JORNAL DA ALERJ
Transcrição
JORNAL DA ALERJ
JORNAL DA ALERJ ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO RIO DE JANEIRO ANO I N° 15 11 a 17 DE AGOSTO DE 2003 Um tiro na venda de armas A s armas de fogo estão na mira do Legislativo. Com o objetivo de desarmar o cidadão comum e reduzir os índices de violência no estado, a Alerj aprovou, na última semana, mensagem da governadora Rosinha Garotinho aumentando de 37% para 200% a alíquota de ICMS sobre a venda de armas. A decisão unânime da Casa vai muito além da questão tributária. A medida tem efeito psicológico e representa um passo importante para inibir o acesso às armas, impedindo que caiam em mãos erradas. Nos seis primeiros meses de 2003 foram vendidas, legalmente, 28 armas no estado, contra 10 durante todo o ano passado. "O grande número de armas de fogo nas mãos de pessoas não qualificadas ajuda a alimentar a violência. É nosso dever impedir que isso aconteça", disse o presidente da Casa, Jorge Picciani. Departamento médico oferece prevenção a hipertensos Exposição retrata a trajetória de Chico Mendes Incentivos para Pólo Gás-Químico vão gerar empregos PÁGINA 2 PÁGINAS 4 e 5 PÁGINA 8 PÁGINA 3 2 JORNAL DA ALERJ RIO DE JANEIRO, 11 A 17 DE AGOSTO DE 2003 PALAVRA DO EDITOR O ICMS de 200% sobre a venda de armas não é uma solução definitiva para a violência no Estado do Rio, mas representa um passo importante para reduzir os índices de criminalidade. Daí a decisão unânime tomada pela Alerj na semana passada. Os deputados entenderam que o aumento do imposto terá forte efeito psicológico sobre a população, inibindo o comércio legal de revólveres, pistolas, rifles etc. Nada mais coerente: a própria Secretaria de Segurança Pública tem estatísticas mostrando que, em 70% dos crimes praticados com armas de fogo, elas foram compradas legalmente. Esse arsenal em poder do cidadão de bem é, muitas vezes, o passaporte para assaltos, balas perdidas e homicídios qualificados. Não resta dúvida também que a sensação de insegurança está associada, em parte, à facilidade com que o comércio de armas prolifera. Neste aspecto, a Alerj deu um exemplo louvável ao aprovar a mensagem do Poder Executivo. A lei deveria servir de referência para o Congresso Nacional, que começa a discutir a reforma tributária. O Estado do Rio quer paz e não aceita mais tanto descaso com a vida humana. Gabriel Oliven Diretor de Comunicação Social EXPEDIENTE Publicação semanal do Departamento de Comunicação Social da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro [email protected] Presidente: JORGE PICCIANI 1º Vice-presidente: Heloneida Studart 2º Vice-presidente: José Távora 3º Vice-presidente: Pedro Fernandes 4º Vice-presidente: Fábio Silva 1ª Secretária: Graça Matos 2ª Secretário: Léo Vivas 3º Secretário: Marco Figueiredo 4º Secretário: Nelson do Posto 1º Suplente: Leandro Sampaio 2º Suplente: Eliana Ribeiro 3º Suplente: Nelson Gonçalves 4º Suplente: Rogério do Salão Jornalista responsável: Gabriel Oliven (Mat. 14954/88) Coordenadora: Fernanda Pedrosa Repórteres: Erika Junger, Fernanda Galvão e Luiz Marchesini Estagiários: Fernanda Pizzotti, Fernanda Porto, Florence Jacq, Gabriel Mendes, Leandro Marins, Leonardo Hazan, Melissa Ornelas, Ramien Brum Fotografia: Daniela Barcellos Diagramação: Talitha Magalhães Projeto gráfico: Nel Figueiredo Coordenação Gráfica: Aranha Impressão Digital: Gráfica Alerj Tiragem: 2.000 exemplares Cartilha ajuda a prevenir diabetes e hipertensão SETOR MÉDICO DA ALERJ LANÇA CAMPANHA PARA EVITAR DOENÇAS CRÔNICAS Ramien Brum Equipe de assistência médica está preparada para atender a qualquer tipo de emergência RAMIEN BRUM Parlamentares e funcionários da Alerj têm um importante instrumento para prevenir doenças como hipertensão, diabetes e colesterol alto. O Departamento de Assistência Médica está distribuindo uma cartilha para explicar as causas, os sintomas e os hábitos que devem ser adotados para evitar problemas de saúde comuns na vida moderna. A publicação, que está disponível no departamento, faz parte do projeto Bem Estar. A iniciativa teve como inspiração modelo utilizado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Os enfermeiros da Assembléia Legislativa estão acostumados a receber chamados para medir pressão nos gabinetes. A deputada Heloneida Studart (PT), por exemplo, não hesita em solicitar os serviços do departamento. “O atendimento realizado pela equipe de assistência médica é maravilhoso, em especial o enfermeiro Ângelo, em quem deposito inteira confiança. Todo elogio que fizer ao departamento é pouco”, afirma. A médica Mônica Antun Maia, diretora do departamento, explica que o setor possui quatro consultórios, uma sala de emergência, entre as quais uma destinada ao atendimento psicológico, um centro odontológico e uma UTI móvel. Mas não foi sempre assim. A diretora lembra do tempo em que os recursos eram limitados. “Quando cheguei aqui, não tínhamos estrutura para trabalhar. Hoje, estamos preparados para atender a qualquer tipo de emergência”, garante. Parar durante o recesso e feriados? Isto não faz parte da rotina do centro médico da Alerj. Quando há sessões extraordinárias e grandes eventos, é necessária a presença de médicos e enfermeiros, como no velório do jornalista Tim Lopes. “Devido ao grande número de pessoas, tivemos que ficar de plantão, e dormimos em macas”, recorda uma das médicas do departamento, Carmen Tereza do Espírito Santo. JORNAL DA ALERJ 3 RIO DE JANEIRO, 11 A 17 DE AGOSTO DE 2003 Imposto a serviço do desarmamento DEPUTADOS APROVAM MENSAGEM DO EXECUTIVO QUE TRIBUTA EM 200% ICMS SOBRE VENDA DE ARMAS NO ESTADO Leandro Marins CONTINUAÇÃO DA 1ª PÁGINA N a semana passada, o secretário de Controle, Fernando Lopes, esteve reunido com o Colégio de Líderes da Alerj, para explicar o teor da mensagem que eleva o ICMS sobre a venda de armas e suas conseqüências. O texto original aumentava o percentual de 37% para 150%, mas este índice foi aumentado para 200%, após emenda do deputado Paulo Melo (PMDB), relator do processo e presidente da Comissão de Constituição e Justiça. A iniciativa contou com o apoio dos demais parlamentares da comissão. Para o deputado, qualquer artifício que busque desarmar a população e diminuir a violência é válido. Este é justamente o objetivo da mensagem enviada pela governadora Rosinha Garotinho. A iniciativa, porém, vem somar-se a outras leis, já aprovadas pela Alerj, que atendem à finalidade de dificultar o acesso do cidadão comum às armas. É o caso da Lei 2.611, de autoria do deputado Roberto Dinamite (PMDB), que foi aprovada em 1996, proibindo a veiculação de propagandas alusivas a armas de fogo. Também é proibida a instalação de fábricas de armas, a partir da Lei 3.115, de 1998, do ex-deputado Sivuca. Liminar – Em 1999, a Casa aprovou a Lei 3.219, de autoria do deputado Carlos Minc (PT) e do exdeputado Renato de Jesus, proibindo totalmente a venda de armas no estado. A lei, que chegou a ser sancionada pelo ex-governador Anthony Garotinho, foi derrubada por liminar e ainda hoje aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal. Após a liminar, Minc propôs uma nova lei, desta vez determinando requisitos rígidos para que uma pessoa possa comprar armas. A Lei 3.680 foi aprovada em 2001 e determina que, ao comprar uma arma, o cidadão precisa apresentar justificativa, prova de residência no estado, prova de trabalho, declaração do endereço onde a arma ficará guardada, declaração de três vizinhos de que goza de boa reputação, O secretário Fernando Lopes (2º à esq.) explicou aos deputados o objetivo da mensagem Parcerias com o setor privado reforçam segurança Depois de aprovar o aumento de ICMS sobre a venda de armas, a Alerj votará outra mensagem do Poder Executivo, que institui o Programa Estadual de Parcerias no Combate à Violência. O projeto propõe incentivos fiscais – como abatimento de até 10% em ICMS – para empresas que investirem em segurança pública. As empresas interessadas em integrar o programa devem apresentar à Secretaria de Segurança Pública estudos detalhados sobre os investimentos em equipamentos e serviços, com vistas à diminuição da violência. O tucano Luiz Paulo alerta que os municípios têm direito a 25% das receitas de ICMS. “O abatimento no imposto não pode afetar as finanças dos municípios”, pondera. Outro ponto polêmico da mensagem diz respeito à natureza dos incentivos fiscais concedidos. “A extinção de crédito tributário não pode contemplar os precatórios. Senão, todas as empresas vão querer furar a fila dos precatórios”, avisa Luiz Paulo. atestado de idoneidade moral firmado por autoridade policial estadual e atestado médico de capacitação físicopsíquica. Carlos Minc apóia a proposta de desarmamento, mas acredita que o Governo do estado deveria se preocupar mais com o estoque de armas existente hoje. “Estima-se que haja no Rio, hoje, um milhão de armas de fogo. Destas, 400 mil seriam clandestinas. São justamente essas armas que o governo tem que se esforçar para apreender”, conclui. Já Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), que chegou a propor emenda aumentando a alíquota de ICMS para 300%, teme que a medida seja inócua, já que a lei só valerá a partir do ano que vem. “Caso a Reforma Tributária seja aprovada no Congresso, os estados não mais terão poder de legislar sobre o assunto”, alerta. Em direção oposta, o deputado Délio Leal (PMDB) apresentou emenda reduzindo o ICMS para 18%. “Se o ICMS for tão alto, o efeito acabará sendo negativo, já que o cidadão de bem vai procurar armas no comércio ilegal”, argumentou. Para Paulo Melo, os efeitos da mensagem, porém, vão além do aspecto tributário. “A matéria tem efeito psicológico. É preciso diminuir a sensação de insegurança que as pessoas têm hoje”, acrescenta. 4 JORNAL DA ALERJ Arte e política para relembrar Chico Mendes N FERNANDA PEDROSA o ano do 15º aniversário da morte do sindicalista Chico Mendes, a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro abre suas portas para um evento que vai ultrapassar os limites do Palácio Tiradentes. A exposição “Chico Mendes – 15 anos, o Coração da Floresta”, que será inaugurada no próximo dia 18 com a presença do ministro da Cultura, Gilberto Gil, é mais do que uma mostra dos trabalhos dos artistas plásticos Gervásio Teixeira e Mário Borrielo e do fotógrafo Olavo Rufino. O evento tem o objetivo de manter viva a memória de um dos maiores líderes ambientais do País, assassinado em dezembro de 1988, em Xapuri (Acre). A exposição, projeto do deputado André do PV, permanece na Alerj durante dois meses, seguindo depois para o Acre, onde inicia uma trajetória por vários estados. A idéia, segundo a curadora, Dalva Lazaroni, é levar a mostra também à Europa e, ao final de cinco anos, voltar RIO DE JANEIRO, 11 A 1 ao Rio com um balanço da evolução da causa ambiental no País. “A Alerj orgulha-se de ser o ponto de partida desta exposição itinerante, que percorrerá o Brasil levando a mensagem daquele que conseguiu combinar, de forma pacífica, o trabalho sindical, a defesa da floresta e a militância partidária”, afirma o presidente da Casa, deputado Jorge Picciani (PMDB). No próximo dia 18, o ministro Gilberto Gil receberá a Medalha Tiradentes. Ele participará da inauguração do evento, que começará com uma performance do escultor e carnavalesco Mário Borrielo nas escadarias do Palácio Tiradentes. A fachada lateral do prédio, que dá para a Rua da Assembléia, será coberta por imensos banners, com fotos do desmatamento da Amazônia e as últimas imagens de Chico Mendes vivo, feitas por Olavo Rufino. Outras 26 fotos e 32 telas de Gervásio Teixeira estarão nos corredores internos, incorporadas à exposição permanente sobre a Alerj. “Quero apenas que meu assassinato sirva para acabar com a impunidade dos jagunços, que já mataram 50 pessoas como eu, líderes seringueiros empenhados em defender a floresta.” “Os seringueiros, os índi mais de 100 anos oc Nunca a ame JORNAL DA ALERJ 5 17 DE AGOSTO DE 2003 ios e os ribeirinhos há cupam as florestas. eaçaram.” Fotos Divulgação A saga do líder ambientalista FERNANDA PORTO “Desta vez me acertaram.” “Não posso morrer já. Nem quero me tornar mártir.” Nascido no seringal de Porto Rico, em Xapuri, no Acre, Chico Mendes tornouse seringueiro ainda criança, acompanhando o ofício do pai. Sua vida de líder sindical, no entanto, só começou em 1975, aos 31 anos, quando iniciou o trabalho junto aos seringueiros para impedir o desmatamento da floresta e organizar as primeiras ações em defesa da posse da terra. Em 1980, Chico Mendes ajudou na fundação do Partido dos Trabalhadores, tornando-se um de seus dirigentes no Acre. No ano seguinte, ele assumiu a direção do Sindicato de Xapuri, através do qual promoveu o 1º Encontro Nacional dos Seringueiros. No encontro, surgiu a União dos Povos da Floresta, projeto que buscava unir os interesses de índios e seringueiros em defesa da floresta Amazônica, através da proposta de criação de reservas extrativistas. Esse projeto ganhou repercussão internacional e Chico Mendes, enquanto líder e idealizador, passou a ser considerado referência mundial na luta ecológica. Em 1987, membros da ONU visitaram Xapuri, onde tiveram contato com a devastação da floresta, causada por projetos financiados por bancos internacionais. Meses depois, ele levou a denúncia ao Senado norte-americano, que suspendeu os financiamentos. Com isso, Chico Mendes acabou sendo acusado pelos fazendeiros e políticos locais de estar impedindo o crescimento econômico do estado, passando a ser ameaçado de morte. Em 22 de dezembro de 1988, aos 45 anos, Chico Mendes foi assassinado na porta de sua casa. 6 JORNAL DA ALERJ RIO DE JANEIRO, 11 A 17 DE AGOSTO DE 2003 EM DEBATE: MUDANÇA NO FUNDO DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL A FAVOR: NOEL DE CARVALHO CONTRA: CARLOS MINC DEPUTADO PELO PSB E LÌDER DO GOVERNO DEPUTADO ESTADUAL E LÍDER DO PT Medida necessária Daniela Barcellos A proposta de emenda constitucional da governadora Rosinha Garotinho, que agora deve ser discutida e votada na Alerj, reduzindo o repasse ao Fundo Estadual de Conservação Ambiental de Desenvolvimento Urbano (Fecam) de 20% para 5% do Orçamento Geral do Estado causou, como era previsível, um profundo impacto por se tratar de tema muito caro, tanto para os ambientalistas quanto para a opinião pública. Minha luta em defesa do meio ambiente se confunde com o início de minha vida pública. Já em 1979, prefeito de Resende, em palestra proferida no Clube de Engenharia, advertia para os graves perigos que ameaçavam a água do Vale do Paraíba e propunha medidas concretas, que estimulassem a economia e combatessem a poluição dos recursos hídricos do estado. Sou também autor da lei de preservação dos recursos hídricos do Estado do Rio de Janeiro, uma da mais avançadas do Brasil. Portanto, não sou um estranho no ninho quando o assunto é a questão ambiental, que é tão importante para o presente, como também vital para as gerações futuras. Pois esta medida que, no futuro, com as finanças estaduais estabilizadas, poderá ser revogada, atende hoje a necessidades “Esta medida, que poderá urgentes e inadiáveis. Por ser revogada no futuro, lado, atende hoje a necessidades outro devemos considerar urgentes e inadiáveis” outros fatos: a produção de petróleo no Brasil tem crescido ano a ano, particularmente na nossa Bacia de Campos, que começou a ser explorada em 1977 e que, hoje, é responsável por mais de 80% do petróleo extraído no país. Da mesma maneira, os preços também evoluíram. O percentual atual de 20% dos royalties para o Fecam foi calculado em 1989. Em consequência do aumento espetacular da produção de petróleo e da variação do seu preço, mesmo com a redução para 5%, teremos um repasse maior do que o do ano passado. Em relação ao ano de 1989, este aumento é de 3.581%. Sejamos objetivos: os números são os números e não vamos violentar os fatos. Meio ambiente é vida Ramien Brum A governadora Rosinha Garotinho quer garfar o dinheiro do Fecam – Fundo Estadual de Conservação Ambiental. Já não bastasse a falta de saneamento em regiões importantes, como a Barra da Tijuca e a Baía de Guanabara, já não bastassem outros tantos graves problemas ambientais, o governo ligou o seu rolo compressor para tentar aprovar a alteração constitucional que reduziria para 5% os atuais 20% dos royalties do petróleo e do gás destinados ao Fecam. Ela pretende desfigurar o artigo 263 da Constituição Estadual. Com a proposta governamental, de um total anual de R$ 280 milhões para o Fecam, esta verba ambiental seria reduzida para R$ 70 milhões – um corte de R$ 210 milhões! O Rio de Janeiro precisa investir pesadamente em meio ambiente para sediar, em 2007, os Jogos Pan-americanos e para vencer a disputa pelas Olimpíadas de 2012. Mesmo assim, o governo estadual quer reduzir o Fecam! Não é a primeira investida dos Garotinhos contra o Fecam. Em 1999 e 2000, o então governador Anthony Garotinho garfou R$ 170 milhões do Fecam, desviando esse dinheiro para obras eleitoreiras de asfaltamento de estradas no interior do estado. Conseguimos barrar na Justiça esse absurdo. Em 2000, aprovamos nova emenda constitucional que amplia 30 usos para o Fecam, como saneamento básico, destino adequado “Se bem investido, o dinheiro para o lixo, água do Fecam contribuirá para de boa qualidade, criar milhares de empregos, agricultura orgânica, educação ambiental com ganhos na Saúde” e investimentos em transportes e tecnologias limpas, entre outros pontos. Se bem investido, além da melhora da qualidade de vida da população, o dinheiro do Fecam contribuirá para a criação de milhares de empregos, com ganhos na Saúde, na Educação, na prevenção ambiental, na pesca e no turismo. A governadora alega que o estado está sem recursos e que a verba dos royalties para o Fecam subiu muito. Esquece ela que, à época da aprovação do Fecam, o orçamento estadual era da ordem de R$ 6 bilhões. Agora, anda na casa dos R$ 18 bilhões. Ou seja: toda a arrecadação também aumentou, não se justificando cortes numa área tão importante como a ambiental. Meio ambiente é vida. Não à emenda que tira oxigênio financeiro do meio ambiente! JORNAL DA ALERJ 7 RIO DE JANEIRO, 11 A 17 DE AGOSTO DE 2003 Fundo ambiental desperta polêmica ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DISCUTE EMENDA QUE REDUZ REPASSE DE VERBAS PARA CONSERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE Daniela Barcellos LUIZ MARCHESINI A emenda constitucional encaminhada pelo Poder Executivo, que reduz de 20% para 5% o repasse da arrecadação dos royalties do petróleo destinado ao Fundo Estadual de Controle Ambiental (Fecam), abriu polêmica na Assembléia Legislativa. A emenda altera o inciso primeiro do artigo 263 da Constituição Estadual e começou a ser votada esta semana na Alerj. O Executivo justifica a emenda dizendo que, no período da criação do Fecam, há 14 anos, a arrecadação dos royalties do petróleo pelo estado era de R$ 11 milhões, sendo R$ 2,2 milhões destinados ao fundo. Atualmente, o governo arrecada com os royalties cerca de R$ 1,5 bilhão, sendo repassados, para o Fecam, R$ 78,8 milhões. Como o governo argumenta que precisa se equilibrar financeiramente, esta redução, segundo o texto da mensagem, não prejudicaria a Lei de Diretrizes Orçamentárias e seria necessária diante da discrepância do repasse financeiro do meio ambiente comparado a outros setores, como saúde e educação. “Com essa mudança na Lei Estadual o governo poderia pagar o 13º salário atrasado de 2002 na íntegra, além de repassar cerca de R$ 900 milhões ao deficitário RioPrevidência”, argumentou o secretário estadual de Fazenda, Fernando Lopes, em uma das três reuniões realizadas pelo Colégio de Líderes Partidários da Casa para estudar a proposta do Executivo. O Colégio de Líderes, por sua vez, apresentou ao governo do estado um estudo que escalona gradualmente a percentagem do repasse ao Fecam em 1% ao ano, até 2006. Ou seja, o repasse ficaria em 5% em 2004, 6% em 2005 e, assim, sucessivamente, até chegar a 8%. A utilização do fundo, porém, é vedada para pagamento de pessoal da administração pública direta e indireta e para despesas de custeio diferentes de seu objetivo. Xxx xxxx x xx xxxx xxx xxxx xxx xxxx xxx xxx xxxx xxxxx xxxx x xxx x xxx xx xxx xx xxxx O deputado André do PV apresentou emenda para impedir redução dos repasses ao Fecam AS OPINIÕES DIVERGENTES SOBRE O FECAM ‘Executivo tem de gerar receita’ ‘Perguntas sem respostas’ ‘Uma solução de bom senso’ ‘Temos de ajudar o estado’ É um absurdo que se queira tirar dinheiro do meio ambiente, que já é pouco, para custear as despesas do Governo do estado. O Executivo tem de buscar meios de gerar receitas, e não aumentar mais ainda as despesas. Por isso, decidi apresentar uma emenda supressiva na votação do artigo primeiro da proposta da governadora. André do PV O Fecam foi criado pela Constituição de 1988 e implantado em 1989. Até 1998, investiu-se apenas R$ 11 milhões do Fecam. De 1999 a março de 2002, período em que fui secretário de Meio Ambiente, foram investidos R$ 180 milhões do fundo, ou seja, quase 17 vezes mais. Estou otimista de que os deputados irão chegar a uma solução de bom senso. André Corrêa (PSB) Faltaram argumentos concretos de como o Executivo vai agir na área do meio ambiente com esse corte do Fecam. O Rio está precisando concluir a despoluição da Baía de Guanabara e da Baixada de Jacarepaguá. Como o estado vai terminar essas obras com apenas os 5% de arrecadação do Fecam? Esta pergunta não foi respondida Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) Hoje, só o Fecam recebe cerca de R$ 78 milhões dos royalties do petróleo. Não é justo que o Governo do estado não consiga pagar o 13º de 2002 integralmente por falta de recursos, que faltem remédios nos hospitais e professores nas escolas públicas, enquanto o meio ambiente nada em dinheiro. Temos de ajudar o estado a se recuperar. Washington Reis (PMDB) 8 JORNAL DA ALERJ RIO DE JANEIRO, 11 A 17 DE AGOSTO DE 2003 ENTREVISTA / MARCO FIGUEIREDO DEPUTADO ESTADUAL PELO PSC Mais empregos para a Baixada INCENTIVOS FISCAIS PARA PÓLO GÁS-QUÍMICO VÃO GARANTIR CURSOS DE CAPACITAÇÃO FERNANDA GALVÃO C açula de uma família de seis filhos, Marco Figueiredo tinha apenas nove anos quando perdeu o pai, o vereador Fernando Figueiredo. Dos irmãos, ele foi o único a seguir o caminho da política. E começou cedo: aos 21 anos, elegeu-se vereador na sua cidade, Duque de Caxias. Hoje, depois de dois mandatos como vereador, em seu segundo mandato como deputado estadual e atuando como terceirosecretário da Mesa Diretora, está concentrando sua atividade parlamentar em projetos de geração de empregos. O deputado apresentou este mês emenda à mensagem da governadora Rosinha Garotinho, que oferece incentivos fiscais às empresas que se instalarem no Pólo Gás-Químico, na Baixada Fluminense. O objetivo é utilizar os benefícios fiscais para oferecer cursos profissionalizantes à população, de forma a aproveitar a mãode-obra local no pólo. Aos 32 anos, o deputado entrou também com pedido de CPI para investigar denúncias de fraudes em emplacamentos na Circunscrição Regional de Trânsito – Ciretrans de Nova Friburgo, em 2002. O que a emenda sugere, então? Queremos que esse incentivo fiscal oferecido pelo estado seja revertido em verba destinada ao ensino técnico. A idéia é fazer com que as pessoas se especializem em tecnólogo em Química, para atuar na área de produção de polietileno, que é o negócio do Pólo GásQuímico. E os cursos seriam aplicados nas escolas da Fundação de Apoio à Escola Técnica – Faetec. Acredito que esta emenda passe, pois está sendo muito bem recebida pelos deputados. A grande maioria dos parlamentares está sensível à questão do desemprego no País e no estado do Rio. E como surgiu o pedido de CPI para investigar a Ciretrans de Nova Friburgo? As irregularidades nos emplacamentos começaram a ser denunciadas em Nova Friburgo. Mas, quem me garante que isto pára lá? É preciso apurar, ver onde estão os culpados e tomar providências. Também queremos apurar terceirizações feitas pelo Detran no mesmo período. Tudo isso é muito grave, mexe com o dinheiro público – e isto não podemos permitir. O senhor veio de um distrito carente, chamado Imbariê. Como foi chegar a deputado estadual? Meu pai foi vereador em Duque de Caxias, representando Imbariê. Mas isto não significou que foi fácil seguir seus passos. Quando ele morreu, eu tinha nove anos. Aos 21 fui eleito pela primeira vez vereador. Tive dois mandatos na Câmara, antes de concorrer a deputado estadual. Acho que essas conquistas ocorreram porque não me afastei das minhas bases. Até hoje moro em Imbariê. Estou sempre em contato com a população. O deputado corre um risco muito grande, pois ao se envolver com as atividades parlamentares, ele pode se afastar de seus eleitores. Esta é a pior coisa que pode acontecer com um político. Ramien Brum O que levou o senhor a incluir esta emenda na mensagem da governadora Rosinha Garotinho, que dá incentivos às empresas do Pólo Gás-Químico? Apesar de ser um município industrial, Duque de Caxias ainda tem uma quantidade imensa de jovens e chefes de família desempregados. Para piorar, quando eles tentam arrumar emprego fora da cidade são discriminados, porque o patrão não quer gastar mais em vale-transporte. Sem contar que a maioria não tem qualificação profissional. Fui o relator da mensagem quando ela chegou à Casa, e achei a idéia boa. Mas precisamos evitar que estas empresas busquem, em outras regiões e até mesmo em outros estados, mão-de-obra especializada. A saída, então, é preparar esses jovens para evitar esta situação. Não adianta termos empresas novas, movimentando dinheiro e produzindo em Duque de Caxias, se a própria população não é beneficiada por isso.
Documentos relacionados
Jornal da Alerj - Governo do Estado do Rio de Janeiro
Segundo a coordenadora da Renaciat no Rio de Janeiro, Lília Ribeiro Guerra, que trabalha no Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), em Niterói, das 1.517 ...
Leia maisjornal da alerj - Governo do Estado do Rio de Janeiro
Estão previstos treinamentos como Atualização em Língua Portuguesa, Cidadania e Direitos Humanos, AdministraExpediente Publicação semanal do Departamento de Comunicação Social da Assembléia Legisla...
Leia maisJornal da Alerj - Governo do Estado do Rio de Janeiro
dos planos da Petrobras para os próximos cinco anos. Quem garante é o presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, que apresentou, no dia 1º, no plenário da Alerj, o Plano Estratégico de Negócios ...
Leia mais