As vanguardas no Modernismo

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As vanguardas no Modernismo
Vanguarda artística no Modernismo
.
.
Categoria de novo em oposição à
tradição histórica, mas assumindo a
forma de ruptura abrupta, não como
em movimentos anteriores.
Vanguarda – filha radical da
modernidade.
Adorno: desde o primeiro capitalismo,
qualquer obra ou movimento que
queira ser sucedido, terá de estar a
par das inovações do seu tempo.
.
.
Nova burguesia – revolta contra a
tradição do passado – novidade como
categoria estética.
Vanguardas na arte e no design
partilham a premissa da novidade:
desprendimento do historicismo na
procura de uma linguagem moderna,
adaptada à sua época.
Vanguardas na arte versus Vanguardas no design
•
Vanguardas na arte:
•
Vanguardas no design:
•
- Sucessão de movimentos inovadores,
alguns opostos entre si :
•
- processos com base na razão:
•
. forte cunho pessoal e expressivo –
impressionaismo, cubismo, dadaísmo,
surrealismo, suprematismo,
neoplasticismo,...
•
. racionalistas e mecanicistas – futurismo,
construtivismo russo, neoplasticismo,...
•
Premissas na base dos movimentos:
•
. não generalizáveis
•
. carga simbólica
•
. objectivos estéticos – arte pela arte
•
. objectivos socio-políticos – arte para uma
nova sociedade, para um novo mundo (ex:
socialismo, comunismo russo).
. produto das exigências funcionalistas de
uma época, adaptando formas a funções e
técnicas diversas – cubistas, futuristas, de
Stjil, neoplasticistas, construtivistas
russos,...
Premissas na base dos movimentos:
•
. desenho com funções práticas: a beleza e
forma do objecto resultam e são intrínsecas
à sua função.
•
. Relação estreita entre produção artística e
produção industrial.
Antecedentes históricos
Panoramas do século XIX
Invenção da fotografia
Pictórico versus fotográfico
A criação do cinema
Século XIX:
- situações estruturantes para futuros desenvolvimentos no século XX
•
•
•
•
•
•
•
- Novo interesse pelos
mecanismos do espectáculo.
- Nova vontade de “tudo ver e
tudo compreender” – postura
holística de procura utópica da
obra de arte total.
- indivíduo no centro da
experiência e da vontade de
conhecimento.
- Panoramas do séc. XIX, 1793
- Invenção da fotografia, 1839
- Invenção da imagem em
movimento – cinema – irmãos
Lumière.
Panoramas do século XIX
Panorama:
do grego π ν “tudo” + ραμα “ver”
- Gigantescas pinturas circulares de
paisagens apresentadas,
habitualmente, em edifícios cilíndricos.
- antecedentes do espectáculo da
exposição.
- novo sentido de envolvência do
espectador.
- 1º. Panorama surge em Londres,
1792, e torna-se atracção importante
na Europa, sec. XIX, para
apresentação de ambientes,
paisagens e eventos históricos.
1. Panorama na Ucrânia, 1852
2. Ambiente urbanos ou naturais
3. Eventos históricos
Fotografia
Photographia: do Grego phos “luz” + graphé “grafia”, desenho com luz
•
século V a. C - referências chinesas à
câmara pinhole
•
século IV a. C - referências de
Aristóteles e Euclides a câmaras
pinhole rudimentares
•
1820 – registos fotográficos através de
processos químicos (materiais fotosensíveis).
•
1839 – Louis Daguerre anuncia a
invenção, em nome da França.
Cinema
Cinematografia (do Grego: kinema - “movimento" and graphein - “gravar")
•
1888 – primeira tentativa de mostra de
imagem em movimento do inventor
françês Louis Le Prince (não
patenteada).
•
1895 – primeira apresentação pública
e paga de imagens em movimento,
pelos irmãos Lumière, Le Grand Café,
Paris, com o filme:
•
“Sortie de l’Usine Lumière à Lyon”.
•
Ficou conhecida como a primeira
sessão de cinema pública.
Influências na base do Modernismo
•
- Crise da representação da realidade
confronto da pintura e escultura com novos
métodos de reprodução técnica da
realidade: fotografia e cinema
•
- deixa de fazer sentido a arte enquanto
cópia/ representação da realidade.
•
- posta em causa a originalidade e a aura da
obra de arte, perante as “cópias” realizadas
por processos fotográficos.
•
- posto em causa o papel do artista
enquanto autor.
•
- artista procura outras formas de afirmação
artística para além da representação:
•
1. subjectividade
•
2. aproximação da arte ao quotidiano e
produção industrial
•
Woman, Man Ray, 1931
▲
•
A traição das imagens, Renè Magritte, 1928
►
Édouard Manet, Le dejeuner sur l’erbe, 1862-1863
Édouard Manet, Bar at the Folies-Bergère, 1882
Paul Cezanne, Os banhistas em repouso, 1875-76
Georges Seurat, O domingo à tarde na ilha de la Grande Jatte, 1886
Psicanálise:
“ciência do inconsciente”, Sigmund Freud (1856-1939)
•
1900 – Freud publica “Interpretação
dos sonhos”.
•
Influência no Modernismo europeu:
•
. Experiências subjectivas na
expressão pictórica (Gustave Klimt,
Egon Schiele, Oskar Kokoschka,
expressionismo vienense, simbolismo,
surrealismo, cubismo,...)
. Regresso ao primitivismo e influência
arte africana (Paul Gauguin, Picasso e
o cubismo, Henri Matisse,...)
. Mistura de várias realidades:
consciente e inconsciente
(surrealismo, dadaísmo,...)
•
Der Kuss (o Beijo), Gustave Klimt, 1907-08
▲
•
Les Demoiselles d’ Avignon, Picasso, 1907
►
Arte no dilema entre a razão e o
instinto:
•
- Para Freud, arte afasta-se da
realidade - artistas procuram
compensação estética através da arte
pela renunciação aos seus instintos.
•
- Outras correntes afirmam arte
próxima da realidade, na afirmação de
uma nova ordem social e, por isso,
associada à produção industrial e aos
objectos do quotidiano.
•
Le bonheur de vivre (O prazer de viver), Henri Matisse, 1905 ▲
•
Auto-retrato, Egon Schiele, 1912
►
Condicionantes sociais
•
1. Nova Burguesia consumista
•
- Ascenção de uma nova burguesia –
nova esfera social atenta à produção
cultural e interessada na experiência
estética da arte - autonomia do sujeito
na apreciação da obra de arte.
•
2. Arte pró-social e próproletariado
•
- Posturas críticas da arte como
objecto de consumo e da burguesia
como consumista de objectos de arte
•
- autonomia da obra de arte – arte
vale em si mesma:
•
- Apologia de uma relação próxima:
arte – vida.
•
. deixa de estar limitada à
representação mitológica, religiosa e
do poder político.
•
- Preocupações sociais de criar uma
arte para uma nova classe de
proletariado.
•
.deixa de ser mera representação da
realidade.
•
•
.arte passa de objecto de culto a
objecto de exposição e com valor de
consumo.
- deixa de ser uma arte única para
uma audiência seleccionada, para
uma arte em massa para um público
alargado.
Cubismo
Pablo Picasso, Georges Braque
-
- geometrização das formas
-
- paleta das cores torna-se mais
homogénea, em torno dos ocres.
-
- influência máscaras africanas
-
- bidimensionalidade dos espaço e dos
planos.
-
- posterior uso da colagem – influência
da reprodução de imagens da
imprensa – arte aproxima-se dos
objectos e imagens do quotidiano.
-
- passagem da pintura à
tridimensionalidade através da
escultura
•
Le portugais (L’immigrant), Georges Braque, 1911
▲
•
Le violin, Pablo Picasso, 1912
►
Pablo Picasso, Vidro e garrafa de Suze, 1912
Pablo Picasso, Guitar, 1912
Pablo Picasso, Guitarra, Folha de música e vidro, 1912
Pablo Picasso, Cabeça de Touro, 1942
Futurismo
•
1909 – Filippo Tommaso Marinetti
(1876-1944), publica “Manifesto de
Fundação do Futurismo” na primeira
página do jornal Le Figaro.
•
- Ligação do Futurismo à cultura de
massas.
•
- As estratégias de comunicação
massmedia passam a ser importantes
para a afirmação das vanguardas.
•
- Fusão entre a prática artística e as
tecnologias mais avançadas.
•
- Apologia do produto industrial, das
máquinas, dos automóveis, das armas
e até da guerra (única vanguarda
associada ao fascismo, neste caso,
italiano).
•
Estudos de movimento, Eadweard Muybridge, 1882
▲
Dinamismo de um cão com trela, Giacomo Balla, 1912
►
•
•
•
•
- Ênfase no movimento do corpo:
kinestesia
- Ênfase na fusão de todos os
sentidos: sinestesia (audição, visão,
tacto,...)
- procura de uma representação
pictórica próxima da fotografia e do
cinema.
- condena o culto do passado e da
tradição.
•
•
Formas Únicas de Continuidade no Espaço, Umberto
Boccioni, 1913
►
Mobiliário e brinquedos futuristas, Giacomo Balla, 1912 - 1923
Fortunato Depero, Cartazes publicitários
Marcel Duchamp (1887-1968) – o síndroma da arte do século XX.
Tudo pode ser arte?
Transformações internas na arte:
1912-1914: pintura abstracta e
colagem – novas propostas de pintura
não representativa.
- ready-made e instalações como
novas alternativas à escultura
representativa.
Transformações externas:
- aumento da industrialização e
economia de consumo.
Nu descendent l’ escalier – resposta
de Duchamp à crise da representação
na pintura iniciada com o cubismo.
•
Perante as máquinas, Duchamp diria:
•
A pintura morreu. Quem consegue
fazer melhor do que estas máquinas?
•
Qual é a relação entre objectos
utilitários e objectos estéticos, entre
objectos de consumo e arte?
•
Pode uma pintura ser tão anónima,
tão não-subjectiva como uma
máquina?
•
A partir deste momento, Duchamp
prefere os objectos existentes.
•
Crítica ao artista e a obra de arte:
deixa de produzir arte e limita-se a
escolher objectos existentes – os
ready-made – afirmando-os como
arte!
•
Broyeuse de Chocolat n. 2, Marcel Duchamp, 1914
▲
Roda de Bicicleta, Marcel Duchamp, 1913
►
•
As questões passam a ser outras:
•
- Não se isto é boa ou má pintura ou
boa ou má escultura mas...
•
- O que é arte?
•
- Como é que reconhecemos arte?
•
- Quem a determina?
•
Duchamp promove uma crítica à arte
enquanto objecto de consumo e de
status, num contexto de novas
tecnologias que colocam em causa a
validade do próprio artista.
•
Famoso caso o urinol recusado na
exposição da Sociedade Independente
de Artistas Americanos, em 1917.
•
Porte-Bouteilles, Marcel Duchamp, 1914
▲
Fountain, Marcel Duchamp, 1917
►
1915-23 _ Marcel Duchamp:
The Bride Stripped Bare by her Bachelors, Even (The Large Glass)
•
Trabalho enigmático de Duchamp:
•
- rigor da perspectiva dos objectos
desenhados.
•
- restos de pó são fixos à obra (noção de
temporalidade, de realidade?).
•
- Título como jogo de palavras sem muito
sentido.
•
- pintura em vidro com intenção de a
desmaterializar: seu conteúdo passa a
pertencer ao espaço total da sala.
•
- noção de clareza e transparência
aproximam obra da fotografia, não como
processo mas como registo de um momento
– captar objectos num determinado instante,
num espaço.
•
Como publicidade da máquina Kodak: “You
push the button, we do the rest”.
•
Duchamp aproxima a obra da mecanização
da fotografia, aproxima o artista da
máquina.
Suprematismo: o zero da pintura
•
Kasimir Malevich (1878-1935) – pintor
suprematista ucraniano.
•
Suprematismo – versão de Malevich para
abstraccionismo na pintura.
•
1915, Petrograd – Exposição “0.10”: “A
última exposição futurista de pintura”
•
Objectivo: determinar o “grau zero” da
pintura e da escultura.
•
Influência: ícones russos
•
Pintura:
•
. formas geométricas elementares – o
quadrado – mas não perfeito para que
pudesse ser único e não generalizado
(como um ícone).
•
. cor – deveria ser isolada de conteúdo para
poder ser pura.
•
Quadrado negro sob fundo branco, Malevich, 1915
▲
Composição não objectiva, Malevich, 1915
►
Exposição “0.10”: “A última exposição futurista de pintura”, Petrograd, 1915
Red Square: Painterly Realism of a Peasant Woman in Two Dimensions, Malevich, 1915
Suprematist composition (White on White), Malevich, 1918
Construtivismo Russo
Vladimir Tatlin (Russo, 1885-1953)
•
Início do Construtivismo – relevos e baixos
relevos de canto.
•
Relevos: mantém a moldura da pintura mas não
a composição não é pictórica. Afirmação da
verdade dos materiais (e não do ícone
religioso).
•
Relevos de canto: mesmas premissas mas
proposta sai do plano da parede para o espaço.
Não eram pintura, nem escultura, nem
arquitectura, mas ESPAÇO – procura de uma
obra de arte total (Gesamtkunstwerk).
•
Uma estética que procura ser ética e, após
Revolução Russa, procura ser política.
•
Construção em oposição a composição nas
vanguardas ocidentais – envolvência com a arte
em oposição à contemplação – grande
contributo dos Construtivistas Russos.
•
Selection of materials: Iron, Stucco, Glas, Asphalt, Tatlin, 1914
▲
Baixo Relevo de canto, Tatlin, 1915
►
•
Revolução de Outubro – até advento
Estalinismo
•
Pintura e escultura secundarizadas, com
função social menos óbvia.
•
Investimento na arquitectura, no design e no
ensino por Tatlin, Rodchenko e Malevich.
•
Vertente mais idealista e menos
funcionalista: Pevsner e Gabo.
•
Exigências políticas de uma arte social
condicionam evolução das vanguardas e
governo de Estaline promove o regresso a
uma arte representativa realista para o
povo.
•
O suprematismo era visto como elitista.
Malevich continua no ensino. Tatlin
empenha-se numa arte social.
•
VJUTEMAS – Ateliers superiores
artísticos e técnicos do Estado:
objectivo de formar uma escola de
design da Rússia revolucionária
•
Professores de arquitectura, madeiras
e metais: Tatlin, Rodchenko, El
Lissitzky
•
Introdução dos princípios de produção
industrial para formar especialistas na
fabricação de produtos modernos.
•
Exemplo da obra de arquitectura e
design interior do Clube dos
Trabalhadores, 1925.
Monumento à Terceira Internacional, Tatlin, 1920 (não construído)
Design de cadeira, Tatlin, 1927
Lazar El Lissitzky (russo, 1890-1941)
•
- Tribuna a Lenine, 1920: elementos
suprematistas, como o cubo na base,
e influência das estruturas em ferro de
Tatlin.
•
- Prounenraum (Espaço Proun), 1923:
não é pintura, nem escultura, mas
pretende ser espaço total e entra no
domínio da arquitectura.
•
- o espectador é envolvido na
experiência. Proun: “lugar onde
mudamos da pintura para a
arquitectura”.
Projectos para “Nuvens de ferro”, El Lissitzky, 1924-25
Piet Mondrian
De Stijl ou Neoplasticismo
•
De Stijl - um dos movimentos mais
coerentes em arte, design e
arquitectura.
•
Funda-se na Holanda na década de
20.
•
De Stijl dá nome a uma revista.
Premissas movimento:
•
- não às formas irregulares da
natureza
•
- não às formas artísticas caprichosas
•
- defesa das formas objectivas
Piet Mondrian (1872-1944)
•
- Procura, como Malevich, uma arte
pura, como expressão de valores
metafísicos.
•
- obras com claridade absoluta,
resultante de total racionalização, sem
subjectividade:
•
- presença de planos, linhas, cores
primárias, cinzento, branco e preto.
•
- abstracção geométrica obstinada
•
- linhas e ângulos rectos: aproximação
à condição vertical do homem sob o
plano horizontal da Terra.
•
Dicotomias existenciais: verticalhorizontal, homem-mulher, espíritonatureza, dia-noite.
•
- não há molduras, nem margens – as
linhas continuam até ao infinito:
pintura expande-se para o espaço.
•
Mondrian criticado de rigidez e de falta
de relação da arte com a vida:
•
Para Mondrian, a vida é pura
actividade interior e o reflexo dessa
identidade é abstracto.
•
Aproximação ao suprematismo de
Malevich.
Theo van Doesburg (1883-1931)
Gerrit Rietvelt (1888-1964): design
Gerrit Rietveld: Schröder House, 1924
J. J. P. Oud (1890-1963): Fachada café De Unie, Roterdão, 1925
Dadaísmo
Kurt Schwitters e Merzbau
O que é Dada? Uma arte? Uma
filosofia? Uma política? Uma apólice
de seguros contra incêndios? Ou uma
religião do estado? Será dada
verdadeira energia? Ou não é nada,
ou seja, tudo?
in Dadaco, Tristan Zara, Zurique, 1916
Kurt Schwitters e a Merzbau ou Catedral da Miséria Erótica
Vídeos apresentados
The man with the moving camera, Dziga Vertov, Rússia, 1926

As vanguardas no Modernismo

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