CLAB 2011

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CLAB 2011
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6o Curso Latino Americano de Budismo da SGI
Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda da BSGI
21 a 23 de abril de 2011
Explanador: Katsuji Saito – Coordenador de Estudo do Budismo da SGI
Abril/2011
Dia 21
5ª feira
Horário
09:00 ~ 09:30
09:30 ~ 11:30
11:30 ~ 12:00
12:00 ~ 13:00
13:00
15:00 ~ 17:00
17:00 ~ 17:30
17:30 ~ 18:30
18:30 ~ 18:45
09:00 ~ 09:15
09:15 ~ 11:15
Dia 22
6ª feira
11:15 ~ 12:00
12:00 ~ 13:00
13:00
15:00 ~ 15:15
15:15 ~ 17:15
17:15 ~ 17:45
17:45 ~ 18:45
09:00 ~ 09:15
09:15 ~ 11:15
Dia 23
Sábado
11:15 ~ 11:45
11:45 ~ 12:45
12:45
14:30 ~ 15:30
15:30 ~ 16:00
16:00 ~ 17:00
17:00 ~ 17:15
Programação Básica
Cerimônia de Abertura (30min) <Auditório Monarca>
Explanação 1 :
“A estratégia do Sutra de Lótus” (120min) <Auditório Monarca>
Descanso (30min)
Perguntas e Respostas (60min) <Auditório Monarca>
Almoço e Descanso
Explanação 2 :
“A profecia do Buda” (120min) <Auditório Monarca>
Descanso (30min)
Perguntas e Respostas (60min) <Auditório Monarca>
Gongyo <Auditório Monarca>
Gongyo <Auditório Monarca>
Explanação 3 :
“Sobre prolongar a vida” (120min) <Auditório Monarca>
Foto Comemorativa e Descanso (45min)
Perguntas e Respostas (60min) <Auditório Monarca>
Almoço e Descanso
Gongyo <Auditório da Paz>
Estudo Geral 4 :
“O portal do dragão” (120min) <Auditório da Paz + Auditório Monarca>
Descanso (30min)
Perguntas e Respostas (60min) <Auditório Monarca>
Gongyo <Auditório da Paz>
Estudo Geral 5 :
“Carta de Sado” (120min) < Auditório da Paz + Auditório Monarca>
Descanso (30min)
Cerimônia de Encerramento <Auditório Monarca>
Almoço e Descanso
Conferência de Representantes de Estudo do Budismo em Língua
Espanhola (60min) <Sala Humanismo Soka>
Descanso (30min)
Conferência de Representantes de Estudo do Budismo da BSGI
(Conselho Central da BSGI + Líderes de Subcoordenadoria da DJ +
DEB BSGI / Coordenadorias) (60min) <Sala Shitei>
Gongyo <Sala Shitei>
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A estratégia do Sutra de Lótus
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A estratégia do Sutra de Lótus
(The Writings of Nichiren Daishonin, vol. 1, p.1000)
(Revista Terceira Civilização, edição 490, de junho/2009)
Explanação 1
Frase 1: Li atentamente a carta em que o senhor [Shijo Kingo] descreve o recente conflito com
poderosos inimigos. Então, eles finalmente o atacaram. É motivo de alegria ver que sua prudência
e coragem costumeiras, bem como sua firme fé no
Sutra de Lótus, possibilitaram-no sair ileso. (WND-1,
p.1.000).
Frase 2: Quando a boa sorte de uma pessoa
acaba, não há estratégia que valha. Quando as recompensas cármicas de uma pessoa se esgotam,
até os serviçais a abandonam. O senhor sobreviveu
porque ainda possui boa sorte e retribuições. Além
disso, no capítulo [do Sutra de Lótus] “Transferência”(1), os deuses celestiais e as divindades benevolentes juraram proteger os devotos do Sutra de Lótus.
De todas as funções guardiãs celestiais, as que nos
protegem de maneira visível são as divindades do Sol
e da Lua. Como podemos duvidar dessa proteção? A
divindade celestial Mariti, em particular, permanece
diante do deus do Sol para prestar-lhe serviço. Visto que o deus do Sol protege os devotos do Sutra
de Lótus, como poderia o honrado dos céus Mariti,
seu serviçal, abandoná-lo? No capítulo “Introdução”,
do Sutra de Lótus, consta: “[Nesse momento, Shakra
Devanam Indra e seus seguidores, vinte mil filhos de
deuses, encontravam-se presentes.] Também compareceram os filhos das divindades Lua Rara [o deus
da Lua], Fragrância Envolvente [o deus das estrelas],
Brilho Precioso [o deus do Sol] e os quatro reis celestiais, acompanhados de seus seguidores, dez mil
filhos de deuses”. Mariti deve estar entre os trinta
mil filhos de deuses presentes na cerimônia [ou seja,
na assembléia onde Sakyamuni pregou o Sutra de
Lótus]. Do contrário, essa divindade somente poderia
habitar o inferno.
O senhor deve ter escapado da morte por causa
dessa divindade protetora. Mariti concedeu-lhe a haCLAB 2011
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bilidade com a espada, enquanto eu, Nitiren, concedi
ao senhor os cinco caracteres do título do Sutra de
Lótus [Myoho-rengue-kyo]. Não pode haver dúvida
de que Mariti protege os que crêem neste sutra.
Essa divindade também protege o Sutra de Lótus e auxilia todos os seres vivos. Até as palavras [do
mantra guerreiro] “Todos os que participam na batalha, marcham na vanguarda”(2) derivam do Sutra de
Lótus. A isso se refere a passagem: “E quando eles
[os devotos do Sutra de Lótus] expuserem algum
texto do mundo secular ou falarem sobre questões
governamentais ou ocupações que sustentem a vida,
em todos os casos, eles o farão de acordo com a Lei
correta”(3). Por isso, agora, mais do que nunca, o senhor deve reunir o grande poder da fé. Se sua boa
sorte extinguir e faltar-lhe a proteção das divindades,
não as culpe por isso. (WND-1, p.1.000.).
Frase 3:
Masakado foi um general famoso
pela bravura, versado na arte da guerra. Não obstante, ele foi derrotado pelos exércitos comandados
pelo Imperador. Até mesmo [célebres guerreiros da
antiga China como] Fan Kuai e Chang Liang sofreram
derrotas. O coração é o que importa. Por mais fervorosamente que Nitiren ore pelo senhor, se o senhor
próprio não tiver fé, será como tentar produzir fogo
de lenha encharcada. Empenhe-se em fortalecer o
poder da fé. Considere que sua sobrevivência foi um
fato extraordinário. Empregue a estratégia do Sutra de Lótus antes de qualquer outra. “Todos os que
guardam rancor ou animosidade serão, da mesma
forma, eliminados.” (4) Essas palavras douradas jamais
provarão serem falsas. A estratégia e o domínio da
esgrima, em essência, derivam da Lei Mística. Tenha
uma forte fé. Um covarde é incapaz de obter resposta de suas orações. Com meu profundo respeito,
Nitiren (WND-1, p. 1.000-1.001.)
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A estratégia do Sutra de Lótus
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Notas:
(1) Possível referência a uma passagem do capítulo
“Transferência” do Sutra de Lótus que diz:
“Respeitosamente,
conduzimos
todas
as
coisas exatamente conforme direcionado pelo
Honorável do Mundo”
(2) Citação em uma obra Taoista do quarto século,
Pao-p’u Tzu. Os soldados chineses acreditavam
que recitando esta frase enquanto desenhavam
quatro linhas verticais e cinco horizontais no
ar com os seus dedos, receberiam a proteção.
Esta prática difundiu-se mais tarde pelo Japão
e era largamente adotada pelos samurais do
período Kamakura (1185-1333). Aqui, Daishonin
indica que os deuses celestiais e as divindades
benevolentes se enfileiram para proteger os
devotos do Sutra de Lótus em todas as atividades.
(3) Passagem do 19° capítulo do Sutra de Lótus
(4) Passagem do 23° capítulo do Sutra de Lótus:
No sutra, a frase é lida no passado. Aqui foi
modificada para se adequar ao contexto da carta.
Fundo de cena
Esta escritura foi escrita no décimo mês do
segundo ano de Koan (1279) em resposta a uma
carta enviada por Shijo Kingo a Nitiren Daishonin,
informando-o de que Kingo havia caído em uma
emboscada criada pelos inimigos em meio aos seus
próprios samurais companheiros, saindo-se, porém,
ileso.
Daishonin ensina a Kingo que a fé deve sempre
estar acima de qualquer outra tática ou estratégia. A
fé na Lei Mística é o fator chave a determinar a vitória
ou a derrota.
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A estratégia do Sutra de Lótus
Fontes de consulta
Fonte 1: Explanação do presidente Ikeda (Revista Terceira Civilização: edição 490 - pág. 55)
Obviamente é um erro pensar que qualquer situação se resolverá só porque praticamos o Budismo de
Nitiren Daishonin.
Na realidade, justamente por praticarmos o budismo é que nos munimos de profunda determinação para evitar acidentes, e procuramos não nos descuidar jamais para impedir que as funções negativas
levem vantagem.
Quando Shijo Kingo enfrentou tais adversidades, Daishonin orientou-o minuciosamente — desde
como se comportar na presença de seu superior até a
recusar convites dos colegas para beber à noite.
Mesmo depois de Kingo conseguir superar os reveses e receber novas terras como prova da confiança de lorde Ema, Daishonin continuou a aconselhá-lo
a ser mais cuidadoso que nunca. Esse é um ponto de
grande importância.
Nitiren Daishonin declara: “Os inimigos sempre
procuram nos fazer esquecer do perigo para então
nos atacar” (WND-1, p. 952), e “A proteção das divindades depende da força de nossa fé” (WND-1, p.
953).
Justamente quando avançamos com vigor, devemos ter mais cuidado para não nos tornar negligentes. A arrogância e a imprudência nos deixam desarmados ante as funções negativas.
Fonte 2: Explanação do presidente Ikeda (Revista Terceira Civilização: edição 490 - págs. 55 e 56)
Daishonin diz: ”Seja um milhão de vezes mais cauteloso do que tem sido até então” (WND-1, p. 839).
Eis sua solene advertência.
A fé é uma luta entre o Buda e as funções maléficas. Se baixarmos a guarda ou nos descuidarmos
o mínimo, correremos o risco de sermos derrotados
por essas funções. Por isso, é fundamental termos
uma firme fé e continuarmos a nos empenhar em
fortalecê-la sempre. A chave da vitória se encontra
na ação sábia e com base nesse tipo de fé. Daishonin
enfatiza constantemente a seus seguidores a importância de empreender uma luta contra os três obsCLAB 2011
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táculos e as quatro maldades, tendo como base a
fé. É importante não nos esquecermos também de
cultivar o tipo de fé capaz de combater todos os obstáculos e todas as funções maléficas. Essa fé é um
requisito indispensável para a vitória.
Fonte 3: Explanação do presidente Ikeda (Revista Terceira Civilização: edição 490 - pág. 57)
A proteção das funções universais opera de acordo com o princípio de que “a natureza de Buda ativada no interior da pessoa resulta na proteção externa”. Ou seja, quando acreditamos no Sutra de Lótus
e recitamos o Nam-myoho-rengue-kyo, revelamos
nossa natureza de Buda inata que ativa a natureza
de Buda de outros seres que, por sua vez, agem para
nos proteger. É a isso que nos referimos como proteção das funções universais ou divindades celestiais.
Por essa razão, Daishonin declara que os que crêem
no Nam-myoho-rengue-kyo, a essência do Sutra de
Lótus, sem falta, serão protegidos por essas funções
benevolentes.
Fonte 4: Explanação do presidente Ikeda (Revista Terceira Civilização: edição 490 - pág. 58)
Em essência, as tradições culturais e as expressões
mais destacadas da sabedoria humana, cultivadas
com a finalidade de promover a felicidade, a segurança e a prosperidade das pessoas, de maneira alguma contradizem a Lei Mística.
“Quando o céu está claro, a terra fica iluminada.
De modo semelhante, quando uma pessoa compreende o Sutra de Lótus, ela compreende o significado
de todos os assuntos seculares” (END-5, p. 228), declara Daishonin.
Se “compreendermos o Sutra de Lótus” — ou
seja, se acreditarmos na Lei Mística, compreenderemos o “significado de todos os assuntos seculares”.
Extrairemos uma sabedoria genuína com relação aos
assuntos da sociedade, como o trabalho e as questões do cotidiano, e viveremos de modo correto. Isso
significa que devemos nos esforçar a todo momento para cultivar essa capacidade. A fé não deve nos
converter em pessoas acomodadas ou conformadas
com o próprio desenvolvimento. Ao contrário, deve
nos incentivar a fazer o melhor, a nos empenhar com
sabedoria, dedicação e energia em todos os campos
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A estratégia do Sutra de Lótus
da vida — no estudo, no trabalho, na educação dos
filhos, na expansão dos laços de amizade na comunidade em que vivemos.
Fonte 5: Explanação do presidente Ikeda (Revista Terceira Civilização: edição 490 - pág. 58)
1. O poder, a perícia militar, a riqueza, a fama e
outros aspectos externos não se traduzem automaticamente em vitória, muito menos são
garantia de felicidade. “O coração é o que importa” (WND-1,p.1.000). Esta é a conclusão
definitiva de Daishonin. A felicidade não é estabelecida pelo título acadêmico, pela posição
social, pelo cargo ocupado numa organização
ou empresa, tampouco pela idade. O que conta
é o coração ou a mente.
2. O coração pode estar envolto pela escuridão
ou ignorância; ou pode resplandecer de forma
sublime, como a entidade da Lei Mística, livre
dessa ignorância. A mente encoberta pela ilusão é facilmente apanhada numa espiral decadente de sofrimento e negatividade, e as aflições do nascimento e da morte só tendem a
se intensificar. Em contrapartida, uma mente
iluminada — que brilha como entidade da Lei
Mística entra na órbita ascendente de otimismo e esperança e tem o poder de transformar
tudo o que é negativo em positivo.
O potencial de ambos os estados da mente
existe no interior de cada ser humano. A ignorância e a iluminação são, fundamentalmente,
dois aspectos inseparáveis (cf. WND-1, p. 418).
Portanto, a entidade de uma “mente que se encontra encoberta pela ilusão da escuridão inata
da vida” resplandecerá como uma jóia reluzente da “natureza essencial dos fenômenos e da
realidade” (END-1, p. 4). Podemos transformar
a ignorância em iluminação e converter, dessa
forma, o veneno em remédio. Por isso, a Lei é
descrita como “mística” ou “maravilhosa”.
3. Um coração libertado dos grilhões da ignorância é imenso como o céu, livre como uma águia
planando nas alturas. É também digno e majesCLAB 2011
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toso como a colossal Torre de Tesouro descrita
no Sutra de Lótus, transbordante da alegria da
Lei e de paz espiritual. A sabedoria do Buda ilimitada lhe permite elevar-se sobre os males e
infortúnios e a superá-los totalmente. O poder
da mente é inconcebível. Uma mudança sutil
em nossa atitude ou postura pode mudar tudo.
Recitar o Nam-myoho-rengue-kyo pela felicidade pessoal e alheia é a prática que nos permite
extrair esse poder que temos inerente. Daishonin afirmou: “A mente, que está além da capacidade de compreensão, constitui o ensino central dos sutras e tratados. Denomina-se Aquele
que Traz a Verdade [ou seja, Buda] quem despertou para a existência da mente e conseguiu
compreendê-la” (WND-2, p. 844).
Fazer pleno uso desse poder da vida é a chave
para a vitória, não só no que concerne à vida
diária pessoal como também à existência eterna. Isso nada mais é que empregar a “estratégia do Sutra de Lótus”.
Fonte 6: Explanação do presidente Ikeda (Revista Terceira Civilização: edição 490 - págs. 59 e 60)
Nitiren Daishonin percebeu esse potencial supremo e verdadeiro da mente e o inscreveu no Gohonzon o objeto de devoção fundamental expressando
nele o ilimitado estado de vida que ele atingiu.
Consequentemente, quando recitamos Nam-myoho-rengue-kyo com sincera fé no Gohonzon, é
como se estivéssemos diante de um espelho e víssemos que ali, claramente refletido, está nosso universo interior, nosso monumental estado de Buda. Dessa forma, podemos manifestar em nós a condição de
vida intrépida do rei leão, exatamente como Nitiren
Daishonin fez.
O grande restaurador do Budismo de Nitiren
Daishonin, Nitikan Shonin (1665-1726), afirmou:
“Graças ao poder da Lei Mística, manifestamos em
nós a vida de Nitiren Daishonin”. (Totaigui Sho Mondan: Comentário sobre “A entidade da Lei Mística”)
Disse ainda: “Quando acreditamos no objeto de
devoção com toda sinceridade, ele passa a ser o nosso coração. Por essa razão, o estado de Buda são
os nove mundos. Quando recitamos Nam-myoho-rengue-kyo com um sentimento puro, nossa vida,
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em sua totalidade, passa a ser o objeto de devoção”.
(Kanjin no Honzon Sho Mondan: Comentário sobre
“O objeto de devoção para a observação da mente”)
Daishonin declara: “Este Gohonzon se encontra
somente nos dois caracteres com os quais se escreve
‘fé’” (WND-1, p. 832).
Na frase “O coração é o que importa”, “coração”
significa “fé”. Um coração de fé genuína e autêntica
é um tesouro incomparável; contém, em si, todas as
riquezas e maravilhas do Universo.
Fonte 7: Explanação do presidente Ikeda (Revista Terceira Civilização: edição 490 - págs. 59 e 60)
Na carta “A estratégia do Sutra de Lótus” como
também em outros escritos, Daishonin ressalta um
ponto fundamental sobre a nossa atitude na fé - a
importância de orar e se empenhar com o mesmo espírito ou postura do mestre. Identificamos esta mensagem no seguinte trecho: “Por mais fervorosamente
que Nitiren ore pelo senhor, se o senhor próprio não
tiver fé, será como tentar produzir fogo de lenha encharcada” (WND-1, pp. 1.000-1.001).
Numa outra carta escrita para Shijo Kingo,
Daishonin o adverte: “Se os seguidores leigos e seu
mestre oram com pensamentos diferentes, suas orações serão inúteis como tentar atear fogo na água”
(WND-1, p. 795).
Outra carta com conteúdo semelhante foi redigida em Minobu à monja leiga Senniti, habitante da
Ilha de Sado. No escrito, Daishonin elogia o espírito
de procura da discípula pelos ensinos, não obstante
a distância enorme que os separa fisicamente: “Apesar de a senhora permanecer em Sado, seu coração
chegou até esta província. [...] O coração é o que
importa” (WND-1, p. 949).
Ele a encoraja dizendo que, mesmo estando longe, o coração de Senniti chegou até ele, e que ambos
compartilham um laço muito profundo. A sinceridade do coração é o que conta, explica Daishonin.
Na passagem “O coração é o que importa”, “coração” também pode ser interpretado como “a determinação de compartilhar o mesmo coração do mestre”. Daishonin afirma: “Os que possuem o coração
de um rei leão, com certeza, atingirão o estado de
Buda assim como Nitiren” (END-5, pp. 16-17).
O coração da fé, que tem como foco propagar
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ativamente a Lei Mística; o coração do discípulo, que
apóia ativamente seu mestre; o coração do rei leão,
que brada ativamente em defesa da verdade e da justiça — estas são as armas e as estratégias mais poderosas que temos para realizar a paz e assegurar a
felicidade das pessoas pelas três existências: passado,
presente e futuro. Este, esclarece Daishonin, é o “ensino da estratégia do Sutra de Lótus” (WND-1 p. 1.001).
A “estratégia do Sutra de Lótus” corresponde à
fé no Gohonzon; à fé que combate a ignorância e a
ilusão, que transforma o carma negativo em positivo
e que triunfa sem falta por meio da oração convicta,
da sabedoria e da coragem ilimitadas — todas derivadas dessa oração.
Seja qual for a circunstância, quando nos baseamos na Lei Mística, a Lei suprema do Universo, jamais
nos veremos num beco sem saída. O poder inigualável do Nam-myoho-rengue-kyo nos permite transcender todos os obstáculos ou impedimentos que se
interponham em nosso caminho para a consecução
do estado de Buda.
Fonte 8: Nova Revolução Humana (Nova Revolução Humana, vol. 10, cap. “Nova Rota” pág. 187)
“O mar tenebroso existia apenas na mente das
pessoas. Gil Eanes foi quem manejou o leme da coragem e transpôs o ‘cabo do medo’ do seu próprio
coração”. Shin-iti disse aos membros da comitiva:
— A história da navegação portuguesa ensina
que, com temor, não há avanço nem vitória. Conforme consta nos escritos, “os discípulos de Nitiren não
poderão realizar nada se forem covardes” (END, vol.
4, pág. 246), não é possível empreender o Kossen-rufu com medo e covardia. A coragem é o que abre a
nova rota do Kossen-rufu. É preciso transpor o “cabo
do medo” que existe no coração.
Fonte 9: Explanação do presidente Ikeda (Revista Terceira Civilização: edição 490 - pág. 61)
“A covardia nos fecha os olhos” (EMERSON, Ralph
Waldo. Society and Solitude (Sociedade e Solidão).
Boston: Houghton, Mifflin and Company, 1870, p.
244), declarou com sagacidade Ralph Waldo Emerson (1803-1882), uma das figuras ilustres da Renascença norte-americana. O medo nos impede de
perceber a verdade, não nos deixa enxergar os fatos
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A estratégia do Sutra de Lótus
como realmente são. Faz com que uma dificuldade
insignificante pareça um obstáculo enorme e com
que a porta para uma solução pareça um muro espesso ante nossos olhos. Portanto, é fundamental
munirmo-nos de coragem.
Emerson disse algo muito interessante: “É obvio
que não existe uma entidade separada chamada ‘coragem’, não há célula do cérebro nem vaso sanguíneo que contenha gotas ou átomos que nos concedam essa virtude. No entanto, a valentia é o direito
ou o estado saudável de qualquer ser humano, que o
torna livre para fazer aquilo que lhe corresponde por
sua constituição ou natureza. A coragem é uma força direta, é a execução instantânea do que se deve
fazer” (Ibidem, p. 251).
Do ponto de vista do budismo, coragem indica
o espírito mais forte e firme que existe, derivado da
nossa natureza de Buda inerente. Poderíamos dizer
que esse “estado saudável” se aplica à energia combatente de vencer a própria escuridão intrínseca e
revelar num instante nossa natureza iluminada do
Darma.
Para nós, coragem significa desafiar as questões
reais e cotidianas no local em que nos encontramos,
com a convicção de que somos manifestações da Lei
Mística. Essa é a forma de aplicar a estratégia do Sutra de Lótus e de edificar uma história indestrutível
de glória e de triunfo.
Quando jovem, trabalhei com meu mestre Toda
e, juntos, travamos árduas batalhas. Sempre que
me encontrava num impasse, recitava Daimoku para
achar uma solução. Orava e, revigorado, voltava a
desafiar. Decidido a conquistar vitórias para meu
mestre e pelo Kossen-rufu, cada dia me lançava destemidamente a enfrentar os obstáculos. Com essa
atitude, no fim, triunfei sobre todas as adversidades.
“Por meu mestre!”, “Pelo Kossen-rufu!” — quando os jovens atuam com a firme determinação de
corresponder ao mestre e contribuir para o Kossen-rufu, podem manifestar livremente todo o seu potencial. Digo por experiência própria, que esta é a
“estratégia do Sutra de Lotus”.
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A PROFECIA DO BUDA
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A profecia do Buda
(The Writings of Nichiren Daishonin, vol. 1, pp.398~402)
(Revista Terceira Civilização, edição 486, de fevereiro/2009)
Explanação 2
Frase 1: O sétimo volume do Sutra de Lótus
afirma: “Após eu ter entrado em extinção, no último
período de quinhentos anos, os senhores devem propagar este ensino [o Sutra de Lótus] amplamente em
todo o Jambudvipa e jamais permitir que seu fluxo
cesse”. Por um lado, é lamentável que mais de 2.220
anos já tenham se passado desde o falecimento do
Buda. Que mau carma me impediu de ter nascido
na época dele? Por que não pude estar presente na
época do advento dos quatro tipos de sábios, nos
Primeiros Dias da Lei, ou de Tient’ai e Dengyo, nos
Médios Dias da Lei? Por outro lado, alegro-me com
a boa sorte de ter nascido no último período de quinhentos anos e de poder ler essas palavras verdadeiras do sutra.
Ainda que eu tivesse nascido na mesma época
que o Buda, de nada adiantaria, pois os que abraçaram os quatro sabores dos ensinos ainda não tinham
ouvido falar do Sutra de Lótus. E também de nada
adiantaria eu ter nascido nos Primeiros ou Médios
Dias da Lei, pois nem os eruditos das três escolas do
sul, das sete escolas do norte [da China], nem os seguidores de outras escolas, como Guirlanda de Flores
e Verdadeira Palavra, acreditavam no Sutra de Lótus.
O Grande Mestre Tient’ai declara: “No último período de quinhentos anos, o Caminho místico propagar-se-á e beneficiará a humanidade até o distante
futuro”. Isso não descreve a época da ampla propagação? O Grande Mestre Dengyo afirma: “Os Primeiros e Médios Dias estão chegando ao fim e os Últimos Dias estão prestes a se iniciar”. Essas palavras
revelam quanto ele ansiava pelos Últimos Dias da Lei.
Se analisarmos a recompensa de se viver em diferentes épocas, está claro que a minha supera as de Nagarjuna e Vasubandhu e até mesmo as de Tient’ai e
Dengyo. (WND-1, p.398)
Frase 2: Vinte e um anos já se passaram desde
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A PROFECIA DO BUDA
que eu, Nitiren, compreendi esse princípio [e iniciei a
propagação]. Durante esse tempo, enfrentei adversidades, dia após dia e mês após mês. Nos últimos
dois ou três anos, entre outros obstáculos, quase fui
executado. As chances de que sobreviverei mais este
ano ou mesmo este mês são de uma em dez mil.
Se alguém duvidar de minhas palavras, instrua essa
pessoa a procurar meus discípulos e eles explicarão
detalhadamente.
Que sorte tenho em poder expiar, em uma única
existência, as ofensas de calúnia à Lei que vim acumulando desde o infinito passado! Como estou feliz
em poder servir ao Buda Sakyamuni, o lorde dos ensinos, com quem jamais me encontrei pessoalmente! Oro para que, antes de tudo, eu possa conduzir
e direcionar o governante e aqueles que me perseguiram. Relatarei ao Buda sobre todos os discípulos
que me apoiaram e, antes de morrer, transferirei os
grandes benefícios acumulados por meio de minha
prática para os meus pais, os quais me deram a vida.
(WND-1, p.402)
Frase 3: Agora, como num sonho, compreendo a essência do capítulo “Surgimento da Torre de
Tesouro”. Conforme consta no sutra: “Se os senhores
fossem capazes de pegar o Monte Sumeru e atirá-lo na direção das incontáveis terras dos budas, isso
também não seria difícil... Mas, se após o Buda ter
entrado em extinção, na época maléfica, os senhores
forem capazes de ensinar esse sutra, isso será realmente difícil!”
O Grande Mestre Dengyo declara: “Sakyamuni
ensinou que o superficial é fácil de abraçar, mas o
profundo é difícil. Descartar o superficial e buscar o
profundo é a atitude de uma pessoa de coragem. O
Grande Mestre Tient’ai confiou em Sakyamuni e o
seguiu, e empenhou-se para manter a escola Lótus,
propagando seus ensinos em toda a China. Nós, do
Monte Hiei, herdamos a doutrina de Tient’ai e nos
esforçamos para manter a escola Lótus e propagar
seus ensinos por todo o Japão”. Eu, Nitiren, da província de Awa, certamente herdei os ensinos da Lei
desses três mestres e, nesta era dos Últimos Dias,
dedico-me para manter a escola Lótus e difundir a
Lei. Juntos, deveríamos ser chamados de os quatro
mestres das três nações. (WND-1, p.402)
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A PROFECIA DO BUDA
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Fontes de consulta
Fonte 1: Fundo de Cena
O presente Gosho, datado em 11 de maio de
1273, foi escrito por Nitiren Daishonin quando se encontrava exilado em Itinosawa, na Ilha de Sado, aos
52 anos de idade.
Não consta o nome para quem esse Gosho foi endereçado, mas, tal como no caso de “A prática dos
ensinos do Buda”, que foi escrito praticamente na
mesma época e endereçado “para as pessoas em geral”, acredita-se que este também tenha sido para
“todos os discípulos e seguidores”.
Havia passado um ano e meio desde Daishonin
ter sido exilado em Sado.
Sobre as circunstâncias em que ele se encontrava
nessa época, diz nesse Gosho: “As chances de que
sobreviverei mais este ano ou mesmo este mês são
uma em dez mil.” (WND-1, p.402). A situação de
cada dia era de iminente ocorrência de perigo contra a sua vida.
Em meio a essas circunstâncias, Daishonin escreveu no ano anterior o escrito Abertura dos Olhos,
no qual revelou o Objeto de Devoção em forma de
Pessoa. Depois, em abril, um mês antes do presente
Gosho, revelou o Objeto de Devoção em forma de Lei
no escrito O Objeto de Devoção para a Observação
da Mente.
O fato de ter escrito a Abertura dos Olhos e O
Objeto de Devoção para a Observação da Mente significa que ele concluiu a revelação dos princípios que
envolvem o Objeto de Devoção em forma de Pessoa e
Lei. O presente Gosho declara, com base nos profundos significados desses dois escritos, que o Budismo
de Nitiren Daishonin possibilita todas as pessoas manifestar a mais digna vida que está de acordo com a
Lei Mística fundamental do Universo e é a Grande Lei
que salvará todas as pessoas do mundo dos Últimos
Dias da Lei.
Este Gosho é a declaração por escrito da realização do Kossen-rufu de Jambudvipa, ou seja, do Kossen-rufu mundial.
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18
A PROFECIA DO BUDA
Fonte 2: Sobre o título
O título do presente Gosho significa “revelar a
profecia do Buda”. “Profecia” refere-se aos textos em
que constam as previsões do futuro.
Aqui, “A profecia do Buda” indica o trecho do
Capítulo Rei dos Remédios do Sutra de Lótus, onde
Sakyamuni profetiza: “Após eu ter entrado em extinção, no último período de quinhentos anos, os
senhores devem propagar este ensino [o Sutra de
Lótus] amplamente em todo o Jambudvipa e jamais
permitir que seu fluxo cesse”. (Este é o trecho citado logo no início da Frase 1 desta matéria)
“Revelar a profecia do Buda” significa tornar real
a profecia do Buda. Daishonin afirma neste Gosho
que, em conformidade com esta passagem do sutra, foi ele quem recebeu as grandes dificuldades e
perseguições para a propagação do Sutra de Lótus
e revelou o Budismo a ser propagado amplamente
para o mundo inteiro. Este é o Budismo do Nam-myoho-rengue-kyo de Nitiren Daishonin.
Desta forma, a condição básica para tornar real a
profecia do Buda é estabelecer o budismo que torna
real os ideais do Sutra de Lótus.
E então, colocando-se na posição do devoto do
Sutra de Lótus dos Últimos Dias da Lei, Daishonin revela a “profecia” sobre si mesmo, de que, da mesma
forma que o Sol segue do leste para o oeste, o Budismo Nitiren, que surgiu no país do leste, o Japão,
retornará sem falta para o oeste, sendo propagado
amplamente para o mundo inteiro. Este é o “retorno
do Budismo para o oeste”.
Fonte 3: Explanação do presidente Ikeda (TC
486, edição de fevereiro/2009)
“A profecia do Buda” é um de meus escritos
prediletos. Para mim, transmite perfeitamente o
nobre compromisso de Daishonin de tornar realidade a profecia do Buda Sakyamuni referente à
propagação da Lei Mística no mundo inteiro. Em
meu peito, ressoa eternamente esse toque de clarim, exortando às gerações futuras de seguidores
a se levantar e a atuar em prol do Kossen-rufu
mundial, com o mesmo propósito que o Buda.
Não é exagero dizer que esse escrito é a fonte do
espírito da Soka Gakkai, ligando-a diretamente a
Nitiren Daishonin.
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A PROFECIA DO BUDA
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Fonte 4: Frase do capítulo Rei dos Remédios
que prediz o futuro do Kossen-rufu mundial nos
Últimos Dias da Lei
“Após eu ter entrado em extinção, no último período de quinhentos anos, os senhores devem propagar este ensino [o Sutra de Lótus] amplamente em
todo o Jambudvipa e jamais permitir que seu fluxo
cesse, e não permita que os demônios malignos, as
pessoas maldosas, os seres celestiais, os dragões, os
demônios yakshas e kumbhanda tomem vantagem.”
Fonte 5: Explanação do presidente Ikeda (TC
486, edição de fevereiro/2009)
“Os deuses celestiais e as divindades benevolentes, bem como os bodhisattvas que emergiram da
terra, tão numerosos quanto as partículas de pó de
mil mundos, protegerão esse praticante [aquele que
descarta os ensinos provisórios e proclama corretamente o Sutra de Lótus] como o devoto do Sutra de
Lótus. Com a proteção de todos eles, esse devoto
vai [estabelecer e] propagar amplamente, por todo
o Jambudvipa [o mundo inteiro], o objeto de devoção do ensino essencial, ou os cinco caracteres do
Myoho-rengue-kyo.” (WND-1, 400).
Em outras palavras, o ensino que deverá ser propagado nos Últimos Dias da Lei é o “objeto de devoção do ensino essencial, ou os cinco caracteres do
Myoho-rengue-kyo”. E a pessoa que o fará é o “devoto do Sutra de Lótus”. Quando ambas as condições convergem, os Últimos Dias deixam de ser uma
época deplorável e impura, na qual os ensinos do
Buda perecem para se transformar numa era jubilosa
na qual o Sutra de Lótus é propagado amplamente.
“O objeto de devoção do ensino essencial, ou os
cinco caracteres do Myoho-rengue-kyo”, constitui o
princípio místico fundamental para a iluminação de
todas as pessoas. É também a vida infinitamente nobre do Buda, inseparável desse princípio místico. É
também a Lei suprema em virtude da qual todos os
budas atingem a iluminação. Nesse sentido, pode-se dizer que corresponde à “semente do estado de
Buda”, já que é a causa para atingir esse elevado estado de vida.
Todas as pessoas possuem a semente do estado
de Buda inerente. Porém, a escuridão ou ignorância
que encobre a vida delas impede que essa semenCLAB 2011
20
A PROFECIA DO BUDA
te seja ativada facilmente. Eis a necessidade de um
mestre que mostre como vencer essa escuridão e de
um ensino que esclareça a existência dessa semente
na vida de cada pessoa. Nos Últimos Dias da Lei, esse
mestre é o “devoto do Sutra de Lótus”, e o ensino é o
“objeto de devoção do ensino essencial, ou os cinco
caracteres do Myoho-rengue-kyo”.
As pessoas dos Últimos Dias da Lei necessitam da
Lei Mística, o caminho direto para a iluminação, o
meio para ativar a semente intrínseca do estado de
Buda. Por isso, Daishonin revelou primeiro o mestre
e o ensino — a Pessoa e a Lei — em “Abertura dos
olhos” e em “O objeto de devoção para a observação
da mente”, e então escreveu “A profecia do Buda”
para fazer sua declaração em prol do Kossen-rufu
mundial.
Fonte 6: Explanação do presidente Ikeda (TC
486, edição de fevereiro/2009)
Nitiren Daishonin identifica o devoto do Sutra de
Lótus como o mestre que propagará a Lei Mística nos
Últimos Dias da Lei. Este é um ponto de suma importância dentro do ensino budista. É assim porque
tanto o ato de fazer germinar a semente do estado
de Buda — a Lei da vida — como o ato de combater
a escuridão ou a ignorância que impedem a germinação dessa semente são ações que nos remetem ao
mesmo ser humano. Assim, a pessoa que reúne as
condições para ser mestre dos Últimos Dias da Lei
tem de ser alguém que demonstre, com o próprio
exemplo, que os seres humanos têm o poder de dissipar a escuridão fundamental e manifestar o potencial da semente do estado de Buda (iluminação). Esse
é o devoto do Sutra de Lótus a quem Daishonin alude. Devoto é aquele que põe em prática os ensinos
do Sutra. Portanto, não pode ser considerado um devoto quem se contenta em estudar, ler ou recitar o
Sutra como simples formalidade.
As qualidades que definem o devoto do Sutra de
Lótus são praticar o ensino do Sutra com a própria
vida e mostrar provas tangíveis de manifestar em si
mesmo o potencial dessa semente do estado de Buda.
Em particular, para assegurar a todas as pessoas o
meio de fazer germinar a semente do estado de Buda
na realidade da vida cotidiana, o devoto necessita
munir-se de uma forte convicção e empenhar-se resoCLAB 2011
A PROFECIA DO BUDA
21
lutamente em combater as funções negativas que, invariavelmente, surgirão no transcorrer desse desafio.
A luta contra as funções negativas também tem
sido o ponto de partida da Soka Gakkai.
Fonte 7: As profecias de Daishonin sobre o
retorno do Budismo para o oeste
“A lua aparece no oeste e espalha sua luz em direção ao leste. O sol surge no leste e lança seus raios
ao oeste. O mesmo é verdadeiro com o Budismo. Ele
se espalhou do oeste ao leste nos Primeiros e Médios
Dias da Lei, mas viajará do leste ao oeste nos Últimos
Dias da Lei.” (END-I, pág. 128)
“Questão: O senhor cumpriu a profecia do Buda;
agora, o que o senhor próprio prediz?
“Resposta: Não pode haver dúvidas de que o último período de quinhentos anos já começou como
profetizado pelo Buda. Digo, sem falha, o Budismo surgirá e fluirá do leste, da terra do Japão. (De
acordo com os presságios que ocorrem atualmente)
devemos saber que nascerá um sábio tal como um
buda.” (END-I, pág. 130)
Fonte 8: Frases do Gosho que mostram a condição de vida de grande alegria
“Sinto uma imensa alegria mesmo estando exilado.” (END-5, pág. 254)
“Quanto piores forem as adversidades que recaírem sobre ele, maior será a alegria que sentirá devido
à sua forte fé.” (END-1, pág. 81)
“Entre todas as pessoas, que desde o começo de
nosso presente kalpa foram perseguidos por seus
pais ou soberanos e exilados em ilhas distantes, nenhuma delas se alegrou como nós.” (END-5, pág. 48)
“Por causa de minhas ações, fui condenado ao
exílio; porém, na presente existência, esse é um sofrimento insignificante pelo qual não vale a pena lamentar. Nas minhas próximas existências, desfrutarei
imensa felicidade, e essa certeza é o que me dá grande alegria.” (END-4, pág. 222)
“Com esse meu corpo, tenho cumprido as proCLAB 2011
22
A PROFECIA DO BUDA
fecias do sutra. Quanto mais as autoridades do governo lançam sua fúria contra mim, maior é a minha
alegria.” (END-4, pág. 75)
“Ouvindo isso, alegrei-me, dizendo que há muito
esperava por esse momento.” (GZ, pág. 910)
“Que alegria maior poderia haver?” (GZ, pág.
914)
“Não há a menor dúvida a respeito do meu momento final. Irei sentir uma alegria especial quando a
minha cabeça for cortada. É como encontrar grandes
bandidos e poder trocar grande veneno por jóia.”
(GZ, pág. 962)
“É uma felicidade a minha vida comprovar a passagem “repetidamente banido”. Que satisfação,
quanta alegria.” (GZ, pág. 963)
“Que sorte tenho em poder expiar, em uma única
existência, as ofensas de calúnia à Lei que vim acumulando desde o infinito passado! Como estou feliz
em poder servir ao Buda Sakyamuni, o lorde dos ensinos, com quem jamais me encontrei pessoalmente!” (GZ, pág. 509)
Fonte 9: Sabedoria do Sutra de Lótus (BS
1527, edição de 9/outubro/1999)
Quando encontramos dificuldades, recitamos
Daimoku para solucionar nossos problemas. Quando
tristes, levamos nossa tristeza ao Gohonzon.
Quando felizes, oramos com um profundo sentimento de gratidão. À medida que assim fazemos,
continuamos a avançar, olhando para nossos problemas de um estado de vida elevado. Quando oramos
ao Gohonzon, é como se estivéssemos olhando todo
o Universo, permitindo-nos observar impassivelmente os sofrimentos que existem em nossa própria vida.
“Aceitar com alegria” não significa que não temos
preocupações ou sofrimentos. Justamente por termos
problemas podemos recitar Daimoku, produzindo uma
forte energia vital. Porque há sofrimento, há alegria. É
impossível experimentar somente a alegria na vida.
O budismo é vitória ou derrota; portanto, a vida
é uma luta. Esse é o motivo pelo qual devemos deCLAB 2011
A PROFECIA DO BUDA
23
senvolver uma fortaleza interior para continuamente
avançar. Uma vida que é forjada e fortalecida dessa
forma desfruta uma eterna alegria.
Com base na fé, podemos estabelecer um estado
de vida que, não importando o que aconteça, experimentamos alegria, esperança e convicção nas profundezas de nosso ser. Isso nos dá força para irmos
àqueles que estão sofrendo e, juntos, buscarmos a
verdadeira felicidade.
Embora seja difícil compreendermos o estado
de vida de Nitiren Daishonin, certamente podemos
perceber essa profunda alegria em suas escrituras. O
presidente Toda certa ocasião descreveu o exílio de
Daishonin à Ilha de Sado afirmando: ”Em condições
atuais, o exílio em Sado é comparável a ser banido
para o Deserto do Saara.” E, mesmo assim, em meio
a essa grande perseguição, Daishonin disse: “Sinto
um imensurável prazer.” (END, vol. 1, pág. 368.)
Fonte 10: Orientação do presidente Ikeda
“O Buda Original possui apenas o coração benevolente de conduzir todos os seres vivos, sem exceção, para a iluminação, isto é, o de salvar toda a
humanidade. O Sol é imparcial; ilumina igualmente
todos os seres sobre a face da Terra. As luzes da benevolência do Buda Original, que é como um sol para
a humanidade, banham sem distinção todas as pessoas do mundo.“
Fonte 11: Frase final do capítulo Juryo
Mai-ji-sa-ze-nen. I-ga-ryo-shu-jo. Toku-nyu-mu-jo-do. Soku-jo-ju-bus-shin.
“Medito constantemente como conduzir as pessoas ao caminho supremo e fazer com que adquiram
rapidamente o corpo do Buda”. (LS, pág. 273)
Fonte 12: Reflexões sobre a Nova Revolução
Humana (TC 403, edição de março/2002)
Apesar de ser alvo das mais severas perseguições,
Nitiren Daishonin também demonstrou um espírito
de tolerância e benevolência tão vasto quanto o oceano, dizendo: “Oro para que, antes de tudo, eu possa conduzir e direcionar o governante e aqueles que
me perseguiram.” (WND-1, p.402)
Porém, isso não significa que seja aceitável encobrir a diferença entre o bem e o mal ou tolerar o mal.
CLAB 2011
24
A PROFECIA DO BUDA
Conforme disse o primeiro presidente da Soka
Gakkai, Tsunessaburo Makiguti, que se manteve firme diante da opressão das autoridades militares japonesas e morreu no cárcere por suas crenças: “Se
não tiver a coragem de ser inimigo do mal, tampouco
poderá ser amigo do bem.” (Coletânea de Obras de
Tsunessaburo Makiguti, vol. 6, pág. 71)
O bem não pode ser atingido sem uma luta contra o mal. Ao ignorarmos o mal estaremos demonstrando nossa covardia e falta de benevolência, o que
no final, é o mesmo que praticar o mal.
A grande luta para vencer as forças astutas do
Rei-Demônio do Sexto Céu e as tendências destrutivas em nossa própria vida é o que chamamos de
Kossen-rufu, de revolução humana.
Fonte 13: Frase da escritura Sobre a Torre de
Tesouro (END-5, p. 8)
“Em essência, o surgimento da torre de tesouro
indica que ao ouvirem o ensino do Sutra de Lótus,
os três grupos de ouvintes compreenderam, pela primeira vez, que a torre de tesouro existe dentro de
sua própria vida.”
Fonte 14: Orientação do presidente Ikeda
O ato de abandonar os ensinos superficiais e buscar o mais profundo requer coragem. Em termos de
nossa atuação, esse ato denota a bravura dos que
emergiram da Terra e avançam em direção ao Kossen-rufu. Não existe um modo de vida mais profundo
do que viver em prol da Lei Mística e de perseverar-se
na prática da fé. Por esta razão, desejo que mantenham uma vida de total dedicação ao Kossen-rufu,
sem hesitação ou retrocesso.
Não sejam covardes nem fracos que distorcem
suas próprias convicções por causa do sucesso profissional, fama e posição tão comuns na sociedade.
Uma existência parece ser longa, porém é curta. Passa num piscar de olhos. Exatamente por este motivo,
quero que levem a cabo tudo que vocês forem capazes de realizar, sem deixar arrependimentos, enquanto são jovens e numa época em que podem se
empenhar dando o máximo de si.
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SOBRE PROLONGAR A VIDA
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Sobre prolongar a vida
(The Writings of Nichiren Daishonin, vol. 1, p.955)
(Revista Terceira Civilização, edição 483, de novembro/2008)
Explanação 3
Frase 1: Quando orei por minha mãe, ela não
apenas se curou da doença como prolongou a vida
por quatro anos. Agora a senhora também adoeceu
e, por ser mulher, é mais do que oportuno estabelecer uma sólida fé no Sutra de Lótus e comprovar o
que este ensino é capaz de fazer pela senhora. Pode
ainda consultar Nakatsukasa Saburo Saemon-no-jo
[Shijo Kingo], que, além de excelente médico, é devoto do Sutra de Lótus.
A vida é o tesouro mais precioso de todos. Mesmo
um dia a mais de vida possui valor superior a dez
milhões de ryo em ouro. De todos os ensinos sagrados expostos pelo Buda ao longo de sua existência,
o Sutra de Lótus é o superior, e isso se deve ao capítulo “Revelação da Vida Eterna do Buda”. O príncipe
mais importante de todo o continente de Jambudvipa seria menos importante que uma folha de relva
se morresse na infância. E mesmo que uma pessoa
tenha uma sabedoria brilhante como o Sol, se morrer
jovem, valerá menos que um cão. Por esse motivo, a
senhora deve se apressar em acumular o tesouro da
fé e vencer a doença quanto antes. (WND-1, p.955)
Frase 2:
Se a senhora não se esforçar para
melhorar, será muito difícil curar-se. Um dia de vida
é mais valioso que todos os tesouros de um grande sistema de mundos. Então, antes de tudo, deve
munir-se de sincera fé. Esse é o significado da passagem contida no sétimo volume do Sutra de Lótus
que afirma que o ato de queimar um dedo como
oferecimento ao Buda e ao Sutra de Lótus é melhor
que doar todos os tesouros de um grande sistema
de mundos. Uma única vida vale mais que esse grande sistema planetário. A senhora ainda tem muitos
anos para viver e, além disso, teve a oportunidade de
encontrar o Sutra de Lótus. Se viver um dia a mais,
poderá acumular muito mais benefícios. Sua vida é
realmente preciosa!
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SOBRE PROLONGAR A VIDA
Escreva num papel seu nome e sua idade e peça a
um mensageiro que me entregue o manuscrito para
que eu ore aos deuses do Sol e da Lua. Seu filho Iyo-bo também está muito preocupado com a senhora.
Por esse motivo, ele recitará a parte em verso do capítulo “Revelação da Vida Eterna do Buda” a essas
divindades. (WND-1, p.955)
Fontes de consulta
Fonte 1: Comunicado de Shijo Kingo no ano
anterior a este escrito (TC 483, edição de novembro/2008, p.49)
“Quando ele veio me ver, no décimo mês do ano
passado, comentou que estava muito aflito por causa da doença da senhora. Disse que, talvez, naquele momento, a senhora não estava tão preocupada
porque a enfermidade ainda não era séria, mas que
certamente se agravaria por volta do primeiro ou segundo mês deste ano. Isso me deixou profundamente triste.” (WND-1, p.955)
Fonte 2: Frase inicial deste escrito
“As doenças podem ser classificadas basicamente em dois tipos: leves e graves. Desde que o tratamento feito a tempo por um hábil médico pode
trazer a recuperação mesmo para um caso de doença
grave, certamente é possível curar as doenças leves.
De maneira semelhante, o carma pode ser dividido
em duas categorias: determinado e indeterminado.
Devido ao fato de que até mesmo o carma determinado poder ser erradicado por meio do completo e
genuíno arrependimento, é desnecessário dizer que
o carma indeterminado pode ser também totalmente
transformado.” (END, vol. I, p. 215)
Fonte 3: Frases de outros escritos que mencionam a doença da monja leiga Toki
[A]
“O que mais me aflige é a doença da senhora. Tal
como no começo do ano passado, procure o tratamento pela moxa. Uma pessoa saudável não está
CLAB 2011
SOBRE PROLONGAR A VIDA
27
livre da impermanência nem do fim da idade. O devoto do Sutra de Lótus terá uma morte proveniente
da doença cármica e não livre dela. Contudo, mesmo
sendo uma doença cármica, a força do Sutra de Lótus
é extremamente confiante. O Rei Ajase prolongou a
sua vida por quarenta anos por ter abraçado o Sutra
de Lótus e Tinshin por quinze. A senhora também é
uma praticante do Sutra de Lótus e sua fé é como a
Lua que cresce ou a maré que sobe. Assim sendo,
tenha total convicção de que sua doença não se estenderá e que, infalivelmente, a senhora prolongará
sua vida. Cuide-se e não encha sua mente de pensamentos angustiantes.” (WND-1, p.656)
[B]
“A doença de sua esposa me preocupa tanto
como se eu mesmo me encontrasse nessa situação.
Tenho orado dia e noite às funções protetoras para
que ela se recupere. Os cuidados dela com o devoto
do Sutra de Lótus são comparáveis aos atos de colocar óleo nas lamparinas e de cobrir as raízes das
árvores com terra. Imploro às divindades da lua e do
sol para que protejam a vida dela, mesmo ao custo
de suas vidas.” (WND-2, p.666)
Fonte 4: Explanação do presidente Ikeda (TC
483, edição de novembro/2008)
“Sobre prolongar a vida” evoca-me muitas recordações de meu mestre, o segundo presidente da
Soka Gakkai, Jossei Toda. Há exatos cinqüenta anos,
em 27 de setembro de 1957, ele explanou esse escrito numa sessão aberta a membros em geral. Recordo-me de ter participado daquela reunião e das
palavras ditas por meu mestre. Foi naquele mês que
ele apresentou sua histórica “Declaração pela Abolição das Armas Nucleares”: “Nós, cidadãos do mundo, temos o direito inviolável à vida”. Todos nós temos o direito de viver. Acredito que há um profundo
significado, ou seja, que não foi casual meu mestre
ter explanado esse escrito no mesmo mês em que
proferiu a Declaração.
Depois da morte do Sr. Toda, tratei de assegurar
que as gravações de seus discursos e de suas conferências fossem preservadas em registros fonográficos para que as futuras gerações pudessem ouvi-las.
Essas gravações são uma compilação das calorosas
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28
SOBRE PROLONGAR A VIDA
orientações de meu mestre. “Sobre prolongar a vida”
foi a primeira da série de gravações a ser concluída.
Nessa explanação, depois da leitura do texto, ouve-se o Sr. Toda dizer vigorosamente: “O sofrimento
causado pela doença é um meio para erradicarmos o
carma negativo. Vivam uma vida longa por meio da
fé no Gohonzon! Não morram jovens!” A voz poderosa de meu mestre ainda ressoa profundamente em
meu coração.
Fonte 4a: Explanação do presidente Ikeda (TC
483, edição de novembro/2008)
“Minha mãe curou-se da doença devido ao poder
da Lei Mística e prolongou a vida por quatro anos. Da
mesma forma que ela, a senhora deve munir-se de
firme fé no Sutra de Lótus. Além disso, pode recorrer
a Shijo Kingo, um excelente médico, que também é
praticante do Sutra de Lótus. Um único dia de vida é
mais valioso que uma infinidade de tesouros. O Sutra
de Lótus é o mais proeminente de todos os ensinos
de Sakyamuni porque contém o capítulo ‘Revelação
da Vida Eterna do Buda’, que expõe a eternidade da
vida do Buda. Portanto, não pode morrer prematuramente. Não morra jovem! Reúna a fé e cure-se dessa
doença quanto antes!”
A senhora tem de viver! Deve sobreviver, sem falta! Daishonin apela sinceramente à monja leiga Toki,
procurando tirá-la do abismo do sofrimento no qual
lentamente caía.
Fonte 5: Situações em que se forma o carma
determinado
1. Quando existe forte influência dos desejos
mundanos na motivação de um comportamento. Ou, ao contrário, quando essas influências provêm de sentimentos extremamente
puros.
2. Quando, mesmo não havendo influência na
motivação, o comportamento se tornou um
processo repetitivo de uma forma habitual.
3. Quando, no próprio objeto do comportamento, estão contidos valores extremamente ricos,
tais como o buda e a lei.
Fonte 6: O bom remédio para curar a doença
do carma (“Sobre a cura das doenças cármicas”)
CLAB 2011
SOBRE PROLONGAR A VIDA
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O Sutra de Lótus da Lei Maravilhosa que é a grande sabedoria da igualdade, afirma em seu sétimo volume: “Este sutra é o bom remédio para as doenças
das pessoas de Jambudvipa. Se uma pessoa doente
for capaz de ouvir este sutra, então extinguirá a sua
doença e não mais conhecerá a velhice ou a morte.”.
À luz da citação acima, parece que a sua enfermidade (doença de Ota Nyudo) não pode ter se originado
em outra coisa senão nas seis causas da doença. Por
ora, vou desconsiderar as cinco primeiras causas. As
doenças oriundas da sexta causa, a resultante do carma, são as de cura mais difíceis. Embora a sua gravidade varie e ninguém possa afirmar sobre a mesma,
sabemos que a doença mais grave resulta do carma
criado pela calúnia ao Sutra de Lótus.
Shen Nung, Huang Ti, Hua T’o e Pien Ch’üeh
cruzaram os braços e Titular da Água, Portador da
Água(*), Jivaka, and Vimalakirti emudeceram diante
da dificuldade da cura da doença. Estas doenças só
podem ser curadas pelo “bom remédio” do Sutra de
Lótus do buda Sakyamuni, conforme explanação do
próprio sutra. (WND-1, p.632)
Nota: (*) Shen Nung and Huang Ti são dois dos Três Soberanos de um lendário reinado ideal da antiga China, versados em
medicina. Hua T’o é um medico da última dinastia Han, conhecido
pela sua habilidade em operações cirúrgicas. Pien Ch’üeh é um
medico clínico do período da Primavera e Outono (770 - 403 B.C.)
da China. Titular da Água e Portador da Água são o pai e o filho,
conhecidos como excelentes médicos, e estão descritos no Sutra
da Luz Dourada.
Fonte 7: Seis espécies de doença reveladas
no “Maka-Shikan” (“Sobre a cura das doenças
cármicas”)
Há seis causas para as doenças: 1. desequilíbrio
dos quatro elementos; 2. alimentação e bebida inadequadas; 3. prática inadequada da meditação; 4.
ataque de demônios; 5. ação da maldade; 6. efeitos
do carma. (WND-1, p.631)
Fonte 8: Explanação do presidente Ikeda (TC
483, edição de novembro/2008)
Enxergar a doença como uma oportunidade de
transformar o carma... Esse firme espírito, essa determinação podem atravessar todos os obstáculos
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30
SOBRE PROLONGAR A VIDA
e funções maléficas e abrir amplamente o caminho
rumo à felicidade. Como um foguete que atravessa
a atmosfera e se lança ao espaço exterior, a ardente
convicção ou fé que sentimos quando enxergamos a
doença como uma oportunidade, transforma o carma num motor poderoso que nos impulsionará, não
só nesta existência mas em todas as outras, possibilitando-nos desfrutar livremente uma felicidade duradoura.
Fonte 9: Explanação do presidente Ikeda sobre “A Prova do Sutra de Lótus”
Desejo reiterar que o fato de ficar doente não
constitui, em hipótese alguma, derrota ou retrocesso. Ninguém pode evitar os quatro sofrimentos do
nascimento, velhice, doença e morte. Ao contrário,
se despertar para a prática da fé de lutar contra a
maldade da doença quando ela se manifestar, esta
se tornará a oportunidade para a vitória da vida de
“eternidade, felicidade, verdadeira identidade e pureza”.
Este é o momento em que a sua prática da fé,
forte e determinada capaz de vencer a doença, está
colocada à prova. Ao se levantar na prática da fé de
contra-atacar os três obstáculos e quatro maldades,
com certeza poderá estabelecer a condição de vida
do Estado de Buda.
O surgimento das tempestades dos três obstáculos e quatro maldades indica a fronteira em que um
mortal comum se torna um Buda. Conforme a frase
“O sábio alegrar-se-á, e o tolo se acovardará” (END-I, pág. 250), será o momento da decisão entre uma
“prática da fé de um sábio” e uma “prática da fé
de um tolo” dominada pelo susto e dúvidas. O mais
importante é o coração determinado a lutar destemidamente contra a maldade da doença. Ou vencerá a doença ou será derrotada por ela. Na verdade,
quando nos defrontamos com dificuldades como a
doença, estamos diante de uma encruzilhada para
abrir uma grandiosa condição de vida.
Fonte 10: Explanação do presidente Ikeda sobre “A Prova do Sutra de Lótus”
O presidente Makiguti afirmou: “Uma vida baseada na Lei Mística é a da “transformação do veneno
em remédio”. Uma vez que vivemos na sociedade, há
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SOBRE PROLONGAR A VIDA
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ocasiões em que nos defrontamos com acidentes e
infortúnios ou fracassos em nossos empreendimentos. Estes são venenos e punições [efeito das causas
negativas] que surgem sob a forma de sofrimentos e
infelicidade. Entretanto, se tivermos a Lei Mística e a
fé como base, empenhando-nos na prática da fé sem
duvidarmos do Gohonzon, podemos transformar o
veneno em remédio. Por exemplo, ao ficar doente,
de nada adiantará lamentar ser isso uma punição. O
importante é a continuidade da prática da fé com
a determinação e a convicção de que irá sem falta
transformar o veneno em remédio, conquistar uma
imensa boa sorte e um grandioso benefício na forma
de boa saúde. E, então, não apenas irá curar a doença como também se tornar muito mais saudável. Esta
é a transformação do veneno em remédio proporcionado pela Lei Mística.”
Fonte 11: Explanação do presidente Ikeda (TC
483, edição de novembro/2008)
Nesta existência, temos uma esplêndida oportunidade de perceber a eternidade da vida exposta no
budismo, de viver embasados nesta profunda verdade e de forjar um estado de felicidade indestrutível
ajudando outros a fazerem o mesmo.
O Sr. Toda costumava dizer para as pessoas que
sofriam por causa da doença: “Tenho lhes ensinado
esta prática budista para que possam ser felizes em
termos de eternidade da vida, transcendendo o nascimento e a morte”.
“Vocês, definitivamente, podem curar-se!” Essa
era a inabalável convicção do Sr. Toda. Se continuarmos a nos dedicar na fé para a nossa felicidade e
a dos demais, poderemos, sem falta, compreender
a natureza eterna de nossa vida. Obteremos, então,
de uma maneira ou de outra, a prova real de superação do obstáculo da doença. Por essa razão, o presidente Toda era muito rigoroso ao orientar os que
se deixavam vencer pela doença e haviam perdido a
convicção ou a fé. Ele agia dessa forma para corrigir
tal atitude.
A vida é tenaz; nela palpitam a força para sobreviver e o poder de gerar a própria cura. O “remédio
altamente eficaz” que permite desenvolver essas faculdades inatas é a Lei Mística. Em síntese, somos
nós que nos curamos da doença. A decisão de emCLAB 2011
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SOBRE PROLONGAR A VIDA
preender essa batalha contra o mal que nos faz sofrer deriva da fé. É isso o que Daishonin quer nos
ensinar quando se refere ao “tesouro da fé”. (WND1, p. 955.)
Fonte 12: Explanação do presidente Ikeda (TC
483, edição de novembro/2008)
Quando entendermos quão precioso é um único
dia de vida, não há por que vacilarmos na hora de
procurar tratamento médico. Não fiquem numa situação da qual, mais tarde, venham a se arrepender por
terem relutado ou hesitado em tomar as medidas necessárias. O budismo sempre concorda com a razão.
Um texto budista ressalta: “Apresse-se para fazer o
bem. Se você for vagaroso, a mente (manas), deliciando-se com a travessura, pegará você” (*). Quando
Daishonin diz “quanto antes”, não consigo deixar de
sentir sua profunda benevolência e seu forte desejo
de que a monja leiga Toki se cure imediatamente e
não perca a oportunidade de transformar o carma.
Nota: (*)The Dhammapada: Sayings of the Buddha (Dhammapada: as palavras de Buda), Thomas Cleary, trad. Nova York,
Bantam Books, 1994, p. 43.
Fonte 13: Explanação do presidente Ikeda (TC
483, edição de novembro/2008)
Com relação à doença, a nossa atitude deve ser
intrépida. Porém, ao mesmo tempo, não podemos
deixar de dar importância à questão.
A doença não é um sinal de derrota ou de fraqueza. Até o Buda, que, conforme consta no Sutra, “tinha poucas enfermidades e poucas preocupações”
(The Lotus Sutra [LS] cap. 15, p. 214), algumas vezes
adoecia. Assim, em algum momento da vida, teremos de enfrentar o sofrimento da doença. O mais
importante é não sermos derrotados mental ou emocionalmente por essa circunstância. A fé é a fonte
da qual brota o espírito combatente necessário para
enfrentar a doença. Por essa razão, como já vimos, o
primeiro ponto que Daishonin destaca nesta carta é
o “tesouro da fé”.
Devemos tomar medidas práticas e concretas para
o restabelecimento de nossa saúde. Pensar ingenuamente: “Como pratico o budismo, vou me curar”, ou
subestimar a gravidade de uma doença ao pensar:
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33
“Não preciso me preocupar”, reflete uma compreensão equivocada da fé e de total desprezo à própria
vida”. É vital empreendermos ações para “vencer a
doença quanto antes”. Por isso, Daishonin adverte a
monja leiga Toki a não poupar esforços para recuperar-se por completo.
A Lei Mística é a força fundamental para vencer os
sofrimentos da doença e da morte. “O Nam-myoho-rengue-kyo é como o rugido de um leão” (WND-1,
p. 412), assegura Daishonin. Para vencer a doença,
os seguintes fatores são essenciais: espírito combatente positivo ou otimista, tratamento médico eficaz e uma poderosa energia vital. Nesse sentido, a
recitação do Daimoku é especialmente fundamental
porque serve para nos fortalecer tanto mental como
emocionalmente, para obter o melhor resultado possível do tratamento e acumular uma poderosa energia vital.
Fonte 14: Explanação do presidente Ikeda sobre “A Prova do Sutra de Lótus”
Se persistir lutando contra a maldade da doença
com base na prática da fé, toda a doença será convertida em oportunidade para a transformação do
destino, graças ao poder benéfico da transformação
do veneno em remédio possibilitado pela Lei Mística.
“Não há nada a lamentar ao considerarmos a certeza
de nos tornarmos Budas” (WND-I, pág. 657) – que
tristeza pode haver quando consideramos que iremos sem dúvida nos tornar Budas? Não há nenhuma
necessidade de lamentar. Daishonin nos ensina a estabelecer a condição de vida de absoluta tranqüilidade.
Fonte 15: Explanação do presidente Ikeda (TC
483, edição de novembro/2008)
Cada dia que recitamos Daimoku e nos dedicamos
para expandir a correnteza do Kossen-rufu possui um
valor inestimável! Quão esplêndida é cada jornada à
qual podemos nos dedicar para construir um mundo
de paz e felicidade perenes com base na Lei Mística,
com o mesmo coração que nosso mestre e junto com
a Soka Gakkai!
A batalha contra a doença é uma oportunidade
para comprovarmos essa grande verdade. Como diz
Daishonin: “Da doença surge a determinação para
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SOBRE PROLONGAR A VIDA
atingir o Caminho” (WND, v. 1, p. 937). Se um praticante que mantém e propaga a Lei Mística adoece,
essa enfermidade possui um profundo significado.
Pode-se dizer que enfrentar a doença é um caminho
para se conscientizar da eternidade da vida. O presidente Toda costumava dizer: “A pessoa que supera
uma grave doença sabe desfrutar a vida em profundidade”. Os que travam uma batalha contra a doença com essa convicção são campeões de fé, de vida
longa e saudável.
Um membro da Divisão de Médicos da Soka
Gakkai observou que as pessoas que baseiam a luta
contra a doença na recitação do Daimoku manifestam constantemente a gratidão e estão sempre sorridentes. Em sua opinião, essa atitude, por si só, indica
a vitória dessas pessoas sobre a doença.
Obviamente, as pessoas sofrem todo tipo de males físicos, e a gravidade das doenças varia. Em alguns
casos, uma pessoa pode ficar acamada ou tornar-se
fisicamente incapacitada. Porém, os que lutam contra a enfermidade com base no Daimoku irradiam
um brilho que brota das profundezas da vida. Essas
pessoas possuem a certeza de que podem desfrutar
benefícios e boa sorte por toda a eternidade.
Fonte 16: Explanação do presidente Ikeda (TC
483, edição de novembro/2008)
Decidido a seguir o exemplo de Daishonin, sempre que sou informado sobre algum caso de doença
de um companheiro ou de um familiar deste, recito
Daimoku pela pronta recuperação da saúde dessa
pessoa. Todos os dias, minha esposa e eu oferecemos profundas orações pela boa saúde, longevidade,
prosperidade e segurança dos membros do mundo
inteiro.
Façamos do século XXI o “Século da Vida”! Um
século de boa saúde e longevidade! Que todos vocês, companheiros infinitamente preciosos que dão à
nossa época um luminoso exemplo de fé, vivam cada
dia insubstituível ao máximo, triunfando sobre todos
os obstáculos e criando valor de maneira ilimitada!
Enquanto vivermos, minha esposa e eu estaremos
sempre orando por esse objetivo.
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O PORTAL DO DRAGÃO
O portal do dragão
(The Writings of Nichiren Daishonin, vol. 1, pp.1002~1003)
(Revista Terceira Civilização, edição 488, de abril/2009, ou 508, de dezembro/2010 )
Estudo Geral 4
Frase 1: Na China, existe uma cachoeira conhecida como Portal do Dragão. Suas águas precipitam de uma altura de trinta metros a uma velocidade
superior a de uma flecha lançada por um robusto
arqueiro. Inúmeras carpas se reúnem aos pés da
cachoeira na esperança de subi-la. Aquela que conseguir o feito, transformar-se-á em dragão. No entanto, nem um único peixe em cem, mil ou dez mil
consegue realizar a façanha, mesmo depois de dez
ou vinte anos de esforços. Alguns são arrastados pela
forte correnteza, outros caem nas garras de águias,
falcões, milhafres e corujas e outros são presos em
redes, armadilhas ou ainda, atingidos por flechas de
pescadores que se enfileiram em ambas as margens
do rio de dez tyo de largura. Tal é a dificuldade que
uma carpa encontra para se tornar um dragão. (...)
A dificuldade para atingir o estado de Buda é
grande. Tanto quanto uma pessoa de classe baixa entrar para o círculo da nobreza ou uma carpa escalar o
Portal do Dragão. (WND-1, p.1.002)
Frase 2: Por exemplo, Shariputra praticou austeridades de bodhisattva durante sessenta kalpa com
o propósito de atingir o estado de Buda, mas, no
final, foi incapaz de perseverar e retrocedeu à prática
dos dois veículos. Mesmo os que haviam estabelecido laços com o Sutra de Lótus nos dias do Buda
Grande Excelência da Sabedoria Universal mergulharam nos sofrimentos do nascimento e da morte por
um período de kalpa como as partículas de pó de
um grande sistema de mundos. Outros, que receberam as sementes do estado de Buda num passado
ainda mais remoto, sofreram durante um período
de kalpa infindável como as partículas de pó de incontáveis grandes sistemas de mundos. Todas essas
pessoas praticaram o Sutra de Lótus. Porém, quando
se viram, de alguma forma, atormentadas pelo Rei
Demônio do Sexto Céu, que havia se apossado do
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O PORTAL DO DRAGÃO
governante e de outras autoridades, elas recuaram e
abandonaram a fé. Por esse motivo, vagaram pelos
seis caminhos durante incontáveis kalpa. (WND-1,
p.1.002)
Frase 3: Até pouco tempo, esses acontecimentos pareciam não ter relação conosco. Agora,
no entanto, vemo-nos enfrentando o mesmo tipo de
provação. Meu desejo é que todos os meus discípulos façam um grande juramento. Somos afortunados
por estarmos vivos depois da grande epidemia que
assolou o país nos dois últimos anos. Mas agora,
com a iminente invasão mongol, parece que poucos
sobreviverão. No final, ninguém pode escapar da
morte. Quando esse momento chegar, o sofrimento
será exatamente igual ao que experimentamos neste
momento. Visto que a morte é a mesma em qualquer um dos casos, o senhor deveria estar disposto
a oferecer a vida em prol do Sutra de Lótus. Pense
nesse oferecimento como uma gota de orvalho que
se reintegra ao oceano ou uma partícula de pó que
retorna à terra. Uma passagem do terceiro volume
do Sutra de Lótus afirma: “Imploramos para que o
mérito obtido por meio desses oferecimentos se estenda amplamente a todas as pessoas de forma que
nós e os demais seres vivos entremos juntos no Caminho do Buda”.
Com meu profundo respeito,
Nitiren
No sexto dia do décimo primeiro mês
Resposta a Ueno, o Sábio
Escrevo esta carta em profunda gratidão por sua
dedicação durante os acontecimentos em Atsuhara.
(WND-1, p.1.003)
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O PORTAL DO DRAGÃO
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Cenário histórico
Nitiren Daishonin escreveu essa carta em Minobu
no décimo primeiro mês do segundo ano de Koan
(1279) e a endereçou ao jovem Nanjo Tokimitsu, administrador da Vila de Ueno, Província de Suruga.
Tokimitsu abraçou o ensino de Daishonin quando
ainda era muito jovem e reverenciou Nikko Shonin
como seu mestre.
A carta é uma resposta a um relatório enviado por
Tokimitsu sobre sua atuação em proteger os seguidores de Daishonin em Atsuhara, que estavam sendo
perseguidos pelas autoridades associadas ao governo de Kamakura. Tokimitsu usou sua influência para
proteger outros seguidores, escondendo alguns em
sua própria residência e negociando a libertação de
outros que haviam sido presos. Daishonin louvou-o
por sua coragem denominando-o como “Ueno o Sábio”. No nono mês de 1279, o governo prendeu, sob
falsas acusações, vinte seguidores camponeses que
haviam se recusado a negar publicamente sua lealdade a Daishonin e, no décimo quinto dia do décimo
mês, três deles foram decapitados.
Na conclusão da carta, Daishonin cita o estado de
grande ansiedade em que o Japão se encontrava sob
alerta das epidemias e iminência de guerra. Daishonin enfatiza que, como a morte é inevitável, a vida
deve ser devotada somente ao mais nobre objetivo
da iluminação.
O Portal do Dragão mencionado nessa carta aparece em forma de folclore chinês e, apesar de não ter
sido identificado com exatidão, acredita-se que seja
uma referência às cataratas ou corredeiras situadas
na extensão mediana do Rio Amarelo.
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O PORTAL DO DRAGÃO
Fontes de consulta
Fonte 1: Explanação do presidente Ikeda (TC
488, edição de abril/2009)
Perseverar na fé na era maléfica dos Últimos Dias
da Lei é como nadar rio acima contra a poderosa correnteza. Já é bastante árduo resistir às forças insidiosas de nossos próprios desejos mundanos e da escuridão fundamental. Sakyamuni compara essas forças
com uma poderosa correnteza. Nitiren Daishonin
explica que isso é mais certo ainda nos Últimos Dias,
quando a engenhosidade, o conhecimento e o saber
aparentemente notáveis do ser humano são inundados pela maré inexorável de impulsos ilusórios alimentados pelos três venenos — avareza, ira e estupidez —, uma correnteza ainda mais impetuosa que
leva à destruição como uma força do mal.(1)
Precisamente por ser tão difícil manter a fé na Lei
Mística numa era assim, os laços de mestre e discípulo adquirem importância decisiva no budismo. Do
mesmo modo, é indispensável uma comunidade harmoniosa de praticantes solidamente unidos por um
mesmo propósito — que Daishonin chama de “diferentes corpos, uma única mente”. A Soka Gakkai
possui laços de mestre e discípulo com a força necessária para resistir a quaisquer adversidades. E seus
membros — pessoas comuns de espírito nobre, que
estão polindo a vida enquanto se dedicam à fé com o
mesmo compromisso que o mestre — mantêm firme
união. Incontáveis membros, como magníficos dragões nascidos da escalada triunfante da cachoeira,
vivem com dignidade e convicção fortalecidas pelo
desafio pessoal de dar continuidade à fé.
Nitiren Daishonin diz: “A avareza, a ira e a estupidez no coração das pessoas no mundo impuro
dos Últimos Dias são tão extremas que estão além
do poder de controle dos sábios ou veneráveis. Isto
porque apesar de o Buda ter curado a avareza com
o remédio da meditação sobre a impureza do corpo,
contido a ira com a meditação sobre a benevolência universal, e tratado a estupidez com a meditação
sobre a cadeia de doze elos de causalidade, ensinar
essas doutrinas agora só tornaria as pessoas piores e
aumentaria a avareza, a ira e a estupidez delas. Por
exemplo, o fogo é extinto pela água, e o mal é venCLAB 2011
O PORTAL DO DRAGÃO
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cido pelo bem. Em contrapartida, quando se verte
água sobre o fogo que emergiu da água, é como se o
alimentasse com óleo: produz-se uma conflagração
ainda maior”. (WND-1, p. 1.121.)
Fonte 2: Frase de Sakyamuni (de “Palavras do
Buda”, tradução de Hajime Nakamura)
“As pessoas que investigam e elucidam a ilusão
profundamente arraigada e não possuem mácula no
coração são as que ‘transpuseram a forte correnteza
dos desejos mundanos’. Assim eu ensino.”
Fonte 3: Explanação do presidente Ikeda (TC
488, edição de abril/2009)
Um instante é o tempo que se leva para destruir
algo, ao passo que, para construir, se requer anos
de exaustivos esforços. Isso se aplica tanto a pessoas
como a organizações. Quando o espírito infatigável e
dedicado da construção é esquecido, tem-se início a
decadência, que rapidamente conduz à ruína.
A Soka Gakkai jamais deve esquecer o espírito da
construção. Não podemos perder de vista a disposição fundamental de nos dedicar pela felicidade das
pessoas e abrir o caminho para os jovens. Seguir o
caminho de mestre e discípulo Soka significa gravar
este espírito nas profundezas da vida e fazê-lo brilhar
por toda a eternidade.
Da arrogância, ingratidão e atitude burocrática
resulta o declínio. A única forma de vencer esses obstáculos é os discípulos fazerem do coração do mestre
o seu próprio coração e se lançarem ao desafio.
Fonte 4: Frase da escritura Seleção do Tempo
(WND-1, p.579)
“Pequenos córregos se unem para formar o grande oceano, e minúsculas partículas de pó se acumulam para formar o Monte Sumeru. Quando eu,
Nitiren, abracei pela primeira vez o Sutra de Lótus,
eu era como uma única gota d´água ou uma única
partícula de pó em todo o Japão. Mais tarde, porém,
quando duas, três, dez e finalmente cem, mil, dez mil
e um milhão de pessoas recitarem o Sutra de Lótus e
transmitirem-no aos outros, elas formarão um Monte
Sumeru da perfeita iluminação, um oceano do grande nirvana. Não aspirem a outro caminho para atingirem o estado de Buda!”
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O PORTAL DO DRAGÃO
Fonte de referência: Proposta de Paz comemorativa ao dia da SGI, 26/janeiro/2011
“O humanismo defendido pela SGI fundamenta-se nos ensinamentos do sacerdote budista Nitiren
Daishonin (1222–1982), que viveu no século XIII e
registrou estas palavras: “A Lei não se propaga por si
mesma. Por ser propagada pelas pessoas, tanto a Lei
como as pessoas tornam-se dignas de respeito” (GZ
p.856). Assim, apesar de procurarmos “confiar na Lei
e não na pessoa” (sutra do Nirvana), é por meio do
caráter e também do exemplo das pessoas que a Lei
é ensinada e difundida. A Lei (Dharma) no Budismo
não é estática. São as pessoas, praticando e incorporando essa Lei em sua vida, que permitem que ela
pulse vigorosamente em meio à realidade.”
“Tal pessoa possui força e magnetismo, o que
atrai o espírito das pessoas inspiradas a participar da
competição. Por meio da interação dessas pessoas,
abrem-se novos e magníficos horizontes do espírito.
Essa é a forma mais eficaz do processo — ou seja a
única forma eficaz — de transmissão espiritual ou herança, seja dos ensinamentos religiosos seja no mundo das ideias. Assim, Jawaharlal Nehru (1889–1964)
declarou que a chegada de Gandhi (1869–1948) removeu o “sombrio manto do medo” do coração do
povo indiano e “desorganizou muitas coisas, principalmente o modo de pensar das pessoas”.
Para mim, meu mestre Jossei Toda foi um gigante
do espírito e um exemplo incomparável. Quando esteve preso, durante a Segunda Guerra Mundial, por
ter sido contra o governo militar japonês, teve a profunda percepção de que aquilo a que os escritos se
referem como Buda nada mais é que a própria vida.
Para Toda, essa compreensão tornou-se aquilo que
Bergson descreve como o “ímpeto criativo”. Assim,
depois de ter sido libertado, Jossei Toda devotou os
últimos anos de vida a compartilhar com outras pessoas os ensinamentos do Budismo. É um orgulho e
um tesouro incomparável para mim, ter conhecido
esse mestre e me devotado aos propósitos dele, herdando seu espírito como discípulo.
É por isso que continuo a destacar a importância essencial da unicidade de mestre e discípulo. E
é também devido à minha convicção na força dessa transmissão espiritual que meu romance RevoluCLAB 2011
O PORTAL DO DRAGÃO
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ção Humana, no qual venho trabalhando por mais
de quatro décadas, trata deste tema: “A grandiosa
revolução humana de uma única pessoa irá um dia
impulsionar a mudança total do destino de um país
e, além disso, será capaz de transformar o destino de
toda a humanidade”.
Fonte 5: Orientações para Tokimitsu sobre
“agentes negativos”
“As pessoas que as considera importantes irão tentar impedi-lo de praticar, e também surgirão grandes
perseguições. Quando isto acontecer, acredite firmemente nisso (a promessa das divindades protetoras)
e se esforce fortalecendo cada vez mais a sua fé. (...)
Quando as pessoas tentarem impedir a sua prática
da fé, sinta a alegria em seu coração.” (GZ, p.1512)
“Tanto seus conhecidos como estranhos o advertirão inesperadamente, como se fossem seus melhores
amigos, dizendo: “Se acreditar no reverendo Nitiren,
com certeza será enganado. E também cairá no desagrado de seu lorde”. Então, pelo motivo de as conspirações das pessoas amedrontarem até os dignos,
é certo que o senhor abandonará a fé no Sutra de
Lótus.” (GZ, pág. 1539)
Fonte 6: Explanação do presidente Ikeda (TC
488, edição de abril/2009)
Os dragões têm a árdua tarefa de fazer chover.
Esse labor pode ser considerado um peso ou uma
missão, dependendo de como cada um o vê. Essa
diferença de enfoque ou de atitude também determinará se seremos vencidos pelas influências negativas — maus amigos — ou se atingiremos o estado
de Buda. Na realidade, como afirma Daishonin, “o
que importa é o coração” (WND-1, p.1000). Essa diferença de postura ou de sentimento depende de assumirmos ou não o “grande juramento” mencionado
nesta carta.
Para que nossa prática do Sutra de Lótus ou da Lei
Mística culmine em triunfo, devemos abraçar — de
vontade própria e com alegria — a missão de compartilhar sofrimentos de mais e mais pessoas e enfrentar dificuldades ainda maiores em nossa causa
pela paz e felicidade da humanidade. Daishonin nos
pede que busquemos ativamente essa forma de viCLAB 2011
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O PORTAL DO DRAGÃO
ver, e escalar com bravura o “Portal do Dragão da fé”
como sucessores do Kossen-rufu, para atingirmos o
estado de Buda, sem falta. Como praticantes da Lei
Mística, este é o significado de “viver com base num
grande juramento”.
Fonte 7: Explanação do presidente Ikeda (TC
488, edição de abril/2009)
Não podemos evidenciar a força necessária para
resistir às grandes perseguições e adversidades em
prol do Sutra de Lótus se não fizermos da consecução do estado de Buda nosso supremo objetivo na
vida e dedicarmos nossa existência ao grande juramento do Buda — a realização do Kossen-rufu. Portanto, Daishonin proclama, das profundezas de seu
ser: “Meu desejo é que todos os meus discípulos façam um grande juramento” (WND-1, p.1003). Uma
vida alicerçada num grande juramento é realmente
profunda e inabalável.
Fonte 8: Explanação do presidente Ikeda (TC
488, edição de abril/2009)
Por que, então, não deveria haver motivos para
lamentação diante da perspectiva de dar a vida pelo
Sutra de Lótus? Sobre isso, Daishonin diz: “Pense
nesse oferecimento como uma gota de orvalho que
se reintegra ao oceano ou uma partícula de pó que
retorna à terra”. (WND-1, p. 1.003). Em termos de
eternidade da vida, nossa existência é efêmera como
o orvalho. Comparada com a escala colossal do Universo, nossa vida é minúscula como uma partícula de
pó. Porém, ao basearmos totalmente a vida na Lei
Mística, vasta como o oceano e firme como a terra,
podemos estabelecer um estado ilimitado e inabalável, uma condição de unicidade com a Lei universal.
Esta é a mensagem de Daishonin.
Em outro escrito, Daishonin diz: “Como a gota
de orvalho que se mistura com o grande oceano ou
a partícula de pó que se junta à terra, [o benefício
deste oferecimento] permanecerá existência após
existência, sem jamais se desvanecer”. (WND-2, p.
532). Dessa forma, o orvalho se torna eterno e imperecível ao fundir-se com o oceano; o pó também
permanece para sempre ao fundir-se com a terra. Do
mesmo modo, a vida dos que se dedicam à realização do Kossen-rufu se tornará una com o estado de
CLAB 2011
O PORTAL DO DRAGÃO
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Buda do Universo, e repetirá eternamente o ciclo de
nascimento e morte nesse estado indestrutível. Além
disso, renascerão sempre para cumprir a suprema
missão do Kossen-rufu no lugar e nas circunstâncias
que escolheram. Nesse sentido, podemos interpretar
a declaração de Daishonin de “fazer um grande juramento” como “ingressar num estado de vida eterno
e insuperável”.
Fonte 9: A sabedoria do Sutra de Lótus (BS
1522, de 04/09/1999)
Pres. Ikeda: No entanto, o capítulo ”Revelação da
Vida Eterna do Buda” rejeita essa visão [do nirvana,
ou seja, da morte como o silêncio onde tudo se extingue], explicando que esse “nirvana” nada mais é que
um meio eficaz para conduzir as pessoas à direção
correta. Apesar disso, possui uma tendência para enfatizar “um mundo que transcende a vida e a morte”.
Em contraste, o budismo de Daishonin elucida diretamente a “entidade da vida e morte eternamente
imutável”.
O que significa então a “entidade da vida e morte
eternamente imutável” fundamentada na grandiosa
vida do Nam-myoho-rengue-kyo? Daishonin declara:
“Repetimos o ciclo do nascimento e da morte com a
certeza de nossa natureza intrinsecamente iluminada.” (GZ, p.724). É uma condição de vida de absoluta
liberdade que existe eternamente pelas três existências do passado, presente e futuro.
A passagem “o nascimento e a morte com a certeza de nossa natureza intrinsecamente iluminada” significa experimentar a vida e a morte fundamentadas
na suprema vida da Lei Mística. É o avanço enraizado
na “grande terra do estado de buda” de sua própria
vida una com o grande universo.
Fazendo uma analogia, o ciclo de vida e morte
nos nove mundos é como se fosse o aspecto daquele
que caminha de forma desajeitada por uma estrada
toda esburacada, em meio às dificuldades e sofrimentos. Algumas vezes, caindo em um pântano profundo, sem conseguir mais se levantar; outras vezes,
causando acidentes e ferindo-se por todo o corpo.
Em contrapartida, a vida e morte no estado de Buda
é como dirigir um automóvel da melhor qualidade
em uma excelente auto estrada. Enquanto apreciamos a bela paisagem ao nosso redor, tomamos ações
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O PORTAL DO DRAGÃO
com infinita energia vital para ajudar os outros a se
tornarem felizes.
Endo: Tanto a vida como a morte ocorrem sobre
o grande solo do estado de Buda. No Japão, há uma
forte tendência para o pensamento de “tornar-se
Buda somente após a morte”. Porém, essa é uma visão errônea.
Suda: Daishonin diz para um de seus discípulos:
”Enquanto vivo, ele foi um Buda em vida, e agora,
é um Buda em morte. Ele é um Buda tanto na vida
como na morte. Esse é o significado desta importante doutrina de atingir o estado de Buda na presente
forma.” (WND-1, p.456)
Saito: Esse é o verdadeiro significado da unicidade de vida e morte.
Pres. Ikeda: Portanto, devemos ser vitoriosos em
nossa presente existência. A vitória nesta existência é
a vitória após a morte, a vitória na próxima existência
e a vitória por toda a eternidade. O presidente Toda
dizia: “Se for capaz de ser feliz nesta existência, então, com certeza também será feliz em sua existência
futura.”.
Endo: Há religiões que ensinam somente a “felicidade após a morte” deixando de lado a infelicidade nesta vida. Em contraste, o budismo de Nitiren
Daishonin expõe que a demonstração da felicidade
nesta existência é a prova da felicidade após a morte
e é a prova da felicidade na próxima existência.
Fonte 10: Discurso do presidente Ikeda proferido por ocasião da Cerimônia de Finados do
equinócio da primavera, em 27/março/2006
Se viver em prol da Lei Mística, tanto na vida como
na morte será um Buda. O budismo de Daishonin
não é para “tornar-se um Buda após a morte”, mas
sim para se “tornar Buda enquanto estiver vivo”. Para
tanto, a vitória ou a derrota deve ser definida nesta
existência. Este é o exato momento para se lutar.
O que acontecerá, então, se falecer praticando a
Lei Mística até o final? Consta claramente registrado
no Gosho: “Se ele tivesse de ir nesse instante ao Pico
da Águia, sentiria uma alegria tão grande quanto se
o sol tivesse surgido e iluminado todas as dez direções, e ele se veria muito contente, pensando como
uma morte prematura poderia ser algo tão feliz”.
(END vol. VI, p.180)
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O PORTAL DO DRAGÃO
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Não importando como uma pessoa venha a falecer, aquele que persistir lutando em prol do Kossen-rufu experimentará a “vida e morte do Estado de
Buda”. Portanto, não há com que se preocupar.
Poderá conduzir uma vida de grande alegria, divertindo-se prazerosamente em total liberdade pelo
grande universo, a ponto de afirmar: “que bom ter
morrido logo”.
A morte é um descanso. Podemos dizer que é a
recarga da vida. E então, nascerá novamente no local
e nas condições que desejar. Além disso, como prova
da “vitória da pessoa falecida”, a sua família conquistará sem falta a vitória e a felicidade.
Assim é o Budismo. Até hoje, vim observando a
vida de muitas pessoas e esta é a minha convicção.
Fonte 11: Explanação do presidente Ikeda (TC
488, edição de abril/2009)
Esse “grande juramento” é o juramento do Buda
— a realização do Kossen-rufu — conforme expressa
Daishonin: “O ‘grande juramento’ refere-se à propagação do Sutra de Lótus”. (OTT, p. 82). É também
o nobre compromisso expresso na declaração de
Daishonin em “Abertura dos olhos”: “Faço aqui meu
juramento. (...) Eu serei o pilar do Japão. Eu serei os
olhos do Japão. Eu serei a grande nau do Japão. Este
é o meu juramento, jamais recuarei um único passo!”
(END-4, p. 201)
Em seu exemplar pessoal dos escritos de Daishonin, o primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunessaburo Makiguti, sublinhou duas vezes a passagem:
“Faço aqui o meu juramento”, e também escreveu
na margem, em letras graúdas: “grande juramento”.
Ele viveu fiel a esse juramento por toda a vida, sem
jamais esmorecer diante da perseguição das autoridades militares japonesas. Do cárcere, poucos meses
antes de morrer, o presidente Makiguti enviou uma
carta a seus familiares na qual revela a serenidade
espiritual de alguém que dedicou a vida à propagação da Lei Mística. Ele escreveu: “É natural que os
três obstáculos e as quatro maldades tenham me
atacado; exatamente como afirma o Sutra”. (MAKIGUTI, Tsunessaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu
(Obras Completas de Tsunessaburo Makiguti). Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987, v. 10, p. 301)
Jossei Toda, discípulo de Makiguti e futuro segunCLAB 2011
46
O PORTAL DO DRAGÃO
do presidente da Soka Gakkai, acompanhou o mestre na prisão. Lá, passou dois anos e meio. Ao ser
libertado, levantou-se sozinho em meio às ruínas de
uma nação devastada pela guerra para reconstruir a
Soka Gakkai. Sua firme determinação é expressa na
Canção dos Companheiros, que ele compôs:
Recebo agora
O decreto do Buda
E levanto-me só,
Sustentando orgulhosamente
O grande juramento
De propagar a Lei Mística.
Os aliados são poucos,
Muitos são os inimigos.
O Sr. Toda também declarou: “Por maiores que
sejam as dificuldades, jamais quebrarei o grande juramento do Kossen-rufu (...) Farei o que for preciso,
ou seja, dedicar-me-ei para salvar os pobres, os doentes e os que sofrem. Por esse ideal, não pouparei
esforços para falar sobre a Lei”. (Toda, Jossei. Toda
Josei Zenshu (Obras Completas de Jossei Toda). Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1989, v. 4, pp. 61-62).
Quando jovem, levantei-me sozinho como fiel
discípulo do Sr. Toda e fiz o que pude para apoiá-lo. No curso dessa luta, herdei o grande juramento
de meu mestre. O grande juramento do Kossen-rufu
somente se herda na luta compartilhada por mestre
e discípulo.
Minha determinação de empreender uma luta
compartilhada com meu mestre continua até hoje.
Não houve uma única jornada em que o Sr. Toda tenha se ausentado de meu coração. Tenho vivido cada
dia de minha existência, nestes cinquenta anos, com
o mesmo juramento e compromisso daquele 16 de
março.
Hoje, meu desejo mais ardente e o objetivo que
estou desafiando ao máximo é possibilitar a cada
pessoa — especialmente aos jovens — desfrutar e
irradiar a alegria profunda e absoluta que advém da
nossa dedicação ao grande juramento do Kossen-rufu.
CLAB 2011
carta de sado
47
Carta de Sado
(Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 5, pp.13~17)
(Revista Terceira Civilização, edição 499, de março/2010)
Estudo Geral 5
Frase 1:
As coisas mais terríveis deste mundo
são o calor do fogo, o brilho das espadas e a sombra
da morte. Se até os animais têm medo da morte, não
é de surpreender que os seres humanos também tenham. Se mesmo um leproso luta pela vida, imagine
uma pessoa saudável.
O Buda ensinou que o ato de cobrir todo um sistema de grandes mundos com os sete tipos de tesouros não se compara a oferecer o dedo menor ao
Buda e ao sutra [de Lótus](Cf. LS, v. 23, p. 285). O
garoto Montanhas de Neve ofereceu o próprio corpo
e o asceta Aspiração à Lei removeu a própria pele
[para nela gravar os ensinos do Buda]. Como não há
nada mais precioso que a própria vida, aquele que
a dedica à prática budista, com certeza, atingirá o
estado de Buda. Se alguém está disposto a consagrar
a vida, por que pouparia qualquer outro tesouro pela
causa do Budismo? Em outras palavras, se a pessoa
reluta em se desfazer da riqueza, como poderia sacrificar a vida, que é muito mais preciosa? (END, v.
5, p. 13 e 14.)
Frase 2: Aprendemos que é nosso dever retribuir as dívidas de gratidão que temos com os outros,
mesmo ao custo de nossa vida. Muitos guerreiros sacrificam a vida por seu lorde; talvez muito mais do
que imaginamos. Um homem morre para defender
a honra e uma mulher morre por seu marido. Os
peixes lutam para sobreviver, lamentam pela pouca
profundidade do lago onde vivem e cavam buracos
no fundo para se esconder; porém, enganados pela
isca, são fisgados. Os pássaros, temendo que as árvores em que vivem sejam muito baixas, escolhem os
galhos mais altos para se proteger, mas, enganados
pela isca, eles também são apanhados em armadilhas. Os seres humanos são igualmente vulneráveis.
As pessoas geralmente se sacrificam por assuntos seCLAB 2011
48
CARTA DE SADO
culares insignificantes, mas raramente fazem o mesmo pelos preciosos ensinos do Buda. Assim, não é de
surpreender que não atinjam a iluminação. (END, v.
5, p. 14 e 15)
Frase 3: De acordo com a época [ou o tempo],
o Budismo deve ser propagado pelos métodos Shoju
ou Chakubuku. Esses métodos são comparáveis às
artes literária e marcial.
Os grandes sábios da antiguidade praticaram os
ensinos budistas de acordo com a época. O garoto
Montanhas de Neve e o príncipe Sattva sacrificaram a vida quando lhes disseram que, em troca, poderiam ouvir os ensinos e que doar a própria vida
constitui-se na prática de Bodhisattva. No entanto,
por que alguém deveria sacrificar a vida quando isso
não é necessário? Numa época em que não há papel,
a pessoa deve usar a própria pele. Numa época em
que não há pincel, a pessoa deve usar os próprios
ossos. Numa época em que as pessoas louvam aqueles que observam os preceitos e os praticantes do
ensino correto, ao mesmo tempo em que denunciam
aqueles que violam ou ignoram os preceitos, elas devem seguir rigorosamente os preceitos. Numa época
em que o confucionismo ou o taoísmo são empregados para reprimir os ensinos de Sakyamuni, a pessoa
deve arriscar a vida para advertir o imperador, assim
como fizeram os mestres do Darma Tao-an, Hui-yüan
e o Mestre Tripitaka Fa-tao. Numa época em que
as pessoas confundem os ensinos Hinayana com o
Mahayana, os ensinos provisórios com o verdadeiro
ou as doutrinas exotéricas com as esotéricas, como
se fossem incapazes de distinguir as pedras preciosas dos pedregulhos ou o leite de vaca do leite de
mula, devemos mostrar firmemente essas diferenças,
seguindo o exemplo dos grandes mestres Tient’ai e
Dengyo. (END, v. 5, p. 15 e 16)
Frase 4: É da natureza dos animais ameaçar os
fracos e temer os fortes. Nossos eruditos das várias
escolas dos dias atuais agem exatamente da mesma forma. Eles desprezam um sábio que não possui poder, mas temem governantes maléficos. Essas
pes­soas nada mais são que serviçais aduladores. Somente quando vence um poderoso inimigo, a pessoa
CLAB 2011
carta de sado
49
é capaz de provar a verdadeira força. Quando um
governante maléfico se associa a reverendos que seguem ensinos errôneos e tentam destruir o ensino
correto e eliminar um sábio, aqueles que possuem
o coração de um rei leão com certeza atingirão o
estado de Buda, como por exemplo Nitiren. Afirmo
isso não por arrogância, mas porque estou profundamente comprometido com o correto ensino. A
pessoa arrogante sempre ficará amedrontada diante
de um forte inimigo, da mesma forma como ocorreu
com o desdenhoso asura que se encolheu e se escondeu numa flor de lótus no Lago Eternamente Frio ao
ser repreendido por Shakra. (END, v. 5, p. 16 e 17)
Frase 5:
Se o ensino correto estiver de acordo com a época e a capacidade das pessoas, mesmo
uma palavra ou frase capacitará as pessoas a entrar
no Caminho. No entanto, ainda que a pessoa estude
mil sutras e dez mil tratados, será incapaz de atingir
o estado de Buda se esses ensinos não forem apropriados para a época e nem para a capacidade das
pessoas. (END, v. 5, p. 17)
CLAB 2011
50
CARTA DE SADO
Cenário histórico
Esta carta foi escrita no vigésimo dia do terceiro
mês, em 1272, aproximadamente cinco meses após
Nitiren Daishonin ter chegado ao seu exílio na Ilha de
Sado. Daishonin endereçou essa carta a Toki Jonin,
samurai e principal serviçal do lorde Tiba, que era o
guarda da província de Shimosa, a Saburo Saemon
(Shijo Kingo), em Kamakura, e também a outros fiéis
seguidores.
Nitiren Daishonin havia sido banido no décimo dia
do décimo mês de 1271. Ele havia sido acusado de
traição por Ryokan, o reverendo prior do Gokuraku-ji, em Kamakura, e por Hei no Saemon, representante do Departamento de Assuntos Policiais e Militares.
Hei no Saemon havia planejado executar Daishonin
em Tatsunokuti antes de este ser levado para a custódia de Homma Shiguetsura, delegado de Sado. No
entanto, a tentativa de execução falhou e, após um
atraso de quase um mês, os guerreiros de Homma
escoltaram Daishonin à costa do Mar do Japão. Após
um atraso devido ao mau tempo, Daishonin finalmente chegou à Ilha de Sado no vigésimo oitavo dia
do décimo mês.
No começo, Nitiren Daishonin teve de ficar em um
local em ruínas conhecido como Sammai-do, onde
viveu exposto ao vento e à neve que penetravam
em sua cabana através de buracos no telhado e nas
paredes. Após cinco meses, ele pôde se mudar para
um local mais apropriado em Itinosawa. Daishonin
engajou-se em debates contra os reverendos da Terra
Pura e de outras escolas e propagou ativamente seus
próprios ensinos. Enquanto esteve em Sado, Nitiren
compilou dois de seus escritos principais, Abertura
dos Olhos e O Objeto de Devoção para Observção
da Mente. No segundo mês de 1274, Daishonin foi
perdoado, retornando a Kamakura no vigésimo sexto
dia do terceiro mês.
Nessa carta, Daishonin declara, primeiramente,
que o único caminho para se atingir a iluminação é
ter a disposição de doar a própria vida, o tesouro
mais precioso de uma pessoa, ao budismo. Em seguida, ele afirma que o Chakubuku é o método mais
apropriado para esta época, e que uma pessoa somente poderá atingir a iluminação dedicando a próCLAB 2011
carta de sado
51
pria vida a essa prática. Após isso, ele declara ser “o
pilar, o sol, a lua, o espelho e os olhos” e também “o
pai e a mãe” de sua nação. Essas são referências simbólicas do Buda dos Últimos Dias da Lei, que é perfeitamente dotado das três virtudes de pai, mestre e
soberano. Daishonin também menciona suas primeiras profecias feitas na Tese sobre o Estabelecimento
do Ensino Correto para a Paz da Nação em relação às
disputas políticas e conflitos violentos internos.
Na última parte da carta, Daishonin apresenta
uma explanação abrangente sobre carma ou destino, declarando que suas presentes dificuldades surgiram pelo fato de ele ter caluniado o Sutra de Lótus
em uma existência passada. Usando sua própria vida
como exemplo, ele elucida a seus discípulos o tipo de
espírito e prática que lhes permitirão transformar seu
carma. Ele completa dizendo que as pessoas que tentam propagar o correto ensino do budismo infalivelmente enfrentarão oposições e que, na verdade, tais
oposições são oportunidades que lhes possibilitarão
transformar seu carma. Aqueles que abandonaram a
fé e fazem calúnias são advertidos de que suas ações
provocarão as piores conseqüências. Daishonin compara a falta de visão dessas pessoas aos vaga-lumes
que ridicularizam o sol.
CLAB 2011
52
CARTA DE SADO
Fontes de consulta
Fonte 1: Pós-escrito do Carta de Sado
“Meu desejo é que as pessoas que possuem espírito de procura reúnam-se para lerem juntas esta
carta de encorajamento.” (END-5, pág. 30)
Fonte 2: Tópicos da Carta de Sado que incentivaram os discípulos que enfrentavam perseguições
1. Os que se tornam Budas são as pessoas que
no momento em que se deparam com as perseguições, lutam tendo o coração do rei leão
como o de Daishonin (a coragem que tem
como base a correta prática da fé que põe
em primeiro lugar o Ensino Correto – a Verdadeira Lei).
2. Em contrapartida, a aparência enlouquecida
dos perseguidores, dos poderosos e dos sacerdotes é a sua manifestação possuída pelos
demônios malignos.
3. O motivo pelo qual deparamos com as perseguições mesmo acreditando no ensino correto
e praticando a justiça, é para podermos realizar a nossa própria transformação do destino.
4. O Chakubuku é a prática correta na época em
que proliferam os maus sacerdotes e os governantes maléficos que caluniam a Verdadeira Lei.
5. A prática do Chakubuku em conformidade com
o tempo protege a Lei, e é através deste benefício que se consegue a amenização do efeito
cármico. É o mesmo tipo de luta do Bodhisattva Jamais Desprezar, da transformação do
destino e da iluminação nesta existência.
6. Os discípulos que se afastaram da prática da
fé e criticaram Daishonin são desprezíveis e as
suas afirmações são motivo de riso.
Fonte 3: Do artigo do Presidente Toda sobre
“Carta de Sado” (TC 499, edição de março/2010)
“O que mais me comove quando leio este escrito
é que, apesar de o próprio Nitiren Daishonin se encontrar em constante perigo e de viver em circunstâncias terríveis, de extrema incerteza e necessidade,
o que predomina em cada linha é o afeto, profundo
como a de um pai, e a constante consideração que
CLAB 2011
carta de sado
53
ele tinha pelos discípulos. A imagem que isso evoca
em minha mente é a de um rochedo gigantesco e
inabalável, elevando-se acima do mar, banhado por
suaves ondas sob a cálida luz do Sol”.
Fonte 4: Garoto Montanhas de Neve e asceta
Aspiração à Lei (TC 499, edição de março/2010)
<<Garoto Montanhas de Neve>> Nome do
Buda Sakyamuni em uma de suas existências passadas, quando realizava a prática de bodhisattva. A divindade Shakra, decidida a testar a determinação do
menino, aparece diante dele sob a forma de um demônio faminto. Depois de ouvir a primeira parte de
um ensino budista recitado pelo demônio, o menino
lhe suplica que revele a outra metade. O demônio
aceita, porém, exige em troca a carne e o sangue do
menino. Montanhas de Neve promete, de bom gosto, oferecer o corpo ao demônio, que então lê para
ele a segunda metade do ensino. Quando o garoto
está prestes a cumprir o prometido, o demônio recobra a forma anterior, revelando-se como Shakra.
A divindade elogia o espírito de procura do garoto
Montanhas de Neve.
<<Asceta Aspiração à Lei>> Nome de Sakyamuni em uma de suas existências passadas. Um demônio disfarçado de brâmane apresenta-se a ele e
diz que lhe ensinará uma estrofe de um ensino budista se ele se dispuser a transcrevê-la usando a própria pele como papel, um dos ossos como pena e o
sangue como tinta. Quando Aspiração à Lei aceita de
bom grado e se prepara para escrever o ensino budista, o demônio desaparece. No lugar deste, surge
um buda e transmite-lhe um profundo ensino.
Fonte 5: Explanação do presidente Ikeda (TC
499, edição de março/2010)
Esta passagem também transmite um importante
espírito que nos brinda lições nos dias atuais. Uma
dessas lições, como já disse, é: vivermos apegados
a algo não nos conduz à felicidade genuína. O estabelecimento de um propósito fundamental, a disposição de percorrer o caminho correto na vida, não
importando as dificuldades que esse desafio possa
vincular, é o que nos possibilita experimentar a mais
profunda alegria e realização. Se nos deixarmos manipular pelos desejos mundanos e pouparmos a vida
CLAB 2011
54
CARTA DE SADO
no momento crucial, nosso coração definhará e só
nos restarão sentimentos como aflição, miséria e arrependimento.
Outra importante lição é que o elevado estado de
vida obtido com a prática budista é eterno e transcende nossa existência atual. Dedicando esta preciosa existência ao budismo, temos a certeza de que
experimentaremos imensa felicidade e inúmeros benefícios em todas as futuras existências.
Conseguir enxergar os fatos da perspectiva da
eternidade da vida — através do passado, presente
e futuro — e também do ponto de vista da felicidade
eterna, constitui o ponto decisivo para transcender os
diversos problemas da vida e da sociedade. À medida
que as pessoas, individualmente, adquirem uma perspectiva correta sobre a vida e a morte, elevam o estado
de vida da humanidade de forma coletiva. A filosofia
que desejar abrir novas possibilidades em benefício da
sociedade do século 21, necessitará saber distinguir
entre noções superficiais e profundas acerca da vida
e da morte. Nós, praticantes do Budismo de Nitiren
Daishonin, marchamos na vanguarda nesse sentido.
Por isso, avancemos orgulhosos com essa convicção.
Fonte 6: Explanação do Presidente Ikeda (TC
499, edição de março/2010)
Apesar de falarmos em “não poupar a própria
vida”, o Budismo de Nitiren Daishonin não é, de
modo algum, um ensino que promove o martírio
ou o auto-sacrifício. Os mestres Makiguti e Toda e
eu — os três primeiros presidentes da Soka Gakkai
— se dedicaram com a determinação de impulsionar
o Kossen-rufu de tal forma que um único membro
sequer fosse sacrificado, e com a disposição de dar
o melhor de si para esse fim. Esse espírito dos sucessivos presidentes deverá ser mantido na Soka Gakkai
por todo o futuro.
Não desperdicem, de modo algum, a preciosa
vida dos senhores. Aos nossos jovens digo: Por mais
difíceis que sejam as circunstâncias em que se encontrem, jamais lamentem ou prejudiquem a vida de vocês nem a dos outros. Cada um de vocês está dotado
da maravilhosa e suprema natureza de Buda.
Fonte 7: Explanação do Presidente Ikeda (TC
499, edição de março/2010)
CLAB 2011
carta de sado
55
[A]
Em termos específicos, como deveríamos praticar
para dedicar essa inestimável vida aos “preciosos ensinos do Buda”? No escrito “O presente de arroz”,
Daishonin diz sobre a consecução do estado de Buda
pelas pessoas comuns nos Últimos Dias da Lei: “A respeito da iluminação, os mortais comuns tornam-se
budas se mantiverem uma determinação firme e sincera”. (WND-1, pág. 1.125) Estas palavras, na forma
mais sublime e elevada, expressam a postura de “não
poupar a própria vida”. Daishonin declara de maneira enfática que as pessoas comuns desta época, sem
terem de sacrificar a vida como o garoto Montanhas
de Neve e por meio da “determinação firme e sincera”, podem obter o mesmo benefício resultante da
dedicação abnegada.
Como afirma Daishonin, o que importa é o coração. É uma questão de empreender milhões de kalpa de esforços num único momento da vida em prol
do budismo e pela nobre causa do Kossen-rufu. Para
nós, não poupar a vida significa recitar constantemente Nam-myoho-rengue-kyo, sem nenhum temor,
e dedicarmo-nos de corpo e alma para comprovar a
fé — pelo bem do mundo, do futuro e de todas as
pessoas.
[B]
O Sr. Makiguti descreveu essa atitude como “um
modo de vida abnegado para realizar o bem maior”.
Essa vida se caracteriza pela vitória sobre o egoísmo
e o medo, e por ter como foco a felicidade pessoal e
dos semelhantes. Ele explicou: “Este é o modo simples de viver, uma vida de humanismo natural... O
indivíduo que se conscientiza da importância desse
modo de vida e descobre que é universalmente acessível, manifesta forte desejo de adotá-lo. Mas ele não
fica só no querer. Sente a necessidade de agir em
prol dos outros”.
Portanto, o Sr. Makiguti afirmou que a Soka Kyoiku Gakkai (literalmente, Sociedade Educacional de
Criação de Valores, precursora da Soka Gakkai) “era
a prova viva de dedicação ao bem maior”.
O que ele quis dizer é que a dedicação abnegada se encontra numa vida aparentemente comum,
porém aberta a todos. Exemplo perfeito desse tipo
de empenho pode ser encontrado em nossa atuaCLAB 2011
56
CARTA DE SADO
ção diária pelo Kossen-rufu. Dedicamo-nos de corpo e alma para encorajar os demais e compartilhar
sinceramente a grandiosidade do Budismo de Nitiren
Daishonin com todos que nos rodeiam.
Fonte 8: Explanação do Presidente Ikeda (TC
499, edição de março/2010)
Neste trecho, em que Nitiren Daishonin se refere
aos “grandes sábios da antiguidade”, as pessoas que
conseguem reconhecer a época e adotar as ações necessárias são chamadas, no budismo, de “sábias”. O
que essas pessoas que buscaram o Caminho no passado e os mestres budistas têm em comum é a postura de proteger a Lei, o espírito de prezar o ensino correto do Buda acima de tudo e o comprometimento
com os demais mesmo ao custo da própria vida. Se
essas pessoas conseguiram compreender claramente
o que tinham de fazer foi porque não pouparam a
própria vida. Um requisito essencial que os mestres
ou líderes budistas devem ter é a capacidade de compreender a época e de propagar o ensino em conformidade com o tempo. A Soka Gakkai conseguiu
um grande desenvolvimento porque a liderança dos
primeiros presidentes, os mestres Makiguti e Toda,
sempre se adequou à época. E eu, como terceiro presidente, sem deixar que meu diálogo interior com o
mestre Toda se interrompesse, orei e orei, incansavelmente, para abrir o caminho do Kossen-rufu de
forma que se ajustasse à época. Eis a razão do êxito
de nosso movimento.
Em abril de 1980, depois de concluir minha quinta
visita à China, voei direto de Xangai a Nagasaki para
empreender uma viagem de orientação por toda a
Kyushu. Essa foi a primeira viagem de orientação a
uma localidade do Japão desde que, no ano anterior [1979], havia sido obrigado a deixar a presidência da Soka Gakkai. De Nagasaki parti para Fukuoka.
Ali, clamei aos meus amados discípulos de Kyushu,
profundamente comprometidos e decididos a se empenhar junto comigo pelo Kossen-rufu: “Não permitam que o estandarte da propagação tombe!” Não
deixem que a chama da fé se apague!” De Kyushu —
região que havia sofrido tanto por causa dos problemas ocasionados pelo clero —, lancei uma poderosa
contra-ofensiva, decidido a manter vivo o espírito da
dedicação abnegada ao Kossen-rufu, característica
CLAB 2011
carta de sado
57
do Budismo de Nitiren Daishonin. Com a consciência
de que esse era o momento crucial para assentar as
bases da eterna vitória da Soka Gakkai, os membros
de Kyushu se levantaram junto comigo. Quando os
discípulos seguem o mestre e empreendem com ele
uma campanha pelo Kossen--rufu apropriada para a
época, a vitória está assegurada. Nossos companheiros de Kyushu têm escrito uma história de triunfo
como essa.
A época atual é o momento de nossos sucessores
na Divisão dos Jovens perpetuarem este importante
espírito Soka de mestre e discípulo, e assegurarem-se de que esse compromisso seja transmitido pelo
eterno futuro.
Fonte 9: Frase de As Perseguições ao Buda
(Gosho Zenshu, pág. 1190)
“Cada um dos senhores deve reunir a coragem
de um rei leão e jamais sucumbir às ameaças de ninguém. O rei leão não teme nenhum outro animal,
nem seus próprios filhotes. As calúnias são como raposas regougando, mas os seguidores de Nitiren são
como leões rugindo.”
Fonte 10: Explanação do Presidente Ikeda (TC
499, edição de março/2010)
“Quando um governante mau se associa a reverendos que seguem ensinos errôneos e tentam destruir o ensino correto e eliminar um sábio...”, descreve uma aliança mal-intencionada entre as autoridades políticas e o poder religioso. O tipo de perseguição contra os que proclamam o ensino correto do
budismo é o mesmo em todas as épocas.
Em meio a uma perseguição implacável, Daishonin avançou com o “coração de um rei leão”, recusando-se a retroceder um único passo. Ter o “coração
de um rei leão” significa reconhecer serenamente a
“natureza dos animais” e derrotá-la. No budismo,
“rei leão” é outra forma para referir-se a um Buda.
Quem se levanta com essa atitude, sem falta, manifesta o estado de Buda.
Daishonin diz a esse respeito: “Como, por exemplo, Nitiren”. Nesta frase, ele pede aos seguidores
que o observem, ressaltando que a motivação dele
não é a arrogância, mas a sincera dedicação ao ensino correto.
CLAB 2011
58
CARTA DE SADO
Devemos refletir profundamente sobre o comprometimento de Daishonin com a Lei. Quando
prezamos a Lei mais do que a própria vida, teremos
a coragem de defender o que é correto com total
convicção, sem temer nada. Nessa postura, reside a
essência suprema da fé.
Desde que conheci o Sr. Toda, há mais de sessenta
anos (em 14 de agosto de 1947), tenho defendido a
nobre causa da Soka Gakkai e proclamado os ideais
de nosso movimento amplamente pelo mundo, sem
retroceder um único passo. O que me proporciona
forças é o meu compromisso inabalável de concretizar o sonho de meu mestre, o grande líder do Kossen-rufu. Esse ideal é, para mim, mais precioso do que
minha própria vida. Em outras palavras, levantei-me
e atuei com a postura de proteger rigorosamente a
Soka Gakkai, a organização que realiza a ordem e a
vontade do Buda, e com a atitude de impulsionar o
seu desenvolvimento em todo o mundo, de acordo
com o ardente desejo do Sr. Toda.
A postura de “não poupar a própria vida” e de
manifestar o “coração do rei leão” são as duas faces da mesma moeda. É assim porque, não poupar
a vida em prol do compromisso com a Lei e ter a
coragem de um rei leão para combater os inimigos
do Sutra de Lótus são, em essência, a mesma coisa.
Para mim, a principal mensagem desta primeira metade de “Carta de Sado” é: os discípulos de Daishonin devem se tornar reis leões, indivíduos valorosos
que incorporam o mesmo espírito altruísta do Buda.
Procuremos observar com que ênfase ele trata de nos
transmitir esse importante ponto.
A frase “Como, por exemplo, Nitiren” representa um clamor apaixonado aos discípulos. Podemos
imaginá-lo bradando das profundezas do ser: “Da
mesma forma que eu fui capaz de vencer as funções
negativas, vocês também devem munir-se da força
de um rei leão e derrotar todas as funções negativas.
Lutem com a mesma postura que Daishonin! Lutem
do meu lado e com a mesma determinação!” O que
ele esperava dos dedicados discípulos era o levantar
de cada um com a mesma determinação e coragem
manifestada por ele.
Durante a Segunda Guerra Mundial, somente os
mestres Makiguti e Toda puseram em prática e mantiveram a postura leonina de Daishonin. O clero, em
CLAB 2011
carta de sado
59
nítido contraste, sucumbiu aos interesses covardes,
vis e egoístas. Nos dias atuais, o legado de Daishonin, o exemplo abnegado do rei leão, vive e palpita
unicamente na Soka Gakkai. Herdamos fielmente o
espírito corajoso, e desse modo conseguimos abrir
este enorme caminho que hoje conduz ao Kossen-rufu mundial. Por essa razão, nosso benefício também
é infinitamente incalculável. Com essa poderosa convicção, saiamos para encontrar mais e mais pessoas
e compartilhar com elas o grandioso caminho Soka,
o caminho de mestre e discípulo.
Fonte 11: Explanação do Presidente Ikeda (TC
499, edição de março/2010)
Numa de suas explanações, Toda Sensei analisou o conceito de “não poupar a vida”, que consta
no Sutra de Lótus (Cf. LS, v. 16, p. 230.), dizendo:
“Sem essa atitude altruísta, não poderíamos recitar
Daimoku. [...] Tenho certeza de que ninguém nunca elogiou ou felicitou os senhores por propagarem
este budismo. Se não tivéssemos essa atitude abnegada de não poupar a vida, não poderíamos continuar com nossos esforços pelo Kossen-rufu. Se um
insulto ou uma reação violenta bastarem para nos
desanimar, então, seria melhor nem nos darmos ao
trabalho de falar sobre o budismo para as pessoas”.
(TODA, Jossei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas
de Jossei Toda].Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1985, v.
5, p. 415).
Esta era a extraordinária coragem do Sr. Toda,
grande líder e grande mestre do Chakubuku. Desde o início de nosso movimento, os membros têm
avançado com coragem e perseverança infatigável,
dispostos a compartilhar a Lei Mística com os semelhantes, tal como Toda Sensei ensinou.
Por ter gravado esse espírito de mestre e discípulo
no coração e estar se empenhando dia e noite em
prol da Lei, da sociedade e dos companheiros, cada
um dos senhores é um verdadeiro campeão de dedicação abnegada, dono de um coração de rei leão. A
todos, meu mais alto louvor.
CLAB 2011

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