A Educadora Hellen Keller

Transcrição

A Educadora Hellen Keller
A EDUCADORA HELLEN KELLER
Ela mudou o papel dos deficientes na sociedade
por
Dianne Schurr com David Jackson*
Hellen Keller tinha menos de 2 anos de idade quando ficou cega devido a uma febre
intensa. Pouco tempo depois, perdeu também a audição. Ela aprendeu a fazer
pequenas coisas, percebeu que lhe faltava algo. “As vezes, eu ficava parada entre
duas pessoas que estavam conversando e tocava seus lábios. Como não
conseguia entender o que diziam, ficava irritada. Em algumas ocasiões, isso me
deixava tão brava que gritava e esperneava até a exaustão”, escreveu Keller.
Entendo bem a sua raiva. Como fui um bebê prematuro de sete meses, me puseram
numa incubadora. Naquela época, costumava-se despejar uma grande quantidade
de oxigênio sobre o bebê, uma técnica que, desde então, os médicos aprenderam a
usar com extrema cautela. Como resultado, perdi a visão.
Fui estudar num escola pública para deficientes visuais, mas a linguagem braile não
fazia sentido para mim. Eu achava esquisito o conceito das palavras. Lembro-me de
apanhar e ser insultada. Para Hellen, foi ainda mais difícil: Ela era cega e surda.
Posso dizer a palavra “ver”, consigo falar a língua daqueles que enxergam. Isso se
deve às primeiras conquistas de Hellen Keller, que provou que a língua pode ser a
maneira de os cegos e surdos-mudos se tornarem mais independentes. E como ela
lutou para dominá-la. No livro Midstraim, ela descreve sua frustração com o alfabeto,
com a linguagem dos surdos-mudos e até mesmo com a velocidade com que seu
professor soletrava as palavras, desenhando-as na palma da mão. Ela era ávida por
conhecê-las.
Eu me lembro de como me sentia estimulada pelos livros, depois que finalmente
consegui aprender a linguagem braile. Aquela escola era, para mim, como um
orfanato. Mas as palavras, para ela, e, no meu caso, a música, romperam o silêncio.
Keller conseguiu provar que, com a linguagem, era capaz de se comunicar com o
mundo dos sons e das imagens. Sou uma das benefiaciárias de seu esforço: decidi
por conta própria sair da escola de cegos e pude freqüentar uma escola pública
comum a partir dos 11 anos. Hoje sou cantora de jazz.
Por mais milagroso que pareça o aprendizado de uma linguagem, a comquista de
Keller é resultado de um trabalho conjunto com Anne Sullivan, sua professora,
companheira e protetora. Sua maior realização veio depois da morte de Sullivan, em
1936. Nos 32 anos seguintes, para surpresa daqueles que apenas conhecem o seu
livro The Miracle Worker, Keller atuou em muitas outras áreas. “Meu trabalho com os
cegos é apenas parte do que eu sou. Sou solidária com todos aqueles que lutam por
justiça”, escreveu. Ela foi uma incansável ativista pela igualdade entre os sexos e
pelos direitos raciais.
Keller gostava de estar diante do público. Ela escreveu que adorava a onda de calor
humano pulsando ao seu redor. Foi por isso que aprendeu a falar e discursar. Os
cegos, mais do que aqueles que conseguem ver, precisam ser tocados. Olhar
alguém nos olhos é o mesmo que um toque físico. Quando me apresento, tenho
esse tipo de sensação com o meu público. Hellen Keller deve ter sentido o mesmo –
ela foi nossa primeira grande estrela.
* Fonte: Time Magazine