mistérios do pampa

Transcrição

mistérios do pampa
www.neomondo.org.br
Ano 9 - No 71 - novembro/dezembro 2015
Exemplar de ASSINANTE
Venda Proibida
R$ 16,00
MISTÉRIOS
DO PAMPA
100 ANOS
DE AUGUSTO RUSCHI
O cientista dos beija-flores
MISTÉRIOS DO PAMPA
Uma viagem pelos biomas
brasileiros
NEO MONDO LANÇA
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO
Ampliam atuação em
educação e tecnologia
MATRIZ CERRO CORÁ
UNIDADE ACLIMAÇÃO
PROJETO TATUAPÉ
PROJETO MOEMA
SUSTENTABILIDADE É UM BOM NEGÓCIO?
Sim!
Além de filosofia de vida também
é um bom negócio!
E a Ecofit prova!
A decisão de onde colocar seu capital
e seu sonho já pode ser sustentável.
Promover o bem-estar e o comportamento
sustentável - agora em franquia.
A Ecofit inova com novo conceito
em franquia, aliança participativa!
RUA CERRO CORÁ, 580 - ALTO DE PINHEIROS
SÃO PAULO - SP - (11) 2148-4000 - www.ecofit.com.br
O GRAACC ESTÁ EM FESTA.
Com a ajuda de muita gente, ampliamos o nosso hospital e as chances de
recuperação de crianças e adolescentes com câncer. Alcançamos um índice de cura
de cerca de 70%, sendo que aproximadamente 90% dos pacientes de todo Brasil são
encaminhados pelo SUS. Nosso orgulho é poder mostrar a cada colaborador que sua
doação é investida com muita responsabilidade para oferecer aos pacientes um
tratamento digno, humano e comparado aos melhores do mundo.
doe, acredite.
Se depender da gente, nossas crianças vão apagar muitas velinhas nesta vida.
WWW.GRAACC.ORG.BR
0300 047 22 22
Um aliado ideal para
trabalhar nas escolas
Os brinquedos propostos no livro são confeccionados com diversos
materiais reaproveitáveis, aquelas coisas que se transformariam em lixo
e poluentes do meio ambiente. Se você não sabe como fazer bolinhas
de papel, tem dúvidas nas medições, cortes, colagem, pintura… ou nunca
fez papietagem, é só ler com atenção as informações detalhadas de
cada página e resolver as questões. Este livro mostra como transformar
coisas que normalmente iriam para o lixo em brinquedos supercriativos
relacionados a datas comemorativas – um para cada mês do ano.
Ricar
to
t
o
r
i
G
o
d
r
Rica
iro
do G
tto
m as
o
c
e
ivas
ta-s
divir memorat
s co
data
Fáb
rica
o
u
rinq
de B
al
Neo
Mondo
Um olhar consciente
R ica rdo Girotto
Autor: Ricardo Girotto
Ilustrador: Ricardo Girotto
48 páginas 23 x 30 cm
ISBN: 978-85-66251-06-7
reciclandoebrincando
fabrinquedos
www.editoracaramujo.com.br
Seções
ÍNDICE
12
Perfil
O cientista dos beija-flores
Augusto Ruschi foi cientista,
agrônomo, advogado,
naturalista e ecologista
18
28
Educação
Conheça
os mistérios
do Pampa
Sempre inovando para disseminar
o conceito de sustentabilidade
42
N O MO
NEO
OND
ON
DO
O - no
nov
oovembro/deze
ovem
vveem
emb
mb
mbro
bro
br
rro/d
ro/
ro
o/dezemb
o/d
o/
/d
/d
/dezem
deeezze
zem
emb
mbr
bro
b
ro
o 2201
015
001
15
15
Uma viagem pelos
Biomas Brasileiros
Instituto Neo Mondo amplia
atuação em educação e tecnologia
30
10
Meio ambiente
Clima
Na expectativa da maior
conferência global sobre o clima
A Cop 21 acontece no final de
novembro, mas proposta do governo
brasileiro já recebe críticas
Evento
Intercâmbio de ideias
e projetos com foco
em sustentabilidade
Nos dias 22 e 23 de setembro,
São Paulo sediou mais uma
edição da Conferência Ethos
EDITORIAL
Oscar Lopes Luiz
Presidente do Instituto Neo Mondo
[email protected]
Desde sua fundação, a revista NEO MONDO sempre buscou a vanguarda da comunicação para disseminar a
sustentabilidade. Em consonância com essa visão, é com enorme satisfação que anuncio a criação de três novos núcleos de
atuação: Branded Content, Educação e Tecnologia. Por meio deles, pretendemos continuar contribuindo para transformar
o presente e garantir o futuro de um planeta sustentável. Conheça mais sobre estas novidades em nossas páginas centrais.
Nesta edição, finalizamos nossa viagem aos biomas brasileiros com uma matéria especial sobre o Pampa, cuja beleza já
foi retratada em filmes e minisséries nacionais. E, num bimestre de muitas novidades, trazemos a nossos leitores os destaques
da Conferência Ethos 360º e do VIII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC).
Prestamos ainda nossa homenagem ao cientista Augusto Ruschi, conhecido como “cientista dos beija-flores”, e cuja vida
foi dedicada às descobertas, defesa e estudo das espécies brasileiras. Por fim, propomos a reflexão a respeito da Economia
Circular, que visa priorizar oportunidades com base no Pensamento do Ciclo de Vida de produtos e tecnologias.
Como veem, uma edição recheada de novidades.
Tenham uma ótima leitura!
NEO MONDO, tudo por uma vida melhor!
EXPEDIENTE
Publisher: Oscar Lopes Luiz
Diretora de Redação: Eleni Lopes (MTB 27.794)
Conselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Eleni Lopes, Marcio Thamos,
Dr. Marcos Lúcio Barreto, Terence Trennepohl, João Carlos
Mucciacito, Rafael Pimentel Lopes, Denise de La Corte Bacci,
Dilma de Melo Silva, Natascha Trennepohl, Rosane Magaly
Martins, Pedro Henrique Passos
Redação: Eleni Lopes (MTB 27.794),
Andreza Taglietti (MTB 29.146), Lilian Mallagoli
Revisão: Instituto NEO MONDO
Direção de Arte: LabCom Comunicação Total
Projeto Gráfico: LabCom Comunicação Total
Diretora Jurídica - Enely Verônica Martins (OAB 151.575)
Diretora de Relações Internacionais: Marina Stocco
Diretora de Educação - Luciana Mergulhão (mestre em educação)
Correspondência: Instituto NEO MONDO
Rua Ministro Américo Marco Antônio n0 204, Sumarezinho
São Paulo - SP - CEP 05442-040
Para falar com a NEO MONDO:
[email protected]
[email protected] [email protected]
Para anunciar: [email protected] Tel. (11) 2619-3054
98234-4344 / 97987-1331
Presidente do Instituto NEO MONDO:
[email protected]
PUBLICAÇÃO
A Revista NEO MONDO é uma publicação do Instituto NEO MONDO, CNPJ 08.806.545/0001-00, reconhecido como Organização
da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), pelo Ministério da Justiça - processo MJ n0 08071.018087/2007-24.
Tiragem mensal de 70.000 exemplares distribuídos por mailing VIP e assinaturas em todo o território nacional.
Os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição da revista e são de total responsabilidade
de seus autores. Proibido reproduzir o conteúdo desta revista sem prévia autorização.
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
11
shutterstock
ck
Perfil
12
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
Foto
Fot
FFo
oto
oot
ttoo: w
ww
ww.
w.ro
w.r
w
..rrrootta
tasc
tas
asc
aas
ssccap
apix
aapi
pix
ppi
iixxab
abas
aaba
bas
bba
aass..c
.com
.co
com
cco
oom
m
O CIENTISTA
DOS
BEIJA-FLORES
Augusto Ruschi foi cientista, agrônomo, advogado,
naturalista e ecologista de renome internacional. Sua
vida foi dedicada às descobertas, defesa e estudo das
espécies brasileiras. Descreveu cinco espécies e onze
subespécies de beija-flores. Sua segunda paixão foram as
orquídeas, das quais ele identificou 45 novas espécies.
Por Eleni Lopes
A
paixão pela natureza já corria no sangue de Augusto Ruschi muito antes de ele nascer. Sua família tem
mais de 2 mil anos de tradição no trabalho com ciência e plantas, cultivando-as e estudando-as, sendo
inclusive o nome da família originário da espécie Ruscus aculeatus, ou azevinho do campo.
Augusto Ruschi nasceu em 13 de dezembro de 1915, em Santa Teresa, uma pequena cidade de colonização italiana
nas montanhas do Espírito Santo. Foi o oitavo entre os doze filhos do casal de imigrantes Giuseppe Ruschi e Maria Roatti.
Sua vida foi dedicada às descobertas, defesa e estudo das espécies brasileiras. Foi o pioneiro do manejo sustentável
das florestas tropicais, da agroecologia, do controle biológico de doenças tropicais e zoonoses e das denúncias sobre o
uso irresponsável dos agrotóxicos.
Deixou uma vasta obra escrita, com 450 trabalhos, 22 livros e 2 instituições científicas - Museu de Biologia Professor
Mello Leitão e Estação Biologia Marinha Ruschi - e a Fundação Brasileira de Conservação da Natureza, várias reservas, entre
as quais o Parque Nacional do Caparaó e um dos maiores acervos de informações existentes sobre a floresta Atlântica.
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
13
Perfil
Foi o maior especialista mundial sobre
beija-flores, deixando a maior obra escrita
no mundo sobre o assunto. Descreveu
cinco espécies e onze subespécies deste
pássaro. Sua segunda paixão foram as
orquídeas, das quais ele também foi
capaz de identificar 45 novas espécies.
Também foi a principal autoridade
mundial sobre ecologia da floresta
Atlântica, sendo o único cientista no
mundo a viver 50 anos no interior da
floresta. Também deixou significativas
contribuições em estudos de morcegos,
macacos, bromélias e impacto ambiental.
em que se aprofundava no assunto.
Enfrentava autoridades, empresas e até
a própria justiça para defender as matas
virgens e as reservas ecológicas. Ganhou
notoriedade ao enfrentar, em 1977, o
governador do Estado do Espírito Santo,
que baixara um decreto determinando
que na Reserva de Santa Lúcia fosse
implantada uma fábrica de palmitos
enlatados, que seriam extraídos da
própria reserva. Logo em Santa Lúcia, uma
Estação Biológica do Museu Nacional,
com milhares de orquídeas catalogadas e
Polêmica com o governador
Augusto Ruschi começou a lecionar
na Universidade Federal do Brasil (atual
UFRJ), em 1937, com apenas 22 anos.
Neste período, Augusto Ruschi esteve
sob orientação direta do professor
José Cândido Mello Leitão, um grande
cientista brasileiro, principal especialista
em aracnídeos no mundo.
Com sede de conhecimento, Ruschi
não demorou muito em esgotar a sua
permanência no Rio de Janeiro. Dizia que
o trabalho de campo que realizava antes,
nas matas virgens do Espírito Santo, seu
Estado natal, era muito mais relevante
para a ciência do que o trabalho nos
laboratórios.
14
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
Ruschi recebeu os fiscais do governo
que vieram fazer a topografia da reserva
com uma espingarda na mão. Em
entrevista ao jornal Folha de S. Paulo,
contou detalhes do episódio: "Aquele
safado quis destruir a estação biológica
de Santa Lúcia para favorecer amigos
Não é maravilhoso existir um
"mundo
tão vasto que jamais
consigamos desvendar todos
os seus mistérios? E, além
disso, não parece apaixonante
viver não só para admirar os
seus prodígios, como também,
sobretudo, para tentar descobrir
os enigmas de que o homem
está ainda rodeado?
”
Foto: www.rotascapixabas.com
Para suas pesquisas, realizou 259
excursões científicas por todos os lugares
do mundo, da Patagônia ao Alasca,
sempre registrando em publicações
repletas de fotografias e slides, além
de todas as suas observações sobre a
natureza, os animais e as plantas.
Em suas andanças pelas florestas,
Ruschi testemunhava as agressões
que estas sofriam. “Cortam as matas
ignorando tudo o que está dentro.
Ninguém quer saber que lá têm milhares
de animais, centenas de milhares de
espécies de insetos, de plantas, que fazem
o seu equilíbrio. E o equilíbrio natural é
complexo, onde, às vezes, a ausência
de um elemento pode causar uma falha
muito grande. O homem é que perturba
e desequilibra”, dizia.
A indignação dele aumentava à medida
20 mil árvores numeradas com plaquetas
de identificação, reconhecida como uma
das regiões mais ricas do mundo em flora
epífita, trabalhada por Ruschi durante
mais de 40 anos.
seus, industriais. Queriam plantar palmito
lá. Chegou a tentar me tirar da direção da
reserva para facilitar sua intenção. Falei
que mataria este homem se fizesse este
crime e acho que mataria mesmo. Lembro
que, na época, o jornal Movimento foi o
primeiro a ficar do meu lado. Os jornais
do Espírito Santo, comprometidos com o
bandido, se omitiram".
O governador avisou a Polícia
Federal e, Ruschi, as imprensas nacional
e internacional. A pequena cidade de
Santa Teresa foi invadida por jornalistas,
que divulgaram para todo o país um
dramático e realista apelo de Ruschi pela
preservação da Reserva. O governador,
diante de tamanha repercussão, recuou.
O número de
“
homens na terra não
será determinado
pelas leis do homem,
mas sim pelas leis da
natureza.
”
shut
u terstock
tock
Ruschi foi também um defensor
da cultura e dos direitos das
minorias indígenas,
que ele conheceu
bem
de
perto
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
15
Perfil
Estou muito
"
decepcionado com
as coisas do futuro.
Num país em que até
os letrados ignoram a
importância do meio
ambiente é difícil
ficar otimista, ter
esperança. Mas continuo
brigando.
”
nas suas andanças pelas florestas, pelo
afluentes do Amazonas, pelos Andes e
pelos vales do Peru e da Colômbia. Durante
a ditadura militar, foi uma das poucas vozes
que se ergueram no período do Governo
Militar para denunciar a derrubada de áreas
na Amazônia.
Foi abraçando a cultura indígena que
Ruschi sensibilizou novamente o país, no
ano de 1986. Gravemente enfermo devido
a sequelas deixadas por doenças como
esquistossomose e malária, que contraiu
durante suas pesquisas pelas florestas, e
abatido pelo veneno de sapos dendrobatas
que tinha sido absorvido pelo seu organismo
durante uma coleta de material no Amapá,
Ruschi resolveu submeter-se a um ritual
indígena na esperança de que esta medicina,
baseada em ervas e raízes, o ajudasse a
enfrentar a doença. Já havia se submetido a
todos os tratamentos médicos convencionais.
Ruschi morreu pouco depois, de cirrose
hepática. Atendendo a um desejo seu, foi
enterrado nas matas da Reserva Biólogica
de Santa Lúcia. Coincidentemente, no dia
05 de junho de 1986, Dia Mundial do Meio
Ambiente.
shut
hutters
ersstock
ockk
Uma frase de Augusto Ruschi resume
sua preocupação com as ameaças à
natureza: “A capacidade de destruir do
homem partiu do arco e flecha, chegou
à bomba atômica e irá muito além dela.
Mas a Natureza lhe cobrará tributos cada
vez maiores, e se desejarmos continuar
como elementos integrantes dessa mesma
Natureza, a quem devemos uma grande
parcela de nossa existência, façamos-lhe
justiça, conservando-a”.
16
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
CAMPANHA
ADOTE UMA ESPÉCIE.
Ajude o WWF-Brasil a salvar o
boto-cor-de-rosa e a arara-azul.
Acesse wwf.org.br e adote.
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
17
MEIO AMBIENTE
UMA VIAGEM
PELOS BIOMAS
BRASILEIROS
Apesar de possuir uma paisagem marcante, o
O Pampa esconde diversos cenários e
ecossistemas pouco explorados.
Foto: Isaias Mattos
Da Redação
18
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
Foto: Divulgação
O
Pampa, conhecido também como Campos do
Sul ou Campos Sulinos, estende-se por grandes
áreas de três países da América do Sul (Argentina,
Uruguai e Brasil), ocupando quase 700 mil km² dos territórios
dessas regiões. No Brasil, o bioma ocupa quase 180 mil km² de
área, estando presente, em sua maior parte, nas regiões sul e
sudeste do Rio Grande do Sul (dois terços do Estado).
já foi identificada
a presença de mais
de 3000 espécies de
plantas, sendo que
a p ro x i m a d a m e n t e
400
delas
são
gramíneas. Apesar de
possuir uma paisagem
marcante
(planícies
cobertas de gramíneas,
plantas
rasteiras
e
algumas árvores e arbustos
encontrados
próximos
a
cursos d’água), a grande
variedade vegetal torna seu
cenário bastante diversificado.
Conheça três dessas paisagens:
1.
Parque do Espinilho: Localizado
exclusivamente no sudeste do Rio Grande do Sul,
é marcado por uma vegetação espinhosa
e seca (daí o nome). Os
últimos
remanescentes
significativos desse
tipo de formação
estão
no
Apesar de possuir uma paisagem marcante, com predomínio
de gramíneas, o bioma esconde inúmeros outros cenários e
ecossistemas, modificados, em sua maioria, por causa do vento,
fator vital na configuração da paisagem e que dá um caráter
único à região.
Foto: Francisco Renato Galvani
Mesmo com tais paisagens exclusivas, as áreas
naturais protegidas no país são as menores de todos
os biomas. Ele possui a menor representatividade
no Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC), com apenas 0,36%
de seu território transformados em áreas
de conservação. Grande problema!
Isso porque o Pampa tem duas
das mais importantes funções na
preservação da biodiversidade
mundial: atenuar o efeito
estufa e ajudar no controle
da erosão.
Pampa Florestal
No
bioma,
que
antes de ser estudado
a fundo chegou a ser
classificado como um
“vazio ecológico”,
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
19
MEIO AMBIENTE
município de Barra do Quarai, numa área
de cerca de 1.618 hectares, dentro do
Parque Estadual do Espinilho (Decreto
nº 41.440, de 28 de fevereiro de 2002).
Duas espécies bem características e
que determinam o aspecto curioso
deste parque são o algarrobo (Prosopis
algarobilla) e o nhanduvaí (Acácia
farnesiana).
2.
Banhados:
Diferente
das
peculiaridades do Parque do Espinilho,
os banhados possuem as características
marcantes do Pampa, com predomínio
de gramíneas. Em sua grande maioria,
as regiões com essa cobertura vegetal
foram drenadas para uso agrícola, através
do Programa Pró-Várzea, do governo
federal, na década de 1970. Dentre as
áreas de destaque, a mais conhecida está
localizada no sul do Estado, chamada
de Banhado do Taim (protegida por um
parque de mesmo nome). Outra área
relevante é a dos municípios de Itaqui e
Maçambará, na fronteira com a Argentina.
Lá ocorre o banhado de São Donato,
reconhecido como reserva ecológica na
década de 1970, mas que até hoje ainda
não foi efetivado. Atualmente, possui
uma extensão de 4.392 hectares, que está
praticamente cercada pela agricultura,
principalmente a de arroz.
3.
Cerros e serras: Localizados
predominantemente no sudoeste do
RS, os cerros e serras são um mistério
para os estudiosos, já que surgem,
aparentemente, do nada (pequenos e
baixos morros aparecem em uma área
totalmente plana, sem pedras evidentes,
sem florestas, sem cavidades). Sua
característica principal é uma aparência
de arenito conglutinado.
Pampa Animal
Apesar de não ter tido sua fauna
muito estudada, os Campos
Sulinos abrigam, pelo
menos, 102 espécies
de
mamíferos
(cinco delas
endêmicas),
476
espécies de aves (duas
endêmicas) e 50
espécies de peixes (12
endêmicas). Dentre
elas, 24 espécies
de aves e as cinco
espécies
exclusivas
de mamíferos estão
ameaçadas de extinção.
Uma das principais
causas do declínio no
número de espécies da
região é a expansão da
monocultura de árvores
exóticas. Ela foi responsável
pela destruição de pelo
menos 26 espécies da fauna
dos Campos do Sul, além de
ser o agente de cerca de 10% das
ameaças de extinção.
Mesmo com números preocupantes,
o Brasil é o único país, dentre os que
compõem o bioma, que a existência
dessas espécies ainda não está totalmente
comprometida. Conheça alguns dos
animais que fazem parte da fauna do
Pampa:
1. Gato montês (Felis silvestris):
é um tipo de felino que habita
preferencialmente bosques fechados. É
um animal noturno, que durante o dia
refugia-se em buracos de árvores, fendas
nas rochas ou tocas abandonadas de
outros animais.
Foto: Divulgação
2. Gato-do-mato (Leopardus
tigrinus): é um felino originário
da América do Sul e da América
Central. Embora semelhante
a uma jaguatirica, este gato
distingue-se
pelo
pequeno
tamanho (mede cerca de 50
centímetros, sendo considerado
o menor dos felinos silvestres
no Brasil) e pelas manchas em
sua pelagem. Alimenta-se de
ratos, pássaros e insetos.
3. Puma (Felis concolor): é
o segundo mais pesado felino da
América, ficando atrás apenas da
onça-pintada. Pode chegar a medir
até 2,40 metros de comprimento e
alcançar 100 quilos. Vive solitário e
20
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
Foto: Ronai Rocha
costuma
caçar
no
final do dia. Tem
expectativa de vida de, em
média, 15 anos.
Foto: Eduardo Amorim
4.
Caminheiro-grande
(Anthus
nattereri): é uma das aves do Pampa
mais ameaçadas de extinção.
Pode chegar a medir 15 cm de
comprimento.
Alimenta-se,
basicamente, de insetos.
Entre suas peculiaridades
está seu canto complexo
durante voos altos,
em que a pequena
espécie sobe quase 25
metros verticalmente,
deixando-se
cair,
depois, rapidamente.
5.
Caboclinho-de-barriga-preta
(Sporophila
melanogaster): é
um pássaro que pode
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
21
Foto: Divulgação
Foto: Miriam Zomer
MEIO AMBIENTE
22
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
chegar a medir 10 cm de comprimento.
Tem um canto suave e agradável, com
diversas notas. Alimenta-se de gramíneas e
sementes.
Pampa Social: Problema e Solução
Os Campos do Sul estão localizados
na metade mais pobre do Rio Grande
do Sul. Apesar dos grandes latifúndios,
a região não conseguiu desenvolver-se
economicamente. Visando minimizar
os problemas socioeconômicos, os
governantes vêm, há vários anos,
criando programas que buscam levar o
“progresso” para a região. No entanto,
alguns programas acabam por degradar
o bioma.
Um dos exemplos é o projeto do
governo de implantação de monoculturas
de árvores para a região. Como a metade
sul do Estado é uma grande planície, o
plantio extensivo de árvores altera o
regime de ventos e de evaporação da
região, causando impactos significativos
no clima, nos recursos hídricos e na
cultura.
Por outro lado, o programa
de desenvolvimento das
fazendas
de
criação
de gado é uma das
alternativas para a
manutenção
do
Pampa. Como a
região é constituída
basicamente de
grandes fazendas
de criação, a
implementação
de técnicas mais
avançadas
de
manejo acabam
por
ajudar
na
proteção
das
terras.
Aliados à grande
produtividade,
à manutenção da
biodiversidade
do
campo nativo e aos
ganhos
financeiros
significativos para o produtor
rural, esse programa é um dos
mais eficazes aplicados até hoje no
Rio Grande do Sul.
Degradação do Pampa
Alguns são os fatores que contribuem
para a degradação desse bioma. Um deles
é a expansão descontrolada do plantio de
monoculturas, como arroz, milho, trigo e
soja. Devido à riqueza do solo, algumas
áreas cultivadas do Sul cresceram
rapidamente sem um sistema adequado
de preparo, resultando em erosão e, até,
na desertificação de algumas partes da
região.
Outro fator, considerado um dos mais
ameaçadores à sobrevivência dos Campos
Sulinos, é a exploração indiscriminada
de madeira. Algumas árvores de grande
porte foram derrubadas e queimadas
para dar lugar ao cultivo de milho, trigo e
videira, principalmente.
Um dos exemplos dessa exploração
descontrolada fica por conta da mata
das araucárias ou pinheiros-do-paraná.
Antes, essas árvores estendiam-se por
cerca de 100 mil km² de matas de pinhais.
No entanto, por mais de 100 anos,
os pinheiros alimentaram a indústria
madeireira do Sul, fazendo com que hoje
restem apenas 2% da cobertura original
da mata das araucárias. Os pequenos
vestígios da formação original dessa
vegetação que restam estão confinados
em áreas de conservação do Estado.
Um terceiro problema é a ampliação
da área de plantio de soja e a cultura
da mamona para elaboração de
biocombustível. Estas duas práticas são
consideradas as mais recentes ameaças à
região e vem rapidamente destruindo os
solos do bioma.
Constante e antiga ameaça dos
Campos do Sul é a mineração e a
queima de carvão mineral. Os impactos
locais, regionais e globais são muitos,
variando entre a acidificação da água, a
alteração da paisagem, o deslocamento
de populações assentadas, o aumento
de incidência e frequência de doenças
pulmonares, as chuvas ácidas e emissão
de gases de efeito estufa.
Fontes:
✓ Almanaque Brasil Socioambiental - ISA 2008
✓ Defesa da Vida Gaúcha - www.defesabiogaucha.org
✓ Mundo de Sabores - www.mundodesabores.com.br
✓ WWF Brasil – www.wwf.org.br
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
23
MEIO AMBIENTE
CURIOSIDADES
Filmes e minisséries já foram gravados
nas regiões do Pampa. Entre os filmes, o
destaque fica para “Intrusa”, de Carlos
Hugo Christensen, ganhador de quatro
Kikitos, no 8º festival de Cinema de
Gramado. O longa mostra como vivia
o gaúcho no século XVIII. Já entre as
minisséries, os destaques ficam para
“O Tempo e o Vento” e “A Casa das
Sete Mulheres”, da Rede Globo,
que também mostram um pouco
da história do Pampa e muito de
sua paisagem.
Foto: http://photojournal.jpl.nasa.gov/catalog/PIA03444
Os Campos Sulinos foram
palco da Guerra do Paraguai,
entre os anos de 1864 e 1870.
Desta guerra participaram
Brasil, Paraguai, Argentina e
Uruguai.
A região coberta pelos
Campos Sulinos apresenta
clima
subtropical,
com
temperaturas
amenas
e chuvas regulares, sem
grande alteração durante o
ano.
A vegetação herbácea do
Pampa varia entre 10 e 50 cm
de altura.
No Pampa vive o Gato do Pampa
(Felis Colocolo). Este curioso felino
pode medir até 85 cm, sendo que
25 cm são só de calda.
24
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
Receita Típica do Pampa: Arroz Carreteiro
Ingredientes:
Massa
✓ 200g de charque*
✓ 4 colheres (sopa) de óleo
✓ 5 dentes de alho picados
✓ 1 cebola grande picada
✓ 4 tomates picados
✓ 3 pimentões picados
✓ 1 colher de sopa de cheio-verde
✓ 350g de arroz
✓ Sal a gosto
2. Adicione o charque e deixe
por meia hora;
3. Retire do fogo, escorra a água e
corte a carne em pedaços pequenos;
4. Em outra panela, aqueça o óleo,
junte o alho, a cebola, o tomate
e o pimentão;
Massa
1. Coloque água em uma panela
e leve ao fogo até que ela ferva;
6. Em seguida, junte o arroz,
um pouco de água fervente e
deixe cozinhar por 15 a 20 minutos;
8. Por fim, salpique o cheiro-verde
para dar gosto.
* O charque é uma carne salgada
que se tornou o principal produto
da economia do Rio Grande do
Sul no século XIX. Difere-se da
carne-de-sol e da carne-seca no modo
de preparo (não fica exposta ao sol) e
na quantidade de sal que utiliza na
produção (usa-se muito mais sal para
produzir o charque, por causa da
umidade da região).
Foto: Divulgação
Preparo:
5. Deixe cozinhar por cerca de
8 minutos, mexendo de vez
em quando;
7. Adicione sal, se necessário;
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
25
Núcleo de Educação
NEO MONDO
www.neomondo.org.br
Faça seu projeto
educacional
conosco. Nossa
equipe está
pronta para
trabalhar o
conceito do
seu cliente e/
ou empresa
de modo
absolutamente
personalizável.
Consulte-nos.
Sair da mesmice,
transmitir
informação
de um jeito
divertido e
diferente.
Mais que um
norte, um
compromisso.
Sustentabilidade, criatividade
e educação de mãos dadas
com o futuro. É a partir
desse conceito que surge
o novo núcleo do Instituto
NEO MONDO, voltado para
o desenvolvimento de
projetos especiais de cultura
e educação infantil.
A criança é multiplicadora
de informação e, sempre,
o cidadão do amanhã. É
para este público que
desenvolvemos conteúdos
diferenciados capazes de
promover o aprendizado de
forma lúdica, divertida e com
tecnologia de ponta.
- Livros que podem ser
desdobrados em múltiplas
ações em salas de aula.
- Projetos educativos para
empresas que desejam aliar
sua imagem à educação,
FXOWXUDHWHPDVHVSHF¯ȴFRV
- Projetos especiais de livros
para os governos Federal,
Estadual e Municipal sobre
temas relevantes para a
sociedade em geral.
- Tecnologias disponíveis
a serviço da educação:
REALIDADE AUMENTADA,
3D, GAMEFICAÇÃO, IMERSÃO
VIRTUAL, HOLOGRAFIA,
APLICATIVOS, entre outros.
Fábrica de Brinquedos – Livro
referencial quando o assunto é
diversão e aprendizado. A partir da
construção de brinquedos temáticos,
e sempre por meio da utilização de
material reciclável, os leitores são
sensibilizados para a importância cada
vez maior de se construir um futuro
que tenha como base o respeito
aos recursos naturais. Fábrica de
Brinquedos também é um projeto
maior, que permite a adaptação e a
personalização de uma série de ações
para empresas e prefeituras, por
exemplo.
Fábrica de Comidinhas – Projeto
derivado da Fábrica de Brinquedos
com foco na necessidade crescente de
divulgar informações relevantes sobre
alimentação infantil saudável. Além
de divulgar conteúdos sobre o tema,
receitas e divertimentos, a Fábrica
de Comidinhas (que já está perto
de ser inaugurada) também prevê a
publicação de livros personalizáveis e
uma série de outras ações de branded
content.
P
Projeto
O Núcleo de Educação NEO MONDO é
OLGHUDGRSRUSURȴVVLRQDLVFDSDFLWDGRVH
HQWXVLDVPDGRVFRPDFRQVWUX©¥RGHXP
mundo melhor.
Oscar Lopes Luiz – Publicitário, pós-graduado
em Marketing. É presidente do Instituto
NEO MONDO
Eleni Lopes – Diretora de Redação da
revista NEO MONDO.
Ricardo Ditchun – Sociólogo especializado em
comunicação corporativa, jornalista e editor.
Valéria Cabrera – Jornalista e relações públicas.
Ricardo Girotto – Publicitário e ilustrador de
livros infantis.
Alda de Miranda – Publicitária e autora de
livros infantis.
O rio que ri – Que tal tratar do tema
da água, dos rios, das lagoas, dos
mares? Esta obra alia poesia infantil
à construção de personagens com
materiais reciclados para ensinar a
criança a utilizar a água de forma
responsável e a respeitar o meio
ambiente.
Um reino sem dengue – Passando
longe da forma habitual de abordar
a questão da dengue, este livro leva a
criança a se envolver numa historinha
divertida, com rei e princesas, num
formato
recheado de ilustrações.
Aprender a combater o mosquito
Aedes aegypt deixou de ser uma
complicação.
Ótima
ferramenta
para pais, professores, empresas
e prefeituras.
)DOHFRPDJHQWH
EDUCAÇÃO
INSTITUTO NEO MONDO
AMPLIA ATUAÇÃO
EM EDUCAÇÃO
E TECNOLOGIA
Sempre inovando para disseminar o conceito
de sustentabilidade, o Instituto NEO MONDO
amplia sua rede de atuação e lança três núcleos:
Branded Content, Educação e Tecnologia.
Da Redação
D
Foto: Divulgação
esde
sua
fundação,
o
Instituto
NEO MONDO acredita
que somente pessoas
conscientes
podem
transformar o presente
para garantir o futuro de
um planeta sustentável.
Para isso, é necessário
unir esforços individuais
e
agir
coletivamente.
Em
consonância
com
sua missão, NEO MONDO
comemora seus novos núcleos
de atuação: Branded Content,
Educação e Tecnologia.
De acordo com Oscar Lopes Luiz,
presidente do Instituto NEO MONDO e
publisher da revista, “sempre buscamos a
vanguarda da comunicação para disseminar
a sustentabilidade. Fomos a primeira revista
do Brasil a usar a realidade aumentada e, hoje,
continuamos investindo em ferramentas
inovadoras para nos consolidarmos como
agentes transformadores da socidade, por
meio da edução, tecnologia e conteúdos
diferenciados”.
28
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
Conheça mais sobre estas novidades
a seguir:
Núcleo de edução
O poder da edução na transformação
da sociedade é inquestionável. Por isso,
o Instituto NEO MONDO reforçou sua
atuação em educação por meio de uma
parceria com a autora Alda de Miranda e o
ilustrador Ricardo Girotto para a promoção
de livros e projetos infanto-juvenis.
Alda é autora consagrada e, em 2014,
foi homenageada pelo Instituto Histórico
e Geográfico de São Paulo com o Colar
do Centenário, por sua contribuição à
literatura infantil. E Girotto também é
profissional reconhecido, tendo ganho o
prêmio HQMix de ilustração infantil, pelos
livros da coleção “Castelo Rá-Tim-Bum”.
O primeiro fruto desta parceria é
a obra Um reino sem dengue, voltado
para crianças de 07 a 11 anos. O
livro surpreende por sua abordagem
totalmente inovadora sobre como educar
as crianças a respeito da importância do
combate à dengue. Numa história que
trabalha o imaginário infantil, os autores
transportam a garotada para um reino
que, para surpresa geral, é invadido
pelo mosquito Aedes aegypti. O Rei
fica misteriosamente doente e é preciso
descobrir o que está acontecendo. A
partir daí, numa aventura desafiadora, as
personagens envolvem-se no aprendizado
sobre a dengue e decidem combater o
invasor inimigo.
Com lindas imagens coloridas, o
livro mergulha no universo infantil para
conseguir transmitir o aprendizado de
forma criativa e envolver as crianças na
prevenção da dengue, usando, para isso,
as ferramentas da leitura e da imaginação.
Núcleo de Tecnologia
A tecnologia também pode ter um
papel transformador na sociedade,
basta ver as mudanças trazidas pela
disseminação das redes sociais. Pensando
nisso, o Instituto NEO MONDO firmou
uma parceria com a Eyemotion, hoje, a
maior empresa de tecnologia para
eventos do Brasil.
Aumentada, Realidade Virtual, Holografia e
Projetos Especiais. Cada uma destas unidades
possui uma equipe de desenvolvimento
qualificada especificamente para a
tecnologia produzida.
Todos os produtos são patenteados
em território nacional para garantir a
exclusividade dos projetos desenvolvidos
para nossos clientes.
Brandend Content
Antenado com as mais recentes
tendências em comunicação, o Instituto
NEO MONDO passa a contar também
com o núcleo de Branded Content, ou
conteúdo de marca. Isto é, são
formas diversas de entrar
em contato com o
público-alvo
de
uma empresa,
oferecendo
conteúdo
relevante,
diretamente relacionado ao universo
macro daquela marca.
No caso de NEO MONDO, o foco é
a sustentabilidade e o que as empresas
estão fazendo para disseminar este
conceito dentro de suas práticas e
vivência corporativa, por meio de textos,
infográficos, vídeos, fotos, ações de
guerrilha, cartilhas, aplicativos, blogs,
sites etc.
Foto: Divulgação
A empresa possui
4 unidades produtivas
internas: Realidade
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
29
EVENTO
INTERCÂMBIO
DE IDEIAS E PROJETOS
COM FOCO EM
SUSTENTABILIDADE
Nos dias 22 e 23 de setembro, São Paulo sediou mais uma edição da
Conferência Ethos. Anualmente, o evento tem o desafio de reunir executivos
de empresas, empreendedores e especialistas de diversos setores para
intercâmbio e reflexão de ideias e projetos com foco em sustentabilidade.
Este ano, mais de 1200 pessoas participaram das discussões.
Da Redação, com Instituto Ethos
A
revista
NEO
MONDO,
apoiadora de mídia do
evento há mais de cinco
anos, preparou um resumo especial dos
principais temas discutidos nos painéis
desta edição 2015 da Conferência Ethos.
Importância do equilíbrio financeiro
“Foram alguns anos de desequilíbrio
econômico no país, e agora é hora de
fazermos um sacrifício para pagar os
exageros do passado. O deficit público
brasileiro foi crescendo ao longo
do tempo, em uma tendência nada
sustentável”, contextualizou Caio Megale,
economista do Banco Itaú, na abertura do
painel “Nossas escolhas, nosso dinheiro e
a prosperidade socioeconômica do país”.
Com Jurandir Macedo Sell Jr.,
fundador do Instituto de Educação
Financeira, apresentaram uma breve
análise do cenário socioeconômico do país
e do seu reflexo nas famílias brasileiras.
Para sustentar o consumo, houve
uma deterioração significativa nas contas
públicas. O mercado de trabalho seguia
aquecido e, agora, se inicia uma fase
de crescimento da taxa de desemprego.
30
A inflação disparou pela liberação dos
congelamentos. “Tudo isto traz um
grande desconforto”, comentou Megale.
“No entanto, o Brasil continua sendo
um país cheio de oportunidades, com
200 milhões de consumidores, com a
agricultura mais forte do mundo e,
ainda, com necessidades fortíssimas
de infraestrutura para gerar riqueza. O
desafio é pular esse obstáculo de curto
prazo”, complementou.
Obviamente
os
desafios
macroeconômicos refletem nas finanças
individuais. Vivemos um momento em que
é essencial analisar a situação financeira e
dialogar para fazer escolhas conscientes
na redução de gastos ou na aplicação
em investimentos. “Precisamos derrubar
o tabu que é falar sobre dinheiro”,
destacou Jurandir Sell. “Normalmente
os brasileiros não conversam sobre suas
contas pessoais, seja por uma situação
muito próspera ou muito negativa, e isto
faz com que a população permaneça
distante do uso consciente do dinheiro
e da possibilidade de fazer escolhas mais
sustentáveis”, justificou.
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
Existe uma tendência do PIB cair no
curto prazo, período que o crédito fica mais
conservador. “A taxa de inadimplência
tende a crescer nesse período. Porém, à
medida que a economia se reequilibra,
o crédito volta a crescer, de forma mais
sustentável”, comentou Megale.
Por último, Sell trouxe a ideia da
moeda universal: “Muito mais importante
do que qualquer moeda é uma hora
de vida. Tudo o que consumo é pago
com vida. Há que se ter muita atenção
para o risco de desviar o consumo para
consumismo. O consumo é quando gasto
essa hora de vida e o resultado é positivo.
No consumismo a gente come, come, e
a fome nunca some”, citando Ercy Soar,
no livro “Os outros que somos”. “É
momento de orçamento equilibrado e
muita calma”, destacou.
Trabalho escravo ou só trabalho
ruim?
Mais de 120 anos após a promulgação
da Lei Áurea (1888), diversos problemas
relacionados à exploração ilegal da força
de trabalho ainda persistem. O diálogo
contou com a participação do procuradorgeral do Trabalho, Luís Camargo de
Melo, da auditora fiscal do Ministério do
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
31
Foto: Clovis Fabiano
Foto: Clovis Fabiano
EVENTO
Trabalho e Emprego, Marinalva Dantas,
e do jornalista e blogueiro Leonardo
Sakamoto.
O trabalhador deve ser indenizado por sua
exploração, assim como a comunidade
na qual ele está inserido”, ressaltou.
Apesar de ser o último país
independente das Américas a abolir a
escravidão, o Brasil foi um dos pioneiros
na criação de equipes estatais para
o combate ao trabalho escravo – os
primeiros grupos datam de 1891.
No entanto, a disposição para barrar
definitivamente esse processo de
degradação humana esbarra em deficit
estruturais e legislativos, identificados
pelos especialistas no debate.
Outra questão relevante suscitada
pelo procurador-geral foi a edição de
emenda constitucional que instituiu
o artigo 243 da Constituição. “A
possibilidade
de
expropriação
de
propriedades que se utilizam de trabalho
escravo significou um grande avanço”,
destacou o representante do poder
judiciário.
As
imprecisões
relacionadas
ao conceito de trabalho escravo
contemporâneo, que figuravam como
empecilhos à aplicação de sanções
e à elaboração de políticas públicas
somente foram sanadas em 2004, com
o surgimento do artigo 146 do Código
Penal. A norma traz características da
condição análoga à escrava, como o
trabalho forçado, a condição degradante,
a servidão por dívida e ainda a jornada
exaustiva tida como aquela que extrapola
de forma contínua os parâmetros legais.
Outro ponto importante, disse
Marinalva Dantas, é que as condições
degradantes de trabalho não fazem
parte apenas da realidade dos locais
mais distantes do território nacional, está
presente também nos grandes centros. Ela
destacou a importância do engajamento
das empresas. “Flagramos diversos casos
de obras destinadas às Olímpiadas que
Foto: Fernando Manuel
O procurador-geral destacou a
importância de ações repressivas além da
esfera penal. “A responsabilização civil
não pode ficar de lado, pois,
em muitos casos, é a
medida
mais
eficaz.
Para Sakamoto, a escravidão vai muito
além da questão moral. “Não se trata de
mera maldade do empregador, mas o
trabalho escravo é um problema de ordem
econômica. Muitas empresas tendem a
reduzir ou suprimir direitos trabalhistas
básicos para alcançar competitividade no
concorrido mercado global”.
32
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
estavam utilizando trabalho análogo ao
escravo. E não há empresa sustentável
sem trabalho decente, nem trabalho
decente sem empresa sustentável”, disse.
Diversificação da matriz energética
Protagonistas da geração de energia
no Brasil, as usinas hidrelétricas são
responsáveis por cerca de 70% da matriz
nacional atualmente, tendo evoluído
de mais de 13 mil megawatts (MW) de
potência instalada na década de 1970
para cerca de 70 mil MW no início deste
século.
Dados da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) mostram que estão operando
atualmente 1.122 empreendimentos de
fonte hidráulica, além de 209 já outorgados
e outros 34 em construção. No entanto,
a inauguração de novas grandes usinas
está com os dias contados: 15 anos, no
máximo. Estima-se que, após esse período,
o potencial de construir novas unidades terá
se esgotado, não havendo mais usinas de
grande porte para ser implantadas. O Plano
Decenal de Expansão de 2022, do Ministério
de Minas e Energia (MME), prevê queda na
participação das hidrelétricas de 65% já no
início da próxima década. Em contrapartida,
a carga de energia crescerá 4,2% ao ano,
passando dos atuais 63 mil MW médios
para mais de 91 mil MW em 2022.
Recentemente, o período
de estiagem e escassez
Foto: Clovis Fabiano
de
água,
com
o
esvaziamento das
represas,
ameaças
ao
abastecimento,
racionamento de energia em
alguns Estados e temor de futuros
apagões, lançou luz sobre o assunto e
revelou uma conta difícil de fechar: o
crescente aumento da demanda por
energia elétrica e a capacidade de oferta
menor que o consumo.
Entre as fontes alternativas, destacase a energia solar, ou fotovoltaica, cujo
potencial, apesar de muito grande,
ainda se encontra nos seus estágios
iniciais de desenvolvimento. “Estamos
engatinhando. Para que a autossuficiência
aconteça em larga escala, é necessário
que a regulação tarifária evolua, visando
uma equação eficiente e estimulando
a economia, tanto para o consumidor
quanto para as concessionárias, sem
implicar os prejuízos decorrentes de
manutenção”, afirmou Márcio Severi,
diretor de Relações Institucionais da CPFL
Energias Renováveis.
De fato, o Brasil tem sido bem
sucedido em iniciativas para a viabilização
de geração de energia a partir de fontes
renováveis. O Programa de Incentivo
às Fontes Alternativas (Proinfa) é um
exemplo recente que atesta a capacidade
tecnológica e organizacional do país para
estimular tais fontes e a diversificação da
matriz
energética
nacional. E, embora
não tenhamos uma cadeia produtiva
de sistemas fotovoltaicos consolidada,
contamos com uma das maiores reservas
mundiais de silício, insumo extremamente
caro, utilizado na fabricação dos
painéis fotovoltaicos. Isso sem falar na
abundância da matéria-prima principal: a
luz solar – em média, 280 dias por ano.
A região menos ensolarada do Brasil
apresenta índices solares em torno de
1.642 kilowatts por hora por metro
quadrado (kWh/m2), acima dos valores
apresentados na área de maior incidência
solar da Alemanha, que recebe cerca
de 1.300 kWh/m2. Em setembro de
2014, mais da metade da demanda de
eletricidade alemã (50,6%) foi suprida por
painéis fotovoltaicos, no pico da produção.
haver
articulação entre
todos os setores”, afirmou ela.
Desde
2013,
a
Santander
Financiamento, empresa do Grupo
Santander, por meio do CDC Eficiência
Energética de Equipamento, incentiva a
instalação de sistemas fotovoltaicos. O
financiamento é destinado à aquisição
de equipamentos e serviços que utilizam
energias alternativas obtidas de fontes
naturais, além do uso eficiente de
energia vinda de meios convencionais
– equipamentos de geração de energia
a partir de fontes renováveis, como,
por exemplo, a solar e a eólica –
sistemas termicamente eficientes (calor
e frio) e substituição de lâmpadas e de
equipamentos por outros mais eficientes
no consumo de energia elétrica.
Além das metas nacionais, outras
formas de alavancagem, apresentadas
por Linda Murasawa, superintendente
executiva de sustentabilidade do Banco
Santander, são as tarifas premium e as
linhas de financiamento. “É necessário
Para fazer o contraponto construtivo,
com mediação de Roberto Kishinami,
diretor da NRG e especialista no setor
energético, o biólogo André Nahur,
coordenador de Mudanças Climáticas e
Energia do WWF-Brasil, apresentou um
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
33
Foto: Fernando Manuel
EVENTO
estudo
divulgado
pela organização, em junho
de 2015, que aponta a necessidade do
Brasil de mais planejamento e regularidade
nas contratações de energia eólica e solar,
além de leilões anuais específicos.
atualmente,
requer
novas
práticas de gestão. Isso nos leva a
experimentar o advento da empresa
globalmente integrada (GIE, do inglês
globally integrated enterprise), num ritmo
aceleradíssimo”.
Segundo a pesquisa, o Brasil tem
oscilado entre períodos de pouca e muita
contratação de projetos eólicos, o que causa
impacto negativo em toda a cadeia produtiva
do setor. “As mudanças e a descontinuidade
de políticas e medidas de incentivo, acabam
por afastar investidores. É necessária uma
consolidação da política de desoneração
tributária em toda a cadeia produtiva,
bem como uma garantia a estabilidade
regulatória”, recomenda o estudo.
Caine fundamentou essa mudança
com dados de um estudo da Fortune
Global 500 e do próprio CGE, o qual
mostra que o número de empresas
globais que operam na Ásia entre 20072013 cresceu 63%. Em comparação, no
mesmo período, Europa e América do
Norte registraram reduções de 42% e
29%, respectivamente. “As operações
migraram, de modo geral, para as
economias emergentes”.
O mundo já mudou
O presidente do Center for Global
Enterprise (CGE), Chris Caine, disse que
o mundo já mudou e que hoje o grande
questionamento no cenário dos negócios
é sobre quem vai ficar para trás ou ser
extinto. E destacou duas coisas que não
podem ser esquecidas: “Novos modelos de
negócios alternativos e ferramentas estão
remodelando a corporação e redefinindo a
empresa global. Administrar uma empresa,
A ascensão da GIE tem a ver com a
transformação da indústria a partir da
agregação das “camadas digitais”, o que
gerou, por conta da conectividade global
e dos API (interface de softwares), novas
formas de criação de valor, captura de
mercados e concorrência em segmentos
que, até então, eram meramente físicos,
como agricultura, energia, saúde,
finanças, hotelaria e muitos outros. “O
mundo digital também revolucionou a
34
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
maneira
como as
empresas
fazem negócios”,
exemplificou Caine.
“Se compararmos, por
exemplo, o website Airbnb,
fundado em 2008 e que hoje
apresenta 640 mil locais de hospedagem
e mais de 1 milhão de cadastrados em
180 países e 34 mil cidades, com as
grandes redes de hotéis multinacionais,
como a Hilton e a Marriott, concluímos
que o Airbnb tem uma enorme estrutura
sem construir um único edifício!”
Caine
mostrou
também
que
as
plataformas
de
investimentos
estão chegando a locais até então
problemáticos, por causa da logística. “A
plataforma digital está revolucionando a
maneira de fazer negócios na África, por
exemplo.”
Por tudo isso (e muito mais), Chris
Caine conclui que o mundo mudou
e que há uma compensação entre os
cenários. “As economias emergentes
registraram, nos últimos anos, uma
participação majoritária no PIB mundial
aliada à crescente participação no
Fortune 500 e à explosão da classe
média. Em contrapartida, nas economias
desenvolvidas foi registrada queda da
participação no PIB mundial, perda de
terreno no Fortune 500 e a estagnação
do crescimento da classe média”.
O
sua
presidente do CGE encerrou
apresentação com conclusões
inquietantes: as empresas multinacionais
estão lutando para encontrar uma
forma de integrar-se globalmente,
enquanto as empresas privadas e
públicas – e até mesmo os governos –
ainda não compreendem plenamente
as consequências da gestão global.
Para complicar, há uma concentração
excessiva de escolas de negócios nos
países desenvolvidos, que não estão
preparadas para esse novo cenário global
de criação de valor, captura de mercados
e concorrência e não há o necessário foco
do ensino superior sobre os impactos
da globalização aplicada. “As escolas
estudam o que foi importante, o que deu
resultado, mas ainda são incapazes de
pensar o futuro”, lamentou.
Economia de baixo carbono
Até o ano de 2030, cerca de
US$ 90 trilhões serão investidos
nas cidades ao redor do mundo em
transporte, infraestrutura e toda sorte
de necessidades urbanas. Tamanho fluxo
de investimentos se configura como
oportunidade para a tomada de decisões
direcionadas a uma economia de baixo
carbono. Nos últimos anos, o Reino
Unido tem assumido posturas audaciosas
nessa direção, tornando-se referência
em produtividade e em investimento
em infraestrutura e inovação, o que vem
repercutindo na geração de novas cadeias
de empregos, na melhoria da qualidade
de vida, na redução da pobreza e em
maior segurança energética.
a transição para a economia de baixo
carbono é uma realidade iminente.
Enxergando as oportunidades que essa
transição pode representar em termos
de fluxo de capitais e qualidade de
vida, o Reino Unido vem promovendo
transformações
significativas
nos
investimentos públicos e privados. “O país
foi o primeiro a aprovar lei de mudanças
climáticas, já em 2008. Governo e
empresas assumiram o compromisso de
reduzir as emissões de carbono em 80%
até 2050 e de destinar 7% do produto
interno bruto para resolver questões
ambientais e climáticas”, ressalta.
Para a especialista, não basta boa
vontade para atingir metas. Woolf
destacou uma série de ações a serem
adotadas na direção de uma economia
de baixo carbono. A executiva defende
a integração dos riscos climáticos às
decisões estratégicas do país, cortando
subsídios para as práticas e atividades
não sustentáveis. “Devemos dar escala
às inovações e promover o acesso a
crédito e a incentivos fiscais. E não
podemos deixar de lado a regeneração
de áreas degradadas e o combate ao
desmatamento”, explica.
Além das transformações no fluxo
de investimentos e nas políticas públicas,
Woolf ressaltou as mudanças significativas
que vêm ocorrendo na mentalidade
das lideranças de mercado do país.
“Fizemos
um
levantamento e constatamos que 92%
dos CEOs e diretores de empresas
enxergam essa transição para uma
economia de baixo carbono como
oportunidade de negócios. Eles estão,
também, mais atentos às demandas dos
consumidores nesse sentido.”
A interação entre as esferas pública
e privada no Reino Unido tem figurado
como força motriz para os investimentos
em inovação. Em 2012, foi criado o Green
Investment Bank, o primeiro do gênero no
mundo, com capital inicial de 3,8 bilhões
de libras, investido pelo governo britânico
para o fomento de projetos sustentáveis. O
sucesso da empreitada despertou o interesse
do setor privado, que hoje é responsável por
75% do capital investido no banco.
Woolf ainda ressaltou algumas das
dificuldades que os países emergentes
poderão encontrar na transição para
a economia de baixo carbono. “Em
muitos casos será necessário o auxílio
de instituições financeiras internacionais
e de investidores externos. Mas antes é
fundamental o compromisso coletivo
na direção de uma economia verde,
integrando investimentos públicos e
privados. Para dar segurança jurídica
às mudanças, deve ser elaborado um
arcabouço legal e regulatório, de modo
que as políticas públicas não mudem com
a alternância de governos”, finaliza.
Foto: Clovis Fabiano
Segundo
Fiona
Woolf,
sócia e advogada do CSM
Cameron
McKenna
e
ex-prefeita
do
distrito
financeiro de
Londres,
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
35
Foto: Divulgação
EVENTO
EVENTO COM PRESENÇA
DA ONU RESSALTA
IMPORTÂNCIA DAS ÁREAS
PROTEGIDAS NO BRASIL
VIII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação
promoveu a integração da área ambiental com economia,
cinema, tecnologia e comunicação.
Da Redação, com NQM Comunicação
É
possível sensibilizar as pessoas
a agir para que o Brasil alcance
as mudanças necessárias para
a proteção da biodiversidade nacional.
Essa é a análise da presidente do VIII
Congresso Brasileiro de Unidades de
Conservação (CBUC), Malu Nunes, ao
encerrar o maior evento da América
Latina sobre conservação da natureza,
em setembro, em Curitiba (PR). “Nossa
expectativa é que todos que participaram
dos debates e apresentações sejam,
36
agora, agentes de transformação e levem
para seus ambientes de trabalho todo o
conhecimento compartilhado durante
esses cinco dias”, explica Malu.
Realizado pela Fundação Grupo
Boticário de Proteção à Natureza, o VIII
CBUC contou com a participação de mais
de 1.200 congressistas de vários Estados
brasileiros e do Distrito Federal. Foram
mais de 50 conferências, simpósios e
palestras, sete lançamentos de livros,
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
17 reuniões técnicas e 27 moções
aprovadas. Moção é uma proposta,
discutida em assembleia, sobre o estudo
de um caso ou situação específica e que,
após votação, é encaminhada para um
órgão ou grupo responsável pelo tema
que aborda.
Dentre as moções aprovadas está a
que pede a criação do Parque Nacional
do Albardão, em Santa Vitória do Palmar
(RS), unidade de conservação de extrema
Para Malu, o evento conseguiu
agregar a experiência de grandes nomes
da conservação com a inovação de
palestrantes novos. “Jovens inspiradores
como Ryan Hreljac e Tomás Nora
somaram-se a ícones da conservação
como Maria Tereza Jorge Pádua e
George Schaller. E na programação,
temas até então pouco discutidos por
conservacionistas, como o cinema, novas
tecnologias e comunicação, instigaram os
congressistas a repensar suas estratégias
de atuação”, afirmou Malu.
Outra novidade do encontro foi
a participação, pela primeira vez, da
Convenção da Diversidade Biológica
(CDB) da ONU. A instituição organizou
um simpósio que discutiu negócios e
biodiversidade. Presidido pelo secretário
executivo da CDB, Bráulio Dias, o fórum
afirmou que é necessário que o setor
privado desenvolva iniciativas e soluções
sustentáveis para adequar a sua produção
aos serviços fornecidos pela natureza.
Foto: Divulgação
Com o objetivo de aproximar o tema da
conservação
da natureza
da
vida
das
pessoas, o CBUC
apresentou a V Mostra de
Conservação da Natureza,
uma seleção de iniciativas
em conservação desenvolvidas em
instituições e por pesquisadores. A
mostra contou com a Conexão Estação
Natureza, exposição interativa que
permite um passeio pela biodiversidade
brasileira por meio de games e outras
atrações, como um cinema sensorial
4D com imagens que podem ser
contemplada em 360 graus. Algumas das
principais ONGs ambientalistas brasileiras
também estavam presentes com estandes
na mostra, como o WWF- Brasil e a
Conservação Internacional do Brasil.
Confira
alguns
destaques
das
palestras do VIII Congresso Brasileiro
de Unidades de Conservação:
Experiência norte-americana indica
como comunidade pode se aproximar
de parques nacionais no Brasil
A diretora do Programa de Gestão
de Parques Golden Gate
(EUA), Sue Gardner,
apresentou
o
trabalho de
Foto: Divulgação
relevância para a preservação de
pelo menos seis espécies como a
toninha e o sapo-boi. Outra que
merece destaque é a que pede a
criação da Estação Ecológica Sylvio
Sampaio Moreira, em São Paulo (SP),
para a preservação do jequitibá-rosa.
No evento também foram apresentados
167 trabalhos técnicos que abordaram
diversos assuntos relacionados às áreas
protegidas e à conservação da natureza.
mais
de 20 anos
que desenvolve envolvendo a comunidade
nas ações da unidade de conservação.
Apenas em 2014, 26.500 voluntários e
estagiários trabalharam 450 mil horas no
Parque Golden Gate, o equivalente a 240
funcionários em período integral. Esses
mesmos voluntários no mesmo período
plantaram mais de 33 mil plantas nativas
e coletaram mais de 29 mil guimbas de
cigarro em toda a costa do parque. O
Golden Gate, localizado em São Francisco,
na Califórnia (EUA), é o maior parque
urbano no mundo, com mais de quatro
quilômetros quadrados, recebendo mais
de 13 milhões de visitantes anualmente.
Sue Gardner ressalta também
que é preciso modificar o paradigma
reativo que muitos gestores de parques
nacionais apresentam. “Ao invés de
esperar as pessoas irem aos parques, nós
agora estamos indo até as comunidades
e os convidando a participar mais
efetivamente. Nós nos perguntamos
como podemos ser mais bem utilizados
pela comunidade ao nosso redor”,
explica. Ela exemplificou que os parques
podem ser aliados dos professores de
diversas disciplinas, como ciências e
ajudá-los a enriquecer as aulas.
Além disso, a diretora
comenta
que
é
necessário pensar em
questionamentos,
como de que forma
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
37
Foto: Divulgação
EVENTO
pode-se
u s a r
oportunidades
no parque para
oferecer
emprego
aos jovens da região,
especialmente àqueles que
mais precisam. “Ao invés de nos
voltarmos para dentro, nós estamos
sendo proativos na criação de pontes
até as comunidades ao nosso redor e
essa experiência pode ser replicada em
qualquer área protegida no mundo”,
destaca.
Outro destaque da palestra de
Sue Gardner foi a abordagem de que
o movimento ambiental tende a falar
para as pessoas que já são convertidas,
isto é, buscam o apoio daqueles que
já são conectados de alguma forma
e entendem as necessidades e os
desafios. “Mudança mais significativa
virá quando modificarmos nosso foco,
educarmos melhor e engajarmos aqueles
que estão desconectados com a causa,
especialmente os que estão em áreas
urbanas e têm o poder de votar pelas
mudanças e, ao fazer isso, direcionem
mais apoio e recursos para nossas áreas
protegidas”.
Caminho para o engajamento
Durante sua palestra no VIII CBUC,
Sue Gardner apresentou seis elementos
que ela acredita serem fundamentais
para o desenvolvimento de um programa
de sucesso no engajamento de jovens
de uma comunidade – foco de seu
trabalho nos parques Golden Gate. São
eles: oferecer um senso de propósito;
trabalhar em equipe; oferecer incentivo
econômico (mesmo que pequeno); incluir
um componente de aprendizado; integrar
trabalho e diversão; e oferecer desafios
38
físicos
e mentais.
Segundo
ela,
oferecer um senso de
propósito é importante porque
ele permite que os jovens vejam a
importância do seu trabalho e como eles
podem fazer a diferença.
Todos têm um papel
a desempenhar
A diretora do programa de gestão de
parques ressaltou a importância do papel
que cabe a cada setor da sociedade.
“No caso do governo, minha sugestão é
desenvolver mais programas de educação
ambiental nos sistemas escolares,
começando com crianças bem novas e
deixar que elas tenham essas experiências
por si mesmas”. Sue destaca que as ONGs
e instituições de diversos setores podem
desempenhar importante função como
parceiros, oferecendo financiamento de
programas, orientação e oportunidades
de emprego para jovens.
Estratégia internacional reduz gastos
públicos em até 90%
Musonda
Mumba,
referência
em implantação de iniciativas de
adaptação às mudanças climáticas
com base em ecossistemas (AbE),
falou sobre a importância da utilização
dessa estratégia, principalmente em
comunidades sensíveis – como as
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
ribeirinhas
e
as
indígenas. A zambiana
tem PhD em conservação de áreas
alagadas e hidrologia e atua no
Programa Ambiental das Nações Unidas
(UNEP, na sigla em inglês).
Os efeitos das mudanças climáticas
causam prejuízos econômicos, privados
e públicos, significativos no Brasil. Um
exemplo é do Estado de Santa Catarina
que, em 2004, foi atingido pelo furacão
Catarina, deixando nove mortos e perdas
da ordem de US$ 1 milhão, segundo
relatório da Fundação Brasileira para
o Desenvolvimento Sustentável (FBDS).
A estratégia apresentada durante o
evento garante economias de até 90%
nos investimentos necessários em ações
de adaptação às mudanças climáticas
em todo o país.
Exemplo internacional
Segundo Musonda, dados do
relatório The Economics of Ecosystem and
Biodiversity (TEEB) da UNEP apontam que
no Vietnã, por exemplo, a proteção de
doze mil hectares de manguezais custou
aproximadamente US$ 1 milhão, porém
economizou mais de US$ 7 milhões
de custos anuais com manutenção de
Um exemplo é o caso da região do
Vale Hidden (EUA), que deveria receber
investimentos na ordem de US$ 20
milhões para retirar nitrogênio do esgoto
por meio de tratamento convencional.
Ao usar uma opção de infraestrutura
verde foram utilizadas plantas que têm
a capacidade de filtrar resíduos e matéria
orgânica, deixando a água limpa para
retornar aos rios – o projeto custou
apenas 10% do valor (US$ 2 milhões).
Estratégia ainda dá primeiros passos
no Brasil
A estratégia de AbE, apesar de
relativamente recente, já tem começado
a ganhar notoriedade internacional em
virtude dos bons resultados de diversos
países. No Brasil, o estudo ‘Adaptação
Baseada em Ecossistemas: oportunidades
para políticas públicas em mudanças
climáticas’, divulgado em janeiro deste
ano pela Fundação Grupo Boticário de
Proteção à Natureza foi apresentado
ao Ministério do Meio Ambiente, que
irá incluir a adaptação com base em
ecossistemas no Plano Nacional de
Adaptação à Mudança do Clima, a ser
lançado para consulta pública em breve.
O estudo contabilizou experiências
de AbE em todo o mundo e foram
identificados cerca de cem estudos
de caso. Desses, 25% ocorrem no
continente africano e 19% ocorrem
na Europa desde 2009, sendo
que o Brasil possui apenas
10 casos identificados.
Desse modo, o potencial
de economia que o
país pode vir a ter
com essa estratégia
é muito alto.
Foto: Divulgação
D
e
acordo com
Musonda, os
benefícios
econômicos são grandes, mas não são
o único foco da adaptação com base
em ecossistemas. “Ao usar estratégias
de AbE, olha-se para o problema de
forma holística, levando em consideração
fatores que normalmente não seriam
considerados em uma abordagem
tradicional. Além disso, a abordagem de
AbE oferece mais força e resiliência às
comunidades para que não sofram tanto
com os reflexos das alterações do clima”,
explica. Os impactos dessas mudanças
vão de perdas na produção agropecuária
até mesmo de vidas humanas, por conta
de eventos climáticos extremos, como
enchentes, até desequilíbrios que podem
implicar na redução da disponibilidade
de algum bem natural que seja base de
uma determinada economia local – como
peixe para os ribeirinhos, por exemplo.
“É preciso achar nova
forma de comunicar temas
ambientais”
Poucos nomes brasileiros têm a força
e credibilidade que Fernando Meirelles
possui no cenário do cinema internacional.
Consagrado por filmes como Cidade
de Deus, Ensaios sobre a Cegueira e
O Jardineiro Fiel, o diretor, produtor
e escritor paulista vem encarando
novo desafio: comunicar a temática
ambiental (uma de suas paixões) de
forma envolvente e criativa.
“A comunicação, não
apenas do cinema,
q u a n d o
se fala de meio ambiente tem sido
muito biodesagradável e eco chata.
É preciso mostrar para as pessoas a
importância da conservação da natureza
sem focar apenas no catastrófico”,
afirma. O cineasta afirma ainda que
essa comunicação precisa sensibilizar
o público mostrando que esse tema é
urgente, porém é preciso fazer isso de
forma que as pessoas “embarquem na
narrativa, que elas queiram fazer parte
desse universo porque é bacana e não
porque é politicamente correto”, explica.
Meirelles produziu em 2014 o
documentário ‘Lei da Água (Novo Código
Florestal)’, que mostra as consequências
da mudança na legislação, a qual diminui
as áreas de florestas no Brasil. “Ainda
trabalhamos de certa forma mostrando
um cenário pessimista, mas acredito que
estamos caminhando e aprendendo como
comunicar melhor a questão ambiental”,
afirma. Em 2015 o filme chega à telona
de forma diferente do convencional: via
crowdfunding, iniciativa na qual as pessoas
pagam sua entrada antes para garantir
público. Dessa forma, o documentário pode
chegar a várias cidades e o público se engaja
desde antes de assistir ao
filme.
Foto: Divulgação
diques – que fazem parte da chamada
infraestrutura cinza. A adaptação com
base em ecossistemas propõe a utilização
da chamada ‘infraestrutura verde’ na
adaptação às mudanças climáticas: no
caso do exemplo vietnamita, a proteção
natural dos manguezais.
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
39
ARTIGO
Bruno Pereira
Foto: Divulgação
SUSTENTABILIDADE
E ECONOMIA CIRCULAR
NO UNIVERSO
DAS EMBALAGENS
É
com frequência que escuto
comentários do tipo “tenho
uma solução sustentável, mas o
consumidor não está disposto a pagar”.
Fica a impressão de que sustentabilidade
e
competitividade
são
conceitos
paradoxais. Um produto sustentável só
pode ser mais caro. Um produto barato
não pode ser sustentável. E por aí vai.
sustentabilidade, aquele que posicionava
embalagem como um impacto ambiental
grande, desnecessário e que precisava ser
urgentemente reduzido ou eliminado. Isso
sem falar de mudanças fundamentadas
apenas em “mitos” que traçavam uma
linha sólida, emocional e até hoje muitas
vezes inquestionável entre o desejável e o
inaceitável.
Tal percepção foi construída, em
parte, por inúmeros projetos e iniciativas
“sustentáveis” que fracassaram por
serem economicamente inviáveis. Ou por
produtos e embalagens “verdes” que
chegaram ao ponto de venda só para
descobrir que apenas um pequeno nicho
estaria disposto a pagar mais por um
futuro melhor.
Hoje sabemos que não é bem assim.
O “novo” entendimento esclarece que
a embalagem é uma ferramenta para
o desenvolvimento sustentável. Sim, a
produção e o descarte das embalagens
trazem impactos para o meio ambiente.
Mas a novidade é que a embalagem
“mais sustentável” deve evitar outros
impactos mais relevantes que o dela
própria. Impactos esses distribuídos (e
escondidos) ao longo da cadeia de valor.
Pois bem, chegou a hora de desafiar
esse conceito. Muitos dos fracassos
fundamentavam-se
no
“antigo”
entendimento
de
embalagem
&
40
Utilizar a embalagem como ferramenta
para o desenvolvimento sustentável
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
significa explorar seu potencial de mitigar
processos e impactos, como por exemplo,
a eliminação da cadeia de frio ou a
redução do desperdício de alimentos. E a
boa notícia é que ao eliminar processos
ou reduzir desperdícios terminamos por
economizar dinheiro. Manter a cadeia de
frio custa dinheiro. Jogar alimento no lixo
custa dinheiro. A proposta é justamente
viabilizar produtos mais econômicos com
base no “valor sustentável” entregue
pela embalagem.
Para iniciar essa jornada é preciso
entender claramente como estão
distribuídos os impactos ao longo da
cadeia produtiva e de consumo, uma
missão normalmente confiada a um
método chamado Análise do Ciclo de
Vida. Uma vez identificados os vilões
– cientificamente conhecidos como
hotspots – deve-se perguntar “como é
que a embalagem pode ajudar?”.
Muitas vezes a resposta será simples,
como por exemplo adequar o tamanho
da porção ou recomendar o modo de
preparo mais adequado. Em outros
casos pode ser necessário mudar toda
uma cadeia. Seja qual for a situação, é
muito provável que novas e melhores
embalagens possam prestar um serviço
relevante para o desenvolvimento
sustentável.
A utilização da sustentabilidade como
inspiração para a competitividade nos
leva a um conceito bastante discutido
atualmente: a Economia Circular.
Desde
1987
entende-se
por
Desenvolvimento Sustentável, "aquele
que atende às necessidades do presente
sem comprometer a capacidade das
gerações futuras atenderem às suas
próprias necessidades". Podemos "usar"
o Planeta, mas sem estragar.
Proponentes da Economia Circular,
tais como a proeminente Fundação
Ellen MacArthur, fazem uma releitura
dessa definição sob a ótica da Oferta &
Procura: preconizam que a insistência
no Modelo Linear (extração-produção-consumo-descarte) leva à escassez de
recursos naturais com resultante elevação
no custo real de sua obtenção, podendo
chegar a níveis que afetam a ordem
socioeconômica.
Sugere-se como solução substituir
gradativamente os Sistemas Lineares por
Circulares. A extração de recursos naturais
daria lugar a ciclos de intensa reutilização,
recondicionamento e reciclagem dos
Nutrientes Técnicos - termo utilizado
para definir os materiais produzidos
pelo homem, de difícil reabsorção pela
natureza - bem como ao manejo dos
Nutrientes Biológicos em harmonia com a
biosfera. Ainda que incipiente, já existem
trabalhos para o estabelecimento de
métricas que indicam, por exemplo, que
a economia do Reino Unido teria 19% de
circularidade.
uma definição precisa, mas já temos
elementos suficientes para apontar
algumas possibilidades.
Para começar, podemos utilizar
a embalagem para minimizar os
desperdícios da cadeia na qual ela
participa, aliviando o ciclo dos Nutrientes
Biológicos bem como reduzindo consumo
de energia ao longo do processo. Essa
linha de ação é particularmente relevante
para bens de consumo não duráveis e
pode ser exemplificada na redução do
desperdício de alimentos, atualmente
estimada em 1/3 do total que se produz
no país, na eliminação da necessidade de
refrigeração e na redução do consumo de
água em atividades de preparo e limpeza.
Nessa busca por menos desperdício
vale lembrar a importância de priorizar
oportunidades com base no Pensamento
do Ciclo de Vida bem como trazer soluções
que ofereçam melhor relação custobenefício, afinal de contas, a Economia
Circular deve resultar em soluções mais
competitivas a longo prazo.
Considerando a circularidade da
embalagem em si, parece haver um
enorme espaço para novas tecnologias
e modelos de negócio que aumentem a
atratividade econômica dos processos de
reutilização e reciclagem. Novas tecnologias
têm o potencial de garantir segurança
para aumentar o grau de reincorporação
de embalagens nas cadeias das quais se
originam, tais como alimentícia, médica
e de cuidados pessoais, reduzir os custos
de reciclagem com maior eficiência e
robustez operativa bem como viabilizar a
produção de produtos de maior qualidade
e valor agregado a partir de matérias-prima
recicladas, criando condições para que
mais materiais compitam técnica
e economicamente com seus
contratipos virgem.
necessidade, podemos imaginar que
as próximas gerações vivenciarão uma
acelerada transição para a Economia
Circular. E apesar de mudanças sempre
serem acompanhadas por incertezas e
preocupações, é confortante saber que a
força impulsora é a boa e velha dinâmica
econômica competitiva na qual fomos
criados.
Aproveitemos esse momento de
discussão para, juntos com a sociedade,
articularmos a definição de Embalagem
Circular.
1. World Commission on Environment
and Development (1987). Our Common
Future. Oxford: Oxford University Press.
ISBN 019282080X.
2.
Green
Alliance
Blog.
http://greenallianceblog.org.
uk/2012/05/24/making-the-circulareconomy-a-reality/. Acessado em 13 de
abril de 2015
* Bruno Pereira é coordenador
do Comitê de Meio Ambiente e
Sustentabilidade da Associação Brasileira
de Embalagens (ABRE) e professor de
Embalagem e Sustentabilidade do Núcleo
de Estudos da Embalagem da Escola
Superior de Propaganda e Marketing
(ESPM). É também gerente de marketing
para Novos Negócios e Sustentabilidade
da área de Embalagens e Plásticos de
Especialidade da Dow para a América
Latina.
Seja
por
opção ou
Foto: Divulgação
Embalagens - indispensáveis como
são em nossa sociedade - podem
contribuir enormemente para que possa
ser atingida a Economia Circular. É certo
que ainda faltam referências para
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
41
Foto do site: culturagreen.com/
CLIMA
NA EXPECTATIVA
DA MAIOR CONFERÊNCIA
GLOBAL SOBRE O CLIMA
A Cop 21 acontece no final de novembro, mas proposta
do governo brasileiro já recebe críticas após seu anúncio.
Da Redação
D
e 30 de novembro a 11 de
dezembro, acontece em Paris,
na França, a 21ª Conferência
Climática, conhecida como COP 21.
Espera-se que esta conferência seja a
maior conferência climática já realizada
no mundo. A COP 21 tem como principal
objetivo costurar um novo acordo entre
os países para diminuir a emissão de
gases de efeito estufa, diminuindo o
aquecimento global e, em consequência,
limitar o aumento da temperatura global
42
em 2ºC até 2100. Espera-se que 40 mil
pessoas entre governantes, cientistas,
sociedade civil e diplomatas estejam
presentes.
Segundo a ONU, os compromissos
nacionais de redução de gases do efeito
estufa anunciados até agora - por quase 60
países responsáveis por aproximadamente
70% das emissões - não permitirão
cumprir com o objetivo de limitar a
mudança climática a uma alta de 2°C.
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
Na conferência, os países devem
apresentar Contribuições Nacionalmente
Determinadas Pretendidas (INDC na sigla
em inglês), documento que contém o que
cada nação pretende fazer para reduzir e
remover as emissões de Gases do Efeito
Estufa (GEE).
O Brasil representa mais de 50% da
redução global de emissões de carbono
entre 2001 e 2015, segundo estimativas
da Organização das Nações Unidas para
a Alimentação e a Agricultura (FAO).
O INDC brasileiro foi anunciado pela
presidente Dilma Rousseff, na ONU, em
Nova Iorque (EUA), durante a Climate
Week, que reuniu lideranças políticas,
empresariais e civis do mundo todo.
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e
Agricultura, um movimento que reúne
integrantes do setor privado, organizações
ambientalistas,
organizações
da
sociedade civil, empresas, centros de
pesquisa e entidades setoriais, entende
que o Brasil pode estabelecer uma INDC
mais ousada, com metas palpáveis e
mobilizadoras para a COP-21.
De acordo com a secretária executiva
do Diálogo Florestal, Miriam Prochnow,
a Coalizão entende que as metas
anunciadas trazem algum avanço, mas
faz ressalvas: "o plano foi anunciado
sem ter havido uma consulta ampla à
sociedade e isso é uma preocupação, pois
ninguém vai conseguir cumprir as metas
sem o envolvimento amplo de toda a
comunidade participando".
Bessermann Vianna, a economia mundial
deverá definir, de forma urgente, uma
estratégia para proteger os ambientes
naturais de forma a garantir a sobrevivência
da população e da biodiversidade do
Planeta. “A natureza não se recompõe
na mesma velocidade da utilização
dos recursos naturais necessários para
viabilizar o aumento da produção de
alimentos e de bens de consumo que a
demanda exige. O meio ambiente está
no limite para a entrega de serviços que
garantem o bem-estar e a sobrevivência
da humanidade”, afirmou o economista.
Segundo ele, o planeta já ultrapassou
três dos nove limites apresentados no
estudo ‘Um espaço operacional seguro
para a humanidade’, coordenado pelo
pesquisador Johan Rockstrom, da
Universidade de Estocolmo.
indispensável para garantir a sobrevivência
e a qualidade de vida das populações. O
estudo mapeou nove elementos que são
fundamentais para a sustentabilidade da
Terra: controle das mudanças climáticas;
(alteração na) acidificação dos oceanos;
interferência nos ciclos globais de
nitrogênio e de fósforo; uso de água
potável; alterações no uso do solo; carga
de aerossóis atmosféricos (partículas
sólidas ou líquidas que ficam suspensas
no ar como poeira, fuligem e fumaça);
poluição química; e a taxa de perda da
biodiversidade, tanto terrestre como
marinha. Dos nove, as atividades humanas
já ultrapassaram os limites adequados para
três: mudanças climáticas, biodiversidade
e concentração de nitrogênio na
atmosfera.
De acordo com o estudo, ‘limites
planetários’ são processos que influenciam
a habilidade do planeta de
manter seus ecossistemas
e processos naturais
em
equilíbrio,
o que é
Foto: divulgação
Outro ponto importante citado por
Miriam Prochnow é o desmatamento. Ela
ressalta que esse é o ponto que o Brasil mais
contribui na emissão de CO2, na conta
global: “no documento do governo,
está colocado a intenção de
conter o desmatamento ilegal
apenas em 2030 ".
Para o economista
e ecólogo, Sérgio
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
43
NEO MONDO INFORMA
Por Eleni Lopes
ABAP premia cases de
sustentabilidade na publicidade
E
m 24 de novembro, a Abap (Associação Brasileira
de Agências de Publicidade) anunciará os
ganhadores do 7º Prêmio Nacional Abap de
Sustentabilidade. Os candidatos inscritos concorrerão nas
categorias Educação, Mobilização Social, Institucional, além
de Melhor Anunciante.
“O caminho da sustentabilidade para as empresas é
inexorável. É importante incentivar e reconhecer as iniciativas
dos principais atores e articuladores que estão em busca de
uma agenda positiva da Sustentabilidade no Brasil - líderes,
consultorias, agências, empresas, setores de vanguarda,
terceiro setor, imprensa e outros”, diz Orlando Marques,
presidente da Abap Nacional.
Criado em 2009, o prêmio se destaca por reconhecer
empresas e agências que melhor comunicam práticas
sustentáveis, unindo integração, conectividade e também
concisão no tocante à comunicação da sustentabilidade.
Oito empresas brasileiras integram
Índice Dow Jones de Sustentabilidade
O
ito empresas brasileiras integram a nova
composição do Índice Dow Jones de
Sustentabilidade (DJSI). O grupo do Brasil é
formado pelo Bradesco, Cemig, Embraer, Itaú Unibanco,
Itaúsa, Petrobras, Banco do Brasil e a Fibria.
Nesta edição, o índice tem 333 empresas de 59 setores
da indústria de 25 países. Para serem incluídas, elas passam
por rigoroso processo seletivo, que analisa dados econômicos,
desempenho ambiental e social, governança corporativa, gestão
de risco, mitigação da mudança climática e práticas trabalhistas.
A seleção é conduzida pela RobecoSAM AG, empresa
especializada em gestão de ativos e na oferta de produtos e
serviços no campo de investimentos sustentáveis, e todo o
processo conta com auditoria da Deloitte. Lançado em 1999
44
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
como primeiro índice global de ações, composto por companhias
consideradas social e ambientalmente responsáveis, o DJSI tem
o objetivo de orientar a alocação de recursos pelos gestores
globais, estimulando a responsabilidade ética corporativa e o
desenvolvimento sustentável.
Foto: divulgação
Projeto da USP transforma
lixo em energia
O Projeto Civap, realizado em parceria com a empresa
Carbogas, prevê o recebimento do lixo recolhido pela
prefeitura dessas cidades para uma planta de gaseificação
que a empresa está construindo na região. Esse lixo será
processado e transformado em CDR – combustível derivado
de resíduo e, posteriormente, gaseificado. O gás produzido
servirá como combustível para geração de energia, a ser
comercializada e inserida no sistema interligado de energia
elétrica brasileiro.
“O diferencial da tecnologia do Projeto Civap é seu
tamanho. É uma planta de pequeno porte que pode ser
utilizada para gaseificar o lixo produzido nas pequenas
cidades, atendendo a Política Nacional de Resíduos Sólidos
e gerando energia”, destaca a professora Suani Teixeira
Coelho, orientadora do trabalho. De acordo com os dados
da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil possui 1.569 lixões,
1.775 aterros controlados (adaptados) e 2.226 aterros
sanitários.
Atualmente, a solução tecnológica empregada para
resolver a destinação final do lixo urbano nos países
desenvolvidos é gerar energia por meio do processo de
incineração. Contudo, esta é uma tecnologia cara; e
também necessita de uma quantidade muito grande de
lixo, na faixa de 1 mil a 1,2 mil toneladas por dia, para ser
incinerado e produzir energia em um volume mínimo que
compense seus custos.
O grande desafio atendido pelo gaseificador
desenvolvido no âmbito do Civap está relacionado ao
modelo de negócios elaborado para a tecnologia. “No Brasil,
temos uma política que obriga as cidades a encontrarem
uma solução que não seja o aterro e a eliminarem os
lixões”, explica Suani. “Ao mesmo tempo, 73% dos nossos
municípios têm até 20 mil habitantes e não geram lixo em
quantidade suficiente para ser usado em incineração para
gerar energia”. Pela parceria, os 22 municípios vão vender
o lixo, que antes depositariam em valas que já estão com
capacidade esgotada, para a Carbogas, resolvendo assim
o problema da destinação dos resíduos e não tendo de
enfrentar custos elevados com a alternativa da incineração.
Foto: divulgação
N
a Escola Politécnica (Poli) da USP, trabalho do
pesquisador Luciano Infiesta analisou e desenvolveu
um modelo de negócios para um projeto de
gaseificação que utiliza resíduos sólidos urbanos. O gás
produzido será usado em caldeiras para geração de vapor, o
qual irá movimentar turbinas ligadas a geradores de energia
elétrica. A iniciativa será realizada por um consórcio de 22
municípios do Vale do Paranapanema, no interior de São Paulo.
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
45
NEO MONDO INFORMA
Foto: divulgação
Por Eleni Lopes
As cinco cidades com melhor transporte
público do mundo
O
Inhabitat,
blog
ligado
ao Boston Architectural
College, fez uma lista com
as cinco cidades que mais se destacam
quando o assunto é transporte coletivo
de qualidade. O ranking utilizou como
critérios o conforto, conveniência,
eficiência, limpeza, rapidez e facilidade
de utilização dos serviços. Confira a lista,
reproduzida pelo site The City Fix Brasil.
2º lugar: Nova York
Na maior cidade dos EUA, as
possibilidades de locomoção são muitas:
ônibus, trem, metrô, bicicletas, balsas e
até faixas exclusivas para pedestres fazem
da cidade um dos melhores lugares do
mundo para se deslocar utilizando o
transporte público. Todos os sistemas
funcionam 24 horas por dia, de forma a
atender toda a demanda da cidade.
3º lugar: Londres
A cidade do Big Ben tem o maior
e mais antigo metrô do mundo. O
Metropolitano de Londres, ou London
Underground, que começou a operar
1863, ainda hoje é um dos mais
eficientes, com 268 estações e cerca
de 400 km de extensão. Além disso, a
capital inglesa conta com uma vasta rede
de ônibus, trens na superfície e bondes
suburbanos que garantem a mobilidade
diária da população londrina.
4º lugar: Paris
Independentemente de qual lugar
de Paris você esteja, é possível encontrar
uma estação de metrô a cada 500
metros: são pelo menos 300 espalhadas
pela cidade, interligando todas as áreas.
E, para que as pessoas possam completar
seus trajetos da melhor forma possível, a
capital francesa ainda tem um sistema de
aluguel de bicicletas com 1.400 estações.
5º lugar: Moscou
Apesar de inaugurado há quase
oitenta anos, em 1935, o sistema da
capital russa é um dos mais pontuais
do mundo. Mais de 8 milhões de
passageiros utilizam diariamente o
sistema ferroviário de Moscou, que tem
305 km de extensão.
Foto: shutterstock.com/gallery-321952p1.
1º lugar: Tóquio
A Capital japonesa é uma das
maiores cidades do mundo e tem o
sistema de transporte mais complexo
– e completo – do mundo: metrô, VLT
(bondes), trens urbanos, ônibus e balsas
que fazem cerca de 30 milhões de
viagens diárias. O transporte público é
a espinha dorsal da cidade e a primeira
opção da população para se deslocar.
As oito estações mais movimentadas
do metrô de Tóquio (dados de 2007)
somavam 14,4 milhões de passageiros.
46
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
A
crise econômica pela qual o Brasil passa
atualmente apresenta oportunidades para
o desenvolvimento de produtos e áreas nas
quais o país apresenta vantagens competitivas. E isso pode
favorecer os investimentos internos em ciência e tecnologia.
A avaliação foi feita por José Goldemberg, presidente da
FAPESP, durante o seminário “Saídas para a crise”, realizado
em setembro, na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em
São Paulo (SP).
Goldemberg avaliou que a cotação do dólar, em torno
de R$ 2 no Brasil, nos últimos anos desencorajou a produção
local e levou a indústria nacional, que representava 18% do
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro há dez anos, diminuir
sua participação para 9% atualmente porque até então era
mais barato comprar produtos da China do que fabricá-los
internamente.
O fato de a cotação da moeda norte-americana no
Foto: divulgação
Crise apresenta oportunidades para
pesquisa e desenvolvimento no Brasil
Brasil ter subido nos últimos meses pode dar um novo
impulso para o desenvolvimento de produtos e da ciência e
tecnologia no país, estimou.
“A ciência e tecnologia não dependem apenas de boas
ideias, mas também da situação econômica do país. A
subida do dólar, agora, é favorável para o desenvolvimento
da ciência e tecnologia localmente”, disse Goldemberg.
Na avaliação do dirigente da FAPESP, uma das áreas em
que o Brasil apresenta vantagens competitivas em relação
a outros países é a de automóveis elétricos. Isso porque o
país tem grande disponibilidade de energia proveniente de
hidrelétricas, ao contrário de outras nações onde a energia
elétrica é produzida a partir de combustíveis fósseis.
“Acho que a grande tarefa que temos agora é a de
identificar essas áreas em que nós possamos, efetivamente,
fazer a diferença, por nossas características próprias e
locais”, disse Goldemberg.
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
47
NEO MONDO INFORMA
Por Eleni Lopes
A Lei da Biodiversidade, sancionada
em maio, prevê que comunidades
tradicionais,
povos
indígenas
e
agricultores familiares possam negar o
acesso de pesquisadores e representantes
de indústrias ao conhecimento e a
elementos da biodiversidade brasileira.
De acordo com o gerente
de projetos do Departamento de
Patrimônio Genético do Ministério
do Meio Ambiente, Henry Novion, o
consentimento prévio informado será
o instrumento usado para condicionar
os acessos e, no documento, constarão
todas as regras a serem seguidas pelos
setores acadêmicos e produtivos.
“A lei reconhece quem vai dizer como
determinado conhecimento vai ser usado
e não é o Governo, não é universidade,
não é a empresa. A lei diz que quem vai
dizer como, segundo usos, costumes e
tradições, o conhecimento pode ou não
ser usado é o povo que detém aquele
conhecimento. É o povo que dá o
consentimento”, explicou Novion.
O gerente acrescentou que, na
regulamentação da lei, estará previsto
o responsável legal por dar esse
consentimento, se será uma associação
local, por exemplo, ou uma organização
ou federação que represente as
comunidades e povos. A regulamentação
tem prazo de 180 dias para ficar pronta,
a partir da sanção da lei.
Manoel da Silva Cunha é extrativista
na Reserva Extrativista do Médio Juruá
e diretor do Conselho Nacional das
Populações Extrativistas e, de acordo
48
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
com ele, a comunidade já discute alguns
conhecimentos que não tem interesse
em compartilhar com a indústria e a
academia. “Temos alguns tipos de uso
de plantas, que têm rituais que o poder
não é só nosso, foi o espírito que ensinou
e não temos interesse de repassar. Mas
têm muitos conhecimentos e muito
patrimônio genético que estão aí para ter
uma função social e ambiental e não estão
tendo. A pesquisa e as empresas precisam
chegar e a comunidade precisa abrir esse
conhecimento. Eu não tenho dúvida de
que a cura do câncer está aí, que a cura da
aids está aí, só precisa pesquisar.”
Para ele, entretanto, as comunidades
tradicionais e povos indígenas precisam
ter autonomia e soberania sobre esse
conhecimento. “Se ela [a comunidade]
não quer abrir, que não sofra nenhum
tipo de represália ou pressão nenhuma,
que sejamos soberanos nessa decisão.
Que não seja o Governo que diga o que
a gente abre ou não, que a lei não dê
esse privilégio às empresas.”
Foto: divulgação
Povos tradicionais poderão negar
acesso a plantas e animais
O procurador da República no Distrito
Federal Anselmo Henrique Cordeiro
Lopes, representante do Ministério
Público no Conselho de Gestão do
Patrimônio Genético (Cgen), destaca que
a regulamentação da lei deve garantir a
paridade na composição do conselho,
a conformação do comitê gestor do
Fundo de Repartição de Benefícios.
Entretanto, segundo ele, o conceito de
consentimento prévio informado deve
ser muito bem apropriado pelos povos e
comunidades tradicionais.
“Ele [o consentimento] é que
condicionará o acesso ao patrimônio
genético e ao conhecimento tradicional
associado, dando aval para pesquisa,
desenvolvimento tecnológico e exploração
comercial e industrial. Se as comunidades
não souberem o que é o consentimento
prévio informado, não saberão qual o seu
principal direito, direito de ser consultado
e poder de dizer sim ou não, de forma
bem esclarecida e que seja o melhor para
a comunidade”, disse Lopes.
Foto: divulgação
Artistas se engajam na campanha
“A Natureza está Falando”
desafiador, diz: "Humanos, eu não devo nada a vocês.
Eles me envenenam e esperam que eu os alimente. Eu
já cobri este planeta inteiro uma vez. E eu posso cobri-lo
novamente”.
Os filmes, que originalmente foram criados nos Estados
Unidos, contaram no elenco com artistas como Harrison
Ford, Julia Roberts, Penélope Cruz, Lupita Nyong'o, Edward
Norton, Robert Redford, Ian Somerhalder e Kevin Spacey.
“A mensagem que a campanha quer passar é de que
a natureza não precisa das pessoas, são as pessoas que
precisam da natureza. Por mais duro que isso possa parecer,
é, de fato, o que acontecerá. A natureza vai se recompor,
vai evoluir de qualquer forma, basta saber se nós, humanos,
estamos preparados para evoluir também, envolvendo todos
ao nosso redor”, afirma Rodrigo Medeiros, vice-presidente
da CI-Brasil.
No Brasil, no papel da 'Mãe Natureza', Maria Bethânia
afirma: "Realmente não preciso das pessoas, mas as pessoas
precisam de mim". Já Santoro, o "Oceano", em um tom
Pedro Bial, Gilberto Gil, Maitê Proença, Max Fercondini
e Juliana Paes, respectivamente, deram voz à "Floresta", ao
"Solo", à "Água", ao "Recife de Coral" e à "Flor”. Todos os
artistas abriram mão do cachê em prol da natureza.
Livro retrata anos dourados
da conservação no Brasil
A
engenheira agrônoma Maria Tereza Jorge Pádua
integra um time de conservacionistas brasileiros
que fez muito pela ampliação das áreas
protegidas no Brasil, num período compreendido entre o final
da década de 60 e início da década de 80. Como diretora
de Parques Nacionais, Áreas Protegidas e Fauna Silvestre do
extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Florestas
(IBDF), ela implantou, ao lado de sua equipe, em menos de 20
anos, a primeira unidade de conservação marinha brasileira –
a Reserva Biológica Atol das Rocas - 14 parques nacionais e as
primeiras áreas protegidas da Amazônia.
Essa trajetória profissional, somada a outras conquistas
e curiosidades sobre a biodiversidade brasileira, estão no
livro ‘Conservando a Natureza no Brasil’, que Maria Tereza
lançou durante o VIII Congresso Brasileiro de Unidades de
Conservação (CBUC).
Editado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção
à Natureza, o livro narra os bastidores da criação e
implantação de todas essas áreas protegidas e também
como foi elaborado o primeiro Plano de Sistemas de Unidade
de Conservação brasileiro, publicado em 1979. Traz ainda
detalhes e relatos da criação dos Parques Nacionais Grande
Sertão Veredas, na divisa de Minas Gerais com Bahia, e
Pico da Neblina, na Amazônia, além de relatar o início do
projeto Tamar.
Foto: shutterstock.com/gallery-917102p1.
M
aria Bethânia, Gilberto Gil, Pedro Bial, Rodrigo
Santoro, Maitê Proença, Juliana Paes e Max
Fercondini emprestaram suas vozes aos filmes
“A Natureza está Falando”, criado pela ONG Conservação
Internacional globalmente. A campanha, inicialmente com
sete filmes, dá voz a importantes elementos da natureza e
convida a sociedade a refletir e se engajar no debate sobre
os desafios que serão enfrentados para construção de um
planeta mais saudável e sustentável.
“É uma obra que guarda um período da conservação
brasileira, que pode ser chamado de anos dourados. Tinha
uma equipe de primeira linha e recursos financeiros para
expandir as áreas protegidas no país. Fiz parte de um
momento histórico, de muita luta, em que nada me foi
negado e tive o privilégio de poder fazer muita coisa com
minha equipe pela preservação”, afirmou Maria Tereza.
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
49
NEO MONDO INFORMA
Mancha de poluição no Rio Tietê
avança mais de 50% em um ano
O
trecho considerado “morto” do Rio Tietê teve
um aumento superior a 50% referente ao ano
passado e chega a 154,7 quilômetros, de acordo
com resultados do relatório “O Retrato da Qualidade da Água
e a evolução parcial dos indicadores de impacto do Projeto
Tietê“, divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica no final
de setembro. A mancha anaeróbica, na qual os índices ainda
variam de ruim a péssimo, está localizada atualmente entre os
municípios de Mogi das Cruzes e Cabreúva.
O relatório é resultado do monitoramento de qualidade da
água dos rios das bacias hidrográficas do Alto e Médio Tietê,
analisados entre setembro de 2014 a agosto de 2015. No total,
foram 109 pontos de coleta distribuídos em 26 municípios e em
78 corpos d’água. Importante destacar que o monitoramento
é realizado por grupos de voluntários da SOS Mata Atlântica.
“Esses indicadores alertam para a urgente necessidade
de uma ação integrada e firme do Estado, envolvendo Cetesb,
Sabesp, DAEE, EMAE e demais secretarias, com os municípios
para que tragédias anunciadas, como essa da abertura de
barragens, deixem de matar o rio, remetendo a sua qualidade
no interior ao que registrávamos nos anos 90”, afirma Malu
Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS
Mata Atlântica.
No início do projeto de despoluição do rio com maior
extensão do Estado de São Paulo, em 1993, a mancha de
poluição estava em 530 quilômetros, de Mogi das Cruzes até
o reservatório de Barra Bonita. No fim de 2010, ao término
da segunda etapa do Projeto Tietê, o trecho de rio morto
compreendia uma extensão de 243 quilômetros, de Suzano
até Porto Feliz. Já em 2014, a mancha de poluição ocupava
somente 71 quilômetros entre os municípios de Guarulhos
e Pirapora do Bom Jesus. Com a mancha atual, entre Mogi
das Cruzes (60 km da nascente) até o município de Cabreúva
(214,7 km da nascente), o aumento foi de 54% em relação
ao estudo realizado em 2014.
Foto: shutterstock.com/gallery-917102p1.
A mancha negra que tingiu o rio a partir de Santana de
Parnaíba, do Reservatório de Edgard de Souza, até o município
de Botucatu, no Reservatório de Barra Bonita, derrubou os
índices de qualidade da água de regular/aceitável para péssimo,
em dois dias de análise nesse trecho do rio. Já o enorme
excedente de esgoto sem tratamento dos municípios de Mogi
das Cruzes, Suzano, Guarulhos e demais cidades do Alto e
Médio Tietê resultaram em impactos diretos na qualidade da
água medida em 16 pontos de coleta no rio Tietê e em outros
53 pontos distribuídos nas bacias hidrográficas, que registraram
médias de qualidade da água ruim e péssima.
50
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
Foto: shutterstock.com/gallery-917102p1.
Por Eleni Lopes
NEO MONDO - novembro/dezembro 2015
51
Fazer a energia e os avanços
chegarem mais longe.
A Eletrobras investe para
R%UDVLOYHQFHUVHXVGHVDƮRV
Investimento de cerca de R$ 50 bilhões
em geração e transmissão, até 2019,
como parte do Programa de Investimentos
em Energia Elétrica.
Os investimentos da Eletrobras em transmissão,
na última década, ultrapassam os R$ 36 bilhões.
,VVRDXPHQWRXDVROLGH]HDFRQƮDELOLGDGHGRVLV
tema Interligado Nacional, com mais de 23 mil km
em novas linhas de transmissão. São obras
como os Linhões Tucuruí/PA – Manaus/AM e
Porto Velho/RO – Araraquara/SP.
E também permitiu a chegada da energia aonde
ela não chegava antes, melhorando a vida de mais
de 15 milhões de brasileiros com o Luz para Todos.
E a Eletrobras não para: os novos investimentos
vão deixar nosso sistema ainda mais robusto e
FRQƮ YHOJHUDQGRPDLVHQHUJLDFRPPHQRUFXVWR
de maneira limpa.
Onde tem Eletrobras tem o
Governo Federal trabalhando
para o Brasil avançar.
eletrobras.com

Documentos relacionados