ministério da educação universidade federal de pelotas
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1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOS CURSO DE BACHARELADO EM QUÍMICA DE ALIMENTOS Relatório de Conclusão de Curso Análises Microbiológicas de Produtos Lácteos Deborah Murowaniecki Otero Pelotas, 2008 2 DEBORAH MUROWANIECKI OTERO Análises Microbiológicas de Produtos Lácteos Relatório final apresentado ao Curso de Bacharelado em Química de Alimentos da Universidade Federal de Pelotas, sob orientação da Profª. Mírian Ribeiro como requisito Galvão da Disciplina Estágio Supervisionado. Orientador: Drª. Mírian Ribeiro Galvão Machado Pelotas, 2008 Machado, de 3 Banca examinadora: Drª Mírian Ribeiro Galvão Machado – UFPel – Orientadora MSc. Andréa Miranda Teixeira – UERGS ___________________________________________________________________ Denise da Fontoura Prates – Bel. Química de Alimentos 4 Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de estar na terra progredindo e aprendendo. Aos meus pais, que não se contentaram em presentear-me somente com a vida, revestiram minha existência de amor, carinho e dedicação. Agradeço de abrirem as portas do meu futuro, iluminando meu caminho com a luz mais brilhante que puderam encontrar: o estudo. Obrigado pelo sonho que realizo, e, sobretudo, pela lição de amor que me ensinaram durante a vida. Ao meu irmão, pela paciência, nas inúmeras vezes em que me auxiliou com os problemas imensos que o computador criava e pelas palavras de apoio e carinho que sempre me dedicou. Ao meu namorado, companheiro e amigo pela paciência, acalento, pelo constante incentivo, por compreender minha falta de tempo, o mau humor e as inúmeras vezes que deixei de estar em sua companhia por causa dos estudos. As minhas amigas e integrantes do Quarteto Fantástico (Fabiane Cavalheiro, Flávia Paiva e Ravena Lima) pelo maravilhoso tempo de convívio, pelos sorrisos lançados, pelas lágrimas derramadas, pelo aprendizado e por serem as “melhores amigas do mundo”. A “P da Greici”, por tornar o período de graduação muito mais agradável, fácil e divertido. A minha orientadora profª. Mírian Ribeiro Galvão Machado pela dedicação, apoio e consideração. E a todos aqueles que passaram pela minha vida nesses quatro anos de faculdade e que, mesmo sem saber, contribuíram muito para minha formação. 5 Aluno Deborah Murowaniecki Otero [email protected] Concedente Razão Social: Universidad de la República Caracterização Jurídica: Instituição de Ensino Unidade onde foi realizado o estágio: Faculdade de Veterinária Setor de realização do estágio: Departamento de Ciência e Tecnologia de Leite Endereço: Alberto Las Places 1550 Telefone: (598 2) 6222411 Web- site: www.universidad.edu.uy Nome e cargo do supervisor: Silvana Carro, Coordenadora do Departamento de Ciência e Tecnologia de Leite Estágio Área de atuação: Microbiologia de Lácteos Período do termo de compromisso: 21/07 a 17/10/2008. Número de horas do relatório: 520 horas Nome do Professor Orientador: Mírian Ribeiro Galvão Machado Semestre em que o relatório foi apresentado: 2008/2 6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio – Curso de Química de Alimentos, Faculdade de Ciências Domésticas, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. O presente relatório descreve as atividades desenvolvidas no estágio curricular previsto na disciplina de Estágio Supervisionado do Curso de Bacharelado em Química de Alimentos da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas/RS.O trabalho foi desenvolvido no laboratório de Microbiología de Lácteos, do Departamento de Ciência e Tecnología de Leche, da Universidad de la República.O objetivo foi aplicar e aprimorar os conhecimentos adquiridos ao longo da graduação, bem como desenvolver aptidão em técnicas de laboratório, os quais foram desempenhados na área de microbiologia de alimentos.Foram realizadas avaliações microbiológicas de queijos artesanais com a finalidade de avaliar se são aptos para o consumo humano. O relatório descreve as etapas do estudo realizado para as avaliações da qualidade das amostras de queijo e leite coletados de pequenos produtores artesanais na zona de “Nueva Helvecia”, Colônia,Uruguai. O estágio enriqueceu em grande parte os conhecimentos técnicos-profissionais e formação pessoal, como também permitiu reconhecer a importante função que o Químico de Alimentos cumpre no que diz respeito à pesquisa e desenvolvimento de produtos dentro de uma organização. Palavras-chave: microbiologia de alimentos, leite, queijo. 7 Lista de Figuras Figura 1 Porcentagem de amostras de leite que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de agosto.............19 Figura 2 Porcentagem de amostras de leite que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de setembro.........19 Figura 3 Porcentagem de amostras de leite que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de outubro............20 Figura 4 Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de agosto..............25 Figura 5 Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de setembro.........25 Figura 6 Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de outubro............26 Figura 7 Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de agosto.............27 Figura 8 Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de setembro........28 Figura 9 Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de outubro...........28 8 Lista de Tabelas Tabela 1 Condições para o crescimento de Staphylococcus coagulase positiva e produção de toxina.............................................................17 Tabela 2 Exigências microbiológicas para leite cru...........................................18 Tabela 3 Limites estabelecidos para cada microrganismo pela legislação uruguaia para queijos de média umidade...........................................24 Tabela 4 Limites de microrganismos presente em queijos de média umidade estabelecidos pela legislação brasileira...............................27 9 Sumário Resumo........................................................................................................................6 Lista de Figuras............................................................................................................7 Lista de Tabelas...........................................................................................................8 1 Caracterização da empresa..... .............................................................................. 11 1.1 Universidad de la República ............................................................................... 11 1.2 Faculdade de Veterinária................................................................................... 11 2 Objetivos................................................................................................................ 13 2.1 Objetivos Gerais ................................................................................................. 13 2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 13 3 Atividades desenvolvidas ...................................................................................... 14 3.1 Coleta das amostras ........................................................................................... 14 3.2 Análises microbiológicas .................................................................................... 15 3.2.1 Análises das amostras de leite ........................................................................ 15 3.2.1.1 Resultados das análises microbiológicas de leite ......................................... 19 3.2.2 Análises das amostras de queijo ..................................................................... 20 3.2.2.1 Resultados das análises microbiológicas de queijo ...................................... 25 4 Sugestões.............................................................................................................. 30 4.1 Sugestões para o Departamento de Ciência e Tecnologia de Leite ................... 30 4.2 Sugestões para o Curso de Química de Alimentos ............................................ 30 5 Conclusão.............................................................................................................. 31 6 Referências ........................................................................................................... 32 Anexos .......................................................................................................................37 ANEXO A - Seqüência das análises realizadas nas amostras ..................................38 10 ANEXO B – Composição e característica dos meios de cultura utilizados...............39 ANEXO C – Modelo de carta entregue aos produtores............................................47 11 1 Caracterização da empresa 1.1 Universidad de la República A Universidad de la República (UdelaR) é a principal instituição de educação superior e de investigação do Uruguai. Em colaboração com uma ampla gama de instituições sociais, realiza também múltiplas atividades orientadas ao uso socialmente valioso de conhecimento e a difusão da cultura. É uma instituição pública, autônoma co-governada por seus docentes, estudantes e egressados. A UdelaR oferece vinte e três cursos de graduação, sendo que três deles são ofertados no interior do país e os demais estão localizados em Montevidéu (CASAUX; KELLY; CAZZULI; PÉREZ, 2003). O acesso aos estudos terciários na UdelaR é gratuito e aberto àqueles que tenham completado os estudos requeridos de nível médio. Segundo dados de maio deste ano, a UR conta com quase 80 mil inscritos em seus diversos cursos de graduação, o que constitui mais de 80% da matrícula terciária total do país. No ano de 2006 obtiveram título terciário na UR 4.254 pessoas. A UR é também a principal instituição educativa do país em nível de pós graduação. Uma média de 500 pessoas completam a cada ano formação desse nível (Universidad de la República, 2008). 1.2 Faculdade de Veterinária A Faculdade de Veterinária foi fundada em 1903 e conta, atualmente, com oito Institutos, destacando-se o Instituto de Ciência e Tecnologia dos Alimentos onde está inserido o Departamento de Ciência e Tecnologia de Leite. 12 O Departamento é constituído por três docentes, uma ajudante honorária, dois colaboradores e um ajudante preparador. No momento está em fase de expansão, e está envolvido em um projeto de investigação juntamente com o Instituto de Investigações Biológicas Clemente Estable intitulado: “Aislamiento de bactérias lácticas con propriedades bacteriocinogénicas y antitumorales presentes em alimentos fermentados (quesos) de elaboración artesanal en la zona de Colonia Uruguay”. O laboratório de análises microbiológicas foi construído há um ano, ficando localizado no próprio departamento, o seu financiamento foi feito através da colaboração recebida para o projeto de investigação. O laboratório tem finalidades investigativas e de pesquisa, onde atuam estagiários, alunos no final da graduação e eventualmente alguns alunos, em atividade extraclasse juntamente com os estagiários ou docentes, não sendo destinado à docência. Em virtude de seu caráter recente, e pequena área física, o laboratório conta ainda com poucos equipamentos como estufa bacteriológica, fluxo, homegeinizador de amostras (Stomacher), banho-maria, autoclave, entre outros.Encontra-se ainda em fase de aprimoramento e acabamento, no momento estão sendo providenciadas compras de novos equipamentos (estufas e autoclaves), materiais diversos (meios de cultura, vidrarias, etc), material didático entre outros. de consumo 13 2 Objetivos 2.1 Objetivos Gerais Relacionar o conhecimento teórico com a vivência prática dentro do âmbito de um laboratório de análises microbiológicas, visando o aprimoramento de conhecimentos e experiências adquiridas durante o Curso de Graduação. 2.2 Objetivos Específicos - Avaliar a qualidade microbiológica de queijos artesanais e condições de consumo, bem como a matéria – prima utilizada para sua elaboração; - Vivenciar a rotina de um laboratório de análises microbiológicas de alimentos; - Desenvolver aptidão em técnicas de laboratório e procedimentos rotineiros em laboratório de microbiologia de alimentos; - Aplicar o conhecimento adquirido ao longo da graduação. 14 3 Atividades desenvolvidas As atividades realizadas durante o período de estágio no Laboratório de Microbiologia, do Departamento de Ciência e Tecnologia de Leite estão vinculadas ao projeto “Aislamiento de bactérias lácticas con propriedades bacteriocinogénicas y antitumorales presentes em alimentos fermentados (quesos) de elaboración artesanal en la zona de Colonia Uruguay ”, sendo executadas diferentes ações no decorrer do mesmo, as quais encontram-se elencadas a seguir. 3.1 Coleta das amostras As coletas de queijo e leite foram feitas no município de Nueva Helvecia no estado de Colônia, Uruguai, como parte inicial do projeto desenvolvido pelo laboratório. Foram coletadas amostras de nove propriedades de pequenos produtores. A cada visita estes recebem códigos com letras e números, de acordo com a ordem em que foram visitados; esses códigos são seguidos do número de vezes que as amostragens foram feitas, seguidos de uma letra que corresponde ao tipo de material coletado.A seqüência de números e letras, a seguir, exemplifica um modelo de código:” 01/13/L”, onde “ 01” é o número do produtor, “13” é o número de vezes em que foram feitas as coletas e “L” significa leite. As amostras foram coletadas em embalagens estéreis, evitando-se desta forma contaminação cruzada. As amostras foram colocadas em caixas térmicas com gelo afim de não comprometer a qualidade e as características iniciais das mesmas, sendo transportadas desta maneira ao laboratório, para análise. 15 3.2 Análises microbiológicas As análises foram realizadas com base no regulamento vigente do país (Uruguai) que estipula valores máximos de Coliformes totais e Staphylococcus aureus coagulase positiva em amostras de leite cru; Coliformes totais e termotolerantes, Staphylococcus aureus coagulase positiva, Listeria spp e Salmonella spp. em amostras de queijos artesanais fabricados a partir de leite cru. Estas análises foram realizadas na etapa inicial do projeto desenvolvido pelo laboratório de leite com a finalidade de comprovar as características microbiológicas dos queijos artesanais elaborados por pequenos produtores bem como averiguar o nível de segurança alimentar dos mesmos e com isso agregar valor ao produto e garantir uma melhor qualidade ao consumidor final. As análises microbiológicas foram realizadas segundo metodologia descrita pela American Public Health Association - APHA (2002). 3.2.1 Análises microbiológicas de leite O leite não possui mais do que uma débil e efêmera proteção natural. Seu uso para o consumo direto ou para as transformações industriais exige medidas de defesa contra a invasão de microrganismos e contra a atividade enzimática. O leite se constitui em um excelente substrato para o desenvolvimento de microrganismos, devido ao seu conteúdo de nutrientes, sendo portanto, de fundamental importância a determinação da sua microbiota e qualidade higiênico-sanitária (ALAIS,1997; EUTHIER; TRIGUEIRO; RIVERA, 1998). Os microrganismos não patogênicos por si só não deterioram a qualidade do leite, porém apresentam exigências nutricionais. Os nutrientes necessários a estes microrganismos são obtidos pela produção de enzimas que hidrolisam a lactose, proteínas, gordura ou outras substâncias do leite, liberando assim compostos necessário para seu crescimento. Numerosos microrganismos podem proliferar-se nele, em especial aqueles que degradam a lactose com produção de ácido, 16 ocasionando como conseqüência, a floculação de uma parte das proteínas. Estas transformações podem gerar no leite flavor estranho que alteram sua qualidade e podem diminuir sua aptidão para o processamento e vendas (VARNAM,1994). Um dos maiores problemas no tratamento e processamento do leite é a quantidade de microrganismos que ele contém. Alguns deles estão presentes no momento em que ele é ordenhado, outros são incorporados pelo ordenhador, utensílios mal higienizados e mesmo pelo ambiente (MENDONÇA, 2008). Um dos microrganismos que se encontram estreitamente ligados à produção e beneficiamento leiteiro é o Staphylococcus aureus coagulase positivo. Sua importância está nas mudanças que provoca no leite e as substâncias que produz, as quais causam doenças no homem e nos animais dos quais provém o leite (MENDONÇA, 2008). É uma bactéria esférica (coco), Gram positiva, anaeróbia facultativa, provocam uma fermentação acidificante da glicose com um decréscimo do pH (4,34,5) e produzem acetoína, catalase positivo, distinguindo-se dos demais através de três testes: o teste de coagulase positivo (coagulação do plasma sanguíneo), o teste de DNAse termoestável positivo(nuclease resistente ao calor) e teste de redução de telurito, também positivo (FORSYTHE, 2005; SILVA, 2007). A presença de números elevados de S.aureus coagulase positiva é uma indicação de perigo potencial á saúde publica devido à enterotoxina estafilocócica, bem como a sanificação questionável, principalmente quando o processamento envolve manipulação do alimento. A doença é classificada pela International Commission on Microbiological Specifications for Foods (ICMSF, 2002) no grupo de risco III. (FRANCO, 2005; SILVA, 2007). 17 As características do crescimento de Staphylococcus aureus coagulase positiva e da produção de toxinas são mostradas na tabela abaixo: Tabela 1 - Condições para o crescimento de Staphylococcus aures coagulase positiva e produção de toxina Parâmetro Crescimento Produção de toxina Temperatura (°C) 7 – 48 10 – 48 pH 4 – 10 4,5 – 9,6 Atividade de água (Aw) 0,83 – 0,99 0,87 – 0,99 Fonte: Forsythe, 2005. No leite podem ser encontrados também microrganismos do grupo dos Coliformes que compreendem aqueles classificados nos gêneros Escherichia, Enterobacter, Klebsiella, etc. A principal fonte desses microrganismos é o trato intestinal dos animais, embora sejam considerados como indicadores de contaminação fecal. São bactérias Gram negativas, anaeróbias facultativas em forma de bastonetes, em geral o crescimento ocorre na faixa de -2° a 50°C, em alimentos o crescimento é pobre ou muito lento a 5°C, embora vários pesquisadores tenham demonstrado seu crescimento em temperaturas de 3° a 6°C, são capazes de crescer em presença de sais biliares e o pH de multiplicação é entre 4,4 e 9,0 (JAY, 2005; FORSYTHE, 2005). Os critérios utilizados para identificação são a produção de gás proveniente da glicose e outros açúcares e a fermentação da lactose até a produção de gás e ácido em um período de 48 horas a 35°C, sendo esta a única característica suficiente para determinações presuntivas (JAY, 2005). Os Coliformes são utilizados como microrganismos indicadores para servir como uma medida de contaminação fecal e, assim, medir a presença potencial de patógenos entéricos (FORSYTHE, 2005). Números elevados de coliformes no leite cru indicam falta de higiene na ordenha, limpeza inadequada de equipamentos de ordenha ou de utensílios que entram em contato com o leite e água contaminada. (Tipos de microrganismos, 2008). Devido ao fato de os Coliformes serem destruídos com certa facilidade pelo 18 calor, sua contagem pode ser útil em testes de contaminação pós–processamento (FORSYTHE, 2005) A legislação uruguaia prevê algumas especificações quanto às quantidades máximas de microrganismos em leite cru, as quais são apresentadas na tabela 2, a seguir: Tabela 2 - Exigências microbiológicas para leite cru Microrganismo Limite máximo permitido Coliformes Totais 104 mL -1 Staphylococcus coagulase positiva 103 UFC mL-1 Fonte: Uruguay, 1994 Com base nas especificações vigentes do país foram realizadas análises de Staphylococcus aureus coagulase positiva e Coliformes Totais nas amostras de leite. Durante o período do estágio foram realizadas três coletas de amostras de leite, em intervalos de trinta dias, nos meses de Agosto, Setembro e Outubro. O leite coletado é utilizado como matéria-prima na elaboração dos queijos artesanais. 19 3.2.1.1 Resultados das análises microbiologias de leite As amostras de leite coletadas nos meses de Agosto, Setembro e Outubro foram analisadas e observou-se os seguintes resultados: Figura 1 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de Agosto. Fonte: Autor Figura 2 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de Setembro. Fonte: Autor 20 Figura 3 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de Outubro. Fonte: Autor A partir dos resultados obtidos pode observar que a maior parte das amostras analisadas apresentaram níveis de microrganismos dentro dos parâmetros exigidos pela legislação uruguaia, onde apenas um das amostras coletada no mês de setembro apresentou níveis elevados de Coliformes Totais. 3.2.2 Análises das amostras de queijo Dentre os produtos artesanais mais apreciados está o queijo, cuja fabricação, como a de outros alimentos, necessita seguir normas rigorosas de higiene. Além disso, a matéria-prima deve originar-se de animais em condições sanitárias adequadas. Falhas no controle de qualidade tanto da matéria prima, quanto no seu beneficiamento e estocagem, podem resultar em um produto de má qualidade e em risco de infecções e intoxicações nos consumidores. Esses produtos artesanais podem conter microrganismos de origens diversas (animal, ambiente, homem), que podem causar doenças, provocar alterações físico-químicas no produto, influenciar na eficiência dos processos utilizados no seu beneficiamento e nas suas características sensoriais. A maioria dos microrganismos presentes na matéria-prima 21 podem ser eliminados através da pasteurização que, em condições artesanais, pode não ser efetiva (ZAFFAR; MELO; COSTA, 2007). O queijo é considerado um veículo freqüente de patógenos de origem alimentar e, em especial, os queijos frescos artesanais por serem, na maioria das vezes, elaborados a partir de leite cru e não sofrerem processo de maturação. A contaminação microbiana desses produtos assume destacada relevância tanto para a indústria, pelas perdas econômicas, como para a saúde pública, pelo risco de causar doenças transmitidas por alimentos (FEITOSA et al., 2003). A elaboração artesanal traz consigo o risco da manipulação direta a qual é submetida à matéria-prima, tal fato favorece a disseminação e o desenvolvimento de microrganismos contaminantes e alteradores dos alimentos (REVILLA, 1985). Pesquisas realizadas sobre a microbiota do leite e seus derivados, mostram que esta apresenta uma grande diversificação, dependendo portanto, da flora bacteriana presente na matéria-prima, fato este relacionado com as condições higiênico-sanitárias da ordenha, conservação do leite, tipo de processamento, tempo e temperatura do armazenamento, qualidade microbiológica da água, dentre outros fatores. Dentre os principais microrganismos encontrados destacam-se a Salmonella, Listeria monocytogenes, Staphylococcus aureus coagulase positiva, Coliformes, entre outros. (EUTHIER;TRIGUEIRO; RIVERA, 1998) A Salmonella é o principal agente de doenças de origem alimentar em várias partes do mundo e também no Brasil, é um gênero da família Enterobacteriaceae, são Gram-negativas, oxidase negativo, anaeróbias facultativas não formam esporos e tem forma de bastonetes curtos, a maioria é móvel, com flagelos peritríquios. A Salmonella fermenta a glicose produzindo ácido e gás, porém é incapaz de metabolizar a lactose e a sacarose. A temperatura de crescimento é entre 5 e 46°C , com ótima aproximadamente entre 35 e 43°C, o pH de crescimento varia entre 3,8 e 9,5 com ótimo entre 7,0 e 7,5 e sua atividade de água mínima para o crescimento é de 0,94 .Como não formam esporos são relativamente termossensíveis podendo ser destruídas a 60°C durante 15 a 20 minutos (FORSYTHE, 2005; SILVA, 2007). Esta bactéria mantém-se viável em queijo contaminado por longo período de tempo, o que ressalta a importância do controle de qualidade microbiológica do 22 produto, visto que a Legislação tanto Brasileira quanto Uruguaia estabelecem ausência desta bactéria em alimentos (FEITOSA, 2003). Listeria sp é uma bactéria Gram-positiva, tem forma de pequenos bastonetes, não-esporulada, não-produtora de ácidos, catalase positivo, é móvel por meio de flagelos, cresce entre 0 e 42°C, embora sua faixa ótima de crescimento seja entre 30° e 37°C, são considerados psicrotolerantes, tolera pH extremos de 5 a 9, baixa atividade da água e concentrações de NaCl de 10%, oxidase negativas, anaeróbias facultativas, fermentam açúcares com produção de ácido mas sem produção de gás e hidrolisam a esculina e o hipurato de sódio (CATÃO;CEBALLOS, 2001; SILVA, 2007). O gênero é dividido em oito espécies sendo que a Listeria monocytogenes é a que causa mais preocupações no que concerne a enfermidades causadas por alimentos. Este conjunto de características faz com que a mesma, seja um patógeno emergente de grande interesse na área de alimentos,destacando-se o leite e o queijo. O destaque que estes microrganismos vêm ocupando nos últimos anos no controle de qualidade na indústria de alimentos, visto as dificuldades de sua eliminação, assim como, a possibilidade de causar doenças graves aos consumidores (CATÃO;CEBALLOS, 2001; FORSYTHE, 2005). Acredita-se que a dose infecciosa de L. monocytogenes é de, pelo menos, 102 células viáveis no caso dos grupos de risco, e que esta cifra aumenta até 104 no caso da população sã, porém estes valores dependem da cepa, da dose e da susceptibilidade do indivíduo atingido (LOPÉZ; SUAREZ; CEBALLO, 2006; SILVA, 2007). Em geral, pode-se esperar a presença de Staphylococcus, mesmo que em pequenas quantidades, em quase todos os alimentos de origem animal ou diretamente manipulados (JAY, 2005). A doença é uma intoxicação, provocada pela ingestão de toxinas formadas no alimento, quando ocorre a multiplicação das células. As toxinas são proteínas de baixo peso molecular, resistente a cocção e as enzimas proteolíticas. A ingestão de uma dose menor que 1µg pode provocar sintomas de intoxicação. Além disso, concentrações superiores a 105 células.g-1 podem propiciar a produção de 23 enterotoxinas, tornando esse alimento um risco potencial à saúde do consumidor (SILVA, 2007; FEITOSA et al., 2003). S.aureus coagulase positiva não é resistente ao calor sendo facilmente destruído na pasteurização do alimento. As toxinas, ao contrário, são altamente resistentes, suportando tratamentos térmicos tão severos como a esterilização (SILVA, 2007). A prevalência desse microrganismo como agente etiológico da mastite bovina, sua ubiqüidade na natureza e o baixo nível sócio-econômico dos ordenhadores, muitas vezes portadores assintomáticos e possuidores de maus hábitos higiênicos são fatores que favorecem a contaminação dos queijos (FEITOSA et al., 2003). A presença do grupo coliformes em queijos é empregada para avaliar a segurança alimentar, a sanificação empregada e más condições higiênicas do produto, indica também, a possibilidade de transferência de patógenos pertencentes aos grupos: Escherichia Coli Enteropatogênica (EPEC), Escherichia Coli Enterotoxigênica (ETEC), Escherichia Coli Enteroinvasiva (EIEC), Escherichia Coli Enteroagregativa (EAEC) e Escherichia Coli Enterohemorrágica (EHEC) (JAY, 2005; PEREIRA et al., 1999). Os microrganismos indicadores, quando presentes em alimentos, fornecem informações sobre prováveis contaminações de origem fecal, presença de patógenos ou ainda sobre o potencial de deterioração do produto, além de indicarem se as condições sanitárias foram inadequadas durante o processamento, produção ou armazenamento de um alimento. Os Coliformes são indicadores de falha de processo ou de contaminação pós processo em alimentos pasteurizados, uma vez que são facilmente destruídos pelo calor e não resistem a tratamento térmico (MOURA et al., 2007; SILVA, 2007). A enumeração de Coliformes totais e termotolerantes como indicadores da qualidade higiênico-sanitária é amplamente utilizada. A contaminação de origem fecal por sua vez, é relacionada à presença de Escherichia coli, principal representante dos coliformes termotolerantes (fermentam a lactose com produção de gás a uma 24 temperatura de 44,5°C, enquanto que os totais são capazes de fermentar a lactose com produção de gás, em 24 a 48 horas a 35°C). Essa bactéria é considerada pelo Ministério da Saúde como a indicadora mais especifica de contaminação fecal recente e da eventual presença de organismos patogênicos (MOURA, 2007; SILVA, 2007). Segundo o Regulamento Bromatológico Nacional do Uruguai, cita-se o Artigo: 16.4.16, este menciona que “os queijos produzidos de forma artesanal, elaborados a partir de leite cru, devem obedecer alguns requisitos microbiológicos( tabela 3) para que se assegure a segurança alimentar do consumidor: Tabela 3 - Limites estabelecidos para cada microrganismo pela legislação uruguaia para queijos de média umidade Microrganismos Critérios de aceitação n C m M E.coli 5 2 1000 100000 5 2 1000 10000 Staphylococcus Coagulase Positiva 5 0 Ausência Salmonella /25g 5 0 Ausência Listeria monocytogenes /25g Fonte: Republica Oriental del Uruguay, 1994. Na tabela as letras “n”, “c”, “m e “”M” significam respectivamente,número de amostras coletadas, número de amostras com resultado positivo,limite mínimo e limite máximo. Com base nessas exigências, as amostras de queijos foram analisadas quanto a Staphylococcus aureus, Salmonella ssp, Listeria monocytogenes e também quanto a presença de coliformes totais e fecais. Embora a legislação não exija valores máximos para coliformes totais nesse tipo de amostra, a análise foi feita para determinar as condições higiênico-sanitárias das instalações produtoras de queijos. Durante o período do estágio foram realizadas três amostragens de queijo durante os meses de Agosto, Setembro e Outubro. 25 3.2.2.1 Resultados das análises microbiologias de queijo As amostras coletadas, nos diferentes períodos, foram submetidas as análises previstas na legislação e observou-se os seguintes resultados(vide figuras 4,5 e 6): Figura 4 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de agosto. Fonte: Autor Figura 5 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de setembro. Fonte: Autor 26 Figura 6 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de outubro. Fonte: Autor Com base nos resultados obtidos para queijos de média umidade, observase que nos meses de agosto e setembro as amostras não apresentaram níveis satisfatórios, uma vez que o número de Staphylococcus aureus coagulase positiva foi elevado nessas amostras; já no mês de outubro as amostras apresentarem-se todas dentro dos parâmetros exigidos pela legislação uruguaia. 27 Considerando os mesmos parâmetros analisados, observa-se a existência de algumas diferenças nos resultados segundo a legislação vigente do Brasil (tabela 4). Tabela 4 - Limites de microrganismos presente em queijos de média umidade estabelecidos pela legislação brasileira Microrganismos Critérios de aceitação N C m M Coliformes/g 5 2 500 1000 (45°C) 5 2 100 1000 Staphylococcus Coagulase Positiva 5 0 Ausência Salmonella /25g 5 0 Ausência Listeria monocytogenes /25g Fonte:Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2001 Segundo a RCD 12/2001(Brasil, 2001) os resultados seriam os apresentados nas figuras 7, 8 e 9. Figura 7 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de agosto. Fonte: Autor 28 Figura 8 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de setembro. Fonte: Autor Figura 9 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de outubro. Fonte: Autor 29 Se as amostras fossem regulamentadas pela legislação vigente do Brasil, um maior número de amostras estaria fora do limite estabelecido tanto para Staphylococcus aureus coagulase positivo e Coliformes termotolerantes nos meses de agosto e setembro enquanto que no mês de outubro apenas Staphylococcus aureus coagulase positivo superou os limites em metade das amostras analisadas. Os resultados do controle de qualidade das amostras de leite e queijos são entregues aos produtores no formato de uma carta explicativa na qual contém a data da amostragem bem como os resultados obtidos, além disso, um membro da equipe explica pessoalmente os valores obtidos para cada amostra e aponta as possíveis falhas e suas medidas corretivas. Este trabalho tem a finalidade de melhorar as características do produto, informar o produtor e implantar nos mesmos conceitos de Boas Práticas de Fabricação(BPF) e a importância dos cuidados microbiológicos para o produto final. 30 4Sugestões 4.1 Sugestões para o Departamento de Ciência e Tecnologia de Leite Durante o período em que realizei o estágio percebi, em vários momentos, a dificuldade de dividir tarefas de forma igualmente, uma vez que existem poucos docentes e estagiários no Departamento. Sugiro então a contratação de pessoal e a oportunização a um maior número de colaboradores e ajudantes para que o funcionamento do mesmo progrida. Outro fator a ser melhorado é a ampliação dos projetos de investigação, visto que no momento existe apenas um projeto em andamento e o mesmo é desenvolvido quase em sua totalidade por laboratórios terceirizados. Em virtude do acima citado, sugiro a inclusão de novos estagiários e também de novos Departamentos para que haja maior integração dos mesmos e a inclusão de novas pesquisas, com isso haveria maior diversidade de temas abrangidos nos projetos de pesquisa e logo maior qualidade de pesquisa. 4.2 Sugestões para o Curso de Química de Alimentos Ao curso de Química de Alimentos sugiro que incentivem mais seus alunos a realizarem estágios extracurriculares, para que, além de adquirirem experiências também tenham maior contato com o ambiente de trabalho. Sugiro a inclusão de pelo menos uma matéria que abranja temas referentes a técnicas de relacionamento em equipe, ambiente de trabalho, dinâmicas em grupo, 31 entre outras, uma vez que os alunos durante a realização do estágio, no ambiente de trabalho se deparam com situações as quais não sabe como conduzir. 32 33 5 Conclusão O estágio realizado no laboratório de Microbiologia de Lácteos representou uma significativa experiência profissional, onde tive a oportunidade de conviver no ambiente de trabalho e perceber as dificuldades encontradas na rotina de um laboratório, as formas mais adequadas de solucionar alguns problemas profissionais, além de ter uma ótima oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos no decorrer da graduação. O papel do Químico de Alimentos na área de pesquisas é de suma importância uma vez que o mesmo adquire amplos conhecimentos técnicos ao longo de sua formação, permitindo sua atuação em várias áreas investigativas e uma ampla diversidade de linhas de pesquisa. Foi com grande satisfação que realizei meu estágio de conclusão de curso no laboratório de Microbiologia de Lácteos localizado no Departamento de Ciência e Tecnologia de Leite, Universidad de la República, no qual tive a oportunidade de aliar o conhecimento adquirido ao longo da Graduação com uma área em que me identifico e considero interessante. 34 6 Referências Bibliográficas APHA, American Public Health Association. Compendium of Methods for Microbiological Examination of Foods. 4th ed., Washington DC, 2002. ALAIS, Charles. Ciência de la leche. México: Continental, 1997. BRASIL. Resolução RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001. Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. 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Características: A composição do Baird Parker evidencia a habilidade do Staphylococcus aureus de crescer na presença de 0,01 a 0,05% de telurito de potássio em combinação com 0,2 ou 0,5% de cloreto de lítio e 0,12 a 1,26% de glicina. Ele reduz anaeróbia e aerobiamente o telurito produzindo colônias negras. O ágar, enriquecido com emulsão de gema de ovo, possibilita que as atividades proteolítica e lipolítica do Staphylococcus aureus sejam evidenciadas, respectivamente, por um halo de precipitação e um de clarificação ao redor da colônia. (PESQUISA DE Staphylococcus aureus,2008) · Violet Red Bile Agar: Composição: Digestão pancreática de gelatina: 7.00 g/L, Extrato de levedura: 3.00 g/L;· Cloreto de sódio: 5.00 g/L; Sais biliares: 1.50 g/L; Glicose Monoidratada: 10.00 g/L; Lactose Monoidratada: 10.00 g/L; Vermelho neutro: 0.03 g/L;·Cristal violeta: 0.002 g/L; ágar: 15.00 g/L. Características: É um meio para enumeração dos organismos coliformes em gêneros alimentícios e produtos lácteos. A seletividade do meio é devido à presença de sais biliares e cristal violeta. Fermentadores de lactose produzem colônias vermelhas / lilás muitas vezes rodeadas por um halo da mesma cor. A seletividade pode ser aumentada pela incubação a 42-44 º C.(Violet Red Bile Agar, 2008) 40 · Caldo Lauril Sulfato Tripstose: Composição:triptona 20g/L; lactose 5g/L; cloreto de sódio 5 g/L; lauril sulfato de sódio 0,1 g/L;fosfato dibásico de potássio 2,75 g/L; fosfato monobásico de potássio 2,75 g/L. Características: Os nutrientes presentes no meio e o tampão fostato permitem o rápido crescimento e produção de gás dos microrganismos que fermentam a lactose,mesmo aqueles que fermentam lentamente.O Lauril Sulfato apresenta ação seletiva, inibindo o crescimento de microrganismos indesejáveis. (PARADELA et al, 2006) · Caldo Lactosado Bile Verde Brilhante (2%): Composição:peptona 10 g/L; lactose10,0 g/L; bile de boi desidratada 20 g/L; verde brilhante 0,01 g/L. Características: A presença de verde brilhante e bile inibem o crescimento de microrganismos indesejáveis. Os nutrientes presentes no meio permitem o crescimento de microrganismos que fermentam a lactose e produzem gás. Este meio é utilizado para identificação de coliformes totais que podem ser de origens fecais ou não.(PARADELA et al, 2006) · Caldo peptonado tamponado: Composição:Caseína Enzimatica Hidrolisada: 10.00g/L; Cloreto de Sódio: 5.00 g/L; Fosfato Hidrogênio Dissódico: 9.00 g/L; Fosfato Hidrogênio Monopotássico: 1.50 g/L. Características: Este procedimento visa minimizar os efeitos do processo tecnológico capaz de promover injúria celular fisiológica, sem inativá-la 41 biologicamente. Quando é utilizada água peptonada tamponada, o tampão utilizado favorece a manutenção do pH evitando que as bactérias acompanhantes acidifiquem o meio interferindo a recuperação das células de Salmonella. (Pesquisa de Salmonella, 2008) · Selenito Cistina: Composição: Caseína Enzimática Hidrolisada: 5.00g/L; Lactose: 4.00 g/L; Fosfato Dissódico: 10.00 g/L; L-Cistina:0.01 g/L; Selenite Sódico de Hidrogênio: 4.00 g/L. Características: O Meio Fluído Cistina Selenite é usado como um meio de enriquecimento para isolamento de Salmonellae de alimentos, lacticínios, materiais de importância sanitária e espécimes clínicos. A fórmula corresponde a recomendada pela AOAC para a detecção de Salmonellae em gênero alimentícios, particularmente produtos com ovos. Este meio é incluído pela APHA e USP. Recentemente este meio foi também recomendado pelo Comitê ISO para a detecção de Salmonellae. O Caldo Selenito Cistina é útil para detectar Salmonella nos estados iniciais da doença quando os organismos ocorrem nas fezes em números baixos e para estudos epidemiológicos para aumentar a detecção do número baixo de organismos de pacientes covalescentes ou assintomáticos. · Rapapport Vasiliadis: Composição: Tryptose: 4.59g/L; Acid Casein Peptone: 4.59 g/L; Sodium chloride:7.34 g/L; Monopotassium Phosphate: 1.47 g/L; Magnesium Chloride (anhydrous): 10.93 g/L; Malachite Green Oxalate: 0.037 g/L; Bacteriological Agar: 2.7 g/L. Características: O enriquecimento seletivo de Salmonella se faz em caldo Rappaport Vassiliadis no qual a presença de verde malaquita e de cloreto de magnésio atuam como agentes seletivos da flora acompanhante, enquanto a 42 presença de peptona de farinha de soja estimula o crescimento de Salmonella.(Pesquisa de Salmonella, 2008) · Salmonella- Shigella: Composição: Peptona bacteriológica 5,0 g/L;Hidrolisado enzimático de caseína 10,0 g/L;Extrato nutritivo 2,0 g/L;Extrato de levedura 3,5 g/L;Lactose 10,0 g/L;Tiosulfato de sódio 10,0 g/L;Citrato de sódio tribásico 2,5 g/L;Citrato férrico amoniacal 1,5 g/L;Sais biliares 1,42 g/L; Vermelho neutro 0,025 g/L;Verde brilhante 0,00033 g/L;Agar 12,0 g/L Características: É um meio de cultura diferencial e seletivo empregado em bacteriologia para isolar Salmonella e Shigella a partir de fezes, urina e alimentos frescos ou enlatados. A inibição dos coliformes induz a formação de colônias pequenas que variam de rosa a vermelho. A formação de sulfetos origina colônias transparentes com centro negro. · Xylose Lysine Desoxycholate Agar: Composição:extrato de levedura 3g/L; L- lisina 5 g/L; xilose 3,75 g/L;lactose 7,5g/L; sacarose 7,5g/L; tiosulfato de sódio 6,8g/L; deoxicolato de sódio 1g/L;cloreto de sódio de sódio 5g/L;citrato férrico 0.8g/L;fenol vermelho 0,08g/L; Agar 12,5g/L Características: É um meio seletivo e diferencial para a recuperação das espécies de Salmonella e Shigella, ele é baixo em nutriente e contém sódio. A maior parte desses microrganismos entéricos fermentam a xilose e produzem ácido. 43 · Triple Sugar Iron Agar: Composição:Digestão péptica de tecido animal: 10.00g/L;· Caseína enzimática hidrolisada: 10.00 g/L;Extrato de levedura: 3.00 g/L;Extrato de bife: 3.00 g/L;Lactose: 10.00 g/L; Sucrose: 10.00 g/L; Dextrose: 1.00 g/L;Cloreto de sódio: 5.00 g/L;Sulfato ferroso: 0.20 g/L; Tiosulfato de sódio: 0.30 g/L; Vermelho fenol: 0.024 g/L; Agar: 12.00 g/L Características: Meio composto para a diferenciação de Enterobacteriaceae através da fermentação de três açúcares e produção de sulfeto de hidrogênio, O meio Triple Sugar Iron Agar é usado para identificação de enterobactérias pela detecção rápida de fermentação da lactose, glucose (com ou sem produção de gás) e sacarose assim como produção de sulfureto de hidrogénio. · Lisina Iron Agar: Composição:Digestão Peptíca de Tecido Animal: 5.00g/L;Extrato de Levedura: 3.00 g/L; Dextrose:1.00g/L;L-Lisina:10.00g/L;Citrato Férrico de Amônio: 0.50 g/L;Tiosulfato de Sódio: 0.04 g/L; Púrpura Bromocresol: 0.02 g/L;Agar: 15.00 g/L Características: O Agar Lisina Ferro é recomendado para a diferenciação de organismos entéricos especialmente Salmonella sorotipo arizona, baseado na sua capacidade de descarboxilar ou desaminar lisina e para formar o sulfito de hidrogênio (H2S). O Agar Lisina Ferro foi desenvolvido por Edwards Fife para detectar Salmonellae fermentadores de lactose. Este meio é um meio sensível para a detecção de espécies de Salmonella fermentadoras e não fermentadoras de lactose. 44 · Listeria Enrichement Broth: Composição: Caseína Enzimática Hidrolisada: 10.00g/L; Digestão Peptica de Tecido Animal: 10.00 g/L;Dextrose:1.00g/L;Cloreto de Sódio: 5.00 g/L;Dicloreto de Tiaminio: 0.005 g/L; Hidrocloreto de Acriflavina (Tripaflavina): 0.01 g/L; Tiocianato de Potássio: 37.50 g/L Características: O Caldo de Enriquecimento Listeria é usado para cultivo e isolamento seletivo de espécies Listeria de espécimens clínicas. Caldo de Enriquecimento de Listeria, modificado é usado para enriquecimento seletivo de espécies de Listeria do leite, laticínios e outros alimentos. Este meio contém Triptose, extrato de levedura e extrato de carne provenientes de nutrientes essenciais como o carbono e componentes nitrogenados incluído vitaminas e aminoácidos. Fosfatos provém de ações tamponadas para meios com cloreto de sódio mantendo o equilíbrio osmótico. Ácido Nalidixíco e Acriflavina inibem o crescimento de organismos gram-negativo e gram-positivo respectivamente exceto espécies de Listeria. · Fraser: Composição:Digestão péptica de tecido animal: 5.00g/L; Caseína enzimática hidrolisada: 5.00 g/L; Extrato de levedura: 5.00 g/L;Extrato de carne: 5.00 g/L;Cloreto de sódio: 20.00 g/L; Fosfato dissódico hidrogênio:12.00g/L;Fosfato de potássio dihidrogênio: 1.35 g/L;Esculina: 1.00 g/L; Cloreto de lítio: 3.00 g/L. Características: este suplemento é usado com o meio Fraser-Broth como primeiro enriquecimento para detecção de Listeria monocytogenes em produtos alimentares. Este suplemento contém uma mistura inibitória composta por dois agentes antimicrobianos (nalidixic acid e acriflavine) e ainda o citrato de ferro amónio. Esta mistura permite inibir parte desenvolvimento de Listeria. da microflora contaminante, favorecendo o 45 · Oxford: Composição:Peptona Especial: 23.00g/L,Cloreto de Lítio: 15.00 g/L, Cloreto de Sódio: 5.00 g/L, Amido de Milho: 1.00 g/L,Esculina: 1.00 g/L,Citrato Férrico de Amônia: 0.50 g/L, Agar: 10.00 g/L. Características: O Meio Oxford Listeria com suplementos é recomendado para o isolamento das espécies de Listéria de espécimens patológicos. Suplemento usado com o meio Oxford Agar (base) para deteção e enumeração de Listeria. Este suplemento contém uma mistura inibitória composta por 3 antibióticos (colistin, cefotetan e fosfomycin), um agente antifúngico (cycloheximide) e um antiséptico (acriflavine). Esta mistura permite a inibição da maior parte da microflora contaminante das amostras testadas, favorecendo deste modo o crescimento de Listeria monocytogenes. · Palcam: Composição:Digestão Péptica do Tecido Animal: 23.00g/L;Amido: 1.00 g/L; Cloreto de Sódio: 5.00 g/L;Manitol:10.00 g/L;Citrato Férrico de Amônia: 0.50 g/L;Esculina: 0.80 g/L;Dextrose: 0.50 g/L;Cloreto de Lítio: 15.00 g/L;Vermelho Fenol: 0.08 g/L; Agar: 13.00 g/L. Características: Agar Identificação Listeria (PALCAM) com suplemento adicionado é recomendado para o isolamento seletivo e identificação de espécies de Listeria. Agar Identificação Listeria também é conhecido como Agar Polimixina Acriflavina Cloreto de Lítio Ceftazidime Esculina Manitol (PALCAM) foi formulado por Van Netten et al e é recomendado para isolamento de Listeria monocytogenes de alimentos. Meio PALCAM é altamente seletivo devido presença do Cloreto de lítio, Ceftazidime, Polimixina B e Hidrocloreto de Acriflavina. A Listeria tem a capacidade de hidrolisar a esculina formando esculitina, esta se liga ao ferro e forma um composto de coloração escura no meio, indicando resultado positivo para Listeria. 46 · Triple Soya Agar: Composição:Caseína enzimática hidrolisada: 15.00g/L; Digestão papaica de farinha de soja: 5.00 g/L;Cloreto de sódio: 5.00 g/L; Agar: 15.00 g/L. Características: O Agar Triptona de soja é utilizado para o cultivo de uma grande variedade de microorganismos. O Agar Triptona de Soja está de acordo com a USP é usado para testes de limite microbiano e testes de efetividade de conservantes antimicrobianos. Este meio pode ser usado para tipagem de faogs, tipagem de colicina e para testar a necessidade de fator X e V de espécies de Haemophilus. Gunn et al utilizou este meio para o estudo de reações hemolíticas após a adição de solução 5% de sangue. 47 ANEXO C –Modelo de carta entregue aos produtores UNIVERSIDAD DE LA REPUBLICA FACULTAD DE VETERINARIA Montevideo, xxxxxxxxx 2008 Sr. xxxxxxxx De nossa maior consideração: Pela presente enviamos os resultados das análises microbiológicas das amostras de queijo e leite correspondentes a data: xx/xx/08. Estamos a sua disposição para qualquer aclaração a respeito, assim como para proporcionar lhe as recomendações devidas neste caso em particular, na próxima oportunidade que os visitemos. Resultado das análises microbiológicas da amostra de leite: Coliformes Totais (UFC/ml) Staphylococcus aureus ( UFC/ml) Xxx Xxx Resultado das análieis microbiológicas da amostra de queijo: Coliformes totais Staphylococcus Listeria Salmonella ( NMP/gr) aureus ( UFC/gr) (ausência / presença) (ausência / presença) Xxx Xxx Xxx Agradecendo sua colaboração, receba saudações cordeais: Drª : xxxxx Xxx
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