EDIÇÃO 04 | abrIl - maIO 2013 | aprIl
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EDIÇÃO 04 | abrIl - maIO 2013 | aprIl
E D I Ç Ã O 0 4 | a b r i l - m a io 2 0 1 3 | a p r i l - m a y 2 0 1 3 I S S U E EDIÇÃO 04 | abril - maio 2013 | april - may 2013 ISSUE até que ponto a inovação pode ser resistente ao tempo? quem imaginaria que as gôndolas um dia venderiam whiskies sem envelhecer? e quem apostaria em tecnologia para acelerar a maturidade de um destilado? em momento ‘back to the future’, a inovação invade os mercados tradicionais. o que acontece quando uma assinatura se torna curadoria? o que sapatos, pães, cosméticos e cervejas podem ter em comum? eles podem ser selecionados de acordo com seu gosto e remetidos mensalmente à sua porta. essa é a proposta do clube de compras por assinatura que está mudando o jeito com que nos relacionamos com o consumo. para entender as novas relações entre marcas e clientes consumidores que criam produtos, marcas que assumem seus erros publicamente. novos mercados invadidos por novos fornecedores. o mundo nunca foi tão complicado. DESCUBRA OS 5 ATRIBUTOS DE MARCA QUE DEFINIRÃO AS ESCOLHAS DOS CONSUMIDORES EM 2013. ceo pernod ricard brasil THIBAULT CUNY diretor de marketing Colin Kavanagh strategic planning and insights manager idit jankelovicius strategic planning and insights jr. manager marta braggio strategic planning and insights INTERN Raphael Gazotti projeto editorial Casa36 colaboraram eduardo terra (coluna), paulo marquezini (revisão) impressão gráfica atrativa anÁLISE econômicA após o pibinho de 2012 e a iminência da alta da inflação, o governo trabalha para bater a meta deste ano sugerida pelo fmi, aumentando a selic. o câmbio estável e a melhora no quadro de empregos auxiliam a balança comercial a se manter em patamar aceitável. 22 3 24 3 22 6 25 6 18 2 20 2 15 3 1.7 36 1.8 49 1.7 08 1.5 14 jan 2013 1.6 65 out 2012 1.6 12 1.7 69 1.8 81 jul 2012 2, 02 2, 04 jan 2013 1,8 4 out 2012 7, 5 7, 25 8, 0 7, 25 5, 28 set 2012 6, 59 4, 92 jun 2012 5, 84 5, 24 mar 2012 (US$ bilhões) 0, 9 2, 7 -0 ,3 2009 (R$/US$) Importações (US$ bilhões) (em milhares) 3, 0 7, 5 9, 0 (% a.a.) Exportações Total de Demissões (em milhares) 2, 03 índices acumulados nos últimos 12 meses (% a.a.) Total de Admissões Taxa de câmbio 1.7 32 Taxa de juros SELIC 2, 04 Taxa de inflação (%) Crescimento do PIB III. indicadores de comércio exterior 12 8 II. evolução do emprego 1.2 11 I. indicadores-chave 2010 2011 2012 2013* Fonte: IBGE / FMI (*Projeção feita em 17.04 pelo FMI) dez 2012 mar 2013 Fonte: IPCA/IBGE (índices pontuais por trimestre) abr 2012 jul 2012 abr 2013 Fonte: O Estado de S.Paulo (índices pontuais por trimestre) abr 2012 abr 2013 Fonte: Thomson/Reuters (cotação do dia 15 de cada mês) mar 2012 saldo: 112 jun 2012 saldo: 120 set 2012 saldo: 151 Fonte: PDET/Ministério do Trabalho e Emprego dez 2012 saldo: (-496) mar 2013 saldo: 112 2009 saldo: 25 2010 saldo: 20 Fonte: SECEX/Ministério do Desenvolvimento 2011 saldo: 30 2012 saldo: 20 um grande whisky requer tempo. Mas nos estados unidos até este dogma está sendo posto à prova Depois dos fenômenos do fast food e da fast fashion, novas destilarias americanas estão apostando no fast whisky. Munidos de novas tecnologias, que incluem o uso de tonéis menores, máquinas de ultrassom e câmaras de pressão, novos rótulos de whisky estão sendo produzidos em poucos meses. De acordo com John Hansell, editor da revista The Whisky Advocate, “todo mundo está tentando enganar o tempo, tentando enganar a mãe natureza”. Um autêntico scotch whisky deve envelhecer por ao menos três anos. Um bourbon, quatro. Ainda assim, o mercado tem, como base comum, whiskies envelhecidos por até oito anos. Isto pode representar um passivo muito grande para um pequeno empreendedor que investiu todas as suas posses em equipamentos, tonéis e armazenamento. Por este motivo, muitas destilarias novas estão trabalhando com tonéis pequenos, com volume próximo a um terço do convencional, de cerca de 18 litros. Assim, mais líquido entra em contato com a superfície da madeira. Como resultado, o sabor de carvalho e as cores escuras da madeira aparecem mais rápido — e, dentro de um ano, a bebida tem notas de baunilha e de caramelo, normalmente associadas ao whisky. A questão é que essas notas são os principais aromas e sabores que serão reconhecidos no produto final. Notas florais e frutadas, que são resultantes dos anos de maturação nos tonéis, provavelmente não estarão presentes. Por isso, muitos destes novos fast whiskies estão se aproveitando de um truque antigo da indústria: usar, durante algumas semanas, tonéis que envelheceram vinho, na etapa final do envelhecimento. Para encurtar ainda mais o processo, algumas destilarias não estão dispostas a esperar nem 12 meses. Uma série de novas técnicas foram desenvolvidas recentemente, favorecendo novos manejos, destinados a acelerar a extração da cor e do sabor, assim como as reações químicas que acontecem durante a formação do whisky. Confira ao lado alguns exemplos: 3 fast whiskies. E 3 processos: Cleveland Whiskey: feito em um dispositivo que parece uma grande panela de pressão. Durante vários dias, a pressão alterna com rápidas oscilações. Terressentia: utiliza uma mistura de ultrassom e oxidação para remover as impurezas de um whisky novo — em um processo que imita os efeitos de envelhecimento a longo prazo. Koval: faz whisky com grãos não tradicionais, como espelta. O destilado repousa nos tonéis por um mínimo de tempo, apenas para suavizar alguns elementos, sem que os sabores dos grãos incomuns desapareçam. Para saber mais sobre as técnicas para acelerar a maturação dos whiskies: http://tinyurl.com/7zcs9oz White Dog White dog é o whisky proveniente da destilação sem nenhum envelhecimento. Transparente como vodka, não chega a passar por barris. Mas, ao contrário da produção da vodka, não é purificado a ponto de perder a fragrância pungente original do grão utilizado na destilação. Produzido há mais de um século nos Estados Unidos, com teor próximo a 80% de alcool, foi proibido no passado. Atualmente, tem versões produzidas por pequenas destilarias e comercializadas com sucesso em uma base de 40% de álcool. O interesse crescente chamou a atenção da Jack Daniel’s e da Jim Beam, que lançaram recentemente seus White dogs. Sociedade da mesa Entenda como funciona o novo conceito de compras por assinatura que está mudando o consumo na rede Outras ideias para ficar sócio de carteirinha Todos os meses, uma caixa com uma seleção de vinhos chega a casa de cada sócio por um valor fixo, junto com uma publicação que explica a origem e aspectos de cada um dos rótulos recebidos. A revista ainda indica os vinhos selecionados para o próximo mês, além de outras notícias do universo enogastronômico. Não há taxa de associação e o membro do clube pode ou não comprar os vinhos listados para o mês seguinte. No Brasil sapatos femininos: www.shoes4you.com.br pães: www.lospaderos.com.br café: www.clubecafe.net.br chocolates: www.chocolatdujour.com.br apetrechos sensuais: www.sociedadedamesa.com.br/ www.sexybox.com.br lentes de contato: www.eotica.com.br Não há como discordar que a revolução digital mudou definitivamente nossos hábitos no trabalho, no lazer e nos relacionamentos. É chegada a vez da revolução nas compras. A consolidação da venda on-line com o bem-sucedido método de entregas, capitaneado pelos gigantes do e-commerce, como a Amazon, resolveu uma questão logística. E a inteligência do crowdfunding protagonizada por sites como o Kickstarter fomentou o consumo coletivo. Agora, a grande novidade fica por conta dos serviços que prometem curadoria sobre as suas próprias compras. A coisa parece confusa mas, na prática, funciona assim: o consumidor se cadastra em um site específico, colocando seus gostos e interesses à disposição. A tarefa da empresa é periodicamente surpreendê-lo com novidades. Assim, começam a proliferar curadores dos mais diferentes aspectos do consumo em busca de associados: de camisetas estampadas a vinhos nobres, de cosméticos a utensílios domésticos. Um dos primeiros expoentes desta tendência foi o Birchbox, portal especializado em cosméticos e higiene pessoal para homens e mulheres. Ao oferecer a seus consumidores kits com amostras grátis de lançamentos de produtos, por um valor mensal, a empresa redefiniu seu conceito de compras, com foco na descoberta. Desta forma, o cliente que não tem tempo ou acesso a tantas novidades lançadas no mercado consegue experimentar uma gama nova de produtos previamente editados, com base em suas necessidades ou vontades. Uma vez testado e aprovado, o site da Birchbox passa a vender determinado produto de forma convencional em seu e-commerce. Confira, a seguir, dois bons exemplos brasileiros de clubes de compra por assinatura, focados no mercado de bebidas, e uma lista de clubes de compra que estão bombando – aqui e lá fora: Have a nice beer Graças ao seu quadro com mais de 6.500 associados, o clube consegue formar parcerias estratégicas a fim de selecionar e trazer algumas das melhores cervejas do mundo para o Brasil. Em esquema parecido ao realizado pelo clube de vinhos, mensalmente dois rótulos estrangeiros são enviados para a casa de cada sócio, junto com uma revista com novidades na área e receitas para os membros do clube. www.haveanicebeer.com.br/ No exterior cosméticos: www.birchbox.com camisetas: www.tpostmag.com meias-calças: www.hoseanna.com preservativos: sirrichards.com lâminas de barbear: www.dollarshaveclub.com roupas masculinas: www.trunkclub.com concorrência provocações 17,75 bilhões de reais DIAGEO aposta nA CLASSE C A meta da empresa é que, até 2020, metade do faturamento no Brasil seja proveniente de produtos voltados à nova classe média. Com isso, a operação brasileira da Diageo espera figurar entre os cinco maiores mercados da multinacional. Para tanto, whiskies como Johnnie Walker Red Label, White Horse e Black & White, além da vodka Smirnoff, ganham versões reduzidas e até 50% mais baratas que os SKUs originais. Além dos novos produtos, a multinacional irá aumentar em 60% a verba de marketing no país. http://tinyurl.com/awl4xrt É o que o brasileiro deve gastar em bebidas* em 2013 92,90 Consumo por região: 6,26% per capita (R$) 75,41 8,64% 16,72% cachaça saborizada premium Depois da invasão de produtos flavorizados no mercado, não tardaram a aparecer as versões de cachaças populares com frutas e outros aditivos. A novidade, agora, é a entrada deste tipo de bebida RTD no mercado Premium. Nelsinho Piquet, ex-piloto de Fórmula 1, criou a B-Honey Sting Shots, bebida mista de limão e mel, feita com teor alcoólico reduzido. Produzida de forma artesanal,t em um alambique de Minas, é feita com cana-de-açúcar selecionada. www.drinkb.com.br O whisky dos Stones, um A cerveja oficial da Os vinhos do The Police lançamento da Suntory banda AC/DC é produzida têm sua renda revertida para os 50 anos da banda. na Alemanha. para causas como a luta contra a AIDS. O absinto de Marilyn Manson foi medalha de ouro em concurso. O tinto Chiclete com Banana tem corpo argentino e alma baiana*. *atualmente fora de catálogo per capita (R$) 120,22 18,34% 50% *água, refrigerante, suco, refresco, cerveja, vinho, champanhe e destilados Fonte: Pyxis Consumo/Ibope Inteligência cerveja x inflação o do-ré-mi da bebida Que a música está ligada ao universo das bebidas, quase ninguém duvida. Mas poucos sabem o quanto estes dois prazeres estão convergindo para tentar criar alguns novos clássicos. per capita (R$) Preço da cerveja sobe 3 vezes mais que inflação. A tendência é piorar: segundo a Receita, os impostos sobre a cerveja subirão 2% por semestre em 12 parcelas, a partir de abril de 2013. 16,5% é o aumento real no preço da cerveja 5,5% é a inflação no período per capita (R$) 117,57 per capita (R$) 138,72 3% a 6% de crescimento é o que projeta a moody’s para a indústria global de bebidas nos próximos 12 a 18 meses. bombom e direção não combinam Dirigir alcoolizado é, de fato, uma questão criminal. Está mais que comprovada a tese que, sob efeito do álcool, uma pessoa não consegue desempenhar com segurança seu papel ao volante. No entanto, a nova Resolução 432, sancionada em 29/01/13, tornou a nova Lei Seca bastante rígida. A partir de agora, a infração de trânsito se dá quando a medição realizada no bafômetro alcançar quantidade igual ou superior a 0,05 miligramas de álcool por litro de ar expelido dos pulmões. Em teste feito pelo jornal “A Folha de S. Paulo”, com autorização da Polícia Militar, uma pessoa consumiu um bombom com licor e, logo a seguir, passou pelo bafômetro. O resultado, 0,08 mg. Isso poderia significar R$1.915,40 de multa, um ano sem carteira e apreensão do veículo. 1 parceria wanted DESCUBRA, em primeira mão, oS 5 atributos de marca que definirão as escolhas dos consumidores em 2013 Cada vez mais protagonistas de suas escolhas, os consumidores estão prestes a liderar e reinventar a gestão de produtos e serviços. Uma das maneiras é enxergar quem compra em um papel mais ativo, capaz de investir em startups para criar produtos que sejam inéditos e interessantes a si mesmos e também à sua comunidade. Mas, além de colaborar com dinheiro, estes consumidores fazem parte de uma nova geração que não tem medo de empreender. Os novos consumidores poderão agir como verdadeiros gestores de negócio e até investidores, auxiliando a formatar novos produtos dentro do portifólio de marcas novas – e também das já consagradas e apreciadas. Em última instância, será a incorporação do modelo atual de crowdfunding para a estrutura interna das empresas. Afinal, o que atualmente se observa em sites de consumo coletivo convencionais, como o Kickstarter e o brasileiro Catarse, é o primeiro ato de uma ópera em andamento. Para se ter uma ideia de como o fenômeno vem crescendo, recente pesquisa da revista The Economist, registra que estas plataformas tiveram um incremento substancial de investimentos entre 2009 e 2012: passaram de 530 milhões de dólares a 2,8 bilhões de dólares, um aumento real superior a 500%. 2 utilidade Metade dos americanos detentores de smartphones checam seus celulares ao menos uma vez a cada hora em busca de novidades no email ou nas redes sociais. No começo deste ano, o Facebook declarou ter mais conexões em dispositivos móveis do que em computadores de mesa, fato inédito na história da empresa. A conexão móvel é um fenômeno, além de global, irrevogável. É impossível não perceber: na fila do supermercado, na balada à noite e, até mesmo em um almoço familiar, sempre tem alguém checando algo em uma telinha brilhante. Não à toa, a indústria para o desenvolvimento de aplicativos para celular está a pleno vapor e fortemente alicerçada em estratégias de marketing de grandes empresas. Afinal, um app que seja tão útil às marcas quanto aos seus usuários é um excelente meio de gerar brand content e ainda aspergir conteúdo de marca de modo muito rápido e eficiente. A questão é que, até o momento, poucos descobriram o segredo para os apps de sucesso. A mesma pesquisa que evidenciou que os americanos estão colados aos seus smartphones, afirma que um americano gasta, em média, não mais do que um minuto para cada app que navega. Esta é, sem dúvida, a próxima cruzada para as marcas: proporcionar mais resultados e interação com apps customizados gerando brand experience e atraindo ainda mais seus consumidores. 3 sinceridade A revolução digital catalisou a necessidade de comunicação transparente e direta entre marcas e consumidores. Neste paradigma, a política de ‘nada a esconder’, comum a muitas corporações, já não basta. Resta, agora, às instituições, agir com sinceridade e demonstrar suas boas intenções a toda sua cadeia de stakeholders comprovadas. Afinal, despertar a confiança é vital em um ambiente em que os indivíduos estão cada vez mais ativos como interlocutores e avaliadores dos produtos que consomem. Desta forma, cria-se espaço para marcas mais humanas, que aceitem seus erros e que coloquem a transparência como lente real para toda a sua atuação. Esta prática está se alastrando, especialmente no universo da alimentação. O Mc Donald’s vem divulgando local e globalmente uma série de campanhas com o intuito de facilitar a compreensão do que está por trás dos lanches que vende. Isto se reflete, por exemplo, na melhor sinalização das calorias e dos ingredientes nas caixas dos sanduíches. A brilhante campanha viral, desenvolvida pelo braço da operação no Canadá, que em vídeos simples desfaz mitos como ‘do que é feito o molho do Big Mac’, uma ação que atesta a preocupação da multinacional com a verdade (http://tinyurl.com/75bw8zg). Por aqui, a nova campanha da marca (www.alemdacozinha.com.br) trata de mostrar ao público a origem dos alimentos da cadeia. 4 entrega Ao contrário do que se viu nas últimas décadas, no comércio exterior, a nova direção na economia mundial prevê a compra e venda de produtos entre países em desenvolvimento. Isto irá trazer a nações como o Brasil produtos mais baratos nas gôndolas, competindo pela inflada e ascendente nova classe média. Afinal, para um público ainda não muito familiarizado às novas necessidades e, sobretudo, aos prazeres da vida, questões como tradição e origem podem chamar menos atenção que atributos como preço e distribuição. Um bom exemplo disso, na indústria de bebidas, é a forte investida de marketing e logística das vinícolas brasileiras em território chinês — mesmo com a nossa diminuta tradição neste setor e ainda sem contar com a primazia de um terroir ou de clima perfeitos para o cultivo. Ainda assim, a China – que também não tem uma forte tradição no consumo da bebida mas que possui uma enorme nova classe média com uma demanda latente – foi o principal importador de nossos vinhos em 2012, de acordo com o IBRAVIN, Instituto Brasileiro do Vinho. Em contrapartida, o gigante asiático, que também não possui nenhuma tradição na indústria automobilística, fincou fábricas e distribuidoras de marcas como JAC Motors e Chery e despeja, anualmente, milhares de veículos novos no Brasil. 5 identidade O Brasil assiste ao desenvolvimento internacional da marca Osklen sendo traduzido como o mais puro espírito carioca, exportado mundo afora como o legítimo ‘brazilian soul’. Da mesma maneira, já se percebe a consolidação das lojas da marca Havaianas como verdadeiras embaixadas informais do país, nas grandes metrópoles europeias. Esta estrada que sai do local e chega ao global está sendo pavimentada de maneira perceptível não só aqui, mas em todo o planeta. Desta forma, centenas de marcas indianas, chinesas, russas e de outras nações em desenvolvimento deverão trilhar esse mesmo caminho. O produto cultural mais relevante de um país, quando desassociado do universo do folclore e do artesanato e ressignificado pelo olhar talentoso pode criar novos ícones globais. Bom exemplo disso pode ser percebido no trabalho da marca indiana House of Masaba, da designer Masaba Gupta. Transcendendo séculos de tradição e consciente do valor e da qualidade dos saris, a marca recriou a tradicional vestimenta com estampas inéditas baseadas na pop art, sem abrir mão da excelência dos tecidos e da mistura única de cores, dois atributos típicos da moda do subcontinente indiano. Rapidamente, a marca se distinguiu e caiu no gosto das celebridades indianas e, agora, começa a se expandir para fora do país. U o Story telling reconta o varejo ma das grandes diferenças dos seres-humanos para outras espécies — e que exerce papel fundamental em sua evolução — é nossa capacidade de contar histórias. De fato, em diversos momentos, temos a necessidade de compartilhar ideias, informações, mensagens e conhecimento. Então, por que não fazer isto contando histórias? Esta característica do homem de entender o mundo por meio de histórias está ligada à própria estrutura e funcionamento do nosso cérebro. Quando ouvimos um relato, assistimos a uma novela ou lemos um livro, nosso cérebro ativa, automaticamente, áreas ligadas à história apresentada e a associa a uma experiência real. Assim, conseguimos compreender e aprender com as experiências alheias de maneira rápida e eficiente. De alguns anos para cá, algumas empresas passaram a adotar o conceito do storytelling como estratégia de marketing e comunicação para encantar, engajar e se comunicar com seus clientes. O conceito, aplicado ao marketing das empresas, passa a usar as histórias como pano de fundo de uma propaganda, de uma ação de trade marketing ou do posicionamento das marcas. Em janeiro deste ano, estive no maior evento do varejo global, a NRF (National Retail Federation), em sua 102a edição, em Nova York. Diversas palestras e cases foram dedicados ao storytelling. A Coca-Cola foi um dos casos apresentados, com diversos filmes da marca, fazendo com que seu posicionamento se tornasse muito ligado a histórias de felicidade. Outras marcas pelo mundo vêm adotando o conceito em suas estratégias de comunicação, tornando a propaganda e outras ações junto ao cliente mais divertidas e eficazes. Separei alguns vídeos que conceituam, ilustram e exemplificam o conceito do storytelling aplicado a marcas e empresas: Palestras TED sobre storytelling: http://www.ted.com/talks/tags/storytelling Palestra Harvard sobre storytelling: https://www.youtube.com/watch?v=8-KtR4vM4eg Caso Coca-Cola Storytelling: https://www.youtube.com/watch?v=daw_g3MLaSA Caso Save the Troy library: https://www.youtube.com/watch?v=nw3zNNO5gX0 Eduardo Terra Vice-Presidente do IBEVAR, professor de cursos de MBA e Diretor da UBS Escola de Negócios.