1 CROSS CULTURAL STUDY OF LEADERSHIP IN PUBLIC
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1 CROSS CULTURAL STUDY OF LEADERSHIP IN PUBLIC
CROSS CULTURAL STUDY OF LEADERSHIP IN PUBLIC RELATIONS AND COMMUNICATION MANAGEMENT. RESULTS OF A SURVEY IN BRAZIL ATHAYDES, Andréia (ULBRA/Brazil)1 BECKER, Gustavo Hasse (ULBRA/Brazil)2 COGO, Rodrigo (ABERJE/Brazil)3 FURLANETTO, Mateus (ABERJE/Brazil)4 NASSAR, Paulo (ABERJE/Brasil)5 1 Apresentação 1.1 Contexto da Profissão no Brasil No Brasil, Relações Públicas é uma profissão regulamentada por uma legislação federal (Lei n. 5.377, de 11/12.1967), que estabeleceu a constituição de um Conselho Federal e seis Conselhos Regionais a ele subordinados (Sistema CONFERP), cuja principal função é zelar pelo cumprimento do código de ética, bem como pelo exercício legal desta profissão. A regulamentação da profissão no país determina que os profissionais atuantes na área devam, além de comprovar a graduação específica em Relações Públicas, providenciar o seu registro profissional no Conselho Regional de sua região de domicílio. Na década de 90, o Sistema CONFERP organizou uma ampla discussão com a categoria, denominada Parlamento Nacional das Relações Públicas, com o intuito de rever alguns aspectos da legislação, especialmente, a obrigatoriedade do registro profissional. Após cinco de anos de discussão (1992-1997), o documento final foi entregue à categoria durante o Congresso Brasileiro de Relações Públicas, na cidade de Salvador/Bahia, cujas principais decisões foram: a manutenção da obrigatoriedade do registro profissional para exercício profissional; a possibilidade de ampliar os requisitos para obtenção do registro profissional, especialmente no caso dos profissionais com outras graduações (administração, jornalismo, publicidade, etc), mas com a pós-graduação específica em Relações Docente e Vice-Diretora de Relações Internacionais da Universidade Luterana do Brasil. CV disponível em http://lattes.cnpq.br/7916531255322193 2 Docente e Diretor de Extensão da Universidade Luterana do Brasil. CV disponível em http://lattes.cnpq.br/1253036668751630 3 Consultor de pesquisa qualitativa e tendências da Ideafix Estudos Corporativos, Mestrando da Universidade de São Paulo e GENN – Grupo de Estudos de Novas Narrativas. CV disponível em http://lattes.cnpq.br/3931788547598397 4 Gerente de Relações Públicas da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial e Docente da Faculdade Cásper Líbero e GENN – Grupo de Estudos de Novas Narrativas. CV disponível em: http://lattes.cnpq.br/1320880809661088 5 Diretor-Geral da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, Docente da Universidade de São Paulo e GENN – Grupo de Estudos de Novas Narrativas. CV disponível em: http://lattes.cnpq.br/1102614034104197 1 1 Públicas. Até o presente momento, o Sistema CONFERP busca a sistematização legal desse desejo dos profissionais brasileiros de relações públicas. Com relação à formação profissional, esta se dá em nível de graduação universitária. Cerca de 120 instituições de ensino superior brasileiras oferecem a formação em Relações Públicas, em cursos cuja duração pode variar entre sete a dez semestres. Paralelamente, há, também, a oferta de cursos de pós-graduação na área, em três níveis: especialização, mestrado e doutorado, contabilizando uma oferta de mais de 100 programas nos principais estados brasileiros. Nas últimas duas décadas, proliferou o número de cursos de pós-graduação, em nível de mestrado e doutorado, especialmente nas regiões sudeste e sul. A legislação brasileira, no que diz respeito à formação profissional, prevê um percentual aproximado de cerca de 40% de disciplinas comuns que permeiam a formação em relações públicas, jornalismo e publicidade & propaganda. Desta forma, os profissionais destas três áreas detêm um conhecimento comum, fato que lhes oportuniza atuar no contexto da comunicação organizacional, como poderá ser observado adiante, nos resultados que serão apresentados. Em função de características geográficas do Brasil, bem como de sua colonização, o mesmo apresenta diferenças marcantes entre suas várias regiões, seja do ponto de vista demográfico como econômico ou industrial, fato que gera o surgimento de características bastante peculiares em cada uma destas regiões. Tais peculiaridades influenciam, também, no exercício da atividade de relações públicas, tornando a região sudeste (onde se encontra São Paulo – a maior cidade do país) a mais desenvolvida economicamente. E o exercício de relações públicas acompanha esta tendência. 1.2 Contexo da Pesquisa Os resultados aqui apresentados integram uma pesquisa de caráter internacional, envolvendo 18 países de diferentes continentes, sob coordenação da Universidade do Alabama/Estados Unidos. O principal objetivo foi conhecer como as constantes e rápidas mudanças politicas, econômicas e sociais estão impactando nas rotinas e desempenho dos gestores em Relações Públicas e Comunicação frente às respectivas equipes e organizações. Para isso, foram utilizados dois instrumentos de coleta de dados: entrevista em profundidade (qualitativa) e um questionário com acesso online (quantitativo), cujo roteiro e perguntas respectivamente foram idênticos nos países participantes. Os resultados aqui apresentados dizem respeito ao questionário (quantitativo) online (www.leadership-survey.net), disponibilizado durante todo o mês de junho de 2012, obtendo resposta de 303 profissionais brasileiros da área. A divulgação desta investigação se deu através 2 de portais corporativos de intituições como: Conselhos Federal e Regional de RP, Associação Brasileira de RP, Associação Brasileira de Agências de Comunicação, Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, Fórum de Coordenadores de Cursos de RP, sites e blogs relacionados à área de RP, mailing do curso de RP ao qual estão vinculados os pesquisadores responsáveis, bem como através de contatos pessoais dos referidos pesquisadores. 2 Perfil dos Profissionais Participantes da Pesquisa As principais características dos 303 profissionais brasileiros que participaram da pesquisa são as seguintes: 72,9% são mulheres (n = 221) e 27,1% são homens (n = 81). A maioria deles é relativamente jovem, com menos de 35 anos (n = 161, 53,1%), mas também se obteve, embora numa escala menor, a participação de um perfil sênior, com mais de 55 anos (n = 26, 8,6%). Em função deste perfil mais jovem, a predominância do tempo de experiência profissional na área ficou abaixo de 11 anos (n = 158, 52,1%). Relativamente ao tipo de organização em que estes profissionais atuam, a predominância está nas organizações privadas (n = 95, 30,3%). As agências de RP ou de comunicação congregam uma faixa menos expressiva (n = 50, 15,9%), enquanto que os profissionais autônomos correspondem a 10,2% dos participantes (n = 32). Em seu contexto de atuação, cerca de um terço deles (n = 97, 32%) exerce função de liderança em seu ambiente de trabalho que, em cerca de 54,9% dos casos (n = 166), tem menos de cinco pessoas atuando na área. A formação profissional dos participantes desta investigação é predominantemente em relações públicas e comunicação estratégica (n = 180, 59,4%), seguida da formação em jornalismo. Da totalidade de respondentes, 40,3% (n = 122) têm no bacharelado sua formação máxima. Paralelamente, se somados os participantes detentores de pós-graduação (nos níveis de especialização, mestrado e doutorado), chega-se a 58,8% (n = 178) da totalidade. Tal fato denota uma preocupação que vem se mostrando crescente no Brasil, desde a última década, na busca por maior qualificação na área da comunicação organizacional. TABLE 1 : Categorical Demographic Profiles of the Respondents – Brazil 2012 Categorical Variables Total Sample Size (N=303) Frecuency Percentage 3 (n) Gender Female Male 221 82 72,9 27,1 161 71 45 26 53,1 23,4 14,9 8,6 Age Less than 36 years 36-45 years 46-55 years More than 55 years Years of professional experience in PR Less than 11 years 158 52,1 11 to 20 years 85 28,1 More than 20 years 60 19,8 Type of organization working for Private organization 95 30,3 Non-profit, governament, political, and educational institutions 88 28,1 Agency only 50 15,9 Public organization 45 14,3 Self-employed only 32 10,2 Resposta indefinida 3 1 Levels between your position and the highest ranked communication leader in your organization I’m the top leader in public relations 97 32 1 reporting level 83 27,4 Combined 2, 3, 4 or more options 123 40,6 You work in a communication unit or function that includes Fewer than 5 professionals 166 54,8 5-15 professionals 80 26,4 More than 25 professionals 36 11,9 16-25 professionals 21 6,9 Level of education Bachelor’s (or formal university) degree 122 40,26 Especialização (pós-graduação Lato Sensu) 80 26,40 Master’s degree (formal graduate school degree) 72 23,76 Doctoral degree (highest graduate school academic degree) 26 8,58 High school graduation or equivalent 3 1,0 Major or primary area of study Public relations, communication management, strategic 180 59,4 communication, corporate communication, organizational communication, or public relations and advertising Journalism studies 60 19.8 Advertising or marketing 29 9,57 Business administration, general business, or management 11 3,63 Communication and media studies 8 2,64 Humanities (history, linguistics, literature, philosophy, speech, etc.) 5 1,65 Social sciences (anthropology, political studies, psychology, sociology, 4 1,32 etc.) Engenharia 2 0,66 Desenvolvimento e Meio Ambiente 1 0.33 Não responderam 3 1,0 Base = 303 respondentes 4 3 Temas Importantes do Campo das Relações Públicas e Comunicação Social Na primeira parte do questionário online, buscou-se conhecer quais seriam as principais preocupações dos gestores de Relações Públicas e Comunicação no seu dia-a-dia e as condições mais adequadas para que eles pudessem exercer, com sucesso, a liderança da área nas respectivas organizações às quais estavam vinculados. Na primeira questão, em uma escala de 1 a 7, onde "1" é igual a "pouco" e "7" igual a "muito", os participantes opinaram sobre o grau de importância que eles ou os seus gestores atribuíam para 10 temas já pré-estabelecidos pela equipe de pesquisa. Na segunda, os participantes deveriam eleger, dentre os mesmos 10 temas listados anteriormente, qual deles seria o de maior importância para eles ou os seus gestores de RP e comunicação, caso não fossem eles o líder da área na sua organização. Os resultados obtidos são demonstrados nas Tabelas 2 e 3, apresentadas na próxima subseção. Já a terceira questão, cujo resultado está apresentado na Tabela 4, sondou sobre as condições e/ou qualidades que os participantes acreditam serem importantes para que se possa exercer com sucesso a liderança da área nas organizações para as quais os respondentes trabalham. Salienta-se, ainda, que para cada uma das questões relacionadas com os temas mais importantes, foi permitido ao participante a possibilidade de acrescentar nova opção, caso as apresentadas não correspondessem a sua opinião. As poucas manifestações nesse sentido apenas demonstravam um complemento de ideia para a opção já escolhida e, portanto, não alteraram os resultados abaixo apresentados. 3.1 Importância dos Assuntos para os Líderes de RP e Comunicação Na tabela 2, é apresentada a valoração (de 1 a 7) dos profissionais brasileiros sobre os 10 temas de maior importância, atualmente, para os líderes na área. “Estar preparado para lidar eficazmente com as crises” surgiu como o tópico de maior relevância entre os participantes (M= 6,50 ; SD = 0,92), seguido de “lidar com a velocidade e volume do fluxo de informação” (M = 6,46 ; SD = 0,93) e “melhorar os indicadores da eficácia da comunicação para demonstrar o valor” (M = 6,34 ; SD =0,98). Já os temas “melhorar a imagem da profissão de Relações Públicas / Gestão da Comunicação” (M = 5,64 ; SD = 1,55) e “atender as necessidades de comunicação em culturas diversas e mercados globalizados” (M = 5,82 ; SD = 1,13) não foram os de maior preocupação e interesse da amostra pesquisada. As principais preocupações apontadas acima são pertinentes ao perfil 5 dos líderes brasileiros da área, principalmente se considerarmos que, na última década, muitas organizações brasileiras e ou multinacionais sediadas no Brasil tiveram crises institucionais e financeiras, com forte repercussão na mídia e, portanto, um abalo em sua imagem e credibilidade. Já a preocupação com a velocidade e volume do fluxo de informação diz respeito a todas as profissões, muito embora, no caso dos profissionais da comunicação, a nossa matéria-prima seja a informação. As novas tecnologias possibilitaram um acesso mais rápido e em tempo real à informação, ocasionando uma exigência maior do cidadão que busca respostas rápidas e precisas para suas demandas. E, portanto, os profissionais da comunicação, responsável pelo gerenciamento de informações da sua organização estão buscando mecanismos que possam facilitar a seleção e disseminação da informação realmente prioritária. Em relação aos indicadores de mensuração de eficácia, temos duas situações que explicam essa preocupação por parte dos profissionais: a) já aumenta o consenso entre gestores de organização brasileiras de que os resultados de comunicação são tangíveis, principalmente quando nos referimos ao valor financeiro das marcas no mundo; b) os profissionais brasileiros estão sendo cada vez mais cobrados pelos gestores das organizações nesse quesito, até porque os próprios profissionais de comunicação vêm solicitando uma maior participação no processo de tomada de decisão nas organizações. Logo, essa conquista se dará a partir do momento em que os profissionais conseguirem comprovar adequadamente o resultado de suas estratégias e ações. Em relação ao pouco interesse sobre a gestão da comunicação para a diversidade cultural, existem dois fatores que podem explicar tal fato: a) o Brasil é um país multicultural desde a sua colonização e, portanto, é provável que os profissionais brasileiros naturalmente estejam habituados a lidar com essa diversidade, principalmente quando estamos nos reportando a organizações com atuação nacional; b) poucas são as organizações brasileiras com atuação internacional. Portanto, lidar com mercados globalizados ainda não é uma rotina para a maioria dos profissionais brasileiros. Possivelmente, com o desenvolvimento econômico do Brasil, ocasionado pela estabilidade econômica, a elevação da renda de uma parcela considerável da população, o crescimento do mercado interno de bens de consumo, entre outros, o que torna o país a 6.ª economia mundial, alavancará um processo mais intenso de globalização das organizações brasileiras, exigindo que os profissionais de comunicação se preparem para atender às demandas decorrentes dessa situação. 6 Em relação ao tema de melhoria da imagem da profissão, também é provável que os profissionais brasileiros ainda não consigam visualizar-se como parte de uma categoria profissional que, atuando conjuntamente, poderá conquistar maior compreensão e reconhecimento da opinião pública. Percebe-se isso ao se verificar o pequeno número de profissionais associados às entidades de classe existentes no Brasil, como a Associação Brasileira de Relações Públicas e outras. TABLE 2 – Participant’s Evaluation of Most Important Issue – Brazil 2012 Participant’s Evaluation of Most Important Issues to Communication Leader M SD Being prepared to deal effectively with crises that may arise Dealing with the speed and volume of information flow Improving the measurement of communication effectiveness to demonstrate value Dealing with growing demands for transparency of communications and operations Improving employee engagement and commitment in the workplace Managing the digital revolution and rise of social media Finding, developing and retaining highly talented communication professionals Meeting increasing demands for corporate social responsibility Meeting communication needs in diverse cultures and globalizing markets Improving the image of the public relations/communication management profession Base = 303 respondentes 0,92 0,93 0,98 1,06 1,11 1,06 1,17 1,22 1,13 1,55 6,50 6,46 6,34 6,25 6,21 6,13 6,02 5,91 5,82 5,64 Note: on a 7-point Likert scale from “a little bit” (1) to “a great deal” of importance A tabela 3 apresenta, dentre os 10 temas listados na questão 1, qual seria aquele que o participante da pesquisa acredita ser o mais importante para ele ou o seu líder. Ao ter que eleger apenas um dos temas, a opinião dos participantes parece ainda estar em formação, considerando a baixa percentagem em cada uma das opções oferecidas ao responderte. Contudo, os resultados demonstram uma preocupação maior em “melhorar os indicadores da eficácia da comunicação para demonstrar o valor”(n = 65 ; 21,5%); “lidar com a velocidade e volume do fluxo de informação” (n = 53 ; 16,2) e “melhorar a participação dos colaboradores e comprometimento no trabalho” (n = 49 ; 16,2). Os dois primeiros temas priorizados já foram justificados anteriormente. Já o terceiro, referente à preocupação dos líderes de RP e Comunicação com a participação e comprometimento da sua equipe, deve-se à mudança paragdimática de que as organizações passam a ver os seus funcionários como capital humano, um dos principais componentes para gerar inovação, produtividade e competitividade no mercado. Chama a atenção que os temas “atender às demandas crescentes de responsabilidade social corporativa” e “gerenciar a revolução digital e a ascensão das mídias sociais”, em voga nas discussões acadêmicas e de mercado no Brasil, tenham sido 7 considerados como de menor importância para os atuais gestores de RP e Comunicação, apresentando, ambos, pequenos índices ( n = 11; 3,6%) no ranking abaixo. TABLE 3 – The Most Important Issue The Communication Leader – Brazil 2012 The most important issue the communication leader. Improving the measurement of communication effectiveness to demonstrate value Dealing with the speed and volume of information flow Increasing employee engagement and commitment in the workplace Dealing with growing demands for transparency of communications and operations Being prepared to deal effectively with crises that may arise Meeting communication needs in diverse cultures and globalizing markets Finding, developing and retaining highly talented communication professionals Improving the image of the public relations/communication management profession Managing the digital revolution and rise of social media Meeting increasing demands for corporate social responsibility Total Base = 303 respondentes Frequency Percentage 65 21,5 53 49 31 17,5 16,2 10,2 25 24 8,3 7,9 22 7,3 12 4,0 11 11 303 3,6 3,6 100.0 3.2 Condições, Competências e Habilidades para o Sucesso da Liderança em RP e Comunicação Na tabela 4, visualiza-se a opinião dos profissionais brasileiros sobre quais são as condições e competências pessoais que garantem êxito na gestão da área. O resultado indica que esses participantes consideram que “participar de sua organização na tomada de decisões estratégicas em relação à questão” (M = 6,66 ; DP = 0,70) lhes garante uma liderança exitosa. Contudo, “possuir conhecimentos de comunicação para desenvolver estratégias apropriadas, planos e mensagens” ( M = 6,65 ; DP = 0,71) e “fornecer uma visão convincente de como a comunicação pode ajudar a organização” (M = 6,59 ; DP = 0,78) também são condições consideradas relevantes pelos profissionais pesquisados. A condição menos valorizada pelos respondentes diz respeito a “ter a capacidade de desenvolver coligações dentro e fora da organização para lidar com a questão” (M = 6,21 ; DP = 0,93). Contudo, salienta-se que as respostas dadas a essa pergunta têm uma média similar, acima de 6, provavelmente demonstrando que os participantes acreditam na necessidade de um equilíbrio entre essas condições e competências pessoais, já que, por exemplo, participar do processo de tomada de decisão da organização só será possível se o 8 profissional possuir os conhecimentos técnicos e éticos para assumir esse papel e se, além disso, ele souber demonstrar aos demais gestores a importância da comunicação para o sucesso dos objetivos estratégicos. Certamente, uma condição desencadeia a outra. TABLE 4 – Participant’s Evaluation of Most Important Conditions – Brazil 2012 Participant’s evaluation of most important conditions or leadership personal M SD abilities or qualities. Participating in your organization’s strategic decision-making regarding the issue Possessing communication knowledge to develop appropriate strategies, plans and messages Providing a compelling vision for how communication can help the organization Possessing a strong ethical orientation and set of values to guide actions Having the ability to build and manage professional work teams to address the issue Working in an organization that supports two-way communication and shared power Having the ability to develop coalitions in and outside the organization to deal with the issue 6,66 0,70 6.65 0,71 6.59 6,58 6,44 6,22 6,21 0,78 0,76 0,87 1,05 0,93 Base = 303 respondentes Note: on a 7-point Likert scale from “a little bit” (1) to “a great deal” of importance 3.3 Estratégias e Ações Desenvolvidas pelas Equipes de Comunicação. Strategies and actions implemented by communication teams Os resultados a seguir apresentados dizem respeito às estratégias e ações desenvolvidas pelas equipes de comunicação em relação ao tema definido como sendo o de maior importância para os participantes ou os seus líderes em comunicação, caso eles não ocupassem essa posição. Assim, a apresentação dos dados obtidos acompanha a sequência do tema considerado mais importante para o menos importante. Também, salienta-se que as estratégicas e ações selecionadas pelos participantes seguiam a escala Likert, onde “1” correspondia a “pouca implementação” e o “7” a “muita implementação”. 3.3.1 Estratégias ou Ações Desenvolvidas para Melhorar os Indicadores da Eficácia da Comunicação. Strategies or actions implemented to improving the measurement of communication effectiveness to demonstrate value Considerando que os profissionais brasileiros de RP e Comunicação acreditam que o tema mais importante, atualmente, para os líderes na área é a “melhoria dos indicadores da eficácia da comunicação para demonstrar o valor”(n = 65 ; 21,5%), as estratégias e ações 9 (Tabela 5) que eles consideram como muito implementadas por suas respectivas equipes nesta questão são: a) o monitoramento e a análise de cobertura da mídia sobre a organização e seus concorrentes ou clientes (M = 5,32 ; SD = 1,56); b) a oferta de oficinas sobre indicadores para utilização das melhores práticas (M = 4,92 ; SD = 1,73). A contratação de auditorias externas para fornecer os indicativos de medição e avaliação (M = 4,37 ; SD = 1,90) está em última posição no ranking, talvez pelo fato de que, no Brasil, esse tipo de serviço exija um investimento financeiro muito alto, sendo viável economicamente apenas para organizações de grande porte. TABLE 5 – Improving The Measurement Of Communication Effectiveness to Demonstrate Value – Brazil 2012 Improving the measurement of communication effectiveness to demonstrate M SD value Monitoring and analyzing media coverage of the organization and its competitors or clients Attending workshops on measurement to learn and adopt best practices Using business outcome metrics to measure effectiveness at the performance level Focusing more on nonfinancial performance indicators than financial measures Hiring external experts to provide measurement skills and develop metrics Base = 65 respondentes 5,32 1,56 4,92 4,58 4,48 4,37 1,73 1,79 1,77 1,90 3.3.2. Estratégias ou ações implementadas para lidar com a velocidade e o volume do fluxo de informações Strategies or actions implemented to dealing with the speed and volume of information flow. O uso de novas tecnologias para coletar, analisar e distribuir informações e notícias mais rápido (M = 5,51 ; DP = 1,23), e o desenvolvimento de novas competências e/ou melhoria dos processos de trabalho em sua unidade (M = 5,36 ; DP = 1,33), são as estratégias mais utilizadas para lidar com a velocidade e o volume do fluxo de informação, para aqueles participantes que elegeram esse tema como o mais importante para eles ou o seu líder em comunicação (N = 53 ; 17,5%). Já a contratação, de consultorias ou agências externas (M = 4,42 : SD = 1,75), como de novos funcionários para colaborar com essa questão (M = 4,32 ; SD = 1,60) ocorre com menos freqüência. 10 TABLE 6 – Delaing With The Speed And Volume Of Information Flow – Brazil 2012 Delaing with the speed and volume of information flow M SD Using new technologies to collect, analyze and distribute news and information faster Developing new skills and/or improving work processes in your unit Assigning additional work and responsibilities to existing employees in the unit Increasing the use of external consultants or agencies Hiring additional permanent or part-time employees Base = 53 respondentes 5,51 5,36 4,89 4,42 4,32 1,23 1,33 1,55 1,75 1,60 3.3.3 Estratégias ou Ações utilizadas para Melhorar a Participação dos Colaboradores e Comprometimento no Trabalho Strategies or actions implemented to Increase Employee Engagement and Commitment in the Workplace Para os participantes que consideraram que a principal preocupação do seu líder de comunicação é a “melhoria da participação dos colaboradores e o comprometimento no trabalho” (N = 49; 16,2%), as estratégias e ações mais utilizadas (Tabela 7) para atingir esse propósito foram a “criação de um clima positivo de comunicação para aumentar o comprometimento dos colaboradores” (M = 5,63; SD = 1,52); e a “facilitação da transferência de conhecimentos e melhores práticas entre as unidades da organização” ( M = 5,49 : SD = 1,56). Já a “oferta de programas de recompensa e reconhecimento para os colaboradores” (M = 4,55 ; SD = 1,77), prática bastante defendida pelos profissionais de recursos humanos nas empresas, recebeu pouca atenção dos profissionais brasileiros. TABLE 7 - Increasing Employee Engagement and Commitment in the Workplace – Brazil 2012 Increasing Employee Engagement and Commitment in the Workplace M SD Creating a positive communication climate to increase employee commitment Facilitating the transfer of knowledge and best practices across units in the organization Training front-line supervisors to improve their listening and communication skills Increasing accessibility to, and visibility of senior organizational leaders 5,63 5,49 1,52 1,56 5,12 5,00 4,55 1,64 1,50 1,77 Using reward and recognition programs to honor employees Base = 49 respondentes 3.3.4 Estratégias ou ações desenvolvidas para lidar com exigências crescentes de transparência da comunicação e das operações. Strategies or actions implemented to dealing with growing demands for more transparency of communication and operations. 11 A questão que envolve a transparência da comunicação e das operações da organização foi considerada por um grupo (N = 31 ; 10.2%) de participantes da pesquisa como a mais importante para seus respectivos líderes em comunicação. Portanto, para se atender a essa questão, as estratégias mais utilizadas são decorrentes do “monitoramento das comunicações dos stakeholders para identificar as preocupações sobre transparência” (M = 5,32 : SD = 1,81) e a “implementação de uma estratégia global para aumentar a transparência em toda a organização”(M = 5,29 ; SD 1,97). Já a “comunicação direta com grupos externos para resolver questões de transparência “ (M = 5,00 ; SD = 1,77) é a estratégia menos utilizada pelos respondentes brasileiros. TABLE 9 – Dealing With Growing Demands For More Transparency of Communication And Operations – Brazil 2012 Dealing with growing demands for more transparency of communication and M SD operations Monitoring stakeholder communications to identify transparency concerns Implementing an overall strategy to increase transparency throughout the organization Posting more company information on the Internet and/or Intranet Providing more opportunities for two-way communication between employees and leaders Communicating directly with external groups to address transparency issues Base = 31 respondentes 5,32 5,29 5,23 5,23 1,81 1,97 1,61 1,63 5,00 1,77 3.3.5 Estratégias e Ações Desenvolvidas para Estar Preparado para Lidar de Forma Eficaz com as Crises Strategies or actions implemented to being prepared to deal effectively with crises than may arise. “Implementar programas efetivos de gerenciamento de riscos para reduzir o risco de crises” (M = 5,76 ; SD = 1,20) e “Desenvolver planos de ação eficazes para momentos de crise” (M = 5,72 ; SD = 1,31) são as estratégias utilizadas (Tabela 10), para estar preparado para lidar eficientemente com as crises ( N = 25 ; 8,3%), no caso daqueles entrevistados que elegeram esse tema como o de maior importância para os seus líderes em comunicação. Chama a atenção que a “capacitação de colaboradores por meio de treinamento em procedimentos de gestão de crise” (M = 5,08 ; SD = 1,53) seja a última estratégia elencada para a redução do risco de crises, considerando-se que a implantação de programas efetivos 12 de gerenciamento de crises deve contemplar em primeiro lugar a disseminação da informação entre os possíveis envolvidos. TABLE 10 – Being Prepared to Deal Effectively With Crisis That May Arise – Brazil 2012 Being prepared to deal effectively with crisis that may arise M SD Implementing effective issues management programs to reduce the risk of crises Developing effective crisis communication plans for action Using issue scanning and monitoring technologies to identify and track potential problems Educating stakeholders about emergency communications and related response systems Providing employees with training for crisis management procedures Base = 25 respondentes 5,76 1,20 5,72 1,31 5,24 1,30 5,16 1,40 5,08 1,53 3.3.6 Estratégias e Ações para Atender as Necessidades de comunicação em Culturas Diversas e Mercados Globalizados Strategies or actions implemented to meeting communication needs in diverse cultures and globalizing markets. Em sexta posição, o atendimento das necessidades comunicacionais para culturas diversas e mercados globalizados é considerado como o assunto mais importante para pequena parte dos entrevistados brasileiros (N = 24; 7,9%). E entre as estratégias por eles elegidas como as principais para suprir essa demanda, destaca-se o “monitoramento e análise de cobertura da mídia e evolução dos mercados globais”(M = 5,71 ; SD = 1,81) e “a oferta de programas de formação cultural para os colaboradores” ( M = 5,29 ; SD 1,83). A “contratação de mais colaboradores com experiência internacional ou habilidades de linguagem” (M = 4,50 ; SD = 1,87) não é uma estratégia considerada prioritária pelos respondentes. A propósito, no que se refere a culturas diversas e mercados globalizados, percebe-se que os respondentes não têm consenso sobre quais seriam as estratégias e ações mais adequadas para auxiliá-los nesse assunto. Infere-se que, a colonização multicultural que o Brasil viveu e ainda vive, seja capaz de fazer com que o profissional brasileiro não se preocupe tanto com essa questão, pois ele já vive essas diferenças rotineiramente. Outra percepção que podemos ter é que as organizações brasileiras começaram a buscar os mercados globalizados na última década, sendo, portanto, ainda um fenômeno recente para a área da comunicação no país. TABLE 11 – Meeting Communication Needs In Diverse Cultures And Globalizing Markets – Brazil 2012 13 Meeting communication needs in diverse cultures and globalizing markets M SD Monitoring and analyzing media coverage and developments in global markets Providing cultural training programs for employees Implementing a global communication strategy for the organization Using national experts to guide communication programs in each country of operation Hiring more employees with international experience or language abilities Base = 24 respondentes 5,71 5,29 5,21 5,13 1,81 1,83 2,25 1,98 4,50 1,87 3.3.7 Estratégias e Ações para Encontrar, Desenvolver e Reter Profissionais de Comunicação Altamente Capacitados Strategies or actions implemented to finding, developing and retaining highly talented communication professionals. Na sétima posição, os entrevistados brasileiros elegeram a preocupação em encontrar, desenvolver e reter profissionais de comunicação como sendo de maior para os seus líderes. (n = 22; 7,3%). Contudo, esse pequeno grupo de entrevistados não parece ter consenso sobre as melhores estratégias para atender a essa demanda, já que os resultados apresentam uma média pequena e um desvio-padrão mais alto. “Proporcionar uma maior autonomia no trabalho para indivíduos altamente talentosos”(M = 4,68 ; SD = 2,06) é a estratégia que parece ter um pouco mais de consenso entre os entrevistados. E, em oposição, a “utilização de empresas de recrutamento para ajudar a localizar e avaliar os talentos” (M = 3,09 ; SD = 2,0) parece ser o último recurso dos lideres em comunicação para buscar e desenvolver o seu capital humano. TABLE 12 – Finding, Developing And Retaining Highly Talented Communication Professionals – Brazil 2012 Finding, developing and retaining highly talented communication M SD professionals Designing individualized development plans for high potential professionals Providing greater autonomy on the job to highly talented individuals Supporting the education of future professionals at universities Providing superior financial incentives and benefits to top talent Using search firms to help locate and evaluate talent Base =22 respondentes 4,68 4,68 4,23 3,91 3,09 2,32 2,06 2,22 2,18 2,00 3.3.8 Estratégias e Ações para Melhorar a Imagem da Profissão de Relações Públicas / Gestão da Comunicação Strategies and actions to Improve the Image of the Public Relations/Communication Management Profession 14 Na oitava posição, a melhoria da imagem da profissão de Relações Públicas e Gestão da Comunicação é apontada pelos entrevistados (N = 12 ; 4%) como sendo a questão mais importante para o seu líder. A fim de atender a essa demanda (Tabela 13), os respondentes defendem que “apoiar a formação de futuros profissionais nas universidades” (M = 6,08 ; SD = 1,31 ) seja a principal estratégia, seguida pela “criação de padrões profissionais e de comportamentos éticos na organização” (M = 5,92 ; SD = 1, 16) A “participação ativa em programas e atividades de associações profissionais” não foi considerada como a principal estratégia (M = 5,33 ; SD = 1,61) para melhorar a imagem da área. TABLE 13 – Improving The Image of the Public Relations/Communication Management Profession – Brazil 2012 Improving the image of the public relations/communication management M SD profession Supporting the education of future professionals at universities Modeling professional standards and ethical behaviors in your organization Supporting research to advance knowledge of the value of communication management Providing ethics training for team members and/or others in the organization Participating actively in professional association programs and activities Base = 12 respondentes 6,08 5,92 5,50 1,31 1,16 2,02 5,42 5,33 1,16 1,61 3.3.9 Estratégias e Ações para Gerenciar a Revolução Digital e a Ascensão das Mídias Sociais e Atender às Demandas Crescentes de Responsabilidade Social Corporativa Strategies or actions implemented to manage the digital revolution and rise of social media and to meet increase demands for corporate social. A nona e última posição dos temas considerados mais importantes para os líderes em comunicação trouxe o empate entre as problemáticas da revolução digital e a da responsabilidade social corporativa (Tabelas 14 e 15). Ambos os assuntos foram elegidos por um pequeno e idêntico número de entrevistados (N = 11; 3,6%). Na tabela 14, que apresenta os resultados sobre aspectos da revolução digital, o “treinamento de membros da equipe e colaboradores nos usos e estratégias de mídia social” 15 é considerado a estratégia mais importante (M = 6,09 ; DP = 0,94) para gerenciar a revolução digital e a ascensão das mídias sociais. TABLE 14 – Management The Digital Revolution and Rise of Social Media – Brazil 2012 Managing the digital revolution and rise of social media Training team members and/or other employees in social media use and strategies Revising communication strategies to incorporate greater use of social media Monitoring stakeholder communications on the social web Creating key performance indicators for measuring social media activities Hiring employees with specialized digital media skills Base =11 respondentes M SD 6,09 6,09 5,45 5,36 5,27 0,94 1,14 1,97 1,29 1,01 Já na tabela 15, sobre as demandas de responsabilidade social corporativa, os respondentes acreditam, em sua maioria, que “atrair a atenção do público para as atividades de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) da organização”(M = 6,09 ; SD = 0,94) seja a principal estratégia. Ela é seguida, em iguais condições (M = 6,00 ; SD = 1,18), pelas estratégias de “divulgação das realizações de RSC e conquistas dos colaboradores” e “interação direta com os públicos ou grupos que fazem demandas para as atividades de RSC”. TABLE 15 – Meeting Increasing Demands for Corporate Social Responsability– Brazil 2012 Meeting increasing demands for corporate social responsibility Generating public attention for the organization’s CSR activities Showcasing CSR achievements and employee accomplishments Interacting directly with publics or groups who make demands for CSR activities Convincing organizational leaders of the importance of CSR Involving more employees in community projects and activities M SD 6,09 6,00 6,00 5,55 5,09 0,94 1,18 1,18 1,37 1,22 Base = 11 respondentes Sobre estas últimas posições no ranking, surpreende que um tema tão em voga como as mídias sociais seja apontado como uma demanda muito importante para um pequeno número de respondentes, justamente se considerarmos o seu perfil jovem dos entrevistados brasileiros (53,1% na faixa etária de 35 anos). 4 Development of Future Leaders 16 Na segunda parte do questionário online, buscou-se entender qual a visão e o entendimento dos profissionais sobre a formação de líderes de comunicação para o futuro, assim como sobre o fortalecimento da profissão. A partir de 12 ações elencadas (Tabela 16), os participantes da pesquisa atribuíram valores para cada uma delas, usando uma escala de 1-7, onde "1" é igual a "pouco" e "7" é igual a "muito" importante. Como resultado, nas preferências dos respondentes brasileiros para a formação das lideranças na área, estão o “fortalecimento de competências e habilidades em gestão de mudanças” (M = 6,24 ; SD = 1,01); a melhoria das “competências de gestão de conflitos” (M = 6,11 ; SD = 0,97) e as “habilidades de escuta dos profissionais” (M = 6,04 ; SD = 1,00). Infere-se, assim, que o interesse dos participantes brasileiros seja o de se desenvolver em temáticas relacionadas à gestão, à diplomacia e à negociação, considerando-se a fragilidade dos relacionamentos e a velocidade das transformações na sociedade. No que diz respeito à formação profissional formal, percebe-se que os participantes valorizam de modo mediano o “reforço do componente empresarial / econômico de programas de educação em comunicação” (M = 5,87 ; SD 1,09). Entretanto, o “desenvolvimento de um núcleo curricular educacional global” (M = 5,27 ; SD = 1,53) parece não ser considerado uma ação importante para a formação dos futuros líderes, sob o olhar desses mesmos participantes. Partindo do pressuposto de que o fortalecimento da profissão significa pensar, planejar e atuar conjuntamente, cuja convergência desses esforços se dá através das associações de classe, chama a atenção que as ações ligadas a elas receberam uma valoração menor por parte dos participantes. Tanto o “estímulo às associações profissionais a trabalhar em conjunto para o desenvolvimento de líderes” (M = 5,71; SD = 1,16); como a “imposição de penalidades severas aos infratores éticos” (M = 5,62 ; SD = 1,57) e a “exigência de registro profissional” ocuparam as últimas posições na escala de importância dos participantes. Aliás, o registro profissional parece ainda ter a sua validade questionada, ao ter recebido a menor valoração (M = 4,96) dentre as 12 ações propostas e com maior divergência entre os respondentes (SD = 2,07). Se em alguns países se percebe certo interesse em regulamentar a profissão de Relações Públicas, com o intuito de qualificar a área, no Brasil, que a possui, a opinião dos profissionais oscila n esse quesito. Ainda na década de 90, o Parlamento Nacional das Relações Públicas foi organizado como uma ampla consulta aos profissionais, promovido pelo Conselho Federal da categoria - CONFERP, com o objetivo de ouvi-los, considerando a insatisfação de seus mesmos com relação à 17 regulamentação. O CONFERP estava disposto, inclusive, a buscar a desregulamentação da profissão no país, caso esse fosse o desejo da categoria. Ao final, o resultado surpreendeu, já que as manifestações e votação foram em prol da manutenção da lei existente no país, desde que com a devida atualização. Face a essa escolha, em 2002, após nova consulta à categoria sobre a atualização do rol de atividades e funções, o CONFERP baixa a Resolução Normativa n. 043/2002, definindo legalmente as funções e atividades privativas dos profissionais no país, de acordo com as demandas da sociedade contemporânea. Também ressalta-se que os participantes brasileiros deram uma significativa importância para o “desenvolvimento de medidas para documentar o valor e as contribuições das relações públicas e da comunicação”( M= 6,02 ; DP = 1,14). Se o pensamento de quem deve realizar a documentação dessas contribuições converge para as entidades de classe, infere-se, a partir das respostas anteriores, que os participantes não têm muito claro qual é o papel desse tipo de organização. TABLE 16 – Improving The Development of Future Leaders – Brazil 2012 Actions than might be taken to improve the development of future leaders in M SD the field and enhance the communication profession Strengthen change management skills and capabilities Enhance conflict management skills Improve the listening skills of professionals Develop better measures to document the value and contributions of public relations Develop training to enhance the emotional intelligence of PR professionals Strengthen the business/economic component of communication education programs Increase cultural understanding and sensitivity Urge professional associations to work together to develop leaders Impose tough penalties on ethical violators Enhance professional skills in coping with work-related stress Develop a core global education curriculum Require professional accreditation or licensing Base = 303 respondentes 6,24 6,11 6,04 6,02 5,93 5,87 5,77 5,71 5,62 5,58 5,27 4,96 1,01 0,97 1,00 1,14 1,16 1,09 1,14 1,16 1,57 1,27 1,53 2,07 Note: on a 7-point Likert scale from “a little bit” (1) to “a great deal” of importance 5 Personal beliefs and perceptions about leadership 5.1 Self perception as a leader A Tabela 17 destaca que, no que tange à auto-percepção dos respondentes relativamente ao seu papel de liderança no processo de gestão da comunicação, uma 18 significativa parcela deles afirma não ter aprendido tanto no ensino universitário sobre liderança, quanto tem aprendido no cotidiano da atividade profissional (M = 4,68, DP = 1,85). De modo curioso e, até mesmo surpreendente, grande parte (M = 6,21, DP = 1,60) afirma não querer ser um líder na gestão da comunicação, enquanto que a minoria (M = 5,5, DP = 1,39) se considera líder na área em que atua. TABLE 17 – Self Perception as a Leader – Brazil 2012 Self perception as a leader M SD I don’t want to be a leader in communication management. I consider myself to be a leader in communication management. I learn more about excellent leadership from role models and/or mentors on the job than from university education or management development programs. Base = 302 respondentes 6,21 1,60 5,50 1,39 4,68 1,85 Note: on a 7-point Likert scale from “strongly disagree” (1) to “strongly agree” of importance 5.2. Gender and leadership Na Tabela 18, percebe-se que, dentre os respondentes, predomina a ideia de que é indiferente (M = 6,75, DP = 0,83) a liderança feminina ou masculina em relações públicas, muito embora ainda haja um percentual que não pode ser ignorado (M = 5,16, DP = 2,05), que prefere trabalhar sob a liderança de um homem. Paralelamente, um percentual menor, porém representativo (M = 4,2, DP = 1,96), entende que as mulheres têm uma melhor habilidade na comunicação interpessoal do que os homens. TABLE 18 – Gender and Leadership – Brazil 2012 Gender and leadership M SD Males or females can be equally capable leaders in public relations. I prefer to work for a male leader on the job. Females have better interpersonal communication skills than males. Base = 302 respondentes 6,75 5,16 4,20 0,83 2,05 1,96 Note: n a 7-point Likert scale from “strongly disagree” (1) to “strongly agree” of importance 5.3. Organizational conditions Analisando-se a Tabela 19, observa-se que, num parcela significativa da opinião dos respondentes (M = 4,45, DP = 1,99), o principal gestor de comunicação das organizações brasileiras é um excelente líder. Contudo, os altos executivos, ou CEOs destas organizações não necessariamente compreendem o valor das relações públicas (M = 4,39, DP = 2,15). Infere-se que, como consequência da postura identificada dos altos executivos, ainda não seja tão elevado 19 o número de organizações que encoraja a prática da comunicação de duas vias entre seus membros (M = 4,25, DP = 1,89). TABLE 19 – Organizational Conditions – Brazil 2012 Organizational conditions M SD The highest ranking communication professional in my organization is an excellent leader. The CEO or top executive in my organization does not understand the value of public relations. My organization encourages and practices two-way communication among members. Base = 302 respondentes 4,45 1,99 4,39 2,15 4,25 1,89 Note: n a 7-point Likert scale from “strongly disagree” (1) to “strongly agree” of importance 5.4. Professional impacts Na Tabela 20, os respondentes brasileiros são otimistas (M = 5,77 ; SD = 1,52) em relação ao futuro da profissão de relações públicas no país. Contudo, não demonstram tanta segurança (M = 3,76, DP = 2,03) quando está em pauta avaliar se a liderança em gestão da comunicação é diferente de liderança em outras áreas de conhecimento. Por fim, a certeza torna-se ainda mais escassa (M = 3,17, DP = 1,82) quando entra em questão avaliar se as habilidades de liderança são mais importantes que habilidades de Comunicação na gestão de um departamento de Relações Públicas. TABLE 20 – Professional Impacts – Brazil 2012 Professional impacts M SD I am optimistic about the future of the public relations profession in my country. Leadership in communication management is different from leadership in other fields. Leadership skills are more important than communication skills in leading a public relations unit or department. Base: 302 respondentes 5,77 1,52 3,76 2,03 3,17 1,82 Note: on a 7-point Likert scale from “strongly disagree” (1) to “strongly agree” of importance 6 Conclusion Após identificarmos que mais de 70% dos respondentes brasileiros são mulheres, que um terço deles exerce função de liderança, que a maioria tem formação superior em 20 Relações Públicas e que quase 60% deles possui algum estudo de pós-graduação, destacaremos, a seguir, outros fatores que consideramos relevantes, levantados neste estudo. A partir do questionamento sobre os dez temas de maior importância para os líderes na área de RP e comunicação, destacaram-se: a preocupação em estar preparado para lidar eficazmente com as crises, lidar com a velocidade e volume do fluxo de informação e, ainda, melhorar os indicadores de comunicação para demonstrar o valor. A estes elementos, somase, na condição de um dos temas considerados de maior valor para as lideranças de RP e comunicação, a necessidade de melhorar a participação e comprometimento dos colaboradores no trabalho. Partindo do pressuposto de que as organizações enxergam, hoje, no trabalhador, um percentual significativo do seu diferencial competitivo, tal tópico se apresenta bastante pertinente ao contexto investigado. De modo surpreendente, atender às demandas crescentes de responsabilidade social corporativa não aparece como algo de significativo valor para os profissionais consultados. Na tentativa de identificar uma explicação para tal fato, surge a constatação de que muitas são as áreas que têm se voltado para este tema, como a de Contabilidade, por exemplo, haja vista, inclusive, a legislação existente no Brasil, que regula tal temática. A importância atribuída à melhoria dos indicadores da eficácia da comunicação para melhorar o valor, faz com que as áreas de comunicação em organizações brasileiras estejam investindo significativamente no monitoramento e análise de cobertura da mídia sobre si mesmas e seus clientes, assim como oferecendo oficinas sobre indicadores para a utilização das melhores práticas comunicacionais. Neste sentido, constata-se uma forte preocupação com a imagem organizacional. Buscando identificar estratégias ou ações implementadas para lidar com a velocidade e o volume do fluxo de informações, a mais utilizada está relacionada ao uso de novas tecnologias para coletar, analisar e distribuir informações e notícias de modo mais rápido. Naturalmente, tal fato também gera o desenvolvimento de novas competências no quadro funcional e a melhoria nos processos de trabalho. No que tange a ações implementadas para melhorar a participação e o comprometimento dos colaboradores no ambiente de trabalho, criar um clima positivo de comunicação, bem como facilitar a transferência de conhecimentos e melhores práticas entre as unidades da organização, são estratégias bastante utilizadas, em detrimento dos 21 tradicionais programas de recompensa e reconhecimento aos colaboradores, tão propalados pelos profissionais de recursos humanos. Quando a investigação abordou as crescentes exigências de transparência da comunicação e das operações, identificou-se que as estratégias mais utilizadas pelas organizações decorrem do monitoramento das comunicações dos stakeholders para identificar as preocupações sobre transparência. Em outras palavras, constata-se que os stakeholders têm pautado as manifestações oficiais das organizações. Implementar programas efetivos de gerenciamento de riscos para evitar ou minimizar os impactos de uma crise, bem como desenvolver planos de ação eficazes para momentos de crise são as estratégias indicadas como as mais utilizadas para se estar preparado para lidar com a crise. Em contrapartida, a última estratégia elencada pelos respondentes foi a que sugeria a capacitação de colaboradores em procedimentos de gestão de crise. Esta constatação sugere que o tema gestão de crise possa estar sendo abordado muito mais no plano das intenções do que da efetiva prática. A investigação identificou que o profissional de comunicação brasileiro ainda não despertou para as questões do trato com outras culturas ou, até mesmo, na habilidade com outras linguagens. Tal constatação pode decorrer do fato de que ainda é recente a inserção do Brasil, de modo efetivamente significativo, no que se pode chamar de mercado global. Considerando-se o fato de que, no Brasil, a profissão de Relações Públicas é regulamentada por lei e fiscalizada por conselhos regionais, além da existência de várias outras associações na área, soou de modo curioso a constatação de que os respondentes da pesquisa pouco consideraram a participação ativa em programas e atividades associativas e profissionais, como estratégia para melhorar a imagem da profissão. O fortalecimento de competências e habilidades em gestão de mudanças, a melhoria das competências em gestão de conflitos e a habilidade de escuta profissional foram os temas mais destacados pelos participantes da pesquisa, ao serem indagados acerca do desenvolvimento de futuros líderes. Em contrapartida, a imposição de penalidades severas aos infratores éticos, bem como a exigência de registro profissional, ocupam as últimas posições na escala de importância dos respondentes. De certo modo, tal constatação poderia ser interpretada como uma tendência a algo que já esteve diversas vezes em pauta, que é a desregulamentação da profissão de relações públicas. 22 Em paralelo a estas questões, os participantes da investigação deram significativa impotância para o desenvolvimento de medidas que visem a documentar o valor e as contribuições das relações públicas e da comunicação. Esta preocupação pode ser relacionada à opinião identificada de que altos executivos, ou mesmo CEOs de organizações, não necessariamente compreendam o valor das Relações Públicas. Na auto-percepção dos respondentes sobre liderança, a investigação trouxe elementos bastante significativos, como o fato de os participantes terem afirmado que aprendem mais sobre liderança no cotidiano do que teriam aprendido nos bancos universitários. Paralelamente, afirmam não querer ser líderes na gestão da comunicação. Esta constatação, de certo modo incômoda, merece uma busca apurada por respostas. Por fim, uma constatação bastante amistosa que esta investigação trouxe foi a de que a liderança feminina ou masculina em relações públicas seria indiferente, muito embora haja a percepção de que as mulheres teriam mais habilidade na comunicação interpessoal do que os homens. Some-se a este fato a opinião otimista dos respondentes, com relação ao futuro da profissão de relações públicas no Brasil. 7 Implications for future research O fato mais relevante para a equipe brasileira de pesquisa diz respeito a 68% da amostra afirmar o desejo de “não querer ser um líder na gestão da comunicação”. Como já mencionado anteriormente, tal manifestação suscita algumas interpretações, entre elas: a) que os participantes não tenham compreendido a pergunta; b) que os participantes ainda não tenham assumido cargos de gestão (cerca de 78%) e, portanto, sintam-se inseguros quanto a sua preparação para tal posição dentro das organizações; c) sendo a maioria dos participantes do gênero feminino (72,9%) e, culturamente, as mulheres ainda prefiram assumir uma posição de menos evidência no que diz respeito à liderança, estariam querendo evitar situações de conflito com os líderes homens, predominantes no staff diretivo das organizações brasileiras. Evidentemente, é notório que muitas mulheres brasileiras começam, cada vez mais a assumir os mais altos cargos diretivos, mas principalmente em setores da economia tradicionalmente masculinos, como as indústrias. Fato este menos evidente nas áreas das humanidades e, portanto, na comunicação, onde atuam muitas mulheres, mas nas chefias, ainda prevalecem homens. Essas são possíveis respostas, além, é 23 claro, de efetivamente a atual geração de profissionais de comunicação não querer ou não se ver como líder. Logo, são hipóteses que merecem pesquisas aprofundadas, a fim, inclusive, de se pensar estrategicamente a formação e colocação dos futuros profissionais no mercado. Também mereceriam atenção para futuras investigações os motivos internos (formação do profissional) e externos (preferência do mercado de trabalho) que pudessem colaborar na compreensão de uma amostra de somente um terço dos participantes em cargos de liderança. Nessa mesma linha, alia-se o fato de que apenas 10,2% dos participantes são profissionais autônomos, permitindo que se cogite o pensamento de que a atual formação no Brasil não desperta o espírito empreendedor na profissão. Condição essa que possibilitaria o profissional ter certa independência econômica e, portanto, melhores condições para defender técnica e eticamente os seus pareceres em relação a problemas comunicacionais dos seus clientes. Julga-se também importante buscar o aprofundamento no tema da revolução digital e das mídias sociais, já que apenas 3,6% dos participantes elegeu esse tópico como o mais importante para o seu líder na área. Assim como os temas relacionados à responsabilidade social corporativa, amplamente divulgada dentro das faculdades, assim como nos eventos da área da comunicação, mas que também teve apenas 3,6% das preferências dos participantes no momento de eleger o tema mais importante para o seu líder. Sem dúvida, os dados aqui apresentados vislumbram a necessidade de analisar profunda e especificamente não apenas a liderança das relações públicas e comunicação, mas também as rotinas e processos comunicacionais hoje em voga no Brasil. Como não se tem conhecimento de investigações similares no país, não foi possível estabelecer quadros comparativos sobre os temas aqui abordados. Contudo, a presente pesquisa trouxe à tona informações relevantes sobre o pensamento e posicionamento dos profissionais brasileiros acerca de liderança, permitindo que, a partir de agora, se possa estabelecer quadros comparativos com o passar do tempo. 24