6capítulo Alvorada d´Oeste Araras Buritis Calama Campo Novo

Transcrição

6capítulo Alvorada d´Oeste Araras Buritis Calama Campo Novo
6
capítulo
Alvorada d´Oeste
Araras
Buritis
Calama
Campo Novo
Chupinguaia
Conceição da Galera
Costa Marques
Cujubim
Demarcação
Fortaleza do Abunã
Izidolândia
Jaci Paraná
Machadinho d´Oeste
Maici
Mutum Paraná
Nazaré
Nova Califórnia
Pacaranã
Pedras Negras
Rolim de Moura do Guaporé
Santa Catarina
São Carlos
São Francisco
São Miguel do Guaporé
Seringueiras
Surpresa
Tabajara
Urucumacuã
Vale do Anari
Vila Extrema
Vista Alegre
Rondônia
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A Guascor em Rondônia
oré
a
Fortaleza do Abunã
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Rondônia
Guascor 10 anos
terra de
DESBRAVADORES
R
ondônia faz divisa com
os Estados brasileiros do
Amazonas, Mato Grosso
e Acre, além da vizinha
Bolívia. Trata-se de um
território de 238.512,8 km²
e um dos limites naturais dessa área é o rio
Guaporé, que separa Rondônia e Mato Grosso
da Bolívia.
O primeiro registro que se tem da incursão de
um europeu pelo vale do rio Guaporé foi do
conquistador espanhol Ñuflor de Chávez, que
teria passado pela região entre os anos de 1541
e 1542 e que mais tarde, em 1561, fundou a
cidade de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.
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S
A Guascor em Rondônia
Foi no século seguinte que outro
Historiadores relatam que em sua viagem a
desbravador, o célebre bandeirante
Portugal, no ano anterior, ele teria recebido
português Antônio Raposo Tavares, adentrou
a missão secreta de fazer a primeira viagem
a região. Ele havia partido de São Paulo com
em torno do território brasileiro a fim de
seus homens, dezenas deles, em 1648, sendo
conhecê-lo e identificar os interesses da
esta sua última expedição.
Coroa na região.
Com a descoberta do ouro no vale do rio
Cuiabá, os bandeirantes começaram a explorar
o vale do Guaporé e Portugal se preocupou
em manter ocupada a margem direita do rio
Guaporé e em proteger essa área. Sucessivas
fortificações foram arrasadas e reconstruídas
durante o século 18. Até que, com o declínio
da mineração e a Independência do Brasil,
a região perdeu importância econômica, só
recobrada no fim do século 19, quando se
encontrava no auge o ciclo da borracha. Foi
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Machadinho d´Oeste
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Guascor 10 anos
A história do patrono
Cândido Mariano da Silva era descendente de índios
Terena, Borôro e Guaná. Nasceu em 5 de maio de
1865, na cidade de Mimoso, no Mato Grosso, atual
Santo Antônio do Leverger. Perdeu seus pais na
infância e foi criado por um tio, de quem adotou o
sobrenome Rondon, anos mais tarde.
Após formar-se como professor primário seguiu
para completar seus estudos no Rio de Janeiro.
Em 1881, entrou para o Exército e dois anos
depois para a Escola Militar da Praia Vermelha.
Em 1886, já na Escola Superior de Guerra,
participou ativamente do movimento pela
proclamação da República. Graduou-se como
bacharel em Matemática e em Ciências Físicas e
Naturais, tendo sido aluno e seguidor das idéias
positivistas de Benjamim Constant. Trabalhou
na instalação de linhas telegráficas pelo
interior do país, o que contribuiu enormemente
para a integração nacional. Ele também fez
levantamentos cartográficos, topográficos,
zoológicos, botânicos, etnográficos e lingüísticos
da região percorrida nos trabalhos de construção
das linhas telegráficas. Registrou novos rios,
corrigiu o traçado de outros no mapa brasileiro
e travou contato com inúmeras tribos indígenas.
Por sua obra indigenista, Rondon recebeu
o convite do governo brasileiro para ser
o primeiro diretor do Serviço de Proteção
aos Índios e Localização dos Trabalhadores
Nacionais (SPI), criado em 1910. Nesta função,
comandou e traçou o roteiro da expedição que
o ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore
Roosevelt, realizou pelo interior brasileiro entre
1913 e 1914, a Expedição Roosevelt-Rondon.
Também publicou o livro Índios do Brasil.
Rondon organizou e chefiou a Inspeção de
Fronteiras, criada em 1927 para estudar as
condições de povoamento e segurança das
fronteiras brasileiras.
Encaminhou ao presidente da República, em
1952, o Projeto de Lei de criação do Parque
Indígena do Xingu. Em 1955, recebeu do
Congresso Nacional a patente de marechal.
Em 19 de janeiro de 1958, já cego, faleceu no
Rio de Janeiro. Entre as muitas honrarias que
recebeu ainda em vida ou até mesmo póstumas,
a mais expressiva foi a alteração do nome do
Território Federal de Guaporé para Rondônia em
sua homenagem.
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A Guascor em Rondônia
quando passaram a chegar grandes levas de
de Rondônia. Não sem sacrifícios. Ficou
imigrantes nordestinos com o objetivo de
conhecida à época como a “Ferrovia do
trabalhar nos seringais amazônicos.
Diabo” devido às milhares de mortes de
trabalhadores ocorridas durante a sua
Outro grande impulso para o desenvolvimento
construção, a maioria em decorrência de
local foi a lendária construção da Estrada
doenças tropicais.
de Ferro Madeira-Mamoré. A ferrovia ficou
pronta em 1912, ligando Porto Velho, a
Durante a Segunda Guerra Mundial, um
capital, a Guajará-Mirim, no atual Estado
decreto-lei de 1943 criou o Território Federal
do Guaporé, unindo porções dos Estados do
Amazonas e de Mato Grosso. A economia
ainda se baseava na exploração da borracha
e também de castanha-do-pará quando uma
nova lei, de 1956, mudou a denominação
para Território Federal de Rondônia. O
nome foi uma homenagem ao sertanista
Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon
(1865-1958).
A descoberta de jazidas de cassiterita e a
abertura de rodovias estimularam a economia
local e o povoamento do território, que
passou à condição de Estado em 1981. As
suas cidades mais populosas são Porto Velho,
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Guascor 10 anos
Ji-Paraná, Ariquemes,
Cacoal e Vilhena. Enquanto
os principais rios são o
Madeira, Ji-Paraná, Guaporé
e Mamoré.
O clima do Estado é
equatorial e a economia hoje
está baseada na agricultura
(principalmente café, cacau,
arroz, mandioca, milho) e
no extrativismo da madeira,
de minérios e, ainda, da
borracha.
Vista de Porto Velho
A capital foi oficializada em 2 de outubro de
As maiores atrações turísticas estão voltadas
para o ecoturismo. As regiões mais procuradas
1914. A cidade surgiu a partir da presença
para a prática dessas atividades são o Parque
de desbravadores, por volta de 1907, durante
Nacional de Pacaás Novos, o vale do rio
a construção da Madeira-Mamoré. Porto
Guaporé (zona de transição entre o Pantanal
Velho, em plena Floresta Amazônica, integra
mato-grossense e a Amazônia), as ruínas do
a maior bacia hidrográfica do mundo, onde
Forte do Príncipe da Beira e as instalações
os rios são de fundamental importância à
da histórica Estrada de Ferro Madeira-
vida dos moradores da região. Assim, a
Mamoré.
cidade nasceu das instalações portuárias,
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A Guascor em Rondônia
ferroviárias e residenciais da
moravam os funcionários mais qualificados
Madeira-Mamoré Railway.
da empresa e ficavam os armazéns com
produtos diversos. Em cada uma dessas
A área não-industrial das obras tinha
povoações havia comércio, segurança e,
estrutura urbana bem organizada. Ali
quase, leis próprias.
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Guascor 10 anos
Desenvolvimento
e ciclo da borracha
Quando a borracha da Malásia tornou
proibitivo o preço do látex da Amazônia
no mercado mundial, a economia regional
estagnou. Da vila de Santo Antonio do
Madeira, que chegou a contar com uma
pequena linha de bonde e jornal semanal na
época do surgimento de Porto Velho, resta
hoje uma única construção.
A sobrevivência da cidade de Porto Velho
está associada às melhores condições de
salubridade da área onde foi construída,
da facilidade de acesso pelo rio durante o
ano todo, do seu porto, da necessidade que
a ferrovia sentia de exercer maior controle
sobre os operários para garantir o bom
andamento das obras, tendo construído, para
isso, residências em sua área de concessão,
e, além disso, de certa forma, da presença
do bairro onde moravam principalmente os
barbadianos trazidos para a
construção (Barbadoes Town,
posteriormente conhecido como
Alto do Bode).
A aglomeração urbana que se
ergueu em torno da ferrovia
ajudou a consolidar a cidade
como capital do Território
Federal do Guaporé, em
1943. Essa pequena colina foi
arrasada no final dos anos 1960
e o Alto do Bode desapareceu.
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A Guascor em Rondônia
Madeira-Mamoré Railway
A história do extremo oeste do Estado de
Rondônia está intimamente ligada à estrada de
ferro Madeira-Mamoré. A primeira tentativa de
se construir uma ferrovia na região aconteceu em
1872, no entanto, sem êxito.
Foi somente durante o rico período do ciclo da
borracha e com a independência do Acre, que se
deu pela assinatura do Tratado de Petrópolis, em
1903, com a Bolívia (dando posse ao Brasil deste
território), que de fato se iniciou a construção
da Madeira-Mamoré Railway, tendo à frente
o espírito empreendedor do norte-americano
Percival Farquhar.
Ao todo, desde seus primeiros esforços, a ferrovia
levou 40 anos para ser construída e funcionou
por apenas 60 anos, tendo sido desativada em
1972. Durante esse século de história, além do
grande investimento financeiro que a construção
exigiu, muitas vidas se perderam. Ao mesmo
tempo, foram surgindo cidades nas proximidades
da obra, que se erguia com a promessa de levar
desenvolvimento para o Norte do país.
O objetivo principal da ferrovia era facilitar
o escoamento da borracha boliviana e
brasileira, além de outras mercadorias, para
serem embarcadas para exportação em Porto
Velho. Antes de existir, a alternativa era fazer
o árduo trajeto nas pequenas embarcações
dos indígenas. No percurso era necessário
transpor inúmeras cachoeiras, o que o
tornava ainda mais difícil.
A E.F. Madeira-Mamoré foi desativada em
1972. Voltou a operar em 1981 num trecho
de apenas 7 km, dos 366 km do percurso
original, apenas para fins turísticos, sendo
novamente paralisada por completo em 2000.
Hoje restam alguns vestígios dessa ferrovia
e sua fascinante história. Há alguns trechos
de trilhos, a antiga estação preservada, que
atualmente abriga um pequeno museu da
ferrovia, e uma das 22 locomotivas, parada no
tempo, ao lado da estação. A Madeira-Mamoré
foi tombada pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
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Guascor 10 anos
A origem de Porto Velho
À margem direita do rio Madeira, o
maior afluente da margem direita do rio
Amazonas, Porto Velho foi oficializada em
2 de outubro de 1914. As suas origens,
entretanto, remontam ao século 19, quando
desbravadores ali aportaram, durante a
construção da Estrada de Ferro MadeiraMamoré.
Santo Antônio do Madeira, província de Mato
Grosso, havia sido escolhida para receber
o porto pelo qual se escoaria a borracha
produzida na Bolívia e na região de Guajará
Mirim com destino à Europa e Estados
Unidos. O porto, porém, não saiu conforme o
esperado — rochedos da cachoeira de Santo
Antônio dificultavam a sua construção e,
depois, a sua operação. Um pequeno porto
amazônico, localizado 7 km rio abaixo,
acabou servindo de alternativa. O local era
chamado de “porto velho dos militares”, por
abrigar o que restara de um acampamento
montado na Guerra do Paraguai.
Em 15 de janeiro de 1873, o imperador
Dom Pedro II assinou o Decreto-Lei nº
5.024, autorizando navios mercantes de
todas as nações a subirem o Madeira.
Foram construídas modernas instalações de
atracação em Santo Antônio, que passou
a ser denominado “porto dos vapores” ou
“porto novo”. O porto dos militares continuou
a ser usado por oferecer maior segurança.
Era lá que Percival Farquhar, proprietário da
empresa que finalmente conseguiu concluir
a Estrada Madeira-Mamoré, descarregava
materiais para a obra. Quando decidiu que o
ponto inicial da ferrovia seria aquele, tornouse o verdadeiro fundador da cidade, que
ganhou o nome de Porto Velho.
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A Guascor em Rondônia
O sistema viário de bom traçado e o sistema
Quanto ao artesanato, existem várias
de esgotos da região central são heranças dos
exposições de trabalhos indígenas, utilitário
previdentes pioneiros; os prédios públicos,
e de adorno, utilizando-se como matéria-
o bairro Caiarí, entre outras condições,
prima argila, cipó, bambu e borracha. A Casa
são provas de que, mesmo em meio a
do Artesão, em Porto Velho, funciona como
grandes dificuldades, é possível construir
ponto de apoio às iniciativas do gênero.
e avançar. Somente com a Segunda Guerra
Mundial e a criação dos territórios federais,
Entre os maiores eventos estão os de cunho
em 1943, ocorreu novo e rápido ciclo de
religioso. Os principais são a Procissão do
progresso regional. Esse surto decorreu das
Senhor Morto, Dia de Santo Antônio e Festa
necessidades de borracha das forças aliadas,
de São Sebastião. Outros acontecimentos
que haviam perdido os seringais malaios na
marcantes são as Semanas de Folclore e do
guerra do Pacífico e produziu o denominado
Índio, Festival de Arte-som, de Artesanato
segundo ciclo da borracha. Após a guerra,
e de Balé, na área cultural, e também
novamente a economia regional entrou em
o Campeonato Nacional da Pesca, na
paralisia.
Cachoeira de Teotônio, realizado todo o mês
de setembro, por ocasião da piracema.
Do ponto de vista cultural é preciso destacar
a grande influência nordestina. O folclore
Além da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré,
local é marcado por manifestações como o
Porto Velho tem no rol de patrimônios
Boi-Bumbá, as quadrilhas e a Pastorinha. A
históricos várias construções importantes,
interpretação de lendas indígenas, como as
entre elas a Catedral do Sagrado Coração
da Iara, do Boto e do Mapinguari, trazem a
de Jesus, o Cemitério da Candelária, a sede
visão dos migrantes.
da Arquidiocese e o terminal ferroviário.
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Guascor 10 anos
As Caixas D´água, hoje símbolo da cidade,
edificadas pelos ingleses; a igreja de Santo
Antônio do Rio Madeira junto com sua belíssima
A presença da Guascor
na região
cachoeira, marco inicial de Porto Velho, e a
A empresa começou a se instalar em Rondônia
locomotiva Coronel Church (a primeira máquina
no ano de 1998. E a primeira usina sob
vinda para a Amazônia em 1872) constituem
administração da empresa foi a de Guajará-
também atrações para os turistas.
Mirim, com capacidade de 12 MW.
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A Guascor em Rondônia
O crescimento foi notável. A Guascor
Desde 2007, a empresa conta com cerca de 170
atendia, no ano em que iniciou suas
funcionários nas 32 usinas mantidas no Estado
atividades em Rondônia, quase 120 mil
de Rondônia. São elas: Alvorada d´Oeste,
habitantes. Hoje são atendidos cerca de
Araras, Buritis, Calama, Campo Novo,
350 mil habitantes com os 60 MW de
Chupinguaia, Conceição da Galera, Costa
capacidade instalada para geração de
Marques, Cujubim, Demarcação, Fortaleza do
energia.
Abunã, Izidolândia, Jaci Paraná, Machadinho
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Guascor 10 anos
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A Guascor em Rondônia
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Guascor 10 anos
Verde intocado
O Parque Nacional Pacaas Novos é um local ainda quase inacessível e praticamente virgem, onde
existe uma reserva indígena. Constitui também
uma Unidade de Conservação Ambiental, protegida
pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis). Na região estão
as nascentes de vários dos rios que alimentam as
principais bacias hidrográficas do Estado, como as
do Guaporé-Mamoré, Madeira e Machado. Subindo
o Guaporé, em direção ao centro de seu pantanal,
está outra reserva extrativista, a de Pedras Negras,
com lagos, igapós, baías e matas repletas de castanheiras e animais de grande porte. Costumam ser
feitos passeios de barco e trilhas na mata e pelos
igarapés.
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A Guascor em Rondônia
d´Oeste, Maici, Mutum Paraná, Nazaré,
de madeira retidos em lamaçais ou até de
Nova Califórnia, Pacaranã, Pedras Negras,
pontes destruídas.”
Rolim de Moura do Guaporé, Santa Catarina,
São Carlos, São Francisco, São Miguel do
“A mão-de-obra especializada é a segunda
Guaporé, Seringueiras, Surpresa, Tabajara,
categoria de desafio. Apostamos no pessoal
Urucumacuã, Vale do Anari, Vila Extrema,
da comunidade, pescadores, ribeirinhos,
Vista Alegre.
com escolaridade perto de zero para tocar as
Durante toda essa trajetória, Wilson Ferreira,
usinas. Foi feito um trabalho de alfabetização
gerente da filial Rondônia, ressalta que a
durante os treinamentos, para facilitar o
frieza dos números não é suficiente para se
entendimento das matérias técnicas. Está em
conhecer em detalhes a história da Guascor
desenvolvimento uma parceria com o Sesi
na região.
Rondônia, o chamado Projeto Educar, que visa
basicamente a escolarizar os empregados das
“Primeiramente, houve grandes desafios
regiões mais distantes dos centros culturais
a serem superados. E foram de tamanha
que permanecem com dificuldades de
magnitude que podemos dividi-los em três
aprendizagem.”
categorias distintas”, relata.
“E a terceira categoria diz respeito ao
“A primeira é a logística de transporte. Na
fornecimento de peças e serviços. Pela
época do inverno amazônico, que aqui vai
distância dos grandes centros, a carência
de novembro a março, as estradas ficam
de peças e materiais básicos, no início
intransitáveis. Riachos tomam conta das pistas,
do nosso trabalho, foi muito grande. A
e, seguidas vezes, as equipes de manutenção
Guascor importa da Espanha grande parte
aguardam horas, e até dias, para seguirem
das peças de manutenção para seus grupos
viagem, em virtude de atoleiros, de caminhões
geradores, porém, componentes menores
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Guascor 10 anos
Usinas da Guascor em Rondônia
Calama
Santa Catarina
Conceição da Galera
São Carlos
V. Extremo
F. Abunã
Nazaré
Jaci Paraná
Mutum Paraná
V. Alegre Abunã
N. Califórnia
Araras
Buritis
Maicy
Demarcação
Tabajara
Cujubim
Machadinho
Vale do Arari
Campo Novo
Alvorada do Oeste
Pacaranã
Surpresa
São Francisco
Costa Marques
Urucumanuã
Izidolândia
Chupinguaia
Pedras Negras Rolim de Moura do Guaporé
são comprados no mercado local, que, no
Os desafios, no entanto, transformam-se
entanto, ainda é muito deficiente. Com relação
em gratificantes vitórias na medida que
aos fornecedores de serviço, tivemos que
são transpostos pelo esforço conjunto de
formar alguns para as áreas cruciais, como
todos, com boa vontade e criatividade. E
recuperação de geradores e motores.”
a principal satisfação do funcionário da
Guascor tem sido verificar o quanto seu
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A Guascor em Rondônia
trabalho contribui para mudar o cenário
estavam situadas as usinas, o fornecimento
local.
de energia se restringia a oito horas por
dia – por exemplo, no período das 14h às
As circunstâncias já eram difíceis mesmo
22h. O fornecimento também costumava
antes de a Guascor assumir o parque da
ser irregular, com descontinuidades e
Ceron (Centrais Elétricas de Rondônia),
racionamentos freqüentes. “Além disso,
em 1998. Wilson Ferreira conta que eram
não havia capacidade instalada para
então 46 usinas, das quais hoje existem 32
crescimento, ou seja, se alguém quisesse
remanescentes. Todas em áreas isoladas. E
instalar uma nova serraria, não era possível,
este era o principal fator de dificuldade das
porque a oferta de energia era limitada”,
operações nesta região. Nas cidades onde
relembra.
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Guascor 10 anos
Uma maré de bons peixes
O ouro já foi mais abundante nos rios da região. Mas pode-se dizer, com certeza, que
a grande riqueza desses rios hoje está nas
muitas espécies animais encontradas pelos
pescadores que, afortunadamente, têm pes-
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ca abundante. Entre os peixes estão o piraíba, jaú, dourado, caparari, surubim, pirara,
piramutaba, tambaqui, tu cu naré, jatuarana,
pacu, pirapitinga, curimatá, a piranha preta
e o candiru.
Machadinho d´Oeste
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A Guascor em Rondônia
O mapa da página 164 mostra a distribuição
Mas o aspecto mais emocionante para pessoas
das usinas em Rondônia. As cidades que a
que, como Wilson, participam ativamente
Guascor assumiu são todas isoladas.
dessas transformações, são as várias histórias
de vida que têm seu curso completamente
A chegada da energia elétrica nessas
alterado, em geral para melhor, com a chegada
comunidades mais afastadas foi fundamental
da energia elétrica a suas casas. Entre os muitos
para a melhoria de vida das pessoas e o
casos de que se recorda com emoção, ele cita
impulso para o desenvolvimento no Estado na
o da moradora Nilcimara Maia. “Ela vive na
última década.
comunidade de São Sebastião, que era atendida
pela Guascor. É uma localidade que fica em
Wilson Ferreira cita que um exemplo da
frente à cidade de Porto Velho, cruzando o rio
mudança promovida pela presença da Guascor
Madeira, na outra margem do rio. Para lavar
na região está no município de Buritis.
roupa ela precisava carregar, todos os dias,
“Quando a Guascor assumiu, em 1998,
a água do rio até sua casa. A água era levada
havia algo em torno de 1 MW de potência
penosamente na cabeça. Com a chegada da
instalada. Em 2007 tínhamos cerca de 12 MW
energia, foi possível para dona Nilcimara
instalados e com a nova usina, inaugurada
comprar e utilizar uma máquina de lavar. Uma
em 2008, chegaremos a 20 MW. O município
coisa simples, para quem é da cidade. Mas que
cresceu com o agronegócio e hoje é um pólo
faz uma diferença enorme para quem nunca tinha
de desenvolvimento que já se sustenta sem o
tido esta oportunidade e que passa a significar
extrativismo puro. Outro pólo é Machadinho
uma grande melhoria no seu padrão de vida.”
d’Oeste, que começou também na mesma
época, em 1998, com a potência instalada de
A Guascor também tem apoiado vários
cerca de 1,2 MW e hoje chega aos 10 MW.”
projetos sociais no Estado. “A filial Rondônia
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Guascor 10 anos
realiza várias ações de cunho social, uma vez
- doação de uniformes e bolas para times de
que a empresa disseminou em todas as suas
futebol para as associações de moradores das
unidades a cultura da responsabilidade social”,
comunidades.”
conta. Entre estas ações, podemos destacar:
- doação mensal de fraldas descartáveis para o
Várias das iniciativas surgem da própria
Hospital Público Infantil Cosme e Damião, em
população, que procura a Guascor para
Porto Velho;
parcerias. É o que acontece com a artista
- doação mensal de leite para as crianças da
plástica Mirtes Rufino, natural de Santarém e
creche Lar Fabiano de Cristo, também em
há quase duas décadas residente na capital do
Porto Velho;
Estado. Ela começou a construir um espaço
- doação de bombons, no período da Páscoa,
cultural para artesões no Recanto dos Pássaros,
para crianças carentes de escolas e entidades
em Porto Velho, onde realiza, com o apoio da
assistenciais onde a empresa está localizada;
Guascor e com bastante êxito, um importante
- doação de brinquedos no Dia das Crianças,
trabalho de recuperação de dependentes
também para crianças carentes de escolas e
químicos. São oferecidos suporte ocupacional,
entidades assistenciais onde existe a presença da
com aulas de pintura, artesanato e escultura.
empresa;
A sua satisfação com a retaguarda dada
- atendimento de pedidos de doações para
pela empresa ao seu projeto já foi inclusive
entidades carentes de materiais para pequenos
registrada na imprensa local. “O apoio
reparos;
proporcionado pela Guascor é importante para
- recuperação de instrumentos de fanfarra de
a nossa atividade. Esse respaldo tem sido a
várias escolas;
condição necessária ao desenvolvimento do
- doação de eletrodomésticos para bingos
trabalho de cunho social”, afirmou Mirtes em
beneficentes;
entrevista a um jornal do Estado.
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Guascor 10 anos
Eventos tradicionais
Carnaval
O Carnaval na capital de Rondônia atrai um
grande número de turistas vindos de outras
cidades e também de Estados vizinhos. É
considerada a maior manifestação popular da
cidade e a “Banda do Vai quem Quer” arrasta
multidões no início da noite do sábado de
Carnaval. No desfile de 2005, calcula-se que
cerca de 60 mil pessoas participaram do evento.
O bloco foi criado por um grupo de amigos, há
25 anos. A banda é organizada pelo empresário
Manoel Mendonça, conhecido como “Manelão,
o Capitão da Banda” e reúne democraticamente
pessoas de todos os matizes sociais da
cidade, com muita alegria e descontração. O
Carnaval de Porto Velho inclui também outras
manifestações, como o Galo da Meia-Noite,
que revive as antigas marchinhas de Carnaval
abrindo as festividades de Momo já na quintafeira, véspera do feriado. Com influência
da Bahia desfilam, ainda, blocos animados
pelo ritmo do axé. O Bloco do Alho é um dos
mais tradicionais. Em julho, uma versão das
micaretas é o Carnaval Fora de Época, animado
por trios elétricos.
Arraial Flor do Maracujá
O folclore rondoniense é, acima de tudo, um
espetáculo de lendas. Todas com influência
indígena e amazonense. E uma das grandes
festas folclóricas é o Arraial Flor de Maracujá
em Porto Velho. É nesta festa que o Boi
Bumbá se manifesta. Herdado do Nordeste,
o bumba-meu-boi é uma manifestação
folclórica que resume elementos culturais
portugueses, africanos e indígenas. Porto
Velho vira um verdadeiro arraial, com milhares
de bandeirinhas coloridas nas barracas das
praças e ruas, onde é servida grande variedade
de pratos típicos. A quadrilha é comandada
pelo “marcante”, uma pessoa que conduz a
evolução e a mudança dos movimentos de
dança, executada por milhares de participantes
vestidos de caipira. É uma manifestação
popular das mais interessantes e ocorre
simultaneamente à época das festas juninas.
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A Guascor em Rondônia
Festa do Divino
Tradição de origem portuguesa, a Festa
do Divino Espírito Santo é uma das mais
cultuadas em Rondônia. Trata-se de um
verdadeiro ato de fé e religiosidade entre
cristãos e visitantes dos mais diversos
lugares do Brasil. A festa consegue reunir
centenas de fiéis nos meses de abril, maio
e junho num belo espetáculo. Segundo
moradores, o Divino é festejado desde 1899,
mas a origem está em Portugal, quando
foi oficializado pela rainha Dona Isabel,
em peregrinações feitas por cristãos que
carregavam uma bandeira com o símbolo do
Divino, a pomba. A festa recebeu adaptações
no Brasil e tem como principal meta da
peregrinação a coleta de donativos em
benefício da comunidade. Há também uma
parte profana, com muita alegria, música e
apresentações.
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Costa Marques
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