levantamento de plantas hospedeiras de mosca branca bemisia spp
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levantamento de plantas hospedeiras de mosca branca bemisia spp
LEVANTAMENTO DE PLANTAS HOSPEDEIRAS DE MOSCA BRANCA BEMISIA SPP. NO SUBMÉDIO DO VALE SÃO FRANCISCO NOS ANOS DE 1996 A 1998. Francisca Nemaura P. Haji(1); Mirtes Freitas Lima (1); Marco Antônio de A. Mattos (2); Andréa Moreira Nunes (3); José Adalberto de Alencar (1) & Flavia Rabelo Barbosa (1). (1) Pesquisador da Embrapa Semi-Árido. C.P. 23 CEP 56300-000 Petrolina-PE; (3) Bolsista do IPA. (2) Aluno do Curso de Mestrado UFRPE; Palavras-chave: Bemisia spp., O Submédio do Vale São Francisco devido às suas condições climáticas favoráveis ao estabelecimento da fruticultura irrigada, destaca-se como um dos maiores polos produtores de frutas do país. Entretanto, essas mesmas condições também propiciam o surgimento de problemas fitossanitários, principalmente, aqueles relacionados a pragas. No final de 1995/iníciode 1996, Haji et al. (1996; 1997a; 1997b) registraram altos níveis populacionais de mosca branca, do biótipo B ou B. argentifolii, em hortaliças, fruteiras e plantas daninhas, em vários municípios dessa região. Atualmente, esta praga constitui-se em um dos principais problemas, principalmente, em olerícolas no Submédio do Vale São Francisco. A mosca branca Bemisia spp. é, primariamente, polífaga, colonizando cerca de 506 espécies de plantas, predominantemente, anuais e herbáceas, em 74 famílias botânicas, das quais 96 pertencem à família Fabaceae; 56 à Compositae; 35 à Malvaceae; 33 à Solanaceae; 32 à Euphorbiaceae; 20 à Convolvulaceae e 17 à Cucurbitaceae (Salgueiro, 1993). A distribuição desta praga está muito relacionada à expansão da monocultura, às condições dos sistemas agrícolas modernos, ao aumento na quantidade de defensivos agrícolas utilizados e, principalmente, a sua ampla facilidade em se adaptar a diversos hospedeiros, o que favorece a sua reprodução e à manutenção de populações de mosca branca no campo sem interrupção do seu ciclo de vida (Brown, 1993). Estes fatores a tornam uma praga perigosa e de difícil controle. Este trabalho teve como objetivo fazer um levantamento de plantas hospedeiras e dos danos causados por mosca branca, Bemisia spp., em espécies cultivadas e em plantas daninhas no Submédio do Vale São Francisco. O trabalho foi realizado nos anos de 1996, 1997 e 1998, nos Projetos Senador Nilo Coelho e Bebedouro, em Petrolina, Projeto Brígida, em Orocó e nos municípios de Santa Maria da Boa Vista, São José do Belmonte, Pesqueira, Floresta e Lagoa Grande, no estado de Pernambuco e nos Projetos Mandacaru e Maniçoba, no Vale do Salitre, em Juazeiro e nos municípios de Casa Nova, Sento Sé e Sobradinho, na Bahia. As plantas foram coletadas dentro e nas proximidades de áreas cultivadas com olerícolas e fruteiras, identificadas e examinadas sob lupa para observação da presença de ovos e de ninfas de mosca branca, no Laboratório de Entomologia da Embrapa Semi-Árido, Petrolina, PE. A presença de ovos e/ou de ninfas de mosca branca foi verificada em 50 espécies de plantas, pertencentes a 24 famílias: Asclepiadaceae (1); Asteraceae (3); Borraginaceae (1); Brassicaceae (1); Caesalpiniaceae (1); Caricaceae (1); Compositae (4); Convolvulaceae (3); Cucurbitaceae (5); Euphorbiaceae (4); Fabaceae (1); Laminaceae (1); Leguminosae (5); Malvaceae (6); Mirtaceae (1); Musaceae (1); Plantagunaceae (1); Poaceae (1); Rosaceae (1); Rubiaceae (1); Rutaceae (1); Solanaceae (5); Vitiaceae (1) e Zygophillaceae (1) (Tabelas 1 e 2). Como danos causados por mosca branca, observaram-se em tomateiro: amadurecimento irregular de frutos, descoloração e perda de consistência da polpa, presença de fumagina e a transmissão de geminivírus; em aboboreira, o prateamento de folhas e descoloração interna de frutos; nas culturas do melão e melancia, alterações internas nos frutos e fumagina; em feijoeiro, sintomas de mosaico dourado. Em videira, associada à alta infestação de mosca branca, observou-se fumagina em folhas e frutos (Haji et al., 1997a). Nas culturas da banana, goiaba, alface e couve não foram observados danos diretos e/ou indiretos. Em algodoeiro, verificou-se a queda precoce de folhas e o manchamento de fibras devido à deposição de secreções pelo inseto. Em plantas daninhas observou-se a presença de ovos e de ninfas e em guanxuma (Sida rhombipholia; Malvaceae) e leiteiro (Euphorbia heterophyllai; Euphorbiaceae), sintomas de mosaico amarelo. Tabela 1 - Plantas não cultivadas nas quais foram observados ovos e ninfas de mosca branca Bemisia spp. nos anos de 1996/97/98, Submédio do Vale São Francisco. São Francisco. Embrapa Semi-Árido, Petrolina, PE. 1999. Nome comum Arruda Capim de burro Carrapicho beiço de boi Carrapicho de cigano Corda de viola Erva cidreira Erva de botão Erva de santa fúria Guanxuma Jitirana Lã de seda Leiteiro Leucena Malva branca Malva de lavar prato Maniçoba Marmeleiro Mata pasto Maxixe Melancia da praia Melão de São Caetano Moleque duro Orelha – de – onça Perpétua roxa Picão preto Picão grande Serralha Trançagem Vassoura – de – botão Zigô Nome científico Ruta graveolens L. Cynodon dactylon Desmodium incanum Acanthospermum hispidum Ipomoea sp. Melissa officinalis Eclypta alba Chamaesyce hirta Sida rhombifolia Meeremia aegyptia Calotropes procera Euphorbia heterophylla Leucaena leucocephala Sida cordifolia Herissantia crispa Manihot pseudoglaziovii Croton gonderiamus Senna tora Cucumis anguria Solanum ambrosiacum Momordica charantia Cordia leucocephalla Macroprilum martii Cetratherum punctatum Bidens pilosa Blainvillea rhomboideae Emilia sonchyfolia Plantago major Spermacoce suaveolens Tribulus cistoides Família Rutaceae Poaceae Fabaceae Asteraceae Convolvulaceae Laminaceae Asteraceae Euphorbiaceae Malvaceae Convolvulaceae Asclepiadaceae Euphorbiaceae Leguminosae Malvaceae Malvaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Caesalpiniaceae Cucurbitaceae Solanaceae Cucurbitaceae Borraginaceae Leguminoseae Compositae Compositae Asteraceae Compositae Plantagunaceae Rubiaceae Zygophillaceae Tabela 1 - Plantas cultivadas e ornamentais nas quais observaram-se ovos e de ninfas de mosca branca Bemisia spp. nos anos de 1996/97/98 no Submédio do Vale São Francisco. Embrapa semi-Árido, Petrolina, PE. 1999. Nome comum Abóbora Alface Algodão Banana Batata ingleza Batata-doce Camapu Couve Feijão comum Feijão de corda Goiaba Guandu Mamão Melancia Melão Pimentão Quiabo Roseira Tomate Uva Nome científico Cucurbita spp Lactuca sativa Gossypium herbaceum Musa spp Solanum tuberosum Ipomoea batatas Physalis angulata Brassica oleracea Phaseolus vulgaris Vigna unghiculata Psidium spp Cajanus indicus Carica papaya Citrullus lanatus Cucumis melo Capsicum annuunn Abelmoschus esculentus Rosa sp Lycopersicon esculentum Vitis spp Família Cucurbitaceae Compositae Malvaceae Musaceae Solanaceae Convolvulaceae Solanaceae Brassicaceae Leguminosae Leguminosae Mirtaceae Leguminosae Caricaceae Cucurbitaceae Cucurbitaceae Solanaceae Malvaceae Rosaceae Solanaceae Vitiaceae Literatura Citada BROWN, J.K. Evaluación crítica sobre los biótipos de mosca blanca en América, de 1989 a 1992. In: TALLER DEL CENTROAMERICANO Y DEL CARIBE SOBRE MOSCAS BLANCAS, 1992, Turrialba. Costa Rica. Memoria: Las moscas blanca (Homoptera: Aleurodidae) en America Central y el Caribe. Turrialba: CATIE, 1993. p.1-9. (CATIE. Informe Técnico 205). HAJI, F.N.P.; LIMA, M.F. & ALENCAR, J.A. de. Mosca branca no Brasil. VI Taller Latinoamericano y del Caribe sobre Moscas Blancas Y Geminivirus, 7, 1997.Santo Domingo. Anais… 1997a. p.5-7. HAJI, F.N.P.; LIMA, M.F. & ALENCAR, J.A. Levantamento de plantas hospedeiras da mosca branca (Bemisia spp.) - I. Horticultura Brasileira, Brasília v.15, n.121. 1997b. HAJI, F.N.P.; LIMA, M.F.; ALENCAR, J.A de & PREZOTTI, L. Mosca branca: nova praga na região do Submédio São Francisco. Horticultura Brasileira, Brasília v.14, n.1, 1996. SALGUEIRO, V. Perspectivas para el manejo del complejo mosca blanca - virosis. In: TALLER DEL CENTROAMERICANO Y DEL CARIBE SOBRE MOSCAS BLANCAS, 1992, Turrialba. Costa Rica. Memoria: Las moscas blanca (Homoptera: Aleurodidae) en America Central y el Caribe. Turrialba: CATIE, 1993. P.20-26. (CATIE. 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