Capa Revista TV Escola 22
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PUBLICAÇÃO FINANCIADA COM RECURSOS DO SALÁRIO-EDUCAÇÃO ADMINISTRADOS PELO FNDE Nº 22 MARÇO/ABRIL 2001 DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO TURMA DA TABUADA DESEMBARCA NO ENSINO FUNDAMENTA EXPERIÊNCIAS CONVERSAS delicadas Escolas Escolas do do Rio Rio Grande Grande do do Norte Norte ee de de São São Paulo Paulo adotam adotam novos novos conceitos conceitos no no trabalho trabalho de Orientação Sexual. de Orientação Sexual. Maria Lúcia e seus alunos, na Escola Estadual Carlos Molteni, de Suzano, São Paulo Ministério da Educação SECRETARIA SECRETARIA DE DE EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO A A DISTÂNCIA DISTÂNCIA CARTA DO EDITOR Presidente da República Federativa do Brasil Fernando Henrique Cardoso Ministro da Educação Paulo Renato Souza Secretário-Executivo Luciano Oliva Patrício Secretário de Educação a Distância Pedro Paulo Poppovic PROGRAMA TV ESCOLA Ministério da Educação Secretaria de Educação a Distância Conselho editorial Avelino Romero Simões Pereira Carmen Moreira de Castro Neves Cícero Silva Júnior Claudia Rosenberg Aratangy Iara Glória Areias Prado José Roberto Sadek Lilian Oswaldo Cruz Pedro Paulo Poppovic Rogério de Oliveira Soares Tania Maia Magalhães Castro Vera Lucia Atsuko Suguri Coordenador editorial Cícero Silva Júnior Edição ESTAÇÃO DAS MÍDIAS [email protected] Editor Claudio Pucci Produtora Márcia Maykot Colaboradores Bianca Antunes, Claudia Piccazio, Doris Fleury, Rachel Dantas Fotógrafos Michele Mifano, Paulo Pepe, Vera Jursys Projeto gráfico Elifas Andreato Edição de arte e produção gráfica Casa Paulistana de Comunicação Editoração Maria Aparecida Alves da Silva, Narjara Salomão Lara Teixeira Digitalização de imagens Paulo Ladeira Revisão Gisele Esteves Prado Fotolito e impressão Posigraf A REVISTA TV ESCOLA É UMA PUBLICAÇÃO BIMESTRAL DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MEC Caixa postal 9659 CEP 70001-970, Brasília, DF fax (0_ _61) 410.9178 e-mail [email protected] [email protected] site www.mec.gov.br/seed/tvescola TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 300 MIL EXEMPLARES COM DELICADEZA É difícil lidar com questões ligadas à sexualidade na escola. Pode ser terrível lidar com manifestações de sexualidade associadas à agressividade, se não à violência – fato comum em escolas de todo o País. É grande, ao mesmo tempo, o risco do conservadorismo que, ao tentar reprimir essas manifestações, reprime a própria sexualidade. Não é menor o risco da omissão, justificada pela impossibilidade de sequer tocar no assunto, afinal tão delicado. Mas é grande o número de casos de gravidez precoce e de doenças sexualmente transmissíveis (as DST), sem falar no perigo permanente da Aids. O que fazer? O problema não é só da escola, mas cabe à escola oferecer orientação sexual – não à toa definida como um dos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, por sua importância e urgência. E é nos PCN que escola e professores podem encontrar a melhor orientação para refletir e trabalhar, articulando sua ação com a prática pedagógica. Leia, por exemplo, o que se diz, na página 301 dos PCN/Temas Transversais – Orientação Sexual, sobre as manifestações de sexualidade associadas à agressividade: “São indicadores da necessidade (dos alunos) de discutir abertamente um assunto que causa ansiedade, desperta dúvidas e expressa uma nova vivência para eles: a do relacionamento sexual.” Ou, na página 311, sobre as capacidades a serem desenvolvidas nos alunos: entre outras, “compreender a busca de prazer como um direito e uma dimensão da sexualidade humana”, “conhecer e adotar práticas de sexo protegido” ou “proteger-se de relacionamentos sexuais coercitivos ou exploradores”. E segue. Não é fácil. Mas muitas escolas estão enfrentando essas questões, com franqueza e sensibilidade, como relata a repórter Dóris Fleury na seção Experiências. O trabalho é desenvolvido por diversos meios: dinâmicas corporais, programas da TV Escola e, principalmente, muitas conversas, delicadas. Claudio Pucci Neste número Nº22 MARÇO ABRIL 39 SLOGAN 40 E TEM MAIS 2001 5 8 CARTAS Em Tocantins, a revista TV E SCOLA é usada para elaborar sugestões de trabalho com vídeos; no Rio Grande do Norte, a programação ajuda a construir um projeto de intercâmbio. 22 Escolhido o slogan da TV Escola. Foi sugerido por um professor de Educação Física e surfista de Imbituba, SC. A TV Escola é, a partir de agora, “o canal da educação”. EXPERIÊNCIAS Orientação Sexual em Dr. Severiano, interior do Rio Grande do Norte, e Suzano, na Grande São Paulo. Seed lança o novo Guia de programas da TV Escola; primeira turma de professores do Proformação recebe diploma; o Salto para o futuro conquista mais audiência. E tem mais. DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO São muitas as atrações, como as séries Quando o mundo falava árabe, Expresso Brasil e a divertida Turma da tabuada, na qual as operações básicas são ensinadas para alunos do 1º ciclo do ensino fundamental. FOTO DA CAPA: MICHELE MIFANO 35 ENTREVISTA A professora Maria Elizabeth de Almeida explica o que são projetos e como trabalhar com eles. PÁGINA 4 2 ÚLTIMA Professora deixa a escola, mas continua alfabetizando. Orgulho de ser conterrâneo Oi gente! Sou coordenadora na Escola Profa. Aldenora Alves Correia e aluna do 3º ano de Pedagogia na Universidade Federal de Tocantins – Unitins. Venho por meio desta grande revista parabenizar toda a equipe da TV Escola pela força que está dando a todas as escolas do Brasil. Quero também congratular os profissionais e alunos do Centro de Ensino Médio Ary Ribeiro Valadão Filho, o Arizinho, da cidade de Gurupi, TO (reportagem Computador e TV agora juntos, edição 20, de agosto/setembro de 2000). Parabéns a todos que lutaram com fé, dignidade e união para instalar as salas que dão aos alunos mais estímulo ao estudo. A este povo, o nosso orgulho de sermos conterrâneos. À equipe da revista TV ESCOLA, o nosso sincero abraço por nos ter coberto de alegrias pelo destaque dado a nosso Estado. Maria do Carmo Ribeiro dos Santos EE Prof a. Aldenora Alves Correia, Tocantinópolis, TO Não tem reprise dos filmes nacionais? Uma salva de palmas: é isso que merece a iniciativa de passar nossos bons filmes nacionais. Aproveito a oportunidade para pedir uma informação: os filmes que passam no domingo são reprisados em algum outro dia? Estava buscando esta informação no calendário da programação, mas não a encontrei. Os filmes da série a Redescoberta do cinema nacional são de Escola Aberta, a programação de fim de semana da TV Escola dirigida à escola e comunidade e não são reprisados durante a semana. Queremos língua estrangeira Gostaria em primeiro lugar de parabenizá-los pelos excelentes programas exibidos no corrente ano. No entanto, pude perceber que não há programas dedicados à Língua Estrangeira (Inglês) para o ensino fundamental. Os professores da escola onde leciono sentem dificuldade em trabalhar tal disciplina sem um material de apoio. Conceição Celeste de Almeida Stellet Auxiliar de biblioteca e videoteca EE Professora Ruth França, Magé, RJ Que bom que você está gostando da programação. Pena que, por enquanto, a TV Escola não tenha programação de Língua Estrangeira. Dêem mais ênfase ao uso da TV Escola Gostaria que as pequenas cidades, principalmente Caicó, dessem mais ênfase ao uso da TV Escola; que alguns problemas técnicos, como falha nos equipamentos, fossem consertados mais rapidamente e que um professor fosse liberado apenas para este fim. Fernando Bueno Marcos Medeiros por e-mail [email protected] Caicó, RN [email protected] Caicó e todas as pequenas ou grandes cidades do País podem contar com o apoio da Seed, por meio dos programas transmitidos às escolas, da revista TV ESCOLA, das grades, cartazes, cadernos e livros, dos encontros e oficinas realizados periodicamente nos Estados e, agora, do curso A TV na Escola e os Desafios de Hoje, que começa a ampliar o atendimento à demanda dos professores por capacitação. Com estes recursos e ações, trabalhamos para estimular e orientar as escolas a usar cada vez mais a TV Escola. Não podemos, infelizmente, reparar equipamentos – cabe à escola fazer isso, recorrendo a técnico autorizado, de preferência da empresa da qual foram comprados os kits. Não podemos também determinar que um professor seja liberado para trabalhar só com a TV – isto depende da escola e da política de recursos humanos dos Estados e municípios. As secretarias de Educação podem ajudar. As estaduais têm, inclusive, profissionais que cumprem a função de coordenadores de educação a distância, a maioria atuando também como coordenadores da TV Escola. Eles têm feito um bom trabalho em favor do programa e das escolas. Você conhece o coordenador do Rio Grande do Norte? Fale com ele. É o professor Ivanildo Quirino do Nascimento. Telefone: (084) 232.1438 ou 232.1436. E-mail: [email protected]. E leia reportagem, na seção Experiências, sobre o trabalho de uma escola de Dr. Severiano, em seu Estado. Questão de minutos Consultando a grade de programação mensal da TV Escola, constatei que V. Sas. estão usando símbo- los errados para explicitar a duração dos eventos. Na realidade, V.Sas. estão utilizando o símbolo para minuto de arco (‘) e para segundo de arco (“) de uma circunferência. O símbolo para minutos e segundos de tempo deve ser escrito de outra forma; por exemplo, 60min00s e não 60’00”. Como tanto a revista quanto a TV Escola estão voltadas para a educação de milhares de pessoas, achei oportuno fazer este comentário com o intuito de colaborar. Luiz Carlos Gomes professor de Física Colégio Militar e Colégio Anchieta Porto Alegre, RS por e-mail [email protected] A forma como grafamos o tempo de duração dos programas é correta, professor. Os sinais usados não integravam, originalmente, o Sistema Internacional de Unidades – SI. Mas, consagrados pelo uso, passaram a ser aceitos desde a Conferência Geral de Pesos e Medidas de 1969. Consideramos, além disso, mais simples de ler e anotar, por exemplo, 7’20”, do que 7min20s. Programas disponíveis em outros canais Gostaria de pedir que a concorrência fosse deixada de lado e o canal da TV Escola fosse disponibilizado também para outras redes de TV por assinatura, como a Direct TV. Sou professor universitário e gostaria de ver certos programas da TV Escola, pois há muita coisa do ensino médio COMENTÁRIOS, CRÍTICAS, DÚVIDAS, SUGESTÕES, RELA TOS DE EXPERIÊNCIAS, RELAT PROPOST AS DE PROPOSTAS INTERCÂMBIO COM SEUS COLEGAS que também é interesse do ensino universitário. A didática do ensino é fundamental ao desempenho docente em qualquer nível. Jairo R. Ferracioli por e-mail [email protected] A TV Escola só é transmitida por satélite banda C, em sinal não codificado e captado por antenas parabólicas. Estamos estudando a ampliação da transmissão de nosso sinal para outros sistemas, incluindo cabo e DTH (parabólica digital). No momento não estamos autorizados a ceder nosso sinal para qualquer empresa de televisão por assinatura. Temos, no entanto, um convênio de permuta, firmado com sete emissoras, que as autoriza a transmitir programas produzidos pela TV Escola: TV Cultura de São Paulo, TVE/Brasil, TV Minas, TV Senac, TV Futura, TV Senado, MultiRio, Sest/Senat e NBR (Radiobrás). Depois de tanta expectativa, me decepcionei Depois de ter enviado relato da experiência que tive com alunos de 6ª e 7ª séries do ensino fundamental, fui informado por correspondência que minha mensagem seria enviada para a redação da revista TV ESCOLA. Passados alguns meses recebi telefonema da repórter Dóris Fleury, informando que o material iria ser publicado na edição nº 20, faltando MINHA EXPERIÊNCIA Criei minhas próprias receitas Sou professora da rede pública estadual do Estado de Tocantins e atualmente trabalho na videoteca da Escola Estadual Novo Horizonte. Acompanho a programação da TV Escola todos os dias e leio as revistas e cadernos que chegam a nossa escola. São todos de um valor inigualável. Ao tomar conhecimento das muitas experiências de vários colegas que estão espalhados por este nosso imenso país, resolvi enviar também o relato de minha experiência, que desenvolvi juntamente com os professores e coordenadores pedagógicos. Eu tinha muitos problemas quando os professores usavam o vídeo com seus alunos, pois muitos achavam que ele poderia substituí-los em sala de aula. Para resolver a questão, comecei a montar sugestões de trabalho a partir da revista TV ESCOLA. E mais: passei a criar minhas próprias sugestões. Gravei “receitas de bolo” da programação e desenvolvi algumas idéias de como trabalhar a interdisciplinaridade a partir delas. Tenho também sugestões de como trabalhar com músicas e propagandas. Foi desta forma que conseguimos aumentar e melhorar muito o uso dos programas, do vídeo e a qualidade do ensino. ESCREVA SUA P ALA VRA PALA ALAVRA É IMPOR TANTE IMPORT Alaídes Pinheiro da Silva Escola Estadual Novo Horizonte, Palmas, TO POR CORREIO Caixa Postal 9659, CEP 70001-970, Brasília, DF POR FAX (0_ _61) 410.9178 POR E-MAIL [email protected] .br [email protected] apenas os originais das fotos, que foram enviadas com urgência e satisfação. Após algum tempo de expectativa, na certeza de encontrar um bom artigo na revista, decepcionei-me ao constatar que foi editada uma resumida carta que, inclusive, omite dados importantes como o que se refere a 300 fotografias tiradas pelos alunos e 40 faixas educativas espalhadas pela cidade. Marcos Alves de Andrade Colégio Sá Nunes, Vitória da Conquista, BA Perdoe, Marcos, se o decepcionamos. Houve certamente um mal-entendido na conversa com nossa repórter. Nem tudo que é enviado pelos leitores à Redação é publicado, e o que é pode ter maior ou menor destaque. Montamos estudos das experiências Sou coordenadora e diretora de uma escola de educação infantil e ensino fundamental até a 4ª série. Por meio da revista TV ESCOLA montamos um roteiro de estudos das experiências relatadas. Nós nos reunimos, escolhemos um relato ou outro assunto, lemos e abrimos para comentários e discussões. É uma análise das práticas apresentadas, onde podemos discutir erros, acertos, novos encaminhamentos etc. Paralelo à leitura, assistimos aos vídeos e com eles desenvolvemos o mesmo processo de discussão em grupo. Professores estão mais capacitados com o Salto Nosso colégio, situado no centro da cidade de Divinópolis do Tocantins, TO, é a maior escola de ensino fundamental e médio do município. No início de 1998, começamos a gravar os programas e hoje contamos com um acervo considerável de fitas. A maior parte dos professores tem integrado o uso da TV Escola em seus projetos. Com o apoio e o esforço conjunto de direção, coordenação e professores, a TV Escola vem crescendo em audiência. Buscamos a participação tanto dos alunos quanto da comunidade local, que tem a oportunidade de usar os vídeos. Alunos e professores do colégio João Dias. No mês de agosto de 1999 foi implantado o Teleposto, possibilitando mais capacitação e aprendizagem aos professores e alunos do Magistério, por meio do programa Salto para o Futuro. Outro aspecto é a troca de experiência entre escolas. Na revista nº 17, de maio/junho de 1997, observamos a experiência da Escola de Sobradinho, em São Thomé das Letras, no sul de Minas. Ficamos tão encantadas com o trabalho que resolvemos entrar em contato para um intercâmbio. Eles, prontamente, se dispuseram a nos receber. Viajamos em junho de 2000, com as turmas de 4a série envolvidas num projeto de história e cultura da nossa cidade. Foi uma experiência inesquecível. Marta Christina Motta Macedo Carvalho Escola Municipal de Lacerdina, Carangola, MG Desde o início do ano 2000, toda a comunidade escolar mobilizou-se em torno de projetos interdisciplinares. Dois merecem destaque: o Retrospectiva Brasil 500 Anos, que estudou formas de governo, economia, cultura e literatura brasileiras de 1500 a 2000; e o projeto Água Limpa, desenvolvido pelas professoras da 3ª série do ensino fundamental, juntamente com seus alunos, para a semana do Meio Ambiente. DÊ SEU NOME COMPLETO, NOME DA ESCOLA, ENDEREÇO, TELEFONE, SÉRIE E ÁREA DISCIPLINAR. SE NÃO ESTIVER DANDO AULA OU NÃO FOR PROFESSOR, INDIQUE FUNÇÃO E LOCAL DE TRABALHO, COM NOMES E ENDEREÇOS COMPLETOS TAMBÉM. Maria José de Araújo Custódio Orientadora de aprendizagem Colégio João Dias Sobrinho, Divinópolis do Tocantins, TO , SE PREFERIR LIGUE PARA Cartas com telefone ou fax podem ter resposta mais rápida, SIL O FALA BRA independente de publicação na revista. 1 0800.61.616 Visite o site da TV Escola na Internet: www.mec.gov.br/seed/tvescola DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO ÉTICA ÍNDIA: REPÚBLICA DAS CRIANÇAS Programa selecionado, na Grade da programação , para o ensino fundamental Transmissão: 22 de março Realização: Point du Jour. França,1999 Direção: J. Klotz Duração: 25’08” Colorido Áreas conexas: Pluralidade Cultural, Geografia Indicada para atividades com alunos de 3ª a 8ª séries RESUMO O NG indiana mobiliza crianças para reivindicar seus direitos e lutar contra o trabalho infantil. Elas administram a entidade e são preparadas para, no futuro, mudar a realidade de seu país. O documentário mostra problemas da sociedade indiana, como o casamento precoce das meninas, discutidos pelas próprias crianças. DICAS T rabalhar com este programa pode ser uma boa oportunidade para você explorar conteúdos do tema transversal Ética em aulas de História ou Geografia – especialmente o conteúdo justiça, como está proposto nos PCN de 1ª a 4ª (Apresentação dos Temas Transversais e Ética, pág. 102) e de 5ª a 8ª (Temas Transversais , pág. 95) Índia: República das Crianças mostra a vida de uma população infantil e adolescente que tem grandes dificuldades de sobrevivência, mas que movimentase, em luta coletiva, para transformar sua realidade. Mais importante ainda, o programa possibilita o debate sobre a 8 questão do trabalho infantil – tão familiar, muitas vezes, aos alunos, sem que seja abordada em sala de aula. Uma forma de aproximação com a realidade apresentada pelo vídeo é fazer com os alunos diversas leituras de mapas e textos. Neste momento, podem entrar em cena alguns recursos auxiliares, dependendo da série e de seus objetivos: • Mapa político da Índia para localizar o Rajastão — região indiana onde aconteceu o Congresso das Crianças apresentado no programa. • Mapa-múndi para verificar a distância entre a Índia e o Brasil, e outros países conhecidos pela turma. • Informações sobre densidade demográfica, índices de natalidade e mortalidade infantil dos dois países. Os dados podem ser comparados, estabelecendo semelhanças e diferenças entre as realidades dos dois países. • Filmes que ampliem o conhecimento sobre as realidades indiana e brasileira (Ghandi e Central do Brasil, por exemplo). • Trechos do Estatuto da Criança e do Adolescente, para que sejam lidos e compreendidos pelos alunos. (Se você tem computador e acesso à Internet, visite sites como o da Unicef para obter mais rápido o texto do Estatuto: www.unicef.org/brazil/eca01.htm) • Trechos da Declaração dos Direitos da Criança, da ONU. (Se voce você tem computador e acesso à Internet, visite sites como o da Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da USP: www.direitoshumanos.usp.br/ principal.html) Índia: república das crianças • Entrevista com professores, supervisores, funcionários, pais e diretoria da escola para coleta de dados sobre o trabalho escolar. Assim, pode-se discutir os trabalhos diferenciados de alunos e professores; • Pesquisas e enquetes com pessoas ligadas a ONGs, igrejas e Conselhos Tutelares das comunidades, visando levantar dados sobre a situação dos direitos de crianças e adolescentes e, eventualmente, criar projetos solidários para resolver problemas desta população. A partir dos dados obtidos neste primeiro momento, o professor poderá lançar uma série de questionamentos aos alunos para provocar um debate. É importante que eles pensem nas questões éticas relativas ao trabalho infantil – na questão da justiça, especialmente –, porém, sem cair em juízos de valor apressados e compreendendo plenamente as causas políticas e econômicas deste problema. No caso deste vídeo, o professor deve lembrar que esta ONG fez uma escolha bastante controvertida. As crianças que ela atende não estão livres do trabalho infantil. Optou-se por educá-las e conscientizá-las, para que possam lutar pelos direitos da próxima geração. Será essa uma escolha correta? Que outras alternativas poderiam ser levantadas? No programa, muitas crianças trabalham ajudando suas famílias, que, de outra forma, teriam sérias dificuldades para sobreviver. Em que este trabalho infantil é diferente do que acontece, por exemplo, numa tecelagem? As famílias devem ser punidas por utilizar o trabalho de seus filhos? E o dono da tecelagem? E os adultos que, aqui no Brasil, exploram a mendicância das crianças? E os pais que colocam seus filhos para trabalhar na lavoura desde pequenos – às vezes em trabalhos difíceis e perigosos? Quem é culpado pela situação dessas crianças? TVE SCOLA DEBA TE DEBATE Dependendo do desdobramento do trabalho e do envolvimento dos alunos, os professores poderão organizar um amplo debate na escola sobre a importância da Educação, com autoridades e representantes de entidades. Caso precise de mais informações, entre em contato com o escritório central da Unicef em Brasília (SEPN 510, Bloco A, Edifício Inan, 2o andar, Brasília, DF, CEP 70750-530, tel. (061) 348-1900, ou com a Agência Nacional dos Direitos da Infância (SDS, Edifício Boulevard Center, Bloco A, sala 101, Brasília, DF, CEP 70391900, tel. (061) 322-6508. Veja também: Índia no Século 20, exibido na programação da TV Escola deste bimestre (leia Outras atrações). PCN/Temas Transversais – Ética, já transmitido anteriormente. Leia também: Trabalho em debate (vários autores, organização de Márcia Kupstas, Editora Moderna, São Paulo, 1997) da coleção Debate na escola. ESCOLA EDUCAÇÃO EDUNET Série selecionada, na Grade da programação, para o ensino fundamental Transmissão: 16 de abril Realização: TV Ontário,Ontário. Canadá, 1997 Direção: David Moore Duração: 4 programas de cerca de 11’ Colorido Indicada para atividades de capacitação de professores de todas as séries do ensino fundamental RESUMO A Internet, seus recursos e atividades que podem ser desenvolvidas as partir dela. TVE SCOLA São quatro programas: 1. Apresentando a Internet – Mostra como, e em que momentos, os alunos podem procurar informações na rede. 2. Passeios virtuais na Internet – Apresenta estratégias de busca e alguns sites, como os que permitem dissecar sapos virtualmente ou fazer um passeio por um museu. 3. Pesquisando na Internet – Mostra programas educativos que podem ser baixados no computador da escola e explica como funcionam os sites de busca. 4. Comunique-se via Internet – Expõe um dos aspectos mais atrativos da rede: a comunicação a distância por meio de textos e fotos. DICAS O s programas desta série podem ser exibidos em reuniões de capacitação de professores, como pretexto para uma discussão sobre o significado das tecnologias na tarefa docente. Após a exibição de cada vídeo, pode-se fazer uma parada para algumas indagações importantes sobre o papel do computador e da Internet na escola: Como incluir o computador e a Internet nos projetos de trabalho? O que muda no papel do professor, com a presença dos meios tecnológicos? Como lidar com a autonomia do aluno que, literalmente, dá as costas ao professor enquanto navega na Internet? Como manter a prática construtivista na nova situação? O objetivo da aula de capacitação é discutir as possibilidades que podem ser exploradas no processo de ensino-aprendizagem – até para diminuir os receios do professor em relação à tecnologia. Assim, os professores podem se apropriar de ferramentas para enriquecer seu trabalho em sala de aula. Entretanto, é importante também que eles tenham consciência da tarefa do educador, que é a de formar pensadores e construir uma história com seus alunos – o que não se faz apenas com as máquinas. ALUNO SUJEITO No uso da Internet, cada aluno deve se colocar como sujeito do processo – se é que é preciso estimulá-los a isso. A rede pode então se tornar um instrumento com Edunet o qual se busquem informações para ampliar o seu conhecimento da realidade, registrando no computador produções próprias que sistematizem o que aprenderam. Ao final de uma ou mais reuniões, cada professor pode ir ao computador e registrar numa frase o que se aprendeu no encontro. Estas frases poderão ser o início de um texto coletivo sobre o assunto, trabalhado no Word e, quem sabe, socializados pela Internet, com colegas de outras escolas. CIÊNCIAS O MACACOHOMEM! Programa selecionado, na Grade da programação, para o ensino fundamental Transmissão: 19 de março Realização: La Sept / Ar te, França, 1998.Ar te. França, 1998 Direção: Nathalie Borgers Duração: 40’ Colorido Áreas conexas: Ética Indicado para atividades com alunos de 7ª a 8 ª séries do ensino fundamental RESUMO A s pesquisas mais recentes sobre a inteligência dos macacos, particularmente os chimpanzés. A partir da década de 60, estas pesquisas demonstraram que várias habili- 9 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO dades antes consideradas exclusivamente humanas podem ser aprendidas por estes animais. Chimpanzés treinados aprenderam a linguagem dos surdo-mudos, inclusive comunicando-se entre si. Em experiências posteriores, foram capazes de assimilar um alfabeto de mil sinais. Também demonstraram ser capazes de raciocínio, inventando soluções originais para problemas, sem passar pelo processo de tentativa e erro. DICAS Pesquisas recentes na mesma área abordadas pelo vídeo mostram que os chimpanzés e outras espécies de macacos muitas vezes vivem em sociedades sofisticadas, com intrincados códigos de convivência entre famílias, tribos etc. Este é um campo novo e fascinante da Ciência, que dificilmente deixará de interessar os alunos. Leia também: Macacos,Macacos (Dráuzio Varella, São Paulo, Coleção Folha de São Paulo, 2000). DICAS O documentário pode ser exibido e trabalhado por professores de Ciências. É uma chance de introduzir alguns referenciais de Biologia, especialmente na 8a série, para ampliar a visão científica dos alunos e estimulá-los à continuidade dos estudos. De acordo com os PCNs, o último ano do ensino fundamental é um bom momento para que os alunos ampliem sua compreensão da história da vida no planeta e de sua relação com a Teoria da Evolução. O documentário também possibilita aos professores discutir os métodos da pesquisa científica. E ARTE O S JARDINS DO PARAÍSO Programa da série Palhetas, selecionada, na Grade da programação , para o ensino fundamental OUTROS ANIMAIS Depois da exibição do documentário, os alunos podem fazer observações e registros do comportamento de outros animais; estudos sobre o cérebro humano e seu desenvolvimento; discussões e leituras da sexualidade animal e humana (similaridades e diferenças, importância do vínculo afetivo, função de manutenção das espécies); importância da comunicação e da linguagem na vida humana. Transmissão: 23 de abril Realização: La Sept Ar te. França, / Ar te, França, 1997 e 1997 / 1990 Direção: Alain Jauber t Duração: 29’38’’ Áreas conexas: História Indicado também para atividades com o ensino médio. alunos de 2ª e 7ª séries do ensino fundamental RESUMO A O macaco-homem! 10 Os jardins do paraíso ar te das miniaturas persas: ilustrações de margens, capas e corpo do texto de livros produzidos no Irã medieval. Nas páginas desses manuscritos, são utilizadas diversas formas de expressão artística, da caligrafia ao desenho. A série Palhetas, à qual per tence este documentário, aborda diversos momentos da História da Arte, apresentando produções significativas de cada período. ste vídeo é especialmente indicado para dois momentos do ensino fundamental: a 2a e a 7a série. Ele deve ser exibido aos poucos, para que o contexto histórico e os conceitos artísticos que apresenta sejam discutidos com os alunos. Neste sentido, o professor de História pode planejar um trabalho conjunto de pesquisa com a 7a, localizando e contextualizando o momento histórico em que esta forma de arte começa a ser produzida na Pérsia (atual Irã). Em Ar te, o trabalho pode começar com uma discussão sobre o olhar estético. Por que o homem tem necessidade de ornamentar, de tornar belos até os mais corriqueiros objetos da vida cotidiana? Em seguida, pode-se propor e negociar com a classe a produção de livros ilustrados. O objetivo é fazer com que o aluno perceba a possibilidade de se relacionar com o livro, não apenas como leitor, mas também como produtor. Mas o trabalho tem contornos diferentes, conforme a série. INTERESSE VISUAL Na 2a série, os alunos acabaram de ser alfabetizados. Quando começam a escrever, a caligrafia funciona quase como ilustração de seus desenhos e pinturas. Em crianças dessa idade, o interesse pela parte visual dos livros é muito grande; para eles, são as ilustrações que narram a história. Levando isto em conta, pode-se propor que os alunos da 2a série construam livros ilustrados com textos acessórios. As ilustrações poderão combinar TVE SCOLA diversos recursos, como colagem, caligrafia, pintura, desenhos etc. O mesmo tipo de livro pode ser construído pela 7a, tendo como público-alvo os alunos do 1o e 2o ciclos, e utilizando recursos ainda mais sofisticados. Assim, eles ganham uma oportunidade de voltar a este momento da sua aprendizagem. MEIO AMBIENTE NEBLINA – ESTRANHAS ILHAS NO CÉU Programa selecionado, na Grade da programação, para o ensino fundamental e ensino médio Transmissão: 8 de março Realização: Tele Images, França, 1999.Images. França, 1999 Direção: Antoine de Maximy e Henri Herré Duração: 51’45” Colorido Áreas conexas: Ciências, Geografia Indicado para atividades com alunos de 3ª e 6ª séries do ensino fundamental água. O documentário mostra também os cuidados da equipe científica para não perturbar, com suas pesquisas, o delicado equilíbrio ecológico da região. DICAS O documentário se adapta melhor ao trabalho com 3a e 6a série do ensino fundamental – dois momentos onde o aluno toma contato com o conceito de cadeia ecológica. Na 6a série, pode-se também introduzir as noções de simbiose, parasitismo e outras formas de associação entre seres vivos. Uma boa idéia é levar os alunos a construir – dentro de vasos, aquários etc, – pequenos ecossistemas com diversas espécies de plantas e animais, como minhocas ou besouros. Esses hábitats poderão ser observados diariamente pelas crianças, que registrarão, por exemplo, o desaparecimento de uma espécie, ou a predominância de outra sobre as restantes, testando hipóteses para descobrir por que tudo isso está acontecendo. Trabalhando em conjunto com a área temática de Ciências, o professor de Geografia pode levar os alunos a localizar, conhecer e identificar outros ecossistemas no mundo que apresentem características interessantes do ponto de vista evolutivo; ou locais onde existam espécies que pararam de evoluir há muito tempo (uma boa sugestão é procurar na Oceania). EQUILÍBRIO ECOLÓGICO RESUMO E xpedição científica franco-americana visita região da selva amazônica, localizada entre os rios Amazonas e Orenoco. Neste local – isolado há milhões de anos por suas condições geológicas – vivem estranhas plantas e animais, cujas inter-relações (simbiose, parasitismo etc) são muito mais estreitas que as de outros ecossistemas. Ali é possível achar, por exemplo, um minúsculo sapo de três centímetros, com chifres e “mãozinhas”, que salta o estágio de girino e já nasce pronto. Ou uma espécie que parece um coleóptero, mas tem guelras e é capaz de respirar dentro ou fora da TVE SCOLA Seria interessante, também, discutir a postura dos cientistas, que se preocupam o tempo todo em não perturbar o equilíbrio ecológico da região que estão visitando. Assim, os alunos serão encorajados a adotar posturas semelhantes em suas vidas. Por exemplo, eles podem pesquisar sobre a filosofia do turismo ecológico e levantar locais no Brasil onde ele seja praticado. Quais são as normas para as visitas dos turistas nestes locais? Os alunos poderão levantar um conjunto de regras básicas, a serem consultadas na próxima vez que fizerem um passeio a uma reserva natural. Outro aspecto interessante do vídeo é o trabalho dos cientistas que vão a campo para colher dados. Esta é uma boa oportunidade para falar da pesquisa científica, tão necessária e tão pouco valorizada como opção de carreira. Uma boa idéia é trazer um pesquisador da área de ciências biológicas (que atue numa universidade, por exemplo) para conversar com os alunos e explicar como é o seu trabalho. Importante LEIA A GRADE Escolha os programas que quer usar. GRAVE OS PROGRAMAS E guarde as fitas na videoteca para posterior utilização. Para catalogar, você pode usar como referência o Guia de programas da TV Escola. USE EM CAPACITAÇÃO Todos os programas podem ser usados como recurso de capacitação e aperfeiçoamento dos professores. USE COM OS ALUNOS Nas dicas de atividades com alunos apresentadas nesta seção, levam-se em conta objetivos e conteúdos curriculares de cada série do ensino fundamental (ou médio). A maioria dos vídeos pode, no entanto, ser usada em outras séries, com diferentes abordagens. OS PROGRAMAS SÃO REPRISADOS NAS FÉRIAS Acompanhe a Grade de férias. Neblina – estranhas ilhas no céu 11 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO março / abril SALTO PARA O FUTURO CIÊNCIAS Série Dia Leitura Leituras do Brasil Arte na Escola Arte na Escola Educação Infantil Educação Infantil Educação Ambiental Educação Ambiental Escola e Produção Cultural Escola e Produção Cultural Práticas Escolares Práticas Escolares Ensino Médio Ensino Médio: Escola Jovem 5 mar – 9 mar 12 mar – 16 mar 19 mar – 23 mar 19 mar – 23 mar 2 abr – 6 abr 2 abr – 6 abr 9 abr – 12 abr 9 abr – 12 abr 16 abr – 20 abr 16 abr – 20 abr 23 abr – 27 abr 23 abr – 27 abr 30 abr – 4 mai 30 abr – 4 mai NAVEGANDO PARA O SUL Documentário da série Rumo ao gelo, selecionada, na Grade da programação, para o ensino fundamental Transmissão: 2 de abril Realização: New Street Production,Production. Inglaterra, 2000. Direção: Haydn Price Duração: 26’30’’ Colorido Áreas conexas: Goegrafia,Geografia, História, Língua Por tuguesa Indicado para atividades com alunos de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental RESUMO Leitura Escola e produção cultural Reflexão sobre as representações e práticas de leitura. O que é produção cultural? Este programa aborda a cultura em suas diversas áreas e sua relação com o cotidiano escolar. Leituras do Brasil Uma leitura do País a partir das narrativas de texto e imagem dos livros de literatura para crianças e jovens. Arte na escola Discussão sobre a presença da Arte como área/disciplina no ensino fundamental, que é garantida pela Lei de Diretrizes e Bases – LDB. Práticas escolares Esta série aborda questões relativas ao cotidiano escolar. Ensino médio: Escola jovem A questão da formação dos profissionais da educação no âmbito da Reforma do Ensino Médio. Educação Infantil O referencial curricular específico para a educação infantil. Os princípios que poderão nortear o trabalho com crianças de zero a 6 anos. Educação Ambiental Temas relacionados às possibilidades e aos caminhos para efetivar a Educação Ambiental nas escolas. 12 ◆ O Salto para o futuro é transmitido ao vivo, de segunda a sexta, das 19 h às 20 h. ◆ Os programas ao vivo são reprisados no dia seguinte, das 11 h às 12 h e das 15 h às 16 h. ◆ Para ter mais informações, consulte na Internet a página www.tvebrasil.com.br/salto E ste primeiro episódio da série Rumo ao gelo narra a descoberta da Antártida pelo navegador inglês James Cook, no Século 18, e as diversas expedições que se seguiram, científicas e comerciais. Desde o início, a Antártida atraiu a atenção dos europeus, fascinados pelas imensidões geladas da região. As grandes expedições rumo ao Pólo Sul, já no século 20, provaram que um dos principais produtos do continente era, na verdade, as suas histórias. DICAS O estudo da Antártida mostra como uma região aparentemente inóspita pode abrigar espécies muito bem adaptadas ao seu meio-ambiente, como focas, pingüins, baleias e leões-marinhos. Cada um destes animais, com seus hábitos migratórios, de caça ou de reprodução, merece ser estudado mais a fundo. Esta também é uma boa ocasião para falar de dois fenômenos de degradação ecológica: o buraco da camada de ozô- TVE SCOLA nio e o aquecimento global. Ambos devem afetar profundamente o ambiente na Antártida. Pode-se sugerir aos alunos que pesquisem, em jornais e revistas, artigos recentes sobre estes assuntos. Em Geografia, eles também podem procurar dados sobre a presença brasileira no continente, em bases e participando de expedições científicas. MAP A DA ANTÁR TIDA MAPA ANTÁRTIDA A partir destes dados, os alunos podem construir um mapa da Antártida com trilhas coloridas que indiquem a presença brasileira no local, mostrando o roteiro das expedições já feitas, suas datas de partida e chegada, escalas etc. Outro mapa pode ser construído com o professor de História, mostrando as famosas expedições para atingir o Pólo – principalmente as de Roald Amundsen, Robert Scott e Ernest Shackleton. E um terceiro ainda pode mostrar a viagem do explorador brasileiro Amyr Klink, que recentemente navegou 28.800 km em torno do continente. Estas aventuras são sempre fascinantes – às vezes trágicas. O professor de Língua Portuguesa pode pesquisar alguns livros que narrem estas histórias (veja indicações abaixo) e ler trechos para a sala. A partir daí, os alunos podem ser solicitados a escrever a história de suas próprias aventuras no Pólo Sul. Leia também: A pior viagem do mundo – A última expedição de Scott à Antártida, Apsley CherryGarrard, Companhia das Letras, 1999 Endurance, Caroline Alexander, Companhia das Letras, 1999 Mar sem fim, Amyr Klink, São Paulo, Companhia das Letras, 2000 Veja também: As Aventuras de Igor na Antártida, programa já transmitido pela TV Escola (veja outros títulos no Guia de programas) DICAS O SAÚDE HEANTOS – UMA SAÍDA DO INFERNO Documentário selecionado, na Grade da programação, para o ensino fundamental Transmissão: 17 de abril Realização: DR TV,TV. Dinamarca, 1999 / 2000 Direção: Jakob Fog Duração: 42’54” Colorido Áreas conexas: Ciências, Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural Indicado para capacitação de professores do ensino fundamental RESUMO N Navegando para o sul TVE SCOLA Heantos – uma saída do inferno o Vietnã, organismos internacionais acompanham o trabalho do cientista que desenvolveu um remédio para curar o vício de ópio e heroína. O filme mostra a desintoxicação de alguns dependentes tratados com esta medicação – o Heantos. Ela é inteiramente natural, à base de ervas utilizadas na medicina vietnamita tradicional. Normalmente, os remédios usados no processo de desintoxicação são substitutivos da heroína; o Heantos, pelo contrário, procura limpar o organismo da droga. Atualmente este remédio constitui uma grande esperança de cura. vídeo é especialmente indicado para a capacitação de professores. Estes deverão discutir, mais tarde, qual será sua atuação junto à classe na questão das drogas. Deve-se intervir apenas para alertar contra os perigos do abuso de substância? Será preciso discutir também a questão do prazer proporcionado pelas drogas? Outras discussões poderão ser abordadas com o grupo de professores: o que acontece com as pessoas que, como os personagens do vídeo, se viciam em drogas? Talvez seja interessante pesquisar os métodos de recuperação de vários tipos de dependentes – inclusive o alcoólicos. Outro enfoque é o da biodiversidade. O Heantos – que pode ser a cura do vício em heroína – é feito à base de 13 ervas usadas na medicina tradicional vietnamita. E a patente do remédio já está sendo protegida pela ONU, para que as indústrias farmacêuticas não se apoderem dela. Os professores podem pesquisar ervas brasileiras que já são usadas com finalidades medicinais. Além disso, cabe aqui fazer um paralelo com a situação da Amazônia, onde existem tantas espécies que ainda não foram estudadas pela Ciência. Algumas delas talvez possam ser utilizadas, por exemplo, no combate ao câncer e à Aids. Mas se forem extintas pelo atual desmatamento da região, nunca poderão ser usadas. Provoque um debate sobre o assunto, a partir de alguns questionamentos: • Medicações da importância do Heantos devem ser utilizadas comercialmente por grandes empresas farmacêuticas? • De quem devem ser as patentes dos remédios que forem eventualmente encontrados na Amazônia? 13 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO ESPECIAL nal de um território: o extrativismo, a mineração e a agropecuária; os povos que constituem a população amazonense; a formação histórica da região. Contexto CIÊNCIAS OLHO DO CICLOPE Série selecionada, na Grade da programação, para o ensino fundamental Transmissão: 19 de março Realização: BioMedia Associates & Castle Builders Enter tainment, Enter tainment. Estados Unidos, 1999 Direção: Eric & Bruce Russell Duração: 12 filmes entre 4’38’’ e programas de 4’38’’ a 5’30’’ Colorido Áreas conexas: Meio Ambiente Indicado para atividades com alunos de 5ª e 6ª séries do ensino fundamental RESUMO S érie de animação que mostra a viagem da nave Ciclope – conduzida por uma minúscula tripulação – através de um lago e, posteriormente, de um jardim. Durante seu percurso, os viajantes da Ciclope observam o mundo de pequenos seres como plânctons, insetos e até micróbios. DICAS C om uma pequena quantidade de água coletada num rio ou lago, ou mesmo numa poça d’água, já é possível observar ao microscópio muitos dos seres que são vistos nesta série. Os alunos de 5a e 6a série do ensino fundamental podem ser chamados a identificar estes organismos. Os vídeos, que são curtos, também podem ser utilizados como abertura ou fechamento de aulas que abordem os mesmos assuntos. 14 PLURALIDADE CULTURAL O AMAZONAS DE MÁRCIO SOUZA Documentário da série Expresso Brasil, selecionada, na Grade da programação, para o ensino fundamental Transmissão: 11 de abril Realização: Pólo de Imagens. Brasil, 1997 Direção geral: Ulisses Andrade Duração: 28’52’’ Colorido Áreas conexas: Geografia e História Indicado para atividades com alunos de 7ª série do ensino fundamental Objetivos 1. Ampliar o conhecimento sobre o território brasileiro, focando a realidade da Amazônia, em sua diversidade natural e sócio-cultural. 2. Discutir e construir com os alunos o respeito às diferentes culturas. 3. Comparar a geografia da Amazônia. Ou as geografias de duas regiões amazônicas, se viverem na Amazônia. 4. Estabelecer conexões entre os conceitos de espaço, tempo e relações sociais, utilizando conhecimentos de História e Geografia. 5. Desenvolver pesquisas utilizando imagens, registros escritos e diferentes documentos para compreender a dinâmica da natureza e as transformações nela produzidas pelo homem. Conteúdos O urbano e o rural – diferenças entre progresso e exploração; as relações de trabalho e a ocupação irracio- O estudo de determinadas paisagens naturais e culturais possibilita desenvolver com os alunos maior consciência crítica da realidade. Além disto, amplia a possibilidade de se trabalhar a inserção de cada um, professor ou aluno, como ser que também pode atuar e transformar cotidianamente seu espaço. A partir da análise das diferentes culturas que compõem a classe, pode-se discutir a diversidade cultural da Amazônia e do País. O vídeo pode servir também como propostas de trabalho para a Geografia e a História. O programa A Amazônia, reserva natural do planeta, que tem preocupado estudiosos do mundo inteiro. O documentário introduz conceitos como os de nomadismo, extrativismo, migração, reserva natural etc. A partir das imagens da floresta e de seus habitantes, dos rios e de seus pescadores, da cidade de Manaus e de sua arquitetura, e o escritor Márcio Souza, que apresenta o programa, insere sua análise da História que ali se desenvolve. Aborda a instabilidade política e econômica, a economia baseada no extrativismo, na pesca e na pecuária e ressalta a transformação histórica e cultural de Manaus, o que possibilita elucidar vários conceitos, como o da Zona Franca. Antes da exibição Antes da exibição do vídeo, o professor de História deverá explicar os motivos ou objetivos pelos quais este programa foi escolhido Apontar alguns focos de observação estimula o envolvimento do grupo com a atividade. O professor poderá registrar na lousa algumas indagações que organizam esta tarefa, tais como: TVE SCOLA • Quais as referências à história da Amazônia que mais lhe chamam a atenção? • Que imagens da população amazônica ficam mais marcantes? • Quais são as informações mais importantes sobre esta população? • Qual é o tipo de atividade econômica que mais lhe chamou a atenção? • Como o meio-ambiente condiciona a vida dos amazonenses? • Que tipos de habitações são utilizadas pelas populações ribeirinhas? • Que informação sobre o rio Amazonas parece novidade? O Amazonas de Márcio Souza • O que você destacaria sobre a arquitetura da cidade de Manaus? • O que você destacaria sobre os meios de transporte que aparecem no vídeo? • Dentre as atividades culturais e de lazer, qual é a que mais lhe chama a atenção? • Registre uma manifestação cultural da população amazônica que seja bem diferenciada da sua vivência e uma que seja similar. Durante a exibição O professor fará algumas paradas estratégicas que possibilitem o registro das observações dos alunos, dúvidas e ou outras intervenções orais. Deve, também, perguntar o que chama a atenção no programa. Após a exibição Depois do vídeo, o professor pode aprofundar na história da formação política, cultural e étnica da Amazônia, que TVE SCOLA teve vários pontos divergentes do resto do País. Fazer uma rápida exposição sobre o assunto e professor poderá perguntar à turma onde foi possível perceber esta diferença no vídeo. Esta discussão permite que se aborde alguns aspectos da Pluralidade Cultural como Tema Transversal dos PCN, valorizando a contribuição das diversas heranças etnoculturais para o País. Outra questão importante é discutir com os alunos até que ponto a adaptação ao meio ambiente da Amazônia condicionou as características de sua sociedade. A compreensão das diferentes formas de relação com o espaço, vividas por diferentes grupos humanos e as soluções que estes criam para suas vidas é essencial para que a realidade da Amazônia seja entendida. Depois disso, o professor poderá dividir a turma em grupos de quatro ou cinco alunos. Eles deverão, a par tir de suas anotações do vídeo e da discussão, construir um registro comum, que será socializado por um relator. Cada grupo deverá usar papel kraft ou cartolina para expor o seu registro. Estas observaçoes podem ser copiadas pelos outros alunos. A outra tarefa será realizada individualmente. Cada aluno deverá reler as observações do caderno e estabelecer relações entre: a realidade da região Amazônica e a de seu próprio ambiente de vida; as atividades culturais da população amazônica e as suas, as atividades econômicas do amazonense e as da população do seu entorno etc. Complementando Receitas e confecção de comidas típicas, pesquisa e análise de letras de músicas e poesias sobre o tema; construção e leitura de grandes mapas ilustrados com paisagens do Norte brasileiro; exposição de fotos ou gravuras das etnias que integram a região. Rachel Dantas Assessora pedagógica Veja também, da programação da TV Escola, as séries: PCN / Temas Transversais – Pluralidade Cultural PCN na escola / Projetos Lugar e pessoas e os programas: Aldeia indígena – Marabá, PA (série Paisagens brasileiras) Minha escola na Amazônia (série Minha escola), Yanomamis (série Expedições), É o pau que rola, Jaú, um talismã Festa de Parintins No Rio das Amazonas Leia também PCN, Temas Transversais, Pluralidade Cultural na Formação do Brasil (páginas 152 a 155) O espaço do cidadão, Milton Santos (Editora Nobel, 1987) Resultados A partir dos registros dos alunos, o professor poderá ter uma avaliação do envolvimento da classe com o conteúdo, além de perceber seus interesses e principais dúvidas. Como tarefa de casa poderá solicitar recortes, de jornais ou revistas, imagens e textos sobre a Amazônia, que serão lidos, discutidos e integrados ao mural com os registros dos grupos. O Amazonas de Márcio Souza 15 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO HISTÓRIA QUANDO O MUNDO FALA VA ALAV ÁRABE Série selecionada, na Grade da programação , para o ensino fundamental Transmissão: 26, 27 e 28 de março Realização: M5,M5. França, 1999. Direção: Philippe Calderon Duração: 12 x 26’ Colorido Áreas conexas: Geografia, Ar te, Língua Por tuguesa, Ética, Ciências Indicado para atividades com alunos do ensino fundamental de 6 ª e 7ª séries RESUMO S érie que mostra, com riqueza de detalhes e imagens, o apogeu do mundo árabe, do século 9 ao 12, e sua profunda influência na cultura européia nos séculos seguintes – inclusive no Renascimento. DICAS A série compreende vários vídeos, mas merece ser vista em sua íntegra – mesmo que seja em vários momentos ao longo do ano. Ela é especialmente recomendada para as 6as e/ou 7as séries do ensino fundamental, que já dominam o conceito de Idade Média. Quando o mundo falava árabe ajuda a estudar este período por outro ângulo, afastando-se também da noção de que “nada aconteceu” nesta época – na verdade, uma das mais movimentadas da História. O trabalho conjunto de História e Geografia permitirá traçar mapas do império árabe (em seu auge, este império estendia-se da Península Ibérica à Índia). Os alunos poderão confeccionar três tipos de 16 mapas: do domínio árabe através dos tempos; da distribuição atual dos povos árabes pelo mundo; e, para finalizar, um mapa da imigração destes povos para o Brasil. Neste último trabalho, a idéia será localizar os países de onde vieram os árabes, e sua distribuição geográfica no país de destino. P AIS E AVÓS Neste ponto do trabalho, se algum aluno tiver pais ou avós árabes, poderá convidá-los para uma visita à classe, na qual possam falar da sua vida no país de origem, da imigração e da sua história no Brasil. Depois da aula, os alunos poderão produzir textos sobre o que eles conhecem da presença árabe no país. Esta é uma boa ocasião para que o professor de História sensibilize seus alunos para o conceito das Cruzadas – talvez o mais desastroso evento da história das relações entre o mundo árabe e o ocidental. Vale também introduzir a idéia de que a História pode ser contada sob diversos ângulos. O ponto-de-vista sob o qual estudamos as Cruzadas, por exemplo, ou a própria Idade Média, é o da Europa Ocidental. A própria visão que temos do Oriente foi, na verdade, construída pelo Ocidente. O vídeo, combinado com textos de historiadores árabes do mesmo período, pode ajudar a construir uma visão alternativa deste momento histórico. Leia também: Edward Said, Orientalismo – O Oriente como invenção do Ocidente, São Paulo, Companhia das Letras, 1990. Quando o mundo falava árabe SAÚDE ESPREIT ANDO NA SPREITANDO ESCURIDÃO Documentário selecionado, na Grade da programação, para o ensino fundamental Transmissão: 17 de abril Realização: SFRS, Foundation Nicolas Hulot,Hulot. Canadá, 1998 Direção: Marcel Lecaudey Duração: 26’55” Colorido Áreas conexas: Geografia, Ciências, História Indicado para atividades com alunos de 2ª a 8ª séries do ensino fundamental RESUMO A devastação da natureza abre caminho para o recrudescimento de velhas endemias dos países latino-americanos, como a doença de Chagas, que mata 50 mil pessoas por ano nessa região. Hoje, casos de Chagas já podem ser encontrados, por exemplo, nas regiões andinas do Peru, ou na Guiana Francesa. DICAS E xibido aos poucos, com paradas para discutir e fixar novos conceitos, este vídeo pode ser trabalhado em todas as classes do ensino fundamental a partir da 2a série. Para abrir caminho à discussão sobre a saúde pública, pode-se utilizar como material de apoio o programa da TV Escola Doença de Chagas, da série Viva legal. Um bom começo para o trabalho é pedir aos alunos que levantem outras doenças evitáveis que vitimam TVE SCOLA milhões de brasileiros, todos os anos: malária, leishmaniose, hanseníase, verminoses etc. Divididos em grupos, os alunos poderão pesquisar os principais dados destas doenças: agente transmissor, sintomas, tratamento, formas de prevenção e principais regiões afetadas pelo problema. Em Geografia, pode-se inclusive construir um mapa das endemias. O grupo terá também a tarefa de explicar como a miséria e a ignorância – e, mais recentemente, o problema ecológico – ajudam a propagar a doença. TUBERCOLOSE Como informação suplementar, o professor poderá trazer para a classe dados sobre o ressurgimento da tuberculose – moléstia que tinha sido quase erradicada, mas que está ressurgindo no rastro da epidemia de Aids e da pobreza. Estas pandemias poderiam ser facilmente combatidas com a educação da população, medidas de profilaxia estimuladas pela rede pública de saúde e aten- CARTILHAS Para fechar o trabalho, os alunos poderão fazer cartilhas de prevenção das doenças. Este trabalho pode conter também algumas informações – pesquisadas junto a órgãos como o SUS (Sistema Unificado de Saúde) e a Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) – sobre o que está sendo feito para combater as endemias na região em que vivem os alunos. Este também pode ser um bom ponto de partida para começar um trabalho de prevenção às DSTs/Aids com seus alunos. Para conseguir material sobre o assunto, você pode procurar a Coordenação Nacional de DST/Aids, no endereço: Ministério da Saúde, Esplanada dos Ministérios, Bloco G, sobreloja, CEP 70058-900, Brasília, DF, tel. (061) 315-2257 ou 315-2426. Em relação à área temática de História, vale conhecer o trabalho de epidemiologistas brasileiros como Oswaldo Cruz e o próprio Carlos Chagas. Uma boa fonte de informação sobre a epidemiologia nacional, passada e presente, é o site www.fiocruz.br, da Fundação Oswaldo Cruz. Veja também: A revolta da vacina, transmitido pela TV Escola Escola (consulte o Guia de programas) Espreitando na escuridão dimento médico rápido e eficiente. O vídeo é uma boa oportunidade para debater a questão da saúde pública com os alunos, e como ela depende de políticas em larga escala, promovidas pelo Estado. Pode-se demonstrar, por exemplo, que a prevenção de doenças evitáveis custa mais barato aos cofres públicos do que o tratamento destas doenças. O trabalho comunitário na área de saúde também pode fazer muito para resolver este problema. Os alunos podem pesquisar quais são as entidades, na região, que se dedicam a este tipo de trabalho. Elas também atuam em educação sanitária? Como? O que pode ser feito para ajudá-las? TVE SCOLA O R I E N TA Ç AO S E X U A L VOCÊ EM ESPECIAL Documentário da série Crescendo, selecionada, na Grade da programação , para o ensino fundamental Transmissão: 12 de março Realização:. NFB of Canada / Pacific Production, Canadá, 1989 Direção: Moira Simpson Duração: 3 filmes entrede 16’52” e a 19’45” Colorido Áreas conexas: Ética Indicado para atividades com alunos de 4ª e 5ª séries do ensino fundamental RESUMO E ste vídeo faz parte de uma série canadense Crescendo, que aborda a questão da sexualidade, discutindo conceitos como afetividade, amizades e respeito ao outro. Através de dramatizações, O QUE DIZEM OS PARÂMETROS “A função docente exige do professor uma série de condutas que o farão reconhecido como alguém que utiliza o seu saber e o seu poder como um recurso para o bem da coletividade com quem trabalha, fazendo bem o que lhe compete. Exige, além disso, determinadas virtudes, qualidades que poderão auxiliá-lo no dia-a-dia, como a humildade, a curiosidade, a coragem, a capacidade de decidir e de colocar limites, comprometendo-se na busca dos objetivos que se propõe. “(...) O professor e os adultos que convivem com o aluno na escola precisam estar atentos, especialmente para os aspectos que envolvem as relações pessoais no interior do processo de ensino e aprendizagem. A atenção, a afeição, a amizade, o distanciamento, a omissão, contribuem para a formação de atitudes desejáveis ou não. Ao longo de sua vivência na escola o aluno desenvolve uma série de idéias sobre o papel dos adultos, posicionando-se frente a esse papel de acordo com as respostas que recebe nas diversas situações. O comportamento dos adultos funciona, muitas vezes, como modelo, afirmado ou negado pelos alunos. (...)” Parâmetros Curriculares Nacionais, 5ª a 8ª séries – Temas Transversais – Ética, págs. 77-78 17 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO QUEBRA DE ROTINA Você em especial Você em especial trata da pressão do ambiente e dos amigos para adotar determinados comportamentos – por exemplo, isolar um colega. Este é um problema que começa na infância e tem reflexos decisivos na adolescência. DICAS O filme pode ser trabalhado na 4a ou 5a série – uma fase particularmente difícil para o relacionamento entre as crianças. Brigas constantes, formação de grupos fechados e isolamento de certos alunos são problemas sérios nesta época. O problema afeta a dinâmica da classe, e pode ter reflexos ruins na vida das crianças. Por exemplo, o hábito de fazer determinadas coisas apenas por pressão do grupo pode impedir o adolescente, mais tarde, de fazer escolhas próprias. O procedimento correto é que este programa seja visto primeiramente numa reunião para capacitação de professores, que poderão discutir o que está acontecendo nesta área em suas classes. O professor deve se conscientizar que faz parte do seu trabalho conversar e procurar intervir nestas difíceis situações da pré-adolescência. O trabalho em classe pode começar com a discussão de determinadas questões. Meninos e meninas podem brincar juntos? Como é brincar com meninas? E com um colega que não é tão popular? Por que adquirimos preconceitos em relação a determinadas pessoas? Ter um “melhor amigo” é muito bom. Mas será que não posso ter amizade também com outras pessoas? Não dá para conviver com diversos indivíduos, em diversos momentos? 18 Depois de discutir essas questões, o professor pode fazer várias dinâmicas para quebrar a rotina da classe. Por exemplo, mudar o cenário da sala de aula. Num dia qualquer, cada aluno sentará de acordo com um bilhete numerado que receberá na porta – como se faz no teatro. Isso possibilita quebrar hábitos e conhecer novas pessoas. Outra proposta com a mesma finalidade é o jogo do mico. No tradicional jogo de car tas, retira-se o mico e distribui-se as cartas pela classe. Conforme a carta recebida, o aluno deverá procurar o seu “par”, com o qual deve se sentar naquela aula. Com a mesma finalidade, a classe também pode se sentar com as cadeiras em círculo. Também é possível organizar uma aula ao ar livre ou um piquenique, quebrando a rotina das relações do dia-a-dia. Tudo isso serve para desenferrujar o grupo; são atividades que podem levar à quebra de preconceitos, à desestruturação das panelinhas, e até a novas amizades. RESUMO S érie de pequenos filmes de animação de argila, que acontece a bordo de um barco. Ali, a tripulação tem como tarefa cuidar dos passageiros, que são animais de várias espécies. Através de situações da história – e até de recursos como a dança e o malabarismo – A turma da tabuada introduz conceitos matemáticos como a utilidade dos números, a soma, a subtração, a multiplicação, a propriedade comutativa e até as incógnitas. Turma da tabuada DICAS M AT E M Á T I C A TURMA DA TABUADA Série selecionada, na Grade da programação, para o ensino fundamental Transmissão: 5, 6 e 7 de março Realização:. Channel 4 Learning. Inglaterra,1998. Direção: Susie Nott-Bower e Alison Stewar t Duração: 30 episódios entre 7’10” e 8’45” Colorido Indicado para atividades com alunos da 1ª série do ensino fundamental e também da educação infantil A criança somente se apropria dos conceitos necessários à construção do conhecimento, se estes estão vinculados a situações concretas e ao contexto geral do seu dia-a-dia. Daí a necessidade da professora desenvolver em sala de aula propostas conectadas com as coisas, idéias, eventos e relações da vida diária das crianças. A turma da tabuada – que poderá ser usada tanto na educação infantil quanto na 1a série do ensino fundamental – pode auxiliar o processo. Neste sentido, a partir de 4 anos de idade, a professora pode dividir responsabilidades com os alunos nas atividades de organização da classe que demandem alguma distribuição ou guarda de material. Por exemplo, distribuir folhas de desenho, lanches, copos, canetas TVE SCOLA coloridas, giz de cera, argila, massinha, materiais de sucata etc, recolhê-los e guardá-los em locais apropriados. Nesses momentos, pode-se começar a trabalhar quantidades. RESUMO E DESAFIOS Algumas solicitações mais complexas podem ser feitas às crianças, transformando-as em desafios importantes. Por exemplo: pedir que tragam o número suficiente de copos ou outros materiais para distribuir a todos na classe; ou pedir que tragam dois ou três materiais específicos para cada um dos colegas. Os desafios podem ser aumentados gradualmente, de acordo com as necessidades do trabalho da classe. Ao mesmo tempo, deve-se estimular as crianças a se envolverem e a construírem diversas formas de contar, distribuir, arquivar, organizar. Assim, elas poderão expor suas idéias próprias sobre a Matemática e trocá-las com os demais colegas. Na vida diária da sala de aula, há muitas situações que favorecem este trabalho. Por exemplo, registros em cartazes, coletas de dinheiro ou outras tarefas, tais como arrumações da sala; votações, formação de subgrupos de alunos para trabalhos ou jogos; contagem do grupo que irá a uma excursão etc. Sempre que surgir uma situação destas, as crianças poderão se responsabilizar pela contagem, com a ajuda da professora. Atividades lúdicas como o jogo de bolinhas de gude ou de boliche podem ser propostas para se trabalhar quantidades e registros de números. Pode-se criar jogos para esconder determinadas quantidades de objetos ou descobrir erros nas figuras. BRINCADEIRAS O vídeo traz também algumas brincadeiras que podem ser exibidas para as crianças, estimulando-as a viver propostas similares em sala de aula. A professora poderá, por exemplo, construir um barco de caixa de papelão, para iniciar uma viagem imaginária com as crianças; a cada porto, somente poderá descer ou subir no barco um determinado número de passageiros. TVE SCOLA Turma da tabuada As crianças também podem construir um caminho de trilha com várias “casas” em torno da escola. Depois, brincam com quantidades simples de casas para avançar ou voltar. Enfim, o professor pode trabalhar com tudo o que favoreça a imaginação e o desenvolvimento da estrutura do pensamento matemático. Como os programas são cur tos, é possível utilizar várias inserções do vídeo em determinados momentos do processo de trabalho. Nos vídeos, a introdução de quantidades maiores e operações mais sofisticadas é gradual, favorecendo inclusive a sistematização no final da aula. m Moçambique, Celso Magumbe, um jovem surdo-mudo que se mobiliza para ajudar outras pessoas como ele. Na escola, Celso passou por muitas dificuldades. Isso porque o sistema de ensino obrigava os surdos-mudos a aprenderem a falar. Hoje, Celso luta pelos direitos dessas crianças, para que elas possam aprender a linguagem de sinais e par tir para uma aprendizagem mais rápida e eficiente. Da série Os sonhadores, sobre jovens de vários países que fazem trabalho social voluntário. Importantee Important LEIA A GRADE Escolha os programas que quer usar. GRAVE OS PROGRAMAS E guarde as fitas na videoteca para posterior utilização. Para catalogar, você pode usar como referência o Guia de programas da TV Escola. USE EM CAPACITAÇÃO Todos os programas podem ser usados como recurso de capacitação e aperfeiçoamento dos professores. USE COM OS ALUNOS ÉTICA OS SONHADORES / MOÇAMBIQUE Documentário da série Os sonhadores, selecionada, na Grade da programação , para o ensino fundamental Transmissão: 20 de março Realização:. The Multimedia Group of Canada. Canadá, 1997 Direção: Luc Côté e Robbie Har t Duração: 30’ Colorido Áreas conexas: Geografia, Pluralidade Cultural, Educação Especial Nas dicas de atividades com alunos apresentadas nesta seção, levam-se em conta objetivos e conteúdos curriculares de cada série do ensino fundamental (ou médio). A maioria dos vídeos pode, no entanto, ser usada em outras séries, com diferentes abordagens. OS PROGRAMAS SÃO REPRISADOS NAS FÉRIAS Acompanhe a Grade de férias. A TV ESCOLA NÃO DISTRIBUI FITAS Indicado para capacitação e atividades com alunos de todo o ensino fundamental 19 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO DICAS V ale a pena ver o vídeo em aulas de capacitação de professores, com alunos de qualquer série do ensino fundamental e também médio. Assim, este público poderá tomar contato com uma realidade que poucos conhecem de perto – a dos surdos-mudos. Durante a exibição, seria fundamental fazer algumas paradas para que os alunos comentem o que estão sentindo. Eles já viveram algo parecido? Têm algum conhecido, amigo ou parente com dificuldades similares? Já conhecem a linguagem dos sinais? O professor pode chamar um especialista em Educação Especial para ensinar algumas noções básicas dessa linguagem. A professora poderá propor desafios de comunicação cada vez mais difíceis nesta linguagem. Pode desenvolver também atividades que envolvam criação de sinais próprios, mímicas etc. SEM SOM Uma boa idéia seria retirar o som do filme e exibir algumas partes dele, nas quais o protagonista se expressa com sinais. A partir daí, os alunos tentarão entender o que Celso está dizendo. Juntamente com o especialista em Educação Especial, pode-se levar os alunos a discutir as melhores formas de trabalhar a questão dos surdos-mudos na escola. Eles devem estudar junto com outros alunos? Aprender a lingua- Os sonhadores / Moçambique 20 OUTRAS AT ÉTICA HERDEIROS DO VODU Os sonhadores / Moçambique gem falada, ou a linguagem dos sinais? Indo um pouco mais longe nessa discussão, pode-se questionar o que representa melhor a integração dos surdosmudos à sociedade: o respeito às suas diferenças individuais (os sons não significam nada para os surdos), ou a comunicação a qualquer custo com as pessoas que escutam normalmente? Qual é o lugar que a sociedade reserva a essas pessoas? Pode-se ressaltar, também, a inadequação da escola de Celso, que em vez de trabalhar a partir das necessidades dos alunos surdos, e de enfrentar junto com eles os seus problemas, afasta-se desses alunos; conseqüentemente, não consegue envolvê-los no processo de aprendizagem. É importante ressaltar que, hoje em dia, a política adotada no sistema educacional brasileiro favorece a inclusão dos alunos especiais, como surdos-mudos. A idéia é que estas crianças e adolescentes não sejam isoladas em escolas especiais, e sim que a escola se adapte para recebê-los. Este é um bom momento para que o professor de Geografia chame a atenção para a língua falada em Moçambique: o português. Ele pode levantar outros países do mundo onde nossa língua também é falada, dando aos alunos uma noção da comunidade lingüística portuguesa. Transmissão: 22 de março Áreas conexas: História, Geografia Assim como o candomblé e a umbanda brasileiros, o vodu é uma religião de origem africana que veio para as Américas com os escravos. É impossível entender a cultura haitiana sem conhecer o vodu. Sua riqueza cultural contrasta fortemente com a miséria do Haiti, um dos países mais pobres do mundo. DICAS O programa pode ser explorado em História para traçar um breve panorama da evolução do Caribe. As razões da pobreza de países como o Haiti ou a Jamaica podem ser encontradas na sua história colonial. Estas ilhas foram ocupadas pelos europeus para serem apenas entrepostos da agricultura e do comércio colonial, povoados principalmente por escravos. Vale a pena traçar um paralelo com a economia colonial brasileira, que teve importantes semelhanças e diferenças com a do Haiti. Herdeiros do vodu TVE SCOLA RAÇÕES Índios no Brasil Este também é um bom momento para tratar do tema transversal Pluralidade Cultural, falando das religiões afro-brasileiras, seguidas por uma importante parcela da população do País, de diversas origens étnicas. Que idéias têm os alunos sobre essas religiões? Quais são seus rituais? Como elas se desenvolveram no Brasil? Duas graves questões de ética são colocadas por estes documentários. Primeiro: é justo que alguém seja manipulado a partir de sua crença religiosa? Segundo: religiões de origem africana recebem no Brasil o mesmo respeito que outras, de origem branca? Nestes debates, o professor deve ser cuidadoso para não colocar em discussão as crenças religiosas de cada aluno; ao contrário, deve orientar a conversa para valores como respeito ao próximo e tolerância. PLURALIDADE CULTURAL ÍNDIOS NO BRASIL Série, 10 programas Transmissão: 18, 19 e 20 de abril Áreas conexas: História, Geografia, Língua Portuguesa, Arte RESUMO Quem são, como vivem e o que pensam os índios do Brasil, representados por nove povos de diferentes regiões. A série é apresentada e comentada por Aílton Krenak, e tem depoimentos de outros líderes indígenas como ele. Seu enfoque privilegia a diversidade cultural dos índios, freqüentemente vistos pelos brancos como um único povo. TVE SCOLA DICAS Esta série pode ser utilizada em trabalhos de capacitação de professores, e servir para um trabalho em classe com as mais diversas áreas temáticas: História, Arte, Geografia, Língua Portuguesa. Além disso, ela permite lidar com os temas transversais Pluralidade Cultural, Ética e Meio Ambiente. Em História, pode-se promover um estudo dos diversos momentos em que o índio foi vítima de genocídio – relacionandoos com a economia da época. Por exemplo, a matança dos índios do litoral para dar espaço aos brancos, na época do Descobrimento; ou a caça aos povos do interior, um pouco mais tarde, para transformá-los em escravos; ou, ainda, os assassinatos de índios nas áreas de garimpo.época. Esta é uma boa ocasião para discutir a questão do progresso econômico, quando este entra em conflito até com a sobrevivência de uma determinada etnia. Que tribos desapareceram nestas épocas, ou ainda estão desaparecendo? Quais eram seus costumes e sua identidade cultural? Ainda guardamos traços da sua existência em nossa cultura? E como vemos o índio, hoje em dia? Seria interessante, antes de assistir o vídeo, cultura? levantar algumas idéias que os alunos possuam deste segmento do povo brasileiro, e confrontá-las com a realidade mostrada em Índios no Brasil. Em Geografia, pode-se promover um levantamento e estudo das terras às quais o índio tem direito e explicar porque povos nômades precisam de mais espaço que os sedentários. Em Arte, é possível estudar a cerâmica marajoara, e fazer trabalhos a partir dessa inspiração. Em Língua Portuguesa, pode-se preparar uma coletânea, com textos dos próprios alunos recontando as principais lendas indígenas. Uma idéia interessante é levantar os mitos de criação do mundo encontrados em diversas culturas indígenas, e comparálos com os mesmos mitos presentes na cultura dos negros e dos europeus que também povoaram o Brasil. Veja e grave ainda: VIAGEM AO PLANET A TERRA PLANETA Os programas desta série lidam com a questão do desenvolvimento sustentável e do meio ambiente, e colocam uma importante pergunta: até onde poderemos contar com os recursos naturais da Terra, se mantivermos os padrões de consumo de hoje? Para responder a essa pergunta, Planeta Terra discute problemas como o gasto desordenado de energia e de água e a explosão populacional. REVIST A LITERÁRIA EVISTA Revista literária é um espaço aberto a escritores brasileiros, para que eles falem de sua própria obra, e da literatura em geral. Quatro edições deste programa, cada qual com uma dupla de autores, serão exibidas neste bimestre. Os alunos poderão conhecer Carlito Azevedo e Afonso Henriques Neto; Aguinaldo Silva e Filipe Miguez; Ivanir Calado e Gérson LoddiRibeiro; e Carlos Nejar e Marco Lucchesi. ÍNDIA NO SÉCULO 20 A complexa realidade da Índia é o tema deste documentário, que mostra a origem e o desenvolvimento do sistema político indiano. O programa analisa o fim do domínio inglês sobre o país, e discute alguns dos seus problemas estruturais: o sistema de castas, a rivalidade com o Paquistão, e as divisões religiosas. Índia no Século 20 21 ORIENTAÇÃO SEXUAL, com delicadeza Escola de Dr. Severiano, no interior do Rio Grande do Norte, cria o programa Viva Melhor para enfrentar problemas relacionados à sexualidade de seus alunos. Usa programas da TV Escola, dinâmicas corporais e muitas conversas, em que predominam questões como auto-estima, afetividade e respeito ao outro. Reportagem: Dóris Fleury Fotos: Vera Jursys elliane, 13 anos, dá a notícia ao namorado: Antônio, estou grávida... O que a gente vai fazer? Assustado, Antônio, da mesma idade, rebate: Grávida? Mas como vou saber se esse é meu? Ora, eu só transei com você! É nada, você saiu com outros! Mentira! Saiu com muitos, um monte, não tem nem soma! K filho O bate-boca prossegue por alguns minutos, testemunhado pelos alunos da 7a série matutina da Escola Estadual Cristóvão Colombo de Queiroz, em Dr. Severiano, Rio Grande do Norte. Mas ninguém se alarma. Kelliane Grace Fernandes e Antônio Wellington estão fazendo uma dramatização, depois de ver o programa da TV Escola Gravidez na adolescência, da série Viva legal, e participar de um debate sobre o assunto. Outras situações parecidas são encenadas na classe e, depois de muita discussão, a professora de Ciências, Orlandy Bento, encerra a dinâmica com duas observa- 22 ções. Primeiro: cada um tem o direito de decidir quando está preparado para ter relações sexuais, sem precisar ceder, por exemplo, à pressão dos amigos. Segundo: as pessoas têm o direito de determinar se querem ou não ter filhos e quando. Daí a importância de conhecer os métodos anticoncepcionais. As dinâmicas fazem parte do programa de orientação sexual Viva Melhor, que começou no início de 2000, aqui na Cristóvão Colombo. O Viva Melhor não se limita a assuntos como gravidez na adolescência, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, Aids ou abuso de drogas. O plano das irmãs Maria Dalvaci Bento e Maria Leci Bento Gonçalves, professoras da TV Escola (leia quadro), é discutir também questões como auto-estima, afetividade, respeito ao outro, amizade, família... e, é claro, o machismo de gente como o futuro pai Antônio. INSPIRAÇÃO NO SALTO Em Dr. Severiano, como em todo o País, não são raros os casos de iniciação sexual e gravidez precoces, doenças sexualmente transmissíveis e abuso de TVE SCOLA O Programa Viva Melhor trouxe muitas novidades para o cotidiano da Escola Cristóvão Colombo. Agora, as dramatizações sobre assuntos como sexualidade, DST ou drogas se integraram à rotina, como parte do trabalho de Orientação Sexual. Nesta dinâmica (à direita), uma aluna faz o papel de mãe adolescente. As dramatizações contam com um público entusiasmado. Durante as apresentações, os alunos participam ativamente, assistindo e até dando palpites na história encenada pelos colegas. TVE SCOLA 23 ORIENTAÇÃO SEXUAL com delicadeza Oficinas de conhecimento do corpo no trabalho de Orientação Sexual. drogas. As famílias têm dificuldade para enfrentar estas questões. Ou não sabem, simplesmente, o que fazer. Um programa de orientação sexual é necessário e urgente, concluíram as professoras. Percebemos que não tínhamos nenhum programa de prevenção e não podíamos esperar que chegasse um prontinho por aqui, conta Dalvaci que, desde 1992, faz capacitação com o Salto para o Futuro. Para fazer uma proposta ela consultou material sobre as séries do Salto. Leu também textos sobre o tema transversal Orientação Sexual nos Parâmetros Curriculares Nacionais e pesquisou apostilas do Curso de Formação para Professores em Exercício Proformação. No começo de 2000, as professoras da TV Escola exibiram a seus colegas cinco programas da série Saúde: prevenir é sempre melhor, do Salto: Escola e comunidade, Gravidez e adolescência, Prevenção ao abuso de drogas, Gênero e prevenção, Violência e cidadania. Da discussão provocada pela série, nasceu então o programa Viva Melhor. PROFESSOR DA TV ESCOLA No Rio Grande do Norte, a Educação conta com um profissional muito importante: o professor orientador da telessala, hoje chamado nas escolas estaduais de “professor da TV Escola”. Esta função, instituída por portaria em 1997, garante o melhor aproveitamento do programa. “Assim, impedimos que a TV Escola caia nas mãos de burocratas”, diz o coordenador de Desenvolvimento Escolar da Secretaria da Educação, Cultura e Desportos do Rio Grande do Norte, José de Castro. Professores como Dalvaci e Leci ficam totalmente dedicados ao programa TV Escola. Fazem gravações, organizam o acervo e criam roteiros para a utilização dos vídeos. A portaria prevê que as escolas que tenham de 100 a 500 alunos devem ter um docente dedicado à função; de 501 a 1.500 alunos, dois professores; e, a partir de 1.500 alunos, um professor por turno (manhã, tarde e noite). “Mas isso ainda é pouco, porque nas escolas com menos de 1.500 alunos um turno sempre fica descoberto”, diz o coorde- 24 As irmãs Leci e Dalvaci planejam o trabalho com a TV Escola desde o primeiro dia do ano letivo. nador de Educação a Distância e da TV Escola do Rio Grande do Norte, Ivanildo Quirino do Nascimento. “Queremos mudar esta portaria para garantir um professor por turno.” TVE SCOLA ORIENTAÇÃO SEXUAL com delicadeza SALTO É TRADIÇÃO CAIXA DE PERGUNTAS Na primeira parte do Viva Melhor, intitulada O adolescente e a sexualidade: uma abordagem inicial, havia uma caixinha de perguntas, onde os alunos, anonimamente, depositavam papeizinhos com suas dúvidas sobre o tema. As respostas, mais tarde, iam sendo trabalhadas pelos professores, em diversas áreas temáticas. Enquanto os professores de Ciências se encarregavam da parte mais informativa do projeto, os de Arte faziam dinâmicas que trabalhavam a auto-estima, a imagem corporal e ensinavam os alunos a conhecer seu próprio corpo. Depois que eles ficaram conhecendo o nome correto de certas partes do corpo, pararam de dizer tantos palavrões, observa a professora Núbia Maria Abrantes Rodrigues, de Língua Portuguesa. Temas como amizade, respeito mútuo e família também foram discutidos. Os professores se empenharam em desenvolver as habilidades de comunicação dos alunos. Por meio de diversas dinâmicas e técnicas, como a mímica, eles aprenderam a ouvir os colegas e a respeitar opiniões diferentes das suas. Em História, os alunos estudaram a evolução da instituição familiar, como forma de compreender e valorizar as famílias diferentes do modelo tradicional, nas quais muitos alunos vivem. “ O Rio Grande do Norte é um dos Estados onde o Salto para o Futuro (incorporado à TV Escola em 1996) deixou marcas expressivas. “O programa foi fundamental para inúmeros municípios”, diz José de Castro, coordenador de Desenvolvimento Escolar. “Ele deu a fundamentação teórica e metodológica para que os professores trabalhassem com educação a distância” e facilitou a implantação do Programa TV Escola. O Estado tem tradição em educação a distância. Já no final da década de 60, surgiu no Rio Grande do Norte o projeto Saci, de alfabetização pela TV. O projeto levava a televisão à praça pública, com bateria mesmo, porque as cidades do interior muitas vezes não possuíam energia elétrica. Hoje, o programa da TV Escola está bem implantado no Estado, diz o secretário de Estado da Educação, Cultura e Desportos, Luiz Eduardo Carneiro Costa. “Visito muitas escolas estaduais e nelas vejo que a TV Escola tem funcionado regularmente, influindo na melhoria da qualidade de ensino”. As escolas potiguares têm muito apego à TV, especialmente à TV Escola, diz o professor Ivanildo Quirino do Nascimento, coordenador do programa no Estado. E conta um caso: “Houve uma escola em Parelhas que recebeu o kit de equipamentos da TV Escola por engano – nem possuía energia elétrica. Pois bem: a comunidade se organizou, instalou energia, arrumou uma sala e até colocou barras de ferro nas janelas, para impedir o roubo. Quando chegamos para retirar o material, encontramos todo mundo na frente da escola, pronto para defender o kit!” Naturalmente, o kit ficou. A professora Núbia (em primeiro plano) diz que, com o Programa Viva Melhor, os alunos estão usando menos palavrões. SOU CRIA DO SALTO PARA O FUTURO Maria Dalvaci Bento TVE SCOLA ” Ivanildo do Nascimento, coordenador da TV Escola no Rio Grande do Norte. 25 ORIENTAÇÃO SEXUAL com delicadeza “ CONTINUAMOS A TRABALHAR PORQUE QUEREMOS MUDAR AS COISAS. ” Nesta fase inicial, todos os professores interviram no programa, diz Dalvaci. Assim, ele andou mais rápido. O Viva Melhor teve ritmos diferentes de acordo com as séries. Agora, no quarto bimestre de 2000 (quando foi realizada esta reportagem), muitas classes já estão entrando no tema Gravidez e adolescência. Vídeos da TV Escola como Uma vezinha só, Laços de menina e Métodos anticoncepcionais (da série Viva Legal) estão sendo exibidos para discussão. A última parte do Viva Melhor tratará da prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e Aids. PESADELO DA INDISCIPLINA TEM FIM Nas reuniões do início do terceiro bimestre, foi lançada outra idéia na Escola Cristóvão Colombo: o programa Disciplina na Escola, fundamentado em vídeos da série Disciplina da escola, do programa Salto para o Futuro. Alguns dos 563 alunos da Cristóvão Colombo que atende da 5a série do ensino fundamental ao 26 Risoleide, uma das professoras envolvidas no trabalho com a TV Escola. 3o ano do ensino médio estavam apresentando problemas de comportamento. Brigas e palavrões dentro da sala; indisciplina generalizada durante as aulas; depredação do material escolar; desenhos obscenos nas paredes; gente que pulava o muro, à noite, para ter relações sexuais dentro da escola... Durante cinco dias, o corpo docente assistiu, junto com as professoras da TV Escola, aos vídeos da série Disciplina da escola, do programa Salto: Disciplina, um pesadelo?, Infância: o que querem e o que podem as crianças?, Adolescência e juventude: que sabemos de suas vidas?, Os tempos e os espaços da escola, Rituais disciplinares ou educativos? O programa envolveu os alunos. Na aula de Língua Portuguesa do 3o ano noturno do ensino médio, por exemplo, a atração é o vídeo Artigo 2º, da TV Escola, sobre os direitos humanos e a violência. Depois de assistir ao programa, a classe debate a violência do dia-a-dia: desrespeito com os colegas e com os seus valores; discriminação da mulher e do negro; miséria... Essa violência que se mostra no vídeo não mata, mas vai destruindo, corroendo a sociedade aos poucos, opina uma das alunas. O programa Disciplina na Escola já provocou algumas mudanças e mostrou que a indisciplina pode deixar de ser um pesadelo. As professoras dizem, por TVE SCOLA ORIENTAÇÃO SEXUAL com delicadeza TRABALHO PLANEJADO A TV Escola já está incorporada ao dia-adia da Escola Cristóvão Colombo. E sua utilização é planejada, a partir da Grade da programação e também da revista TV ESCOLA. “No começo do período letivo, na Semana Pedagógica, já fico por dentro do programa de cada área temática. Escolho, então, os vídeos mais apropriados. E sempre tenho novas idéias”, conta Maria Dalvaci Bento, professora da TV Escola (leia quadro). Para isso ela consulta a seção Destaques da revista. ”Leio e já crio umas quatro idéias para a professora utilizar determinado vídeo.” “Também leio a revista e tiro idéias das reportagens de experiências que são publicadas”, conta a professora Maria Lucimar da Silva Almeida, que trabalha em História, Arte, Literatura e Ensino Religioso, no ensino médio, e vive uma situação comum na Cristóvão Colombo, onde muitas vezes os professores acumulam aulas de diversas áreas temáticas para ganhar melhores salários (de R$ 380,00, por 30 horas semanais, a cerca de R$ 900,00, por 60 horas semanais). Lucimar utiliza a TV Escola em todas as suas áreas. Lembra com entusiasmo de dois trabalhos: os projetos de interpretação de músicas, pesquisa de música regional e biografias de cantores desenvolvidos em Arte, depois de assistir a vídeos como Paraíba do forró – Santa Rita e Feira de Caruaru – Pernambuco, da série Som da rua, e a caravela de papelão que os alunos construíram e apresentaram em abril, pesquisando com a série Brasil 500 anos: Um TVE SCOLA Lucimar utiliza a TV Escola para explorar conteúdos de História, Arte, Literatura e Ensino Religioso. novo mundo na TV. “Em História, se você só discute o conteúdo a partir dos textos, acaba ficando monótono”, diz Lucimar. Para avaliar os resultados do trabalho com a TV Escola, os professores estão sempre discutindo com Dalvaci e Leci, nas Semanas Pedagógicas ou nas reuniões periódicas de planejamento. COMUNIDADE PRESENTE Maria Eridan Santos está contente com o ensino que suas filhas recebem na Cristóvão Colombo. A videoteca, com cerca de 600 fitas gravadas com programas da TV Escola, contrasta com a pobreza geral da Escola Cristóvão Colombo. Falta papel para as provas, livros didáticos e, nos últimos tempos, até fitas para gravar. Os problemas vão sendo solucionados, em parte, pela presença da comunidade. Ela participa de bingos e sorteios, providencia pequenos consertos, faz apresentações artísticas, ensina trabalhos manuais aos alunos... Até porque todos reconhecem a qualidade do ensino da Cristóvão Colombo, cujos alunos freqüentemente são aprovados em vestibulares e concursos públicos. “Eles estão sempre buscando melhorar e têm bons recursos humanos, apesar da falta de dinheiro”, avalia Maria Eridan da Silva Santos, supervisora de outra escola na cidade, mãe de Paula Daniele dos Santos, 16 anos, do 2o ano do ensino médio e de Naiane Erilu dos Santos, 11 anos, da 5a série do ensino fundamental. O comércio local faz fiado para a escola, nas compras mais urgentes. No final do ano, a verba da Caixa Escolar (R$ 3.900,00) ainda não chegou, mas já está quase totalmente empenhada em dívidas. A luta constante, de vez em quando, desanima as responsáveis pela escola: “Às vezes me pergunto: por que estou fazendo isso, se ninguém está me vendo e valorizando?”, suspira a coordenadora pedagógica Sezione Maria de Lima Neri. “Mas continuamos a trabalhar porque temos muita vontade de mudar as coisas”, diz a diretora Maria Solange de Aquino. 27 ORIENTAÇÃO SEXUAL com delicadeza “BEBIDA DEIXA AS PESSOAS CHATAS” Além do trabalho na escola, Dalvaci está fazendo especialização em Lingüística. exemplo, que os alunos estão mais respeitosos um com o outro. A depredação do ambiente escolar diminuiu. E os alunos, divididos em turnos, estão até ajudando na limpeza das salas. RESPONSABILIDADES Em outro momento do programa Disciplina na Escola, os alunos da 5 a série B conversam sobre vandalismo e responsabilidades. Lembram que muita gente, quando sente raiva, acaba descontando em objetos de uso comum, prejudicando os outros. É o caso, por exemplo, de pessoas que estragam os cadernos dos colegas ou até o bebedouro da escola. E ser objeto do vandalismo lembram os alunos não tem graça nenhuma. Lá em casa, alguém destruiu a horta da minha madrasta, lembra Amanda Raquel Castro de Queirós, de 12 anos. Ela teve que plantar tudo de novo e ficamos sem verdura. E o pessoal que joga pedra nas placas da estrada?, lembra Daniel Geraldo Rego, de 14 anos. Se eles destroem tudo, como os motoristas vão saber o caminho? No final, a classe conclui que existem alguns caminhos para não transformar a raiva em vandalismo: pensar nas conseqüências, por exemplo, ou colocar-se no lugar das pessoas que são vítimas da depredação. 28 São nove horas da manhã, e a 6 a série da Cristóvão Colombo vai ter uma aula sobre alcoolismo mais uma proposta da escola para mudar atitudes e comportamentos. Embora outras drogas estejam presentes em Dr. Severiano, o álcool ainda é o problema mais freqüente entre os adolescentes. A aula vai começar com uma dramatização, anuncia a professora Risoleide Alves de Oliveira, de Ciências. Mais um segundo e entra na sala uma figurinha lamentável: tonta, desorientada, com uma garrafa vazia na mão, as roupas em desordem e até os sapatos trocados. Hoje eu não tô levando desaforo pra casa!, anuncia. Gente, vocês não sabem como é gostoso tomar uma pituzada (cachaça)!, diz, às gargalhadas. A moça perambula por mais uns minutos na classe, fazendo Mônica Jácome Leite é a estrela da dramatização sobre alcoolismo, na aula de Ciências da 6 a série. TVE SCOLA ORIENTAÇÃO SEXUAL com delicadeza PROFISSÃO: INDEPENDÊNCIA Desde criança, Maria Leci Bento Gonçalves sonhava em lecionar. “Minha madrinha era professora e eu queria ganhar dinheiro e ser independente, como ela”, lembra hoje, aos 41 anos de idade e 22 de magistério. “Ela passava com os livros a caminho da escola e eu, lavando roupa, ficava sonhando com o futuro”. Ao completar 17 anos, Leci já começou a ensinar, sem concurso mesmo. “Trabalhava na escola para ajudar a pagar os estudos das minhas irmãs e ainda ajudava meus pais na roça”, lembra com orgulho. Mais tarde, fez faculdade de Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Pau dos Ferros. Hoje, além de lecionar, Leci, que é casada com o comerciante Lenildo, cuida de dois filhos: Bruno, de 7 anos e João Lennon, de 3 anos. Numa cidade pobre como Dr. Severiano, a carreira de professora é uma das poucas opções das mulheres para garantir sua independência. Talvez por isso quatro das irmãs de Leci seguiram o seu caminho. Três delas hoje fazem parte do quadro docente da Escola Estadual Cristóvão Colombo de Queiroz: Dalvaci, de 35 anos, Orlandi, de 31 e Goreti, de 29. Dalvaci queria ser jornalista ou psicóloga. Mas o pai, plantador de algodão com mais 12 besteiras e arrancando risadas dos alunos. Por fim, cai numa ressaca deprimente: Fico me lembrando de todos os companheiros que estão enterrados no cemitério, por causa desta moléstia..., choraminga, brandindo a garrafa. A dramatização está encerrada. A aluna Mônica Maria Jácome Leite, 14 anos, responsável pela performance, recebe os cumprimentos, modesta: É, eu sempre entro nessas dramatizações, diz ela. Meu avô era muito poeta e puxei este dom a ele; gosto de fazer presepada... TVE SCOLA Leci na sala da TV Escola: o sonho do magistério começou na infância, com a madrinha professora. filhos, não tinha condições de mandá-la estudar fora. Por isso, ela acabou também entrando na faculdade de Letras de Pau dos Ferros. Desde então, não parou de aprender. Participou do programa Salto para o Futuro, que até hoje considera como um momento fundamental da sua carreira: “Eu tinha que ler muito, para me fundamentar”, lembra ela. “Aprendi a trabalhar com oficinas e dinâmicas, a lidar com a diversidade textual do aluno, a colocar os textos dentro da realidade dele e a ser polivalente.” Atualmente, Dalvaci faz especialização em Lingüística. Solteira, dedicada aos estudos e à profissão em tempo integral, ela mora com um irmão e uma irmã; nos fins-de-semana, a diversão da família é se reunir no sítio dos pais. Para o futuro, o sonho da professora é fazer um mestrado. Alunos da Cristóvão Colombo em aula sobre o abuso do álcool. 29 ORIENTAÇÃO SEXUAL com delicadeza “ AQUI NA CLASSE, TODO MUNDO JÁ TOMOU UNS TRAGOS. QUE PORRE! A classe se encaminha para a sala de vídeo, onde vão assistir ao programa Que porre! Assim que acaba a exibição, começa um debate acalorado. Quem já bebeu nesta classe?, pergunta Risoleide. Ninguém se manifesta. Mas por que as pessoas bebem, afinal? Por incentivo dos amigos respondem os alunos. É nessa altura que Antônio Isócrates de Arruda Moraes, de 13 anos, solta uma bomba no meio da classe: Aqui não tem nenhum santinho que nunca bebeu não!, diz ele, desafiador. Todo mundo já tomou uns tragos. A professora repete a pergunta do início: Quem já bebeu aqui? Animados pelo debate, dessa vez quase todos os alunos levantam a mão. Mas quais são as conseqüências da bebida? As pessoas ficam chatas!, respondem alguns. Fazem escândalo, tiram até a roupa no meio da rua. Mônica lembra a história hilariante do homem que, bêbado, saiu para caçar com seu cachorro, atirou num tatu e matou o cachorro. De volta à classe, a professora Risoleide coloca na lousa uma bula do álcool: composição, posologia, efeitos colaterais... Em seguida, passa uma caixinha de tarefas, com indicações de dramatizações sobre o álcool que os alunos vão fazendo de improviso. Não beba mais, vá procurar um dia de serviço!, aconselham os alunos aos alcoólatras. Na próxima aula, a classe será dividida em grupos para fazer paródias, poesias, recortes e colagens sobre o alcoolismo. 30 ” QUE LUGAR É ESSE POR QUE COLOMBO Em seu livro Nomes da terra, o historiador e folclorista potiguar Luís da Camara Cascudo escreve que o primeiro explorador a acampar na região de Dr. Severiano foi Domingos Lopes Barbalho, em 1737. Mas o povoado de Mundo Novo (como era chamada a cidade antigamente) só surgiu no final do século XVIII. Um dos primeiros proprietários de terras do lugar foi Cristóvão Colombo de Queiroz – que deu nome à escola. DR. SEVERIANO, NÃO Em 1953, o povoado de Novo Mundo foi elevado à categoria de vila. Em 1963, tornouse município, já com o nome de Dr. Severiano. Mas a maioria da população nunca aceitou bem essa mudança. Até porque o Dr. Francisco Severiano Sobrinho, advogado e constituinte de 1935 que deu nome à cidade, não residia ali, e sim no município vizinho, São Miguel. Os jegues são um dos meios de transporte da região. TVE SCOLA ORIENTAÇÃO SEXUAL com delicadeza NA TROMBA DO ELEFANTE Dr. Severiano fica a 490 km de Natal. São sete horas de viagem, numa estrada com alguns perigos, como os “cangaceiros do asfalto”, que assaltam viajantes, ou jegues que se postam, tranqüilamente, no meio da pista. O município fica na Serra do Camará, a 390 m de altitude, no extremo oeste do Estado. No mapa do Rio Grande do Norte, que lembra um elefante, Dr. Severiano fica exatamente na tromba. CAATINGA A vegetação típica é a caatinga hiperxerófita, com abundância de plantas como a jurema-preta, a mufumba ou o faveleiro. A região é muito seca. A temperatura média anual em Dr. Severiano é de 26o C. TERREMOTO Dr. Severiano não tem saneamento básico, nem sistema telefônico. Além das grandes secas de 1970 e 1982, o acontecimento que mais marcou a vida de Dr. Severiano foi um abalo sísmico, em 1968. Na ocasião, muitos moradores da cidade abandonaram a região para nunca mais voltar. FESTAS Embora não haja padre no local, a cidade tem uma comunidade católica muito atuante. São os leigos que organizam festas como a Coroação de Nossa Senhora (31 de março), a de Nossa Senhora do Carmo (16 de julho) e de Santa Luzia, padroeira da cidade. Esta última, que é a mais importante do ano, vai de 1o de novembro até 13 de dezembro. Diz a lenda que Virgulino Ferreira, o Lampião, chegou às portas de Dr. Severiano com o seu bando; mas, ao saber que a padroeira da cidade era Santa Luzia, não quis invadi-la. POPULAÇÃO De acordo com o Censo de 2000 do IBGE, a população da cidade é 6.548 pessoas, sendo que 2.262 moram na área urbana e 4.286 na rural. A região foi povoada por descendentes de portugueses, africanos e índios. QUALIDADE DE VIDA O município está na fila de atendimento para o programa IDH-14, que pretende elevar a qualidade de vida nos municípios potiguares onde é pior o Índice de Desenvolvimento Humano – formado por indicadores como saneamento básico e mortalidade infantil. Dr. Severiano não tem saneamento básico – o esgoto corre a céu aberto. Não há sistema telefônico, só dois postos de serviço. A agricultura é de subsistência (arroz, feijão e mandioca, principalmente). Muita gente migra, principalmente para São Paulo. CONTROLE DA EVASÃO As escolas se preocupam, não apenas em ensinar, mas também em manter o aluno na escola. A vice-diretora da Escola Cristóvão Colombo, Maria Oliveira Marques, a Nenê, conta que, em 2000, fez um acompanhamento de alguns alunos que faltavam às aulas. Foi visitar os pais e contou o que estava se passando. A iniciativa deu certo. Hoje, quando Nenê encon- TVE SCOLA tra esses pais, eles sempre perguntam se os meninos continuam faltando. A resposta vem rápida e cheia de satisfação: “Ave Maria, não tem quem veja seu filho fora da classe!” Preparação da festa da padroeira, Santa Luzia. DICIONÁRIO DA TERRA Uniforme escolar – Farda Matar aula – Gazear aula Arranjar encrenca – Botar boneco Namoro, relação sexual – Esquema Sim, claro, de acordo – Pronto 31 BEIJO engravida? Uma aluna de Maria Alice pergunta. A turma quer saber mais, a professora responde. A conversa faz parte das atividades de Orientação Sexual do programa Prevenção também se ensina, adotado em escolas de Suzano, São Paulo. Fotos: Michele Mifano s programas Julieta e Romeu e Uma vezinha só, da TV Escola, são alguns dos recursos utilizados para provocar o debate sobre questões relacionadas à sexualidade, na Escola Estadual Carlos Molteni, de Suzano, São Paulo. Há um ano, a escola entrou no programa Prevenção também se ensina, uma parceria das secretarias de Saúde e Educação do Estado de São Paulo. Nas discussões da 5ª série do ensino fundamental, os alunos são estimulados a expressar com liberdade todas as suas dúvidas, conta a professora de Ciências Maria Lúcia Noronha. E ficam aliviados quando constatam que seus colegas têm as mesmas perplexidades e incertezas. As meninas querem saber: Qual a idade certa para começar a transar? Beijo engravida? Só o homem sente prazer no sexo? Por que eu não tenho ainda menstrua- O 32 A professora de Ciências Maria Lúcia (segunda à esq.) com seus alunos. ção? Os meninos questionam: É normal não ter pelos ainda? Será que meu pênis é muito pequeno? Para não haver constrangimento, os alunos fazem suas perguntas sem se identificar. As questões são escritas em balões lançados pela sala de aula, que se misturam e são depois recolhidos pela professora. Os alunos se preocupam também em saber que imagem passam para os outros, se têm um corpo bonito, se não estão fora dos padrões estéticos valorizados pelas revistas ou pela TV. Maria Lúcia aproveita então para conversar sobre o que é o melhor corpo, sobre como cuidar da saúde, da higiene e da auto-estima. A aula é de Ciências, mas Maria Lúcia já envolveu seus colegas nesse trabalho de orientação sexual. Em Matemática, por exemplo, os professores preparam os alunos para fazerem pesquisas na comunidade sobre gravidez precoce ou Aids, utilizando métodos estatísticos. Em Língua Portuguesa, produzem gibis que falam de prevenção. Em História, montam linhas de tempo para estudar a evolução do uso de drogas outra questão tratada pelo programa, que é desenvolvido em escolas de todo o Estado. CAPACITAÇÃO Desde 1996, eu e outras professoras aqui da região vínhamos sendo capacitadas pela Fundação para o Desenvolvimento da Educação FDE (órgão ligado à Secretaria da Educação) para multiplicar o trabalho de orientação sexual, conta Shirley Gonçalves Silva, assistente técnico-pedagógica da área de Ciências da Diretoria Regional de Ensino - DRE de Suzano. Em 1999, a tarefa de capacitação foi passada para a DRE. A primeira preocupação TVE SCOLA No Fórum de Prevenção realizado no fim de 2000 na Carlos Molteni, os alunos mostraram, com seus trabalhos, o que aprenderam durante o ano (foto acima e ao lado). O programa de Orientação Sexual da escola discute a sexualidade dentro do contexto em que vive o adolescente. TVE SCOLA 33 BEIJO ? engravida? O QUE DIZEM OS PARÂMETROS Cartaz feito por Vanessa Codo, da Carlos Molteni, para divulgar o Fórum de Prevenção. da assistente foi fazer oficinas de capacitação com docentes das demais áreas, além de Ciências, integrando o trabalho no projeto pedagógico das escolas. Outra iniciativa do Prevenção também se ensina é capacitar alunos multiplicadores, que contribuem na divulgação de informações sobre prevenção para seus colegas. Atualmente, a DRE está capacitando dois alunos por escola. Na Carlos Molteni, o primeiro ano do programa foi encerrado, em novembro de 2000, com o Fórum de Prevenção. O evento teve exposição de trabalhos artísticos e apresentações de teatro, produzidos pelos alunos a partir das atividades do programa. Palestras sobre gravidez na adolescência, drogas, planejamento familiar e outros complementaram a programação. Estamos só começando o programa, diz a professora Maria Lúcia. Em 2001, queremos voltar com força total. 34 “A finalidade do trabalho de Orientação Sexual é contribuir para que os alunos possam desenvolver e exercer sua sexualidade com prazer e responsabilidade. Este tema vinculase ao exercício da cidadania, na medida em que propõe o desenvolvimento do respeito a si e ao outro e contribui para garantir direitos básicos a todos, como a saúde, a informação e o conhecimento, elementos fundamentais para a formação de cidadãos responsáveis e conscientes de suas capacidades. “Assim, a escola deve se organizar para que os alunos, ao fim do ensino fundamental, sejam capazes de: • respeitar a diversidade de valores, crenças e comportamentos relativos à sexualidade, reconhecendo e respeitando as diferentes formas de atração sexual e seu direito à expressão, garantida a dignidade do ser humano; • compreender a busca de prazer como um direito e uma dimensão da sexualidade humana; • conhecer seu corpo, valorizar e cuidar de sua saúde como condição necessária para usufruir prazer sexual; Alunos observam • identificar e repensar tabus e preconceitos reos trabalhos de ferentes à sexualidade, evitando comportaseus colegas mentos discriminatórios e intolerantes analidurante o Fórum, sando criticamente os estereótipos; realizado em novembro de 2000. • reconhecer como construções culturais as características socialmente atribuídas ao masculino e ao feminino, posicionando-se contra discriminações a elas associadas; • identificar e expressar seus sentimentos e desejos, respeitando os sentimentos e desejos do outro; • proteger-se de relacionamentos sexuais coercitivos ou exploradores; • agir de modo solidário em relação aos portadores do HIV e de modo propositivo em ações públicas voltadas para prevenção e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis/ Aids; • conhecer e adotar práticas de sexo protegido, desde o início do relacionamnto sexual, evitando contrair ou transmitir doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o vírus da Aids; • evitar uma gravidez indesejada, procurando orientação e fazendo uso de métodos contraceptivos; • ter consciência crítica e tomar decisões responsáveis a respeito de sua sexualidade.” Parâmetros Curriculares Nacionais – Temas Transversais, Orientação Sexual, Objetivos gerais, págs. 311-312. TVE SCOLA ENTREVISTA: MARIA ELIZABETH DE ALMEIDA Como se trabalha com PROJETOS P rojeto é um design, um esboço de algo que desejo atingir. Está sempre comprometido com ações, mas é algo aberto e flexível ao novo. A todo momento você pode rever a descrição inicialmente prevista para poder levar avante sua execução e reformulá-la de acordo com as necessidades e interesses dos sujeitos envolvidos, bem como da realidade enfrentada”, define Maria Elizabeth de Almeida, professora da Faculdade de Educação da PUC-SP, ex-professora de Matemática do ensino fundamental e médio, especializada, desde 1995, na TVE SCOLA FOTOS: PAULO PEPE É preciso, antes de tudo, não confundir atividade temática com projeto. Deve-se também negociar e conquistar os alunos para o tema do trabalho. Eles são sujeitos da aprendizagem. Os professsores, seus parceiros. Elizabeth: desenvolver competências. capacitação de professores para o uso de computador em educação. Ela trata aqui de alguns conceitos essenciais para o trabalho por projetos, no qual se considera o aluno sujeito da aprendizagem – ativo e autônomo para criar, para construir e representar o conhecimento. Aponta competências desenvolvidas nesta prática, que tende à interdisciplinaridade. Mas avisa: “Se fizermos do projeto uma camisa de força para todas as atividades escolares, estaremos mais uma vez engessando a prática pedagógica.” A entrevista, concedida a nosso editor, Claudio Pucci, foi realizada a distância, em troca de mensagens pela Internet. 35 ENTREVISTA TV ESCOLA ESCOLA: Os PCN dizem que o professor deve saber do interesse dos alunos em pesquisar determinado tema e estabelecer com eles uma espécie de contrato sobre o que será feito. E se eles não quiserem pesquisar, por exemplo, a questão dos animais em extinção? Está certo, os alunos precisam ser ativos, desenvolver autonomia, mas a professora não pode deixar de dar esse conteúdo, tem que se ater ao currículo. Como ela faz? Professora da Faculdade de Educação da PUC-SP e professora convidada da Universidade Mackenzie, formou-se em Matemática pela Unesp de Bauru, SP, onde nasceu. Sua mãe também era professora. Fez toda a escola básica em escolas públicas. Trabalhou sempre em sala de aula, no ensino fundamental, médio ou superior. É professora desde os 18 anos, quando deu aula em classes de alfabetização de uma escola da periferia de Bauru. Após concluir a graduação, especializou-se em Informática. Deu aulas na Unimep, de Piracicaba, SP, na área de Matemática Aplicada à Informática e na Universidade Federal de Alagoas, onde começou a trabalhar com formação de professores para o uso do computador. No Nordeste, conviveu com uma realidade totalmente diferente da que conhecia. “A proximidade com pessoas que viviam em condições muito precárias, e mesmo assim conservavam a alegria e a confiança em dias melhores, mudou minha visão de vida, de Brasil e de educação”, diz a professora. Em novembro de 2000, ela doutorouse com a tese O computador na escola: contextualizando a formação de professores. 36 Maria Elizabeth de Almeida: Propomos que ela possa negociar com os alunos, tentar conquistá-los para o tema ou, então, desistir mesmo, porque corre-se o risco de não ocorrer aprendizagem alguma. Temos exemplos de práticas bem-sucedidas nesse sentido e também de outras cuja pressão do professor por um tema fez com que os alunos perdessem o interesse. Imagine um projeto definido no final de 1997 para ser desenvolvido no segundo bimestre de 1998, com x aulas sobre a Copa do Mundo. É evidente que essa atividade não era efetivamente projeto e sim atividade temática, porque os alunos tinham um roteiro a seguir e tudo estava definido previamente. Aí, no meio do suposto projeto, o Brasil perdeu a Copa. Como ficou o interesse dos alunos? Foi um ótimo momento para o professor repensar a sua prática e tomar consciência de que não estava trabalhando com projeto. Que precisaria ter ouvido seus alunos para saber o que realmente era significativo para eles e permitir inclusive mudanças de rumo no decorrer do trabalho. TV ESCOLA ESCOLA: Em um dos programas da série PCN na Escola / Projetos, um arquiteto, acho, diz que projeto é a receita de um bolo mais a fotografia desse bolo. Como você define projeto, professora? E o que é projeto em Educação? Elizabeth: Vejo projeto mais como um design, um esboço de algo que desejo atingir. O projeto está sempre comprometido com ações, mas é algo aberto e flexível ao novo. A todo momento você pode rever a descrição inicialmente prevista para poder levar avante sua execução e reformulá-la de acordo com as necessidades e interesses dos sujeitos envolvidos, bem como da realidade enfrentada. TV ESCOLA ESCOLA: Isso certamente exige um bom jogo de cintura do professor. E uma boa dose de criatividade. Mas ele precisa ser também organizado e capaz de uma disciplina que sustente esse vaivém de planejar, replanejar, não é? Elizabeth: O professor precisa ter clareza de sua intencionalidade e também do que o aluno está se propondo a desenvolver. Sua intencionalidade sustenta esse vaivém que se realiza por meio da reflexão sobre os caminhos que estão sendo percorridos e pela comparação entre os resultados obtidos e os previstos inicialmente, de modo a identificar se há necessidade de replanejar e o que está sendo descoberto nesse processo, que conceitos novos emergiram etc. TV ESCOLA: A metodologia de projetos não foi inventada agora. O que há de novo? Mudaram só os princípios, a ideologia pedagógica? Elizabeth: A idéia de projeto é a mesma e traz implícitos os conceitos de cidadania e democracia. Quando se trabalha com projetos, usando o computador para representar o conhecimento em construção, tem-se um novo potencial devido à possibilidade de poder registrar e acompanhar todo o processo de desenvolvimento. A qualquer momento esse processo pode ser revisto, reelaborado, estudado, modificado. Com isso o professor tem maiores evidências sobre o desenvolvimento do aluno, suas difi- “ O PROFESSOR PRECISA TER CLAREZA DO QUE O ALUNO SE PROPÕE A DESENVOLVER TVE SCOLA culdades e descobertas, podendo intervir para favorecer maior aprendizagem, fornecer informações significativas para o trabalho em execução, questionar o aluno de modo a desestabilizar as certezas inadequadas, propor desafios etc. TV ESCOLA ESCOLA: Você está vinculando o computador, estreitamente, à questão da democracia e da cidadania. E quem não tem computador? Fala também do computador como recurso eficaz para o professor controlar o que acontece. Como conciliar democracia e controle? E como controlar, quando os computadores estão nas mãos dos alunos? Elizabeth: Os conceitos de cidadania e democracia são inerentes ao trabalho com projetos, quer esteja-se utilizando ou não o computador. Não estamos falando em controle, mas em acompanhamento do processo de aprendizagem do aluno e na promoção de desafios que possam ajudar o aluno a aprender. Não dá para controlar o aluno quando ele é o sujeito da aprendizagem e tem liberdade para criar, representar e construir conhecimento. A idéia de controle é incompatível com a de aprendizagem por projetos, em que os alunos são sujeitos da aprendizagem e os professores são parceiros dos alunos. TV ESCOLA ESCOLA: Qual a vantagem de se trabalhar por projeto? O conhecimento não pode ser construído sem projeto? Elizabeth: Trabalhar com projetos tem sentido porque parte das questões de investigação. O aluno vai desenvolver estudos, pesquisar em diferentes fontes, buscar, selecionar e articular informações com conhecimentos que já possui para compreender melhor essas questões, tentar resolvê-las ou chegar a novas questões. Esse processo implica o desenvolvimento de competências para desenvolver a autonomia e a tomada de decisões, as quais são essenciais para a atuação na sociedade atual, caracterizada por incertezas, verdades provisórias e mudanças abruptas. TV ESCOLA ESCOLA: Você não acha temeroso construir um ideário pedagógico com base em incertezas e verdades provisórias? A Educação pode viver ao sabor do momento? TVE SCOLA Deve-se investir numa espécie de pedagogia da vertigem, que faz as pessoas se sentirem pequenas, frágeis, insuficientes, em meio a tantas mudanças? Elizabeth: A vida e a ciência são permeadas de incertezas e verdades provisórias. Aprender a trabalhar com isso na escola significa aprender a conviver e não apenas sobreviver. Mas realmente não podemos ficar ao sabor do momento, precisamos do conhecimento acumulado ao longo da evolução da nossa civilização, vamos em busca dele para compreender o presente e propor alternativas para a melhoria de qualidade de vida e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. É o conhecimento que a humanidade já possui que nos ajuda a dar esse salto, mas ele não pode ser transmitido aos alunos de forma descontextualizada, porque o aluno não consegue atribuir-lhe significado. Então, a partir de situações problemáticas do presente, o aluno é desafiado a buscar informações e a articulá-las com conhecimentos que já possui, para compreender essa problemática e propor situações que possam resolvê-la. É evidente que existem múltiplas soluções para tais problemas, o que leva o aluno a lidar com diferentes pontos de vista – favorecendo-lhe a compreensão sobre a relatividade e complexidade das situações da vida e da ciência – bem como a aceitar a idéia de que as mudanças são inerentes à própria vida. TV ESCOLA ESCOLA: O projeto deve, necessariamente, integrar conteúdos de mais de uma área temática? Ou: o projeto é sempre inter ou multidisciplinar? Dê, por favor, um exemplo, professora. Elizabeth: Um projeto pode partir de uma questão relacionada com uma única área de conhecimento e, em seu desenvolvimento, ir se abrindo e articulando conceitos de outras áreas. Pode também ocorrer o inverso. Iniciar com uma questão abrangente e pouco a pouco ir afunilando em um determinado conceito. Certa vez observei um trabalho de uma professora de Português que tinha a intenção de desenvolver estudos sobre o tema Linguagem Publicitária. No dia anterior ao início desse assunto em suas aulas, ocorreu uma grande enchente na cidade de São Paulo que “ O PROJETO PODE SER MODIFICADO A QUALQUER MOMENTO, DE ACORDO COM A NECESSIDADE ” afetou sobremaneira a vida das pessoas. Então, a professora teve o saber de identificar no contexto a emergência de um tema de interesse para seus alunos. Ela propôs então a eles desenvolver um projeto de criação de um produto útil para a situação de enchente e fazer a respectiva campanha publicitária. Ora, essa professora, soube propor um tema que era do interesse de todos naquele momento, os alunos se apropriaram da idéia e se aventuraram no desenvolvimento do projeto com a maior empolgação. O computador foi usado na campanha publicitária dos produtos hipoteticamente criados. TV ESCOLA ESCOLA: Você está considerando Língua Portuguesa e Linguagem Publicitária como duas áreas temáticas? Se está, nesse exemplo a professora parte de duas áreas e continua nas duas. Não há afunilamento nem abertura e articulação, no sentido da inter ou multidisciplinaridade. Elizabeth: Esse projeto iniciou-se em uma área – Língua Portuguesa, cuja intenção da professora era trabalhar com o tema Linguagem Publicitária – e se expandiu para outras áreas, envolvendo professores de diferentes disciplinas. Os alunos fizeram levantamentos históricos e estatísticos a respeito das enchentes da cidade de São Paulo ao longo dos anos e descobriram que esse fato é recorrente e sem uma ação mais abrangente por parte das auto- 37 ridades. Alguém comparou-a com a seca do Nordeste. Também foram orientados pelo professor de Artes na criação de maquetes de seus produtos. Enfim, tendo como ponto de partida um fato do contexto, houve um estudo que permitiu compreender a existência de enchentes na cidade de São Paulo, levou à proposição e respectiva publicidade de produtos para uso nessas emergências, favorecendo a representação de idéias em uma nova linguagem para os alunos. No final, cabe ao professor, retomar os conceitos implícitos nessa representação, de modo a permitir a compreensão sobre esse tipo de linguagem, aprofundando o conhecimento do tema que originou o projeto. A interdisciplinaridade se deu na ação de trabalhar com um conhecimento tal qual ele ocorre no cotidiano, articulando as disciplinas que emergiram no desenvolvimento do trabalho, para ampliar a compreensão sobre a enchente e criar soluções alternativas para o problema. TV ESCOLA ESCOLA: Como os projetos podem ajudar a enfrentar e superar o bicho-papão da Matemática? E como o computador pode favorecer essa superação? ENTREVISTA Elizabeth: O exemplo que acabei de dar foi explorado pelo professor de Matemática para trabalhar com vários conceitos matemáticos. Ora, a Matemática não surgiu isolada da vida. Ela foi isolada ao longo de sua evolução, o que favoreceu uma série de elaborações e novos conceitos. Só que, nesse processo de aprofundamento no interior da disciplina, perdeu-se o significado dos conceitos, o que hoje precisa ser recuperado no processo educacional. Para isso basta articular Matemática e realidade. Parece simples, porém não o é, porque os professores também não foram preparados para tal. TV ESCOLA ESCOLA: O professor pode dar conta dos conteúdos previstos no currículo trabalhando só por projeto? Elizabeth: Será que é possível cobrir todas as áreas e conteúdos do currículo por projetos? Se fizermos do projeto uma camisa de força para todas as atividades escolares, estaremos mais uma vez engessando a prática pedagógica. A metodolo- 38 tado da presença física e torna essa idéia de tempo do encontro presencial como um momento significativo, mas não único. Meus alunos do curso de Pedagogia estão trabalhando com problemas por meio de interações a distância e afirmam que esta prática os força a aprofundar mais os estudos e a permanecer a semana toda trocando informações e elaborando suas produções. O espaço semanal de nossa aula presencial é para realimentar o virtual. TV ESCOLA ESCOLA: Como se usam os vários recursos disponíveis num projeto? Livros, TV, computador... gia de projetos traz um grande potencial para se romper com o isolamento das disciplinas, mas isso não significa que tudo tenha que ser somente com projetos. Há momentos em que o professor precisa dar uma aula interativa, fornecer informações ao aluno, mas o que importa é que isso se faça com vistas à aprendizagem significativa para o aluno. Elizabeth: De acordo com o objetivo pedagógico e a potencialidade de cada recurso. Num mesmo projeto podem ser articulados vários recursos, da entrevista pela Internet ao livro e TV. Posso entrevistar um especialista em situação real, mas se isso não for possível utilizo a Internet para nossa interação. Um vídeo pode ser um excelente recurso em um dado momento, desde que seu uso esteja contextualizado na atividade. Da mesma forma, o computador é muito útil quando usado para pesquisa, comunicação e principalmente para representação do conhecimento e troca de informações. TV ESCOLA ESCOLA: O projeto não é sempre mais demorado? TV ESCOLA ESCOLA: O que você considera representação do conhecimento? Elizabeth: Essa idéia é equivocada. Tentase colocar o projeto como algo sempre grandioso e que envolve a escola como um todo. Neste ano tivemos vários temas que foram escolhidos sem a participação de professores e alunos para que eles executassem como se fosse um projeto: Brasil 500 anos, Olimpíadas etc. Será que os professores e os alunos foram sujeitos de aprendizagem desde a concepção desses projetos ou foram executores de algo definido a priori? Elizabeth: Significa descrever explicitamente o significado de um conceito, as articulações entre informações, quer sejam palavras, gráficos, imagens, animações, enfim qualquer mídia que mostre o que a pessoa pensa sobre determinado conceito, fato, acontecimento etc. Um programa de computador, um texto, um site ou uma home page traz descrito o pensamento de quem o elaborou. Por isso é importante permitir que o aluno represente o seu conhecimento, de modo que ele possa identificar o que sabe e o que precisa buscar para aprofundar esse conhecimento. Do mesmo modo, o professor pode identificar as dificuldades e descobertas do aluno e intervir em seu processo para provocar o desenvolvimento. Aí reside a maior potencialidade do uso do computador em educação. Elizabeth: clareza nas intenções. TV ESCOLA ESCOLA: É possível o projeto de uma única aula? Elizabeth: O projeto implica em romper com o tempo e o espaço da sala de aula. A tecnologia permite a expansão da sala de aula para além do tempo limi- TVE SCOLA SLOGAN O canal da educação Este é o slogan da TV Escola, sugerido por professor de Educação Física e surfista das praias de Imbituba, SC A DIVERSIFICAÇÃO Adoro participar de concursos, e aproveitei para mandar minha sugestão, diz o professor. Na escola, ele está sempre preocupado em criar novidades para suas aulas, oferecendo diversas opções de prática esportiva para os alunos. Procuro diversificar o máximo possível. Tirar daquela coisa de ter só futebol. Afinal, são trinta alunos por sala, com preferências TVE SCOLA FOTO: ARQUIVO PESSOAL revista TV E SCOLA lançou o desafio, os professores aceitaram. O concurso que escolheu um slogan para a TV Escola recebeu 610 sugestões de todo o País. A melhor, de acordo com votação realizada na Secretaria de Educação a Distância - Seed e na Redação da revista, veio de Imbituba, Santa Catarina. TV Escola, o canal da educação. A idéia é do professor de Educação Física Nilo Pittigliani de Carvalho, que trabalha na Escola Básica Municipal José Wanderley Maia. As outras duas sugestões mais votadas foram TV Escola a educação está no ar, é só sintonizar, de Raissa Pereira Chiericato, de Barroso, MT; e TV Escola, de mãos dadas com a educação, frase enviada por Geraldo Afonso de Souza, de Belo Horizonte, MG, e Tânia Maria Cardoso de Barros, de Aracaju, SE. Nilo: “adoro concursos”. diferentes, explica o professor, que está cursando a Faculdade de Pedagogia na Universidade do Sul de Santa Catarina. A escola José Wanderley Maia atende crianças da 1 a a 6a séries, e o grande desafio do professor é interessar os alunos a partir da 5 a. Até ali, eles são muito ativos, participam de mil brincadeiras. Mas nessa idade começa a surgir uma certa timidez, observa. Nilo procura envolver na aula até mesmo aqueles alunos que não participam, por exemplo, por estarem machucados. Eles podem me ajudar como meus assistentes ou apitando o jogo. Quando isso não é possível, o professor apela para jogos de tabuleiro, como damas ou xadrez, feitos na escola mesmo. Junto com os alunos, transformamos velhas tampas de carteiras em tabuleiros. Atividades como essa são facilitadas pelo fato de a escola ficar dentro de um Caic Centro de Atendimento Integrado à Criança. O centro dispõe de ginásio (com chuveiros), confeitaria, marcenaria, padaria... Tudo para que as crianças tenham alternativas de lazer dentro da própria escola. SURFE Além das aulas de Educação Física, Nilo se envolve em diversas atividades, como a troca de correspondência com outras escolas, em colaboração com o professor de Língua Portuguesa. Ou a horta da escola, que ele plantou junto com os alunos, aproveitando para passar conceitos de nutrição e saúde. Nossa horta foi escolhida pela Prefeitura como Melhor Horta Escolar duas vezes, em 1995 e 1996, conta Nilo, orgulhoso. Fora da escola, o cotidiano do professor também é agitado. Sua grande paixão é o surfe. E ele mora no lugar certo para quem gosta disso. Localizada no litoral catarinense, a 104 km de Florianópolis, Imbituba tem ondas consideradas ótimas para esse esporte, e foi descoberta pelos surfistas na década de 70. Nilo faz também o programa de rádio Topwave, especializado nesse esporte, e é juiz da Associação de Surfe da cidade. Além, é claro, de assessorar os alunos que querem pegar onda. Sempre dou dicas para eles, diz o professor. 39 ++++++++++++++++++++++ Quatro mil programas em 5 anos de TV Escola J á está pronto e será em breve distribuído às escolas o novo Guia de programas da TV Escola, publicado pela Secretaria de Educação a Distância do MEC. A obra tem quase 4 mil programas transmitidos no período 1996-2000, correspondente aos 5 anos de existência da TV Escola. O Guia traz outras novidades, a começar pela inclusão de Filosofia nas seções temáticas destinadas ao ensino fundamental, organizadas, como nas edições anteriores, em ordem alfabética, de Arte a Saúde. Um segundo bloco, de seções especiais, reflete a ampliação e enriquecimento da grade da programação. São apresentadas pela primeira vez, nesse bloco, as atrações da programação de sexta-feira: o Vendo e aprendendo, dirigido ao ensino fundamental. A programação do ensino médio tem três seções, referentes aos programas exibidos na grade: Como Fazer, Ensino Legal e Acervo. Completam o bloco de seções especiais a série Ver Ciência, também do ensino médio, as séries do tradicional curso de capacitação Salto para o Futuro e a Produção da TV Escola – espaço em que são listadas todas as séries e programas produzidos especialmente para a TV Escola em 5 anos de trabalho. O projeto gráfico, que fez tanto sucesso nas duas edições anteriores, permanece o mesmo. As fichas técnicas foram revisadas e complementadas. Os textos dos resumos de séries e programas transmitidos até 1999 foram totalmente reescritos. O Guia está, portanto, mais completo e com melhor qualidade de informação. Permite aos professores uma consulta sistemática de tudo que foi transmitido. E pode servir de referência para a organização e catalogação das videotecas das escolas, facilitando o acesso aos programas e sua utilização, no trabalho com os alunos e na capacitação de professores. Próximas atrações A BELEZA DOS NÚMEROS Nova série da programação da TV Escola tem a proposta de juntar Arte e Matemática, mostrando a beleza que pode resultar dessa associação. Projeto Arte e Matemática foi produzido pela Fundação Padre Anchieta/TV Cultura, em parceria com a TV Escola. São 13 programas, com 30 minutos cada. O programa O belo, por exemplo, tenta provar que, por trás das equações e dos números existe beleza que pode ser apreciada como se aprecia um quadro. À SOMBRA DAS MANGUEIRAS Os encantos de Belém do Pará, vistos pelos olhos de uma atriz paraense são o tema do vídeo O Pará de Dira Paes, da série Expresso Brasil. O programa percorre os car tõespostais da cidade – as mangueiras centenárias, o Teatro da Paz e o Mercado Vero-Peso. Fala também de problemas locais como a degradação urbana, a sujeira A REVIST A TV ESCOLA ESTÁ NA INTERNET REVISTA INTERNET:: www .mec.gov .br/seed/tvescola www.mec.gov .mec.gov.br/seed/tvescola 40 TVE SCOLA ++++++++++++++++++++++ e a depredação. Mostra ainda a Ilha de Marajó e sua cerâmica, as danças e lendas da região. GENÉTICA DO DIA-A-DIA O genoma humano relaciona a genética ao dia-a-dia, mostrando casos reais de problemas hereditários – como a história de uma família em que uma deformação na mão passa de pai para filho. Utilizando recursos de computação gráfica, o vídeo mostra em detalhes a estrutura genética. Assim, é possível compreender, por exemplo, a duplicação dos genes desde a concepção do feto. OS ROBÔS DO AMANHÃ O programa Os Humanóides mostra uma nova e estranha espécie que sai das pranchetas dos cientistas: robôs cada vez mais sofisticados, com expressões faciais humanas e inteligência (como os robôscachorros japoneses). OLHAR GEOGRÁFICO Um olhar detalhado sobre a geografia física e humana de vários locais no mundo. Usando instrumentos como fotografias aéreas, a série francesa Paisagens volta no próximo bimestre à TV Escola, exibindo uma complicada e fascinante relação entre o homem e o ambiente. Na Ilha da Reunião, por exemplo (próxima a Madagascar, na costa sudeste africana), a câmera de TVE SCOLA CRESCE AUDIÊNCIA DO SAL TO ALT Paisagens mostra como a principal atividade econômica da ilha se deslocou, ao longo da História, de seu centro geográfico para as áreas próximas do litoral. Em outro filme, discute-se o abandono da agricultura na fértil região de Portel, no Alentejo, em Portugal. Orto & grafia A série que utiliza fantoches para ensinar fonética e grafia ganhou uma continuação. Desta vez, além de enfocar as regras ortográficas, as histórias mostrarão exemplos de concordância e de conjugação verbal, com verbos como medir e caber. GEOMETRIA NA PRÁTICA Onde estão os sólidos geométricos? Eles estão na rua, na classe, na natureza e nas construções humanas – não apenas desenhados com giz na lousa da escola. É isso que a série Mão na forma mostra, dando exemplos da presença e da importância desses sólidos no dia-a-dia. A série também ensina a montar os sólidos com papel, varetas ou esferas. Um dos programas, O barato de Pitágoras, explica a origem do Teorema de Pitágoras. Os telefonemas, fax e e-mails recebidos durante e após cada programa do Salto para o Futuro demonstram: a audiência aumentou. Só no primeiro semestre de 2000, entraram em contato com o programa 1.160 pessoas, contra 1.102 durante todo o ano de 1999. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ DIPLOMADA A PRIMEIRA TURMA DO PROFORMAÇÃO A primeira turma do Programa de Formação de Professores em Exercício Proformação já conquistou seu diploma. São 987 formandos de 81 municipios do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que encerraram o curso em dezembro de 2000. O Proformação é um programa da Secretaria de Educação a Distância do MEC em parceria com o Fundescola, Estados e municípios. Visa garantir habilitação mínima ao Magistério, a partir de 2002, como prevê a lei 9.424. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ LANÇADO SITE DE INTERCÂMBIO COM A FRANÇA Brasileiros e franceses têm um site para troca de experiências. Foi construído em parceria dos Ministérios da Educação do Brasil e da França. É bilíngüe e traz informações sobre o uso de novas tecnologias em educação, links para bibliotecas e universidades virtuais. http://www.webeduc.mec.gov.br 41 seja onde for A professora Kiyoko deixou a escola. Mas continua dando aula, agora voluntária, para o faxineiro do prédio onde mora. A professora paulistana Kiyoko Nishikawa encerrou uma etapa da vida ao despedir-se, em 2000, de suas classes especiais. Decidiu parar, depois de alfabetizar, por 30 anos, crianças portadoras de deficiência mental, em escolas da rede estadual de São Paulo. Pouco tempo depois, no entanto, estava de volta ao trabalho – agora voluntário e com outro tipo de aluno. Ficou sabendo que Bastião, o faxineiro do prédio onde mora, não sabia ler nem escrever. Por isso, não poderia tomar conta da portaria. Remexeu nas gavetas, pegou alguns textos. Depois, conseguiu autorização da síndica para alfabetizar o rapaz durante o expediente em aulas diárias de cerca de uma hora. “Quando eu perguntei se o Bastião queria aprender a ler e a escrever, o olho dele brilhou”, conta Kiyoko. “E brilha todos os dias, quando ele chega para ter aula.” O faxineiro Bastião Jesus dos Santos, 21 anos, casado, ficou meio envergonhado, mas não recusou o convite. “Eu sempre tive vontade de aprender, mas ficava encabulado e não conseguia chegar perto de uma escola. Agora já estou soletrando”, conta o rapaz. A história de Bastião é parecida com a de Kiyoko e seu tantos jovens analfabetos. Ele nasceu num síaluno Bastião. tio, na cidade baiana de Santa Teresinha, e com nove anos começou a trabalhar na roça. “A escola ficava um pouco longe, mas eu queria estudar. Minha mãe era a favor; meu pai, não.” Depois, a madrinha de Bastião foi trazendo os sete irmãos, um a um, para São Paulo. As meninas, já alfabetizadas na Bahia, vieram primeiro. Nome: Kiyoko Nishikawa À medida que conseguiam Idade: 59 anos emprego, mandavam busProfissão: professora com car os irmãos. Bastião foi um dos últimos a vir, sem especialização em Educação Especial nunca ter pisado numa esCidade: São Paulo, SP cola. Era analfabeto e analAtividade preferida: alfabetizar fabeto ficou. AUTO-ESTIMA Kiyoko acredita no carinho como fator importante no processo de aprendizagem. Carinho foi indispensável quando a professora alfabetizava os alunos de suas classes especiais. “As crianças precisam ser amadas, valorizadas. Resgatar a auto-estima é fundamental para que elas se desenvolvam. No primeiro dia de aula eu nunca passava lição. Sempre conversava com as crianças, procurava saber quem elas eram. Devagarzinho, ia conquistando sua confiança e amizade.” Quando os alunos já estavam alfabetizados e sabiam fazer as quatro operações, passavam a freqüentar as classes regulares. Este era o momento mais esperado por todos, porque, segundo a professora, eles queriam perder o estigma de deficientes. Por causa de diagnósticos incorretos, crianças normais também eram enviadas para a sala de Kiyoko. “Eram alunos com problemas emocionais, sociais e psicológicos; vinham de favelas, tinham pais separados, famílias desajustadas. Consegui passar muitos deles para as classes regulares”, lembra-se a professora que, pelo jeito, nunca vai parar de ensinar. FOTO: PAULO PEPE ALFABETIZAR, Hoje Bastião é um aluno aplicado e caprichoso. Todos os dias, ele exibe as lições de casa, feitas depois do expediente. “Eu chego, tomo um banho, janto e vou estudar”, conta o faxineiro. O método de Kiyoko é simples: trabalhar com o universo do próprio aluno. “Ele está aprendendo a preencher fichas e reconhecer extratos bancários e correspondências, para que possa tomar conta da portaria se necessário.” “Vou ler jornal no metrô! Eu sempre vejo as pessoas que lêem e fico curioso para saber o que está escrito”, diz Bastião. Quando estiver mais adiantado, ele vai se matricular em uma escola de adultos. No Dia do Professor, deu a Kiyoko um vaso de violetas e um bonito cartão com letra miúda. COMO USAR A TV ESCOLA Como cuidar do videocassete ATUALIZE SUAS INFORMAÇÕES SOBRE A TV ESCOLA O que é a TV Escola • É um programa da Secretaria de Educação a Distância do MEC para a melhoria da qualidade do ensino público. Com este objetivo, transmite programação às escolas de ensino fundamental e médio, dirigida à capacitação e aperfeiçoamento do professor, e também ao seu trabalho em sala de aula. • Transmitida a todo o País, a programação é captada por antena parabólica. Os programas (inclusive os do Salto para o futuro, transmitidos ao vivo) devem ser gravados em fitas de videocassete para utilização pelo professor. • Os equipamentos para captação e gravação compõem o kit tecnológico, adquirido pela escola, por intermédio da Secretaria de Educação do Estado ou pelo município, com recursos do salário-educação administrados pelo FNDE/MEC. Como obter o kit • As escolas das redes estaduais devem dirigir-se às secretarias de educação, e as escolas das redes municipais à prefeitura, para solicitar sua inclusão no projeto de aquisição do kit, a ser encaminhado ao FNDE. • Tem direito ao kit toda escola pública servida por energia elétrica, com mais de cem alunos no ensino fundamental (de acordo com o Censo Escolar do ano anterior à solicitação) e que ainda não tenha sido contemplada. • A Secretaria de Educação Média e Tecnológica – Semtec está realizando estudos para equipar as escolas de ensino médio. O que compõe o kit Antena parabólica • Vazada, do tipo Focal Point, com 2,85 m de diâmetro, no mínimo (esta medida pode variar conforme a localização da escola). • A antena deve ter LNB (Low Noise Block Down Converter) de 25º Kelvin, no máximo, e ganho de 38,3 ± 0.3 dBi em 4.0 Ghz. • Acompanha a antena receptor de satélite manual, com filtro de 18 MHz. Televisor • Em cores, bivolt (110V e 220V), com controle remoto, tela de no mínimo 20 polegadas e suporte de parede para televisor, videocassete e receptor. Videocassete • 4 cabeças, bivolt, com controle remoto, sistema NTSC/PALM. Estabilizador de voltagem • 2 KVA, no mínimo. Fitas • VHS, de 120 minutos. Como montar o kit • A instalação dos equipamentos deve ser feita por técnico autorizado pelo fornecedor. Um mau posicionamento da antena, por exemplo, pode comprometer a qualidade do sinal recebido do satélite. • É necessário verificar se todos os equipamentos têm manuais de uso e conferir prazos de garantia. • Desligue o vídeo da tomada sempre que estiver chovendo muito forte ou em caso de corte de energia. Descargas elétricas provocadas por raios ou o retorno da energia podem queimar o equipamento. • Evite avançar (FF) ou voltar (REW) com a imagem na tela. O excesso de atrito entre a cabeça do videocassete e a fita causa estragos. Pare (STOP) antes de adiantar ou voltar a fita. • Evite congelar a imagem (PAUSE) por muito tempo. Isso também produz atrito entre a fita e a cabeça de gravação. • Chuviscos na imagem podem indicar que o cabeçote de gravação está gasto, sujo, ou o vídeo danificado. Podem indicar também falta de ajuste do vídeo. Neste caso, acione o botão TRACKING. Como cuidar das fitas • Guarde-as na posição vertical, em local protegido de sol, umidade e poeira, distante de campos magnetizados, como motores ou transformadores. • Rever as fitas periodicamente ajuda a evitar fungos. • Rebobine (volte ao início) a fita toda após usá-la. Como sintonizar a TV Escola • Antes de ligar a televisão e o vídeo, verifique se estão na voltagem certa. • O receptor do satélite deve ser colocado em polarização horizontal. • Alguns receptores têm ajuste com o número do transponder (canal do satélite). Nos modelos com opções de 1 a 24, deve ser escolhido o nº 3. • Em outros receptores a sintonia é feita pela freqüência de recepção direta do satélite, de 3.700 a 4.200 MHz. Devese escolher 3.770 MHz. • Outra possibilidade de sintonia é a freqüência intermediária em receptores digitais. Deve-se escolher 1.380 MHz. • No vídeo, é sintonizado o canal 3 ou 4, ou o que estiver livre na sua cidade. Problemas de recepção • Confirmar se os equipamentos estão de acordo com as especificações indicadas por este manual. • Se houver problemas na recepção, deve-se insistir com o técnico autorizado para que verifique o posicionamento da antena e a sintonia correta do receptor e dos outros aparelhos do kit. • Persistindo a má recepção do sinal, deve-se pedir orientação ao coordenador da TV Escola na Secretaria de Educação do Estado, ou ligar para o Programa Fala Brasil: 0800-61.6161. Como conhecer a programação • Os programas da TV Escola de cada mês estão em um cartaz com a Grade da programação, distribuído às escolas – dois cartazes por bimestre, referentes a dois meses de programação. • Os cartazes devem ser afixados em local de fácil acesso a todos os professores e alunos. • As Grades são reproduzidas em encarte solto na revista TV ESCOLA e estão também disponíveis no site da TV Escola na Internet: www.mec.gov.br/seed/tvescola. • A programação de reprise está na Grade de férias, distribuída às escolas em cartaz especial. Como é organizada a programação • Os programas da TV Escola são transmitidos em quatro faixas: Ensino fundamental, Ensino médio e Salto para o futuro, de segunda a sexta-feira; e Escola aberta, aos sábados. CONTINUA NA PÁGINA 43 COMO USAR A TV ESCOLA • A programação dirigida ao ensino fundamental é organizada em áreas temáticas ou programas (Vendo e aprendendo) sobre determinado tema. • A programação dirigida ao ensino médio é organizada em programas que integram mais de uma área temática, favorecendo a interdisciplinaridade (Como fazer?), ou programas com debates e documentários (Ensino legal e Acervo). • Entre Ensino fundamental e Ensino médio, a TV Escola transmite Salto para o futuro, com programas ao vivo sobre temas dos dois níveis de ensino, produzidos especialmente para professores e dirigentes das escolas. • Escola aberta, com transmissão aos sábados, tem programação especial para a escola e a comunidade. • A Grade da programação está organizada por dia de transmissão, horário, faixa, área temática e programas; resume a programação de cada dia e dá os tempos de duração dos programas. Quando gravar • A programação da TV Escola é transmitida de segunda a sexta-feira. Para facilitar as gravações, é repetida em quatro horários para o ensino fundamental, três para o ensino médio, três para o Salto para o futuro. Aos sábados, Escola aberta tem transmissão em quatro horários. • Para conhecer todos os horários, consulte a Grade da programação . • Nas férias, é reprisada a programação do semestre anterior: a cada horário de transmissão corresponde um dia da programação. • Se você perdeu um programa transmitido durante o ano letivo, procure-o na Grade de férias. Como gravar os programas • No horário escolhido, ligue os equipamentos; sintonize TV e vídeo. • Coloque a fita no início e o contador (COUNTER) no zero. • Aperte REC e PLAY ao mesmo tempo. Esse procedimento vale para a maioria dos equipamentos. • Para programar a gravação, consulte o manual de uso do vídeo. Como organizar o uso das fitas • Volte a fita ao início e zere o contador. • Assista desde o começo, anotando em que número do contador começa cada programa gravado. • No início de cada programa há uma claquete com dados para catalogação. • Faça uma etiqueta e cole na lombada da fita, para sua identificação. • Faça fichas por assunto, tema, número da fita ou do modo mais útil para organizar a videoteca. Evite organizar apenas por data de gravação. •A classificação adotada pela Grade da programação e pelo Guia de programas é uma referência possível para a organização da videoteca (ver Como consultar os programas). Como usar os programas • Os programas da TV Escola podem ser usados – a critério do professor, orientador, coordenador ou diretor – como recurso para capacitação e aperfeiçoamento, como instrumento de apoio às aulas e em atividades de recuperação e aceleração de estudos. DIRETORA: NÃO FIQUE SEM A TV ESCOLA. FAÇA SEGURO DOS EQUIPAMENTOS. Como consultar os programas • A TV Escola tem um Guia de programas, já em segunda edição, que está sendo distribuído às escolas, para facilitar a consulta e o uso dos programas transmitidos e gravados. • O Guia é também uma referência para as escolas organizarem suas videotecas (ver Como organizar o uso das fitas) • O novo Guia contém programas transmitidos de 1996 a 1999, resumidos e organizados em 15 áreas temáticas. ATENÇÃO: O MEC NÃO DISTRIBUI FITAS Como aprofundar os temas tratados • Algumas séries de programas produzidas pela TV Escola são acompanhadas pelos Cadernos da TV Escola, que complementam e aprofundam os temas tratados nas séries. Como acompanhar o trabalho de outros professores • A revista TV ESCOLA publica reportagens sobre experiências de professores com a TV Escola, dá sugestões de atividades para o trabalho com os programas e trata de outros assuntos de interesse do professor. • A revista acompanha e registra também o trabalho de professores que participam do Programa Nacional de Informática na Educação – ProInfo, do Programa de Formação de Professores em Exercício – Proformação, ou que estão envolvidos na Reforma do Ensino Médio. • A Secretaria de Educação a Distância – Seed distribui a revista TV ESCOLA a todas as escolas participantes do Programa TV Escola; cada escola recebe de 2 a 12 exemplares, proporcionalmente ao número de alunos. • É muito importante que a revista circule entre todos os professores. • Escolas que não estiverem recebendo a revista devem pedir cadastramento à Seed, por carta, fax ou e-mail (ver endereços em Como se manifestar e tirar dúvidas) • A cada dois meses, as escolas recebem, junto com as grades da programação, um cartaz de divulgação que resume a revista do bimestre e deve ser afixado em local bem visível para todos os professores. Como ampliar o conhecimento de alguns assuntos • Os livros da Série de estudos / Educação a distância completam a linha editorial de apoio dos programas desenvolvidos pela Secretaria de Educação a Distância do MEC, com textos de estudos na área da educação a distância e novas tecnologias para a educação. COMO SE MANIFESTAR E TIRAR DÚVIDAS Escreva para a TV Escola Ministério da Educação / Secretaria de Educação a Distância caixa postal 9659 – CEP 70001-970, Brasília, DF fax: (0xx61) 410.9178 e-mail: [email protected] site: www.mec.gov.br/seed/tvescola Ou ligue para o Programa Fala Brasil: 0800.61.6161 (ligação gratui ta)
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