Ippon - seoi - nage

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Ippon - seoi - nage
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Apresentação teórica de técnica de Judo
conforme programa de exame de graduação para 4.º Dan
一本背負投
Ippon-seoi-nage
一本背負投
I – INTRODUÇÃO
03
II – DESCRIÇÃO DA TÉCNICA
04
 Kusushi (desequilíbrio)
05
 Tsukuri (preparação – colocação do corpo)
05
 Kake (execução – conclusão da técnica)
05
III – OUTRAS FORMAS DE EXECUÇÃO
06
 Avançando a perna direita
06
 Com a perna direita entre as pernas do Uke
06
 Com a perna direita pelo exterior da perna direita do Uke
07
 Com o braço direito travando a perna direita do Uke
07
 Com o controlo de ambos os braços do Uke
07
 Com a pega à direita, executar a técnica à esquerda
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IV – DESLOCAÇÕES E OPORTUNIDADES
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 Quando o Uke avança a perna direita
08
 Quando o Uke avança a perna esquerda
09
 Quando o Uke recua a perna direita
09
 Quando Tori e Uke se deslocam lateralmente e em simultâneo
09
para a direita do Uke
 Quando Tori e Uke se deslocam em círculo, para a esquerda
09
do Uke
V – LIGAÇÕES PARA O SOLO
10
 Hipótese 1:
Kuzure-kami-shio-katame
10
 Hipótese 2:
Kuzure-kesa-gatame
11
 Hipótese 3:
Ude-hishigi-juji-gatame
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VI – RENRAKU-W AZA
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A - O Uke reage para trás, numa posição mais ou menos estática
13
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Ippon-seoi-nage
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A-1 – Combinações para a frente ou frente direita
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 Hipótese 1:
Seoi-Otoshi
13
 Hipótese 2:
Uchi-makikomi
14
 Hipótese 3:
Hikikomi-gaeshi
15
A-2 – Combinações para trás ou trás direita
16
 Hipótese 1:
Morote-gari
16
 Hipótese 2:
Sukui-Nage ou Tani-Otoshi
17
 Hipótese 3:
O-soto-gari ou O-soto-otoshi
18
B - O Uke defende avançando a perna direita
19
 Hipótese 1:
Ko-uchi-gari ou Ko-uchi-makikomi
19
 Hipótese 2:
Kuchiki-daoshi ou Kibisu-gaeshi
20
C - O Uke defende avançando a perna esquerda
21
 Hipótese 1:
O-uchi-gari
21
 Hipótese 2:
Kata-guruma
22
VII – KAESHI-WAZA
23
A – Contra-ataques em Nage-Waza
23
 Hipótese 1:
“Romper a pega”
23
 Hipótese 2:
Ushiro-goshi
24
 Hipótese 3:
Yoko-tomoe-nage
25
B – Contra-ataques em Katame-waza
26
 Hipótese 1:
Okuri-eri-jime
26
 Hipótese 2:
Gyaku-juji-jime
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VIII – CONCLUSÃO
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AGRADECIMENTOS
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BIBLIOGRAFIA
30
NOTAS
31
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I – INTRODUÇÃO:
“Ippon-seoi-nage”, numa tradução livre da língua japonesa para a língua portuguesa
significa “projecção sobre o ombro com uma mão” 1 2.
Esta técnica é, por vezes, também designada por “Katate Seoi-Nage”.
O Ippon-seoi-nage é um técnica de projecção (nage-waza) e, pelas suas natureza e
forma de execução, encontra-se classificada no grupo de técnicas de braços (tewaza).
Te-waza
Tashi-waza
Seoi-nage
Tai-otoshi
Kata-guruma
Sukui-nage
Uki-otoshi
Sumi-otoshi
Obi-otoshi
Seoi-otoshi
Yama-arashi
Morote-gari
Kuchiki-taoshi
Kibisu-gaeshi
Uchi-mata-sukashi
Kouchi-gaeshi
Ippon-seoi-nage
Nage-waza
Koshi-Waza
(…)
Ashi Waza
(…)
Ma-sutemi-Waza
(…)
Yoko-Sutemi-Waza
(…)
Osaekomi-waza
(…)
Shime-waza
(…)
Kansetsu-waza
(…)
Sutemi-waza
JUDO
Katame-waza
Atemi-waza
(…)
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Ippon-seoi-nage
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O Ippon-seoi-nage foi considerado, durante muitos anos, uma variante de Seoi-nage,
oitava é última técnica do 1.º grupo (Dai-ikkyo) do Go-kyo-no-waza (cinco grupos de
técnicas), após a sua revisão pelo Kodokan em 1920.
Em 1 de Abril de 1997, o Kodokan considerou o Ippon-seoi-nage como uma técnica
distinta autónoma do “grupo Seoi-nage”, integrando o Shinmeisho-no-waza (novas
técnicas aceites).
O Mestre Jigoro Kano escolheu o Ippon-seoi-nage (embora com a simples designação
de Seoi-nage) para fazer parte do conjunto de três técnicas de braços que integram o
Nage-no-kata (formas de projecção) sendo a segunda técnica do primeiro grupo deste
Kata).
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II – DESCRIÇÃO DA TÉCNICA:
A presente descrição pressupõe que os dois judocas fizeram a pega à direita (Migikumi-kata):
- a mão esquerda do Tori (judoca que executa a técnica) agarrando na manga do
judogi do Uke (judoca que “recebe” a técnica) junto do cotovelo direito; e,
- a mão direita do Tori agarrando a banda do judogi do Uke perto do seu peitoral
esquerdo.
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 Kusushi (desequilíbrio):
O Tori deve provocar o desequilíbrio do Uke, puxando-o para a frente
com ambas as mãos. Para tanto, o Tori pode recuar a sua perna
esquerda
conseguindo portanto
manter-se numa
posição
de
equilíbrio, e deixando simultaneamente o Uke desequilibrado.
 Tsukuri (preparação – colocação do corpo):
O Tori coloca então o seu pé direito perto do pé direito do Uke e roda
virando-lhe as costas. Os pés do Tori ficam afastados, sensivelmente
a uma distância equivalente à da largura dos ombros (Shizen-hontai).
As pernas do Tori ficam flectidas, de forma a que a sua anca fique em contacto com as
coxas do Uke. Os joelhos ficam virados para a frente ou ligeiramente virados para o
exterior.
Por sua vez, aquando do movimento de rotação, o braço esquerdo do Tori não só
mantém a tracção sobre o braço direito do Uke, mantendo-o em permanente
desequilíbrio como o eleva. O braço direito do Tori (após a mão direita ter libertado a
banda do judogi do Uke) passa por baixo do braço direito do Uke e vai controlá-lo junto
da axila, apertando-o entre o braço e o antebraço. A mão direita poderá ficar cerrada
ou agarrar o judogi do Uke junto da sua clavícula direita.
A cabeça acompanha sempre o movimento de rotação do corpo, tendo uma influência
importante na execução, não só desta, como da generalidade das técnicas de Judo.
 Kake (execução – conclusão da técnica)
O Tori, mantendo o Uke bem desequilibrado, com os dois braços,
controlando o braço direito do Uke, as pernas flectidas e a anca em
contacto com as coxas do Uke, inicia então um grande movimento
de flexão do tronco (como se fizesse uma grande saudação), fazendo o Uke passar
por cima do seu dorso, de forma a que caia bem à frente dos seus pés, mantendo as
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pernas ligeiramente flectidas, sempre a controlar o Uke, sem nunca largar o seu braço
direito.
-o-o-o-
III – OUTRAS FORMAS DE EXECUÇÃO:
A descrição supra corresponde à forma de execução clássica da técnica. O que não
obsta, todavia, a que o Ippon-seoi-nage possa ser executado de muitas outras formas,
como adiante, a título meramente exemplificativo, se descreve:

Avançando a perna direita:
O Tori, aquando do kuzushi, pode recuar significativamente a perna esquerda,
colocando-a quase em linha com a perna direita, de forma a que, no tsukuri, ao
colocar-se de costas para o Uke, avançando a perna direita (em vez de rodar a
esquerda), até o pé direito ficar paralelo com o pé esquerdo, puxando bem com os
braços o Uke sobre o seu dorso.
Trata-se de uma forma esplêndida de treinar Ippon-seoi-nage, pois coloca em
evidência o trabalho dos braços na execução da técnica.
 Com a perna direita entre as pernas do Uke:
O Tori avança decisivamente a perna direita, por entre as pernas
do Uke, de forma a que, quando procede à rotação do corpo, o
Uke fica logo sobre o seu dorso e com grande dificuldade de
reagir ao ataque.
O atleta japonês Toshihiko Koga, exímio executante de Ipponseoi-nage, seu tokui-waza (técnica favorita), entrava amiúde desta forma, com grande
sucesso, que o conduziu a três medalhas de ouro e uma de bronze em Campeonatos
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de Mundo de Judo, uma medalha de ouro e outra de prata em Jogos Olímpicos e uma
de bronze nos Jogos Asiáticos.
 Com a perna direita pelo exterior da perna direita do Uke:
É também possível executar Ippon-seoi-nage posicionando a perna
direita pelo exterior da perna direita do Uke impedindo que este rode
pela sua direita, de forma a furtar-se ao ataque.
 Com o braço direito travando a perna direita do Uke:
O Tori possível também impedir que o Uke esquive o ataque, rodando pela sua direita,
fazendo descer o seu braço direito e travando, no momento do Kake, o movimento da
perna direita do Uke.
 Com o controlo de ambos os braços do Uke:
O Tori pode fazer uma rotação do seu braço direito, no sentido dos
ponteiros do relógio, antes de o deslocar para a esquerda,
trazendo, nesse movimento, o braço esquerdo do Uke que fica,
assim, preso no momento em que o Tori passa o braço direito por
baixo da axila direita do Uke.
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 Com a pega à direita, executar a técnica à esquerda:
O Tori pode também manter a pega com a sua mão direita na banda do judogi do Uke
e libertar a sua mão esquerda, rodando para o seu lado direito e controlando o braço
esquerdo do Uke, executando Ippon-seoi-nage à esquerda.
Tratando-se de um movimento desconcertante – ataque à esquerda com a pega à
direita – permite por vezes surpreender o Uke que não espera o ataque para aquele
lado.
Eis uma descrição feita pelo judoca português com mais participações em Jogos
Olímpicos, Mestre António Roquete: «normalmente faço ippon à esquerda, quando os
adversários andam numa posição defensiva; para o efeito, executo uma boa pega na
gola esquerda do opositor e por cima do braço esquerdo do mesmo; de seguida, entro
na técnica bastante baixo e de salto, sendo a projecção completada com o esticar das
pernas; de seguida, enrolando-me finalizo normalmente em imobilização.»3
-o-o-o-
IV – DESLOCAÇÕES E OPORTUNIDADES:
É possível executar Ippon-seoi-nage deslocando-nos em inúmeras direcções e
aproveitando os mais variados movimentos do Uke. Vamos apenas enumerar cinco
hipóteses:
 Quando o Uke avança a perna direita:
Quando o Uke avança a perna direita, o Tori pode rodar em simultâneo a perna
esquerda, (ou recuar a perna direita e avançar a perna esquerda) ficando de costas
para o Uke e, aproveitando o seu impulso para a frente, carregá-lo sobre o dorso.
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 Quando o Uke avança a perna esquerda:
A execução do Ippon-seoi-nage torna-se amiúde ainda mais simples quando o Uke
avança a perna esquerda (reagindo o Tori da forma descrita no parágrafo anterior),
porquanto é o próprio Uke que se “auto-carrega” sobre o dorso do Tori.
 Quando o Uke recua a perna direita:
Quando o Uke recua a perna direita cria um espaço que pode ser aproveitado para o
Tori avançar e rodar, executando Ippon-seoi-nage, devendo todavia precaver-se de
que o Uke bem desequilibrado para a frente.
É possível inclusive criar esse espaço combinando com outra técnica, nomeadamente
Ko-uchi-gari, de forma a provocar essa reacção do Uke – recuo da perna – para, em
seguida, executar Ippon-seoi-nage.
 Quando Tori e Uke se deslocam lateralmente e em simultâneo para
a direita do Uke:
Quando Tori e Uke se deslocam lateralmente e em simultâneo para a direita do Uke, o
Tori pode aproveitar esse impulso adiantando-se ao Uke, passando-lhe à frente
rodando um quarto de volta com a sua perna direita, no sentido contrário aos do
ponteiro do relógio, associando a tracção dos seus braços ao movimento do Uke na
sua direcção.
 Quando Tori e Uke se deslocam em círculo, para a esquerda do
Uke:
De novo o Tori, obrigando o Uke a rodar bem no sentido dos ponteiros do relógio,
aproveita o seu impulso para o carregar sobre o dorso e projectá-lo para diante.
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V – LIGAÇÕES PARA O SOLO:
No Judo desportivo, nem sempre a execução de uma técnica de projecção é suficiente
para se garantir, de imediato, a vitória. Por vezes o Uke é projectado mas, se a
projecção não for de molde a permitir conquistar a vantagem máxima (Ippon – um
ponto), é possível continuar a trabalhar no solo, aproveitando o facto de o Uke estar
mais vulnerável.
Mutatis mutandis, perante uma situação de defesa pessoal em que, após projectar o
agressor, se poderá tornar necessário imobilizá-lo ou de alguma outra forma impedi-lo
de tornar a reunir condições para prosseguir a agressão. Sendo certo que o Ipponseoi-nage poderá ser efectivamente uma técnica de projecção eficaz, nomeadamente
num ataque desferido de cima para baixo, dirigido à cabeça, situação que foi
imaginada pelo Mestre Jigoro Kano como forma de execução desta técnica no Nageno-Kata.
A forma como se evolui de uma técnica de projecção para a execução de técnicas no
solo (Ne-waza) depende muito da situação em concreto e da posição dos judocas no
momento em que se faz a ligação para o solo. Descrevem-se, por conseguinte e
apenas, três hipóteses de ligações para o solo, partindo de uma projecção em Ipponseoi-nage:
 Hipótese 1: Kuzure-kami-shio-katame
Se, após o Kake, o Tori ficar por detrás do Uke, pode ligar com Kuzure-kami-shiogatame, mantendo sempre o controlo do braço direito do Uke para impedir que este
rode de barriga para baixo.
Ippon-seoi-nage

Kuzure-kami-shio-gatame
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 Hipótese 2: Kuzure-kesa-gatame
Se, durante o kake, o Tori acompanhar o movimento do Uke, e muito particularmente,
se tiver combinado Ippon-seoi-nage com Uchi-makikomi, pode ligar para o solo com
Kuzure-kesa-gatame, praticamente sem perder o contacto com o Uke durante a
execução da técnica até imobilizar.
Ippon-seoi-nage

Kuzure-kesa-gatame
 Hipótese 3: Ude-hishigi-juji-gatame
O Tori poderá também aproveitar o controlo do braço direito do Uke que a execução
do Ippon-seoi-nage lhe proporciona, pode ligar para o solo com Ude-hishigi-jujigatame, praticamente sem perder o contacto com o Uke durante a execução da
técnica até imobilizar.
Ippon-seoi-nage

Ude-hishigi-juji-gatame
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Ippon-seoi-nage
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VI – RENRAKU-WAZA:
Renraku-waza significa combinação de técnicas.
Antigamente fazia-se a distinção entre Renraku-waza (combinação de técnicas em
direcções diversas) e Renzoku-waza (encadeamento de técnicas, com a mesma
direcção). Presentemente, é comum adoptar-se a expressão Renraku-waza num
sentido amplo, englobando quer a combinação de técnicas, quer o encadeamento de
técnicas. Também não faremos, por conseguinte, essa distinção, neste trabalho,
usando sempre o termo “combinação”.
São inúmeras as combinações possíveis de técnicas a partir de Ippon Seoi-Nage. O
limite será mesmo a nossa imaginação ou, até a situação que, em concreto, se colocar
perante o judoca em randori (treino livre com resistência) ou shiai (competição).
Vamos pois considerar apenas algumas hipóteses, consoante o tipo de reacção do
Uke:
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A - O Uke reage para trás, numa posição mais ou menos estática:
A-1 – Combinações para a frente ou frente direita:
 Hipótese 1: Seoi-Otoshi
Se, a reacção do Uke é estática, e não muito forte no sentido contrário ao da
projecção, é possível combinar Ippon-seoi-nage com Seoi-otoshi (queda sobre o
ombro), colocando um ou os dois joelhos no solo.
Ippon-seoi-nage
Seoi-otoshi
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 Hipótese 2: Uchi-makikomi
Ainda perante uma reacção estática do Uke e não muito forte no sentido contrário ao
da projecção, é possível encadear Ippon-seoi-nage com Uchi-makikomi (enrolamento
interior).
Ippon-seoi-nage
Uchi-makikomi
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 Hipótese 3: Hikikomi-gaeshi
Também é possível, quando o Uke resiste numa postura muito defensiva, o Tori rodar,
virando-se novamente para o Uke e, aproveitando o facto de ter o seu braço direito
enganchado por baixo da axila direita do Uke, sacrificar o seu corpo sobre as
omoplatas, (Ma-sutemi), com o pé esquerdo bem apoiado no chão, enquanto o peito
do pé direito entra na parte interior da coxa direita do Uke impulsionando-o para cima
e para a frente, obrigando-o a rolar e a passar bem por cima do Tori - Hikikomi-gaeshi
(levar ao chão, invertendo).
Ippon-seoi-nage
Hikikomi-gaeshi
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A-2 – Combinações para trás ou trás direita:
 Hipótese 1: Morote-gari
Perante uma reacção forte do Uke para trás, é possível encadear Ippon-seoi-nage
com Morote-gari (ceifa com ambos os braços).
Conforme a intensidade e o timing da reacção do Uke, o Tori pode:
- inverter o movimento de rotação, rodando novamente para a sua direita, ceifando
uma ou ambas as pernas do Uke com os braços;
- continuar o movimento de rotação para a sua esquerda, ceifando as pernas do Uke
pelo lado contrário.
Ippon-seoi-nage
Morote-gari
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 Hipótese 2: Sukui-Nage ou Tani-Otoshi
Ainda perante uma reacção forte do Uke para trás, é possível encadear Ipponseoi-nage com Sukui-nage (projecção em colher), invertendo o Tori, uma vez mais,
o movimento inicial de rotação, rodando para a direita, passando a perna direita
por detrás das pernas do Uke e o braço esquerdo pela frente do tronco,
acentuando o desequilíbrio do Uke para trás.
É ainda possível ao Tori prosseguir para uma técnica de sacrifício lateral (Yokosutemi-waza), deslizando até ao solo, sempre com a perna esquerda por detrás
das pernas do Uke, executando Tani-otoshi (queda no vale).
Ippon-seoi-nage
Sukui-nage
Tani-otoshi
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 Hipótese 3: O-soto-gari ou O-soto-otoshi
Uma combinação particularmente interessante (quando o Tori executa Ippon-seoinage agarrando o judogi com a mão direita junto da clavícula direita do Uke) é a de
inverter o sentido da rotação no momento da reacção do Uke, rodando para a direita
avançando francamente a perna esquerda, para, em seguida, executar O-soto-gari
(grande ceifa exterior) ou O-soto-otoshi (grande queda exterior), puxando todo o
membro superior direito do Uke para baixo com ambas as mãos, “quebrando-o” pelos
rins.
Ippon-seoi-nage
O-soto-gari
O-soto--otoshi
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B - O Uke defende avançando a perna direita:
 Hipótese 1: Ko-uchi-gari ou Ko-uchi-makikomi
Se o Uke avança a perna direita para defender, reagindo simultaneamente para trás,
tentando contrariar o movimento de rotação do Tori, este pode inverter o sentido,
rodando para a sua direita, fazendo passar a sua perna direita entre as pernas do Uke
e ceifando a sua perna direita em Ko-uchi-gari (pequena ceifa interior). O braço direito
do Tori pode inclusive descer e controlar a perna direita do Uke, enquanto o braço
esquerdo mantém o desequilíbrio sobre o braço direito do Uke.
Por vezes, a dinâmica do movimento permite ao Tori enrolar sobre o ombro direito do
Uke, concluindo a combinação em ko-uchi-makikomi (pequeno enrolamento interior).
Ippon-seoi-nage
Ko-uchi-gari
Ko-uchi-makikomi
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 Hipótese 2: Kuchiki-daoshi ou Kibisu-gaeshi
Ainda quando o Uke avança a perna direita para defender, reagindo simultaneamente
para trás, tentando contrariar o movimento de rotação do Tori, este pode inverter o
sentido, rodando para a sua direita, deixando escorregar a sua mão direita para a
curva da perna direita do Uke, controlando-a pelo lado de dentro e, mantendo em
simultâneo, o desequilíbrio para trás e para baixo com a mão esquerda no braço
direito do Uke, para executar kuchiki-daoshi (queda da árvore morta).
Pode ainda o Tori descer mais o seu centro de gravidade, colocando mesmo o seu
joelho direito no chão e controlando com a sua mão direita, pelo interior o pé direito do
Uke junto do calcanhar, executando kibisu-gaeshi (inverter pelo calcanhar).
Ippon-seoi-nage
Kuchiki-daoshi
Kibisu-gaeshi
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Ippon-seoi-nage
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C - O Uke defende avançando a perna esquerda:
 Hipótese 1: O-uchi-gari
Se o Uke avança a perna esquerda para defender, reagindo simultaneamente para
trás, tentando contrariar o movimento de rotação do Tori, este pode inverter o sentido,
rodando para a sua direita, libertando rapidamente o braço direito para trocar a pega, e
fazendo um grande movimento de rotação com a sua perna direita pelo interior das
pernas do Uke, ceifando a sua perna esquerda em O-uchi-gari (grande ceifa interior).
Ippon-seoi-nage
O-uchi-gari
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 Hipótese 2: Kata-guruma
Ainda quando o Uke avança a perna esquerda para defender, mas com o peso mais
para a frente, pode o Tori, mantendo o braço direito enganchado debaixo da axila
direita do Uke, baixar o seu centro de gravidade e passar o seu braço esquerdo em
torno da coxa esquerda do Uke, projectando para a direita em Kata-guruma (rotação
sobre os ombros). Para tornar mais fácil a projecção, o Tori pode inclusive colocar o
seu joelho direito no solo ou até os dois joelhos.
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Kata-Guruma
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Ippon-seoi-nage
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VII – KAESHI-WAZA:
Kaeshi-waza pode ser traduzido por “técnicas de contra-ataque”.
O objecto deste capítulo é o de descrever algumas hipóteses de contra-ataque à
técnica Ippon-seoi-nage.
A – Contra-ataques em Nage-Waza:
O Ippon-seoi-nage, quando bem executado, é uma técnica difícil de contra-atacar. Não
obstante, descrevem-se, em seguida, algumas formas de contrariar e contra-atacar
aquela técnica, tendo igualmente em consideração a forma como a mesma é
executada.
 Hipótese 1: “Romper a pega”
Embora não se trate de um contra-ataque, é uma forma eficaz de frustramos um
ataque em Ippon-seoi-nage quando conseguimos reagir logo no início do ataque.
Para tanto, quando a técnica é executada à direita, o Tori (aqui entendido como o
judoca que executa o contra-ataque) deve rodar a anca para a direita (tai-sabaki – tirar
o corpo), puxar de forma rápida e dinâmica o seu braço direito, tentando desfazer a
pega, enquanto a mão esquerda, empurra o dorso do Uke (aqui entendido como o
judoca que faz o Ippon-seoi-nage) para diante.
Se o Tori for bem sucedido neste movimento o Uke ficará decerto desequilibrado e
vulnerável a vários ataques por parte do Tori, consoante a posição relativa de ambos
os judocas.
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Ippon-seoi-nage
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 Hipótese 2: Ushiro-goshi
Quando o Uke executa um Ippon-seoi-nage “alto” (sem flectir as pernas) é possível ao
Tori contrariar o seu movimento baixando bem o seu centro de gravidade e
deslocando o seu pé esquerdo para esquerdo, rompendo o movimento do Uke. Em
simultâneo, o braço esquerdo do Tori enlaça bem o Uke pela cintura, mantendo a mão
direita firmemente agarrada na banda do judogi do Uke, forçando um contacto forte
com o Uke e mantendo o seu centro de gravidade mais baixo do que o daquele.
De seguida, o Tori, com a ajuda de ambos os braços, impulsiona bem a barriga para
diante, projectando bem o Uke para cima, se necessário com a ajuda da perna
esquerda, criando depois o espaço para o trazer de novo para baixo, até ao chão,
recuando as pernas e rodando se necessário, um quarto de volta para a esquerda
(Ushiro-goshi: projecção para trás com a anca)
Conforme a reacção do Uke, seria ainda possível executar, em alternativa, Ura-Nage
(projecção no sentido oposto)
Ippon-seoi-nage
Ushiro-goshi
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Ippon-seoi-nage
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 Hipótese 3: Yoko-tomoe-nage
Seguindo fielmente os princípios da não-resistência e do aproveitamento da acção do
oponente, o Tori pode deixar aparentemente “levar-se” pela acção do Uke e “flutuar”
sobre o seu dorso, rodando de forma a ficar, do outro lado, face a face com o Uke.
Aproveitando a rotação e o desequilíbrio do Uke, o Tori deixa-se escorregar para o
solo
enquanto coloca a sua perna esquerda na barriga do Uke. Mantendo um
movimento rotativo e em sentido descendente dos braços, o Tori obriga o Uke a girar
sobre o seu pé esquerdo projectando-o em Yoko-tomoe-nage (projecção em círculo
lateral).
Seria possível a execução de outros Ma-sutemi, como Sumi-gaeshi, ou Yoko-sutemi,
nomeadamente, Uki-Waza (técnica flutuante) ou até Yoko-guruma (rotação lateral).
Ippon-seoi-nage
Yoko-tomoe-nage
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Ippon-seoi-nage
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B – Contra-ataques em Katame-waza:
Por vezes, não é possível contra-atacar o Ippon-seoi-nage em Nage-waza mas é
possível consegui-lo com Katame-waza (técnicas de controlo) no solo. Até porque,
sendo comum a sua execução perto do solo e/ou a sua combinação com Seoi-otoshi
(vide pág 13) é, por vezes mais simples contra-atacar já no solo.
 Hipótese 1: Okuri-eri-jime
O Tori escapa pela direita do Uke e com a mão esquerda nas suas costas pressiona-o
em direcção ao solo, de forma a que aquele fique em “quatro apoios”. De seguida, o
Tori , colocando as pernas como em Kesa-gatame aplica todo o peso do seu corpo
sobre o ombro direito do Uke enquanto a sua mão esquerda controla, por dentro, o
pulso esquerdo do Uke (ou, em alternativa, pressiona com o braço esquerdo o lado
direito da cabeça). Em simultâneo, a mão direita – que ficou na banda – puxa-a
firmemente para a direita estrangulando o Uke, numa variante de Okuri-eri-jime
(estrangulamento com deslize da gola) 4. Se este ainda assim resistir, deitando-se
eventualmente, pode o Tori rodar para a esquerda, em círculo. até aquele desistir.
Ippon-seoi-nage
Oku-eri-jime
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Ippon-seoi-nage
一本背負投
 Hipótese 2: Gyaku-juji-jime
O Tori escapa novamente pela direita do Uke e com a mão esquerda nas suas costas
pressiona-o em direcção ao solo, de forma a que aquele fique em “quatro apoios”. O
Tori, contrariamente ao contra-ataque anterior, não fica ao lado do Uke, passando
antes para a sua frente, apoiado apenas na ponta dos pés e com todo o peso sobre o
Uke. Em simultâneo a sua mão direita, sem nunca largar a banda do judogi do Uke,
roda, de forma que o antebraço direito fique sobre a nuca do Uke. A mão esquerda do
Tori passa então por baixo do seu braço direito, em cruz, e vai controlar a o judogi do
Uke
do
outro
lado
da
sua
cabeça,
estrangulando-o
5
(estrangulamento cruzado ao contrário)
Ippon-seoi-nage
Gyaku-juji-jime
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em
Gyaku-juji-jime
Ippon-seoi-nage
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VIII – CONCLUSÃO:
No Judo, como na Vida, por cada escolha que fazemos, vários caminhos nos surgem
pela frente, proporcionando-nos novas escolhas, num eterno devir.
Foi isto que senti quando comecei a investigar e a realizar este pequeno trabalho:
cada “ligação para o solo”, cada “combinação”, cada “contra-ataque” seleccionados
transportavam-me para novas ideias, novas pistas, outras hipóteses, novas
soluções…
Agora que me encontro perante a necessidade de lhe colocar um ponto final, apoderase- de mim um sentimento contraditório, de satisfação por tudo aquilo que relembrei
ou aprendi durante a sua elaboração, e de angústia por tudo aquilo (e foi tanto!) que
ficou por dizer.
Impetro-vos assim que o leiam com a benevolência que conseguirem ter para com
alguém que ainda não percorreu senão uma pequeníssima parte do Caminho.
Lisboa, 13 de Novembro de 2011
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Ippon-seoi-nage
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AGRADECIMENTOS:
Este trabalho não ficaria completo sem uma referência a três pessoas que tiveram
uma contribuição decisiva para a sua elaboração, sem prejuízo de todos os demais
Judocas que quotidianamente treinam comigo e me oferecem a sua Amizade:
- O Mestre Bastos Nunes, meu Mestre de sempre.
- Jerónimo Ferreira, que muito me tem ajudado, em tudo, e particularmente nesta
minha preparação para exame de graduação para 4.º dan, sempre com a
generosidade e a boa disposição habituais.
- Luís Filipe Figueiredo, que há muitos anos vem partilhando comigo treinos,
estágios, demonstrações, competições de katas e preparações para exames, sem
nunca regatear esforços, sempre disposto a ir mais além.
Para eles o meu MUITO OBRIGADO!
Fernando Seabra
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Ippon-seoi-nage
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BIBLIOGRAFIA:

Costa, Emílio M., “JUDO”, Livraria Popular Francisco Franco, 1982

Daigo, Toshiro, “KODOKAN JUDO THROWING TECHNIQUES”, Kodansha
International, 2005

Gleeson, Geof, “JUDO”, Publicações Europa-América, 1975

Inman, Roy, “THE JUDO HANDBOOK”, Silverade Books, 2004

Kano, Jigoro “KODOKAN JUDO”, Kodansha International, 1986

Kiyoshi Kobayashi, “KYU & DAN”, Obun Intereurope, 1975

Robert, Louis, “O JUDO”, Editorial Notícias, 1968

Veloso, Rui e outros, “UMA ABORDAGEM DIDÁCTICA DO JUDO, UTAD, 2010

“NAGE-WAZA– VARIOUS TECHNIQUES AND THEIR NAMES”, Kodokan DVD
Series

“KATAME-WAZA – VARIOUS TECHNIQUES AND THEIR NAMES”, Kodokan DVD
Series

http://www.fpj.pt/

http://judoinfo.com

http://www.judokai.pt/

http://www.kodokan.org/

http://pt.scribd.com/doc/44458112/Apostila-completa-Terminologia-Judo-eTraducao

http://thebestjudo.com/significado-das-tecnicas-do-judo/
(sem prejuízo de muitos outros consultados de forma pontual e que não justificam a sua
enumeração)
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Ippon-seoi-nage
一本背負投
NOTAS:
1
2
Tradução usada pelo Mestre Kiyoshi Kobayashi na obra «Kyu & Dan», pág. 82
Encontrámos no site brasileiro http://thebestjudo.com/significado-das-tecnicas-do-
judo/, a seguinte tradução que cremos absolutamente livre mas muito interessante,
para Ippon-seoi-nage: “EM BUSCA DO GOLPE PERFEITO”
3
In, “Judo”, Emílio M. Costa, pág. 59
4
Esta técnica é referenciada como uma variante de Okuri-eri-jime no DVD com o título
“Katame-Waza” editado pelo Kodokan. Todavia, a mesma técnica é considerada uma
variante de Kata-ha-jime (estrangulamento com controlo de um lado) pelo Mestre
Kiyoshi Kobayashi no seu livro “Kyu & Dan», pág. 114
5
Esta técnica é classificada como Sode-guruma-jime (estrangulamento com a gola)
pelo Mestre Kiyoshi Kobayashi no seu livro “Kyu & Dan», pág. 119
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