Classificação dos Grupos Funcionais para Fins de Nomenclatura*

Transcrição

Classificação dos Grupos Funcionais para Fins de Nomenclatura*
HISTÓRIA
Prof.: Norberto Salomão
Lista: 02
Aluno(a): _______________________________________________
Turma: ____________________________
Data: 18/02/2015
A CIVILIZAÇÃO E A CULTURA NA GRÉCIA ANTIGA
A CIVILIZAÇÃO GREGA (HELÊNICA)
O POVOAMENTO DA GRÉCIA
O TERMO GRÉCIA: Grécia é o nome pelo qual os romanos
designavam a Hélade (do grego Hellas), nomenclatura que os
habitantes locais davam ao território que habitavam. Com a expansão e
o domínio romano sobre o mediterrâneo, a partir do século II a.C. a
Hélade passou definitivamente a ser denominada Grécia, do latim
Graecia.
PERIODIZAÇÃO
DA
HISTÓRIA
GREGA
NA
ANTIGUIDADE:
 Período Pré-Helênico ou Pré-Homérico (± 2.500 até 1.200 a.C.):
Este período corresponde àquelas civilizações que antecederam e
serviram de base para a formação da Civilização Grega. É
didaticamente conveniente que seja subdividido em dois
momentos: a) Civilização Cretense ou Egéia ou Minóica (± 2.500
até 1.400 a.C.) e b) Civilização Micênica ou Creto-Micênica (±
1.400 até 1.200 a.C), marcada pelo domínio dos Aqueus ou
Micenos sobre a região.
 Período Homérico (do século XII ao VIII a.C.): Período de
formação dos gregos marcado pela organização dos genos
(comunidades patriarcais organizadas em clãs). O nome do período
deve-se aos relatos atribuídos ao poeta Homero nas obras Ilíada e
Odisséia, escritas provavelmente no período seguinte, o Período
Arcaico.
 Período Arcaico (do século VIII ao VI a.C.): Período marcado
pela consolidação da formação das polis gregas, por intensas
agitações sociais e políticas e pelo processo de colonização grega,
denominado Segunda Diáspora.
 Período Clássico (do século VI ao IV a.C.): Período caracterizado
pelo auge do desenvolvimento das polis gregas. Destaque para as
polis rivais de Atenas e Esparta. Ocorrência de grandes guerras
como as Guerras Médicas (491-449 a.C.) e a Guerra do Peloponeso
(431-404 a.C.). Desenvolvimento da arquitetura, da escultura, do
teatro, da filosofia. No campo político destacou-se o
desenvolvimento da democracia ateniense. O final do período foi
marcado por conflitos internos que enfraqueceram as polis e
favoreceram o domínio macedônico.
 Período Helenístico (do século IV ao II a.C): Período marcado
pelo domínio macedônico sobre a Grécia. Os macedônios
absorveram profundamente a cultura grega (helênica) e ao
expandirem-se para o oriente realizaram o sincretismo dessas
culturas dando origem a Cultura Helenística. Esse período chegou
ao final com o domínio romano a partir do século II a.C.
GRÉCIA ANTIGA
LOCALIZAÇÃO:
A Grécia Continental fazia limites:
ao norte com a Ilíria (atuais: Sérvia, Montenegro, norte da
Albânia, Bósnia e Herzegovina e Croácia);
• a leste com o mar Egeu;
• a oeste com o mar Jônico;
• ao sul com o mar Mediterrâneo;
• a nordeste estão, em sequência, o estreito de Dardanelos,
o mar de Mármara, o estreito de Bósforo e, finalmente, o mar
Negro;
• a noroeste está o mar Adriático.
A Grécia Peninsular: ao sul da Grécia Continental, ligada pelo
Istmo de Corintho, está a Grécia Peninsular constituída pela
península do Peloponeso.
A Grécia Insular: O mar Egeu é um mar interior da bacia do mar
Mediterrâneo situado entre a Europa e a Ásia. Estende-se da Grécia, a
oeste, até a península da Anatólia, a leste. Ao norte, possui uma ligação
com o mar de Mármara e o mar Negro através dos estreitos de
Dardanelos e do Bósforo. Diversas ilhas estão localizadas no mar
Egeu, inclusive Creta, Rodes e Delos. Essas ilhas compõe a Grécia
insular.
A Grécia Asiática (Ásia Menor ou Península da Anatólia):
Correspondia a costa ocidental da península da Anatólia ou Ásia menor
(atual litoral da Turquia) e algumas ilhas do mar Egeu.
A ampliação do Território Grego: O território da Grécia européia
foi ampliado (a partir do século VII a.C. com a Segunda Diáspora
Grega) com a fundação de diversas colônias na orla mediterrânica
ocidental, destacando-se o sul da península Itálica que foi denominada
Magna Grécia.
RELEVO E CLIMA:
De um modo geral, o relevo das penínsulas e ilhas é montanhoso,
entremeado de pequenas e férteis planícies isoladas umas das outras;
somente a Magna Grécia (sul da península Itálica), a ilha de Creta e a
Tessália, na parte norte da península balcânica, têm planícies de
extensão considerável.
Por outro lado, as características do relevo continental estimularam
certo isolamento, o que teria favorecido o caráter autônomo das cidades
gregas. Predominavam os verões quentes e secos e os invernos amenos
(clima "mediterrâneo"); os rios, caudalosos no inverno, praticamente
secavam no verão.
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oriental. Tal fato deve-se, provavelmente, ao contato comercial com o
Egito e as cidades-estados fenícias.
 As formas de escrita: Os cretenses desenvolveram dois tipos
básicos de escrita, a Linear “A” e a Linear “B”, assim
convencionadas pelos pesquisadores britânicos, da primeira metade
do século XX, Arthur Evans, Michael Ventris e John Chadwick.
Descobriu-se também uma terceira foma que ficou conhecida como
pictográfica ou hieroglífica cretense.
 A singular condição da mulher cretense: A presença da mulher
em exibições perigosas e de grande habilidade e também nas festas
aparece em diversas pinturas em cerâmicas e nos afrescos. Essa
valorização da mulher se deve principalmente ao fato de que a
divindade maior de Creta é uma mulher, a Deusa-Mãe, ou
Grande-Mãe. Dessa forma, podemos concluir que a mulher na
sociedade Cretense gozou de uma grande consideração.
 A religião: Os afrescos descobertos pela arqueologia revelam a
importância conferida à mulher, as quais eram retratadas exercendo
funções religiosas, administrativas e por vezes até políticas. Os
cretenses acreditavam que os deuses governavam tudo e a mulher
era vista como fundamental para garantir a pacificação social.
Ainda em seu princípio, esculturas de uma Deusa-Mãe tornaram-se
frequentes. Também se destacou em importância a imagem do
touro, reproduzida em pinturas e em obras arquitetônicas, chifres de
pedra assinalavam os locais sagrados, que pode ter sido associado à
fertilidade, ou aos frequentes terremotos, como se a terra estivesse
presa em seus chifres. Cerimônias religiosas são descritas em
pinturas. Santuários foram identificados em cavernas e montanhas,
bem como no interior dos próprios palácios, o que pode atribuir aos
reis alguma função sacerdotal. O símbolo mais sagrado dos
minóicos era o labrys, um machado de dois gumes. Inicialmente os
mortos eram sepultados em cavernas, mas com o gradativo
desenvolvimento da vida urbana, grandes túmulos e mausoléus
tomaram lugar nos ritos fúnebres.
PERÍODO PRÉ-HELÊNICO OU PRÉ-HOMÉRICO
(± 2.500 até 1.200 a.C.):
1-Civilização Cretense / 2- Civilização Creto-Micênica
1- Civilização Cretense ou Egéia ou Minóica (± 2.500 até 1.400 a.C.)
Creta é a maior ilha da Grécia. Está no sul do mar Egeu. Segundo
o mito, era nessa ilha que vivia o minotauro.
Creta esteve habitada desde o final do Neolítico. No começo da
Idade do Bronze, os cretenses criaram, no 3° milénio a.C., uma grande
civilização insular. Atribui-se a essa civilização a construção de
palácios em Cnossos, em Faistos e em Maliá que foram cidadesestados cretenses.
A partir da primeira metade do 2º milénio a.C. Creta chegou a ser o
centro cultural e comercial graças ao domínio que lhe dava a sua frota e
às riquezas acumuladas pelo comércio de produtos como o vinho, o
azeite, as cerâmicas, os tecidos e a joalharia. Impôs-se no Mar
Mediterrâneo quer nos territórios vizinhos quer em locais mais
afastados, como a Sicília (organizaram uma TALASSOCRACIA).
Esse período de apogeu foi marcado pelo domínio da cidade de
Cnossos e de de seus reis denominados Minos. O símbolo da ilha era o
Taurus (touro), animal admirado por sua força e beleza.
A lenda do MINOTAURO estabelece fortes relações com o
domínio que a talassocracia cretense impôs sobre a Grécia e seus
primitivos habitantes, os pelasgos ou pelágios. Esses primitivos
habitantes da Grécia, não tendo forças para se livrarem do domínio
cretense, tinham que pagar tributos e fornecer-lhes tudo o que exigiam.
Tal situação, que parecia sem saída, lembra um Labirinto. A
denominação do lendário Minotauro, certamente deriva do termo
Minos, adotado pelos reis de Cnossos, e de Taurus, o touro que
simbolizava a força da ilha.
Segundo o mito, o Minotauro foi morto pelo herói grego Teseu,
com a ajuda da princesa cretense Ariadne (aranha, em grego, ou seja,
aquela que tece a teia, a trama), entrou no labirinto e matou o monstro.
Para sair do labirinto Teseu valeu de um novelo de linha cuja outra
extremidade Ariadne ficou segurando do lado de fora, aguardando a
volta de seu amado Teseu.
Podemos afirmar que a lenda do Minotauro está repleta de
elementos simbólicos que marcam os momentos que antecederam a
história dos gregos. Quais sejam:
 O Minotauro: É representação do domínio cretense sobre os
primitivos gregos (os pelágios ou pelasgos). Diante da situação de
exploração imposta por creta, os pelasgos criaram um mito que
representava está condição.
 O labirinto: É a representação de uma situação para qual não se vê
saída, no caso, a dominação dos cretenses sobre os pelasgos que
eram incapazes de reagirem com eficiência. Pode também ser a
representação do palácio do rei de Cnossos (diferante do conceito
tradicional que temos de um palácio real, o de Cnossos, além do
salão do trono e dos aposentos da realeza, era uma reunião
intrincada de mais de 1000 salões que se interligavam, alguns dos
quais serviam como ateliês para artesãos, e centros de
processamento de alimentos, como, por exemplo, prensas para a
fabricação de vinho. Servia tanto como armazém central quanto
como centro religioso e administrativo.).
 Teseu: É a representação dos Aqueus. Os aqueus eram povos indoeuropeus que penetraram na Grécia por volta de 1.900 a.C.,
conquistaram os pelasgos ou pelágios e fundaram importantes
núcleos populacionais em território helênico, como Micenas,
Tirinto e Argos. Por volta de 1.500 a.C., dominaram os cretenses,
mas, assimilaram profundamente sua cultura, dando origem a um
período de apogeu e a formação da CIVILIZAÇÃO MICÊNICA.
Assim sendo, a morte do Minotauro, por Teseu, representa o
domínio dos Aqueus sobre a Civilização Cretense.
 Ariadne: Representa o que havia de bom na ilha de Creta e que foi
amplamente assimilado pelos Aqueus, ou seja, a CULTURA
CRETENSE ou MINÓICA. O romance entre Teseu e Ariadne
representa a fusão dos Aqueus com a cultura cretense, base
fundamental para os valores da futura civilização grega.
2- Civilização Creto-Micênica (± 1.400 até 1200 a.C.)
Em meados do século XV a.C., os Aqueus, povo indo-europeu,
dominaram os cretenses, mas, assimilaram profundamente sua cultura,
dando origem a um período de apogeu e a constituição da Civilização
Micênica ou Creto-Micênica.
O Período micênico ou creto-micênico é uma subdivisão do
Período Pré-helênico também conhecido por Período Heládico ou
Tempos Pré-homéricos. Refere-se à sofisticada cultura que se
desenvolveu no continente grego entre 1600 a.C. e 1050 a.C.,
aproximadamente. O nome deriva de Micenas, principal cidade
fundada pelos aqueus. Os micênios ou aqueus, povo indo-europeu,
inicaram a incursão ao território grego conquistando aos pelágios ou
pelasgos.
Ativos comerciantes, os micênios conquistaram a avançada ilha de
Creta por volta de 1450 a.C. e, entre 1400 e 1200 a.C., dominaram
economicamente e culturalmente quase todos os povos do
Mediterrâneo Oriental. Caracterizada por uma aristocracia de
guerreiros, falavam uma forma bastante arcaica da língua grega, o
dialeto jônico. Escreveram os mais antigos documentos em grego,
escritos em um silabário conhecido por escrita linear B e construíram
imponentes cidadelas fortificadas em Micenas e Tirinto.
Diversas características da cultura micênica sobreviveram nas
tradições religiosas e na literatura grega dos períodos Arcaico e
Clássico, notadamente na Ilíada e na Odisséia.
Micenas teve seu auge e foi a cidade mais próspera da Grécia por
muitos anos, revolucionando as artes, a engenharia e a arquitetura. A
invasão dórica é considerada a causa do fim da civilização micênica.
O povoamento da Grécia:
No Período Pré-homérico ocorreram as invasões dos povos arianos
(indo-europeus) que, através da península Balcânica, chegaram à
Grécia em sucessivas vagas (ondas) de ocupação. Trata-se dos aqueus,
eólios, jônios e dórios. Os aqueus, quando chegaram à Grécia,
encontraram um povo de cultura rudimentar denominado Pelasgos, ou
Pelágios, que foram assimilados. Em seguida, fundaram algumas
cidades, destacando-se Tirinto e Micenas. Logo após, por volta de
1.450 a.C., dominaram da ilha de Creta, cuja cultura assimilaram.
Surgiu assim a civilização creto-micênica.
Porém, antes mesmo desse domínio sobre Creta ocorreu, por volta
de 1700 a.C., a chegada dos eólios e jônios fato que favoreceu o
aumento da população micênica, que iniciou então uma expansão
CARACTERÍSTICAS DA CULTURA, SOCIEDADE E
POLÍTICA CRETENSE
 Elementos orientais: As características desta civilização lembram,
em suas estruturas, alguns dos elementos estéticos da Antiguidade
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marítima, durante a qual entrou em choque com a supremacia cretense
no mar. Cnossos, a principal cidade de Creta, foi destruída. A lenda do
Minotauro conta esse fato simbolicamente. A expansão micênica
continuou pelo mar Egeu em direção ao mar Negro, onde Tróia foi
destruída, como conta Homero na Ilíada. Homero atribui a Guerra de
Tróia ao rapto de Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta, por um
príncipe troiano (Páris). Na verdade, a destruição de Tróia foi mais um
capítulo da expansão micênica que se iniciara com a tomada de
Cnossos.
Nesse momento máximo da expansão micênica, por volta de 1.200
a.C., já estavam ocorrendo disputas internas entre os micênicos. O
quadro se agravou com a chegada à Grécia do grupo dório, também
ariano, de nível cultural menos complexo, mas possuidor de armas de
ferro. Os dórios arrasaram Micenas e provocaram a Primeira
Diáspora (dispersão) grega, em direção à Ásia Menor.
Dentro da Grécia, então, a população passou a viver isoladamente
em grupos clânicos chamados genos. Esse fato assinala o fim do
Período Pré-homérico e o início do Período Homérico, assim
chamado porque grande parte do que estudamos sobre esse período
deve-se as obras Ilíada e Odisséia, poemas cuja autoria é atribuída a
Homero.
O fim do período pré-homérico foi marcado pelos seguintes
fatores:
 Decadência das cidades micênicas em virtude de rivalidades
internas, agravada pela violenta invasão dos dórios.
 Retrocesso da organização política e socioeconômica.
 Intensa ruralização e estruturação social em comunidades gentílicas
patriarcais.
 Dispersão dos gregos para as ilhas do mar egeu e para a Ásia
Menor, no processo denominado Primeira Diáspora Grega.
acompanhava o mesmo ritmo. Faltavam terras férteis e as técnicas de
produção eram rudimentares. Em vista disso, houve a desintegração das
comunidades gentílicas, seus membros, liderados pelo pater,
resolveram partilhar as terras coletivas. Os paters favoreceram seus
parentes mais próximos, que passaram a ser chamados eupátridas
(bem- nascidos), permitindo-lhes ficar com as melhores terras
(Pédium, os vales férteis). Os parentes mais afastados herdaram as
terras menos férteis da periferia e em áreas de relevo acidentado e
pedregoso (Diácria), sendo chamados georgóis (agricultores). Muitos
outros, parentes mais distantes, ficaram sem terras, o que lhes valeu o
nome de thetas (marginais).
Os eupátridas herdaram a tradição dos paters, monopolizando o
poder político e constituindo uma aristocracia de base fundiária. Esses
aristocratas se agrupavam em frátrias. Um grupo de frátrias, por sua
vez, formava uma tribo, que estava submetida a autoridade do
Filobasileus (supremo comandante do exército). A reunião de várias
tribos deu origem aos demos (povoados). As constantes rivalidades e a
necessidade de segurança favoreceram a junção dos demos e a
formação de pequenos Estados locais, as poleis (cidades-Estado). Por
volta dessa época, a partir do século X a.C., surgiram na Grécia cerca
de 160 cidades independentes umas das outras. Cada uma delas se
caracterizava por um templo construído em sua parte mais alta: a
Acrópole.
Primitivamente, as poleis eram governadas por um Basileus (rei),
cujo poder era limitado pelos eupátridas. Em geral, quando os reis
tentaram assumir um controle maior sobre o poder, foram depostos e
substituídos por arcontes (magistrados indicados pelo Conselho dos
Aristocratas que era renovado anualmente).
O fim do período homérico foi marcado pelos seguintes
aspectos:
 Crise da sociedade gentílica com a alteração interna dos genos e o
desenvolvimento da propriedade privada da terra;
 A formação de uma aristocracia genericamente denominada
eupátridas;
 A organização, a partir do século X a.C., das primeiras cidadesestados gregas.
PERÍODO HOMÉRICO (do século XII ao VIII a.C.)
Após o esplendor da civilização creto-micênica e tendo em vista a
arrasadora invasão dos dórios, iniciou-se o Período Homérico, período
este em que as cidades entraram em decadência, pois foram invadidas e
saqueadas.
Tal fato favoreceu um quadro de exôdo urbano, um processo
regressão da Grécia a uma organização econômica e social primitiva e
rudimentar, em que a escrita desapareceu e a organização política e
econômica enfraqueceu profundamente, em relação ao período anterior.
Desse período que caracterizou a gênese a civilização grega, não se
tem registro escrito na época. O conhecimento dessa fase da história
grega deve-se aos achados arqueológicos e a tradição oral dos AEDOS
(artista que cantava as epopeias acompanhando-se de um instrumento
musical) e RAPSODOS (artista popular ou cantor que recita as
epopéias e não é acompanhado de qualquer instrumento) que narrando
as EPOPÉIAS contribuíram para que no período seguinte, o
ARCAICO, essa tradição oral fosse registrada nos escritos das obras
Ilíada e Odisséia, atribuídas ao poeta Homero.
Após as invasões dos dórios e tendo se efetivado o processo de
ruralização das sociedades gregas, os genos passaram a constituir a
forma predominante de organização social. Assim podemos afirmar que
o período homérico foi a fase da história grega em que predominou a
organização
social
das
COMUNIDADES
GENTÍLICAS
PATRIARCAIS.
O genos constituía a primitiva unidade econômica, social política e
religiosa dos gregos. Todo o grupo vivia sob a autoridade do PATER
(patriarca) que, ao morrer, era sucedido pelo primogênito, e assim
sucessivamente. Era um grupo consangüíneo e a solidariedade entre
seus membros era muito grande. Os casamentos eram feitos dentro do
clã. Os bens de produção (terras, sementes, instrumentos) e o trabalho
eram coletivos. Sendo assim, a produção era distribuída igualmente
entre todos os membros da comunidade. Pela teoria marxista
caracteriza o MODO DE PRODUÇÃO PRIMITIVO OU
COMUNISTA.
Socialmente, predominava a igualdade, pois não havia diferenças
econômicas. Só existiam as diferenças tradicionais, pois os parentes se
hierarquizavam em função de sua proximidade para com o pater. O
poder político do pater advinha de ser ele o responsável pelo culto dos
antepassados que ele realizava todos os dias, antes das refeições
comuns.
Distribuía
justiça
costumeira
(DIREITO
CONSUETUDINÁRIO) e comandava o exército do genos.
No final do Período Homérico, essas comunidades começaram a se
transformar. A população cresceu, mas a produção agrícola não
PERÍODO ARCAICO (do século VIII ao VI a.C.)
Período marcado pela consolidação da formação das polis gregas,
por intensas agitações sociais e políticas e pelo processo de colonização
grego denominado Segundo Diáspora.
A privatização das terras, a dissolução da comunidade gentílica
levaram a profundas transformações no interior das sociedades gregas
do período arcaico, tais como:
 Concentração das melhores terras nas mãos de uma elite
privilegiada.
 O crescimento demográfico, tendo em vista a diminuição das
invasões e das guerras.
 A escassez de terras férteis, destacadamente, para as camadas
sociais menos favorecidas.
 Escravidão por dívidas.
 Constantes revoltas sociais.
 Produção excedente nas propriedades da aristocracia, o que exigia
novos mercados para serem comercializadas.
Todos esses fatores contribuíram para um processo de exôdo rural e
dispersão dos gregos para várias partes do mar mediterrâneo, gerando o
chamado Processo de Colonização Grego ou Segunda Diápora
Grega, entre os séculos VIII e VI a.C. Os gregos instalaram
entrepostos comerciais e colônias, principalmente no sul da península
itálica, onde surgiram cidades como Tarento e Siracusa (Magna
Grécia) e em torno do mar negro e da Ásia Menor, região conhecida
como Ponto Euxino.
O comércio entre essas áreas baseava-se nas exportações de azeite,
vinho e peças de artesanato gregas e na importação de artigos como
trigo, metais preciosos, cobre, ferro e madeira das regiões
mediterrânicas. Porém, essas medidas não conseguiram resolver
efetivamente os problemas sociais, na maioria das polis gregas.
Assim sendo, um dos fenômenos mais importantes do Período
Arcaico foi o da colonização, que espalhou os gregos por toda a área
costeira da bacia do Mar Mediterrâneo e do Mar Negro.
A colonização grega obedecia a um certo planejamento, que
implicava, para além da escolha do local que seria colonizado, a
nomeação dos comandantes das expedições (oikistes) que seriam
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responsáveis pela conquista do território e que governaria a colônia
(apoika, "residência distante") como rei ou governador. Antes de partir
com a sua expedição, o oikistes consultava o Oráculo de Apolo em
Delfos, que aprovava o local sugerido ou propunha outro. O deus
Apolo encontrou-se assim associado à colonização. Os colonizadores
levavam da cidade mãe - a metrópole - o fogo sagrado e os elementos
culturais e políticos desta, como o dialeto, o alfabeto, os cultos e o
calendário. Por vezes as colônias poderiam fundar outras colônias.
Na Magna Grécia, sul da Itália, uma das primeiras colonizações
data de 775 a.C., tendo sido uma iniciativa de gregos da cidades de
Cálcis e Corinto que partem para a ilha de Ischia na baía de Nápoles.
Em 730 a.C., estão documentadas as fundações de colônias na Sicília.
As costas do Mar Negro foram colonizadas essencialmente pela
pólis de Mileto. De Megara partem colonos que fundam em 667 a.C. a
cidade de Bizâncio.
No norte da África Cirene foi fundada por colonos da ilha de Tera
por volta de 630 a.C.. Na região ocidental do Mediterrâneo, salientemse colônias como Massalía (a moderna Marselha), Nice (de niké,
vitória) e Ampúrias (esta última na Península Ibérica).
A colonização grega deve ser entendida de uma forma diferente da
colonização realizada pelos Europeus na Idade Moderna e
Contemporânea, na medida em que a colônia não tinha qualquer tipo de
dependência política e econômica em relação à metrópole. Entre a
metrópole e a colônia existiam laços cordiais (era por exemplo
chocante que ocorresse uma guerra entre as duas), mas os gregos que se
fixavam permanentemente em uma colônia perdiam a cidadania que
detinham na cidade de onde eram oriundos.
O desenvolvimento do comércio
Uma das consequências da colonização foi o desenvolvimento do
comércio, não apenas entre a colônia e a metrópole, mas entre as
colônias e outros locais do Mediterrâneo. Até então o comércio não era
uma atividade econômica própria, mas uma atividade subsidiária da
agricultura. Algumas colônias funcionavam essencialmente como
locais para a prática do comércio e sem um estatuto político, eram os
chamados empórios.
O incremento da atividade comercial gera por sua vez o fomento da
indústria. Deste setor destaca-se a produção da cerâmica, sendo
famosos os vasos de Corinto e de Atenas, que se tornaram os principais
objetos de exportação. No último quartel do século VII a.C. ocorreu o
aparecimento na Lídia da moeda, que se espalhou lentamente por toda a
Grécia.
Consequências do desenvolvimento do comércio e da indústria
artesanal
Com o afluxo, a partir das colônias, de quantidades elevadas de
cereais e com a importância que a exportação do vinho e do azeite
adquiriu, desenvolveu-se entre as classes mais abastadas a tendência
para substituir o cultivo do trigo pelo da vinha e da oliveira. Os
camponeses com poucos recursos econômicos ficaram impossibilitados
de proceder a esta substituição, uma vez a vinha e a oliveira necessitam
de algum tempo até oferecerem resultados. Como resultado desta
realidade econômica nasce no Período Arcaico uma nova classe, a dos
plutocratas (demiurgos), cujos membros, oriundos frequentemente
das classes inferiores, enriquecem graças às possibilidades oferecidas
pelo desenvolvimento do comércio e da indústria artesanal, atividades
desdenhadas pela aristocracia. Esta classe possuia ambições políticas,
que na época se encontravam relacionadas com a posse de terra. Como
tal, os plutocratas procuram comprar terras. Os nobres, não
pretendendo ser relegados para segundo plano, entraram também na
corrida de compra das terras. As consequências desta competição
econômica repercute entre os camponeses de fracos recursos, cujas
condições de vida se agravam. Esse quadro leva a constantes conflitos
sociais e políticos.
Espaço físico das polis gregas
A pólis grega era formada pela ÁSTEY, basicamente, por uma
ACRÓPOLE, uma ÁGORA e
pela KHORA . A acrópole
corresponde à parte mais elevada da pólis, onde existiam templos
dedicados aos deuses. Ficava ao lado da ágora, que era a parte mais
pública da comunidade. Lá existia o mercado e as assembleias do povo.
A Ágora era a praça principal na constituição da pólis, a cidade grega
da Antiguidade clássica. Normalmente era um espaço livre de
edificações, configurada pela presença de mercados e feiras livres nos
seus limites, assim como por edifícios de carácter público. A khora
corresponde à parte agrícola, onde moravam os camponeses e onde
eram cultivados alimentos que supriam a ástey, que era a "cidade" da
pólis, a parte urbana (termos anacrônicos, mas que representam mais
proximamente o que era a ástey).
No processo de consolidação da formação das polis gregas
trataremos dos dois exemplos mais marcantes e importantes: Esparta e
Atenas.
ESPARTA
Esparta, ou Lacedemônia, localizava-se na península do
Peloponeso, na planície da Lacônia, às margens do rio Eurotas. Foi
fundada no século IX a.C., pelos dórios. Cercada por montanhas que
lhe davam proteção natural e a isolava das regiões vizinhas. No século
VII a.C., conquistou a região da Messênia, que a circundava e
consolidou seu caráter essencialmente guerreiro, desenvolvendo-se de
maneira peculiar em relação às demais polis.
O Estado dividia as terras em lotes iguais, chamados de Kleros,
que eram divididos entre os cidadãos. O cultivo deste lote de terra cabia
aos servos (hilotas) do Estado disponibilizados para trabalharem nas
terras dos cidadãos espartanos (esparciatas). Os espartanos dedicavamse a formação militar e não exerciam nenhuma atividade econômica,
consideravam o comércio uma atividade indigna que era relegada aos
estrangeiros e marginalizados denominados periecos.
Segundo os espartanos, a constituição que regia a cidade-estado,
suas regras e os valores foram rigidamente estabelecidos por um
legislador mítico, Licurgo. Essa constituição, segundo os espartanos,
não podia ser modificada, e com isso perpetuava o regime oligárquicoaristocrático, isto é, manteve ao longo da história espartana o poder dos
esparciatas.
De maneira geral a sociedade espartana foi: patriarcal, agrária
ou rural, aristocrática, estratificada, eugênica e militarista.



Organização social espartana
Os esparciatas formavam a aristocracia de Esparta, e
monopolizavam as instituições políticas, militares e religiosas.
Eram os tradicionais descendentes dos dórios e os detentores de
terras. Eram os únicos que tinham direito à cidadania.
Os periecos eram homens livres, não possuíam cidadania, e
dedicavam-se principalmente ao comércio e ao artesanato, tarefas
desprezadas pelos esparciatas. Eram os habitantes dos arredores da
cidade.
Os hilotas eram frequentemente definidos como escravos. Na
verdade, um conjunto de fatores permite que eles sejam
caracterizados mais como servos do que como escravos
propriamente ditos. Habitavam as terras conquistadas pelos dórios.
Estavam presos à terra, não podiam se transferir, eram propriedade
do Estado e executavam as tarefas braçais nas terras distribuídas
aos esparciatas. Como compunham a maioria da população de
Esparta, eram mantidos sob rígida obediência pelo terror,
destacadamente a kriptia (ritual da maioridade, utilizado pelos
espartanos em meados do sec. IV a.C, feito quando o jovem
completava 16 anos, em seu treinamento militar, consistia na
matança de hilotas).
Educação espartana
A Agogê: Em seu próprio significado, a palavra que os espartanos
aplicavam para a educação já dizia tudo: Agogê (agoge), isto é,
“adestramento”, “treinamento”. Viam-na como um recurso para o
adestramento dos seus jovens. O objetivo maior dela era formar
soldados educados no rigor para defender a polis. Assim sendo, temos
que entendê-la como um serviço militar estendido à infância e à
adolescência.
Em termos genéricos, podemos ver que a educação desenvolvida
em Esparta estava intimamente ligada ao caráter militarista. Desde
tenra idade a formação do indivíduo era reconhecida como uma função
a ser obrigatoriamente assumida pelo próprio Estado. Os espartanos
viam cada novo ser como um soldado em potencial.
O caráter era eugênico (controle social que podem melhorar ou
empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou
mentalmente). Ao nascer, a criança era minuciosamente observada por
um grupo de anciãos. Caso ela não apresentasse uma boa saúde ou
tivesse algum problema físico, era invariavelmente lançada do cume do
monte Taigeto. Se fosse considerada saudável, ela poderia ficar com a
sua mãe até os sete anos de idade. Depois disso, passava a ficar sob a
tutela do governo espartano para assim receber todo o conhecimento
necessário à sua vindoura trajetória militar.
4

Entre os sete e os doze anos a criança recebia os conhecimentos
fundamentais para que conhecesse a organização e as tradições de seu
povo. Depois disso, era dado início a um rigoroso treinamento militar
onde seria colocado em uma série de provações e testes que deveriam
aprimorar as habilidades do jovem. Nessa fase, o aprendiz era solto em
um campo onde deveria obter o seu próprio sustento por meio da
coleta, da caça de animais ou, em alguns casos, por meio do furto.
Nessa mesma época, os aprendizes eram colocados para realizarem
longas marchas e lutarem uns com os outros. Dessa maneira, aprendiam
a combater eficazmente. Além disso, havia uma grande preocupação
em expor esse soldado a situações provadoras que atestassem a sua
resistência a condições adversas e obediência aos seus superiores. Cada
vez que não cumprisse uma determinada missão, esse soldado em
treinamento era submetido a terríveis punições físicas.
Quando estavam entre dezesseis e dezessete anos de idade, o jovem
recruta espartano era submetido a um importante “teste final”: a
kriptia. Funcionando como uma espécie de jogo de esconde-esconde,
os jovens espartanos se escondiam de dia em um campo para, ao
anoitecer, saírem à caça do maior número de hilotas possível. Quem
sobrevivesse a esse processo de seleção já estaria formado para integrar
as fileiras do exército e teria direito a um lote de terras.
Com relação às mulheres, devemos salientar que essa mesma
tutela exercida pelo Estado também era dirigida a elas. De acordo com
a cultura espartana, somente uma mulher fisicamente preparada teria
condições de gerar filhos que pudessem lutar bravamente pela defesa
de sua cidade-Estado. Além disso, durante sua vida civil ela poderia
adquirir o direto de propriedade e não estava necessariamente sujeita à
autoridade de seu marido.
Quando alcançava os trinta anos de idade, o soldado espartano
poderia galgar a condição de cidadão. A partir desse momento, ele
participava das decisões e leis a serem discutidas na Ápela, assembleia
que poderia vetar a criação de leis e indicava os indivíduos que
comporiam a classe política dirigente de Esparta. Quando atingia a
idade de sessenta anos, o indivíduo poderia sair do exército e integrar a
Gerúsia, o conselho de anciãos responsável pela criação das leis
espartanas.


Gerúsia: (Conselho de Anciãos) composta por 28 membros com
idade a partir de sessenta anos, denominados gerontes mais os reis
da diarquia. Sua criação é atribuída a Licurgo, nas reformas que
introduziu no final do século VIII a.C. O título era vitalício. Suas
funções eram legislativas e se encarregava de preparar os projetos
que deviam ser submetidos à aprovação da Apela (assembléia
assembleia dos cidadãos). A gerúsia também tinha função judiciária
e caso os reis que fossem acusados pelos éforos seriam julgados na
Gerúsia.
Ápela: A Apela ou Apelá era uma assembléia formada por
cidadãos espartanos a partir dos trinta anos. Elegia os membros da
Gerúsia e aprovava ou rejeitava as leis encaminhadas por eles.
Todo espartano homem a partir de 30 anos podia participar das
reuniões, que, de acordo com Licurgo, aconteciam a cada lua cheia,
nas imediações de Esparta. Originalmente aconteciam na Ágora,
com a condução dos reis. Mais tarde, passam a ser conduzidas
pelos éforos. A votação acontecia aos gritos. A Apela apenas
rejeitava ou aceitava as propostas a ela submetidas. Geralmente, a
Apela deliberava sobre a guerra e a paz. A Apela também era
responsável por eleger os membros da Gerúsia. Os candidatos eram
selecionados a partir da aristocracia. Também elegiam os cinco
éforos anualmente. A Gerúsia sempre tinha poder de veto sobre a
Apela.
Eforato ou Conselho dos éforos: os éforos eram os oficiais da
antiga Esparta. Cinco éforos eram eleitos anualmente, sem direito a
reeleição. Eles atuavam no papel de fiscais da vida pública,
inclusive sobre a atuação dos reis. Segundo Heródoto a instituição
foi criada por Licurgo. Eram eleitos pela assembléia dos cidadãos
(Ápela). Eles forneciam um equilíbrio para a Diarquia de Esparta,
pois os dois reis raramente cooperavam entre eles. Com o tempo
éforos substituiram a função da diarquia em presidir as reuniões da
Gerúsia, o conselho oligárquico dos anciãos. Dois éforos
acompanhavam o exército na batalha e eles podiam prender o rei se
esse se portasse em desacordo com o cargo.
ATENAS
Situada na península balcânica, na região da Ática, a 5 Km do mar
Egeu. Apresenta uma paisagem montanhosa entremeada por planícies
férteis. Cada região recebe uma denominação específica: as regiões de
planícies férteis chamavam-se Pédium, regiões montanhosas,
irregulares e áridas chamavam-se Diácria, as regiões litorâneas
chamavam-se Parália.
A ocupação inicial da região da Ática foi feita pelos Aqueus,
posteriormente chegaram os eólios e os jônios, que foram os
responsáveis pela fundação de Atenas. Com localização próxima ao
mar Egeu e protegida pelas montanhas, Atenas não foi vítima da
invasão dos dórios.
No final do período homérico, por volta do século X a.C., com
a desagregação da comunidade gentílica, o desenvolvimento da
propriedade privada e a formação do grupo privilegiado dos eupátridas,
ocorreu a unificação das quatro tribos ou demos em torno de um centro
político, militar e religioso, erigido na parte mais alta (Acrópole),
consolidando a fundação de Atenas.
Estrutura política espartana
Esparta manteve ao longo de sua história basicamente a mesma
estrutura política. Os orgãos dessa organização foram:
 Diarquia: Os reis da cidade-Estado de Esparta governavam
através de um sistema conhecido como diarquia, no qual dois reis
de família diferentes governavam com iguais poderes. A origem
desta singularidade monárquica não está perfeitamente esclarecida
pelos historiadores que aventaram a hipótese de que a instituição
foi um compromisso entre duas família poderosas no período de
criação do Estado espartano na transição do período homérico
para o arcaico. Os diarcas vinham das famílias dos Ágidas e
Euripôntidas, sendo o direito de ser rei hereditário para o
primeiro filho nascido após a ascensão do pai a realeza. Caso o
herdeiro fosse menor assumia a regência um parente próximo até a
maioridade do herdeiro. Os dois reis tinham poderes iguais nas
atribuições religiosas, políticas, administrativas e judiciárias. Na
época clássica seus poderes foram limitados a religião, a julgar
determinadas causas privadas em que intervém o direito religioso
da família. No período de guerra eram os comandantes
supremos do exército e do sacerdócio e enquanto um rei protegia
Esparta, o outro ia para o combate. Esse poder de comando era
essencialmente militar, estando sujeito ao comando e fiscalização
de sua conduta pelos éforos. Os diarcas presidiam a Gerúsia,
embora seu poder fosse o mesmo dos outros gerontes. A monarquia
foi seriamente limitada em seus poderes pelo surgimento do
Eforato, formado por cinco éforos eleitos pelos cidadãos, que
exigiam o juramento de obediência dos reis e podiam prendê-los e
multá-los por comportamento inadequado, além de intervir nas
prerogativas reais quando havia discordâncias entre os reis sobre
uma decisão. Os diarcas eram muito respeitados e todos se
mantinham de pé diante de sua presença, com exceção dos éforos.
Tinham as maiores e melhores terras, territórios na área dos
periecos e recebiam butim (despojos da guerra) maior que dos
outros espartanos. No período helenístico com a decadência de
Esparta, houve no século III a.C. revoltas lideradas pelos reis que
desestruturaram a organização social e acabaram com a dupla
realeza.
Atenas no final do período homérico (séc. X ao VIII a.C.)
1) Economia e sociedade: Até o século VIII a.C., a economia
ateniense era essencialmente rural, complementada por atividades ainda
incipientes de artesãos e pequenos comerciantes. Durante esse período
podemos destacar os seguintes grupos sociais:
 Eupátridas: eram aqueles considerados bem nascidos, ou seja,
filhos da elite, das famílias tradicionais que ficaram com as
melhores terras (pédium). Constituíam a camada social dominante
e formavam a aristocracia governante da pólis, ou seja, somente
eles tinham a condição de cidadãos. Eram os proprietários de terras
e escravos.
 Georgóis ou Geomores: formavam uma segunda camada social,
composta a princípio por pequenos proprietários rurais que ficaram
com as terras menos férteis nas montanhas (diácria). Trabalhavam
com seus familiares e produziam para a subsistência. Apesar de
serem atenienses, como não pertenciam as familias tradicionais,
não eram considerados cidadãos, ou seja, não podiam participar da
vida política.
 Thetas: apesar de também serem atenienses, formavam a camada
inferior, eram trabalhadores braçais que não possuiam terras. Eram
5

camponeses marginalizados econômica e politicamente, ou seja,
também não eram considerados cidadãos.
Escravos: durante esse período a escravidão não era a base
fundamental da produção. A mão-de-obra predominante era
familiar ou a dos thetas. Havia poucos escravos, normalmente
oriundos de guerras e dívidas.
Com o tempo, o poder autoritário dos basileus, que não estavam
respeitando o conselho dos arcontes, levou a aristocracia dos eupátridas
a derrubar a monarquia e a estabelecer a oligarquia governada pelos
arcontes. Era o início do período arcaico.
As referidas transformações sociais somadas ao governo da
aristocracia, que só protegia e privilegiava os interesses dos eupátridas,
provocaram o confronto de interesses, conflitos e impasses sociais que
marcaram o período arcaico em Atenas. Tais conflitos obrigaram o
governo dos arcontes a realizar reformas sociais. O quadro a seguir
demonstra quais os principais grupos que se agitavam exigindo
mudanças:
2) Organização política (final do período homérico - séc. X ao
VIII a.C.)
O Estado ateniense organizou-se inicialmente como uma
monarquia. A Sociedade era então organizada em famílias, frátrias e
quatro tribos. Cada tribo estava submetida à autoridade do filobasileu,
que comandava o exército. A reunião das várias tribos ou demos
originou a polis, submetida à autoridade do rei, denominado em atenas
como basileu. O basileu tinha amplos poderes, mas, deveria consultar
um conselho de nove eupátridas denominado arcontado. Com o tempo,
o poder autoritário dos basileus, que não estavam respeitando o
conselho dos arcontes, levou a aristocracia dos eupátridas a derrubar a
monarquia e a estabelecer a oligarquia governada pelos arcontes. Era o
início do período arcaico.
DENOMINAÇÃO
PARTIDÁRIA
Pediano
Habitantes do Pédium
(planície fértil)
Paraliano
Habitantes da Parália
(litoral)
Diacriano:
Habitantes da Diácria
(Montanhas)
Atenas no período arcaico (séc. VIII ao VI a.C.)
1) Economia e sociedade
Esse período foi marcado pela escassez de terras férteis (em virtude
da concentração das melhores terras nas mãos dos eupátridas) e pelo
aumento populacional que impulsionaram a segunda diáspora grega e
o estabelecimento de colônias com fins comerciais e de povoamento
em vários pontos do mediterrâneo. O comércio com essas áreas
baseava-se nas exportações de azeite, vinho e peças de artesanato.
Importavam artigos como trigo, metais preciosos, cobre, ferro e
madeira das regiões mediterrânicas. Porém, essas medidas não
conseguiram resolver efetivamente os problemas sociais, na maioria
das polis gregas. Todos esses fatores contribuíram, também, para um
processo de exôdo rural.
Em Atenas, a aristocracia e as classes ligadas ao comércio, ao
mesmo tempo que adquiriam maior poder econômico, procuravam
ampliar seu domínio social e político, fato desencadeador de confronto
e lutas que ajudaram a moldar a sua nova estrutura.
Durante esses processos de deslocamento, alguns georgóis e thetas
emigraram em expedições colonizadoras e também deslocaram-se da
região agrária (khora) para a área urbana da cidade de Atenas (ástey).
Além dos eupátridas, georgóis e thetas, a partir do século VIII a.C., a
sociedade ateniense apresentou novas categorias sociais, tais como:
 Demiurgos: segmento social oriundo de georgóis e thetas que se
deslocaram para a parte urbana de Atenas a partir da segunda
diáspora grega e que se constituíram em pequenos comerciantes e
artesãos. Com o passar do tempo se enriqueceram e passaram a
exigir direitos políticos e sociais. Essas reivindicações provocaram
agitações sociais que envolveram os georgóis, thetas e até metecos.
Tais agitações sociais obrigaram o governo aristocrático dos
arcontes a realizar reformas sociais com Drácon e Sólon.
 Georgóis e Thetas
 Metecos: segmento social de estrangeiros e marginalizados que se
desenvolveu no final do período arcaico e início do período clássico
fruto do processo de migração de elementos de outras localidades
para a rica e dinâmica economia de Atenas. Não formavam um
grupo étnico homogêneo, eram constituídos de gregos de outras
polis e até de elementos não-gregos como egípcios, trácios, lídios
etc. Eram livres, podiam se dedicar a várias atividades econômicas
como artesãos e comerciantes. Porém, não tinham e nunca tiveram
direitos políticos em Atenas. Eram obrigados a prestar o serviço
militar quando convocados e tinham que pagar tributos ao Estado
ateniense, como por exemplo a
metoikia, imposto pago
anualmente e que equivalia a um dia de trabalho.
 Escravos: Apesar de existir a escravidão em Atenas desde o final
do período Homérico, foi no período arcaico que ela foi se
intensificando até atingir seu auge no período Clássico. Escravos
por dívidas, ou prisioneiros de guerra ou ainda oriundos de um
intenso comércio, eram, no final do período homérico e início do
arcaico, em número inexpressivo, mas, com as transformações
provocadas a partir segunda diáspora grega passaram a se
constituir a base da produção.
CAMADA
SOCIAL
Eupátridas
Demiurgos
Georgóis
e thetas
POSICIONAMENTO
Conservadores:
Buscavam manter o
monopólio da cidadania
ateniense.
Moderados: Buscavam a
equiparação
política
com os eupátridas.
Radicais:
exigiam
reformas amplas de
ordem
política
e
econômica.
O incremento do comércio favoreceria os demiurgos, que se
transformaram em um importante grupo na vida econômica de Atenas.
Gradualmente, o enriquecimento dos comerciantes funcionaria como
um estímulo para que passassem a reivindicar uma participação política
igual a dos eupátridas. O aumento do número de escravos foi outra
importante conseqüência da colonização. A expansão foi muitas vezes
imposta e desta maneira, acabou fornecendo inúmeros prisioneiros de
guerra. O aumento do fluxo de escravos dificultava o aproveitamento
da mão-de-obra livre, forçando os thetas a contrair dívidas junto aos
cidadãos, de modo que não conseguindo quitar seus empréstimos
acabavam escravizados. Os georgóis também foram vitimados por esta
situação.
Os Reformadores Atenienses
O ambiente das lutas sociais em Atenas acabou por forçar os
eupátridas a permitir algumas reformas que promoveriam mudanças
internas a partir de propostas elaboradas pelos legisladores, dentre os
quais destacamos as duas mais importantes:
 A Reforma de Drácon (621 a.C.) - Nos últimos anos do século
VII a.C., o legislador Drácon estabeleceu a primeira tentativa de
instituir um direito comum a todos, até aquele momento as leis em
Atenas ainda assumiam um caráter consuetudinário (baseadas nas
tradições orais). Estabeleceu um rigoroso código de leis escritas o
que possibilitaria o acesso de toda a população ao conhecimento do
código. As leis de Drácon serviram para melhorar a organização
judiciária do Estado ateniense, mas, não foi capaz de dar solução ou
amenizar os problemas sociais, uma vez que os privilégios dos
eupátridas permaneceram inalterados. Um destaque desse código de
leis foi o estabelecimento do fim das vendetas (vinganças
privadas).
 As Reformas de Sólon (594 a.C.) - Mesmo com o severo código
de Drácon, as desigualdades continuaram ativando o
descontentamento, exigindo a atuação de outro reformador. Sólon
foi eleito arconte em 594 a.C., era um aristocrata que desde muito
cedo se envolvera com as atividades de comércio e com as viagens
ao exterior, ficando assim afastado dos eupátridas e bem mais
próximo aos demiurgos. Preocupado com as agitações sociais
promovidas por georgóis e tetas, insatisfeitos com o
conservadorismo do código de Drácon. Sólon proclamou a abolição
da escravidão por dívidas (Lei Seisactéia). As leis de Sólon foram
além da reforma sobre o endividamento nos campos, o legislador
também alterou o conceito de cidadania baseado na origem,
característica da Atenas aristocrática, passando a adotar uma nova
divisão social baseada nos rendimentos anuais, ou seja, divisão
social censitária na qual os demiurgos seriam os grandes
beneficiados ao se igualarem politicamente aos eupátridas. Propôs a
criação da Bulé (Assembleia composta pela eleição de 100
membros eleitos de cada um dos quatro demos, formando o
conselho dos 400, cuja função seria elaborar e propor as leis a
2) Evolução (transformação) política de Atenas
6
assembleia dos cidadãos.), a plena atuação da Eclésia (assembléia
dos cidadãos, atenienses a partir dos 21 anos e com renda, que
votavam as medidas elaboradas e propostas pela Bulé) e a
organização da Heléia ou Helieu (tribunal de justiça aberto a todos
os cidadãos).
governo dos tiranos, para matar Hiparco e Hípias no festival das
Panateneias em 514 a.C.. Chegado o momento de executar o plano,
Harmôdio e Aristógiton agiram de forma precipitada e acabaram por
matar apenas Hiparco. No tumulto que se gerou, Harmôdio foi morto
pelos guardas. Aristógiton seria feito prisioneiro, tendo sido torturado
até à morte.
Hípias - Após a morte do irmão tomou medidas autoritárias, que
geraram descontentamento entre a população. Em certa medida, o ato
de Harmôdio e Aristógiton levaria ao fim da tirania em Atenas, já que
em 510 a.C. o rei espartano Cleómenes I invade a cidade e provoca a
fuga de Hípias, que acabará por refugiar junto do rei persa Dario I.
Isagoras x Clistenes
A queda da tirania abriu caminho para que os dois partidos
tradicionais da cidade, o dos ricos, chefiado por Iságoras, e o dos
populares, liderado por Clístenes, passassem a disputar o controle de
Atenas. Iságoras, apoiado pelo rei espartano Cleômenes, conseguiu
desterrar Clístenes.
Mas o povo se sublevou e conseguiu trazer o líder de volta, dandolhe plenos poderes para elaborar uma nova constituição.
Clístenes foi um nobre ateniense que, além de liderar uma revolta
popular, reformou a constituição da antiga Atenas em 508 a.C., sendo
considerado, geralmente, o pai da democracia, por tê-la implantado,
porém convém lembrar que a instituição do novo modelo político
deveu-se ao resgate e ampliação das medidas iniciadas pelo
reformador Sólon.
Uma das primeiras medidas de Clístenes foi a redivisão de Atenas
em dez demos, em lugar das quatro anteriores. A divisão era censitária
e dessa forma, foi neutralizado o domínio exclusivo do poder pelos
eupátridas.
Reorganizou e ampliou a função dos órgãos públicos criados por
Sólon. A Bulé passou a contar com quinhentos membros (50
escolhidos em cada demo), os arcontes passaram de nove para dez (1
escolhido por cada demo), a Eclésia, assembleia dos cidadãos, teve
seus poderes ampliados, pois, além de votarem as medidas elaboradas e
proposta pela Bulé, passavam a fiscalizar a atuação das demais
instituições políticas de Atenas. A Eclésia tinha também o poder de
votar o ostracismo (perda temporária de propriedades e direitos
políticos por dez anos) contra todos aqueles que de alguma maneira
colocassem em perigo as instituições democráticas. Após dez anos o
exilado pelo ostracismo poderia ter restituidos o direito político e os
bens perdidos.
É importante lembrar que a democracia instituida pelas reformas de
Clístenes era um sistema político do qual só participavam os atenienses
adultos (a partir de 21 anos), filhos de pai e mãe atenienses. Estavam
excluídos os escravos, metecos (estrangeiros) e as mulheres, ou seja, a
maior parte da população. Daí a afirmação “Democracia escravista”,
pois, o cidadão tinha o ócio, tempo disponível, graças a mão-de-obra
escrava.
Contudo as reformas de Sólon ainda possuíam limitações, pois,
desagradaram os aristocratas, que perderam parte de seus privilégios
oligárquicos. Os setores populares também não estavam satisfeitos,
pois, esperavam medidas mais profundas. O fato de a divisão social ser
feita, a partir de então, em função da renda e não do nascimento, como
anteriormente, revela não apenas uma profunda alteração das
mentalidades, mas também a vontade de Sólon de substituir, por novos
critérios, os antigos costumes aristocráticos. É certo que, ainda assim,
isto não resultou de imediato, senão no fortalecimento do autoritarismo
da aristocracia, uma vez que tinha o exercício exclusivo da
magistratura, ou seja, somente ela (aristocracia) tinha competência para
administrar a justiça. Além do mais, a aristocracia valeu-se de seus
poderes para dificultar a organização e atuação das assembleias (Bulé e
Eclésia).
Diante de tal quadro alguns oradores passaram a fazer fortes
criticas em seus discursos na Ágora, ganhando o apoio e aclamação
(apoio oral da massa popular). Dessa forma o governo aristocrático do
arcontado foi obrigado a nomear tais oradores como governantes de
Atenas, dando origem à Tirania.
Tirania foi uma forma de governo usada em situações
excepcionais na Grécia antiga. Nela o chefe governava com poder
ilimitado, embora sem perder de vista que só permaneceriam no poder
enquanto representassem a vontade popular. Atualmente, entre
sociedades democráticas ocidentais, o termo tirania tem conotação
negativa. Algumas raízes históricas disto, entretanto, podem estar no
fato de um dos filhos do grande tirano grego Psístrato, Hípias ter
usufruído do espaço público como se fosse privado, sendo assim,
banido e morto.
OS TIRANOS DO PERÍODO ARCAICO
Psístrato foi um tirano da antiga Atenas, governou entre 546 e 527
a.C.. A sua família pertencia à aristocracia. Psístrato conseguiu
convencer os Atenienses a conceder-lhe uma guarda pessoal, algo que
na época não era permitido, pois alguém que possuisse tal guarda
poderia apoderar-se da cidade.
Principais medidas de Psístrato: tomou uma série de medidas na
agricultura, comércio e indústria que em muito contribuíram para a
prosperidade de Atenas, até então uma cidade de pouca importância
quando comparada com Mileto e Éfeso. As leis e as formas moderadas
da constituição de Sólon seriam preservadas. Assim, os órgãos de
Atenas (Assembleia, Bulé e Tribunais da Helieia) mantiveram-se em
funcionamento, embora deva ser observado que os cargos foram
ocupados por simpatizantes de Psístrato.
Como era habitual nos tiranos, Psístrato procura proteger as classes
desfavorecidas que o conduziram ao poder, isentando os mais pobres
do pagamento de impostos. A estes concede igualmente empréstimos e
terras. Psístrato incentivou o cultivo da oliveira, que fornecia o azeite,
um dos principais produtos de exportações de Atenas.
Psístrato foi sucedido por seus filhos, Híparco e Hípias, que não
governaram com a moderação e sabedoria do pai. Assim, em 510 a.C. a
tirania seria derrubada em Atenas.
Hiparco - O termo "tirania" não possuía nesta época a conotação
negativa que tem hoje, referindo-se apenas ao governo de alguém que
tinha tomado o poder pela força do apoio popular. Quando Psístrato
faleceu, o poder passou para Hiparco. Este interessava-se mais pelas
artes do que pelo governo da pólis ateniense, levando uma vida boêmia.
De acordo com o relato do historiador, da Antiguidade grega, Tucídides
em sua obra História da Guerra do Peloponeso, Hiparco teria por duas
vezes feito propostas de carácter sexual a Harmôdio, jovem amante do
rico comerciante ateniense Aristógiton. Harmôdio rejeitou tais
propostas e manteve-se fiel a Aristógiton. A relação de Harmôdio e
Aristógiton enquadrava-se no modelo pederástico existente na Grécia
Antiga (pederastia designa o relacionamento erótico entre um homem e
um jovem, seu protegido. Por extensão de sentido, o termo é
modernamente utilizado para designar, além da prática sexual entre um
homem e um rapaz mais jovem, também qualquer relação homossexual
masculina).
Para se vingar da recusa de Harmôdio, Hiparco humilhou
publicamente a irmã deste. O ato gerou a fúria dos dois amantes que
arquitetaram um plano, junto com outros atenienses descontentes com o
PERÍODO CLÁSSICO (do século VI ao IV a.C.)
No conjunto das cidades-Estado gregas, Atenas ocupou um lugar
destacado. Para além do seu poderio econômico e militar, a polis
ateniense tornou-se um importante centro cultural e político.
Um dos aspectos que mais contribuíram para o prestígio da cidade
foi a sua original forma de governo, a democracia. Este sistema
democrático não se implantou facilmente. Os direitos dos cidadãos
eram: isomomia, isocracia e isogoria.
 a igualdade perante a lei ou INSONOMIA. A nenhum cidadão são
concebidos privilégios baseados na riqueza ou no prestígio da sua
família.
 a igualdade de acesso aos cargos políticos ou ISOCRACIA. Todo
o cidadão ateniense tinha o direito e o dever de participar no
governo da polis. Todos tinham igual direito de voto.
 o igual direito de todos ao uso da palavra ou ISOGORIA. Nas
assembleias, nos tribunais ou no exército das magistraturas, todos
podiam defender livremente as suas opiniões.
A DEMOCRACIA DIRETA
Na Grécia não havia partidos políticos nem havia um corpo
profissional de juízes ou de altos funcionários do Estado. Cada cidadão
atuava os cargos necessários ao bom andamento dos assuntos da
cidade. A democracia grega era, por isso, uma democracia direta e todo
aquele que se desinteressava dos assuntos públicos era malvisto pela
7
polis. Os cidadãos votavam diretamente, em praça pública (ágora) as
leis propostas pela Bulé.
refere-se a sua eleição como arconte, a mais importante autoridade
jurídica e administrativa de Atenas (493 a. C.).
Responsável direto pela estratégia e derrota dos persas de Xerxes
I, na batalha naval de Salamina (480 a.C.), foi aclamado como herói
nacional. Empenhado na reconstrução de Atenas e na fortificação da
cidade, a qualquer custo, para enfrentar o poderio de Esparta, foi
combatido pela aristocracia e finalmente foi banido pelo conselho de
nobres, o Areópago (471 a. C.). Acusado de peculato (crime de
autoridade ou funcionário do Estado contra a administração e os bens
públicos). Em virtude de ter sofrido o ostracismo, passou por vários
países até obter refúgio na Pérsia, onde, embora tivesse antes sido
inimigo, gozava de enorme respeito, tanto que lhe foi confiado o
governo da Magnésia, na Anatólia e lá permaneceu até morrer.
PÉRICLES: Péricles (495-429 a.C.) foi um estratego e político
ateniense, governou Atenas entre 461 e 429 a.C.. Foi a maior
personalidade política do século V a.C., caracterizando a Era de Ouro
de Atenas, e sua presença foi tão marcante que o período
compreendido entre o final das Guerras Médicas (448 a.C.) e sua morte
(429 a.C.) é chamado o Século de Péricles.
Péricles nasceu de uma família da nobreza ateniense, os
Alcmeônidas, descendente do líder reformista Clístenes, responsável
pela introdução da maioria das instituições democráticas, durante a
revolução de 510 a.C.. Eleito e reeleito várias vezes como estrategochefe (strategos-arconte), acumulou a chefia civil e a liderança militar
da cidade, fazendo com que Atenas alcançasse a maior projeção
política, econômica e cultural de toda a sua história.
Embora fosse aristocrata de nascença, deu maior amplitude à
democracia ateniense, permitindo o ingresso e a participação política de
parcelas da população antes excluídas. Atenienses de baixa renda,
envolvidos no trabalho constante para garantir a sobrevivência, não
podiam dedicar-se à política. Entre as reformas polítcas estão a
intituição do Misthoy, soldo ou remuneração para os integrantes do
exército e também para as funções e cargos públicos exercidos por
cidadãos de baixa renda.
Foi o responsável por muitos dos projetos de construção que
incluem as estruturas sobreviventes da acrópole, tendo encarregado o
escultor ateniense Fídias como o supervisor do programa de
embelezamento da cidade. Assim, entre as grandes construções
realizadas destacaram-se o PARTENON (templo a deusa Atena), O
ERECTÉION (templo consagrado a Atena, Poseidon e Erecteu, mítico
rei ateniense.) e a reconstrução das MURALHAS DE ATENAS.
O próprio Péricles persuadiu a cidade a construir muralhas de mais
de 4 milhas até ao porto de Atenas, o Pireu. Reconstruiu Atenas, que
havia sido destruída nas Guerras Médicas confiscando os recursos da
liga de Delos. Sua realização menos notável talvez tenha sido a
exploração de outras cidades como forma de subsidiar o florescimento
da democracia ateniense, tal prática caracterizou o “imperialismo” ou
hegemonia ateniense.
Címon era um político rival de Péricles. Címon ganhou fama e
apoiadores entre o povo, ao usar o seu próprio dinheiro para ajudar os
atenienses que precisavam de assistência. Para superar Címon, Péricles
gastou dinheiro público para construir novos projetos.
Péricles procurou fortalecer Atenas e melhorar sua infra-estrutura.
Entretanto, durante a sua liderança, de aproximadamente trinta anos, foi
cauteloso e não fazia avanços sobre os oponentes sem primeiramente
pesar as suas opções e medir as suas perdas possíveis. Casou-se
Aspasia e a tratava como igual, algo que não era comum na sociedade
ateniense da época, em que as mulheres se submetiam ao controle dos
homens.
Péricles começou a perder respaldo em Atenas apesar de ainda
manter o poder. Os espartanos atacaram e forçaram Atenas a se
preparar para uma batalha. Durante a batalha, um praga espalhou-se
atingindo Atenas e seus aliados, mas não aos seus inimigos, matando
muitos, inclusive Péricles e a maior parte de sua família. Entretanto,
depois que Péricles perdeu seu último filho ateniense, os atenienses
promoveram uma mudança na lei que fez de seu filho não ateniense um
cidadão e um herdeiro legítimo. As informações sobre Péricles são
distorcidas por séculos de lendas e mitos. A biografia predominante foi
escrita por Plutarco, que viveu aproximadamente 500 anos após
Péricles.
A IMPORTÂNCIA DA ORATÓRIA E OS FILÓSOFOS
SOFISTAS
A oratória era o dom da palavra que permitia convencer na política.
Todo o cidadão devia estar preparado para apresentar propostas e
discuti-las na Eclésia. Os oradores brilhantes desfrutavam de um
elevado prestigio, eram os demagogos.
Para os filósofos Sofistas o discurso era fundamental, ou seja, o
poder da fala e a capacidade para convencer, não importando a
veracidade do que era dito.
A verdade dos discursos não era, necessariamente, o mais
importante, pois o bom discurso, o discurso verdadeiro era aquele que
conseguia convencer o maior número, ou seja, a capacidade de
convencimento das palavras. O mais importante seria convencer ao
público que o adversário não tinha razão. Ou convencer o próprio
adversário. Assim sendo, esses filósofos eram defensores da forma de
governo democrática.
OS LIMITES DA DEMOCRACIA ANTIGA
A região da Ática teria, na segunda metade do século V a.C., uma
população de cerca de 400.000 habitantes. Destes, apenas 40.000
eram cidadãos atenienses. Juntamente com as mulheres e filhos, os
atenienses deveriam formar um conjunto de 120 000 pessoas. Mas as
mulheres não participavam politicamente, ou seja, não eram cidadãs.
Os metecos atingiam de 70.000 a 90.000 habitantes. Os metecos
por vezes opinavam na política, mas não eram cidadãos e,
consequentemente não podiam votar.
Por fim, em maior quantidade, 200.000 escravos, despojados de
todos os direitos e até da sua condição de ser humano.
As mulheres dedicavam-se aos trabalhos domésticos e a educação
das crianças. Não lhes era reconhecido o direito de autonomia ou de
administrar os seus bens. Quando viúvas, ficavam sob a autoridade do
filho mais velho, ou, se não tivessem filhos, do parente mais próximo.
Nas casas abastadas, as mulheres habitavam numa zona específica, o
gineceu (divisão, existente nas casas da antiga Grécia, reservada às
mulheres. Já o androceu era, na Grécia antiga, onde os guerreiros da
cidade ficavam instalados ou a parte da casa destinada aos homens),
onde acompanhadas pelas escravas passavam a maior parte da vida.
Com exceção das grandes festas religiosas, em que participavam só
muito raramente, saíam a rua. Não iam sequer ao mercado. As compras
eram tarefa e privilégio masculino. A sua maior virtude era passarem
despercebidas.
A EDUCAÇÃO PARA O EXERCÍCIO PÚBLICO DO PODER
Em Atenas, acreditavam na necessidade de converter os jovens em
homens cultos, corajosos, sensíveis ao belo e empenhados na vida
política da cidade. Até os 7 anos, as crianças eram educadas pela mãe
no gineceu. A partir daí eram orientadas para os papéis que, mais tarde,
deveriam assumir na sociedade: as moças ficavam em casa, onde
aprendiam todas as tarefas que competiam à mulher. Os rapazes iam à
escola e preparavam-se para serem cidadãos. O Estado recomendava
que aprendessem a nadar, a ler, a escrever e que praticassem exercícios
físicos. O currículo baseava-se na aprendizagem da leitura, da escrita e
da aritmética.
A educação intelectual era completada com a preparação física.
Exercitar o corpo era considerado tão necessário quanto exercitar a
mente. O cidadão tinha um serviço militar a cumprir, e, por isso deveria
estar pronto para defender a sua polis sempre que necessário.
A preparação física continuava, a partir dos 15 anos, em escolas
próprias, os ginásios. Nos ginásios ensinavam-se também matemática e
filosofia.
No decurso do século V. a.C. correspondendo às necessidades
oratórias abertas pela democracia, surgiram os sofistas, professores
itinerantes que andavam de cidade em cidade, fazendo conferências e
dando aulas remuneradas.
PRINCIPAIS
GOVERNANTES
DA
DEMOCRACIA
ATENIENSE
TEMISTOCLES: General grego nascido em Atenas, cuja
habilidade política e militar transformou Atenas na maior potência naval
helênica e tornou possível a vitória sobre os invasores persas. Filho de um
aristocrata ateniense e de uma concubina estrangeira obteve a cidadania
graças a uma lei (508 a. C.) que tornou atenienses todos os homens livres
residentes na cidade. O primeiro registro documentado a seu respeito
AS GUERRAS DO PERÍODO CLÁSSICO
AS GUERRAS MÉDICAS OU GRECO-PERSICAS (491-449
a.C.)
8
No decorrer de quase todo século V a.C. duas grandes civilizações
se enfrentaram na região do Mediterrâneo Oriental: a Pérsia e a Grécia.
Chamamos esse conflito de Guerras Médicas, Guerras Pérsicas ou
Guerras Greco-Persas. A principal causa dessas guerras foi a luta pela
independência das cidades jônicas, colônias gregas na Anatólia (região
da atual Turquia), que os persas em sua expansão territorial passaram a
dominar e que se intensificou a partir do governo do imperador persa
Dario I, comprometendo o comércio grego na região. A vitória da
Grécia garantiu-lhe o controle comercial da região, imortalizou seus
heróis e impôs ao mundo o modelo ocidental de se fazer a guerra.
A maior parte dos historiadores divide os conflitos em duas fases: a
1 ª Guerra Médica, em 490 a.C. e a 2 ª Guerra Médica, entre 480 e 479
a.C.. Mas, como as rivalidades entre gregos e persas só terminaram em
449 a.C., com a Paz de Cálias ou Paz de Címon, alguns estudiosos
falam em uma 3 ª etapa das Guerras Médicas.
Esta região da Jônia era colonizada pela Grécia, mas durante a
expansão persa em direção ao Ocidente, este poderoso império
conquistou estas diversas colônias gregas da Ásia Menor, entre elas
Mileto. As colônias lideradas por Mileto e contando com a ajuda de
Atenas, tentaram sem sucesso libertar-se do domínio persa,
promovendo uma revolta. Estas revoltas levaram o imperador persa
Dario I a lançar seu poderoso exército sobre a Grécia continental,
dando início às Guerras Médicas. O que estava em jogo era o
controle marítimo-comercial na região. Após várias derrotas para os
persas, os gregos consiguiram uma primeira e importante reação na
Batalha de Maratona.
A batalha de Maratona ocorreu durante a Primeira Guerra
Médica, em setembro de 490 a.C., numa planície a leste de Atenas. As
tropas persas, derrotadas, regressaram à Ásia, mas isto não significava
que o conflito estava solucionado, pois logo ocorreria uma nova guerra.
O mensageiro Feidípides, segundo conta a lenda, correu os 42
quilômetros que separavam a planície de Maratona da polis de Atenas
para anunciar a vitória grega. Após anunciá-la com a frase "Alegraivos, atenienses, nós vencemos!", teria caido morto devido ao esforço.
Xerxes (486/465 a.C.), filho de Dario, comandou dez anos depois
(480 a.C.) uma invasão à Grécia em grande escala. Algumas cidades
gregas, lideradas por Atenas e Esparta, formaram uma coalização
para enfrentar o invasor. Outras, como Tebas, submeteram-se aos
persas. Inicialmente, os persas venceram os gregos na batalha das
Termópilas e em Artemision; a seguir, invadiram e saquearam Atenas.
A frota ateniense, porém, comandada por Temístocles (524 a.C./459
a.C.), conseguiu destruir a frota persa na batalha de Salamina e mudou
o rumo da guerra. Meses depois, comandada pelo espartano Pausânias
(510/467 a.C.), o exército da coalização grega venceu o exército persa
na batalha de Platéia e pôs fim à invasão. Os gregos conseguiram,
certamente, impedir a presença dos persas em seu território. Eles
continuaram, porém, influindo no relacionamento entre as cidades
gregas durante todo o Período Clássico.
Batalha das Termópilas (480 a.C.): Xerxes mandou construir uma
ponte no Helesponto (atual Estreito de Dardanelos), para possibilitar a
passagem de suas tropas. Os persas invadiram a Grécia e mantiveram
sua rota próxima ao mar, para garantir abastecimento e apoio em
combate. Quando chegaram a Termópilas (um estreito desfiladeiro de
15 metros de largura) enfrentraram as falanges de Esparta. Um dos dois
reis espartanos, Leônidas, com sua guarda pessoal composta por 300
homens (os 300 das Termópilas) e com o apoio de mais de 6 mil
gregos, aguardava os persas numa situação geográfica que lhes dava
certa vantagem: no meio do desfiladeiro de Termópilas o pequeno
número de gregos poderia suportar o imenso exército persa.
Xerxes esperou quatro dias pela chegada da cavalaria e da
infantaria pesada da Pérsia. Nesse meio tempo enviou um mensageiro
para convencer o general Leônidas a entregar suas armas. A resposta do
espartano foi: "Venham buscá-las".
No quinto ou sexto dia, Xerxes ordenou o ataque. Acredita-se que
10 mil soldados da Pérsia morreram no primeiro dia de combate, sem
causar danos substanciais aos gregos. Até que um traidor grego,
Efialtes, ensinou aos persas um caminho através das montanhas que
levaria até o outro lado do desfiladeiro. Informado sobre essa manobra,
Leônidas ordenou que a maior parte dos gregos voltasse para um lugar
seguro, enquanto ele, seus 300 espartanos e mais um grupo selecionado
de aliados, totalizando em torno de 2 mil homens, ficaram para
enfrentar o exército inimigo. Leônidas teria dito antes de iniciar a
batalha final: "Almoçamos aqui, jantaremos no Hades" (Hades é
denominação da divindade e da terra dos mortos na cultura grega).
A batalha de Termópilas (agosto de 480 a.C.) foi a derrota grega,
durante as Guerras Médicas, que transformou seus bravos soldados em
lenda para toda a história. Os persas exterminaram até o último grego e
decapitaram Leônidas. Tal resistência dos espartanos resultou em
inúmeros benefícios para a Grécia: Temístocles, arconte ateniense,
mobilizou rapidamente a marinha grega e ordenou a evacuação de
Atenas. Dessa maneira, apesar da derrota, os gregos intensificaram sua
reação contra os persas.
A Liga de Delos e o início da hegemonia ateniense (478 a.C.):
Uma das principais conseqüências da guerra entre helenos e persas foi a
hegemonia de Atenas sobre as demais cidades gregas. Essa
preponderância política, econômica e cultural, aparece, sobretudo, no
período em que Atenas está sob o governo de Péricles. Dois
acontecimentos caracterizam a História de Atenas imediatamente após
a guerra com os persas: a reconstrução da cidade e a criação de seu
império marítimo.
O instrumento da expansão marítima de Atenas foi a Liga ou
Confederação de Delos. Esta surgiu quando as cidades insulares de
Quios, Samos e Lesbos ofereceram aos atenienses o comando de suas
esquadras. Coube a Aristides a organização da liga, em 476 a.C., na
qual logo ingressaram numerosas outras cidades helênicas
(principalmente, situadas nas ilhas do mar Egeu) que se tornaram
reféns da proteção de Atenas.
Esparta e suas aliadas do Peloponeso no primeiro momento
entraram na liga, mas depois consideraram que a ameaça persa havia
passado e abandonaram a liga. As grandes cidades forneceram tropas e
navios, enquanto as menores pagaram uma contribuição provisória,
para os tempos de guerra (phoros = tributos), ao tesouro de Delos.
Depois da vitória contra os persas, Atenas forçou as cidades-estado
aliadas a continuarem na liga, e transformou a contribuição provisória
em permanente, além de passar a dominar as principais rotas
comerciais do mar egeu (rotas do trigo, azeite e vinho, que era a base
da alimentação dos gregos).
Os aliados propunham-se tomar a ofensiva contra o império persa
devastando os domínios ao alcance da esquadra confederada e preparar
assim o terreno para uma futura Iibertação das cidades gregas ainda sob
o jugo inimigo. Como sede da Confederação foi escolhida a pequena
ilha de Delos onde existia um importante santuário de Apolo. O tesouro
da liga, produto da contribuição dos aliados, seria também guardado em
Delos. Na realidade o Porto do Pireu era o verdadeiro centro da
Confederação e essa liderança ateniense foi, durante algum tempo,
aceita de boa vontade pelos aliados.
A partir de então começa um período da História de Atenas
conhecido como: "Imperialismo Armado" (462-446). Durante esse
período Atenas se lança em guerras de conquista transformando a
Confederação de Delos em um instrumento belicoso de suas aspirações
de domínio político e econômico.
Paz de Címon ou Paz de Cálias: As pretensões de Atenas levaram
à intensificação das rivalidades com Esparta e suas aliadas. Atenas
tentou ampliar seu domínio fora da Grécia, atacando o domínio persa
no Egito. A derrota ateniense no Delta do Nilo (456-454) provocou
uma grave crise na liga de Delos. Atenas endurece ainda mais seu
domínio e transfere o tesouro da liga para a Acrópole de Atenas. O
general ateniense Címon assume o comando da luta contra os persas,
porém morre vítima de enfermidade. Seu sucessor Cálias foi então
encarregado de firmar um tratado de paz com o imperador persa
Ataxerxes em 449 a.C. e confirmado por seu sucessor Dario II. Era a
Paz de Címon ou Paz de Cálias.
O Tratado de Cálias favoreceu o comércio entre Atenas e o Oriente.
Até navios fenícios traziam mercadorias ao Pireu onde passam a falar
os idiomas: persa e aramaico.
Na época clássica, em circunstâncias particulares, a Acrópole foi o
ponto central de discussões de ordem financeira. O tesouro da Liga de
Delos serviu para Péricles financiar os trabalhos de reconstrução e de
embelezamento da Acrópole entre 450 e 430 a.C., aproximadamente.
As cidades sob o domínio ateniense tinham que pagar tributos cada vez
mais elevados, gerando descontentamentos internos na Liga de Delos e
a oposição das demais polis gregas lideradas por Esparta.
A GUERRA DO PELOPONESO (431-404 a.C.)
A guerra do Peloponeso foi um conflito armado entre Atenas
(centro político e civilizacional por excelência do mundo do século V
a.C.) e Esparta (cidade de tradição militarista e costumes austeros), de
431 a 404 a.C.. A história dessas guerras foi detalhadamente registrada
pelos historiadores gregos, da Antiguidade, Tucídides e Xenofonte. De
9
Em 336 a.C., Alexandre “o Grande”, tornou-se rei da Macedônia
e dois anos depois senhor de toda a Grécia. Durante o seu curto reinado
de treze anos (entre 336 e 323 a.C.), Alexandre realizou a conquista de
territórios mais rápida e espectacular da Antiguidade.
Após conquistar a Grécia Alexandre empreendeu campanhas
objetivando a conquista do Império Persa aquemênida de Dario III,
que na época governava praticamente todo o Médio Oriente. Em
apenas quatro anos e três batalhas (Granico, Issus e Gaugamela) para
derrotou o Império Persa. Os três anos que se seguiram, até 327 a.C.,
foram dedicados à conquista das satrapias (províncias persas) da Ásia
Central. Por volta de 325 a.C. Alexandre já se achava no Vale do rio
Indo, na Índia. Ao tudo indica, o Alexandre pretendia ir até o território
do rio Ganges, mas seus generais recusaram-se a avançar mais, e
Alexandre foi forçado a ordenar o regresso.
Alexandre buscou
associar as antigas classes do Império
Aquemênida à estrutura de governo do seu império. Pretendia assim
criar um grande estado multiétnico, onde a herança grega e macedônia
coexistiria com a herança persa e asiática. A morte prematura do rei,
aos trinta e três anos, levou à fragmentação do seu vasto Império e a
divisão entre seus principais generais: Cassandro, Ptolemeu,
Lisímaco, Selêuco e Antígono. Os reinos helenísticos acabaram por
ser progressivamente dominado pelo Império Romano, a partir do
século II a.C.
acordo com eles, a razão fundamental da guerra foi o crescimento do
poder ateniense e o temor que o a esse expansionismo despertava entre
os espartanos e seus aliados. A cidade de Corinto foi especialmente
atuante, pressionando Esparta a fim de que esta declarasse guerra
contra Atenas e a sua Liga de Delos.
Diante da postura hegemônica ateniense, Esparta e outras cidades
gregas decidiram formar outra confederação militar, conhecida como a
Liga do Peloponeso ou Liga Lacedemônica. Essa divisão criou um
contexto de tensões que logo viria a desembocar na realização de um
conflito maior. A gota d’água se deu quando a colônia da Córcira,
integrante da Liga de Delos, resolveu se voltar contra a cidade de
Corinto, membro da Liga do Peloponeso.
As cidades de Esparta, Corinto, Tebas e Mégara aliaram-se contra
Atenas e sua Liga. Tebas, aliada de Esparta na Grécia Central, atacou
Platéia, antiga aliada de Atenas, dando início à Guerra do Peloponeso,
que durou 27 anos e envolveu quase todas as cidades-estados gregas,
provocando o enfraquecimento da Grécia.
Em sua primeira etapa, a guerra estendeu-se durante dez anos e
foi marcada por visível equilíbrio entre as forças lideradas por Atenas e
Esparta. No ano de 421 a.C., a assinatura da Paz de Nícias estipulava
uma trégua de cinquenta anos entre os dois lados do conflito. Contudo,
o acordo só foi cumprido em seus oito primeiros anos, quando o líder
ateniense, Alcebíades, encorajou a realização de novas investidas
militares que tomariam Siracusa, região controlada pela Liga do
Peloponeso.
Nesse retorno, os atenienses foram humilhados com uma terrível
derrota, a qual resultou na prisão e escravização de 20 mil soldados
atenienses. Nos anos seguintes, os espartanos venceram a grande parte
dos conflitos que deram continuidade à Guerra do Peloponeso. Em 404
a.C., na região de Egos-Pótamos, o general espartano, Lisandro,
impôs a derrota definitiva aos atenienses. A partir de então, a
hegemonia dos espartanos viria a imperar sobre grande parte das
cidades-Estado gregas.
Após a derrota na batalha de Egos-Pótamos, Atenas foi obrigada a
entregar seus navios, demolir suas fortificações e renunciar ao seu
domínio territorial. Inicia-se o período de tentativa de hegemonia
espartana entre 404 e 393 a.C.. A hegemonia espartana não se
consolida em virtude da oposição liderada por Tebas.
O GOVERNO DOS TRINTA TIRANOS OU TIRANIA DOS
TRINTA: Com a derrota para Esparta, o sistema democrático até então
vigente em Atenas foi substituído por trinta atenienses ligados à
aristocracia, denominados os trinta tiranos. A lista dos nomes dos trinta
tiranos está no livro “Helênicas” de Xenofonte.
A cidade de Tebas, localizada no estreito de Corinto organizou
uma oposição armada contra Esparta sob a liderança dos generais
Epaminondas e Pelópidas e foram vitoriosos na batalha de Leutras,
em 371 a.C.. A partir de então é Tebas quem busca estabelecer uma
hegemonia sobre toda a Grécia, gerando novos conflitos.
As disputas entre as principais cidades-Estado impuseram a
consolidação de um grande desgaste em todo o mundo grego.
Naturalmente, o envolvimento em tantas batalhas acabou promovendo
a ruína econômica de várias cidades outrora consideradas poderosas.
Aproveitando dessa situação, o rei macedônico, Filipe II, promoveu a
organização de um grande exército que conquistou os territórios gregos
ao longo do século IV a.C..
A CULTURA NA GRÉCIA ANTIGA
Os gregos tinham conflitos e diferenças entre si, mas muitos
elementos culturais em comum. Falavam a mesma língua (apesar dos
diferentes dialetos e sotaques) e tinham religião comum, que se
manifestava na crença nos mesmos deuses. Em função disso,
reconheciam-se como helenos (gregos) e chamavam de bárbaros os
estrangeiros que não falavam sua língua e não tinham seus costumes,
ou seja, os povos que não pertenciam ao mundo grego (Hélade).
RELIGIÃO
OS TITÃS: São 12 seres sobrenaturais que, segundo a mitologia,
nasceram no início dos tempos. Eles foram os ancestrais dos futuros
deuses olímpicos (como Zeus, Afrodite, Apolo...) e também dos
próprios mortais. Os titãs nasceram da união entre Urano, que
representava o Céu, e Gaia, que seria a Terra. "Os titãs eram seres
híbridos, nenhum era humano por completo e todos tinham o poder de
se transformar em animais", afirma a historiadora Renata Cardoso
Beleboni, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
especialista em mitologia. O poeta grego Hesíodo, que viveu no século
VII a.C., foi um dos principais autores da Antiguidade a narrar o mito
do surgimento dos titãs, numa obra clássica chamada TEOGONIA.
Esse e outros textos épicos contam que tais seres mitológicos ajudaram
na formação do mundo.
Segundo o mito, no início dos tempos, Urano fazia seguidos filhos
em Gaia, mas, como não se afastava dela, seus descendentes, entre eles
os titãs, permaneciam presos no ventre da mãe. Insatisfeita com a
situação, Gaia incentivou um de seus filhos, o titã chamado Crono, a
decepar os órgãos genitais de Urano, fazendo com que este se afastasse
dela. Essa metáfora mitológica é uma original maneira de explicar a
separação entre o Céu e a Terra, que teria permitido o início da vida.
Mas não foram só as iniciativas heróicas que marcaram os titãs. Após
mutilar e derrotar Urano, Crono reinou e tornou-se um pai terrível para
seus filhos. O poder dele e de outros titãs sobre o mundo só acabou
após eles terem sido derrotados por Zeus, o futuro chefe dos deuses
olímpicos, numa sangrenta guerra chamada TITANOMAQUIA.
O TERRÍVEL CRONO
O mais importante titã, e também o mais jovem, costumava ser
representado com uma foice na mão, com a qual teria mutilado seu pai,
Urano. Crono se uniu a uma de suas irmãs, Réia, com quem teve vários
filhos. Como tinha medo de que os descendentes desafiassem seu poder
sobre o mundo, ele engolia todos os seus filhos. Mas um deles, Zeus,
contou com a ajuda da mãe para escapar desse destino trágico. Após
crescer e se tornar forte, Zeus decidiu resgatar seus irmãos, dando uma
poção para o pai que fez este vomitar todos os filhos engolidos. Com a
ajuda dos irmãos, Zeus derrotou Crono e outros titãs numa grande
batalha e passou a ser o grande chefe de todos os deuses gregos. Crono
e seus aliados foram presos para sempre no TÁRTARO, o mundo
subterrâneo para onde iam os mortos.
Além dos 12 titãs, Urano e Gaia tiveram três filhos chamados
CICLOPES. Eles eram gigantes, com só um olho na face, que lutaram
ao lado de Zeus na guerra contra Crono. Os relâmpagos usados por
Zeus na batalha foram forjados por eles.
PERÍODO HELENÍSTICO (do século IV ao II a.C.)
Foi o período marcado pelo domínio macedônico e pelo contato
entre a cultura helênica (grega) e as culturas orientais.
O Período helenístico normalmente é entendido como um momento
de transição entre o esplendor da cultura grega e o desenvolvimento da
cultura romana. Tal concepção está associada a uma visão eurocêntrica
de cultura e portanto torna secundários os elementos de origem oriental,
persa e egípcia, apesar de ter esses elementos como formadores da
cultura helenística.
O fim do período clássico e o início do período helenístico
As constantes guerras que envolveram as cidades gregas foram
responsáveis por grande mortalidade, gastos e destruição,
enfraquecendo o "mundo grego" e conseqüentemente, facilitando as
invasões estrangeiras. A conquista do território grego pelos macedônios
combinou a decadência grega e a ascensão do Reino de Filipe II. Dois
anos após a vitória contra os gregos, na Batalha de Queronéia em 338
a.C., Filipe II foi assassinado e seu filho, Alexandre III (Alexandre
“o grande”), o sucedeu.
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 Quimeras: mistura de leão e cabra, soltavam fogo pelas ventas.
 Hidra: tinha corpo de dragão e nove cabeças de serpente cujo
hálito era venenoso que podiam se regenerar (algumas versões falam
em sete cabeças e outras em números maiores).
Outro grupo de seres que foi gerado por Urano e Gaia foram os
HECATONQUIROS, seres com 100 braços e 50 cabeças. Os textos
épicos divergem. Em alguns, eles são aliados de Crono; em outros, de
Zeus.
OS DEUSES GREGOS
Quando Cronos tomou o lugar de Urano, tornou-se tão perverso
quanto o pai. Com sua irmã Reia, procriou os primeiros deuses
olímpicos (Héstia, Deméter, Hera, Hades, Poseidon e Zeus), mas logo
os devorou enquanto nasciam, pelo medo de que um deles o
destronasse. Mas Zeus, o filho mais novo, com a ajuda da mãe,
conseguiu escapar e travou uma guerra contra seu pai, cujo vencedor
ganharia o trono dos deuses. Ao final, com a força dos Cíclopes, Zeus
venceu e condenou Cronos e os outros Titãs na prisão do Tártaro,
depois de obrigar o pai a vomitar seus irmãos. Para a mitologia
clássica, depois dessa destituição dos Titãs, um novo panteão de deuses
e deusas surgiu. Entre os principais deuses gregos estavam os
olímpicos- cuja limitação de seu número para doze parece ter sido uma
idéia moderna, e não antiga.
Os deuses residiam no Olimpo abaixo dos olhos de Zeus. Nesta
fase, os olímpicos não eram os únicos deuses que os gregos adoravam:
existiam uma variedade de divindades rupestres, como o deus-cabra Pã,
as ninfas: Náiades (que moravam nas nascentes), Dríades (espíritos
das árvores) e as Nereidas (que habitavam o mar). Sátiros e outras
criaturas fantásticas residiam em florestas, bosques e mares. Além
dessas criaturas, existiam no imaginário grego seres como as Erínias
(ou Fúrias) que habitavam o submundo e cuja função era perseguir os
culpados de homicídio, má conduta familiar, heresia ou perjúrio.
Os deuses gregos, embora poderosos e dignos de homenagem, eram
essencialmente humanos, praticavam violência, tinham ciúme, coléra,
ódio e inveja, ou seja, tinham virtudes e vícios humanos, embora
fossem donos de corpos físicos ideais. Os deuses da Grécia eram como
pessoas, e não abstrações, idéias ou conceitos, independentemente de
suas formas humanas, os deuses gregos tinham muitas habilidades
fantásticas, sendo as mais importantes eram:

ter a condição de ser imúne a doenças, feridas e ao tempo;

ter a capacidade de se tornar invisível;

viajar longas distâncias instantaneamente e falar através de seres
humanos sem estes saberem.

a imortalidade, que era assegurada pela alimentação constante de
ambrosia (era o manjar dos deuses do Olimpo, era tão poderoso
que se um mortal a quem era vetado, a comesse, ganharia a
imortalidade) e pela ingestão de néctar.
O PARAÍSO E O INFERNO NA MITOLOGIA GREGA
Na mitologia grega, os Campos Elíseos é o paraíso, um lugar do
mundo dos mortos governado por Hades, oposto ao Tártaro (lugar de
eterno tormento e sofrimento). Nos Campos Elíseos os homens
virtuosos repousavam dignamente após a morte, rodeados por
paisagens verdes e floridas, dançando e se divertindo. Neste lugar só
entram as almas dos heróis, sacerdotes, poetas e deuses. As pessoas que
residiam nos Campos Elíseos tinham a oportunidade de regressar ao
mundo dos vivos.
Em algumas versões é cercado por um muro gigantesco para
separá-lo do Tártaro. Lá também havia um vale por onde corria o rio
Lete, o rio do esquecimento.
O MITO DE PROMETEU
Prometeu (em grego: "antevisão") é um personagem da mitologia
grega, um titã, filho do também titã Jápeto e de Ásia, também chamada
de Clímene. Seu mito foi mencionado por dois dos principais autores
gregos, Hesíodo e Ésquilo. Pai de Deucalião, foi o titã que criou os
homens, com seu irmão Epimeteu, e que também roubou o fogo dos
deuses para presentear às suas criações.
Segundo Hesíodo foi dado a Prometeu e a seu irmão Epimeteu a
tarefa de criar os homens e todos os animais. Epimeteu encarregou-se
da obra e Prometeu encarregou-se de supervisioná-la. Na obra,
Epimeteu atribuiu a cada animal os dons variados de coragem, força,
rapidez, sagacidade; asas a um, garras outro, uma carapaça protegendo
um terceiro, e assim por diante. Porém, quando chegou a vez do
homem, formou-o do barro. Mas como Epimeteu gastara todos os
recursos nos outros animais, recorreu a seu irmão Prometeu. Este então
roubou o fogo dos deuses e o deu aos homens. Isto assegurou a
superioridade dos homens sobre os outros animais. Todavia o fogo era
exclusivo dos deuses. Como castigo a Prometeu, Zeus ordenou a
Hefesto (Hefesto ou Hefaísto foi um deus da mitologia grega, filho de
Hera e Zeus, conhecido como Vulcano na mitologia romana. Era a
divindade do fogo, dos metais e da metalurgia) que o acorrentasse no
cume do monte Cáucaso, onde todos os dias uma águia (ou corvo)
dilacerava seu fígado que, todos os dias, regenerava-se. Esse castigo
devia durar 30.000 anos.
Prometeu foi libertado do seu sofrimento por Hércules que,
havendo concluído os seus doze trabalhos dedicou-se a aventuras. No
lugar de Prometeu, o centauro Quíron deixou-se acorrentar no Cáucaso,
pois a substituição de Prometeu era uma exigência para assegurar a sua
libertação. A história foi teatralizada pela primeira vez por Ésquilo no
século V a.C. com o título de “Prometeus desmotes” (Prometeu
Agrilhoado/Acorrentado).
O MITO DE PANDORA
Na mitologia grega, Pandora (do grego: "a que tudo dá" ou "a que
possui tudo") foi a primeira mulher, criada por Zeus como punição aos
homens pela ousadia do titã Prometeu em roubar dos céus o segredo do
fogo.
Foi criada por Hefesto e Atena, auxiliados por todos os deuses e
sob as ordens de Zeus. Cada um lhe deu uma qualidade. Recebeu de um
a graça, de outro a beleza, de outros a persuasão, a inteligência, a
paciência, a meiguice, a habilidade na dança e nos trabalhos manuais.
Hermes, porém pôs no seu coração a traição e a mentira. Feita à
semelhança das deusas imortais, Zeus a destinou para a espécie
humana, como punição por terem os homens recebido de Prometeu o
fogo divino. Foi enviada a Epimeteu, a quem Prometeu recomendara
que não recebesse nenhum presente dos deuses. Vendo-lhe a radiante
beleza, Epimeteu esqueceu quanto lhe fora dito pelo irmão e a tomou
como esposa.
Epimeteu tinha em seu poder uma caixa que outrora lhe haviam
dado os deuses, que continha todos os males. Avisou a mulher que não
a abrisse. Pandora não resistiu à curiosidade. Abriu-a e os males
escaparam. Por mais depressa que providenciasse fechá-la, somente
conservou um único bem, a esperança. E dali em diante, foram os
homens afligidos por todos os males.
OS PRINCIPAIS DEUSES GREGOS:
 Zeus - deus de todos os deuses, senhor do Céu.
 Hera - esposa de Zeus era a deusa dos casamentos e da
maternidade.
 Afrodite - deusa do amor, sexo e beleza.
 Poseidon - deus dos mares.
 Hades - deus das almas dos mortos, dos cemitérios e do
subterrâneo.
 Apolo - deus da luz e das obras de artes.
 Artemis - deusa da caça.
 Ares - divindade da guerra.
 Atena - deusa da sabedoria e da serenidade. Protetora da cidade de
Atenas.
 Cronos - deus da agricultura que também simbolizava o tempo.
 Hermes - divindade que representava o comércio e as
comunicações.
 Hefestos - divindade do fogo e do trabalho.
OUTROS SERES MITOLÓGICOS DA GRÉCIA ANTIGA
ERAM:
 Heróis: seres mortais, filhos de deuses com seres humanos.
Exemplos: Herácles ou Hércules e Aquiles.
 Ninfas: seres femininos que habitavam os campos e bosques,
levando alegria e felicidade.
 Sátiros: figura com corpo de homem, chifres e patas de bode.
 Centauros: corpo formado por uma metade de homem e outra de
cavalo.
 Sereias: mulheres com metade do corpo de peixe atraíam os
marinheiros com seus cantos sedutores e irresistíveis.
 Górgonas: mulheres, espécies de monstros, com cabelos de
serpentes. Exemplo: Medusa
ARQUITETURA GREGA
Um dos templos gregos mais conhecidos é a Acrópole de
Atenas, que foi construído no ponto mais alto da cidade, entre os anos
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de 447 a 438 a.C. Além das funções religiosas, o templo era utilizado
também como ponto de observação militar. As colunas deste templo
seguiram o estilo arquitetônico dórico (veja as colunas a seguir).
A arquitetura grega antiga pode ser dividida em três estilos:
1-Dórico: estilo com poucos detalhes, transmitindo uma sensação
de firmeza.
2-Jônico: este estilo transmitia leveza, em função dos desenhos
apresentados, principalmente nas colunas das construções. Outra
característica deste estilo era o uso de base circular.
3-Coríntio: pouco utilizado pelos arquitetos gregos, caracterizavase pelo excesso de detalhes. Os capitéis das colunas eram, geralmente,
decorados com o formato de folhas.
Arcaico
Clássico
Helenístico
TEATRO GREGO
Um dos aspectos mais significativos da cultura grega antiga foi o
teatro. Os gregos o desenvolveram de tal forma que até os dias atuais,
artistas, dramaturgos e demais envolvidos nas artes cênicas sofrem as
suas influências. Diversas peças teatrais criadas na Grécia Antiga são
até hoje encenadas. Tal fato se deve ao caráter universalista e
existencialista dos temas do teatro grego.
Contexto histórico da origem do teatro grego - O teatro grego
surgiu a partir da evolução das artes e cerimônias gregas como, por
exemplo, a festa em homenagem ao deus Dionísio (deus do vinho e das
festas). Nesta festa, os jovens dançavam e cantavam dentro do templo
deste deus, oferecendo-lhe vinho. Com o tempo, esta festa começou a
ganhar certa organização, sendo representada para diversas pessoas.
Aspectos do teatro grego antigo - Durante o período clássico
(século V a.C.) foram estabelecidos os estilos mais conhecidos de
teatro: a tragédia e a comédia. Ésquilo e Sófocles são os dramaturgos
de maior importância desta época. A ação, diversos personagens e
temas cotidianos foram representados nos teatros gregos desta época.
Nesta época clássica foram construídos diversos teatros ao ar livre.
Eram aproveitadas montanhas e colinas de pedra para servirem de
suporte para as arquibancadas. A acústica (propagação do som) era
perfeita, de tal forma que a pessoa sentada na última fileira (parte
superior) podia ouvir tão bem a voz dos atores, quanto quem estivesse
sentado na primeira fileira.
Os atores representavam usando máscaras e túnicas de acordo com
o personagem. Muitas vezes, eram montados cenários bem decorados
para dar maior realismo à encenação. Mulheres não podiam atuar, os
homens representavam os papéis femininos.
Os temas mais representados nas peças teatrais gregas eram:
tragédias relacionadas a fatos cotidianos, problemas emocionais e
psicológicos, lendas e mitos, homenagem aos deuses gregos, fatos
heróicos e críticas humorísticas aos políticos. Os atores, além das
máscaras, utilizam muito os recursos da mímica. Muitas vezes a peça
era acompanhada por músicas reproduzidas por um coral.
Ésquilo é reconhecido frequentemente como o pai da tragédia. e é
o mais antigo dos três trágicos gregos (os outros são Sófocles e
Eurípedes). Aumentou o número de personagens usados nas peças
para permitir conflitos entre eles; anteriormente, os personagens
interagiam apenas com o coro. Apenas sete de um total estimado de
setenta a noventa peças feitas pelo autor sobreviveram à modernidade;
uma destas, Prometeu Acorrentado, é tida hoje em dia como sendo de
autoria de um autor posterior.
Pelo menos uma das obras de Ésquilo foi influenciada pela invasão
persa da Grécia, ocorrida durante sua vida. Sua peça Os Persas
continua sendo uma grande fonte de informação sobre este período da
história grega. A guerra teve tamanha importância para os gregos e para
o próprio Ésquilo que, na ocasião de sua morte, por volta de 456 a.C.,
seu epitáfio celebrava sua participação na vitória grega em Maratona e
não seu sucesso como dramaturgo.
Aristófanes, (447 a.C.-385 a.C.) é considerado o maior
representante da Comédia Antiga. Escreveu mais de quarenta peças,
das quais apenas onze são conhecidas. Conservador, revela hostilidade
às inovações sociais e políticas e aos deuses e homens responsáveis por
elas. Seus heróis defendem o passado de Atenas, os valores
democráticos tradicionais, as virtudes cívicas e a solidariedade social.
Tipos de Capitéis Gregos: Dórico, Jônico e Coríntio
PINTURA GREGA
A pintura grega também foi muito importante nas artes da Grécia
Antiga. Os pintores gregos representavam cenas cotidianas, batalhas,
religião, mitologias e outros aspectos da cultura grega. Os vasos,
geralmente de cor preta, eram muito utilizados neste tipo de
representação artística. Estes artistas também pintavam em paredes,
principalmente de templos e palácios.
ESCULTURA GREGA
A estatuária grega representa altos padrões. Teve como principais
características: o antropomorfismo (esculturas de formas humanas); o
equilíbrio e perfeição das formas; o aspecto de movimento.
No Período Arcaico os gregos começaram a esculpir em
mármores, grandes figuras de homens. Primeiramente aparecem
esculturas simétricas, em rigorosa posição frontal, com o peso do corpo
igualmente distribuído sobre as duas pernas. Esse tipo de estátua é
chamado Kouros (palavra grega: homem jovem).
No Período Clássico passou a procurar movimento nas estátuas,
para isto, se começou a usar o bronze que era mais resistente do que o
mármore, podendo fixar o movimento sem se quebrar. Surge o nu
feminino, pois no período arcaico, as figuras de mulher eram esculpidas
sempre vestidas.
No Período Helenístico podemos observar o crescente
naturalismo: os seres humanos não eram representados apenas de
acordo com a idade e a personalidade, mas também segundo as
emoções e o estado de espírito de um momento. O grande desafio e a
grande conquista da escultura do período helenístico foram a
representação não de uma figura apenas, mas de grupos de figuras que
mantivessem a sugestão de mobilidade e fossem bonitos de todos os
ângulos que pudessem ser observados.
Os principais mestres da escultura clássica grega são:
 Praxíteles, celebrado pela graça das suas esculturas, pela lânguida
pose em “S” (Hermes com Dionísio menino), foi o primeiro artista
que esculpiu o nu feminino.
 Policleto, autor de Doríforo - condutor da lança, criou padrões de
beleza e equilíbrio através do tamanho das estátuas que deveriam
ter sete vezes e meia o tamanho da cabeça.
 Fídias, talvez o mais famoso de todos, autor de Zeus Olímpico, sua
obra-prima, e Atenéia. Realizou toda a decoração em baixosrelevos do templo Partenon: as esculturas dos frontões, métopas e
frisos.
 Lisipo, representava os homens “tal como se vêem” e “não como
são” (verdadeiros retratos). Foi Lisipo que introduziu a proporção
ideal do corpo humano com a medida de oito vezes a cabeças.
 Miron, autor do Discóbolo - homem arremessando o disco.
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Violentamente satírico, critica a pomposidade, a impostura, os
desmandos e a corrupção na sociedade em que viveu.
FILOSOFIA GREGA
A palavra filosofia é de origem grega e significa amor à
sabedoria. Ela surge desde o momento em que o homem começou a
refletir sobre o funcionamento da vida e do universo, buscando uma
solução para as grandes questões da existência humana. Os pensadores,
inseridos num contexto histórico de sua época, buscaram diversos
temas para reflexão. A Grécia Antiga é conhecida como o berço dos
pensadores, sendo que os sophos (sábios em grego) buscaram formular,
no século VI a.C., explicações racionais para tudo aquilo que era
explicado, até então, através da mitologia.
Apesar de reconhecermos a importância de sábios que viveram no
século VI a.C., na China (Confúcio e Lao Tsé), na Índia (o Buda
Sidarta Gautama) e na Pérsia (Zoroastro ou Zaratustra), essas doutrinas
têm uma profunda vinculação com o caráter místico-religioso,
distanciando-se da reflexão racional proposta pela filosofia grega.
“O milagre grego”: No período arcaico surgem os primeiros
filósofos gregos, entre os séculos VII e VI a.C.. A passagem da
mentalidade mítica para o pensamento crítico, racional e filosófico, é
denominada por alguns autores como “milagre grego”. Porém, o
desenvolvimento da filosofia grega não é fruto de um salto do
“milagre” realizado por um povo privilegiado, mas, é a culminação do
processo gestado através dos tempos e que, portanto, tem sua dívida
com o passado mítico.
Algumas novidades do período arcaico ajudam a transformar a
visão que o mito oferecia sobre o mundo e a existência humana. Essas
novidades são a invenção da escrita e da moeda, a lei escrita, a
consolidação das polis, todas elas como condição para o surgimento do
filósofo.
Os Filósofos Pré-Socráticos
Escola de Mileto ou Milesiana: foi a escola de pensamento
iniciada no Século VI a.C. na vila jônia de Mileto, na costa da Anatólia,
e representada, principalmente, pelos filósofos: Tales de Mileto,
Anaximandro e Anaxímenes. Podemos afirmar que foi a primeira
corrente de pensamento, surgida na Grécia Antiga.
Esses pensadores são os fundadores da filosofia no sentido
específico, pois lançaram as bases dos problemas filosóficos discutidos
até hoje no Ocidente: a verdade, a totalidade, a ética e a política. Os
filósofos desta Escola explicavam o mundo como resultante do
desenvolvimento cíclico de uma natureza comum a tudo o que existe.
Acreditavam na existência de um princípio, um elemento que é a
origem de tudo o que existe. Esse elemento é chamado de arché (seria
um princípio que deveria estar presente em todos os momentos da
existência de todas as coisas; no início, no desenvolvimento e no fim de
tudo. Princípio pelo qual tudo vem a ser).
Tales era considerado "o pai da filosofia" por ser o primeiro
importante pensador grego. Tales queria descobrir um elemento fisico
que fosse constante em todas as coisas, algo que fosse o princípio
unificador de todos os seres. Tales concluiu que a água é a substância
primordial, a origem única de todas as coisas, para ele somente a água
permanece basicamente a mesma, em todas as transformações dos
corpos, apesar de assumir diferentes estados como: sólido, líquido e
gasoso. O elemento primordial de todas as coisas segundo
Anaximandro era o "apeiron" ("Apeiron" significa o "indeterminado"
ou "ilimitado", sendo sua origem grega, pode ser entendido, também,
como o "devir" ou vir a ser). Já para Anaxímenes o elemento
primordial era a "pneuma" (ar). Xenófanes elege a "terra" enquanto
cumpridora deste papel e Heráclito, considerava o fogo. Advém dessas
concepções a idéia de que a matéria é composta pelos quatro elementos
(Água, terra, fogo e ar).
Escola Pitagórica: recebe o nome do fundador, Pitágoras. Outros
pensadores importantes dessa escola: Filolau, Arquitas, Alcmeón; a
matemática Theano, que foi, possivelmente, casada com Pitágoras.
Esses pensadores manifestam ao mesmo tempo tendências místicoreligiosas e tendências científico-racionais.
A escola teve como ponto de partida a cidade de Crotona, sul da
Itália, e difundiu-se vastamente. Trata-se da escola filosófica grega
mais influenciada exteriormente pelas religiões orientais, e que por isso
mais se aproximou das filosofias dogmáticas regidas pela idéia de
autoridade. O pitagorismo influenciou o futuro platonismo, o
cristianismo e ainda foi invocado por sociedades secretas que
atravessaram o tempo até alcançarem os dias de hoje. O símbolo da
Escola Pitagórica era o pentagrama, uma estrela de cinco pontas.
Pitagoras ficou conhecido também como o "filósofo feminista", visto
que na escola havia muitas mulheres discípulas e mestres, tais como
Theano.
Suas instruções aos seguidores eram formuladas em duas grandes
divisões: a ciência dos números e a teoria da grandeza. A ciência dos
números incluía dois ramos: a aritmética e a harmonia musical. A
teoria da grandeza era subdividida também em dois ramos: da
grandeza em repouso - a geometria; da grandeza em movimento - a
astronomia. As mais notáveis peculiaridades das suas doutrinas
estavam relacionadas com as concepções matemáticas, as idéias
numéricas e simbolizações sobre as quais se apoiava a sua filosofia.
Supunha que os princípios que governavam os Números eram os
princípios de todas as Existências Reais. Dessa forma, como os
Números são os componentes primários das Grandezas Matemáticas
e, ao mesmo tempo, apresentaram muitas analogias com várias
realidades, deduzia-se que os elementos dos Números eram os
elementos das Realidades.
Heráclito (da Escola Jônia) x Parmênides (Escola Eliática):
Heráclito procura explicar o mundo pelo desenvolvimento de uma
natureza comum a todas as coisas e em eterno movimento. Ele afirma a
estrutura contraditória e dinâmica do real. Para ele, tudo está em
constante modificação. Daí sua frase "Não nos banhamos duas vezes no
mesmo rio", já que nem o rio nem quem nele se banha são os mesmos
em dois momentos diferentes da existência. Parmênides, ao contrário,
diz que o ser é unidade e imobilidade e que a mutação não passa de
aparência. Para Parmênides, o ser é ainda completo, eterno e perfeito.
Os Atomistas e o Atomismo: foi a doutrina filosófica que
considerava toda a realidade como matéria constituída por uma
combinação fortuita de partículas indivisíveis, chamadas átomos. O
atomismo surge na antiga Grécia com Leucipo e Demócrito.
Esta teoria atômica (átomo vem de "atomon" = indivisível) foi
iniciada por Leucipo em meados do sec.V e foi desenvolvida mais tarde
por Demócrito, cerca de 30 anos depois. Estes dois filósofos eram
naturais da Ásia Menor. Leucipo foi um dos fundadores da Escola de
Eléia. A idéia do atomismo teria surgido como reação às idéias de
Parmênides.
Período Socrático
Os séculos V e IV a.C. (período clássico) na Grécia Antiga foram
de grande desenvolvimento cultural e científico. O esplendor de
cidades como Atenas, e seu sistema político democrático, proporcionou
o terreno propício para o desenvolvimento do pensamento. É a época
dos sofistas e do grande pensador Sócrates.
Os Sofistas: foram os primeiros filósofos do período socrático. Os
sofistas se opunham à filosofia pré-socrática dizendo que estes
ensinavam coisas contraditórias e repletas de erros que não
apresentavam utilidade para as polis. Dessa forma, substituíram a
natureza que antes era o principal objeto de reflexão pela arte da
persuasão e tendo o ser - humano como eixo principal de análise
(caráter antropocêntrico).
Dentre os sofistas, pode-se destacar: Protágoras, Górgias, Hípias,
Isócrates, Pródico, Crítias, Antifonte e Trasímaco, sendo que destes,
Protágoras, Górgias e Isócrates foram os mais importantes. Estes,
assim como os outros sofistas, prezavam pelo desenvolvimento do
espírito crítico e pela capacidade de expressão. Uma conseqüência
importante que se fez pelos sofistas foi a abertura da filosofia para
todas as pessoas das polis que antes era somente uma seita intelectual
fechada formada apenas por aristocratas. Protágoras difundiu a frase:
“O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são,
enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são”. Por meio
dela e de outras, foi acusado de ateísta tendo seus livros queimados em
praça pública, o que o fez fugir de Atenas e refugiar-se na Sicília.
Os sofistas, entre eles Górgias e Leontinos, defendiam uma
educação, cujo objetivo máximo seria a formação de um cidadão pleno,
preparado para atuar politicamente para o crescimento da cidade. Os
sofistas cobravam por seus ensinamentos. Dentro desta proposta
pedagógica, os jovens deveriam ser preparados para falar bem
(retórica), pensar e manifestar suas qualidades artísticas. Defendiam a
DEMOCRACIA.
Afirma-se que Sócrates teria se rebelado contra os sofistas dizendo
que desrespeitavam a verdade e o amor pela sabedoria e de que eram
contraditórios ao afirmarem que não havia verdade absoluta. Os
sofistas criaram no meio filosófico o relativismo e o subjetivismo.
Os Filósofos Socráticos
Nascido em Atenas, Sócrates (469 - 399 a.C.) é tradicionalmente
considerado e um marco divisório da história da filosofia grega. Por
isso, os filósofos que o antecederam são chamados de pré-socráticos e
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os que o sucederam, de pós-socráticos. O próprio Sócrates, porém, não
deixou nada escrito, e o que se sabe dele e de seu pensamento vem dos
textos de seus discípulos e de seus adversários. Conta-se que Sócrates
era filho de uma parteira.
O estilo de vida de Sócrates assemelhava-se, exteriormente, ao dos
sofistas, embora não "vendesse" seus ensinamentos. Desenvolvia o
saber filosófico em praças públicas, conversando com os jovens,
sempre dando demonstrações de que era preciso unir a vida concreta ao
pensamento. Unir o saber ao fazer, a consciência intelectual à
consciência prática ou moral. Tanto quanto os sofistas, Sócrates
abandonou a preocupação dos filósofos pré-socráticos em explicar a
natureza e se concentrou na problemática do homem. No entanto,
contrariamente aos sofistas, Sócrates opunha-se, por exemplo, ao
relativismo em relação à questão da moralidade e ao uso da retórica
para atingir interesses particulares. Embora tenha sido, em sua época,
confundido com os sofistas, Sócrates travou uma polêmica profunda
com estes, pois procurava um fundamento último para as interrogações
humanas (O que é o bem? O que é a virtude? O que é a justiça?),
enquanto os sofistas situavam as suas reflexões a partir dos dados
empíricos, o sensório imediato, sem se preocupar com a investigação
de uma essência da virtude, da justiça, do bem etc., a partir da qual a
própria realidade empírica pudesse ser avaliada.
A pergunta essencial que Sócrates tentava responder era: o que é a
essência do homem? Ele respondia dizendo que o homem é a sua alma,
entendendo-se "alma", aqui, como a sede da razão, o nosso eu
consciente, que inclui a consciência intelectual e a consciência moral, e
que, portanto, distingue o ser humano de todos os outros seres da
natureza. Por isso, autoconhecimento era um dos pontos fundamentais
da filosofia socrática. "Conhece-te a ti mesmo", frase inscrita no
Oráculo de Delfos, era a recomendação básica feita por Sócrates a seus
discípulos. Sua filosofia era desenvolvida mediante diálogos críticos
com seus interlocutores. Esses diálogos podem ser divididos em dois
momentos básicos: a IRONIA e a MAIÊUTICA.
A IRONIA: na linguagem cotidiana, a ironia tem um significado
depreciativo, sarcástico ou de zombaria. Mas não é esse o sentido da
ironia socrática. No grego, ironia quer dizer "interrogação". De fato,
Sócrates interrogava seus interlocutores sobre aquilo que pensavam
saber. O que é o bem? O que é a justiça? E a coragem? E a piedade?
São exemplos de algumas perguntas feitas por ele. No decorrer do
diálogo, atacava de modo implacável as respostas de seus
interlocutores. Com habilidade de raciocínio, procurava evidenciar as
contradições afirmadas, os novos problemas que surgiam a cada
resposta. Seu objetivo inicial era demolir, nos discípulos, o orgulho, a
arrogância e a presunção do saber. A primeira virtude do sábio é
adquirir consciência da própria ignorância. "Sei que nada sei", dizia
Sócrates. A ironia socrática tinha um caráter purificador porque levava
os discípulos a confessarem suas próprias contradições e ignorâncias,
onde antes só julgavam possuir certezas e clarividências. Nesta fase do
diálogo, a intenção fundamental de Sócrates não era propriamente
destruir o conteúdo das respostas dadas pelos interlocutores, mas fazêlos tomar consciência profunda de suas próprias respostas, das
consequências que poderiam ser tiradas de suas reflexões, muitas vezes
repletas de conceitos vagos e imprecisos.
A MAIÊUTICA: libertos do orgulho e da pretensão de que tudo
sabiam, os discípulos podiam então iniciar o caminho da reconstrução
de suas próprias idéias. Novamente, Sócrates lhes propunha uma série
de questões habilmente colocadas. Nesta segunda fase do diálogo, o
objetivo de Sócrates era ajudar seus discípulos a conceberem suas
próprias idéias. Assim, transportava para o campo da filosofia o
exemplo de sua mãe, Fenareta, que, sendo parteira, ajudava a trazer
crianças ao mundo. Por isso, essa fase do diálogo socrático, destinada à
concepção de idéias, era chamada de maiêutica, termo grego que
significa "arte de trazer à luz".
UM CORRUPTOR DA JUVENTUDE? Sócrates não dava
importância à posição socioeconômica de seus discípulos. Dialogava
com ricos e pobres, cidadãos e escravos. O que importava eram as
condições interiores, psicológicas de cada pessoa, pois essas condições
eram indispensáveis ao processo de autoconhecimento.
Para a democracia ateniense, da qual não participava a maioria da
população, composta de escravos, estrangeiros e mulheres, Sócrates foi
considerado subversivo. Representava uma ameaça social, na medida
em que desrespeitava a ordem vigente e dirigia suas atenções para as
pessoas sem fazer distinções de classe ou posição social. Interessado
tão-somente na prática da virtude e na busca da verdade contrariava os
valores dogmáticos da sociedade ateniense. Por isso, recebeu a
acusação de ser injusto com os deuses da cidade e de corromper a
juventude. No final do processo, por se recusar a negar suas idéias, foi
condenado a beber cicuta (veneno extraído de uma planta do mesmo
nome).
Sócrates buscou pensar e refletir sobre o homem, buscando
entender o funcionamento do Universo dentro de uma concepção
crítica. Para ele, a verdade está ligada ao bem moral do ser humano. Ele
não deixou textos ou outros documentos, desta forma, só podemos
conhecer as idéias de Sócrates através dos relatos deixados por seu
discípulo Platão.
Platão: cujo verdadeiro nome era Aristócles, nasceu em Atenas,
provavelmente em 427 a.C. e morreu em 347 a.C.. Em linhas gerais,
Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato
permanente com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A
primeira é a realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são todas
as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades dependentes,
mutáveis e são imagens das realidades inteligíveis.
Platão foi discípulo de Sócrates e defendia que as idéias formavam
o foco do conhecimento intelectual. Os pensadores teriam a função de
entender o mundo da realidade, separando-o das aparências.
Platão não deixou uma obra filosófica sistemática, organizada de
forma lógica e abstrata. As obras de Platão foram escritas em forma de
diálogo, em que diferentes personagens discutem acerca de um
determinado tema. Aliás, o diálogo não é apenas a forma como o
filósofo se expressa, mas também o cerne de seu método filosófico de
descoberta da verdade. Para Platão, o conhecimento é resultado do
convívio entre homens que discutem de forma livre e cordial.
Aristóteles 384 a.C. - 322 a.C.: desenvolveu os estudos de Platão e
Sócrates. Foi Aristóteles quem desenvolveu a lógica dedutiva clássica,
como forma de chegar ao conhecimento científico. A sistematização e
os métodos devem ser desenvolvidos para se chegar ao conhecimento
pretendido, partindo sempre dos conceitos gerais para os específicos.
Foi discipulo de Platão e professor de Alexandre, o Grande,
considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos.
Aristóteles prestou contribuições fundantes em diversas áreas do
conhecimento humano, destacando-se: ética, política, física, metafísica,
lógica, psicologia, poesia, retórica, zoologia, biologia, história natural.
Para Aristóteles, a Lógica é um instrumento, uma introdução para
as ciências e para o conhecimento e baseia-se no silogismo, o
raciocínio formalmente estruturado que supõe certas premissas
colocadas previamente para que haja uma conclusão necessária. O
silogismo é dedutivo, parte do universal para o particular; a indução,
ao contrário, parte do particular para o universal. Dessa forma, se forem
verdadeiras as premissas, a conclusão, logicamente, também será.
Período Pós-Socrático
Esta época vai do final do período clássico (320 a.C.) até o começo
da Era Cristã, em um contexto histórico que representa o final da
hegemonia política e militar da Grécia marcada pelo domínio
macedônico. É o período da filosofia helenística. Podemos destacar:
CETICISMO: de acordo com os pensadores céticos, a dúvida deve
estar sempre presente, pois o ser humano não consegue conhecer nada
de forma exata e segura. Seu principal representante foi Pirro.
EPICURISMO: os epicuristas, seguidores do pensador Epicuro,
defendiam que o bem era originário da prática da virtude. O corpo e a
alma não deveriam sofrer para, desta forma, chegar-se ao prazer.
Epicuro de Samos, filósofo do século IV a.C., foi seguido por
outros filósofos, chamados epicuristas. Epicuro acreditava que o maior
bem era a procura de prazeres moderados de forma a atingir um estado
de tranquilidade (ATARAXIA) e de libertação do medo, assim como a
ausência de sofrimento corporal (APONIA) através do conhecimento
do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos. A combinação
desses dois estados constituiria a felicidade na sua forma mais elevada.
Embora o epicurismo seja doutrina muitas vezes confundida com o
HEDONISMO (distorção do epicurismo que declara o prazer como o
único valor intrínseco), a sua concepção da ausência de dor como o
maior prazer e a sua apologia da vida simples tornam-no diferente do
que vulgarmente se chama “hedonismo”.
A finalidade da filosofia de Epicuro não era teórica, mas sim
prática. Buscava, sobretudo, encontrar a tranquilidade necessária para
uma vida feliz e aprazível, na qual os temores perante o destino, os
deuses ou a morte estavam definitivamente eliminados. Para isso
fundamentava-se em uma teoria do conhecimento empirista, em uma
física atomista e na ética.
ESTOICISMO: os sábios estóicos como, por exemplo, Zenon de
Citium (334-262 a.C), defendia a razão como elemento fundamental.
14
Os fenômenos exteriores a vida deviam ser deixados de lado, como a
emoção, o prazer e o sofrimento. A verdade só seria alcançada por
meio da virtude, do rigor e da disciplina. No pensamento dos estóicos,
o fim supremo, o único bem do homem, não é o prazer, a felicidade,
mas a virtude; que não é concebida como necessária condição para
alcançar a felicidade, e sim como sendo ela própria um bem imediato.
Com o desenvolvimento do estoicismo, todavia, a virtude acaba por se
tornar meio para a felicidade da tranqüilidade, da serenidade, que nasce
da virtude negativa da apatia, da indiferença universal. A felicidade do
homem virtuoso é a libertação de toda perturbação, a tranqüilidade da
alma, a independência interior, a autarquia.
Como o bem absoluto e único é a virtude, assim o mal único e
absoluto é o vício. E não tanto pelo dano que pode acarretar ao vicioso,
quanto pela sua irracionalidade e desordem intrínseca, ainda que se
acabe por repudiá-lo como perturbador da indiferença, da serenidade,
da autarquia do sábio. Tudo aquilo que não é virtude nem vício, não é
nem bem nem mal, mas apenas indiferença; pode tornar-se bem se for
unido com a virtude, mal se for ligado ao vício; há o vício quando à
indiferença se ajunta a paixão, isto é, uma emoção, uma tendência
irracional, como geralmente acontece.
A paixão, na filosofia estóica, é sempre e substancialmente má;
pois é movimento irracional, morbo (mal, doença) e vício da alma quer se trate de ódio, quer se trate de piedade. De tal forma, a única
atitude do sábio estóico deve ser o aniquilamento da paixão, até a
apatia. O ideal ético estóico não é o domínio racional da paixão, mas a
sua destruição total, para dar lugar unicamente à razão: maravilhoso
ideal de homem sem paixão, que anda como um deus entre os homens.
Daí a guerra justificada do estoicismo contra o sentimento, a emoção, a
paixão, donde derivam o desejo, o vício, a dor, que devem ser
aniquilados.
A virtude estóica é, no fundo, a indiferença e a renúncia a todos os
bens do mundo que não dependem de nós, e cujo curso é fatalmente
determinado. Por conseguinte, o pensamento, a sabedoria, a virtude,
constituem os únicos bens verdadeiros. Assim sendo, prega a
indiferença e a renúncia: à vida e à morte, à saúde e à doença, ao
repouso e à fadiga, à riqueza e à pobreza, às honras e à obscuridade,
numa palavra, ao prazer e ao sofrimento - pois o prazer é julgado
insana vaidade da alma.
O estoicismo floresceu na Grécia com Cleantes de Assos e Crisipo
de Solis, sendo levada a Roma no ano 155 a.C. por Diógenes de
Babilônia. Ali seus continuadores foram Marco Aurélio, Séneca,
Epiteto e Lucano.
a) Estabeleça relações entre o modelo político vigente na Atenas
clássica e a importância assumida pelo teatro e pela oratória
nesse período.
b) Aponte características do período helenístico que o diferenciam
da Atenas clássica.
RESPOSTAS
1. Enquanto as sociedades orientais caracterizavam – se pela servidão
coletiva da população a um Estado controlador e supremo, o que fazia
do despotismo governamental e dos privilégios burocráticos a base
central de suas civilizações, as sociedades clássicas fundaram-se no
escravismo, na existência da propriedade privada de uma elite que
controlava o Estado.
2. Pela pobreza do solo balcânico, com seu relevo acidentado, e pela
costa recortada e cheia de ilhas, a Hélade limitou o desenvolvimento
agrícola e dificultou a integração de suas cidades, estimulando o
desenvolvimento marítimo comercial.
3. As polis, cidades-estados gregas, nasceram com a desintegração da
vida gentílica. Os eupátridas, apropriando-se das melhores e maiores
terras, uniram-se em fratrias, tribos e demos, criando centros político –
administrativos, as polis, as quais controlavam.
4. Os espartanos (descendentes dos dórios) mantinham seu domínio
sobre os hilotas e periecos graças à força e à repressão, fundadas num
eficiente sistema educacional voltado para o aprendizado militar, que
visava fundamentalmente
5. (Resposta pessoal – o objetivo é que você realize uma reflexão
histórica)
6. A primeira parte da reposta você devera favorecer a reflexão sobre
um regime político onde a maioria da população é cidadã, isto é, com
seus direitos respeitados e interesses representados (democracia
moderna). É um gancho para a resposta da parte final, onde a
democracia ateniense era restrita aos cidadãos, uma minoria da
população, excluindo as mulheres, os estrangeiros, os escravos e os
considerados em idade inadequada.
7. As Guerras Médicas tiveram início com o choque expansionista
persa sobre áreas de domínio grego na Ásia Menor. A sua principal
conseqüência foi a ascensão de Atenas como principal potência
político-econômica da Grécia.
8. As diversas batalhas que marcaram a Guerra do Peloponeso
esgotaram o mundo grego, além de destruir a democracia ateniense. O
resultado foi a invasão e a conquista macedônica sobre o mundo grego
e o início do período helenístico.
9. a) O modelo político vigente em Atenas no período clássico era a
democracia, surgida no século VI a.C.. Ao contrário da democracia
atual, a democracia ateniense se pautava na participação direta dos
cidadãos, ou seja, apenas os homens adultos filhos de pais e mães
atenienses (a minoria da população) tinham direito a voto nas decisões
legislativas e judiciárias da cidade. Reunidos em praça pública (ágora),
os cidadãos ouviam os demagogos que discorriam sobre assuntos que
deveriam ser votados. Assim, a oratória era fundamental para o
convencimento dos cidadãos no debate de questões importantes
referentes à cidade. Como aponta o texto, a civilização grega se
caracterizava por sua oralidade, que também se manifestava no teatro.
Nos palcos, os dilemas humanos, as situações cotidianas, as sátiras aos
acontecimentos e os comportamentos dos homens eram apresentados e
permitiam aos atenienses exercitar sua capacidade de reflexão.
Capacidade esta fundamental na tomada de decisões nas Assembléias.
9. b) Entre as características que poderiam ser citadas na diferenciação
entre o período helenístico ao período clássico de Atenas, estão:
- A formação política de um vasto império que centralizou todas as
cidades-estados, que anteriormente eram autônomas, sob controle de
um soberano.
- No plano cultural, a fusão de elementos orientais na cultura e nas artes
gregas, sobretudo na arquitetura, uma vez que o império macedônico se
expandiu por várias regiões da Ásia (Império Persa, Ásia Central, Vale
do Indo) tendo contato com culturas muito diferentes da grega.
- Ainda devido à expansão do Império Macedônico, elementos das
religiões orientais também foram absorvidos pela religião helenística,
diferenciando-a da religião grega do período clássico.
- A ampliação do uso da escrita na esfera política a partir da influência
de modelos burocráticos do Oriente (por exemplo, Mesopotâmia e
Egito), diferenciando-se da oralidade presente na democracia em
Atenas no período clássico.
EXERCÍCIOS
01. Quais as principais diferenças entre as sociedades oriental e clássica
na Antiguidade?
02. De que maneira as características geográficas da Grécia interferem
no seu desenvolvimento histórico?
03. Como surgiram as polis?
04. De que forma o grupo dirigente de Esparta mantinha seu domínio
sobre a população?
05. Em sua opinião, a tirania que se estabeleceu em Atenas foi
prejudicial à cidade? Por quê?
06. O que é uma democracia? Explique seu funcionamento em Atenas.
07. O que motivou as Guerras Médicas e qual foi sua principal
conseqüência?
08. Quais os principais efeitos da Guerra do Peloponeso sobre a vida
grega?
09. Leia o texto e responda às questões.
“Nada é mais na vida cotidiana da coletividade do que a
oratória, que partilha com o teatro a característica de ser a
manifestação cultural mais popular e mais praticada na
Atenas clássica. A civilização da Atenas clássica é uma
civilização do debate. As reações dos atenienses na
Assembléia eram influenciadas por sua experiência como
público do teatro e vice-versa. Trata-se de uma civilização
substancialmente oral. O grego era educado para escutar. O
caminho de Sócrates a Aristóteles ilustra perfeitamente o
percurso da cultura grega da oralidade à civilização da
escrita, que corresponde, no plano político e social, à
passagem da cidade-estado ao ecumenismo helenístico.”
(Adaptado de Agostino Masarachia, “La prosa greca del V e del IV secolo a.C.”
In: Giovanni D.Anna (org.). Storia della letteratura greca. Roma: Tascabile
Economici Newton, 1995, p. 52-54)
15
(01) Da democracia ateniense, participavam com plenos direitos
políticos apenas os "cidadãos".
(02) Havia um grande número de indivíduos que não eram
considerados "cidadãos" e, por conseguinte, não tinham os
mesmos direitos que eles.
(04) Democracia significa poder do povo.
(08) Os escravos, recrutados entre populações livres endividadas
ou tomados como presas de guerra, não gozavam de direitos
políticos.
(16) Os escravos gregos conseguiram melhores condições de vida
após promoverem constantes revoltas, em particular aquela
liderada por Crixus, Oenomaus e Spartacus em 73-71 a.C.
(32) Mulheres e estrangeiros participavam da democracia Grega.
QUESTÕES OBJETIVAS
01. A civilização grega exerceu uma profunda influência cultural na
história do Ocidente. Diante disso é correto afirmar:
(01) O teatro grego, com tragédias e comédias, abordando
conflitos da condição humana, influenciou fortemente a arte
contemporânea.
(02) A religião monoteísta grega constituiu a base da crença cristã,
assim como a valorização de elementos da natureza e do
humanismo.
(04) A filosofia desenvolvida peloa gregos buscava a compreensão
do mundo e do homem visando a elaboração de um saber
racional e autônomo.
(08) Os Jogos Olímpicos podem ser associados à mitologia
porque a homenagem a Zeus era mais importante que as
guerras e por isso decretava-se um período de trégua.
(16) O mito de Édipo revela a importância do oráculo para os
gregos. O oráculo era consultado através da
pitonisa(sacerdotisa) que transmitiria o conselho dos deuses,
prevendo o futuro.
”Xerxes não enviou arautos a Atenas e a Esparta para
exigir a submissão dessas cidades. Dario os tinha enviado
anteriormente com esse fim, mas os atenienses os haviam
lançado no Báratro, enquanto que os lacedemônios
atiraram‐nos num poço, dizendo‐lhes que dali tirassem terra e
água para levarem ao rei. Espértias e Bulis, ambos
espartanos de alta linhagem, ofereceram‐se para sofrer o
castigo que Xerxes, filho de Dario, quisesse impor‐lhes pela
morte dos arautos enviados a Esparta. [...] Partindo para
Susa, foram ter à casa de Hidames, persa de nascimento e
governador da costa marítima da Ásia. [...] Depois de
convidá‐los a participar da sua mesa, assim lhes falou:
‘Lacedemônios, por que recusais de tal forma a amizade que o
nosso soberano vos oferece? Podeis ver, pela situação
privilegiada que desfruto, que ele sabe premiar o mérito; e
como tem em alta conta vossa coragem, estou certo que daria
também, a cada um de vós, um governo na Grécia, se
quisésseis reconhecê‐lo como soberano’. ‘Senhor –
responderam os jovens – sabeis ser escravo, mas nunca
experimentastes da liberdade, ignorando, por conseguinte, as
suas doçuras. Se já a tivésseis algum dia conhecido,
estimular‐ nos‐íeis a lutar por ela, não somente com lanças,
mas até com machados’.”
[ ... ] "Polis" é a palavra grega que traduzimos por
"cidade-estado". É uma tradução, porque a polis normal não
se assemelhava muito a uma cidade e era muito mais que do
que um Estado. Mas a tradução, como a política, é a arte do
possível [ ... ].
(KITTO, 1980, p. 107).
02. Sobre a "polis" grega, assinale o que for correto.
(01) A Democracia, invenção grega, possibilitou, desde a época
arcaica, uma tendência à participação equânime da população
na propriedade da terra, superando as barreiras de riqueza e
de sangue.
(02) As primeiras poleis, ao que parece, teriam surgido na Grécia
asiática, local de chegada de jônios e eólios expulsos pelos
invasores dórios e que, mediante um processo de sinecismo
topográfico e político, formaram cidadelas com governos
próprios.
(04) As cidades formavam um conjunto de estados autônomos,
que podiam se opor entre si, ou estabelecer alianças e
coligações, mas nunca chegaram a submeter-se a um único
governo.
(08) Os poemas, como a "Ilíada" e a "Odisséia", que revelam
detalhes do período Homérico, deram aos gregos o
sentimento de que, a despeito das suas divergências, faziam
parte de um conjunto.
(16) A Guerra do Peloponeso, embora tivesse causado algumas
fraturas entre espartanos e atenienses, serviu para garantir a
hegemonia grega no Mediterrâneo.
(HERÓDOTO. História. São Paulo: Tecnoprint, s/d)
05. (UFPR-2008) Com base no texto de Heródoto e nos conhecimentos
sobre o conflito entre gregos e persas na Antiguidade, considere as
afirmativas a seguir:
1. A narrativa de Heródoto concebe o tempo como cíclico, uma vez
que, para ele, o conhecimento da história permite a correção
dos erros do passado.
2. Em seu texto, Heródoto atribui às Guerras Greco‐Pérsicas o
significado de um conflito entre homens livres e escravos.
3. Heródoto demonstra, por meio da sua narrativa, que a
inviolabilidade dos arautos, fundada no direito das gentes, era
um costume político compartilhado por gregos e persas.
4. As atitudes dos atenienses e espartanos, narradas no texto de
Heródoto, revelam por que os persas chamavam os gregos de
“os bárbaros da Antiguidade Clássica”.
03. Sobre as cidades-Estado da Grécia, na Antiguidade Clássica,
assinale o que for correto.
(01) Em Atenas, o surgimento da democracia e do direito
universal ao voto pôs fim à milenar escravidão, que foi
reestabelecida com a ascensão ao poder de Alexandre, o
Grande.
(02) Embora a democracia tenha sido um ideal cultivado em todas
as cidades-Estado, seu berço principal foi Esparta.
(04) O teatro grego era constituído, fundamentalmente, pelas
tragédias e pelas comédias. Nas tragédias, os gregos
discutiam os problemas humanos, tais como as paixões e a
justiça. As comédias satirizavam os costumes, o
comportamento humano e a própria sociedade.
(08) A religião grega era politeísta e antropomórfica, sendo
composta de vários deuses que se assemelhavam aos homens,
pois possuíam características físicas e psíquicas iguais às
humanas.
(16) Buscando respostas para as questões de sua época, os
filósofos gregos destruíram crenças e mitos e construíram
teorias explicativas sobre os fenômenos humanos e da
natureza.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
06. (Fuvest-SP) Quando, a partir do final do último século a..C, Roma
conquistou o Egito e áreas da Mesopotâmia, encontrou nesses
territórios uma forte presença de elementos gregos. Isto foi devido:
a) Ao recrutamento de soldados gregos pelos monarcas persas e
egípcios.
b) À colonização grega, semelhante à realizada na Sicília e Magna
Grécia.
c) À expansão comercial egípcia no Mediterrâneo.
d) À dominação persa na Grécia durante o reinado de Dario.
e) Ao helenismo, resultante das conquistas de Alexandre, o
Grande.
04. A Civilização Ocidental tem na Grécia Antiga uma de suas fontes
mais ricas. Um dos seus legados mais expressivos foi o termo e a
noção de DEMOCRACIA. A respeito da prática da democracia
entre os gregos da antiguidade, é CORRETO afirmar:
16
07. Considerando a Grécia Antiga, podemos dizer que os gregos
constituíram uma cultura, mas não um Estado. Isto se deve ao fato de:
a) Possuírem a mesma língua e hábitos idênticos, cultuarem os
mesmos deuses e preservarem a monarquia como forma de
governo.
b) Apesar de falarem a mesma língua e adorarem os mesmos
deuses, algumas cidades dedicavam-se ao militarismo enquanto
outras se preocupavam com o intelecto, caracterizando a
autonomia das cidades-estado.
c) Seu governo oscilar entre o militarismo ateniense e a
democracia espartana.
d) O governo ter sido direto e não representativo.
e) Sua cultura ter se desenvolvido na Antiguidade.
e) a concentração do comércio do mar Egeu em Atenas.
GABARITO
1-(01, 04, 08, 16); 2-(04,16); 3-(04, 08, 16); 4-(01, 02, 04, 08); 5- C; 6E; 7- B; 8- B;
9- B; 10- D
08. (UEM-2006) Sobre a história da Grécia antiga e sobre as
contribuições da cultura grega para a chamada civilização
Ocidental, assinale a alternativa correta.
a) Uma das principais contribuições dos gregos antigos para a
cultura Ocidental foi a religião monoteísta.
b) Em muitas línguas modernas, o termo draconiano remete às
idéias de severidade e rigor na elaboração e na aplicação de
leis. O vocábulo deriva de Dracon, um político ateniense do
século VII a.C. que se celebrizou como legislador, registrando,
por escrito, duras leis que, até então, baseavam-se na tradição
oral.
c) O adjetivo espartano é mais um indício da influência da Grécia
antiga na cultura ocidental. Em uma de suas acepções, o
vocábulo remete à idéia de uma vida desregrada, luxuosa, que
valoriza o ócio e devota desprezo aos exercícios físicos e às
artes marciais, em alusão ao estilo de vida licencioso dos
habitantes de Esparta, um dos centros da cultura grega da
antiguidade.
d) Aristóteles (384-322 a.C.) é considerado um dos precursores da
ideologia comunista por ter defendido, em seu livro A
República, a possibilidade de se organizar uma sociedade sem
diferenças de classe.
e) A filosofia estóica, fundada por Zenão, sustentava que a
felicidade humana consistia na busca e na obtenção do prazer.
“Os instrumentos são de vários tipos; alguns são vivos,
outros inanimados; o capitão de um navio usa um leme sem
vida, mas um homem vivo como observador; pois o
trabalhador num ofício é, do ponto de vista do ofício, um de
seus instrumentos. Assim, qualquer parte da propriedade pode
ser considerada um instrumento destinado a tornar o homem
capaz de viver; e sua propriedade é a reunião desse
tipo de instrumentos, incluindo os escravos; e um escravo,
sendo uma criatura viva, como qualquer outro servo, é uma
ferramenta equivalente às outras. Ele é em si uma ferramenta
para manejar ferramentas.”
(Aristóteles (século IV a.C.). Política)
09. (UFSC) A escravidão era comum na Grécia Antiga. Em Atenas,
Corinto e Mileto, quase toda a vida econômica dependia do
trabalho escravo. Era freqüente encontrar o escravo trabalhando na
agricultura, nas oficinas de artesanato, em serviços domésticos e
nas minas. O modo como os gregos encaravam a escravidão ficou
registrado em textos de filósofos da época, como o de Aristóteles,
do qual podemos depreender que o escravo era visto como um
a) ser vivo e humano, antes de tudo.
b) instrumento de trabalho vivo e uma propriedade.
c) cidadão com direitos, por ser uma criatura viva.
d) servo para qualquer trabalho, que não podia ser vendido.
e) trabalhador assalariado, explorado como ferramenta viva de
trabalho.
10. (PUCRS-2008) No século V aC., com o final das Guerras Médicas,
estabeleceu-se um período de hegemonia de Atenas sobre o mundo
grego, em contraposição a Esparta. Entre os fatores condicionantes
dessa hegemonia, NÃO se pode apontar
a) o incremento do poderio das forças navais atenienses.
b) a formação da Confederação de Delos.
c) a permanência das forças terrestres espartanas no Peloponeso.
d) a instituição, por Péricles, de uma tirania aristocrática
imperialista em Atenas.
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