Monitor FJP v2 n2 jan
Transcrição
Monitor FJP v2 n2 jan
ISSN 2446-9203 Monitor Fundação João Pinheiro Comércio Internacional Agosto| 2015 Agosto | 2015 MONITOR FUNDAÇÃO JOÃO Volume 2 – n. 2 JOÃO PINHEIRO Comércio Março 2015 MONITOR FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO Comércio Internacional Belo Horizonte Agosto 2015 ISSN 2446-9203 Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS GOVERNADOR Fernando Damata Pimentel SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO SECRETÁRIO Helvécio Miranda Magalhães Júnior FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO Presidente Roberto do Nascimento Rodrigues Centro de Estatística e Informações Diretor Leonardo Barbosa de Moraes Centro de Estudos de Políticas Públicas Paulo Camilo de Oliveira Penna Diretora Ana Paula Salej Gomes Centro de Pesquisas Aplicadas Maria Aparecida Arruda Diretora Elisa Maria Pinto da Rocha Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho Diretora Letícia Godinho de Souza Assessoria de Comunicação Social Assessora-chefe Olívia Bittencourt FICHA TÉCNICA Elaboração: Elisa Maria Pinto Rocha (coordenação) Jane Noronha Carvalhais (pesquisadora-visitante/ Fapemig) Laís Braga de Assis (estagiária) Mauro Araújo Câmara Pedro Henrique Pimenta Silveira Crespo (estagiário) Revisão: Agda Mendonça Normalização: Ana Paula da Silva Projeto gráfico: Ana Paula da Silva Capa: Bárbara Andrade MONITOR FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO: COMÉRCIO INTERNACIONAL Publicação quadrimestral da Fundação João Pinheiro que, utilizando-se dos dados mais recentes disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), analisa, sucinta e objetivamente, o comportamento geral do comércio internacional de Minas Gerais, dos setores e empresas nele envolvidos. Também procura examinar exportações dos principais municípios e dos territórios de desenvolvimento mineiros. Além disso, analisa também a evolução recente das exportações de um grupo específico de produtos denominado Produtos Intensivos em Informação e Conhecimento (PII&C) – referenciados de Tecnologicamente modo geral Sofisticados – como e Produtos divulga com exclusividade análises e informações sobre eles. FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO Centro de Estatística e Informações (CEI) Alameda das Acácias, 70 – Bairro São Luiz – Pampulha Belo Horizonte – Minas Gerais CEP 31275.150 Telefones: (31) 3448-9580 e 3448-9561 www.fjp.mg.gov.br - e-mail: [email protected] Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, por qualquer meio, desde que citada a fonte Disponível também em: <<http://www.fjp.mg.gov.br>> M744 as Monitor Fundação João Pinheiro: Comércio Internacional. - v. 2, n. 2, (jan./abr. 2015). - Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Estatística e Informações, 2015. Quadrimestral Continuação de Monitor CPA Comércio Exterior: análise de desempenho das exportações de produtos tecnologicamente sofisticados. v. 1. n. 1, mar. 2014. ISSN 2446-9203 1. Comércio exterior – Minas Gerais – Periódicos. 2. Exportação – Produtos Tecnológicos – Minas Gerais– Periódicos. I. Fundação João Pinheiro. Centro de Estatística e Informação. CDU 382.1(815.1) SUMÁRIO 1 COMPORTAMENTO GERAL DA BALANÇA COMERCIAL DE MINAS GERAIS ............. 7 1.1. Empresas exportadoras e exportações municipais .................................................... 11 2 ANÁLISE DO DESEMPENHO DAS EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS TECNOLOGICAMENTE SOFISTICADOS: JANEIRO A ABRIL DE 2015 ......................... 16 3 DINAMISMO DAS EXPORTAÇÕES DOS TERRITÓRIOS DE DESENVOLVIMENTO SEGUNDO A INTENSIDADE TECNOLÓGICA .................................................................. 23 4 RECUPERAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES MINEIRAS DE CAFÉ ........................................ 29 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 33 5 EDITORIAL O Monitor Fundação João Pinheiro: Comércio Internacional é uma publicação que analisa a evolução recente da balança comercial de Minas Gerais a partir dos dados disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), através do Sistema de Análise das Informações do Comércio Exterior, denominado AliceWeb (BRASIL, 2015). Tendo em vista a base produtiva do estado de Minas Gerais e do Brasil, a maioria dos estudos, das pesquisas e dos levantamentos sobre comércio internacional tende a enfocar produtos e setores reconhecidamente característicos de sua economia, a exemplo da mineração, siderurgia e de commodities agrícolas e minerais. Nesse sentido, a cada quatro meses, o Monitor oferece aos interessados análises do comportamento das exportações e importações estaduais, segundo produtos, blocos econômicos e países. Cada edição conta também com análises das exportações dos municípios e empresas do Estado. Além disso, procura apontar para exportações de segmentos de produtos e para destinos que tenham se destacado no período analisado, independentemente da sua relevância no conjunto da pauta. Por outro lado, o atual momento de transformações vivenciado pelas sociedades resulta na emergência de novos produtos e processos e na reconfiguração de produtos já existentes e que ainda não são plenamente conhecidos ou suficientemente representados nas estatísticas e nos dados oficiais. É esse o contexto no qual se insere essa publicação, uma vez que procura analisar também as exportações mineiras dos denominados Produtos Intensivos em Informação e Conhecimento (PII&C), cuja tipologia se apoia na classificação de produtos originalmente desenvolvida pela Fundação João Pinheiro (FJP), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Essa metodologia é fruto de diversas contribuições e insights e permanece em processo de aperfeiçoamento. Construída a partir da adaptação e ampliação de metodologias desenvolvidas por organismos e instituições brasileiras e internacionais – como United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD), Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) – e do esquema de classificação sugerido por Keith Pavitt (1984), permite analisar o dinamismo das exportações dos Produtos Tecnologicamente Sofisticados que, embora ainda representem apenas pequena parcela da pauta total das exportações, possuem importância estratégica para a ampliação das inovações tecnológicas e da competitividade do país, de regiões e empresas. Por fim, baseado nas diversas contribuições da literatura especializada que demonstram a relevância das exportações no processo de crescimento econômico e desenvolvimento regional e do importante papel desempenhado pela inovação na busca da intensificação dos padrões tecnológicos e aprofundamento da competitividade internacional, o Monitor Fundação João Pinheiro: Comércio Internacional oferece análises sobre o dinamismo das exportações segundo a regionalização estabelecida pelo decreto Nº 46.774, de 09 de junho de 2015 (MINAS GERAIS, 2015), que institui os Fóruns Regionais de Governo e que passou a ser adotada pelo governo estadual a partir de 2015, baseada em 17 territórios de desenvolvimento. Tal análise procura Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015 6 apontar o perfil e o dinamismo das exportações regionais do Estado a partir da classificação consagrada pela UNCTAD (2002) que agrupa os produtos exportados segundo a intensidade tecnológica. Com relação às exportações regionais foram feitas algumas adaptações, para efeitos de análise, no intuito de compatibilizar os códigos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM-SH) disponibilizadas no AliceWeb com os códigos utilizados pela UNCTAD, baseados na classificação da Standard International Trade Classification (SITC), conforme Lall (2000 apud NONNEMBERG, 2011). Segundo o autor, é importante lembrar que, como todos os trabalhos que utilizam tal classificação, os resultados apurados estão sujeitos a algumas ressalvas. Por exemplo, ao propor uma agregação mais abrangente, a UNCTAD agrupa na categoria produtos com alta tecnologia todos os Produtos Químicos, incluindo desde Produtos Farmacêuticos, intensivos em tecnologia, até corantes, tintas, explosivos e pólvora, cujo processo de inovação é comparativamente menos intenso. Por um lado, tal metodologia pode apresentar dificuldades de agregação, que são contornadas ressalvando eventuais distorções causadas pela inerente generalização que caracteriza processos de construção de modelos de classificação. Por outro, tem a vantagem de permitir a homogeneização dos resultados, tornando-os comparáveis, sejam eles locais, regionais, nacionais ou mesmo internacionais. Cabe mencionar também que, tendo em vista a metodologia de apuração dos dados adotada pelo MDIC, os resultados das exportações estaduais municipais e dos territórios de desenvolvimento – cujo registro realizado pelo Ministério considera o domicílio fiscal da empresa exportadora – poderá não corresponder à soma do total apurado para as exportações estaduais, uma vez que, nesse caso, o registro é feito com base no estado produtor da mercadoria. Finalmente, ao disponibilizar para a sociedade, governos, associações representativas da sociedade civil e para os veículos de comunicação este recente produto de informação, o Centro de Estatística e Informações (CEI) da FJP cumpre seu propósito de analisar dados e informações relevantes para subsidiar processos decisórios no âmbito do planejamento e do monitoramento das políticas públicas de desenvolvimento regional e local, de desenvolvimento industrial e comércio exterior e de desenvolvimento científico e tecnológico. 7 1 COMPORTAMENTO GERAL DA BALANÇA COMERCIAL DE MINAS GERAIS Em comparação com o período de janeiro-abril de 2014, registrou-se queda de 24,2% no valor total das exportações de Minas Gerais no mesmo período de 2015. As importações, por sua vez, apresentaram retração de 16,5%. Esses movimentos influenciaram o resultado da balança comercial mineira, cujo superávit sofreu uma diminuição de 28,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em termos de valor, as exportações de Minas Gerais, de janeiro a abril de 2015, alcançaram US$ 7,3 bilhões (contra US$ 9,7 bilhões de janeiro a abril de 2014) e as importações somaram US$ 3,0 bilhões (contra US$ 3,6 bilhões em igual período do ano anterior). Em decorrência, o superávit comercial mineiro atingiu US$ 4,4 bilhões no período analisado, contra US$ 6,1 bilhões no mesmo período de 2014 (gráf. 1). Por sua vez, o volume total exportado pelo Estado, de janeiro a abril de 2015, registrou expansão de 11,7%, quando comparado com o mesmo período de 2014 (58,3 milhões de toneladas em 2015 e 52,2 milhões de toneladas em 2014). Dentre os segmentos que apresentaram as taxas de crescimento do volume físico exportado mais elevadas destacam-se: Minérios (12,1%), Alimentos-Bebidas-Fumo (10,1%), Produtos Químicos Orgânicos/Inorgânicos (68,2%), Calçados (217,6%), Madeira, Carvão Vegetal e Outros (114,2%), Máquinas e Aparelhos Elétricos (18,0%) e Produtos Siderúrgicos (31,6%). Tendo em vista a retração de 24,2% registrada para o valor das exportações de Minas Gerais e de 16,4% nas exportações brasileiras de janeiro a abril de 2015, em comparação com o mesmo período de 2014, o coeficiente de participação relativa das vendas externas mineiras, no valor total exportado pelo Brasil, passou de 14,0% em 2014 para 12,7% em 2015. US$ milhões FOB Gráfico 1: Balança comercial – Minas Gerais – jan. - abr. 2014 – jan. - abr. 2015 10.000,0 9.000,0 8.000,0 7.000,0 6.000,0 5.000,0 4.000,0 3.000,0 2.000,0 1.000,0 0,0 2014 2015 Exportações 9.689,4 7.342,5 Importações 3.561,3 2.973,5 2014 Saldo Comercial 6.128,1 4.368,9 2015 Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estudos de Estatística e Informações (CEI). Nota: FOB = Free on Board. Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015 8 Confrontando-se o período janeiro a abril de 2015 com igual período de 2014, observa-se que as vendas externas totais mineiras apresentaram decréscimo absoluto de 2.346,9 milhões de dólares. Entre os segmentos que exerceram maior influência nesse resultado destacam-se Minérios, cuja participação no valor total da pauta estadual representou 30,3% de janeiro a abril de 2015, com retração de 49,5% no valor das vendas externas; Veículos-Tratores-Ciclos, com importância relativa de 3,3% e queda de 32,1%; Carnes, com participação de 2,9% e diminuição de 24,1% e, por fim, Papel e Celulose, que representou 2,6% no valor da pauta de janeiro a abril de 2015 e apresentou recuo de 10,3% no valor das exportações em relação ao mesmo período de 2014. Destaca-se que, desses quatro segmentos, apenas o segmento Minérios apresentou aumento de 12,1% do volume físico exportado, os demais apresentaram retração de 24,7%, 10,1% e 2,4%, respectivamente (tab. 1). Por outro lado, alguns importantes segmentos exportadores do Estado apresentaram recuperação, contribuindo para minimizar o comportamento desfavorável das vendas externas globais de Minas Gerais no período em análise. Destacam-se os segmentos: Café, que representou 18,3% da pauta e apresentou elevação de 22,3%; Produtos Siderúrgicos, com participação de 18,0% e aumento de 2,2%; e Pedras e Metais Preciosos, responsável por 6,7% das exportações mineiras e crescimento positivo de 6,0%. Além disso, diferentemente da tendência geral de retração nas exportações mineiras, registrada de janeiro a abril de 2015 em relação ao mesmo período de 2014, observou-se expressiva elevação no valor das vendas externas de outros segmentos exportadores do Estado como Laticínios, com participação de 0,6% e aumento no valor das vendas de 11,9%, Têxteis, com participação de 0,3% e taxa de crescimento de 10,2% no valor exportado e Calçados que representou 0,2% da pauta e registrou elevação de 120,9% no valor das exportações (tab. 1). Além desses segmentos de produtos exportados, o Monitor Fundação João Pinheiro: Comércio Internacional acompanha outros que, embora possuam participação relativa ainda relativamente baixa na pauta geral das vendas externas de Minas Gerais, também apresentaram desempenho positivo no período. Nesse grupo destacam-se Fumo, Madeira e Carvão Vegetal e Cosméticos e Perfumaria. Suas taxas de crescimento de janeiro a abril de 2015, em comparação com o mesmo período do ano anterior, foram de 241,0%, 15,4 e 1,8%, respectivamente. Ressalta-se que entre os três principais segmentos de produtos exportados pelo Estado Minérios, Produtos Siderúrgicos e Café - que representam, em conjunto, 66,5% do valor total da pauta, apenas as exportações de Produtos Siderúrgicos apresentaram elevação tanto na receita como no volume físico exportado (2,2% e 31,6%, respectivamente). No caso das exportações de Minérios houve queda de 49,5% na receita e elevação do volume de 12,1%, indicando alguma retração dos preços no período em análise. Já as vendas externas de Café apresentaram aumento da receita de 22,3% e queda do volume exportado de 5,6% (tab. 1). No que diz respeito ao conjunto dos quatro principais blocos e regiões compradores de produtos mineiros, o comportamento no período janeiro a abril de 2015, em comparação com o mesmo período do ano anterior, foi: retração das exportações para a União Europeia (-7,7%), para o Mercado Comum do Sul (Mercosul), -26,8%, e para a Ásia, (-41,5%). Esses blocos responderam por 26,5%, 6,6% e 37,4%, respectivamente, do valor total das exportações de Minas Gerais no 9 período e crescimento das vendas para Tratado Norte–Americano de Livre Comércio (Nafta), +15,2%, responsável por 14,7% do valor total da pauta mineira (gráf. 2). Tabela 1: Destaques setoriais das exportações – Minas Gerais – jan. - abr. 2015 Segmentos e Produtos Participação % (1) Variação % (2) Minérios 30,3 -49,5 Café 18,3 22,3 Produtos Siderúrgicos 18,0 2,2 Pedras e Metais Preciosos 6,7 6,0 Veículos-Tratores-Ciclos 3,3 -32,1 Carnes 2,9 -24,1 Papel e Celulose 2,6 -10,3 Laticínios 0,6 11,9 Têxteis 0,3 10,2 Calçados 0,2 120,9 Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e Informações (CEI). Nota: FOB = Free on Board. (1) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência. (2) Variação do valor das exportações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. Destaca-se, ainda, o comportamento desfavorável das exportações para a Europa Oriental. Elas responderam por 0,9% da pauta no período janeiro a abril de 2015 e apresentaram retração de 42,0% em relação ao mesmo período de 2014. Já as exportações para a Associação Latina de Integração (Aladi), excluindo o Mercosul, representaram 4,7% da pauta no período e apresentaram elevação de 23,1%. Por sua vez, as exportações para a Liga Árabe, responsável por 6,5% das vendas externas mineiras, apresentaram diminuição de 15,9%. Em termos de mercados individuais, as exportações mineiras para a China – maior comprador de produtos de Minas Gerais – responderam por 21,8% do valor total das vendas externas do Estado e alcançaram US$ 1,6 bilhão de janeiro a abril de 2015. Isso correspondeu a uma queda de 45,7% em relação ao mesmo período de 2014. Salienta-se também o aumento de 10,6% nas exportações para os Estados Unidos (US$ 882,3 milhões de janeiro a abril de 2015, contra US$ 797,6 milhões no mesmo período de 2014) que representam o segundo maior mercado individual de exportações de Minas Gerais em 2015, com participação de 12,0% do valor total das exportações do Estado no período. Já as exportações para o Japão, responsável por 5,9% das vendas externas mineiras, apresentaram queda de 36,3% e totalizaram US$ 430,6 milhões de janeiro a abril de 2015, contra US$ 676,2 milhões em igual período do ano anterior. As vendas para a Argentina, por sua vez, apresentaram retração de 28,3% - US$ 431,1 milhões no primeiro quadrimestre de 2015, contra US$ 601,3 milhões no mesmo período de 2014 (gráf. 2). Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015 10 Gráfico 2: Comportamento das exportações de Minas Gerais segundo principais blocos e países - jan. abr. 2015 (%) 50,0 40,0 37,4 26,5 30,0 21,8 20,0 15,2 14,7 (%) 10,6 12,0 6,6 10,0 5,9 6,5 5,9 0,0 -10,0 -7,7 -20,0 -18,3 -30,0 -40,0 -26,8 -36,3 -41,5 -45,7 -50,0 Ásia União (excl.Or. Europeia Médio) Var % (1) -41,5 -7,7 Part % (2) 37,4 26,5 -28,3 Nafta Mercosul China Estados Unidos Japão Países Baixos Argentin a 15,2 14,7 -26,8 6,6 -45,7 21,8 10,6 12,0 -36,3 5,9 -18,3 6,5 -28,3 5,9 Var % (1) Part % (2) Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e Informações (CEI). Notas: Nafta = North American Free Trade Agreement. Mercosul = Mercado Comum do Sul. FOB = Free on Board. (1) Variação do valor das exportações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. (2) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência. No que diz respeito ao comportamento das importações mineiras – que diminuíram 16,5% do valor no acumulado em janeiro-abril de 2015 em relação ao mesmo período de 2014 – os segmentos que mais contribuíram para esse desempenho foram: Máquinas e Equipamentos Mecânicos (responsável por 16,8% do valor total das importações, com retração de 32,7%); Veículos-Tratores-Ciclos (participação de 16,0% e queda de 33,4%); Máquinas e Aparelhos Elétricos (participação de 10,4% e queda de 7,1%); Produtos Químicos (importância relativa de 13,4% e retração de 22,2%); e Combustíveis, responsável por 8,1% no valor da pauta geral de importações de Minas Gerais e retração de 13,1% no período em consideração (tab. 2). Em termos de ritmo do crescimento do valor das importações de Minas Gerais de janeiro a abril de 2015, em relação ao mesmo período de 2014, as taxas de aumento mais expressivas ficaram por conta dos segmentos: Frutas, com crescimento de 63,7%; Calçados, com elevação de 188,4%; Madeira e Carvão Vegetal, com aumento de 239,4%; e Fumo, cuja expansão foi de 347,3% (tab. 2). Além desses segmentos, observou-se aumento expressivo das compras externas de Produtos Siderúrgicos (participação de 6,9% e aumento de 60,2%). 11 Tabela 2: Destaques setoriais das importações – Minas Gerais – jan. - abr. 2015 Segmentos e Produtos Participação % (1) Variação % (2) Equipamentos Mecânicos 16,8 -32,7 Veículos-Tratores-Ciclos 16,0 -33,4 Produtos Químicos 13,4 -22,2 Máquinas e Aparelhos Elétricos 10,4 -7,1 Combustíveis 8,1 -13,1 Produtos Siderúrgicos 6,9 60,2 Frutas 0,4 63,7 Calçados 0,1 188,4 Madeira e Carvão Vegetal 0,1 239,4 Fumo 0,0 347,7 Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e Informações (CEI). Nota: Sinal convencional utilizado: 0,00 = dado numérico igual a zero de arredondamento de um dado numérico originalmente positivo. (1) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência. (2) Variação do valor das exportações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. Quanto aos principais mercados de origem das importações mineiras de janeiro a abril de 2015, os seis principais fornecedores de produtos representaram 65,2% do valor das importações. A China se posicionou como o maior fornecedor de Minas Gerais e respondeu por 20,2% da pauta de importações mineiras, no total de US$ 600,2 milhões, com elevação de 7,5% das compras do Estado no período janeiro a abril de 2015, em relação ao mesmo período de 2014. Logo em seguida, se colocaram os Estados Unidos, cujas importações foram de US$ 513,1 milhões no primeiro quadrimestre de 2015 (participação de 17,3% e retração de 2,0%) e a Itália, com US$ 222,8 milhões – participação relativa de 7,5% e queda de 37,5% na mesma base de comparação. Por fim, vale destacar a retração das importações mineiras oriundas da Alemanha (56,2) e o aumento das importações vindas do México (+17,2%). Ressalta-se que, dentre os seis principais mercados de origem das compras externas mineiras no período em consideração, apenas as importações da China e do México apresentaram elevação (gráf. 3). 1.1. Empresas exportadoras e exportações municipais Com exportações no valor de US$ 1,8 bilhão de janeiro a abril de 2015, a Vale S.A manteve a posição de maior empresa exportadora de Minas Gerais e, apesar da queda de 48,7% das vendas externas, ainda respondeu por 24,0% do valor total das vendas mineiras. Com participações relativas mais modestas, posicionaram-se a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé e a Fca Fiat Chrysler Automóveis Brasil Ltda. As quatro responderam por 7,8%, 3,7%, 3,6% e 3,2%, respectivamente, do valor total das vendas externas do Estado em 2015 (tab. 3). Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015 12 Gráfico 3: Comportamento das importações de Minas Gerais segundo principais países de origem – jan. - abr. 2015 30,0 20,2 17,3 20,0 10,0 7,5 17,2 13,0 7,5 4,2 3,1 0,0 -2,0 (%) -10,0 -20,0 -30,0 -27,3 -40,0 -37,5 -50,0 -56,2 -60,0 -70,0 China Var % (1) Part % (2) 7,5 20,2 Estados Unidos -2,0 17,3 Argentina Itália Alemanha México -27,3 13,0 -37,5 7,5 -56,2 4,2 17,2 3,1 Var % (1) Part % (2) Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e Informações (CEI). (1) Variação do valor das exportações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. (2) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência. No fechamento do período janeiro-abril de 2015, as dez maiores empresas mineiras exportadoras responderam por aproximadamente 55,2% das exportações estaduais. No mesmo período de 2014, o valor correspondente às dez maiores empresas foi de 61,7% do total exportado por Minas Gerais. Verifica-se uma tendência de ligeira diminuição do grau de concentração das exportações nas grandes empresas exportadoras, já observado no decorrer de 2014. Por outro lado, oito delas apresentaram queda nas exportações no período janeiro a abril de 2015, em relação ao mesmo período de 2014. Ressaltaram-se, além da Vale S.A: a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) cujas vendas externas sofreram retração de 44,8% (de US$ 268,3 milhões no período janeiro-abril de 2015 contra US$ 486,2 milhões no mesmo período de 2014), a Fca Fiat Chrysler Automóveis Brasil Ltda., cujas exportações recuaram de US$ 348,0 milhões de janeiro a abril de 2014 para US$ 235,5 milhões em igual período de 2015, queda de 32,3%. Também apresentaram resultado desfavorável as seguintes empresas: Gerdau Açominas S/A, Celulose Nipo Brasileira S/A Cenibra, Kinross Brasil Mineração S/A e Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil Ltda., cujas taxas de retração no primeiro quadrimestre de 2015, em comparação com o mesmo período do ano anterior, foram de 42,8%, 10,3%, 8,1% e 31,1%, respectivamente. Ainda no que diz respeito às dez maiores empresas mineiras exportadoras, destaca-se o expressivo crescimento das vendas externas da Cooperativa Regional de Cafeicultores, em Guaxupé. O valor exportado saltou para US$ 264,5 milhões de janeiro a abril de 2015, contra US$ 137,6 milhões no mesmo período do ano anterior, o que correspondeu a um crescimento de 13 92,3% no período (tab. 3). Já as exportações da Anglogold Ashanti Córrego do Sítio Mineração S.A., responsável por 2,7% do total das receitas externas do Estado, apresentaram aumento de 17,1%, totalizando US$ 201,0 milhões no primeiro quadrimestre de 2015. Tabela 3: Ranking das dez maiores empresas exportadoras – Minas Gerais – jan. - abr. 2015 Exportação (US$ mil FOB) Empresa Vale S.A. Part. (1) (%) Var. (2) (%) 1.761.164 24,0 -48,7 Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração 576.288 7,8 -6,1 Companhia Siderúrgica Nacional 268.277 3,7 -44,8 Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé 264.473 3,6 92,3 Fca Fiat Chrysler Automóveis Brasil Ltda. 235.477 3,2 -32,3 Gerdau Açominas S/A 215.191 2,9 -42,8 Anglogold Ashanti Córrego do Sítio Mineração S/A 200.966 2,7 17,1 Celulose Nipo Brasileira S/A Cenibra 193.632 2,6 -10,3 Kinross Brasil Mineração S/A 192.736 2,6 -8,1 Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil Ltda. 148.487 2,0 -31,1 Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e Informações (CEI). Nota: FOB = Free on Board. (1) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência. (2) Variação do valor das exportações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. É relevante mencionar também o elevado ritmo de crescimento das receitas externas de empresas voltadas para as exportações de Café no período analisado, além da Cooperativa Regional de Cafeicultores, em Guaxupé, já mencionada. Destacaram-se Stockler Comercial e Exportadora Ltda., Atlântica Exportação e Importação Ltda. e a Exportadora de Café Guaxupé Ltda., cujas taxas de crescimento no período janeiro a abril de 2015, em comparação com o mesmo período do ano anterior, foram de 62,6%, 33,8% e 22,8%, respectivamente. Ao se analisarem as exportações dos municípios, 238 cidades mineiras realizaram exportações entre janeiro e abril de 2015, e as 20 maiores foram responsáveis por 73,6% do valor total exportado por Minas Gerais, o que indica elevado grau de concentração espacial das exportações (tab. 4). Esse resultado se mostrou ainda mais acentuado quando considerado o conjunto dos dez maiores municípios exportadores. Sua participação relativa nas exportações mineiras alcançou 51,5% de janeiro a abril de 2015. Por outro lado, no mesmo período de 2014, esses valores eram de 71,1% para os 20 maiores e 52,5% para os dez maiores, indicando uma relativa elevação da concentração das exportações entre os dez maiores municípios do Estado (tab. 4). Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015 14 Tabela 4: Ranking dos vinte maiores municípios exportadores – Minas Gerais – jan. abr. 2015 Município Exportação (US$ mil FOB) Part. (1) (%) Var. (2) (%) Nova Lima 654.754 8,9 -33,7 Araxá 578.300 7,9 -6,2 Varginha 445.275 6,1 0,2 Ouro Preto 423.823 5,8 -34,6 Betim 362.993 4,9 -22,2 Belo Horizonte 348.356 4,7 75,1 Guaxupé 334.033 4,5 59,8 Itabirito 226.329 3,1 -34,0 Ouro Branco 206.705 2,8 37,2 São Gonçalo do Rio Abaixo 203.845 2,8 -58,5 Itabira 202.849 2,8 -62,7 Paracatu 198.242 2,7 -7,2 Congonhas 197.822 2,7 28,5 Belo Oriente 193.632 2,6 -10,3 Brumadinho 156.299 2,1 -45,2 Jeceaba 148.487 2,0 -31,1 Contagem 140.677 1,9 9,9 Sete Lagoas 137.726 1,9 -16,0 Mariana 128.178 1,7 -51,5 Montes Claros 112.472 1,5 -25,3 Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e Informações (CEI). Nota: FOB = Free on Board. (1) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência. (2) Variação do valor das exportações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. Em termos de ritmo de crescimento das exportações de janeiro a abril de 2015 em relação ao mesmo período de 2014, entre os 20 principais municípios exportadores, os destaques positivos foram: Guaxupé, cuja elevação alcançou 59,8%; Belo Horizonte, com acréscimo de 75,1% das exportações; Congonhas, elevação de 28,5%; Ouro Branco, com aumento das exportações de 37,2%, Contagem com acréscimo de 9,9% e Varginha com expansão de 0,2%. Por outro lado, o município de Nova Lima mantém a liderança entre os municípios exportadores mineiros, apesar da queda de 33,7% de suas exportações (de US$ 987,3 milhões de janeiro a abril de 2014 para US$ 654,8 milhões no mesmo período de 2015). Além de Nova Lima, 13 dos outros 20 maiores municípios exportadores de Minas Gerais contribuíram negativamente para a evolução das vendas externas do Estado. Dentre eles, destacam-se Ouro Preto (-34,6% e participação relativa de 5,8%), Araxá (-6,2% e participação relativa de 7,9%), Itabira (-62,7% e participação relativa de 2,8%), São Gonçalo do Rio Abaixo (-58,5% e participação 15 relativa de 2,8%), Betim (-22,2% e participação relativa de 4,9%), Itabirito (-34,0% e participação relativa de 3,1%), Brumadinho (-45,2% e participação relativa de 2,1%), Mariana (-51,5% e participação relativa de 1,7%), Belo Oriente (-10,3% e participação relativa de 2,6%) e Jeceaba (-31,1% e participação relativa de 2,0%). Finalmente é importante mencionar o comportamento favorável das exportações de Conceição do Mato Dentro, concentradas em Minérios, e que alcançaram US$ 55,1 milhões no período janeiro-abril de 2015, sendo que nesse mesmo período de 2014, suas vendas externas foram de apenas US$107,0 e também de Janaúba, nulas no primeiro quadrimestre de 2014 e que totalizaram US$9,0 milhões em igual período de 2015, concentradas basicamente em carnes bovinas. Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015 16 2 ANÁLISE DO DESEMPENHO DAS EXPORTAÇÕES TECNOLOGICAMENTE SOFISTICADOS: JANEIRO A ABRIL DE 2015 DE PRODUTOS As exportações mineiras de Produtos Intensivos em Informação e Conhecimento (PII&C) – aqui denominados Produtos Tecnologicamente Sofisticados – somaram US$ 732,8 milhões de janeiro a abril de 2015 e US$ 963,8 milhões no mesmo período de 2014, o que representou queda de 24,0%. Esse resultado pode ser considerado ligeiramente menos desfavorável quando comparado com o resultado geral das exportações estaduais (retração 24,2% na mesma base de comparação). Por outro lado, observou-se ritmo mais acelerado de queda das exportações mineiras de PII&C em comparação com a retração das vendas brasileiras desse grupo de produtos. No caso das exportações brasileiras, houve retração de 9,9% na mesma base de comparação (tab. 5). Tais resultados ocasionaram uma queda na participação relativa de Minas Gerais no valor das vendas externas brasileiras de Produtos Tecnologicamente Sofisticados: de 7,0% de janeiro a abril de 2014 para 5,9% em 2014, implicando num desempenho ainda mais desconfortável. Portanto, deve-se destacar que, apesar da taxa de crescimento das exportações mineiras de PII&C ter apresentado retração inferior àquela observada para as exportações totais de Minas Gerais, a manutenção da conjuntura internacional adversa e o resultado geral das vendas externas do Estado (-24,2%) e do país (-16,4%), demonstram que o desempenho das exportações mineiras de Produtos Tecnologicamente Sofisticados ainda se apresenta bastante desfavorável. Tabela 5: Indicadores dos resultados das exportações de Produtos Tecnologicamente Sofisticados – Minas Gerais e Brasil – jan. - abr. 2015 Valor (US$ mil FOB) Part. % MG/BR (1) Variação % (2) Especificação 2014 Minas Gerais (MG) Brasil (BR) 2015 2014 2015 963.850 732.768 7,0 5,9 -24,0 13.764.293 12.399.304 100,0 100,0 -9,9 Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e Informações (CEI). Nota: FOB = Free On Board. (1) Participação do valor total das exportações de Minas Gerais em relação ao valor total das exportações brasileiras no período de referência. (2) Variação do valor das exportações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. De janeiro a abril de 2015, as exportações mineiras de Produtos Tecnologicamente Sofisticados corresponderam a 231,1 milhões de dólares a menos do que o valor observado no mesmo período de 2014. Os segmentos que exerceram maior influência nessa queda foram: Aviação-Aeroespacial, Veículos-Tratores-Ciclos, Máquinas e Equipamentos Mecânicos e Aparelhos e Equipamentos Telecomunicações-Telefonia Pública-Terminais Portais e Fixos. Embora o valor das vendas externas mineiras de determinados segmentos – Lentes Intraoculares, Válvulas Cardíacas, Milho para Semeadura e Ferroviária-Naval – tenham apresentado expansão 17 digna de nota, tal movimento não foi suficiente para compensar a retração média das exportações mineiras de Produtos Tecnologicamente Sofisticados. Observa-se que, no período sob consideração, entre as cinco modalidades que compõem o grupo PII&C, em Minas Gerais, registrou-se queda das exportações para quatro delas no acumulado janeiro a abril de 2015 em comparação com o mesmo período do ano anterior: produtos Biotecnológicos voltados para Saúde Humana, Animal-Fármacos-Químicos (vendas externas de US$ 259,5 milhões e retração de 18,2%); produtos do Complexo das Tecnologias da Informação e das Comunicações (exportações de US$ 2,6 milhões e diminuição de 36,3%); produtos da Indústria Mecânica-Elétrica-Instrumentos de Precisão (exportações de US$ 212,3 milhões e retração de 24,3%) e produtos da Indústria Automotiva-Aviação-Ferroviária-Naval (vendas externas de US$ 249,7 milhões e retração de 30,0%). Apenas as vendas externas da modalidade de produtos Biotecnológicos voltados para Agronegócios-Meio Ambiente-Sinergia, cujas exportações alcançaram US$ 8,7 milhões, apresentaram taxa de crescimento positiva de 52,9% (gráf. 4 e tab. 6). Apesar do desempenho global relativamente desfavorável no período em consideração, o presente estudo confirma a manutenção da supremacia e grande relevância de Minas Gerais nas exportações brasileiras de determinados segmentos de produtos do grupo PII&C. Para segmentos como Medicamentos Contendo Insulina, Válvulas Cardíacas, Lentes Intraoculares e Aparelhos Raio X para Diagnóstico Médico-Cirúrgico, Minas Gerais caracteriza-se como principal exportador nacional: as empresas do Estado responderam por, respectivamente, 73,5%, 98,9%, 93,6% e 80,9% das exportações brasileiras desses produtos de janeiro a abril de 2015 (tab. 6 e tab. 7). Comparando-se o período de janeiro-abril de 2015 com o mesmo período de 2014, as modalidades e os segmentos que mais influenciaram o resultado negativo das vendas externas de PII&C das empresas de Minas Gerais são analisados a seguir (tab. 6 e gráf. 4). a) Produtos Biotecnológicos voltados para Saúde Humana e Animal-Fármacos-Químicos O segmento apresentou crescimento negativo de 18,2% (exportações de US$ 259,5 milhões no período janeiro-abril de 2015 e de US$ 317,2 milhões no mesmo período de 2014). Destacam-se nesse grupo: a diminuição das exportações de Produtos Químicos, responsável por 20,8% do total das exportações de Produtos Tecnologicamente Sofisticados do Estado, com retração de 1,1% e receita externa de US$ 152,7 milhões; de Fármacos, US$ 152,7 milhões e retração de 47,3%; de Medicamentos Contendo Insulina cujas exportações alcançaram US$ 56,5 milhões no primeiro quadrimestre de 2015, queda de 34,7%; Próteses ArteriaisMamárias-Substitutivas de Membros, com exportações de US$ 1,1 milhão, representando uma retração de 29,9% em relação ao mesmo período do ano anterior; e de Soro Antiofídico e Outros Soros, diminuição de 26,1% (tab. 6 e tab. 7). b) Produtos da Indústria Mecânica-Elétrica-Instrumentos de Precisão A diminuição das exportações desse segmento pode ser explicada, principalmente, pelo comportamento das exportações de Máquinas e Equipamentos Mecânicos, que responde por 17,6% das exportações de PII&C. Suas vendas de janeiro a abril de 2015 caíram para US$ 128,9 milhões, contra US$ 181,1 milhões em igual período do ano anterior, o que correspondeu a uma queda de 28,8% no período analisado. Já no segmento de Máquinas e Equipamentos Elétricos Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015 18 houve retração de 16,2% (US$ 74,3 milhões de janeiro a abril de 2015 e US$ 88,7 milhões em igual período de 2014). As exportações de Instrumentos Médicos de Ótica e Precisão apresentaram redução no período analisado (16,1%). Embora apresente pequena representatividade no conjunto das exportações dessa modalidade, vale destacar as exportações de Aparelhos Raio X para Diagnóstico Médico-Cirúrgico que, nulas no primeiro quadrimestre de 2014, alcançaram US$ 95,4 mil no mesmo período de 2015 (tab. 6 e tab. 7). Gráfico 4: Exportações das modalidades de Produtos Tecnologicamente Sofisticados – Minas Gerais – jan. - abr. 2015 60,0 52,9 50,0 40,0 35,4 34,1 29,0 30,0 (%) 20,0 10,0 1,2 0,4 0,0 -10,0 -20,0 -18,2 -24,3 -30,0 -30,0 -40,0 -36,3 -50,0 Biotecnológicos Saúde Humana e AnimalFármacosQuímicos Part % (1) 35,4 Var % (2) -18,2 Biotecnológicos AgronegóciosMeio AmbienteSinergia Complexo Tecnologias Informação e Comunicações MecânicaElétricaInstrumentos Precisão AutomotivaAeroespacialFerroviáriaNaval 1,2 52,9 0,4 -36,3 29,0 -24,3 34,1 -30,0 Part % (1) Var % (2) Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e Informações (CEI). (1) Participação da exportação do segmento/produto no valor do Grupo PII&C. (2) Variação do valor das exportações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. c) Produtos da Indústria Automotiva-Aviação-Ferroviária-Naval Responsável por 34,1% das exportações mineiras do grupo PII&C, essa modalidade de produtos apresentou queda das receitas de exportações de 30,0% de janeiro a abril de 2015, com vendas externas de US$ 249,7 milhões (US$ 356,4 milhões no mesmo período acumulado em 2014). Tal retração está associada, sobretudo, à queda registrada para o segmento de VeículosTratores-Ciclos, que responde por 32,8% do conjunto das exportações mineiras de PII&C e cujas 19 vendas externas caíram 32,1% de janeiro a abril de 2015, em comparação com o mesmo período do ano anterior. As exportações desse segmento alcançaram US$ 240,1 mil no período acumulado janeiro-abril de 2015, contra US$ 353,7 mil em igual período de 2014 (tab. 6). Destaca-se também a expressiva queda nas exportações do segmento AviaçãoAeroespacial da ordem de 91,0%. Por sua vez, apesar de insuficiente para reverter a retração das receitas de exportação dessa modalidade, as exportações do segmento Ferroviária-Naval apresentaram elevação de 256,5% (tab. 6). Tabela 6: Destaques das exportações de Produtos Tecnologicamente Sofisticados – Minas Gerais – jan. - abr. 2015 Destaque Mais fortes variações no grupo PII&C (1) Produto % Ferroviária-Naval Lentes Intraoculares Milho para Semeadura 256,5 134,2 81,8 Maior representatividade PII&C MG no PII&C BR (2) Válvulas Cardíacas Lentes Intraoculares Aparelhos Raio X para Diagnóstico Médico-Cirúrgico 98,9 93,6 80,9 Maior participação no grupo PII&C (3) Veículos-Tratores-Ciclos Produtos Químicos Máquinas e Equipamentos Mecânicos 32,8 20,8 17,6 Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e Informações (CEI). Notas: FOB = Free on Board. PII&C = Produtos Intensivos em Informação e Conhecimento. MG = Minas Gerais. BR = Brasil. (1) Variação do valor exportado no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. (2) Participação percentual do valor exportado por Minas Gerais no segmento/produto PII&C em relação ao valor exportado pelo Brasil no segmento/produto PII&C. (3) Participação percentual do valor exportado do produto/segmento no total do valor das exportações de PII&C. d) Produtos do Complexo das Tecnologias da Informação e das Comunicações A modalidade, que respondeu por 0,4% do total das exportações mineiras do grupo PII&C, realizou vendas de US$ 2,6 milhões de janeiro a abril de 2015 (US$ 4,1 milhões em igual período de 2014), com variação negativa de 36,3%. Por sua vez, as exportações brasileiras do segmento registraram aumento de 4,6% no período analisado. O desempenho desfavorável das vendas externas mineiras dessa modalidade se deu pela queda das exportações de três dos quatro segmentos que a compõem: Aparelhos e Equipamentos Telecomunicações-Telefonia Pública-Terminais Portais e Fixos (-64,3%, US$ 174,0 mil no período acumulado janeiro-abril de 2015, contra US$ 487,3 mil em igual período de 2014); Máquinas e Equipamentos de Processamento Dados-Automação-Periféricos, retração de 89,1%, exportações de US$ 1,7 milhão no primeiro quadrimestre de 2014 e alcançaram US$ 181,2 mil no mesmo período de 2015; e Impressoras-Máquinas-Aparelhos para Impressão-Suas Partes (95,6%, US$ 2,0 mil no período acumulado janeiro-abril de 2015, contra US$ 42,0 mil em igual período de 2014). Apenas o segmento Outros Equipamentos e Aparelhos Comunicação-TVComponentes apresentou elevação das vendas externas no período sob consideração (tab. 6). Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015 20 Tabela 7: Desagregação das exportações de Produtos Tecnologicamente Sofisticados segundo modalidades e segmentos de produtos – Minas Gerais e Brasil – jan. - abr. 2015 Produtos Intensivos em Informação e Conhecimento MG Produtos Biotecnológicos voltados para Saúde Humana e Animal-Fármacos-Químicos Cavalos e Bovinos Reprodutores Raça Pura Sêmen e Embriões de Animais Válvulas Cardíacas Lentes Intraoculares Próteses Arteriais-Mamárias-Subst. Membros Soro Antiofídico-Outros Soros Medicamentos Contendo Insulina, em doses Fármacos (4) Produtos Químicos (5) Produtos Biotecnológicos voltados para Agronegócios-Meio Ambiente-Sinergia Soja para Semeadura Milho para Semeadura Etanol Adubos e Fertilizantes Produtos do Complexo das Tecnologias da Informação e das Comunicações Impressoras- Máquinas-Aparelhos p/ Impressão-Suas Partes Máquinas e Equipamentos de Processamento Dados-Automação-Periféricos Aparelhos e Equipamentos TelecomunicaçõesTelefonia Pública-Terminais Portais e Fixos Outros Equipamentos e Aparelhos Comunicação-TV-Componentes (6) Produtos da Indústria Mecânica-ElétricaInstrumentos de Precisão Máquinas e Equipamentos Mecânicos (7) Máquinas e Equipamentos Elétricos (8) Instrumentos Médicos de Ótica e Precisão (9) Aparelhos Raio X p/Diagnóstico MédicoCirúrgico Indicadores Participação % Part. Variação % no Grupo % (2) (3) PII&C (1) MG BR MG/BR MG BR Exportações (US$ mil FOB) BR 259.486 18.489 224 1.130 22 56.527 30.356 152.736 3.261.356 18.691 240 13.015 95 76.960 324.311 2.828.044 35,4 2,5 0,0 0,2 0,0 7,7 4,1 20,8 26,3 0,2 0,0 0,1 0,0 0,6 2,6 22,8 8,0 98,9 93,6 8,7 23,5 73,5 9,4 5,4 -18,2 9,3 134,2 -29,9 -26,1 -34,7 -47,3 -1,1 -4,5 10,0 150,3 38,1 2,1 -30,7 -10,8 -3,0 8.739 7.647 1.092 124.516 31.451 93.065 1,2 1,0 0,1 1,0 0,3 0,8 7,0 24,3 1,2 52,9 81,8 -27,7 -9,9 23,8 -17,5 2.605 233.748 0,4 1,9 1,1 -36,3 4,6 2 11.891 0,0 0,1 0,0 -95,6 -11,2 181 51.980 0,0 0,4 0,3 -89,1 -10,2 174 102.202 0,0 0,8 0,2 -64,3 8,1 2.248 67.676 0,3 0,5 3,3 18,7 17,2 212.282 128.911 74.294 8.982 4.849.695 3.613.557 988.647 247.373 29,0 17,6 10,1 1,2 39,1 29,1 8,0 2,0 4,4 3,6 7,5 3,6 -24,3 -28,8 -16,2 -16,1 -11,8 -10,6 -15,7 -12,2 95 118 0,0 0,0 80,9 ∞ 51,7 Produtos Ind. Automotiva-AeroespacialFerroviária-Naval Aviação-Aeroespacial Ferroviária-Naval Veículos-Tratores-Ciclos 249.656 6 9.588 240.063 3.929.988 1.134.547 86.959 2.708.483 34,1 0,0 1,3 32,8 31,7 9,2 0,7 21,8 6,4 0,0 11,0 8,9 -30,0 -91,0 256,5 -32,1 -12,4 0,6 -51,0 -14,9 Total Produtos Intensivos em Informação e Conhecimento 732.768 12.399.304 100,0 100,0 5,9 -24,0 -9,9 Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e Informações (CEI). Notas: FOB = Free On Board. PII&C = Produtos Intensivos em Informação e Conhecimento. MG = Minas Gerais. BR = Brasil. Sinais convencionais utilizados: = Dado numérico igual a zero não resultante de arredondamento. 0,0 = Dado numérico igual a zero de arredondamento de um dado numérico originalmente positivo. ∞ = Dado numérico matematicamente indefinido (base do mesmo período do ano anterior igual a zero). (1) Participação da exportação do segmento/produto no valor do Grupo PII&C. (2) Participação do segmento/produto exportado por Minas Gerais no valor da exportação brasileira do segmento/produto. (3) Variação no valor exportado no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. (4) Exclui Soro Antiofídico-Outros Soros, Medicamentos Contendo Insulina, em doses. (5) Exclui Fármacos, Adubos e Fertilizantes, Soros e Medicamento contendo Insulina. (6) Componentes incluem cartões inteligentes, discos e fitas magnéticas, entre outros. (7) Exclui Impressoras-Máquinas-Aparelhos p/Impressão-Suas Partes e Máquinas e Equipamentos de Processamento de Dados-Automação-Periféricos. (8) Exclui Aparelhos e Equipamentos TelecomunicaçõesTelefonia Pública-Terminais Portais e Fixos e Outros Equipamentos e Aparelhos Comunicação-TV-Componentes. (9) Exclui Próteses Arteriais-Mamárias-Substitutivas de Membros e Aparelhos Raio X p/ Diagnóstico Médico-Cirúrgico. 21 No tocante às modalidades de Produtos Tecnologicamente Sofisticados exportados por Minas Gerais, apenas a modalidade Produtos Biotecnológicos voltados para Agronegócios-Meio Ambiente-Sinergia obteve variação positiva de janeiro a abril de 2015 em relação ao mesmo período de 2014. Essa modalidade apresentou taxa de crescimento positiva de 52,9% e somou US$ 8,7 milhões nos primeiros quatro meses de 2015, contra US$ 5,7 milhões em igual período de 2014. Distinguiu-se, nessa modalidade, o segmento Milho para Semeadura, com expansão de 81,8% (exportações de US$ 7,6 milhões em janeiro-abril de 2015 contra US$ 4,2 milhões no mesmo período de 2014). Já as exportações de Adubos e Fertilizantes apresentaram retração de 27,7%, US$ 1,1 milhão no período janeiro a abril de 2015 e US$ 1,5 milhão no mesmo período do ano anterior (tab. 6 e tab. 7). Em termos gerais, pelos resultados do Monitor Fundação João Pinheiro: Comércio Internacional, pode-se verificar que, de janeiro a abril de 2015, o desempenho exportador do grupo de Produtos Tecnologicamente Sofisticados, em Minas Gerais, mostrou-se mais desfavorável tendo em vista os resultados observados para o conjunto das exportações brasileiras desses produtos (gráf. 5). Gráfico 5: Comportamento das exportações gerais e do grupo de Produtos Tecnologicamente Sofisticados – Brasil e Minas Gerais – jan. - abr. 2015 10,0 Part. % Exportação PII&C (1) 21,4 Cresc. % Exportações PII&C (2) -24,0 Cresc. % Exportações Totais (2) -24,2 -30,0 MG -9,9 BR -16,4 -20,0 -10,0 (%) 0,0 10,0 20,0 30,0 Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e Informações (CEI). Notas: FOB = Free on Board. Part. = participação. PII&C = Produtos Intensivos em Informação e Conhecimento. Cresc. = Crescimento. (1) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais e Brasil no período de referência. (2) Variação do valor das exportações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. Nesse período, enquanto as vendas externas nacionais apresentaram retração de 9,9%, se comparadas com o período de janeiro-abril de 2014 (21,4% do total da pauta do país), as vendas externas mineiras de PII&C demonstraram recuo de 24,0% e participação relativa de 10,0% no total da pauta do Estado (gráf. 5). Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015 22 Portanto, pode-se afirmar que a manutenção do quadro de incertezas quanto à recuperação da economia norte-americana e quanto ao panorama de crise tanto na Argentina como nos países europeus, fatores da conjuntura internacional cujos efeitos negativos se fazem sentir no dinamismo das exportações mineiras desse grupo de produtos, a possibilidade de recuperação das vendas externas torna-se mais delicada, uma vez que esses países são relevantes compradores de Produtos Tecnologicamente Sofisticados originários de Minas Gerais. 23 3 DINAMISMO DAS EXPORTAÇÕES DOS TERRITÓRIOS DE DESENVOLVIMENTO SEGUNDO A INTENSIDADE TECNOLÓGICA1 Conforme a classificação desenvolvida pela Unctad que agrega os produtos exportados segundo a intensidade tecnológica, pode-se observar que as exportações mineiras encontram-se fortemente concentradas no grupo Commodities Primárias, responsável por 61,3% das receitas externas mineiras, mesmo tendo apresentado retração de 26,3% no primeiro quadrimestre de 2015 em relação ao mesmo período de 2014. Vale notar que no mesmo período de 2014 sua importância relativa alcançava 67,3%. Os territórios Metropolitano e Sul, em conjunto, foram responsáveis por 61,7% das exportações mineiras desses produtos no período janeiro-abril de 2015, com participações relativas de 46,7% e 15,0%, respectivamente (tab. 8). Por outro lado, em termos de dinamismo das exportações desse segmento, pode-se observar expressivos aumentos das exportações das seguintes regiões: Alto Jequitinhonha (160,3%), Central (106,5%), Mata (61,5%), Norte (40,9%), Sudoeste (37,5%) e Noroeste (33,0%). Não obstante a expressiva concentração das exportações desse grupo nos segmentos Café e Minérios (78,0% do total das vendas externas do grupo no primeiro quadrimestre de 2015), observou-se também a presença, mesmo que em menor participação, das exportações de Papel e Celulose, Carnes, Açúcares e Produtos de Confeitaria e Resíduos e Desperdícios das Indústrias Alimentares; Alimentos Preparados para Animais. As receitas externas de Produtos Intensivos em Trabalho apresentaram pequena elevação (0,8%) que ocasionou aumento de sua participação relativa de 6,2% no período janeiroabril de 2014 para 7,8% no mesmo período de 2015. Os territórios Noroeste e Metropolitano concentraram 82,5% das exportações mineiras desses produtos no período janeiro-abril de 2015 (34,3% e 48,2%, respectivamente). Por outro lado, destaca-se o comportamento favorável das exportações dos territórios Norte, Alto Jequitinhonha e Vale do Aço que apresentaram expansão de 611,5%, 474,7% e 94,5%, respectivamente, no período janeiro-abril de 2015 em relação ao mesmo período de 2014 (tab. 8). Por sua vez, o segmento Pedras e Metais Preciosos, foi responsável por 87,1% do total das exportações do grupo nos primeiros quatro meses de 2015. Em seguida, Produtos de Baixa Intensidade Tecnológica, representaram 18,4% das receitas externas do Estado no primeiro quadrimestre de 2015, contra 14,5% no mesmo período de 2014, em razão da elevação de 3,0% na mesma base de comparação. Os territórios Triângulo Sul, Vertentes, Metropolitano e Oeste responderam por 92,7% das exportações desses produtos no período em consideração (39,7%, 26,9%, 22,3% e 3,8%, respectivamente), sendo que, entre esses, apenas Triângulo Sul apresentou retração das receitas (tab. 8). No entanto, vale destacar que, apesar da menor importância no conjunto das exportações mineiras desses produtos, os territórios Noroeste e Triângulo Norte também apresentaram elevação das receitas externas (43,5% e 36,9%, respectivamente). Pode-se observar que, de janeiro a abril de 2015, 98,2% das exportações desse grupo se concentraram em Produtos Siderúrgicos. As exportações do grupo Produtos de Média Intensidade Tecnológica representaram 7,3% do conjunto de exportações mineiras no primeiro quadrimestre de 2015 e 7,7% no mesmo 1 Cabe ressalvar que em razão da metodologia de apuração dos dados adotada pelo MDIC, a soma das exportações dos municípios e dos territórios de desenvolvimento poderá não corresponder aos resultados das exportações estaduais totais, uma vez que a apuração das exportações municipais leva em conta o domicílio fiscal da empresa exportadora e o total apurado para as exportações estaduais considera o estado produtor da mercadoria. Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015 24 período de 2014 em razão da queda de 23,4% das receitas externas na mesma base de comparação. Os territórios Sul e Metropolitano concentraram 96,7% dessas receitas e em ambos observou-se retração das vendas (-16,3% e -23,6%, respectivamente). No entanto, é importante destacar o comportamento favorável das exportações dos territórios Vertentes e Triângulo Norte, cujas receitas de exportações desses produtos apresentaram elevação de 7.643,2% e 324,3%, respectivamente (tab. 8). Por sua vez, destacam-se nesse grupo as exportações de Máquinas e Aparelhos Mecânicos, Máquinas e Aparelhos Elétricos e de Veículos-Tratores-Ciclos, responsáveis, em conjunto por 97,9% das exportações do grupo no primeiro quadrimestre de 2015. Por fim, observou-se aumento de 0,9% das receitas externas de Produtos de Alta Intensidade Tecnológica2, cuja importância relativa alcançou 4,9% nos quatro primeiros meses de 2015, contra 3,9% no mesmo período de 2014. Os territórios Norte, Metropolitano, Mata e Sul foram responsáveis por 87,0% do total das exportações desses produtos no primeiro quadrimestre de 2015, sendo que, dentre esses, apenas as exportações do território Norte apresentaram comportamento desfavorável no período em consideração (tab. 8). Destaca-se a elevação das exportações dos territórios Central e Triângulo Norte que, apesar de uma menor expressão no conjunto das exportações mineiras desses produtos, apresentaram expansão no período janeiroabril de 2015 em relação a janeiro-abril de 2014 (31,5% e 40,9%, respectivamente). Ressalta-se nesses grupos os seguintes segmentos: Produtos Químicos Inorgânicos, Produtos Farmacêuticos, Instrumentos Médicos de Ótica e Precisão, Aeronaves e Aparelhos Espaciais e suas partes que foram responsáveis por 94,5% das exportações do grupo no primeiro quadrimestre de 2015. Em termos de territórios de desenvolvimento, observou-se forte concentração das exportações naquele denominado Metropolitano, responsável por 44,6% das receitas externas do Estado no primeiro quadrimestre, apesar da queda de 33,2% de duas exportações (de US$ 3.255,4 milhões de janeiro a abril de 2015 para US$ 4.873,8 milhões no mesmo período de 2014). Nele se encontram importantes municípios exportadores do Estado: Nova Lima, Ouro Preto, Betim, Belo Horizonte, Itabirito, São Gonçalo do Rio Abaixo, Itabira, dentre outros. Por outro lado, 64,3% de suas exportações no primeiro quadrimestre de 2015 (US$ 2.093,3 milhões) se concentraram no grupo Commodities Primárias (principalmente Minérios), cujas receitas externas apresentaram diminuição de 43,0%. Em seguida, os Produtos de Média Intensidade Tecnológica, foram responsáveis por 13,8% das vendas (US$ 586,5 milhões e retração de 23,6%), com destaque para Máquinas e Equipamentos Mecânicos e Elétricos e Veículos. No entanto, vale destacar o crescimento de 108,9% das exportações de Produtos de Alta Intensidade Tecnológica do território, concentradas, principalmente, em Instrumentos e Aparelhos de Óptica, Fotografia e Médico-cirúrgicos e Aeronaves e Aparelhos Espaciais (tab. 8). Por sua vez, o território Triângulo Sul, foi responsável por 11,5% das receitas de exportação do Estado (US$ 840,6 milhões de janeiro a abril de 2015, com queda de 3,6% em relação ao mesmo período de 2014). Suas vendas externas se concentraram em Produtos de Baixa Intensidade Tecnológica (importância relativa de 63,3%, US$ 535,0 milhões nos primeiros quatro meses de 2015) que apresentaram queda de 2,7% e Commodities Primárias, com retração 2 É importante ressalvar que ao propor uma agregação mais abrangente, a UNCTAD agrupa na categoria produtos com alta tecnologia todos os Produtos Químicos, incluindo desde Produtos Farmacêuticos, intensivos em tecnologia, até corantes, tintas, explosivos e pólvora, cujo processo de inovação é comparativamente menos intenso. 25 de 4,8% (participação relativa de 34,2%, US$ 287,4 milhões no primeiro quadrimestre de 2015). Os principais produtos exportados foram: Açúcares, oriundos de diversos municípios da região e Produtos Siderúrgicos, fortemente concentrados em Araxá (tab. 8). Já as exportações do território Sul, responsável por 10,8% das receitas externas do Estado, alcançaram US$ 788,4 milhões de janeiro a abril de 2015 (elevação de 2,3% em relação ao mesmo período do ano anterior) e se caracterizaram pela expressiva participação das Commodities Primárias que representaram 85,2% das vendas externas do território. Em seguida, destacam-se as exportações de Produtos de Média Intensidade Tecnológica, cuja participação relativa alcançou 8,7% do total das exportações da região (US$ 68,6 milhões e queda de 16,3% nos quatro primeiros meses de 2015 em relação ao mesmo período de 2014) e se concentraram em Máquinas e Equipamentos Mecânicos, Máquinas e Equipamentos Elétricos e em Veículos Automóveis, Tratores e Ciclos (tab. 8). Seus principais municípios exportadores no período foram: Varginha, Poços de Caldas, Três Corações, Alfenas, principalmente voltados para as exportações de Café e Itajubá, com exportações relativamente concentradas nos Produtos de Média Intensidade Tecnológica. O território Vertentes apresentou aumento de 4,4% das receitas externas do Estado no primeiro quadrimestre de 2015 o que acarretou um aumento da sua importância relativa de 6,4% de janeiro a abril de 2014 para 8,2% no mesmo período de 2015 (tab. 8). Suas exportações se concentraram em Produtos de Baixa Intensidade Tecnológica, integralmente representadas por Produtos Siderúrgicos, que representaram 60,2% do total exportado pelo território e apresentaram aumento de 7,6% no período em análise (US$ 336,2 milhões entre janeiro e abril de 2014 e US$ 361,7 milhões no mesmo período de 2015). Em seguida, as vendas externas de Commodities Primárias, que representaram 36,8% do total exportado pelo território (US$ 221,2 milhões no período janeiro-abril de 2015) e se concentraram fortemente em Minérios (US$ 209,0 milhões no primeiro quadrimestre de 2015). Os principais municípios exportadores do território no período em análise foram Jeceaba (Produtos Siderúrgicos), Ouro Branco (Produtos Siderúrgicos e Minérios) e Congonhas (Minérios). Apesar de terem apresentado participações relativas semelhantes no conjunto das exportações mineiras, tanto o perfil como o dinamismo das vendas externas dos territórios Noroeste, Norte e Triângulo Norte se mostraram bastante distintos (tab. 8). No caso do Noroeste observou-se uma ligeira elevação de 1,2% das receitas externas nos quatro primeiros meses de 2015 em relação ao mesmo período de 2014), fortemente concentradas em Produtos Intensivos em Trabalho, oriundos das exportações de Pedras e Metais Preciosos do município de Paracatu. Já o território Norte apresentou retração de 21,3% das exportações no período em consideração (tab. 8). Observou-se expressiva participação de Produtos de Alta Intensidade Tecnológica, com destaque para as exportações de Produtos Farmacêuticos (Montes Claros) e Produtos Químicos Inorgânicos/ Hidrogênio, Gases Raros e outros elementos não metálicos (Capitão Enéas). Em seguida destacam-se as exportações de Commodities primárias (milho, soja e algodão de Pirapora e de Magnésio e suas obras de Bocaiúva) e Produtos de Baixa Intensidade Tecnológica (Ferro-ligas de Pirapora e de Ferro fundido, ferro e aço de Várzea da Palma) e de Produtos de Média Intensidade (Partes e acessórios dos veículos automóveis de Bocaiúva). Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015 Tabela 8 - Exportações mineiras segundo Intensidade Tecnológica por Territórios de Desenvolvimento - jan. - abr. 2015 Commodities Primárias Produtos Intensivos em Trabalho Part. (1) (%) Part. (1) (%) Território Var. (2) (%) Var. (2) (%) Noroeste 1,7 33,0 Norte 0,9 40,9 Médio e Baixo Jequitinhonha 0,2 -35,5 0,0 Mucuri 0,4 -12,9 1,4 Alto Jequitinhonha 0,0 160,3 Central 0,5 106,5 0,2 Vale do Rio Doce 0,0 -48,8 Vale do Aço 34,3 Produtos de Baixa Intensidade Tecnológica Part. Var. (1) (2) (%) (%) Produtos de Média Intensidade Tecnológica Part. Var. (1) (2) (%) (%) Produtos de Alta Outros Combustíveis Intensidade Tecnológica Part. Part. Part. Var. (1) Var. (1) Var. (2) (1) (2) (%) (2) (%) (%) (%) (%) (%) Total Part. (1) (%) Var. (2) (%) -7,6 0,0 43,5 - -100,0 - -100,0 - -100,0 - - 3,7 1,2 6,1 611,5 0,6 -56,7 0,6 -39,2 31,6 -42,3 0,3 ∞ - - 2,7 -21,3 37,4 - - - - - - - - - - 0,1 -34,3 -18,8 - - - - - - 1,0 -32,9 - - 0,3 -15,1 0,3 474,7 - - - - - - - - - - 0,0 331,8 -20,9 - - - - 0,2 31,5 0,0 163,6 - - 0,3 86,2 1,9 0,9 0,0 ∞ 0,0 ∞ 0,0 -25,1 0,0 -100,0 - - 0,2 -5,3 4,4 -10,1 0,0 94,5 6,3 -10,6 0,3 -85,1 0,0 -74,7 - - - - 3,9 -13,0 46,7 -43,0 48,2 0,9 22,3 16,2 83,8 -23,6 34,6 108,9 94,8 -52,6 94,0 0,3 44,6 -33,2 Oeste 0,6 -72,6 3,7 -10,9 3,8 26,0 0,6 -25,8 1,7 -15,8 0,1 -33,8 - - 1,5 -38,2 Caparaó 1,8 -20,1 - - 0,0 ∞ 0,0 ∞ 0,0 -95,6 0,1 -52,1 - - 1,1 -20,1 Mata 1,2 61,5 0,4 -26,1 0,2 -39,9 0,9 13,7 11,8 15,9 0,4 -49,6 - - 1,4 29,6 Vertentes 4,9 -0,1 0,4 13,6 26,9 7,6 0,0 7.643,2 4,2 -2,4 0,0 -93,2 5,9 -3,9 8,2 4,4 15,0 3,3 2,5 -37,7 0,1 -25,3 12,8 -16,3 8,9 149,4 3,1 -45,9 0,1 -39,2 10,8 2,3 Sudoeste 8,7 37,5 0,3 -11,2 0,0 7.158,3 0,0 -77,7 0,4 -56,9 - - - - 5,4 35,8 Triângulo Norte 6,5 -20,2 0,1 35,3 0,0 36,9 0,5 324,3 2,0 40,9 0,0 1.021,4 - - 4,2 -18,8 Triângulo Sul 6,4 -4,8 0,0 -48,4 39,7 -2,7 0,3 2,3 4,6 -10,1 - - 11,5 -3,6 Metropolitano Sul - -100,0 Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e Informações (CEI). Nota: FOB = Free on Board. Sinal convencional utilizado: - = Dado numérico igual a zero não resultante de arredondamento. 0,0 = Dado numérico igual a zero de arredondamento de um dado numérico originalmente positivo. ∞ = Dado numérico matematicamente indefinido (base do mesmo período do ano anterior igual a zero). (1) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência. (2) Variação do valor das exportações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. 27 As exportações do território Triângulo Norte, por sua vez, apresentaram diminuição de 18,8% no primeiro quadrimestre de 2015, em relação ao mesmo período de 2014, e se concentraram fortemente nas vendas externas de Commodities primárias, destacando-se as exportações de Café de Patrocínio e Araguari e de Carnes Bovinas de Ituiutaba e Araguari. Não obstante terem apresentado menor importância relativa no conjunto das exportações mineiras, os territórios Alto Jequitinhonha, Central, Mata e Sudoeste apresentaram forte ritmo de crescimento na comparação dos quatro primeiros meses de 2015 em relação ao mesmo período de 2014 (331,8%, 86,2%, 29,2% e 35,8%, respectivamente). No caso do território Alto Jequitinhonha, esse resultado pode ser explicado pelo expressivo aumento das receitas externas de Commodities primárias concentradas nas exportações de quartzo do município de Gouveia e de Produtos Intensivos em Trabalho, no caso Pedras Preciosas de Diamantina. Já o resultado observado para o território Central pode ser atribuído ao expressivo aumento das exportações de Commodities primárias, mais especificamente, de Zinco em formas brutas e minérios de zinco do município de Três Marias que apresentaram aumento de 85,6% (tab. 8). Já no território Mata se destacaram as exportações de Commodities primárias, principalmente de Café oriundas do município Espera Feliz que apresentaram aumento de 212,0% e de Produtos de Alta Intensidade Tecnológica de Santos Dumont, concentrados em Produtos Químicos Inorgânicos e, mais especificamente em Hidrogênio, gases raros e outros elementos não metálicos (tab. 8). É importante ressalvar o reconhecimento de que o processo de inovação envolvido na produção de Produtos Químicos Inorgânicos é comparativamente menos intenso daquele observado em outros produtos também agrupados pela UNCTAD como Produto de Alta intensidade Tecnológica. Por fim, no território Sudoeste se destacou o expressivo crescimento das receitas externas de Commodities primárias, ocasionado, principalmente, pelo aumento de 59,8% das exportações de Café de Guaxupé (US$ 334,0 milhões no primeiro quadrimestre de 2015), e de Carnes de Aves do município de Passos que apresentaram elevação de 75,1% no primeiro quadrimestre de 2015 em relação ao mesmo período de 2014, tendo alcançado US$ 25,7 milhões (tab. 8). Por outro lado, de janeiro a abril de 2015, os territórios Médio e Baixo Jequitinhonha, Mucuri, Vale do Rio Doce, Vale do Aço, Oeste e Caparaó apresentaram retração das exportações de 34,3%, 15,1%, 5,3%, 13,0%, 38,2% e 20,1%, respectivamente (tab. 8). No caso do Médio e Baixo Jequitinhonha, pode-se observar que a expressiva participação relativa das a vendas externas de Commodities primárias (Pedras e Granito) dos municípios de Caraí, Medina, Pedra Azul e Salto da Divisa. No território Mucuri, além das exportações de Commodities primárias (Carnes) de Nanuque, também merecem destaque as exportações de Produtos Intensivos em Trabalho (Pedras e Metais preciosos) de Teófilo Otoni. Já no Vale do Rio Doce, ressaltam-se as vendas externas de Commodities primárias (Pedras e Granito) de São José da Safira e de Governador Valadares. As exportações de Produtos Intensivos em Trabalho (Pedras e Metais preciosos) de Governador Valadares também apresentaram expressiva importância relativa no período sob consideração. Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015 28 No caso das exportações do território Vale do Aço, no primeiro quadrimestre de 2015, pode-se observar importante participação relativa dos grupos Commodities primárias (Celulose de Belo Oriente e Mel Natural de Timóteo), Produtos de Baixa Intensidade Tecnológica (Produtos Siderúrgicos de Ipatinga e de Timóteo) e Produtos de Média Intensidade Tecnológica (Equipamentos mecânicos de Santana do Paraíso). Por fim, tomando-se o mesmo período, é importante mencionar as elevadas participações percentuais das exportações de Produtos de Baixa Intensidade Tecnológica (Produtos Siderúrgicos de Itaúna, Divinópolis e Pará de Minas) no território Oeste e de Commodities primárias (Café de Manhuaçu, Manhumirim e Matipó) do território Caparaó (tab. 8). Pode-se perceber que, de maneira geral, os resultados demonstraram a presença de elevados níveis de concentração da pauta mineira em determinados territórios de desenvolvimento e grupos de produtos, basicamente, Commodities Primárias, Produtos de Baixa Intensidade Tecnológica e Produtos Intensivos em Trabalho. Tais constatações restringem o crescimento das exportações do Estado ao desempenho das vendas externas de alguns territórios que, tendo em vista o perfil concentrado de suas respectivas pautas, tornam-se vulneráveis, principalmente, às cotações das Commodities primárias no mercado internacional. Portanto, os resultados indicam a necessidade de mudanças estruturais da atividade econômica de Minas Gerais através de políticas de indução do desenvolvimento regional e minimização das desigualdades regionais, dotadas de mecanismos capazes de promover a desconcentração territorial e a diversificação produtiva. 29 4 RECUPERAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES MINEIRAS DE CAFÉ As receitas externas das exportações mineiras de Café representaram 61,7% do total das exportações brasileiras do produto no período janeiro-abril de 2015, tendo totalizado U$ 1.341,0 milhões, 22,3% maior do que os U$ 1.097,0 milhões registrados no primeiro quadrimestre de 2014. O volume exportado, por sua vez, apresentou retração de 5,6% na mesma base de comparação (394,4 milhões de toneladas de janeiro a abril de 2015 e 417,8 milhões de toneladas nos quatro primeiros meses de 2014). Já as receitas brasileiras de exportação do produto apresentaram aumento de 22,5% e, em termos de volume físico, observou-se uma elevação de 2,7%. Ao longo do mesmo período, 42 municípios mineiros realizaram exportações de Café, sendo que dez deles foram responsáveis por 87,3% do total das receitas no primeiro quadrimestre de 2015 (tab. 9). Em termos de ritmo de crescimento das exportações desse conjunto dos principais exportadores, os destaques positivos foram: Espera Feliz (212,0%), Três Corações (76,5%), Guaxupé (59,8%) e Belo Horizonte (51,2%). Tabela 9: Ranking dos dez maiores municípios exportadores de Café – Minas Gerais – jan. abr. 2015 Município Part. (1) (%) Var. (2) (%) Varginha 32,8 0,6 Guaxupé 25,3 59,8 Belo Horizonte 6,2 51,2 Patrocínio 6,0 49,0 Matipó 3,5 -10,7 Poços de Caldas 3,1 47,1 Alfenas 2,9 25,1 Araguari 2,7 45,9 Espera Feliz 2,5 212,0 Três Corações 2,4 76,5 12,7 4,8 100,0 23,5 Demais Total Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e Informações (CEI). Nota: FOB = Free on Board. (1) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência. (2) Variação do valor das exportações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. Com receitas de exportação no valor de US$ 433,7 milhões de janeiro a abril de 2015, Varginha se posicionou como maior município exportador de Minas Gerais e, apesar do modesto aumento de 0,6% das vendas externas, ainda respondeu por 32,8% do valor total das vendas mineiras. Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015 30 Por sua vez, Guaxupé, segundo maior município exportador mineiro, apresentou aumento das receitas de 59,8% (US$ 334,0 milhões nos quatro primeiros meses de 2015 contra US$ 209,0 milhões no mesmo período de 2014). Vale destacar que, no período em consideração, Varginha e Guaxupé, em conjunto, corresponderam a 58,1% do total da receita e a 53,7% do volume físico de Café exportado pelo Estado. Em seguida, Belo Horizonte se colocou como terceiro maior município exportador de Café do Estado no período analisado. Tal resultado pode ser atribuído à metodologia de apuração adotada pela MDIC, que leva em conta o domicílio fiscal da empresa exportadora. Tal aspecto poderia justificar também a presença de Contagem e Santa Luzia entre os municípios mineiros exportadores de Café. Por outro lado é preciso observar que, apesar da menor expressão entre os municípios exportadores de Café do Estado, Campestre, Santa Luzia e Patos de Minas apresentaram as maiores taxas de crescimento das receitas no período em consideração (1.555,6%, 414,8% e 315,4%, respectivamente). Em termos de mercados, as exportações mineiras de Café, nos primeiros quatro meses de 2015, se destinaram a 72 países (contra 66 no mesmo período de 2014), sendo que os dez principais destinos foram responsáveis por 84,0% do total. Esse resultado se mostrou ainda mais acentuado quando considerado o conjunto dos cinco maiores destinos. Sua participação relativa nas exportações mineiras de Café alcançou 71,0% de janeiro a abril de 2015 (tab. 10). Tomando esses cinco mercados individualmente, os Estados Unidos foram os maiores compradores de Café do Estado, com participação relativa de 20,0% do total das receitas, que alcançaram US$ 264,9 milhões no primeiro quadrimestre de 2015 (resultado 35,5% superior ao mesmo período de 2014). Os municípios que mais exportaram para este país foram: Guaxupé, com US$ 99,8 milhões e Varginha, com US$ 68,2 milhões. Segundo maior mercado individual das exportações de Café, a Alemanha foi responsável por 19,9% do valor das vendas externas do produto, que totalizaram US$ 263,0 milhões de janeiro a abril de 2015, valor 9,1% superior àquele verificado no mesmo período de 2014. Desse total, US$ 99,2 milhões se originaram de Varginha e US$ 78,2 milhões de Guaxupé (tab. 10). As exportações para o Japão responderam por 10,5% das vendas externas mineiras de Café, tendo apresentado aumento de 45,0%, totalizando US$ 138,5 milhões de janeiro a abril de 2015. Os municípios que mais exportaram para esse país foram Guaxupé (US$ 30,9 milhões) e Varginha (US$ 25,9 milhões). Por sua vez, Itália e Bélgica, quarto e quinto mercados de destino das exportações mineiras de Café, foram responsáveis por, respectivamente, 10,4% e 10,2% das receitas no primeiro quadrimestre de 2015. As vendas para o mercado italiano alcançaram US$ 136,9 milhões (aumento de 48,7% em relação ao mesmo período de 2014) e para o mercado belga totalizaram US$ 135,1 milhões (elevação de 51,0%). Em ambos os casos, Varginha foi responsável pelas maiores receitas com exportações de US$ 57,4 milhões para a Itália e US$ 49,0 milhões para a Bélgica (tab. 10). 31 Tabela 10 – Exportações mineiras de Café segundo países e municípios - jan. - abr. 2015 País Estados Unidos Alemanha Exportação por país (US$ FOB) 264.886.977 262.967.621 Part. (1) Var. (2) (%) (%) 20,0 19,9 Município Exportação por país, por município (US$ FOB) 35,5 Belo Horizonte Guaxupé Patrocínio Varginha Demais 14.045.878 99.846.650 16.999.438 68.197.347 65.797.664 9,1 Albertina Varginha Guaxupé Demais 18.675.934 99.212.594 78.176.001 66.903.092 19.956.712 25.880.593 30.858.444 61.820.573 Japão 138.516.322 10,5 45,0 Alfenas Varginha Guaxupé Demais Itália 136.865.351 10,4 48,7 Guaxupé Varginha Demais 38.703.604 57.370.543 40.791.204 Guaxupé Matipó Varginha Demais 14.225.804 15.921.433 49.007.535 55.962.859 Bélgica 135.117.631 10,2 51,0 Indonésia 1.274.948 0,1 1615,3 Belo Horizonte Varginha 280.662 994.286 Tailândia 262.071 0,0 485,7 Carmo de Minas Varginha 41.534 220.537 Tunísia 2.202.330 0,2 371,5 Varginha 2.202.330 1.053.856 55.883 Croácia 1.109.739 0,1 247,1 Manhuaçu Manhumirim Irlanda 1.076.383 0,1 242,9 Belo Horizonte Guaxupé Varginha 662.920 71.867 341.596 Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e Informações (CEI). Notas: FOB = Free on Board. Sinal convencional utilizado: 0,0 = Dado numérico igual a zero de arredondamento de um dado numérico originalmente positivo. (1) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência. (2) Variação do valor das exportações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. Observou-se também que alguns mercados de menor relevância no conjunto das exportações mineiras de Café, mas que possuem importância estratégica em termos de alternativas de diversificação de destinos, apresentaram as mais expressivas taxas de Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015 32 crescimento no período analisado: Indonésia (1.615,3%), Tunísia (371,5%), Croácia (247,1%) e Irlanda (242,9%). Pode-se notar também que, de todos os mercados de destino das exportações de Café no período janeiro-abril de 2014, apenas as exportações para a República Tcheca, Madagascar e Equador foram nulas no mesmo período de 2015. Por outro lado, Kuwait, Eslováquia, Guadalupe, Omã, Polinésia Francesa e Sérvia se incorporaram como destinos das exportações no primeiro quadrimestre de 2015. 33 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria de Comércio Exterior. Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior (AliceWeb). [Brasília, DF, 2015]. Disponível em: <http://aliceweb.mdic.gov.br/>. Acesso em: 7 maio 2015. FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Caracterização dos produtos intensivos em informação e conhecimento na pauta de exportação dos estados brasileiros (síntese executiva). Belo Horizonte, 2011. 23 p. Relatório. LALL, S. The technological structure and performance of developing country manufactured exports, 1985/1998. Oxford Development Studies, v. 28, n. 3, p. 337-369, 2000 apud NONNENBERG, Marcelo José Braga. Exportações e inovação: uma análise para América Latina e Sul-Sudeste da Ásia. Rio de Janeiro: IPEA, 2011.48 p. Texto para discussão n. 1579. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=9751>. Acesso em: 14 out. 2013. MINAS GERAIS. Decreto nº. 46.774 de 09 de junho de 2015. Institui os Fóruns Regionais de Governo e dá outras providências. Imprensa Oficial de Minas Gerais, Belo Horizonte, 10 jun. 2015. Disponível em: <http://jornal.iof.mg.gov.br/xmlui/handle/123456789/145440>. Acesso em: 12 jun. 2015. NONNENBERG, Marcelo José Braga. Exportações e inovação: uma análise para América Latina e Sul-Sudeste da Ásia. Rio de Janeiro: IPEA, 2011.48 p. Texto para discussão n. 1579. Disponível em:<http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=9751>. Acesso em: 14 out. 2013. PAVITT, K. Setorial patterns of technical change: towards a taxonomy and theory. Research Policy, n.13, p.343-373, dec., 1984. UNITED NATIONS CONFERENCE ON TRADE AND DEVELOPMENT (UNCTAD). Trade and development report 2002: annexes to chapter III. New York, Geneva: UNCTAD, 2002. 22 p. Disponível em: <http://unctad.org/en/Pages/Home.aspx>. Acesso em: 7 abr. 2014. Mon. Fund. João Pinheiro: Comércio Internacional Belo Horizonte v.2 n.2 p. 1-33 ago. 2015