liberdade religiosa símbolos religiosos e neutralidade ibccrim 2015
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liberdade religiosa símbolos religiosos e neutralidade ibccrim 2015
Símbolos religiosos e neutralidade do Estado Jónatas E.M. Machad Panteão Romano Inclusão de todos os deuses Acomodação dos povos do império Ecumenismo sincretista Confronto com o Monoteísmo Respublica Christiana Papado e Império Identificação entre Igreja e Estado O Catolicismo permeia a política, o direito, a sociedade e a cultura Símbolos cristãos no espaço público (juntamente com motivos judaicos, gregos e romanos) OS DIREITOS DA VERDADE “Se a pena de morte é aplicada a quem falsifica moeda por maioria de razão o deverá ser a quem falsifica a verdade” St. Thomas Aquinas Summa Theologica, III, Westminster, Maryland, 1948, 1220 REFORMA PROTESTANTE Consciência individual Primazia da Bíblia sobre a Igreja Comunidade aberta dos intérpretes Desvalorização da Igreja Institucional Ligação entre simbologia e idolatria Reforma e direitos naturais Hugo Grócio (1583-1645) Direitos naturais inalienáveis Direito natural universal Edward Coke (1552-1634) Direitos fundamentais Vida, liberdade e propriedade Roger Williams (1603-1683) Liberdade religiosa Liberdade de consciência das mulheres John Milton (1608-1674) Liberdade de expressão John Locke (1632-1704) Liberdade religiosa Contrato social Auto-governo democrático Separação de Poderes Os direitos da verdade “Eu tenho o direito de te perseguir, porque eu estou certo e tu estás errado” Bossuet (apud J. Rawls) William Walwyn “..todo o homem deve ter liberdade de consciência e de opinião qualquer que ela seja” The compassionate samaritan (1644) “em assuntos disputados e controvertidos, cada pessoa deve examinar por si mesmo” Toleration justified(1646) Neutralidade e liberdade em Roger Williams A verdadeira religião não necessita de instrumentos coercivos para se afirmar A liberdade de consciência significa que Papistas, Protestantes, Judeus ou Turcos não podem ser forçados à oração e ao culto ou impedidos de fazer as suas orações particulares. The Bloody Tenet of Persecution (1644) John Locke “…o exemplo do Príncipe da Paz que enviou os seus soldados para conquistar as nações e reuni-las na sua Igreja, não armados com a espada ou outros instrumentos de força mas preparados com o Evangelho da paz e com a santidade exemplar da sua conduta. Este era o seu método.” Carta de Tolerância John Locke “ O cuidado das almas não pode pertencer ao Magistrado Civil, porque o seu poder reside apenas na força exterior. Mas a religião verdadeira e redentora consiste na persuação interior da mente”. John Locke e a Liberdade Religiosa As autoridades não têm competência em matéria religiosa A salvação é uma questão pessoal Mesmo a verdadeira religião não pode ser imposta contra a vontade e as crenças pessoais Impor a uniformidade religiosa geraria ressentimento e violência A tolerância religiosa deve ser limitada aos grupos protestantes e negada aos católicos e aos ateus Neutralidade e tolerância em John Locke A verdadeira fé tem que ser interior e autêntica O Magistrado civil não tem competência em questões de fé O exemplo de Cristo e dos Apóstolos é de persuasão gentil Todos devem ser tolerados com algumas exceções Católicos Ateus • Letter on Toleration (1689) James Madison “ A libedade religiosa é, na sua natureza... …inalianável, porque …o que é aqui um direito diante dos homens, é um dever perante Deus” “É um dever de cada homem render ao Criador a homenagem, e só aquela, que acredita ser aceitável a Ele” Memorial and Remonstrance Against Religious Assessments (1785) PROCURA DA VERDADE E DO CONHECIMENTO Não se deve silenciar uma opinião: 1) Se ela for verdadeira, priva-se as pessoas do conhecimento da verdade; 1) Se for falsa, priva-se as pessoas de conhecerem a verdade com uma percepção mais clara, resultante da colisão da verdade com o erro. On Liberty. 1869. John Stuart Mill (1806–1873). CONSTITUIÇÃO AMERICANA “Congress shall make no law respecting an establishment of religion, or prohibiting the free exercise thereof” U.S. Constitution, 1st. Amendment Art. 18º DUDH Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. CEDH Artigo 9.º (Liberdade de pensamento, de consciência e de religião) 1. Qualquer pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de crença, assim como a liberdade de manifestar a sua religião ou a sua crença, individual ou colectivamente, em público e em privado, por meio do culto, do ensino, de práticas e da celebração de ritos. 2. A liberdade de manifestar a sua religião ou convicções, individual ou colectivamente, não pode ser objecto de outras restrições senão as que, previstas na lei, constituírem disposições necessárias, numa sociedade democrática, à segurança pública, à protecção da ordem, da saúde e moral públicas, ou à protecção dos direitos e liberdades de outrem. Religião como fenómeno permanente e global Religião como visão do mundo Explicação sobrenatural do Universo, da vida e do ser humano Tendência para afectar todos os domínios da existência Desafios à liberdade religiosa Limites da liberdade religiosa Confronto entre culturas e religiões Crítica religiosa como ódio Crítica religiosa como difamação Crítica religiosa como violação da liberdade religiosa Descristianização da França Revolução Francesa (1789) Anticlericalismo e ateísmo jacobino Culto da Razão (Fouché) • Adoração antropocêntrica congregacional • Remoção de cruzes e estátuas Culto do Ser Supremo • Deísmo de Robespierre • Fundamento dos direitos civis Culto Decadário • Substituição da semana judaico-cristã pela semana de 10 dias Descristianização da Rússia Bolshevismo 1922 Ateísmo de Estado Propaganda antirreligiosa Perseguição e ridicularização dos religiosos Semana de 5 dias Eliminação dos símbolos religiosos na esfera pública Internamento psiquiátrico dos religiosos Desvalorização da religião Feuerbach, Nietzsche, Marx, Comte, Lyell, Darwin, Graf, Welhausen Dogmatismo, Ceticismo, Criticismo, Cientismo Do mito à maturidade racional Religião como supra-estrutura burguesa de domínio e exploração Visão naturalista e evolucionista do mundo Crítica da forma e desacreditação dos escritos hebraicos (atávicos) Libertação da geologia e da biologia da influência de Moisés Visão científica do mundo Círculo de Viena Positivismo, empirismo, cientismo Impaciência para com a metafísica • Realidade física da matéria e da energia • Verdade como verificação empírica Rejeição das afirmações religiosas e morais • Sem valor cognitivo • Mitológicas, Pré-(e sub-) científicas • Pré-(e sub-) racionais Desencantamento e diferenciação Max Weber,Talcott Parsons, Karl Deutsch, Niklas Luhmann Desencantamento do mundo Diferenciação sistémica Perda de relevância da religião na política, no direito, na economia, na ciência e na cultura Religião como algo subjetivo, emotivo, existencial, íntimo e privado Alasdair McIntyre “A crença nos direitos humanos é tão irracional e arbitrária como a crença em bruxas e unicórnios” After Virtue A SOBREVIVÊNCIA DA RAÇA MAIS FAVORECIDA NA LUTA PELA VIDA “Uma raça superior sujeita a si mesma uma raça inferior… uma lei que nós vemos na natureza e que pode ser considerada como a única lei concebivel” Adolf Hitler, Nuremberga, 1933 Joseph Mengele “Existe apenas uma única verdade e uma única beleza… Não existe “bom” ou “mau” na natureza. Existe apenas “adequado” ou “desadequado”… Ambos os lados têm as mesmas hipóteses. No entanto, a natureza fornece um coador. Coisas que são “desadequadas” caem através dele porque perdem na luta pela sobrevivência” Diário Preâmbulo da DUDH “…na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres!” Estado e símbolos religiosos Políticas simbólicas Inclusividade • Panteão aberto Supremacia • Promoção da religião oficial Hegemonia • Promoção da religião nacional Supressão • Judaísmo • Ateísmo de Estado Reconhecimento • Reconhecimento da religião na história e na cultura Lynch v. Donnelly 465 U.S. 668 (1984) Factos Celebração do Natal na cidade de Pawtuket, RI Árvore de Natal Presépio Posição do tribunal O Presépio pode ficar desde que rodeado por outras decorações de Natal O Presépio é um símbolo passivo (Burger) O Estado deve acomodar a religião e não ser “absolutista” na sua remoção da esfera pública Allegheny v. ACLU 492 U.S. 573 (1989) Factos Pittsburgh, Pennsylvania Presépio no Tribunal Árvore de Natal e Menorá no Município Decisão O Presépio é inconstitucional A árvore de Natal e o Menorá, não Acomodação flexível Reconhecimento passivo de alguns símbolos Reconhecimento da herança cultural nacional Pluralismo Capital Square Review and Advisory Board v. Pinette 515 U.S. 753 (1995) Factos Colocação, pelo KKK, de uma cruz num fórum público Risco de associação da cruz com o KKK Decisão A liberdade de expressão religiosa é em princípio protegida A praça pública é um forum de discussão aberto Não existe fundamento para indeferir o pedido do KKK McCreary County v. ACLU 545 U.S. 844 (2005) Factos Whitley City, Kentucky Exposição dos Dez Mandamentos num Tribunal, juntamente com a Bíblia, a Magna Carta, o Mayflower Compact e a Declaração de Independência, Decisão Os Dez Mandamentos no tribunal violam o princípio da neutralidade religiosa A sua exposição, com o enquadramento de uma cerimónia religiosa, viola a primeira emenda da Constituição Van Orden v. Perry 545 U.S. 677 (2005) Factos Os Dez Mandamentos no Capitólio do Texas Decisão Os Dez Mandamentos têm um significado religioso mas isso só por si não viola o princípio da separação Eles podem permanecer com todo o seu simbolismo religioso, histórico e cultural Lautsi v. Italy Eur. Ct. H.R. No. 30814/06 (2009) Lei italiana exigindo a presença de crucifixos na escola públicas A Sra. Soile Lautsi exige a remoção do crucifixo numa escola da província de Pádua, em nome da igualdade e da laicidade, recorrendo da recusa para o tribunal administrativo Os tribunais italianos entendem que o crucifixo: Exprime a origem religiosa dos valores da liberdade de consciência diante da autoridade, da tolerância e da igualdade Não viola a laicidade do Estado Tem um relevo civilizacional Lautsi v. Italy Eur. Ct. H.R. No. 30814/06 (2009) Uma secção do TEDH considera que: O simbolismo religioso do crucifixo é predominante A liberdade religiosa negativa das minorias deve ser protegida da exposição a símbolos religiosos por parte do Estado A decisão causa grande comoção em Itália Lautsi v. Italy Posição do governo italiano e de Joseph Weiler A morte de Cristo representa: "não violência, igual dignidade de todos os seres humanos, justiça e partilha, a primazia do indivíduo sobre o grupo, a importância da liberdade de escolha, a separação da política da religião, o amor ao próximo e o perdão dos inimigos” Lautsi v. Italy TEDH, Pleno, 18-3-2011 O pleno do TEDH entende que: Em Estados maioritariamente cristãos a presença de símbolos cristãos veicula uma mensagem religiosa Mas isso não se compara ao ensino activo da religião ou à participação obrigatória em actos de culto Isso não é por si só uma forma de doutrinação, não sendo por isso uma violação da liberdade negativa ou uma discriminação religiosa Os Estados dispõem de margem de apreciação neste domínio Salazar v. Buono 559 U.S. 700 (2010) Factos: Cruz num memorial aos mortos da I Guerra Mundial Usada para fins religiosos Um tribunal considera que há violação da neutralidade religiosa O Congresso considera a cruz como memorial nacional Supremo Tribunal (5/4) “O objetivo de evitar o apoio estadual à religião não requer a erradicação de todos os símbolos religiosos da esfera pública” Neutralidade contextual “É importante lembrar que discussões sobre secularismo e neutralidade não têm lugar num contexto ahistórico assético. Os Estados não são confrontados com uma carta branca, mas herdam uma cultura que já tem a religião fortemente impregnada.” Rex Ahdar Impossibilidade da neutralidade ideológica “Nenhum Estado pode ser completamente secular no sentido de que aqueles que exercem o poder não têm crenças acerca do que é verdade e nenhum compromisso com algo que acreditam ser verdadeiro”. Leslie Newbigin, Estado e visões do mundo “Um Estado sem uma visão coerente e consistente da humanidade, do conhecimento, do bem e do mal – ou seja, agnóstico sobre estas “grandes questões” ou “pressuposições de fundo” seria certamente nihilista, anarquista e instável.” Rex Ahdar Stanley Fish “O problema é que uma estrutura política que acolhe todas as visões do mundo num mercado das ideias mas se assume indiferente a qualquer uma e a todas elas não terá qualquer base para julgar os resultados que os seus processos podem gerar”. Does Reason Know What It Is Missing? Carl Schmitt “Todos os conceitos relevantes da moderna teoria do Estado são conceitos teológicos secularizados, não apenas por causa do seu desenvolvimento histórico – no decurso do qual foram transferidos da teologia para a teoria do Estado… …mas também pela sua estrutura sistemática…” Teologia Política Inevitabilidade de decisões de valor de base fideísta Dignidade humana Direitos de liberdade Igualdade Separação entre as confissões e o Estado Direitos sociais Combate à corrupção e pobreza Fiscalidade Proteção do ambiente Carl Schmitt “Só tendo consciência desta analogia podemos apreciar o modo como as ideias filosóficas do Estado se desenvolveram nos últimos séculos” Teologia política Ernst-Wolfgang Böckenförde “O Estado liberal secularizado vive de pressuposições que ele mesmo não consegue garantir” Jürgen Habermas “…a linguagem darwiniana – de mutação e adaptação, seleção e sobrevivência – é demasiado pobre para se aproximar da diferença entre o que é e o que deve ser.” Faith and Knowledge Jürgen Habermas “O pensamento pós- metafísico não aguenta o seu derrotismo relativamente à razão que encontramos hoje na radicalização pós-moderna da ‘dialética do Iluminismo’ e no naturalismo fundado numa fé ingénua na ciência” Faith and Knowledge Jürgen Habermas “Entre as sociedades modernas, só aquelas que conseguirem introduzir no domínio secular os elementos das suas tradições religiosas que apontem para além do domínio meramente humano serão capazes de resgatar a substância do humano” Faith and Knowledge Stanley Fish “Os empréstimos e concessões unilaterais preconizados por Harbermas parecem insuficientes para efetivar uma verdadeira e frutífera reaproximação. Nada do que ele propõe iria remover a deficiência que ele reconhece…. …O edifício não será reconstruido e fortalecido por algo tão fraco como uma advertência e não é claro no final de um livro tão repleto de deliberações rigorosas e desapaixonadas que a razão secular possa ser salva. Ainda falta qualquer coisa” Does Reason Know What It Is Missing? Thomas Nagel “Ao longo de muito tempo tenho considerado que o entendimento materialista sobre como nós e os demais seres vivos vieram a existir é difícil de acreditar, incluindo a versão standard de como funciona o processo evolutivo. ” Mind and Cosmos, Why the Materialist Neo-Darwinian Conception of Nature Is Almost Certainly False Antony Flew 1) A existência de leis naturais no Universo corrobora uma criação racional; 2) A sintonia do Universo para a vida corrobora uma criação racional. 3) A estrutura racional e matemática do Universo racional. corrobora uma criação 4) A existência de informação semântica codificada nos genomas corrobora uma criação racional. 1) There is a God Antony Flew “Se existe alguma religião digna de consideração séria, a mesma é o Cristianismo, graças à figura carismática de Jesus Cristo e ao superintelecto do apóstolo Paulo” There is a God Richard Dawkins “Não tenho conhecimento de quaisquer bombistas suicidas Cristãos. Não tenho conhecimento de qualquer confissão Cristã que acredite na pena de morte por apostasia. Tenho sentimentos contraditórios sobre o declínio do Cristianismo, na medida em que ele pode ser uma proteção contra algo pior”.
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