Vox 13 - aberto.pmd - ABLV - Academia Brasileira de Laringologia e
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Vox 13 - aberto.pmd - ABLV - Academia Brasileira de Laringologia e
Congresso Triológico de ORL São Paulo 2005 Artigos de Revisão Presbifonia - Atualização nos conceitos, fisiopatologia e tratamento Peculiaridades da laringe infantil - Páginas 15 - 18 Páginas 12 - 14 1 PÁGINA RESERVADA PARA ANÚNCIO SIGMA PHARMA 2 Editorial Prezados Colegas, Estamos chegando ao final da primeira gestão da ABLV no biênio 2004-2005. Nesses dois anos, todos da diretoria se empenharam para atender às solicitações dos nossos associados. Aproveitamos a oportunidade para agradecer imensamente por todo o apoio recebido durante todos esses meses, e para nos desculpar de possíveis falhas cometidas. Sempre nos preocupamos em minimizar os custos para a ABLV. Foi uma administração enxuta em termos financeiros, mas que trouxe bastante retorno em produtividade. Acreditamos que o saldo tenha sido positivo! Lembramos os grandes momentos dessa gestão, como o III Consenso de Voz Profissional com a elaboração do documento que normatiza as diretrizes e recomendações para o tratamento da voz profissional. Os Cursos Itinerantes Itinerantes, com a ajuda de professores e o patrocínio da Astrazêneca, levaram a laringologia com o selo da ABLV a todo o território nacional. A Campanha da Voz, uma das prioridades da ex-SBLV, também alcançou os objetivos. No primeiro ano, apenas informativa, e neste ano com atendimento à população em várias cidades do país, conseguimos cumprir nossas metas a um custo bem baixo. O I Encontro Ibero-LatinoAmericano de Laringologia e Fonocirurgia, um marco na Laringologia brasileira, estreitando nossos laços com os colegas estrangeiros. O destaque deste número é a matéria sobre a programação da Laringologia e as expectativas para o Congresso Triológico, além de um balanço sobre os principais fatos que marcaram a nossa gestão. A revista trás também dois interessantes artigos de revisão científica: “Presbifonia: atualização nos conceitos, fisiopatologia e tratamento” de autoria de João Aragão Ximenes Filho e colaboradores; e “Peculiaridades da laringe infantil” elaborado por Leila Freire Rego Lima e colaboradores. Aproveitamos para agrade- cer a participação de colegas de todo o país, e os relatórios enviados referentes os atendimentos durante a Campanha da Domingos Tsuji Voz 2005. Os da- (Presidente da ABLV) dos estão sendo tabulados e deverão estar disponíveis em breve. Reforçamos a nobreza e importância em termos de saúde pública desta iniciativa da ABLV. Contudo, fazemos novamente o apelo de que ainda há muitos serviços que participaram da campanha e que não encaminharam seus resultados. Continuamos creditando que, qualquer dia, estas campanhas vão possibilitar grandes trabalhos científicos de impacto internacional, sobre a freqüência das afecções laríngeas na população brasileira, trabalhos estes que dependem do levantamento dos relatórios! Encerrando este último editorial, vale lembrar que a ABLV alterou o enfoque da Revista Vox Brasilis, deixando-a com um conteúdo científico mais interessante, além de ser mais um canal de comunicação da ABLV com seus associados. Conseguimos manter todo o processo de diagramação, impressão e distribuição com custo zero para a ABLV, apenas com o patrocínio da Sigma Pharma. Finalmente, gostaríamos de desejar que o biênio 2006-2007 seja marcado por vitórias pessoais e coletivas, sobretudo por muito empenho, respeito e coleguismo entre os membros de nossa sociedade. Mais uma vez, muito obrigado e um grande abraço! D omingos H. TTsuji suji Diretoria ABLV: Domingos Tsuji (Presidente) Geraldo Druck Sant’ Anna Sant’Anna (Vice-presidente) Paulo Perazzo (Secretário Geral) Jefferson D’ Avila D’A (Tesoureiro) Rui Imamura (Secretário Adjunto) José Eduardo Pedroso (Tesoureiro Adjunto) Patrícia Santoro (Diretora de publicações) DIRETORIA EXECUTIVA Presidente: Domingos Hiroshi Tsuji São Paulo – SP Vice Presidente: Geraldo Druck Sant’anna Porto Alegre - RS Secretário Paulo Perazzo Salvador - BA Secretário Adjunto Rui Imamura São Paulo - SP Tesoureiro Jéferson Sampaio D’avila Aracaju – SE Tesoureiro Adjunto José Eduardo Pedroso São Paulo – SP REPRESENTANTES REGIONAIS Regional I – Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima e Tocantins Eduardo A. Kauffman (Manaus) Regional II – Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, e Rio Grande do Norte José Wilson Meireles (Fortaleza) Regional III – Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia Fabio Coelho A. Siqueira (Recife) Regional IV – Espírito Santo e Rio de Janeiro Guido Herbert F. Heisler (Rio de Janeiro) Regional V – Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais Edson Luiz Costa Monteiro (Goiânia) Regional VI – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul Marcos Antônio Nemetz (Sta. Catarina) Regional VII – São Paulo (interior) Mario Luiz A. da S. Freitas (Sorocaba) CONSELHO FISCAL Osíris de Oliveira Camponês do Brasil São Paulo - SP Gabriel Kuhl - Porto Alegre - RS Antônio Maciel da Silva - Andradina - SP Carlos Takahiro Chone - Campinas - SP Frederico José Jucá Pimentel - Recife - PE Vox Brasilis Ano 11 • Nº 12 • Junho de 2005 Realização Sintonia Comunicação - sintonia.com.br Coordenação Editorial Patrícia Paula Santoro Jornalista Responsável Claudio Barreto - MTB: 24.018 Projeto Gráfico Alisson Alonso Nunes Diretoria de Publicações [email protected] Vox Brasilis é o boletim informativo da Academia Brasileira de Laringologia e Voz. Fale conosco Av. Indianópolis, 740 • Moema • 04062-001 • São Paulo • SP Telefax: (11) 5052-2370 / 5052-9515 E-mail: [email protected] 3 Agenda NOVEMBRO • 10 a 14 - IV Congresso TRIOLÓGICO de Otorrinolaringologia - local: Centro de Conven- ções Mendes - cidade: São Paulo - SP - telefone: (11) 5052-9515 R:5 - e-mail: [email protected] - site: www.sborl.org.br DEZEMBRO • 08 e 09 - I Curso TTeórico-Prático eórico-Prático de Disfagia da Santa Casa de São Paulo coordenadores: Dr. Alessandro Murano, Dr. André Duprat, Dr. Leonardo da Silva local: Departamento de Otorrinolaringologia da Santa Casa de São Paulo - cidade: São Paulo – SP - telefone: (11) 3222-8405 MARÇO - 2006 • 1 5 a 1 8 - 7 .ª Jornada FFranco-Brasiranco-Brasi15 18 7.ª leira de Otorrinolaringologia - coordenação Científica: Prof. J. B. Botelho (Manaus/Brasil) e Prof. Pierre Gehanno (Paris/França) Comissão Científica: Dr Alex S. Vidaurre, Dra Viviane S. Oliveira, Dr Moacir Tabasnik, Dr Marcelo Tepedino, Dr Hélio F. Abreu, Dr João Telles, Dra Sunia Ribeiro, Dr Carlos Eduardo Vale Barros - cidade: Manaus - AM - telefone: (92) 32345609 ABRIL • 06 a 08 - Curso TTeórico-Prático eórico-Prático de Mi Mi-crocirurgia de Laringe com dissecção de peças - organizadores: Prof. Dr. Domingos H. Tsuji, Prof. Dr. Luiz Ubirajara Sennes, Prof. Dr. Prezados Colegas, Temos o prazer de comunicá-los, que entre os dias 27 de Novembro a 01 de Dezembro de 2006, estaremos realizando, no Centro de Convenções da Cidade de Salvador – Bahia, o 38º Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial. Dr. Washington Luiz Almeida Presidente do Congresso 4 Richard L. Voegels, Dr. Rui Imamura - local: Anfiteatro de Otorrinolaringologia do HCFMUSP / Disciplina de Otorrinolaringologia da FMUSP / Fundação Otorrinolaringologia - cidade: São Paulo – SP - telefone: (11) 3068-9855 / E-mail: [email protected] MAIO • 1 1 e 1 2 - Curso TTeórico-Prático eórico-Prático de 11 12 AGOS TO OST • 24 a 2 6 - Curso TTeórico-Prático eórico-Prático de Mi26 crocirurgia de Laringe com dissecção de peças - organizadores: Prof. Dr. Domingos H. Tsuji, Prof. Dr. Luiz Ubirajara Sennes, Prof. Dr. Richard L. Voegels, Dr. Rui Imamura - local: Anfiteatro de Otorrinolaringologia do HCFMUSP / Disciplina de Otorrinolaringologia da FMUSP / Fundação Otorrinolaringologia - cidade: São Paulo – SP - telefone: (11) 3068-9855 / e-mail: [email protected] Tireoplastias e Dissecção de Laringe organizadores: Prof. Dr. Luiz Ubirajara Sennes, Prof. Dr. Domingos H. Tsuji, Prof. Dr. Richard L. Voegels, Dr. Rui Imamura Local: Anfiteatro de Otorrinolaringologia do SETEMBRO • 17 a 20 - AAO-HNSF Annual Meeting & O TO EXPO - local: Toronto / Ontario – OT Canadá - e-mail: [email protected] - site: www.entnet.org HCFMUSP / Disciplina de Otorrinolaringologia da FMUSP / Fundação Otorrinolaringologia - cidade: São Paulo – SP - telefone: (11) 3068-9855 / E-mail: [email protected] JUNHO • 01 - I Encontro de Otorrinolaringologia do Conesul e III Gauchão - coordenação Científica: Luiz Lavinsky, Renato Roithmman, Alberto Nudelmann, José Seligman, Marcelo Zanini, Berenice Dias Raos, Sérgio Moussale e Tatiana B. A. Della Giustina - local: Centro de Eventos do Hotel Serreno - Gramado - cidade: Gramado-RS Telefone: (51) 33118969 Plenarium Org. de Eventos - e-mail: [email protected] - site: www.plenariumcongressos.com.br Além de uma forte programação científica, que contemplará as várias áreas de atuação de nossa especialidade, teremos uma extensa programação social na qual, você e sua família poderão desfrutar dos encantos da terra da magia. Portanto, participem, tragam seus familiares, não percam • 29 e 30 - Curso de Distúrbios da Deglutição e Refluxo Laringofaríngeo Organizadores: Prof. Dr. Luiz Ubirajara Sennes, Prof. Dr. Domingos H. Tsuji, Dr. Rui Imamura, Dra. Patrícia Paula Santoro, Dra. Raquel Aguiar Tavares - local: Anfiteatro de Otorrinolaringologia do HCFMUSP / Disciplina de Otorrinolaringologia da FMUSP / Fundação Otorrinolaringologia - cidade: São Paulo – SP - telefone: (11) 3068-9855 / E-mail: [email protected] NOVEMBRO / DEZEMBRO • 2 7/1 1 a 03/1 2 - 3 8º Cong resso Bra27 /11 03/12 38º Congresso sileiro de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial - local: Centro de Convenções de Salvador - cidade: Salvador-BA - e-mail: [email protected] site: www.aborlccf.org.br esta grande oportunidade de atualização e confraternização, afinal, vocês são as presenças mais importante deste Congresso. Venham para Salvador e descubram porque aqui, é a terra da felicidade. Até breve, Dr. José Victor Maniglia Presidente da ABOR ABORLL- CC CCFF Congresso Triológico traz convidados internacionais de renome O Congresso Triológico de Otorrinolaringologia, que ocorreu entre os dias 10 e 14 de novembro, superou mais uma vez as expectativas, atingindo um número recorde de inscrições, com mais de 2.100 otorrinos. As salas do ITM Expo, em São Paulo, estiveram lotadas na maioria dos eventos apresentados. A revista VOX BRASILIS traz um resumo da área de Laringologia. Nas páginas 10 e 11, destaque das mesas nacionais. Acompanhe agora destaques das principais conferências internacionais: A abertura da Laringologia no Congresso foi realizada pelo colombiano Guillermo Campos. Ele apresentou o tema como tomar decisões em fonocirurgia. Segundo Campos, para se fazer a cirurgia para melhorar a voz, é necessário cuidado na indicação e no processo cirúrgico. Ele insistiu em fazer a avaliação do paciente com a estroboscopia, para delinear melhor a tática cirúrgica. Para Domingos Tsuji, Campos quis mostrar que a fonocirurgia é uma cirurgia pequena, mas que necessita de grande precisão e treinamento para ser feita. Realizada no dia 12 de novembro, o médico francês André Perouse abordou as Opções Terapêuticas nas Cicatrizes das Pregas Vocais. O médico apresentou afecções que necessitam de abordagens microcirúrgicas e falou sobre o manejo da conseqüente cicatrização. “É importante entender porque alguns pacientes desenvolvem um processo exuberante de cicatrização e outros não”, disse. Ele apresentou casos de pessoas que têm quebra na voz. “O paciente começa a falar uma palavra e não consegue terminar”. Também citou casos de vibrações irregulares das pregas vocais. “Os mais fre- Serrano abordou as anomalias congênitas de lanrige qüentes são voz forçada e a quebra de voz”. Segundo ele, o exame estroboscópico é necessário para completar o diagnóstico antes de qualquer fonocirurgia. Perouse enfatizou o tratamento com antiinflamatórios e as dificuldades encontradas na cirurgia, entre as quais, a fragilidade epitelial, as aderências e as irregularidades dos ligamentos vocais. “Nesse caso você nunca sabe porque o ligamento tem essa forma. Se isso é genético ou se é decorrente de uma cirurgia anterior.” O novo presidente da ABLV, Geraldo Sant’Anna, considerou muito boa a palestra. “Na realidade, ele é um discípulo de um grande mestre da fonocirurgia, que é o professor Marc Bouchayer, e demonstrou os mesmos princípios”, disse. “Talvez seja esse o problema mais André Perouse na conferência sobre pregas vocais difícil para o fonocirurgião tratar. Ele mostrou um número razoável de casos com bons resultados”, concluiu. No dia 13, as palestras internacionais continuaram em destaque. Novamente o francês André Perouse atraiu a atenção dos colegas. Em sua conferência, ele abordou Vergetures: Aspectos Estroboscópicos e a Anátomo-Cirúrgicos. Perouse definiu os tipos de sulco, dizendo que o sulco é uma má formação congênita; tratamento, no qual ele prefere fazer o deslocamento da mucosa com injeção de cola biológica e começar a fonoterapia em torno de um mês após a cirurgia. O médico falou, também, sobre o procedimento de injeção de gordura. Para o otorrinolaringologista José Eduardo Pedroso, a palestra foi muito boa. “Ele tem uma técnica cirúrgica um pouco diferente da nossa”, disse. “Você percebe que eles têm uma técnica muito apurada e, principalmente, um material muito delicado, bom para cirurgia”. O argentino Ricardo Serrano abordou dois temas em sua palestra: Distonias Laríngeas e Anomalias Congênitas de Laringe. No primeiro assunto ele explicou cada um dos diagnósticos que devem ser realizados e as possibilidades de tratamento. No segundo tema ele mostrou todos os tópicos de alterações congênitas, passando pelas etiologias, sintomas, tratamentos e complicações. “O importante é reconhecer o problema precocemente”, afirmou o médico. Durante a conferência foram apresentados diversos vídeos e fotos. Segundo o otorrinolaringologista Osíris Brasil, o material didático apresentado foi de 1ª qualidade. “Eu acho que foi uma das melhores aulas de todos os congressos”, concluiu o médico. 5 Congresso ABLV tem novo presidente Presidente: Geraldo Druck Sant’Anna Vice – Presidente: Jefferson Sampaio D’Ávila Secretário: José Eduardo Pedroso Secretário-Adjunto: Gabriel Kuhl Tesoureiro: Paulo Lins Perazzo Tesoureiro-Adjunto: Ronaldo Frizzarini Apenas uma chapa inscreveu-se para a eleição da Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV). Com isso, a nova diretoria da entidade foi aclamada no dia 12 de novembro, na Assembléia da ABLV, no Congresso Triológico de Otorrinolaringologia, no ITM Expo, em São Paulo. A chapa tem como candidato a presidência o otorrinolaringologista Geraldo Druck Sant’ Anna. Como Sant’Anna. vice-presidente foi inscrito Jefferson Sampaio D’Avila. O secretário será o otorrino paulista José Eduardo Pedroso e o secretário-adjunto o gaúcho Gabriel Kuhl. A chapa traz ainda, como tesoureiro, o otorrinolaringologista da Bahia, Paulo Lins Perazzo, e como tesoureiro-adjunto, Ronaldo Frizzarini. Trabalhos premiados no Congresso Triológico, na área de Laringologia: 1.º LUGAR Estudo comparativo do PH e do volume salivar em indivíduos com laringofaringite crônica por Doença do Refluxo Gastroesofágico antes e após tratamento. Cláudia Alessandra Eckley, Henrique Olival Costa, Mônica Elisabeth Simon 2.° LUGAR Impacto na qualidade vocal da miectomia parcial e neurectomia endoscópica do músculo tireoaritenóideo em paciente com disfonia espasmódica de adução. Domingos Hiroshi Tsuji, Luiz Ubirajara Sennes, Adriana Hachiya, Fernanda Silveira Crispin, Rui Imamura. 3.º LUGAR Glicosfingolipídeos no carcinoma espinocelular do trato aerodigestivo superior: expressão e relação com o estádio e diferenciação tumoral. Marcílio Ferreira Marques Filho, Onivaldo Cervantes, Améria Tanaka, Fernando Walder, Anita H. Straus, Luciana Guimarães, Hélio Takahashi. MELHOR POSTER 1115 – Avaliação Nasofibrolaringoscópica da deglutição em pacientes com paralisia facial periférica submetidos à anastomose hipoglossofacial. José Ricardo Gurgel Testa, Elisabete Cardoso, Dayse Manrique, Fernando Freitas Ganança, Paulo Augusto de Lima Pontes, Luciano Rodrigues Neves, Maria Inês Gonçalves M ELHOR TR ABALHO AP R ESENT AÇÃO OR AL C ATE GOR IA IIN N ICIAÇÃO CI ENTÍF IC A TRABALHO APR ESENTAÇÃO ORAL CA TEG ORIA CIENTÍF ENTÍFIC ICA 1389 – Complicações extralaríngeas da laringoscopia direta de suspensão Marco Antonio dos Anjos Corvo, André de Campos Duprat, Cláudia Alessandro Eckley, Alessandra Inácio, Marina Bacal Campos Mello. 6 PÁGINA RESERVADA PARA ANÚNCIO 7 Gestão Primeira gestão alcança objetivos traçados A primeira gestão da ABLV está chegando ao fim. A diretoria, comandada pelo presidente Domingos Tsuji, alcançou os objetivos programados para a administração. O programa central foi baseado numa enquete feita no começo da gestão com os laringologistas mais influentes da área. O Consenso de Voz Profissional foi um dos marcos da nova ABLV. Aprovado durante evento no Hotel Glória, no Rio de Janeiro, o documento normatiza as diretrizes e recomendações para o tratamento da voz profissional. 2° Dia Mundial da Voz com Lima Duarte 8 Outro destaque da gestão foi estimular os cursos itinerantes. “Fizemos mais de 10 cursos, com programação estipulada pela ABLV, com a ajuda de professores e o patrocínio da Astrazêneca”, diz o presidente da ABLV, Domingos Tsuji. A Campanha da Voz, uma das prioridades da ex-SBLV, também alcançou os objetivos. No primeiro ano, com o ator Lima Duarte à frente da campanha, houve a criação de aulas-palestras para chamar a atenção do público 3° Dia Mundial da Voz com Claudia Raia e Edson Celulari Auditório da Universidade de São Paulo, amento da Campanha da Voz encerramento Coralusp no encerr para a importância de se ter cuidados com a voz. Foram vários eventos concomitantes por todo o Brasil, ganhando a mídia impressa e eletrônica. No Auditório da Universidade de São Paulo, o Coralusp encerrou os festejos. Neste ano, a campanha teve atendimento em várias cidades do país. Com Edson Celulari e Cláudia Raia como protagonistas, o evento também foi muito bem recebido pela mídia. “Graças ao trabalho de médicos de todo o Brasil e da Sintonia Comunicação, que formatou a profissionalização da campanha, conseguimos cumprir nossos objetivos a um custo bem baixo”, analisou o presidente. A ABLV modernizou a parte científica do Congresso Brasileiro, além de fazer parte da organização do Congresso Triológico. Também realizou com grande sucesso o I Encontro Ibero-Latino-Americano de Laringologia e Fonocirurgia, um marco na Laringologia brasileira, porque vieram 11 convidados estrangeiros, com custo praticamente zero. “Nós só oferecemos estadia através de patrocínio da Astrazêneca”, diz Tsuji. Para o presidente da ABLV, o trabalho durante sua gestão, foi abrangente, dentro da projeção inicial. “Sempre nos preocupamos em minimizar os custos para a ABLV. Foi uma administração enxuta, do ponto de vista financeiro, mas que trouxe bastante retorno em termos de produtividade”, analisa. Ele lembrou também que a ABLV manteve a Revista Vox Brasilis, com custo zero, apenas com o patrocínio da Sigma Pharma. Segundo Domingos Tsuji, a próxima diretoria tem um papel importante, em primeiro lugar, para reformular o estatuto da entidade. “Não tivemos um amadurecimento necessário ainda para promovê-lo”. O próximo presidente também terá de continuar na batalha pela aceitação dos órgãos de saúde federais das conclusões do Consenso de Voz Profissional. “Temos de fazer valer as determinações do consenso dentro do Ministério da Saúde”, conclui. Domingos Tsuji (Presidente da AB ABLLV) 9 Congresso Painéis de Imersão lotam tre os quais a eletromiografia, teste sensório e exames de imagem. Marcos Nemetz enfatizou a importância do conhecimento médico. “A tecnologia não funciona sem um bom médico”. Edson Luiz Monteiro abordou o Diagnóstico Diferencial das Lesões Benignas. De acordo com ele, é de extrema importância uma boa anamnese. No Diagnóstico Diferencial das Lesões Malignas, José Wilson Meireles da Trindade demonstrou casos de neoplasias malignas na laringe. “Apesar da fácil prevenção, a maioria dos casos ainda é detectada em estágio avançado”. Ele ressaltou a importância da relação médico-paciente. “Dessa forma é possível saber os hábitos pessoais do paciente”. Para encerrar o painel, Noemi de Biasi abordou o Diagnóstico Diferencial das Doenças Neurológicas. Assim como os colegas, ela frisou a importância do conhecimento da história clínica do paciente, do conhecimento médico e da interpretação do exame, sem deixar de citar, a necessidade da eletromiografia. “É fundamental que a eletromiografia seja feita com a presença de um otorrinolaringologista e de um neurologista”, disse a médica. Mônica Vendramini O painel de imersão foi uma das inovações propostas na programação científica da Laringologia no IV Congresso Triológico de Otorrinolaringologia. O novo formato abriu o primeiro dia da Laringologia no congresso, no dia 12 de novembro. Com a discussão centrada nas abordagens terapêuticas das lesões pré-malignas e tumores precoces da laringe, os especialistas convidados mostraram suas experiências sobre o tema. Luciano Rodrigues Neves apresentou, entre outros tópicos, como tratar das leocoplasias, do ponto de vista clínico e cirúrgico. Carlos Takahiro Chone demonstrou sua experiência nas cirurgias endoscópicas dos carcinomas glóticos e supraglóticos inicias. “É muito importante avaliarmos a localização do tumor para definir as técnicas cirúrgicas”, afirmou. Durante o painel, Rodrigo de Oliveira Santos abordou o tema Cirurgia Aberta dos Carcinomas Laríngeos Inicias. Para ele, num futuro bem próximo, “devemos chegar a ‘zero’ nas cirurgias abertas”. O painel sobre Interpretação Diagnóstica em Laringologia contou com grande participação dos congressistas. Luis Antônio Figueiredo abordou os diversos métodos de avaliação, en- Sarvat faz conferência sobre voz profissional 10 As mesas redondas e painéis No painel sobre Afecções Laríngeas, as palestras abordaram a otorrino pediatria. A Disfonia na Infância foi o tema de Rui Imamura. Ele abordou a questão do refluxo, mostrando que o diagnóstico, difícil no adulto, piora quando ocorre em crianças. O tema do painel de Melissa Avelino foi Estridor e Mal-formações Congênitas, enfocado na paralisia de pregas vocais. Geraldo Sant’ Anna explicou a Papilomatose Laríngea Infantil. Ele considera a doença uma infecção. A última palestra foi apresentada por Paula Lourenzon, que abordou a Disfagia na infância. No domingo, teve continuidade os painéis de imersão da Laringologia, com apresentações importantes do ponto de vista científico. Nas discussões sobre microcirurgia da laringe, Erich Madruga de M modelos de animaç logia das pregas voc correu sobre traba tais em animais. Pa coordenador da m apresentado por E mais bonitos feitos nos últimos anos”. Rui Imamura tro gresso dicas impo otorrinolaringologis intervenções cirúrgic uma boa cirurgia, laringoscópio ade anestésica adequada trole de sangramen dos membros da e trou também os ti cópios mais utilizad cas sobre o posicion s foram bastante concorridos Mônica Vendramini salas do Triológico em SP pe numa cirurgia. No painel sobre Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Jair Montovani apresentou o tema Diagnóstico por Imagem de Cabeça e Pescoço. Ele explicou a necessidade de solicitar diferentes exames, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética. Na seqüência, João Padovani Junior abordou as doenças das glândulas salivares. Mostrou as melhores maneiras de diagnosticar os casos e enfatizou que o melhor exame é a P.A.A.F., por ser mais simples, barata e rápida. O tema da palestra de Marcio Abrahão foi diagnóstico e tratamento dos nódulos tireoideanos. De acordo com o médico, a incidência de nódulo de tireóide é grande. “A maioria dos casos é diagnosticado pela ultrassonografia”, afirmou. Ele destacou a importância de detectar se o carcinoma é benigno ou maligno. “O câncer de tiróide tem o mais agressivo de todos os carcinomas”, concluiu. O painel sobre Refluxo LaringoFaríngeo e Distúrbios da Deglutição foi iniciado por Claudia Eckley, que abordou os diagnósticos de refluxos. Evaldo Macedo Filho enfatizou o tratamento clínico e cirúrgico, apresentou exemplos de lesões na laringe e citou índices de sintomas e objetivos do tratamento, como alívio e resolução dos sintomas, cicatrização das lesões, e prevenção, entre outros. A otorrinolaringologista Patrícia Santoro trouxe a abordagem do paciente disfágico. “O importante é que se faça um diagnóstico correto por meio de VED e VFC, a prevenção, via alternativa de alimentação e condutas clínicas”, comentou. A médica revelou ainda as indicações e limitações dos exames Videoendoscopia da deglutição e videofluoroscopia. Para encerrar, Dayse Manrique debateu disfagia e pneumonias de repetição: abordagem diagnóstica e terapêutica. Ela enfatizou o tratamento cirúrgico da aspiração e citou alguns fatores de risco entre as aspirações de saliva e complicações pulmonares. “Se o paciente apresenta esses fatores associados à aspiração deve estar em vigilância constante do médico”. ouxe para o conortantes para os stas na hora das cas na laringe. Para ele indicou um equado, câmara a, iluminação, connto e a interação equipe. Rui mospos de laringosdos e até deu dinamento da equi- Mônica Vendramini Melo apresentou ção sobre a histocais. Também disalhos experimenra Agrício Crespo, mesa, o trabalho Erich “é um dos s na Laringologia Laringologia também destacou cantor disfônico 11 Artigo Presbifonia - Atualização nos conceitos, fisiopatologia e tratamento João Aragão Ximenes Filho, Priscila Trezza, Domingos Hiroshi Tsuji, Luiz Ubirajara Sennes 1. INTRODUÇÃO A Assembléia Mundial Sobre o Envelhecimento realizada em Viena em 1982 estabeleceu que 60 anos seria o limite inferior de idade para o início do envelhecimento [OPAS, 1992]. Esta parcela da população é a que tem apresentado maior crescimento demográfico nas últimas décadas. Segundo a OPAS [1992], enquanto o crescimento da população geral no mundo cresce a um ritmo de 1,7% ao ano, esta população cresce 2,5% ao ano. Afirma ainda que este crescimento é principalmente produzido pelos países em desenvolvimento, onde a taxa de crescimento nessa faixa etária é cerca de três vezes superior a dos países desenvolvidos. Aparentemente, todos os órgão e sistemas orgânicos sofrem a ação dos anos. Desde a diminuição progressiva do neurônio (40.000 neurônios/dia) até a redução do débito cardíaco (cerca de 500ml/minuto por década após os 20 anos), o organismo sofre e tenta adaptar-se a essas modificações [Timo-Iaria, 1990]. A voz é uma dessas características que se altera com os anos. Em pessoas idosas, ela pode geralmente ser diferenciada da voz de adultos jovens o que nos sugere haver alterações próprias do envelhecimento que acometem a laringe humana. [Honjo e Isshiki; 1980]. Neste artigo, os autores apresentam uma revisão sobre presbifonia, discutindo as principais evidencias da ação do envelhecimento nos órgãos e estruturas envolvidas diretamente na produção do som, bem como apresentam as modalidades de tratamento mais utilizadas. 2. R EVI SÃO D A LITER ATU RA REVI EVISÃO DA LITERA TUR 2.1. Estrutura Normal das Pregas V ocais Vocais Do ponto de vista mecânico, as pregas vocais são divididas em três camadas chamadas de: camada de 12 cobertura, camada de transição e corpo da prega vocal. A primeira é composta pelo epitélio e pela camada superficial da lâmina própria (LP). Esta última é referida como espaço de Reinke e é frouxa e flexível. A camada de transição é constituída pelas camadas intermediárias e profundas da LP e constituem o ligamento vocal. A camada intermediária é composta principalmente por fibras elásticas, que têm a capacidade de distender cerca de duas vezes o seu comprimento habitual. A camada profunda é constituída basicamente por fibras colágenas. O corpo é formado pelo músculo vocal. Apresenta fibras musculares em formato circular, multinucleadas, com núcleos na periferia que são circundadas por camadas de tecido conjuntivo, o endomísio. Possui, desta forma, características histológicas diferentes dos músculos estriados dos membros [Guida e Zorzetto, 2000]. Em análise das fibras musculares através de métodos imunohistoquímicos realizada por estes últimos autores, ficou comprovado que o músculo vocal tem metabolismo oxidativo predominantemente aeróbico, sendo assim resistente a fatiga. Esta característica mostra a sua plena adaptação a sua função fonatória. 2.2. Fisiopatologia da Presbifonia Uma das características vocais associadas com a idade avançada é a qualidade de voz fraca, soprosa e trêmula. O achado laríngeo para tal tipo de voz é, normalmente, de pregas vocais “arqueadas”. A interpretação deste estado, se devido à atrofia ou flacidez das pregas vocais permanece controverso [Isshiki et al., 1999]. No entanto, alguns autores enfatizam que as alterações vocais na população geriátrica devem-se, na maior parte, a doenças e não a presbi- fonia. O diagnóstico de presbilaringe deve ser desta forma, um diagnóstico de exclusão após cuidadosa avaliação médica e fonoaudiológica [Casper & Colton, 2000]. Atualmente, os principais fatores tidos como responsáveis pelo desenvolvimento da presbifonia são: atrofia de fibras musculares, diminuição de fibras elásticas, redução da espessura das mucosas, calcificação das cartilagens laríngeas e redução na velocidade de transmissão neural. Diversos estudos têm sido realizados com o objetivo de melhor compreender o processo de envelhecimento na laringe e em especial nas pregas vocais. Abaixo discutiremos os que nos parecem mais relevantes e que trouxeram maior contribuição neste sentido. Inúmeras glândulas mistas seromucosas estão presentes na laringe. Estas glândulas auxiliam a laringe a desempenhar suas funções de proteção esfincteriana, produção do som e de defesa das vias aéreas inferiores contra vírus e bactérias. Sato e Hirano [1998] estudaram também as alterações do envelhecimento sobre essas glândulas presentes na mucosa laríngea. Foram identificadas diversas alterações em constituintes intracelulares como o retículo endoplasmático rugoso e o complexo de Golgi. Essas alterações refletiram não apenas uma modificação na quantidade como também na qualidade das secreções produzidas por essas glândulas. Os autores concluem que as alterações encontradas nas glândulas laríngeas também participam das modificações presentes na presbifonia. Mácula flava (MF) constitui-se em uma estrutura localizada nas extremidades anteriores e posteriores da porção membranosa das pregas vocais, estando o ligamento vocal disposto entre a MF anterior e a MF posterior. Sato e Hirano [1995], estudando 10 laringes huma- nas de indivíduos de ambos os sexos entre 71 e 93 anos, tentaram identificar alterações na MF em decorrência do processo de envelhecimento. Como resultado obtiveram um menor número de fibroblastos na MF de idosos quando comparada à de adultos jovens. Alterações intracelulares também foram identificadas como um citoplasma menor, com retículo endoplasmático rugoso e complexo de Golgi em menor número que em MF jovens. As mitocôndrias encontravam-se degeneradas. Estes achados de decréscimo no número e na atividade dos fibroblastos nas MF de idosos indicam decréscimo na síntese de componentes fibrosos nas pregas vocais dessa população. Os autores concluem que essas modificações estruturais do tecido vibrátil contribuem parcialmente para as alterações presentes na presbifonia. A atrofia dos músculos da laringe, em especial do músculo tireoaritenóide, tem sido apontada por alguns autores como a principal responsável pela alteração na voz de pessoas idosas [Yoder, 1986]. Este autor ainda pondera que as alterações na produção de muco no sáculo laríngeo e o relaxamento ou enrijecimento da cápsula da junção cricotireoídea também participariam nas mudanças de características da voz do idoso. A análise da calcificação das estruturas laríngea foi descrita por Yerman et al. [1988] em estudo utilizando laringes de 20 cadáveres. Estes autores mostraram haver calcificação de diferentes partes da laringe após os 20 anos de idade. A presença de calcificações das cartilagens aritenóides e cricóide, ou mesmo de outras estruturas laríngea poderia influenciar direta ou indiretamente na produção da voz, sendo necessário um estudo mais detalhado deste padrão de calcificação para concluirmos se este é mais um fator que participa na mudança das características da voz. LeJeune et al. [1983] sugeriram que as alterações encontradas na voz de idosos seriam secundárias a um encurtamento das pregas vocais (PPVV), devido a uma perda gradual da elasticidade do ligamento tireoaritenóide. Esta perda de elasticidade ocorreria por perda da tensão ou do tônus do ligamento em conseqüência da perda de fibras elásticas pelo envelhecimento. Uma importante região da prega vocal que poderia sofrer efeitos do envelhecimento é a chamada Zona da Membrana Basal (ZMB). Esta é uma área de transição entre o epitélio e a camada superficial da lâmina própria (LP). A importância desta região na pele humana e suas modificações em decorrência do envelhecimento já são bem conhecidas, e independem dos fatores ambientais como a exposição ao sol. Sua participação no processo de envelhecimento das pregas vocais, no entanto, ainda não está provado. As alterações induzidas pelo envelhecimento diferem entre homens e mulheres. Honjo e Isshiki [1980] realizaram estudo em 40 pacientes idosos de ambos os sexos e observaram alterações diferenciadas para cada sexo em decorrência da idade. Nas pregas vocais (PPVV) de homens idosos observaram maior freqüência de atrofia e fenda glótica que se manifestou com o aumento na freqüência fundamental da voz. Estas alterações foram atribuídas às modificações inerentes ao envelhecimento dos músculos e das mucosas dos idosos. Já em mulheres idosas, foi observado edema da mucosa das PPVV em 74% dos casos, o que provocou um abaixamento na freqüência fundamental e discreta disfonia. Isto foi atribuído às alterações hormonais pós-menopausa. Hirano et al. [1989] demonstraram que as pregas vocais encurtam com a idade, especialmente após os 70 anos de idade. Essa tendência foi mais marcante nos homens do que nas mulheres entre as 64 laringes estudadas por esses autores. Parece haver modificações também na espessura do epitélio que recobre as pregas vocais com a idade. Hirano et al. [1989] demonstraram que há tendência de ocorrer aumento na espessura epitelial, especialmente em mulheres. Em outros parâmetros também parece haver distinção entre a prega vocal do homem e da mulher idosa. Ainda citando o estudo realizado por Hirano et al. [1989], esses autores notaram que a espessura da camada intermediária da lâmina própria e a densidade das fibras elásticas dessa camada tendem a diminuir no sexo masculino, o que não foi observado entre as mulheres idosas. A camada profunda da lâmina própria de pregas vocais de homens idosos torna-se mais espessa, com distribuição das fibras elásticas em diversos sentidos, o que não foi observado nas mulheres idosas. A disposição das fibras elástica e de colágeno também sofre ação do envelhecimento. Ishii et. al. [1996], examinando 14 laringes humanas entre 54 e 85 anos, realizaram análise ultraestrutural das fibras elásticas e de colágeno da camada intermediária e profunda das pregas vocais através do tratamento destas com ácido fórmico e hidróxido de sódio. Observaram que na laringe mais idosa, proveniente de um homem de 85 anos, as fibras elásticas e de colágeno não se encontravam arranjadas ordenadamente e apresentavam curvatura irregular. A superfície das fibras estava acidentada e havia depósitos amontoados sobre elas. Estes achados foram semelhantes ao observado em paciente submetido a radioterapia para tratamento de carcinoma supra-glótico. Os autores sugerem que estas alterações estão relacionadas à perda de elasticidade das fibras elásticas e pode provocar mudanças nas propriedades elásticas ou na habilidade do mecanismo de regulação das pregas vocais. 2.3. TTratamento ratamento Duas propostas terapêuticas são usualmente utilizadas frente a um paciente com presbifonia: a reabilitação fonoterápica e a intervenção cirúrgica. A reabilitação vocal, na maioria dos casos, é suficiente para restaurar uma função vocal aceitável e eliminar a maioria das características acústicas relacionadas a “voz idosa” [Sataloff, 1998]. Os exercícios vocais visam aumentar o tônus muscular, a fim de melhorar a coaptação glótica e a intensidade vocal. O trabalho com coordenação pneumo-fonoarticulatória pretende manter uma boa capacidade vital que dê suporte para a voz. Ao mesmo tempo, orienta-se o paciente a manter-se ativo fisicamente e a adotar hábitos de vida saudáveis, como boa alimentação, sono e hidratação. Entretanto, em alguns casos as mudanças teciduais da laringe podem impossibilitar a aquisição de uma voz satisfatória e requerer intervenção cirúrgica. 13 Nos idosos, as cirurgias para melhora da voz (fonocirurgias) mais realizadas são as cirurgias para retirada de lesões benignas como pólipos e nódulos e aquelas para a correção da incompetência glótica [Slavit, 1999] provocada pela atrofia das ppvv. Diferentes modalidades de cirurgias têm sido empregadas para esta última finalidade, porém podemos dividi-las em dois grupos: injeções intracordais e cirurgias sobre o arcabouço laríngeo. Dentre os materiais injetados nas pregas vocais, teflon, gelfoam, colágeno e gordura têm sido os mais utilizados. No entanto, devido ao risco de migração do teflon e a freqüente reabsorção de materiais como colágeno, geolfoam e gordura, esta modalidade de tratamento tem sido pouco utilizada na presbifonia. As cirurgias sobre o arcabouço laríngeo apresentam a vantagem de preservar a integridade do epitélio vibratório das ppvv. Diversas técnicas foram descritas. Tucker [1988] tentou corrigir uma possível frouxidão da prega vocal que explicasse as alterações presentes na presbifonia. Este autor propôs uma técnica cirúrgica de avanço da comissura anterior da laringe. Realizou este procedimento cirúrgico em 10 pacientes hígidos que apresentavam apenas voz fraca e trêmula, previamente submetidos a fonoterapia sem sucesso. Destes, oito eram idosos entre 62 e 90 anos e dois eram adultos jovens (32 e 44 anos). Os resultados apresentados pelo autor mostram que houve melhora duradoura apenas nos dois pacientes jovens. No grupo de idosos, apesar da melhora na qualidade vocal observada no pós-operatório imediato, houve uma deterioração progressiva da voz após um período de cerca de três semanas. O autor justifica que nos idosos ocorreria novo relaxamento dos tecidos, não cabendo este tipo de intervenção cirúrgica. Koufman [1989] também descreveu laringoplastia de comissura anterior como tratamento para arqueamento de pregas vocais. Na técnica proposta por este autor, o arcabouço laríngeo é aberto através de incisão na comissura anterior com retalho de base superior. Este autor utilizou implantes de “silastic” sem sutura na porção lateral de cada prega vocal, com o objetivo de medialinizar as 14 pregas vocais. Dos três pacientes operados por esta técnica, em um associou-se o estiramento das pregas vocais através de avanço na comissura anterior. Os melhores resultados foram obtidos nos dois pacientes onde não foi realizado o avanço de comissura anterior. Isshiki et at [1996] descreveram uma outra opção cirúrgica para o tratamento da atrofia de prega vocal. Submeteram 31 pacientes com atrofia de pregas vocais por diferentes causa à tireoplastia tipo I uni ou bilateral, associada ou não com a tireoplastia tipo III ou tipo IV. A decisão do tipo de tireoplastia era tomada no trans-operatório. Os autores comentam que na tireoplastia tipo I, o molde deve ser posicionado mais profundamente do que quando usado na paralisia de prega vocal, além de ter que fixa-lo mais firmemente. Os autores concluem que esta técnica cirúrgica, associada ou não a tireoplastia tipo III apresenta bons resultados na atrofia de ppvv, especialmente se não houver lesões associadas. Dos 31 pacientes analisados em conjunto, apenas em 6 a atrofia foi atribuída ao envelhecimento. Assim, torna-se difícil retirar grandes conclusões sobre o emprego desta técnica no tratamento da presbifonia. Um outro tipo de cirurgia sobre o arcabouço laríngeo foi descrita em 1998 por McCulloch e Hoffman e tem sido utilizada entre nós [Sant’Anna e Mauri, 2001]. Esta técnica produz a medialização das prega vocais através da introdução de um material sintético, o politetrafluoretileno expandido (GoreTex®), na porção lateral das ppvv. Os estudos com este material têm sido realizados em pacientes com paralisia de prega vocal. A utilização desta técnica no tratamento da presbifonia não foi ainda descrita. Referências Bibliográficas CASPER, J. & COLTON, R.H. Current understanding and treatment of phonatory disorders in geriatric populations. Curr Opin Otolaringol Head Neck Surg. 8:158-64, 2000. FENSKE, N.A.; LOBER, C.W. Strctural and funcional changes of normal aging skin. J. Am. Acad. Dermat., 15:571-83, 1986. GUIDA, H.L.; ZORZETTO, N.L. Morphometric and Histochemical Study of the Human Vocal Muscle. Ann. Otol. Rhinol. Laryngol.. , 109:67-71, 2000. HIRANO, M.; KURITA, S.; SAKAGUCHI, S. Ageing of the Vibratory of Humam Vocal Folds. Acta Otolaryngol., 107:428-33, 1989. HONJO, I.; ISSHIKI, N. 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Envelhecimento do sistema nervoso central e a dor no idoso. São Paulo, 1996. Cap 1, p.1-52. TUCKER, H.M. Larryngeal Framework Surgery in the Management of the Aged Larynx. Ann. Otol. Rhinol. Laryngol., 97:534-6, 1988. YERMAN, H.M.; WERKHAVEN, J.; SCHILD, J.A. Evaluation of laryngeal calcium deposition: a new methodology. Ann. Otol. Rhinol. Laryngol.. 97:516-20, 1988. YODER, M.G. Geriatric ear, nose and throat problems. In: REICHEL, W. 3.ed. Clinical aspects of aging. Baltimore, Wiliams & Wilkins, 1988. Cap. 37, p.454-61. Artigo Peculiaridades da laringe infantil Leila Freire R. Lima* Victor E. S. Campelo** Luciana M. Nita*** Rui Imamura**** Luiz Ubirajara Sennes***** Domingos Hiroshi Tsuji****** * Otorrinolaringologista Fellow em Cirurgia Plástica da Face da Divisão de Clínica Otorrinolaringológica - HCFMUSP ** Médico Residente da Divisão de Clínica Otorrinolaringológica - HCFMUSP ***Aluno da Pós-graduação em Otorrinolaringologia - FMUSP **** Médico assistente doutor da Divisão de Clínica Otorrinolaringológica - HCFMUSP ***** Professor associado livre-docente do Departamento de Otorrinolaringologia - FMUSP ****** Médico assistente livre-docente da Divisão de Clínica Otorrinolaringológica - HCFMUSP INTRODUÇÃO: O estudo da anatomia da laringe infantil é importante, visto que o número de crianças que necessitam de atendimento médico de urgência intensivo por apresentar distúrbios respiratórios é cada vez maior. Esse é também um dos principais problemas frente ao atendimento a recémnascidos (RN) pré-termo. Com a evolução do atendimento aos neonatos, RN cada vez mais prematuros têm conseguido sobreviver aos intercursos intrínsecos à saída precoce do útero materno. Com o aumento da necessidade do uso de intubação endotraqueal nestes neonatos de alto risco, a incidência de injúrias laríngeas levando à estenose também têm aumentado1,2. Profissionais da área de saúde, em especial médicos, sem conhecimento prévio adequado das peculiaridades da laringe da criança, podem promover traumatismos com complicações nas vias aéreas de crianças atendidas em setores de urgência. Portanto, torna-se essencial o melhor conhecimento dos órgãos fetais, principalmente em relação ao aparelho respiratório, visando uma abordagem especializada, sistemática, acessível e menos traumático com relação à laringe infantil. Em estudo recente realizado na Divisão de Clínica Otorrinolaringológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, foram observadas algumas peculiaridades da estrutura e do lúmen da cartilagem cricóide de fetos entre o quinto e nono meses de idade gestacional, e suas relações com o crescimento e as demais medidas corpóreas. Foi realizada também uma comparação entre as medidas encontradas e os tubos endotraqueais disponíveis no mercado. CON SI DER AÇÕES ANA TÔM IC AS: CONSI SIDER DERAÇÕES ANATÔM TÔMIC ICAS: Os estudos em cadáveres humanos, desde as detalhadas descrições de Andreas Vesalius na primeira metade do século XIV, têm nos ajudado a compreender melhor o corpo humano. Na laringologia, estes estudos têm contribuído no entendimento das funções importantes deste órgão. A laringe de uma criança não é uma simples miniatura de um adulto3. Existem diferenças significativas no tamanho, na posição com relação à coluna, na composição da cartilagem e dos tecidos moles e na adaptação ao ambiente3. A principal mudança em uma laringe durante o crescimento é o aumento de seu tamanho, no entanto não proporcional para todas as estruturas que a compõem. O principal ponto de constrição da laringe na criança é a cartilagem cricóide, diferentemente do adulto, em que este ponto encontra-se na região glótica. O lúmen da cartilagem cricóide é elíptico e a cartilagem é rígida4. Os primeiros relatos sobre a embriologia da laringe humana e o seu desenvolvimento durante a infância ocorreram na primeira metade do século XX5,6. Entretanto, o desenvolvimento da laringe na última metade do período fetal não foi estudada extensivamente e tem sido descrito geralmente de forma qualitativa 7,8. Os primeiros estudos sobre a configu- ração anatômica das laringes infantis eram focados em laringes pré-puberais e puberais11,12, e no desenvolvimento de fibras colágenas no desenvolvimento da laringe13,14. Posição Na criança, a laringe situa-se aproximadamente na altura do 4° corpo vertebral e com a elevação da laringe, ao deglutir, a epiglote pode alcançar o nível do 1° ou 2° corpos vertebrais. No adulto, localiza-se aproximadamente na altura do 5° ou 6° corpos vertebraisl,19. Ossos e Cartilagens A epiglote é também um órgão diferente na criança e no adulto. Na criança, a epiglote tem a forma da letra “ômega” ou “U”, e no adulto tende a ser aberta. O osso hióide é mais caudal na criança, o corpo está em contato com a parte anterior da cartilagem tireóide. O osso hióide faz com que a base da língua desça a epiglote para o ângulo de 45° com a parede anterior da faringe. A laringe infantil é composta por tecido cartilaginoso mais flexível do que a do adulto19. Laringe Na criança não há diferença significativa na laringe entre os sexos cujas vozes são similares, o que não ocorre na laringe do adulto. A região subglótica cresce consideravelmente em tamanho durante os dois primeiros anos de vida (1328mm2). Laringes de neonatos são relativamente maiores que a dos adultos, enquanto a traquéia é relativamente menor. Quando a criança atinge seis 15 Figura 1: a) Laringe de feto de 6 meses, sexo feminino, peso: 1100g, altura: 35cm. b) visão inferior da cartilagem cricóide. anos de idade, o calibre da traquéia se iguala ao da laringe15. Apesar destes relatos de menor calibre da traquéia comparada à laringe, na prática clínica diária em neonatologia, o diâmetro mais importante é o diâmetro interno da cartilagem cricóide, pois durante a intubação em crianças e recém-nascidos, é neste ponto que se encontra a área de maior constrição da laringe. Além disso, diferentemente da traquéia, que possui um arcabouço mais flexível, a estrutura da cricóide é rígida e anular, impossibilitando uma adaptação a um tubo de área maior introduzido em seu lúmen4. Dessa forma, a cricóide partici- Figura 2: Laringe de recém-nascido falecido no primeiro dia de vida, sexo masculino, peso: 3600g, altura: 40cm. Figura 3: Laringe de feto de 9 meses, sexo masculino, peso: 3600g, altura: 55cm. 16 pa com um mecanismo de contrapressão, comprimindo a mucosa entre a cartilagem e o tubo endotraqueal4. Estes foram os principais motivos que nos levaram a estudar a cricóide (Figuras 1 a e b-2-3). Casuística e Métodos Foram estudadas 19 laringes retiradas em autópsias de 17 natimortos e dois recém-nascidos (falecidos no primeiro dia de vida), entre o quinto e o nono meses de idade gestacional. As laringes preservadas em formalina9 foram removidas pelo departamento de Patologia da Universidade de São Paulo em um período de até 12 horas post mortem e não apresentavam nenhum tipo de lesão orgânica ou sinal de trauma, caso contrário, eram automaticamente excluídas. As informações sobre a idade, peso e altura dos natimortos e recém-nascidos foram obtidas a partir da ficha do Departamento de Patologia. A área de superfície corpórea (ASC) foi calculada utilizando a equa- ção de Haycock 17 (1978): ASC = 0,024265 x Altura (cm)0,3964 x Peso (Kg)0,5378. Medidas na cricóide foram realizadas com auxílio de um paquímetro digital Mitutoyo® 500-301, modelo Cd-15, número de série 7276912 (Mitutoyo Corporation, Kawasaki, Japan). Foram definidas quatro medidas da cartilagem cricóide: • Superfície externa: Diâmetro máximo ântero-posterior (diam A-P externo); diâmetro máximo látero-lateral (diam L-L externo). • Superfície interna: Diâmetro máximo da luz ântero-posterior, medido no ponto médio craniocaudal (diam A-P interno); diâmetro da luz látero-lateral (diam L-L interno). Também foi realizado um levantamento dos tubos endotraqueais sem balonetes disponíveis no mercado: Portex® (Smiths Medical, London, UK), Mallinckrodt® (Mallinckrodt, St Louis, Missouri), Rusch® (Rusch, Duluth, Georgia). Foram registrados os diâmetros internos e externos destes tubos para efeito de comparação com os diâmetros das laringes estuabela 1). (Tabela dadas (T Análises estatísticas, gráficos e tabelas foram produzidos com auxílio do programa SPSS 10.0 para Windows. Tabela 1. D escrição dos diâmetros internos e externos dos principais Descrição tubos endotraqueais sem balonetes disponíveis no mercado. Tabela 2. Medidas corporais dos natimortos e recém-nascidos. Resultados Os dados sobre as medidas corporais (peso, altura, área de superfície corporal, área subglótica) e idade estão representadas na Tabela 2 2. A descrição das medidas da cartilagem cricóide é apresentada na Tabela 3. Foram feitos testes de correlação entre todas as medidas da laringe em estudo, com teste de correlação de Pearson (r) e teste de significância. O peso foi a variável que esteve mais correlacionada com as medidas da cricóide. Foram feitos gráficos de regressão linear (Scaterplots) demonstrando uma tendência à relação linear entre o peso e estas medidas, exceto o diâmetro L-L interno. A partir de uma análise de variância observamos que as proporções entre os diâmetros ântero-posterior e látero-lateral, tanto internos (p=0,083), como externos (p=0,614), não apresentaram alteração significativa do quinto ao nono mês. Também não houve variação significativa destas medidas segundo o sexo. A análise de regressão múltipla possibilitou a avaliação da relação entre as características do indivíduo e a área subglótica. Como não houve correlação entre a idade e a área subglótica (p=0,07), calculou-se a área subglótica média e avaliou-se sua relação com a superfície corpórea. Observouse, assim, que cada mm 2 de área subglótica é responsável pelo suprimento de O 2 para 62,17 cm 2 de superfície corporal. AP = ântero-posterior / LL = látero-lateral Discussão Tucker et al, 4 em 1977, conduziu um estudo com secções seriais de laringes de neonatos e foi o primeiro a descrever a configuração em V da lâmina posterior da cricóide. Desse modo, escolhemos o ponto de maior proeminência na linha mediana ântero-posterior da cricóide para efetuarmos a medida deste diâmetro, além da mensuração do maior diâmetro láterolateral da cricóide. A partir destas medidas, encontramos uma forma aproximadamente elíptica do seu lúmen, com maior dimensão látero-lateral, o que está de acordo com o encontrado por Tucker 4. Esta conformação da cartilagem cricóide não apresentou modificação com o aumento da idade gestacional, nem diferenças entre os sexos. Calculando a área elíptica da subglote verificamos que esta Tabela 3. Medidas da cartilagem cricóide. medida relacionou-se com peso, altura e ASC, porém não com sexo e idade. Em relação ao sexo, já era esperado que a laringe em recém-natos não mostrasse diferenças significativas, pois estas são descritas após as alterações puberais 15,11 . Uma análise de correlação nos ajudou a avaliar a relação das medidas morfométricas da cricóide com as características dos indiví- 17 duos. A variável peso foi a que teve maior correlação com essas medidas, exceto com o diâmetro L-L interno que não mostrou relação com nenhuma característica estudada. Observou-se uma tendência ao crescimento linear do diâmetro L-L externo em relação ao aumento do peso. A partir destes dados, inferimos que a cartilagem cricóide tem um crescimento na porção externa maior do que na porção interna, levando a um maior ganho de tecido cartilaginoso. Os diâmetros internos da cartilagem cricóide variaram de 1,113,38mm (A-P) e 1,47-3,91mm (LL). Investigamos os tubos orotraqueais para neonatos disponíveis no mercado e encontramos uma relativa escassez de opções para a população de RN prematuros. As cânulas mais utilizadas atualmente são as de PVC, que estão disponíveis com diâmetro interno (DI) a partir de 2,0 mm e em incrementos de 0,5 mm. Somente um modelo de tubo da Rusch, feito de borracha, possui um DI menor que 2,0mm (DI 1,5mm e DE 2,7mm). Pode-se ver na Tabela 1 que os diâmetros externos (DE) destes tubos variam um pouco de acordo com a marca; porém, o menor diâmetro disponível em PVC (3,0 mm) é maior do que as médias de diâmetros internos A-P (2,03±0,62) e L-L (2,86±0,69) encontradas em nossa população de estudo. Lindholm (1969) 4,16 descreveu um diagrama de forças que produziam injúria na região póstero-lateral do lúmen ao nível médio da cricóide relacionado ao diâmetro e forma do tubo, o que vai ao encontro do que observamos neste estudo. A variação da área subglótica, certamente, é o alvo mais importante deste estudo, pois é ela que pode influenciar na decisão do 18 calibre das cânulas endotraqueais. Esta escolha, no entanto, não se limita simplesmente a utilizar o tubo de menor diâmetro disponível. Deve-se levar em consideração que, para cada mm 2 de área subglótica desperdiçada pelo uso de uma cânula de calibre excessivamente reduzido, sobrecarregamos a área interna do tubo em média com mais 62,17 cm 2 de ASC do RN pré-termo a ser suprida por O 2 . A diminuição do calibre também tem repercussão no aumento da pressão produzida pelo aparelho de ventilação mecânica e no esforço respiratório do RN. Além disso, observase uma maior dificuldade de mobilização e aspiração das secreções traqueais quanto menor for o lúmen do tubo. Dessa maneira, tentamos identificar as variáveis que influenciam no tamanho da área subglótica, com os seus respectivos pesos como preditores, a partir de um modelo de regressão múltipla. O peso foi a variável com maior participação (26,6%) na variação da área subglótica (p=,024). Tomando as variáveis em combinação de duas, encontramos significância somente quando acrescentamos a altura ao peso (p=,038), com participação de 36,6%. Todas as outras combinações de duas, três ou quatro variáveis não acrescentaram ganho à equação. Conclusão O lúmen da cricóide apresentou uma forma elíptica na população em estudo, com área média menor do que a dos tubos endotraqueais disponíveis no mercado. A extensão da área subglótica foi influenciada principalmente pelo peso e pela altura, que acrescentou ganho após ajuste pelo peso. Referências Bibliográficas 1. Hawkins, D B. Hyaline membrane disease of the neonate: prolonged intubation in management: effects on the larynx. Laringoscope, 88:201-223, 1978. 2. Rasche, R F H; Kuhns, L R. Histopathologic changes in airway mucosa of infants after endotracheal intubation. Pediatrics, 50:632-37, 1972. 3. Cohen, S R; Cheung, D T; Nimni, M E, et al. Collagen in the developing larynx. Preliminary study. Ann Otol Rhino Laryngol, 101:328-32, 1977. 4. Tucker, G F, Tucker, J A, Branislav, V. anatomy and development of the cricoid. Serial-section whole organ study of perinatal larynges. 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