioBahia). Dona Chichica lembra que as ruas ainda eram de terra e logo que foram iniciadas as obras
para a implantação da rodovia, foi instalada a primeira bomba de gasolina do local. A construção
desta rodovia foi um grande marco para Engenheiro Caldas, acelerando seu crescimento econômico
e facilitando o escoamento da produção do município.
Dona Chichica relata também que a época foi retratada na pintura “Óleo sobre tela de José
Matias”, onde se pode ver a Vila de Santa Bárbara em meados dos anos de 1940, em que existiam
poucas residências, uma capela e o bar com a bomba de gasolina da Sra. Francisca e do Sr. Ernesto,
em meio às ruas ainda de terra.
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Essa pintura se tornou muito importante para Engenheiro Caldas, sendo utilizada como
referencial pelo comércio e pelos órgãos públicos, além de ser utilizada em folhinhas de calendários.
Conta-se que o pintor vendeu a tela para o atual proprietário, Sr. Carlos Machado (dono de fotos
antigas), e que posteriormente tentou reavê-la, sem sucesso.
A Rádio foi o primeiro meio de comunicação de Engenheiro Caldas, inaugurada pelo Sr. João
Ferreira, em 1942. Em 1957, a Agência dos Correios foi trazida por Dona Maria Cardoso. O primeiro
telefone da cidade, cujo funcionamento era à manivela, foi instalado no mandato do Prefeito Wander
Rodrigues de Souza (gestão 1967-1970), sendo de uso público e localizado no posto telefônico. Logo
após chegaram outros 50 telefones, instalados na mesma época em residências particulares, entre
elas dos Srs. João Cardoso, Ernesto Paulino de Oliveira, Divino Paulino Jordão e Maria Cardoso. Já o
primeiro automóvel, um jipe, foi de propriedade do Sr. Delardino Jordão. Desconhece-se a data de
sua aquisição.
A Sra. Francisca Gonçalves Soares, em seu depoimento, relata a existência de uma lagoa
próxima ao local onde hoje está localizada a Cooperativa de Produtores de Leite (aparentemente
desativada) e o posto de gasolina, às margens da BR-116 e que esta foi drenada, uma vez que o
município estava se desenvolvendo e em processo de expansão. A lagoa trazia problemas para os
bairros próximos, causando enchentes, comuns no passado. Outros relatos mencionam que nessa
lagoa existia uma ilha chamada “Couro”, que se movia sobre a água com a força dos ventos.
Segundo Dona Adeodata da Silveira Miranda, conhecida como Dona Chiquita, em seu livro
intitulado “Padre Engenheiro Caldas – MG: uma história que começou há 100 anos”, publicado em
2006, a primeira Missa na cidade foi celebrada em meados da década de 1940 pelo padre conhecido
como Padre Palhinha, em um pequeno altar erigido onde hoje está localizado o Hotel Pimenta, na
Avenida Vereador Sebastião Pernes de Miranda. Neste momento não registrado, de acordo com a
Sra. Francisca, o mencionado padre trouxe consigo uma imagem de Santa Bárbara de gesso, a qual
deixou para os fiéis, que a preservam até os dias atuais. Posteriormente, no então denominado
Povoado de Santa Bárbara, nome dado por devoção pelo Coronel Joaquim Pião, que comandou a
primeira incursão às suas terras e a sua ocupação, conforme a obra citada, foi construída a primeira
capela, pequena e em madeira, no morro do cemitério, onde hoje está a casa comercial MACOFE –
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Materiais de construção para construção civil . A data de construção da capela, dedicada a Santa
Bárbara, não é conhecida. Porém, em uma pintura que mostra o distrito na década de 1940, único
registro existente, a capela já estava presente.
Não há documentação que mencione época, iniciativa e autoria das obras da construção da
Igreja Matriz de Santa Bárbara. Porém, de acordo com relatos dos moradores mais antigos do
município, a Igreja Matriz foi erigida no final da década de 1950 e inaugurada após a destruição da
capela de madeira, por uma tempestade de chuva e vento. A primeira missa, após a emancipação, foi
celebrada pelo Padre Rino, com a inauguração da Igreja Matriz, ainda inacabada.
A Paróquia de Santa Bárbara foi instalada no ano da emancipação do município (1962),
pertencendo à Diocese de Caratinga até o ano de 1974, aproximadamente, quando passou a
pertencer à Diocese de Governador Valadares. Quanto ao primeiro pároco do distrito de Santa
Bárbara, este foi o Padre João Pina do Amaral, seguido pelo Padre Geraldo Magela do Carmo, que
realizou sua última celebração no dia 09 de junho de 1962, quando a antiga capela desabou. Após a
emancipação do município, os párocos que assumiram a paróquia desde sua instalação foram: Padre
Rino, Padre Francisco da Fonseca (Padre Chiquinho), Padre Lécio Guedes, Frei Roberto Bocca e,
desde 1975, Padre José Dias Xavier (ARO Arquitetos Associados Ltda, junho de 2009, p. 07).
Conforme Luziane Paulina Lessa de Oliveira Costa, Agente Administrativa da Secretaria de
Administração da Prefeitura Municipal, em seu trabalho de conclusão do curso de Turismo: “Morro do
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MIRANDA, Adeodata Silveira. Padre Engenheiro Caldas – MG: uma história que começou há 100 anos.
Engenheiro Caldas, setembro de 2006.
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Cruzeiro: um lugar de devoção e oração” , o município tem potencial turístico religioso, uma vez que
algumas festividades e celebrações religiosas, constantes no calendário municipal, em especial a
“Novena de Santa Bárbara”, são responsáveis pela atração de muitas pessoas de outros municípios.
Entre os principais eventos religiosos destacados por Luziane Costa, estão: o Carnaval com
Cristo (este ano completando sua sexta edição), organizado pela Renovação Carismática Católica,
com participação de Jovens de Engenheiro Caldas e de outras cidades na Praça Tiradentes, com a
duração de três dias; o Mês de Maria, realizado no mês de maio, havendo a coroação da Santa; o
Corpus Christi, celebrado como uma grande manifestação de arte popular, uma vez que a
comunidade engenheiro-caldense mantém o costume de decorar as ruas com tapetes feitos com
serragem colorida, borra de café, farinha, areia e alguns pequenos acessórios, como tampinhas de
garrafas, flores e folhas; o dia da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, comemorado a 12
de outubro com a subida de romeiros ao Morro do Cruzeiro, com a intenção de pagar promessas,
fazer penitências, orações e para o encontro de jovens; e a mencionada “Novena de Santa Bárbara”,
comemorada a 04 de dezembro, padroeira de Engenheiro Caldas, havendo orações e confissões
comunitárias, apresentação e debates sobre diversos temas atuais pelos movimentos e grupos
religiosos locais, barraquinhas com comidas típicas, almoço comunitário e leilões e procissão pelas
principais ruas da cidade com a Imagem de Santa Bárbara carregada em andor (ARO Arquitetos
Associados Ltda, junho de 2009, p. 07).
Ressalta a funcionária pública Luziane Costa o Morro do Cruzeiro como um importante
espaço de devoção popular, visitado por muitos romeiros desde o dia 06 de agosto de 1958, quando
o Sr. Alípio Lourenço Ezequiel de Faria, na época com 34 anos, instalou o Cruzeiro nas pedras com a
ajuda de outros moradores em honra à Nossa Senhora Perpétua Socorro. No local, além do Cruzeiro
feito de madeira Braúna, oferecida pelo amigo Sr. João Pacifico, como conta o Sr. Alípio Lourenço,
“no valor de 120 mil réis”, foi erguida uma capela com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, doada
pelo Sr. Ernesto Paulino de Oliveira. No dia da inauguração, foi celebrada uma Missa para 300
pessoas, pelo Padre Geraldo Magela. Hoje, com 84 anos, o Sr. Alípio encomendou uma placa de
metal de 25 Kg para colocar no Morro do Cruzeiro com os seguintes dizeres: “Este cruzeiro é de São
Sebastião, e este local, é a futura igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, construído em
06/08/1958 por José Alípio Lourenço Ezequiel de Faria” (ARO Arquitetos Associados Ltda, junho de
2009, p. 08).
Política
A partir da emancipação, em 30 de dezembro de 1962, o Dr. José de Assis Rodrigues
administrou o município como prefeito interino por 07 meses, até a posse do primeiro prefeito eleito
no mesmo ano, Sr. Divino Paulino de Oliveira, que governou o município de 1963 a 1966. De 1967 a
1970 foi prefeito o Sr. Wander Rodrigues de Souza. Pelo período de 1971 a 1972, foi prefeito o Sr.
Geraldo Martins de Andrade, seguido do Sr. Wander Rodrigues de Souza, de 1973 a 1976. De 1977
a 1982, assumiu a prefeitura o Sr. José Ozório da Silveira. Entre 1983 a 1988, o Sr. Geraldo Teixeira
da Costa governou a cidade. O Sr. José Pereira Gourlart foi prefeito entre 1989 a 1992. Já o Sr.
Gilmar Cardoso assumiu no período de 1993 e 1996 (ARO Arquitetos Associados Ltda, junho de
2009, p. 08).
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De acordo com dados do Tribunal Regional Eleitoral , em 1996, o município de Engenheiro
Caldas elegeu Divino Jordão de Oliveira (PTB) para prefeito, com 2.644 votos (1997-2000). Nas
eleições de 2000, para administrar de 2001 a 2004, o município teve como Prefeito Paulo César de
Miranda Faria (PMDB), eleito com 3.111 votos, sendo reeleito em 2004, com 2.740 votos, sendo que
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OLIVEIRA, Luziane. Morro do Cruzeiro: um lugar de devoção e oração. Trabalho de Conclusão de Curso de
Turismo, Universidade Vale do Rio Doce. Governador Valadares, novembro de 2008.
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Pesquisa realizada em junho de 2009, site: http://www.tre-mg.gov.br
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naquele ano eram 6.448 eleitores. Atualmente a Prefeitura Municipal tem como prefeito o Sr. Juarez
Contin Júnior, do PMDB, eleito em 2008, com 3.024 votos.
Demografia
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De acordo com dados do IBGE , a população urbana em 2000 era de 7.309 habitantes, o que
indica um crescimento de mais que o dobro em relação a 1970, quando havia 3.387 moradores. Já a
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população rural em 200 , com 2.038 habitantes, equivale a aproximadamente 28% da população rural
existente em 1970. Pode-se observar uma inversão do número de habitantes entre as zonas urbanas
e rurais, no período entre 1970 e 2000. Em 1970, a população rural era 68,30% do total de
habitantes. Já em 2000, essa porcentagem caiu para 21,80% da população total do município.
Os dados também demonstram uma queda de 20,45% no número total de habitantes entre os
censos de 1970 e 1980. Porém, nos anos censitários seguintes, houve o crescimento da população
total do município, sendo que, de 1980 a 1991, houve um pequeno crescimento de 3,7% e, de 1991 a
2000, o crescimento atingiu 6,03%. De acordo com o Censo de 2007, Engenheiro Caldas registrou
um total de 10.317 habitantes, com crescimento de 10,37% referente ao ano de 2000. Este número,
porém, ainda não alcançou os 10.687 habitantes registrados em 1970.
Em 2000, de acordo com dados coletados na Prefeitura de Engenheiro Caldas, inclusive em
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Pesquisa Escolar feita pela Escola Estadual Professora Ondina Pinto de Almeida , o distrito de São
José do Acácio contava com 1.372 habitantes, o equivalente a 14,67% da população total do
município naquele ano; e o distrito de Divino do Traíra, com 1.028 habitantes, um pouco menos de
11% do número total de habitantes. Ainda, conforme os dados da Prefeitura Municipal, em 2008, a
população total do distrito de São José do Acácio era de 1.391 habitantes, dos quais 419 estavam
situados na zona rural. Já o Distrito Divino do Traíra possuía uma população total de 1.117 habitantes
no mesmo ano, dos quais 205 estavam situados na zona rural.
A densidade demográfica do município de Engenheiro Caldas atualmente é de 54,87hab/km².
Economia
Baseando-nos em dados fornecidos pelo IBGE, a principal fonte econômica do município de
Engenheiro Caldas está ligada ao setor de serviços/comércio, seguido da atividade industrial
(Indústria de Cerâmica Vermelha), tendo o tijolo como produto mais significativo. O setor
agropecuário também se destaca, tendo como principais explorações agrícolas a cana-de-açúcar, o
arroz, o feijão, o milho e a mandioca, além da fruticultura, que é uma atividade recente no município.
Na pecuária a exploração predominante é a leiteira. De acordo com a Secretaria de Educação, mais
da metade da produção é exportada para os municípios do Rio de Janeiro, Governador Valadares,
Caratinga e Belo Horizonte.
De acordo com o cadastro de Empresas do IBGE – CEMPRE do ano de 2000, as principais
empresas industriais (com 10 ou mais empregados) de fabricação de produtos de minerais nãometálicos no município são: Angel Frossard Fernandez Cerâmica Laminatex Ltda; Cerâmica Isadora
Ltda; Cerâmica Caldense Ltda; Cerâmica Fernandez Ltda; Cerâmica Portela Ltda; Cerâmica Santa
Bárbara Ltda. Juntas essas empresas empregam 20% da população registrada e são responsáveis
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<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Acessado em: junho de 2009.
9
Dados demográficos da área rural: Confederação Nacional dos Municípios – CNM
<http://www.cnm.org.br/demografia/mu_dem_pop_rural.asp>. Acessado em: junho de 2009.
10
o
Pesquisa realizada pela E. E. Professora Ondina Pinto de Almeida, Curso 2 Grau, Professora Paulina Ângela
– Geografia – Engenheiro Caldas-MG, 07 de dezembro de 2001. Pesquisadores: Cheila Gonçalves; Fabiana
Rodrigues; Aurenice Milanez; Rosimeire Freitas; Genaina Rodrigues; Carla Geane; Regiane Santiago; Anna
Kyara Aguiar; Julia Fagundis.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
9
IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
por 18% do PIB (Produto Interno Bruto), conforme a Fundação João Pinheiro (FJP) e o Centro de
Estatística e Informação (CEI).
O município produz aproximadamente 3.750 toneladas de cana-de-açúcar; 616 toneladas de
milho; e 210 toneladas de mandioca. Em menor escala, existem lavouras de laranja (192 toneladas);
arroz (176 toneladas); tomate (120 toneladas); banana (108 toneladas); feijão (98 toneladas -1ª e 2ª
11
safras); e café (09 toneladas). Segundo o Censo Agropecuário de 2006 , a pecuária engenheirocaldense conta com a criação de bovinos (15.828 cabeças) em 238 estabelecimentos rurais, onde
177 são produtores de 4.459 litros de leite. As aves contam com 27.175 cabeças entre galinhas,
galos, frangos e pintos, onde a produção de ovos atinge 9.000 dúzias. Em menor número surgem os
suínos (573 cabeças) e os ovinos (155 cabeças). O mesmo censo aponta que na cidade são
destinados 191 hectares para lavouras permanentes; 582 hectares para lavouras temporárias; 8.914
hectares para pastagens naturais e 439 hectares são de matas e florestas. A assistência às
propriedades rurais é prestada pela Prefeitura Municipal e pelo Sindicato dos Produtores Rurais de
Engenheiro Caldas, além de assistência técnico-agronômica e médico veterinária, prestada pela
EMATER-MG.
Na área bancária o município de Engenheiro Caldas conta com uma agência da AC-CRED,
uma agência do Banco Postal do Bradesco, um Posto de Atendimento da Caixa Econômica Federal,
uma unidade do Bradesco 24 horas e um PA (Posto de Atendimento) do Bradesco.
12
A arrecadação municipal, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Fazenda , em
2004, era de R$658,221 sendo R$193.649 de ICMS e R$464,572 definidos como “outros”. Observouse um crescimento na arrecadação entre o período de 2001 a 2004 de quase 55%.
Educação
Em relação à educação em Engenheiro Caldas, de acordo com dados da Câmara Municipal,
o município possui 04 escolas de ensino fundamental cujo número de matrículas em 2007 foi de
2.248; 04 escolas pré-escolares, com 479 matrículas e 01 escola de Ensino Médio, com 381
matrículas realizadas no ano de 2007.
A porcentagem de alunos matriculados revela a realidade da educação do município, sendo
de 15,4% para nível pré-escolar; 72,3% do total de matrículas para o nível de Ensino Fundamental e
apenas 12,3% do total de matrículas para o nível de Ensino Médio.
O município é atendido pelas escolas: Escola Estadual Ondina Pinto de Almeida, Escola
Municipal Maria da Conceição Ferreira e Escola Municipal Braz Monteiro, situadas no distrito Sede;
Escola Municipal Luzia Gonçalves Lessa, no distrito Divino do Traíra; e Escola Municipal Adeodata
Silveira Castro, no distrito São José do Acácio.
As escolas da zona rural, como a Escola Estadual Córrego do Beija-Flor, no povoado do
Córrego do Beija-Flor, foram desativadas. Os alunos possuem transporte fornecido pela prefeitura do
município para frequentarem as escolas mais próximas de suas residências, distribuídas nos distritos,
inclusive no distrito Sede.
Em 1955, pelo Decreto Lei nº. 46.369 de 20 de julho de 1955, foi fundado o Grupo Escolar
Ondina Pinto de Almeida no Distrito de Santa Bárbara (atual Engenheiro Caldas), cujo nome foi uma
homenagem à professora, e posteriormente Diretora, do grupo escolar da cidade de Tarumirim, da
qual Engenheiro Caldas na época era Distrito. Ondina nasceu em Leopoldina em 1909, formou-se na
11
Confederação Nacional dos Municípios. <http://www.cnm.org.br/demografia/mu_dem_pop_rural.asp>.
Acessado em: junho de 2009.
12
<http://www.almg.gov.br/index.asp?grupo=estado&diretorio=munmg&arquivo=municipios&municipio=23700>.
Acessado em: junho de 2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
Escola Normal em 1928 e teve sua primeira experiência profissional no grupo Escolar em Miraí, na
Zona da Mata. Casou-se com Clóvis Vieira Resende, em 1929 e, em 1940, devido à repercussão
econômica da Segunda Guerra, o casal se mudou para Tarumrim. A partir de então, Ondina
organizou cursos de férias para vários professores que, apesar de “leigos”, trabalhavam com muita
dedicação. A intenção era ensinar-lhes alguma didática e torná-los mais aptos para a tarefa da
educação (ARO Arquitetos Associados Ltda, junho de 2009, p. 10).
Segundo a Sra. Francisca Gonçalves Soares, a primeira Escola Municipal de Engenheiro
Caldas (Grupo Escolar Ondina Pinto de Almeida, hoje Escola Estadual Ondina Pinto de Almeida) foi
instalada na edificação situada a Av. Vereador Sebastião Pernes de Miranda, às margens da futura
Rodovia (BR-116). Relata a depoente que o processo de fundação da Escola foi complicado, uma vez
que envolvia interesses políticos e econômicos, e que, até então, a única escola existente era
particular.
O Dr. José de Assis Rodrigues (advogado e futuro primeiro prefeito interino do município)
juntamente com o Sr. João Izidoro Pereira (do povoado Beija-Flor), o Sr. Ernesto Paulino de Oliveira,
o Sr. José Reis (escrivão) e o Sr. Antônio Barbosa Coutinho (fazendeiro) deram início ao processo de
implantação de uma escola municipal após a solicitação junto à Secretaria de Educação do Estado de
Minas Gerais. O pedido de implantação da escola foi prontamente atendido pelo então Governador
do Estado Magalhães Pinto, após serem reunidos aproximadamente 150 alunos para se
matricularem. A primeira escola contava com 12 professoras, 02 serventes e a primeira Diretora,
Dona Assi Lopes da Silveira (ARO Arquitetos Associados Ltda, junho de 2009, pp. 10-11).
As primeiras professoras do Grupo Escolar Ondina Pinto de Almeida foram: Adeodata Silveira
Miranda (Dona Chiquita), Terezinha de Castro, Ana Mafra de Aguiar, Luiza Gonçalves Lessa,
Conceição Bernardino, Luzia Jordão, Maria Jordão, Área Cima Jordão e Maria da Conceição Pereira.
Quanto às diretoras, estas foram: Assi Lopes da Silveira, Neuzina Lopes, Maria da Luz Ferreira
Martins (Dona Pipi), Maria Soares e Maria Helena Barreto (ARO Arquitetos Associados Ltda, junho de
2009, p. 11).
No ano de sua fundação, a Escola Ondina Pinto de Almeida funcionava de maneira precária.
Em 1964, ano da Construção da BR-116 (antiga Rio-Bahia), o chefe do Departamento Nacional de
Estradas e Rodagens - DNER, Sr. Pedro Muller de Faria, dentro do plano de Humanização das
Rodovias, doou novas instalações para a Escola, situadas à Rua Rui Barbosa, s/n. Em 10 de julho de
1979, a Escola mudou-se para a Av. Santa Bárbara, 345 – Bairro Vila Rainha, onde funciona
atualmente. Até então, a Escola Ondina Pinto de Almeida atendia alunos até a 4ª série do Ensino
Fundamental, sendo autorizada pela Portaria 514, de 1979, a extensão de séries (de 5ª a 8ª séries do
Ensino Fundamental). Em 1986, passou a oferecer o Ensino Médio (pelo Decreto nº 25.669), com
habilitação em Magistério e, em 1987, o curso Técnico em Contabilidade. Atualmente, a Escola
mantém o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, deixando de oferecer os cursos de Magistério e
Contabilidade por ordem estadual. Em 2005, ano de comemoração dos 50 anos desta instituição de
ensino público, a Escola contava com 87 funcionários na ativa e cerca de 1.200 alunos distribuídos
em três turnos. Atualmente, oferece três modalidades de ensino: Ensino Fundamental (de 5ª a 8ª
séries), Ensino Médio e EJA (Ensino Médio para Jovens e Adultos) (ARO Arquitetos Associados Ltda,
junho de 2009, p. 11).
A Escola Municipal Maria da Conceição Ferreira, além do ensino de 1ª a 4ª séries, oferece
suas dependências para os cursos oferecidos em parceria com a ULBRA – Universidade Luterana do
Brasil (EAD - Ensino à Distância). Já as escolas para alunos em idade pré-escolar situadas no distrito
Sede (Frutos do Futuro, Vovó Diolinda, Cachinhos de Ouro e Braz Monteiro) atingem
aproximadamente 479 alunos e são compostas por 25 docentes (ARO Arquitetos Associados Ltda,
junho de 2009, p. 11).
O município de Engenheiro Caldas possui ainda a Escola de Música, incluindo o projeto
Batuque na Escola e a Banda Lira Caldense; cursos de artesanato em geral, ministrados por
integrantes da Casa da Cultura e incentivados pela Prefeitura Municipal; dois Tele-Centros, o primeiro
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
com cinco computadores e, o segundo, com onze computadores, garantindo a inclusão digital; e uma
biblioteca pública, que está sendo transferida para o prédio da Secretaria de Educação (ARO
Arquitetos Associados Ltda, junho de 2009, p. 11).
Um dos projetos de maior relevância no município atualmente é a Escolinha de Futebol
Criança Esperança, dirigida pelo Sr. Divino Clementino da Silva, nascido em Engenheiro Caldas, mas
que trabalhava no município vizinho de Sobrália até o ano 2000. A Escolinha foi criada a partir do
convite feito pelo ex-prefeito Paulo César de Miranda Faria em sua primeira gestão (2001-2004),
tendo sido inaugurada pelo Sr. Divino Clementino a 11 de agosto de 2001, assumindo ele próprio a
direção da Escolinha de Futebol. Esta atende 300 meninos de idades entre 07 e 18 anos, distribuídos
em 08 categorias. O trabalho que este Sr. realiza é voluntário e recebe apoio da Prefeitura Municipal,
como toda a infraestrutura necessária, desde material (como bolas e uniformes), até espaço físico,
como Campo de Futebol, sala de administração, vestiários, etc. Esta iniciativa é amplamente
reconhecida pela comunidade local e já rendeu bons frutos, como a convocação de alunos para times
maiores e a conquista de vários títulos e troféus, dentre eles: campeão Mineiro EFEMG de Belo
Horizonte (Chave Teófilo Otoni), Campeão Regional e Campeão da Copa Dona Santa. O Sr. Divino
Clementino da Silva não se limita à Escolinha de Futebol. Também dirige a Guarda Mirim, um projeto
que atende tanto meninos quanto meninas (total de 65) entre 13 e 18 anos. Estes guardas mirins são
“acolhidos” pelo comércio local cujos proprietários pagam 33% do salário mínimo para que façam
trabalhos leves (pagamentos, ida aos bancos, etc). Parte desse dinheiro é destinada à compra de
uniformes e ao fundo de reserva, e o restante é do próprio guarda mirim (ARO Arquitetos Associados
Ltda, junho de 2009, p. 11).
Ambos os projetos têm vários pontos em comum, de significativo interesse para a sociedade
engenheiro-caldense, para as famílias e para os alunos: há o incentivo à educação, à ética e ao
comprometimento. Existe um acompanhamento rigoroso da vida estudantil e religiosa (frequência em
catecismo ou reuniões de diversas religiões), além de um acompanhamento da vida
pessoal/comportamental de cada envolvido, inclusive da família.
Engenheiro Caldas conta com uma Quadra Poliesportiva, construída na gestão do Prefeito
Geraldo Teixeira da Costa (1983-1988), e com um campo de futebol, o “Estádio Municipal Ricardinho
Cruz”, na Rua Padre Francisco F. Filho, s/n, que, além de ser local destinado à Escolinha de Futebol
Criança Esperança, é onde acontecem jogos de duas associações desportivas do município:
Flamengo Futebol Clube e Vila Rainha (ARO Arquitetos Associados Ltda, junho de 2009, p. 12).
Saúde
Dados da Prefeitura Municipal de Engenheiro Caldas informam que o município possui um
Centro de Saúde, onde são oferecidos serviços médicos públicos como fisioterapia, odontologia,
ginecologia, psicologia, fonoaudiologia, nutricionismo, assistência social, além de clínica geral.
Porém, o atendimento Hospitalar só é feito em Governador Valadares, para onde a Prefeitura
Municipal envia seus pacientes (ARO Arquitetos Associados Ltda, junho de 2009, p. 12).
Serviços
De acordo com dados da Câmara Municipal, datados do ano de 2005, os principais
estabelecimentos comercias que atendem ao município são: açougues (03); agências lotéricas e
serviços de cobrança (03); borracharias (02); correios (01); escolas particulares de informática,
datilografia, línguas, etc., (03); farmácias e drogarias (05); laboratórios de análises clínicas (02); lojas
de produtos veterinários/agrícolas (02); lojas de eletrodomésticos (04); lojas de materiais de
construção (04); padarias (03); postos de combustível (05); hotéis (02); supermercados (04) (ARO
Arquitetos Associados Ltda, junho de 2009, p. 12).
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
O município conta também com o serviço de profissionais liberais, como despachantes (01);
engenheiros agrônomos (01); farmacêuticos (07); fonoaudióloga (01); fisioterapeuta (01); médicos
(09); médicos veterinários (01); e psicólogas (02). O tratamento de água na cidade é de
responsabilidade da Concessionária de Água (COPASA), sendo que no Distrito de Divino do Traíra a
água provem de poços artesianos. Já o esgoto é de responsabilidade da Prefeitura Municipal, porém
ainda sem tratamento adequado. A energia elétrica, de responsabilidade da Companhia Energética
de Minas Gerais – CEMIG – chega a todo o território do município, e foi implantada na gestão do
Prefeito Wander Rodrigues de Souza (1973-1976), em outubro de 1973. Os serviços de telefonia fixa,
de responsabilidade da TELEMAR, desde sua implantação na gestão do Prefeito Gilmar Cardoso
(1993-1996), também atendem a todo o município. O município é atendido pela empresa CLARO de
telefonia móvel, também em todo o seu território (ARO Arquitetos Associados Ltda, junho de 2009, p.
12).
De acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais as
rodovias que servem ao município são: BR-381, BR-458 e BR-116. Quanto às distâncias
aproximadas até os principais centros são: Belo Horizonte: 291 Km; Rio de Janeiro: 485 Km; São
Paulo: 795 Km; Brasília: 1100 Km; e Vitória: 350 Km . Os Municípios limítrofes de Engenheiro Caldas
são Fernandes Tourinho, Sobrália, Tarumirim, Itanhomi, Capitão Andrade e Alpercata (ARO
Arquitetos Associados Ltda, junho de 2009, p. 12).
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
INFORME HISTÓRICO DO BEM CULTURAL
Introdução
Ao abordarmos a temática da religiosidade no universo de uma comunidade do interior do
Estado de Minas Gerais, nos aproximamos da cultura popular em sua essência, passando a entendêla, se levarmos em consideração as diversas expressões religiosas que os mineiros carregam
consigo, onde o divino se humaniza, aproximando-se afetivamente dos sujeitos, como uma das
maneiras possíveis de representação que pessoas, classes ou segmentos sociais utilizam para
expressar suas experiências e vivências. Estas formas de expressão popular estão impregnadas não
só por misticismos, mas também por formas de sobrevivência e de lutas. Refletem, como bem analisa
a historiadora Maria Clara Tomaz Machado, situações concretas, práticas de um mundo real que
foram construídas e que estão entremeadas em muitos dos afazeres da vida cotidiana. Acrescenta a
historiadora que tais formas comumente encontram-se inscritas no calendário comemorativo da
comunidade, criado pelo órgão máximo do poder executivo local, a prefeitura municipal, que prioriza e
estabelece ao sabor de suas conveniências um calendário cultural local e até mesmo regional. Cabe
ressaltar, por fim, como pudemos observar ao adentrarmos na sociedade do município de Engenheiro
Caldas, ainda que brevemente, que antes da criação das diversas formas de expressão religiosa, elas
precisaram ser vivenciadas e experimentadas na rotina das pessoas, como parte integrante de suas
vidas, para depois ser cultuada (MACHADO, 2007, p. 03).
Vida, paixão e martírio de Santa Bárbara
Com base numa curta biografia de Santa Bárbara publicada pelo jornal “Informativo
Paroquial”, em dezembro de 2007, quem também nos auxilia a contar sobre a vida da excelsa
padroeira de Engenheiro Caldas é a filósofa e teóloga Tarcília Tommasi, em cujo livro, intitulado
13
“Santa Bárbara”, publicado em 2003 , nos serve de referência. Segundo a sua pesquisa, muito
baseada na tradição oral e em compilações de antigas inscrições (grego, aramaico e latim), Santa
Bárbara teria vivido no século III, em Nicomédia, atual Izmit, na Turquia (Ásia Menor), sob o governo
do Imperador Romano Diocleciano (244 – 311), que procurava controlar a crise de seu Império.
Nessa época, crescia muito o número de cristãos, inclusive entre famílias nobres. Conforme
Tarcília Tommasi, isto aconteceu também na família de Bárbara, uma jovem bela e de condição
nobre. Seu pai, Dióscoro, fanático “pagão”, era um alto funcionário do Imperador. Para ele apenas a
vontade do Imperador era o que deveria seguir. Bárbara, porém, acreditava no amor e num mundo
mais humano e mais justo. Com o crescimento do cristianismo, as perseguições ficavam cada vez
mais violentas. Muitos convertiam-se e eram batizados pelo bispo Zenão e se reuniam em lugares
secretos para seus encontros de fé. Num destes encontros, por iniciativa própria e apoiada por
amigas, Bárbara foi catequizada, acolhendo em seu coração a doutrina de Jesus.
A partir desse momento a fé de Bárbara ia crescendo e mesmo sem sair de casa ela
interessava-se pelos acontecimentos que lhe chegavam através de suas amigas cristãs. Enquanto
isso, mais cristãos eram sacrificados.
13
TOMMASI, Tarcília. Santa Bárbara. São Paulo: Paulinas, 2003. Disponível em:
<http://paroquiasantabarbara.org.br/v2/historico/santa.htm>. Acessado em: 03 de novembro de 2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
Uma jovem belíssima e inteligente como Bárbara, não podia deixar de ter seus pretendentes.
Dióscoro, como ficou viúvo rnuito cedo, voltou toda a sua atenção em devoção a sua filha única. Era
muito ciumento e temendo que a beleza de sua filha atraísse pretendentes que não lhe interessavam,
mandou construir uma torre, onde a deixaria trancada junto de seus tutores pagãos quando ele
estivesse viajando. Conta a tradição que a torre projetada por seu pai tinha duas janelas, mas
Bárbara pediu ao construtor que aumentasse para três, com o intuito de honrar a Santíssima
Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Do alto da torre, ela podia vislumbrar a imensidão da
criação de Deus: “durante o dia, ela via colinas cobertas de florestas, rios que cortavam a terra e
campinas cobertas por flores de todas as cores do arco-íris; e, à noite, o impressionante espetáculo
14
da harmonia e majestade dos céus estrelados” . Logo, conforme o jornal “Informativo Paroquial”,
Bárbara passou a se questionar sobre o Criador de um mundo tão “esplêndido e harmonioso”. Aos
poucos ela foi se convencendo que os ídolos pagãos eram criações das mãos humanas, embora seu
pai e tutores a ensinassem a adorá-los, tornando-se impaciente.
Dióscoro pensava que o temperamento de sua filha havia sido afetado por sua vida reclusa e,
então, permitiu que ela deixasse a torre, concedendo-lhe a liberdade de escolher os seus amigos.
Segundo o jornal “Informativo Paroquial”, foi assim que Bárbara conheceu na cidade outros jovens
cristãos, que lhe revelaram sobre os ensinamentos de Deus, a vida de Jesus Cristo, a Trindade e a
sabedoria divina. Num determinado momento, um padre cristão de Alexandria, disfarçado como
mercador, chegou a Nicomédia e, posteriormente, veio a batizar Bárbara. Acrescenta a publicação
que encontrava-se freqüentemente com suas amigas, e juntas rezavam pelos cristãos que a cada dia
eram presos, maltratados e sacrificados.
Ao longo de um período, enquanto Dióscoro viajava, como nos conta Tarcília Tommasi, um
luxuoso quarto de banho estava sendo construído em sua casa. Bárbara pediu aos pedreiros para
que fosse feita três janelas, novamente representando a Trindade. Sobre a entrada do quarto de
banho a própria Bárbara esculpiu uma cruz em pedra. Quando Dióscoro retornou, expressando
insatisfação com as mudanças em sua obra, soube que sua filha havia se tornado cristã e pela
primeira vez agrediu Bárbara. Relata a teóloga que Bárbara ainda tentou explicar-se, dizendo que os
cristãos acreditam que todos somos irmãos e, portanto, não poderiam aceitar um império baseado na
violência e na injustiça. O pai, porém, se enraiveceu com as suas palavras, tomando uma espada
para matá-la. A jovem fugiu de seu pai, que partiu em sua perseguição. Após uma busca longa,
quando a encontrou, Dióscoro lhe aplicou um duro castigo e ordenou que a fechassem na torre
novamente, permanecendo no seu interior sem se comunicar com ninguém, e em jejum forçado.
Conta a tradição, descrita aqui por Tarcília Tommasi, que antes de Bárbara ser pela segunda
vez encarcerada na torre, uma de suas amigas cristãs, Mônica, também tinha sido presa e o bispo
Zenão dera seu testemunho de fé, sendo martirizado. Posteriormente, disseram a Dióscoro que sua
filha havia favorecido a fuga da prisão de sua amiga. Furioso, resolveu ir até a torre e forçar Bárbara a
prestar homenagem ao deus Júpiter. Por se recusar, Dióscoro, cheio de ódio, decidiu matá-la com
suas próprias mãos. Nesse momento, uma força misteriosa arrancou Bárbara das mãos de seu pai. A
parede onde não havia nenhuma porta abriu-se e ela saiu ilesa. Vendo-se vencido, Dióscoro ordenou
aos soldados que a procurassem por todos os cantos. Enquanto isso, Bárbara visitou os doentes, as
comunidades cristãs, ajudando os pobres e os filhos dos escravos. Encontrada numa mina, onde
refugiara-se e cuidava de alguns enfermos, foi presa, sem reagir à ordem de prisão, pois sua
consciência estava tranquila. Foi levada à presença do pai e novamente vendo que não conseguia
vencer a fé de sua filha, levou-a para o governador de Nicomédia e aos seus juizes para denunciá-la
como cristã. Juntos, surraram-na e chicotearam-na, salgando suas feridas. Seu corpo delicado cobriuse de marcas roxas e mesmo ferida no corpo e no coração, procurava aumentar sua força interior
através da oração. Diz Tarcília Tommasi, em sua biografia de Santa Bárbara, que, à noite, num
momento de grande oração com fé ao Senhor Deus, uma luz desceu do alto iluminando as trevas da
prisão. E uma voz lhe disse: ‘Bárbara, você está sofrendo por mim. Vou confundir seus
14
História de Santa Bárbara. Informativo Paroquial: um jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro Caldas.
Engenheiro Caldas, dezembro de 2007. p. 03.
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Dossiê de Tombamento
perseguidores, curando suas feridas’. A visão desapareceu e a jovem sentiu-se cheia de alegria ao
perceber que as feridas de seu corpo haviam desaparecido completamente. Seus algozes não se
conformaram com aquela cura inesperada, passando a torturá-la pelo fogo. Mas Deus interveio
novamente apagando o fogo. Não convencidos, a torturam ainda mais em espaço público. Acusandoa de cristã, cortaram-lhe os seios e exibiam-na nua. Implorando a Deus, foi revestida
miraculosamente com um espesso manto. Entre a multidão que se encontrava próxima ao local da
tortura, havia urna cristã de nome Juliana, que tomou-se de compaixão pelo martírio voluntário da
nobre e imaculada irmã em Cristo, e começou a denunciar os torturadores em voz alta, sendo presa
logo em seguida. Ambas foram torturadas por muito tempo e levadas pelas ruas da cidade de
Nicomédia, em meio à zombaria e escárnio da multidão.
O martíro de Santa Bárbara aproximou-se do fim quando Dióscoro pediu à justiça a
condenação de sua filha. Disse: "Seja morta à espada, como convém aos membros da nobreza". E
ao mesmo tempo pediu permissão para que ele mesmo executasse a sentença. Bárbara e sua amiga
Juliana caminharam juntas para o local do martírio. Muitos cristãos as seguiram. A espada de
Dióscoro levantou-se no ar e atingiu o pescoço de Bárbara, que serenamente entregava a Deus sua
vida. Tarcília Tommasi, finalizando o relato sobre a virgem mártir, descreve que, após a execução,
ocorrida a 04 de dezembro do ano 306, subitamente a terra que tinha sido molhada pelo sangue
inocente de Bárbara, estava coberta de flores. Pouco depois, Dióscoro ouviu um ruído de trovão e o
céu escureceu-se à sua volta. Sentindo uma grande angústia no peito, começou a caminhar pelo
15
local, mas um raio fulminante atingiu-o no coração, sendo “pulverizado pelo fogo do céu” .
Análise da origem da devoção a Santa Bárbara
“Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt. 5, 48)
“Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Tes. 4,3)
Como vimos no resumo apresentado da vida, da paixão e da cena do martírio de Santa
Bárbara, esta sempre apresentava-se indiferente às solicitações do pai, até que este descobriu sua
condição de cristã. O coração da jovem Bárbara sentia-se partido entre amores opostos: o do pai, de
um lado, e o de Cristo, amor supremo, de outro. Reconheceram-se nela as palavras de Deus: "Não
julgueis que vim trazer a paz à terra. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe,
e os inimigos do homem serão as pessoas da própria casa" (Mt10,34-36).
Profundamente desgostoso e incapaz de moldar a filha ao seu modo, o amor paterno de
Dióscoro transformou-se em ódio desumano. Ameaçou-a com torturas, denunciou-a e humilhou-a
publicamente. Bárbara suportou o processo com firmeza e altivez cristã, protestando sua fidelidade a
Cristo, a quem tinha consagrado sua virgindade. Porém, finalmente, o próprio pai, furioso em seu
cego paganismo, decepcionado em seus interesses, num excesso de barbárie, prontificou-se para
executar a sentença de morte deferida pelas autoridades de Nicomédia: atirou-se contra a filha, que
se colocou de joelhos em atitude de oração, e lhe decepou a cabeça.
Da cidade, onde nasceu e viveu, conforme o jornal “Informativo Paroquial”, Santa Bárbara
teve o corpo transferido para Veneza, mais precisamente para as monjas de Torcello. Já alguns
textos dizem que as relíquias foram transladadas para Roma e dali para Plaisance, na atual França,
onde uma irmã do Imperador Carlos Magno havia fundado um mosteiro. Ainda há a informação de
que, de acordo com o citado jornal, no século VI, as relíquias da mártir forarn enviadas para
Constantinopla. Acrescenta que, no século XII, a filha do Imperador Bizantino Aleixo Comenes, a
15
TOMMASI, Tarcília. Santa Bárbara. São Paulo: Paulinas, 2003. Disponível em:
<http://paroquiasantabarbara.org.br/v2/historico/santa.htm>. Acessado em: 03 de novembro de 2009.
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Dossiê de Tombamento
princesa Bárbara, após contrair matrimónio com o príncipe russo Miguel Izyaslavich, as transferiu
para a cidade de Kíev, capital da atual Ucrânia. Atualmente, as cultuadas reliquias de Santa Bárbara
16
descansam na Catedral de São Valdomiro, na própria Kiev .
Espalhando-se rapidamente, o culto de veneração dessa santa do Oriente, festejada
anualmente a 04 de dezembro, passou para o Ocidente, sobretudo, Roma, onde desde o século VII
se multiplicaram as igrejas e oratórios dedicados a Santa Bárbara. Segundo o pesquissador Sérgio
Ferreti, os relatos originais de seu martírio, em grego, se perderam, mas subsistem versões em
aramaico e latim. Diz que a história foi reproduzida com detalhes na “Lenda áurea”, do arcebispo
italiano Jacobus de Voragine (1230-1298), e tornou-se muito popular na Idade Média e na Idade
Moderna. Acrescenta o pesquisador que, no Renascimento, a devoção a Santa Bárbara sofreu um
impulso estrondoso, como mostram pinturas e imagens conhecidas na história da arte, sobretudo
entre os escultores barrocos e pintores flamengos, como Jan van Eyck, que a dedicou um quadro,
17
entitulado “Santa Bárbara”, em 1437 .
Santa Bárbara, conforme a pesquisadora Wanda Martins Lorêdo, em sua obra “Iconografia
Religiosa: dicionário prátco de identificação”, é geralmente apresentada como uma virgem, alta,
majestosa, com palma significando o martírio, um cálice como símbolo de sua protecão em favor dos
moribundos e ao lado uma espada, instrumento de sua morte. É invocada como protetora dos
mineiros, cuja devoção está relacionada ao seu refúgio numa mina ao ser perseguida pelo pai,
quanto na súplica para que todos os que implorassem a Deus, por seu intermédio, a extrema unção,
a obtivessem e ficassem absolvidos de seus pecados, visto que o risco de morte iminente sempre
esteve presente para os mineiros, que trabalham com explosivos. A morte súbita, igualmente
relacionada aos dolorosos castigos de seu pai, que muito debilitaram a virgem mártir, é o motivo pelo
qual a Santa é padroeira de outras profissões que também envolvem o risco de morte violenta e
iminente, como artilheiros e armeiros, que lidam com a pólvora e armas de fogo, e pirotécnicos, que
fabricam fogos de artifício. Devido à torre na qual a virgem santa foi aprisionada, é lembrada como
padroeira dos pedreiros e arquitetos e dos presidiários e guardas de prisão. Por fim, estes traços,
combinados com o martírio, fizeram ser Santa Bárbara especialmente invocada ante o risco de
desastres, inclusive incêndios e tempestades de raios (LORÊDO, 2002, p. 248).
Essa última associação com tempestades de raios ou relâmpagos, na tradição folclórica do
candomblé brasileiro, conforme o pesquisador Sérgio Ferreti, fez Santa Bárbara ser sincretizada com
Iansã ou Oiá, deusa do Rio Niger, orixá dos ventos e também das tempestades, bem como das
mulheres guerreiras, representativa de suas lutas e da sua força. Diz que no Brasil, a devoção a
Santa foi largamente difundida pelo catolicismo e são comuns imagens da virgem mártir em Igrejas
18
antigas e nos museus de arte sacra em todo o país .
Santa Bárbara faz parte da lista dos 14 "santos auxiliadores" da Igreja Católica, cuja
intercessão é considerada particularmente eficaz contra a febre. Compõe esta lista ao lado de outras
duas vírgens mártires, Santa Margarida de Antioquia e Santa Catarina de Alexandria. As três são
conhecidas também como “Santas de Casa”. Nos dias atuais, Santa Bárbara é honrada e invocada
no mundo inteiro, especialmente, além no Brasil, na Finlândia, Bélgica, Espanha, Portugal, França,
19
Países-Baixos, Alemanha e Suíça .
Como a autencidade da história da vida de Santa Bárbara é discutível, devido às diversas
controvércias que a envolvem, como o local do seu martírio, se em Nicomédia ou se em Heliópolis;
como a data de sua morte, se no ano 235 ou no 306 da Era Cristã; e como o próprio nome da Santa,
16
História de Santa Bárbara. Informativo Paroquial: um jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro Caldas.
Engenheiro Caldas, dezembro de 2007. p. 03.
17
FERRETI, Sérgio. Festa de Santa Bárbara e Sincretismo. Disponível em:
<http://cmfolclore.sites.uol.com.br/festabarbara.htm>. Acessado em: 03 de novembro de 2009.
18
FERRETI, Sérgio. Festa de Santa Bárbara e Sincretismo. Disponível em:
<http://cmfolclore.sites.uol.com.br/festabarbara.htm>. Acessado em: 03 de novembro de 2009.
19
<http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Santa_B%C3%A1rbara>. Acessado em: 10 de novembro de 2009.
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
que para os antigos gregos e romanos “Bárbara” ou “Bárbaro” eram termos pejorativos aplicados a
estrangeiros, a Igreja Católica retirou-a do calendário litúrgico em 09 de maio de 1969, embora
continue a fazer-lhe menção no Martirológio Romano (catálogo dos santos e beatos honrados pela
Igreja Católica Romana). Na Igreja Cristã Ortodoxa, entretanto, Santa Bárbara continua a ser
20
oficialmente venerada .
Oração a Santa Bárbara
Santa Bárbara,
que sois mais forte que as torres das fortalezas
e a violência dos furacões,
fazei que os raios não me atinjam,
os trovões não me assustem e o troar dos canhões
não me abalem a coragem e a bravura.
Ficai sempre ao meu lado para
que possa enfrentar de fronte erguida
e rosto sereno todas as tempestades
e batalhas de minha vida,
para que, vencedor de todas as lutas,
com a consciência do dever cumprido,
possa agradecer a vós,
minha protetora, e render graças a Deus,
criador do céu, da terra e da natureza,
este Deus que tem poder de dominar
o furor das tempestades e abrandar a crueldade das guerras.
Santa Bárbara, rogai por nós.
(Fonte: TOMMASI, 2003. Disponível em: <http://paroquiasantabarbara.org.br/v2/historico/santa.htm>)
O conceito de santidade dentro da Igreja Católica
Segundo a psicóloga e estudiosa da vida das santas e dos santos católicos, Maria de Lurdes
G. de Oliveira, em seu livro intitulado “Os santos e suas lições”, a santidade consiste em configurar-se
com Cristo. Não necessariamente morrendo crucificado, mas crucificando as más tendências,
canalizando-as; libertando-se dos maus exemplos, apegando-se aos de Jesus. Ela afirma o ideal
cristão, a personalidade perfeita, o Santo por excelência (OLIVEIRA, 1983, p. 11). E como os santos
e as santas são os que melhor imitam Cristo, o conhecimento de sua vida, suas dificuldades e suas
lições podem ser de grande utilidade e incentivo para os fiéis (OLIVEIRA, 1983, p. 145). Assim, Santa
Bárbara é amada por seus devotos por ela ter compreendido que a vida sem Deus significa morte
eterna; que sem a sua graça tudo é perdido e que nada vale; e por ter aceitado, ainda jovem, uma
vida de sacrifícios, como ter compaixão pelos pobres e optar pela simplicidade, pelo combate e a
mortificação da sua sensualidade, de uma maneira admirável para com Deus aos olhos dos fiéis.
Soma-se a isto a experiência por ter experimentado dolorosos sofrimentos físicos e perseguições
contra os cristãos como uma forma de minar a prática da fé em Cristo nos primórdios do Cristianismo,
que na doutrina católica é uma das fontes da salvação e redenção dos pecados, pois o sofrimento
torna homens e mulheres testemunhas do sofrimento e da paixão de Cristo. Seu martírio peculiar, a
consagrou na vida e na morte nas fileiras de Jesus Cristo.
20
<http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Santa_B%C3%A1rbara>. Acessado em: 10 de novembro de 2009.
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Dossiê de Tombamento
Cabe ressaltar que a Igreja Católica sempre considerou o casamento e a virgindade como
dois estados de vida, duas vocações em que tanto o homem quanto a mulher podem (e devem)
santificar-se. E, baseada em textos e exemplos bíblicos, sempre ensinou que a virgindade é superior
ao casamento (OLIVEIRA, 1983, p. 20). O apóstolo São Paulo, segundo a Bíblia, já havia proferido
que “seria bom ao homem não tocar mulher alguma” (1 Cor. 7. 1). Contudo, foi prudente em
esclarecer que “isto digo como concessão, não como ordem” (1 Cor. 7. 6).
Conforme Maria de Lurdes G. de Oliveira, santos e santas não são só os canonizados. Estes
são os reconhecidos oficialmente pela Igreja e propostos à devoção dos fiéis, como modelos,
desempenhando o papel de intercessores e mediadores entre os homens e mulheres e Deus.
Recebem as honras dos altares e têm suas imagens expostas à veneração, feitas, aliás, muito de
acordo com a psicologia humana, com as suas mais íntimas inclinações. Porque a visão da imagem
ajuda a rezar. E isto, para a Igreja Católica e para os seus seguidores, é o principal (OLIVEIRA, 1983,
p. 143).
Por fim, torna-se lícito aqui relatar brevemente a polêmica a respeito do culto das imagens na
Igreja Católica. A Igreja explica que as imagens são como fotografias de um ente querido, que as
pessoas usam para guardá-la na memória, e não como objeto de adoração, pois, como ordena o
Primeiro Mandamento, os homens somente devem prestar culto de adoração a Deus. Entretanto,
segundo o Catecismo da Igreja Católica, o sentido de se ter em alta conta as imagens é que elas são
sinais da celebração litúrgica e significam que Cristo é glorificado nesses sinais. Por meio de seus
ícones, revela-se à fé dos cristãos, o homem criado “a imagem de Deus” e transfigurado “à sua
semelhança”, assim como os anjos.
“A contemplação dos ícones santos, associada à meditação da palavra de Deus e
ao canto dos hinos litúrgicos, entra na harmonia dos sinais da celebração para que o
mistério celebrado se grave na memória do coração e se exprima em seguida na
21
vida nova dos fiéis” .
A Igreja Matriz de Santa Bárbara de Engenheiro Caldas
Segundo Dona Adeodata da Silveira Miranda, conhecida como Dona Chiquita, em seu livro
intitulado “Padre Engenheiro Caldas – MG: uma história que começou há 100 anos”, publicado em
2006, a primeira Missa na cidade foi celebrada em meados da década de 1940 pelo padre conhecido
como Padre Palhinha, em um pequeno altar erigido onde hoje está localizado o Hotel Pimenta, na Av.
Vereador Sebastião Pernes de Miranda. Neste momento não registrado, segundo a Sra. Francisca
Gonçalves Soares, conhecida como Dona Chichica, o mencionado padre trouxe consigo uma imagem
de Santa Bárbara de gesso, a qual deixou para os fiéis, que a preservam até os dias atuais.
Posteriormente, no então denominado Povoado de Santa Bárbara, nome dado por devoção pelo
Coronel Joaquim Pião, que comandou a primeira incursão às suas terras e a sua ocupação, conforme
a obra citada, foi construída a primeira capela, pequena e em madeira, no morro do cemitério, onde
22
hoje está a casa comercial MACOFE . A data de construção da capela, dedicada a Santa Bárbara,
não é conhecida. Porém, em uma pintura que mostra o distrito na década de 1940, único registro
existente, a capela já estava presente.
Na década de 1950 a população do então distrito de Santa Bárbara começou a questionar o
tamanho da Capela, devido ao crescimento da população. Com isso, houve um movimento para
arrecadação de fundos para a construção de uma igreja para o distrito. O resultado foi uma disputa
entre as famílias mais tradicionais em relação à localização do novo templo. Neste período houve
uma doação de um alqueire das terras de Francisco Ferreira Filho, que não foi aceita por se encontrar
21
ATTWATER, Donald. Dicionário dos santos. Círculo do Livro – São Paulo, 1983.
MIRANDA, Adeodata Silveira. Padre Engenheiro Caldas – MG: uma história que começou há 100 anos.
Engenheiro Caldas, setembro de 2006.
22
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
a 4Km do centro. Em seguida, o morador José Coelho também doou outro alqueire na região do
Moledo, que também foi recusada. Por fim, os moradores e o pároco, Padre Geraldo Magela,
chegaram a um consenso e definiram a localização da igreja, a situar-se nas terras já pertencentes à
Paróquia de Santa Bárbara, entre os sete alqueires doados da área da Fazenda do Peão. A
resistência dos moradores em relação a este local ocorreu em função da existência de uma casa de
prostituição nas proximidades do lote em questão. Para a construção da igreja, este estabelecimento
foi desativado (ARO Arquitetos Associados Ltda, junho de 2009, p. 14).
A partir da definição do local onde seria construída a nova igreja, conforme depoimento de
antigos moradores, foram iniciadas as campanhas para angariar fundos junto à população católica do
distrito de Santa Bárbara, o que acontecia nas principais festas, como a Festa de São Sebastião,
realizada em janeiro, Mês de Maria, realizada em maio, e a festa da padroeira, a Novena de Santa
Bárbara, celebrada a 04 de dezembro, que os fazendeiros locais realizavam doações de animais para
serem leiloados.
A coordenação dos trabalhos e dos pagamentos durante as obras eram realizadas pelo Sr.
Jacinto, auxiliado pela equipe formada pelos moradores “Tito Jordão”, Sebastião Pires de Araújo (Seu
Tatão), “Seu Tobias”, “Zezé do Bar” e Maria Pimenta. As obras para construção da igreja foram
iniciadas no ano de 1958. Não há documentação que mencione a autoria do projeto e a
responsabilidade pelo início das obras. Acredita-se que o engenheiro que iniciou a obra era de
Tarumirim. Já o mestre-de-obras foi o Sr. Olinto Moreira, conhecido como “Seu Nego Pedreiro”. O Sr.
Olinto morou por 22 anos na capital de São Paulo, trabalhando como pedreiro da Prefeitura, antes de
se mudar para o distrito de Santa Bárbara na década de 1940 para trabalhar na construção do trecho
da BR-116, próximo a Governador Valadares. Trabalhou como pedreiro o resto da vida e faleceu em
2002, aos 81 anos, em Engenheiro Caldas (ARO Arquitetos Associados Ltda, junho de 2009, p. 14).
No ano de 1958, a construção da nova igreja foi iniciada, através de mutirões que aconteciam
aos sábados, quando os moradores se dirigiam ao local para a montagem das fundações, em pedras.
Assim que as fundações ficaram prontas, os mutirões de construção foram encerrados e a equipe
ficou reduzida a três pedreiros e cinco ajudantes. A água utilizada na obra era retirada a cem metros
de distância, descendo a Rua Padre Francisco F. Filho, numa cisterna perto do atual campo de
futebol. Os ajudantes precisavam buscar a água antes dos trabalhos começarem e encher uma caixa
d’água de 2.000 litros para que os trabalhos pudessem ser realizados. Quando o nível de água
baixava era preciso repetir o procedimento, tantas vezes quanto necessário. Durante toda a obra
houve algumas interrupções, que duravam de quatro a cinco meses, devido ao término dos fundos
arrecadados. Enquanto a comunidade criava meios para arrecadar mais fundos, os pedreiros e
ajudantes eram deslocados para a construção da Igreja do distrito de São José do Acácio. Assim que
a verba era reunida e os materiais de construção comprados, os trabalhadores interrompiam a obra
neste distrito e voltavam para a Igreja Matriz (ARO Arquitetos Associados Ltda, junho de 2009, p. 15).
No dia 09 de junho de 1962, a antiga Capela de Santa Bárbara teve boa parte de sua
alvenaria e cobertura derrubada por uma tempestade de vento e chuva. Nesta época as obras da
Igreja Matriz estavam em andamento e as paredes de alvenaria, praticamente prontas. A torre estava
começando a ser erguida. Com a impossibilidade da realização de cultos na pequena Capela quase
destruída, foi necessário acelerar as obras da Matriz. Foi então executada a cobertura da nave, com
estrutura em ipê-amarelo e manto em telhas de amianto. O forro de estuque, com massa de palha de
arroz, cimento e areia foi instalado pouco tempo depois. A cobertura do altar, em concreto armado,
também foi realizada, junto ao término do reboco das paredes internas e da instalação das
esquadrias. O revestimento da sacristia e das paredes externas foi realizado após a inauguração da
Igreja, de forma lenta, até o fim da década de 1960. Já os vitrais atrás do altar foram doados por
membros da comunidade engenheiro caldense, pelas famílias Cardoso e Jordão e por Terezinha
(ARO Arquitetos Associados Ltda, junho de 2009, p. 15).
Nesse mesmo ano de 1962, a Paróquia de Santa Bárbara foi instalada, pertencendo à
Diocese de Caratinga até o ano de 1974, quando passou a pertencer à Diocese de Governador
Valadares. Diante deste quadro, o novo templo que estava sendo construído passou a ser a Igreja
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Dossiê de Tombamento
Matriz de Santa Bárbara. No ano seguinte, mesmo estando inacabada, foi celebrada a missa de
inauguração da Igreja Matriz pelo Padre Rino. As obras prosseguiram nos anos posteriores, sendo
realizada, até fins da década de 1960, sob a supervisão do Frei Roberto Bocca, o revestimento das
paredes externas, a instalação do piso em ladrilho hidráulico e do barrado das paredes internas, em
mármore branco, e a primeira demão de tinta, em tons de bege. No final da década de 1970, o forro
original da nave foi substituído por laje inclinada de concreto, realizada pelo pedreiro Rafael Landa, já
falecido. Por esta época, foi construída a casa paroquial, na Rua Espírito Santo, esquina com a
Avenida Vereador Sebastião Pernes de Miranda (ARO Arquitetos Associados Ltda, junho de 2009, p.
15).
Em 2004, por iniciativa do Padre José Dias, com verbas da própria Paróquia, a Igreja Matriz
de Santa Bárbara recebeu a última demão de tinta. A cor escolhida foi a cor verde, tonalidade que
remete à santa virgem Mártir. Esta mudança gerou muita polêmica entre os moradores na época,
devido à radicalidade em relação ao bege que sempre foi utilizado. Após o choque inicial, a
população aceitou e agora tem esta cor como referência da Igreja Matriz que, em função da
arquitetura e da cor empregada, se tornou um referencial no contexto urbano. Nesta mesma
intervenção, o barrado externo, chapiscado, foi substituído por pedra Miracema bruta, de corte
retangular. O piso do coro, que era cimentado, foi revestido por cerâmica, para facilitar a limpeza.
Quatro anos depois, em 2008, a Prefeitura Municipal de Engenheiro Caldas doou os lustres do
interior da Igreja e a iluminação cênica ao redor da edificação e no adro (ARO Arquitetos Associados
Ltda, junho de 2009, p. 15).
Quanto aos párocos que orientaram a fé e devoção da população engenheiro caldense a
todos os santos e, sobretudo, a Santa Bárbara, o primeiro foi o Padre João Pina do Amaral, seguido
pelo Padre Geraldo Magela do Carmo, que chegou em 1945 e realizou sua última celebração no dia
09 de junho de 1962, quando a antiga capela desabou. Após a emancipação do município, em 1962,
vieram o Padre Rino, Padre Francisco da Fonseca (Padre Chiquinho), Padre Lécio Guedes, Frei
Roberto Bocca e o Padre José Dias Xavier, atual pároco desde 1975 (ARO Arquitetos Associados
Ltda, junho de 2009, p. 16).
A fé em Santa Bárbara, padroeira de Engenheiro Caldas
“O testemunho de fé dado por Santa Bárbara e pelos primeiros cristãos
nos anima a sermos mais autênticos e fortes no Cristianismo,
23
que não mede as conseqüências para agradar a Deus” .
Como dissemos anteriormente, a Imagem de Santa Bárbara é uma forma diferente de registro
do desenvolvimento da cidade de Engenheiro Caldas. É compreendida pelos fiéis como uma
intermediária entre o poder divino e o mundo da realidade sensível, cujo poder lhes permitem ser
atendidos através da prece (RÉGAMEY, 1965, p. 54). Conseqüentemente, tal fé e esperança mais a
força do trabalho pela sobrevivência aglutinam-se em prol de uma vida em sociedade mais
satisfatória e justa. Por isso é lícito ressaltar a importância da Imagem de Santa Bárbara como um
marco na história e na memória dos engenheiro caldenses. É inegável que, desde o surgimento do
seu culto de forma organizada e formal há quase 70 anos, foi criado um elo comunitário, uma
necessidade de confraternização entre todos os habitantes da região sem distinção de qualquer tipo,
nitidamente perceptível no dia – dia dos moradores e durante a festividade em honra a Santa.
Segundo a Sra. Francisca Gonçalves Soares, a Dona Chichica, nascida na cidade, na altura dos seus
83 anos de idade e lúcida, muitos devotos ainda hoje se encontram freqüentemente para momentos
23
TOMMASI, Tarcília. Santa Bárbara. São Paulo: Paulinas, 2003. Disponível em:
<http://paroquiasantabarbara.org.br/v2/historico/santa.htm>. Acessado em: 03 de novembro de 2009.
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
de reflexão, oração e discussão de problemas do cotidiano em lugares alternados, na Igreja ou na
casa de um membro dos vários grupos religiosos associados à Paróquia de Santa Bárbara, os quais
permanecem sempre abertos.
Podemos constatar também, para reforçar essa concepção de união, que os recursos
financeiros da Igreja Matriz de Santa Bárbara de Engenheiro Caldas, atual lar da Imagem de Santa
Bárbara, provêem das doações dos fiéis e são gerenciados com muita cautela pelo atual pároco
Padre José Dias Xavier. De forma permanente, a Pastoral do Dízimo mantém uma campanha de
conscientização da contribuição voluntária e da sua importância. Fundamentalmente, conforme o
jornal “Informativo Paroquial”, as despesas são direcionadas à conservação da Igreja Matriz e das
capelas na cidade, distritos e comunidades rurais; da Casa Paroquial, localizada bem ao lado da
Matriz; pagamentos de funcionários, de novos instrumentos litúrgicos, móveis e equipamentos de som
para melhor servirem aos fiéis; ao financiamento de encontros religiosos em outras comunidades, à
24
ajuda de famílias carentes e à formação pastoral de leigos e seminaristas .
Dessa forma, podemos compreender, ao adentrarmos na comunidade de Engenheiro Caldas
e conversando com muitos de seus cidadãos, notadamente com os mais antigos e participativos, que
os devotos de Santa Bárbara na cidade estão intrinsecamente ligados entre a fé e a devoção. A fé
que se baseia na crença absoluta sobre um ser superior se une com a devoção a uma santidade:
apego sincero e fervoroso a Deus e à Santa Virgem Mártir Bárbara sob uma forma litúrgica,
observadas por práticas inspiradas por esse afeto e zelo religiosos tornando-se um único sentimento.
Este é cultivado não abstratamente, mas como presença real atual da Santa em conluio com Deus,
sobretudo no ato litúrgico máximo dessa comunidade, a festividade da Novena de Santa Bárbara,
comemorada todos os anos sempre em fins do mês de novembro a 04 de dezembro. Conduzidos
pela fé, é a Imagem de Santa Bárbara que, através da sua história de vida glorificada e coroada por
ter sido fiel a Jesus Cristo, que os fiéis procuram comunicar-se com a própria força dos seus
mistérios, em busca de esperança, paz, justiça e salvação na esfera da sua ação como intercessora.
Assim, tendo a Igreja Matriz de Santa Bárbara como referência, a comunhão que se realiza
entre os fiéis com a virgem mártir, de acordo com o depoimento do Sr. Francisco Mariano Pinto,
conhecido como “Bide”, Ministro de Batismo e membro do Ministério de Música da Paróquia local,
sempre foi um momento de aproximação com Cristo, presente sacramentalmente, vivido como
contato salvífico pela comunidade cristã engenheiro caldense. Acrescenta que a Novena de Santa
Bárbara expressa a redenção desta comunidade; que esta festa litúrgica é a continuação e a
aplicação a cada indivíduo, por intermédio de Santa Bárbara, da ação redentora de Cristo.
A Novena de Santa Bárbara, padroeira de Engenheiro Caldas pelas graças de sua
população, nas palavras do Sr. Francisco Mariano Pinto, é uma festa tradicional do município, com a
participação de outras comunidades, entre povoados, Capelas e Paróquias. Tal momento de intenso
júbilo e de renovação espiritual tem suas origens na formação e fundação da cidade, como já
destacamos. Remonta à primeira expedição de ocupação do atual território na primeira década do
século XX, perpetrada pela caravana chefiada pelo Coronel Joaquim da Silva, conhecido como o
“Coronel Pião”, à procura de terras férteis para estabelecer-se com a sua família juntamente com
outras que lhe acompanhavam. Baseando-nos na obra “Padre Engenheiro Caldas – MG: uma história
que começou há 100 anos”, da Sr. Adeodata da Silveira Miranda, e em seu próprio depoimento, o
Coronel Joaquim Pião doou simbolicamente à Santa Bárbara, por devoção, terras de sua posse na
região da nova “área colonizada”. Surgia a partir daí o Povoado de Santa Bárbara (ARO Arquitetos
Associados Ltda, junho de 2009, p. 05). Conta-nos a Sra. Laudicena Barbosa Coutinho que, na
época, não havia missas, mas encontros para orações, realizadas em casas de particulares. Diz-nos
ainda que a devoção a Santa, primeiramente restrita à pessoa e à família do mencionado Coronel,
espalhou-se para o seio das demais outras famílias, em virtude da ocorrência de diversas
24
INFORMATIVO PAROQUIAL: um jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro Caldas. Engenheiro
Caldas, novembro de 2004. p. 04.
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
tempestades de chuva, vento e raios que, ainda nos dias atuais, assolam a cidade, causando, por
vezes, inundações, destelhamento e desabamento de casas.
Entretanto, como a afirma a Sra. Francisca Gonçalves Soares, o culto a Santa Bárbara veio a
solidificar-se de forma mais formal e organizada em meados da década de 1940, quando da vinda do
Padre Palhinha ao povoado para celebrar a primeira missa que se tem notícia na história de
Engenheiro Caldas. Diz que este padre não veio para firma-se como pároco. Somente compareceu e
celebrou uma missa num altar “improvisado” no local onde hoje situa-se o Hotel Pimenta, na Avenida
Vereador Sebastião Pernes de Miranda, às margens da BR-116. Tanto a Sra. Francisca como a Sra.
Laudicena Barbosa Coutinho nos contam que o religioso, ao vir para esta localidade, trouxe consigo
uma imagem de Santa Bárbara de gesso, doando-a a comunidade. Este simples gesto promoveu
uma união maior entre os fiéis cristãos e devotos moradores do povoado, que reuniram-se e
construíram uma pequena capela de madeira em honra a Santa. A população passou a comparecer
frequentemente a este templo, então já sob a responsabilidade do Padre João Pina do Amaral, e a
realizar a festa de Santa Bárbara anualmente, como forma de celebrar a padroeira por eles adotada.
Não se têm registros documentais escritos ou imagens sobre as primeiras celebrações
comemorativas da Virgem Mártir, sobretudo, do envolvimento dos engenheiro caldenses em torno da
festa. As informações existentes proveem de fontes estritamente orais, fornecidas aqui pelas Sras.
Francisca Gonçalves Soares, Laudicena Barbosa Coutinho, Genoveva Estanislau Rodrigues Costa,
Maria da Penha Oliveira e pelos Srs. Nelson José da Cruz e Sr. Francisco Mariano Pinto. Todos são
unanimes em afirmar que desde a primeira festa, esta foi feita em forma de novena, culminando no
dia 04 de dezembro, dia de Santa Bárbara pelo calendário litúrgico cristão. Assim, os religiosos que
sucederam o primeiro pároco, o Padre Geraldo Magela do Carmo, o Padre Rino, o Padre Francisco
da Fonseca (Padre Chiquinho), o Padre Lécio Guedes, o Frei Roberto Bocca e o Padre José Dias
Xavier, deram continuidade a Novena de Santa Bárabara, ajudando a incrementá-la com diversas
atividades, como a promoção de leilões e permitindo a presença de barraquinhas de artesanato e
comidas típicas; a promoção de campanhas de doações de alimentos não perecíveis para compor
cestas básicas, visando dar uma maior assistência aos mais carentes; com a introdução da procissão
e com a formação de grupos e movimentos religiosos, como a Pastoral do Dízimo, o Ministério de
Música, a Catequese, a Pastoral da Criança e a Renovação Carismática Católica, e reconhecendo as
entidades que surgiram por iniciativa própria dos fiéis, como a Pastoral do Sagrado Coração de
Jesus, a Pastoral dos Vicentinos, o Cursilho São Mateus e o Apostolado da Oração. Destacam os
depoentes que os pontos principais da Novena são a confissão, as celebrações das missas todos os
dias, a conversão e a procissão, trabalhando sempre os temas da família em grupos.
A procissão da Novena de Santa Bárbara, realizada no dia 04 de dezembro, atualmente sai
da Praça Tiradentes, percorre as avenidas Pe. João Pina do Amaral e Vereador Sebastião Pernes de
Miranda e as ruas Isaias Gonçalves e Padre Francisco F. Filho até a Igreja Matriz. Um caminho
breve, mas que é feito a passos lentos pelos milhares de fiéis católicos e devotos da Santa. Em
depoimento dado, a Sra. Laudicena Barbosa Coutinho retrata a caminhada em que todos os
presentes seguem a Imagem de Santa Bárbara carregada em andor por quatro homens, tendo a
frente os integrantes do Ministério de Música, apoiados por carro de som e portando instrumentos
musicais, como violão e percussão (meia-lua), cantando hinos em louvor a virgem mártir e prestando
orações à “Bem Aventurada”. Boa parte desta multidão comparece vestida de vermelho e verde,
abanando bandeiras e bandeirolas com as mesmas cores, cores tradicionais da Santa.
Acrescenta a Sra. Maria da Penha Oliveira a esse relato a presença nas procissões de jovens
crismandas da comunidade representando a Santa, trajando as vestes, túnica verde e manto
vermelho, e portando seus principais atributos, como coroa, espada, palma e uma píxide, por vezes
substituída por um simples cálice. Ressalta a importância destas representações como formas
convincentes de demonstração de fé e participação ativa dos jovens. Explica a depoente que, ao final
da procissão, a jovem representante da Santa Bárbara, juntamente com outros jovens, dentro da
própria Igreja Matriz, encena um jogral sobre a vida, paixão e martírio da virgem, emocionando todos
os fiéis e devotos presentes.
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
Sobre os temas, que priorizam a temática da família, o Sr. Francisco Mariano Pinto nos relata
que estes são primeiramente elaborados e discutidos pelo pároco e pelos representantes de cada
pastoral, grupo ou movimento religioso a Paróquia associado. Como parte da divulgação da Novena,
percorrem todas as localidades de Engenheiro Caldas, visitando famílias, e convidam padres das
cidades vizinhas para apresentarem nas missas diárias os temas a eles confiados. Abordando
assuntos como “A família e o sacramento do batismo”, “A família e o sacramento do matrimônio”, “A
família e o sacramento da Ordem”, “Família na catequese”, “Oração em família” e a “Formação do
leigo na vida eucarística”, cada um dos padres convidados realizam dinâmicas entre os fiéis
discutindo tais temas. Afirma o Sr. Francisco que os temas jamais se repetem, repassados a todos os
fiéis presentes na Igreja Matriz a partir do segundo dia da festa até o penúltimo dia.
De forma geral, de acordo com os depoimentos tomados dos mencionados representantes da
sociedade engenheiro caldense, a importância atual da Novena de Santa Bárbara está nesta
participação de todas as comunidades que compõem a cidade e de vários membros dos municípios
vizinhos. Acrescentam que a festividade nunca deixou de ocorrer e que preserva a sua característica
cultural básica de festa religiosa popular, mais voltada para a família e para o povo, sem a cultura de
massa, com assédio de carros de som, bandas e folia, o que tem contribuído para mantê-la.
Prece orada na Igreja Matriz de Santa Bárbara
Senhor,
nós pedimos que a intercessão da Bem-aventurada Santa Bárbara,
vossa Virgem e Mártir, sempre nos valha
para que não morramos de repente;
mas, antes do dia da nossa morte sejamos fortalecidos
saudavelmente com os Sacramentos do vosso Santíssimo Corpo,
Sagrada Unção, e sejamos livres de todo o mal
e guiados para o Reino dos Céus.
Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.
(Fonte: INFORMATIVO PAROQUIAL: um jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro Caldas.
Engenheiro Caldas, dezembro de 1999. p. 01)
A Imagem de Santa Bárbara de Engenheiro Caldas
A fé em Santa Bárbara e tudo aquilo que lhe remete, sua vida, sua imagem, sua festividade,
orações, está situada, na cidade de Engenheiro Caldas, de que a verdadeiramente emana, num
processo de comunicação, funcionando não apenas como um meio de instrução para os fiéis, mas
também como um veículo das verdades divinas e de conceitos que, comumente, se tornam mais
compreensíveis do que mediante a palavra, através, principalmente, de sua imagem (COELHO,
2005).
Eleita pelos engenheiro caldenses como sua padroeira, por ter adotado a cidade, como
acreditam os fiéis, como sua morada, a Imagem de Santa Bárbara é venerada por todos os seus
devotos, não só do município como pelos devotos de outras comunidades da região que comumente
vem visitá-la. A Imagem, pertencente ao acervo da Igreja Matriz local, é contemplada unicamente
pela história oral. Não há, tanto nos arquivos da Prefeitura Municipal quanto da Paróquia responsável
pela Igreja, bem como nos arquivos pessoais dos moradores que contribuíram para a composição
deste Dossiê, qualquer registro ou documentação escrita referente à imagem em questão. A
composição de sua trajetória histórica contou essencialmente com os relatos das Sras. Francisca
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
Gonçalves Soares, Laudicena Barbosa Coutinho, Nilta Vicente Lima Carvalho e Raquel Lorena Lima
Carvalho, reforçados pela pesquisa histórica de Engenheiro Caldas publicada na obra “Padre
Engenheiro Caldas – MG: uma história que começou há 100 anos”, de autoria da Sra. Adeodata da
Silveira Miranda, e pelas imagens em arquivo da Novena de Santa Bárbara pertencentes ao acervo
do jornal “Informativo Paroquial”.
Baseando-nos em tais fontes, a Imagem de Santa Bárbara, de gesso, teria vindo para a
comunidade de Engenheiro Caldas em meados da década de 1940 através do Padre Palhinha, que
compareceu no então Povoado de Santa Bárbara para celebrar a primeira missa num altar
“improvisado”, erigido no local onde hoje situa-se o Hotel Pimenta, na Avenida Vereador Sebastião
Pernes de Miranda, às margens da BR-116. Este padre trouxe consigo a imaginária e a doou aos fiéis
locais. Tal gesto contribuiu para que fosse criado um laço espiritual e afetivo mais forte entre os
moradores, que logo se prontificaram a elevar uma pequena capela de madeira em honra a Santa e a
celebrar a todo dia 04 de dezembro a festividade da Virgem Mártir em forma de novena. Estas
iniciativas comunitárias foram vistas como de extrema urgência, pois que, como afirmam as Sras.
Francisca Gonçalves Soares e Laudicena Barbosa Coutinho, as terras que compreendem a cidade
sempre foram castigadas por terríveis tempestades de vento, chuva e raios, provocando inundações,
destelhamentos e desabamentos de casas. Cabe ressaltar que a devoção a Santa Bárbara remonta a
formação do município na primeira década do século XX, quando a família do Coronel Joaquim da
Silva, conhecido como o “Coronel Pião”, juntamente com outras famílias, ocuparam a região de
Engenheiro Caldas, doando simbolicamente a Santa as suas posses. Desconhece-se se havia uma
imagem da padroeira entre os pertences do Coronel Pião, a qual teria feito a sua “doação” e preces,
pois que não há, em forma de registro escrito ou relato oral, absolutamente nada a seu respeito.
Incorporada ao acervo da então Capela de Santa Bárbara, a Imagem trazida pelo Padre
Palhinha, de origem e forma de aquisição obscuras, passou a ocupar o centro do altar-mor do
pequeno templo e a servir aos seus propósitos devocionais em missas, preces e procissões,
sobretudo, em dias de sua festividade. Por cerca de cinco décadas não foram resguardados
devidamente registros das novenas, bem como registrados os procedimentos adotados para o
manuseio e manutenção da imaginária. Sobre este desinteresse em preservar os diversos aspectos
que rodeiam tal objeto constitutivo da memória local, dentre outros bens culturais de Engenheiro
Caldas, nos diz a Sra. Genoveva Estanislau Rodrigues Costa que a formação da comunidade
engenheiro caldense foi muito difícil e que a preocupação maior das famílias residentes na região era
conseguir um pedaço de terra para assentar-se, construir as suas casas e retirar o seu sustento. Não
havia a preocupação em relatar por escrito as muitas circunstâncias tidas como importantes e/ou em
preservar documentos referentes às origens das coisas ou dos bens que adquiriam. Em consonância
com a depoente, a Sra. Laudicena Barbosa Coutinho acrescenta que muito do que resta a respeito
dos bens culturais do município, em especial sobre a Imagem de Santa Bárbara, são algumas
lembranças guardadas na memória.
Essas moradoras de Engenheiro Caldas, juntamente com a Sra. Francisca Gonçalves Soares
e os Srs. Francisco Mariano Pinto e Nelson José da Cruz, admitem desconhecer um importante
momento da história da Imagem de Santa Bárbara: o momento no qual, há 09 de junho de 1962, a
antiga Capela desmoronou sob forte tempestade de vento e chuva. Pouco se sabe sobre os danos
causados à escultura de gesso, nem o local exato para onde ela foi transferida. Entretanto, neste ano,
as obras da atual Igreja Matriz já encontravam-se adiantadas, tendo sido iniciadas em 1958, em
função do crescimento populacional da cidade e, em conseqüência, da necessidade de um templo
maior para abrigar os fiéis. Outros fatos importantes ocorridos nesse ano foram a instalação da
Paróquia de Santa Bárbara, pertencendo à Diocese de Caratinga até o ano de 1974, quando passou
a pertencer à Diocese de Governador Valadares, e a emancipação do município. O primeiro foi
considerado de suma importância para a vida religiosa da pequena Engenheiro Caldas, pois
significou a sua emancipação neste campo, servindo de estímulo para o aumento e a organização da
fé cristã no novo município.
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
No ano seguinte, em 1963, mesmo estando inacabada, foi celebrada a missa de inauguração
da Igreja Matriz de Santa Bárbara pelo Padre Rino, já com a escultura da Virgem Mártir ao centro do
altar-mor. Os párocos posteriores, com o apoio da comunidade, incumbiram-se de finalizar a
construção e promover as reformas vistas como necessárias. Especificamente sobre a Imagem de
Santa Bárbara, a partir do momento em que foi introduzida em sua nova morada, como já foi dito,
conhece-se muito pouco. Afirmam o Sr. Francisco Mariano Pinto, a Sra. Nilta Vicente Lima Carvalho e
sua filha Raquel Lorena Lima Carvalho, que a peça atravessou todos esses anos padecendo de
inúmeros problemas estruturais, devido ao acidente sofrido na antiga capela, aos manuseios
descuidados e à falta de medidas conservativas adequadas.
Segundo Raquel Lorena Lima, com o apoio da mãe, em novembro de 2006, antes da Novena
de Santa Bárbara, ela própria promoveu a única intervenção visando à restauração completa da
Imagem que se tem notícia. De acordo com o seu depoimento, foram realizadas, em quatro dias de
trabalho voluntário solicitado pela Paróquia, reposição de partes faltantes com gesso, raspagem de
toda a superfície, remodelagem dos contornos dos olhos, das mãos, pés e peanha com espátula;
repintura geral com tinta acrílica, obedecendo às cores originais; e a feitura de um novo revestimento
em madeira da base octogonal, onde a imaginária foi assentada com novas aplicações de gesso,
bem como substituição e pintura em verniz da pequena haste de madeira que originalmente, como
acreditam os depoentes, segura em sua mão esquerda. Acrescenta Raquel que, no final do processo,
a face repintada da Imagem encheu-se de bolhas, sendo obrigada a realizar nova raspagem e
repintura. O problema retornou, o que levou Raquel a crer que a Santa queria continuar com a
tonalidade original da face, ainda que parcial, como atualmente se encontra.
Reocupando novamente o seu lugar ao centro do segundo patamar do altar-mor da Igreja
Matriz, a Imagem de Santa Bárbara retornou bem mais vistosa, a tempo de servir aos fiéis na Novena
em sua honra como a mais importante intercessora entre os mesmos e Deus em Engenheiro Caldas.
Conquanto não tenhamos informações mais precisas sobre a sua trajetória histórica, não podemos
negar o valor cultual da imaginária da padroeira deste município, cuja representação está carregada
de um caráter civilizador, ou seja, do ponto de vista histórico representa a aliança de uma
comunidade humana para com a sua fé em Deus e a Jesus Cristo, demonstrada todo ano,
principalmente ao longo da celebração mais importante da cidade, já que a devoção a Virgem Mártir
nasceu da iniciativa de seus primeiros moradores.
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
DESCRIÇÃO DETALHADA E ANÁLISE DO BEM
Introdução
Este trabalho se propõe a desenvolver uma investigação, da forma mais abrangente possível,
sobre a Imagem de Santa Bárbara, através do estudo da sua escultura pertencente ao acervo da
Igreja Matriz de Santa Bárbara do município de Engenheiro Caldas. Para isso, demos importância à
contextualização, à discussão a respeito do papel que a Imagem exerce no município como um todo,
às suas características iconográficas, estilísticas e tecnológicas e aspectos de sua conservação, uma
vez que, além de ser uma peça de imaginária dotada de imenso valor histórico e simbólico, refere-se
à padroeira de uma comunidade que busca reconstruir e consolidar a sua identidade. Cabe destacar
que o período da festividade de Santa Bárbara é um dos principais eventos populares que ocorrem
na cidade e região, envolvendo as antigas e as novas gerações de fiéis católicos e devotos,
apresentando às futuras gerações este legado popular tão característico.
Descrição da Imagem de Santa Bárbara
A Imagem de Santa Bárbara constitui-se de uma escultura de gesso semi-oca compondo um
suporte principal, salvo o atributo da torre, de 86cm de altura, 26cm de largura, 90cm de
circunferência, 15,5cm de profundidade e, aproximadamente, 15kg de peso. Apresenta-se como uma
imagem em vulto pleno, figura feminina jovem, posição frontal, em pé e carnação bege, meio áspera
ou porosa, variando em clara e um pouco mais escura. Possui postura com leve curvatura para
frente, verificada no tronco, e cabeça levemente inclinada para a esquerda e voltada para cima;
feição séria e levemente triste; rosto ovalado, com estreitamento nas têmporas e no queixo, este
pouco proeminente, arredondado e de superfície irregular; testa plana na parte superior, olhos de
vidro, pequenos, abertos, olhar para cima, pupilas pretas, córneas azuis e íris branca; cílios ausentes
e pálpebras pequenas, contornadas em tom marrom-claro; sobrancelhas grossas e espessas, bem
definidas em tom marrom, levemente arqueadas; nariz de tamanho mediano e afilado, com sulco
naso labial pouco proeminente; e boca pequena, ligeiramente aberta, com lábios finos e densamente
avermelhados. As bochechas revelam-se pouco cheias, formando sensíveis maçãs na parte frontal do
rosto. Sobre estas nota-se diferença de coloração, observando um tom bege-claro e um outro mais
escuro. O cabelo apresenta-se descoberto, em tom marrom, espesso e comprido. De superfície
áspera, estende-se pelas costas até um pouco acima da cintura, conformando poucas curvas, sulcos
e mechas. A frente, sobre o ombro esquerdo, há somente uma mecha a escorrer-se sobre a
superfície lateral superior do peito. Ainda à frente, nas junções entre as laterais do rosto e do
pescoço, os cabelos, que encobrem completamente as orelhas, revelam contornos e/ou mechas mais
definidos, compondo pequenos sulcos. Sobre a cabeça, como parte constitutiva da Imagem,
circundando a parte superior, encontra-se uma coroa composta por 12 (doze) pétalas de flores,
semelhante a rosas, pintada de forma sobrecarregada em dourado.
O pescoço, de tamanho e espessura medianos, de carnação bege-clara e meio áspera,
revela uma transição suave e bem integrada com a cabeça e com o tronco. Este, de formato
retangular, apresenta-se curto e o busto mostra-se pouco avantajado. A barriga demonstra leve
curvatura e as pernas são longas, completamente encobertas pela túnica, tendo os pés calçados por
sandálias finas e douradas, parcialmente encobertas por esta veste. A perna direita encontra-se
esticada, com o pé inteiramente fixo à superfície da peanha. A perna esquerda encontra-se
flexionada, sugerida pela movimentação do panejamento, túnica e manto, com o pé afastado para
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
trás, voltado para a esquerda e, como o pé direito, completamente fixo à superfície da peanha. Os
pés revelam dedos em tom bege, um pouco mais escurecido, anatomicamente mal conformados, com
dedos finos, longos e unhas muito pouco delimitadas. Sobre o pé direito ocorre pequena perda de
suporte sobre o 5° dedo, cuja cavidade apresenta-se escurecida (sujidade). Os braços são longos e
finos. O braço direito revela-se pouco flexionado, estendido na lateral do corpo até a parte superior da
perna direita, separado deste pelo manto. Encontra-se encoberto pela túnica, estando exposta
somente a mão. Esta, dobrada no pulso para dentro, apresenta-se mal conformada, com dedos
flexionados, salvo o dedo anular; dedos finos e longos e unhas mal delimitadas; contorcida, de
carnação bege, pouco escurecida, porosa e superfície irregular, apresentando nítida saliência sobre a
superfície frontal. A palma mostra-se sem pigmentação, em tom branco (gesso), com cavidade
escavada sobre a sua superfície irregular. As pontas dos dedos estão associadas ao suporte do
corpo, sobre o manto. Embora efetivamente não a segure, a mão sustenta a base do pecíolo tortuoso
da Palma, de 26cm de comprimento e 11cm de largura, cuja estrutura e folhagem, em tom verde, com
leve douramento entre os contornos mal conformados das folhas, confundem-se parcialmente com a
túnica que cobre o braço, sobre o qual está associada e exposta à frente. O braço esquerdo
apresenta-se flexionado na altura da cintura, junto ao corpo, envolto pela túnica e pelo manto, que o
encobre quase inteiramente, deixando exposta somente a mão. Esta, mal conformada, aberta, revela
os dedos finos, flexionados e longos, sem unhas delimitadas. O dedo polegar não encontra-se
conformado. O dedo mindinho e o indicador estão apartados dos dedos anular e médio, juntados um
ao outro. A mão está voltada para o peito, havendo entre este e a palma, parte do manto e uma haste
de madeira retangular, de corte reto, segurada em posição vertical, de cor marrom-claro, de 10cm de
comprimento, 0,7cm de largura e 0,4cm de espessura.
A Imagem de Santa Bárbara traja uma longa túnica verde, de superfície meio áspera, presa
ao pescoço por uma gola dourada, desprovida de adereço ornamental, salvo as bordas das mangas,
contornadas em dourado, e que se estende até a base da peanha, perfazendo poucas dobras e
ondulações, predominantemente verticais, vistas nas partes frontais do peito, do braço direito e,
sobretudo, na extremidade baixa, onde compõem pequenas reentrâncias e sulcos. A túnica encontrase afixada à cintura da Imagem por um laço dourado, fino e de superfície rugosa. Sobre a túnica,
observa-se um longo e espesso manto que apoia-se sobre o ombro esquerdo, contorna o braço
esquerdo flexionado, encobrindo-o parcialmente, e estende-se pelas costas, envolvendo-a por
completo, até próximo à superfície da peanha, tendo uma pequena parte de sua estrutura a direita
assegurada pela mão e braço direitos, junto a Palma e o quadril. O manto perfaz muito poucas dobras
na parte de trás da Imagem, concentradas abaixo e em traçados horizontais, formando pequenos
sulcos. Nas laterais direita e esquerda, as dobras, predominantemente verticais, estão mais presentes
em contornos ondulados. Já na parte frontal, o panejamento apresenta, ainda que baixos,
movimentos ondulados das bordas das extremidades direita e esquerda, dobras e sulcos pouco
profundos. O manto é dotado de superfície frontal meio porosa, em tom vermelho-escuro, bordas e de
parcos ornamentos fitomorfos e geométricos em dourado. A superfície posterior da veste é
relativamente mais lisa, de pigmentação rosa.
Sobre a peanha, ao lado da perna direita, observa-se uma torre circular associada ao bloco,
de 17cm de altura e 18cm de circunferência. Apresenta-se com teto em formato de cone escalonado,
de cor vermelha; beirais tingidos de preto e estrutura central circular de superfície levemente irregular,
pintada de cor castanho-escuro e salpicada de pontos em tom vermelho, dourado e verde. Na parte
frontal, observam-se os contornos de duas janelas circulares com bordas em dourado e interior em
preto e uma porta de traçado retangular com bordas de cor dourada e interior em tom preto. Abaixo,
uma estrutura circular escalonada tingida de preto compõe a base da torre.
Toda a Imagem de Santa Bárbara está apoiada sobre uma peanha octogonal de gesso, de
superfície irregular, porosa e esverdeada, representando solo e/ou relva baixa, salpicada com pontos
nas cores dourado e vermelho e marcada por traços esparsos em preto. Encontra-se revestida nas
laterais por tabuados de madeira pintados de preto, com reentrância superior em dourado, sendo
duas de 15,5cm, duas de 12cm e quatro de 6cm de comprimento e 4,5 cm de altura, unidas entre si e
ao suporte de gesso por pregos e pelo próprio gesso endurecido. Abaixo, afixada por pregos aos
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
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tabuados laterais e ao bloco pela aplicação de gesso endurecido, observa-se uma tábua octogonal,
inserida para oferecer maior rigidez à peanha e para servir de base de sustentação da Imagem.
As condições de segurança da Imagem de Santa Bárbara são consideradas razoáveis,
estando exposta ao centro do segundo patamar do altar-mor em mármore da Igreja Matriz de Santa
Bárbara, parcialmente protegida por um encosto e por uma cobertura triangular sustentada por duas
colunas frontais, acompanhada das imagens de São Sebastião, à direita, de Nossa Senhora
Aparecida, à esquerda, e por dois pequenos vasos com flores. No primeiro patamar, acompanham
ainda as imagens de Santa Terezinha e do Sagrado Coração de Jesus, bem como três vasos maiores
com flores, dispostos sobre um forro branco e um outro de plástico. O estado de conservação do
altar-mor é considerado muito bom, encontrando-se limpo e asseado, sem fiação elétrica aparente,
lâmpadas ou velas. O acesso à Imagem de Santa Bárbara é dificultado pela fragilidade do altar-mor,
pela distância da imaginária no nicho onde se encontra e pelo seu peso, necessitando de extremo
cuidado e equilíbrio com uso de tamborete ou escada.
Análise iconográfica da Imagem de Santa Bárbara
Santa Bárbara foi uma jovem virgem mártir de família nobre nascida em Nicomédia no século
III. Embora encerrada por seu pai numa torre para evitar que se convertesse ao Cristianismo, tudo foi
em vão. Diante de sua insistência, foi perseguida e presa e, depois de vários tormentos, martirizada e
decapitada pelo próprio pai. Este, ao desferir o golpe sobre Bárbara, foi atingido por um raio, motivo
pelo qual é invocada para proteção contra os raios e contra a morte súbita. Santa Bárbara é patrona
dos artilheiros, sendo também padroeira dos mineiros e de todos os que trabalham com fogo, como
armeiros e pirotécnicos. Devido à torre na qual a virgem santa foi aprisionada, é lembrada como
padroeira dos pedreiros e arquitetos e dos presidiários e guardas de prisão. Seu dia litúrgico é 04 de
dezembro (LORÊDO, 2002, p. 248).
Como uma santa virgem, Santa Bárbara é representada na arte cristã vestida com simples
túnica talar verde ou branca amarrada na cintura envolta em um manto vermelho. Sobre sua cabeça,
leva uma coroa de flores ou real (símbolo de sua imortalidade) e calça sandálias em tons dourados.
Quanto aos seus atributos, apresenta, como atributo pessoal e constante, uma torre com três janelas,
em seus braços ou junto aos pés. Como outros atributos, pode vir acompanhada de um cálice ou
píxide com hóstia por cima, alusão ao fato de ser evocada contra a morte súbita; uma palma e uma
espada, símbolos do seu martírio; um canhão aos pés, como patrona da artilharia; e, raramente,
relâmpagos e ostensório (LORÊDO, 2002, p. 248).
Há certa uniformidade da Imagem de Santa Bárbara pertencente ao acervo da Igreja Matriz
de Santa Bárbara do município de Engenheiro Caldas em relação à representação iconográfica
tradicional da santa. Variações ocorrem em relação ao tamanho e parcialmente quanto à
representação.
Assemelhando-se à iconografia, a Imagem em estudo apresenta uma mulher jovem, vestida
de túnica talar verde, amarrada na cintura por um laço dourado, envolta por um longo e espesso
manto vermelho; com a cabeça portando uma coroa de flores, simbolizando sua imortalidade, e
calçando sandálias douradas. Acrescentando, como atributo do seu martírio, porta, sobre a mão e
braço direitos, uma palma esverdeada com pequenos traços em dourado, e uma torre com uma porta
e duas janelas junto ao pé direito, em referência ao seu único atributo pessoal e constante.
Entretanto, a Imagem de Santa Bárbara, num sinal claro de livre interpretação e de criação do
santeiro que a confeccionou, afastando-se de sua representação tradicional anteriormente descrita,
apresenta-se com a mão esquerda portando uma simples haste de madeira e não um atributo que lhe
é próprio, como uma espada, píxide ou cálice. Soma-se a isto, a torre, seu principal atributo, revelarse com apenas duas janelas e não três, símbolos da Santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito
Santo.
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
Análise técnica e estilística da Imagem de Santa Bárbara
O gesso é uma substância, normalmente vendida na forma de um pó branco, produzida a
partir do mineral gipsita (tipo de rocha sedimentar), composto basicamente de sulfato de cálcio.
Existem variações do gesso que permitem o uso em diferentes formas: para confecção de
esculturas, peças odontológicas, elementos decorativos e de revestimentos arquitetônicos. Ao ser
misturado com água o gesso endurece rapidamente. Apesar disso, é um material que permite
manuseio com entalhes e cinzelamento, podendo se produzir sulcos, inscrições e desbastes mesmo
depois de rígido. A lixa é o instrumento mais usual para alisar a superfície. A técnica utilizada para
confecção de estátuas e estatuetas em gesso data do final do século XIX, embora o gesso seja um
25
material conhecido e utilizado pela humanidade deste a antiguidade .
A técnica de confecção da Imagem de Santa Bárbara, conforme estudos do médico e
pesquisador da arte sacra brasileira Eduardo Etzel, consiste num processo simples em que o molde,
ou a fôrma (feita de argamassa, madeira ou material plástico), é impermeabilizado com matéria
graxa e o mingau de gesso é aplicado sobre a superfície interna rodando-se o molde e
acrescentando-se o gesso, preenchendo o molde parcialmente, conformando o suporte principal
único e semi-oco, verificado no tronco do corpo da escultura da Santa. Esta revela apenas um
membro mais afastado do corpo central, a mão direita, confeccionada separadamente com a palma
livre e voltada para o suporte principal, estando, porém, os dedos associados ao manto da
imaginária, numa clara intenção de servir de base de sustentação do atributo da palma acima. Uma
segunda escultura, a da pequena torre, próxima ao pé direito, sobre a superfície da peanha, de
formato circular e superfície irregular, também foi confeccionada e inserida separadamente. Para a
fixação da mão e da torre de forma regular, foram utilizados arames metálicos aplicados enquanto o
gesso é escorrido, para, quando endurecido, dar sustentação a tais estruturas, respectivamente, a
partir do pulso e da base. Com o gesso semi-endurecido nas superfícies constituintes da peça, foram
feitos detalhes na cabeça, cabelo, coroa de flores, rosto, braços, mãos, palma, tronco,
panejamentos, pés, sandálias, torre e peanha, com as técnicas de cinzelamento e desbaste. Os
braços e, principalmente, as pernas foram sugeridas pelos contornos das vestes. A secagem total da
escultura demora alguns dias (ETZEL, 1979).
No acabamento final, o uso de lixas foi adotado para auxiliar na retirada de imperfeições e no
detalhamento dos contornos fisionômicos da Imagem de Santa Bárbara, da face, do cabelo, mãos,
pés, sandálias, dos panejamentos, da peanha, em formato de solo e/ou relva esverdeada baixa, e
dos elementos identificadores de sua iconografia, as mencionadas coroa, palma e torre, conformados
anteriormente. A técnica de ornamentação original revela uma fina camada de policromia na carnação
da escultura, em tom bege-claro na face, pescoço, mãos e nos pés, e espessa no cabelo (marrom),
nos panejamentos, túnica (verde e dourado) e manto (vermelho e dourado), nos ornamentos
fitomorfos e geométricos deste último e em parte na primeira (dourado); nos elementos atributivos da
coroa (dourado), palma (verde e dourado) e torre (vermelho, preto, castanho-escuro, dourado e
verde); nas sandálias (dourado) e na peanha (verde, preto, vermelho e dourado), tanto na superfície
irregular porosa quanto nas laterais, constituídas de tabuas de madeira pregadas (preto e dourado),
realizadas a pincel com tinta à óleo que, sobre o suporte de gesso, sobrepõe-se a uma base com
cera sintética ou óleo destinada a impermeabilizá-lo. Como a imaginária da virgem mártir passou por
um processo de restauração com reposição de suporte em gesso e com repintura geral, visando
reconstituir as partes faltantes e restituir as cores originais da peça, incluindo a face, deixando-a com
uma coloração visivelmente diferenciada, toda a sua superfície tornou-se sensivelmente porosa,
tendo perdido a polidez original. Contribuíram para isto as degradações sofridas, sobretudo choques
e sujidades aderidas. As atuais cores predominantes citadas acima, divididas em verniz e camada
pictórica incorporada com tinta acrílica, de secagem rápida, assim, apresentam-se bem definidas,
com marcas pontuadas de camada de preparação.
25
<http://www.fazfacil.com.br/materiais/gesso.html>. Acessado em: 17 de novembro de 2009.
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
A respeito da haste presente sobre a mão esquerda da Imagem de Santa Bárbara, esta foi
entalhada em madeira a partir das técnicas básicas de marcenaria de corte, recorte e desbaste das
arestas, utilizando-se serra, entalhadeira e formão, conformando uma pequena ripa retangular e de
superfície porosa. Como acabamento final, o pequeno suporte foi levemente lixado e pintado em
verniz, ressaltando a cor original da madeira, marrom-claro. Por fim, a haste foi inserida numa fissura
perfurada sobre a palma da mão e fixada com injeção de gesso.
Procurando discorrer sobre as características estilísticas da Imagem de Santa Bárbara,
baseando-nos nos estudos realizados pelo pesquisador Eduardo Etzel, as imagens sacras de gesso,
como a imaginária em estudo, são reconhecidas atualmente como produtos industrializados
presentes no comércio de objetos religiosos. Entre os artesãos, a técnica de utilização do gesso para
confecção de peças decorativas se perpetuou durante o século XX, chegando a ser ainda mais
disseminada pelos artesãos que enfocam as representações artísticas da religiosidade católica.
Conhecidos como santeiros, os artesãos de peças sacras constituíram, desde a primeira metade do
século XX, verdadeiras fábricas, muitas vezes em seus próprios quintais, com moldes de peças
seriadas, produzindo em pequena e média escala (ETZEL, 1979).
Atingindo uma escala de produção ainda maior, a técnica de utilização do gesso para
confecção de esculturas sacras tomou proporções industriais a partir da segunda metade do século
XX, diante da praticidade da produção em série, exigindo apenas a pintura e alguns retoques
manuais no acabamento das peças. Exemplo disso é a “Casa Sucena”, estabelecimento comercial
pioneiro no Brasil na venda de objetos sacros, atualmente localizado à Rua Arquias Cordeiro, 296 –
26
loja F – Méier, cidade do Rio de Janeiro . Assim, as empresas fabricantes de esculturas sacras em
gesso passaram a dominar o comércio destes produtos. Por essa razão, pode-se afirmar que a
Imagem de Santa Bárbara seja um dos exemplares da produção industrial de esculturas em gesso
produzidas em série, que expressam um estilo comum e característico de peças moldadas.
Como peças de produção industrial seriada, segundo Eduardo Etzel, as imagens sacras de
gesso expressam o conhecimento tradicional da devoção católica acerca dos elementos iconográficos
que diferenciam as invocações dos diferentes santos e divindades. Algumas imagens, pelo seu
aperfeiçoamento estético e estilístico, chegam a transparecer influências da arte erudita, embora o
estudo das representações iconográficas da fé cristã feita por artistas renascentistas, ou mesmo de
outros estilos da história da arte, não seja muito recorrente e acessível entre os santeiros, artesãos ou
fabricantes de imagens de gesso (ETZEL, 1979).
A Imagem de Santa Bárbara, presente na Igreja Matriz que leva o seu nome na cidade de
Engenheiro Caldas, aparentemente não faz referência ao uso da arte erudita como parâmetro para
seu estilo. Sua apresentação estética segue as determinações iconográficas mais simples da
invocação a esta representação de santa. Prova disso são as desproporções anatômicas
apresentadas, visíveis nas mãos e nos pés mal conformados da Imagem, de espessura e tamanhos
nada condizentes com a anatomia humana. As confusões iconográficas vem confirmar o quanto
apartada a representação em gesso de Santa Bárbara encontra-se dos parâmetros do conhecimento
erudito, denotando liberdade de criação e interpretação do santeiro da iconografia da Santa. Como
exemplo, observamos a imaginária portando uma haste de madeira na mão esquerda, enquanto que
deveria segurar um dos seus atributos conhecidos, como espada, cálice ou píxide. Outro exemplo é a
ausência de uma terceira janela na representação da torre, que, somada às duas existentes, deveria
simbolizar a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo). A composição estática da obra, sem
movimento dos braços, das pernas e da maior parte do panejamento da imaginária, salvo as bordas
das laterais direita e esquerda e da parte frontal do manto, bem como da parte frontal da túnica, que
denotam balanço pelas curvas e pregas formadas, predominantemente verticais, ainda que poucas,
vem somar, juntamente com o anonimato da Imagem (ausência de identificadores de origem e de
autoria), aos indícios para se enquadrar a obra em um estilo de fabrico industrial de peças seriadas
voltadas para o comércio. A baixa volumetria na parte de trás da escultura reforça esse caráter,
26
<http://guiarj.biz/casa-sucena-ltda>. Acessado em: 17 de novembro de 2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
31
IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
tratando-se de uma imagem de nicho e de adoração, produzida para atender a demanda devocional
imediata dos fiéis.
Estado de Conservação da Imagem de Santa Bárbara
O estado de conservação da Imagem de Santa Bárbara é considerado muito bom (acima de
75%). A peanha de gesso em formato de relva esverdeada baixa revela pequenas partes faltantes,
desprendimentos e fissuras (menos de 25%), concentradas nas bordas das laterais direita e esquerda
e parte frontal. Conseqüentes perdas de camada pictórica destas deteriorações e sujidade aderida e
superficial (poeira) podem ser observadas sobre a superfície (menos de 25%). O revestimento das
laterais em madeira, pintadas de preto e dourado, não demonstram perdas de fragmentos, fissuras,
abrasões e traços de dilatação, favorecidos pelo contato com umidade. As perdas de camada
pictórica são inexistentes, havendo ínfima concentração de sujidade aderida e superficial (poeira –
menos de 25%). Os tabuados encontram-se bastante firmes, afixados uns aos outros, e estes a uma
base octogonal de madeira, bem como à peanha de gesso, por pregos que não demonstram sinais
de oxidação. Nas bordas da superfície inferior da peanha há marcas ressecadas de gesso vazado
(25%), não interferindo no bom manuseio do Bem. Sobre o atributo da torre ocorre somente
concentração de sujidade sobre a cobertura em formato de cone e no espaço entre o atributo e a
túnica (poeira – menos de 25%). A perda de camada pictórica sobre a torre é insignificante (menos de
25%). Não há deteriorações como perdas de suporte, fissuras e abrasões. Sobre o pé direito observase pequena perda de suporte somente no 5° dedo, cuja cavidade apresenta-se escurecida (sujidade:
poeira e excremento de moscas – 25%), assim como parte dos outros dedos e da sandália (menos de
25%). Já o pé esquerdo e a sandália que o recebe revelam-se intactos, com pouca sujidade aderida e
superficial (poeira – menos de 25%), concentrada entre os dedos. A túnica verde apresenta traços de
sujidades aderidas e superficiais (poeira), provocando manchas claras e ínfima perda de camada
pictórica (menos de 25%), concentradas nas bordas e nos sulcos conformados pelas dobras da veste.
Sobre a parca ornamentação em dourado nas bordas das mangas, ocorrem poucas perdas de
camada pictórica (menos de 25%). Não foram observadas perdas de suporte, fissuras, rachaduras ou
abrasões sobre a superfície da túnica. O manto revela ínfimas perdas de suporte e de coloração
vermelha (menos de 25%). Ocorrem pequenas perdas de suporte pontuadas, poucas manchas
claras, sujidades (poeira) e conseqüentes perdas de camada pictórica sobre a superfície traseira da
veste. A exceção das perdas de suporte, as demais deteriorações citadas ocorrem sobre os sulcos
formados pelas pregas nas laterais direita e esquerda e na parte frontal da veste. Quanto às
ornamentações fitomorfas e geométricas em dourado do manto, estas revelam insignificantes perdas
de pigmentação (menos de 25%). A face da imaginária mostra-se sem perdas de suporte, abrasões,
rachaduras ou fissuras. Revela, entretanto, sujidade superficial e aderida (poeira – menos de 25%),
concentrada na junção da área auricular com o cabelo. A pigmentação da boca (vermelho) e das
sobrancelhas (marrom) encontram-se intactas. Em função a uma repintura mal sucedida, pode-se
observar diferença de coloração bege na carnação do rosto, variando entre clara e um pouco mais
escura. As áreas do pescoço e do queixo apresentam manchas esbranquiçadas (25%) e superfície
nitidamente irregular ou rugosa (25%), devido à repintura. Há pequena sujidade (poeira – menos de
25%) nas junções entre o cabelo e o pescoço. O cabelo revela pequenos pontos de perdas de
suporte (menos de 25%) e de coloração marrom (menos de 25%), bem como sujidade aderida e
superficial (menos de 25%). Esta concentra-se na parte superior da cabeça, na junção com a coroa
de flores douradas. Este atributo apresenta ínfimas perdas de suporte e de camada pictórica (menos
de 25%), vistas nas bordas superiores. A mão direita da Imagem apresenta superfície nitidamente
irregular, devido a sua má recomposição, e sujidade entre os dedos (menos de 25%). A palma da
mão direita mostra-se cavada, irregular e sem pigmentação. O atributo da palma encontra-se com
poucas abrasões e perdas de coloração verde e dourada (menos de 25%), presentes nas bordas e
na parte frontal, e poucas manchas claras (poeira aderida – menos de 25%), concentradas nas
reentrâncias de sua superfície. A mão esquerda não apresenta perdas de suporte, rachaduras ou
abrasões. Ocorre sujidade aderida entre os dedos (poeira – menos de 25%), causando
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
escurecimentos na superfície dos mesmos (25%). A haste retangular de madeira presente na mão
esquerda revela-se intacta.
Não há na Igreja Matriz de Santa Bárbara da cidade de Engenheiro Caldas práticas de
conservação e preservação dos bens culturais móveis e integrados, considerando que a ausência de
práticas de higienização e manuseio adequados pode provocar deteriorações das peças pertencentes
ao acervo da mencionada Igreja, como a Imagem de Santa Bárbara em estudo.
Conclusões
Ao considerarmos as características expostas acima e na ausência de informações históricas
mais precisas, há a convicção atual de que esta Imagem de Santa Bárbara da Igreja Matriz do
município de Engenheiro Caldas seja uma obra de caráter industrial produzida em série na primeira
metade do século XX para suprir as necessidades devocionais imediatas dos fiéis, no caso, os
engenheiro caldenses, servindo a esta comunidade de ícone de culto e mediadora da sua fé cristã
para com Deus.
A ausência de danos significativos sobre todo o suporte de gesso da Imagem de Santa
Bárbara em estudo e as cores bastante vivas que a ele foram aplicadas de forma intensa revelam que
o processo de restauração sofrido há cerca de três anos pela obra pouco desfigurou ou danificou a
Imagem, já que muitos dos seus aspectos originais foram mantidos. A recomposição com aplicação
de gesso das superfícies deterioradas e a repintura geral, somados ao depoimento da senhora
Raquel Lorena Lima Carvalho, mostram, ainda, o quanto o estado de conservação da peça era ruim.
Este estado deveu-se essencialmente à falta de cuidado a que veio sendo submetida a imaginária da
Santa por quase 70 anos pelos próprios resónsáveis pela Paróquia local.
O processo de “restauração” da peça e o estado atual de conservação da mesma,
considerado muito bom, apesar do primeiro ser recente, mostram, entretanto, haja vista os problemas
observados, como o mau uso e a falta de medidas de conservação adequadas podem danificar uma
obra desta espécie. Ainda, a falta de informações mais apuradas relativas aos processos técnicos de
conservação e restauro de bens móveis por parte da “restauradora”, sobretudo de gesso, permitiu
que esta agente cometesse excessos na repintura e falhas na remoldagem do suporte, estas visíveis
principalmente na mão direita e na face. Isto poderia ter sido evitado se houvesse um nível de
conscientização das pessoas da comunidade engenheiro caldense sobre a importância da correta
maneira de se preservar aquilo que representa a sua história e a sua memória.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
FOTO 02
FOTO 01
DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
Foto de desfile de 07 de Setembro no final da
década de 1970. Nota-se a Igreja Matriz ao fundo, já
acabada.
Fonte: arquivo digital da Secretaria de Educação de
Engenheiro Caldas.
Foto durante a construção da Casa Paroquial, onde é
possível visualizar o Padre Rino (segundo da direita
para a esquerda), sacerdote na época da inauguração
da Igreja Matriz.
Fonte: arquivo digital da Secretaria de Educação de
Engenheiro Caldas.
FOTO 04
FOTO 03
Foto da tela da década de 1940, onde está
caracterizada a antiga Capela de Santa Bárbara.
Fonte: arquivo digital da Secretaria de Educação de
Engenheiro Caldas.
Foto da Igreja Matriz na década de 1990, onde é
possível notar os tons de bege que foram utilizados
até o ano de 2004, quando houve a mudança para
tons de verde.
Fonte: arquivo digital da Secretaria de Educação de
Engenheiro Caldas.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
FOTO 06
FOTO 05
Dossiê de Tombamento
Igreja Matriz de Santa Bárbara.
Engenheiro Caldas/MG.
Vista da fachada lateral direita da Igreja Matriz.
Fotógrafa: Ana Paula Costa – Junho/2009.
Igreja Matriz de Santa Bárbara.
Engenheiro Caldas/MG.
Vista parcial da fachada lateral esquerda da Igreja
Matriz.
Fotógrafa: Ana Paula Costa – Junho/2009.
FOTO 08
FOTO 07
Igreja Matriz de Santa Bárbara.
Engenheiro Caldas/MG.
Vista da fachada frontal da Igreja Matriz.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Igreja Matriz de Santa Bárbara.
Engenheiro Caldas/MG.
Vista parcial da fachada posterior da Igreja.
Fotógrafa: Ana Paula Costa – Junho/2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
FOTO 10
FOTO 09
Dossiê de Tombamento
Igreja Matriz de Santa Bárbara.
Engenheiro Caldas/MG.
Vista parcial da nave, com o presbitério, mesa de
celebração e altar-mor ao fundo.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
FOTO 12
FOTO 11
Igreja Matriz de Santa Bárbara.
Engenheiro Caldas/MG.
Vista parcial da nave, com o coro ao fundo.
Fotógrafa: Ana Paula Costa – Junho/2009.
Igreja Matriz de Santa Bárbara.
Engenheiro Caldas/MG.
Vista aproximada do presbitério, do altar-mor e da
mesa de celebração.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Igreja Matriz de Santa Bárbara.
Engenheiro Caldas/MG.
Vista aproximada do altar-mor. Observam-se, sobre o
primeiro patamar, as imagens do Sagrado Coração de
Jesus, à direita, e de Santa Terezinha, à esquerda, e
o Sacrário, ao centro. No segundo patamar, da direita
para a esquerda, encontram-se as imagens de Nossa
Senhora Aparecida, Santa Bárbara e de São
Sebastião.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
36
IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
FOTO 14
FOTO 13
Dossiê de Tombamento
Igreja Matriz de Santa Bárbara.
Engenheiro Caldas/MG.
Vista da parte posterior superior do altar-mor a partir
da lateral direita.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
FOTO 16
FOTO 15
Igreja Matriz de Santa Bárbara.
Engenheiro Caldas/MG.
Vista aproximada do altar-mor em mármore, do
Sacrário e das imaginárias, com destaque para a
Imagem de Santa Bárbara, ao centro no segundo
patamar.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Igreja Matriz de Santa Bárbara.
Engenheiro Caldas/MG.
Vista da parte posterior inferior do altar-mor a partir
da lateral direita. Observam-se as superfícies lisas
das partes em mármore e o reboco em argamassa
pintado de branco.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Igreja Matriz de Santa Bárbara.
Engenheiro Caldas/MG.
Vista da parte posterior superior do altar-mor a partir
da lateral esquerda.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
FOTO 18
FOTO 17
Dossiê de Tombamento
Imagem de Santa Bárbara.
Vista da lateral direita da Imagem da Santa. Notar a
curvatura da postura da obra em gesso. Igreja Matriz
de Santa Bárbara. Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
FOTO 20
FOTO 19
Imagem de Santa Bárbara.
Vista da parte frontal. Notar a simplicidade do
panejamento e da postura não devocional da
cabeça, cuja posição está levemente erguida,
quando deveria estar voltada para baixo. Igreja
Matriz de Santa Bárbara. Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara.
Vista da lateral esquerda da Imagem da Santa. Notar
a postura curvada e a baixa volumetria do
panejamento. Igreja Matriz de Santa Bárbara.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara.
Vista da parte posterior da Imagem da Santa. Notar a
baixa volumetria do panejamento e a posição
centralizada do suporte de gesso, sem inclinação para
as laterais, salvo o pescoço e a cabeça. Igreja Matriz
de Santa Bárbara. Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
FOTO 22
FOTO 21
Dossiê de Tombamento
Visão da face esquerda da Imagem de Santa Bárbara.
Observa-se claramente a diferença de coloração de
parte da face (bochechas e queixo), em tom
amarelado, e da área próxima ao cabelo, nariz, testa e
pescoço, compondo carnação meio áspera. Nota-se
forte coloração marrom-escuro sobre as sobrancelhas
e cabelos. Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
FOTO 24
FOTO 23
Visão frontal da face da Imagem de Santa Bárbara.
Observa-se claramente a repintura pela qual a
imaginária passou, com tons fortes sobre as
sobrancelhas, cabelos, lábios e coroa de flores.
Nota-se que os olhos são de vidro.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Perfil esquerdo da Imagem de Santa Bárbara.
Observa-se ligeiramente a curvatura do tronco e o
pescoço à frente. Nota-se pouca volumetria do
panejamento e dos cabelos. Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Perfil direito da Imagem de Santa Bárbara. Observase a inclinação do pescoço, com a face voltada para
cima e à esquerda. Notam-se as fortes colorações da
coroa, cabelos e túnica. Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
FOTO 26
FOTO 25
Dossiê de Tombamento
Imagem de Santa Bárbara. Vista aproximada da
túnica verde e do manto vermelho, parcamente
ornado com motivos fitomorfos dourados e com
superfície posterior rosa. Notam-se a má composição
das mãos, as poucas pregas e as cores fortes
repintadas. Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
FOTO 28
FOTO 27
Visão aproximada da parte posterior do cabelo da
Imagem de Santa Bárbara. Notar a presença de
ínfimos sulcos e dos contornos capilares, devido à
alta carga de tinta marrom utilizada. Pelo mesmo
motivo, são poucos nítidos os contornos florais da
coroa em dourado. Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara. Vista aproximada da
esverdeada palma de mártir, um dos atributos da
Santa, apresentando-se com leves traços em
dourado. Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara. Vista aproximada da mão
direita, mal conformada, apresentando-se com
cavidade escavada sobre a palma e sem coloração
bege (carnação).
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
FOTO 30
FOTO 29
Dossiê de Tombamento
Imagem de Santa Bárbara. Detalhe da parte inferior
frontal do manto e da túnica, com suas dobras e
formação de sulcos. Observar a intensidade das cores
originais reaplicadas sobre as vestes.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
FOTO 32
FOTO 31
Imagem de Santa Bárbara. Vista da mão esquerda,
mal conformada, segurando uma haste retangular de
madeira junto ao peito. Tal haste não condiz com
nenhum dos atributos conhecidos da Santa.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara. Vista aproximada da
parte frontal inferior da túnica e do manto,
apresentando dobras verticais; da torre com duas
janelas e uma porta, atributo constante da Santa; e
da peanha octogonal, de superfície rugosa e
multicolorida. Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara. Visão da parte posterior da
torre a partir da lateral direita da Imagem. Observar a
superfície multicolorida da torre, em consonância com
a peanha. A coloração apresenta-se intensa,
compondo superfície áspera.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
FOTO 34
FOTO 33
Dossiê de Tombamento
Imagem de Santa Bárbara. Visão aproximada do
espesso e longo cabelo e do manto na parte posterior
da Imagem. Há ínfimas pregas formadas no manto,
denotando ser a Imagem uma escultura de nicho, e
marcas de pinceladas à direita. Notar a má
conformação das mechas do cabelo, em tom forte de
cor marrom.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
FOTO 36
FOTO 35
Imagem de Santa Bárbara. Visão aproximada do
manto na lateral esquerda da Imagem. Observar as
poucas pregas formadas e os parcos ornamentos
fitomorfos delineados em dourado. Nota-se a flexão
da perna esquerda através do panejamento.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara. Visão aproximada da
peanha em gesso, revestida por oito tábuas
retangulares de madeira pintadas de preto, com
reentrância superior em dourado, afixadas entre si e
ao suporte por pregos.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara. Visão aproximada da
peanha octogonal em gesso, revestida por tábuas de
madeira. Observar o pé esquerdo que, como o pé
direito, encontra-se parcialmente exposto pela túnica
verde. Ambos, de carnação bege-escura, são mal
conformados, com dedos finos, longos e unhas muito
pouco delimitadas. Apresentam-se com finas
sandálias pintadas em dourado.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Imagem de Santa Bárbara. Visão aproximada da
parte posterior da peanha em gesso. Observar que a
túnica estende-se até a base, associando-se à
superfície da peanha.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
FOTO 38
FOTO 37
Dossiê de Tombamento
FOTO 40
FOTO 39
Imagem de Santa Bárbara. Vista da parte inferior da
peanha de gesso, revestida por tabuados em madeira
nas laterais e ao fundo por um tabuado em formato
octogonal levemente envernizado.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Praça Tiradentes. Grande polarizador de eventos e
encontros dos moradores da área, juntamente com a
Av. Pe. João Pina do Amaral. Dessa praça seguindo
por esta avenida parte a todo o dia 04 de dezembro
a procissão em honra à Santa Bárbara.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Vista parcial da Avenida Padre João Pina do Amaral,
um dos principais eixos viários do distrito sede,
próxima à Praça Tiradentes. Tanto a praça quanto a
avenida são ponto de partida para a procissão da
“Novena de Santa Bárbara”. Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafa: Mariele de Oliveira Vilela – Março/2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
FOTO 42
FOTO 41
Dossiê de Tombamento
Festa da padroeira de Engenheiro Caldas:
Montagem digital com a jovem Camila para “Novena
de Santa Bárbara”, representando a Santa.
Fonte: Arquivo do jornal “Informativo Paroquial: um
jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro
Caldas”. Engenheiro Caldas, dezembro de 2008.
FOTO 44
FOTO 43
Conclamação às famílias engenheiro-caldenses e
das comunidades vizinhas para participarem da
“Novena de Santa Bárbara”.
Fonte: Informativo Paroquial: um jornal da Paróquia
Santa Bárbara de Engenheiro Caldas. Engenheiro
Caldas, novembro de 2008, p. 01.
Novena de Santa Bárbara.
Ao som de cânticos e acompanhada por milhares de
fiéis, segue a Imagem de Santa Bárbara (ao fundo)
carregada em andor pelas principais avenidas e ruas
de Engenheiro Caldas até a Igreja Matriz dedicada à
Santa.
Fonte: Arquivo do jornal “Informativo Paroquial: um
jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro
Caldas”. Engenheiro Caldas, dezembro de 2008.
Novena de Santa Bárbara.
Fiéis católicos e devotos de Santa Bárbara em
procissão numa das ruas de Engenheiro Caldas,
seguindo a Imagem da padroeira da cidade carregada
em andor.
Fonte: Arquivo do jornal “Informativo Paroquial: um
jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro
Caldas”. Engenheiro Caldas, dezembro de 2008.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
FOTO 46
FOTO 45
Dossiê de Tombamento
Novena de Santa Bárbara.
Término da procissão no interior da Igreja Matriz de
Santa Bárbara, que contou com a representação da
jovem “crismanda” Camila.
Fonte: Arquivo do jornal “Informativo Paroquial: um
jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro
Caldas”. Engenheiro Caldas, dezembro de 2008.
FOTO 48
FOTO 47
Novena de Santa Bárbara.
Fiéis católicos e devotos de Santa Bárbara em
procissão pela Avenida Vereador Sebastião Pernes
de Miranda, aproximando-se da Igreja Matriz. Notar
que muitos fiéis ao longo de todo o percurso
carregam bandeiras nas cores vermelho e verde, as
cores da padroeira.
Fonte: Arquivo do jornal “Informativo Paroquial: um
jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro
Caldas”. Engenheiro Caldas, dezembro de 2008.
Novena de Santa Bárbara.
Padre José Dias Xavier, à esquerda, pároco de
Engenheiro Caldas, apoiado por padres de Dioceses
vizinhas nas missas celebradas no interior da Igreja
Matriz.
Fonte: Arquivo do jornal “Informativo Paroquial: um
jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro
Caldas”. Engenheiro Caldas, dezembro de 2008.
Novena de Santa Bárbara.
Apresentação aos fiéis presentes que lotam a Igreja
Matriz de Santa Bárbara do tema “Os valores dos
sacramentos na família” pela “crismanda” Camila.
Fonte: Arquivo do jornal “Informativo Paroquial: um
jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro
Caldas”. Engenheiro Caldas, dezembro de 2008.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
LAUDO DE AVALIAÇÃO SOBRE ESTADO DE CONSERVAÇÃO
RESPONSÁVEL TÉCNICO: Cristiano Augusto Possas de Oliveira
IDENTIDADE: MG - 11330018
DATA: 20 de novembro de 2009.
ESPECIALIZAÇÃO EM: Graduação em História, Pós-Graduação em História e Cultura Mineira.
NOME DO BEM TOMBADO: Escultura Policromada da Imagem de Santa Bárbara.
LOCALIZAÇÃO: Igreja Matriz de Santa Bárbara.
BEM TOMBADO EM: (Vide documentação legal anexa)
DOSSIÊ ENVIADO AO IEPHA EM: Janeiro/2010.
ENDEREÇO: Praça da Matriz, s/n, Bairro Rosamaria Lopes, Engenheiro Caldas, Minas Gerais.
CEP 35.130-000.
HÁ OBRA DE RESTAURAÇÃO EM ANDAMENTO?
SIM X NÃO
HÁ PROJETO APROVADO POR LEI DE INCENTIVO À CULTURA?
SIM X NÃO
EM CASO POSITIVO: LEI FEDERAL
LEI ESTADUAL
OUTRA
COLABORAÇÃO/ACOMPANHAMENTO: Luziane Paulina Lessa de Oliveira Costa (Agente
Administrativa – Secretaria de Administração da Prefeitura do município de Engenheiro Caldas).
SIM
NÃO
APRESENTA
PROBLEMAS
ELEMENTOS ESTRUTURAIS
25%
1.
2.
3.
4.
5.
Ataque de insetos
Perdas
Furos (pregos, cravos etc.)
Apodrecimentos causados por umidade
Rachaduras, lascas, fissuras, frestas
SUPORTE
6. Sujidades superficiais e aderidas
7. Ataque de insetos
8. Perdas de partes (elementos em relevo)
9. Furos (pregos, cravos, cupim etc.)
10. Apodrecimentos causados por umidade
11. Rachaduras, lascas, fissuras, frestas
12. Queimaduras
13. Desprendimento de fragmentos
CAMADA PICTÓRICA
14. Desprendimento de fragmentos
14. Sujidade
15. Descolamentos
16. Perdas
17. Craquelês
18. Manchas (causadas por umidade, ceras etc.)
19. Oxidações, escurecimentos
50%
75%
100%
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
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X
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
20. Abrasões
21. Repinturas
22. Verniz oxidado
X
X
X
Obs: Salientamos que os percentuais assinalados acima não são exatos, uma vez que foi
muito difícil mensurar em termos de porcentagens os possíveis danos da Imagem de Santa Bárbara,
já que esta passou por intervenção e repintura recente, o que pode ter contribuído para esconder ou
suavizar os problemas que a Imagem então apresentava. Representam, assim, uma aproximação dos
fatores de deterioração da obra, e não um número fechado no qual se possa basear possíveis
intervenções. Estas sempre deverão ser feitas por um profissional da área de conservação e restauro,
conforme indicação no capítulo dedicado às diretrizes de intervenções para o bem ora tombado. Essa
observação é fundamental para que sejam medidos com precisão todos os fatores de degradação da
peça e se faça um estudo das técnicas utilizadas e dos materiais que foram aplicados na intervenção
realizada recentemente, para que os mesmos não contribuam para a degradação da imaginária a
longo prazo.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
EXISTÊNCIA DE INSTALAÇÕES DE
SEGURANÇA NO PRÉDIO
BOM
REGULAR
RUIM,
NECESSITANDO
INTERVENÇÃO
Instalação de equipamento de prevenção
e combate a incêndio
 sim
X não
Sistema de segurança
 sim
X não
A Igreja Matriz de Santa Bárbara da cidade de Engenheiro Caldas não possui equipamentos
de segurança, tais como equipamentos de prevenção e combate a incêndio, sistema de alarmes,
seguranças ou vigias. Os elementos que garantem a segurança interna contra a ação de invasores e
vândalos são as trancas nas portas. A construção sempre foi utilizada como templo, sendo assim,
local de culto religioso. A manutenção frequente da edificação, bem como dos seus bens integrados,
como o altar-mor, local onde situa-se a Imagem de Santa Bárbara em estudo, se resume atualmente
à limpeza por lavagem (água e sabão), varredura e espanação, feita uma vez por semana pelos
responsáveis pela Paróquia de Santa Bárbara. O uso do imóvel para celebrações não causa grandes
danos à edificação, exceto pelo desgaste dos pisos. É recomendável uma manutenção mais ampla
em toda a Igreja, com revisão dos elementos de cobertura, de alvenaria, revestimento e de vedações,
além da rede elétrica, e possível troca de algumas peças e/ou reparos destes elementos. Também é
recomendável nova pintura, precedida da reconstituição das áreas de reboco que se desprenderam e
da impermeabilização da base das paredes externas e internas, para assim reduzir a ação da
umidade ascendente excessiva e das águas pluviais.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
47
IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
FOTO 50
FOTO 49
FOTOGRAFIAS
FOTO 52
FOTO 51
Imagem de Santa Bárbara.
Observar a repintura em tons fortes sobre o cabelo,
boca e coroa, onde há ínfima perda de camada
pictórica. Nota-se diferenciada coloração na
bochecha e no pescoço, devido à raspagem sobre a
primeira. Há sujidade aderida (poeira) na junção da
área auricular com o cabelo. Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara.
Observam-se manchas esbranquiçadas sobre o
pescoço e a superfície rugosa do mesmo, bem como
do queixo, devido à repintura. Não são observadas
perdas de suporte. Há pequena sujidade (poeira) nas
junções entre o cabelo e o pescoço.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara.
Visão parcial da coroa e do cabelo. Há poucas
perdas de suporte e de coloração. Ocorre sujidade
na junção da cora e do cabelo.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara.
Visão parcial do cabelo e do manto. Há ínfimas perdas
de suporte e de coloração. Ocorrem poucas manchas
claras e sujidades (poeira) sobre as superfícies.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
48
IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
FOTO 54
FOTO 53
Dossiê de Tombamento
Imagem de Santa Bárbara.
Há sobre os sulcos das vestes pouca sujidade
(poeira). Há pequeno desgaste de camada pictórica
nas bordas da túnica e do manto. Nota-se a má
recomposição da mão direita, apresentado superfície
nitidamente irregular e sujidade entre os dedos.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
FOTO 56
FOTO 55
Imagem de Santa Bárbara.
Ocorrem poucas manchas claras (poeira aderida)
sobre a palma e túnica, concentradas nas
reentrâncias e dobras, e abrasões sobre a primeira,
presentes nas bordas e na parte frontal.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara.
Observar a ausência significativa de deteriorações
sobre a túnica, manto e palma, muitas suavizadas
e/ou escondidas pela repintura.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara.
Detalhe de parte do manto e da túnica. A primeira
apresenta pequena concentração de manchas claras
e poeira na parte superior. Notar a má conformação
da palma da mão direita, cavada e sem pigmentação.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
49
IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
FOTO 58
FOTO 57
Dossiê de Tombamento
Imagem de Santa Bárbara.
Detalhe da parte inferior frontal do manto e de parte
da túnica: há pequenas manchas claras sobre as
superfícies, marcas de pinceladas próximas às
bordas, sobre estas e sobre as ornamentações
fitomorfas em dourado, cuja pigmentação apresenta
ínfimo desgaste. Há pequena concentração de
sujidade (poeira) no interior dos sulcos formados pelo
manto e sobre a túnica.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
FOTO 60
FOTO 59
Imagem de Santa Bárbara.
Detalhe da mão esquerda mal conformada e dos
sulcos compostos pelo panejamento: concentração
de sujidade (poeira) entre os dedos e no interior dos
sulcos. Observar pequenas manchas meio escuras
entre os dedos e manchas claras sobre a túnica e
pequenos traços escorridos de pigmentação verde
sobre a parte posterior em tom rosa do manto. A
pequena haste de madeira apresenta-se intacta.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara.
Visão da parte posterior do manto. Há presença de
poucas manchas claras, provocadas por sujidades, e
de marcas de pinceladas. São insignificantes as
abrasões e perdas de pigmentação.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara.
Visão frontal da torre. Em termos de deteriorações,
ocorre somente concentração de sujidade (poeira)
sobre a cobertura em formato de cone e no espaço
entre o atributo e a túnica.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
50
IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
FOTO 62
FOTO 61
Dossiê de Tombamento
FOTO 64
FOTO 63
Imagem de Santa Bárbara.
Visão da parte posterior da torre: observar a
ausência de perdas de suporte e a concentração de
sujidade entre o atributo e a túnica. Notam-se
manchas claras sobre esta, acima, e sobre o manto,
próximas à borda. Há pequenas perdas de suporte,
fissuras e perdas de pigmentação sobre a superfície
de gesso da peanha, concentradas nas bordas.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara.
Visão aproximada da parte frontal da peanha.
Observam-se pequenas perdas de suporte,
desprendimentos e fissuras nas bordas, provocando
perdas de camada pictórica. Ocorre sobre o pé direito
pequena perda de suporte sobre o 5° dedo, cuja
cavidade apresenta-se escurecida, assim como parte
dos outros dedos e da sandália (sujidade: poeira e
excremento de moscas). Nota-se a perfeita
integridade física das tábuas em madeira retangulares
que revestem a base de gesso.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara.
Visão aproximada da lateral esquerda da peanha.
Observar a perfeita integridade física da parte
inferior da túnica e do pé. Notam-se pequenas
perdas de suporte, fissuras e desprendimentos nas
bordas da base em gesso. Os tabuados em madeira
que revestem esta base apresentam-se em ótimo
estado de conservação, sem perdas significativas de
pigmentação e bem afixados à peanha e entre si por
pregos.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Imagem de Santa Bárbara.
Visão aproximada da parte posterior da peanha.
Observar a ausência de degradações significativas
visíveis, constando apenas sujidade superficial
(poeira). Notar que os tabuados em madeira à mostra
apresentam-se em ótimo estado de conservação, sem
deteriorações significativas ou perdas de
pigmentação. Encontram-se bem afixados ao suporte
de gesso e entre si por pregos.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
51
IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
FOTO 66
Visão frontal do altar-mor em mármore, constituído de
dois pavimentos, o primeiro parcialmente encoberto
por um forro de mesa branco, sobreposto por um forro
plástico. Encontra-se em ótimo estado de
conservação e limpeza, abrigando as decorações com
vasos de flores, o sacrário e as imagens de Santa
Terezinha, São Sebastião, Santa Bárbara, Nossa
Senhora Aparecida e do Sagrado Coração de Jesus.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
FOTO 68
Imagem de Santa Bárbara.
Vista da parte inferior da peanha. Observa-se o
tabuado em corte octogonal que reveste e protege o
fundo da base, apresentando-se em ótimo estado de
conservação, sem revelar rachaduras, fissuras ou
apodrecimento por umidade, e que encontra-se bem
afixado aos tabuados laterais por pregos. Notar nas
bordas parte do gesso vazado e solidificado, quando
da última restauração processada sobre a Imagem.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
FOTO 67
FOTO 65
Dossiê de Tombamento
Visão da parte posterior direita do altar-mor.
Observar o ótimo de estado de conservação, sem
perdas de suporte, fissuras ou rachaduras.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
Visão da parte inferior posterior do altar-mor.
Observar que há pequenas perdas de reboco,
rachaduras e manchas escuras, devido a choques e
contato com umidade.
Engenheiro Caldas/MG.
Fotógrafo: Cristiano Oliveira – Novembro/2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
CONCLUSÃO
BEM CULTURAL
BOM
Imagem de Santa Bárbara
85%
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
REGULAR
RUIM,
NECESSITANDO
INTERVENÇÃO
10%
5%
Descrição dos problemas observados:
O estado geral de conservação da Imagem de Santa Bárbara é considerado muito bom
(95%). Apresenta poucas perdas no suporte de gesso em forma de fissuras, abrasões e partes
faltantes (5%). Tais deteriorações foram observadas nas bordas superiores e parte frontal da palma
(abrasões); na coroa de flores e no cabelo (abrasões e partes faltantes), concentradas, na primeira,
nas bordas superiores, e, na segunda, em pequenos espaços nas laterais direita e esquerda e parte
frontal; sobre o manto, visíveis em pequenas quantidades; sobre a palma da mão direita, que sofreu
perda de suporte e raspagem; sobre o pé direito, cujo 5° dedo revela-se com parte faltante; e sobre a
superfície da peanha, mais detidamente as bordas laterais e frontal. De forma geral, a camada
pictórica visivelmente apresenta poucos problemas de ordem física, como manchas claras e escuras,
provocadas pela sujidade aderida e superficial e contato com umidade, e como perdas de tonalidades
e de fragmentos. Estes podem ser vistos em partes na carnação e na superfície da peanha. A maior
parte da camada pictórica permanece resistente e bem aderida ao bloco, haja vista que a escultura
sofreu repintura (100%) e reposição com gesso de estruturas faltantes, bem como reposição do
madeiramento que reveste a peanha. Cabe destacar a raspagem feita na face da Imagem após
repintura, retornando à coloração original. A repintura, aplicada de forma intensa e pouco suave,
apagou muitas deteriorações existentes antes da intervenção, principalmente desprendimentos de
fragmentos, abrasões, fissuras e sujidades aderidas. Revela traços de pincelada em várias
superfícies, muitas destas rugosas e/ou irregulares, como observam-se nas laterais da face, queixo,
panejamento e atributos. Foram observadas sujidades aderidas e superficiais (poeira e excremento
de inseto) e de contato com umidade em determinadas partes da imaginária (manchas escuras e
claras), concentrando-se, sobretudo, nos sulcos formados pelas dobras do panejamento e nas
junções das diversas partes constitutivas da obra, como entre os dedos das mãos e dos pés, entre a
face e o cabelo, entre os atributos e as vestes e sobre a peanha.
A Imagem de Santa Bárbara, ainda que reconstituída, necessita de intervenção visando à sua
conservação e restauração a ser executada por pessoas capacitadas, técnicos ou especialistas,
aptos a avaliar todos os agentes envolvidos nos processos de degradação vigentes, identificando
mais detidamente suas causas e conseqüências.
Belo Horizonte, 20 de novembro de 2009.
______________________________________
Cristiano Augusto Possas de Oliveira
Historiador – MG 11330018
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO PARA O BEM TOMBADO
Após análises históricas, técnicas, estilísticas, das condições de guarda, segurança e
acondicionamento da Imagem de Santa Bárbara, e ainda, levando-se em consideração seu estado de
conservação atual, traçamos algumas diretrizes de intervenção com vistas a prolongar a vida útil da
imaginária, bem como garantir condições adequadas de guarda, acondicionamento, manuseio e
segurança, compatíveis com sua importância enquanto Bem Cultural Móvel integrante do patrimônio
do município de Engenheiro Caldas.
1. Toda e qualquer intervenção que venha a ser feita no Bem Cultural tombado, seja ela um simples
retoque ou uma restauração mais elaborada, deve antes ser comunicada pelo responsável pela
Igreja Matriz de Santa Bárbara ao Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Engenheiro
Caldas;
2. O Conselho supracitado deverá requerer um comprovante da habilitação e um Curriculum Vitae
do(s) técnico(s) a serem contratado(s) para a realização de intervenções;
3. Toda e qualquer intervenção que venha a ser feita no Bem Cultural tombado deverá ser
explicitada em um Projeto de Intervenção;
4. Ficará a cargo do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural a aprovação ou não de qualquer
Projeto de Intervenção proposto, podendo o supracitado Conselho contratar, por meio da
Prefeitura Municipal, técnicos que possam avaliar a necessidade, o teor, a quantidade e a
qualidade do Projeto de Intervenção proposto;
5. Todo e qualquer deslocamento físico que venha a ser feito no Bem Cultural tombado deve ser
comunicado pelo responsável pela Igreja Matriz de Santa Bárbara ao Conselho Municipal do
Patrimônio Cultural de Engenheiro Caldas, que deverá aprová-lo ou rejeitá-lo;
6. O Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, através da Prefeitura Municipal, deve contratar
anualmente um técnico especialista em conservação e restauração em bens móveis para avaliar o
estado de conservação do Bem Cultural tombado. O profissional contratado deverá emitir um
Laudo Técnico sobre o estado de conservação do Bem tombado.
7. As informações contidas no Laudo Técnico deverão ser levadas em consideração quanto a
possíveis intervenções a serem realizadas visando à preservação do bem ora tombado;
8. Como a Imagem de Santa Bárbara apresenta-se quase inteiramente conservada, não é
necessário que se reduza ou se restrinja seu manuseio e exposição. Entretanto, após as análises
conceitual e do estado de conservação realizadas, devem ser tomadas medidas preventivas,
como limpeza superficial constante de todo o suporte com pincel, justamente para se evitar
quaisquer degradações ou danos irreparáveis.
9. Ainda que a Imagem de Santa Bárbara tenha sofrido processos de restauração e conservação,
estes não foram executados de forma primorosa ou por técnico especializado. Recomendamos
que sejam tomadas medidas visando a total recuperação da Imagem de Santa Bárbara, inclusive
com restauração de suas características originais, sobretudo da face, carnação e dos atributos
inerentes à Imagem da Santa.
10. A Imagem de Santa Bárbara deve ser incluída em projetos de Educação Patrimonial, visando o
reconhecimento de seu valor por parte da população e, principalmente, pelos alunos da rede
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
54
IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
pública de ensino. Lembramos que a Imagem se encontra exposta sobre o altar-mor da Igreja
Matriz de Santa Bárbara, edificação em processo de tombamento municipal, hoje ponto de
referência para a população de Engenheiro Caldas pela sua imponência e pela importância
simbólica devido à própria instituição católica. A divulgação da imaginária dentro de projetos de
Educação Patrimonial só tem a contribuir para despertar a consciência da comunidade local a
respeito da necessidade de conservação da mesma.
11. A limpeza do altar-mor, local de guarda e exposição da Imagem de Santa Bárbara, deverá ser feita
sem a utilização de quaisquer produtos químicos, panos molhados e vassouras. Deve-se consultar
um técnico ou especialista que indicará a melhor forma de se realizar a limpeza local, lembrandose que se recomenda o uso de trinchas macias, aspiradores de pó e panos secos em geral.
12. Produtos inflamáveis devem ser retirados das proximidades da Imagem de Santa Bárbara, bem
como fontes de calor, como fiação elétrica, lâmpadas e velas, para evitar acidentes com queimas.
13. A Igreja Matriz de Santa Bárbara deverá ser munida de extintores de incêndio de tipo e
quantidades especificadas de acordo com as recomendações gerais de especialistas (Corpo de
Bombeiros), devendo, inclusive, os responsáveis, solicitar revisão das condições gerais de
segurança locais e das instalações elétricas do templo. Os extintores deverão ser adequados aos
tipos de materiais envolvidos em possíveis sinistros e receber manutenção constante.
14. Recomendamos urgentemente que seja instalado na Igreja Matriz de Santa Bárbara o
equipamento de prevenção a invasões, depredações e a roubos, como câmaras de vigilância e
alarmes.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
ANEXO I – FICHA DE INVENTÁRIO
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
ANEXO II – DOCUMENTOS LEGAIS

Parecer sobre o tombamento elaborado pelo profissional responsável pela elaboração do
dossiê

Parecer sobre o tombamento elaborado por conselheiro integrante do Conselho Municipal
de Patrimônio Cultural

Notificação ao proprietário do bem informando o tombamento

Recibo de Notificação

Cópia da ata da reunião do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural aprovando o
tombamento.

Cópia do decreto do executivo tombando o bem cultural

Cópia da inscrição do bem cultural no Livro de Tombo Municipal

Cópia da publicação do ato do tombamento
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
PARECER TÉCNICO PARA O TOMBAMENTO DA
IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
A Imagem de Santa Bárbara, pertencente ao acervo da Igreja Matriz de Santa Bárbara do
município de Engenheiro Caldas, apresenta relevante valor histórico, simbólico e religioso que
permitem identificá-la como um Bem Cultural que merece ser tombado para que se efetive sua
preservação, conservação e valorização.
Santa Bárbara é a padroeira de Engenheiro Caldas, considerada um marco na história local,
que há quase 70 anos atrai fiéis de toda região para assistir missas e participar das festividades e
procissões em honra à gloriosa virgem e mártir com fé e devoção pelas principais ruas e avenidas da
cidade, especialmente em fins do mês de novembro a 04 de dezembro, quando acontece a Novena
de Santa Bárbara.
O levantamento para elaboração deste Dossiê não foi realizado nos dias de festividades da
padroeira. Entretanto, através dos depoimentos emocionados tomados de moradores participativos e
conhecedores da história social e religiosa da comunidade engenheiro caldense e pelo acesso que
obtivemos a uma importante publicação local, o jornal “Informativo Paroquial”, bem como aos seus
arquivos de imagens digitalizadas, fomos munidos de suficientes subsídios para afirmarmos o quanto
é engrandecerdor para o espírito dos fiéis católicos e devotos de Santa Bárbara a preparação e
participação da Novena.
A padroeira do município de Engenheiro Caldas representa uma parte importante da memória
e da história da população da cidade, pois, através dela, muitas pessoas transformaram o seu culto
num verdadeiro elo comunitário, reconstruindo um sentimento de identificação com as tradições da
região e do próprio município, bem como de união e respeito entre os moradores, nitidamente
percebidos na festividade em sua honra. Desse modo, o tombamento da imaginária proposto
somente terá sentido e validade se envolver a população, que de fato é a principal responsável pela
preservação e divulgação da herança cultural deste Bem.
Apesar das poucas referências a respeito da origem e procedência da Imagem de Santa
Bárbara, ela permanece desde meados da década de 1940 na memória dos habitantes de
Engenheiro Caldas, pois traduz o esforço e o sonho de seus pioneiros em consolidar a sua devoção a
partir da antiga capela onde prestavam-lhe homenagens e orações e a formação do atual município,
que primeiramente como povoado e posteriormente como distrito sempre adotou o nome da Virgem
Mártir.
Por ser essa devoção e carinho reveladores das origens do povoado que aos poucos se
emancipou, tem a Imagem de Santa Bárbara grande valor documental. Embora sem valor artístico
atestado, possui um imenso valor sentimental, na medida em que diz muito da devoção de um povo,
neste caso a população de Engenheiro Caldas.
O tombamento da Imagem de Santa Bárbara assegurará à comunidade engenheiro caldense
a continuidade da transmissão de seus saberes e fazeres religiosos ligados à tradição cristã, dando
maior viabilidade a esta devoção comunitária e explícita visibilidade ao seu apego afetivo à Santa
Bárbara.
Soma-se a isso o fato de que essa imagem é a primeira imaginária em gesso pertencente ao
atual acervo da Igreja Matriz, uma vez que as outras peças, todas de mesmo material, foram
incorporadas ao acervo em épocas posteriores. Portanto, foi pela representatividade da peça em
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
estudo que, por longos anos, os fiéis elevaram, consolidaram e propagaram a devoção a Santa e,
conseqüentemente, erigiram uma comunidade mais sólida e participativa.
Assim, para que o povo de Engenheiro Caldas possa manter estabelecido um elo de ligação
com o seu passado, com vistas à uma conscientização sobre o seu presente e a construção
promissora de seu futuro, e para que a comunidade possa prestar a devida homenagem a um bem de
tamanha importância histórica dentro de seu desenvolvimento, somos favoráveis ao tombamento
municipal da Imagem de Santa Bárbara.
Belo Horizonte, 20 de novembro de 2009.
_____________________________________
Cristiano Augusto Possas de Oliveira
Historiador – MG 11330018
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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Dossiê de Tombamento
ANEXO III - DOCUMENTOS DIVERSOS
1. Cópia da Programação da Novena de Santa Bárbara, publicada no jornal Informativo Paroquial em
novembro de 2004, página 05.
2. Cópia da Programação da Novena de Santa Bárbara, publicada no jornal Informativo Paroquial em
novembro de 2008, página 05.
3. Cópia do artigo “Novena de Santa Bárbara acontece com muita festa”, publicada no jornal
Informativo Paroquial em dezembro de 2008, página 06.
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ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
BIBLIOGRAFIA
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Engenheiro Caldas: Prefeitura Municipal, junho de 2009.
 ARO Arquitetos Associados Ltda. Plano de Inventário do Município de Engenheiro Caldas.
Engenheiro Caldas: Prefeitura Municipal, março de 2009.
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 BARBOSA, Waldemar de Almeida. Dicionário Histórico-Geográfico de Minas Gerais. Belo
Horizonte: Promoção da Família Editora, 1971.
 BARBOSA, Waldemar de Almeida. Os 250 anos de Minas Novas. Revista do Instituto Histórico e
Geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte, N. XVIII, 1981.
 BÍBLIA SAGRADA. A. T. 22ª ed. São Paulo: Editora AveMaria, 1976. 1600p.
 CARRATO, José Ferreira. Igreja, Iluminismo e escolas mineiras coloniais. São Paulo: Nacional,
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 ETZEL, Eduardo. Arte sacra popular brasileira: conceito, exemplo, evolução. São Paulo: c1975.
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 ETZEL, Eduardo. Imagem sacra brasileira. São Paulo: c1979. 157p.
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Engenheiro Caldas. Engenheiro Caldas, dezembro de 2007. p. 03.
 IEPHA/MG – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. Diretrizes
para a proteção do Patrimônio Cultural de Minas Gerais. Belo Horizonte: Instituto Estadual do
Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais.
 INFORMATIVO PAROQUIAL: um jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro Caldas.
Engenheiro Caldas, dezembro de 1999.
 INFORMATIVO PAROQUIAL: um jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro Caldas.
Engenheiro Caldas, janeiro de 2001.
 INFORMATIVO PAROQUIAL: um jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro Caldas.
Engenheiro Caldas, junho de 2002.
 INFORMATIVO PAROQUIAL: um jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro Caldas.
Engenheiro Caldas, setembro de 2003.
 INFORMATIVO PAROQUIAL: um jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro Caldas.
Engenheiro Caldas, dezembro de 2003.
 INFORMATIVO PAROQUIAL: um jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro Caldas.
Engenheiro Caldas, dezembro de 2008.
 INFORMATIVO PAROQUIAL: um jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro Caldas.
Engenheiro Caldas, novembro de 2004.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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 INFORMATIVO PAROQUIAL: um jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro Caldas.
Engenheiro Caldas, dezembro de 2007.
 INFORMATIVO PAROQUIAL: um jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro Caldas.
Engenheiro Caldas, novembro de 2008.
 INFORMATIVO PAROQUIAL: um jornal da Paróquia Santa Bárbara de Engenheiro Caldas.
Engenheiro Caldas, dezembro de 2008.
 LE GOFF, Jacques. As imagens cristãs. In: Dicionário Temático do Ocidente Medieval. Edusc,
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 LORÊDO, Wanda Martins. Iconografia religiosa: dicionário prático de identificação. Rio de
Janeiro: Pluri Edições, 2002.
 MIRANDA, Adeodata Silveira. Padre Engenheiro Caldas – MG: uma história que começou há
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 NOVA ENCICLOPÉDIA BARSA. – São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações, v.
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 OLIVEIRA, Luziane. Morro do Cruzeiro: um lugar de devoção e oração. Trabalho de Conclusão
de Curso de Turismo, Universidade Vale do Rio Doce. Governador Valadares, novembro de
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
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 <http://guiarj.biz/casa-sucena-ltda>. Acessado em: 17 de novembro de 2009
Entrevistas realizadas:
 Fonte Oral: Francisca Gonçalves Soares. Rua Joaquim Manoel Ribeiro, n°. 73, Centro,
Engenheiro Caldas. Entrevista concedida em 31 de outubro de 2009.
 Fonte Oral: Francisco Mariano Pinto. Rua Santo Antônio, n°. 49, Vila Rainha, Engenheiro Caldas.
Entrevista concedida em 31 de outubro de 2009.
 Fonte Oral: Genoveva Estanislau Rodrigues Costa. Rua Cristiano Gomes, n°. 51, Centro.
Engenheiro Caldas. Entrevista concedida em 31 de outubro de 2009.
 Fonte Oral: Laudicena Barbosa Coutinho. Rua Joaquim Manoel Ribeiro, n°. 73, Centro,
Engenheiro Caldas. Entrevista concedida em 31 de outubro de 2009.
 Fonte Oral: Maria da Penha Oliveira. Rua Duque de Caxias, n°. 222, Centro, Engenheiro Caldas.
Entrevista concedida em 31 de outubro de 2009.
 Fonte Oral: Nelson José Cruz. Rua Duque de Caxias, n°. 72, Centro, Engenheiro Caldas.
Entrevista concedida em 31 de outubro de 2009.
 Fonte Oral: Nilta Vicente Lima Carvalho. Avenida Santa Bárbara, n°. 55, Vila Rainha, Engenheiro
Caldas. Entrevista concedida em 31 de outubro de 2009.
 Fonte Oral: Raquel Lorena Lima Carvalho. Avenida Santa Bárbara, n°. 55, Vila Rainha,
Engenheiro Caldas. Entrevista concedida em 31 de outubro de 2009.
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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IMAGEM DE SANTA BÁRBARA
Dossiê de Tombamento
FICHA TÉCNICA
Equipe responsável pela realização do dossiê:
ARO Arquitetos Associados Ltda
CREA MG 28.859
CNPJ 04.544.819/0001-70
Inscrição Municipal 167.155.001-0
Av. Portugal, 2.085/loja 14, Pampulha,
Belo Horizonte - MG, CEP 31.555-000
TeleFax (31) 3491.1118/9157.9071
e-mail [email protected]
Levantamento e elaboração
Cristiano Oliveira
Historiador
RG. MG - 11330018
Colaboração/Agradecimentos
Equipe Técnica da Prefeitura Municipal do município de Engenheiro Caldas
Conselho Municipal do Patrimônio Cultural do município de Engenheiro Caldas
Apoio
Ariádne Mendes Estagiária Arquitetura e Urbanismo
Viviane Braga
Arquiteta Urbanista
RG. MG-9.243.721
CREA-MG 92.005
Orientação e revisão
Andrea Zerbetto
Arquiteta Urbanista
CREA-MG 69.616
Coordenação Geral
Rodrigo Torres
Arquiteto Urbanista
CREA-MG 75.598
Belo Horizonte, 20 de novembro de 2009.
______________________________________
Cristiano Augusto Possas de Oliveira
Historiador – MG 11330018
Responsável pelo levantamento e a elaboração
__________________________________________
Andréa Zerbetto
Arquiteta Urbanista – CREA-MG 69.616
Responsável pela orientação e a revisão geral
ENGENHEIRO CALDAS  MINAS GERAIS  BRASIL  NOVEMBRO 2009
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