relatório retrospectivo 2000 / 2008
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relatório retrospectivo 2000 / 2008
CONSELHO DE REGULAÇÃO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA RELATÓRIO RETROSPECTIVO 1999-2009 Página 1 de 76 Página 2 de 76 Nota de Abertura É com sentido de responsabilidade mas também com orgulho que trazemos a público este relatório. Expor a perspectiva do regulador, ao escrutínio do público, é parte da afirmação da personalidade do CRA. Este não é um relatório que reporte sobre todo o desenvolvimento do Quadro de Gestão Delegada, nos últimos 10 anos, mas sim a síntese dos relatórios que o CRA vem submetendo anualmente ao Governo sobre a evolução da qualidade do serviço ao consumidor, os desafios do processo e o exercício e desenvolvimento do mandato do CRA. Ora em diante, faremos uma síntese de declarações constantes dos relatórios anteriores, que ilustram o percurso 2000-2008: No CRA, o peso das responsabilidades situa-se na proporção inversa da sua dimensão e capacidade. (...) Este é o relatório possível, numa análise que reflecte o estado das coisas nesta fase de arranque, bastante atribulada, própria de processos novos (2000/2002). ...os investimentos foram, de certo modo, preteridos a favor da renegociação contratual. Apesar disso, não houve rotura do serviço ao consumidor... 2003 constitui um ano de transição para uma situação desejavelmente de maior estabilidade (...) o que representa ...uma demonstração da capacidade do sistema e das instituições do QGD em resolver as situações de crise. (2003) O regulador deve saber encontrar o seu próprio e específico percurso, de forma a incentivar a que o serviço chegue a mais gente, para ser uma mais-valia no alcance dos objectivos de desenvolvimento do País. (...) Estamos no caminho certo, vamos conquistando a estabilidade no sistema de “Gestão Delegada”, mas muito há ainda a fazer! (...) Estamos conscientes que o que fazemos, ou somos, no CRA é também o resultado da acção combinada dos nossos parceiros do Quadro de Gestão Delegada (QGD). O firme apoio, a orientação e a confiança do Governo permite-nos dar passos seguros. (2004/2005) No CRA, gostamos de usar a expressão “o futuro está em curso” para definir esse desafio permanente de consolidarmos o que fazemos mas evoluindo sempre. As solicitações, ano pós ano, para o desenvolvimento do CRA e da função regulatória representam, ao mesmo tempo, a nossa maior valia e o nosso maior perigo. (...) A urgência de respondermos às necessidades dos mais pobres, nas periferias urbanas, leva-nos a pensar em formas alternativas e não-convencionais de extensão do serviço, o que vai continuar a ser um importante desafio nos próximos anos. (...) Preparamos “orientações estratégicas” em sintonia com o PARPA II e o Programa Quinquenal do Governo, e em consulta com os actores chave. (2006) Mais do que lutarmos “por um serviço justo, confiável e sustentável”, a nossa bandeira da primeira hora, temos que ser ainda mais audaciosos no nosso contributo à redução da pobreza. Temos que nos bater por uma frente mais ampla e dizemos, ÁGUA PARA TODOS! (2006) Importantes acções têm estado a ser realizadas para a melhoria e extensão do serviço de abastecimento de água. A cobertura tem crescido nos últimos anos. O grande foco de atenção é agora a expansão das redes e uma exploração mais eficiente dos sistemas. (...) O Governo aprovou uma nova Política de Águas, dando continuidade e aprofundando as reformas do sector. A experiência da gestão delegada é apreciada favoravelmente. A ampliação da regulação e do papel do CRA está nela bem patente! (2007) Tendo já decorrido 2008, como está a situação? Como resultado do esforço de investimento do Governo, a confiança dos parceiros de cooperação, e a melhoria paulatina na exploração dos sistemas, permitiu confirmar a tendência crescente da cobertura e uma melhoria significativa na qualidade de serviço, o que mostra o grau de maturação do QGD e do esforço combinado das suas instituições e apoio e confiança do Governo. Há agora que preservar e consolidar os ganhos! Manter consistentemente a melhoria da qualidade do serviço é um grande desafio. Assim, a luta continua, após estes primeiros 10 Anos, Por um Serviço Justo e Sustentável Para Todos! 12 de Março de 2009 O Presidente Manuel Carrilho Alvarinho Página 3 de 76 SUA EXCELÊNCIA A PRIMEIRA MINISTRA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Dra. LUÍSA DIOGO DA Uma Regulação Criteriosa e Equilibrada do Serviço de Abastecimento de Água ...”Estou aqui (...) para sublinhar o empenhamento do Governo de Moçambique neste sector tão sensível à vida da população e na importância de uma regulação criteriosa e equilibrada do serviço de abastecimento de água. ... O Governo está plenamente consciente do desafio e por isso tomou a iniciativa de promover medidas adicionais, a que a podemos chamar de “2 . Geração de Reformas do Sector de Águas”, sob a orientação de uma nova “Política de Águas”, aprovada pelo Conselho de Ministros, a 20 de Agosto (de 2007)... ...Na área da regulação dos serviços, reconhecendo-se o esforço, dedicação e a experiência já acumulada pelo CRA e pelo Quadro de Gestão Delegada afirmamos na política, cito: A experiência de regulação será expandida na linha de separação de funções, estabelecendo uma regulação independente para os fornecedores de serviços, tanto privados como públicos, tendo em consideração as diferenças específicas entre sistemas grandes e pequenos. ... É preciso que a regulação consiga promover o equilíbrio entre a satisfação do consumidor e a sustentabilidade dos responsáveis pela prestação do serviço. A separação de funções aqui defendida (...) é fundamental à promoção da transparência e da prestação de contas e, ou seja, a prestação de um melhor serviço ao consumidor. ... O nosso Regulador da Água, o CRA, tem sabido traduzir a orientação do Governo em novos caminhos para o desenvolvimento desta importante função.” (Extractos da Intervenção de Sua Excelência a Primeira Ministra, Dra. Luísa Diogo, à Conferência sobre Regulação, a Setembro de 2007) Página 4 de 76 Estamos a caminhar para um momento de maturidade do Quadro de Gestão Delegada “...Vamos entrar numa nova etapa. Foi feito um grande esforço de mobilização de investimentos, a níveis nunca antes registados, (...) No entanto, não nos deve preocupar agora apenas contar quantos quilómetros de tubos vamos fazer mas sim que temos que viabilizar o acesso ao serviço por todos! (...) O Quadro de Gestão Delegada, em existência real à cerca de 8 anos e do qual o CRA faz parte, tem-nos dado provas de estar assente em princípios que se transformaram num marco, numa referência no sector e por isso vamos começar a estender estas lições aos sistemas de menor dimensão. ...Os processos de mudança e de desenvolvimento institucional medemse por unidades de 10 anos. Julgo que estamos a caminhar para um momento de maturidade do Quadro de Gestão Delegada, nalguns aspectos, mas, noutros, há ainda muito a fazer. ...O nosso CRA tem dado provas de estar a se tornar numa instituição pró-activa e ganhando consistência no processo do seu crescimento. Uma equipa pequena, ciente que não pode nem deve fazer tudo em isolamento, numa instituição que marca presença. O Governo no quadro da sua nova política do sector quer ver esta função estendida a outros sistemas. ... Um ambiente de parceria mas de responsabilização mútua é estratégia subjacente do Quadro de Gestão Delegada. O Regulador é mais eficaz na medida em que potencia o importante papel do gestor do património, neste caso o FIPAG, e viabiliza o esforço dos Operadores. ...Temos ciente que hoje a Taxa de Cobertura no abastecimento de água à população urbana é ainda baixa mas está a crescer de forma consistente, e existe o potencial para o alcance das metas do grande desafio que são os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.” (Extractos do Discurso de Sua Excelência o Ministro de Obras Públicas e Habitação de Abertura da Conferência sobre Regulação, Setembro de 2007) Página 5 de 76 Página 6 de 76 ÍNDICE Capítulo I ......................................................................................................................................... 10 Reforma do Sector de Águas e o Quadro de Gestão Delegada ......................................................... 10 1.1. Contexto e Razões da Reforma ......................................................................................... 10 1.2. Os primeiros Contratos de Gestão Delegada .................................................................... 12 1.3. Difícil Início e Renegociação de Contratos ........................................................................ 13 1.4. A integração de novos sistemas........................................................................................ 14 Capítulo II ........................................................................................................................................ 17 Evolução da Qualidade do Serviço ................................................................................................... 17 2.1. Introdução ............................................................................................................................ 17 2.2 Cobertura Versus Qualidade de Serviço ................................................................................. 18 2.3 Qualidade da Água ................................................................................................................. 19 2.4 Continuidade do Serviço ........................................................................................................ 21 2.5 Eficiência de exploração ................................................................................................... 23 2.5.2 Taxa de cobrança ............................................................................................................ 24 2.6 Relacionamento com os consumidores ............................................................................ 25 2.6.1 Introdução ...................................................................................................................... 25 2.6.2 Reclamações dos consumidores ...................................................................................... 25 2.6.3. Instrumentos de Defesa e Participação dos Consumidores ............................................. 27 2.5 Investimentos na reabilitação e expansão dos sistemas ................................................... 27 Capitulo III ....................................................................................................................................... 31 Sustentabilidade e tarifas ................................................................................................................ 31 3.1 Antecedentes......................................................................................................................... 31 3.2. Evolução de Receitas versus Custos Operacionais ................................................................. 32 3.3 Tarifas ao Consumidor ........................................................................................................... 33 3.3.1 Evolução das Tarifas ao Consumidor ......................................................................... 33 3.2. Estrutura Tarifária ................................................................................................................. 35 Página 7 de 76 Capitulo IV....................................................................................................................................... 37 Percurso do Conselho de Regulação do Abastecimento de Água...................................................... 38 4.1 Introdução ....................................................................................................................... 38 4.2 O Mandato Regulatório do CRA ........................................................................................ 39 4.2.1. Natureza do Mandato .................................................................................................... 39 4.2.2 O exercício do mandato .................................................................................................. 40 4.2.3. Visão, Missão e Valores .................................................................................................. 41 4.3. Desenvolvimento da Função Regulatória .............................................................................. 42 4.3.1 Dos Primeiros Passos à Antevisão do Futuro.................................................................... 42 4.3.2. Consolidação e Desenvolvimento do CRA ....................................................................... 43 4.4 Implantação e capacitação institucional ................................................................................. 45 4.4.1. Aquisição de capacidades ............................................................................................... 45 4.4.2 Principais Realizações ...................................................................................................... 46 4.4.3 Recursos Financeiros ....................................................................................................... 49 Capítulo V........................................................................................................................................ 52 DESAFIOS E PERSPECTIVAS NO AMBITO GESTÃO DELEGADA ........................................................... 52 5.1. Principais Desafios na Óptica do Regulador ........................................................................... 52 5.1.1 Obras versus Exploração dos Sistemas ............................................................................ 52 5.1.2 Aumento das Tarifas versus Eficiência de Exploração ...................................................... 52 5.1.3 Investimento e Sustentabilidade ..................................................................................... 53 5.1.4 Novas Vias para o Desenvolvimento da Gestão Delegada ................................................ 53 5.2. SERVIR TODOS! O DESAFIO DAS PERIFERIAS URBANAS.......................................................... 54 5.3. Perspectivas e Orientações no Âmbito da Regulação............................................................. 57 Anexos Técnicos Página 8 de 76 Abreviaturas AdeM Águas de Moçambique CHAEM Centro de Higiene Alimentar e Exames Médicos CRA Conselho de Regulação do Abastecimento de Água DNA Direcção Nacional de Águas FIPAG Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água MOPH Ministério das Obras Públicas e Habitação PNA Política Nacional de Águas PA Política de Águas PTA Política Tarifária de Água PARPA Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta QGD Quadro de Gestão Delegada SAA Sistemas de Abastecimento de Água WASIS Projecto “ Water Services and Institutional Support” Página 9 de 76 Capítulo I Reforma do Sector de Águas e o Quadro de Gestão Delegada 1.1. Contexto e Razões da Reforma Em princípios dos anos noventa, a infra-estrutura da água tinha-se degradado seriamente, o que se traduzia em taxas extremamente baixas de cobertura do serviço à população em água potável, nomeadamente, nas zonas urbanas. Em finais da década de oitenta, as empresas de fornecimento de água encontravam-se em situação deveras precária, e poucos investimentos haviam sido feitos no sector desde meados dos anos setenta. No quadro geral de reformas de políticas económicas e sociais que se seguem em meados da década de noventa, o Governo inicia um processo de reflexão profunda sobre a situação e os desafios do relançamento do sector de Águas, processo que culmina com a adopção da Lei de Águas, em 1 1991 . Em 1995, entretanto, é adoptada uma nova Política Nacional de Águas (PNA)2. No espírito da nova PNA, o abastecimento de água urbano é repensado numa óptica de primazia à criação de condições de sustentabilidade e na garantia do funcionamento eficiente das infraestruturas, mais do que a mera obra física. Este pacote regulatório vai ser complementado pela Política Tarifária de Águas (PTA)3, aprovada em 1998. No seu conjunto, estes três documentos estabelecem, entre outros, os seguintes princípios e objectivos: Aumentar o acesso, pela população, aos serviços de água e saneamento, especialmente, a população rural e de baixo rendimento; Assegurar a sustentabilidade da mobilização de investimentos, assente na viabilização da recuperação de custos, através de uma abordagem de evolução gradual das tarifas de água; Limitar o papel do Estado à função de definir os princípios e padrões, promovendo o desenvolvimento, regulamentando os serviços e investindo na infra-estrutura; e 1 o Lei n. 16/91, de 3 de Agosto. º º Resolução n. 7/95, de 8 de Agosto, revogada pela Resolução n. 46/2007 de 21 de Agosto. 3 º Resolução n. 60/98 de 23 de Dezembro. 2 Página 10 de 76 Propiciar serviços de abastecimento prestados por operadores privados que procurem a excelência de gestão, financeira e operacional. Em paralelo, e como consequência da PNA, foi sendo estudado um processo de reformas no abastecimento de água urbano. Assim, em 1997 o Governo aprova a estratégia de mobilização da participação do sector privado para a exploração dos sistemas de abastecimento de água Maputo/Matola, Beira/Dondo, Quelimane, Nampula e Pemba. O processo cedo mostra-se algo complexo, trazendo ao de cima a necessidade de uma gestão integral adequada, o que obriga o Estado a repensar a organização das funções concentradas no Governo Central e a interacção com o operador privado. Na sequência deste processo, é lançado em 1998 o processo de selecção do chamado Operador Líder, por concurso público. Em resposta ao novo desafio identificado no percurso, o Governo, através do Decreto 72/98, de 23 de Dezembro, estabelece o Quadro de Gestão Delegada (QGD), sob cuja alçada, são criadas duas instituições públicas: uma entidade de gestão do património, o Fundo de Investimento do Património de Água (FIPAG), com autoridade para contratar operadores; e um regulador independente, o Conselho de Regulação do Abastecimento de Água (CRA). O QGD definiu, também, as modalidades de participação do sector privado. O Governo, através do Ministério das Obras Publicas e Habitação (MOPH), mantém as funções de orientação política sectorial. O FIPAG entra em funções em 1999 com mandato para: Agir como representante do Estado e guardiã do património do abastecimento de água em determinadas cidades e vilas; Gerir o financiamento dos investimentos nesses sistemas; Contratar operadores privados de serviços e supervisionar a execução dos mesmos contratos na implementação de serviços de abastecimento de água nas cidades e vilas sob sua jurisdição; e Operar os serviços ainda não transferidos para operadores privados numa base temporária. O CRA entra em funções no ano 2000, com um mandato regulatório, que se desdobra, nomeadamente, nas seguintes três frentes: Regulação de serviços versus preços; Página 11 de 76 Defesa do consumidor; e Mediação e conciliação de interesses entre o Cedente e o Operador. Com a função de assegurar a convergência dos interesses das entidades integrantes do QGD é igualmente criado o Fórum de Coordenação da Gestão Delegada4, como órgão consultivo do MOPH, integrando autoridades relevantes ao nível central e municipal, e presidido pela DNA. É no quadro do Fórum Coordenador que ocorre o arranjo institucional propiciador de um envolvimento crescente das Autarquias Locais no QGD, medida essencial que abre caminho para o objectivo de defesa dos interesses dos consumidores. Assim, à luz do QGD, o Estado passou a delegar parte de sua competência a outros órgãos públicos para intervirem no monopólio estatal dos sistemas de abastecimento urbano de água, criando, deste modo, um novo quadro institucional que, de forma diferenciada, iria ampliar a capacidade de actuação do Governo, através de órgãos especializados e autónomos, permitindo uma mais clara responsabilização, transparência e prestação de contas, até ao nível do consumidor. No culminar do processo, a arquitectura do edifício institucional do QGD ficaria assim estabelecida: 1.2. Área de direcção, definição de politicas, planificação e regulamentação – MOPH Área de regulação e garantia dos interesses dos utentes do sector público – CRA Área de interligação com as Autarquias Locais – MAE Áreas de investimento e gestão do património – FIPAG Exploração ou Gestão dos Sistemas - Operador Privado Áreas de participação, consulta e extensão do QGD — Fórum Coordenador. Os primeiros Contratos de Gestão Delegada Estabelecido o novo quadro legal e institucional, o Governo decide que os sistemas de abastecimento de água de Maputo/Matola, Beira/Dondo, Quelimane, Nampula e Pemba sejam geridos por operador privado. Em função das condições de viabilidade e risco de cada sistema, verifica-se que em Maputo existem condições de delegar toda a exploração do sistema, em regime comercial, enquanto as condições de viabilidade dos restantes quatro sistemas eram ainda fracas. 4 Decreto n. °72/98, de 23 de Dezembro Página 12 de 76 Entre os factores de fragilidade dos sistemas das quatro capitais provinciais, destacavam-se os seguintes: a precariedade da estrutura de mercado herdada quando os serviços de abastecimento de água eram geridos de forma descentralizada em cada cidade; dificuldades na implementação da nova política do Governo visando promover o desenvolvimento de serviços descentralizados financeiramente viáveis e o facto de que os serviços nas capitais provinciais não tinham ainda atingido o nível de organização adequado para receber contratos isolados de cessão de exploração e não iria provavelmente atrair operadores qualificados para contratos de gestão, a curto prazo. Assim, em 1999, o FIPAG assina, por um lado, um contrato de cessão de exploração, de 15 anos, com a “Águas de Moçambique” (AdeM), um consórcio de operadores privados estrangeiros liderados por um operador privado francês, a SAUR Internacional, S.A, aliada à Águas de Portugal (AdP), e ainda à pequenos investidores locais, para a exploração do sistema Maputo/Matola. Em paralelo, o FIPAG assina contratos de cinco anos, de gestão de sistemas de abastecimento de água em quatro capitais provinciais das regiões centro e norte do país, nomeadamente, Beira, Nampula, Quelimane e Pemba. Os contratos com os operadores privados e os programas associados de investimentos financiados por doadores estão focalizados na reabilitação e no aumento da capacidade de abastecimento dos sistemas. Devido à baixa capacidade e de desempenho da infra-estrutura então existente, os recursos disponibilizados para aumentar as ligações e a cobertura eram, nesta fase, relativamente limitados. Os operadores eram responsáveis pela concepção, preparação de concursos e supervisão de grandes programas de investimento de capital. 1.3. Difícil Início e Renegociação de Contratos Os primeiros três anos de operacionalização do QGD seriam marcados por vicissitudes de natureza diversa, que desaceleraram o desempenho do operador e afectaram o ritmo da implementação dos contratos. Em Fevereiro/Março de 2000 Moçambique foi fustigado por fortes enxurradas, que viriam piorar o nível de degradação dos sistemas, retardando, também, o arranque efectivo dos projectos de reabilitação em carteira. A capacidade de resposta da AdeM é então posta à prova, trazendo ao de cima a fragilidade da sua equipa de gestão. Como consequência, a equipa de gestão da AdeM é dispensada e substituída. Esta sucessão de perturbações culminou em Dezembro de 2001, com a operadora líder, a SAUR Internacional, a retirar-se do consórcio, no decurso da renegociação do contrato com o Governo: a SAUR Internacional reagia assim, aos resultados bastante negativos do exercício económico de 2000, que resultaram de um quadro de negócios por si desenhado na altura do concurso, em que minimizava grandemente os possíveis riscos do mesmo. No entanto, de acordo com fontes externas5, as verdadeiras razões de retirada da SAUR estiveram assentes em mudança de estratégia da principal accionista da empresa, o Grupo Bougues que, 5 In Mozambique’s Experience with the Delegated Management of Urban Water Supply Services, 1999-2007.Case study of FIPAG submitted by Thelma Triche for the World Bank. Maputo, Janeiro de 2009. Página 13 de 76 pressionado pelos seus accionistas, tinha tomado a decisão de vender a SAUR e eliminar os seus projectos não lucrativos. Subsequentemente, o FIPAG alcança um acordo com a Águas de Portugal (AdeP), a qual passa a assumir a liderança do consórcio em Dezembro de 2001, substituindo a SAUR. O Contrato de Cessão Revisto entra em vigor em Abril de 2004 e vai terminar no dia 30 de Abril de 2014, quinze anos após a entrada em vigor do Contrato original, de 1999. Por outro lado, o Contrato de Gestão das quatro capitais do Centro e Norte do País (Beira, Quelimane, Nampula e Pemba), foi revisto para o período Abril 2004 - Março 2007 e, subsequentemente, estendido por um ano adicional, tendo terminado em Março de 2008. Neste momento, encontra-se em fase de concurso a contratação de novos operadores privados para a gestão dos mesmos, a ser efectuada em regime de contrato de cessão de exploração. Espera-se que os novos operadores estejam contratados até meados de 2009. Com entrada em vigor dos contratos revistos, encerra-se um período de desempenho prenhe de percalços: em consequência, a maioria das obras inicialmente planificadas para serem concluídas dentro dos primeiros cinco anos dos contratos originais, apenas seriam concluídas em Setembro de 2007, três anos após a entrada em vigor dos contratos revistos. O ano de 2007 vai, por isso, marcar uma viragem na experiência de implementação do QGD no País, pois nesse ano foi concluída a maior parte das obras de reabilitação e expansão dos sistemas de abastecimento de água, facto que veio aumentar a disponibilidade de água para mais consumidores, melhorar a qualidade e fiabilidade do serviço. Esta viragem foi acentuada com o alargamento do QGD às quatro Cidades do Sul do País, segundo o processo que a seguir se rememora. 1.4. A integração de novos sistemas Em 2004, o QGD é alargado aos sistemas de quatro Cidades do Sul do País (4CS), nomeadamente Chókwè, Xai-Xai, Inhambane e Maxixe, através de um Diploma Conjunto dos Ministros das Finanças e Obras Publicas e Habitação 6. A necessidade de reestruturar e reorganizar estas empresas, antes da sua delegação ao sector privado, determinou o desenho de uma Fase de Transição em curso. Para este efeito, o FIPAG e a companhia holandesa de águas, VITENS, introduzem em Outubro de 2004, um contrato inovador para serviços de apoio em gestão nas 4CS: as duas empresas assinam um Contrato de Assistência Técnica de três anos, nos termos do qual, a empresa holandesa iria apoiar na capacitação da gestão e melhoria das infra-estruturas, como parte da Fase de Transição, em preparação destes sistemas para passarem a gestão delegada convencional com operadores privados. Actualmente estão em processo de entrada no QGD os sistemas de Tete e Chimoio, e ainda, os sistemas de Moatize, Manica e Gondola, que, tal como foi efectuado para as 4CS, passarão por uma fase transitória. 6 Diploma Ministerial Conjunto n°67/2004, de 21 de Abril. Página 14 de 76 Como avaliação final, e com base nas evidências produzidas ao longo dos dez anos do seu percurso, conclui-se que o QGD foi uma opção adequada para promover um ambiente de boa governação, transparência e prestação de contas, através da separação de funções e poderes, na prestação do serviço público e, em termos práticos e operacionais, constitui uma plataforma eficaz de colaboração entre o Governo Central e os Municípios. Importa agora consolidar e reproduzir de forma adequada estes ganhos ao nível dos sistemas dos centros urbanos de menor dimensão. Página 15 de 76 Testemunho Engo. Roberto Colin Costley-White Uma das primeiras experiências de regulação independente de serviços públicos no nosso País “O CRA representou uma das primeiras experiências de regulação independente de serviços públicos no nosso País. A sua aplicação a um sector tão sensível como o abastecimento de água urbano, exigiu um esforço importante de desenho do seu delicado papel e dos mecanismos que deviam estar ao seu dispor para que se assumisse como defensor dos interesses dos consumidores e ao mesmo tempo tivesse os poderes para decidir com isenção e equilíbrio entre as perspectivas e interesses muitas vezes divergentes entre o concessionário privado e as autoridades concedentes. A escolha e manutenção de técnicos, de comprovada competência e experiência para o seu funcionamento, revelou-se fundamental para que eles contribuíssem com o seu talento para o estatuto de instituição de referência que o CRA ostenta no presente. Não foram poucos os momentos difíceis em que a intervenção informada e ponderada do CRA ajudou a trazer o realismo para as delicadas decisões que rodeiam a relação entre a abrangência e qualidade do serviço de abastecimento de água, o nível de tarifas e a vigilância permanente pelos interesses dos mais pobres. O CRA representa hoje uma importante referência na regulação dos serviços de abastecimento de água na região e no mundo. Estou convicto que no futuro assistiremos a um reforço dos fundamentos da sua organização e independência, à medida que novos desafios se vão erguendo com a visível melhoria que nos é dado observar nos serviços de abastecimento de água em todo o País. Fevereiro de 2009.” Página 16 de 76 Capítulo II Evolução da Qualidade do Serviço 2.1. Introdução A qualidade do serviço é entendida como a combinação de três aspectos essenciais à prestação do serviço, nomeadamente, a continuidade, o acesso e a qualidade de água. Por conseguinte, quando se avalia a qualidade do serviço pretende-se determinar o grau de eficácia e eficiência da exploração/gestão e dos investimentos que estão sendo realizados pelos operadores e pelo FIPAG em cada um dos sistemas, e os impactos sobre o serviço e na satisfação dos consumidores. Para avaliar a qualidade do serviço prestado ao Consumidor foram considerados seis indicadores de desempenho, nos seguintes aspectos: Cobertura versus Qualidade de Serviço; Continuidade do serviço; Qualidade da água; Eficiência de exploração; Relacionamento com os consumidores; e Investimentos na reabilitação e expansão dos sistemas No período em análise, estes indicadores tiveram um progresso considerável, considerando que, em finais da década 80, as infra-estruturas dos sistemas estavam a ser resgatados de um processo de degradação, associada à precariedade dos serviços de abastecimento de água. A avaliação do desempenho da AdeM e do FIPAG é feita de forma retrospectiva até 20007, comparando os alvos atingidos aos alvos contratuais estabelecidos no Contrato de Exploração Revisto de Maputo, de Gestão dos Quatro Sistemas (4CN), nomeadamente, Beira, Quelimane, Nampula e Pemba, e no Acordo Regulatório 8 para os Sistemas das Quatro Cidades do Sul (4CS), designadamente, Chókwè, Xai-Xai, Inhambane e Maxixe. Parte dos alvos contratuais do Sistema de Maputo foram redefinidos no âmbito da Revisão Periódica realizada no ano transacto, enquanto, o Contrato de Gestão dos Quatro Sistemas teve término em Março do mesmo ano. Está previsto que em meados de 2009 o FIPAG passe gestão directa destes sistemas para empresas privadas. Relativamente ao alvo de cobertura, a avaliação também é feita quanto à contribuição destes nove sistemas para o alcance da meta estabelecida no Plano Quinquenal do Governo (PQG 2004-2009), fixada em 60% para o nível urbano e, consequentemente para o alcance das Metas dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, fixada em 70%. 7 Os dados do período 2000-2003 referem-se à média representativa do período atendendo a precariedade da informação no período inicial dos contratos típicos destes processos. 8 Recria as condições contratuais para os sistemas em fase de transição para a delegação da gestão. Página 17 de 76 2.2 Cobertura Versus Qualidade de Serviço A cobertura do serviço teve uma Quadro 2.1: Evolução da Cobertura tendência crescente de 2004 a 2008, apesar de no sistema de Maputo/Matola Intervalo de cobertura 20059 2008 ter-se mantido sensivelmente constante Pemba Chókwè (vide Quadro 2.2). A média geral de Cobertura ≥ 50% Xai-Xai Inhambane cobertura, em 2008, nestes nove Maxixe sistemas situou-se em 51% e a média de Maputo/Matola Maputo/Matola Chókwè Beira/Dondo crescimento em 24%, nos últimos dois 25% < Cobertura < 50% Inhambane Nampula Quelimane anos, o que indicia os esforços que estão Pemba sendo realizados na reabilitação e Beira/Dondo Nampula expansão das redes de distribuição. Os Cobertura ≤ 25% Quelimane Xai-Xai maiores saltos foram observados, nos Maxixe sistemas de Inhambane, Beira/Dondo, Quelimane e Maxixe com uma média de 38% de crescimento e a mais baixa em Maputo/Matola, Nampula e Pemba com Quadro 2.2: Produção per capita versus acesso 2005 2008 5, 7 e 9% respectivamente. Embora o 296 lpd 266 lpd Maputo/Matola número oficial de Maputo não tenha 92.471 13 h/d 107.543 12 h/d subido, é de notar que mais de 25% da 207 lpd 158 lpd Beira/Dondo população recorre a torneira do vizinho 12.700 11 h/d 17.974 24 h/d e entre 25 a 30% depende de pequenos 170 lpd 104 lpd Nam pula 6.408 16 h/d 11.836 23 h/d operadores privados. Quelimane 161 lpd 2.901 12 h/d 65 lpd 5.268 24 h/d Pemba 69 lpd 4.355 11 h/d 123 lpd 5.598 18 h/d Chókw è 212 lpd 3.686 19 h/d 92 lpd 4.902 16 h/d Xai-Xai 267 lpd 4.538 20 h/d 136 lpd 8.562 17 h/d Inhambane 211 lpd 3.398 24 h/d 92 lpd 6.291 24 h/d Maxixe 202 lpd 1.279 19 h/d 45 lpd 4.298 21 h/d Os valores de cobertura aqui referidos podem diferir de outros cálculos em que se considera a totalidade de fontanários existentes, enquanto o CRA só julga adequado considerar os operacionais com base na evidência de facturação dos mesmos. De facto existem vários fontanários em estado operacional mas, que são preteridos por outras opções de serviço. P r o duç ã o pe r c a p i t a ( l i t r o s/ p e ssoa se r v i d a / d i a ) Li ga ç õe s d om é st i c a s ( N r ) Te m p o de di st r i bui ç ã o ( H or a s/ di a ) Se, por um lado, os alvos oficiais referem-se ao crescimento da cobertura, isso significa frequentemente, por outro lado, uma degradação da qualidade do serviço caracterizada pelas horas de distribuição e disponibilidade da qualidade da água. Legenda: 9 Os valores de cobertura das 4CS são referentes a 2006 ano de arranque de acções na sequência da integração no QGD, e assume-se que a situação é similar em 2005. Página 18 de 76 Analisando a produção per capita, de forma absoluta, pode deduzir-se que os sistemas que, em 2008, registaram redução (vide Quadro 2.2.) poderão ter atingido o limite de expansão das respectivas redes. No entanto, estes valores devem ser interpretados com reservas se atendermos que a maior parte das ligações realizadas nestes últimos anos foram para as periferias urbanas e para consumidores tipicamente de consumo mínimo de 10 m3/mês, o equivalente a 50/60 l/p/d (litros/pessoa/dia) e fontanários cuja capitação é de 20 l/p/d associado ao facto do número padrão de 500 pessoas servidas por fontanário se mostrar sobredimensionado em muitos casos. Se atendermos que os investimentos nesta fase são, prioritariamente, dirigidos para a redução de perdas, expansão de redes e angariação de clientes, é de esperar que o alvo de 60% fixado no PQG 2004-2009 venha a ser alcançado no corrente ano. 2.3 Qualidade da Água A análise do Controle da Qualidade da Água para o Sistema de Maputo/Matola é feita tendo em conta os requisitos contratuais do Contrato de Cessão de Exploração, para as 4CN, o Contrato de Gestão e para as 4CS, o Acordo Regulatório para além do estipulado na legislação Moçambicana em vigor. Na análise são avaliados os seguintes aspectos: Número de parâmetros controlados; Valores alvos e valores máximos admissíveis; e Percentagem de amostras Fora do Limite Contratual (FLC). Durante o período em análise (2004-2008) registou-se uma melhoria gradual na qualidade da água que foi possível com a criação da capacitação de laboratórios como abaixo descrito: Em 2004, apenas os sistemas de Maputo/Matola, Beira/Dondo e Nampula possuíam laboratórios, pouco apetrechados e que necessitavam de reabilitação; Em 2005 começaram a funcionar os laboratórios dos sistemas de Quelimane e Pemba; Em 2007, os sistemas de Maputo/Matola, Beira/Dondo, Quelimane e Nampula adquiriram novo equipamento de laboratório; e Em 2008, a maioria dos sistemas passou a controlar a qualidade da água usando o novo equipamento, com excepção do Sistema de Nampula e Pemba, onde a instalação do equipamento está prevista para finais do primeiro semestre de 2009. Em relação às 4CS, estas ainda não possuem laboratórios e as análises são feitas em colaboração com o CHAEM Maputo. O Gráfico 2.1 apresenta o número de parâmetros da qualidade da água controlados, onde se registou um aumento considerável, com destaque para o sistema de Maputo/Matola que, de 26 que controlava até 2006, passou a controlar 40 parâmetros (acima do alvo contratual de 33), em 2007. As 4CN também aumentaram o número de parâmetros controlados em relação Página 19 de 76 ao período em análise. Estes, contudo, ainda se encontram abaixo do alvo contratual, com destaque para o sistema de Pemba que controlou, em 2007 e 2008, apenas 12 dos 33 parâmetros contratualmente exigidos. A informação disponível a partir de 2006 mostra também um aumento dos parâmetros controlados nas 4CS, tendo estas atingido, em 2008, o alvo contratual de 11 parâmetros controlados. Relativamente à percentagem de análises Fora do Limite Contratual (FLC), ela tem variado ao longo dos anos, não sendo possível determinar com exactidão sua a tendência. No Quadro 1 do Anexo de Informação Técnica, estão apresentadas as percentagens das análises cujos valores estão Dentro do Limite Contratual (DLC) dos parâmetros Coliformes fecais, Cloro Residual e Turvação. O sistema de Maputo/Matola apresentou níveis baixos de conformidade do parâmetro turvação durante os anos 2004 e 2006. Esta situação foi melhorada com a construção do novo filtro que de incremento a filtração em mais 1000 m3/h, em 2007, atingindo deste modo a capacidade instalada da ETA de Umbelúzi. Os parâmetros Cloro Residual e Coliformes Fecais estiveram DLC, onde o último atingiu uma percentagem de conformidade de 100%. Relativamente a 4CN, de uma maneira geral constata-se que o parâmetro com forte incidência sobre a saúde pública (Coliformes Fecais) atingiu uma percentagem elevada de conformidade, com excepção de Nampula que esteve um pouco abaixo do alvo (100% de conformidade) em 2005 e 2006. Relativamente ao Cloro Residual, em 2006 e 2008, o sistema de Nampula registou uma percentagem baixa de conformidade de apenas 68% e 74,5 % respectivamente. Por último, destaca-se a turvação, que em 2006, atingiu um valor muito baixo no sistema da Beira/Dondo (apenas 45%), registando-se o mesmo no sistema de Pemba que, em 2007 e 2008 atingiu valores baixos de conformidade de apenas 48% e 21% respectivamente, devido ao alto teor de ferro na água dos furos que se Página 20 de 76 deposita no fundo dos reservatórios formando lamas que são arrastadas para a rede. Para as 4CS a informação disponível sobre o controle destes parâmetros é referente ao ano de 2008, com excepção de Chókwè, que não disponibilizou esta informação. Quanto às restantes Cidades, o Sistema de Xai-Xai registou uma percentagem baixa de conformidade de Coliformes Fecais de apenas 91%. Esta situação é resultado das latrinas que muitas vezes são construídas sem que se respeite a distância mínima que as deve separar dos furos. Quanto aos outros dois parâmetros a percentagem de conformidade é aceitável e encontra-se dentro do contratualmente exigido. 2.4 Continuidade do Serviço O tempo médio de distribuição situa-se presentemente acima de 20 horas por dia em mais de metade dos sistemas (vide Gráfico 2.2: Tempo Médio de Distribuição). O sistema de Maxixe reajustou e adequou o tempo em função da demanda. Apesar de os tempos médios não serem representativos pelo facto de serem calculados com base na média aritmética das horas de distribuição dos Centros Distribuidores, eles são um bom indicativo para aferir a fiabilidade do serviço. A sua análise mostra melhorias, em quase todos os sistemas, complementadas pela redução de interrupções no fornecimento de água em resultado da reabilitação, substituição e/ou reparação dos equipamentos nas Estações de Tratamento de Água e de elevação. As excepções são os sistemas de Pemba e Maputo/Matola, onde a oscilação da qualidade de energia, por vezes, força a interrupções frequentes com consequências na qualidade de água em Pemba. Note-se que foram realizados ou estão em curso trabalhos de instalação de Postos de Transformação, geradores, instalação e renovação de linhas e outros acessórios com vista a elevar a fiabilidade do serviço. Em Maputo/Matola espera-se que as melhorias ocorram no âmbito do pacote de investimentos negociados com o BEI e outros financiadores, cujo arranque está previsto para o corrente ano. Página 21 de 76 Quanto aos bairros críticos10 (veja anexo étnico) nota-se nas 4CN, de 2005 para 2008, uma redução de zonas afectadas Quadro 2.3.Bairros Críticos (vide Quadro 2.3), situação Cidade 2005 2008 que, no entanto, prevalece em alguns bairros de Pescadores, Costa de Sol, Bagamoyo, Hulene A&B. Bagamoyo, Hulene A&B, 3 de Maputo/Matola e Nampula. Maputo Fevereiro, Laulane e Mahotas. A conclusão, em Maputo, das adutoras para Maxaquene e Mussumbuluko, Sikuama, Tsalala, Mussumbuluko, Sikuama, km 15, Malhampsene, Singatela, Tsalala, km 15, partes de Laulane a partir do Matola Patrice Lumumba, São Damaso, Malhampsene, Singatela, Patrice Acordos de Lusaka Chamanculo reforçou e Lumumba, São Damaso, Acordos de Lusaka. aumentou a capacidade de reserva e melhorou a Estoril, Macúti, Palmeiras PontaGêa, Chota, Matacuane, parte de fiabilidade do serviço. A Beira Macurungo, Chipangara Bambu, expansão da rede para Dunda, partes de Maquinino e Aeroporto. Laulane e Mahotas veio reduzir a falta de água Dondo Mafarinha naqueles bairros e Zona Militar, zona adjacente a Zona Militar, zona adjacente a UCM e Escola Primária 7 de particularmente no Bairro da UCM e Escola Primária 7 de Abril, Nampula Muatala, parcial Abril; Costa do Sol, mas pode estar Muatala (parcialmente), Muhala Expansão, Namutequeliua em direcção ao a provocar uma redução nas Namutequeliua em direcção ao Aeroporto. Muhala Expansão, Aeroporto. Muahivire Expansão- nova zona horas de distribuição no sistema como um todo. Quelimane Saguar, Aeroporto, Brandão, Mapia, Popular, Torrone Novo, 17 de Setembro, Incídua. Em Nampula a situação poderá vir a ser modificada Partes do Alto Gingone e Zona Alta de Cimento e partes localizadas de logo que se concluam as Pemba Cariacó. acções já iniciadas de instalação de adutoras e expansão da rede para aqueles bairros, com vista a aumentar a disponibilidade de água e responder à urbanização rápida que a cidade está sendo objecto. Nas 4CS, onde a actuação do CRA é mais recente, estão em curso obras de expansão dos sistemas e não se julga relevante reportar as zonas críticas nesta fase. 10 2 Bairros abastecido de água em menos de 4 horas de distribuição e pressão inferior a 0.5 kgf/cm . Página 22 de 76 2.5 Eficiência de exploração 2.5.1 Água não Contabilizada Os indicadores de produção e de água facturada tiveram aumentos em todos os sistemas em resultado dos investimentos realizados nos sistemas de captação, tratamento e adução, tendo a produção triplicado no sistema de Xai-Xai e duplicado nos sistemas de Beira/Dondo Maxixe, Quelimane e Pemba. O Sistema de Nampula teve um acréscimo de 38% e o de Maputo/Matola de 16%. Inhambane manteve a produção em 2 milhões de m3/ano (vide anexo técnico). O rácio entre o volume não facturado e o produzido, é definido como “água não contabilizada” ou Unaccounted for Water (UFW), composto por perdas técnicas e comerciais resultantes de falhas de leitura e facturação. Após um período inicial de subida, em 2005 e 2006 começa-se a registar um decréscimo apesar de oscilações em alguns sistemas. Contudo, de 2007 a 2008 é notório o decréscimo ocorrido em todos os sistemas, como resultado da reabilitação e renovação de acessórios e redes de distribuição, incluindo acções de legalização das ligações clandestinas e melhoria dos sistemas de facturação e controlo comercial. Assim, no período entre 2003 e 2008, os sistemas de Nampula, Chókwè, Inhambane e Maxixe, registaram perdas na ordem dos 30% e os restantes sistemas entre 40 e 54%, sendo o extremo mínimo ocupado por Pemba e o máximo por Maputo/Matola. Página 23 de 76 Comparativamente ao alvo contratual de água não contabilizada, em 2008, o sistema de Maputo/Matola, ao situar-se em 54% de perdas, ultrapassou ligeiramente o alvo contratual de 55% estabelecido na sequência da Revisão Periódica. Quanto aos Quatro Sistemas que estavam sob Contrato de Gestão, os sistemas de Nampula e Pemba ao reduzirem em 2008, para 30 e 40% alcançaram o alvo contratual fixado para 2007 em 33% e 45% respectivamente, enquanto Beira/Dondo com 45% e Quelimane 41% ficaram aquém dos alvos fixados em 36 e 30%, designadamente. Para as 4CS, neste período, não foram fixados alvos quantitativos fora da obrigatoriedade de reportarem este indicador. No entanto, é notório o esforço que está sendo realizado nestes sistemas para a redução de perdas, mesmo considerando que Inhambane teve um ligeiro aumento. No entanto, importa fazer alguma reserva aos números de 2008 que estão a ser alvo de consolidação. 2.5.2 Taxa de cobrança Quando não se paga pelo que se consome, o resultado inevitável é o desperdício. Por isso, quando se fala em Sustentabilidade de gestão, uma palavra surge como imperativo: cobrança. Página 24 de 76 Até ao ano 2000, nem mesmo os industriais, nem os comercias ou serviços públicos, para não falar dos consumidores domésticos, pagavam os custos de exploração, e a taxa de cobrança das empresas era muito baixa, frequentemente inferior a 50%. A partir de 2004, com a implementação dos programas de investimento, no respeitante à reposição do parque de contadores; aliado à melhoria do sistema de gestão comercial, foram se elevando os níveis de cobranças das empresas de água. O gráfico 2.12 apresenta a comparação dos níveis de cobranças registados em 2006 e 2008. Da leitura do mesmo nota-se que as taxas de cobrança de 2005 situaram-se próximo ou acima de 90% resultado da recuperação de cobranças de anos anteriores. Em 2009, os números situaramse entre 85 e 90%, níveis aceitáveis para taxa de cobrança de facturação corrente do período. 2.6 Relacionamento com os consumidores 2.6.1 Introdução Neste capítulo faz-se a análise do desempenho do Operador quanto ao seu relacionamento com o consumidor de acordo com o estabelecido contratualmente e segundo as normas gerais de ética profissional. Paralelamente, considera-se a acção do CRA na criação de instrumentos de salvaguarda dos interesses dos consumidores e facilitação de acesso ao CRA pelos consumidores através dos Delegados, incluindo mecanismos de consulta dos consumidores e actores interessados. 2.6.2 Reclamações dos consumidores Analisando o desempenho com base nas reclamações apresentadas pelos consumidores notase que houve um período de pico, entre 2004-2006 que coincidiu com a mudança dos pacotes informáticos da AdeM em Maputo/Matola e Quatro Sistemas de Centro Norte (4CN) e reposição mais intensiva do parque de contadores. Página 25 de 76 A principal e mais frequente causa de reclamar 11 em todos os sistemas prende-se com a Facturação (excesso de facturação, escalões ou preços e outros) seguida de Serviço (falta de abastecimento, corte indevido) e Produto (Qualidade e outros). Durante longos períodos, por ausência e/ou não, de leitura de contadores, parte dos consumidores era facturada com base em estimativas, distorcendo, em muitos casos, os reais volumes de água consumidos, situação que se pretendeu regularizar com a operacionalização do Sistema informático. A extrapolação dos volumes das últimas leituras, para períodos outrora facturados com base em estimativa, fez com que os valores Quadro 2.4. Evolução das Reclamações facturados fossem Sistema 2004 2005 2006 2007 2008 Total 15.520 21.128 20.122 21.645 15.456 bastante elevados. 15.520 21.128 17.101 9.524 7.573 O Maputo/Matola Facturação Sistema de Percentagem 100% 100% 85% 44% 49% Maputo/Matola é aquele Total 1.214 1.081 913 1.888 1.105 que pela sua grandeza 1.165 1.078 879 1.888 1.061 Beira/Dondo Facturação atendeu a mais Percentagem 96% 100% 96% 100% 96% Total reclamações sobre 932 292 849 318 516 Facturação 404 249 762 313 377 Nampula facturação, e raramente Percentagem 43% 85% 90% 98% 73% sobre o “Produto” Total 351 551 293 366 487 (Quadro 2.4). A avaliar 289 381 258 354 370 Quelimane Facturação pelas reclamações Percentagem 82% 69% 88% 97% 76% Total 1.411 1.351 1.070 2.332 510 apresentadas em recurso Facturação 652 526 673 1.997 393 ao CRA, a demora na Pemba Percentagem 46% 39% 63% 86% 77% resposta era uma das Total 778 806 1,533 causas, indiciando o não Facturação 210 467 1,41 Chókwè cumprimento do prazo Percentagem 27% 58% 92% Total 14 dias fixado 1.489 562 1.170 de Facturação 372 354 936 Xai-Xai contratualmente. Percentagem 25% 63% 80% Total 333 664 725 Facturação Percentagem 157 485 660 Nas 4CN nota-se que Quelimane tem estado a 47% 73% 91% Total responder as 819 736 655 Facturação 707 Maxixe reclamações em menos Percentagem 96% 80% de 15 dias (vide Gráfico 2 do Anexo de Informação Técnica); em Pemba há uma tendência decrescente, enquanto é crescente em Nampula e Beira/Dondo, o número de reclamações respondidas naquele período. Observa-se que o grosso das reclamações nas 4CN tem sido respondido entre 5 a 15 dias. Inhambane 11 O aumento das reclamações, por um lado, pode significar maior confiança do Consumidor para com o Operador, o acreditar que vale a pena reclamar porque haverá solução; por outro, pode significar um exacerbar da degradação das condições de serviço. Página 26 de 76 2.6.3. Instrumentos de Defesa e Participação dos Consumidores No concernente aos instrumentos de defesa dos interesses dos consumidores, O CRA estabeleceu a figura de Delegado que actua baseado nos Municípios, tornando o CRA mais acessível aos consumidores dos sistemas situados longe da sua sede em Maputo. Para que tal fosse possível, foram celebrados acordos de parceria com os Municípios da Beira e Dondo, Quelimane, Nampula, Pemba, Chókwè, Xai-Xai, Inhambane e Maxixe. O sistema de Maputo/Matola teve um tratamento diferenciado, estando em curso acções para estabelecimento do Delegado e uma mais ampla parceria CRA/Município. No período em análise, para normalizar o tratamento das reclamações dos consumidores, o CRA adoptou um Procedimento de Atendimento de Reclamações que entrou em vigor em Agosto de 2005. No mesmo ano por directiva do CRA, ficou acordado com o Operador, que os valores de consumos acumulados não facturados por culpa do Operador não poderão corresponder a mais do que seis meses de facturação atrasada e esta deve ser escalonada para evitar facturas de valor insuportavelmente elevado. Em 2008, após um processo de auscultação pública aos consumidores, foi introduzido o novo Contrato de Fornecimento de Água Potável designado por Contrato de Adesão, por via da Deliberação N˚1/2008, de 4 de Junho publicada no BR N o23, Série I. Este instrumento representa um notável desenvolvimento na definição das obrigações Consumidor/Operador e dá contribuições adicionais aos direitos dos consumidores. Estando as 4CS em fase de preparação para a licitação da sua gestão, foram desenhados mecanismos de consulta, tanto das autoridades provinciais, municipais incluindo a sociedade civil. Neste contexto foi realizado um fórum regional e dois fóruns de consulta a nível de cada cidade. O principal objectivo destes fóruns é promover a participação e coordenação dos actores chave no processo de melhoria da qualidade do serviço do abastecimento no âmbito dos planos de reabilitação e expansão dos sistemas. 2.5 Investimentos na reabilitação e expansão dos sistemas Uma das mais-valias do sistema instituído pelo QGD é a criação de confiança dos investidores através do potencial de sustentação de exploração e do serviço da dívida dos investimentos. Em 2004, o FIPAG controlava uma carteira de projectos na ordem de 150 milhões de dólares e, actualmente essa carteira, apresenta valores superiores a 400 milhões de dólares. Página 27 de 76 Quadro 2.4: Evolução de Investimentos em infra-estruturas 2000-2008 Cidades Total (10^3 USD) Principais Impactos (a partir de 2006) Aumento da capacidade de tratamento em 1000 3 m /h Maputo/Matola 31.720,00 Disponibilidade de água para mais cerca de 200.000 pessoas Aumento da capacidade de reserva de 150.000 3 3 m /h para 190.000 m /h Duplicação da 3 capacidade de produção de 3 30.000m para 60.000m a partir de 2006; Beira/Dondo 12.191,40 Aumento significativo do tempo de distribuição para mais de 18 hrs/dia; Extensão do serviço para mais 200.000 pessoas; Quelimane 11.232,70 Extensão do serviço para mais 150.000 pessoas; Duplicação da capacidade de tratamento de água 3 de 10.000 para 20.000 m /dia; Nampula 4.858,60 Extensão do serviço para mais 160.000 pessoas em 2006 Melhoria das condições atendimento público. de trabalho e Aumento da produção de água de 4.800 para 3 Pemba 3.617,70 15.000m /dia; Extensão do serviço para mais 120.000 pessoas a partir de 2005; Aumento da capacidade de produção de 6.600 para 9.000m3/d; Aumento da capacidade de reserva de 500 para Chókwè 2.124,00 3 1.000m ; Aumento da população servida de 55 para cerca de 70%; Disponibilidade da água para mais 24,000 pessoas Aumento da capacidade de produção de 6.166 para 13.300m3/d; Xai-Xai 4.957,00 Aumento da capacidade de reserva de 1400m3 para 3.530m3; Aumento da população servida de 40% para cerca de 81%; Disponibilidade da água para mais 71,340 pessoas Aumento da capacidade de produção de 5.550 para 8.430m3/d; Inhambane 3.500,00 Aumento da capacidade de reserva de 1.540 para 1.900m3; Aumento da população servida de 57 para cerca de 84%; Disponibilidade da água para mais 17,280 pessoas Aumento da capacidade de produção de 1.936 para 6.700m3/d; Maxixe 5.036,00 Aumento da capacidade de reserva de 750 para 1.550m3; Aumento da população servida de 8 para cerca de 42 %; Disponibilidade da água para mais 17,280 pessoas Total 79.237,40 O ano de 2007 coincidiu com a conclusão da maior parte das obras de reabilitação e expansão dos sistemas de abastecimento de água, que tiveram início em 2002, o que veio aumentar a Página 28 de 76 disponibilidade de água para mais consumidores, melhorar a qualidade e fiabilidade do serviço. Assim, em todos os nove sistemas, foram concluídas as obras de reabilitação e expansão, que totalizaram cerca de 80,000,000.00 USD (Oitenta milhões dólares americanos), (Vide Quadro 2.5 Evolução de Investimentos). Os Sistemas de Nampula, Quelimane, Maxixe e Xai-Xai foram os que tiveram uma melhoria significativa de serviço, a considerar, pelo estado obsoleto e de falta de fiabilidade do serviço em que se encontravam. Em Dezembro de 2007, no Sistema de Maputo, foram concluídas as obras de construção de novos filtros na ETA, a adutora Chamanculo-Maxaquene e Chamanculo-Laulane, reservatórios em Maxaquene e Laulane incluindo a nova rede que abarcou Laulane, Mahotas, 3 de Fevereiro, Bairros do Costa de Sol, do Triunfo e dos Pescadores. Está ainda previsto o aumento da capacidade de tratamento e adução, que será realizado no âmbito do projecto financiado pela União Europeia, Banco Europeu de Investimentos e a Agência Francesa de Desenvolvimento, cuja conclusão está prevista para 2012. Os impactos esperados com a conclusão deste projecto são a redução das perdas e extensão do serviço às zonas periurbanas e o aumento das horas de distribuição em todo sistema. Relativamente às Obras Delegadas, que compreendem pequenas obras de extensão da rede, de reabilitação e instalação de novas ligações, renovação de contadores, apesar dos atrasos inicialmente verificados foram concluídas em todos os Sistemas, o que contribuiu para redução de perdas e aumento do parque de contadores operacionais e aumento de facturação com base em leitura real de contadores. Nas 4CS do Sul teve início em Agosto de 2008, a segunda fase das obras de expansão dos sistemas, financiadas pelo Banco Africano de Desenvolvimento e o Governo de Moçambique. Os impactos esperados com a conclusão da segunda fase são o aumento da capacidade de produção para os sistemas de Xai-Xai e Chókwè; aumento da capacidade de reserva para o sistema de Xai-Xai e extensão da rede em todos os sistemas. Resolvida a questão de disponibilidade e reserva de água, o maior enfoque dos próximos pacotes de investimento abarcará a expansão das redes de distribuição, incluindo o controlo e redução de perdas, desenvolvimento dos recursos humanos e melhoria do controlo de qualidade de água. Neste contexto, está em curso um leque de obras nos nove Sistemas, como também nos Sistemas recentemente colocados sob a gestão do FIPAG e em processo de integração legal no QGD, nomeadamente: Tete, Moatize, Chimoio, Manica, e Gondola. Os impactos esperados são o aumento da capacidade de produção, maior disponibilidade de água, aumento da fiabilidade dos sistemas, expansão das redes de distribuição e redução de perdas. Página 29 de 76 Testemunho o Eng. Nelson Hanry de Pena Beete Ainda temos um caminho longo! Criar uma entidade reguladora num ambiente em que os principais intervenientes iniciaram a sua relação em litígio, só foi possível graças ao profissionalismo e dedicação dos seus quadros. Julgo que é gratificante para os seus quadros e consumidores, e um motivo de orgulho nacional. Em países em vias de desenvolvimento a regulação é vista com suspeição. O CRA soube desde a sua criação, ganhar credibilidade de todos e ser determinante na consolidação e expansão do QGD. É assim que o CRA tornou-se numa referência a nível nacional e internacional. Fazer regulação num ambiente de incertezas, num sector em que as reformas estavam numa fase incipiente é um desafio de dimensões imprevisíveis, mas o CRA soube tornar a missão um sucesso. Os resultados são visíveis. Poucos acreditavam que os quadros do CRA seriam capazes de tornar a organização numa instituição credível e factor de consolidação do QGD. O sucesso só é surpresa para quem não acompanhou a caminhada do QGD e do próprio CRA, que se empenhou no seu desenvolvimento e na procura de soluções para a expansão e melhoria dos serviços de abastecimento de água urbano. A mais-valia do CRA insere-se num ambiente que já deu provas de resistir às intempéries, o QGD. O sucesso da reforma do sector de água urbano está assente em vários pilares. Um dos mais importantes é sem dúvida a qualidade da regulação. Dez anos de gestão delegada e é gratificante constatar os resultados no terreno. Ainda temos um caminho longo na expansão de um serviço de água de excelência a muitos ainda não servidos. Para o efeito requer-se uma regulação eficaz e o CRA estará seguramente a altura dos desafios. Quando o quadro regulador do abastecimento de água urbano foi criado pouco sabíamos o que tal significava. O equilíbrio entre a sustentabilidade financeira e a defesa dos consumidores não é uma ciência exacta. Todos aprendemos. O CRA está de parabéns! Página 30 de 76 Capitulo III Sustentabilidade e tarifas 3.1 Antecedentes Em 1987, o Governo através do Programa de Reabilitação Económica (PRE) imprimira esforços de correcção da desaceleração de crescimento da economia e do desequilíbrio nas estruturas patrimoniais e financeiras das empresas. Como resultado directo, os desafios do ambiente empresarial evidenciaram rápidas mudanças, e o mundo empresarial ficou ainda mais complexo. Um número extraordinariamente elevado de empresas passou a enfrentar problemas acentuados de desaceleração do crescimento, decréscimo de rentabilidade e fraca utilização da capacidade instalada. O sector de água não foi excepção e a década de 1990 corresponde a um período em que muitas das infra-estruturas de abastecimento de água se encontravam em estado precário, e a maioria da população não tinha acesso a um regular abastecimento de água potável. Esta situação era ainda agravada pelas tarifas baixas, que não permitiam remunerar os investimentos em infra-estruturas, cobrir os custos de operação e manutenção e as despesas de reabilitação e expansão de novos sistemas. Em resposta a estas preocupações, o Governo estabeleceu um novo enquadramento normativo, onde para o sector de águas, entre outras medidas, foram aprovadas a Política Nacional de Águas, 1995 e a Política Tarifária de Águas, 1998. A Política Tarifária prioriza a necessidade da recuperação, a curto prazo, dos custos de operação e manutenção e a recuperação de despesas de investimentos a médio prazo, nos principais sistemas de abastecimento de água. No presente capítulo faz-se uma análise breve da sustentabilidade económico - financeira dos sistemas do quadro de gestão delegada. Para o efeito, compara-se a variação das receitas e dos custos operacionais, verificados entre 2006 e 2008, de forma a aferir a capacidade das empresas de cobrir os respectivos custos operacionais, nomeadamente, a tendência dos últimos anos. Porque a tarifa também concorre para a variação das receitas fundamentais para a sustentabilidade da exploração e dos investimentos, no presente capítulo aborda-se a questão da evolução das tarifas médias de referência de cada cidade, comparadas com as programadas, e por fim a questão da estrutura tarifária. De referir que a análise de sustentabilidade e avaliação da tarifa cingiu-se aos anos 2005 a 2008, por que no período anterior, a informação existente era menos fiável e com menor relevância para ilustrar as actuais tendências. Página 31 de 76 3.2. Evolução de Receitas versus Custos Operacionais O Quadro 3.1. mostra a comparação entre as receitas e os custos operacionais das empresas, entre 2006 e 2008. De referir que os valores de receitas registados em 2006 são inferiores aos custos operacionais do mesmo ano. O nível reduzido das receitas, até então, deveu-se particularmente ao baixo número de ligações, aliado às baixas tarifas aplicadas e ainda a um menor desempenho operacional dos sistemas. 3 Quadro 3.1 - Receitas vs Custos Operacionais (10 Mt) Descrição Maputo - Matola Beira – Dondo Quelimane Nampula Pemba Xai – Xai Chókwè Inhambane Maxixe Receitas 428,752 75,379 15,240 45,222 20,755 9,907 9,395 13,249 3,985 2006 Custos 496,571 86,350 16,904 96,472 25,973 11,851 7,956 12,832 3,742 Cobertura 0.86 0.87 0.90 0.47 0.80 0.84 1.18 1.03 1.07 Receitas 554,156 98,630 35,115 61,163 25,446 23,682 17,860 22,690 9,652 2008 Custos 490,364 89,538 36,867 57,612 20,856 21,098 15,765 16,459 6,670 Cobertura 1.13 1.10 0.95 1.06 1.22 1.12 1.13 1.38 1.45 De facto, esta situação foi-se revertendo com a implementação de investimentos programados no quadro de gestão delegada, que se traduziram em aumentos significativos dos volumes de água produzida e facturada: como se observa no Quadro 3.2, todas as empresas aumentaram significativamente as receitas, comparativamente ao comportamento dos custos operacionais, o que permitiu que em 2008 atingissem o ponto de equilíbrio. Importa salientar que há ainda outros custos a considerar, caso a caso, nomeadamente os encargos financeiros, as amortizações de imobilizado, e ainda outros custos “adiados”, para os casos das cidades, com excepção de Maputo, que ainda não contribuem para o serviço da dívida, nem para a taxa de regulação. Quadro 3.2 - Variação de Receitas vs Tarifas Variação entre 2008 / 2006 Descrição Tarifa Média Receitas Maputo - Matola 11% 29% Beira – Dondo 8% 31% Quelimane 13% 130% Nampula 16% 35% Pemba 10% 23% Xai – Xai 41% 139% Chókwè 28% 90% Inhambane 31% 71% Maxixe 26% 142% Para sustentar o esforço empreendido pelas empresas, tem sido fundamental o ajustamento regular de tarifas de água a níveis que garantam a sustentabilidade financeira, atendendo que a maioria dos investimentos está consubstanciada em créditos. Nota positiva é que nos últimos dois anos observa-se que a sustentabilidade económico – financeira das empresas, não se baseia apenas nas revisões tarifárias, mais sim, no aumento das vendas, redução da Página 32 de 76 percentagem de água não contabilizada e na eficiência comercial, como se pode ver na Quadro 3.2 que apresenta as variações relativas ocorridas na tarifa média e nas receitas, no período 2006 e 2008. Da observação do quadro, verifica-se que em quase todas as cidades a taxa de aumento das receitas foi muito acima da taxa de crescimento das tarifas, graças ao aumento do volume facturado. Destaque vai para as cidades de Quelimane, Beira – Dondo, Xai-Xai e Maxixe, que duplicaram as receitas. 3.3 Tarifas ao Consumidor 3.3.1 Evolução das Tarifas ao Consumidor Nos últimos sete anos, no âmbito do QGD, foram envidados esforços para que de uma forma gradual as tarifas progredissem para a cobertura dos custos de operação, manutenção e de gestão, de forma que num futuro próximo haja uma cobertura integral dos custos de prestação do serviço. De referir que no processo de aprovação, foi preocupação do CRA, verificar a adequacidade das tarifas propostas ao preceituado na Politica Tarifária e nos Acordos de Crédito, e ainda assegurar a estabilidade financeira do FIPAG, entidade responsável pela reposição das infraestruturas e pela realização de investimentos dos sistemas, para além das ponderações sobre a capacidade de pagar pelos consumidores. O Quadro 3.4. mostra as tarifas médias efectivas dos sistemas em gestão delegada e o alvo programado. O incremento tarifário havido em 2007, não foi ainda suficiente para que os valores destas cobrissem os alvos respectivos. 3 Quadro 3 .3 - Tarifa Média de Água Potável - 2005 / 2008 (Mt/m ) Descrição Efectiva 2005 2006 2007 2008 Programada 2008 Nível de Alcance Maputo - Matola 12,50 13,60 15,11 15,11 17,60 86% Beira - Dondo 11,20 12,60 13,66 13,66 16,00 85% Quelimane 10,40 12,00 13,50 13,50 14,90 91% Nampula Pemba 10,20 10,30 11,70 11,80 13,55 12,97 13,55 12,97 15,10 14,60 90% 89% Xai-Xai Chokwe 6,30 7,20 7,30 8,20 10,30 10,52 10,30 10,52 12,73 12,52 81% 84% Inhambane 7,10 8,90 11,65 11,65 15,92 73% Maxixe 7,40 8,90 11,24 11,24 16,26 69% É de referir que os alvos das cidades de Maputo/Matola, Beira/Dondo, Quelimane, Nampula e Pemba foram estabelecidos tendo em atenção a criação da sustentabilidade financeira das empresas de forma a permitir o custeio de exploração e a reposição das despesas de Página 33 de 76 investimentos. E esperava-se o alcance, em 2008, dos alvos de tarifas fixados para estes sistemas, o que representaria a fase final do processo de ajustamentos, iniciado em 2002. No entanto, a contenção de ajustamentos das tarifas em 2008, e previsível em 2009, vai obrigar a uma reprogramação dos alvos tarifários. Nos sistemas das cidades de Xai-Xai, Chókwè, Inhambane e Maxixe, integradas posteriormente no Quadro de Gestão Delegada, desde 2005, as tarifas são estabelecidas de forma a seguir um processo mais intenso de ajustamento, para permitir que, num futuro breve, se alcance um nível de tarifas que sustentem os custos operacionais. O sistema de abastecimento de água a Maputo e Matola, que representa 2/3 das receitas totais dos sistemas em análise, é obviamente muito importante para a sustentabilidade dos investimentos, produzindo-se implicitamente um ambiente de subsídio cruzado, e por isso as tarifas são, neste caso, particularmente monitoradas como se expõe a seguir. O Gráfico 3.1. mostra de forma comparada, a situação da tarifa média vigente e a tarifa programada. Como se pode notar, ocorre um afastamento entres as duas curvas a partir de 2007, acentuando se em 2008/9. GRÁFICO - 3.1: TARIFA MÉDIA CONSUMIDOR vs PRORGAMADA MAPUTO/MATOLA Mt/m3 20,00 18,45 17,60 15,83 15,11 15,00 15,11 13,60 14,06 12,50 12,70 12,05 11,28 10,00 10,24 5,00 2005 2006 T arifa Operado r (AdeM) 2007 T arifa Média Consumidor 2008 2009 Tarifa Média Prorgamada As tarifas vigentes tiveram o seu último ajustamento em Maio de 2007, e desde então têm sido contidas, por razões derivadas do aumento geral de preços de produtos e de serviços básicos, em 2008, que de certa forma afectara o poder de compra dos moçambicanos. Porém, esta medida está a ter impacto directo e imediato na liquidez das empresas e do FIPAG, pondo em risco o cumprimento das obrigações financeiras, em especial o serviço da dívida. Para acautelar a situação, estão a ser ponderadas medidas complementares para acomodar esta realidade e recuperar o processo de ajustamento regulares de tarifas a partir de 2010. As receitas disponíveis para o serviço da dívida são representadas no gráfico acima, pelo intervalo entre as curvas da tarifa do operador (AdeM) e da tarifa do Consumidor, intervalo esta que se reduz drasticamente em 2008/9. Salienta-se que a Tarifa do Operador tem sido mantida desde 2006 a preços constantes. Página 34 de 76 3.2. Estrutura Tarifária A estrutura tarifária para os sistemas integrados no Quadro de Gestão caracteriza-se por ter três categorias de consumo, nomeadamente: fontanários públicos; doméstica (ligação no quintal ou ligação domiciliário); e Geral (Comércio, Industria e Público), situação histórica herdada dos anos 80. O estabelecimento das tarifas, para o fornecimento aos fontanários públicos e para o 1º escalão da doméstica (consumo mínimo de 10 m3), é feito seguindo política social de modo a assegurar o acesso ao serviço público de abastecimento de água às populações de baixa renda. As tarifas da categoria geral e dos restantes escalões da doméstica são estabelecidas tendo em consideração o princípio do subsídio cruzado, como se pode observar no Gráfico 3.2. Notar que o gráfico apresenta 20,00 várias linhas, 18,50 sendo a inferior 17,08 16,43 de 9.00MT/m3, 15,25 15,11 15,00 FONTANÁRIOS correspondente a tarifa aplicada aos 12,00 fontanários MÉDIA GERAL públicos, cujo 10,00 9,00 valor é constante DOMÉSTICA e equivalente a cerca de 60% da GERAL 5,00 Tarifa Média de 10 m3 20 m3 30 m3 40 m3 Referência, de 15.11 MT/m3. Há ainda a salientar que a tarifa do consumo mínimo representa 80% da Tarifa Média. MT/m3 Gráfico 3.2 - Tarifa Equivalente p/ Consumo Específico Maputo e Matola - 2008 A linha superior de 18.50MT/m3, representa a Tarifa Geral que é aplicada aos consumos industrial, público e comercial. A linha da Tarifa Geral também é constante para todos os níveis de consumo específico, e corresponde a 122% da Tarifa Média. A tarifa aplicada à doméstica é escalonada e representada no gráfico, através de uma curva crescente cujo valor aumenta proporcionalmente com o aumento dos consumos específicos, de forma que a tarifa do primeiro bloco de consumo, seja inferior aos demais blocos, beneficiando desta maneira os consumidores de baixa - renda, e estimulando os demais consumidores à racionalização e optimização do uso de água. É de referir que em 2005 constatou-se que a actual estrutura tarifária estava a tornar-se desajustada relativamente aos padrões de consumo, o que significa uma maior concentração de consumidores no escalão de consumo mínimo. E aliado a isso, a própria estrutura é de Página 35 de 76 difícil percepção, por possuir vários escalões de consumo, onde os valores das tarifas não estão claramente relacionados com os custos, facto que, de certa forma, não evidencia ao Consumidor a importância Gráfico 3.3 - Estrutura de Consumo de economizar e 60% racionalizar o uso da água. 50% 2006 52% 2008 O gráfico 3.3. mostra a situação do sistema de Maputo e Matola, para os 30% 32% anos 2006 e 2008, onde se 25% 20% 23% observa a migração para o 20% 10% escalão do consumo mínimo de 20% de 0% consumidores. E por sua 0 - 10 m3 10 - 20 m3 20 - 30 m3 vez, neste escalão, um número significativo de ligações consome volumes abaixo de 10m3/mês. 40% 48% Assim, para mitigar estes efeitos, em 2008 foi desenhada uma nova estrutura tarifária para os consumidores finais, que assegura o equilíbrio entre a qualidade do serviço prestado e o preço praticado e, promova a recuperação dos custos de produção, e de despesas de reabilitação e expansão de novos sistemas, através da prática de preços social e economicamente justos, sempre à luz da Política Tarifária de Águas. Outra dificuldade na actual estrutura tarifária é com a diminuição da capacidade do subsídio cruzado por meio da Gráfico 3.4 Maputo-Subsídio Cruzado tarifa geral que atingiu já em 2005, níveis de tarifas excessivamente altos para a situação do País, como se ilustra no gráfico 3.4 seguinte. Por exemplo, existem fortes argumentos para a existência de um escalão mínimo de 5m3/mês; um intermédio de consumo entre 5 m3 e 10m3; e um único escalão superior para consumo acima de 10 m3, o que permite melhor beneficiar os grupos de mais baixa – renda, tipicamente a consumir no primeiro escalão. Página 36 de 76 Testemunho o Eng . Arnaldo Lopes Pereira Anos de aprendizagem, mas também de crescimento! A contratualização da gestão delegada do serviço público de abastecimento de água é, a meu ver, um exercício que, por muito que se tenha vindo a aperfeiçoar ao longo dos tempos, continua a ter uma certa dose de imprecisão, talvez inevitável, e por razões várias, por um lado, as que derivam das próprias características do serviço, em que o operador irá, na maioria dos casos, actuar numa situação de monopólio, e por outro, as que se prendem com a manutenção das infra-estruturas, um somatório de redes, condutas, construções e equipamentos, com diferentes idades e estados de conservação (muitos já obsoletos), responsabilidade do operador, e com a forma como a capacidade do sistema se irá adequar a uma demanda quase sempre insatisfeita, quer utilizando melhor a capacidade existente, também responsabilidade do operador, quer com investimentos de reposição e aumentos de capacidade, estes da responsabilidade do contratante ou cedente. Podemos partir de um modelo onde se assumem determinados pressupostos e com eles construir o equilíbrio financeiro da operação, mas cedo se constatará que distinguir o que é manutenção e o que é um investimento de reposição, nem sempre é fácil, que razões justificáveis levaram a que investimentos previstos tivessem sido adiados, que uma revisão de tarifas prevista para determinada data também tem que ser adiada: é verdade que o próprio contrato contempla revisões periódicas e extraordinárias, estas nem sempre fácil de se materializar, onde se procurará repor o equilíbrio alterado no modelo inicial. Mas são sempre processos longos e que geram riscos de se extremarem posições entre o cedente e o operador que podem pôr em risco a continuidade do contrato e do serviço Vivi todos estes problemas durante um certo período em que estive ligado à administração das Águas de Moçambique e em que passámos por momentos conturbados e de descalabro financeiro do operador e, ainda, a saída do seu accionista maioritário, a SAUR International, situação que se veio a resolver com a tomada dessa posição por um dos accionistas minoritários, a Águas de Portugal. Mas foi uma situação que gerou, na altura e ainda por um largo período, uma grande tensão e ansiedade quer no cedente, o FIPAG, resolutamente empenhado em soluções que menos perturbação criassem na prestação do serviço, mas firm emente decidido a não alterar as regras do jogo, quer no operador, certamente disposto a correr riscos, mas cioso de corrigir os desbalanços em que a operação tinha incorrido até aí. E foi aqui que, de forma clara e concreta, tive a oportunidade de ver melhor o papel do regulador, o CRA “...órgão de salvaguarda dos interesses dos utentes dentro do equilíbrio com os interesses do operador e sustentabilidade económica do sistema e da conciliação dos interesses do operador privado com o cedente ...” e que aqui testemunho. Com a discrição que é seu cunho, mas com a determinação no cumprimento do seu mandato, a intervenção do CRA e, seja-me permitido, em particular do seu Presidente, o Eng.º Manuel Alvarinho, sem nada impor, antes apontando caminhos onde a conciliação dos interesses em jogo se tornasse possível, foi decisiva para que um acordo fosse alcançado e salvaguardados os interesses dos utentes. Comemoramos hoje os 10 anos do CRA que, como em muitas das nossas instituições, foram anos de aprendizagem mas também de crescimento e solidificação, com resultados já notáveis e bem visíveis na melhoria do serviço ao consumidor em várias cidades do País: os desafios pela frente são ainda enormes mas o caminho já percorrido é um garante de que os havemos de vencer. Parabéns ao CRA. (Título da responsabilidade do CRA) Página 37 de 76 Capitulo IV Percurso do Conselho de Regulação do Abastecimento de Água 4.1 Introdução O CRA é uma das duas instituições públicas criadas ao abrigo dos Decretos 72 e 74/8, de 23 de Dezembro, que estabelecem o Quadro de Gestão Delegada (QGD). No âmbito do QDG, e segundo os termos da sua própria Visão e Missão, o CRA define-se como “o garante que toda a cadeia de valor funciona de forma satisfatória e sustentável, enquadrada nas necessidades de abastecimento presentes e futuras e em padrões de qualidade de água e do serviço”12. O CRA inicia o seu funcionamento em Fevereiro de 2000, tendo desde logo, pela frente, o sério desafio de dotar-se de uma capacidade institucional adequada, sustentada por recursos técnico-profissionais e financeiros à altura das suas atribuições e das legítimas expectativas de desempenho de qualidade, por parte de todos os actores relevantes: o Governo, o Cedente, o Operador e o Consumidor. Desde então, e ao longo destes quase dez anos de actividade, assumindo-se sempre como um projecto “em construção”, o CRA vai procurar cumprir com o seu mandato, criando a sua personalidade e capacidade institucional de forma paulatina, tendo como perspectiva futura alcançar: O poder de regular o serviço ao consumidor como um todo, independentemente do que seja obrigação do Cedente ou do Operador, realizando actos definitivos; Que a sua acção dê maior ênfase à regulação do serviço e menor aos insumos e processos internos das entidades responsáveis pelo serviço; Que a influência dos pareceres solicitados ao CRA, sobre aspectos relativos ao desenvolvimento e expansão do serviço e outros afins, na tomada de decisões pelas entidades competentes, seja tornada transparente, sendo acolhida ou não. Ao longo do percurso, são de considerar três períodos essenciais do CRA, a saber: 2000 – 2003: Período de implantação e capacitação institucional; 2004 - 2005: Período de Desenvolvimento; 2006 - 2009: Período de consolidação da sua Visão e do seu papel regulador. 12 www.cra.org.mz Página 38 de 76 4.2 O Mandato Regulatório do CRA 4.2.1. Natureza do Mandato O CRA procurou desde o início, cumprir com o seu Mandato e, no contexto em que este se situa, na moderna concepção da administração pública: em regimes de monopólio, como sucede com o serviço público do abastecimento de água, importa substituir o efeito regulador das “forças de mercado”, por uma regulação económica, promovendo a eficiência económica, no equilíbrio entre padrões de serviços e níveis de preços, de forma social e economicamente justa. A regulação deve ainda mitigar os riscos políticos percebidos pelo Governo e os riscos económicos percebidos pelo Operador privado, tudo no melhor interesse de bom serviço ao consumidor. A tendência internacional é que a função de regulação seja exercida por autoridade independente. Caixa 4.1. Por um Regulador Independente “... O decreto que institucionaliza o Quadro de Gestão Delegada do Abastecimento de Agua prevê a criação de um órgão que, pela independência e competência técnica, garanta o equilíbrio dos interesses em presença na prestação do serviço público, o Conselho de Regulação do Abastecimento de Água...” (Preâmbulo). “... O Conselho de Regulação do Abastecimento de Água é órgão encarregado de conciliar os interesses dos utentes do serviço público de abastecimento de água e os do Operador, assegurando o equilíbrio entre a qualidade do serviço prestado e a sua adequação aos interesses dos utentes e a sustentabilidade económica dos sistemas...” (Art.2, Decreto 74/98, de 23 de Dezembro) Tal é o fundamento da nossa legislação, acima citada, ao criar-se o CRA e respectivo Estatuto Orgânico, Decreto 74/98 de 23 de Dezembro. Nos termos do mesmo diploma, o CRA foi criado como uma entidade de pública, dotada de personalidade jurídica e autonomia administrativa e financeira. Da legislação resulta, como é típico em muitos reguladores, que o principal Mandato Regulatório do CRA, com base no qual a instituição exerce actos normativos e decisões definitivas, realiza-se em três frentes, a saber: Regulação do serviço versus preços, procurando garantir o equilíbrio entre a qualidade do serviço prestado e os preços praticados pelos operadores privados na provisão do serviço de abastecimento de água, tendo sempre em consideração a sustentabilidade das partes envolvidas. Defesa do consumidor, garantido a salvaguarda dos seus interesses, designadamente, quanto à justeza dos preços e na identificação das suas necessidades, presentes e futuras. Mediação e conciliação de interesses entre o Cedente e o Operador, nomeadamente, quanto à interpretação de cláusulas contratuais e resolução de conflitos, que, Página 39 de 76 eventualmente, venham a surgir no âmbito da execução dos contratos de gestão delegada. 4.2.2 O exercício do mandato No âmbito do exercício do seu mandato, o CRA toma decisões vinculativas, em particular quanto à fixação das tarifas aplicáveis e outras que se revistam de tal carácter, os quais são publicados no Boletim da República. As suas decisões são por maioria dos Membros do TRIBUNAL Relatório Anual Conselho (correntemente CONSELHO DE ADMINISTRATIVO designado Plenário, por MINISTROS força do Regulamento Relatório de Contas Interno, Diploma CRA Ministerial n.º 92/2002, de Taxa de 12 de Outubro). O Plenário Regulação do CRA é composto por O Plenário Nomeação 3 Membros três membros e nomeados Mandato: pelo Conselho de Decisões 3 anos Normativas Ministros, sob proposta conjunta do Ministro das BOLETIM DA REPÚBLICA CONSUMIDORES Obras Públicas e Habitação e do Ministro das Finanças, por um mandato de três anos. O CRA reporta sobre o seu desempenho anualmente, ao Governo . A AUTONOMIA DO CRA Para o exercício do seu Mandato, o Plenário é apoiado pelo Secretário do Conselho o qual dispõe de uma equipa técnica multidisciplinar, serviços administrativos e dos Delegados do CRA, como abaixo se ilustra. Ao longo dos quase dez anos da sua existência, o CRA deliberou e publicou sobre ajustamentos e incrementos tarifários e sobre o novo Contrato de Adesão dos Consumidores, em 2008. Deliberou ainda sobre a revisão periódica do Contrato de Cessão de Exploração do Sistema de Maputo em 2008, embora não tenha sido matéria de publicação no Boletim da República. Página 40 de 76 4.2.3. Visão, Missão e Valores À vista destas funções, constituintes do seu mandato, o CRA define o seu papel nos termos seguintes: Visão Um serviço de abastecimento de água justo, confiável e sustentável para todos. Missão Regular o serviço do abastecimento de água integrado no Quadro de Gestão Delegada, e promover a provisão de um serviço justo, eficiente, de elevada qualidade e acessível para todos. Valores do CRA Da síntese dos conteúdos em que se traduzem as orientações estratégicas estabelecidas, o CRA definiu como seus Valores, os seguintes: Serviço Universal Uma regulação que viabilize o acesso sustentável ao serviço por todos os consumidores actuais e futuros; A acção regulatória que promova um serviço social, economicamente justo, capaz de satisfazer os consumidores e os provedores de serviço; Participação As entidades reguladas e os consumidores devem ser consultados na tomada de decisão sobre aspectos fundamentais da regulação e na avaliação prévia do seu impacto. Pragmatismo Disponibilidade do recurso ao processo e opções alternativas de regulação, de acordo com a realidade e condições específicas do serviço em cada sistema de abastecimento de água. Consistência e Confiabilidade Uma regulação previsível e estável do sistema que permita e viabilize a acção dos responsáveis pelo serviço, e promova a confiança pelos consumidores e o equilíbrio dos interesses em presença; Prestação de Contas e Transparência Página 41 de 76 Os objectivos, processos e decisões regulatórias, bem como os respectivos custos, são expostos às autoridades competentes e ao conhecimento público. 4.3. Desenvolvimento da Função Regulatória 4.3.1 Dos Primeiros Passos à Antevisão do Futuro Como referido anteriormente o período de 2000 a 2003 foi por um lado o período de criação de capacidade mínima, e de aprendizagem, mas foi também, por outro, um período de gestão de crises. A robustez do QGD, e do papel que se esperava do CRA, foi posta à prova desde o início. A fundação da personalidade do CRA surge já neste período, nomeadamente: Da procura do equilíbrio do sistema, o chamado “serviço justo, confiável e sustentável”; Da necessidade de equidistância do CRA relativamente aos responsáveis pela prestação do serviço; De se evitar a interferência excessiva do Regulador nos actos de gestão das entidades reguladas; Privilegiar a atenção do CRA aos resultados na prestação do serviço ao consumidor e menos aos processos; A necessidade de prestação de contas ao Governo, por meio do Relatório Anual, como factor de afirmação do mandato do CRA e de sintonia com as orientações do Governo; e A importância de tornar o CRA acessível aos consumidores, nomeadamente através de parcerias com as Autarquias. Cabe sublinhar que o CRA encetou esforços, desde os primeiros anos da sua existência, no sentido de institucionalizar formatos de colaboração activa, como o “Quadro de Colaboração CRA - Município” para avaliar/monitorar o nível de satisfação dos consumidores e a qualidade do serviço. Para uma mais efectiva prossecução deste objectivo foi instituída a figura do Delegado do CRA junto dos Municípios. De salientar, a este respeito, a nomeação dos primeiros Delegados residentes em cada Município, a partir de 2003. O CRA encarou, também, as ONGs e outras organizações da sociedade civil como parceiros úteis, em particular na defesa dos consumidores, notavelmente na acção nas zonas periurbanas, onde vive a população mais vulnerável. Os anos 2004-2005 são considerados o “Período de Desenvolvimento”, de maturação sobre a dimensão e natureza dos desafios e na procura das possíveis respostas aos mesmos. Enquanto se procura estabilizar a operação nos 5 sistemas iniciais do QGD novos 4 sistemas, de Cidades do Sul, são integrados. Neste período, ficou claro ao CRA que os desafios só iriam crescer e daí a necessidade de se projectar o futuro. Página 42 de 76 O CRA começa a preparar-se para a eventual ampliação do seu papel em escala e âmbito. Por exemplo, recomenda então o CRA, que o actual QGD não deve ser estendido mecanicamente, antes devendo estar assente em “responsabilidades definidas a vários níveis, com a regulação a realizar-se a dois níveis: Central e Local (regulação indirecta), susceptível de maior eficácia para os sistemas mais pequenos. Desde 2005, o CRA vem também desenvolvendo iniciativas no sentido de se estabelecer como uma mais-valia, em tanto que regulador, para os consumidores ao nível das periferias urbanas, privilegiando uma parceria com as autoridades locais a esse nível. Nesse contexto, algumas iniciativas piloto desencadeadas ao nível da cidade de Maputo permitem esboçar o enquadramento de formas alternativas de abastecimento, como seja, a integração dos pequenos Operadores privados (POP’s), formalização da revenda de água nos quintais, e outras. Vai tomando corpo uma “Nova Visão” a médio prazo. É assim que a finais de 2006, o CRA submete ao Governo um documento de “Orientações Estratégicas do CRA, 2007-2009”. 4.3.2. Consolidação e Desenvolvimento do CRA A partir de 2006, o CRA vai desencadear um processo abrangente de reflexão profunda sobre a sua missão e sobre o papel da regulação no desenvolvimento de um serviço de abastecimento de água justo e sustentável, ante o crescendo de solicitações, ano após ano, no sentido da expansão do órgão e da sua função regulatória. Se bem que a emergência deste novo desafio correspondia a um reconhecimento público do CRA como uma instituição preponderante no desenvolvimento de um quadro regulatório dos serviços do abastecimento de água, o seu acolhimento, porém, deveria acautelar a necessidade de estabilidade, eficácia e relevância. É nesse quadro que se vai perspectivar o cenário da concepção de “CRA’s paralelos” a diferentes velocidades e profundidades de intervenção, surgindo, dai, o conceito de Página 43 de 76 “regulação compartilhada” ou ainda “regulação indirecta”, através do envolvimento das Autarquias locais e, progressivamente, da sociedade civil. Dois importantes momentos vão marcar este processo de reflexão sobre a visão do desenvolvimento do CRA, a saber: A preparação, em 2006 de suas “Orientações Estratégicas” até 2009, em sintonia com o PARPA II e o Plano Quinquenal do Governo, e em consulta com os actores chave. É com base neste documento que o CRA vai elaborar o seu segundo Plano Estratégico, 2007-2009, traduzido, em seguida, num Plano de Negócios; A realização de uma Conferência sobre Regulação, sob o lema: “Transformando a Indústria da Água num Negócio Justo para Servir a Todos”. O evento contou com a participação de mais de 130 pessoas, entre oradores e convidados. Participaram igualmente Presidentes de Conselhos Municipais de várias Cidades, bem como Reguladores de países Africanos e Europeus. Desta análise e na perspectiva do alargamento do mandato do CRA para além do “mercado tradicional” (sistemas no QGD), nomeadamente: i. A integração de todos os sistemas principais no QGD; ii. A extensão da gestão delegada e da regulação aos sistemas secundários; iii. A regulação de serviços de saneamento das principais cidades; e iv. O enquadramento formal de serviços alternativos das preferias urbanas, Esta perspectiva vai colocar vários desafios de negócios e de sustentabilidade para o CRA, o qual estabelece, em resposta, a seguinte visão estratégica: O desenvolviment o dos sistemas das cidades secundárias vai implicar a adaptação do quadro regulatório a custos contidos face às limitações próprias de geração de receitas a curto prazo; Caixa 4.2. A Visão Estratégica a 2009 O CRA visualizou o que espera alcançar, até 2009, para cumprir o seu mandato e poder responder aos desafios actuais e previsíveis, associados à consolidação e desenvolvimento do Quadro de Gestão Delegada e do sector, nos seguintes termos: Em 2009 o CRA terá consolidado o reconhecimento pelo Governo, Operadores e consumidores do abastecimento de água como uma autoridade reguladora, eficaz e equitativa, do serviço delegado do abastecimento de água, de bom nível de qualidade, com eficiência de custos e acessível `a maioria da população, e ainda como uma instituição preponderante no desenvolvimento de um quadro regulatório dos serviços do abastecimento de água e saneamento urbanos para o Pais. (Citação do documento “Orientações Estratégicas do CRA, 2007-2009”) Página 44 de 76 O desenvolvimento de diferentes regimes de regulação adaptados aos vários casos: Regulação Directa, Regulação Indirecta (ou partilhada) e a Regulação Consultiva, como será o caso de serviços municipais de saneamento. O montante de receitas que o CRA pode conseguir através da Taxa de Regulação nos quatro mercados de ASS deve ser avaliado de forma abrangente e usado tanto quanto possível para financiar o “percurso” do CRA; No entanto, o desenvolvimento dos serviços de regulação será realizado com recurso a orçamento do Estado de forma a cobrir o déficit financeiro do CRA no período 2008-2010; 4.4 Implantação e capacitação institucional 4.4.1. Aquisição de capacidades A 2 de Fevereiro de 2000, o CRA inicia as suas funções em instalações provisórias, sitas na rua Francisco Barreto, apenas com dois funcionários permanentes. Em Maio do mesmo ano, é nomeado o seu Secretário, o qual se mantém em funções até hoje. De dois funcionários em Fevereiro de 2000, além dos três Membros do Plenário, o CRA passa a 20 funcionários permanentes, 7 (Delegados) em regime de part-time e um Consultor de procurement e tem a sua sede na Avenida Amílcar Cabral n˚ 757, em instalações próprias inauguradas a 12 de Março de 2001. Dada a natureza das suas atribuições, enquanto entidade supervisora de projectos e serviços, o CRA vai exigir para o seu quadro de pessoal, uma equipa técnica qualificada e experiente, merecedora de respeito e consideração, desafio que só vai poder ser respondido de forma gradual e paulatina. Assim, o CRA vai optar por um crescimento da sua capacidade através de contratação externa, na base de uma rede de profissionais em regime liberal, mobilizados à medida das necessidades. A constituição do Gabinete Técnico do CRA inicia-se em 2001, ganhando corpo em 2004, mantendo-se ate hoje, com o mesmo figurino. A capacidade técnica do órgão resume-se, então, a uma equipa mínima multidisciplinar em áreas, consideradas basilares para a produção de informações e análises susceptíveis de permitir ao Plenário tomar decisões sustentadas, nomeadamente: Regulação económica; Salvaguarda dos interesses dos consumidores; Conciliação dos interesses do Cedente e do Operador; Acompanhamento e aconselhamento dos processos de gestão delegada; Identificação das necessidades dos consumidores actuais e futuros; e, Funcionamento e melhoria do Quadro da Gestão Delegada. O primeiro esforço assinalável de capacitação institucional do CRA vai ocorrer através do Acordo de Crédito do Projecto PNDA II (Componente C) entre o Governo de Moçambique e o Banco Mundial, prevendo a capacitação institucional da nova instituição. Deste modo foi Página 45 de 76 desenhado um programa de assistência técnica, consultorias e bem como a formação de quadros em matérias especificas. Durante o processo, da implantação e capacitação do CRA, vão destacar-se os seguintes momentos: 1. Ano de 2000: operacionalização do Plenário, órgão máximo do CRA, e constituição de organização interna mínima; 2. Ano de 2001: Criação de instalações próprias; e consolidação da organização administrativa e financeira; 3. Ano de 2002: Início da Assistência Técnica, financiada pelo Banco Mundial, e Plano Estratégico 2003-2005; 4. Anos de 2004 a 2007: Consolidação do Gabinete Técnico e ampla formação de quadros de todos os sectores (Gabinete Técnico, Administração, Finanças e Procurement). 5. Ano de 2006: Adopção do Plano Estratégico (2007-2009); e 6. Ano de 2007: Realização da 1ª Conferência Internacional sobre Regulação de Serviço Público em Moçambique. A estratégia de apetrechar o quadro de pessoal com técnicos jovens e em função das necessidades, na base de um organograma “flat” provou ser a melhor opção para operacionalizar uma instituição nova, sem paralelo no país. O quadro a seguir (Quadro 5.1) ilustra o percurso do CRA em termos do seu quadro de pessoal. Quadro 5.1. Evolução do quadro de pessoal do CRA 2000 2004 200813 2010 - Programado Técnicos Superiores 4 6 16 22 Técnicos Médios 3 7 6 9 Técnicos básicos 2 2 6 7 O CRA tem estado a conter o crescimento programado do seu Quadro de pessoal, em função da disponibilidade de receitas próprias (ver ponto 4.3). 4.4.2 Principais Realizações Tratando-se de um organismo de tipo novo no ordenamento jurídico nacional, o CRA entra em actividades optando por uma aproximação pragmática e orientada para objectivos específicos para a sua organização, condicionada pelos recursos disponíveis, já que nessa altura a disponibilidade de recursos financeiros para a cobertura de custos correntes é ainda limitada à Taxa de Regulação, imposta pelo governo ao Operador Privado. 13 Inclui os Delegados do CRA, em regime de part-time, sendo 4 de nível superior e 3 de nível médio Página 46 de 76 Assim, o CRA inicia a operacionalização efectiva do seu mandado através do seu primeiro Plano Estratégico cobrindo o período 2003-2005, e no qual vai estabelecer cinco Objectivos Principais, visando, nomeadamente: i) Promover a revisão do sistema e estrutura tarifária à luz da Política Tarifária de Águas; ii) Consolidar o papel regulador do CRA a nível nacional; iii) Estabelecer canais de comunicação para protecção do consumidor; iv) Apoiar a definição de um QGD descentralizado e de um marco regulatório nacional; e finalmente, v) Estabelecer um sistema para monitorar os serviços. Contudo, a acção do órgão vai ser ainda, muito influenciado pelo processo de renegociação dos contratos ente o FIPAG e a AdeM (ver Capitulo 1), o qual absorveu de modo significativo a direcção da instituição. Frequentemente solicitado pelas partes em modo informal para ajudar a alcançar uma solução mutuamente aceitável, o CRA vai seguir muito de perto todo o processo negocial, até ao seu desfecho final em Dezembro de 2003. Em 2004 e 2005 são produzidos instrumentos, ora em aperfeiçoamento, que permitirão monitorar a qualidade de serviço, o desempenho comercial e financeiro dos Operadores. A actividade dos Delegados do CRA já permite obter um conhecimento mais localizado, sistema por sistema, sobre a qualidade de serviço prestado e gerar informação própria em primeira mão. Entre as principais actividades realizadas em 2005 para além do monitoramento do serviço são de destacar as seguintes: Lançamento do processo de construção de parcerias com Organizações da Sociedade Civil para reforço à protecção do consumidor; Realização de um seminário com dirigentes dos quatro Municípios do Sul (4CS) para discutir planos de gestão e capacitação institucional dos sistemas; e Início da preparação de um Plano de Acção do CRA para a regulação mais eficaz do serviço a população de baixa renda nas periferias urbanas. Em termos globais, o ano de 2005 termina em fase de estabilização paulatina da Gestão Delegada em Moçambique, ficando pela frente o desafio da consolidação e desenvolvimento dos sistemas. Entre as outras actividades principais do CRA destacam-se as sessões do Plenário em que foram aprovadas novas tarifas; o quadro de parcerias com os Municípios abrangidos pelo QGD, para a defesa do consumidor, bem como as actividades derivadas da expansão do QGD aos Quatro Sistemas do Sul, nomeadamente Xai-Xai, Chókwè, Inhambane e Maxixe. Foi assinado, em 2005, o Acordo Regulatório que serviu de base para a aprovação dos indicadores da qualidade do serviço bem como para a fixação de tarifas nestes sistemas. Página 47 de 76 O ano de 2006 foi marcado pelo desenvolvimento das Orientações Estratégicas do CRA que serviram de base para a elaboração do Plano Estratégico 2006-2009. 2007 foi um ano de muitas realizações, tendo como pano de fundo, a criação de capacidade institucional. Vários estudos e acções foram realizados com vista a dotar o Regulador de ferramentas para melhor levar a cabo a sua missão. Os produtos essenciais destes estudos foram: Metodologia de Avaliação e Mapeamento da qualidade de serviço; tendo sido desenvolvido um Sistema de Informação Geográfica para a avaliação da qualidade de serviço de forma mais detalhada; Linhas mestras para o desenvolvimento estratégico do Regulador e a sua sustentabilidade; e Proposta de nova Estrutura de Tarifas e Metodologia para a Fixação de Tarifas de água ao Consumidor. Passo importante foi de 2007, foi a realização da primeira conferência internacional, em Moçambique sobre a regulação de um serviço público de abastecimento de água, sobre o lema “Transformar a Indústria da Água num Negócio Justo para Servir a Todos!”. Este evento serviu de barómetro para medir o pulsar do sector e ouvir a experiência internacional sobre a regulação. Na extensão da sua actividade regulatória e tendo em conta a política do Governo sobre a descentralização, o CRA assinou acordos de parceria com os Conselhos Municipais das cidades Beira/Dondo, Quelimane, Nampula e Pemba em 2004, e as cidades de Xai-Xai, Chókwè, Inhambane e Maxixe, em 2007 com vista a facilitar o monitoramento da qualidade de serviço e da satisfação dos consumidores, por via do Delegado do CRA. Nesta direcção, realizamos os primeiros encontros dos Fóruns de Consulta sobre o abastecimento de água de algumas cidades, cujo objectivo é envolver os Munícipes no processo de melhoria dos serviços. Ainda em 2007, concluímos um exercício de avaliação da satisfação e necessidades dos consumidores “Avaliação dos Beneficiários”, na sequência de outros realizados pelo FIPAG em anos anteriores. Durante o ano, o CRA participou ainda, na preparação do novo projecto financiado pelo Banco Mundial, designado “Water Services and Institutional Support”, o qual tem como importante objectivo a transferência da experiência da Gestão Delegada aos sistemas secundários. O Projecto teve o seu início em 2008. Outra acção de vulto foi o início, em parceria com o FIPAG, de processo de diálogo com o Município de Maputo para a definição de estratégia de integração dos Pequenos Operadores Privados, no quadro formal de abastecimento de água. Página 48 de 76 Durante o ano em causa, realizou-se um processo de auscultação pública sobre o novo Contrato de fornecimento de Água Potável (Contrato de Adesão), o qual entrou em vigor em 2008. Finalmente, reportar que 2008, foi o ano em que foi posta à prova a capacidade técnica e institucional do Regulador, ante o processo de Revisão Periódica do Contrato de Cessão de Exploração do Sistema de Maputo, cuja Deliberação do CRA, em Maio, foi aceite pelas Partes. Outra actividade importante em 2008 foi o acompanhamento pelo CRA, junto ao FIPAG, da preparação do Caderno de Encargos para o concurso de selecção de novos operadores dos sistemas de Beira/Dondo, Quelimane, Nampula e Pemba. Foi submetida ao Município de Maputo, uma proposta de Memorando de Entendimento sobre a regulação às preferias urbanas, com base nos Princípios Regulatórios previamente concebidos pelo Regulador em parceiros. 4.4.3 Recursos Financeiros A fonte principal de receitas próprias do CRA continua a ser a Taxa de Regulação paga pelo Operador do Sistema de Abastecimento de Agua `a Cidade de Maputo. Desde o início de 2000 até finais de 2008, o CRA recebeu da AdeM cerca de 78,600 milhões de Meticais o que dá uma média de 8.6 Milhões por ano. Se estas receitas permitiam, até 2003, cobrir todos os custos correntes, relativos à regulação dos cinco sistemas então integrados, nos últimos 2 anos têm sido, apenas suficientes para pagar salários dos trabalhadores e pouco mais. De facto, o CRA tem estado a conter o necessário crescimento do quadro técnico, programado no Plano de Negócios, 2007-2009. Para a cobertura de custos inerentes à capacitação institucional (formação, aquisição de bens, despesas correntes e consultorias, o CRA recebe fundos do Banco Mundial e de outros doadores, consignados a despesas específicas. Em 2004, o CRA passa a gerir directamente os fundos para suporte financeiro ao seu desenvolvimento, alocados pelo Banco Mundial. Deste modo, o CRA vai empenhar, entre 2000 e 2008, cerca de US$5 milhões, em consultorias, equipamento, assistência técnica e formação. Para se sustentar o desenvolvimento do CRA, é importante que os restantes sistemas regulados contribuam aos custos de regulação, o que está programado para 2009 em diante. No entanto, tratando-se de sistemas pequenos, o seu efeito conjunto vai produzir um acréscimo de receitas não superior a 20%. A extensão da regulação aos sistemas secundários, ainda mais pequenos, em curso de preparação, só vai ser possível com uma maior participação de fundos do Orçamento do Estado e/ou dos doadores. De facto, já desde 2007, o CRA passou a contar com fundos do Orçamento do Estado, no valor de cerca de 15 Milhões de Meticais. Em 2008, o valor passou para cerca de 20 milhões de Meticais. Em ambos os Página 49 de 76 casos, os fundos foram usados para financiar algumas despesas correntes, bem como comparticipar nos investimentos de capacitação institucional. A combinação entre Taxa de Regulação, fundos do Orçamento de Estado e contribuição dos doadores, permite hoje, dotar o Conselho, de uma robustez financeira que garante a prossecução dos objectivos traçados pelo Governo, bem como expressos no seu Plano Estratégico, na fase vigente, operando-se, no entanto, em regime de contenção de custos. Página 50 de 76 Testemunho Dra. Jane Walker, Banco Mundial The current DMF model in Mozambique has been tried and tested In 1998 the Government of Mozambique embarked on a bold and innovate way forward for the provision of water supply services. The results over the last ten years have shown that this business model approach, called the Delegated Management Framework (DMF), was successful and its use increased the stock of infrastructure investments and therefore the ability to supply more consumers by double and even triple in some areas. For example, in Nampula the water supply coverage increased from 20% in 2003 to 50% in 2008, and in Quelimane the increase was from 9% in 2003 to 47% in 2008, with the new distribution systems. This is a remarkable achievement given the state of the infrastructure in the mid 1990s in Mozambique and the generally weak performance of the sector. Confidence in the water supply sector is currently very high and about half a billion dollars has been invested for key works over this period. It is expected that at least double this amount will be needed over the next 10 years. The underlying principles of the DMF that mark its success include: (i) assets and operations are separate functions; (ii) assets are publicly owned and operations are undertaken by third parties; and (iii) independent regulation of the system, both for assets (investments) and operations by third parties. The later is particularly important as the independence of the regulation system is the bed-rock upon which confidence in the performance of the sector is based. It provides transparency and information for consumers, investors, operators and assets holders, as well as setting out fair and adequate tariffs that enable this entire business model of water supply services to operate and to expand. Página 51 de 76 Capítulo V DESAFIOS E PERSPECTIVAS NO AMBITO GESTÃO DELEGADA 5.1. Principais Desafios na Óptica do Regulador O CRA julga haver ainda elementos de risco nos processos em curso. A AdeM em Maputo tem ainda que consolidar um quadro de negócios equilibrado e uma maior eficiência comercial. Os contratos de gestão para as 4 cidades do Centro e Norte tiveram o seu término em Março de 2008, tendo recentemente sido lançado concurso público para a contratação de futuros Operadores. Há ainda, que encontrar a fórmula adequada de parceria pública - privada para a gestão delegada dos sistemas de Xai-Xai, Chókwè, Inhambane e Maxixe. Consideramos, por isso, serem decisivos os próximos anos para o sucesso da Gestão Delegada e seu desenvolvimento sustentado. Assim, de modo resumido, os principais desafios e perspectivas seriam: 5.1.1 Obras versus Exploração dos Sistemas Os anos 2004 e 2005 foram anos de lançar e executar obras para se recuperar o atraso do programa de investimentos. Até 2007 muitos sistemas duplicaram a sua capacidade de produção e distribuição apesar de as redes estarem a ser ampliadas mais recentemente. Na frente de exploração dos sistemas, os progressos são notórios, mas, ainda modestos! Muita capacidade adicional vai ser criada e deve ser bem aproveitada, reduzindo-se as perdas de água e promovendo-se uma distribuição de água mais eficiente, equitativa e geradora de mais receitas. Desde já a Exploração deverá ter uma maior prioridade. O nível de perdas de água, por razões técnicas (condutas com fugas de água) ou por razões designadas por comerciais (consumo real não facturado), começa agora a ser mais realisticamente avaliado e é muito elevado. Há cidades que teoricamente podem ter 24/24 horas de distribuição de água mas com várias zonas onde mal chega a água por problemas de rede e seu maneio. De 2007 a 2008, nota-se uma tendência de melhoria no controle da distribuição de água. 5.1.2 Aumento das Tarifas versus Eficiência de Exploração Temos compromissos de rentabilidade de exploração dos Operadores e de serviço da dívida dos investimentos que nos levaram a subir anualmente, a tarifa na ordem dos 10% em termos reais (acima da inflação), nos primeiros anos e mais suavemente, desde 2006. Se por um lado há ainda um grande esforço na melhoria da eficiência da exploração, reduzindo os níveis de água não contabilizada (perdas técnicas e comerciais), ou por melhorias na taxa de cobranças, por outro, a extensão do serviço à população não servida obriga a um crescimento da capacidade de geração de receitas para sustentar os investimentos. A eficiência na exploração comercial dos sistemas merece urgente atenção em contrapartida ao esforço adicional esperado do consumidor para se conseguir alcançar as metas de cobertura Página 52 de 76 estabelecidas pelo Governo! A Tarifa ao Consumidor atingiu em 2007, 80% dos alvos de cobertura de custos dos alvos estabelecidos, mas no entanto, ela tem estado a ser contida até hoje, por razões de mitigação de vários bens e serviços básicos, o que vai obrigar um grande esforço de acomodação de programas em curso, ou planificados. 5.1.3 Investimento e Sustentabilidade O Governo tem feito um grande esforço nestes sistemas, e os financiadores têm dado provas de confiança no processo. Estes sistemas estão a cerca de dois terços do seu ciclo de investimento: emergência – reabilitação - aumento de capacidade - extensão das redes de distribuição. O investimento nas redes de distribuição foi ainda pequeno, mas está a ser ampliado, tendo em vista as metas de cobertura do Governo para 2009 e 2015. Com mais rede temos mais clientes e geram-se economias de escala que viabilizam a sustentabilidade dos sistemas e contêm a subida das tarifas. O QGD tem estado a atrair investimentos adicionais e novos investidores, em particular para a Cidade de Maputo que pode melhor sustentar créditos. Maputo precisa de aumentar em muito a sua capacidade de oferta de água pois é o sistema em que tem sido mais difícil aumentar o número de horas de distribuição. Os restantes sistemas, mais pequenos, foram já beneficiados em obras que aumentaram em muito a capacidade de produção de água até 2007. A carteira de projectos sob gestão do FIPAG, rondava em cerca de 150 milhões de Dólares em 2004, em 2008 esse valor atingiu cerca de 400 milhões de Dólares, para o período até 2012 aproximadamente. Uma parte significativa deste investimento representa créditos que obrigam a um serviço da dívida que tem de ser sustentado por receitas adicionais provenientes das tarifas ao consumidor. 5.1.4 Novas Vias para o Desenvolvimento da Gestão Delegada O actual QGD não deve ser estendido mecanicamente. O QGD está desenhado essencialmente para os grandes sistemas onde o Estado criara Empresas Estatais de Água (15 cidades). Uma estratégia de descentralização da Gestão Delegada assente em responsabilidades definidas a vários níveis, com a regulação a realizar-se a dois níveis: Central e Local (regulação indirecta), parece ser importante para os sistemas mais pequenos. Outro aspecto fundamental é a da promoção de operadores privados domésticos e de novas parcerias público - privadas de liderança nacional através de programas específicos para o efeito e um maior esforço do Estado nesta frente, já que se constata uma retracção do interesse de operadores internacionais neste sector. Página 53 de 76 O futuro da expansão da gestão delegada estará possivelmente na sua aplicabilidade aos sistemas mais pequenos, com um s na quadro contratual e ba r U l um processo de ias ma Sis or gua f er f i r n t transacção simples, Em em Pe o I a Á os (ou Ge as S i ad a d r c á r expedito, e, tanto d o au stã ec Me ven ten zinh al tó n o un n e i om De dá Alv quanto possível, R Fo o V orm a/c leg rio CRA d Inf 50 o: D . om ad s a p r r i gerível no nível das Sis a o er c a Regulaç Regulação Po a ne do ial tem rde da rban or era ) Central Directa m T as % U autoridades locais, Op 40 até de o: v 20 l com apoio do nível Água Urbana A 15 provincial e central. 15 Cidades/13 Sistemas As medidas e Interacç Interacção com o orientações deste CONHECER Saneamento Urbano processo estão já a ser O NOSSO preparadas pelo “MERCADO” MERCADO” Alvo: Principais Cidades Governo, o que vai obrigar a um desenvolvimento do quadro legal e as necessárias medidas de capacitação das instituições, a vários níveis. Nesta óptica, o CRA está a estudar e desenvolver opções de “Regulação Indirecta” que mobilize a autoridade local na criação de condições de imposição local de um quadro - padrão de regulação emitido centralmente, pelo CRA ou pelo Governo. 5.2. SERVIR TODOS! O DESAFIO DAS PERIFERIAS URBANAS A cobertura dos serviços de abastecimento de água em Moçambique é fraca, e são necessárias estratégias para incrementar rapidamente o acesso. Os serviços deveriam incorporar uma vasta gama de soluções convencionais e não convencionais para satisfazer as necessidades dos consumidores de acordo com a sua capacidade de pagamento e os níveis de serviço preferidos desde que se mostrem viáveis para o subsector. O CRA tem dado especial atenção à avaliação do serviço às periferias urbanas, normalmente mais vulneráveis no que refere à degradação da qualidade do serviço e tem estado, desde 2005, a desenvolver iniciativas e estudos no sentido de se estabelecer como uma mais-valia entanto que regulador, para os consumidores ao nível das periferias urbanas. A população de baixa renda depende do serviço de fontanários ou de outras formas alternativas e informais de serviço. O caso em estudo respeita a Maputo/Matola. Página 54 de 76 Hoje, calcula-se que cerca de 26% da população residente nos bairros periféricos das Cidades de Maputo/Matola (vide gráfico 5.1), usa a torneira do quintal do vizinho como fonte primária de abastecimento de água. Muitos dos bairros periféricos das Cidades de Maputo e Matola, porque nunca estiveram ligados a rede pública de abastecimento de água, propiciaram o surgimento de operadores informais para a provisão do serviço de abastecimento de água. Com base neste cenário, o CRA tem vindo a equacionar a possibilidade da Gráfico 5.1 - Fontes de Abastecimento de Água em legalização da revenda Maputo e Matola de água nos quintais estando, matéria que colheu consenso das entidades envolvidas e se encontra em fase de operacionalização. Esta é uma nova frente que o CRA terá que prestar maior atenção no que refere a regulação destes serviços chamados “alternativos”. A opção em estudo, considerada mais exequível, é a da “micro-regulação” delegada a nível local, sob a autoridade do Conselho Municipal. Esta é uma forma de regulação “indirecta” ou “partilhada”, em vias de ser posta em prática a título experimental na Cidade de Maputo. % que usa Outro desafio importante refere à capacidade em pagar pelos grupos de mais baixa renda. Com base nos resultados do estudo “Avaliação da Satisfação do Consumidor de Água realizado em 2007 Gráfico 5.2: Acesso dos Agregados Familiares às fontes de água 40 pode-se constatar que segundo o nível de pobreza 35 grande parte da 30 população de mais baixa renda está 25 disponível a pagar por 20 uma ligação de água 15 da rede convencional 10 a níveis viáveis mas 5 está hoje grandemente 0 Quintil 1- mais Quintil 2 Quintil 3 Quintil 4 Quintil 5- menos dependente de outras pobres pobres fontes alternativas Ligações FIPAG Ligações Privados Torneira do vizinho conforme Fontanário Público Fontanário Privado representado no gráfico seguinte. De facto, 76% dos inquiridos estão na disponibilidade de ter uma ligação, Página 55 de 76 domiciliária, tipo torneira no quintal, para uma factura mensal na ordem de 250,00 Meticais, valor muito superior a actual factura correspondente ao consumo de 10 metros cúbicos por mês o que corresponde a 150,00 Meticais. Como resposta aos desafios já antes mencionados, o CRA desenvolveu princípios regulatórios, em consulta com os actores interessados, que permitam orientar o desenvolvimento de uma regulação conducente a promover a expansão do acesso à água. Apresentam-se a seguir alguns dos princípios mais importantes: 1. A regulação deve desempenhar um papel activo na facilitação da extensão de serviços sustentáveis para todos, incluindo para os pobres. O regulador deve se responsabilizar pelas necessidades presentes e futuras dos consumidores. 2. A extensão dos serviços depende das soluções de abastecimento de água compatíveis com o desenvolvimento urbano local. Por forma a estender os serviços para as zonas periurbanas, onde o acesso é difícil e onde reside a maioria das pessoas, todas as soluções apropriadas e acessíveis deverão ser consideradas incluindo as formas não convencionais de fornecimento de serviços. As medidas adoptadas para estender os serviços deverão assegurar a inclusão dos pobres. 3. A definição formal do ‘acesso’ e do método de cálculo da ‘cobertura’ deverá considerar a necessidade de soluções apropriadas e acessíveis para o abastecimento de água aos pobres. Novos instrumentos de monitoria simples deverão ser aplicados para avaliar a qualidade dos serviços formais e informais ou não convencionais. 4. Os grupos alvo da extensão dos serviços deverão ser bem identificados para que sejam adoptadas medidas apropriadas para incluir os pobres até agora não beneficiados. Deverão ser desenvolvidos critérios de medição dos objectivos de abrangência de consumidores de baixa renda e não servidos. 5. Deverá ser implementado um regime regulatório estável por forma a incentivar todos os fornecedores de serviços a investirem e a encorajá-los a abrangerem, especificamente, os consumidores pobres. Página 56 de 76 5.3. Perspectivas e Orientações no Âmbito da Regulação A matéria exposta nos pontos anteriores consubstancia parte essencial dos desafios do futuro, e tem sido objecto de reflexão sistemática por parte do CRA. Como referido, em 2006 o CRA Caixa 5.1. preparou, à luz do PARPA II, as suas Política de Águas, 2007: Orientações Estratégicas até 2009. No mesmo período, mais precisamente em 2007, o “Para as principais cidades, a Governo aprovou uma nova Política de Águas, experiência da gestão delegada e dando continuidade e aprofundando as regulação independente deverá ser reformas do sector. A experiência da gestão expandida, com o envolvimento dos delegada é apreciada favoravelmente e Municípios, autoridades locais e recomendada a sua extensão aos sistemas de operadores privados, sempre que os menor dimensão. sistemas possam tornar-se auto Assim, é colocada em evidência a perspectiva da ampliação da regulação e do papel do CRA, como um dos maiores desafios que se colocam a frente da instituição. Vai ser em torno destas orientações e da procura de soluções sustentáveis, convencionais ou alternativas, para servir a maioria da população, e ainda viabilizar a reforma dos serviços em sistemas de menor dimensão, que se vão radicar os desafios futuros do CRA. sustentáveis.” “A experiência de regulação será expandida na linha de separação de funções, estabelecendo uma regulação independente para os fornecedores de serviços, tanto privados como públicos, tendo em consideração as diferenças específicas entre sistemas grandes e pequenos.” Para além da visão do desenvolvimento do CRA, as Orientações Estratégicas adoptadas pelo órgão em 2006, identificam, três principais domínios, com evidente implicação no desenvolvimento futuro do CRA, nomeadamente: (i) O desenvolvimento sustentável do serviço; (ii) O desenvolvimento das capacidades de auto - sustentação; e (iii) A consolidação e desenvolvimento da regulação e do CRA, preconizando o seguinte: i) No âmbito do desenvolvimento Sustentável do Serviço: A procura de soluções sustentáveis, convencionais ou alternativas, em particular para a extensão do serviço às periferias das cidades; De forma a resultar num alivio do orçamento familiar dos mais pobres; A formalização de algumas soluções não convencionais e o desenvolvimento de um quadro regulatório apropriado; e Contribuir para a formulação de uma estratégia, a longo prazo, de alcance do serviço universal, nomeadamente para o alcance das metas de cobertura do Governo. Página 57 de 76 ii) No desenvolvimento das capacidades de auto sustentação Viabilizar o reforço da capacidade de sustentação de investimentos por receitas próprias, com tarifas de água económica e socialmente justas; Actualizar a estratégia de recuperação de custos e rever o sistema tarifário da água, de forma a ser mais eficaz e equitativo e, ainda Promover a auto sustentação da exploração de 9 sistemas, integrados no QGD até 2005, e o auto financiamento de parte significativa dos investimentos do Sistema de Maputo/Matola, devendo, O Regulador ser uma mais-valia para a estabilidade de negócios e desenvolvimento dos operadores e do FIPAG. iii) Na consolidação e desenvolvimento da regulação e do CRA O reforço da supervisão do desempenho dos responsáveis pelo serviço e da informação/participação dos consumidores; A criação de instrumentos adicionais de viabilização da acção interventiva/correctiva do Regulador; Desenhar opções de desenvolvimento da função regulatória e do papel do CRA, a longo prazo, nomeadamente através do envolvimento mais activo das Autarquias e autoridades locais e a participação da sociedade civil, como “voz do consumidor”; A promoção da inter – relação entre o desenvolvimento da regulação e o processo de municipalização. O CRA está ciente que o sector está em permanente desenvolvimento e que por isso irá adaptando estas orientações em sintonia com os programas e as políticas de desenvolvimento do Governo, face ao que é hoje a visão do CRA: A taxa de cobertura da população urbana vai acentuar a tendência crescente dos últimos anos e os principais sistemas de abastecimento de água urbano vão atingir níveis elevados de auto sustentação de custos. Terão sido dados passos importantes na redução de perdas de água e na melhoria da extensão do serviço às periferias urbanas. Importantes iniciativas terão sido realizadas para o desenvolvimento e participação de Operadores Privados Nacionais associados à integração de novos sistemas no QDG. A abrangência do QDD, e das responsabilidades das suas instituições, vai evoluir. O desenvolvimento dos serviços de abastecimento de água e saneamento urbanos na forma de gestão autónoma, e em particular como gestão Delegada, vai fazer repensar a função regulatória. Neste horizonte espera-se ter desenhado as várias opções de desenvolvimento sustentado do CRA. Página 58 de 76 Testemunho Eng.º Pedro Cunha Serra, PCA, Águas de Portugal, SGPS, SA CRA afirmou-se como um órgão independente É com muito prazer que deixo o meu testemunho para as celebrações dos 10 anos do CRA. As reformas do sector da água foram iniciadas pelo Governo Moçambicano no seguimento dos Acordos de Paz e tiveram grande importância para resolver os graves problemas que o sector enfrentava, especialmente ao nível da implementação de um modelo que pudesse garantir a satisfação das necessidades das populações e a articulação dos interesses dos diversos actores. Neste contexto, a decisão de privatização dos serviços de água de Maputo e a criação de um órgão Regulador foram elementos determinantes para a elevação da qualidade do serviço prestado na Área Metropolitana de Maputo. Ao longo destes 10 anos, o CRA afirmou-se como um órgão independente e competente para prosseguir as missões que lhe foram atribuídas, por mérito e dedicação dos seus dirigentes e colaboradores. Acompanho o sector da água de Moçambique desde 1995 e é com grande satisfação pessoal e profissional que constato estes progressos e faço votos de continuação deste caminho que se tem confirmado fundamental para a melhoria da qualidade da vida das pessoas. (Título da responsabilidade do CRA) Página 59 de 76 Anexo - Informação Técnica Quadro 1: Volume e Água não Contabilizada Gráfico 1: Tempo de resposta as reclamações Quadro 2: Principais Investimentos, Obras e Impactos Quadro 3: Quadro da Qualidade da Água Página 60 de 76 Quadro 1: Volumes e Água não Contabilizada Sistemas 2000-200314 2004 2005 2006 2007 2008 Volume Produzido (10 m ) 54.066 63.085 65.906 66.240 65.260 62.880 Volume Facturado (103 m3 ) 24.225 26.824 25.797 27.592 28.127 29.417 Água não contabilizada (UFW) 55% 57% 61% 58% 57% 54% 8.102 7.966 9.183 10.040 11.468 13.312 Volume Facturado (10 m ) 3.671 3.734 3.503 4.304 4.296 7.360 Água não contabilizada (UFW) 55% 53% 62% 57% 63% 45% Volume Produzido (103 m3 ) 4.030 4.363 4.290 4.316 5.046 5.584 Volume Facturado (103 m3 ) 2.348 2374 2.447 2.788 3.026 3.901 Água não contabilizada (UFW) 42% 46% 43% 35% 40% 30% 1.537 1.531 1.503 1.580 3.165 3.300 Volume Facturado (10 m ) 1.090 1.000 937 961 1.290 1.944 Água não contabilizada (UFW) 29% 35% 38% 39% 59% 41% Volume Produzido (103 m3 ) 1.982 2.596 1.807 3.000 2.858 2.932 Volume Facturado (103 m3 ) 1.024 1.254 1.039 1.514 1.542 1.752 Água não contabilizada (UFW) 48% 52% 43% 50% 46% 40% 2.654 2.109 1.959 Volume Facturado (10 m ) 1.027 1.057 1.252 Água não contabilizada (UFW) 61% 50% 32% Volume Produzido (103 m3 ) 2.497 3.253 3.905 Volume Facturado (103 m3 ) 1.190 1.342 2.019 Água não contabilizada (UFW) 52% 59% 50% 2.009 1.742 2.012 Volume Facturado (10 m ) 1.196 1.223 1.505 Água não contabilizada (UFW) 40% 30% 33% Volume Produzido (103 m3 ) 777 684 1.022 Volume Facturado (103 m3 ) 383 462 703 Água não contabilizada (UFW) 51% 32% 31% Indicadores 3 Maputo/Matola 3 Volume Produzido (103 m3 ) Beira/Dondo Nampula 3 3 Volume Produzido (103 m3 ) Quelimane Pemba 3 3 Volume Produzido (103 m3 ) Chókwè Xai-Xai 3 3 Volume Produzido (103 m3 ) Inhambane Maxixe 14 3 3 Valor médios ou típicos do período. Página 61 de 76 Gráfico 1: Tempo de Resposta as reclamações Página 62 de 76 Quadro 2- Investimentos, Principais Obras e impactos 2000-2008 Cidades Total 3 (10 USD) Principais Obras Principais Impactos Reabilitação da ETA; Aumento da capacidade de tratamento em 3 1000 m /h 3 Maputo/Matola 31.720,00 Construção de um novo filtro com 1.000 m /h; Disponibilidade de água para mais de cerca de 200.000 pessoas Construção de um novo CD em Laulane com 3 capacidade de 20.000 m /h; e Aumento da capacidade de armazenamento do CD de 3 Maxaquene em 20.000 m /h Aumento da capacidade de reserva de 3 150.000 m3/h para 190.000 m /h Expansão da rede aos bairros do Nordeste de Maputo, nomeadamente: Maxaquene D, 3 de Fevereiro, Hulene, Laulane Mahotas, FPLM, Mavalane, Costa do Sol, Pescadores e Triunfo; Instalação de duas novas condutas entre CDs de Chamanculo e Maxaquene e Chamanculo e Laulane Beira/Dondo Quelimane 12.191,40 11.232,70 Construção da nova estação de captação; Duplicação da capacidade de produção de 3 3 30.000m para 60.000m a partir de 2006; Construção de uma Subestação eléctrica e renovação dos Quadros eléctricos e instalação eléctrica da ETA; Aumento significativo do tempo distribuição para mais de 18 hrs/dia; Construção de 1.6 km de nova adutora de DN 600mm entre a Munhava e Shoprite; Extensão do serviço para mais 200.000 pessoas em 2006; Construção de 6 novos furos em Nicoadala Extensão do serviço para mais 150.000 pessoas em 2006; Construção de uma estação elevatória em Nicoadala e uma nova conduta adutora de 47 km de DN 500 ligando esta e o CD de Quelimane; 3 Construção de um reservatório de 2.000m no CD de Quelimane; Página 63 de 76 de Nampula 4.858,60 Reabilitação e extensão da ETA Duplicação da capacidade de tratamento de 3 água de 10.000 para 20.000 m /dia a partir de 2006; Controlo e redução de perdas Extensão do serviço para mais 160.000 pessoas em 2006 Melhoria das condições de trabalho e atendimento público. Construção de 3 novos furos e respectivas casas para bombas Pemba 3.617,70 Reabilitação e extensão da rede distribuição e de reservatórios de água Aumento da produção de água de 4.800 para 15.000m3/dia; de Extensão do serviço para mais 120.000 pessoas a partir de 2005; Assentamento da Nova adutora com 1,1 km entre os furos 9 e 10 e a nova torre R3; Aumento da capacidade de produção de 3 6.600 para 9.000m /d; Construção da Nova torre de distribuição R3 3 com capacidade de 500m que irá abastecer os Bairro 2, 3 & 7; Aumento da capacidade de reserva de 500 3 para 1.000m ; Instalação de 11,0 km de redes de distribuição; Aumento da população servida de 55 para cerca de 70%; Controlo e redução de perdas Chókwè Instalação de 796 novas ligações e 8 novos fontanários; 6.000,00 Xai-Xai Construção de 8 furos para uma produção total de 300m3/h; Aumento da capacidade de produção de 3 6.166 para 13.300m /d; Novos reservatórios com capacidade de 700, 3 550 e 250m para abastecer os Bairros da Cidade, Inhamissa e Praia Cimento; Aumento da capacidade de reserva de 3 3 1400m para 3.530m ; 5 km de adutoras entre os furos e os reservatórios; Aumento da população servida de 40% para cerca de 81%; Instalação de 826 reabilitação de 4.158; novas ligações e Página 64 de 76 Inhambane 7.000,00 Construção da Nova Estação de Tratamento e Elevação para 322 m3/h; Aumento da capacidade de produção de 3 5.550 para 8.430m /d; Construção de 2 Novos reservatórios, de 250 m3 em Muelé que abastecerá a maior parte de Inhambane e outro de 110 m3 que abastecerá a área de Guitambo; Aumento da capacidade de reserva de 1.540 3 para 1.900m ; Assentamento de 616 novas ligações e 12 novos fontanários; Aumento da população servida de 57 para cerca de 84%; Construção da Nova Estação de Tratamento com capacidade de 302 m3/h; Aumento da capacidade de produção de 3 1.936 para 6.700m /d; Construção de 2 Novos reservatórios, de 600 m3 que abastecerá a maior parte de Maxixe e outro de 200 m3 que abastecerá pequena parte de Maxixe; Aumento da capacidade de reserva de 750 3 para 1.550m ; Assentamento de 288 novas ligações e reabilitação de 1.155; Aumento da população servida de 8 para cerca de 42 %; Maxixe Página 65 de 76 Quadro 3: Qualidade da Água Cidades Maputo/Matola Descrição 1. Criação/Operacionalização de Laboratórios 2. % de Análises DLC 2004 Coliformes fecais-99%, Cloro Residual-99%, Turvação-63% Quelimane 2. % de Análises DLC Coliformes fecais-Si% , Cloro Residual-95,5%, Turvação-82% 1. Criação/Operacionalização de Laboratórios Nampula 2. % de Análises DLC 2. % de Análises DLC Coliformes fecais-100% , Cloro Residual-93%, Turvação-62% Coliformes fecais-100% , Cloro Residual-89%, Turvação-65% 2007 Aquisição de novo equipamento de Laboratório Coliformes fecais-100% , Cloro Residual-99%, Turvação-89% 2008 Coliformes fecais-100% , Cloro Residual-92%, Turvação-100% Aquisição de novo equipamento de Laboratório Coliformes fecais-100% , Cloro Residual-75%, Turvação-45% Coliformes fecais-98% , Cloro Residual-96%, Turvação-82% Coliformes fecais-100% , Cloro Residual-94%, Turvação-88% Aquisição de novo equipamento de Laboratório Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-95%, Turvação-99% Laboratório em funcionamento Coliformes fecais-100% , Cloro Residual-88%, Turvação-100% Coliformes fecais-100% , Cloro Residual-96%, Turvação-98% Coliformes fecais-S/i, Cloro Residual-72%, Turvação-68% Coliformes fecais-97% , Cloro Residual-89,5%, Turvação-100% Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-99%, Turvação-100% Coliformes fecais-93% , Cloro Residual-68%, Turvação-99% Coliformes fecais-100% , Cloro Residual-98%, Turvação-99% Aquisição de novo equipamento de Laboratório Coliformes fecais-100% , Cloro Residual-96%, Turvação-87% Coliformes fecais-100%, Cloro Residual-95%, Turvação-94% Coliformes fecais-100% , Cloro Residual-84%, Turvação-48% Coliformes fecais-S/i, Cloro Residual-85%, Turvação-21% Coliformes fecais-100% , Cloro Residual-100%, Turvação-74,5% Entrada em funcionamento do Laboratório 1. Criação/Operacionalização de Laboratórios Pemba Coliformes fecais-100% , Cloro Residual-100%, Turvação-37% Entrada em funcionamento do Laboratório 1. Criação/Operacionalização de Laboratórios 2. % de Análises DLC 2006 Entrada em funcionamento do Laboratório 1. Criação/Operacionalização de Laboratórios Beira/Dondo 2005 Laboratório em funcionamento Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-100%, Turvação-100% Coliformes fecais-Si , Cloro Residual-88%, Turvação-85% Página 66 de 76 Cidades 2004 2005 2006 2007 2008 Não possuem Laboratórios. Análises são feitas no CHAEM Maputo 1. Criação/Operacionalização de Laboratórios Chókwè 2. % de Análises DLC Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, Coliformes fecais-S/i, Cloro Residual-S/i, Turvação-S/i Não possuem Laboratórios. Análises são feitas no Chaem Maputo Xai-Xai 1. Criação/Operacionalização de Laboratórios 2. Análises Microbiológicas Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, 1. Criação/Operacionalização de Laboratórios Inhambane 2. % de Análises DLC 2. % de Análises DLC Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, Coliformes fecais-91%, Cloro Residual-96%, Turvação-100% Não possuem Laboratórios. Análises são feitas no CHAEM Maputo Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, Coliformes fecais-100%, Cloro Residual-97%, Turvação-100% Não possuem Laboratórios. Análises são feitas no Chaem Maputo 1. Criação/Operacionalização de Laboratórios Maxixe Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, Coliformes fecais-S/i , Cloro Residual-S/I;, Turvação-S/I, Coliformes fecais-100%, Cloro Residual-100%, Turvação-100% Página 67 de 76 Áreas Criticas Beira/Dondo - Exercício de Mapeamento do CRA Página 68 de 76 Áreas Criticas Maputo/Matola - Exercício de Mapeamento do CRA Página 69 de 76 FICHAS DE INDICADORES Indicadores Beira/Dondo 2000-2003 3 3 Volume Produzido (10 m ) 3 3 Volume Facturado (10 m ) Água não contabilizada (UFW) 2004 2005 7.966 3.734 9.183 8.102 3.671 2006 2007 2008 10.040 11.468 13.312 4.304 4.296 7.360 3.503 62% 57% 63% 45% 58.371 75.379 80.844 98.630 55% 53% s/i s/i Valor Cobrado (10 MZM) s/i s/i Taxa de cobrança s/i s/i 51.434 88% 63.188 83% 78.971 103% 89.510 91% Custos Operacionais (10 MZM) s/i 59.305 84.951 86.350 129.311 89.538 Fact. c/base em leitura real (%) 65% 56% 86% S/I 93% 96% 684 1.214 1.081 800 1.888 1.105 6 Valor facturado (10 MZM) 6 6 Nr. de reclamações População 577.700 615.733 631.742 648.167 578.627 593.671 Total Ligações 12.415 13.203 12.700 13.412 15.235 17.974 Ligações Domésticas 11.754 12.600 13.026 16.614 11.946 11.695 140 135 269 21% 122 20% 122 19% 21% 24% 37% 10 8 15 18 24 Fontanários facturados Cobertura Tempo de distribuição (horas/dia) 121 11 Página 70 de 76 Indicadores Quelimane 2000-2003 3 3 Volume Produzido (10 m ) 3 3 Volume Facturado (10 m ) Água não contabilizada (UFW) 2004 2005 1.531 1.000 1.503 1.537 1.090 2006 2007 2008 1.580 3.165 3.300 961 1.290 1.944 937 38% 39% 59% 41% 13.844 15.240 21.196 35.115 29% 35% s/i s/i Valor Cobrado (10 MZM) s/i s/i Taxa de cobrança s/i s/i 9.436 77% 11.874 74% 20.190 95% 32.079 91% Valor facturado (106MZM) 6 6 Custos Operacionais (10 MZM) s/i Fact. c/base em leitura real (%) 49% 10.663 65% 9.174 66% 16.904 0% 16.578 66% 19.238 76% 228 351 551 250 366 487 167.369 177.530 181.791 186.154 192.876 197.505 Total Ligações 2.533 2.450 2.901 3.012 4.024 5.268 Ligações Domésticas 2.329 2.368 2.549 2.660 3.587 4.783 Nr. de reclamações População Fontanários facturados Cobertura Tempo de distribuição (horas/dia) 20 23 25 35 28 58 13% 14% 14% 17% 17% 28% 9 8 12 10 21 24 Página 71 de 76 Indicadores Nampula 2000-2003 3 3 Volume Produzido (10 m ) Volume Facturado (103m3) Água não contabilizada (UFW) 2004 2005 4.030 2.348 4.363 2374 2006 2007 2008 4.316 5.046 5.584 4.290 2.788 3.026 3.901 2.447 43% 35% 40% 30% 29.332 45.222 58.203 61.163 42% 46% s/i s/i Valor Cobrado (10 MZM) s/i s/i Taxa de cobrança s/i s/i 26.105 89% 33.917 75% 52.769 91% 50.704 83% 6 Valor facturado (10 MZM) 6 6 Custos Operacionais (10 MZM) s/i Fact. c/base em leitura real (%) 40% 24.283 40% 66.184 43% 96.472 s/i 51.885 70% 57.612 73% 828 932 292 737 318 516 334.847 353.464 361.241 369.188 477.900 488.414 5.330 6.153 6.408 7.295 10.030 11.836 inf. inconsistente s/i 6.659 9.207 10.841 5.671 s/i 5.861 Nr. de reclamações População Total Ligações Ligações Domésticas Fontanários facturados Cobertura Tempo de distribuição (horas/dia) 15 112 174 183 s/i 78 19% 25% 28% 30% 19 16 19 24 23 Página 72 de 76 Indicadores Pemba 2000-2003 3 3 3 3 Volume Produzido (10 m ) Volume Facturado (10 m ) Água não contabilizada (UFW) 6 Valor facturado (10 MZM) 6 Valor Cobrado (10 MZM) Taxa de cobrança 6 Custos Operacionais (10 MZM) Fact. c/base em leitura real (%) Nr. de reclamações População Total Ligações Ligações Domésticas Fontanários facturados 2004 2005 1.982 2.596 1.807 3.000 2.858 2.932 1.024 1.254 1.039 1.514 1.542 1.752 48% 52% 43% 50% 46% 40% s/i s/i 14.673 20.755 37.519 25.446 s/i s/i 14.233 17.642 21.528 23.315 s/i s/i 97% 85% 92% 92% s/i 16.356 14.630 25.973 22.602 20.856 2007 2008 79% 75% 68% 0% 75% 77% 1.632 1.411 1.351 869 2.332 510 96.287 103.120 106.008 108.976 141.316 145.273 2.984 4.032 4.355 4.757 5.024 5.598 i/inconsistente 3.529 3.924 4.300 4.324 5.089 45 92 103 88 72 79 63% 68% 61% 42% 46% 21 18 18 13 11 Cobertura Tempo de distribuição (horas/dia) 2006 12 Página 73 de 76 Indicadores Chókwè 2006 2007 2008 3 3 2.654 2.109 3 3 1.027 1.057 .252 61% 50% 32% 9.395 13542 17872 8044 12307 10975 85% 91% 61% Custos Operacionais (10 MZM) 7.956 12.142 15.765 Fact. c/base em leitura real (%) 27% 58% 92% 778 806 1533 População 99.524 93.428 95.670 Total Ligações 3.686 4.301 4.902 3.399 3.961 4.551 34 64 70 35% 57% 62% 19 16 16 Volume Produzido (10 m ) Volume Facturado (10 m ) Água não contabilizada (UFW) Valor facturado (103MZM) 3 Valor Cobrado (10 MZM) Taxa de cobrança 3 Nr. de reclamações Ligações Domésticas Fontanários Operacionais Cobertura Tempo de distribuição (horas/dia) Indicadores 1.959 Xai-Xai 2006 2007 2008 3 3 2.497 3.253 3.905 3 3 1.190 1.342 2.019 Água não contabilizada (UFW) 52% 59% 50% Valor facturado (103MZM) 9907 14701 30186 9709 14260 20748 98% 97% 69% Custos Operacionais (10 MZM) 11.851 18.674 21.098 Fact. c/base em leitura real (%) 25% 63% 80% Nr. de reclamações 1489 562 1170 123.600 116.343 119.135 4.538 5.770 8.562 .317 5.472 8.203 30 64 69 21% 52% 67% 20 24 17 Volume Produzido (10 m ) Volume Facturado (10 m ) 3 Valor Cobrado (10 MZM) Taxa de cobrança 3 População Total Ligações Ligações Domésticas Fontanários Operacionais Cobertura Tempo de distribuição (horas/dia) Página 74 de 76 Indicadores Inhambane 2006 2007 2008 3 3 2.009 1.742 2.012 3 3 1.196 1.223 1.505 40% 30% 33% 13.249 17.086 22.665 12.189 14.694 17.067 92% 86% 75% Custos Operacionais (10 MZM) 12.832 15.211 16.459 Fact. c/base em leitura real (%) 47% 73% 91% 333 664 725 População 66.260 63.867 65.400 Total Ligações 3.398 3.863 6.291 3.081 3.532 5.918 26 35 56 40% 57% 93% 24 24 24 Volume Produzido (10 m ) Volume Facturado (10 m ) Água não contabilizada (UFW) 3 Valor facturado (10 MZM) 3 Valor Cobrado (10 MZM) Taxa de cobrança 3 Nr. de reclamações Ligações Domésticas Fontanários Operacionais Cobertura Tempo de distribuição (horas/dia) Indicadores Maxixe 2006 2007 2008 3 3 777 684 1.022 3 3 383 462 703 51% 32% 31% Taxa de cobrança 3987 3867 97% 5125 4664 91% 9665 8101 84% Custos Operacionais (103MZM) 3.742 4.601 6.670 Fact. c/base em leitura real (%) 81% 96% SI 736 80% 819 Volume Produzido (10 m ) Volume Facturado (10 m ) Água não contabilizada (UFW) 3 Valor facturado (10 MZM) 3 Valor Cobrado (10 MZM) Nr. de reclamações População 118.430 105.895 108.436 Total Ligações 1.279 1.848 4.298 Ligações Domésticas 1.121 1.650 4.031 80 58% 21 15 50 Cobertura 9% 32% Tempo de distribuição (horas/dia) 19 16 Fontanários Operacionais Página 75 de 76 Notas: 1: Os dados do período 2000-2003 é uma média ponderada ou média representantiva do período atendendo a precariedade e inconsistência da informação no périodo inicial dos contratos 2: A população total foi projectada a partir dos dados do censo de 1997, tendo como base taxa de crecimento natural das provincias que se assumiu igual a das respectivas capitais provincias ou cidade satelite. 3: A cobertura foi calculado com base nas ligações domésticas e fontanários facturados no caso de Maputo e 4CN e nas 4CS os fontanários indicados como operacionais. Quanto ao fontanários facturados julgamos que representam melhor a situação de fontanarios operacionais pois é nestes que as empresas têm melhor controlo da situação. 4: Onde não foi possível tratar ou ajuizar os dados indicamos Informação Inconsistente e Sem Informação (S/I). Nestes caso esperamos que nos facultem ou indique as razões de indisponibilidade de dados. Página 76 de 76