um esclarecimento sobre a reversão do olhar sua importância na

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um esclarecimento sobre a reversão do olhar sua importância na
UM ESCLARECIMENTO SOBRE A REVERSÃO DO OLHAR
("EYE-ROLL" DOS AUTORES NORTE-AMERICANOS);
SUA IMPORTÂNCIA NA HIPNOLOGIA E NA PSIQUIATRIA.
A DEFESA DE UMA PRIMAZIA BRASILEIRA.
D R . DAVID AKSTEIN
R E S U M O
- Ao escrever e s t e t r a b a l h o o i n t e n t o do autor f o i o de c o l a b o r a r cora a l guma l u z para o esclarecimento de controvérsias e x i s t e n t e s em t o r n o do v a l o r do
" e y e - r o l l s i g n " . A observação do " o l h a r filo-hipnótico" a p a r t i r de 1957, e a observação r o t i n e i r a da reversão do o l h a r ( " e y e - r o l l " dos autores norte-americanos e
"les yeux révulses" dos a n t i g o s autores f r a n c e s e s ) a p a r t i r de 1965,durante as se£
s õ e s d e T e r p s i c o r e t r a n s e t e r a p i a (TTT), deram ao a u t o r o conhecimento da grande importância deste fenómeno como meio de investigação da s u s c e t i b i l i d a d e hipnótica e
de avaliação da profundidade do transe e, mais também,como um v a l i o s o instrumento
no campo da p s i q u i a t r i a . O autor considera t e r a p r i m a r i a de t e r sido o p r i m e i r o
hipnólogo (desde 1965) a c o r r e l a c i o n a r os graus de reversão do o l h a r com os níveis
de profundidade do t r a n s e . Todavia, somente a p a r t i r de 1967 e s t e f a t o passoua ser
documentado em seus t r a b a l h o s sobre a TTT ( A k s t e i n , 1967 A, 1967 C ) . A verificação
da reversão do o l h a r na TTT é f e i t a em pleno t r a n s e cinético, de modo d i r e t o e im£
d i a t o . E i s t o f o i mostrado em um f i l m e c o l o r i d o de 16mm. apresentado p e l o a u t o r era
Kyoto, J a p ã o , em 1967, durante o " I n t e r n a t i o n a l Congress For Psychosomatic M e d i c i ne and Hypnosis". O autor aborda o fenómeno da reversão do o l h a r no campo da fisi£
l o g i a (como fenómeno c o r r e l a c i o n a d o ã inibição p a r c i a l do córtex c e r e b r a l ) , no cara
po da p a t o l o g i a e de c e r t a s manifestações místicas e r e l i g i o s a s ( e s t a s últimas expressas em quadros e e s c u l t u r a s de famosos a r t i s t a s do passado). O a u t o r f a z uma
breve abordagem a r e s p e i t o das discussões polemicas r e l a t i v a s ao " e y e - r o l l
sign",
desde os t r a b a l h o s p i o n e i r o s de SPIEGEL e BRIDGER ( 1 9 7 0 ) , e de SPIEGEL ( 1 9 7 2 ) ; até
os de SPIEGEL e t a l . ( 1 9 7 5 ) , de ORNE e t a l . ( 1 9 7 9 ) , de HILGARD (1981 A; 1981 B ) , e
de FRISCUHOLZ e t a l . ( 1 9 8 1 ) .
- Y y T Antes dos homens de ciência terem dado atenção ao c u r i o s o fenómeno da r e versão do o l h a r ("eye-ro>l" dos autores norte-americanos e " l e s yeux tournés vers
l e c i e i " (*) dos a n t i g o s autores f r a n c e s e s ) , jã d i v e r s o s a n t i g o s a r t i s t a s da pintu^
ra e da e s c u l t u r a haviam r e g i s t r a d o em suas o b r a s , p r i n c i p a l m e n t e s a c r a s ,
aquela
r e f e r i d a modificação da posição dos olhos (ascenção da í r i s ) . Por exemplo, a escul^
t u r a de BERNIMI, "O Êxtase de S t a . Tereza", r e v e l a com grande e x p r e s s i v i d a d e a r e -
(*) Para este fenSineno, os a n t i g o s autores franceses usaram também expressões c o mo: " l e s yeux révulses" e " l e s yeux tournés vers l e h a u t " . Atualmente, cm f r a n
cês, tenho denominado de "révulsion o c u l a i r e " .
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versão do o l h a r daquela santa durante o seu estado de ê x t a s e , o qual e l a descreveu
como "um t r a n s p o r t e com o seu esposo", i s t o é , com C r i s t o {LEWIS, 1977).
A postura expressiva do i n d i v i d u o era êxtase parece t e r a t r a i d o p a r t i c u l a r
mente a atenção dos a r t i s t a s . Por i s s o , c r e i o que se deva v a l o r i z a r o d i t o de POIN_
CARÉ (1884) de que no êxtase o i n d i v i d u o se apresenta como "uma estátua e x p r e s s i va".
As p i n t u r a s de RUBENS, t a n t o a do museu de V i e n a , como a da I g r e j a de San
t o A m b r ó s i o , em G é n o v a , que parecem t e r s i d o executadas no mesmo ano, i s t o é , em
1620, mostram S t o . Inácio "curando endemoniados", i s t o é , possessos, os quais apre
sentam " l e s yeux revulsés" (Revista
Roche, 1954;. Tambira, em um quadro pintado por
JORDAENS, que se encontra no museu de B r u x e l a s , aparece Sao Martinho
exoreisando
um possesso (AKSTEIN, 1960, 1 9 7 3 ) , em que o fenómeno da reversão do o l h a r é bem pa
t e n t e . Da mesma f o r m a , em um quadro de RAPHAEL, "A Transfiguração", uma de
suas
mais importantes o b r a s , pertencente ao museu do V a t i c a n o , podemos v e r um jovem pos
sesso apresentando flagrantemente a reversão do o l h a r (Revista
Roahe, 1954). E muT
tos o u t r o s exemplos semelhantes se poderia d a r .
Diversos autores a n t i g o s , e n t r e e l e s BRIERRE DE BOISMONT ( 1 8 4 5 ) , f i z e r a m
referência ao c u r i o s o fenómeno dos "yeux tournés vers l e c i e i " observado nos i n d i víduos acometidos das c r i s e s de possessão, t a n t o i n d i v i d u a i s como c o l e t i v a s (epidê
micas).
E ^ f a t o b a s t a n t e constatado que, não sÓ no êxtase r e l i g i o s o , mas também no
êxtase artístico, o c o r r e a reversão do o l h a r . Um exemplo d i s t o é o que pode ser ob^
servado era c e r t o s cantores em determinados momentos de maior inspiração durante o
seu desempenho.
_ Os momentos de inspiração dos a r t i s t a s têm sido considerados corao momentos de ê x t a s e . Mas, realmente, podemos c o n s i d e r a r como sendo da mesma natureza
o
estado de êxtase e o estado de inspiração dos p o e t a s , dos p i n t o r e s , dos
artistas
em g e r a l , dos e s c r i t o r e s e dos grandes pensadores? - Eu c r e i o que s i m . T a i s indivT^
duos podem conseguir se concentrar de uma maneira preponderante na sua produção a r
t i s t i c a ou i n t e l e c t u a l , graças ao fenómeno da indução n e g a t i v a (indução recTprocaJ,
a qual os leva a um estado de abstraçSo que os a l h e i a completamente dos estímulos
perturbadores do mundo e x t e r i o r e i n t e r i o r [AKSTEm.
1973). BRIERRE
DE BOISMONT
(1845) escreveu que "todos os autores que tem f a l a d o do êxtase estão de acordo de
que nele hã uma exaltação mental levada a um a l t o g r a u " , i s t o é , n e l e "há uma concentração extrema do pensamento sobre um só p o n t o " .
Em f a c e deste conhecimento e, p r i n c i p a l m e n t e , dos p i o n e i r o s estudos
feitos ^or MONGRUEL ^ 1 9 4 6 ) , advoguei o emprego do t r a n s e e s p i r i t a a u t o - i n d u z i d o ( p s i cautonomo), dos médiuns de nossas s e i t a s e s p i r i t a s , p a r a , n e l e s , se o b t e r ou
se
aperfeiçoar a t i v i d a d e s c r i a t i v a s (artísticas, t é c n i c a s , p r o f i s s i o n a i s em
geral,
e t c . ) {AKSTEIN, 1961).
Durante o orgasmo e o pré-orgasmo também se pode observar ò fenómeno da r e
versão do o l h a r ( " e y e - r o l l " ou "révulsion o c u l a i r e " ) .
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De acordo com IVANOV-SMOLENSKY ( 1 9 5 5 ) . e s t a d o s fãsicos(*)
pronunciados
também surgem em cães como r e s u l t a d o de excitação s e x u a l . E i s t o f o i comprovado pe
los experimentos dos autores soviéticos GUBEBGRITZ, MAYOBOV, VIRZHIKOVSKyePAVLOVA
( 1 9 4 8 ) . Lembro-me que, quando jovem, ura f a t o me causou profunda impressão: a r e v e r
são do o l h a r de ura cão ao c o b r i r uma c a d e l a .
Considero que, t a n t o nos estados de êxtase (artístico e r e l i g i o s o ) , como
no de hipnose e nos estados de excitação sexual que precedem imediatamente o o r g a £
mo, e neste p r ó p r i o , a reversão do o l h a r ( " e y e - r o l l " ) , que neles surge em v a r i a d o s
g r a u s , e s t a r e l a c i o n a d a com um c e r t o nTvel de inibição do córtex c e r e b r a l . Os t r a balhos de SARGANT ( 1 9 7 5 ) , de LEWIS (1977) e de AKSTEIN (1973) procuram mostrar haver c e r t a s analogias e n t r e aqueles estados. Assim, alem da reversão do o l h a r ,
hã
neles uma inibição p a r c i a l do córtex c e r e b r a l , com manutenção de uma bem
limitada
e r e c e p t T v e l área de vigilância, o que f a c i l i t a neles a ação s u g e s t i v a
(AKSTEIN,
1965 A, 1973). SARGANT (1975) d i z que a s u g e s t i o n a b i l i d a d e é aumentada durante
a
relação sexual e o orgasmo, e que no c u l t o T ã n t r i c o , na Tndia.se praticavam r e l a ções sexuais para a obtenção do ê x t a s e . A união mística com Deus muitas vezes s i g n i f i c a v a a possessão por Deus,também em termos s e x u a i s , d e n t r o de c e r t o s conventos
na Idade M é d i a .
E n t r e t a n t o - devemos e s c l a r e c e r - a indução daqueles estados obedece r e s pectivamente a mecanismos d i f e r e n t e s , atende a o b j e t i v o s d i f e r e n t e s , com a manuteji
ção de comportamentos d i f e r e n t e s e terminação d i f e r e n t e .
Muito i n t e r e s s a n t e é o termo " o l h a r filo-hipnótico", que os membros da So
ciedade B r a s i l e i r a de Hipnose Médica empregavam em suas discussões jã durante
as
p r i m e i r a s reuniões da r e f e r i d a Sociedade, i s t o é , em 1957. Este termo, pouco usado
atualmente em nosso meio, tem s e r v i d o para i n d i c a r que uma pessoa cora o
referido
o l h a r é potencialmente h i p n o t i z a v e l . Este o l h a r se mostra espontaneamente em certos s u j e i t o s quando, durante uma explanação ou d i s c u s s ã o , sob c e r t a e m o ç ã o , apresentam c e r t o s t r e j e i t o s , e n t r e estes o de r e v i r a r os olhos para o a l t o .
E i n t e r e s s a n t e r e f e r i r a q u i , que uma das técnicas de indução hipnótica us£
das pelos a n t i g o s h i p n o t i s t a s franceses c o n s i s t i a em f a z e r o p a c i e n t e voluntária mente r e v i r a r os olhos bem para o a l t o , enquanto se i n s i n u a v a n e l e as
sugestões
h i p n õ g e n a s . BROUARDEL, c i t a d o por LAURENCE e PERRI
( 1 9 8 3 ) , a f i r m o u que era bem conhecida aquela manobra de r e v i r a r os olhos para cima para a obtenção do estado hi£
nótico em pacientes histéricos. Devo também f a z e r referência a q u i , a uma
técnica
de indução rápida, bem conhecida, a da reversão do olhar (AKSTEIN, 1 9 7 3 ) , na qual
se pede ao paciente p a r a , com as pálpebras abaixadas, v i r a r os olhos bem para o a l ^
t o . E n t ã o , neste j u s t o momento, de maneira a u t o r i t á r i a , d e s a f i a - s e o p a c i e n t e
a
l e v a n t a r as pálpebras. Assim, sobre uma incapacidade fisiológica ( i s t o e, a de l e v a n t a r as pálpebras enquanto os olhos estão em r e v e r s ã o ) , se cavalga as sugestões
hipnõgenas para a obtenção do i n i c i o do processo hipnótico ( c a t a l e p s i a p a l p e b r a l ) .
Não só nos transes cinéticos ( r i t u a i s e d a T e r p s i c o r e t r a n s e t e r a p i a ) , car a c t e r i z a d o s p r i n c i p a l m e n t e por movimentos, c o n t o r s õ e s , exaltações
psicomotoras,
e t c , mas também nos t r a n s e s e s t á t i c o s , se pode observar a reversão do o l h a r ( " e y e (*) Estados fãsícos da réatividade c o r t i c a l , e x i s t e n t e s e n t r e a vigília e o sono,
descobertos por PAVLOV. VOSKRESENSKY e CHICHLO, em 1915, e estudados por RASEN_
KOV (MSTEIN,
1965 A, 1973 ) .
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- r o l l " ) . E eu tenho as s i n a l a d o a Importância da reversão do o l h a r em meus
trabal h o s sobre a T e r p s i c o r e t r a n s e t e r a p i a (TTT) desde 1967 (AKSTEIN, 1967A, 1967 C) con
siderando aquele fenómeno como um dos mais I m p o r t a n t e s componentes da fenomenolog i a desta p s i c o t e r a p i a de grupo. Em um f i l m e , de 16 mm., c o l o r i d o - "Terpsichore t r a n c e t h e r a p y (TTT): A Group Psychotherapy Based on R i t u a l Possession" - que
foi
apresentado durante_0 "INTERNATIONAL CONGRESS FOR PSíCHOSOMATIC
MEDICINE AND HWNO
SIS",
em Kyoto, J a p ã o , em 1967, hã uma cena em que ê f e i t a a observação da
reversão do o l h a r em um pa c i e n t e para a aferição da profundidade de seu t r a n s e . Em v e r dade, considero t e r a p r i o r i d a d e de t e r s i d o o p r i m e i r o hipnólogo a c o r r e l a c i o n a r
os graus de reversão do o l h a r ( " e y e - r o l l " ) com os níveis de profundidade do t r a n s e .
Realmente, muitos anos de observação levaram-me a c o n c l u i r que a profundidade
do
transe cinético i t a n t o maior quanto mais acentuada é a reversão do o l h a r .
Testamos a profundidade do t r a n s e cinético levantando e abaixando mui rapi^
damente a pálpebra de um dos olhos do p a c i e n t e . E necessário, p o r é m , t e r - s e grande
h a b i l i d a d e para t e s t a r e s t e f e n ó m e n o , p r i n c i p a l m e n t e porque o p a c i e n t e está em movimento e se deve e v i t a r , naquele momento, que a entrada dos estímulos v i s u a i s pos
sa i n t e r r o m p e r o seu t r a n s e ( p r i n c i p a l m e n t e se o t r a n s e f o r l e v e ou de média prof u n d i d a d e ) . Se i s t o o c o r r e r , o transe deve ser imediatamente r e i n d u z i d o .
Os seguintes estágios podem se c l a s s i f i c a r de acordo com o grau de r e v e r são do o l h a r e x i s t e n t e durante os t r a n s e s cinéticos:
- sem t r a n s e (a íris está d i r i g i d a no s e n t i d o do e i x o h o r i z o n t a l ) ;
+ t r a n s e leve (1/3 de reversão do o l h a r ) ;
++ t r a n s e médio (2/3 de reversão do o l h a r ) ;
+++ t r a n s e profundo (reversão c o m p l e t a , i s t o i ,
mente aparece o seu h a l o i n f e r i o r ) .
a íris não aparece, ou so
A Terps1choretrancetherapy(TTT)foi criada por mim em 1965 e apresentada, no
mesmo ano, ã comunidade científica durante o Congresso I n t e r n a c i o n a l de Hipnose e
Medicina Psicossomática, em Paris (AKSTEIN, 1965 B ) . A TTT é uma p s i c o t e r a p i a
de
grupo n ã o - v e r b a l , c u j a criação se i n s p i r o u na extraordinária e benéfica
liberação
emocional que o c o r r e através dos t r a n s e s cinéticos r i t u a i s . Estes t r a n s e s r i t u a i s
têm sido observados por mim, e n t r e os adeptos das s e i t a s espíritas a f r o - b r a s i l e i ras da Unbanda, da Quimbanda e do C a n d o m b l é , durante muitos anos.
Creio que no B r a s i l se encontra o maior "laboratório" do mundo para obser
vação e estudo dos t r a n s e s r i t u a i s , t a n t o cinéticos como estáticos ( e s t e s ú l t i m o s ,
p r a t i c a d o s pelos médiuns k a r d e c i s t a s , seguidores da d o u t r i n a de ALAN KARDEC,
de
origem e u r o p e i a ) .
O mesmo t i p o de transe cinético r i t u a l que se observa no B r a s i l é observa^
do também e n t r e vários povos a f r i c a n o s e em alguns países americanos que, como
o
B r a s i l , sofreram a Influência c u l t u r a l dos escravos a f r i c a n o s , como sejam, H a i t i ,
Cuba, Jamaica, Porto Rico e Barbados, p r i n c i p a l m e n t e . Da mesma f o r m a , e n t r e os índ i o s A s s u r i n i s , do B r a s i l , e n t r e os índios S a l i s h , do C a n a d á , também se observa a
prática do transe cinético r i t u a l ; os d e r v i c h e s rodopiadores da Turquia e do E g i t o
p r a t i c a m igualmente o t r a n s e c i n é t i c o , p o r é m , sem possessão.
NA H T
NAO
HA QUALQUER ELEMENTO RELIGIOSO OU MlSTICO ENVOLVIDO.
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deísmo;
ção a n t i as emoções despertadas pele
Na TTT o operador não a p l i c a qualquer e s t i m u l o v e r b a l , e a induçãodo t r a j i
se cinético tem c e r t a s características que lembram as da indução da chamada hipnose a n i m a l .
Pela p r i m e i r a v e z , em 1967, EEGs foram r e g i s t r a d o s ã distância
(medição
t e l e m é t r i c a ) , de indivíduos em t r a n s e cinético r i t u a l e em t r a n s e cinético da TTT
(AKSTEIN,
1967 A, 1973). Estas medições foram f e i t a s pela equipe do I n s t i t u t o
de
E l e c t r o e n c e f a l o g r a f i a do Rio de J a n e i r o , cora aparelhos da A l v a r E l e c t r o n i c , de Par i s ( T e l e v a r e electroencefalÓgrafo de 8 c a n a i s ) . O o i s , e n t r e os d i v e r s o s pacientes da e x p e r i ê n c i a , ao serem induzidos ao t r a n s e cinético da TTT através de muito
rápidos movimentos r o t a t ó r i o s , desenvolveram c a t a p l e x i a durante uns poucos segundos. Um deles permaneceu c a t a p l e t i c o por 12 segundos, e o EEG mostrou abruptos s u r
tos d i f u s o s e b i l a t e r a i s de ondas s i n u s o i d a i s de 3 a 4 c/s i s o l a d a s ou em
grupos
(AKSTEIN,
1973). Esta a t i v i d a d e p a r o x T s t i c a em p a c i e n t e n o r m a l , cora prévio e post e r i o r EEGs normais, e sob condições normais e b a s t a n t e análoga a encontrada_ nos
EEGs o b t i d a s por SVORAD
(1956) em coelhos apresentando c a t a p l e x i a , ou inibição p £
r o x i s m a l , conforme e l e denomina.
O Segundo Sisteraa de Sinalização (29 SS), que é constituído p e l a l i n g u a gem,ou sinalizações v e r b a i s , somente opera na TTT através de associações i n t e r n a s ,
I s t o é , quando o p a c i e n t e concentra numa só i d e i a (monoideismo). Na TTT o i n d i v T áuo concentra num importante o b j e t i v o ou num a l t o i d e a l de sua v i d a (monoideia que
e l e próprio s e l e c i o n o u ) . Este monoideismo, que na TTT não e r e l i g i o s o ou m í s t i c o ,
como acontece na indução dos t r a n s e s r i t u a i s , t e m i m p o r t a n t e função na indução do
t r a n s e cinético da T T T . E n t r e t a n t o , e s t a função nao é s u g e s t i v a . Assim, a atuação
do monoideismo na indução do t r a n s e cinético decorre não p e l a ação do 29 SS, em s i ,
mas sim pelo f a t o de o monoideismo p e r m i t i r a instalação de uma zona de excitação
concentrada no córtex c e r e b r a l , r e s t r i t a e altamente r e c e p t T v e l . A p a r t i r da p e r i f e r i a desta área concentrada do processo e x c i t a t ó r i o , se d i f u n d e a inibição
corti
cal graças ao fenómeno da indução n e g a t i v a (A«5T£JAíJ.965 A,1973),Devo e s c l a r e c e r que õ
monoideismo é t a n t o mais intenso quanto mais o é o r e f l e x o de concentração (ou de
i n v e s t i g a ç ã o ) , o qual é a base fisiológica da a t e n ç ã o . A atenção corresponde a pre
v a l e n t e ativação de uma l i m i t a d a zona de vigilância c o r t i c a l pela "Formatio Retic£
l a r i s " (sistema r e t i c u l a r a t i v a d o r ascendente) (AKSTEIN,
1965 A, 1973).
Preciso também a c l a r a r que na TTT,já pouco antes da indução do transe,até
o f i m da s e s s ã o , todos os pacientes permanecem de olhos fechados. Desta forma, não
podendo observar o t r a n s e , uns dos o u t r o s , e assim, não havendo p o s s i b i l i d a d e
de
imitação, desenvolvem e l e s um t r a n s e com características personalíssimas (oque per
raite uma boa análise da personalidade dos p a c i e n t e s e uma melhor exploração d i a g nostica) .
EB razão de f i g u r a r o fenómeno da reversão do o l h a r ( " e y e - r o l l " ) como imp o r t a n t e meio (ou t e s t e ) para certificação do t r a n s e cinético da TTT e de a v a l i a ção de sua p r o f u n d i d a d e , e em função de s e r considerado nos E.E.U.U., a p a r t i r _ do
t r a b a l h o p i o n e i r o de SPIEGEL
e BRIDGER ( 1 9 7 0 ) , como um v a l i o s o s i n a l de
provável
s u s c e t i b i l i d a d e ã h i p n o s e , c r e i o s e r i m p o r t a n t e a p r e s e n t a r , a d i a n t e , algumas i n f o r
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mações esclarecedoras sobre a situação - i s vezes polémica - em que se
encontram
as pesquisas sobre o r e f e r i d o fenómeno nos E.E.U.U., bem como alguns dados o b t i d o s
através do estudo e da p r a t i c a da TTT.
O " e y e - r o l l t e s t " , segundo SPIEGEL
( 1 9 7 2 ) , é o b t i d o simplesmente fazendo
o indivíduo f i x a r o o l h a r bem para o a l t o , o mais que p o s s í v e l , mantendo a cabeça
era posição n o r m a l , i s t o é , v o l t a d a para a f r e n t e , e em seguida, a b a i x a r lentamente
as pálpebras; o grau de reversão é então anotado.
SPIEGEL
(1972) c i t o u a experiência de 2.000 c o n s e c u t i v o s casos, de o u t u bro de 1968 a junho de 1970. O estado de t r a n s e f o i graduado numa e s c a l a de O a 5
por meio do procedimento, em 10 m i n u t o s , do p e r f i l de indução hipnótica ( " H i p n o t i c
I n d u c t i o n P r o f i l e " ) , conforme e l e r e p o r t o u no " T h i r t e e n t h Annual S c i e n t i f i c
Meet i n g " da "American S o c i e t y o f C l i n i c a i Hypnosis", Miami Beach, F l ó r i d a , 1970.
O " e y e - r o l l " é c o r r e l a c i o n a d o com uma série de i t e n s , que c o n s t i t u e m
o
"Hypnotic I n d u c t i o n P r o f i l e " ( H I P ) , o q u a l , como d i z HILGABD (1981 A ) , é ordinária
mente usado para p r e d i z e r e medir a h i p n o t i z a b i l i d a d e , mas que se tem
empregado
unicamente a levitação do braço para o b t e r aquela correlação.
SILGARD
(1981 A) d i z que o " e y e - r o l l " f o i i n i c i a l m e n t e considerado
por
SPIEGEL
como uro s i n a l de predição de demonstrável h i p n o t i z a b i l i d a d e , mas que dep o i s , através de mais amadurecida experiência, observou qtie, d e n t r o do HIP, i h a v i a
muito baixâ correlação e n t r e o " e y e - r o l l " e o escore de indução ( " I n d u c t i o n
scor e " ) . O escore de Indução mede a performance hipnótica, "a gual mostra se a respo£
t a do p a c i e n t e e ou não c o n s i s t e n t e com a capacidade fisiológica". C r i t i c a n d o , HIL
GARD (1981 A) d i z que ò " e y e - r o l l " f o i " s a l v o " ao se intèrpretá-lo corao um
sinaT
de p o t e n c i a l hipnótico ou de " h i p n o t i z a b i l i d a d e não-utilizável". Segundo O C T E e t a l .
( 1 9 7 9 ) , o " e y e - r o l l s i g n " f o i h i p o t e t i z a d o para s e r uma medida da capacidade b i o lógica para a hipnose; o r e f e r i d o s i n a l é colocado como uma medida fisiológica ou
e s t r u t u r a l , mais do que um traço psicológico, sendo responsável pelo p o t e n c i a l do
i n d i v i d u o par« experimentar o transe h i p n ó t i c o .
Segundo FRISCHHOLZ
e t a l . ( 1 9 8 1 ) , vários autores têm mostrado « m a c o r r e i a
ção e n t r e o HIP e a " S t a n f o r d Hypnotic S u s c e p t i b i l i t y S c a l e , Form C(SHSS:C)". D i zem e l e s que, de f a t o , o HIP e um m u l t i - i t e m t e s t e , composto de 5 i t e n s (que revelam a s u s c e t i b i l i d a d e h i p n ó t i c a ) . O " I n d u c t i o n score" e o b t i d o mediante a soma d e £
t e s c i n c o i t e n s . Afirmam que o " I n d u c t i o n score" e substancialmente c o r r e l a t o com
a SHSS:C. T a m b é m , os mesmos autores dizem que HILGARD não c o n t e s t a o v a l o r clínico
do " e y e - r o l l sign"(ERS). pois HILGARD, em seu l i v r o "HYPNOSIS IN THE RELIEF
OF
PAIS" (E.R. HILGARD and J.J.HILGARD.lá.
W i l l i a m Kaufman, Chicago, 1 9 7 5 ) ,
reporta
una correlação e n t r e os graus de reversão do o l h a r (Eye R o l l Grades) e o bem suce
dido tratamento com acupuntura; i s t o é i n t e r p r e t a d o como sugerindo um p a r a l e l i s m o
e n t r e hipnose e acupuntura na redução da d o r .
O ERS tem s i d o d e f i n i d o também como um i n d i c a d o r de m a n i f e s t a r e s p o n s i v i dade hipnótica ou um s i n a l biológico da capacidade de hipnótica. E n t r e t a n t o , SPIEGEL (1972) também observou que o ERS e um f a l s o I n d i c a d o r p o s i t i v o da h i p n o t i z a b i l i d a d e ero aproximadamente 252 das vezes. Assim, conforme dizem FRISCHHOLZ
eta l .
1 9 8 1 ) , um s u j e i t o pode t e r os necessários a t r i b u t o s biológicos para n e l e se 1nst£
ar a h i p n o s e , mas a l g o pode e s t a r bloqueando a h a b i l i d a d e do s u j e i t o para expressar sua capacidade. Em consequência, se c r i o u a classificação de " i n t a c t and non-
- 26 -
i n t a c t p r o f i l e grade c a t e g o r i e s " . Exemplo: um p o s i t i v o ERS e uma manifesta respon
s i v i d a d e ã hipnose indicam que uma pessoa tem o necessário p o t e n c i a l biológico pa~
r a a hipnose e é capaz de expressá-lo. Todavia, "a n o n - i n t a c t p r o f i l e score" ( i s t o
ê , ura p o s i t i v o ERS e sem a manifesta responsividade a hipnose) i n d i c a que uma pessoa tem o necessário p o t e n c i a l biológico, mas que alguma coisa está bloqueando
a
sua capacidade hipnótica.
SPIEGEL e t a l . (1975) têm procurado demonstrar que o b l o q u e i o do
potenc i a l da capacidade hipnótica é a p r e s e n ç a d e uma condição p s i c o p a t o l o g i c a . E x p e r i e n
c i a s u t i l i z a n d o b a t e r i a s de t e s t e s psicológicos e análises c o r r e l a c i o n a i s mostraram, segundo FRISCHHOLZ e t a l . ( 1 9 8 1 ) , a correção daquele ponto de v i s t a .
Crêem,
estes a u t o r e s , que seriam necessárias duas avaliações para uma adequada
apreciação estatística, i s t o é , antes e após a remoção ou diminuição do r e f e r i d o b l o q u e i o .
O que quer d i z e r também, antes e depois de um tratamento que tenha sido e f i c a z na
anulação ou redução do mencionado b l o q u e i o .
HILGARD (1981 B ) , acertadamente se r e f e r e ã i n s t a b i l i d a d e nas correlações
e n t r e o HIP e a SHSS:C como dependente das circunstâncias da experimentação.
Sem d ú v i d a , variações ou i n s t a b i l i d a d e nos r e s u l t a d o s das
experiências
hipnóticas podem ser consequência de várias circunstâncias t a n t o do meio e x t e r n o co
mo do meio i n t e r n o , que envolvem as sessões de hipnose: condições psicopatológicas;
condições fisiológicas (fome, sede, m e n s t r u a ç ã o , p l e n i t u d e g á s t r i c a , i n t e s t i n a l ou
v e s i c a l , e t c ) ; m á s condições do ambiente ( c a l o r ou f r i o e x c e s s i v o s , r u i d o s , inse
t o s , mal c h e i r o , e t c ) ; ma p o s t u r a ; d i f i c u l d a d e s psicológicas (mal " r a p p o r t " , defT
ciência da m o t i v a ç ã o , e t c ) ; variação de ambiente;_variaçao do horário das sessões;
deficiência ou f a l t a da atenção expectante; deficiência e variação da técnica h i p nótica.
Na h i p n o s e , pelos padrões usuais, a estimulação verbal é de básica impor tância. Assim, o conteúdo ideológico do e s t i m u l o verba.], com o seu poder de genera
U z a ç a o e de abstração, pode i n f l u i r decisivamente para f a z e r v a r i a r os r e s u l t a d o s
de uma experimentação para o u t r a .
Após todas essas apreciações, tem-se melhor base para mostrar como o t r a n
se cinético pode ser considerado um e x c e l e n t e meio para a q u i l a t a r o j u s t o v a l o r da
reversão do o l h a r ( " e y e - r o l l " ) . í p r e c i s o d i z e r que, aqueles f a t o r e s
circunstanc i a i s do mundo e x t e r i o r e do mundo i n t e r i o r , aos quais eu me r e f e r i um pouco atrás,
também podem t e r influência na indução e na aprofundizaçao do t r a n s e cinético
da
TTT^ Todavia, o mais importante e s t i m u l o , o e s t i m u l o v e r b a l , nao tem qualquer i n fluência sugestiva na indução e na aprofundizaçao do r e f e r i d o t r a n s e (não sendo,
p o r t a n t o , ura possível f a t o r p r o p i c i a d o r de i n s t a b i l i d a d e ) . l£so facto,
a_ c o r r e l a ção da indução e da profundidade daquele t r a n s e com a reversão do o l h a r é bem mais
estável.
Enquanto a reversão do o l h a r ( " e y e - r o l l " ) é considerada como uma
"marca
biológica" {HILGARD, 1981 A ) , (*)o transe cinético ( r i t u a l e da TTT) pode ser expressado como "um acontecimento biológico", o qual v i s a a'defesa ou proteção psico
(*) Julgo que seja,inais que tudo,uma marca genética,considerando,por exemplo que,ao
observar o_transe cinético de irmãos, tenho v e r i f i c a d o que, coincidentemente ,
atingem idênticas profundidades, reveladas pelo mesmo grau de ascençãoda íris.
SPIEGEL{\S11)
tem ponto de v i s t a idêntico ao meu, ao d i z e r que é genética a ca
pacidade para o t r a n s e .
- 27 -
biológica (inibição p r o t e t o r a ou de d e f e s a , na linguagem reflexolÓgica ou p a v l o v i a
n a ) . E eu tenho acentuado a importância desta função de p r o t e ç ã o , nos estudos que
tenho f e i t o das bases históricas e sócio-culturais dos t r a n s e s r i t u a i s com e
sem
possessão {AKSTEIN.
1961, 1967A, 1967B. 1967 C, 1970, 1973,1974,1977,T982A.1982B).
Este c o n c e i t o de inibição p r o t e t o r a produzido pelo estado de t r a n s e tem s i d o defeji
dido também por SARGANT (1975) e por RICHEPORT
(1978, 1980).
Conforme rainhas observações e a de colegas que têm t r a b a l h a d o com a TTT,
as graduações da reversão do o l h a r no t r a n s e cinético da TTT estão c o r r e l a c i o n a d a s
com os níveis de profundidade d e s t e . E o mesmo o c o r r e com relação aos t r a n s e s c i n e
t i c o s r i t u a i s , os quais têm s i d o observados por mim durante m u i t o s anos.
Na T e r p s i c o r e t r a n s e t e r a p i a a verificação da reversão do o l h a r é d i r e t a e
i m e d i a t a , i s t o é , durante o próprio t r a n s e ( f e i t a com os cuidados q u e e u jã meneio
n e i ) . Observa-se, e n t ã o , a reversão do o l h a r , c o r r e l a c i o n a n d o a posição da íris com
a provável profundidade do t r a n s e . Corroborando a nossa o b s e r v a ç ã o , os
pacientes
nos informam, "a p o s t e r i o r i " , sobre sua impressão s u b j e t i v a da p r o f u n d i d a d e d o t r a r i
s e , sendo que o u t r o s dados, também r e v e l a d o r e s da profundidade dó t r a n s e , sao o b t T
dos d e n t r o da fenomenologia da TTT, e todos e l e s sao anotados numa f i c h a ( F i c h a n"?
2).
Devo aqui mencionar que, através de observações f e i t a s d u r a n t e
muitos
anos, tenho podido também c o n s t a t a r , em p a c i e n t e s sob o estado de hipnose
comum,
uma correlação e n t r e o grau d e p r o f u n d i d a d e de sua hipnose e o grau de reversão do
o l h a r ( " e y e - r o l l " ) . A observação da reversão do o l h a r é f e i t a de modo h á b i l , cuida^
doso, e tambéra de modo d i r e t o e i m e d i a t o , levantando-se e abaixando-se, mui r a p i damente, a pálpebra de um dos alhos do p a c i e n t e h i p n o t i z a d o . C r e i o que toda esta
questão deva s e r melhor estudada e submetida a adequados e x p e r i m e n t o s .
SILGARD
1981 A) r e f e r e - s e ãs d i f i c u l d a d e s a c h a d a s n o seu estudo comparado (discrepâncias .acreditando serem consequência da deficiência da m o t i v a ç ã o , de
uma situação psicopatolÓgica ou de uma d e f i c i e n t e a t e n ç ã o .
Realmente, estes três f a t o r e s são fundamentais no c o n t e x t o
da
u s u a l , mas também o são com r e s p e i t o ao t r a n s e cinético r i t u a l e da TTT.
hipnose
Nas graves condições psicopatológicas há sempre deficiência ou f a l t a
de
a t e n ç ã o , i m p o s s i b i l i t a n d o a instalação t a n t o da usual hipnose como do t r a n s e cinét i c o . E esta i m p o s s i b i l i d a d e tem s i d o considerada como um i m p o r t a n t e dado
dentro
da investigação d i a g n o s t i c a daquelas condições {RICHEPORT,
1980; AKSTEIN,
1982 A,
1982 B; PORTAL,
1983).
Em todos os p a c i e n t e s , nos q u a i s desejamos a p l i c a r a hipnose comum ou
o
t r a n s e c i n é t i c o , fazemos previamente o t e s t e da reversão do o l h a r e
verificamos
também o grau de sua atenção voluntária.
Abro aqui um l i g e i r o p a r ê n t e s e , para i n f o r m a r que o t e s t e da reversão do
o l h a r que a p l i c o f o i c r i a d o com base na minha experiência. Em verdade, ha sÕ
uma
pequena diferença e n t r e e l e e o " e y e - r o l l t e s t " {SPIEGEL,}97Z),
mas que c o n s i d e r o
i m p o r t a n t e . Assim, eu peço ao paciente.com o r o s t o v o l t a d o para mim, para e l e v a r o
mais a l t o possível o seu o l h a r , e p a r a , e n t ã o , neste j u s t o momento, a b a i x a r l e n t a mente as pálpebras (os indivíduos mais tensos fecham os olhos mais r a p i d a m e n t e ) . E
- 28 -
p r e c i s o , de qualquer modo, que o operador hipnótico tenha c e r t a a g i l i d a d e para obs e r v a r , em um curto espaço de tempo, se o p a c i e n t e apresenta ou nao a reversão do
olhar e em que grau. E importante d i z e r que não o r i e n t o o p a c i e n t e para que permaneça com o o l h a r v o l t a d o para o a l t o enquanto e l e abaixa as pálpebras (como o c o r r e
ho " e y e - r o l l t e s t " ) . Oizemos-lhe única e simplesmente para a b a i x a r lentamente
as
p á l p e b r a s . Dessa maneira,poder-se-á observar uma espontânea e v e r d a d e i r a reversão
do o l h a r .
Um doente manTaco-depressivo ou um esquizofrénico (em fase p r o d u t i v a ) , p o r
exemplo, não entrarão em t r a n s e cinético mesmo que tenham p o s i t i v o o t e s t e da r e versão do o l h a r , p o i s o "complexo fenómeno da atenção" e s t a d i s t u r b a d o . O r e f l e x o
de investigação (de orientação ou de concentração) c o n s t i t u i a base fisiológica da
a t e n ç ã o , e está c o r r e l a c i o n a d o ao monoideismo (AKSTEIS,
1955 A, 1973).
Os mais a n t i g o s hipnÓlogos jã sabiam que, "sem atenção não há h i p n o s e " .
Novamente e n f a t i z o que na.indução e condução do t r a n s e cinético d a T J T n ã o
hã ação sugestiva v e r b a l , como acontece na usual h i p n o s e , na qual esta ação é p r i n o r d i a l , i s t o e, em que o conteúdo semântico da p a l a v r a , compondo geralmente
estratégias p s i c o l ó g i c a s , pode r e p r e s e n t a r toda a r e a l i d a d e i m e d i a t a do ambiente externo e i n t e r n o .
Na TTT, após a indução do t r a n s e , a atenção dos pacientes está v o l t a d a pa
r a os estímulos rítmicos produzidos pelo tambor. Uma conversação m a r g i n a l , dos aux i l i a r e s e/ou dos o u t r o s p r e s e n t e s , pode mesmo i r r i t á - l o s , levando-os i n c l u s i v e a
s a i r do t r a n s e .
Acredito que o t r a n s e cinético se c o n s t i t u i na medida mais c o r r e t a e e f i caz para a comprovação da correlação e n t r e a reversão do o l h a r ( " e y e - r o l l " ) e
a
capacidade h i p n ó t i c a , J e v a n d o - s e em conta que um bom p a c i e n t e para o transe cinéti^
co ( r i t u a l e da TTT) e sempre um bom p a c i e n t e para a usual h i p n o s e , e v i c e - v e r s a .
E n t r e t a n t o , c o n t r a r i a m e n t e , o t r a n s e hipnótico usual não se c o n s t i t u i na melhor me
dida para se comprovar a correlação e n t r e a reversão do o l h a r e a capacidade hipno
t i c a , devido exatamente ãs d i f i c u l d a d e s - que jí apontamos a n t e r i o r m e n t e - que podem envolver as sessões de hipnose comum. Também c r e i o que podemos, eu e o u t r o s cio
legas que trabalhamos com a TTT. dar uma contribuição ao e s c l a r e c i m e n t o do
valor
clínico do "eye-roll s i g n " . Assim, e n t r e os p a c i e n t e s que, apesar de terem p o s i t i vo o t e s t e da reversão do o l h a r , não t â n , e n t r e t a n t o , a capacidade para e n t r a r
no
transe c i n é t i c o , encontramos esquizofrênicos. b o r d e r l i n e s , psicóticos manTaco-dep r e s s i v o s , neuróticos fÓbicos g r a v e s , compulsivo-obsessivos, depressivos em
fase
aguda e neuróticos com excessiva ansiedade. .
Minha experiência tem mostrado que grande p a r t e dos p a c i e n t e s psicóticos
que têm sido i n t r o d u z i d o s na TTT, antes de terem o b t i d o a remissão de seus s i n t o mas psicopatolõgicos, geralmente procuram s i m u l a r que estão em t r a n s e , e comumente
simulam muito bem ... Todavia, durante a s e s s ã o , ao se l e v a n t a r a pálpebra de
um
de seus o l h o s , se observa que não há ascenção da í r i s .
FAJARDO (1896) c i t o u as observações f e i t a s por VOISIlt em 1888,o qual a f i r
•ou t e r obtido bons r e s u l t a d o s com pacientes a l i e n a d o s . Mas, analisando-se a
casuística apresentada por aquele hipnólogo f r a n c ê s , pode-se observar que nela
não
há nenhum destes doentes incluídos. J á , há multas d é c a d a s , BíWHEiMilSIO),
na Fran
ç a , FAJARDO ( 1 8 9 6 ) , no B r a s i l , e muitos o u t r o s , afirmaram ser impossível a h i p n o t T
- 29 -
zação de pacientes com alienação m e n t a l . BERNHEIM ( 1 9 1 0 ) , por exemplo, confessou o
f r a c a s s o de seu tratamento nestes casos: "Durante suas c r i s e s os a l i e n a d o s s ã o , em
g e r a l , d i f í c e i s , s e n ã o , i m p o s s í v e i s de serem h i p n o t i z a d o s . " . . . "Mas, a d o e n ç a , e l a
mesma e sua e v o l u ç ã o , n ã o sao i n f l u e n c i a d a s . Ainda mesmo que se cheguea h i p n o t i z a r
os a l i e n a d o s , no i n t e r v a l o das c r i s e s , eu não c r e i o que se possa p r e v e n i r o r e t o r no d e s t a s " .
Considero bem válida a classificação de " i n t a c t and n o n - i n t a c t p r o f i l e ç £
t e g o r i e s " , segundo SPirCfX ( 1 9 7 5 ) . Realmente, o b l o q u e i o , nesta última
categoria,
pode ser a l i v i a d o ou r e t i r a d o mediante a administração de d r o g a s , conforme
informam FRISCHHOLZ e t a l . ( 1 9 8 1 ) , e conforme também minha e x p e r i ê n c i a . Dessa f o r m a , t a i s
d o e n t e s , após a remissão de seus sintomas p s i c o p a t o l õ g i c o s , podem ser i n d u z i d o s ao
transe c i n é t i c o , podendo mesmo a t i n g i r a máxima p r o f u n d i d a d e ,
* * *
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En écrivant ce t r a v a i l T i n t e n t i o n de T a u t e u r a i t é de c o l l a b o r e r
ctonnant quelque lutniçre pour e c l a i r c i r des controverses qui e x i s t e n t cn r e l a t i o n
de
l a v a l e u r de l a révulsion des yeux ( " e y e - r o l l " des auteurs a m e r i c a i n s ) . L'observation routinière de l a révulsion du regard,_^ã_^partir de 1965, durant l e s
sessiórts
de Terpsichoretransethérapie (TTT), a donn? ã 1'auteur l a connaissance de l a grande importance de ce phénomSne comme moyen dMnvestigation de l a s u s c e p t i b i l i t e hip
notique et d'estitnation de l a profondeur de l a t r a n s e , e t a u s s i , coinneunexcelienT
instrument dMnvestigation dans l e champ de l a Psychíatrie. L ' a u t e u r
considere
a v o l r ê t é l e premier hypnologue (depuis 1965) 5 c o r r e l e r l e s d e g r i s de l a révulsion
du regard avec l e s niveaux de profondeur de l a t r a n s e . Cependant c"èst seulemeht ã
p a r t i r de 1967 que ce f a i t a êté documente dans ses travaux s u r l a TTT. La v i r i f i cation d e j a révulsion du regard e s t f a l t e en pleine transe c i n é t i q u e , e t c e l a
a
êté fflontré dans un f i l m en couleur, de 16 mm., presente par 1'auteur i Kyoto, J a pon, en 1967, pendant 1'"International Congress f o r Psychosomatic Medicine and Hyp
n o s i s " . L'auteur aborde l e phénomène de l a révulsion du regard dans l e chamg de l a
physiologle (comme phénomène correlé a l ' 1 n h i b i t i o n p a r t i a l e du córtex c e r e b r a l ) ,
dans l e champ de l a pathologie et de c e r t a i n e s manifestations mystiques e t
rellgieuses (ces derniéres exprimées par des tableaux e t des s c u l p t u r e s d ' a r t i s t e s f a mçux du p a s s e ) . L'auteur f a i t un bref abordage au s u j e t des d i s s e n s i o n s polemiques
r e l a t i v e s i 1'"eye-roll s i g n " depuis l e s travaux i n i t l a u x de SPIEGEL et BRIDGER.
-
S U M M A R Y
-
The author of t h i s paper aimed a t throwing some l i g h t on
controversies
concerning the value of eye reversal ( e y e - r o l l , as U.S. s p e c i a l i s t s c a l l i t ) . Routlne observation of eye r e v e r s a l , s i n c e 1965, during Terpsichoretrancetherapy(TTT)
s e s s i o n s , gave the author first-hand knowledge of t h e g r e a t Importance of t h i s phe
nomenon as a means of i n v e s t i g a t l o n of hypnotical s u s c e p t i b i l i t y and of evaluátion
of trance depth. S t i l l more, i t i s a l s o a valuable i n v e s t i g a t o r y tool I n the
domains of P s y c h i a t r y . The author claims to be the f i r s t hypnologist (1965) to c o r r e
l a t e the degrees of eye reversal ( e y e - r o l l ) with trance depth leveis.However.these
findings began to be documente only i n 1967 i n the author's w r i t i n g s . E y e - r o l l i s
tested during the k i n e t i c t r a n c e , and i t was filmed I n c o l o u r , 16 mn., and presented by the author I n 1967 a t Kyoto's " I n t e r n a t i o n a l Congress f o r Psychosomatic Med i c i n e and Hypnosis". The author d i s c u s s e s eye reversal ( e y e - r o l l ) from the physio
l o g i c a l standpoint (as a phenomenon c o r r e l a t e d with p a r t i a l i n h i b i t i o n of the c e r e bral c ó r t e x ) , from the pathological point of view, and from the angle of
certain
mystic and r e l i g i o u s manifestations (the l a t t e r depicted i n p a i n t i n g s and s c u l p t u res o f faroous a r t i s t s of the p a s t ) . The author f i n a l l y d e a l s i n b r i e f with the po
lemical d i s c u s s i o n s on the eye-roll sign s i n c e the f i r s t w r i t i n g s o f SPIEGEL
anff
BRIDGER.
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