Julho 2012 O Século de Carl Gustav Jung Constança Bettencourt
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Julho 2012 O Século de Carl Gustav Jung Constança Bettencourt
newsletter DIRECTOR EDITOR DIRECTOR DE ARTE Constança Bettencourt [email protected] COLABORADORES Pedro Mendes [email protected] REDACÇÃO E DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO Rua Dr. José Joaquim de Almeida 420 D. R/C Esq. 2775 Carcavelos Contacto: + 351 96 756 1006 www.nucleojung.com Facebook: nucleo.jung [email protected] PERIODICIDADE: Quadrimestral DISTRIBUIÇÃO: 1ª edição online gratuita INDÍCE 1. Editorial: O Século de Carl Gustav Jung 2. Núcleo Português de Estudos Junguianos 3. 5ª Edição do Curso de Introdução à Psicologia Junguiana 4. Aulas abertas 5. / 6. C.G. JUNG - A Obra Completa 6. / 7. "The Red Book" 8. / 12. A Hipótese Espantosa de C.G.Jung (Colóquio e Livro) 12. / 13. Parceiros do NPEJ 14. IV Conferência Académica Internacional 15. / 17. Destaques na 7ª Arte e Leitura 18. 6ª Edição do Curso de Introdução à Psicologia Junguiana l Página 1 EDITORIAL - Julho 2012 O Século de Carl Gustav Jung Estimados leitores, há já algum tempo que andávamos a prometer uma newsletter e finalmente está na calha a primeira edição de uma série de publicações quadrimestrais que passaremos a editar. Ao longo destes últimos 8 anos, a professora e psicóloga Juliana Estevez, que foi responsável por ter implementando 5 edições do Curso de 18 meses de Introdução à Psicologia Junguiana (de 80hrs) em Portugal, e que deu formação a mais de 300 pessoas nesta área, viu o seu trabalho confluir em 2011 na criação do Núcleo Português de Estudos Junguianos. Juntamente com três outros psicólogos, todos eles Portugueses, passa a divulgar o seu trabalho sob esta alçada, contribuindo para afirmar o seio de um grupo de pessoas que se comprometem a passar a mensagem do conhecimento legado pelo psiquiatra Carl Gustav Jung, na sua odisseia pela compreensão aprofundada do ser humano. Com efeito, esta Psicologia ainda algo subterrânea no nosso país, avança passo a compasso na sua materialização, beneficiando do zeitgeist actual, esse espírito dos tempos que marca a nossa cultura e que esteve bem patente no recente lançamento do filme de Cronenberg, A Dangerous Method. Ao longo destas 18 páginas, propomos um (re)encontro cronológico de forma a partilharmos com todos os alunos, colegas e subscritores o que tem sido a procura de um porto lusitano onde o Jung, com o barco de toda uma vida de investigação na área da Psicologia, possa atracar. Com uma ênfase especial que reflecte um apanhado geral do que aconteceu desde o ano passado até agora, partilhamos aqui também a informação de movimentos futuros, como é a 6ª Edição do nosso curso em Lisboa e pela primeira vez no Porto, e a IV Conferência Académica Internacional de Psicologia Analítica em Braga! Como directora e editora desta publicação, convido cada um a mergulhar numa etapa pioneira, mas madura, do enraizamento da Psicologia Analítica em Portugal. A meia década de celebração da sua morte, que o espírito de Carl Gustav Jung continue a dar os seus frutos e a inspirar todos os que o têm na sua senda pessoal, a 'sophia' da Psicologia e o percurso de desenvolvimento pessoal. Constança Bettencourt, Julho 2012 Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos Constança Bettencourt Psicóloga de vertente Clínica (FPCEUL), Membro efectivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses, tem recebido formação introdutória à Psicologia Junguiana consecutivamente desde 2004. Curso de 3 anos em TTPC (Teorias e Técnicas das Psicoterapias Corporais). Integra o grupo de Supervisão Clínica da Essência e o Ser há 8 anos. Faz Clínica privada em Carcavelos com orientação Somática e Junguiana. Desde 2009 que é assistente de Juliana Estevez no Curso de Introdução à Psicologia Junguiana e está em processo de acreditação como Analista Junguiana. O trabalho desenvolvido por Juliana Estevez em Portugal desde 2004, quando leccionou o primeiro curso de Introdução à Psicologia do Jung, leva-a a fundar o NÚCLEO PORTUGUÊS DE ESTUDOS JUNGUIANOS em 2011 com mais três psicólogos (Constança Bettencourt, David Lameiras e Pedro Mendes) O NPEJ tem como objectivo aprofundar a vida e a obra de Carl Gustav Jung, de forma a transmitir os princípios, conceitos, métodos e metas do modelo da Psicologia Analítica desde o seu aparecimento até aos dias actuais, acompanhando também a sua evolução teórica e a sua aplicabilidade a várias áreas do saber humano. Pedro Mendes Licenciado em Psicologia, com um Mestrado em Psicologia, Aconselhamento e Psicoterapias (Universidade Lusofona de Lisboa), Membro efectivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses. Tem um MA em Jungian and Post-Jungian Studies (Centre for Psychoanalytical Studies - University of Essex) e é aluno de Doutoramento em Psychoanalitycal Studies (vertente de estudos Jungianos e Pós-Jungianos) na mesma universidade em Essex. Faz Clínica privada. Está em processo de acreditação como Analista Junguiano. Propondo-se a contribuir para integrar os contributos da Psicologia Analítica no panorama da psicologia actual em Portugal, e a divulgar as teorias e as práticas que subjazem à visão da psique na óptica Junguiana, o NPEJ espera contribuir para o desenvolvimento do paradigma transpessoal corrente no âmbito das áreas de Formação, Psicoterapias, Desenvolvimento Pessoal e Orientação Vocacional. David Lameiras Rafael Quem somos Trabalhou 10 anos em contextos empresariais multiculturais antes de se formar como Psicólogo no Reino Unido, e está inscrito na Ordem dos Psicólogos Portugueses. Especializou-se como Director de Psicodrama e encontra-se a terminar mestrado em Psicologia Clínica e Counselling pela UAL e a formação em Director de Souldrama. Tem um Curso de Introdução à Psicologia Junguiana e um interesse particular em Psicodrama Junguiano e Transgeracional. Está em processo de acreditação como Analista Junguiano. www.nucleojung.com Juliana Estevez Licenciada em Psicologia Clínica, Membro efectivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses, pós graduada em Psicologia Junguiana e tem formação em Psicoterapia Somática em Biossíntese. Colabora na formação TTPC (Teorias e Técnicas das Psicoterapias Corporais) no Centro Português de Estudos Reichianos e trabalha como psicoterapeuta de inspiração Junguiana no seu consultório Essência e o Ser. Está em processo de acreditação como Analista Junguiana. Página 2 www.facebook.com/nucleo.jung [email protected] contacto: 96 756 1006 Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos 5ª Edição Curso de "Introdução à Psicologia do Jung" (80hrs) Aulas abertas realizadas Maio 2011 a Dezembro 2012 Mandala pintada por Jung no "O Livro Vermelho" Lisboa • "A noção de Arquétipo e sua evolução" Luís Saraiva • "Sincronicidade em O programa geral do curso tem sido sempre dado pela Juliana Estevez, mas a 5ª Edição do Curso de Introdução à Psicologia Junguiana em Lisboa organizou-se pela primeira vez com um leque de vários professores especializados em temas diferentes. A sua vinda teve como objectivo enriquecer os conteúdos programáticos propostos pelo curso de forma articulada com as aulas e o NPEJ tornou estas aulas "abertas", ou seja, passíveis de serem frequentadas por alunos antigos de outras edições ou externos ao curso. A 5ª Edição do Curso de Introdução à Psicologia Junguiana reuniu um leque de vários professores Como possivelmente haverá pessoas que estão a entrar em contacto com o nosso trabalho pela primeira vez através desta newsletter, é importante Página 3 referir que desde que o curso começou em 2004, qualquer pessoa independentemente da sua formação tem podido inscrever-se. Isto tem-nos permitido levar este conhecimento não só a psicólogos, mas a outros profissionais que trabalhem na relação humana com fins terapêuticos e a todas as pessoas a quem os estudos e 'filosofias' desenvolvidos pelo psiquiatra C.G. Jung despertam interesse. Os 18 meses do curso, sugerem igualmente um percurso de maturação e desenvolvimento pessoal Com uma vertente essencialmente teórica, mas também com algumas dinâmicas assentes no autoconhecimento do aluno, os 18 meses do curso sugerem igualmente um percurso de maturação e desenvolvimento pessoal na óptica de uma introspeção à luz dos conceitos deste modelo. Jung - A ruptura do tempo" Pedro Mendes • "Arquétipo e Instinto - a unidade do Espírito e da Matéria, da Psique e do Somático" Cedrus Monte • "O Self em Jung - O Self como Psicologia" Pedro Mendes 26 jul. 1875– Carl Gustav Jung nasceu em Kesswil, no lago Konstanz (Bodensee)/ Constança, cantão da Turgóvia/Thurgau, Suíça. Morreu em 1961. RIP Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos -------------------------------------"A Unidade do Espírito e da Matéria, da Psique e do Somático" …..Aula e Workshop Vivencial…. (com tradução) -------------------------------------- aulas abertas As aulas abertas a alunos externos iniciaram-se no final de 2011 com uma primeira aula dada por Luís Saraiva (um dos membros colaboradores do NPEJ) sobre o tema "A noção de arquétipo e sua evolução" Contribuições da teoria da emergência e das neurociências para esta noção fundamental da Psicologia de Jung. O Luís é um analista acreditado pelo C.G.Jung Institut-Zürich e membro da IAAP e da IAJS. e também professor de Psicoterapia Junguiana (unidade curricular do 3º ano do curso de Psicologia Universidade Católica Portuguesa - Faculdade de Filosofia. Centro Regional de Braga). As aulas prosseguiram com o tema da "Sincronicidade em Jung", dada pelo Pedro Mendes. -------------------------------------"Sincronicidade em Jung" …..A ruptura do tempo…. Mar. 2012 As formulações de C.G. Jung sobre Arquétipo e Instinto representam um conceito psicossomático no qual Espírito e Matéria, Psique e Somático se interligam. Jung descreveu Arquétipo e Instinto como estando ligados, postulando que o Espírito e a Matéria não estariam separados e divididos, mas seriam duas manifestações diferentes do mesmo fenómeno. Na AULA foram apresentadas algumas noções de C.G. Jung acerca do Arquétipo-Instinto através de exemplos diversos encontrados na Alquimia, Fisiologia e Expressão Criativa. No WORKSHOP os participantes puderam experienciar as ideias teóricas apresentadas na palestra dando corpo a representações de imagens em sonhos, sintomas psicossomáticos e outras expressões do inconsciente através de um trabalho de Expressão Criativa e Corporal. Dez. 2011 -------------------------------------- -------------------------------------- “O Self em Jung " Abr. 2012 …O Self como psicologia… O conceito de sincronicidade, é dos mais desafiadores e fascinantes da teoria Jungiana. Apesar de ter estado presente desde muito cedo na forma de Jung pensar a psique humana, apenas tardiamente é que ele "ousou" escrever acerca desde conceito francamente "radical". Nesta aula exploramos a sua definição, vários exemplos de sincronicidades, como foi construída e desenvolvida esta teoria e a forma como este conceito congrega os principais conceitos da Psicologia Analítica. Compreender a sincronicidade no modelo Jungiano é fundamental para compreender a "tensão" vivida por Jung entre ciência e espiritualidade e a forma como sempre tentou fazer a ponte entre estes dois campos. Uns meses mais tarde acolhemos pela primeira vez em Portugal Cedrus Monte, professora estrangeira, mas com raízes Portuguesas! A Cedrus é uma analista acreditada pelo C.G.Jung Institut-Zürich, estando afiliada com a Escola Internacional de Psicologia Analítica em Zürich (ISAPZurich) onde desenvolve cursos e workshops centrados na análise corporal, no processo criativo e na relação que existe entre psique, povo e cultura. Facilitou-nos uma aula e um workshop intitulada a "A Unidade do Espírito e da Matéria, da Psique e do Somático" Página 4 -------------------------------------Em Março o Pedro Mendes regressou de novo e mostrou-nos como podíamos abordar esta tema como Jung o desenvolveu, e ajudou-nos a percebermos algumas abordagens pós-Jungianas. As questões filosóficas e metafísicas que sempre acompanharam Jung ao longo da sua vida e carreira, assim como a constante tensão entre o secular e sagrado, a ciência e a transcendência reflectem-se na sua concepção de Self, que "não é um problema para ser resolvido mas um mistério para ser explorado" (Colman, 2006). Na história da psicologia profunda, terreno partilhado pela Psicologia Analítica e Psicanálise, é a conceptualização do Self em Jung que abre a possibilidade para uma concepção transpessoal do mesmo. Em Jung e nalgumas correntes Junguianas, o Self é mais do que um conceito, é o centro, o objectivo e o princípio organizador de todo o modelo da psique. Por esta razão podemos falar em Self como psicologia. O Self em Psicologia Analítica foi também comparado com o mesmo conceito em Psicanálise, de forma a explorar a particular abordagem oferecida por esta escola psicológica. Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos C.G. JUNG - A OBRA COMPLETA com nova edição! Lançada em 2011, é assim que a EDITORA VOZES concebeu a caixa que contém todos os livros da Obra Completa de C.G. Jung, reeditados e divididos em 18 volumes, totalizando 35 livros escritos pelo psiquiatra suíço de renome. Ao portador da caixa, é oferecido o volume "Índices Gerais: Onomástico e Analítico", sendo uma publicação de Jung inédita publicada no Brasil e importada para Portugal através da Vozes. Legenda descritiva de imagem ou gráfico. De acordo com a editora: "Quase uma década transcorreu desde que finalizamos a tradução e publicação em língua portuguesa dos 18 volumes da Obra Completa de Jung. A obra foi traduzida lentamente ao longo de várias décadas. A equipe de tradutores e revisores que assumiu este longo e minucioso trabalho nos idos anos 80, foi composta por profissionais apaixonados, competentes e profundos conhecedores da Psicologia Analítica. No entanto, a tradução concentrou-se, por um lado, nos volumes de maior interesse por parte do público brasileiro e, por outro, na disponibilidade dos tradutores. Também é essa a razão de alguns volumes da edição original terem sido divididos em volumes menores e publicados separadamente. A presente reedição, além de reestruturar o conjunto completo, permitiu alguns ajustes necessários que queremos destacar. Primeiramente, quanto à organização dos volumes. Os 18 volumes originais, assim agrupados pelos editores alemães em conjunto com os editores norte-americanos, traziam poucas subdivisões. Com exceção do volume 9 (dividido em 9/1 e 9/2), do 14 (dividido em 14/1, 14/2 e 14/3) e do 18 (dividido em 18/1 e 18/2), os demais eram volumes únicos. A edição em língua portuguesa, pelas razões acima mencionadas, subdividiu, além desses, também os volumes 7, 8, 10, 11 e 16, de modo que temos um total de 35 volumes que compreendem os 18 volumes de texto da Obra Completa original. Esta edição não modifica tal estrutura, uma vez que ela atende à necessidade de um vasto público para quem a publicação avulsa tem-se revelado de grande utilidade e praticidade. No entanto, alguns ajustes foram realizados para tornar mais clara a relação dos volumes entre si e com a edição original. Além do título do volume subdividido como já era conhecido do público, foi inserido o título do volume único conforme o original, de modo que o leitor possa identificar, assim, os diversos tomos que pertencem a um mesmo volume. Quando não há subdivisões, consta apenas o título geral, já conhecido. Em segundo lugar, é apresentado ao público o volume dos "Índices Gerais – Onomástico e Analítico", tal como na edição original e até agora existente apenas de forma parcial em cada volume separadamente. Agrupar todos os verbetes presentes nos diversos volumes da Obra Completa permite aos estudiosos um acesso mais sistematizado e detalhado para a pesquisa. Página 5 Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos Além disso, esta reedição foi ocasião oportuna para adequar a obra às novas normas ortográficas recentemente acordadas entre os países de língua portuguesa. Alguns ajustes foram implantados no texto, decorrentes de uma necessária padronização entre os volumes, e a tradução como um todo foi mantida, exceto no volume 8/1 - A energia psíquica, que teve nova tradução a partir do original alemão. Além destas publicações, de inquestionável envergadura acadêmica e intelectual, somam-se ao catálogo da Editora Vozes as obras da coleção Reflexões Junguianas, reforçando nosso Esta reedição, portanto, apresenta-se melhorada em editorial neste campo e mostrando diversos Página 3aspectos e, como não podia deixar de ser, Junho de 2012posicionamento ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos nossa convicção a respeito da importância da recebe uma nova diagramação e arte gráfica, Psicologia Junguiana para o diálogo com as demais visando fazer jus à importância do eminente psiquiatra ciências e a cultura." suíço. É cada vez mais reconhecida a importância da contribuição da Psicologia Analítica de Jung para a cultura e a sociedade atual. Suas teorias e descobertas relacionadas à alma humana, sua riqueza e complexidade, bem como a compreensão do ser humano que ele descortinou, dialogam interdisciplinarmente com diversas outras esferas de atuação intelectual contemporâneas. Esta reedição da Obra Completa acontece também às vésperas da comemoração, em 2011, dos 50 anos da morte de C.G. Jung Completa acontece também às vésperas da comemoração, em 2011, dos 50 anos da morte de C.G. Jung e concomitantemente ao lançamento mundial do Livro Vermelho, considerada uma das publicações mais importantes na área da psicologia nas últimas décadas. Os alunos do nosso curso têm10% de desconto em qualquer livro das Obras Completas! Dorothy McGhee a folhear O Livro Vermelho de Carl Jung na livraria Politics and Prose em Washington, foto por Amanda Lucidon para o The New York Times Página 6 Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos representações abstractas, o livro não deixa ninguém indiferente, nem mesmo um leigo na matéria. Ao ilustrar uma avalanche épica de pensamentos, intuições e visões, Jung não só se entregou a uma exploração consciente e profunda da sua "vida subterrânea" (o que aconselhava a todos os seus pacientes a fazerem) como recorreu ao trabalho vivencial do livro para estudar a função criadora dos mitos na saúde da própria psique, tornando a sua navegação uma viagem de carácter impessoal e colectivo. Na sua visão, era neste diálogo com essa vida simbólica, que residia a possibilidade de integração das nossas feridas e propósitos únicos de vida. Esta obra de arte, porque não se lhe pode chamar outra coisa, aglomera o que se podem considerar trabalhos de cariz terapêutico, cada um deles aludindo a uma realidade psíquica encontrada por Jung. É pois, para qualquer Junguiano mandatório ter este livro na sua biblioteca pessoal, além de que é nestas páginas, que se encontra a O The Red Book ou O Livro Vermelho, foi produzido por Jung matéria prima para a construção da coluna vertebral de entre 1913 e 1930, um período em que o Psiquiatra passou toda a Psicologia Analítica, assente nos conceitos que por um processo difícil e angustiante, dado o seu surgiram posteriormente como "Inconsciente Pessoal", rompimento conceptual com o movimento da psicanálise "Inconsciente Colectivo" e "Individuação". Freudiana e a perca de uma amizade de sete anos com Freud, seu grande amigo e colaborador. Guardado num banco Suíço por cerca 50 anos, o livro viu finalmente a luz do dia em 2009, revelando a profundidade das incursões que Jung fez ao inconsciente da sua psique. O seu registo nas 205 páginas lembra o visual gráfico dos "Livros de Horas" Medievais, com um tamanho bem invulgar para um livro de estudo, tendo sido considerado como uma das mais importantes obras jamais lançadas no mundo da Psicologia. Leitores vindos de outras áreas de saber, certamente fascinados com o aspecto algo sacralizado e estético do livro, estão convidados a conhecer Jung pela primeira vez nesta obra, abrindo-se um campo fértil na Psicologia A Analítica para atingir num público mais vasto, interdisciplinaridade e diálogo. O livro pode ser encontrado à venda na Vozes, já com a tradução em Português. Constança Bettencourt Escrito à mão com uma caligrafia de ar arcaico, e pintado por Jung com inúmeros desenhos às cores com minuciosos detalhes e padrões, o livro é uma autêntica galeria de arquétipos e processos psicológicos de onde ressaltam eta de C.G. Jung divididos em 18 volumes, num total de 35 livros figuras que ele associou às camadas mais profundas da psique, o "Inconsciente Colectivo ". Com toda uma gama de enredos de cariz psicodramático, diálogos, personagens diferentes, momentos simbólicos, mandalas e outras "Ritter mit Schwert": Imagem fotografada por Ruby Washington para o The New York Times na exposição do "The Red Book" Uma imagem do "O Livro Vermelho" em aberto Página 7 Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos Concha Pazo - SEPA Sociedade Espanhola de Psicologia Analítica Foi no passado dia 21 de Abril que o Núcleo Português de Estudos Junguianos se deslocou a Braga para participar um colóquio que serviu de introdução ao lançamento do primeiro livro lançado por uma editora Portuguesa (As Edições Sapientiae) com artigos sobre Psicologia Analítica. O colóquio chamado "A HIPÓTESE ESPANTOSA DE C.G. JUNG" (com o título do próprio livro) realizou-se na Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa de Braga e foi organizado pelos professores João Carlos Major e Luís Saraiva. De entrada gratuita, ofereceu apresentações de 9 palestrantes e reuniu uma audiência onde estiveram cerca de 40 pessoas em pleno Sábado! Juliana Estevez - Núcleo Português de Estudos Junguianos O programa foi este: 10h00 - Abertura dos trabalhos e Lançamento do livro: “A Hipótese Espantosa de C.G. Jung” 10h20 - Concha Pazo – Eros e transformação 10h40 - Juliana Estevez – Os sonhos 11h00 - Armando N. Rosa – Reflexões sobre a obra The Seagull de Anton Chekhov 11h20 - Debate 12h00 - Pausa para o almoço 14h00 - Luís Saraiva – A Anima 14h20 - Marta Oliveira – O Animus 14h40 - João C. Major – Uma visão ‘relacional’ da mente 15h00 - Debate 15h30 - Pausa para café 16h00 - Domingos Ferreira; Romão Araújo – Investigação Científica em Psicologia Analítica 16h30 - Maria L. Albuquerque – O uso das metáforas na prática clínica 17h00 - Encerramento dos trabalhos Luís Saraiva - Professor e Analista Junguiano João Carlos Major - Psicólogo e Professor Página 8 Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos Entre os vários oradores deste colóquio, a Juliana Estevez falou sobre o apaixonante tema dos sonhos na base das dinâmicas do modelo da Psique Junguiano. Os vinte minutos planeados tiveram que se estender a cerca de meia hora, e foram socorridos pelo seu poder de síntese 'mercuriano', porque na apresentação dos conceitos se movia com uma rapidez inteligível, ordenada e interligada de um tema para o outro nos escassos minutos que dispunha para falar de algo tão vasto! Inspirada, a Juliana acabou por enquadrar a temática dos sonhos no que se tornou uma mini-aula de psicologia Junguiana, o que muito cativou o público e lhe mereceu citações dos palestrantes seguintes, relembrando algumas das ideias que ela tinha transmitido. demonstrou Jung, o reservatório da nossa energia vital. Sem a sua integração, seremos apenas seres amputados, artificiais, estereotipados e profundamente infelizes", levam o leitor (especialmente o que não conhece o pensamento de Carl Jung), a questionar o porquê desta afirmação e a pensar no que se trata ao certo esse reservatório que o pode levar a algo melhor em si mesmo? E ainda bem que assim o faz, porque se achar que tem mesmo uma tarefa de evolução psicológica à sua frente, na qual pode ser um catalisador e não apenas um espectador passivo, quererá saber mais sobre esta "hipótese espantosa". Como dizem as edições Sapientiae e bem, "é tempo das noções seminais de Jung darem os seus frutos entre nós". O livro inicia-se com um capítulo escrito pelo João C. Major que nos leva a perceber essencialmente como "tudo começou", partindo da noção de inconsciente explorado por Freud quando descreveu a psique, da sua teoria dos estádios de desenvolvimento infantil, bem como dos mecanismos de defesa do Ego face aos conteúdos insuportáveis, ou não passíveis de serem integrados na vida consciente da pessoa. Este capítulo lança então algumas distinções que existem entre o pensamento conceptual de Freud e Jung e mantem-se unânime na máxima que ambos os médicos "A Hipótese Espantosa de C.G.Jung" é o primeiro livro de defendiam (mesmo eles tendo visões e formas diferentes de outros que se seguiram com conteúdos ligados ao mundo trabalhar o inconsciente) e que a psicologia da Psicologia Analítica. Com a sua primeira edição de contemporânea também ajuíza, ou seja, que "A actual 100 exemplares esgotada, o livro com 136 páginas, segue psicologia considera o Inconsciente como um campo caminho para a sua segunda tiragem. As seguintes pouco explorado da personalidade, que contém elementos palavras destacadas na backcover do livro: "A tarefa responsáveis pelo eventual sofrimento psicológico, por individual de cada um de nós consiste em lançar luz no desequilíbrios do psiquismo e do comportamento, que seu próprio inconsciente com toda a força dos afectos. precisam de ser compreendidos para que se possa entender (…) O inconsciente é afinal como o seu real significado" Página 9 Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos O segundo momento deste livro é escrito pelo Luís Saraiva, e A psicóloga, exemplifica com a descrição de um caso que tem como intento levar-nos a perceber como se define seguiu em clínica referindo o material que surgiu nos sonhos algo ao qual chamamos "Arquétipo". Como "têm sido vários da paciente chamada os autores que apontam inconsistências e contradições que "Tais" e da sua evolução ao podem ser encontradas nas obras de Jung no que respeita longo das sessões. "Tanto a definição de arquétipo", é nesta 'micro-viagem' às teorias Psique como Tais encontraron de cada um destes autores (Jean Knox, McLynne, una conexión, un sentido por McDowell, Christian Roesler, Goodwyn, etc) que somos el que valía la pena caminhar y transportados. se echaron a andar como también Julia en el poema: A razão pela qual neo-junguianos e outros académicos com enfoque na área de investigação tentam ampliar o conceito e esclarece-lo (com visões que são diferentes e Tu no puedes voltar atrás porque la vida ya te empuja…." até contraditórias), deve-se ao facto de Jung ter descrito Depois de Concha Pazo ter este conceito através de vários pontos de vista, mas que ele inaugurado no livro temas entendia como complementares. decorrentes da abordagem Em poucas palavras poderíamos dizer que os arquétipos fazem parte de sistemas ligados à experiência humana colectiva arquivada ao longo dos séculos na memória da humanidade, uma espécie de matriz biológica, pré-cultural e emocional que herdamos primeiro impessoalmente, com todas os moldes que existem no espectro das experiências humanas conhecidas (e.g. mãe, pai, família, amor, Pintura de Bouguereau (1825– 1905) onde podemos ver uma jovem a defender-se de Eros. com os pacientes, a Juliana Estevez prossegue com um artigo totalmente dedicado ao tema dos "Sonhos" e o seu papel na saúde psíquica. A exploração dos sonhos no mundo do inconsciente é uma fonte de grande significado no auxílio do processo terapêutico, dado que contendo uma linguagem passível de ser descodificada, apoiam a pessoa a aprofundar as amizade, morte, etc) e que depois coloramos ou preenchemos com as nossas vivências pessoais (e.g. todos temos ou tivemos uma mãe, mas cada "mãe" representará para cada um, uma experiência diferente de acordo com a nossa biografia). mensagens provindas do mundo inconsciente. De acordo com Von Franz, "os sonhos são como cartas do Self que envia ao ego todas as noites". Os sonhos oferecem pistas de diagnóstico e elucidam a etiologia do paciente através das suas histórias pitorescas e Não é uma tarefa simples descrever o conceito porque ele enredos paradoxais, na forma de dinâmicas que a implica um diálogo entre as nossas disposições inatas consciência nem sempre consegue descortinar ligadas ao instinto, por um lado, e à influência dos prontamente, se não interpretar com alguns critérios, a arquétipos no comportamento humano pelo outro. Algo mensagem por detrás desses mesmo significados. que nos remete para o par "corpo-psique". Freud viu neles a representação alucinatória de um desejo Concha Pazo traz-nos em espanhol, um foco sobre o reprimido, mas Jung, tendo também considerado os sonhos processo de "Eros y Transformatión". Tendo por base o mito como uma forma de compensação onírica do mundo de "Eros e Psique". Eros, o Deus grego do Amor que no exterior e consciente no campo do inconsciente, levou panteão romano era conhecido como Cupido, é tido aqui todo o trabalho analítico com os sonhos para um campo como o arquétipo central da ligação e dos vínculos que mais profundo e transpessoal. Efectuou inúmeros estudos criamos connosco, com os outros e com o mundo clínicos e investigações ao nível da simbologia e do papel circundante. A relação afectiva e esta capacidade de dos símbolos como 'mensageiros' de significado nos sonhos. criar vínculos (Interiores e exteriores) ocorre no desenvolvimento do ser humano e reporta-se à importância das primeiras relações familiares na formação psíquica do individuo. A história da Psique (alma) com Eros, remete para os desafios que nunca se separam das defesas emocionais que surgem para lidar com as percas da vida. Com frequência, a pessoa poderá boicotar o amor que necessita, acabando por sofrer ainda mais. Página 10 Na Psicologia Junguiana, eles são fundamentais para se trabalhar os 'hieróglifos' próprios de cada pessoa e entender a influência que os arquétipos, como transformadores de personalidade, têm sobre o seu percurso e destino. A linguagem em que o arquétipo se expressa, vem 'escancaradamente' através das imagem veiculadas, as quais pela sua riqueza de significados, ampliam a percepção da nossa fenomenologia e sentido Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos de vida. um conceito que também era estudado por Wolfgang O artigo destaca a sequência interessante de sonhos de uma paciente ao longo de 20 dias e o significado pessoal que se extraiu deles em psicoterapia. "Jung também nos Pauli, físico e vencedor do prémio Nobel da Física em 1945, que estudava a sincronicidade mediante a perspectiva científica". alerta para a fundamental importância de considerar os Não ficando somente por aqui, Marta Oliveira adentra pela sonhos dentro do contexto do sonhador e observar os visão que Freud e Jung tinham em relação à "experiência sonhos numa sequência, pois eles parecem vir em séries. religiosa", entre outros temas. É frequente que os sonhos apareçam em blocos e com formatos ou narrativas semelhantes". Já no penúltimo capítulo do livro, a proposta dos autores Domingos Ferreira e Romão Araújo, é colocar a tónica na "Investigação em Psicologia Analítica". Nas 17 páginas deste contributo, o tema dos sonhos continua mesmo para além do estudo de caso, já que a Se por um lado se considera a investigação científica em Juliana partilha também como se estruturam as "3 etapas psicanálise como algo relativamente novo, contando importantes que auxiliam a análise dos sonhos: recolha de apenas com 20 anos, e se diga que a Psicologia Junguiana detalhes, associações e amplificações, e por fim a ainda estará mais isolada das outras correntes no mundo contextualização dos sonhos". académico pela escassez de investigação científica, é preciso destacar que a fundamentação de base do Muito longe da interpretação distorcida que alguns interlocutores possam dar aos seus próprios sonhos (ou dos outros) com traduções taxativas, existe todo um método modelo analítico entre 1900 e 1909, envolveu sérias investigações empíricas por parte de Jung. criterioso para se explorar esta linguagem sem causar danos Desenvolvendo um "método específico de observação ao 'papiro psíquico' original. É importante que as participante, que acabou por tornar-se a sua abordagem referências generalizadas do senso comum (e.g. sonhar característica em termos metodológicos ", Jung recorreu ao com aranhas significa traição) possam ser contornadas, teste de associação de palavras de uma forma para não desvincular o sonho da sua riqueza inicial. extremamente precisa. Mediu os tempos de reacção aos No 5ª capítulo do livro "A Espiritualidade em Jung", Marta Oliveira mostra-nos a forma como Jung equacionou a experiência de interioridade numa busca de um sentido maior para a vida. "Tal como nós, Jung foi um homem que se questionou sobre a sua existência e sentido de vida. O seu interesse pelo conhecimento do ser humano na sua totalidade, marcou o seu percurso quer pessoal, quer profissional. Utilizando a sua própria experiência como material de investigação e trabalho, Jung procurava estímulos, percebendo as respostas dos pacientes como seguindo padrões específicos, e agrupou em núcleos, os temas mais ou menos traumáticos para cada examinado. Da análise minuciosa de respostas às palavras estímulo, segundo categorias de "semântica, fonética, sintáctica e gramatical", emergiu o termo dos "complexos". Falamos em "complexos" como um dos conceitos actuais mais conhecidos na generalidade da psicologia, graças ao facto de Jung ter cunhado o termo. compreender como era estruturada a psique humana, O artigo destes dois senhores, destaca ainda uma série de quais os seus dinamismos, quais as suas bases e limites, quais investigações actuais na área da Psicologia Analítica desde as suas fraquezas e potencialidades". os arquétipos e inconsciente colectivo, aos sonhos, à investigação dos tipos psicológicos e em psicoterapia Ao explorar os significados do mundo interno, a espiritualidade, centrando-se numa dimensão não material do ser humano, remetia também para a experiência da Junguiana. Extraíram informação de inúmeras fontes, e deram-nos a nata do que se tem feito a este nível. religiosidade pessoal (um conceito diferente do de Desengane-se quem é oriundo de outras áreas que não a "religião") e da sua dimensão inerentemente afectiva, como psicologia, se o tema lhe parece aborrecido por soar a algo forma saudável da pessoa se ligar a um "sentimento de muito académico! A Psicologia Junguiana é uma área na integração do universo ao qual Jung chama de qual as possibilidades da criatividade da própria inves- "consciência cósmica". tigação nos chamam a atenção, pelo que já se tentou, Este sentido de algo "maior que nós", aparece no que pelo que não se fez e que ainda pode ser posto em prática. conhecemos como fenómenos "extra-racionais", a que Em Portugal este é totalmente um campo virgem por chamamos no senso comum de coincidências e que a explorar, pelo que no futuro se espera que o sonho da Psicologia Junguiana explorou como o "Arquétipo da investigação na Psicologia Analítica se possa concretizar Sincronicidade". "Jung descreve a dimensão psicológica de com o apoio de alguma faculdade, instituto ou fundação. j j Página 11 Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos Por fim o livro encerra-se com um texto em inglês da autoria de Armando Nascimento Rosa: "Theatre as Symbolic Enactment of the Struggle for Power: Reflections on the Seagull, by Anton Chekhov". Ao demonstrar o confronto entre duas atitudes diferentes no mundo da produção artística, "both these views exposed by Checkhov's play will be confronted with Jung's differentiation between 'psychological art' and 'visionary art', interpreting art as knowledge of the psyche". Os vários personagens desfilam por um enredo arquetípico, onde sobressai claramente o papel da anima e um complexo materno fortíssimo que recai sobre Treplev, numa tensão que é dramaticamente levada até às suas últimas circunstâncias… Caso tenha interesse, o livro pode ser adquirido através do NPEJ por 15 € + portes de envio. Como representantes do movimento da Psicologia Transpessoal em Portugal, e com o intuito de passar a colmatar uma área de especialidade que ainda não se encontrava alicerçada nas suas iniciativas, a Alubrat (Associação Luso-Brasileira de Transpessoal) passa também a contribuir para fazer uma ponte com o enraizamento da Psicologia Analítica em Portugal. O laço humanista e transpessoal que reside na sua visão desde que fundaram a associação em 1996, assenta na promoção da "transdisciplinaridade entre diferentes saberes e culturas, em busca da união de dois dos maiores patrimónios do conhecimento humano, que são a ciência e a espiritualidade". Constança Bettencourt www.alubrat.pt A Essencia e o Ser, e o recentemente formado Centro Português de Estudos Reichianos no mesmo local, é a casa que tem acolhido as várias edições do Curso de Introdução à Psicologia Junguiana desde a sua primeira edição em 2004. "Com mais de uma década de existência, este é um espaço onde o conhecimento e o encontro entre pessoas têm o seu lugar. Onde há o espaço para a confusão do Caos, e a possibilidade da emoção que contém a capacidade Criadora. Onde a arte e o trabalho árduo convivem sem conflitos". O Espaço Amar é o local onde ainda se encontra a decorrer a 5ª Edição do Curso de Introdução à Psicologia Junguiana em Lisboa www.espacoamar.com www.aessenciaeoser.net Página 12 Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos O NPEJ assinou recentemente uma parceria com a revista Revista Psicologia na Actualidade no sentido de levar a futuras edições da revista o nosso contributo. Com um ano e poucos meses de existência, esta é primeira revista digital feita em Portugal nesta área. Na sua óbvia dedicação e profissionalismo, reúne um leque variado de temas ao alcance de todos os profissionais de saúde, pais, filhos, professores e outros, de forma a acolher um público mais vasto e "interessado em encontrar respostas aos problemas e questões contemporâneas". www.psicologianaactualidade.com Copyright Notices A imagem no editorial da Philemon Foundation bem como as imagens pintadas por Jung que usamos do livro The Red Book têm a autorização de (c) 2009 Foundation of the Works of C.G. Jung, Zürich - First published by W.W. Norton & Company. A Editora Vozes está estabelecida no Brasil há mais de cem anos e em Portugal desde Maio de 98. Na 5ª Edição do Curso de Introdução à Psicologia Junguiana tornaram-se nossos parceiros. Publicam e comercializam obras especialmente no campo cultural e religioso, tendo a seu encargo a obra de C.G. Jung (com 10% de desconto para os nossos alunos). A livraria está aberta ao público na Rua Dona Filipa de Vilhena, 20 A em Lisboa. A imagem "Ritter mit Schwert" também se inclui nestas autorizações (c) 2007 Foundation of the Works of C.G. Jung, Zürich. A big thanks to the Philemon Foundation and to the agents of Jung estate, Paul and Peter Fritz AG, Zürich, Switzerland www.philemonfoundation.org www.livrariavozes.com Página 13 Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos PROGRAMA IV CONFERÊNCIA ACADÉMICA DE PSICOLOGA ANALÍTICA E ESTUDOS JUNGUIANOS Agenda Internacional Numa altura em que o trabalho iniciado por C.G. Jung começa a ter repercussões mais sérias no nosso país, é com honra que Portugal acolhe na cidade de BRAGA a IV CONFERÊNCIA ACADÉMICA DE PSICOLOGA ANALÍTICA E ESTUDOS JUNGUIANOS! (18 a 21 de Julho 2012). O legado deixado por Jung, atualmente expandido por tantos profissionais de diversos países nas mais diversas áreas, criou um movimento ímpar no mundo da Psicologia. Neste encontro, professores e moderadores como: Murray Stein, Cedrus Monte, Andrew Samuels, Olivia Del Castillo, Luís Saraiva, Marcus Quintaes, Helena Bassil-Morozow, entre tantos outros, vão estar em solo português a dar o seu contributo. O congresso terá lugar na Universidade Católica Portuguesa, na Faculdade de Filosofia em Braga e é patrocinado pela IAAP e IAJS. O programa da conferência, que tem por tema "JUNG’S ANALYTICAL PSYCHOLOGY IN CONVERSATION WITH A CHANGING WORLD", e o programa pode ser consultado online. Program Committee: Toshio Kawai (IAAP). Co-Chair Don Fredericksen (IAJS). Co-Chair Alessandra De Coro (IAAP) Lucy Huskinson (IAJS-IJJS) Murray Stein (IAAP) Ruth Williams (IAJS) Organizing Committee Armando Nascimento (IAJS ) Denise G. Ramos (IAAP) Luis Saraiva (IAAP) Monumento icónico de Braga, a Igreja "Bom Jesus do Monte" numa visão da Escadaria dos 5 Sentidos, um percurso considerado alquímico. Página 14 Informações sobre o programa: www.academic-conference.net Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos Mundo da 7ª Arte do feminino e do masculino tiveram na sua obra. Em detrimento de um aprofundamento sobre do modelo da psique Junguiano, o filme acaba por focar o que foi mais histórico na relação entre Freud e Jung e centra-se na própria intimidade amorosa de Jung, na relação com Sabina. Na Psicanálise a relação visava a aplicação de técnicas e tinha o seu enfoque posto na patologia, mas Jung defendia a ideia de que tanto o paciente como o próprio terapeuta, estariam Com o anunciar do filme A DANGEROUS METHOD realizado por Cronenberg, e ainda a uns largos meses de espera, iniciou-se um countdown aguardado por muitos para a estreia do filme no passado Nov. 2011. A ante-estreia realizada na semana do Lisbon & Estoril film festival, contou com a presença do próprio Cronenberg!!! ambos processo de quem envolvidos no estava ser a tratado. Muito embora ele soubesse que existiam critérios que definiam essa relação terapêutica, a sua relação com Sabina acabou por transcender, e bem, tanto as paredes do hospital e dos passeios costumeiros no jardim O seu filme narra a história verídica da relação entre CARL JUNG e (nessa SIGMUND FREUD e o enredo explora, para além das vicissitudes entre tratamento, também Freudiano por altura era um hábito do os dois grandes homens da psicologia, a relação bem única que Jung sinal, estes passeios, algo que hoje os desenvolveu com a sua paciente Sabina Spielrein. psicólogos achariam impensável) No desfilar das cenas, vemos o Jung como cientista e explorador da consciência apanhado na vigorosa corrente que revolve as pulsões masculinas e femininas no mundo da paixão, recaindo sobre ele a visão de um 'homem mundi', frágil e agonizado, Sabina na sua figura representativa das qualidades da "anima" (o lado feminino de um homem) do próprio Jung, transportou-o para algo mais profundo, sendo para ele uma inspiração vital e anímica mas também intelectual, pois contribuiu para o esboço que os arquétipos Página 15 tentado e em dúvida, humanizado. Prosseguiu de acordo com as suas próprias razões afectivas, mesmo que Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos Esfera dos Livros Jung in Contexts 'transgredindo' aos olhos de quem o possa julgar. Para compreender a complexa obra de Carl Colocando este ângulo passional em 2º plano, o que se destaca é que Jung antecipou a dinâmica por oposição ao Jung, é fundamental conduziram e possibilitaram a criação da relacional sua obra: familiar, cultural, histórico. Neste paciente-terapeuta no seu trabalho clínico Gustav conhecer os diversos contextos que o livro editado por Paul Bishop, Jung é modelo contextualizado a três níveis - histórico, clássico da Psicanálise Freudiana que literário e intelectual - em nove ensaios era seguido nessa época. Sendo o contexto cultural muito diferente do de escritos por académicos reconhecidos internacionalmente nas suas hoje, é por isso justamente tão valioso áreas de investigação. No contexto histórico, o seu “confronto com o resgatar os insights que ele trouxe. inconsciente”, a sua atitude e posição perante o Nacional Socialismo Como o filme abriu a porta a debate, especialmente entre Junguianos e não Junguianos, questões únicas e intrigantes foram levadas no passado dia 10 de Fevereiro a uma discussão académica na Sociedade Psicologia Analítica de londrina. na Alemanha dos anos 30 (fonte de grandes discussões no mundo Junguiano) e a composição da sua “autobiografia” – Memories, Dreams, Reflections – é analisada por um dos académicos de referência neste momento no mundo “Junguiano”, o historiador Sonu Shamdasani (a palavra autobiografia é propositadamente colocada entre aspas, Sonu Shamdasani explica porquê...). No contexto literário, um primeiro ensaio analisa o impacto da obra The Devil’s Elixir (1816) de E. Hoffmann, e a importância desta na relação entre Jung e Freud. Num segundo ensaio é explorada a importância e influência que Jung e as suas ideais tiveram na obra de Thomas Mann (1875-1955), particularmente na sua tetralogia Joseph (além da importância deste ensaio, pode ser uma primeira reflexão da influência da psicologia Junguiana na literatura do século XX). A palestra aprofundou o impacto que o próprio filme teria sobre os pacientes e explorou as críticas que lhe podiam ser feitas; tentando perceber como é que a visão existente sobre as ideias de Freud e Jung, se transforma perante o filme, convidando a uma nova Finalmente, no contexto intelectual, conhecer as influências filosóficas de Jung, nomeadamente a filosofia romântica alemã e a escola francesa é fundamental para uma correcta compreensão dos conceitos Junguianos, que descobrimos não serem inéditos mas uma aplicação psicológica de conceitos amplamente explorados previamente na filosofia. Particularmente neste capítulo, é olhada a influência de Schopenhauer, Nietzsche e Bergson. reflexão e descoberta sobre estes dois Paul Bishop, é professor de alemão e Director do departamento de homens... Língua Alemã e Literatura na Universidade de Glasgow e é uma Poderá ser este o século em que a Psicologia Junguiana se afirmará com mais força? Acreditamos que sim. Constança Bettencourt Página 16 académico profundamente envolvido na ligação entre Jung e as suas influências filosóficas. É autor de várias obras e artigos de referência, nomeadamente The Dionysian Self: C. G. Jung’s Reception of Friedrich Nietzsche (1995) e Analytical Psychology and German Classical Aesthetics: Goethe, Schiller, and Jung: Development of the Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos Personality v. 1 e Analytical Psychology experimentar o “sentido da vida”. Aniela Jaffé foi analisanda de C. G. and Jung e uma das suas mais próximas colaboradoras, cooperando com German Goethe, Classical Schiller Aesthetics: and Jung: o mesmo no seu livro autobiográfico “Memories, Dreams, Reflections”. Constellation of the Self v. 2(Analytical Foi Psychology interpretativos da obra de Jung. and German Classical Aesthetics) (2007) editora das suas “Cartas” e autora de vários trabalhos Pedro Mendes Pedro Mendes The Handbook of Jungian Psychology “The Handbook of Jungian Psychology – Theory, Practice and (2006). London and Applications” New York: Routledge Este manual de Psicologia Junguiana – Teoria, Prática e Aplicações, editado pelo Prof. Renos Papadopoulos (Professor de Psicologia Analítica no Centre for Psychoanalytical Studies da de Essex, analistanasce didacta psicoterapeuta sistémico na Universidade Tavistock Clinic - Londres) da Junguiano e de forma abrangente mas necessidade de reunir num único volume The Myth of Meaning ao mesmo tempo aprofundada, os vários campos da Psicologia O que dá sentido à vida? Esta é uma das perguntas que o homem faz desde a antiguidade. C. G. Jung, ao longo dos anos, e na permanente tensão entre o secular e o sagrado que encontramos na Psicologia Analítica, explorou esta importância questão. dada consciência por dos Dada a Jung à fenómenos inconscientes, defende que o homem cria sentido e pode encontrar e dar sentido à sua vida. Contudo, no fenómeno da sincronicidade, parece haver evidência objectivo e de um “sentido transcendente”. Aniela Junguiana, introduzindo as visões pós-Junguianas dos mesmos conceitos e áreas. Dividido em três partes: Teoria (Epistemologia e metodologia de Jung; o Inconsciente: pessoal e colectivo; Os arquétipos; A Sombra; Anima/Animus; Tipos Psicológicos; O Self), Psicoterapia (Transferência/Contra-transferência; Individuação; Imaginação Activa; Sonhos) e Aplicações (Alquimia; Religião; As Artes), cada capítulo é escrito por um especialista na área em questão, que trata do conceito/área a partir do trabalho de Jung, revisões posteriores do conceito por clínicos e/ou académicos Junguianos, aplicações do mesmo e áreas a explorar no futuro. Um manual indispensável para os interessados em Psicologia Junguiana, infelizmente ainda não traduzido em Português, contudo disponível na Amazon. Pedro Mendes Jaffé neste volume, seguindo a teoria clássica formulada por Jung e repleto de citações do próprio Jung (quer das suas obras escolhidas quer de cartas), explora temas como o inconscientes e os arquétipos, o Self, Individuação, o bem e o mal, a Imago Dei entre outros conceitos de forma a encontrar respostas para esta pergunta. Aniela Jaffé defende que o mito da vida de Jung foi o mito da consciência, C.G. Jung embebido na esfera da leitura consciência essa capaz de produzir ou Página 17 Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos Pode subscrever a Newsletter no nosso site para que possa receber a próxima! www.nucleojung.com