nas trilhas de xangô: caminho de volta - SIALA

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nas trilhas de xangô: caminho de volta - SIALA
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB
SEMINÁRIO INTERNACIONAL ACOLHENDO AS LÍNGUAS AFRICANAS - SIALA
LÍNGUAS E CULTURAS AFROBRASILEIRAS E AS NOVAS TECNOLOGICAS
22 a 26 de Setembro de 2014
Salvador – BA
NAS TRILHAS DE XANGÔ: CAMINHO DE VOLTA TRADIÇÃO .
Maria Alice Pereira da Silva
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Resumo
O presente artigo narra a história, o processo de expansão do culto a Xangô, a sua chegada ao
novo mundo, no outro lado do Atlântico, mais especificamente no Brasil, e o caminho percorrido
para a salvaguarda e preservação do seu legado. Relata a mobilização feita pelos cinco terreiros de
tradição nagô, tombados como patrimônio nacional - o Ilê Àsé Iyá Nassó Oká (Casa Branca do
Engenho Velho), o Ilê Àsé Opo Afonjá, o Ilê Iyá Omi Àsé Iyamassé (Terreiro do Gantois), o Ilê
Maroialaji (Terreiro Alaketu) e o Ilê Osùmàré Arákà Àsé Ogodó (Casa de Oxumarê) - para a
realização do 1° Seminário para Preservação do Patrimônio Cultural Compartilhado entre o Brasil e
a Nigéria. A finalidade deste evento foi firmar um diálogo entre os gestores governamentais
brasileiros e nigerianos sobre políticas públicas de preservação e salvaguarda do patrimônio cultural
compartilhado pelos dois países.
Palavras Chaves: Culto a Xangô; salvaguarda; preservação; legado; tradição.
The present article tells the story, the process of expanding of the cult to Xangô, its arrival to
the new world, on the other side from the Atlantic, specifically in Brazil and the path taken to the
safeguarding and preservation its legacy. Tells the mobilization made by the five yards of the nagô
tradition, protected as national heritage – the Ilê Àsé Iyá Nassó Oká (Casa Branca do Engenho
Velho), the Ilê Àsé Opo Afonjá, the Ilê Iyá Omi Àse Iyamassé (Terreiro do Gantois), the Ilê
Maroialaji (TerreiroAlaketu) and the Ilê Osùmàré Araákà Àsé Ogodó (Casa de Oxumarê) - to the
achievement of 1st Seminar for preservation of Cultural Heritage Shared between Brazil and
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Mestranda em Arquitetura e Urbanismo no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPG-AU) da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (FAU-UFBA),advogada. Email:[email protected].
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Nigeria, that aims at establish a dialogue between the Brazilian and Nigerian officials government
about public policy of preserving and safeguarding of cultural heritage shared by both countries.
Key words: Cult to Xangô; safeguard; preservation; legacy; tradition.
Tradição
Conta a tradição oral que Xangô fora o terceiro Aláàfìn de Òyó,2 filho de Oranian (neto de
Oduduwa e fundador do reino de Oyó) e Torosi, a filha de Elempê, rei dos Tapás (Nupês), aquele
que celebrou um pacto com Oranian. Mitologicamente, Xangô permanece filho de Oranian, tendo
como mãe, a divindade Yamassé e como esposas os orixás: Oiá, Oxum e Obá.
Na infância, Xangô viveu no país de sua mãe, instalando-se, mais tarde, em Kossô. Devido
ao seu temperamento forte, violento e autoritário, inicialmente, não foi aceito pelos habitantes, o
que o obrigou a impor-se pela força. Temoroso, o povo de Kossô “veio pedir-lhe clemência ...:
Kabiyesi Sango, Kawo Kabiyesi Sango Obá Kossô! Vamos todos ver e saudar Xangô, Rei de
Kossô”!
(VERGER, 2002)
“[...] pensar a história dos iorubás é realizar um exercício intelectual e investigativo quedeve ir além da consulta ao
fascinante grupo de mitos iorubás, mesmo que não refutando suas influências na própria história da região. Essa tarefa,
no entanto, não se revela tão simples assim. O movimento dinâmico que envolveu mitologia e história entre os iorubás
fez com que, muitas vezes, os mitos fossem modificados ou adaptados por agentes sociais em determinados contextos,
ao mesmo tempo em que a tradição oral absorvia eventos históricos da região. Neste caso, o estudo da história desse
povo não deve ser realizado sem apoio da mitologia, e muito menos somente por meio dela. ”(OLIVA, 2005)
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Conquistador, aventureiro, estrategista, Xangô segue para a Cidade de Oyó governada pelo seu
irmão Dadá-Ajaká (um rei pacífico, amante da beleza e da arte), guerreia para o seu irmão e
conquista territórios, de norte ao sul, de leste a oeste. Em seguida, “destrona Dadá-Ajaká e faz-se
rei em seu lugar. “Kabiyesi Sango Alafin Oyó Alayeluwa! Viva o rei Xangô, dono do palácio de
Oyó e Senhor do Mundo!” (VERGER, 1997)
Xangô é o orixá dos raios, trovões, do fogo “e sua companheira Oyá está relacionada com o
relâmpago. Da interação desses princípios, resultam os edun-ara, pedras de raio que são poderosos
transmissores do axé
vermelho
que assegura vida, reprodução, realização e
expansão” de
linhagens, expansão do reino. (LUZ, 2000)
Senhor da justiça, da ordem e da liberdade, Xangô tem o poder de ir, a capacidade de
colocar fogo pela boca e de destruir o que precisa ser extinto, de fazer o que é justo e necessário em
nome dessa justiça. A capacidade de triunfar, passar pelas dificuldades e vencer. Eis a habilidade
de Xangô enviada por Olorum. (ADEYEMI III, 2014)
Com a implantação do sistema escravagista no Brasil, africanos de várias etnias foram capturados e
aqui, involuntariamente, aportaram, trazendo consigo seus costumes, tradições, saberes, religiões,
línguas, culturas, artes e tecnologias.
“[...] o império de Oió englobava as mais importantes cidades do mundo iorubá,
tendo assim o culto a Xangô, que era o orixá do rei ou obá de Oió, portanto o orixá
do império, sido difundido por todo o território iorubano, o que não era muito
comum, pois cada cidade ou região tinha os seus próprios orixás tutelares e poucos
eram os que recebiam culto nas mais diversas cidades, como Exu, Ossaim e
Orunmilá. O fato é que o apogeu da dominação da cidade de Oió sobre as outras
resultou numa grande difusão do culto a Xangô. Durante muito tempo a força
militar de Oió protegeu os iorubás de invasões inimigas e impediu que seu povo
fosse caçado e vendido por outros africanos ao tráfico de escravos destinado ao
Novo Mundo, como acontecia com outros povos da África.” (PRANDI)
Assim, no final do século XVIII, início do século XIX
“os ataques contínuos dos
daomeanos dirigidos contra os seus vizinhos do Sul, do Norte e do Leste, e a pressão dos Fulani
sobre Oyó” tiveram como resultado a perda dos territórios Yorubás e a captura e venda” de um
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número significativo de grupos étnicos ou nações, dentre eles Ijexá, Ijebu, Ketu, Oyo, Egba,
Egbado e Sabe, para o Brasil e na bagagem os costumes, as estruturas hierárquicas,os conceitos
filosóficos e estéticos, a língua, a música, a literatura oral e mitólogica.(SANTOS, 2008)
“O patrimônio simbólico do negro brasileiro (a memória cultural da África)
afirmou-se aqui como território político-mítico-religioso, para a sua transmissão e
preservação. Perdida a antiga dimensão do poder guerreiro, ficou para os membros
de uma civilização desprovida de território físico a possibilidade de se
“reterritorializar” na diáspora através de um patrimônio simbólico consubstanciado
no saber vinculado ao culto aos muitos deuses, à institucionalização das festas, das
dramatizações dançadas e das formas musicais. É o egbé, a comunidade litúrgica, o
terreiro, que aparece na primeira metade do século XIX”. .(SODRÉ, 2002)
Nina Rodrigues, Schwartz e outros já, em 1743, cogitarem a existência de casa de “fetiches”
nos arredores dos quilombos. Somente em 1830, com a benção de Xangô, nasce na Ladeira do
Berquó, hoje Visconde de Itaparica, próximo à Igreja da Barroquinha em Salvador - BA, o culto
aos Orixás, o candomblé da Casa Branca ou do Engenho Velho, o Axé Ilé Iyá Nassô Oká3,
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“O Terreiro da Casa Branca do Engenho Velhoé um dos mais antigos e respeitados santuários da religião dos Orixás.
Deu origema centenas de outros terreiros, por todo o país. Dele descendem, por exemplo, os famosos templos do
Gantois e do Axé OpôAfonjá, cada um deles fonte de inúmeros outros. Por isso o poeta Francisco Alvim, evocando
Edson Carneiro, chamou essa venerável matriz de “Mãe de Todas as Casas”. Implantado a princípio na Barroquinha,
em pleno Centro Histórico de Salvador, o famoso Ilê Axé(santuário, em iorubá) tomou o nome de sua fundadora, a
princesa IyáNassô; tem, por isso, o hieronímico Ilê Axé IyáNassôOká. Foi o primeiro templo religioso não católico a ser
tombado como patrimônio histórico do Brasil (Processo número 1.067-T-82, Inscrição número 93, Livro Arqueológico,
Etnográfico e Paisagístico, fls. 43, e Inscrição número 504, Livro Histórico, fls. 92. Data: 14. VIII. 1986). Este
tombamento foi decidido em maio de 1984, em reunião do Conselho do IPHAN, e foi homologado em 27 de junho de
1986 pelo então Ministro da Cultura, Celso Monteiro Furtado, nos termos da Lei de número 6292, de 15 de dezembro
de 1975, e para os efeitos do Decreto-Lei número 25, de 30 de novembro de 1937. O Terreiro da Casa Branca do
Engenho Velho foi também reconhecido patrimônio cultural da Cidade do Salvador pela PMS, que primeiro o tombou
e depois o tornou Área de Preservação Cultural e Paisagística deste município(Decreto Municipal 6.634 de 04.08.82,
publicado em 08/08/82; Lei Municipal número 3.591, de 16/12/85). O terreno que encerra os seus principais templos
foi desapropriado pela PMS para doação à associação civil que representa sua comunidade religiosa (Decreto
Municipal número 7.321 de 05 de junho de 1985, publicado no Diário Oficial do Estado da Bahia em 08 e 09/11/85,
retificado pelo Decreto Municipal de número 7.402, de 16/10/85, também publicado pelo Diário Oficial deste Estado).
Posteriormente, o Governo do Estado desapropriou também, para o mesmo efeito (Decreto número 292 de 8 de
setembro de 1987), um posto de gasolina que ocupava indevidamente a chamada Praça de Oxum, praça que integra o
conjunto monumental deste famoso Terreiro. Tudo isso está bem documentado, é de conhecimento público e matéria de
lei que não pode ser ignorada. Teve ampla divulgação na imprensa local e nacional. Tanto a União (através do Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN e da Fundação Palmares), como o Estado da Bahia (através do
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fundado pelas africanas oriundas de Ketu, na Nigéria e pertencentes à Irmandade de Nossa
Senhora da Boa Morte Iyá Kalá, Iyá Detá e Iyá Nassô. A pedra fundamental foi assentada e,
como não poderia deixar
de
ser, expandiu-se, multiplicou-se em todo território pátrio
demonstrando, assim, a importância, o axé, a força do legado africano.
Perseverantes nos seus objetivos e intransigentes quando o assunto era a defesa do seu
próprio modo de vida, da sua visão de mundo, os negros da diáspora não se submeteram aos
valores preestabelecidos pelo colonizador. Eles se reinventaram, recriaram,
afirmaram suas
singularidades contra todos os meios de apoderação, de aniquilamento e de captura do Estado, o
que resultou na produção do que chamamos hoje religiões de matrizes africanas.
“[...] Nestas condições é quase unicamente no campo cultural que os negros se vão
verdadeiramente exprimir. O trabalho nas plantações de algodão era ritmado por
cânticos que saíam como lava escaldante das entranhas de homens e mulheres
oprimidos. Esses queixumes, transportados para os cultos religiosos darão o negro
spiritual, depois o jazz. No Brasil e nas Antilhas, o cunho negro será ainda mais
acentuado na música, tendo os escravos transplantado para as Américas a pulsação
empolgante da África que ressoa no batuque. Os batuques ou sambas em roda,
dançadas nas festas semanais, permitiram aos diversos grupos étnicos ultrapassar
as suas particularidades culturais para se encontrarem ou inventarem uma arte
simplesmente africana, embora influenciada pelos elementos europeus. Os próprios
deuses africanos tinham, na atmosfera densa e na pestilência dos porões,
atravessado o Atlântico para prosseguir junto dos pretos a sua tarefa de reconforto,
mais necessária [...] Alá foi invocado durante gerações por toucouleurs, peules,
haúças que conseguiram introduzir o Alcorão para as suas leituras piedosas [...] Por
baixo da camada de verniz de cristianismo, que se limitava com frequência a uma
apressada formalidade do baptismo, tratava-se dos deuses animistas da Costa do
Benim. Seria a tia do rei Ghezo que deportada por Adandozan, teria introduzido o
culto dos voduns da família principesca do daomé em São Luís do Maranhão, no
Brasil [...] No entanto, os deuses mais invocados [...] Eram os deuses da luta, da
virulência, da ruptura e da recusa. Xangô, deus da trovoada, Ogum, deus da forja,
Exu o inevitável intermediário dos deuses, mas também o princípio dinâmico da
transformação e o desejo insaciado.” (KI-ZERBO, 1972)
Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural - IPAC) e também o governo municipal de Salvador investiram na
restauração dos monumentos deste Ilê Axé [....]” (SERRA, 2008)
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Mesmo atravessando dificuldades, omissões e perseguições de toda ordem, como os ataques
de religiosos protestantes, as destruições dos santuários e espaços sagrados, a ausência de políticas
públicas, o Brasil é hoje detentor de um inestimável patrimônio histórico cultural religioso, afrobrasileiro, modelo para o mundo.
Com o objetivo de propiciar um diálogo entre os gestores governamentais brasileiros e
nigerianos sobre políticas públicas de preservação e salvaguarda do patrimônio cultural
compartilhado pelos dois países, de 28 a 31 de julho do corrente ano, Salvador foi palco do 1°
Seminário para Preservação do Patrimônio Cultural Compartilhado entre o Brasil e a Nigéria.
O evento foi o resultado de uma
mobilização
dos cinco terreiros de tradição nagô,
tombados como patrimônio nacional - o Ilê Àsé Iyá Nassó Oká (Casa Branca do Engenho Velho),
o Ilê Àsé Opo Afonjá, o Ilê Iyá Omi Àsé Iyamassé (Terreiro do Gantois), o Ilê Maroialaji
(Terreiro Alaketu) e o Ilê Osùmàré Arákà Àsé Ogodó (Casa de Oxumarê) - e contou com apoio
do Ministério da Cultura – MINC – o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –
IPHAN e o Governo do Estado da Bahia.
A celebração de abertura realizou-se no salão nobre do Fórum Ruy Barbosa – Salvador BA. A casa da Justiça abriu, com todas as pompas e honras, as suas portas para receber o Sumo
Sacerdote – representante de Xangô no mundo, Sua Alteza – o Alaafin (rei) de Oyó – Lamidi
Olaywola
Adeyemi III.
Yalorixás, Babalorixás, Ebomis, Ekedes, Tatas,
Ogans, Abiãs
elegantemente vestidos a saudar "Kawó-Kabiyèsílé, Kawó-Kabiyèsílé, Kawó-Kabiyèsílé!!"
("Venham ver o Rei descer sobre a Terra - Venham ver o Rei descer sobre a Terra - Venham ver o
Rei descer sobre a Terra!!").
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Fontes: Maria Alice Pereira da Silva 2014.
Pura emoção e magia, “momento importante para nós de matriz africana, oportunidade na
qual ele reforça a nossa fé, renova a nossa autoestima. Estamos aqui para ouvi-lo, enquanto ele
renova em cada um de nós o nosso ofô – ele vem de longe e traz para gente a força de Xangô”.
(SANTOS, 2014)
Fontes: Maria Alice Pereira da Silva 2014.
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Em seu discurso, afirmou o Alaafin Adeyemi III:
“[...] Em nome de todas as pessoas de Yorubá e seus descendentes da comunidade
negra diáspora, neste ato venho expressar meus agradecimentos ao governo
brasileiro por apoiar esta significante iniciativa da preservação do patrimônio
cultural que nós compartilhamos, especialmente a cultura e tradição de Sango [...]
Todos vocês já estão cientes, que a fundação da religião da tradição Yorubá e sua
cultura estão presentemente sob graves ameaças impostas por crenças religiosas.
As condições socioeconômicas da África, a criação de uma política econômica
neoliberal tem dado continuidade ao empobrecimento de muitos Estados Africanos.
Eles estão, portanto, alimentando a fé para pregar o evangelho da prosperidade
individual e bem estar na terra. Eles abandonaram o evangelho anterior de recusas
terrenas para aproveitar o paraíso. Por esta abordagem, eles estão engordando
dezenas de africanos, ao encorajá-los a desrespeitar, desonrar e abandonar qualquer
africano. A fé das religiões africanas está sendo demonizada e descartada na
medida em que alguns africanos equivocados abandonaram o nome de suas
famílias em preferência a nomes sem rumo das suas origens. Este perigo é
eminente e já está destruindo a personalidade africana e sua confiança. É comum
em alguns lugares na África a prática da blasfêmia, difamação da religião africana
pelas sociedades subdesenvolvidas. A colonização europeia na África era de fato o
projeto cultural. As culturas homogêneas da Europa atualmente previam a
destruição de outras culturas e impuseram suas próprias culturas e valores nas
pessoas para perpetuar a relação de desigualdade e iniquidade. Porém, apesar dos
ataques, as culturas africanas têm demonstrado sua resiliência apesar dos
problemas e confusões do mundo. A cultura Yorubá está hoje se espalhando e
atraindo muito mais estudos. Tem sido dito que Yorubá é o melhor estudo da
civilização africana e tem atraído a atenção de um grande número de estudantes,
liderando um número impressionante de publicações. Agradeço a Sango,
Arabambi, Olukoso Oko Oya por estar vivendo de acordo com o atributo de fazer
justiça. Ele não permite que nossos inimigos roubem nossas vidas ou destruam
nossa raça. Ele tem nos dado suporte continuamente aos nossos esforços para
nossos filhos e filhas e especialmente promovendo e preservando aspectos
relevantes de nossa cultura [...] Oyó ainda hospeda numerosos templos e
santuários, componentes de historia de família, palácios, mercados e até uma
floresta virgem. Muitos destes monumentos eram peças construídas com material
de construção tradicional, e construídos sob a supervisão de um profissional mestre
em construção e artesanato. No entanto, infelizmente, é preocupante que muitos
destas edificações estão em condições precárias, sem manutenção. Eu quero
aproveitar esta oportunidade para fazer um apelo ao governo brasileiro e para todos
aqueles que estão conectados com Sango e a cultura Yorubá para um esforço de
suporte de preservação dos monumentos culturais nossa herança por: apoiar a
candidatura para que a cidade de Oyó integre a lista de patrimônio mundial da
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humanidade pela UNESCO, conduzir pesquisas acadêmicas para estudo e
mapeamento de todos os bens do patrimônio cultural de Oyó; promover e apoiar o
uso de novas tecnologias para a educação; promover o gerenciamento da herança e
encorajar e facilitar os brasileiros a visitar e estudar as tradições de Oyó. Por outro
lado, apesar das louváveis realizações do povo de Asé no Brasil, a discriminação
racial e religiosa ainda compromete esta rica cultura. Há uma necessidade de um
maior empenho dos governos brasileiros e nigerianos em promover e permitir que
as religiões Africanas resistam e atendam às necessidades dos africanos em um
mundo globalizado. Nossa religião é um patrimônio cultural de valor inestimável”.
(ADEYEMI III, 2014)
Mostramos aqui o contexto em que se encontra a cultura Yorubá, o descaso do governo local
para com a religião e seus bens materiais e imateriais. A República Federal da Nigéria, cuja capital
é a cidade de Abuja, tem como idioma oficial o inglês e como principais línguas regionais o hauça,
fulani, iorubá e ibó. “Composta por cerca de 130 milhões de pessoas, os iorubás ocupam uma das
localidades economicamente mais importantes daquele país. Apesar de não ser o maior grupo
étnico [...] eles contribuem de forma decisiva para o entendimento do presente e do passado daquela
região.” (OLIVA, 2005)
A Nigéria é predominantemente islâmica; 50% da população professa a religião do Alá,
concorrendo com o Cristianismo que corresponde a 40%. Apenas 10% das pessoas se identificam
como adeptas das chamadas “religiões tradicionais”, o que revela a necessidade de preservar e
salvaguardar a memória, o passado do povo africano.
Em qualquer lugar do planeta terra, a história do povo da diáspora negra se repete e é
“preciso unir forças e fortalecer nossa cultura e religiosidade, além de preservar o culto na Nigéria e
lutar pelo tombamento de Oyó pela Unesco”. (MATA, 2014)
Oportuna a visita do Alaafin de Oyó na cidade de Salvador, no exato momento em que
tramita, simultaneamente, nos órgãos federal, municipal e estadual, o pedido de salvaguarda,
preservação e tombamento da Pedra de Xangô localizada nas imediações de Cajazeiras - Avenida
Assis Valente - estrada que liga a região de Fazenda Grande I, Fazenda Grande II, Boca da Mata e
Estrada Velha do Aeroporto. A Pedra de Xangô ficava escondida no meio da mata, conhecida por
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poucos, pois só havia vegetação e rio no local. Com a abertura da Avenida Assis Valente, a Pedra
ficou em evidência, ficando hoje à margem da via.
Fontes: Maria Alice Pereira da Silva 2014
Rodeada de imensa área de Mata Atlântica, a Pedra de Xangô possui um significado especial.
É um lugar sagrado, é a extensão geométrica dos terreiros de Cajazeiras e adjacências, onde se
reverencia o Orixá da Justiça, dos raios e trovões, do fogo – Xangô oba iná - oba ará.
RELIGIOSIDADE
Apedra de Xangô tem um valor simbólico, cultural.
Espaço consagrado aos orixás,
voduns, inquices, precisa ser preservado, “pois sem folha não tem sonho, sem folha não tem vida,
sem folha não tem nada”, sem folha não tem Axé, sem folha não há orixá. (GERÔNIMO;
TAVARES)
Para o povo de Santo, a Pedra de Xangô é preciosa: “revela uma modalidade do sagrado
enquanto hierofania; enquanto momento histórico, revela uma situação do homem em relação ao
sagrado”. É um elemento de resistência cultural, aglutinador da teia de terreiros de Cajazeiras, de
Salvador - BA, enfim, do povo africano disperso na diáspora. (ELIADE, 2008)
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Líderes religiosos saem em defesa da Pedra – a exemplo de Mãe Iara de Oxum da Associação
Pássaros das Águas - com a Caminhada da Pedra de Xangô – sempre no segundo domingo de
fevereiro e Mãe Branca da Associação Religiosa Deusa Vó Nan com o Amalá de Xangô que
acontece sempre em outubro.
Fontes: Yulo Oiticica 2012.
Fontes: MãeBranca 2012.
A Pedra de Xangô recebeu a visita do Alaafin de Oyó que ao chegar disse ser “algo
espetacular e lamento não ter vindo mais cedo para melhor aproveitar o dia e contemplar o
santuário sagrado”. (ADEYEMI III, 2014)
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Fontes: Maria Alice Pereira da Silva 2014.
Para materializar a visita do rei naquele local, a Prefeitura Municipal de Salvador
confeccionou uma placa. Ao descerrá-la, Sua Alteza Adeyemi III proferiu: “Em nome de Xangô,
em nome de todos aqueles descendentes de Xangô eu descerro a placa para o empoderamento
contínuo da nossa tradição [...] dos nossos ancestrais. Que esta pedra seja de honra e dignidade de
todos, para nos tornarmos vitoriosos. Que todos nós continuemos a glorificar os nossos ancestrais.”
Fontes: Maria Alice Pereira da Silva 2014.
A notícia da proposta de tombamento da Pedra de Xangô pela Prefeitura de Salvador Fundação Gregório de Matos, levou Adeyemi III a comentar: “Este anúncio é a prova da força de
Xangô e da nossa união que permanece mesmo com a distância. É prova que a justiça que
esperamos será realizada. Nossa tradição nunca morrerá. Somos um só povo que edifica a tradição
africana.” (OLIVEIRA, 2014)
Impressões
Feitos os aportes teóricos, voltemos ao “I Seminário para Preservação do Patrimônio
Cultural Compartilhado entre o Brasil e Nigéria”. Muitas foram as impressões do povo de axé. Eis
algumas delas: “Os netos do Brasil cultuam e preservam muito mais a religião do que nossos
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irmãos africanos hoje. O islamismo tomou conta da Nigéria, mas os nossos ancestrais possibilitaram
a preservação das nossas raízes culturais.” (MARTINS, 2014)
“Ficamos apreensivos, houve um processo de ansiedade. Os costumes são
diferentes, lá a estrutura é patriarcal, e na Bahia é matriarcal. Como a primeira casa
de ketu no Brasil – deveria receber o Alaafin de Oyó? As representantes femininas,
os Ogans e os mais velhos da Casa preparam o ritual de chegada. O que pude
perceber foi que, mesmo com a distância geográfica, a diferença de falas
(português versus inglês), a essência é única, o culto ao orixá, a presença – de
Xangô, é o mesmo, seja na Bahia ou Nigéria, do outro lado do Oceano Atlântico.”
(GENOVEVA, 2014)
Fontes: Maria Alice Pereira da Silva 2014.
“Uma cidade, um país que trata das questões afro-brasileiras com indiferença tem que
reunir esforços para reparar a sua omissão. Ao longo de nossas vidas só tivemos notícias de
reis brancos, de olhos azuis, cabelos lisos. Hoje temos a imensa alegria da presença de um
rei africano de carne e osso. É a resposta que nós damos à sociedade que somos de uma
linhagem nobre. Orixás, inquices e voduns fizeram com que nós resistíssemos. É com muita
alegria que eu estou aqui. O Alaafin entendeu a diáspora; eles fizeram o caminho de volta e
daqui levará o modelo para que o governo da Nigéria se sensibilize, tombe e registre o
patrimônio cultural de Oyó. É uma troca ao ver a alegria do Rei de Oyó admirado com a
preservação das casas, a preservação dos valores religiosos do povo africano. Via-se a
alegria nos olhos de cada um, é a era de Xangô, a era da Justiça.” (SANTANA, 2014)
“O sentimento que ficou é que as nossas raízes – os fundamentos, as formas de culto foram preservadas o máximo possível para que não se perdesse a essência, não se
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SEMINÁRIO INTERNACIONAL ACOLHENDO AS LÍNGUAS AFRICANAS - SIALA
LÍNGUAS E CULTURAS AFROBRASILEIRAS E AS NOVAS TECNOLOGICAS
22 a 26 de Setembro de 2014
Salvador – BA
desvirtuasse ainda mais. A vinda do Sumo Sacerdote Alaafin representou uma esperança
para a preservação da nossa ancestralidade”. (MONTEIRO, 2014)
“A vinda do Alaafin restabelece o nosso espírito, preserva, resgata a união de vários povos
e garante a continuidade do Axé. Quando ele abre o orobô reafirma o comprometimento
que devemos ter com a religiosidade. Hoje é necessário que se fale a filosofia da nossa
religião.” [...] No Gantois [...] foi muito emocionante quando ele disse que aquela casa
jamais seria destruída, seria exterminada [...] você não pode ter dois iguais [...] não existe
uma casa melhor que a outra e ele clamou a união. Quando ele partiu o orobô, o que saiu
de imediato foi o Aláfia. Eu senti Xangô presente, [...] Foi um momento sagrado, santo,
mágico [...] ” (CARVALHO, 2014)
Portadores de saberes e fazeres, de conhecimento, de experiências de vida, o Povo de Santo
faz parte do Patrimônio Cultural Afro Brasileiro. Não faz parte, entretanto, das discussões diárias
nas esferas de poder, sendo muito recente a sua estratégia de coping, a saída do isolamento e a
adoção de estratégias coletivas como a denúncia legal e a organização para a reivindicação de seus
direitos, a preservação e o fortalecimento dos seus territórios.
No Brasil, o povo negro da diáspora mantém vivo e pulsante o culto ao Deus da Justiça. É
muito lamentável que o culto a Xangô e o seu acervo material e imaterial estejam na iminência de
desaparecer em Oyó – Nigéria. O vento que sopra aqui não é o mesmo do outro lado do Atlântico.
Para salvaguardar e preservar a religiosidade e tradição da cultura yorubá, foi preciso que Sua
Alteza – Adeyemi III – seguisse as trilhas do rei Obá no novo mundo, fazendo o caminho de volta
para ressignificar o passado, transformar o presente e criar o futuro – Kaokabisilé.
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REFERÊNCIAS
ADEYEMI III, Lamidi Olayiwola. Sumo Sacerdote de Xangô no mundo. Rei do Império de Oyó –
Nigéria. Trechos do discurso de abertura do 1º Seminário para Preservação do Patrimônio Cultural
Compartilhado entre o Brasil e a Nigéria – 28/07/2014.Salvador-Bahia.
BARROS, José Flávio Pessoa da. A fogueira de Xangô – 3ª ed. p.46 – Rio de Janeiro: Pallas,
2005.
DUARTE, Everaldo. Santuários Perdidos. Seminário Pedra de Xangô – Território Sagrado.
Prefeitura de Salvador, 2014.
ELIADE, Mircea. Tratado de história das religiões. Tradução Fernando Tomaz, Natália Nunes. –
3ª ed. p.8 – São Paulo: Martins Fontes, 2008.
GERÔNIMO; TAVARES, Ildásio. Salve as folhas. Intérprete. Maria Bethânia. Disponível em:
http://www.vagalume.com.br/maria-bethania/salve-as-folhas.html. Acesso em 15/09/2014.
KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra. Tradução de Américo de Carvalho. V.I,
ed.6014/2556 – p. 286-287 -Paris, Hatier:1972.
MATA, Silvanilton Encarnação da. O Babá Pecê, babalorixá da Casa de Oxumarê. Brasil e Nigéria
fazem seminário voltado à valorização cultural – Jornal A Tarde – A 10 – 29-07-2014.
ORDEP, Serra. Patrimônio cultural e discriminação.Disponível na
internet:http://ordepserra.files.wordpress.com/2008/08/patrimonio-cultural-e-discriminacao.pdf.
Acesso em 15/09/2014.
OLIVA, Anderson Ribeiro. A invenção dos iorubás na África Ocidental: reflexões e
apontamentos acerca do papel da tradição oral na construção da identidade étnica. In Estudos AfroAsiáticos, v.27, 2005.
OLIVEIRA, Meire. Brasil e Nigéria fazem seminário voltado à valorização cultural – Jornal A
Tarde – A 10 – 29-07-2014.
____. Rei Nigeriano faz visita a Pedra de Xangô. Jornal A Tarde – A 6 – 01-08-2014.
PRANDI, Reginaldo. VALLADO, Armando. Xangô, Rei de Oió. Disponível na
internet:file:///G:/Artigos/Xang%C3%B4,%20Rei%20de%20Oi%C3%B3.htm.p.4 - Acesso em
15/09/2014.
REIS, Guilherme. Rei da Nigéria conhece cultura afro baiana. Jornal Tribuna da Bahia –12 – 2907-2014.
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SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nagô e a morte: Pade, Asese e o culto Égun na Bahia. Traduzido
pela Universidade Federal da Bahia. 13ª Ed. p. 28 – Petropólis, Vozes, 2008.
SODRÉ, Muniz. O terreiro e a cidade. A forma social negro-brasileira. Imago Editora. p.53 - Rio
de Janeiro, 2002.
VERGER, Pierre Fatumbi. Lendas africanas dos orixás – ilustrações de Carybé; tradução de Maria
Aparecida da Nóbrega. -4a ed. -Salvador, Corrupio: 1997.
____Orixás deuses iorubas na África e no Novo Mundo; tradução de Maria Aparecida da
Nóbrega. 6ª. ed. p. 134-135 – Salvador, Corrupio: 2002.
Entrevistas (gravadas):
CARVALHO, Alcides. Ebomi do Terreiro Gantois: depoimento [01/08/2014]. Entrevistadora:
Maria Alice Pereira da Silva. Transcrição de áudio GENOVEVA, Isaura. Advogada -Ekede do Terreiro Casa Branca: depoimento
[29/07/2014].Entrevistadora:Maria Alice Pereira da Silva.
MARTINS, Francylene. Jornalista,Abiã do Ilê Axé Opô Afonjá.
Depoimento:[30/07/2014].Entrevistadora: Maria Alice Pereira da Silva.
SANTANA, Arany. Diretora do Bloco Afro Ilê Aiyê e do Centro de Culturas Populares e
Identitárias – SECULT-BA - depoimento:[30/07/2014]. Entrevistadora: Maria Alice Pereira da
Silva.
SANTOS, Eurico Alcântara dos. Tata Inquice do Terreiro Aloyá – Presidente do Conselho
Municipal das Comunidades Negras da Cidade de Salvador - depoimento [28/07/2014].
Entrevistadora: Maria Alice Pereira da Silva.
MONTEIRO, Leonel. – Presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro
Ameríndia – AFA, Ogã do Terreiro Oxumarê - depoimento [29/09/2014]. Entrevistadora: Maria
Alice Pereira da Silva.
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