evidenciação de informações socioambientais e isomorfismo

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evidenciação de informações socioambientais e isomorfismo
ANAIS
EVIDENCIAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS E ISOMORFISMO:
UM ESTUDO COM EMPRESAS DO SETOR ELÉTRICO
ANDRESSA ( [email protected] , [email protected] )
FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau
LUIS ANTONIO LAY ( [email protected] , [email protected] )
FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau
ADRIANA KROENKE ( [email protected] , [email protected] )
FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau
RESUMO
O presente estudo verifica a eventual presença de um processo isomórfico entre os relatórios
anuais e relatórios de sustentabilidade das empresas que trabalham no setor da energia,
verificando até que ponto o volume de evidenciação de informações dessa natureza são
semelhantes. Foram analisados 100 relatórios anuais e de sustentabilidade do período de 2009
a 2013. Os resultados apontam que de modo geral, houve aumento no volume de informações
divulgadas no período analisado, corroborando a Teoria da Legitimidade. Também fornece
resultados consistentes, que permitem inferir a existência de processo isomórfico nos
indicadores de GRI, indicadores sociais internos e indicadores ambientais.
Palavras-chave: Evidenciação Ambiental. Teoria Institucional. Relatórios de Sustentabilidade.
1.
INTRODUÇÃO
Recentemente no cenário mundial, existe uma crescente mobilização contra
organizações que não possuem responsabilidade social e ambiental, surgem assim, diretrizes
que estimularam as entidades a se desenvolverem sem impactar o meio ambiente. A sociedade
passou a cobrar uma nova postura corporativa no qual o crescimento econômico empresarial
seja conquistado sem deixar de lado a responsabilidade socioambiental.
Cada vez mais observa-se um aumento no nível de evidenciação de informações
socioambientais pelas organizações. Esse aumento pode ser explicado em razão da
preocupação das empresas em serem vistas como entidades responsáveis frente a sociedade e
o ambiente na qual estão inseridas e desenvolvem as suas atividades (SAMPAIO et al, 2012).
E assim, a publicação desses fatos tem contribuído como forma de legitimação, sendo que a
pressão existente sobre as empresas e associa também ao processo de divulgação de
informações de natureza social e ambiental.
Diversos estudos, internacionais e nacionais, tem buscado verificar a evidenciação de
forma voluntária relacionada com as questões ambientais, bem como as implicações deste
processo. Estudos como os de Liu e Anbumozhi (2009), Ahmad, Hassan e Mohammad (2003),
Rover et al.(2009) e Braga, Oliveira e Salotti (2009), Borba (2010), Oliveira (2000), Guarneri
(2001) e Nossa (2002), demonstram que inúmeros fatores, internos ou externos, podem
determinar o nível de divulgação ambiental das empresas nos mais variados setores
econômicos, sendo que não há um consenso sobre quais os fatores que influenciam o nível de
divulgação da informação socioambiental. Em seu estudo Mathews (1993), menciona que as
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políticas de evidenciação possuem caráter estratégico influenciando os relacionamentos da
organização com as diversas partes interessadas na empresa.
No que se refere á forma de evidenciação das informações socioambientais, Beets e
Souther (1999), mencionam que a ausência de padronização dos relatórios dificulta a
comparação. Entretanto, com base na Teoria Institucional, DiMaggio e Powel (1991)
desenvolveram o conceito de isomorfismo, demonstrando que sob as mesmas condições
ambientais, uma determinada população tende a agir de forma semelhante a seus pares. Temse a possibilidade de inferir, a partir de então que empresas do mesmo ramo de atividade estão
sujeitas a condições semelhantes, evidenciando então, de forma parecida os seus relatórios
socioambientais.
Como apresentado no decorrer da introdução, várias pesquisas têm se dedicado a
estudar o fenômeno da divulgação voluntária de informações socioambientais em seus
relatórios. Essas investigações abordam o tema na mesma empresa periodicamente, entre
várias empresas do mesmo setor ou de setores diferentes, ou ainda, também entre companhias
de um país, região ou de vários países. Desta forma, com base nesse contexto, surge então a
seguinte questão de pesquisa que norteia este trabalho: Os indicadores socioambientais
divulgados nos relatórios anuais e de sustentabilidade das entidades pertencentes ao
setor de energia tendem a ser isomórficos? Assim, o objetivo desta pesquisa consiste em
identificar o nível de evidenciação nas informações socioambientais nas empresas do setor de
energia.
A presente pesquisa se justifica em razão da importante contribuição para a discussão
da Teoria Institucional como explicativa de alguns aspectos relacionados com os
procedimentos de evidenciações de informações socioambientais das empresas.
Já a escolha pela análise dos relatórios anuais e de sustentabilidade das empresas que
exploram a atividade de energia justifica-se pelo fato dos indicadores analisados por este
estudo serem fornecidos por meio destes documentos e, ainda, pela coerência com as teorias
que dão sustentação ao presente estudo.
Além desta introdução, o estudo apresenta ainda outros quatro tópicos. O tópico dois
que segue, traz a revisão de literatura utilizada para dar base ao decorrer desta pesquisa. É
apresentado ainda, um breve tópico sobre disclosure socioambiental e relatórios anuais e de
sustentabilidade. Seguido do terceiro tópico que apresenta os procedimentos metodológicos
utilizados na pesquisa. O quarto tópico apresenta a análise dos dados e discussão dos
resultados encontrados. Por fim, o último tópico apresenta as considerações finais.
2
2.1
REFERENCIAL TEÓRICO
Teoria Institucional
A relação entre as empresas e o contexto ambiental na qual estas estão inseridas, é tem
recorrente. Entretanto, o aumento da preocupação da sociedade nos últimos tempos referente
tais assuntos têm estimulado as empresas a divulgarem informações, de forma voluntária, de
natureza socioambiental buscando deixar as claras as suas responsabilidades para com o meio
em que desenvolvem suas atividades. As pesquisas de Patten (1992), Gibson e Guthrie
(1995), Gray, Walters, Bebbington (1995), Deegan e Gordon (1996), Deegan e Rankin
(1996), Brown e Deegan (1999), confirmam essa tendência.
Hopwood e Miller (1994), descrevem que as práticas contábeis não podem ser vistas
como neutras, sob a ótica da teoria institucional, mas sim, deve ser visualizada a partir das
interações que ela realiza com a sociedade. Assim, as práticas relacionadas à evidenciação de
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informações contábeis influenciam e são influenciadas pelas demandas sociais, objetivando
sempre o alinhamento com estas, para que sobrevivam no qual as empresas realizam suas
atividades.
Através da Teoria Institucional tem-se a possibilidade de fornecer evidências das quais
as entidades devem atuar conforme as demandas da sociedade caso queriam ser percebidas
como legítimas. De acordo com Dias Filho e Machado (2008), a Teoria Institucional auxilia a
explicar os fatos contábeis a partir de padrões de comportamento, crenças, normas e
procedimentos contábeis as quais as empresas recorrem para auferir a legitimidade no espaço
que atuam.
Dias Filho (2009) menciona que a Teoria Institucional demonstra que as organizações
precisam incorporar regras e crenças que estão institucionalizadas para que, assim, possam ser
percebidas como legítimas. Assim, estudos que utilizam a Teoria da Legitimidade para
explicar os mecanismos de evidenciação socioambiental estão tendo destaque.
Corroborando, Hopwood (2009), salienta que é através da divulgação voluntária de
informações socioambientais que as empresas estão buscando a legitimidade perante a
sociedade, visto que esse tipo de informação alinha-se com a preocupação da sociedade.
Em relação a divulgação das informações socioambientais Adams, Hill e Roberts
(1998), embora estejam em considerável aumento, ainda há a necessidade de melhorar a
qualidade e a quantidade de informações divulgadas, uma vez que, as informações são
divulgadas de de maneira fragmentada e não integrada.
Diante disso, Deegan e Rankin (1999), declaram que é impossível tomar decisões mais
confiáveis com base nesses relatórios, pois a evidenciação, além de fragmentada e não
integrada não reflete de maneira precisa os riscos que estão inerentes as atividades
desenvolvidas pelas empresas.
Conforme Sampaio et al. (2012), o nível de evidenciação de informações
socioambientais aumentou de forma significativa nos últimos anos, refletindo assim, a
crescente preocupação das empresas com as questões econômicas, sociais e ambientais do
contexto em que estão inseridas.
Embora, tenha-se a percepção de que as informações socioambientais são percebidas
como um instrumento de legitimação, na opinião de Nossa (2002), ainda não existe consenso
sobre quais os conteúdos que devem estar contidos nos relatórios divulgados. Conforme o
autor, vários teóricos defendem que, além da divulgação das informações exigidas
legalmente, outras informações de natureza voluntária devem compor os relatórios. Cabe a
empresa, então, ter o senso de disponibilizar resultados e relatórios que possuam evidências
coerentes das práticas e procedimentos que garantem resultados transparentes das atividades
realizadas pela entidade.
De forma geral, a Teoria Institucional propõe a ideia que grandes pressões levam a
práticas e estruturas organizacionais semelhantes e uniformes, através de vários mecanismos
de coação, normatização e imitação, as empresas que dividem o mesmo ambiente são mais
suscetíveis a responder a essas pressões adotando estruturas similares conhecidas como
Isomorfismo.
2.2
Isomorfismo
Na busca pela legitimação social, uma empresa tende a se parecer com as demais
organizações que compõem o ambiente organizacional do qual ela participa. Logo, essa
homogeneização conglomera tanto a sua estrutura como as práticas organizacionais. Meyer e
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Rowan (1977), descrevem que essa tendência de similaridade entre as empresas de um mesmo
segmento dá à organização uma maior chance de sobrevivência no mercado. Implicando,
assim, na presença de isomorfismo institucional (SAMPAIO et al.,2012).
Dimaggio e Powell (1983), qualificam o isomorfismo em três tipos: o coercitivo,
normativo e mimético. Inicialmente, o isomorfismo coercitivo advém de forças impostas de
maneira formal ou não formal sobre uma organização, geralmente impostas por órgãos
governamentais. O isomorfismo normativo está associado à profissionalização provocada por
profissionais que executam atividades semelhantes em diferentes organizações e vêm os
problemas de forma similar. Já o último tipo, classificado como isomorfismo mimético,
corresponde ás respostas padronizadas frente à incerteza, onde as organizações se espelham
nas empresas percebidas como bem sucedidas. Este último processo ocorre contrariando o
processo racional da empresa, pois não há maiores reflexões sobre a adequação destes
procedimentos, o que na sua maioria das vezes implica em maiores custos para a empresa
(DIMAGGIO E POWELL, 1983).
Assis et al. (2010), o isomorfismo corresponde à busca da organização de ações,
estruturas e processos iguais. Sendo que pode ser compreendido como uma convergência
progressiva das empresas à sua tendência, através da imitação, buscando assim, a legitimação
da empresa. Assim, as peculiaridades de cada empresa vão se alterando para possibilitar a
compatibilidade com o ambiente que estão inseridas.
Para Santos (2008), o isomorfismo institucional leva em consideração a política e
a vida organizacional, levando ao entendimento de que as organizações não disputam
apenas por recursos e clientes, mas também, pelo poder político, legitimidade institucional e
uma boa condição social e econômica que garanta o seu bom desempenho.
Sampaio et al (2012), menciona que a adoção do processo isomórfico para as empresas
do mesmo porte e setor adéqua-se as conjeturas teóricas da adoção de mecanismos
semelhantes diante da condição de incerteza ambiental, uma vez que este é o cenário de
atuação das empresas.
2.3
Pesquisas Anteriores
Estudos apontam que alguns fatores determinantes da divulgação são comuns e outros
apresentam divergências. Há a possibilidade de que a explicação se deva ao fato de a
divulgação voluntária nos relatórios se relacionar com aspectos de gestão da empresa, de
cultura, sistema jurídico e de contexto institucional do país no qual a empresa está localizada
(HOSSAIN; HAMMAMI, 2009; SIMNETT; VANSTRAELEN; CHUA, 2009; JOSE; LEE,
2007).
Outras pesquisas ainda têm procurado investigar os relatórios socioambientais, sendo
que observaram que o conteúdo, o volume de informações e a forma de apresentação podem
diferir em razão do tamanho da empresa, da localização e, principalmente, do ramo de
atividade que exploram (DEEGAN; GORDON, 1996; GRAY et al. 1996; HACKSTON;
MILNE, 1996).
Deegan e Rankin (1996), verificaram, em seus estudos, que as entidades são mais
propensas a expor informações em seus relatórios ambientais que lhe são favoráveis, e tendem
a omitir informações de natureza negativa que possam impactar em sua legitimidade perante a
sociedade.
Gasparino e Ribeiro (2005), realizaram um estudo no qual compararam os relatórios de
sustentabilidade do ano de 2004, de 03 empresas norte-americanas e 03 empresas brasileiras, do setor
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de papel e celulose, visando identificar quais as diferenças comportamentais e de evidenciação em
relação às questões ambientais, entre os países. Baseado no modelo GRI, os resultados demonstram
que as suas diretrizes foram empregadas pela maioria das empresas da amostra, através da técnica de
análise de conteúdo e fazendo comparação dos itens do relatório sob aspectos qualitativos e
quantitativos.
Clarkson et al., (2008) nos dão indícios empíricos de que há uma correlação positiva
entre o nível de desempenho ambiental e o nível de divulgação arbitrária de informações
socioambientais, conforme as diretrizes do GRI. Os presentes resultados foram obtidos a
partir da análise de uma amostra, com as cinco indústrias tidas como as mais poluentes nos
Estados Unidos. Corroborando com a ideia de que as empresas tendem a evidenciar
informações que contribuam positivamente para a organização.
Aerts e Cormier (2009), apontam em seu estudo que as informações divulgadas por
empresas dos Estados e Unidos e do Canadá em seus relatórios anuais e de sustentabilidade
possuem impacto diretamente ligado à imagem organizacional.
Manurung e Basuki (2010), averiguaram, através de uma análise empírica, os
relatórios anuais e de sustentabilidade das companhias do Reino Unido e dos Estados Unidos,
publicados durante o período de 2006 a 2008. Os resultados apresentaram um crescimento da
evidenciação de informações socioambientais. Outro destaque também, é o destaque que as
informações são divulgadas para um determinado público e não para todos os stakeholders,
fato esse, que diminui a transparência e veracidade dos relatórios e, principalmente, das
informações evidenciadas.
Andrade et al., (2013) investigaram as variáveis que determinam a adesão de empresas
brasileiras ao Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e a sua relação com o valor de
mercado das empresas. Os achados demonstram que as empresas que têm maior tamanho,
maior rentabilidade e são de setores considerados de alto impacto ambiental, possuem maior
probabilidade de aderirem ao ISE. Já, quanto a relação dos índices com o valor da empresa, os
resultados sugeriram uma relação negativa.
Angonese, Grzybovski e Mozzato (2014), verificaram os determinantes do nível de
evidenciação de informações voluntárias em 131 empresas que possuem ações negociadas na
BM&FBOVESPA. Os resultados encontrados foram que os determinantes com significância
estatística foram o tamanho da empresa, o nível de governança corporativa, a escolha da
empresa de auditoria e internacionalização por meio de American Depositary Receipts
(ADR).
3
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para investigar a eventual presença de um processo isomórfico entre os relatórios
anuais e de sustentabilidade das empresas que exploram a atividade de mineração e até que
ponto eles são isomórficos, inicialmente realizou-se uma pesquisa na Revista Exame Maiores
e Melhores a fim de identificar as empresas que pertencentes ao setor de energia, bem como
as que tiveram os maiores montantes de lucro no ano de 2014. A opção por esse critério é pela
disponibilização em forma de ranking da participação de cada empresa.
Os dados foram coletados nos relatórios anuais e de sustentabilidade disponíveis no
site de cada empresa dos anos de 2009 e 2013 para verificar se nesses dois períodos houve ou
não um aumento no volume de informações socioambientais. A escolha por estes anos é com
a finalidade de verificar se neste intervalo, houve aumento na evidenciação das informações
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socioambientais, podendo ainda efetuar análise comparativa com achados dos estudos
anteriores.
Inicialmente, obteve-se 50 empresas. Em razão ao acesso aos dados almejados foram
selecionadas as seguintes empresas: Cemig, Eletronorte, Copelget, Comgás, Cesp, CPFL
Paulista, Coelba, Ligth Sesa, Cemig Distribuição, Vale Energia, Cemar, Celesc, Eletrobras
Rondônia, Conquista Do Pontal, PCEL, Usaçúcar, Celpe, Alto Alegre, Copersucar e Usina
São Manoel, totalizando então, 100 relatórios analisados, sendo que os relatórios
compreendem os anos de 2009 a 2013. Nessa questão, foi estudada a existência da
evidenciação das informações para cada grupo de indicadores estabelecidos pela pesquisa e o
atendimento às orientações da NBC – T-15 e das Diretrizes para Elaboração do Relatório de
Sustentabilidade emitido pela GRI.
Os grupos de indicadores socioambientais adotados aqui, foram estabelecidos com
base no trabalho de Sampaio et al. (2012) que investigaram a existência de um processo
isomórfico entre os relatórios anuais e de sustentabilidade das entidades que exploram a
atividade de mineração, verificando até que ponto as evidenciações de informações
socioambientais são semelhantes.
Fixaram-se os grupos de indicadores relacionados ao ambiente social interno e externo
e as relações da empresa com o meio ambiente, estabelecidos com base na NBC T-15. Em
relação aos indicadores do Instituto Ethos e Ibase, estabeleceram os indicadores voltados aos
aspectos sociais internos, externos e ambientais. Observando a relevância no cenário
internacional das diretrizes fixadas pelo GRI e também pelo número de organizações que tem
adotado o modelo destes organismos, sobretudo as do setor energia, tornando-se necessário a
inclusão de indicador que investigue o seu atendimento.
As hipóteses do presente estudo foram organizadas de modo a operacionalizar a
pesquisa, como apresentado na Figura 01. A variável independente neste modelo é a evolução
temporal, e as variáveis dependentes são formadas pelos indicadores socioambientais,
divididos em quatro grupos: “Indicadores ambientais”, “indicadores sociais internos”,
“indicadores sociais externos” e o “GRI”.
Figura 01: Modelo operacional da pesquisa
Fonte: Sampaio et al., (2012).
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Frente as contribuições sucedidas da Teoria Institucional quanto ao processo
isomórfico, que os indicadores socioambientais contidos nos relatórios anuais e de
sustentabilidade das empresas que exploram um mesmo ramo de atividade estão sujeitas aos
mesmos fatores de pressão ambiental, tendendo a ser mais homogêneos com o tempo,
justificando assim o estabelecimento da variável independente a “evolução temporal”.
Então, para verificar o volume de informação de conteúdo socioambiental foram
separados quatro indicadores: ISI, ISE, IA e o GRI, esse com o objetivo de verificar o nível de
atendimento às diretrizes estabelecidas por esse órgão. Adicionalmente, para cumprir esta
etapa construíram-se questões para cada grupo de indicadores, demonstradas no Quadro 01.
Quadro 01: Questões formuladas para cada grupo de indicadores
Análise de Indicadores Sociais Internos (ISI)
Análise de Indicadores Sociais Externos (ISE)
Evidencia a remuneração média dos funcionários?
Evidencia gastos com educação?
Evidencia os gastos com encargos sociais?
Evidencia gastos com cultura?
Evidencia os gastos com alimentação e transporte?
Evidencia gastos com saneamento?
Evidencia os gastos com previdência privada e saúde?
Evidencia gastos com saúde?
Evidencia os gastos com segurança e medicina do
Evidencia gastos com esporte e lazer?
trabalho?
Evidencia os gastos com educação e cultura?
Evidencia os gastos com desenvolvimento
profissional?
Evidencia os gastos com creches ou auxílio creche?
Evidencia informação das participações nos lucros?
Evidencia a movimentação de funcionários (admissão,
demissão de funcionários e estagiários)?
Evidencia quantidade de funcionários por gênero, faixa
etária, nível de escolaridade?
Evidencia informações com relação a causas
trabalhistas?
Análise de Indicadores ambientais (IA)
Análise de Atendimento as Diretrizes do GRI
Evidencia os investimentos e gastos com manutenção
(GRI)
nos processos operacionais para a melhoria do meio
Evidencia a estratégia e análise?
ambiente?
Define os parâmetros do relatório?
Evidencia os investimentos e gastos com a preservação Evidencia sobre governança, compromissos e
e/ou recuperação de ambientes degradados?
engajamento?
Evidencia os investimentos e gastos com a educação
Evidencia as formas de gestão?
ambiental para empregados, terceirizados, autônomos
Evidencia o resultado econômico?
e administradores da entidade?
Evidencia informações sobre a gestão de materiais,
Evidencia os investimentos e gastos com educação
energia, água, biodiversidade, emissões de resíduos,
ambiental para a comunidade?
produtos e serviços, transportes, outros?
Evidencia os investimentos e gastos com outros
Evidencia informações sobre práticas trabalhistas e
projetos ambientais?
trabalho decente?
Evidencia a quantidade de processos ambientais,
Evidencia informações sobre os direitos humanos?
administrativos e judiciais movidos contra a entidade?
Evidencia informações sobre a sociedade?
Evidencia impactos ambientais negativos / riscos
Evidencia informações sobre a responsabilidade pelo
ambientais?
produto?
Evidencia o valor das multas e das indenizações
relativas à matéria ambiental, determinadas
administrativa e/ou judicialmente?
Evidencia informações sobre passivos e contingências
ambientais?
Fonte: Sampaio et al (2012), adaptado da NBC T-15 e do Manual de Diretrizes do GRI (2000).
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Visando verificar a evidenciação ou não das informações, as respostas foram
convertidas em variáveis dummy. Atribuiu-se código 1 para as respostas positivas e 0 para as
respostas negativas. Posteriormente, foram somadas as quantidades de respostas positivas,
servindo de parâmetro para verificação do volume de informação evidenciada em cada um
dos quadrantes. Sendo assim, quanto maior a quantidade de evidenciações individuais em
cada quadrante maior o valor atribuído para cada grupo de indicadores.
Na análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva, bem como foi realizada
análise de variância com a comparação das médias obtidas para cada indicador estabelecido
pela pesquisa. De acordo com Bruni (2009, p. 213), “esta técnica consiste em um teste de
hipóteses para igualdade de médias, verificando se determinados fatores produzem mudanças
sistemáticas em algumas variáveis relevantes no estudo”. Field (2009), menciona que a
vantagem da utilização da análise de variância é a possibilidade de análise proporcionada
quando existem muitas variáveis independentes na pesquisa.
Comparando-se as médias em relação ao montante de informação evidenciada nos
relatórios anuais e de sustentabilidade, foi investigada a presença do isomorfismo com relação
aos itens que compõem cada indicador. No próximo tópico serão apresentados os resultados.
4
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste tópico serão apresentados a descrição e análise dos dados. Inicialmente tem-se a
apresentação dos resultados encontrados nos grupos de indicadores socioambientais das
empresas. A Tabela 01 destaca os resultados dos indicadores a partir dos totais obtidos de
respostas positivas para cada item que compõe esses grupos.
Tabela 01: Evolução das Médias e Desvio Padrão (Frequências)
2009
2010
ITEM EVIDENCIADO
s
s
ISI
ISE
IA
GRI
Fonte: Elaborada pelos autores.
6,7
3,0
2,6
6,1
4,26
2,11
2,69
3,92
7,6
3,3
2,8
6,9
3,93
1,93
2,64
3,26
2011
2012
s
8,4
3,6
2,9
7,8
4,00
1,80
2,57
2,84
2013
s
8,4
3,8
3,1
8,3
3,60
1,64
2,52
2,24
s
7,1
3,1
3,0
8,7
3,70
1,81
2,68
1,55
Comparando-se as médias descritas na Tabela 01, verifica-se que nesse intervalo de
tempo um aumento no volume de informações evidenciadas pelas empresas da amostra até o
ano de 2012 (ISI, ISE, IA), tendo uma diminuição nas informações divulgadas no último ano.
Percebe-se, um aumento contínuo na divulgação de informações presentes nos relatórios do
GRI, que também tem um valor médio maior que os demais itens do grupo, o que permite
inferir que as empresas estão buscando evidenciar sua preocupação com o meio ambiente em
que estão inseridas.
A maior elevação na média, foi em relação aos indicadores do ISI. Esse resultado
corrobora com os achados de Dias, Lima Filho, Silva e Pinheiro (2014), que fez um estudo no
setor da mineração com estes mesmos indicadores, e conforme os autores se deve ao fato de
as entidades sofrerem cada vez mais cobranças em relação aos recursos humanos da entidade.
A Tabela 02 demonstra a evolução anual das médias para cada item que compõe o
grupo dos Indicadores Sociais Internos (ISI). Através da análise comparativa pode-se verificar
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que, de maneira geral, houve um gradativo aumento na evidenciação de informações com
relação á ao número de funcionários e suas respectivas características (gênero, idade, nível de
escolaridade, faixa etária) e os benefícios e remuneração média disponibilizados pelas
empresas aos seus funcionários.
Tabela 02-Estatísticas descritivas dos indicadores sociais internos
2009
2010
2011
ITEM EVIDENCIADO
s
s
s
Remuneração Média dos
Funcionários?
Gastos com Encargos
Sociais?
Gastos com Alimentação e
Transporte?
Gastos com Previdência
Privada e Saúde?
Gastos com Segurança e
Medicina do Trabalho?
Gastos com Educação e
Cultura?
Gastos com
Desenvolvimento
Profissional?
Gastos com Creches ou
Auxílio Creche?
Informação das
Participações nos Lucros?
Movimentação de
Funcionários (admissão,
demissão de funcionários e
estagiários)?
Quantidade de funcionários
por gênero, faixa, etária,
nível de escolaridade?
Informações com Relação a
Causas Trabalhistas?
Fonte: Dados da Pesquisa
2012
2013
s
s
0,45 0,497
0,55 0,497
0,7 0,458
0,6 0,490
0,75 0,433
0,5 0,500
0,65 0,477
0,7 0,458
0,75 0,433
0,65 0,477
0,6 0,490
0,65 0,477
0,75 0,433
0,75 0,433
0,6 0,490
0,6 0,490
0,65 0,477
0,7 0,458
0,7 0,458
0,55 0,497
0,45 0,497
0,5 0,500
0,6 0,490
0,6 0,490
0,6 0,490
0,65 0,477
0,65 0,477
0,85 0,357
0,85 0,357
0,75 0,433
0,65 0,477
0,7 0,458
0,75 0,433
0,75 0,433
0,65 0,477
0,55 0,497
0,65 0,477
0,75 0,433
0,75 0,433
0,65 0,477
0,55 0,497
0,65 0,477
0,7 0,458
0,75 0,433
0,6 0,490
0,5 0,500
0,5 0,500
0,5 0,500
0,5 0,500
0,5 0,500
0,8 0,400
0,85 0,357
0,9 0,300
0,95 0,218
0,9 0,300
0,3 0,458
0,45 0,497
0,5 0,500
0,55 0,497
0,55 0,497
Analisando a variação das médias dos anos de 2009 à 2013, expostas na Tabela 02,
percebe-se que os itens que sofreram menor variação foram os gastos com segurança e
medicina do trabalho e a movimentação de funcionários (admissão, demissão), esse último
item se manteve constante no decorrer dos anos estudados. No geral, a maioria dos índices
teve uma pequena queda no ano de 2013. O considerável aumento da divulgação dessas
informações sociais internas, de forma geral, demonstra que a empresa está buscando
legitimação de seus colaboradores. Estes resultados, conforme Sampaio et al., (2012)
permitindo inferir, desta forma, a existência de isomorfismo no intervalo de tempo analisado
no estudo.
Já quanto ao desvio padrão da amostra, observa-se, de maneira geral, que o
comportamento das empresas em relação à média é homogêneo. O resultado difere do estudo
de Dias, Lima Filho, Silva e Pinheiro (2014) e Sampaio et al (2012), que encontraram
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disparidades do comportamento das empresas em relação à média. Assim, pode-se dizer que
gradativamente há uma padronização no volume de informações sociais internas.
Na Tabela 3, que segue abaixo, pode ser observado o comportamento dos itens que
compõem os Indicadores Sociais Externos (ISE). Nota-se que todos itens tiveram redução no
seu volume de informações no último ano analisado. Os itens com maior média evidenciados
na análise são os gastos com educação, cultura, saúde, esporte e lazer, sendo que informações
sobre os gastos com saneamentos são divulgados em um montante menor. Isso se justifica,
que estes, frente a comunidade, possuem maior influência, uma vez que estes usufruem destes
benefícios oferecidos pelas empresas, e veem com bons olhos.
Tabela 03-Estatísticas descritivas dos indicadores sociais externos
ITEM EVIDENCIADO
2009
2010
s
s
Gastos com educação
Gastos com cultura
Gastos com saneamento
Gastos com saúde
Gastos com esporte e lazer
Fonte: Elaborado pelos autores
0,6
0,65
0,4
0,6
0,7
0,490
0,477
0,490
0,490
0,458
2011
0,7
0,75
0,45
0,65
0,75
0,458
0,433
0,497
0,477
0,433
2012
s
0,75
0,8
0,5
0,7
0,8
2013
s
0,433
0,400
0,500
0,458
0,400
0,8
0,85
0,5
0,8
0,8
s
0,400
0,357
0,500
0,400
0,400
0,75
0,75
0,35
0,6
0,65
0,433
0,433
0,477
0,490
0,477
Frente a importância da empresa ser considerada legitima, Cho e Patten (2006),
mencionam que informações desta natureza representam um importante instrumento de
legitimidade destas empresas perante a sociedade que atua.
A evolução dos indicadores ambientais pode ser verificada na Tabela 04. No período
analisado houve, de maneira geral, uma constante na média de divulgação de informações
ambientais. As informações que se referem á investimentos e gastos com a preservação e/ou
recuperação de ambientes degradados, são as que possuem a maior média. Desta forma, podese inferir que as empresas do setor de energia, possuem uma grande preocupação em
evidenciar os seus esforços para recuperação dos meios que de alguma forma foram afetados,
pela realização de sua atividade. Outrossim é que esse setor trabalha com matéria-prima, quer
seja renovável ou não, que advém da natureza, que é de toda a humanidade.
Tabela 04-Estatísticas descritivas dos indicadores ambientais
2009
2010
ITEM EVIDENCIADO
s
s
Investimentos e gastos com manutenção
nos processos operacionais para a
melhoria do meio ambiente?
Investimentos e gastos com a
preservação e/ou recuperação de
ambientes degradados?
Investimentos e gastos com a educação
ambiental para empregados,
terceirizados, autônomos e
administradores da entidade?
2011
2012
s
2013
s
s
0,15 0,357
0,15 0,357
0,15 0,357
0,15 0,357
0,20 0,400
0,45 0,497
0,50 0,500
0,50 0,500
0,50 0,500
0,50 0,500
0,45 0,497
0,40 0,490
0,45 0,497
0,50 0,500
0,50 0,500
10/16
ANAIS
Investimentos e gastos com educação
ambiental para a comunidade?
Investimentos e gastos com outros
projetos ambientais?
Quantidade de processos ambientais,
administrativos e judiciais movidos
contra a entidade?
Impactos ambientais negativos / riscos
ambientais?
Valor das multas e das indenizações
relativas à matéria ambiental,
determinadas administrativa e/Ou
judiciais?
Informações sobre passivos e
contingências ambientais?
Fonte: Elaborado pelos autores
0,40 0,490
0,40 0,490
0,45 0,497
0,55 0,497
0,45 0,497
0,25 0,433
0,32 0,465
0,30 0,458
0,30 0,458
0,25 0,433
0,40 0,490
0,50 0,500
0,45 0,497
0,50 0,500
0,50 0,500
0,05 0,218
0,10 0,300
0,10 0,300
0,10 0,300
0,05 0,218
0,20 0,400
0,20 0,400
0,20 0,400
0,20 0,400
0,25 0,433
0,25 0,433
0,20 0,400
0,25 0,433
0,25 0,433
0,30 0,458
Um ponto que merece destaque são os itens que possuem a menor média, sendo os
quais as informações sobre os impactos ambientais negativos/os riscos ambientais inerentes a
atividade e o valor das multas e das indenizações relativas à matéria ambiental, determinadas
administrativa e/ou judiciais. Observa-se, desta forma que as empresas tendem a omitir
informações negativas a seu respeito, corroborando com a afirmação de Deegan e Rankin
(1996), que falam que as entidades são mais propensas a expor informações em seus relatórios
ambientais que lhe são favoráveis, e tendem a omitir informações de natureza negativa que
possam vir a impactar em sua legitimidade perante a sociedade. Verifica-se ainda, um
contexto de semelhança das médias e, consequentemente, baixa diferença na análise de
variância, apontando para um processo isomórfico no período temporal.
Quanto ao desvio padrão, na maioria dos indicadores ambientais, o índice é considerado alto.
Desta forma, convergem com resultados de Nossa (2002), quando este divaga sobre
inexistência de padronização quanto a quantidade e conteúdo de informações que compõem
os indicadores ambientais.
A Tabela 05 sumariza os resultados obtidos com a análise que visou avaliar o
atendimento às diretrizes estabelecidas pelo GRI. As médias apresentadas, pode se verificar,
que foram maiores do que as observadas com relação aos outros indicadores apresentados
anteriormente. Há, desta forma, uma tendência das empresas que atuam no setor de energia
em adotarem as recomendações para a elaboração dos relatórios anuais e de sustentabilidade.
Tabela 05-Estatísticas descritivas dos indicadores do GRI
2009
2010
ITEM EVIDENCIADO
s
s
Estratégia e análise
Definição dos parâmetros do
relatório
Governança, compromissos e
engajamento
Formas de gestão
Resultado econômico
Gestão de materiais, energia,
água, biodiversidade, emissões de
2011
2012
s
2013
s
s
0,65 0,477
0,70
0,458
0,85
0,357
0,90
0,300
1,00
-
0,60 0,490
0,70
0,458
0,85
0,357
0,90
0,300
0,95
0,218
0,65 0,477
0,50 0,500
0,35 0,477
0,75
0,55
0,40
0,433
0,497
0,490
0,85
0,65
0,45
0,357
0,477
0,497
0,90
0,70
0,50
0,300
0,458
0,500
0,95
0,75
0,55
0,218
0,433
0,497
0,70 0,458
0,80
0,400
0,80
0,400
0,90
0,300
0,95
0,218
11/16
ANAIS
resíduos, produtos, e serviços,
transportes, outros.
Práticas trabalhistas e trabalho
decente
Direitos humanos
Sociedade
Responsabilidade pelo produto
Fonte: Elaborada pelos autores
0,70
0,70
0,60
0,60
0,458
0,458
0,490
0,490
0,80
0,75
0,70
0,70
0,400
0,433
0,458
0,458
0,90
0,85
0,75
0,80
0,300
0,357
0,433
0,400
0,95
0,90
0,80
0,85
0,218
0,300
0,400
0,357
0,95
0,90
0,85
0,85
0,218
0,300
0,357
0,357
Todos os itens englobados pela pelo grupo GRI, manteve seu média ao longo dos
anos, quando a mesma não aumentou. Clarkson et al. (2008), em seu estudo chegou à
conclusão de que existe uma correlação positiva entre o nível de desempenho ambiental e o
nível de divulgação discricionária de relatórios socioambientais e relatórios de
sustentabilidade de acordo com as diretrizes do GRI. Assim, empresas que possuem melhores
desempenhos tendem a evidenciar mais de acordo com os princípios estabelecidos pelo GRI.
Com relação a tais itens, é possível identificar um contexto de similaridade das médias e,
consequentemente, baixa diferença na análise de variância, apontando para um processo
isomórfico.
Por fim, apresenta-se no Quadro 02, as 6 empresas que mais divulgaram informações,
de modo geral, em cada ano.
Quadro 02: Empresas com mais informações Divulgadas
2013
2012
2011
Empresa
Nº
Empresa
Nº
Empresa
CPFL
CELESC
CELESC
41
43 PAULISTA
ELETROBRAS
USINA SÃO
ELETRONORTE
RONDONIA
41 MANOEL
43
USINA SÃO
CPFL
LIGTH SESA
MANOEL
41 PAULISTA
42
ELETRONOR
USINA SÃO
CPFL
40 TE
41 MANOEL
PAULISTA
ELETRONOR
LIGTH SESA
CEMAR
TE
39
41
CEMIG
37 PCEL
39 PCEL
Fonte: Elaborado pelos autores
2010
Empresa
CPFL
42 PAULISTA
ELETRONOR
41 TE
Nº
41
41
LIGTH SESA
PCEL
CEMAR
40
39 CEMIG
2009
Empresa
CPFL
42 PAULISTA
ELETRONOR
TE
39
Nº
39
39
38
37
LIGTH SESA
PCEL
CEMIG
COM GAS
O quadro 02, o comportamento das empresas durante o período temporal estudado,
quanto a evidenciação de todas as informações analisadas aqui, de todos os grupos (ISI, ISE,
IA, GRI). Infere-se portanto, que o maior número de itens divulgado no intervalo estudado,
são 43 itens, no ano de 2012, pelas empresas de energia Celesc e Usina São Manoel. Sendo
que a quantidade de itens divulgado pelas empresas de energia, de maneira geral, tem
aumentado.
5
CONCLUSÃO
O presente estudo procurou identificar o nível de evidenciação nas informações
socioambientais nas empresas do setor de energia, e assim, captar uma eventual presença de
isomorfismo nos ditos relatórios. Foram estabelecidos quatro indicadores, sendo três deles
12/16
Nº
42
41
41
39
37
36
ANAIS
extraídos da Norma Brasileira de Contabilidade T – 15 e, em consonância, com as
recomendações dos institutos Ethos e Ibase. Além desses, essa pesquisa elencou mais um
indicador para verificar o atendimento às diretrizes do Global Reporting Iniciative (GRI).
Adicionalmente, esta pesquisa investigou o nível de isomorfismo dos relatórios anuais e de
sustentabilidade no período de 2009 a 2013 das empresas do setor de energia.
Os resultados obtidos permitem confirmar parcialmente a presença de um processo
isomórfico em três grupos de indicadores, apresentados aqui como os sociais internos, os
indicadores ambientais e indicadores do grupo do GRI. Estes resultados provavelmente,
podem ter sido influenciados pela percepção das empresas sobre a normatização destas
questões.
Outro aspecto que merece o devido destaque e que se quer chamar a atenção é com
relação a evidenciação com as informações socioambientais que indiquem impactos
ambientais negativos ou atividades de risco ambiental desenvolvidas pelas empresas, pois
estes não são muito divulgadas de maneira íntegra. Contudo, dentre dos itens analisados podese concluir que há a presença de isomorfismo perante da incerteza ambiental na qual opera
tais organizações.
Em alguns casos, têm-se uma variabilidade muito grande no volume de informações
ambientais, a forma e a qualidade das mesmas, sendo que isso dificulta a comparação para os
investidores e demais stakeholders de empresas que estão intervindo de forma mais acentuada
no meio ambiente, e crescendo de forma sustentável, conforme recomendam as diretrizes do
Global Reporting Iniciative.
A pesquisa, durante seu processo, teve algumas limitações que minimizaram a
obtenção de resultados mais robustos como restrição de acesso aos dados, em razão da não
disponibilidade dos relatórios anuais ou de sustentabilidades em todos os anos. Contudo,
mesmo diante de todos os esforços observados nessas empresas de energia, tem-se a
necessidade de projetos e ações em prol da sustentabilidade, embora já estejam sendo
evidenciadas informações, ainda deve se discutir sobre a padronização no que se refere a
evidenciação de maneira mais transparente e comparável.
O objetivo desta pesquisa, não foi esgotar com todo o potencial teórico e empírico do
tema abordado nem explorar todos os pontos de vista existentes da área ambiental, sugere-se a
replicação desta pesquisa em outras empresas que exploram atividades com diferentes
capacidades de gerar impactos. Além disso, têm-se a necessidade de verificar a qualidade
destes relatórios, visto a importância que os mesmos têm para os acionistas e também para a
sociedade em geral.
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