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 Sessões Plenárias (por ordem de participação) Plenary Lectures (by participation order) Prof. Maria Helena Carreira (Universidade de Paris 8, Vincennes – Saint-­‐Denis, França) Palavra e Mundo em Português: Reflexões para um Ensino Articulado de Variedades Linguísticas e Culturais da Língua Portuguesa O português, língua pluricontinental e pluricêntrica, na diversidade das suas variedades, veicula múltiplas significações culturais. Do ponto de vista do ensino do português como língua estrangeira, tal complexidade levanta naturalmente interrogações quanto à perspetiva a adoptar para a escolha de variedades e de objetivos. Partindo do pressuposto que a língua é inseparável da(s) cultura(s), pois qualquer comunicação verbal reenvia para um mundo referencial (seja ele concreto ou abstrato, real ou imaginário), culturalmente situado, desenvolveremos a nossa reflexão em torno de três eixos que se entrelaçam: 1. relação entre o conceptual, o linguístico e o discursivo; 2. variedades diatópicas, diastráticas e diafásicas do português; 3. língua-­‐cultura e variação. Assim, a partir da ilustração de casos (Portugal, Brasil, Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo-­‐Verde, Guiné-­‐Bissau e Timor-­‐Lorosae) procuraremos abrir vias para um ensino aberto à diversidade das culturas veiculadas pela língua portuguesa, ela mesmo diversa e una."A vitalidade dos espaços de língua portuguesa," subtítulo de "Outras margens," colóquio realizado em Paris (Fundação Calouste Gulbenkian, 9-­‐10/03/15), sintetiza também o que, do ponto de vista do ensino do português no estrangeiro, deverá nortear a nossa reflexão e a nossa prática pedagógica. Palavra e mundo em português, eis um desafio para um trabalho conjunto de abertura, de trocas e de partilha linguísticas e culturais. -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐ Dr. Claire Williams (Universidade de Oxford, Reino Unido) Discovering the World of the Internet with Clarice Lispector The Brazilian writer Clarice Lispector (1920-­‐1977) has legions of fans who worship her in different ways: virtual and non-­‐virtual. For example, her facebook page has over 850,000 “curtidas” [likes] and a huge community of followers on Orkut (the Brazilian equivalent of facebook). Like many other cult authors, her image and words can be found spread across blogs and academic articles alike, in a plethora of languages and registers. For me, the internet has proved an invaluable and time-­‐
saving tool for helping to unlock some of Clarice’s densest and complicated texts, and providing background information unaccessible elsewhere. This lecture will therefore trace my personal, virtual voyages of discovery during research into the author’s journalism in the 1960s and 70s, particularly the newspaper crônicas she wrote for the Jornal do Brasil (later collected in the volume A Descoberta do Mundo [Discovering the World, 1978], and the series of interviews she conducted with celebrities and important cultural figures for the magazines Manchete and Fatos e Fotos: Gente. -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐ Prof. Anna M. Klobucka (Universidade de Massachusetts Dartmouth, EUA) Ponto de Encontro: A Escrita de um Manual de Ensino e a Negociação Intercultural em Português Ponto de Encontro: Portuguese as a World Language (Prentice Hall) foi concebido desde o início da sua gestação como um manual da Língua Portuguesa para principiantes que permitisse optar quer pela variante Português do Brasil que pela de Português Europeu no processo do ensino e aprendizagem. A equipe/equipa das autoras, composta maioritariamente por falantes de português como língua materna e representando ambas as variantes, confrontou-­‐se repetidamente, por isso, com a necessidade de negociar múltiplas opções possíveis de inclusão léxica e gramatical, representação e organização das divergências entre as variantes, comentário sociolinguístico correspondente, etc. Na presente reflexão sobre o que se mantém como a faceta mais inovadora do manual Ponto de Encontro, a autora que orientou a escrita da sua primeira edição, lançada em 2007, iluminará este processo de negociação através de uma recordação crítica das decisões debatidas e tomadas nos bastidores do projeto ao longo dos anos da sua elaboração e produção. A apresentação procurará sintetizar o conjunto dos fatores—desde os mais pragmáticos, ligados às prioridades da editora e ao marketing do manual, até aos mais visceralmente afetivos, vividos subjetivamente pelas autoras—que contribuíram para a formação da versão definitiva do Ponto de Encontro. -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐ Prof. Diana Santos (Universidade de Oslo, Noruega) Ensinar Português com a Internet como Amiga: Desafios e Experiências com o Ensinador, o PoNTE e o PANTERA Nesta apresentação falarei da minha experiência com três recursos recentemente desenvolvidos na Linguateca no âmbito do meu ensino de português na Universidade de Oslo, explicando a sua aplicação, o que eu aprendi na prática, e sugerindo caminhos futuros. Muito brevemente, discuto as vantagens da imersão dos alunos na língua tal como é falada, dada pelos exercícios gramaticais criados para cada tópico gramatical que pretendo que os alunos dominem ou com o qual espero que se familiarizem, e que obtenho com o Ensinador. Apresento depois o PoNTE e falo de como, por um lado, a sua receção é agradável nas aulas, visto que os alunos gostam de ver comparadas as suas com as outras traduções, mas comento também, por outro lado, as dificuldades que me traz a apresentação de um material volumoso, e a vantagem de escolher tópicos baseados nos próprios temas gramaticais da cadeira. Finalmente, menciono rapidamente a existência de um projeto em curso, o PANTERA, mais virado (pelo menos por enquanto) para o ensino dos estudos de tradução numa ótica luso-­‐brasileira, acoplado a um Ensinador Paralelo incipiente mas que pode ser um instrumento poderoso para motivar os alunos a levar o contraste entre o português e o norueguês a sério. Workshops (por ordem alfabética) Workshops (by alphabetical order) Mary-­‐Anne Eliasson (Universidade de Estocolmo, Suécia) O que é ser bilíngue e como somos bilíngues? Ensino de português para crianças e adolescentes Muitos países europeus sempre foram bi/multilíngues, mas para outros países este fenômeno é uma novidade. Independente da situação do país em que trabalhamos com o ensino da Língua Portuguesa, fora de um contexto lusófono, é muito importante ter consciência da situação individual de cada criança com a qual trabalhamos. Diferentes tipos de bilinguismo exigem uma atenção diferenciada por parte do professor. Trata-­‐se de uma criança que adquire o português em casa, com um dos pais, ou de uma criança recém-­‐chegada de um país lusófono e que terá de adquirir a língua de seu novo país como L2? É importante manter o português L1? Por quê? A proposta desta oficina é oferecer aos participantes um espaço para discutir teoria e prática relacionadas a diferentes tipos de bilinguismo, relevantes para o ensino de português a alunos com perfis variados. -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐ Luciana Lousada (Linguaffin, Berlim, Alemanha) Utilizando as TIC na elaboração de atividades para a aula de PLE O uso de recursos tecnológicos no ensino e aprendizagem de língua estrangeira não é uma novidade. Há décadas que esses recursos fazem parte do dia-­‐a-­‐dia de professores e alunos. Do antigo laboratório de línguas dos anos 50 e 60, passando pelos centros de multimídia dos anos 90 e chegando aos atuais aplicativos para smartphones muita coisa mudou. Verifica-­‐se uma mudança em relação ao acesso e ao controle desses recursos, bem como a capacidade de usá-­‐ los. Não estamos mais presos ao horário de funcionamento de um laboratório nem ao CD que acompanha o material didático. Hoje o ensino-­‐aprendizado pode ocorrer em qualquer ambiente, a qualquer momento. Novos recursos são lançados em curtos espaços de tempo e não raro professores se deparam com recursos que ainda nem conhecem ou tiveram tempo de explorar sua aplicabilidade no ensino. Gera-­‐se, com isso, uma pressão – em maior ou menor grau – para que o professor integre e incorpore recursos das novas tecnologias da informação e comunicação (TIC) na sua prática cotidiana e pedagógica. O objetivo do workshop é pesquisar, explorar e compartilhar as ferramentas tecnológicas disponíveis, discutindo sua integração no ensino/aprendizagem de línguas. É esperado que os participantes produzam uma atividade para ser aplicada numa aula de PLE utilizando as ferramentas apresentadas. Comunicações (por ordem de participação) Papers (by participation order) Helena Surace Noto (Centro Cultural Brasil-­‐Finlândia/Embaixada do Brasil em Helsinque, Finlândia) Potencial da compreensão auditiva em sala de aula no ensino de português como língua estrangeira Aprender uma língua é entendê-­‐la para se comunicar com diferentes interlocutores e em variados contextos. Nesse sentido, a compreensão auditiva é uma habilidade linguística em potencial, que pressupõe uma atividade cognitiva e interativa do ouvinte, em ajuste com as demais competências durante todo o processo de aquisição de uma língua estrangeira. Dada a importância do assunto, o presente trabalho tem como objetivo apresentar proposta de atividades práticas centradas na habilidade de ouvir. A partir do uso de materiais autênticos, pretende-­‐se avaliar a eficácia dos exercícios e o resultado de sua aplicação em turmas de níveis B1 e B2 (Quadro Comum Europeu de Referência para Línguas). -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐ Bianca Benini-­‐Leino (Centro Cultural Brasil-­‐Finlândia/Embaixada do Brasil em Helsinque, Finlândia) Ensino da língua brasileira e a proficiência lexical: uma análise do livro didático Tudo bem? No ensino e na aprendizagem da língua estrangeira, um dos objetivos é o desenvolvimento da proficiência lexical do aprendiz. O léxico apresenta o vocabulário de cada região e comunidade, capaz de expressar o mundo real ou imaginário. Acredita-­‐se que pesquisar sobre o léxico é pensar na relação da língua com o mundo extralinguístico. Partindo desta relação, este trabalho tem como objetivo analisar como: 1) o livro didático Tudo bem? pretende ampliar o campo lexical do seu aluno, 2) quais são os exercícios propostos e 3) como a cultura brasileira está inserida na estrutura do corpus selecionado. Para esta análise, os campos teóricos selecionados são a teoria Sociolinguística e a Linguística aplicada. O livro didático escolhido para esta pesquisa apresentar o português brasileiro e o português europeu, evidenciando as suas diferenças nos níveis sintáticos e semânticos através de diálogos e listas de vocabulário. -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐ Marlene Ribeiro da Silva Graciano (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás/Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil) A formação de professores das diferentes áreas para a utilização da leitura no processo ensino-­‐aprendizagem A aprendizagem da utilização da leitura no processo ensino-­‐aprendizagem não se destina somente aos profissionais da área de Letras, visto que ela é fundamental nas diferentes áreas. É um recurso metodológico interdisciplinar na produção de conhecimento e que, portanto, precisa ser considerado na formação de professores das diferentes áreas ao propiciar a reflexão sobre as concepções de leituras e as relações entre teoria e prática. Neste contexto, esta pesquisa buscou criar um espaço de formação continuada de professores do ensino médio do Instituto Federal de Goiás para repensar a utilização da leitura no processo ensino-­‐aprendizagem das diferentes áreas e a utilização de linguagens multissemióticas no trabalho com leitura e escrita. O quadro da Teoria Sócio-­‐Histórico Cultural apoiou a compreensão de linguagem. Os processos de leitura estiveram apoiados na perspectiva enunciativo-­‐discursiva com base no círculo bakhtiniano e nas novas orientações para o trabalho com a multimodalidade nas atividades de leitura e escrita. Metodologicamente está apoiada na Pesquisa Crítica de Colaboração -­‐ PCCol que tem como ponto central a criação de espaços de colaboração organizados pela argumentação na produção e mediação de relações colaborativas e críticas entre os participantes. Tratou-­‐se de uma pesquisa de intervenção formativa que, inserida no contexto da Linguística Aplicada crítica e transgressiva, envolveu 07 professores do Ensino Médio. Os dados foram produzidos por meio de entrevistas, videogravações de aulas e sessões reflexivas com os professores. A análise e compreensão dos dados aponta a importância das sessões reflexivas no processo do professor ver a sua própria prática, conscientizar-­‐se dela e por meio da colaboração dialética com os outros sujeitos, ressignificar a utilização da leitura e a utilização das linguagens multissemióticas na reorganização das aulas. A aprendizagem e desenvolvimento dos alunos revelam a importância do uso da multimodalidade nas atividades de leitura e escrita no espaço escolar. -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐ Catarina Stichini (Universidade de Estocolmo, Suécia) & Marta Costa (professora de português no ensino secundário e universitário) PortCast.net -­‐ Podcasts para Aprender Português Uma das maiores dificuldades do professor de língua consiste em encontrar textos adequados aos seus alunos e que sirvam os seus propósitos de uma forma eficaz, cativante e tão autêntica quanto possível. Esta dificuldade é acrescida quando o professor se vê confrontado com a necessidade de ensinar alunos de uma variante linguística que não a sua. Nesta exposição será apresentado um site dedicado à aprendizagem de PLE/PLM, com disponibilização de material didático (em Português Europeu e Português do Brasil) a ser utilizado em contexto formal ou informal, onde e quando professores e alunos assim o entenderem. -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐ Patricia Carvalho Ribeiro (Centro Cultural Brasil-­‐Finlândia/Embaixada do Brasil em Helsinque, Finlândia) Recursos didáticos e materiais para o ensino de Português como Língua de Herança (PLH) para crianças As práticas de ensino em língua de herança precisam estar conectadas com o resgate ou a construção de uma identidade cultural típica de uma comunidade linguística minoritária, a qual precisa coexistir e interagir com a comunidade linguística local. Esta comunicação se propõe a discutir os desafios do ensino de PLH na Finlândia, um país tão distante e diferente do Brasil em vários aspectos, especialmente os linguísticos e os culturais. Além disso, este trabalho relata as soluções encontradas pelo Centro Cultural Brasil-­‐Finlândia para cumprir o seu papel de difusor da Língua Portuguesa e atender ao grupo crescente de brasileirinhos na Finlândia. Algumas de nossas soluções podem ser observadas através da descrição de dois de nosso projetos: “Contos e Encantos” e “Os sons do Brasil”, ambos realizados em 2014. Através da nossa experiência, compartilhando nossos materiais e recursos didáticos, pretendemos contribuir para a elaboração de práticas de ensino especialmente voltadas para as atividades de PLH para crianças. -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐ Maria Clara Neto Andersson (Östlyckeskolan -­‐ Alingsås Kommun, Suécia) A necessidade do ensino interdisciplinar no ensino da língua materna na Suécia A língua materna é fundamental para a identidade pessoal, cultural, intelectual e desenvolvimento emocional. A diciplina da língua materna tem como finalidade proporcionar aos alunos com língua materna diferente do sueco a oportunidade de trabalhar com outras pessoas da mesma língua e desenvolver seus conhecimentos e habilidades. Isso reforça a sua auto-­‐estima e percepção do ambiente em que vivem tornando-­‐o mais significativo. A língua materna é essencial para os estudantes e mantém viva a herança cultural em suas diversas manifestações. Conhecer seu próprio contexto cultural pode apoiar os estudantes a fazer comparações entre diferentes culturas e, desta forma, compreender melhor sua situação. Outro objetivo é promover uma melhor compreensão entre povos e culturas diferentes. De acordo com a descrição do papel do ensino da Língua Materna no Curriculo 2011-­‐LGR11* (Läroplan för grundskolan, förskoleklassen och fritidshemmet) os professores devem se guiar por esses detalhes ao preparar as suas aulas e manter viva a herança cultural, reforçar a auto-­‐estima, a identidade pessoal, cultural e intelectual do aluno. Por fim, incentivá-­‐lo a ter conhecimento do próprio contexto cultural. Deparamo-­‐nos com inúmeros “deveres” a serem trabalhados de uma forma minunciosa a fim de aguçar o desejo do jovem aluno a conhecer, ou até mesmo, sentir a necessidade de se entregar de ”corpo e alma” ao aprendizado da língua materna. Sabemos, como professores, que a forma mais importante para despertar o aluno é “usando a variação” e a criatividade em sala de aula. Minha proposta de trabalho tem por objetivo mostrar que, usando diversos temas em sala de aula, o aluno poderá não apenas desenvolver o conhecimento da língua falada e escrita (estrutura gramatical correta), mas também terá conhecimento geral através da leitura de textos literários, de livros de ciências, história, matemática e geografia. Sendo assim, faz-­‐se indispensável o ensino interdisplinar para solidificar os saberes práticos e úteis no aprendizado da língua materna. Farei apresentação de materiais didáticos e livirinhos de literatura infantil que utilizo em sala de aula. A partir dos objetivos detalhados no Currículo 2011-­‐LGR11, quero sugerir Planejamentos de curso de Português LM para alunos do 1o ao 9o ano com intuito de facilitar a vida dos professores de língua materna (modersmål) em qualquer parte da Suécia. * O Currículo para o ensino médio, fundamental, pré-­‐escolar e de lazer (Lgr 11) é o currículo que entrou em vigor a partir do período do outono de 2011, na Suécia. O Currículo 2011 (LGR 11), substituiu o currículo 1994 e foi apresentado pelo então Ministro da Educação, Jan Björklund, numa conferência de imprensa em Rosenbad em 11 de outubro de 2010. O Governo Reinfeldt estava por trás da adoção do novo currículo. O Currículo 2011 inclui pormenores de cada disciplina, tanto em termos de proficiência até o final do ano 3,6 e 9 e conteúdo central para o ensino na mesma faixa etária. -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐ Fabrício Miguez (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil) Revista Interdisciplinar: interface entre a linguística e o jornalismo O advento da tecnologia trouxe muitos desafios para a docência, sobretudo na educação básica. Por esse motivo, é sabido que o trabalho escolar não se encerra dentro da sala de aula. É importante e necessário que o conhecimento ultrapasse as barreiras da escola e passe a fazer parte do cotidiano de quem aprende. Para que uma informação se transforme realmente em conhecimento, é fundamental que ela seja significativa, isto é, que contribua para a construção de um cidadão melhor. Nesse contexto, a interdisciplinaridade constitui-­‐se como mediadora desse processo, promovendo o entrelaçamento de saberes aparentemente estanques na busca de um conhecimento mais sólido e abrangente. Em atividade desde 2011, o projeto Revista Interdisciplinar permite que os alunos da 1ª série do Ensino Médio efetivamente demonstrem competência em relação à escrita de diversos gêneros do âmbito jornalístico, como reportagem, artigo de opinião, infográfico e entrevista, estabelecendo uma interface entre a linguística e a comunicação. Cada uma das cinco turmas recebe o projeto gráfico previamente definido pelo orientador, com a apresentação dos gêneros textuais selecionados, juntamente com o cronograma de trabalho, os critérios de avaliação e o organograma. Os estudantes, divididos em equipes semelhantes às editorias, são responsáveis pelas etapas da rotina jornalística, como pauta, apuração, redação, edição, revisão de texto e diagramação. Em 2014, a revista versou sobre temáticas relacionadas à Copa do Mundo, envolvendo diversas disciplinas. Incorporam-­‐se à parte publicitária do periódico os anúncios com ambiguidade produzidos pelos alunos na etapa anterior. Em relação à tecnologia, realiza-­‐se a diagramação da revista através de programas do pacote Adobe (InDesign, Illustrator e Photoshop), além de ferramentas como Corel Draw, que dão suporte à habilidade técnica e criativa dos alunos. O trabalho é totalmente mediado pelo professor através do grupo de discussão de cada sala, criado no Facebook – um ambiente online de aprendizagem informal. -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐ Raquel Villagra Bill (professora de português como língua materna) Unidos no Mundo da Literatura Assim como, um leitor crítico e curioso, consciente e capaz de criar seu próprio significado, ele também, adquire autonomia para criar e recriar o seu pensamento, obtendo através da leitura a sua própria escrita produtiva e criativa, num processo pelo qual o leitor realiza um trabalho ativo de interação, compreensão e interpretação do texto. A fim de dar continuidade no processo iniciado no projeto 1, surgiu a ideia do segundo projeto, direcionado a “escrita”. A ideia principal do projeto 2, é de exercitar a imaginação, expandir o vocabulário e desenvolver a escrita, através de diferentes métodos: com Textos agradavéis, a leitura com prazer e escrita saudável. O projeto está em andamento já com um método: “ Histo-­‐iris” e continuará com o tema “Olimpíadas da linguagem na língua materna”. Assim, os métodos adquiridos durante o projeto, abordará um trabalho de busca por informações, conhecimentos e interesses em comum. A partir daí, focalizaremos a maneira como a escrita deve ser trabalhada a fim de formamos leitores e escritores com capacidades autônomas e que possam se guiarem no mundo da linguagem. Serão utilizados livros, textos de conhecimentos sociais, culturais e do contexto histórico, para uma breve análise a respeito da escolha dentro dos grupos e níveis da linguagem utilizada, letramento, sociedade, leitura na Suécia e no Brasil, o papel da escola, e do grupo minoritete “ Língua materna”, e o progresso que a formação do leitor pode adquirir. Enfim, teceremos uma discussão acerca das teorias e métodos apresentadas para propormos uma possível “solução na união” dentro do grupo de lingua materna”, no que tange os métodos utilizados no projeto com a leitura e escrita dentro da sala de aula e em casa. -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐ Laura Álvarez (Universidade de Estocolmo, Suécia) & Leticia Lorier (Universidade da República, Uruguai) Tecnologias de informação e comunicação no ensino/aprendizagem de PLE: experiências de um curso à distância para falantes de espanhol O presente trabalho visa discutir uma experiência piloto de um curso à distância de PLE para estudantes de espanhol em nível avançado (mestrado) que teve lugar na Universidade de Estocolmo em 2015. O curso integrou tanto aulas virtuais, oferecidas através do sistema de conferência web Adobe Connect, como atividades que vieram a ser realizadas no Entorno Virtual de Aprendizagem da plataforma Moodle da Universidade da República. Como apoio para essas tarefas, utilizou-­‐se o manual online "Desmascarando a leitura em português”, criado pela professora do curso em colaboração com uma equipe multidisciplinar. Durante o curso, foram trabalhadas a leitura e a compreensão oral em português, a partir de textos brasileiros no âmbito das Ciências Sociais e Humanas. Dessa forma, integraram-­‐se conteúdos linguísticos visando desenvolver estratégias de leitura destinadas a facilitar a compreensão textual e cultural. A ideia para esta comunicação é apresentar e discutir a experiência do curso em questão, a partir das quatro dimensões que Kaplún (2005) considera indispensáveis em todas as atividades didáticas que integrem usos de tecnologia. Essas quatro dimensões são: a educativa, a conceitual, a comunicativa, e a tecnológica. A dimensão educativa é a que define o percurso pedagógico proposto aos estudantes, levando em conta os seus conhecimentos prévios, as suas diferentes formas de aprendizagem e o contexto no qual o curso é oferecido. A dimensão conceitual está relacionada com a seleção, hierarquização e abordagem dos conteúdos a ensinar/aprender. A estrutura narrativa que ajuda a orientar os estudantes, no que diz respeito às intenções educativas e conceituais, corresponde à dimensão comunicacional, sendo esse o fio condutor que procura aproximar-­‐se do universo cultural dos estudantes. Finalmente, o desafio tecnológico consiste na necessidade de criar uma proposta educativa online dirigida a um grupo específico, integrando encontros online com atividades realizadas de forma independente através de diferentes plataformas digitais. -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐ Catarina Stichini (Universidade de Estocolmo, Suécia) Aquisição dos Clíticos no Ensino Simultâneo de PE e PB a Alunos Universitários na Suécia O campo de pesquisa do Português Língua Estrangeira (PLE) sofreu um desenvolvimento significativo nas últimas décadas. No entanto, são poucos os estudos que abordam a questão do Português como língua pluricêntrica e as suas implicações no ensino de PLE, fora da esfera lusófona. Neste estudo aborda-­‐se algumas das dificuldades que podem ocorrer num contexto de ensino simultâneo de duas variantes do português (europeia e brasileira), especificamente no que diz respeito à aquisição dos pronomes clíticos, no início do processo de aprendizagem de PLE, por alunos da Universidade de Dalarna, Suécia, à distância, propondo-­‐se a adoção de uma abordagem comparativa e consciente para a solução desses problemas. O corpus é constituído pelo material escrito produzido pelos alunos, ao longo de um semestre, e na sua análise presta-­‐se especial atenção à progressão dos alunos quer na utilização acertada dos clíticos quer na escolha coerente de uma variante. Os resultados obtidos revelam elevadas taxas de acertos e fortes indícios da influência de fatores como a variante da professora e outras línguas faladas pelos alunos. -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐ Ana Luísa Costa (Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal, Portugal) Para o ensino da variação de padrões de colocação de pronomes átonos A presente comunicação tem a finalidade de apresentar materiais para o ensino de variedades do português no mundo. Estes materiais didáticos, desenvolvidos em formato JCLIC, beneficiam de recursos da geolinguística, que têm vindo a ser disponibilizados na Internet, como mapas dialetais, transcrições de fala e ficheiros de som. Tanto a morfologia como a sintaxe dos pronomes átonos constituem áreas frágeis do PLE, o que é manifesto, por exemplo, no carácter genericamente tardio da aquisição dos clíticos (Madeira, Crispim e Xavier, 2006). Ora, quando estudantes de PLE entram em contacto com variedades geográficas do português, ouvindo português de diferentes origens, a diversidade de regras de colocação de clíticos torna-­‐se uma evidência. Assim, por exemplo, se em frases declarativas do PE o padrão é enclítico, no Português do Brasil (PB) e no de Angola (PA), ao contrário, a posição mais comum é proclítica, como se ilustra de (1) a (3), exemplos retirados de Raposo et al. (2013, p. 153 e 171). (1) Eu vi-­‐te ontem. (PE) (2) Eu te vi ontem. (PB) (3) Te vi ontem no Roque. (PA) Defendendo uma abordagem didática de progressiva consciencialização linguística, após a estabilização do uso de pronomes átonos tendo por referência a variedade alvo de ensino, propõe-­‐se, para níveis de proficiência mais avançados (B2.2/C1), um percurso de consciencialização da variação sintática. Desta forma, objetivos culturais, como localizar países de língua oficial portuguesa (QAREPE, p. 12), são consolidados pelo desenvolvimento da consciência da diversidade linguística. PROGRAM.indd 6
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