turismo - Revista do Tatuapé

TURISMO
sas que chegam até as bordas do mar. Uma das
pousadas ali tem o mesmo estilo das casas: telhado de sapé, paredes de bambu que deixam
passar sons e nuances de luz, e o chão de areia
onde uma onda mais afoita pode lavar o quarto. São as evidências das palavras dos kuna,
“se a maneira como vivemos desperta a curiosidade de nos conhecerem, é justo que provem nosso modo de viver. Não temos grandes
hotéis, pois não permitimos que estrangeiros
comprem nossas terras. Essa é uma das formas
de não sermos envolvidos por outras culturas”.
Mas não foram essas ilhas paradisíacas que
Vista noturna da Cidade do Panamá
colocaram San Blas no mapa da arte mundial.
Foram suas mulheres ao conceber seu ves-
Nas aldeias, sempre se veem mulheres tecendo o mola em
tuário que espelha a devoção e respeito que
frente às suas casas, e ali mesmo os viajantes podem adquirir
cultivam pela Mãe-Terra, e que resultou num
uma peça de qualidade por cerca de R$ 50. As mulheres sa-
dos mais belos trajes tradicionais. Compõe-
bem da importância da preservação de suas tradições. E vão
-se de um pareô com desenhos geométricos
além ao criar um tecido diferenciado, que ajuda a projetar
e uma blusa estampada onde, abaixo do seio,
os kuna no cenário da arte mundial e mantém sua etnia viva
é costurado um sobretecido – o mola. Esse é
economicamente.
feito de diversas camadas de panos coloridos
e recortados, e para conseguir mais textura,
HECHO EN PANAMÁ
aplicam sutaches, sinhaninhas e entremeios.
Considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, o
Seus desenhos labirínticos, cujas cores, formas
centro histórico da Cidade do Panamá há mais de um século é
e motivos são retirados da natureza, reprodu-
endereço de galerias de arte e lojas que expõem o artesanato
zem peixes, aves, folhas e criam mandalas que
regional. A dica é iniciar o passeio na Calle Primera, entrar em
buscam reproduzir a harmonia com o mundo.
cada lojinha, comparar preços e variedades. A que oferece am-
As kuna complementam a roupa com um
plo mostruário de produtos nos mais diferentes materiais fica
lenço escarlate, anéis, brincos e as wini - pul-
no n° 844. Nela, estão expostas peças esculpidas em taguá, co-
seiras e caneleiras de miçangas e vidrilhos. O
nhecido como marfim vegetal, máscaras utilizadas em rituais, e
ol-osu uma argola de ouro símbolo do sol, é co-
cestas da cultura indígena Emberá. Estas, de tão perfeitas, mais
locado entre as narinas para afastar os espíri-
parecem cerâmica.
tos malignos. A beleza do nariz é realçada por
Nas ruas vizinhas, vale incluir uma visita às tiendas El Farol,
um traço negro delineado em todo seu perfil
La Ronda e Arte Quetzal. Na sequência, perto da Plaza de Fran-
e, como último detalhe um amplo lenço, geral-
cia, nas Bóvedas, sob um longo caramanchão com primaveras
mente em tons laranja ou fúcsia, para proteger
floridas, as índias da etnia Kuna expõem suas molas. No final
do sol caribenho. As meninas “coroam” o traje
deste prazeroso roteiro, o viajante terá aprendido muito sobre a
com um periquito verde na cabeça.
rica arte popular panamenha.
52
Revista do Tatuapé \\ Setembro 2011