Revista CREA nº12.indd - CREA-PA

Transcrição

Revista CREA nº12.indd - CREA-PA
CTI
Cláudio Ribeiro
fala das ações
de incentivo
a inovação
tecnológica
Revista
REAPA
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará
Dezembro 2014 – Ano III – Nº 12
Pag. 8
DES
MA
TA
MEN
TO
Logística reversa
já começa a
pautar ações
Pag 10
Com a falta de chuvas na região sudeste
do país, muitas teorias surgiram para
justificar o clima por lá. Uma delas
diz respeito ao desmatamento na
Amazônia, que seria a principal causa.
Mas até que ponto os estudiosos
concordam com essa tese?
Pag. 16
Foto ShutterStock
RESÍDUOS
X
SECA
LIVROS
CONSELHO
Dicas de leituras
Saiba como é
formado o quadro para atualização
profissional
de conselheiros
Pag. 14
Pag. 23
CREA-PA
PALAVRA DO PRESIDENTE
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará
SEDE: Tv. Doutor Moraes, 194 • Nazaré • Belém-PA • CEP 66.035-080
FONE/FAX: (91) 3219-3402 / 3219-3403 / 3219-3404 / 3219-3408
FUNCIONAMENTO: 2ª feira a 6ª feira das 8h às 16h
E-MAIL: [email protected]
OUVIDORIA: (91) 3219-1132 / 3219-1136 ou
[email protected] / www.creapa.com.br
DIRETORIA 2014
Presidente
Eng. Agrônomo Antonio Carlos Albério
1º Vice-Presidente
Eng. Eletricista Beatriz Ivone Costa Vasconcelos
2º Vice-Presidente
Eng. Civil/Arquiteto Alexandre de Moraes Ferreira
1º Secretário
Eng. Eletricista Ricardo Guedes Accyoli Ramos
2º Secretário
Eng. Mecânico Fábio Luiz Castro Marinho
1º Tesoureiro
Eng. Agrônomo Benedito Elias de Souza Filho
2º Tesoureiro
Eng. Produção Leony Luiz Lopes Negrão
CÂMARAS ESPECIALIZADAS
Câmara Especializada de Agronomia e Florestal
Coordenador: Eng. Agrônomo Rui de Souza Chaves
Adjunto: Eng. Agrônomo Raimundo Cosme de Oliveira Jr.
Câmara Especializada de Engenharia Civil e Geologia e Minas
Coordenador: Eng. Civil Carlos Eduardo Domingues e Silva
Adjunto: Eng. Civil/Mecânico José da Silva Neves
Câmara Especializada de Engenharia Elétrica
Coordenador: Eng. Eletricista Adalziro Antônio de Souza Duarte
Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, Metalurgia e Química
Coordenador: Eng. Mecânico Eduardo Barros Virgolino
Adjunto: Eng. Naval Juarez Botelho da Costa Jr.
Revista
REAPA
COMISSÃO EDITORIAL
Coordenador
Geólogo José Waterloo Lopes Leal
Coordenadora Adjunta
Eng. Agrônoma Ana Maria Pereira de Faria
Membro
Eng. Civil Alexandre de Moraes Ferreira
Suplentes
Eng. Agrônoma Layse Goretti Bastos Barbosa
Eng. Agrônomo Raimundo Cosme de Oliveira Jr.
Coordenador do Núcleo de Relações Institucionais - NRI
Relações Públicas Marcelo Rodrigo da Silva Pantoja
Ascom CREA-PA: Ercília Wanzeler
Esta é uma publicação do Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia do Pará (CREA-PA) executada pela
Holy Comunicação e Editora (Rua Manoel Barata, 1569.
Reduto. CEP 66053-320. Fone 91 3218-4698)
Diretores: Alexandre e Olinda Mendes
Edição: Mara Góes DRT/PA 1.430
Reportagens e textos: Luciana Cavalcante, Marta Cardoso
e Orlando Cardoso
Fotos: Hilário Jr., Agência Pará, banco de imagens
e arquivo dos entrevistados
Diagramação e arte: Holy Comunicação
Tratamento de imagens: Elias Portilho
Comercialização: Olinda Rodrigues e Rodrigo Pinho
Impressão: Gráfica Halley
*Sua opinião é muito importante. Mande seus comentários
e sugestões para [email protected].
2
Revista
CONFEA
Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
PA
Amigos leitores e profissionais,
E
stá chegando ao final mais um mandato
que me foi conferido pelos profissionais do
nosso estado para presidir o CREA-PARÁ.
Esse é um momento ímpar, que encerra um importante ciclo para mim aqui no Regional, e ao
mesmo tempo inicia um desafio ainda maior,
agora na esfera federal.
Em três oportunidades - 2003/2005,
2006/2008 e 2012/2014 – tive a honra de comandar este Conselho de fiscalização profissional, que nos seus 80 anos de existência vem merecendo o respeito e a admiração da sociedade
paraense, fruto do trabalho dos seus dirigentes,
conselheiros, inspetores e colaboradores.
Presidir o CREA-PA é um desafio muito
grande, tanto por conta da extensão territorial
do Estado do Pará como pela implantação de
grandes projetos em suas diversas regiões, o
que exige dos que fazem o Conselho um esforço
muito grande no sentido de garantir a sua atuação no cumprimento da atividade fim.
Essa foi uma das razões que me levaram
ainda no meu primeiro mandato, em 2003,
implementar um programa de interiorização
que culminou, nas minhas três gestões, com a
instalação das inspetorias de Xinguara, Canaã
dos Carajás, Cametá, Novo Progresso, Itaituba,
Monte Alegre e Oriximiná, além de melhorar
a infraestrutura das demais. Hoje, o CREA-PA
está presente fisicamente em 21 municípios e
isso me orgulha muito.
Fazendo um balanço deste meu último
mandato acho importante que todos saibam o
que foi realizado, de forma transparente. Muitas
ações foram necessárias para chegarmos a este
momento. É claro que ainda há muita coisa a ser
feita e/ou aprimorada. No decorrer desta gestão
foi adotado um novo sistema de informática
para o CREA. Junto com a aquisição de novos
computadores foi uma iniciativa no sentido de
oferecer melhores condições para que os profissionais de qualquer ponto do Estado possam auferir dos serviços disponibilizados pelo CREA-PA. Da mesma forma, um pesado investimento
foi dispensado à fiscalização, com a disponibilização de novos equipamentos e a renovação da
frota com a aquisição de 30 novos veículos.
Visando proporcionar maior conforto aos
colaboradores, além de treinamentos oferecidos e novos equipamentos de informática, um
novo mobiliário foi adquirido e está em fase de
montagem. E já está previsto para o próximo
exercício as reformas das instalações da sede em
Belém e em alguns imóveis no interior, além da
instalação das inspetorias de Rondon do Pará e
Tucumã.
Não poderia deixar de mencionar um importante marco na comunicação com os profissionais e a sociedade em geral: o lançamento
e efetiva circulação da Revista CREA-PA. Chegamos na 12ª edição mostrando nossa preocupação com o mercado de trabalho dos profissionais regulamentados e buscando assuntos de
interesse de todos, que influenciam no dia a dia
das cidades e das pessoas, como por exemplo a
questão do custo da energia elétrica que pagamos no Pará, a ocupação irregular do solo e a Lei
dos Resíduos Sólidos, todos assuntos já abordados em nossas edições. Esse é mais um legado
que deixo para os novos gestores do Conselho.
Ao encerrar este terceiro mandato em 31 de
dezembro próximo, encerro também a minha
passagem pelo CREA-PA com a consciência de
que dentro das minhas limitações e das condições desfrutadas procurei dar continuidade ao
trabalho dos presidentes que me antecederam,
buscando sempre o aprimoramento das ações
voltadas à fiscalização do exercício e das atividades profissionais.
A partir de 1 de janeiro de 2015, assume a
presidência o engenheiro agrônomo Elias Lima,
eleito democraticamente no pleito de 19 de novembro passado, oportunidade em que faço votos de muito êxito nessa nova missão. E eu, que
mais uma vez mereci a confiança dos profissionais do nosso Estado, estarei iniciando minha
nova jornada: exercer o mandato de conselheiro
federal.
A todos deixo meus agradecimentos pelo
apoio recebido ao longo de nove anos presidindo o CREA-PARÁ. E reafirmo mais uma vez o
compromisso de corresponder à confiança no
desempenho do mandato de conselheiro federal.
Um abençoado Natal e um novo ano cheio
de realizações.
08
TECNOLOGIA
E INOVAÇÃO
10
RESÍDUOS
SÓLIDOS
DESMATAMENTO
X SECA
NOSSAS SEÇÕES
Expressas
Por Dentro do Crea
Artigo Técnico
Livros
16
4
14
22
23
20
AMBIENTAL
ENGENHEIRO AGRÔNOMO ANTONIO CARLOS ALBERIO
PRESIDENTE DO CREA-PA
Revista
PA
3
Aprovado na CCJ Engenheiro
como carreira de Estado
EXPRESSAS
Consumidor vai deixar
de pagar por “gatos”
Entre 2015 e 2018, nove empresas
de distribuição de energia elétrica terão
suas receitas reduzidas. A situação reflete
decisão da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) em que o custo dos “gatos” feitos no sistema elétrico deixa de ser
pago pelos consumidores de todo o país e
se torna um ônus de cada distribuidora.
A medida afeta as elétricas que atendem as regiões isoladas do Brasil, nas
áreas em que o fornecimento de energia
é regional, ainda não integrado, como
em área do Acre, Rondônia, Amazonas,
Amapá, Roraima, Pará, Mato Grosso
e Pernambuco. Mas para que não haja
uma disparidade muito grande entre os
preços cobrados pela energia do país, as
empresas que atendem nessas localidades
recebem um reembolso para amortecer
seus custos.
ERRATA
Na edição 11, da Revista CREA-PA, publicamos entrevista com o engenheiro doutorando em Biologia Ambiental Dioniso de Souza Sampaio, cujo
nome estava grafado erroneamente como Dionísio. Pedimos desculpas pelo
equívoco.
Construção
civil ganha
cooperativa
Foi aprovado na Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania –
CCJ, em Brasília, o Projeto de Lei
13/2013 que tipifica Engenheiro
como carreira de Estado. O texto
acrescenta parágrafo único ao art.
1º da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, caracterizando como
essenciais e exclusivas de Estado as
atividades exercidas por engenheiros,
Com a participação de
22 empresas e 27 membros
pessoas físicas foi instalada
a Cooperativa da Construção Civil do Estado do Pará
(Coopercon-PA), onde o
objetivo é obter para seus
integrantes a compra de
produtos diretamente dos
fornecedores, com preços
mais baixos e divididos entre
os parceiros, e linhas de crédito destinadas às empresas.
Também se espera organizar
serviços de assistência técnica em inovação tecnológica e
econômico-financeiro junto
aos produtores de insumos
e equipamentos, viabilizando negociações de melhor
qualidade e condições de
pagamento na aquisição de
produtos e serviços, de forma individual ou em bloco.
arquitetos e engenheiros agrônomos
ocupantes de cargo efetivo no serviço
público federal, estadual e municipal. O projeto segue para sanção
presidencial. Isso é uma vitória da
engenharia, em todo o Brasil, e a
consagração de um trabalho de anos,
que com o apoio de todos, foi realizado com êxito, e assim a engenharia
está mudando de patamar.
Defeso do caranguejo terá 6
períodos de janeiro a março
Dia 6 de janeiro de 2015
começam os seis períodos de
defeso do caranguejo-uçá. Os
períodos foram definidos pela
Secretaria de Estado de Agricultura e Pesca – Sepaq.
1º período
2º período
3º período
4º período
5º período
6º período
6 a 11 de janeiro
21 a 26 de janeiro
4 a 9 de fevereiro
19 a 24 de fevereiro
6 a 1 de março
21 a 26 de março
Inmetro abre
duas vagas
em concurso
público
O Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e
Tecnologia – Inmetro abriu
concurso para duas vagas de
especialista em metrologia e
qualidade sênior. O salário é de
R$ 8.626,55, mas pode chegar
a R$ 6.512,95. Os aprovados
atuarão nas áreas de metrologia
elétrica e metrologia dos materiais, uma vaga cada, no Rio
de Janeiro. As inscrições devem
ser feitas até 22 de dezembro,
no site www.idecan.org.br.
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Fabricação e montagem
de lajes treliçadas
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Revista
Homologado resultados das eleições 2014
A Comissão Eleitoral Federal –
CEF, instituída pelo Conselho Federal
de Engenharia e Agronomia – CONFEA, por meio da Decisão Plenária
PL-nº 0020/2014, usando das atribuições que lhe confere o art. 103, do
Anexo I, da Resolução nº 1.021/2007
– Regulamento Eleitoral, homolo-
SAIBA QUEM SÃO OS ELEITOS
Presidência do CONFEA
Eng. Civil José Tadeu da Silva
CONSELHEIRO FEDERAL
Modalidade Agronomia - Pará
Antônio Carlos Albério (Titular)
Presidência do CREA-PA
Elias da Silva Lima
Moisés Moreira dos Santos (Suplente)
SEMA apresenta
Sistema Estadual de
Informações sobre
Recursos Hídricos
A Diretoria de Recursos Hídricos da
SEMA lançou o Portal do Sistema Estadual de Informações sobre Recursos
Hídricos-SEIRH/PA (seirh.sema.pa.gov.
br), através do qual está disponibilizando
informações sobre a hidrografia do Estado
(mapas interativos), a rede de monitoramento hidrometeorológico, os empreendimentos outorgados no Estado do Pará,
bem como o acervo de trabalhos técnicos
desenvolvidos pela Diretoria, as ações de
monitoramento e fiscalização e o material
e registro das capacitações realizadas.
gou o resultado das eleições 2014 do
Sistema Confea/Crea e Mútua para os
cargos de Presidente do Confea, Conselheiros Federais (AM, CE, DF, PA
e PB) e Presidentes dos Creas nas 27
unidades federativas. Os eleitos terão
o mandato de 2015/2017 iniciado em
1º de janeiro.
O resultado para os cargos de
Diretor Geral, Diretor Administrativo
e Diretor Financeiro da Mútua ainda
está no processo de homologação, que
deverá acontecer até o final do mês de
dezembro.
CONFEA apresenta
propostas ao Mercosul
O Conselho Federal de Engenharia
e Agronomia (Confea) está discutindo
um acordo para que os profissionais
da área tecnológica possam atuar nos
países do Mercosul. Durante reunião da
Comissão de Agrimensura, Agronomia,
Arquitetura, Geologia e Engenharia
para o Mercosul (Ciam), ocorrida
em Buenos Aires, em novembro, o
Brasil apresentou uma proposta de
regulamento de aplicações de sanções
em nível do Mercosul, para que haja o
exercício temporário de maneira facilitada entre os quatros países do Mercado
Comum. Outra proposta apresentada
foi a de um acervo técnico internacional, considerando que somente o Brasil
possui esse registro (ART – Anotação
de Registro Técnico).
CREA-PA recebe nova frota de veículos
Ao longo do ano de
2014, o CREA-PA investiu
na modernização da sede
e suas inspetorias com
a aquisição de equipamentos e mobiliário para
o aperfeiçoamento do
trabalho dos funcionários.
E o ano encerra com uma
importante conquista para
o Regional, que poderá começar 2015 mais
presente e atuante – na capital e no interior: a aquisição de uma nova frota de veículos.
No início de dezembro o presidente
do Conselho Antônio Alberio apresentou e fez a entrega de 30 carros novos,
modelo Sandero/Renault. A frota está
toda padronizada com a identidade
visual do CREA e seu destino é exclusivamente à fiscalização. Segundo o
cidades circunvizinhas das
Inspetorias, o que antes
era bem complicado.
“A aquisição visa dar
melhores condições para
que os agentes de fiscalização possam desempenhar
suas atividades da melhor
maneira. Com isso, busca-se intensificar a fiscalização em todo o Pará, haja
Presidente Antonio Alberio
entregou 30 veículos para as
vista que a frota atenderá
unidades do CREA-PA
também o interior do
Estado”, afirma. Serão
atendidas com essa aquisição, inclusipresidente Alberio, o investimento em
novos veículos é o maior realizado pelo ve, as inspetorias de Tucumã e Rondon
do Pará, que serão implantadas no
Conselho para o setor de Fiscalização
primeiro semestre de 2015.
ao longo de sua história. E isso vai
A compra dos veículos é uma ação
proporcionar que a verificação in loco
em parceria com o Conselho Federal
da atividade profissional seja mais efide Engenharia e Agronomia, que doou
ciente, uma vez que com o veículo será
parte dos recursos.
possível, inclusive, o deslocamento à
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O toque final que a sua obra merece.
Alta resistência e impermeabilidade
Encaixe perfeito
Cores uniformes
“A cobertura é um dos elementos fundamentais
de qualquer construção. Ela protege das chuvas
e outras intempéries, reduz a temperatura interna dos telhados e tornam as residências mais
atraentes do ponto de vista arquitetônico. Por
esse motivo, utilize sempre telhas de concreto
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Revista
PA
ENTREVISTA
Cláudio Ribeiro, Secti-PA
T
ecnologia é um diferencial que produz efeitos em todas as
áreas: indústria, pequenos negócios, educação, saúde. Por isso,
entre os desafios da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação - Secti está a democratização desses conhecimentos.
Em entrevista, o titular do órgão, Cláudio Ribeiro, fala dos efeitos
da inovação, dos projetos apoiados pela secretaria e sobre os desafios do Pará para ganhar posição de destaque no setor de biotecnologia, deixando para trás a pecha de mero exportador de matérias-primas. Ribeiro destaca, entre outros, as boas práticas que estão
em desenvolvimento no Pará para o aproveitamento econômico
da biodiversidade, além do potencial para ser um grande celeiro
de produção de alimentos para o mundo.
FOTO HILÁRIO JR
Como a questão da inovação tecnológica
é trabalhada pela secretaria? Como a
questão da inovação tecnológica é
trabalhada pela secretaria?
Toda a parte de ciência, tecnologia e
informação é trabalhada através de um
planejamento e a parte de inovação,
especificamente, nós procuramos
associar junto a outros agentes, porque
a inovação não se realiza na academia.
A inovação ocorre na empresa ou na
comunidade. Há diferença entre invenção
e inovação. Se alguém inventar a coisa
mais fantástica do mundo e isso não for
transformado num bem econômico ou
social, não é inovação - é invenção. A inovação
econômica tem que ser aprovada no mercado e
a inovação social é aquela que é apropriada
pela sociedade. Às vezes inovação
social não tem um valor
econômico explícito, mas
beneficia a sociedade de uma
forma geral. Por exemplo:
se eu pegar uma das ilhas
em frente a Belém sem
abastecimento de água e
tiver o desenvolvimento de
uma tecnologia adequada
e apropriada para aquela
condição, ela será uma
tecnologia social que
aplicada se transforma
em inovação social,
8
Revista
porque vai fazer bem para as pessoas que moram
nessa ilha, que irão consumir água de qualidade,
tratada, ao invés de água do próprio rio. Por isso,
na Secti todo o planejamento é feito distinguindo
aquilo que é inovação social e inovação econômica.
Trabalhamos a parte de tecnologia e inovação
social através de uma diretoria e a de tecnologia
de inovação mais econômica em outra diretoria. A
inovação, fundamentalmente, precisa de um sistema.
Esse sistema envolve as Instituições de Ciência
e Tecnologia – ICTs, como as universidades, os
institutos de pesquisa, os centros de pesquisa e todos
os que desenvolvem conhecimento. Mas não bastam
só eles: o Governo tem um papel fundamental para
facilitar, incentivar e apoiar o processo e, em alguns
casos, apoiar financeiramente.
A secretaria possui algum programa específico
para apoiar a inovação?
Temos um programa que trabalha ambientes de
inovação, que são parques tecnológicos, incubadoras
de empresas, incubadoras de startups, etc. Nosso
papel é apoiar o desenvolvimento desses ambientes
de inovação. Um exemplo é o Parque Tecnológico
do Guamá, que é uma parceria entre o Estado,
a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a
Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).
As universidades cederam o terreno e quem
construiu tudo foi o Estado. Lá existe um prédio que
é o Espaço Inovação, voltado para laboratórios que
prestam serviços para empresas e para empresas que
queiram estar lá. E ainda existem as incubadoras –
na UFPA, na UEPA, UFOPA e até universidades
privadas tem –, que a Secti apóia. Também
trabalhamos com editais, onde chamamos empresas
a apresentar projetos inovadores que, selecionados,
serão apoiados com recursos públicos. Esta é uma
parceria nossa com a FINEP (Financiadora de
Estudos e Projetos) do Governo Federal, destinada a
apoiar projetos inovadores de empresas.
Como acontece a transferência dos conhecimentos
para os diferentes segmentos?
Esse é o grande desafio: fazer o conhecimento chegar
a quem interessa, a quem pode ter melhoria, ter
ganho - de qualidade de vida ou de lucratividade,
se for o caso de uma empresa -, com a apropriação
desse conhecimento. Usamos várias estratégias para
isso, como o programa de difusão e popularização
do conhecimento. Neste ano fizemos inúmeras
mostras de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Fomos pelo Pará inteiro em parceria com o
Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas), onde o objetivo é, primeiramente,
desmistificar a ideia de que tecnologia e
inovação são coisas muito complexas e
distantes da realidade do cidadão comum ou
da pequena empresa. Conhecimento, inovação
e tecnologia podem e devem ser apropriados
por quaisquer pessoas. As empresas,
principalmente as pequenas, passam a ter
uma competitividade maior e mais chances
de sobreviver no mercado. Sobre a inovação
social, hoje bancamos um programa chamado
Faceduc, que é o Facebook da educação. A
Seduc (Secretaria de Estado de Educação)
já utiliza em escala piloto e a partir de 2015
a ideia é ir ampliando o número de escolas e
alunos beneficiados.
Como a tecnologia pode tornar nossas
empresas mais competitivas?
Hoje está provado que a inovação é
fundamental para a competitividade das
empresas. Quem não inova acaba sendo
extirpado do mercado. Mas passar esses
conceitos não é fácil. Se eu ou um reitor
formos falar para um empresário sobre
inovação, muitas vezes ele não vai entender.
Por isso a parceria com o Sebrae, que é
quem mais entende de micro e pequeno
empresário no País, é tão importante. O
Sebrae é um grande parceiro no processo de
introdução na inovação na micro e pequena
empresa brasileira.
Você pode citar bons exemplos de tecnologia
e inovação no Pará?
Há vários exemplos e em vários setores.
Nas mostras que realizamos vemos diversos
processos que estão acontecendo e que não
necessariamente ocorrem em Belém. Há
uma empresa metalúrgica de Santarém
que desenvolveu um protetor de eixo para
motor de rabeta de embarcação, que acabou
com o problema do escalpelamento. É uma
solução relativamente simples, de uma
pequena empresa, mas a Honda [indústria
de automotores] já entrou em contato com
eles para usar a concepção desse dispositivo.
Outro exemplo é na própria questão do
açaí. Ele continua na produção tradicional
para alguns, mas já têm empresas se
preocupando com o desenvolvimento de
produtos inovadores, levando em conta o
grande mercado do açaí no mundo. Se nós
[paraenses] chegarmos em São Paulo ou no
Rio não vamos gostar do açaí servido lá, pois
não tem nada a ver com o nosso. Porém, cada
vez mais, esses produtos diferenciados estão
ocupando espaço, fazendo com que o açaí se
propague pelo mundo inteiro.
A própria pasteurização já é uma inovação,
não é mesmo?
É uma inovação na medida em que ela é
adotada. Além de ser uma inovação vai chegar
um momento em que o batedor de açaí que
não pasteurizar vai ser riscado do mercado,
porque ninguém vai querer comprar o produto
dele por medo do barbeiro. Isso vai ser um
elemento diferenciador. Pela lei, pela vigilância
sanitária, só vai continuar vendendo açaí
quem fizer a pasteurização. Mas, mesmo que
não existisse a lei, o próprio consumidor ia ser
seletivo, na medida em que fosse esclarecido,
na hora de escolher o seu vendedor de açaí.
Outro exemplo de inovação local é a Chamma,
uma empresa supertradicional do Pará, que
se reinventou e a partir daí conseguiu ter
uma outra colocação no mercado com um
produto muito mais nobre, mais sofisticado,
com mais valor agregado. Foi a forma dela
sobreviver no mercado.
Como vocês trabalham em relação à
biotecnologia e bioindústria?
Tudo o que fazemos é voltado à agregação
de valor. O Pará historicamente teve uma
economia pautada na extração e exportação,
que acontecia praticamente sem nenhum
valor agregado. Quando se exporta
commodities, matéria-prima, você exporta
junto todos os benefícios socioeconômicos
da cadeia produtiva dessa matéria-prima.
Minério de ferro de Carajás, por exemplo, se
mandar para a China, na hora de processar
vai dar emprego para quem? Para paraense
ou para chinês? O Pará precisa ter uma
economia com uma visão diferenciada, de que
é necessário agregar valor ao que se produz
aqui mesmo. Qual a maior riqueza que temos?
Os recursos naturais que são de duas ordens:
mineral e vegetal/animal (bio). Desses, o que
está mais óbvio no Pará é a biodiversidade. O
aproveitamento econômico da biodiversidade
é fundamental para o desenvolvimento
do Pará, até porque acaba gerando mais
empregos do que a indústria mineral. A
mineral pode até gerar uma quantidade
razoável de postos, mas como a gente exporta
commodities, na cadeia produtiva acaba não
gerando muito. Temos que trabalhar nesse
aproveitamento econômico porque acaba
sendo uma coisa mais democrática, eu diria,
porque mineração é coisa de grandes e no
aproveitamento econômico da biodiversidade
eu posso trabalhar com os pequenos. Temos
que trabalhar esse aproveitamento com a
visão de que não adianta exportar matéria-
prima, o fundamental é agregar valor. Por
isso temos que difundir no Pará a questão
da biotecnologia - o conhecimento acerca da
biodiversidade. O Pará, a partir daí, criou um
grande programa voltado para isso com três
elos que posso chamar de agrobioindústria:
alimentos, cosméticos e fármacos. Alimentos
é uma área que já está mais desenvolvida
com uma série de empresas e indústrias
implantadas no Estado e que a tendência é
cada vez aumentar mais o nível de agregação
de valor desses produtos. O Pará hoje produz
cerveja, poupa de fruta, suco, e exporta isso.
Ainda temos muito o que avançar e o Brasil
tem todas as condições para ser um grande
celeiro de produção de alimentos para o
mundo inteiro. E se o Brasil tem, logo, o
Pará tem, sem bairrismos, um potencial
incrível nessa área. Na parte de cosméticos
percebemos que existem algumas empresas
oriundas do Pará e outras que vieram para o
Pará por causa dessa nossa potencialidade,
como a Natura, que inaugurou uma fábrica
em Benevides. E há várias empresas locais e
a nível nacional, como a Beraca, que fornece
insumos para a indústria de cosméticos.
Estamos trabalhando a perspectiva de trazer
mais empresas para cá, trazendo inclusive
o seu P&D (Pesquisa e Desenvolvimento).
Por isso que é tão importante termos os
ambientes de inovação. Nessa escala há mais
agregação de valor nos fármacos, onde o mais
importante é o princípio ativo. A indústria de
fármacos com grandes investimentos e que
também trabalha projetos de desenvolvimento
de produtos muito demorados porque são
necessários testes clínicos. Assim, além de
ser caríssimo o processo, é também muito
demorado. Por isso estamos capacitando o
Estado para que possamos ser um agente
nesse processo. Estamos trabalhando a
criação de uma empresa estatal chamada
Parafarma, cujo projeto está indo para a
Assembleia Legislativa. A ideia é poder, por
exemplo, apoiar um projeto que chegou a
um produto interessante, com potencial de
industrialização, para a patente conjunta com
quem desenvolveu. Esse é um processo longo
que está sendo trabalhado, incentivando as
áreas a pesquisar cada vez mais, apoiando com
recursos financeiros a pesquisa. Definimos
áreas estratégicas de desenvolvimento do
Estado e aportamos recursos nelas. Estamos
lançando um edital de uma rede. Ao invés
de fazer a UFPA competir com a UEPA e as
duas competirem com a Embrapa (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária), por
exemplo, a gente pede para que façam uma
rede, juntando o que eles têm de melhor e
ofereçam aquilo que a gente quer.
Revista
PA
PA
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Fotos Shutterstock Imagens e Geraldo Ramos/Ag.Pará
s
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g
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L
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CAPA
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Um dos desafios da Política Nacional de Resíduos Sólidos,
iniciativa privada já avança na implantação com ações próprias
E
nquanto o poder público em geral
ainda se debate para implementar a
Política Nacional de Resíduos Sólidos, cujo aspecto mais visível é a extinção
dos lixões nas cidades brasileiras, o setor
privado avança como pode em direção ao
que se espera de correto no tratamento
de tudo o que é descartado, seja encaminhando material para reciclagem, seja recolhendo o que é poluente para que não
cause dano à natureza.
Impedir que produtos como pilhas,
baterias, aparelhos eletrônicos e lâmpadas fluorescentes contaminem os rios e
Revista
10
PA
a terra com elementos químicos como
mercúrio, cádmio, níquel, zinco, manganês e chumbo é uma das missões da
logística reversa, na qual o comércio e a
indústria estão articulados para receber
de volta o material que venderam, quando ele não serve mais.
O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), Fernando Yamada afirma que em todo o Brasil
há supermercados desenvolvendo ações
nesse sentido. “É claro que redes maiores
já estão mais desenvolvidas em relação ao
tratamento de resíduos sólidos ou logísti-
ca reversa”, explica. Hoje, de acordo com
ele, a Abras trabalha em duas linhas de
ação em favor da logística reversa.
“O primeiro é junto ao Ministério do
Meio Ambiente (MMA), onde são desenvolvidos os acordos setoriais sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos. No
que diz respeito aos supermercados, esses
acordos estão sendo desenvolvidos nas
áreas de embalagens, lâmpadas e eletroeletrônicos, numa coalizão entre indústria,
comércio e governo. Dentro dessas discussões há uma proposta dos supermercados instalarem nas lojas o PEV – Ponto
de Entrega Voluntária, onde os consumidores poderão entregar esses itens
para reciclagem. A proposta, que ainda
está em desenvolvimento, seria instalada
primeiramente nas capitais”, revela Fernando Yamada.
A Abras também está implantando
o Programa Lixo Zero em todas as capitais. Em Belém, a Associação Paraense
de Supermercados (Aspas) fez a adesão
em outubro. Nesse programa o objetivo
é que os resíduos da loja de supermercado – papel, plástico, latas, madeira e
orgânico - tenha sua destinação correta.
“Hoje, grandes redes no Brasil já têm
destinação para 80% desses resíduos,
mas o setor ainda gera lixo que não dá
para se transformar e aí estamos buscando soluções”, explica Yamada, que acrescenta. ”Para o bom andamento dessa
logística reversa é preciso que a população, o consumidor adquira o hábito de
retornar embalagens, lâmpadas e eletros
para o ponto de venda. Isso é educação
ambiental.”
Outra consideração de Fernando Yamada é de que não cabe aos supermercados dar a destinação final do lixo, inclusive, a incineração, quando for o caso, mas
ao poder público. “Na Lei dos Resíduos
Sólidos não existe essa responsabilidade
para o setor”, Ele explica que para evitar
dano maior ao meio ambiente, os supermercados atuam em três etapas básicas: a
seleção, o transporte e a destinação. “Nessa última etapa é onde acontece a reciclagem, mas para isso acontecer, a cadeia da
transformação deve ser completa, com
cooperativas e indústrias de reciclagem em plena normalidade”,
esclarece.
CATADORES
Parte dessa engrenagem, os catadores estão
entre os mais humildes
e sacrificados do universo das ocupações. No
entanto, é consenso que
sem os catadores, não
existirá política de resíduos sólidos em estados
e municípios. Por isso, a
lei incentiva sua organização em cooperativas, abrigadas pelo poder público,
de modo a que funcione uma cadeia de
reciclagem que torne a produção e a comercialização mais sustentáveis.
Um exemplo de líder na organização dos catadores é o presidente da
Cooperativa Filhos do Sol, do bairro do
Jurunas, João Jorge Ribeiro, 55 anos, que
fundou sua organização há menos de
dois anos. Antes, integrava a Associação
de Catadores da Coleta Seletiva de Belém (ACCSB), que ainda existe, no bairro da Marambaia, assim como dezenas
de outras em bairros como Terra Firme,
Telégrafo, Pedreira e no distrito de Icoaraci.
João Jorge também aguarda os resultados da implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que obrigará as
prefeituras a contratar as cooperativas,
acredita ele. “O governo federal quer
que a prefeitura contrate as associações,
tem a ver com a nova lei”, explica ele.
Mas antes mesmo que esse objetivo se
concretize, as cooperativas já dependem
da prefeitura para executar seu trabalho
de coleta de lixo que pode ser reciclado.
Tanto que o terreno em que funciona a
cooperativa Filhos do Sol, na travessa
Padre Eutíquio, pertence à Secretaria
Municipal de Saneamento (Sesan). Lá,
ficam empilhadas grandes quantidades
de papeis, plásticos e outros materiais, à
espera do dia da venda às empresas que
levam esses materiais de volta às indústrias.
Cada tipo de material tem um preço e um comprador diferente. O valor
da mercadoria também oscila de acordo
com a quantidade disponível, como em
qualquer mercado. O que há de mais valioso para reciclagem, explica João Jorge,
são metais como o cobre e o alumínio,
seguidos pelo ferro. Também valem dinheiro e são separados para a venda os
sacos plásticos, as garrafas PET, o papel
misto ou colorido (usado em embalagens), o papel branco (usado em impressão), o papel jornal, um tipo específico
de borracha de sandália, que os catadores chamam de Rider, as embalagens de
margarina, as embalagens de água sanitária, o plástico duro das cadeiras quebradas. (Veja no quadro os preços pagos
por alguns desses materiais recicláveis).
Já um exemplo de material em baixa em Belém é o vidro. “Não temos
para quem vender”, lamenta o catador,
que até hoje mora no entorno do lixão
do Aurá, no município de Ananindeua,
onde muita gente ainda trabalha, em
busca de alguma renda. E os ganhos
no lixão podem ser ainda maiores do
que os das cooperativas, pela grande
quantidade e variedade de material que
chega até lá. As condições de trabalho,
porém, são muito piores, insalubres e
sem proteção, pois o lixo orgânico vem
misturado ao reciclável e precisa ser separado pelo catador.
Ministério Público tenta convencer farmácias a
receber de volta medicamentos vencidos
Ainda não existe qualquer lei municipal ou estadual que obrigue empresas
a praticar a logística reversa, ou seja, a
receber de volta material descartado que
possa ser perigoso ao meio ambiente. No
entanto, o Ministério Público Estadual
tenta uma ação pontual, relacionada às
farmácias do município de Belém. Quem
explica é a promotora do Meio Ambiente
Ângela Maia Balieiro, que tenta mudar a
realidade atual.
“As farmácias são responsáveis pelos
medicamentos com prazo de validade
vencido do balcão para dentro da farmácia. Eles dizem que do balcão para fora,
o encargo é do município”, conta a promotora. Caso a logística reversa fosse realidade, eles teriam que receber de volta
o restante do medicamento cuja validade
expirou na casa do comprador, para evitar que ele seja jogado na natureza, con-
taminando-a. “Na logística reversa, eles
teriam que receber de volta”, completa
Ângela Balieiro, que tenta implantar esse
compromisso com os estabelecimentos
da capital.
A resistência em avançar na logística
reversa vem do fato de que a incineração
dos medicamentos vencidos é um procedimento caro. “Só duas empresas em
Belém fazem a incineração desses medicamentos”, conta a promotora. Apenas
uma grande rede de farmácia de Belém
manda incinerar de 3 a 4 toneladas por
mês de medicamentos que venceram. A
promotora gostaria de ver implantada no
Pará lei semelhante à que vigora em Santa
Catarina, que responsabilize as farmácias
pelo destino final de todo medicamento,
inclusive o que já foi vendido. Para isso,
o próximo passo é se reunir com a presidência da Câmara Municipal de Belém,
para propor a apresentação de uma lei. As
farmácias já foram contatadas em agosto
deste ano, mas consideram o procedimento muito oneroso.
O Ministério Público do Meio Ambiente ainda não fez qualquer contato
com supermercados ou outros estabelecimentos que não as farmácias, e ainda
não cogitou tornar obrigatória a logística
reversa para pilhas, baterias e celulares.
“Focamos nos medicamentos, porque são
muito prejudiciais ao meio ambiente”, explica a promotora, que pretende ver implantada no Pará a politica para estes produtos já em vigor também nos estados do
Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Tudo
isso, no entanto, exige investimentos de
empresas que fazem a incineração e de
mudanças na própria legislação, além do
trabalho de profissionais como o engenheiro ambiental.
Veja os preços de alguns materiais para os catadores (Kg)
Papelão - 0,8 centavos o quilo (preço já
esteve em 0,14 centavos, mas devido ao
excesso de oferta, grandes empresas não
estão comprando)
Garrafa PET - 0,80 centavos
Papel misto (colorido) - 0,12 centavos
Plástico filme colorido - 0,30 centavos
Papel branco - 0,23 centavos
Plástico duro e a cadeira quebrada - 1,00
Água sanitária 0,70 (0,60 colorido)
Plástico filme branco - 0,60 centavos
Papel jornal - 0,15 centavos
FONTE: COOPERATIVA FILHOS DO SOL
Estado conclui Plano Estadual de Gestão Integrada
de Resíduos Sólidos para orientar municípios
O Estado do Pará concluiu agora
em dezembro deste ano o Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos (Pegris), após cinco anos de trabalho e doze audiências públicas realizadas em diferentes pontos do estado.
O Plano irá subsidiar as prefeituras na
preparação dos seus planos municipais,
no caso daquelas que estão atrasadas no
procedimento.
De acordo com a diretora de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado de
Meio Ambiente (Sema), Patrícia Bittencourt, em entrevista a O Liberal no dia
10, dos 144 municípios paraenses, apenas 30 têm seus projetos prontos. Ela revelou que algumas prefeituras chegaram
a pagar R$ 250 mil a consultorias, e perderam dinheiro. Agora, o Plano Estadual servirá de subsídio às prefeituras. “O
Estado tem o papel de apoiar e integrar”,
disse Patrícia. Agora, o Plano será sancionado por decreto pelo governador
Simão Jatene e já constará da revisão do
Plano Plurianual (PPA) de 2015.
Para se entender o drama das prefeituras, o promotor de Justiça Raimundo
Moraes, da Promotoria do Meio Ambiente, disse por ocasião do lançamento
do Plano Estadual que o prazo exíguo
dado aos municípios para se adequarem
à Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) teve a influência de grandes
empresas que fazem o tratamento de
resíduos e estavam interessadas no crescimento desse mercado. Essas empresas
ofereceram soluções a alto custo e nem
sempre adequadas.
“Foram apenas quatro anos de prazo e colocados entre gestões de prefeitos, dando dois anos para cada. Houve
malícia nesse prazo porque todo mundo
sabia que ninguém ia conseguir cumprir. E não é porque os prazos acabaram
para a elaboração das políticas estaduais
e municipais e encerramento dos lixões
que devemos dar isso como letra morta
e deixar de fazer. Todos devem fazer sim,
e a qualidade desses planos é essencial.
O poder público precisa tomar vergonha
na cara e todos nós devemos também,
porque o que sobra após a compostagem
não justifica um lixão do Aurá”, disparou
o promotor, em entrevista publicada em
O Liberal no dia 10 de dezembro.
Um dos municípios que pode ser
considerado em dia com o Plano Municipal de Resíduos Sólidos é Paragominas,
no sudeste paraense, cuja história, aliás,
é de superação de uma crise provocada
pela sua inclusão na lista dos maiores
desmatadores, para se tornar referência
como município verde.
De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Odilson Antônio
Silva Picanço, Paragominas não tem lixão a céu aberto, mas um aterro controlado. “Fazemos a cobertura em 100% da
coleta de lixo da cidade e temos equipamentos para fazer a coleta de resíduos.
São 70 toneladas de lixo por mês, que
vão para o aterro controlado. Não é um
aterro sanitário completo, mas é controlado”, explica Picanço.
Segundo ele, o Plano Municipal ficaria pronto neste mês de dezembro. “Nós
nos preparamos para atender à lei. Há dez
anos estamos fazendo isso. Estamos finalizando e preparando um outro aterro”,
conta o secretário. Paragominas também
realizou uma série de audiências públicas
e está prestes a começar a coleta seletiva
no município. “Agimos sempre com muito zelo para manter a cidade limpa, assim
é Paragominas”, diz Picanço.
Integrante da equipe técnica responsável pela elaboração do Pegris,
Francisco de Assis Rodrigues Pacheco,
da Secretaria de Estado de Integração
Regional, Desenvolvimento Urbano e
Metropolitano (Seidurb), explica que os
lixões teriam que ser encerrados em 2
de agosto de 2014. Para isso, os planos
estaduais teriam que ter sido concluídos
em 2012, dois anos após a instituição do
PNRS, em 2010. Portanto, todos os prazos estão atrasados, mais terão que ser
cumpridos mais cedo ou mais tarde, e o
prefeito que não cuidar dos resíduos poderá ser cassado ou preso por crime de
responsabilidade.
O calendário estabelecido pela lei
federal diz que os estados devem criar
primeiro a Política Estadual de Resíduos Sólidos, seguido do Plano Estadual.
O Pará decidiu fazer o contrário, para
poder utilizar recursos de convênio com
esse fim. Um grupo foi formado e elaborou o Plano, que pode entrar em vigor
por decreto. Agora, a Política Estadual
terá que ser objeto de Projeto de Lei a
ser encaminhado à Assembleia Legislativa. Graças a essa estratégia, o Pará é o
terceiro do Brasil a ter o Plano Estadual
aprovado após a realização de doze audiências públicas. “As audiências dão credibilidade ao Plano”, defende Pacheco.
A vantagem é que tendo seus planejamentos em mãos, tanto o Estado
quanto os municípios poderão captar
recursos para pô-los em prática, sempre
com a opção de criar consórcios municipais, para implantar aterros sanitários
conjuntos.
“Nós fizemos o estudo e disponibilizamos aos municípios, que estão
fazendo os planos municipais deles. O
Estado tem um estudo de regularização,
porque a Lei 12.305 diz o seguinte: para
captar recurso, a prioridade um é estar
consorciado. Se não, não tem recursos.
Tem que ser um grupo de municípios”,
orienta Pacheco.
Como se vê, os instrumentos estão postos e só é preciso trabalho e boa
vontade para captar recursos e executar
o planejamento, com ganhos em qualidade de vida, preservação do meio ambiente e em saúde preventiva para todos.
Revista
PA
13
POR DENTRO DO CREA
Entenda como é formado
o quadro de conselheiros
1 SUPLENTE
PARA CADA
IES
REPRESENTANTE
DE CADA
INSTITUIÇÃO DE
ENSINO
SUPERIOR
AGRONOMIA
E
FLORESTAL
PRESIDÊNCIA
PLENÁRIO
CÂMARAS
ESPECIALIZADAS
PRESIDENTE ELEITO
REPRESENTANTES
DAS ENTIDADES
DE CLASSE
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará é uma
autarquia que tem como objetivo
principal a fiscalização para o exercício
legal das atividades dos profissionais que
compõem o Sistema Confea/Crea.
E para que todos tenham sua representatividade no Conselho foi instituído
pela Lei Federal 5.194/66 as normativas
para a formação do quadro de conselheiros na entidade, dando assento à profissionais brasileiros graduados em curso
superior e legalmente habilitados, que
passam a ser responsáveis por todas as
deliberações sobre o exercício das profissões.
De acordo com o superintende do
Crea-PA, Eng. Civil/Segurança do Trabalho e Advogado Roberto Mira da Silva
Revista
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ENGENHARIA
ELÉTRICA
COMISSÕES
1 SUPLENTE
PARA CADA
MEMBRO
O
CIVIL,
GEOLOGIA
E MINAS
DIRETORIA
MECÂNICA,
METARLUGÍA
E QUÍMICA
Puty, “o conselheiro deve estar quite com
suas obrigações no Conselho, sem pendências de qualquer natureza no Sistema, ser representante de uma instituição
de ensino ou uma entidade de classe das
áreas de conhecimento da Engenharia e
Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia, com o fim específico de julgar e
apreciar os assuntos relacionados com a
fiscalização e aprimoramento do exercício das profissões dessas áreas”.
Os artigos 37 ao 44 da Lei 5.194/66
indicam como deve ser a composição e
organização dos Conselhos Regionais,
consequentemente o quadro de conselheiros, que terá o seu organograma constituído por um presidente, eleito por votação direta dos profissionais registrados
no Conselho, com mandato de 3 anos;
um representante de cada escola ou faculdade de Engenharia e Agronomia com
sede na região; representantes diretos das
entidades de classe de engenheiro e agrônomo, registradas na região, de conformidade com o artigo 62 (Os membros
dos Conselhos Regionais só poderão ser
eleitos pelasentidades de classe que estiverem previamente registradas no Conselho em cuja jurisdição tenham sede);
cada membro do Conselho terá um suplente; o mandato dos Conselheiros será
de 3 anos e serenovará anualmente pelo
terço de seus membros.
Mira explica que os representantes de
entidades de classe são eleitos de acordo
com o estatuto de cada entidade. Já os
representantes das instituições de ensino
são indicações das própriasfaculdades.
“Para o exercício 2015, o Crea-PA contará com 35 Conselheiros Titulares e 35 suplentes do mesmo grupo/categoria,
modalidade ou campo de atuação profissional da câmara especializada”, diz o superintendente, sendo 30 representantes das
entidades de classe e 5 das instituições de ensino. Ele lembra
ainda que a diretoria do conselho, órgão executivo da estrutura básica do Crea que auxilia a Presidência no desempenho
de suas funções e sobre questões administrativas, é constituída
pelo presidente, 1º e 2º vice-presidentes, 1º e 2º tesoureiro e 1º
e 2º secretário.
TERÇO
Para atender à renovação anual de um terço de seu plenário, os conselheiros têm mandatos em vigor em diferentes
tempos. A renovação do Terço segue normas estabelecidas
pelo CONFEA (Resoluções nº 1.018 e nº 1.019/2006), sendo:
revisar os registros das instituições de ensino superior e das
entidades de classe; requerer das instituições de ensino e das
entidades de classe providências para a regularização de seus
registros, quando necessário; estabelecer procedimentos para a
manifestação expressa de opção dos profissionais associados a
mais de uma entidade de classe para fins de representação; verificar o número de profissionais registrados e em dia com suas
obrigações perante o Sistema Confea/Crea; e analisar a proporcionalidade entre as áreas profissionais e propor a composição
do Plenário e das câmaras especializadas. “O fundamento do
sistema advém da filosofia de ser um sistema colegiado, onde
as decisões são em sua essência do resultado da vontade da
maioria e, portanto, conclui-se que as decisões representam à
forma democrática da gestão”, finaliza Roberto Mira.
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ATIVIDADES E OBRIGAÇÕES
DOS CONSELHEIROS
Em síntese, o conselheiro desenvolve suas atividades
de acordo com o Regimento Interno do Crea-PA, sendo
sua atuação de forma honorífica nos seguintes órgãos:
Plenário: é o órgão superior, com competência normativa, judicante e deliberativa. A participação do conselheiro é na contribuição que dá aos debates e no relato de
processos que estão sendo analisados em grau de recurso
ou submetidos à homologação.
Câmaras Especializadas: aqueles que compõem as
Câmaras são encarregados de julgar e decidir sobre os assuntos de fiscalização pertinentes às respectivas especializações profissionais, sobre infrações ao código de ética e
outros assuntos de sua competência.
Comissões: tem por finalidade auxiliar o Plenário e
Câmaras Especializadas no desenvolvimento de atividades contínuas ou temporárias, relacionadas a um tema específico de caráter legal, técnico ou administrativo.
Diretoria: os conselheiros que compõem a Diretoria
têm por finalidade auxiliar a Presidência no desempenho
de suas funções e decidir sobre questões administrativas.
Revista
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PA
15
ESPECIAL
O desmatamento
na Amazônia
Especialistas discordam sobre influência da
nossa floresta na falta de chuvas no Sudeste
O
aquecimento global, causado pela
queima de combustíveis fósseis, que
provocam o efeito estufa na atmosfera, é um problema que preocupa o mundo
todo, de ambientalistas a chefes de estado.
No início de dezembro, a Organização das
Nações Unidas promoveu a 20ª Conferência sobre Mudanças Climáticas, em que,
mais uma vez, cada país foi cobrado a tomar medidas para reduzir as emissões de
gases do efeito estufa.
Nos problemas relacionados ao clima,
porém, nem todas as questões tem um entendimento pacífico. A falta de chuvas que
acomete boa parte do país, e que causou o
aumento do preço da energia elétrica devido a diminuição dos reservatórios das
grandes hidrelétricas, também provocou
uma crise hídrica sem precedentes no esta-
Revista
16
do mais rico da nação. São Paulo se viu este
ano sem reservas de água suficientes para
manter o abastecimento normal a toda a
sua população.
Diante da crise, surgem teses sobre a
causa do problema. E uma delas diz respeito à Amazônia, sugerindo que o desmatamento é que influencia a seca na região Sudeste. No final de outubro passado
o pesquisador Antônio Nobre, do Centro
de Ciência do Sistema Terrestre (CCST),
braço do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) chegou a essa conclusão
analisando cerca de 200 artigos científicos
sobre a Amazônia e sua relação com o clima e as chuvas no Brasil. Segundo ele, a diminuição da quantidade de árvores impede
o fluxo de umidade entre o Norte e o Sul do
país, refletindo nas chuvas que não caíram,
especialmente em São Paulo. No entanto, o
assunto está longe de ser um consenso entre
os cientistas e estudiosos do assunto.
Para o professor, doutor e climatologista Luiz Carlos Molion, uma das maiores
autoridades em matéria de meteorologia
no Brasil, que esteve em Belém no final de
novembro participando do 42º Encontro
Ruralista promovido pelo sistema Faepa/
Senar, essa teoria não tem base científica
e não resiste a uma análise dos dados climáticos. Apresentando dados de uma série histórica iniciada em 1888, que mede
a precipitação pluviométrica na cidade de
São Paulo, ele mostrou “desvios fortemente negativos” nos anos de 1933 e 1936, e
também em 1963, 1968 e 1969 no estado.
Nesses anos, a região Sudeste sofreu secas
severas, sem qualquer relação com o des-
leva à seca no
Sudeste?
matamento da Amazônia, que na época
era incipiente.
De acordo com Molion, a umidade
para as chuvas do Sudeste não é gerada na
Amazônia, mas vem do Atlântico Norte e
apenas passa pela Amazônia, interagindo
com a floresta. “Como essa floresta produz
atrito ao escoamento do ar que sai do oceano [como se fosse um carrinho elétrico
que passa da cerâmica (superfície lisa) para
cima de um tapete (superfície rugosa)],
cria intensa turbulência vertical e nuvens
convectivas que levam mais eficientemente parte da umidade transportada pelos
ventos em chuva. O restante do fluxo de
umidade oceânica segue seu caminho para
fora da região”, explica Molion, em artigo
intitulado “Desmatamento na Amazônia e
as secas no Sudeste”.
O cientista acrescenta que tanto dentro
da Amazônia, quanto nas regiões mais ao
sul, há áreas com estações secas bem definidas. “No Centro-Oeste e no Sudeste, por
exemplo, a estação seca chega a ser de seis
meses, notadamente entre abril e setembro”,
e pergunta: “Porque não chove nessas regiões se a floresta está em pleno funcionamento e transferindo umidade para o ar?”.
Ele mesmo responde: “Porque o clima global não permite que a umidade que existe
na superfície seja convertida em chuva regionalmente”.
Segundo ele, durante a estação seca, ou
durante os anos de seca, essas regiões estão
sob o domínio de um sistema de alta pressão atmosférica de milhares de quilômetros
de extensão e a inversão térmica associada
a ele, a cerca de dois quilômetros de altura,
inibe a formação e o desenvolvimento de
nuvens.
“Além do ciclo anual, o clima do Brasil
apresenta variabilidade interanual decorrente de fenômenos de escala global, como
os eventos El Niño que, afirma-se, produzem secas severas sobre a Amazônia mesmo com toda umidade que, em princípio,
seria fornecida pela floresta. Em adição,
existe uma variabilidade climática na escala
decadal resultante da variabilidade da temperatura da superfície (TSM) dos Oceanos
Pacífico e Atlântico que, juntos, ocupam
54% da superfície do planeta. Durante o
período que o Pacífico Tropical ficou, em
média, ligeiramente mais frio, entre 1946
e 1976, chovia 10% a 20% menos no País
de maneira geral. Isso porque a atmosfera
(e, como consequência, o clima) é aquecida
por baixo, o ar se aquece em contato com
a superfície. Se as TSMs ficam mais frias, o
clima também se resfria, a evaporação dos
oceanos se reduz, o transporte do fluxo de
umidade para cima dos continentes é diminuído e uma atmosfera mais fria e mais seca
produz menos chuvas na região tropical”,
descreve o professor.
E Molion afirma que depois de um
período de mais chuvas, a partir de 1999,
o Pacífico começou a se resfriar e o estado
energético do clima parece estar semelhante ao do período 1946-1976 quando o Pacífico se resfriou e, portanto, mais baixo que o
do período 1976-1998, recém-passado, em
que o pacífico estava mais aquecido e o estado energético do clima era mais elevado e
chovia mais.
Revista
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PA
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Desmatamentos nas margens dos rios prejudicam
o clima, diz superintendente do Ibama
Para o superintendente do
Ibama no Pará, o engenheiro florestal Hugo Américo Schaedler, o
desmatamento tem sim influência sobre o atual período de seca
em São Paulo, mas não é só pela
derrubada da floresta amazônica,
mas pela própria ausência de vegetação na região Sudeste, cujas
bacias hidrográficas estão cercadas por solo compactado, que
não absorvem a água de volta
para a terra e ainda estão sujeitas
a inundações e deslizamentos.
Para afirmar que o desmatamento da Amazônia causa
seca em outras regiões, Schaedler cita o fenômeno dos rios
voadores, como a umidade que
percorre a floresta tanto pelo
subsolo, quanto por sobre as
árvores, e chega a outras regiões
do país. “Há vários projetos que
já mostram que a chuva que cai
no Sudeste é da Amazônia. Se a
gente retira a cobertura vegetal
na Amazônia impacta diretamente no Sudeste do Brasil. Mas
não é a única relação direta. A
qualidade do entorno dessas
regiões é preponderante para o
dano que pode ocorrer com a
chuva que chega lá”, defende.
Mais grave, porém, é o fato de que as reservas de água do subsolo são prejudicadas
pelo desmatamento que já ocorreu naquela
região. “Se você observar o entorno das reservas de água no sul do Brasil, chuvas em
que acontecem alagamentos gigantescos,
enxurradas que levam carros, na redondeza
não existe vegetação nativa ou plantada, há
exposição grande do solo, solo compactado
pelo uso intensivo de maquinário, num manejo inadequado do solo”, descreve.
Para Schaedler, um gaúcho de 33 anos,
que se graduou em Brasília e fez especialização em gestão florestal na Universidade
do Paraná e ex-gerente regional do Ibama
em Santarém/PA, tudo isso deve ser levado
em consideração ao se pensar o futuro da
Amazônia. “Que se perceba a importância
Revista
18
Ele previu que haveria queda,
o que se confirmou naquele
mesmo dia. O desmatamento
da Amazônia Legal caiu 18%
entre agosto de 2013 e julho
de 2014 em relação ao período anterior.
Em números absolutos,
o bioma perdeu 4.848 km² de
vegetação. Em 2013, o desmatamento da Amazônia foi
de 5.891 km², um acréscimo
de 28,8% em relação a 2012,
quando o Ministério registrou
4.571 km² desmatados.
Os números causaram
certa surpresa, já que os alertas emitidos por ONGs, como
o Instituto do Homem e Meio
Ambiente da Amazônia (Imazon) indicavam que o resultado seria pior. Schaedler afirma
que os satélites do Sistema Prodis são os que têm a melhor
qualidade de imagens, que são
colhidas no período de 1 de
agosto a 31 de julho, para a verificação anual do desmatamento. Além do Sistema Prodes, o
Ibama utiliza o Sistema de Detecção de Desmatamento em
Tempo Real (Deter), que produz os mapas de alertas de desmatamento e
degradação florestal mensalmente de maio
a outubro e bimensalmente de novembro
a abril. Já o Imazon utiliza o satélite SAD,
que faz a medição automática das imagens,
porém, sem filtro humano, portanto, com
possibilidade maior de erro em seus alertas.
“Um alerta pode ter correspondência [com
o desmatamento], mas não quer dizer que
vai aumentar”, diz Schaedler.
A área total desmatada na Amazônia
aumentou 51% nos últimos 20 anos, aponta um levantamento divulgado pelo IBGE
em 2012, indicando que a maior região florestal do planeta tem um total de 754.840
km²bdesmatados, ou 15% da área total da
Amazônia, e 20% da área florestada. Originalmente, a Amazônia brasileira tinha cerca de 4 milhões de km² de florestas.
INFO
da Amazônia, que se vejam as alternativas
econômicas viáveis que se tem. Existe um
trabalho na Floresta Nacional do Tapajós
que prova que o manejo florestal comunitário gera mais renda em um hectare que
um hectare de soja plantada na BR-163, que
é vizinha deles. Vamos ver qual é a matriz
que será utilizada na Amazônia”, desafia o
superintendente.
DESMATAMENTO
Schaedler foi entrevistado pela Revista
CREA-PA pouco antes da divulgação dos
números do desmatamento fornecidos pelo
INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial), obtidos pelo sistema Prodes (Projeto
de Monitoramento do Desmatamento na
Amazônia Legal), que são os números
oficiais do Ministério do Meio Ambiente.
Falta de água em São Paulo é causada
pela má gestão dos recursos
Engenheiro agrônomo, meteorologista,
mestre na área de Física do Clima e doutorando em Engenharia Elétrica na área de Energia,
o chefe da Divisão de Meteorologia do Sistema
de Proteção da Amazônia (Sipam) na Divisão
Regional de Belém, Márcio Mirlando, discorda
que o desmatamento seja a causa da seca em
São Paulo. “O Sipam trabalha com análises de
previsões tanto de tempo, quanto de clima, em
escala temporal de intervalo mais curto, com
previsões de até três dias. Quando a previsão
é para um período maior, de três meses, por
exemplo, a precisão é menor, mas igualmente útil para a prevenção de fenômenos como
cheias ou estiagens”, explica Mirlando.
A previsão climática vai informar com
base nas análises, que naqueles três meses,
chuvas ficarão dentro dos padrões de normalidade, ou se vai chover menos ou mais.
Com base nesse monitoramento, o Sipam
divulga boletins de previsão hidrológica e de
nível pluviométrico, sobre o comportamento
de determinados rios, como por exemplo, o
Tocantins, em Marabá; o Xingu, em Altamira; o Tapajós, em Santarém; o Amazonas, em
Óbidos. Com base nesses boletins, a Defesa
Civil pode se preparar para uma grande cheia
ou para um período de estiagem, como os que
a Amazônia enfrentou em 2005 e 2010. Nessas ocasiões, muitos afluentes de rios secam,
deixando populações isoladas, já que o rio é a
única via de transporte. “Muitas comunidades
ficam até mesmo sem água potável”, explica.
A metodologia é a recomendada pela
Organização Meteorológica Mundial, que
regula a meteorologia e a hidrologia no mundo. “Todos os países signatários seguem essa
norma, que recomenda que se utilize um pe-
ríodo mínimo de 30 anos de dados, que nós
chamamos de normal climatológico”, explica
Mirlando. Com base nessa experiência, ele
considera que o avanço do desmatamento influencia no clima, “isso é um fato, ponto pacífico”. A questão é em qual escala? É certo que o
microclima é influenciado pelo desmatamento local, o mesmo modo que uma casa coberta com telhas de amianto terá um ambiente
diferente de outra com telhas de barro. “Ao
desmatar uma região, também se vai mudar
a condição local. O balanço de energia, que
é a quantidade de radiação do Sol, é a mesma, mas a absorção mudou. Quando se tira a
floresta, o Sol é o mesmo, mas a radiação que
chega, que é absorvida e refletida de volta para
a atmosfera, muda”, frisa Mirlando.
Porém, afirmar que o desmatamento da
Amazônia influencia o clima em uma escala global é mais difícil. Para o engenheiro, as
características climáticas do globo são dadas
por parâmetros como o ângulo de inclinação
do planeta e os movimentos da Terra, que
não podem ser alterados pelo homem. “A circulação global da atmosfera continua sendo
regida por essas características de parâmetros
orbitais”, ensina.
De acordo com ele, ao se analisar séries
com dados meteorológicos climáticos é possível verificar que na Amazônia temos eventos
de grandes cheias, e eventos com grandes estiagens, muito secos, com chuva muito abaixo do
normal, que apontam para uma periodicidade
de 35 a 40 anos para uma grande cheia ou uma
grande estiagem na Amazônia. Isso ocorre da
mesma forma em outros lugares do Brasil e
do mundo, como São Paulo, que está sujeito a
grandes estiagens e grandes chuvas.
Para Mirlando, o problema da escassez
da água na região é estritamente de gestão,
pois não houve previsão para o consumo de
água da população. “Há um número muito grande de usuários utilizando a água, em
um consumo que está aumentando, porém,
não aumenta a capacidade de atender a essa
demanda. Isso exige mais investimento para
aumentar reservatórios, evitar perdas”, considera. De acordo com ele, as companhias de
abastecimento de água costumam ter perdas
da ordem de 35%, e o próprio usuário não faz
um uso racional da água.
“A OMM (Organização Mundial de
Meteorologia) recomenda que cada consumidor use 110 litros água/dia. Quem tem
acesso hoje à agua consome muito mais do
que isso, acima de 170 litros por dia. A população tem que ser conscientizada para o
uso racional, para reduzir as perdas. É absurdo utilizar água potável para lavar calçada,
carro. As companhias precisam reduzir as
perdas. O investimento às vezes é comprometido porque existe muito furto”, explica
Mirlando, acrescentando que o desperdício
de água costuma ser mais nocivo para as
pequenas companhias. Além disso, o investimento em captação de água tem que ser
proporcional ao aumento do consumo.
O engenheiro do Sipam diz que eventos
meteorológicos climáticos vão continuar a
existir, e em determinadas situações, o impacto
será maior. Mas, quando se tem água em abundância, isso não é percebido, o contrário do
que acontece em condições adversas. “Mas não
tem necessariamente a ver com as condições de
desmatamento da Amazônia. Essa afirmação é
sem fundamento físico”, considera.
Revista
PA
PA
19
MERCADO DE TRABALHO
ONDE ESTUDAR
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
Universidade do Estado do Pará - UEPA
Universidade da Amazônia - UNAMA
Instituto de Estudos Superiores da Amazônia - ESTÁCIO IESAM
Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA
ENGENHARIA
AMBIENTAL
GRADUAÇÃO
Tempo: 5 anos
Acesso: via processos seletivos de cada instituição
Nomenclaturas: Engenharia Ambiental / Engenharia Sanitária e
Ambiental
Salário inicial: R$4 mil
Olhar atento para o
desenvolvimento econômico
sustentável, respeitando os
limites de exploração dos
recursos naturais
SAIBA MAIS SOBRE O CURSO
• Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental (Abes)
www.abes-dn.org.br
O
• Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA)
www.confea.org.br
• Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama)
www.ibama.gov.br
ENC
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ADAS
G
ENG
EN
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ÃO
Famaz Belém
www.famaz.edu.br
DE P
RO
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FamazPraVoce
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faculdadefamaz
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(91) 3222-7560 3222-7559
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Revista
PA
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INDÚS
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EMPREGOS
A região Norte tem muitos postos de
emprego para os engenheiros ambientais.
Heline Modesto destaca que as empresas de
mineração estão entre as que mais empregam. Mas o setor agroindustrial e de geração
de energia também são destaques.
IA
OG
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ÃO
PERFIL DO CURSO
Quem pretende ingressar na carreira
deve ter afinidade com as áreas de Ciências
Exatas e Biológicas. Heline Modesto diz que
os candidatos à profissão precisam entender,
desde o começo do curso, que não vão atuar
como ambientalistas. Ela destaca que o engenheiro ambiental é um promotor de desenvolvimento “e o nosso papel é fazer com que
isso aconteça de forma sustentável”, enfatiza.
A duração média do curso é de cinco
anos. Nos primeiros são abordadas disciplinas básicas de qualquer engenharia, como
Cálculo e Física. “Temos a preocupação de
aplicar o Cálculo fazendo um link com o
curso de Engenharia Ambiental”, diz. Outro destaque é a Química, que é abordada
ao longo dos anos. Também são estudadas
disciplinas como Estatística e Fenômenos de
Transporte. E as práticas de laboratório são
frequentes no currículo da graduação.
Já no terceiro ano são abordadas as disciplinas profissionalizantes de forma mais
detalhada, como tratamento de resíduos,
gestão de recursos hídricos e qualidade da
água. Na Estácio Iesam são ofertadas 180 vagas anuais distribuídas nos turnos da manhã
e noite. Os alunos também tem a oportunidade de participar de projetos interdisciplinares, com um tema por ano.
D
os engenheiros são responsáveis por desenvolver soluções para reaproveitamento dos
resíduos.
Na área preventiva esses engenheiros
usam seus conhecimentos para evitar ou minimizar enchentes e inundações. Também
trabalham com geoprocessamento, recuperação de áreas degradadas e projetos de sistemas de abastecimento de água.
ÃO
Revista
20
• Associação dos Profissionais de Engenharia Ambiental
www.aspeadf.org.br
AC
s impactos ambientais em consequência das diferentes atividades humanas têm exigido mais dos gestores
públicos e privados. Sem mais poder ignorar
as questões do meio ambiente, até mesmo
por conta da pressão das leis, os gestores
têm buscado cada vez mais a atuação dos
engenheiros ambientais. Esse cenário transformou essa Engenharia em umas das mais
promissoras do mercado de trabalho.
Tanto no Brasil como no exterior esses
engenheiros têm sido peças-chave na busca
de soluções para antigos e novos problemas.
Muitas empresas, que, anteriormente, não
avaliavam os impactos ao meio ambiente,
têm se conscientizado para que portas internacionais não se fechem. Isso porque cada
vez mais é exigido licenciamento ambiental
das atividades, que consequentemente precisam levar em conta a variável ambiental.
Heline Modesto, coordenadora do
curso de Engenharia Ambiental da faculdade Estácio Iesam, em Belém, destaca que o
campo de atuação desses profissionais é amplo e que diferente do que muita gente pensa,
nada tem a ver com ambientalismo. Uma das
áreas de mercado é a avaliação de efeitos de
processo ou produto ao meio ambiente, além
de criar mecanismos para evitar ou minimizar esses impactos. O engenheiro ambiental
também avalia os diferentes tipos de energia
e a forma de minimizar impactos.
Outro fator que aumentou a demanda
por engenheiros ambientais foi a Política
Nacional de Resíduos Sólidos. “Com isso os
municípios precisam realizar planos de gerenciamento para o lixo e também o gerenciamento de esgotos”, explica a coordenadora
da faculdade. Além de orientar os processos
21
ARTIGO TÉCNICO
LIVROS
VALORES DE REFERÊNCIA PARA METAIS
PESADOS NO ESTADO DO PARÁ
Antonio Rodrigues Fernandes
Professor do Instituto de Ciências Agrárias
Universidade Federal Rural da Amazônia - Ufra
Edna Santos de Souza
Doutorando do Programa de Agronomia da Ufra
O
Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama), no uso das
atribuições e competências que lhe são
conferidas pelo art. 8º, inciso VII, da Lei
no 6.938, de 31 de agosto de 1981, baixou
Resolução 420 de 28 de dezembro 2009, que
dispõe sobre critérios e valores orientadores
de qualidade do solo quanto à presença de
substâncias químicas e estabelece diretrizes
para o gerenciamento ambiental de áreas
contaminadas por essas substâncias em
decorrência de atividades antrópicas.
Dispõe que a avaliação da qualidade do
solo, quanto à presença de substâncias
químicas, deve ser efetuada com base em
Valores Orientadores de Referência de
Qualidade (VRQs), de Prevenção e de
Investigação. Dispõe ainda que os VRQs do
solo para substâncias químicas naturalmente
presentes serão estabelecidos pelos órgãos
ambientais competentes dos Estados e do
Distrito Federal, em até quatro anos após a
publicação desta Resolução, ou seja, até 2013.
Conforme definição do Conama, o VRQ é
a concentração de determinada substância
que define a qualidade natural do solo, sendo
determinado com base em interpretação
estatística de análises físico-químicas de
amostras de diversos tipos de solos; o Valor
de Prevenção (VP) é a concentração de valor
limite de determinada substância no solo,
tal que ele seja capaz de sustentar as suas
funções principais de acordo com o art. 3º da
Resolução e o Valor de Investigação (VI) é a
concentração de determinada substância no
solo ou na água subterrânea acima da qual
existem riscos potenciais, diretos ou indiretos,
à saúde humana, considerando um cenário
de exposição padronizado.
Os Valores de Referência de Qualidade
(VRQ) dos solos para metais pesados ou de
background foi determinado para o estado
do Pará desde 2009, a partir de um trabalho
de Pós-Doutorado realizado na Esalq/USP.
Os metais pesados são elementos que ocorrem naturalmente nos solos, sendo que as
concentrações dependem do material de origem, processos de formação e da composição
da fase sólida, além dos fatores geomorfológicos e bioclimáticos. Os VRQs é o primeiro
passo para definição dos Valores Orientados.
A partir da definição Valores Orientadores
o Estado, através do órgão responsável por
promover a melhoria e garantir a qualidade
do meio ambiente, poderá implementar
o desenvolvimento social e econômico de
forma sustentável e com menor risco de
contaminação ambiental. Assim, Os VRQs
se constituem em ferramenta fundamental e
indispensável para os órgãos de fiscalização
e monitoramento ambiental adotarem como
referência em avaliação de impactos ambientais causados por atividades antrópicas e os
possíveis riscos ambientais e a saúde humana.
Os VRQs são determinados a partir da
concentração natural de elementos químicos em solos sem ou com pouca influência
humana, levando-se em consideração a heterogeneidade nos atributos físicos, químicos
e mineralógicos do solo. Como os estados
brasileiros apresentam solos com atributos
diferentes e muitas vezes contrastante, o Conama estabeleceu que cada Estado brasileiro
deva ter seus próprios valores orientadores
e que estes deveriam ser estabelecidos até o
ano de 2013. Em 2014 apenas os estados de
São Paulo e Minas Gerais têm seus Valores
Orientadores próprios estabelecidos em Lei.
Os estados de Mato Grosso e Rondônia,
Espirito Santos, Pernambuco e Pará já dispõe
dos Valores de Referência, deste apenas o estado de Pernambuco conta com um projeto
de Lei tramitando no Legislativo.
Os VRQs para o estado do Pará foram
determinados conforme resolução 420/2009,
do Conama, adotando o método EPA
3051, utilizado pela Agência de Proteção
Ambiental dos Estados Unidos (USEPA),
e preconizado pelo órgão. Foram coletadas
mostras de solos em ambientes com mínima
interferência antrópica em todo o Estado.
Para seleção das áreas de coletas levou-se em
consideração a heterogeneidade nos atributos
físicos e químicos dos solos. As coletas foram
priorizadas para regiões onde há índices
elevados de desmatamento, como regiões que
estão sobre influência de áreas de mineração,
assentamentos rurais, hidrelétricas e atividades agropecuárias. Os solos estudados foram
Latossolos, Argissolos, Gleissolos, Nitossolos,
Cambissolos, Neossolos, Espodossolos e
Plintossolos nos horizontes superficiais e
subsuperficiais. As amostras foram coletadas
nos horizontes superficiais e subsuperficiais
em áreas homogêneas quanto a cor, textura,
topografia. Em cada área de coleta foram
realizadas três amostras compostas formadas
a partir de 10 amostras simples.
Os VRQs foram definidos a partir dos
percentis 75 e 90, conforme determina o Conama (Conama, 2009) (Tabela). O percentil
90 apresentou valores muito elevados em
relação ao percentil 75, devido a heterogeneidade nas condições pedogeoclimáticas
e pedogeomorfológicas dos solos do estado
do Pará. Em geral os teores de As, Ba, Cd,
Cr, Cu, Mn, Mo, Ni, Pb e Zn foram baixos e
inferiores à média mundial, devido a pobreza
do material de origem e o grau avançado de
intemperismo dos solos. Os VRQs estabelecidos pelos percentis 75 e 90 para As, Ba, Cd,
Cr, Cu, Hg, Mo, Ni, Pb e Zn ficaram abaixo
do valor de prevenção estabelecido pelo
Conama (2009). Isto indica que as coletas
foram realizadas em áreas não antropizadas e
isentas de contaminação.
Devido a extensão territorial do estado
do Pará a pesquisa sobre VRQs continua e
está sendo conduzida por regiões contempladas pelas principais rodovias. Os valores
estão à disposição dos órgãos ambientais do
estado e aproveito para convidar o CREA/
PA juntamente com outras entidades
governamentais e não governamentais a
colaborar e apoiar a definição dos Valores
Orientadores para metais em solos no
estado do Pará.
A
2ª edição de
FUNDAMENTOS DE PROSPECÇÃO MINERAL (Ed.
Interciência) aborda
os aspectos prospectivos dos depósitos e
as principais técnicas que podem ser
utilizadas para a busca geológica.
São apresentadas de forma concisa
as principais etapas e as técnicas
mais usuais utilizadas na pesquisa
mineral, procurando, na medida do
possível, mostrar como desenvolver
uma campanha exploratória.
V
ladimir Garcia Magalhães
analisa a relação
entre a propriedade intelectual,
a biotecnologia
e a biodiversidade em PROPRIEDADE
INTELECTUAL BIOTECNOLOGIA E BIODIVERSIDADE,
da Editora Fiuza. Na esfera da
propriedade intelectual analisa as
suas modalidades relacionadas à
biotecnologia e à biodiversidade
e os conceitos de invenção e de
descoberta no direito de patentes,
fazendo a distinção entre eles.
E
m INTRODUÇÃO
À TOXICOLOGIA
DOS ALIMENTOS,
Takayuki Shibamoto e
Leonard F. Bjeldanes
focam no ensino dos
princípios básicos da
toxicologia de alimentos. Inclui nova
cobertura de tópicos como a influência
do sistema circulatório na toxicologia,
mecanismos moleculares de absorção
e excreção, multiplicidade e especificidade de reações fase I e II, toxinas
oriundas de frutos do mar incluindo de
bactérias simbióticas, algas e Plâncton.
Editora Campus.
O
MANUAL DE
IRRIGAÇÃO tem
sido, nos últimos 20
anos, a grande referência
bibliográfica na área de
agricultura irrigada brasileira. Nesta 8ª edição,
atualizada e ampliada,
procurou-se manter a linha completa de conhecimentos nas áreas de Engenharia e Manejo da Irrigação,
com conceitos relacionados à água no
solo, interações solo-água-clima-planta,
qualidade da água para irrigação, medição e condução da água, caracterização e
dimensionamento dos diversos sistemas
de irrigação: por superfície, por aspersão e localizada, manejo de irrigação e
drenagem, com o propósito de atender à
demanda atual.
O
s autores
de INTRODUÇÃO
AOS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO
DE ENERGIA
ELÉTRICA 2ª EDIÇÃO
(Nelson Kagan; Carlos
César Barioni de Oliveira; Ernesto João Robba)
se especializaram, ao
longo de suas carreiras
profissionais ao estudo
e desenvolvimento de
projetos de pesquisa
voltados aos problemas
técnicos dos sistemas de
distribuição, em suas várias áreas: planejamento, operação, proteção,
engenharia e qualidade,
etc. Os capítulos foram
preparados de forma tal
que podem ser consultados de maneira independente, conforme o
interesse ou necessidade
do leitor, sem a obrigatoriedade de seguir a
ordem em que foram organizados, embora exista
uma sequência lógica em
sua composição.
Valores de Referência de Qualidade para solos dos estados Pará
Al
Fe
As
Ba
Cd
Cr
Cu
Hg
Mn
Mo
Ni
Pb
Zn
...g kg-1.............................................................................................................................................mg kg-1......................................................................................................................................................
Média
5,2
5,6
1,1
13,4
0,32
17,7
19
0,2
100
0,1
2,1
3,7
10
P 75(1)
5,0
6,4
1,4
17,9
0,3
16,4
10
0,2
103
0,1
1,5
4,5
7,6
P 90(2)
7,4
7,8
2,7
36,1
0,6
35,8
15,6
0,3
226,5
0,1
5,2
6,4
21,1
(1)Percentil 75; (2)Percentil 90.
Revista
22
Revista
PA
PA
23
O IESAM faz parte
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Revista
24
PA
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