Revista CREA nº12.indd - CREA-PA
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CTI Cláudio Ribeiro fala das ações de incentivo a inovação tecnológica Revista REAPA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará Dezembro 2014 – Ano III – Nº 12 Pag. 8 DES MA TA MEN TO Logística reversa já começa a pautar ações Pag 10 Com a falta de chuvas na região sudeste do país, muitas teorias surgiram para justificar o clima por lá. Uma delas diz respeito ao desmatamento na Amazônia, que seria a principal causa. Mas até que ponto os estudiosos concordam com essa tese? Pag. 16 Foto ShutterStock RESÍDUOS X SECA LIVROS CONSELHO Dicas de leituras Saiba como é formado o quadro para atualização profissional de conselheiros Pag. 14 Pag. 23 CREA-PA PALAVRA DO PRESIDENTE Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará SEDE: Tv. Doutor Moraes, 194 • Nazaré • Belém-PA • CEP 66.035-080 FONE/FAX: (91) 3219-3402 / 3219-3403 / 3219-3404 / 3219-3408 FUNCIONAMENTO: 2ª feira a 6ª feira das 8h às 16h E-MAIL: [email protected] OUVIDORIA: (91) 3219-1132 / 3219-1136 ou [email protected] / www.creapa.com.br DIRETORIA 2014 Presidente Eng. Agrônomo Antonio Carlos Albério 1º Vice-Presidente Eng. Eletricista Beatriz Ivone Costa Vasconcelos 2º Vice-Presidente Eng. Civil/Arquiteto Alexandre de Moraes Ferreira 1º Secretário Eng. Eletricista Ricardo Guedes Accyoli Ramos 2º Secretário Eng. Mecânico Fábio Luiz Castro Marinho 1º Tesoureiro Eng. Agrônomo Benedito Elias de Souza Filho 2º Tesoureiro Eng. Produção Leony Luiz Lopes Negrão CÂMARAS ESPECIALIZADAS Câmara Especializada de Agronomia e Florestal Coordenador: Eng. Agrônomo Rui de Souza Chaves Adjunto: Eng. Agrônomo Raimundo Cosme de Oliveira Jr. Câmara Especializada de Engenharia Civil e Geologia e Minas Coordenador: Eng. Civil Carlos Eduardo Domingues e Silva Adjunto: Eng. Civil/Mecânico José da Silva Neves Câmara Especializada de Engenharia Elétrica Coordenador: Eng. Eletricista Adalziro Antônio de Souza Duarte Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, Metalurgia e Química Coordenador: Eng. Mecânico Eduardo Barros Virgolino Adjunto: Eng. Naval Juarez Botelho da Costa Jr. Revista REAPA COMISSÃO EDITORIAL Coordenador Geólogo José Waterloo Lopes Leal Coordenadora Adjunta Eng. Agrônoma Ana Maria Pereira de Faria Membro Eng. Civil Alexandre de Moraes Ferreira Suplentes Eng. Agrônoma Layse Goretti Bastos Barbosa Eng. Agrônomo Raimundo Cosme de Oliveira Jr. Coordenador do Núcleo de Relações Institucionais - NRI Relações Públicas Marcelo Rodrigo da Silva Pantoja Ascom CREA-PA: Ercília Wanzeler Esta é uma publicação do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (CREA-PA) executada pela Holy Comunicação e Editora (Rua Manoel Barata, 1569. Reduto. CEP 66053-320. Fone 91 3218-4698) Diretores: Alexandre e Olinda Mendes Edição: Mara Góes DRT/PA 1.430 Reportagens e textos: Luciana Cavalcante, Marta Cardoso e Orlando Cardoso Fotos: Hilário Jr., Agência Pará, banco de imagens e arquivo dos entrevistados Diagramação e arte: Holy Comunicação Tratamento de imagens: Elias Portilho Comercialização: Olinda Rodrigues e Rodrigo Pinho Impressão: Gráfica Halley *Sua opinião é muito importante. Mande seus comentários e sugestões para [email protected]. 2 Revista CONFEA Conselho Federal de Engenharia e Agronomia PA Amigos leitores e profissionais, E stá chegando ao final mais um mandato que me foi conferido pelos profissionais do nosso estado para presidir o CREA-PARÁ. Esse é um momento ímpar, que encerra um importante ciclo para mim aqui no Regional, e ao mesmo tempo inicia um desafio ainda maior, agora na esfera federal. Em três oportunidades - 2003/2005, 2006/2008 e 2012/2014 – tive a honra de comandar este Conselho de fiscalização profissional, que nos seus 80 anos de existência vem merecendo o respeito e a admiração da sociedade paraense, fruto do trabalho dos seus dirigentes, conselheiros, inspetores e colaboradores. Presidir o CREA-PA é um desafio muito grande, tanto por conta da extensão territorial do Estado do Pará como pela implantação de grandes projetos em suas diversas regiões, o que exige dos que fazem o Conselho um esforço muito grande no sentido de garantir a sua atuação no cumprimento da atividade fim. Essa foi uma das razões que me levaram ainda no meu primeiro mandato, em 2003, implementar um programa de interiorização que culminou, nas minhas três gestões, com a instalação das inspetorias de Xinguara, Canaã dos Carajás, Cametá, Novo Progresso, Itaituba, Monte Alegre e Oriximiná, além de melhorar a infraestrutura das demais. Hoje, o CREA-PA está presente fisicamente em 21 municípios e isso me orgulha muito. Fazendo um balanço deste meu último mandato acho importante que todos saibam o que foi realizado, de forma transparente. Muitas ações foram necessárias para chegarmos a este momento. É claro que ainda há muita coisa a ser feita e/ou aprimorada. No decorrer desta gestão foi adotado um novo sistema de informática para o CREA. Junto com a aquisição de novos computadores foi uma iniciativa no sentido de oferecer melhores condições para que os profissionais de qualquer ponto do Estado possam auferir dos serviços disponibilizados pelo CREA-PA. Da mesma forma, um pesado investimento foi dispensado à fiscalização, com a disponibilização de novos equipamentos e a renovação da frota com a aquisição de 30 novos veículos. Visando proporcionar maior conforto aos colaboradores, além de treinamentos oferecidos e novos equipamentos de informática, um novo mobiliário foi adquirido e está em fase de montagem. E já está previsto para o próximo exercício as reformas das instalações da sede em Belém e em alguns imóveis no interior, além da instalação das inspetorias de Rondon do Pará e Tucumã. Não poderia deixar de mencionar um importante marco na comunicação com os profissionais e a sociedade em geral: o lançamento e efetiva circulação da Revista CREA-PA. Chegamos na 12ª edição mostrando nossa preocupação com o mercado de trabalho dos profissionais regulamentados e buscando assuntos de interesse de todos, que influenciam no dia a dia das cidades e das pessoas, como por exemplo a questão do custo da energia elétrica que pagamos no Pará, a ocupação irregular do solo e a Lei dos Resíduos Sólidos, todos assuntos já abordados em nossas edições. Esse é mais um legado que deixo para os novos gestores do Conselho. Ao encerrar este terceiro mandato em 31 de dezembro próximo, encerro também a minha passagem pelo CREA-PA com a consciência de que dentro das minhas limitações e das condições desfrutadas procurei dar continuidade ao trabalho dos presidentes que me antecederam, buscando sempre o aprimoramento das ações voltadas à fiscalização do exercício e das atividades profissionais. A partir de 1 de janeiro de 2015, assume a presidência o engenheiro agrônomo Elias Lima, eleito democraticamente no pleito de 19 de novembro passado, oportunidade em que faço votos de muito êxito nessa nova missão. E eu, que mais uma vez mereci a confiança dos profissionais do nosso Estado, estarei iniciando minha nova jornada: exercer o mandato de conselheiro federal. A todos deixo meus agradecimentos pelo apoio recebido ao longo de nove anos presidindo o CREA-PARÁ. E reafirmo mais uma vez o compromisso de corresponder à confiança no desempenho do mandato de conselheiro federal. Um abençoado Natal e um novo ano cheio de realizações. 08 TECNOLOGIA E INOVAÇÃO 10 RESÍDUOS SÓLIDOS DESMATAMENTO X SECA NOSSAS SEÇÕES Expressas Por Dentro do Crea Artigo Técnico Livros 16 4 14 22 23 20 AMBIENTAL ENGENHEIRO AGRÔNOMO ANTONIO CARLOS ALBERIO PRESIDENTE DO CREA-PA Revista PA 3 Aprovado na CCJ Engenheiro como carreira de Estado EXPRESSAS Consumidor vai deixar de pagar por “gatos” Entre 2015 e 2018, nove empresas de distribuição de energia elétrica terão suas receitas reduzidas. A situação reflete decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em que o custo dos “gatos” feitos no sistema elétrico deixa de ser pago pelos consumidores de todo o país e se torna um ônus de cada distribuidora. A medida afeta as elétricas que atendem as regiões isoladas do Brasil, nas áreas em que o fornecimento de energia é regional, ainda não integrado, como em área do Acre, Rondônia, Amazonas, Amapá, Roraima, Pará, Mato Grosso e Pernambuco. Mas para que não haja uma disparidade muito grande entre os preços cobrados pela energia do país, as empresas que atendem nessas localidades recebem um reembolso para amortecer seus custos. ERRATA Na edição 11, da Revista CREA-PA, publicamos entrevista com o engenheiro doutorando em Biologia Ambiental Dioniso de Souza Sampaio, cujo nome estava grafado erroneamente como Dionísio. Pedimos desculpas pelo equívoco. Construção civil ganha cooperativa Foi aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania – CCJ, em Brasília, o Projeto de Lei 13/2013 que tipifica Engenheiro como carreira de Estado. O texto acrescenta parágrafo único ao art. 1º da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, caracterizando como essenciais e exclusivas de Estado as atividades exercidas por engenheiros, Com a participação de 22 empresas e 27 membros pessoas físicas foi instalada a Cooperativa da Construção Civil do Estado do Pará (Coopercon-PA), onde o objetivo é obter para seus integrantes a compra de produtos diretamente dos fornecedores, com preços mais baixos e divididos entre os parceiros, e linhas de crédito destinadas às empresas. Também se espera organizar serviços de assistência técnica em inovação tecnológica e econômico-financeiro junto aos produtores de insumos e equipamentos, viabilizando negociações de melhor qualidade e condições de pagamento na aquisição de produtos e serviços, de forma individual ou em bloco. arquitetos e engenheiros agrônomos ocupantes de cargo efetivo no serviço público federal, estadual e municipal. O projeto segue para sanção presidencial. Isso é uma vitória da engenharia, em todo o Brasil, e a consagração de um trabalho de anos, que com o apoio de todos, foi realizado com êxito, e assim a engenharia está mudando de patamar. Defeso do caranguejo terá 6 períodos de janeiro a março Dia 6 de janeiro de 2015 começam os seis períodos de defeso do caranguejo-uçá. Os períodos foram definidos pela Secretaria de Estado de Agricultura e Pesca – Sepaq. 1º período 2º período 3º período 4º período 5º período 6º período 6 a 11 de janeiro 21 a 26 de janeiro 4 a 9 de fevereiro 19 a 24 de fevereiro 6 a 1 de março 21 a 26 de março Inmetro abre duas vagas em concurso público O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro abriu concurso para duas vagas de especialista em metrologia e qualidade sênior. O salário é de R$ 8.626,55, mas pode chegar a R$ 6.512,95. Os aprovados atuarão nas áreas de metrologia elétrica e metrologia dos materiais, uma vaga cada, no Rio de Janeiro. As inscrições devem ser feitas até 22 de dezembro, no site www.idecan.org.br. 100 95 75 25 5 Fabricação e montagem de lajes treliçadas 0 4 Revista PA @Premac Fone (91) 3235-4846 / 3245-2334 Resistência e beleza a toda prova. Telhas de concreto. Conforto térmico. Alta impermeabilidade. Fones: (91) 3724-2962 / 8883-2722 / 8883-4052 REAPA 5 Estrada de Neópolis, Quadra 08, Lote 19 - Benevides Email: [email protected] Revista Homologado resultados das eleições 2014 A Comissão Eleitoral Federal – CEF, instituída pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – CONFEA, por meio da Decisão Plenária PL-nº 0020/2014, usando das atribuições que lhe confere o art. 103, do Anexo I, da Resolução nº 1.021/2007 – Regulamento Eleitoral, homolo- SAIBA QUEM SÃO OS ELEITOS Presidência do CONFEA Eng. Civil José Tadeu da Silva CONSELHEIRO FEDERAL Modalidade Agronomia - Pará Antônio Carlos Albério (Titular) Presidência do CREA-PA Elias da Silva Lima Moisés Moreira dos Santos (Suplente) SEMA apresenta Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos A Diretoria de Recursos Hídricos da SEMA lançou o Portal do Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos-SEIRH/PA (seirh.sema.pa.gov. br), através do qual está disponibilizando informações sobre a hidrografia do Estado (mapas interativos), a rede de monitoramento hidrometeorológico, os empreendimentos outorgados no Estado do Pará, bem como o acervo de trabalhos técnicos desenvolvidos pela Diretoria, as ações de monitoramento e fiscalização e o material e registro das capacitações realizadas. gou o resultado das eleições 2014 do Sistema Confea/Crea e Mútua para os cargos de Presidente do Confea, Conselheiros Federais (AM, CE, DF, PA e PB) e Presidentes dos Creas nas 27 unidades federativas. Os eleitos terão o mandato de 2015/2017 iniciado em 1º de janeiro. O resultado para os cargos de Diretor Geral, Diretor Administrativo e Diretor Financeiro da Mútua ainda está no processo de homologação, que deverá acontecer até o final do mês de dezembro. CONFEA apresenta propostas ao Mercosul O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) está discutindo um acordo para que os profissionais da área tecnológica possam atuar nos países do Mercosul. Durante reunião da Comissão de Agrimensura, Agronomia, Arquitetura, Geologia e Engenharia para o Mercosul (Ciam), ocorrida em Buenos Aires, em novembro, o Brasil apresentou uma proposta de regulamento de aplicações de sanções em nível do Mercosul, para que haja o exercício temporário de maneira facilitada entre os quatros países do Mercado Comum. Outra proposta apresentada foi a de um acervo técnico internacional, considerando que somente o Brasil possui esse registro (ART – Anotação de Registro Técnico). CREA-PA recebe nova frota de veículos Ao longo do ano de 2014, o CREA-PA investiu na modernização da sede e suas inspetorias com a aquisição de equipamentos e mobiliário para o aperfeiçoamento do trabalho dos funcionários. E o ano encerra com uma importante conquista para o Regional, que poderá começar 2015 mais presente e atuante – na capital e no interior: a aquisição de uma nova frota de veículos. No início de dezembro o presidente do Conselho Antônio Alberio apresentou e fez a entrega de 30 carros novos, modelo Sandero/Renault. A frota está toda padronizada com a identidade visual do CREA e seu destino é exclusivamente à fiscalização. Segundo o cidades circunvizinhas das Inspetorias, o que antes era bem complicado. “A aquisição visa dar melhores condições para que os agentes de fiscalização possam desempenhar suas atividades da melhor maneira. Com isso, busca-se intensificar a fiscalização em todo o Pará, haja Presidente Antonio Alberio entregou 30 veículos para as vista que a frota atenderá unidades do CREA-PA também o interior do Estado”, afirma. Serão atendidas com essa aquisição, inclusipresidente Alberio, o investimento em novos veículos é o maior realizado pelo ve, as inspetorias de Tucumã e Rondon do Pará, que serão implantadas no Conselho para o setor de Fiscalização primeiro semestre de 2015. ao longo de sua história. E isso vai A compra dos veículos é uma ação proporcionar que a verificação in loco em parceria com o Conselho Federal da atividade profissional seja mais efide Engenharia e Agronomia, que doou ciente, uma vez que com o veículo será parte dos recursos. possível, inclusive, o deslocamento à TELHAS DE CONCRETO BELTELHAS O toque final que a sua obra merece. Alta resistência e impermeabilidade Encaixe perfeito Cores uniformes “A cobertura é um dos elementos fundamentais de qualquer construção. Ela protege das chuvas e outras intempéries, reduz a temperatura interna dos telhados e tornam as residências mais atraentes do ponto de vista arquitetônico. Por esse motivo, utilize sempre telhas de concreto Beltelhas. A telha de concreto que garante todas essas vantagens com enorme qualidade”. Engenheiro Erick Massalai Rodovia BR 316, Km 14 • Marituba-PA www.beltelhas.com.br • [email protected] Fones: (91) 3256-1765 • 3256-6455 • 98222-7144 (Tim) • 98810-5735 (Oi) • 98142-5379 (Tim) 6 Revista PA ENTREVISTA Cláudio Ribeiro, Secti-PA T ecnologia é um diferencial que produz efeitos em todas as áreas: indústria, pequenos negócios, educação, saúde. Por isso, entre os desafios da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação - Secti está a democratização desses conhecimentos. Em entrevista, o titular do órgão, Cláudio Ribeiro, fala dos efeitos da inovação, dos projetos apoiados pela secretaria e sobre os desafios do Pará para ganhar posição de destaque no setor de biotecnologia, deixando para trás a pecha de mero exportador de matérias-primas. Ribeiro destaca, entre outros, as boas práticas que estão em desenvolvimento no Pará para o aproveitamento econômico da biodiversidade, além do potencial para ser um grande celeiro de produção de alimentos para o mundo. FOTO HILÁRIO JR Como a questão da inovação tecnológica é trabalhada pela secretaria? Como a questão da inovação tecnológica é trabalhada pela secretaria? Toda a parte de ciência, tecnologia e informação é trabalhada através de um planejamento e a parte de inovação, especificamente, nós procuramos associar junto a outros agentes, porque a inovação não se realiza na academia. A inovação ocorre na empresa ou na comunidade. Há diferença entre invenção e inovação. Se alguém inventar a coisa mais fantástica do mundo e isso não for transformado num bem econômico ou social, não é inovação - é invenção. A inovação econômica tem que ser aprovada no mercado e a inovação social é aquela que é apropriada pela sociedade. Às vezes inovação social não tem um valor econômico explícito, mas beneficia a sociedade de uma forma geral. Por exemplo: se eu pegar uma das ilhas em frente a Belém sem abastecimento de água e tiver o desenvolvimento de uma tecnologia adequada e apropriada para aquela condição, ela será uma tecnologia social que aplicada se transforma em inovação social, 8 Revista porque vai fazer bem para as pessoas que moram nessa ilha, que irão consumir água de qualidade, tratada, ao invés de água do próprio rio. Por isso, na Secti todo o planejamento é feito distinguindo aquilo que é inovação social e inovação econômica. Trabalhamos a parte de tecnologia e inovação social através de uma diretoria e a de tecnologia de inovação mais econômica em outra diretoria. A inovação, fundamentalmente, precisa de um sistema. Esse sistema envolve as Instituições de Ciência e Tecnologia – ICTs, como as universidades, os institutos de pesquisa, os centros de pesquisa e todos os que desenvolvem conhecimento. Mas não bastam só eles: o Governo tem um papel fundamental para facilitar, incentivar e apoiar o processo e, em alguns casos, apoiar financeiramente. A secretaria possui algum programa específico para apoiar a inovação? Temos um programa que trabalha ambientes de inovação, que são parques tecnológicos, incubadoras de empresas, incubadoras de startups, etc. Nosso papel é apoiar o desenvolvimento desses ambientes de inovação. Um exemplo é o Parque Tecnológico do Guamá, que é uma parceria entre o Estado, a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). As universidades cederam o terreno e quem construiu tudo foi o Estado. Lá existe um prédio que é o Espaço Inovação, voltado para laboratórios que prestam serviços para empresas e para empresas que queiram estar lá. E ainda existem as incubadoras – na UFPA, na UEPA, UFOPA e até universidades privadas tem –, que a Secti apóia. Também trabalhamos com editais, onde chamamos empresas a apresentar projetos inovadores que, selecionados, serão apoiados com recursos públicos. Esta é uma parceria nossa com a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) do Governo Federal, destinada a apoiar projetos inovadores de empresas. Como acontece a transferência dos conhecimentos para os diferentes segmentos? Esse é o grande desafio: fazer o conhecimento chegar a quem interessa, a quem pode ter melhoria, ter ganho - de qualidade de vida ou de lucratividade, se for o caso de uma empresa -, com a apropriação desse conhecimento. Usamos várias estratégias para isso, como o programa de difusão e popularização do conhecimento. Neste ano fizemos inúmeras mostras de Ciência, Tecnologia e Inovação. Fomos pelo Pará inteiro em parceria com o Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), onde o objetivo é, primeiramente, desmistificar a ideia de que tecnologia e inovação são coisas muito complexas e distantes da realidade do cidadão comum ou da pequena empresa. Conhecimento, inovação e tecnologia podem e devem ser apropriados por quaisquer pessoas. As empresas, principalmente as pequenas, passam a ter uma competitividade maior e mais chances de sobreviver no mercado. Sobre a inovação social, hoje bancamos um programa chamado Faceduc, que é o Facebook da educação. A Seduc (Secretaria de Estado de Educação) já utiliza em escala piloto e a partir de 2015 a ideia é ir ampliando o número de escolas e alunos beneficiados. Como a tecnologia pode tornar nossas empresas mais competitivas? Hoje está provado que a inovação é fundamental para a competitividade das empresas. Quem não inova acaba sendo extirpado do mercado. Mas passar esses conceitos não é fácil. Se eu ou um reitor formos falar para um empresário sobre inovação, muitas vezes ele não vai entender. Por isso a parceria com o Sebrae, que é quem mais entende de micro e pequeno empresário no País, é tão importante. O Sebrae é um grande parceiro no processo de introdução na inovação na micro e pequena empresa brasileira. Você pode citar bons exemplos de tecnologia e inovação no Pará? Há vários exemplos e em vários setores. Nas mostras que realizamos vemos diversos processos que estão acontecendo e que não necessariamente ocorrem em Belém. Há uma empresa metalúrgica de Santarém que desenvolveu um protetor de eixo para motor de rabeta de embarcação, que acabou com o problema do escalpelamento. É uma solução relativamente simples, de uma pequena empresa, mas a Honda [indústria de automotores] já entrou em contato com eles para usar a concepção desse dispositivo. Outro exemplo é na própria questão do açaí. Ele continua na produção tradicional para alguns, mas já têm empresas se preocupando com o desenvolvimento de produtos inovadores, levando em conta o grande mercado do açaí no mundo. Se nós [paraenses] chegarmos em São Paulo ou no Rio não vamos gostar do açaí servido lá, pois não tem nada a ver com o nosso. Porém, cada vez mais, esses produtos diferenciados estão ocupando espaço, fazendo com que o açaí se propague pelo mundo inteiro. A própria pasteurização já é uma inovação, não é mesmo? É uma inovação na medida em que ela é adotada. Além de ser uma inovação vai chegar um momento em que o batedor de açaí que não pasteurizar vai ser riscado do mercado, porque ninguém vai querer comprar o produto dele por medo do barbeiro. Isso vai ser um elemento diferenciador. Pela lei, pela vigilância sanitária, só vai continuar vendendo açaí quem fizer a pasteurização. Mas, mesmo que não existisse a lei, o próprio consumidor ia ser seletivo, na medida em que fosse esclarecido, na hora de escolher o seu vendedor de açaí. Outro exemplo de inovação local é a Chamma, uma empresa supertradicional do Pará, que se reinventou e a partir daí conseguiu ter uma outra colocação no mercado com um produto muito mais nobre, mais sofisticado, com mais valor agregado. Foi a forma dela sobreviver no mercado. Como vocês trabalham em relação à biotecnologia e bioindústria? Tudo o que fazemos é voltado à agregação de valor. O Pará historicamente teve uma economia pautada na extração e exportação, que acontecia praticamente sem nenhum valor agregado. Quando se exporta commodities, matéria-prima, você exporta junto todos os benefícios socioeconômicos da cadeia produtiva dessa matéria-prima. Minério de ferro de Carajás, por exemplo, se mandar para a China, na hora de processar vai dar emprego para quem? Para paraense ou para chinês? O Pará precisa ter uma economia com uma visão diferenciada, de que é necessário agregar valor ao que se produz aqui mesmo. Qual a maior riqueza que temos? Os recursos naturais que são de duas ordens: mineral e vegetal/animal (bio). Desses, o que está mais óbvio no Pará é a biodiversidade. O aproveitamento econômico da biodiversidade é fundamental para o desenvolvimento do Pará, até porque acaba gerando mais empregos do que a indústria mineral. A mineral pode até gerar uma quantidade razoável de postos, mas como a gente exporta commodities, na cadeia produtiva acaba não gerando muito. Temos que trabalhar nesse aproveitamento econômico porque acaba sendo uma coisa mais democrática, eu diria, porque mineração é coisa de grandes e no aproveitamento econômico da biodiversidade eu posso trabalhar com os pequenos. Temos que trabalhar esse aproveitamento com a visão de que não adianta exportar matéria- prima, o fundamental é agregar valor. Por isso temos que difundir no Pará a questão da biotecnologia - o conhecimento acerca da biodiversidade. O Pará, a partir daí, criou um grande programa voltado para isso com três elos que posso chamar de agrobioindústria: alimentos, cosméticos e fármacos. Alimentos é uma área que já está mais desenvolvida com uma série de empresas e indústrias implantadas no Estado e que a tendência é cada vez aumentar mais o nível de agregação de valor desses produtos. O Pará hoje produz cerveja, poupa de fruta, suco, e exporta isso. Ainda temos muito o que avançar e o Brasil tem todas as condições para ser um grande celeiro de produção de alimentos para o mundo inteiro. E se o Brasil tem, logo, o Pará tem, sem bairrismos, um potencial incrível nessa área. Na parte de cosméticos percebemos que existem algumas empresas oriundas do Pará e outras que vieram para o Pará por causa dessa nossa potencialidade, como a Natura, que inaugurou uma fábrica em Benevides. E há várias empresas locais e a nível nacional, como a Beraca, que fornece insumos para a indústria de cosméticos. Estamos trabalhando a perspectiva de trazer mais empresas para cá, trazendo inclusive o seu P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Por isso que é tão importante termos os ambientes de inovação. Nessa escala há mais agregação de valor nos fármacos, onde o mais importante é o princípio ativo. A indústria de fármacos com grandes investimentos e que também trabalha projetos de desenvolvimento de produtos muito demorados porque são necessários testes clínicos. Assim, além de ser caríssimo o processo, é também muito demorado. Por isso estamos capacitando o Estado para que possamos ser um agente nesse processo. Estamos trabalhando a criação de uma empresa estatal chamada Parafarma, cujo projeto está indo para a Assembleia Legislativa. A ideia é poder, por exemplo, apoiar um projeto que chegou a um produto interessante, com potencial de industrialização, para a patente conjunta com quem desenvolveu. Esse é um processo longo que está sendo trabalhado, incentivando as áreas a pesquisar cada vez mais, apoiando com recursos financeiros a pesquisa. Definimos áreas estratégicas de desenvolvimento do Estado e aportamos recursos nelas. Estamos lançando um edital de uma rede. Ao invés de fazer a UFPA competir com a UEPA e as duas competirem com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), por exemplo, a gente pede para que façam uma rede, juntando o que eles têm de melhor e ofereçam aquilo que a gente quer. Revista PA PA 9 Fotos Shutterstock Imagens e Geraldo Ramos/Ag.Pará s t í i g c o a L ESPECIAL CAPA a r e v ers Um dos desafios da Política Nacional de Resíduos Sólidos, iniciativa privada já avança na implantação com ações próprias E nquanto o poder público em geral ainda se debate para implementar a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cujo aspecto mais visível é a extinção dos lixões nas cidades brasileiras, o setor privado avança como pode em direção ao que se espera de correto no tratamento de tudo o que é descartado, seja encaminhando material para reciclagem, seja recolhendo o que é poluente para que não cause dano à natureza. Impedir que produtos como pilhas, baterias, aparelhos eletrônicos e lâmpadas fluorescentes contaminem os rios e Revista 10 PA a terra com elementos químicos como mercúrio, cádmio, níquel, zinco, manganês e chumbo é uma das missões da logística reversa, na qual o comércio e a indústria estão articulados para receber de volta o material que venderam, quando ele não serve mais. O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), Fernando Yamada afirma que em todo o Brasil há supermercados desenvolvendo ações nesse sentido. “É claro que redes maiores já estão mais desenvolvidas em relação ao tratamento de resíduos sólidos ou logísti- ca reversa”, explica. Hoje, de acordo com ele, a Abras trabalha em duas linhas de ação em favor da logística reversa. “O primeiro é junto ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), onde são desenvolvidos os acordos setoriais sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos. No que diz respeito aos supermercados, esses acordos estão sendo desenvolvidos nas áreas de embalagens, lâmpadas e eletroeletrônicos, numa coalizão entre indústria, comércio e governo. Dentro dessas discussões há uma proposta dos supermercados instalarem nas lojas o PEV – Ponto de Entrega Voluntária, onde os consumidores poderão entregar esses itens para reciclagem. A proposta, que ainda está em desenvolvimento, seria instalada primeiramente nas capitais”, revela Fernando Yamada. A Abras também está implantando o Programa Lixo Zero em todas as capitais. Em Belém, a Associação Paraense de Supermercados (Aspas) fez a adesão em outubro. Nesse programa o objetivo é que os resíduos da loja de supermercado – papel, plástico, latas, madeira e orgânico - tenha sua destinação correta. “Hoje, grandes redes no Brasil já têm destinação para 80% desses resíduos, mas o setor ainda gera lixo que não dá para se transformar e aí estamos buscando soluções”, explica Yamada, que acrescenta. ”Para o bom andamento dessa logística reversa é preciso que a população, o consumidor adquira o hábito de retornar embalagens, lâmpadas e eletros para o ponto de venda. Isso é educação ambiental.” Outra consideração de Fernando Yamada é de que não cabe aos supermercados dar a destinação final do lixo, inclusive, a incineração, quando for o caso, mas ao poder público. “Na Lei dos Resíduos Sólidos não existe essa responsabilidade para o setor”, Ele explica que para evitar dano maior ao meio ambiente, os supermercados atuam em três etapas básicas: a seleção, o transporte e a destinação. “Nessa última etapa é onde acontece a reciclagem, mas para isso acontecer, a cadeia da transformação deve ser completa, com cooperativas e indústrias de reciclagem em plena normalidade”, esclarece. CATADORES Parte dessa engrenagem, os catadores estão entre os mais humildes e sacrificados do universo das ocupações. No entanto, é consenso que sem os catadores, não existirá política de resíduos sólidos em estados e municípios. Por isso, a lei incentiva sua organização em cooperativas, abrigadas pelo poder público, de modo a que funcione uma cadeia de reciclagem que torne a produção e a comercialização mais sustentáveis. Um exemplo de líder na organização dos catadores é o presidente da Cooperativa Filhos do Sol, do bairro do Jurunas, João Jorge Ribeiro, 55 anos, que fundou sua organização há menos de dois anos. Antes, integrava a Associação de Catadores da Coleta Seletiva de Belém (ACCSB), que ainda existe, no bairro da Marambaia, assim como dezenas de outras em bairros como Terra Firme, Telégrafo, Pedreira e no distrito de Icoaraci. João Jorge também aguarda os resultados da implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que obrigará as prefeituras a contratar as cooperativas, acredita ele. “O governo federal quer que a prefeitura contrate as associações, tem a ver com a nova lei”, explica ele. Mas antes mesmo que esse objetivo se concretize, as cooperativas já dependem da prefeitura para executar seu trabalho de coleta de lixo que pode ser reciclado. Tanto que o terreno em que funciona a cooperativa Filhos do Sol, na travessa Padre Eutíquio, pertence à Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan). Lá, ficam empilhadas grandes quantidades de papeis, plásticos e outros materiais, à espera do dia da venda às empresas que levam esses materiais de volta às indústrias. Cada tipo de material tem um preço e um comprador diferente. O valor da mercadoria também oscila de acordo com a quantidade disponível, como em qualquer mercado. O que há de mais valioso para reciclagem, explica João Jorge, são metais como o cobre e o alumínio, seguidos pelo ferro. Também valem dinheiro e são separados para a venda os sacos plásticos, as garrafas PET, o papel misto ou colorido (usado em embalagens), o papel branco (usado em impressão), o papel jornal, um tipo específico de borracha de sandália, que os catadores chamam de Rider, as embalagens de margarina, as embalagens de água sanitária, o plástico duro das cadeiras quebradas. (Veja no quadro os preços pagos por alguns desses materiais recicláveis). Já um exemplo de material em baixa em Belém é o vidro. “Não temos para quem vender”, lamenta o catador, que até hoje mora no entorno do lixão do Aurá, no município de Ananindeua, onde muita gente ainda trabalha, em busca de alguma renda. E os ganhos no lixão podem ser ainda maiores do que os das cooperativas, pela grande quantidade e variedade de material que chega até lá. As condições de trabalho, porém, são muito piores, insalubres e sem proteção, pois o lixo orgânico vem misturado ao reciclável e precisa ser separado pelo catador. Ministério Público tenta convencer farmácias a receber de volta medicamentos vencidos Ainda não existe qualquer lei municipal ou estadual que obrigue empresas a praticar a logística reversa, ou seja, a receber de volta material descartado que possa ser perigoso ao meio ambiente. No entanto, o Ministério Público Estadual tenta uma ação pontual, relacionada às farmácias do município de Belém. Quem explica é a promotora do Meio Ambiente Ângela Maia Balieiro, que tenta mudar a realidade atual. “As farmácias são responsáveis pelos medicamentos com prazo de validade vencido do balcão para dentro da farmácia. Eles dizem que do balcão para fora, o encargo é do município”, conta a promotora. Caso a logística reversa fosse realidade, eles teriam que receber de volta o restante do medicamento cuja validade expirou na casa do comprador, para evitar que ele seja jogado na natureza, con- taminando-a. “Na logística reversa, eles teriam que receber de volta”, completa Ângela Balieiro, que tenta implantar esse compromisso com os estabelecimentos da capital. A resistência em avançar na logística reversa vem do fato de que a incineração dos medicamentos vencidos é um procedimento caro. “Só duas empresas em Belém fazem a incineração desses medicamentos”, conta a promotora. Apenas uma grande rede de farmácia de Belém manda incinerar de 3 a 4 toneladas por mês de medicamentos que venceram. A promotora gostaria de ver implantada no Pará lei semelhante à que vigora em Santa Catarina, que responsabilize as farmácias pelo destino final de todo medicamento, inclusive o que já foi vendido. Para isso, o próximo passo é se reunir com a presidência da Câmara Municipal de Belém, para propor a apresentação de uma lei. As farmácias já foram contatadas em agosto deste ano, mas consideram o procedimento muito oneroso. O Ministério Público do Meio Ambiente ainda não fez qualquer contato com supermercados ou outros estabelecimentos que não as farmácias, e ainda não cogitou tornar obrigatória a logística reversa para pilhas, baterias e celulares. “Focamos nos medicamentos, porque são muito prejudiciais ao meio ambiente”, explica a promotora, que pretende ver implantada no Pará a politica para estes produtos já em vigor também nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Tudo isso, no entanto, exige investimentos de empresas que fazem a incineração e de mudanças na própria legislação, além do trabalho de profissionais como o engenheiro ambiental. Veja os preços de alguns materiais para os catadores (Kg) Papelão - 0,8 centavos o quilo (preço já esteve em 0,14 centavos, mas devido ao excesso de oferta, grandes empresas não estão comprando) Garrafa PET - 0,80 centavos Papel misto (colorido) - 0,12 centavos Plástico filme colorido - 0,30 centavos Papel branco - 0,23 centavos Plástico duro e a cadeira quebrada - 1,00 Água sanitária 0,70 (0,60 colorido) Plástico filme branco - 0,60 centavos Papel jornal - 0,15 centavos FONTE: COOPERATIVA FILHOS DO SOL Estado conclui Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos para orientar municípios O Estado do Pará concluiu agora em dezembro deste ano o Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (Pegris), após cinco anos de trabalho e doze audiências públicas realizadas em diferentes pontos do estado. O Plano irá subsidiar as prefeituras na preparação dos seus planos municipais, no caso daquelas que estão atrasadas no procedimento. De acordo com a diretora de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Patrícia Bittencourt, em entrevista a O Liberal no dia 10, dos 144 municípios paraenses, apenas 30 têm seus projetos prontos. Ela revelou que algumas prefeituras chegaram a pagar R$ 250 mil a consultorias, e perderam dinheiro. Agora, o Plano Estadual servirá de subsídio às prefeituras. “O Estado tem o papel de apoiar e integrar”, disse Patrícia. Agora, o Plano será sancionado por decreto pelo governador Simão Jatene e já constará da revisão do Plano Plurianual (PPA) de 2015. Para se entender o drama das prefeituras, o promotor de Justiça Raimundo Moraes, da Promotoria do Meio Ambiente, disse por ocasião do lançamento do Plano Estadual que o prazo exíguo dado aos municípios para se adequarem à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) teve a influência de grandes empresas que fazem o tratamento de resíduos e estavam interessadas no crescimento desse mercado. Essas empresas ofereceram soluções a alto custo e nem sempre adequadas. “Foram apenas quatro anos de prazo e colocados entre gestões de prefeitos, dando dois anos para cada. Houve malícia nesse prazo porque todo mundo sabia que ninguém ia conseguir cumprir. E não é porque os prazos acabaram para a elaboração das políticas estaduais e municipais e encerramento dos lixões que devemos dar isso como letra morta e deixar de fazer. Todos devem fazer sim, e a qualidade desses planos é essencial. O poder público precisa tomar vergonha na cara e todos nós devemos também, porque o que sobra após a compostagem não justifica um lixão do Aurá”, disparou o promotor, em entrevista publicada em O Liberal no dia 10 de dezembro. Um dos municípios que pode ser considerado em dia com o Plano Municipal de Resíduos Sólidos é Paragominas, no sudeste paraense, cuja história, aliás, é de superação de uma crise provocada pela sua inclusão na lista dos maiores desmatadores, para se tornar referência como município verde. De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Odilson Antônio Silva Picanço, Paragominas não tem lixão a céu aberto, mas um aterro controlado. “Fazemos a cobertura em 100% da coleta de lixo da cidade e temos equipamentos para fazer a coleta de resíduos. São 70 toneladas de lixo por mês, que vão para o aterro controlado. Não é um aterro sanitário completo, mas é controlado”, explica Picanço. Segundo ele, o Plano Municipal ficaria pronto neste mês de dezembro. “Nós nos preparamos para atender à lei. Há dez anos estamos fazendo isso. Estamos finalizando e preparando um outro aterro”, conta o secretário. Paragominas também realizou uma série de audiências públicas e está prestes a começar a coleta seletiva no município. “Agimos sempre com muito zelo para manter a cidade limpa, assim é Paragominas”, diz Picanço. Integrante da equipe técnica responsável pela elaboração do Pegris, Francisco de Assis Rodrigues Pacheco, da Secretaria de Estado de Integração Regional, Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Seidurb), explica que os lixões teriam que ser encerrados em 2 de agosto de 2014. Para isso, os planos estaduais teriam que ter sido concluídos em 2012, dois anos após a instituição do PNRS, em 2010. Portanto, todos os prazos estão atrasados, mais terão que ser cumpridos mais cedo ou mais tarde, e o prefeito que não cuidar dos resíduos poderá ser cassado ou preso por crime de responsabilidade. O calendário estabelecido pela lei federal diz que os estados devem criar primeiro a Política Estadual de Resíduos Sólidos, seguido do Plano Estadual. O Pará decidiu fazer o contrário, para poder utilizar recursos de convênio com esse fim. Um grupo foi formado e elaborou o Plano, que pode entrar em vigor por decreto. Agora, a Política Estadual terá que ser objeto de Projeto de Lei a ser encaminhado à Assembleia Legislativa. Graças a essa estratégia, o Pará é o terceiro do Brasil a ter o Plano Estadual aprovado após a realização de doze audiências públicas. “As audiências dão credibilidade ao Plano”, defende Pacheco. A vantagem é que tendo seus planejamentos em mãos, tanto o Estado quanto os municípios poderão captar recursos para pô-los em prática, sempre com a opção de criar consórcios municipais, para implantar aterros sanitários conjuntos. “Nós fizemos o estudo e disponibilizamos aos municípios, que estão fazendo os planos municipais deles. O Estado tem um estudo de regularização, porque a Lei 12.305 diz o seguinte: para captar recurso, a prioridade um é estar consorciado. Se não, não tem recursos. Tem que ser um grupo de municípios”, orienta Pacheco. Como se vê, os instrumentos estão postos e só é preciso trabalho e boa vontade para captar recursos e executar o planejamento, com ganhos em qualidade de vida, preservação do meio ambiente e em saúde preventiva para todos. Revista PA 13 POR DENTRO DO CREA Entenda como é formado o quadro de conselheiros 1 SUPLENTE PARA CADA IES REPRESENTANTE DE CADA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR AGRONOMIA E FLORESTAL PRESIDÊNCIA PLENÁRIO CÂMARAS ESPECIALIZADAS PRESIDENTE ELEITO REPRESENTANTES DAS ENTIDADES DE CLASSE Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará é uma autarquia que tem como objetivo principal a fiscalização para o exercício legal das atividades dos profissionais que compõem o Sistema Confea/Crea. E para que todos tenham sua representatividade no Conselho foi instituído pela Lei Federal 5.194/66 as normativas para a formação do quadro de conselheiros na entidade, dando assento à profissionais brasileiros graduados em curso superior e legalmente habilitados, que passam a ser responsáveis por todas as deliberações sobre o exercício das profissões. De acordo com o superintende do Crea-PA, Eng. Civil/Segurança do Trabalho e Advogado Roberto Mira da Silva Revista 14 ENGENHARIA ELÉTRICA COMISSÕES 1 SUPLENTE PARA CADA MEMBRO O CIVIL, GEOLOGIA E MINAS DIRETORIA MECÂNICA, METARLUGÍA E QUÍMICA Puty, “o conselheiro deve estar quite com suas obrigações no Conselho, sem pendências de qualquer natureza no Sistema, ser representante de uma instituição de ensino ou uma entidade de classe das áreas de conhecimento da Engenharia e Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia, com o fim específico de julgar e apreciar os assuntos relacionados com a fiscalização e aprimoramento do exercício das profissões dessas áreas”. Os artigos 37 ao 44 da Lei 5.194/66 indicam como deve ser a composição e organização dos Conselhos Regionais, consequentemente o quadro de conselheiros, que terá o seu organograma constituído por um presidente, eleito por votação direta dos profissionais registrados no Conselho, com mandato de 3 anos; um representante de cada escola ou faculdade de Engenharia e Agronomia com sede na região; representantes diretos das entidades de classe de engenheiro e agrônomo, registradas na região, de conformidade com o artigo 62 (Os membros dos Conselhos Regionais só poderão ser eleitos pelasentidades de classe que estiverem previamente registradas no Conselho em cuja jurisdição tenham sede); cada membro do Conselho terá um suplente; o mandato dos Conselheiros será de 3 anos e serenovará anualmente pelo terço de seus membros. Mira explica que os representantes de entidades de classe são eleitos de acordo com o estatuto de cada entidade. Já os representantes das instituições de ensino são indicações das própriasfaculdades. “Para o exercício 2015, o Crea-PA contará com 35 Conselheiros Titulares e 35 suplentes do mesmo grupo/categoria, modalidade ou campo de atuação profissional da câmara especializada”, diz o superintendente, sendo 30 representantes das entidades de classe e 5 das instituições de ensino. Ele lembra ainda que a diretoria do conselho, órgão executivo da estrutura básica do Crea que auxilia a Presidência no desempenho de suas funções e sobre questões administrativas, é constituída pelo presidente, 1º e 2º vice-presidentes, 1º e 2º tesoureiro e 1º e 2º secretário. TERÇO Para atender à renovação anual de um terço de seu plenário, os conselheiros têm mandatos em vigor em diferentes tempos. A renovação do Terço segue normas estabelecidas pelo CONFEA (Resoluções nº 1.018 e nº 1.019/2006), sendo: revisar os registros das instituições de ensino superior e das entidades de classe; requerer das instituições de ensino e das entidades de classe providências para a regularização de seus registros, quando necessário; estabelecer procedimentos para a manifestação expressa de opção dos profissionais associados a mais de uma entidade de classe para fins de representação; verificar o número de profissionais registrados e em dia com suas obrigações perante o Sistema Confea/Crea; e analisar a proporcionalidade entre as áreas profissionais e propor a composição do Plenário e das câmaras especializadas. “O fundamento do sistema advém da filosofia de ser um sistema colegiado, onde as decisões são em sua essência do resultado da vontade da maioria e, portanto, conclui-se que as decisões representam à forma democrática da gestão”, finaliza Roberto Mira. PROTEC DO CAMPO À CONSTRUÇÃO, MAIS ECONOMIA E PRODUTIVIDADE COMO VOCÊ PRECISA. E COMO SÓ UMA CASE PODE OFERECER. PROTEC PROTEC. CONCESSIONÁRIO CASE. TEL.: (91) 4008-9700 – (91) 3739-1041 – (98) 3258-2007 www.proteconline.com.br ATIVIDADES E OBRIGAÇÕES DOS CONSELHEIROS Em síntese, o conselheiro desenvolve suas atividades de acordo com o Regimento Interno do Crea-PA, sendo sua atuação de forma honorífica nos seguintes órgãos: Plenário: é o órgão superior, com competência normativa, judicante e deliberativa. A participação do conselheiro é na contribuição que dá aos debates e no relato de processos que estão sendo analisados em grau de recurso ou submetidos à homologação. Câmaras Especializadas: aqueles que compõem as Câmaras são encarregados de julgar e decidir sobre os assuntos de fiscalização pertinentes às respectivas especializações profissionais, sobre infrações ao código de ética e outros assuntos de sua competência. Comissões: tem por finalidade auxiliar o Plenário e Câmaras Especializadas no desenvolvimento de atividades contínuas ou temporárias, relacionadas a um tema específico de caráter legal, técnico ou administrativo. Diretoria: os conselheiros que compõem a Diretoria têm por finalidade auxiliar a Presidência no desempenho de suas funções e decidir sobre questões administrativas. Revista PA PA 15 ESPECIAL O desmatamento na Amazônia Especialistas discordam sobre influência da nossa floresta na falta de chuvas no Sudeste O aquecimento global, causado pela queima de combustíveis fósseis, que provocam o efeito estufa na atmosfera, é um problema que preocupa o mundo todo, de ambientalistas a chefes de estado. No início de dezembro, a Organização das Nações Unidas promoveu a 20ª Conferência sobre Mudanças Climáticas, em que, mais uma vez, cada país foi cobrado a tomar medidas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Nos problemas relacionados ao clima, porém, nem todas as questões tem um entendimento pacífico. A falta de chuvas que acomete boa parte do país, e que causou o aumento do preço da energia elétrica devido a diminuição dos reservatórios das grandes hidrelétricas, também provocou uma crise hídrica sem precedentes no esta- Revista 16 do mais rico da nação. São Paulo se viu este ano sem reservas de água suficientes para manter o abastecimento normal a toda a sua população. Diante da crise, surgem teses sobre a causa do problema. E uma delas diz respeito à Amazônia, sugerindo que o desmatamento é que influencia a seca na região Sudeste. No final de outubro passado o pesquisador Antônio Nobre, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST), braço do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) chegou a essa conclusão analisando cerca de 200 artigos científicos sobre a Amazônia e sua relação com o clima e as chuvas no Brasil. Segundo ele, a diminuição da quantidade de árvores impede o fluxo de umidade entre o Norte e o Sul do país, refletindo nas chuvas que não caíram, especialmente em São Paulo. No entanto, o assunto está longe de ser um consenso entre os cientistas e estudiosos do assunto. Para o professor, doutor e climatologista Luiz Carlos Molion, uma das maiores autoridades em matéria de meteorologia no Brasil, que esteve em Belém no final de novembro participando do 42º Encontro Ruralista promovido pelo sistema Faepa/ Senar, essa teoria não tem base científica e não resiste a uma análise dos dados climáticos. Apresentando dados de uma série histórica iniciada em 1888, que mede a precipitação pluviométrica na cidade de São Paulo, ele mostrou “desvios fortemente negativos” nos anos de 1933 e 1936, e também em 1963, 1968 e 1969 no estado. Nesses anos, a região Sudeste sofreu secas severas, sem qualquer relação com o des- leva à seca no Sudeste? matamento da Amazônia, que na época era incipiente. De acordo com Molion, a umidade para as chuvas do Sudeste não é gerada na Amazônia, mas vem do Atlântico Norte e apenas passa pela Amazônia, interagindo com a floresta. “Como essa floresta produz atrito ao escoamento do ar que sai do oceano [como se fosse um carrinho elétrico que passa da cerâmica (superfície lisa) para cima de um tapete (superfície rugosa)], cria intensa turbulência vertical e nuvens convectivas que levam mais eficientemente parte da umidade transportada pelos ventos em chuva. O restante do fluxo de umidade oceânica segue seu caminho para fora da região”, explica Molion, em artigo intitulado “Desmatamento na Amazônia e as secas no Sudeste”. O cientista acrescenta que tanto dentro da Amazônia, quanto nas regiões mais ao sul, há áreas com estações secas bem definidas. “No Centro-Oeste e no Sudeste, por exemplo, a estação seca chega a ser de seis meses, notadamente entre abril e setembro”, e pergunta: “Porque não chove nessas regiões se a floresta está em pleno funcionamento e transferindo umidade para o ar?”. Ele mesmo responde: “Porque o clima global não permite que a umidade que existe na superfície seja convertida em chuva regionalmente”. Segundo ele, durante a estação seca, ou durante os anos de seca, essas regiões estão sob o domínio de um sistema de alta pressão atmosférica de milhares de quilômetros de extensão e a inversão térmica associada a ele, a cerca de dois quilômetros de altura, inibe a formação e o desenvolvimento de nuvens. “Além do ciclo anual, o clima do Brasil apresenta variabilidade interanual decorrente de fenômenos de escala global, como os eventos El Niño que, afirma-se, produzem secas severas sobre a Amazônia mesmo com toda umidade que, em princípio, seria fornecida pela floresta. Em adição, existe uma variabilidade climática na escala decadal resultante da variabilidade da temperatura da superfície (TSM) dos Oceanos Pacífico e Atlântico que, juntos, ocupam 54% da superfície do planeta. Durante o período que o Pacífico Tropical ficou, em média, ligeiramente mais frio, entre 1946 e 1976, chovia 10% a 20% menos no País de maneira geral. Isso porque a atmosfera (e, como consequência, o clima) é aquecida por baixo, o ar se aquece em contato com a superfície. Se as TSMs ficam mais frias, o clima também se resfria, a evaporação dos oceanos se reduz, o transporte do fluxo de umidade para cima dos continentes é diminuído e uma atmosfera mais fria e mais seca produz menos chuvas na região tropical”, descreve o professor. E Molion afirma que depois de um período de mais chuvas, a partir de 1999, o Pacífico começou a se resfriar e o estado energético do clima parece estar semelhante ao do período 1946-1976 quando o Pacífico se resfriou e, portanto, mais baixo que o do período 1976-1998, recém-passado, em que o pacífico estava mais aquecido e o estado energético do clima era mais elevado e chovia mais. Revista PA PA 17 Desmatamentos nas margens dos rios prejudicam o clima, diz superintendente do Ibama Para o superintendente do Ibama no Pará, o engenheiro florestal Hugo Américo Schaedler, o desmatamento tem sim influência sobre o atual período de seca em São Paulo, mas não é só pela derrubada da floresta amazônica, mas pela própria ausência de vegetação na região Sudeste, cujas bacias hidrográficas estão cercadas por solo compactado, que não absorvem a água de volta para a terra e ainda estão sujeitas a inundações e deslizamentos. Para afirmar que o desmatamento da Amazônia causa seca em outras regiões, Schaedler cita o fenômeno dos rios voadores, como a umidade que percorre a floresta tanto pelo subsolo, quanto por sobre as árvores, e chega a outras regiões do país. “Há vários projetos que já mostram que a chuva que cai no Sudeste é da Amazônia. Se a gente retira a cobertura vegetal na Amazônia impacta diretamente no Sudeste do Brasil. Mas não é a única relação direta. A qualidade do entorno dessas regiões é preponderante para o dano que pode ocorrer com a chuva que chega lá”, defende. Mais grave, porém, é o fato de que as reservas de água do subsolo são prejudicadas pelo desmatamento que já ocorreu naquela região. “Se você observar o entorno das reservas de água no sul do Brasil, chuvas em que acontecem alagamentos gigantescos, enxurradas que levam carros, na redondeza não existe vegetação nativa ou plantada, há exposição grande do solo, solo compactado pelo uso intensivo de maquinário, num manejo inadequado do solo”, descreve. Para Schaedler, um gaúcho de 33 anos, que se graduou em Brasília e fez especialização em gestão florestal na Universidade do Paraná e ex-gerente regional do Ibama em Santarém/PA, tudo isso deve ser levado em consideração ao se pensar o futuro da Amazônia. “Que se perceba a importância Revista 18 Ele previu que haveria queda, o que se confirmou naquele mesmo dia. O desmatamento da Amazônia Legal caiu 18% entre agosto de 2013 e julho de 2014 em relação ao período anterior. Em números absolutos, o bioma perdeu 4.848 km² de vegetação. Em 2013, o desmatamento da Amazônia foi de 5.891 km², um acréscimo de 28,8% em relação a 2012, quando o Ministério registrou 4.571 km² desmatados. Os números causaram certa surpresa, já que os alertas emitidos por ONGs, como o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) indicavam que o resultado seria pior. Schaedler afirma que os satélites do Sistema Prodis são os que têm a melhor qualidade de imagens, que são colhidas no período de 1 de agosto a 31 de julho, para a verificação anual do desmatamento. Além do Sistema Prodes, o Ibama utiliza o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que produz os mapas de alertas de desmatamento e degradação florestal mensalmente de maio a outubro e bimensalmente de novembro a abril. Já o Imazon utiliza o satélite SAD, que faz a medição automática das imagens, porém, sem filtro humano, portanto, com possibilidade maior de erro em seus alertas. “Um alerta pode ter correspondência [com o desmatamento], mas não quer dizer que vai aumentar”, diz Schaedler. A área total desmatada na Amazônia aumentou 51% nos últimos 20 anos, aponta um levantamento divulgado pelo IBGE em 2012, indicando que a maior região florestal do planeta tem um total de 754.840 km²bdesmatados, ou 15% da área total da Amazônia, e 20% da área florestada. Originalmente, a Amazônia brasileira tinha cerca de 4 milhões de km² de florestas. INFO da Amazônia, que se vejam as alternativas econômicas viáveis que se tem. Existe um trabalho na Floresta Nacional do Tapajós que prova que o manejo florestal comunitário gera mais renda em um hectare que um hectare de soja plantada na BR-163, que é vizinha deles. Vamos ver qual é a matriz que será utilizada na Amazônia”, desafia o superintendente. DESMATAMENTO Schaedler foi entrevistado pela Revista CREA-PA pouco antes da divulgação dos números do desmatamento fornecidos pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial), obtidos pelo sistema Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal), que são os números oficiais do Ministério do Meio Ambiente. Falta de água em São Paulo é causada pela má gestão dos recursos Engenheiro agrônomo, meteorologista, mestre na área de Física do Clima e doutorando em Engenharia Elétrica na área de Energia, o chefe da Divisão de Meteorologia do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) na Divisão Regional de Belém, Márcio Mirlando, discorda que o desmatamento seja a causa da seca em São Paulo. “O Sipam trabalha com análises de previsões tanto de tempo, quanto de clima, em escala temporal de intervalo mais curto, com previsões de até três dias. Quando a previsão é para um período maior, de três meses, por exemplo, a precisão é menor, mas igualmente útil para a prevenção de fenômenos como cheias ou estiagens”, explica Mirlando. A previsão climática vai informar com base nas análises, que naqueles três meses, chuvas ficarão dentro dos padrões de normalidade, ou se vai chover menos ou mais. Com base nesse monitoramento, o Sipam divulga boletins de previsão hidrológica e de nível pluviométrico, sobre o comportamento de determinados rios, como por exemplo, o Tocantins, em Marabá; o Xingu, em Altamira; o Tapajós, em Santarém; o Amazonas, em Óbidos. Com base nesses boletins, a Defesa Civil pode se preparar para uma grande cheia ou para um período de estiagem, como os que a Amazônia enfrentou em 2005 e 2010. Nessas ocasiões, muitos afluentes de rios secam, deixando populações isoladas, já que o rio é a única via de transporte. “Muitas comunidades ficam até mesmo sem água potável”, explica. A metodologia é a recomendada pela Organização Meteorológica Mundial, que regula a meteorologia e a hidrologia no mundo. “Todos os países signatários seguem essa norma, que recomenda que se utilize um pe- ríodo mínimo de 30 anos de dados, que nós chamamos de normal climatológico”, explica Mirlando. Com base nessa experiência, ele considera que o avanço do desmatamento influencia no clima, “isso é um fato, ponto pacífico”. A questão é em qual escala? É certo que o microclima é influenciado pelo desmatamento local, o mesmo modo que uma casa coberta com telhas de amianto terá um ambiente diferente de outra com telhas de barro. “Ao desmatar uma região, também se vai mudar a condição local. O balanço de energia, que é a quantidade de radiação do Sol, é a mesma, mas a absorção mudou. Quando se tira a floresta, o Sol é o mesmo, mas a radiação que chega, que é absorvida e refletida de volta para a atmosfera, muda”, frisa Mirlando. Porém, afirmar que o desmatamento da Amazônia influencia o clima em uma escala global é mais difícil. Para o engenheiro, as características climáticas do globo são dadas por parâmetros como o ângulo de inclinação do planeta e os movimentos da Terra, que não podem ser alterados pelo homem. “A circulação global da atmosfera continua sendo regida por essas características de parâmetros orbitais”, ensina. De acordo com ele, ao se analisar séries com dados meteorológicos climáticos é possível verificar que na Amazônia temos eventos de grandes cheias, e eventos com grandes estiagens, muito secos, com chuva muito abaixo do normal, que apontam para uma periodicidade de 35 a 40 anos para uma grande cheia ou uma grande estiagem na Amazônia. Isso ocorre da mesma forma em outros lugares do Brasil e do mundo, como São Paulo, que está sujeito a grandes estiagens e grandes chuvas. Para Mirlando, o problema da escassez da água na região é estritamente de gestão, pois não houve previsão para o consumo de água da população. “Há um número muito grande de usuários utilizando a água, em um consumo que está aumentando, porém, não aumenta a capacidade de atender a essa demanda. Isso exige mais investimento para aumentar reservatórios, evitar perdas”, considera. De acordo com ele, as companhias de abastecimento de água costumam ter perdas da ordem de 35%, e o próprio usuário não faz um uso racional da água. “A OMM (Organização Mundial de Meteorologia) recomenda que cada consumidor use 110 litros água/dia. Quem tem acesso hoje à agua consome muito mais do que isso, acima de 170 litros por dia. A população tem que ser conscientizada para o uso racional, para reduzir as perdas. É absurdo utilizar água potável para lavar calçada, carro. As companhias precisam reduzir as perdas. O investimento às vezes é comprometido porque existe muito furto”, explica Mirlando, acrescentando que o desperdício de água costuma ser mais nocivo para as pequenas companhias. Além disso, o investimento em captação de água tem que ser proporcional ao aumento do consumo. O engenheiro do Sipam diz que eventos meteorológicos climáticos vão continuar a existir, e em determinadas situações, o impacto será maior. Mas, quando se tem água em abundância, isso não é percebido, o contrário do que acontece em condições adversas. “Mas não tem necessariamente a ver com as condições de desmatamento da Amazônia. Essa afirmação é sem fundamento físico”, considera. Revista PA PA 19 MERCADO DE TRABALHO ONDE ESTUDAR Universidade Federal do Pará - UFPA Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA Universidade do Estado do Pará - UEPA Universidade da Amazônia - UNAMA Instituto de Estudos Superiores da Amazônia - ESTÁCIO IESAM Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA ENGENHARIA AMBIENTAL GRADUAÇÃO Tempo: 5 anos Acesso: via processos seletivos de cada instituição Nomenclaturas: Engenharia Ambiental / Engenharia Sanitária e Ambiental Salário inicial: R$4 mil Olhar atento para o desenvolvimento econômico sustentável, respeitando os limites de exploração dos recursos naturais SAIBA MAIS SOBRE O CURSO • Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) www.abes-dn.org.br O • Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) www.confea.org.br • Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) www.ibama.gov.br ENC ER ADAS G ENG EN TR ÃO Famaz Belém www.famaz.edu.br DE P RO UÇ FamazPraVoce IA AR H E E NT S faculdadefamaz M IA O (91) 3222-7560 3222-7559 CO EN G STRUÇ GÍSTIC HARIA C EN I L VI N B RA S O EN EC T O Revista PA PA N E O LVIM A L ADMI INDÚS RGIA E IA EMPREGOS A região Norte tem muitos postos de emprego para os engenheiros ambientais. Heline Modesto destaca que as empresas de mineração estão entre as que mais empregam. Mas o setor agroindustrial e de geração de energia também são destaques. IA OG TR N OL S TR NI ÃO PERFIL DO CURSO Quem pretende ingressar na carreira deve ter afinidade com as áreas de Ciências Exatas e Biológicas. Heline Modesto diz que os candidatos à profissão precisam entender, desde o começo do curso, que não vão atuar como ambientalistas. Ela destaca que o engenheiro ambiental é um promotor de desenvolvimento “e o nosso papel é fazer com que isso aconteça de forma sustentável”, enfatiza. A duração média do curso é de cinco anos. Nos primeiros são abordadas disciplinas básicas de qualquer engenharia, como Cálculo e Física. “Temos a preocupação de aplicar o Cálculo fazendo um link com o curso de Engenharia Ambiental”, diz. Outro destaque é a Química, que é abordada ao longo dos anos. Também são estudadas disciplinas como Estatística e Fenômenos de Transporte. E as práticas de laboratório são frequentes no currículo da graduação. Já no terceiro ano são abordadas as disciplinas profissionalizantes de forma mais detalhada, como tratamento de resíduos, gestão de recursos hídricos e qualidade da água. Na Estácio Iesam são ofertadas 180 vagas anuais distribuídas nos turnos da manhã e noite. Os alunos também tem a oportunidade de participar de projetos interdisciplinares, com um tema por ano. D os engenheiros são responsáveis por desenvolver soluções para reaproveitamento dos resíduos. Na área preventiva esses engenheiros usam seus conhecimentos para evitar ou minimizar enchentes e inundações. Também trabalham com geoprocessamento, recuperação de áreas degradadas e projetos de sistemas de abastecimento de água. ÃO Revista 20 • Associação dos Profissionais de Engenharia Ambiental www.aspeadf.org.br AC s impactos ambientais em consequência das diferentes atividades humanas têm exigido mais dos gestores públicos e privados. Sem mais poder ignorar as questões do meio ambiente, até mesmo por conta da pressão das leis, os gestores têm buscado cada vez mais a atuação dos engenheiros ambientais. Esse cenário transformou essa Engenharia em umas das mais promissoras do mercado de trabalho. Tanto no Brasil como no exterior esses engenheiros têm sido peças-chave na busca de soluções para antigos e novos problemas. Muitas empresas, que, anteriormente, não avaliavam os impactos ao meio ambiente, têm se conscientizado para que portas internacionais não se fechem. Isso porque cada vez mais é exigido licenciamento ambiental das atividades, que consequentemente precisam levar em conta a variável ambiental. Heline Modesto, coordenadora do curso de Engenharia Ambiental da faculdade Estácio Iesam, em Belém, destaca que o campo de atuação desses profissionais é amplo e que diferente do que muita gente pensa, nada tem a ver com ambientalismo. Uma das áreas de mercado é a avaliação de efeitos de processo ou produto ao meio ambiente, além de criar mecanismos para evitar ou minimizar esses impactos. O engenheiro ambiental também avalia os diferentes tipos de energia e a forma de minimizar impactos. Outro fator que aumentou a demanda por engenheiros ambientais foi a Política Nacional de Resíduos Sólidos. “Com isso os municípios precisam realizar planos de gerenciamento para o lixo e também o gerenciamento de esgotos”, explica a coordenadora da faculdade. Além de orientar os processos 21 ARTIGO TÉCNICO LIVROS VALORES DE REFERÊNCIA PARA METAIS PESADOS NO ESTADO DO PARÁ Antonio Rodrigues Fernandes Professor do Instituto de Ciências Agrárias Universidade Federal Rural da Amazônia - Ufra Edna Santos de Souza Doutorando do Programa de Agronomia da Ufra O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), no uso das atribuições e competências que lhe são conferidas pelo art. 8º, inciso VII, da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, baixou Resolução 420 de 28 de dezembro 2009, que dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas. Dispõe que a avaliação da qualidade do solo, quanto à presença de substâncias químicas, deve ser efetuada com base em Valores Orientadores de Referência de Qualidade (VRQs), de Prevenção e de Investigação. Dispõe ainda que os VRQs do solo para substâncias químicas naturalmente presentes serão estabelecidos pelos órgãos ambientais competentes dos Estados e do Distrito Federal, em até quatro anos após a publicação desta Resolução, ou seja, até 2013. Conforme definição do Conama, o VRQ é a concentração de determinada substância que define a qualidade natural do solo, sendo determinado com base em interpretação estatística de análises físico-químicas de amostras de diversos tipos de solos; o Valor de Prevenção (VP) é a concentração de valor limite de determinada substância no solo, tal que ele seja capaz de sustentar as suas funções principais de acordo com o art. 3º da Resolução e o Valor de Investigação (VI) é a concentração de determinada substância no solo ou na água subterrânea acima da qual existem riscos potenciais, diretos ou indiretos, à saúde humana, considerando um cenário de exposição padronizado. Os Valores de Referência de Qualidade (VRQ) dos solos para metais pesados ou de background foi determinado para o estado do Pará desde 2009, a partir de um trabalho de Pós-Doutorado realizado na Esalq/USP. Os metais pesados são elementos que ocorrem naturalmente nos solos, sendo que as concentrações dependem do material de origem, processos de formação e da composição da fase sólida, além dos fatores geomorfológicos e bioclimáticos. Os VRQs é o primeiro passo para definição dos Valores Orientados. A partir da definição Valores Orientadores o Estado, através do órgão responsável por promover a melhoria e garantir a qualidade do meio ambiente, poderá implementar o desenvolvimento social e econômico de forma sustentável e com menor risco de contaminação ambiental. Assim, Os VRQs se constituem em ferramenta fundamental e indispensável para os órgãos de fiscalização e monitoramento ambiental adotarem como referência em avaliação de impactos ambientais causados por atividades antrópicas e os possíveis riscos ambientais e a saúde humana. Os VRQs são determinados a partir da concentração natural de elementos químicos em solos sem ou com pouca influência humana, levando-se em consideração a heterogeneidade nos atributos físicos, químicos e mineralógicos do solo. Como os estados brasileiros apresentam solos com atributos diferentes e muitas vezes contrastante, o Conama estabeleceu que cada Estado brasileiro deva ter seus próprios valores orientadores e que estes deveriam ser estabelecidos até o ano de 2013. Em 2014 apenas os estados de São Paulo e Minas Gerais têm seus Valores Orientadores próprios estabelecidos em Lei. Os estados de Mato Grosso e Rondônia, Espirito Santos, Pernambuco e Pará já dispõe dos Valores de Referência, deste apenas o estado de Pernambuco conta com um projeto de Lei tramitando no Legislativo. Os VRQs para o estado do Pará foram determinados conforme resolução 420/2009, do Conama, adotando o método EPA 3051, utilizado pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA), e preconizado pelo órgão. Foram coletadas mostras de solos em ambientes com mínima interferência antrópica em todo o Estado. Para seleção das áreas de coletas levou-se em consideração a heterogeneidade nos atributos físicos e químicos dos solos. As coletas foram priorizadas para regiões onde há índices elevados de desmatamento, como regiões que estão sobre influência de áreas de mineração, assentamentos rurais, hidrelétricas e atividades agropecuárias. Os solos estudados foram Latossolos, Argissolos, Gleissolos, Nitossolos, Cambissolos, Neossolos, Espodossolos e Plintossolos nos horizontes superficiais e subsuperficiais. As amostras foram coletadas nos horizontes superficiais e subsuperficiais em áreas homogêneas quanto a cor, textura, topografia. Em cada área de coleta foram realizadas três amostras compostas formadas a partir de 10 amostras simples. Os VRQs foram definidos a partir dos percentis 75 e 90, conforme determina o Conama (Conama, 2009) (Tabela). O percentil 90 apresentou valores muito elevados em relação ao percentil 75, devido a heterogeneidade nas condições pedogeoclimáticas e pedogeomorfológicas dos solos do estado do Pará. Em geral os teores de As, Ba, Cd, Cr, Cu, Mn, Mo, Ni, Pb e Zn foram baixos e inferiores à média mundial, devido a pobreza do material de origem e o grau avançado de intemperismo dos solos. Os VRQs estabelecidos pelos percentis 75 e 90 para As, Ba, Cd, Cr, Cu, Hg, Mo, Ni, Pb e Zn ficaram abaixo do valor de prevenção estabelecido pelo Conama (2009). Isto indica que as coletas foram realizadas em áreas não antropizadas e isentas de contaminação. Devido a extensão territorial do estado do Pará a pesquisa sobre VRQs continua e está sendo conduzida por regiões contempladas pelas principais rodovias. Os valores estão à disposição dos órgãos ambientais do estado e aproveito para convidar o CREA/ PA juntamente com outras entidades governamentais e não governamentais a colaborar e apoiar a definição dos Valores Orientadores para metais em solos no estado do Pará. A 2ª edição de FUNDAMENTOS DE PROSPECÇÃO MINERAL (Ed. Interciência) aborda os aspectos prospectivos dos depósitos e as principais técnicas que podem ser utilizadas para a busca geológica. São apresentadas de forma concisa as principais etapas e as técnicas mais usuais utilizadas na pesquisa mineral, procurando, na medida do possível, mostrar como desenvolver uma campanha exploratória. V ladimir Garcia Magalhães analisa a relação entre a propriedade intelectual, a biotecnologia e a biodiversidade em PROPRIEDADE INTELECTUAL BIOTECNOLOGIA E BIODIVERSIDADE, da Editora Fiuza. Na esfera da propriedade intelectual analisa as suas modalidades relacionadas à biotecnologia e à biodiversidade e os conceitos de invenção e de descoberta no direito de patentes, fazendo a distinção entre eles. E m INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA DOS ALIMENTOS, Takayuki Shibamoto e Leonard F. Bjeldanes focam no ensino dos princípios básicos da toxicologia de alimentos. Inclui nova cobertura de tópicos como a influência do sistema circulatório na toxicologia, mecanismos moleculares de absorção e excreção, multiplicidade e especificidade de reações fase I e II, toxinas oriundas de frutos do mar incluindo de bactérias simbióticas, algas e Plâncton. Editora Campus. O MANUAL DE IRRIGAÇÃO tem sido, nos últimos 20 anos, a grande referência bibliográfica na área de agricultura irrigada brasileira. Nesta 8ª edição, atualizada e ampliada, procurou-se manter a linha completa de conhecimentos nas áreas de Engenharia e Manejo da Irrigação, com conceitos relacionados à água no solo, interações solo-água-clima-planta, qualidade da água para irrigação, medição e condução da água, caracterização e dimensionamento dos diversos sistemas de irrigação: por superfície, por aspersão e localizada, manejo de irrigação e drenagem, com o propósito de atender à demanda atual. O s autores de INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 2ª EDIÇÃO (Nelson Kagan; Carlos César Barioni de Oliveira; Ernesto João Robba) se especializaram, ao longo de suas carreiras profissionais ao estudo e desenvolvimento de projetos de pesquisa voltados aos problemas técnicos dos sistemas de distribuição, em suas várias áreas: planejamento, operação, proteção, engenharia e qualidade, etc. Os capítulos foram preparados de forma tal que podem ser consultados de maneira independente, conforme o interesse ou necessidade do leitor, sem a obrigatoriedade de seguir a ordem em que foram organizados, embora exista uma sequência lógica em sua composição. Valores de Referência de Qualidade para solos dos estados Pará Al Fe As Ba Cd Cr Cu Hg Mn Mo Ni Pb Zn ...g kg-1.............................................................................................................................................mg kg-1...................................................................................................................................................... Média 5,2 5,6 1,1 13,4 0,32 17,7 19 0,2 100 0,1 2,1 3,7 10 P 75(1) 5,0 6,4 1,4 17,9 0,3 16,4 10 0,2 103 0,1 1,5 4,5 7,6 P 90(2) 7,4 7,8 2,7 36,1 0,6 35,8 15,6 0,3 226,5 0,1 5,2 6,4 21,1 (1)Percentil 75; (2)Percentil 90. Revista 22 Revista PA PA 23 O IESAM faz parte do grupo Estácio A ESTÁCIO TEM ORGULHO DE CRESCER EM BELÉM. A experiência de mais de 40 anos em soluções para a educação da Estácio se une à infraestrutura completa e localização excelente do IESAM. O resultado: mais oportunidades para você. Conheça as vantagens que a Estácio traz: ESTÁCIO. 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