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cultural e geograficamente”. Essa diversificação na
sociedade faz com que surja na língua a variação
linguística, ou seja, pode-se perceber que a situação
(formal ou informal), o grupo social a que o falante
pertence, a região e a época em que vive caracterizam o
modo de um brasileiro expressar-se em português.
De maneira bastante simplificada, podemos
considerar a existência de três tipos gerais de variação,
conforme mostra o quadro:
*MÓDULO 1*
Noções de variação linguística
Introdução
Em boa parte dos vestibulares atualmente, há ênfase
em verificar se o candidato conhece os diferentes usos
possíveis de nossa língua. Discutiremos este assunto
partindo da leitura do texto abaixo.
TIPO
ASPECTO AO QUAL
SE RELACIONA
Sketch - Dois homens tramando um assalto
— Valeu, mermão? Tu traz o berro que nóis
vamo rendê o caixa bonitinho. Engrossou, enche o
cara de chumbo. Pra arejá.
— Podes crê. Servicinho manero. É só entrá e
pegá.
— Tá com o berro aí?
— Tá na mão.
Aparece um guarda.
— Ih, sujou. Disfarça, disfarça...
O guarda passa por eles.
— Discordo terminantemente. O imperativo
categórico de Hegel chega a Marx diluído pela
fenomenologia de Feurbach.
— Pelo amor de Deus! Isso é o mesmo que dizer
que Kierkegaard não passa de um Kant com
algumas sílabas a mais. Ou que os iluministas do
século 18...
O guarda se afasta.
— O berro, tá recheado?
— Tá.
— Então vamlá!
Variação sociocultural
Variação geográfica
Variação histórica
idade, sexo, escolaridade,
condições econômicas do
falante e grupo social do qual
ele faz parte
região em que o falante vive
durante um certo tempo
tempo (época) em que o
falante vive
Adão Iturrusgarai. Aline. Folha de S. Paulo, 31/8/2000.
 O emprego das palavras vosmecê (você) e parvoíce (besteira),
que estão totalmente fora de uso hoje em dia, evidencia que o
personagem realmente é mais velho (bem mais velho...) que a filha do
outro personagem.
Variação sociocultural
A maneira como utilizamos a linguagem (como nos
expressamos) é formada no convívio com outras pessoas
que fazem parte do nosso grupo social. Assim,
normalmente nos expressamos de acordo com nossa
formação sociocultural. Nossa linguagem será adequada
ao meio em que fomos criados e à nossa classe social. É
claro que, assim como existe uma certa mobilidade social
no mundo em que vivemos, ao longo de nossa vida
podemos incorporar modos de expressão diferentes, à
medida que vamos mudando de ambiente e
reconstruindo nossa história de vida.
A variante social mais notável é a que existe entre
pessoas de classes socioeconômicas distintas. Uma
pessoa da classe A não falará como alguém da classe C.
Aliás, normalmente, quanto mais elevada estiver na
escala econômica, mais próxima a linguagem da pessoa
estará do que conhecemos por norma culta. Isto se
explica: no mundo em que vivemos, é claro que é a
linguagem dos mais ricos e mais poderosos que é
considerada a de maior “prestígio”..., concorda?
Relacionada a esse tipo de variação está aquela que
diz respeito ao grau de instrução do falante. É lógico que
pessoas de classe social mais alta, do ponto de vista
VERÍSSIMO, Luís Fernando. O Estado de S. Paulo, 8/3/1998.
No texto acima, notamos que os dois ladrões
conhecem tanto as diferentes formas de falar o
português como as implicações que cada forma traz.
Eles sabem que certas formas são mais valorizadas que
outras, por isso alteram o modo de falar na presença do
guarda.
Há diferentes formas de usar a língua portuguesa, por
isso não podemos dizer que ela é homogênea. Assim, o
importante para o falante será perceber em que contexto
ele deve usar cada uma de suas variantes. Em uma
entrevista de emprego, por exemplo, espera-se que o
falante opte por uma variante diferente daquela que ele
usa para bater papo com seus amigos.
A concepção moderna de língua, segundo Celso
Cunha em sua Nova gramática do português
contemporâneo, coloca-a “como instrumento de
comunicação social, maleável e diversificado em todos
os seus aspectos, meio de expressão de indivíduos que
vivem em sociedades também diversificadas social,
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financeiro, terão mais chances de estudar e se aprimorar
culturalmente, aproximando-se mais do padrão culto de
linguagem.
Outro tipo importante e interessante de variação
linguística é aquele que aparece quando confrontamos
gerações diferentes: um grupo de idosos de 60 anos não
fala como um grupo de adolescentes de 16... Cada
geração tem sua maneira própria de se comunicar e isso
é fácil observar no dia a dia. Um importante fenômeno
linguístico que aparece quando estudamos as variações
entre gerações é a gíria. Cada geração adota um certo
número de expressões, uma certa maneira de falar, para
marcar uma diferença entre a sua e a geração anterior.
Para cada situação de expressão da nossa
linguagem, temos um certo nível linguístico. Ao nível que
utilizamos em situações em que não nos preocupamos
tanto em atingir a chamada norma culta, chamamos de
nível informal; ao nível que utilizamos em situações de
comunicação que exigem uma linguagem mais próxima
da norma culta, chamamos de nível formal. Entre o nível
formal e o informal, podemos ter vários níveis
intermediários.
Variação histórica
Ao ler textos escritos em português há cem anos, por
exemplo,
você
certamente
sentirá
um
certo
estranhamento e terá uma dificuldade de compreensão e
fluência maior do que teria se lesse um artigo de jornal
publicado na semana passada, por exemplo. Isso
acontece porque as línguas variam com o tempo. O
nosso você já foi vossa mercê e vosmecê, chegando, em
nossos dias, a ser ouvido como simplesmente cê.
Em boa hora tornou-se embora. É fácil percebermos
essas diferenças quando nos deparamos com livros
cujas edições são muito antigas. O vocabulário de há
cem anos não era o mesmo de hoje, a grafia de muitas
palavras também não, o mesmo ocorria com a sintaxe.
Variação histórica acontece porque a língua vai
recebendo transformações na forma de falar, novas
palavras, novas grafias e novos sentidos para palavras
já existentes.
Norma culta e adequação da linguagem
Variação sociocultural, portanto, é aquela que se
manifesta quando o uso da língua é marcado por
diferenças conforme a classe socioeconômica, o grau
de instrução, a geração ou a situação de comunicação
em que se encontra o falante.
Você deve ter notado, então, que a língua possui
diversas variantes. Mas, ao tomarmos contato com a
língua na escola, adotamos uma determinada variante
que serve como referência. Essa variante-padrão, ao
longo dos tempos e por diversos motivos, ficou sendo
conhecida como a norma culta da língua.
Norma culta da língua é a chamada variante-padrão
da língua; aquela variante de maior prestígio, utilizada
pelas pessoas que compõem a chamada elite da
sociedade. A norma culta, tradicionalmente, acaba
servindo como parâmetro e sendo adotada para o ensino
da língua nas escolas, além de ser utilizada como padrão
para situações formais e na comunicação escrita na
sociedade. Toda língua muda com o tempo, portanto a
norma culta também muda, de acordo com as
modificações que ela sofre no seu uso.
Convém, assim, que o falante saiba distinguir quais
são as situações em que ele deve seguir essa variante-padrão daquelas em que pode usar uma variante mais
popular.
Variação geográfica
Pessoas de diferentes regiões falam de maneiras
diferentes. A essas características próprias da fala de um
determinado lugar damos o nome de regionalismos. Os
regionalismos são próprios dos falares locais, dialetos e
sotaques. Geralmente, pessoas de uma determinada
região agrupam-se em torno de um centro populacional
economicamente ou politicamente mais relevante e
assumem o dialeto característico do local. Assim, um
carioca irá se expressar com o r chiado característico do
Rio de Janeiro, um piracicabano normalmente emitirá um
r que os estudiosos conhecem por retroflexo, e assim por
diante. Essas diferenças se estenderão ao vocabulário, à
estrutura das frases e até aos significados das palavras.
Com o passar dos anos e o avanço dos meios de
comunicação sobre todo o território brasileiro, as
diferenças regionais vão diminuindo cada vez mais. As
redes de televisão, por exemplo, atingem todo o país
com uma linguagem típica do Sudeste brasileiro,
principalmente São Paulo, o que acaba contribuindo para
uma uniformização dos dialetos em torno de um padrão
de linguagem que aos poucos apaga as diferenças entre
eles.
Outros tipos de variação linguística
Além das variações linguísticas relacionadas a tempo
e espaço, existem outros tipos de variação, que podem
ocorrer tanto na língua-padrão quanto nas variedades
não padrão da língua. As principais variações dizem
respeito ao uso da língua em situações de
oralidade/escrita e de formalidade/informalidade.
Variação geográfica é aquela marcada por diferenças
regionais: a dimensão do Brasil permite-nos perceber
diferentes sotaques, vocabulários, estruturas de frase e
sentidos das palavras nas diferentes regiões.
 *ATENÇÃO, ESTUDANTE!* 
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utilize seu LIVRO DIDÁTICO.
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(A)
(B)
(C)
(D)
escolarizado proveniente de uma metrópole.
sertanejo morador de uma área rural.
idoso que habita uma comunidade urbana.
escolarizado que habita uma comunidade do interior
do país.
(E) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do
Sul do país.
*********** ATIVIDADES ***********
.1. (UEG-GO)
.3. (ENEM-MEC)
Antigamente
Acontecia o indivíduo apanhar constipação; ficando
perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois,
ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas
fedorentas. Doença nefasta era a phtísica, feia era o
gálico. Antigamente, os sobrados tinham assombrações,
os meninos, lombrigas [...]
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar, p. 1.184.
O texto acima está escrito em linguagem de uma época
passada. Observe uma outra versão, em linguagem
atual.
Folha de S. Paulo, 1/5/2007.
É correto afirmar que, na charge,
(A) a linguagem dos políticos é apropriada pelos
traficantes de drogas.
(B) a linguagem dos traficantes de drogas é apropriada
pelos políticos.
(C) o contexto dos políticos é apropriado pelos
traficantes de drogas.
(D) o contexto dos traficantes de drogas é apropriado
pelos políticos.
(E) não há apropriação nem da linguagem nem do
contexto.
Antigamente
Acontecia o indivíduo apanhar um resfriado; ficando
mal, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à
farmácia para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas
fedorentas. Doença nefasta era a tuberculose, feia era a
sífilis. Antigamente, os sobrados tinham assombrações,
os meninos, vermes [...]
Comparando-se esses dois textos, verifica-se que, na
segunda versão, houve mudanças relativas a
.2. (ENEM-MEC)
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
Iscute o que tô dizendo,
Seu dotô, seu coroné:
De fome tão padecendo
Meus fio e minha muié.
Sem briga, questão nem guerra,
vocabulário.
construções sintáticas.
pontuação.
fonética.
regência verbal.
.4. (ENEM-MEC)
Meça desta grande terra
Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa
Umas tarefa pra eu!
Excelência para que seja conjurada uma calamidade que
Tenha pena do agregado
está prestes a desabar em cima da juventude feminina
Não me dêxe deserdado
do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento
entusiasta que está empolgando centenas de moças,
PATATIVA DO ASSARÉ. A terra é naturá. In: Cordéis
e outros poemas. Fortaleza: Universidade
Federal do Ceará, 2008 (fragmento).
atraindo-as para se transformarem em jogadoras de
futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá
praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o
A partir da análise da linguagem utilizada no poema,
infere-se que o eu lírico revela-se como falante de uma
variedade linguística específica. Esse falante, em seu
grupo social, é identificado como um falante
equilíbrio fisiológico das suas funções orgânicas, devido
à natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem os
jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada menos
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.6. (ENEM-MEC)
de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo
Horizonte também já estão se constituindo outros. E,
neste crescendo, dentro de um ano, é provável que em
todo o Brasil estejam organizados uns 200 clubes
femininos de futebol: ou seja: 200 núcleos destroçados
da saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais,
ficarão presas a uma mentalidade depressiva e propensa
aos exibicionismos rudes e extravagantes.
Coluna Pênalti. Carta Capital, 28/4/2010.
O trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro,
José Fuzeira, encaminhada, em abril de 1940, ao então
presidente da República Getúlio Vargas. As opções
linguísticas de Fuzeira mostram que seu texto foi
elaborado em linguagem
Veja, 7/5/1997.
Na parte superior do anúncio, há um comentário escrito à
mão que aborda a questão das atividades linguísticas e
sua relação com as modalidades oral e escrita da língua.
Esse comentário deixa evidente uma posição crítica
quanto a usos que se fazem da linguagem, enfatizando
ser necessário
(A) regional, adequada à troca de informações na
situação apresentada.
(B) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do
futebol.
(C) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão
brasileiro comum.
(D) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação
de comunicação.
(E) informal, pressupondo o grau de escolaridade de seu
interlocutor.
(A) implementar a fala, tendo em vista maior
desenvoltura, naturalidade e segurança no uso da
língua.
(B) conhecer gêneros mais formais da modalidade oral
para a obtenção de clareza na comunicação oral e
escrita.
(C) dominar as diferentes variedades do registro oral da
língua portuguesa para escrever com adequação,
eficiência e correção.
(D) empregar vocabulário adequado e usar regras da
norma-padrão da língua em se tratando da
modalidade escrita.
(E) utilizar recursos mais expressivos e menos
desgastados da variedade-padrão da língua para se
expressar com alguma segurança e sucesso.
.5. (INEP-MEC)
Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
ANDRADE, Oswald de. Obras completas.
5.ª ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 80.
.7. (ENEM-MEC)
Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo?
Ao explorar a emotividade da linguagem, o autor faz
referência às variantes linguísticas de natureza
Cliente – Estou interessado em financiamento para
compra de veículo.
(A) estilística, pois utiliza a escrita para, de certa forma,
marcar uma nova época literária.
(B) regional, pois há regiões em que essa variedade
linguística descrita no poema é aceita como padrão
oficial.
(C) de registro, já que as variantes são formadas pelo
processo de neologismo, típico em autores
modernistas.
(D) sociocultural, pois revela o conflito social entre as
variantes de uma mesma língua.
(E) temporal, pois marca a variação linguística de
diferentes épocas.
Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de
crédito. O senhor é nosso cliente?
Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou
funcionário do banco.
Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá
em Brasília? Pensei que você inda tivesse na agência de
Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma.
BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua
materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado).
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Na representação escrita da conversa telefônica entre a
gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira
de falar da gerente foi alterada de repente devido
Todas sorriem. Irene prossegue:
— Agradeço os elogios para o jardim, só que você vai
ter de fazê-los para a Eulália, que é quem cuida das
(A) à adequação de sua fala à conversa com um amigo,
caracterizada pela informalidade.
(B) à iniciativa do cliente em se apresentar como
funcionário do banco.
(C) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia
(Minas Gerais).
(D) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu
nome completo.
(E) ao seu interesse profissional em financiar o veículo
de Júlio.
flores. Eu sou um fracasso na jardinagem.
BAGNO, M. A língua de Eulália: novela
sociolinguística. São Paulo: Contexto,
2003 (adaptado).
Na língua portuguesa, a escolha por “você” ou
“senhor(a)” denota o grau de liberdade ou de respeito
que deve haver entre os interlocutores. No diálogo
apresentado acima, observa-se o emprego dessas
formas. A personagem Sílvia emprega a forma “senhora”
ao se referir à Irene. Na situação apresentada no texto, o
emprego de “senhora” ao se referir à interlocutora ocorre
porque Sílvia
.8. (ENEM-MEC)
As dimensões continentais do Brasil são objeto de
reflexões expressas em diferentes linguagens. Esse tema
aparece no seguinte poema:
(A) pensa que Irene é a jardineira da casa.
(B) acredita que Irene gosta de todos que a visitam.
(C) observa que Irene e Eulália são pessoas que vivem
em área rural.
(D) deseja expressar por meio de sua fala o fato de sua
família conhecer Irene.
(E) considera que Irene é uma pessoa mais velha, com a
qual não tem intimidade.
“[...]
Que importa que uns falem mole descansado
Que os cariocas arranhem os erres na garganta
Que os capixabas e paroaras escancarem
[ as vogais?
Que tem se o quinhentos réis meridional
.10. (ENEM-MEC)
Vira cinco tostões do Rio pro Norte?
A escrita é uma das formas de expressão que as
pessoas utilizam para comunicar algo e tem várias
finalidades: informar, entreter, convencer, divulgar,
descrever. Assim, o conhecimento acerca das variedades
linguísticas sociais, regionais e de registro torna-se
necessário para que se use a língua nas mais diversas
situações comunicativas.
Junto formamos este assombro de misérias e
[ grandezas,
Brasil, nome de vegetal! [...]”
ANDRADE, Mário de. Poesias completas. 6.ª ed.
São Paulo: Martins Editora, 1980.
Considerando as informações acima, imagine que você
está à procura de um emprego e encontrou duas
empresas que precisam de novos funcionários. Uma
delas exige uma carta de solicitação de emprego. Ao
redigi-la, você
O texto poético ora reproduzido trata das diferenças
brasileiras no âmbito
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
étnico e religioso.
linguístico e econômico.
racial e folclórico.
histórico e geográfico.
literário e popular.
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
.9. (ENEM-MEC)
fará uso da linguagem metafórica.
apresentará elementos não verbais.
utilizará o registro informal.
evidenciará a norma-padrão.
fará uso de gírias.
________________________________________________
Vera, Sílvia e Emília saíram para passear pela
*Anotações*
chácara com Irene.
— A senhora tem um jardim deslumbrante, dona
Irene! — comenta Sílvia, maravilhada diante dos
canteiros de rosas e hortênsias.
— Para começar, deixe o “senhora” de lado e
esqueça o “dona” também — diz Irene, sorrindo. — Já é
um custo aguentar a Vera me chamando de “tia” o tempo
todo. Meu nome é Irene.
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Em que tipo de variação linguística o autor se apoia para
criar as situações humorísticas apresentadas nesse
diálogo? Justifique sua resposta.
.11. (ENEM-MEC)
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________________________________________________
Dick Browne. O melhor de Hagar, o horrível, v. 2. L&PM pocket, p. 55-6 (com adaptações).
________________________________________________
Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro
informal, ou coloquial, da linguagem.
________________________________________________
(A) “Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!”
(B) “E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus
chifres cairão!”
(C) “Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a
atravessar a rua...”
(D) “... e ela me deu um anel mágico que me levou a um
tesouro”
(E) “mas bandidos o roubaram e os persegui até a
Etiópia, onde um dragão...”
________________________________________________
________________________________________________
.13. (UFMA)
.12. (UNICAMP-SP)
O trecho abaixo foi extraído de uma crônica em que mãe
e filho conversam sobre o presente que ele pretendia lhe
dar no Dia das Mães.
[...]
— Posso escolher meu presente do Dia das Mães,
meu fofinho?
— Não, mãe. Perde a graça. Este ano, a senhora vai
ver. Compro um barato.
— Barato? Admito que você compre uma
lembrancinha barata, mas não diga isso a sua mãe. É
fazer pouco-caso de mim.
— lh, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não
sabe que barato é o melhor que tem, é um barato!
— Deixe eu escolher, deixe...
— Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado
que a senhora me deu no Natal!
— Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe
lhe deu um blazer furado?
— Viu? Não sabe nem o que é furado? Aquela cor já
era, mãe, já era!
[...]
Folha de S. Paulo, 12/4/2003.
Considerando a fala dos interlocutores, pode-se concluir
que
(A) o uso de “excelência” denota desrespeito, pois o
depoente não reconhece no deputado uma
autoridade.
(B) o efeito humorístico é provocado pela passagem
brusca da linguagem formal para a informal.
(C) o uso da linguagem formal e da informal evidencia a
classe social a que pertencem as personagens.
(D) a linguagem empregada no texto serve apenas para
compor as imagens do deputado e do depoente.
(E) o pronome “seu” foi usado pelo depoente como sinal
de respeito para com o parlamentar ilustre.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.
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disponível para mais de 600 milhões de pessoas em
vários pontos do planeta, e em particular em algumas
regiões da África.
.14. (ENEM-MEC)
Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na
escrita, que, a depender do estrato social e do nível de
escolaridade do falante, são, sem dúvida, previsíveis.
Ocorrem até mesmo em falantes que dominam a
variedade-padrão, pois, na verdade, revelam tendências
existentes na língua em seu processo de mudança que
não podem ser bloqueadas em nome de um “ideal
linguístico” que estaria representado pelas regras da
gramática normativa. Usos como ter por haver em
construções existenciais (tem muitos livros na estante), o
do pronome objeto na posição de sujeito (para mim fazer
o trabalho), a não concordância das passivas com se
(aluga-se casas) são indícios da existência, não de uma
norma única, mas de uma pluralidade de normas,
entendida, mais uma vez, norma como conjunto de
hábitos linguísticos, sem implicar juízo de valor.
O melhor do Globo Rural, fev. 2005 (fragmento).
De acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de
nomes para a Manihot utilissima, nome científico da
mandioca. Esse fenômeno revela que
(A) existem variedades regionais para nomear uma
mesma espécie de planta.
(B) mandioca é nome específico para a espécie
existente na região amazônica.
(C) “pão-de-pobre” é designação específica para a
planta da região amazônica.
(D) os nomes designam espécies diferentes da planta,
conforme a região.
(E) a planta é nomeada conforme as particularidades
que apresenta.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.;
BRANDÃO, S. (orgs.). Ensino de gramática: descrição e uso.
São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).
.16. (ENEM-MEC)
Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas
ou estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao
longo do território, seja numa relação de oposição, seja
de complementaridade, sem, contudo, anular a
interseção de usos que configuram uma norma nacional
distinta da do português europeu. Ao focalizar essa
questão, que opõe não só as normas do português de
Portugal às normas do português brasileiro, mas também
as chamadas normas cultas locais às populares ou
vernáculas, deve-se insistir na ideia de que essas
normas se consolidaram em diferentes momentos da
nossa história e que só a partir do século XVIII se pode
começar a pensar na bifurcação das variantes
continentais, ora em consequência de mudanças
ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em
ambos os territórios.
Considerando a reflexão trazida no texto a respeito da
multiplicidade do discurso, verifica-se que
(A) estudantes que não conhecem as diferenças entre
língua escrita e língua falada empregam,
indistintamente, usos aceitos na conversa com
amigos quando vão elaborar um texto escrito.
(B) falantes que dominam a variedade-padrão do
português do Brasil demonstram usos que confirmam
a diferença entre a norma idealizada e a
efetivamente praticada, mesmo por falantes mais
escolarizados.
(C) moradores de diversas regiões do país que
enfrentam dificuldades ao se expressar na escrita
revelam a constante modificação das regras de
emprego de pronomes e os casos especiais de
concordância.
(D) pessoas que se julgam no direito de contrariar a
gramática ensinada na escola gostam de apresentar
usos não aceitos socialmente para esconderem seu
desconhecimento da norma-padrão.
(E) usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da
língua portuguesa empregam formas do verbo ter
quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo
haver, contrariando as regras gramaticais.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.;
BRANDÃO, S. (orgs.). Ensino de gramática: descrição e uso.
São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).
O português do Brasil não é uma língua uniforme. A
variação linguística é um fenômeno natural, ao qual todas
as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades
linguísticas, o texto mostra que as normas podem ser
aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a
atenção do leitor para a
.15. (ENEM-MEC)
MANDIOCA — mais um presente da Amazônia
(A) desconsideração da existência das normas
populares pelos falantes da norma culta.
(B) difusão do português de Portugal em todas as
regiões do Brasil só a partir do século XVIII.
(C) existência de usos da língua que caracterizam uma
norma nacional do Brasil, distinta da de Portugal.
(D) inexistência de normas cultas locais e populares ou
vernáculas em um determinado país.
(E) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos
frequentes de uma língua devem ser aceitos.
Aipim, castelinha, macaxeira, maniva, maniveira. As
designações da Manihot utilissima podem variar de
região, no Brasil, mas uma delas deve ser levada em
conta em todo o território nacional: pão-de-pobre — e por
motivos óbvios.
Rica em fécula, a mandioca — uma planta rústica e
nativa da Amazônia disseminada no mundo inteiro,
especialmente pelos colonizadores portugueses — é a
base de sustento de muitos brasileiros e o único alimento
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Como qualquer outra variedade linguística, a norma-padrão tem suas especificidades. No texto, observam-se
marcas da norma-padrão que são determinadas pelo
veículo em que ele circula, que é a revista Língua
Portuguesa. Entre essas marcas, evidencia-se
.17. (ENEM-MEC)
(A) a obediência às normas gramaticais, como a
concordância em “um gênero que invade as
livrarias”.
(B) a presença de vocabulário arcaico, como em “há de
ter alguma grandeza natural”.
(C) o predomínio de linguagem figurada, como em “um
viço qualquer que o destaque”.
(D) o emprego de expressões regionais, como em “tem
essa pegada”.
(E) o uso de termos técnicos, como em “grandes títulos
do gênero infantil”.
.19. (ENEM-MEC)
Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao
mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral
dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a
pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo
nordestino fala igual; contudo as variações são mais
numerosas que as notas de uma escala musical.
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí
têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que
se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o
vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que
um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um
sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então,
até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase
um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au
ou eu de todos os terminais em al ou el — carnavau,
Raqueu... Já os paraibanos trocam o I pelo r. José
Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.
Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 27/4/2010.
Calvin apresenta a Haroldo (seu tigre de estimação) sua
escultura na neve, fazendo uso de uma linguagem
especializada. Os quadrinhos rompem com a expectativa
do leitor, porque
(A) Calvin, na sua última fala, emprega um registro
formal e adequado para a expressão de uma criança.
(B) Haroldo, no último quadrinho, apropria-se do registro
Iinguístico usado por Calvin na apresentação de sua
obra de arte.
(C) Calvin emprega um registro de linguagem
incompatível com a linguagem de quadrinhos.
(D) Calvin, no último quadrinho, utiliza um registro
linguístico informal.
(E) Haroldo não compreende o que Calvin lhe explica,
em razão do registro formal utilizado por este último.
QUEIROZ, Raquel de. O Estado de S. Paulo,
9/5/1998 (fragmento adaptado).
Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de
variação linguística que se percebe no falar de pessoas
de diferentes regiões. As características regionais
exploradas no texto manifestam-se
.18. (ENEM-MEC)
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
Maurício e o leão chamado Millôr
Livro de Flavia Maria ilustrado por cartunista nasce como um
dos grandes títulos do gênero infantil
Um livro infantil ilustrado por Millôr há de ter alguma
grandeza natural, um viço qualquer que o destaque de
um gênero que invade as livrarias (2 mil títulos novos,
todo ano) nem sempre com qualidade. Uma pegada que
o afaste do risco de fazer sombra ao fato de ser ilustrado
por Millôr: Maurício – O Leão de Menino (CosacNaify, 24
páginas, R$ 35), de Flavia Maria, tem essa pegada.
na fonologia.
no uso do léxico.
no grau de formalidade.
na organização sintática.
na estruturação morfológica.
________________________________________________
*Anotações*
Disponível em: http://www.revistalingua.com.br.
Acesso em: 30/4/2010 (fragmento).
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.3. (EDM-SP)
Literatura – Linguagem e contexto
Leia uma declaração do fotógrafo suíço Robert Frank,
que percorreu a Rota 66 registrando imagens da
paisagem americana.
A linguagem da literatura
*********** ATIVIDADES ***********
Quando as pessoas olham as minhas fotos, eu quero que
elas se sintam como quando desejam reler um verso de
um poema.
Leitura da imagem
.1. (EDM-SP)
Observe a fotografia.
Observe mais uma vez a foto da abertura. Se ela fosse
vista como um “verso de um poema”, sobre o que falaria
esse verso?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
Da imagem para o texto
.4. (EDM-SP)
Vamos ver como a literatura explora possibilidades da
linguagem. Leia um trecho de On the road, de Jack
Kerouac.
A viagem
Cena 1
Num piscar de olhos estávamos de volta à estrada
principal e naquela noite vi todo o estado de Nebraska
desenrolando-se diante dos meus olhos. Cento e setenta
quilômetros por hora, direto sem escalas, cidades
adormecidas, tráfego nenhum, um trem da Union Pacific
deixado para trás, ao luar. Eu não estava nem um pouco
assustado aquela noite; me parecia algo perfeitamente
normal voar a 170, conversando e observando todas as
cidades do Nebraska — Ogallala, Gothenburg, Kearney,
Grand Island, Columbus — se sucederem com uma
rapidez onírica* enquanto seguíamos viagem. Era um
carro magnífico; portava-se na estrada como um navio no
oceano. Longas curvas graduais eram o seu forte. “Ah,
homem, essa barca é um sonho”, suspirava Dean.
“Pense no que poderíamos fazer se tivéssemos um carro
assim. [...] Curtiríamos o mundo inteiro num carro como
esse, você e eu, Sal, porque, na verdade, a estrada
finalmente deve conduzir a todos os cantos do mundo.
Não pode levar a outro lugar, certo? [...]”
DICK REED/CORBIS – LATINSTOCK
 Rota 66, a lendária estrada norte-americana que ligava Chicago a Los
Angeles tornou-se símbolo de aventura e liberdade
Faça uma breve descrição dos elementos presentes na
imagem.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
.2. (EDM-SP)
A posição em que a foto foi tirada chama a nossa
atenção para a estrada. Que efeito o fotógrafo pode ter
pretendido desencadear no espectador ao optar por essa
tomada?
* onírica: relativa aos sonhos.
___________________________________________________
Cena 2
___________________________________________________
“Qual é a sua estrada, homem? — a estrada do
místico, a estrada do louco, a estrada do arco-íris, a
estrada dos peixes, qualquer estrada... Há sempre uma
estrada em qualquer lugar, para qualquer pessoa, em
qualquer circunstância. Como, onde, por quê?”
___________________________________________________
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Concordamos gravemente, sob a chuva. “[...] Decidi abrir
mão de tudo. Você me viu quebrar a cara tentando de
tudo, me sacrificando e você sabe que isso não importa;
nós sacamos a vida, Sal — sabemos como domá-la, e
sabemos que o negócio é continuar no caminho,
pegando leve, curtindo o que pintar da velha maneira
tradicional. Afinal, de que outra maneira poderíamos
curtir? Nós sabemos disso.” Suspirávamos sob a
chuva. [...]
“E assim”, disse Dean, “vou seguindo a vida para
onde ela me levar. [...]”
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
.7. (EDM-SP)
a) Identifique, na cena 2, uma passagem que permite
associar o comportamento das personagens a
valores próprios da juventude.
___________________________________________________
KEROUAC, Jack. On the road (Pé na estrada).
Tradução de Eduardo Bueno. Porto Alegre:
L&PM, 2004, p. 281-2; 305-6 (fragmento).
a)
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
Que elementos, presentes na cena 1, asseguram ao
leitor tratar-se da história de uma viagem?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
b) Explique por que ela transmite valores associados à
juventude.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
b)
___________________________________________________
Identifique no texto as passagens que revelam ser
essa viagem a concretização de um desejo típico da
juventude: a busca da liberdade.
___________________________________________________
.8. (EDM-SP)
___________________________________________________
a)
Como Dean resume sua filosofia de vida?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
.5. (EDM-SP)
No trecho a seguir, explique de que maneira a pontuação
contribui para dar ao leitor a sensação de velocidade do
carro em que viajam Sal e Dean.
b)
Cento e setenta quilômetros por hora, direto sem
escalas, cidades adormecidas, tráfego nenhum, um trem
da Union Pacific deixado para trás, ao luar.
___________________________________________________
O que ela sugere, em termos de comportamento?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
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___________________________________________________
Jack Kerouac tornou-se o ídolo de sua
geração quando o romance On the
road foi publicado em 1957. A viagem
de dois amigos, Sal Paradise e Dean
Moriarty, pelos Estados Unidos, boa
parte feita na Rota 66, estrada que liga
Chicago a Los Angeles, traduziu a
visão de mundo de uma juventude que
decidiu questionar os valores com os
quais tinha sido criada.
___________________________________________________
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.6. (EDM-SP)
Logo no início da cena 2, Dean pergunta a Sal: “Qual é a
sua estrada, homem?”. O que ele quer dizer com isso?
Que sentido atribui ao termo “estrada”?
KEYSTONE / GLOBO.COM
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A essência da arte literária está na palavra. Usada por
escritores e poetas em todo o seu potencial significativo e
sonoro, a palavra estabelece uma interessante relação
entre um autor e seus leitores/ouvintes.
“Ah, homem, essa barca é um sonho”, afirma Dean no
texto de Jack Kerouac. Para compreender a imagem
criada pela personagem, nós precisamos realizar uma
série de decodificações. Sabemos que Dean e Sal viajam
de carro; sabemos que uma “barca” não trafega em
estradas. Com essas informações, procuramos
reconstruir o sentido da comparação implícita que está
na base da imagem criada: o carro em que viajam é tão
grande e confortável que parece uma barca.
Em seguida, reconhecemos que a afirmação de que o
carro “é um sonho” também foi criada a partir de outra
comparação entre nossos sonhos e todas as coisas que
desejamos muito. Reconstituída a comparação original,
podemos interpretar que Dean quer dizer que aquele é
um carro maravilhoso, objeto de desejo e fantasia dos
dois jovens.
No texto de Kerouac, palavras como barca e sonho
foram usadas em sentido conotativo (ou figurado), aquele
que as palavras e expressões adquirem em um dado
contexto, quando o seu sentido literal é modificado. Nos
textos literários, predomina o sentido conotativo. A
linguagem conotativa é característica de textos com
função estética, ou seja, que exploram diferentes
recursos linguísticos e estilísticos para produzir um efeito
artístico.
Em textos não literários, o que predomina é o sentido
denotativo (ou literal). Dizemos que uma palavra foi
utilizada em sentido literal quando é tomada em seu
significado “básico”, que pode ser apreendido sem ajuda
do contexto. A linguagem denotativa é típica de textos
com função utilitária, ou seja, que têm como finalidade
predominante satisfazer a alguma necessidade
específica, como informar, argumentar, convencer, etc.
O trabalho com o sentido conotativo ou figurado é
uma característica essencial da linguagem literária.
Quando a literatura explora a conotação, como no
fragmento de On the road, estabelece-se uma
interessante relação entre leitor e texto. Ao ler um
romance ou um poema ou ao ouvir uma história, o
leitor/ouvinte precisa reconhecer o significado das
palavras e reconstruir os mundos ficcionais que elas
descrevem. O leitor/ouvinte desempenha, portanto, um
papel ativo, já que também cria, em sua imaginação,
mundos ficcionais correspondentes àqueles propostos
nos textos ou vive, na fantasia, experiências semelhantes
às descritas.
Recursos expressivos
Dá-se o nome de figuras de linguagem aos recursos
utilizados com o fim de tornar mais expressiva a
linguagem. As figuras de linguagem compreendem:




as figuras de palavra (ou tropos);
as figuras de sintaxe (ou de construção);
as figuras de pensamento; e
as figuras de harmonia (ou sonoras).
Intertextualidade
Quantas vezes, ao ler um texto ou ver uma
determinada propaganda, você tem a sensação de já ter
visto o texto em algum lugar? Quer ver só?
No início de sua produção poética, Carlos Drummond
de Andrade escreveu um poema que viria a torná-lo
muito conhecido. O “sucesso” do poema foi provocado,
no início, pelo estranhamento por ele causado. Você
certamente já teve oportunidade de lê-lo.
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Época, 9/6/2008, p. 87.
 Na expressão monstros sagrados, a palavra monstros apresenta
sentido figurado, ou seja, conotativo
(Carlos Drummond de Andrade)
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Mas,
por
que
estamos
falando
de
poesia
e
Literatura brasileira
Drummond, em uma seção destinada à apresentação do
conceito de intertextualidade? Porque muitos são os
textos que recuperam a imagem da “pedra”
drummondiana. Observe, por exemplo, a seguir, um
duas grandes eras, que acompanham a evolução política
anúncio publicitário veiculado para a divulgação de um
projeto de educação ambiental, patrocinado pela
corresponde à emancipação política do Brasil. As eras
A literatura brasileira tem sua história dividida em
e econômica do país: a Era Colonial e a Era Nacional,
separadas
por
um
Período
de
Transição,
que
apresentam subdivisões chamadas de escolas literárias
empresa de turismo Soletur e orientado pelo Ibama.
Não é preciso, lido o anúncio, dizer por que o
escolhemos. A intertextualidade é evidente, pois a
ou estilos de época. Dessa forma, temos:
referência ao poema de Drummond é óbvia!
Intertextualidade é a relação que se estabelece entre
dois textos, quando um deles faz referência a elementos
 Quinhentismo (de 1500 a 1601)
Era Colonial
(de 1500 a 1808)
existentes no outro. Esses elementos podem dizer
respeito ao conteúdo, à forma, ou mesmo à forma e ao
conteúdo.
 Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a 1768)
 Setecentismo ou Arcadismo (de 1768 a 1808)
Período
de Transição
(de 1808 a 1836)
 Romantismo (de 1836 a 1881)
 A propaganda
vale-se do recurso
da intertextualidade
 Realismo/Naturalismo (de 1881 a 1893)
Era Nacional
(de 1836 até
nossos dias)
para indicar a poluição
das praias. O trecho
intertextual é: “No
meio do caminho
tinha uma pedra...”.
No poema, a “pedra
no meio do caminho”
são os obstáculos,
as dificuldades,
os problemas.
A propaganda faz
uso do termo em
seu sentido literal
(rocha). Isso pode ser
percebido pela
enumeração das outras
“coisas” no meio do
caminho (uma ponta de
cigarro, uma lata, um
saco plástico, cacos de
vidro) que evidenciam a
poluição das praias
pelos banhistas.
 Parnasianismo (de 1882 a 1893)
 Simbolismo (de 1893 a 1902)
 Pré-Modernismo (de 1902 a 1922)
 Modernismo (de 1922 a 1945)
 Pós-Modernismo (de 1945 até nossos dias)
As datas que indicam o início e o fim de cada época
têm de ser entendidas apenas como marcos. Toda época
apresenta um período de ascensão, um ponto máximo e
um período de decadência (que coincide com o período
de ascensão da próxima época). Dessa forma podemos
perceber, ao final do Arcadismo, um período de Pré-Romantismo; ao final do Romantismo, um Pré-Realismo,
e assim por diante. De todos esses momentos de
transição,
caracterizados
pela
quebra
das
velhas
estruturas (apesar de “o novo sempre pagar tributo ao
velho”), o mais significativo para a literatura brasileira foi
o Pré-Modernismo (entre 1902 e 1922), em que se
destacaram Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro
Lobato e Augusto dos Anjos.
Estilo de época
A constatação de traços comuns na produção de uma
 *ATENÇÃO, ESTUDANTE!* 
Para complementar o estudo deste Módulo,
utilize seu LIVRO DIDÁTICO.
mesma época identifica um estilo de época. O estudo da
literatura depende do reconhecimento dos padrões e das
semelhanças que constituem um estilo de época.
________________________________________________
O uso particular que um escritor ou poeta faz dos
*Anotações*
elementos que distinguem uma estética define o estilo
individual de um autor, sempre marcado pelo olhar
específico que dirige aos temas característicos de um
período e pelo uso singular que faz dos recursos de
linguagem associados a uma determinada estética
literária.
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As questões 9 e 10 referem-se ao poema.
Textos para as questões 11 e 12.
A dança e a alma
Texto 1 – Autorretrato
A DANÇA? Não é movimento,
súbito gesto musical.
É concentração, num momento,
da humana graça natural.
Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
No solo não, no éter pairamos,
nele amaríamos ficar.
A dança — não vento nos ramos:
seiva, força, perene estar.
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Um estar entre céu e chão,
novo domínio conquistado,
onde busque nossa paixão
libertar-se por todo lado...
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico* profissional.
Onde a alma possa descrever
suas mais divinas parábolas
sem fugir à forma do ser,
por sobre o mistério das fábulas.
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1983, p. 395.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1964, p. 366.
* tísico: tuberculoso.
.9. (ENEM-MEC)
A definição de dança, em linguagem de dicionário, que
mais se aproxima do que está expresso no poema é
Texto 2 – Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
(A) a mais antiga das artes, servindo como elemento de
comunicação e afirmação do homem em todos os
momentos de sua existência.
(B) a forma de expressão corporal que ultrapassa os
limites físicos, possibilitando ao homem a liberação
de seu espírito.
(C) a manifestação do ser humano, formada por uma
sequência de gestos, passos e movimentos
desconcertados.
(D) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com
ritmo determinado por instrumentos musicais, ruídos,
cantos, emoções, etc.
(E) o movimento diretamente ligado ao psiquismo do
indivíduo
e,
por
consequência,
ao
seu
desenvolvimento intelectual e à sua cultura.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
[...]
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo
mais vasto é o meu coração.
.10. (ENEM-MEC)
ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1964, p. 53.
O poema “A dança e a alma” é construído com base em
contrastes, como “movimento” e “concentração”. Em uma
das estrofes, o termo que estabelece contraste com solo
é
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
.11. (ENEM-MEC)
Esses poemas têm em comum o fato de
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
éter.
seiva.
chão.
paixão.
ser.
111
descreverem aspectos físicos dos próprios autores.
refletirem um sentimento pessimista.
terem a doença como tema.
narrarem a vida dos autores desde o nascimento.
defenderem crenças religiosas.
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escritor pode fazer, numa época de atrocidades e
injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer
luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre
ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos
assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a
despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma
lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou,
em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como
um sinal de que não desertamos nosso posto.
.12. (ENEM-MEC)
No verso “Meu Deus, por que me abandonaste”, do texto
2, Drummond retoma as palavras de Cristo, na cruz,
pouco antes de morrer. Esse recurso de repetir palavras
de outrem equivale a
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
emprego de termos moralizantes.
uso de vício de linguagem pouco tolerado.
repetição desnecessária de ideias.
emprego estilístico da fala de outra pessoa.
uso de uma pergunta sem resposta.
VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I.
Porto Alegre: Editora Globo, 1978.
.13. (ENEM-MEC)
Cidade grande
Nesse texto, por meio da metáfora da lâmpada que
ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma
das funções do escritor e, por extensão, da literatura,
Que beleza, Montes Claros.
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
criar a fantasia.
permitir o sonho.
denunciar o real.
criar o belo.
fugir da náusea.
.15. (ENEM-MEC)
Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos,
ilustrações, inspirados nos fatos noticiados. Veja um
exemplo:
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.
Entre os recursos expressivos empregados no texto,
destaca-se a
(A) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem
referir-se à própria linguagem.
(B) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora
outros textos.
(C) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se
pensa, com intenção crítica.
(D) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em
seu sentido próprio e objetivo.
(E) prosopopeia, que consiste em personificar coisas
inanimadas, atribuindo-lhes vida.
Jornal do Commercio, 22/8/1993.
O texto que se refere a uma situação semelhante à que
inspirou a charge é:
.14. (ENEM-MEC)
Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio
da adolescência que teve influência significativa em sua
carreira de escritor.
(A) Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela
— Foi poeta — sonhou — e amou na vida.
Lembro-me de que certa noite — eu teria uns
quatorze anos, quando muito — encarregaram-me de
segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de
operações, enquanto um médico fazia os primeiros
curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia
Municipal haviam “carneado”. [...] Apesar do horror e da
náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando
assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem
gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta
lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e
salvar essa vida? [...]
Desde que, adulto, comecei a escrever romances,
tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o
AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas. Rio
de Janeiro/Brasília: José Aguilar/INL,1971.
(B) Essa cova em que estás
Com palmos medida,
é a conta menor
que tiraste em vida.
É de bom tamanho,
Nem largo nem fundo,
É a parte que te cabe
deste latifúndio.
MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e outros
poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967.
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(C) Medir é a medida
mede
A terra, medo do homem, a lavra;
lavra
duro campo, muito cerco, vária várzea.
Adélia
Prado
e
Chico
Buarque
estabelecem
intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de
Andrade, por
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas.
São Paulo: Summums, 1978.
(D) Vou contar para vocês
um caso que sucedeu
na Paraíba do Norte
com um homem que se chamava
Pedro João Boa-Morte,
lavrador de Chapadinha:
talvez tenha morte boa
porque vida ele não tinha.
reiteração de imagens.
oposição de ideias.
falta de criatividade.
negação dos versos.
ausência de recursos.
________________________________________________
*Anotações*
GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1983.
(E) Trago-te flores, — restos arrancados
Da terra que nos viu passar
E ora mortos nos deixa e separados.
ASSIS, Machado de. Obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986.
.16. (ENEM-MEC)
Quem não passou pela experiência de estar lendo um
texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros?
Os textos conversam entre si em um diálogo constante.
Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade.
Leia os seguintes textos:
I.
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1964.
II.
Quando nasci veio um anjo safado
O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim.
BUARQUE, Chico. Letra e Música.
São Paulo: Cia. das Letras, 1989.
III.
Quando nasci um anjo esbelto
Desses que tocam trombeta, anunciou:
Vai carregar bandeira.
Carga muito pesada pra mulher
Esta espécie ainda envergonhada.
PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1986.
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Municipal de Engenharia Civil telefonou, informando
ao jornal que a causa do tombo não deveria ser
atribuída ao estado da faixa de pedestres. Além disso,
como o Comitê de Defesa das Faixas para Pedestres
estava prestes a concluir seu relatório, após seis anos
de trabalho, perguntava se seria possível — para
evitar possíveis consequências políticas — não fazer
qualquer alusão a tais passagens nos próximos
meses.
A notícia foi revista e, na manhã seguinte,
apareceu com o seguinte texto: Uma mulher caiu na
*MÓDULO 2*
A interpretação de textos
Introdução
Um dos tópicos mais cobrados nos vestibulares nos
últimos anos é a interpretação de textos, que será o tema
desta seção.
Acho a televisão muito
educativa. Toda vez que alguém
liga a TV, vou para o outro
quarto e leio um livro.
rua e quebrou a perna.
No dia seguinte, os editores receberam apenas
duas cartas a respeito. Uma, indignada, era da
Associação Não Lucrativa dos Direitos das Mulheres,
cuja porta-voz repudiava “vivamente e em definitivo” o
texto discriminatório uma mulher caiu, o qual evocava
uma associação infeliz com “mulheres caídas” e
constituía uma prova de que “mais uma vez, neste
mundo dominado pelo homem, a imagem da mulher
estava sendo manipulada da maneira mais pérfida e
chauvinista!” A carta ameaçava com um processo
judicial, boicote e outras medidas.
A outra reação veio de um leitor que cancelava sua
assinatura, alegando o número cada vez maior de
notícias triviais e sem interesse.
Groucho Marx (1890-1977),
comediante norte-americano
HULTON ARCHIVE / GETTY IMAGES
BRISTOL, Brian. Por que amamos ler? – Grandes escritores tentam
explicar nosso fascínio pela leitura. São Paulo: Novo Conceito, 2008.
Ler um texto não é difícil quando se domina uma
língua, mas compreendê-lo não é tão simples assim.
Cada leitor, de acordo com a sua história de leitura, ou
seja, de acordo com os textos que já tenha lido, sua
vivência no mundo, sua formação cultural etc., terá uma
forma de encarar um texto e de compreendê-lo.
Vejamos um exemplo:
Seleções do Reader's Digest. Tomo XXXVI, n.° 217.
Junho de 1989, p. 109 e 110, apud I. Koch, Coerência
textual. São Paulo, Contexto, 1997.
Não tem jeito mesmo...
Note que, neste caso, o texto foi compreendido de
maneira diferente pelos leitores. Cada um, a partir de sua
visão de mundo e de seu posicionamento neste, chegou
a um sentido diferente para o mesmo texto.
Mas, embora haja, então, a influência do
conhecimento de mundo e do posicionamento dentro
deste na compreensão de um texto, ler com
compreensão também se pode aprender se prestarmos
atenção a alguns pontos, dos quais trataremos nesta
seção. Infelizmente, não é possível esgotar o assunto,
uma vez que mesmo os estudiosos da leitura ainda não
conseguiram determinar todos os tópicos que serão
necessários à aprendizagem da leitura.
“Trinta palavras no máximo; não há espaço para
mais”, disse o chefe da redação ao jornalista. Por isso,
a notícia que apareceu no jornal foi:
Uma mulher escorregou numa casca de banana,
numa faixa de pedestres da Banhofstrasse. Foi
imediatamente transportada para a clínica da
universidade, onde lhe foi diagnosticada uma perna
quebrada.
A primeira reação surgiu imediatamente, numa
carta registrada em que um importador de bananas
escrevia: “Protestamos veementemente contra o
descrédito dado ao nosso produto. Considerando que,
nos últimos meses, vocês publicaram pelo menos 14
comentários negativos sobre os países produtores de
bananas, não podemos deixar de inferir uma intenção
de difamação deliberada de sua parte.”
Por sua vez, o diretor da clínica da universidade
também se pronunciou, alegando que a expressão “foi
transportada” poderia significar “o transporte de seres
humanos como se tratasse de carga”, o que
contrariava totalmente os hábitos de seu hospital.
“Além disso”, salientou, “posso provar que a fratura da
perna resultou da queda e não, como foi sugerido com
intenção malévola, do transporte para o hospital”.
Para finalizar, um membro do Departamento
O conhecimento de mundo e a leitura
O nosso conhecimento de mundo nos permite
relacionar o assunto de um texto com coisas do mundo,
mas também nos permite perceber se a forma de um
texto é igual à de outro, se um texto retoma um outro, se
uma informação foi corretamente apresentada ou não. À
medida que vamos lendo, vamos aprendendo a nos deter
em determinados trechos ou passar mais rápido por
outros, de acordo com o nosso principal objetivo de
leitura, mas também conforme consigamos construir mais
facilmente ou não o sentido do texto.
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Dessa forma, constatamos que o conhecimento de
mundo vai nos ajudar a compreender o texto bem escrito
e até a inferir o significado correto de textos mal escritos.
Assim, se o conhecimento pode ajudar tanto na
compreensão de um texto, o melhor a fazer é procurar
ampliá-lo cada vez mais, lendo muito diferentes tipos de
textos e sobre diferentes assuntos. Além disso, nessas
leituras, é bastante importante prestar atenção ao gênero
de texto e à sua estrutura, aos objetivos do texto e à
linguagem empregada.
Na finalização das duas notícias
encontramos outro ponto de confronto:
“O governo israelense já estuda uma ‘resposta’ aos
terroristas.” (O Estado de S. Paulo)
“O governo israelense, porém, aprovou uma reação
militar.” (Folha de S. Paulo)
Os predicados de ambos os períodos trazem ideias
bem diferentes. Enquanto a Folha afirma a reação militar
por meio do verbo “aprovou”, o jornal O Estado de S.
Paulo diz que o governo israelense estaria pensando
sobre isso, como nos sugere o verbo “estuda”.
Você deve estar se perguntando: se a intenção dos
dois jornais é informar, por que tantas diferenças de
linguagem que levam a diferenças de sentido? Porque
cada jornal é produzido por homens diferentes que têm
visões/conhecimentos de mundo/interesses diferentes
uns dos outros, e isso acaba refletindo na linguagem que
empregam, mesmo quando tentam buscar a neutralidade
e a imparcialidade. Daí a necessidade de estar bem
atento à linguagem para que você perceba não só o
assunto que é tratado em um texto, mas também o modo
como este foi apresentado e consiga, assim, perceber a
intencionalidade que subjaz a cada texto.
Lendo com atenção, veremos que em todos os textos,
quando bem escritos, a linguagem serve — mais do que
para falar de um assunto — para mostrar também como
o autor se relaciona com tal assunto e como imagina
atingir o leitor.
O gênero de texto e a sua estrutura
Conhecer, pelo menos um pouco, o gênero de texto
que se está lendo pode ajudar bastante na sua
compreensão. Afinal, se estamos lendo um editorial de
um jornal e sabemos que este é um gênero de texto em
que se defende a posição do jornal sobre um
determinado tema, constataremos a necessidade de
ficarmos atentos aos pontos de vista e argumentos que
serão apresentados. Mas se estivermos diante de um
trecho de um manual para instalação de videocassete,
teremos outra preocupação; o mesmo ocorrerá se o texto
for um e-mail de um amigo, uma piada, um poema ou um
conto. Note que cada gênero, dada a sua estrutura e o
conjunto de elementos que o compõem, impõe ao leitor
um certo olhar.
A linguagem
Além do gênero de texto, é importante estarmos
atentos também à linguagem empregada em cada texto e
aos efeitos de sentido que ela pode produzir, isto é: em
um bom texto, a escolha das palavras, das construções
sintáticas, do tamanho dos parágrafos etc. costuma
contribuir para expressar o sentido “desejado” pelo autor.
Fica bem visível tal ideia quando comparamos textos
sobre um mesmo assunto publicados por jornais
diferentes. Vejamos dois trechos retirados de notícias
publicadas pela Folha de S. Paulo e pelo O Estado de S.
Paulo a respeito de um atentado ocorrido em Israel e de
seus possíveis autores:
 *ATENÇÃO, ESTUDANTE!* 
Para complementar o estudo deste Módulo,
utilize seu LIVRO DIDÁTICO.
*********** ATIVIDADES ***********
.1. (ENEM-MEC)
Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no
vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas.
O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui,
risonho e habilidoso. Pergunto: — Zé-Zim, por que é que
você não cria galinhas-d’angola, como todo o mundo faz?
— Quero criar nada não... — me deu resposta: — Eu
gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora.
Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou
proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe,
quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra.
[...] Gente melhor do lugar eram todos dessa família
Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos
trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em
território baixio da Sirga, da outra banda, ali onde o de-Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe.
“O grupo islâmico Hamas assumiu o atentado e divulgou
foto e nome do suicida.” (O Estado de S. Paulo)
“O grupo extremista Hamas reivindicou a autoria do
atentado, o pior desde julho.” (Folha de S. Paulo)
Reflita sobre as diferenças de escolha de vocabulário:
“grupo islâmico” X “grupo extremista”; “assumiu o
atentado” X “reivindicou a autoria do atentado”. Estão os
dois jornais falando exatamente a mesma coisa? Parece
que não! Há ainda a informação a mais que cada jornal
trouxe: o jornal O Estado de S. Paulo reforçou a
assunção do atentado pelo grupo ao dizer que ele até
mostrou foto e nome do suicida; enquanto a Folha
qualificou a intensidade do atentado relacionando-o a
anteriores, uma vez que mostrou que este foi “o pior
desde julho”, deixando subentendida a ideia de que antes
houve outros piores.
ROSA, J. G. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1995 (fragmento).
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Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação
decorrente de uma desigualdade social típica das áreas
rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e
pela relação de dependência entre agregados e
fazendeiros. No texto, destaca-se essa relação porque o
personagem-narrador
.3. (ENEM-MEC)
O hipertexto refere-se à escritura eletrônica não
sequencial e não linear, que se bifurca e permite ao leitor
o acesso a um número praticamente ilimitado de outros
textos a partir de escolhas locais e sucessivas, em tempo
real. Assim, o leitor tem condições de definir
interativamente o fluxo de sua leitura a partir de assuntos
tratados no texto sem se prender a uma sequência fixa
ou a tópicos estabelecidos por um autor. Trata-se de uma
forma de estruturação textual que faz do leitor
simultaneamente coautor do texto final. O hipertexto se
caracteriza, pois, como um processo de escritura/leitura
eletrônica
multilinearizado,
multissequencial
e
indeterminado, realizado em um novo espaço de escrita.
Assim, ao permitir vários níveis de tratamento de um
tema, o hipertexto oferece a possibilidade de múltiplos
graus de profundidade simultaneamente, já que não tem
sequência definida, mas liga textos não necessariamente
correlacionados.
(A) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim,
demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus
agregados, uma vez que superou essa condição
graças à sua força de trabalho.
(B) descreve o processo de transformação de um meeiro
— espécie de agregado — em proprietário de terra.
(C) denuncia a falta de compromisso e a desocupação
dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho
da terra.
(D) mostra como a condição material da vida do
sertanejo é dificultada pela sua dupla condição de
homem livre e, ao mesmo tempo, dependente.
(E) mantém o distanciamento narrativo condizente com
sua posição social, de proprietário de terras.
MARCUSCHI, L. A. Disponível em: http://www.pucsp.br.
Acesso em: 29/6/2011.
.2. (ENEM-MEC)
A discussão sobre “o fim do livro de papel” com a
chegada da mídia eletrônica me lembra a discussão
idêntica sobre a obsolescência do folheto de cordel. Os
folhetos talvez não existam mais daqui a 100 ou 200
anos, mas, mesmo que isso aconteça, os poemas de
Leandro Gomes de Barros ou Manuel Camilo dos Santos
continuarão sendo publicados e lidos — em CD-ROM,
em livro eletrônico, em “chips quânticos”, sei lá o quê. O
texto é uma espécie de alma imortal, capaz de
reencarnar em corpos variados: página impressa, livro
em braile, folheto, “coffee-table book”, cópia manuscrita,
arquivo PDF... Qualquer texto pode se reencarnar nesses
(e em outros) formatos, não importa se é Moby Dick ou
Viagem a São Saruê, se é Macbeth ou O livro de piadas
de Casseta & Planeta.
O computador mudou nossa maneira de ler e escrever, e
o hipertexto pode ser considerado como um novo espaço
de escrita e leitura. Definido como um conjunto de blocos
autônomos de texto, apresentado em meio eletrônico
computadorizado e no qual há remissões associando
entre si diversos elementos, o hipertexto
(A) é uma estratégia que, ao possibilitar caminhos
totalmente abertos, desfavorece o leitor, ao confundir
os conceitos cristalizados tradicionalmente.
(B) é uma forma artificial de produção da escrita, que, ao
desviar o foco da leitura, pode ter como
consequência o menosprezo pela escrita tradicional.
(C) exige do leitor um maior grau de conhecimentos
prévios, por isso deve ser evitado pelos estudantes
nas suas pesquisas escolares.
(D) facilita a pesquisa, pois proporciona uma informação
específica, segura e verdadeira, em qualquer site de
busca ou blog oferecidos na internet.
(E) possibilita ao leitor escolher seu próprio percurso de
leitura, sem seguir sequência predeterminada,
constituindo-se em atividade mais coletiva e
colaborativa.
TAVARES, Bráulio. Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com.
Acesso em: 13/2/2011.
Ao refletir sobre a possível extinção do livro impresso e o
surgimento de outros suportes em via eletrônica, o
cronista manifesta seu ponto de vista, defendendo que
(A) o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo,
que será extinto com o avanço da tecnologia.
(B) o livro impresso permanecerá como objeto cultural
veiculador de impressões e de valores culturais.
(C) o surgimento da mídia eletrônica decretou o fim do
prazer de se ler textos em livros e suportes
impressos.
(D) os textos continuarão vivos e passíveis de
reprodução em novas tecnologias, mesmo que os
livros desapareçam.
(E) os livros impressos desaparecerão e, com eles, a
possibilidade de se ler obras literárias dos mais
diversos gêneros.
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*Anotações*
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além da formação de gangues, que se apropriam de
gestos das lutas, resultando, muitas vezes, em
fatalidades. Portanto, o verdadeiro objetivo da
aprendizagem desses movimentos foi mal compreendido,
afinal as lutas
.4. (ENEM-MEC)
(A) se tornaram um esporte, mas eram praticadas com o
objetivo guerreiro a fim de garantir a sobrevivência.
(B) apresentam a possibilidade de desenvolver o
autocontrole, o respeito ao outro e a formação do
caráter.
(C) possuem como objetivo principal a “defesa pessoal”
por meio de golpes agressivos sobre o adversário.
(D) sofreram transformações em seus princípios
filosóficos em razão de sua disseminação pelo
mundo.
(E) se disseminaram pela necessidade de luta pela
sobrevivência ou como filosofia pessoal de vida.
IMODESTO “As colunas do Alvorada podiam ser
mais fáceis de construir, sem aquelas curvas.
Mas foram elas que o mundo inteiro copiou”
Brasília 50 anos. Veja, n.º 2.138, nov. 2009.
Utilizadas desde a Antiguidade, as colunas, elementos
verticais de sustentação, foram sofrendo modificações e
incorporando novos materiais com ampliação de
possibilidades. Ainda que as clássicas colunas gregas
sejam retomadas, notáveis inovações são percebidas,
por exemplo, nas obras de Oscar Niemeyer, arquiteto
brasileiro nascido no Rio de Janeiro em 1907. No
desenho de Niemeyer, das colunas do Palácio da
Alvorada, observa-se
.6. (ENEM-MEC)
O tema da velhice foi objeto de estudo de brilhantes
filósofos ao longo dos tempos. Um dos melhores livros
sobre o assunto foi escrito pelo pensador e orador
romano Cícero: A Arte do Envelhecimento. Cícero nota,
primeiramente, que todas as idades têm seus encantos e
suas dificuldades. E depois aponta para um paradoxo da
humanidade. Todos sonhamos ter uma vida longa, o que
significa viver muitos anos. Quando realizamos a meta,
em vez de celebrar o feito, nos atiramos a um estado de
melancolia e amargura. Ler as palavras de Cícero sobre
envelhecimento pode ajudar a aceitar melhor a
passagem do tempo.
(A) a presença de um capitel muito simples, reforçando a
sustentação.
(B) o traçado simples de amplas linhas curvas opostas,
resultando em formas marcantes.
(C) a disposição simétrica das curvas, conferindo
saliência e distorção à base.
(D) a oposição de curvas em concreto, configurando
certo peso e rebuscamento.
(E) o excesso de linhas curvas, levando a um exagero
na ornamentação.
NOGUEIRA, P. Saúde & Bem-Estar Antienvelhecimento.
Época, 28/4/2008.
O
autor
discute
problemas
relacionados
ao
envelhecimento, apresentando argumentos que levam a
inferir que seu objetivo é
.5. (ENEM-MEC)
Conceitos e importância das lutas
Antes de se tornarem esporte, as lutas ou as artes
marciais tiveram duas conotações principais: eram
praticadas com o objetivo guerreiro ou tinham um apelo
filosófico como concepção de vida bastante significativo.
Atualmente, nos deparamos com a grande expansão
das artes marciais em nível mundial. As raízes orientais
foram se disseminando, ora pela necessidade de luta
pela sobrevivência ou para a “defesa pessoal”, ora pela
possibilidade de ter as artes marciais como própria
filosofia de vida.
(A)
(B)
(C)
(D)
esclarecer que a velhice é inevitável.
contar fatos sobre a arte de envelhecer.
defender a ideia de que a velhice é desagradável.
influenciar o leitor para que lute contra o
envelhecimento.
(E) mostrar às pessoas que é possível aceitar, sem
angústia, o envelhecimento.
________________________________________________
*Anotações*
CARREIRO, E. A. Educação Física na escola: implicações
para a prática pedagógica. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2008 (fragmento).
Um dos problemas da violência que está presente
principalmente nos grandes centros urbanos são as
brigas e os enfrentamentos de torcidas organizadas,
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.7. (UNICAMP-SP)
b) Explique o que respondeu o encarregado.
Considere a tira a seguir:
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
c)
Um dos sentidos de trabalhar é “estar empregado”.
Supondo que o encarregado entendesse a fala do
presidente da empresa nesse sentido e quisesse dar
uma resposta correta, que resposta teria que dar?
Jornal da Tarde, 8/2/2001.
___________________________________________________
Nessa tira, a crítica ao “estrategista militar” não é
explícita. Para compreender a tira, o leitor deve
reconhecer uma alusão a um fato histórico e uma
hipótese sobre transmissão genética.
___________________________________________________
a)
.9. (FUVEST-SP)
___________________________________________________
___________________________________________________
Qual é o fato histórico ao qual a tira faz alusão?
___________________________________________________
Eu te amo
___________________________________________________
Ah, se já perdemos a noção da hora,
Se juntos já jogamos tudo fora,
Me conta agora como hei de partir...
___________________________________________________
b)
Qual é a explicação para as qualidades profissionais
do estrategista?
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios,
Rompi com o mundo, queimei meus navios,
Me diz pra onde é que inda posso ir...
[...]
Se entornaste a nossa sorte pelo chão,
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu...
[...]
Como, se nos amamos como dois pagãos,
Teus seios inda estão nas minhas mãos,
Me explica com que cara eu vou sair...
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
c)
Explicite o raciocínio da personagem que critica o
estrategista.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
Não, acho que estás só fazendo de conta,
Te dei meus olhos pra tomares conta,
Agora conta como hei de partir...
.8. (UNICAMP-SP)
Uma das últimas edições do jornal Visão de Barão
Geraldo trazia em sua seção “Sorria” esta anedota:
(Tom Jobim e Chico Buarque)
“No meio de uma visita de rotina, o presidente
daquela enorme empresa chega ao setor de produção e
pergunta ao encarregado:
— Quantos funcionários trabalham neste setor?
Depois de pensar por alguns segundos, o encarregado
responde:
— Mais ou menos a metade!”
a)
O sentimento de perplexidade expresso nas frases “como
hei de partir”, “pra onde é que inda posso ir” e “com que
cara eu vou sair” deve-se ao fato de que a relação
amorosa do sujeito:
(A) foi marcada por sucessivos desencontros, em virtude
da intensidade da paixão.
(B) constituiu uma radical experiência de fusão com o
outro, da qual não vê como sair.
(C) provocou a subordinação emocional da pessoa
amada, de quem ele já não pode se livrar.
(D) ameaça jamais desfazer-se, agravando-se assim
uma interdependência destrutiva.
(E) está-se esgotando, sem que os amantes saibam o
que fazer para reacender a paixão.
Explique o que quis perguntar o presidente da
empresa.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
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a) Alguém que nunca tivesse ouvido falar de marca-passo poderia dar uma definição desse instrumento
lendo este texto. Qual é essa definição?
Texto para as questões 10 e 11.
— Mandaram ler este livro...
Se o tal do livro for fraquinho, o desprazer pode
significar um precipitado mas decisivo adeus à literatura;
se for estimulante, outros virão sem o peso da obrigação.
As experiências com que o leitor se identifica não são
necessariamente as mais familiares, mas as que
mostram o quanto é vivo um repertório de novas
questões. Uma leitura proveitosa leva à convicção de que
as palavras podem
constituir um movimento
profundamente revelador do próximo, do mundo, de nós
mesmos. Tal convicção faz caminhar para uma outra,
mais ampla, que um antigo pensador romano assim
formulou: Nada do que é humano me é alheio.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
b) A ocorrência da expressão “a técnica”, no final do
texto, indica que ela foi explicada anteriormente. Em
que consiste essa técnica?
___________________________________________________
___________________________________________________
Cláudio Ferraretti, Inédito.
___________________________________________________
.10. (FUVEST-SP)
___________________________________________________
De acordo com o texto, a identificação do leitor com o
que lê ocorre sobretudo quando:
___________________________________________________
(A) ele sabe reconhecer na obra o valor consagrado pela
tradição da crítica literária.
(B) ele já conhece, com alguma intimidade, as
experiências representadas numa obra.
(C) a obra expressa, em fórmulas sintéticas, a sabedoria
dos antigos humanistas.
(D) a obra o introduz num campo de questões cuja
vitalidade ele pode reconhecer.
(E) a obra expressa convicções tão verdadeiras que se
furtam à discussão.
___________________________________________________
.11. (FUVEST-SP)
___________________________________________________
O sentido da frase “Nada do que é humano me é alheio”
é equivalente ao desta outra construção:
___________________________________________________
(A) O que não diz respeito ao Homem não deixa de me
interessar.
(B) Tudo o que se refere ao Homem diz respeito a mim.
(C) Como sou humano, não me alheio a nada.
(D) Para ser humano, mantenho interesse por tudo.
(E) A nada me sinto alheio que não seja humano.
.13. (UNICAMP-SP)
c)
Apesar do nome, o porquinho-da-índia é um roedor.
Sendo assim, há uma forma equivocada de referir-se
a ele no texto. Qual é essa forma e como se explica
sua ocorrência?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
No folheto intitulado “Saúde da mulher – orientações”,
distribuído em consultórios médicos, encontramos estas
informações acerca de um produto que, aqui,
chamaremos “P”:
“A liberdade da mulher pode ficar comprometida
quando surge em sua vida o risco de uma gravidez
indesejada. Para estas situações, ela pode contar com P,
um método de Contracepção de Emergência, ou pós-ato
sexual, capaz de evitar a gestação com grande margem
de segurança. O ginecologista poderá orientá-la sobre o
uso correto desse método. [...] P é um método indolor,
bastante prático e quase sem efeitos colaterais. Deve ser
tomado num período de até 72 horas após o ato sexual
desprotegido, sendo mais efetivo nas primeiras 48 horas.
Age inibindo ou retardando a ovulação e torna o útero um
ambiente impróprio para que o óvulo se implante. Dessa
forma, não pode ser considerado um método abortivo, já
que, quando atua, ainda não houve implantação do óvulo
no útero.”
.12. (UNICAMP-SP)
Marca-passo natural – Uma alternativa menos invasiva
pode substituir o implante do marca-passo eletrônico [...].
Cientistas do Hospital John Hopkins, nos EUA,
conseguiram converter células cardíacas de porquinhos-da-índia em células especializadas, que atuam como um
marca-passo, controlando o ritmo dos batimentos
cardíacos. No experimento, o coração dos suínos
recuperou a regularidade dos movimentos. A expectativa
é de que em alguns anos seja possível testar a técnica
em humanos.
lstoÉ, n.º 1720, 18/9/2002.
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_________________________________________________________________________________________________________________________
a) A posição assumida no texto baseia-se em uma
distinção entre (medicamento) contraceptivo e
(medicamento) abortivo. Explique o que vem a ser
aborto para os fabricantes de P.
simpatia s.f. 1. afinidade moral, similitude no sentir e no
pensar que aproxima duas ou mais pessoas. [...] – 3.
impressão agradável, disposição favorável que se
experimenta em relação a alguém que pouco se
conhece. [...] – 6. atração por uma coisa ou uma ideia.
[...] – 9. Brasileirismo: usada como interlocutório pessoal
(— Qual o seu nome, simpatia?). – 10. “Brasileirismo”:
ação (observação de algum ritual, uso de um
determinado objeto etc.) praticada supersticiosamente
com finalidade de conseguir algo que se deseja.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
a)
___________________________________________________
b) Com base no trecho transcrito, pode-se dizer que o
folheto toma posição numa polêmica que tem um
aspecto ético-religioso e um aspecto científico. Qual
é a questão ético-religiosa da polêmica? Qual é a
questão científica?
Dentre as definições do dicionário Houaiss
mencionadas, qual é a mais próxima do sentido da
palavra “simpatia” no texto?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
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___________________________________________________
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___________________________________________________
___________________________________________________
b)
___________________________________________________
___________________________________________________
Há no texto duas ocorrências de “desvendar”, sendo
que uma delas não coincide com o uso-padrão desse
termo. Qual é? Por quê?
___________________________________________________
.14. (UNICAMP-SP)
___________________________________________________
Leia atentamente o folheto (distribuído nos pontos de
ônibus e feiras de Campinas) e as definições de
“simpatia” extraídas do Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa.
___________________________________________________
___________________________________________________
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___________________________________________________
CENTRO ESPÍRITA VOVÓ MARIA CONGA
___________________________________________________
Mãe Maria
Ensina qualquer tipo de simpatia, pois com uma única
consulta, ela desvendará todos os mistérios que lhe
atormenta: casos amorosos, financeiros, prosperidade
em seu trabalho, vícios, doenças, impotência sexual,
problemas de família e perseguições. Desvendará
qualquer que for o problema. Não perca mais tempo,
faça hoje mesmo uma consulta com MÃE MARIA, pelos
BÚZIOS – CARTAS E TAROT.
c)
Independentemente
do
título,
algumas
características da segunda parte do texto são de
uma oração ou prece ou reza. Quais são essas
características?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
ORAÇÃO HEI DE VENCER
___________________________________________________
Traga sempre consigo esta oração.
___________________________________________________
Bendito seja a luz do dia, Bendito seja quem o guia,
Bendito seja o filho de Deus e de Virgem Maria, assim
como Deus separou a noite do dia, separe minha alma
de má companhia e meu corpo da feitiçaria. Pelo poder
de Deus e da Virgem Maria.
___________________________________________________
___________________________________________________
*Anotações*
ATENDIMENTO TODOS OS DIAS
DAS 9:00 ÀS 20:00 HS
Fone: (019) 3387-2554
Rua Dr. Lúcio Peixoto, 330 – Chapadão – Campinas-SP
120
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Principais autores e obras
Literatura brasileira
Quinhentismo (1500-1601)
Marco inicial
Carta a El-Rei D. Manuel, de Pero Vaz de Caminha.

Pero Vaz de Caminha — Carta a El-Rei D. Manuel

Pero Lopes de Sousa — Diário de Navegação

Pero de Magalhães Gândavo — Tratado da Terra do
Brasil; História da Província de Santa Cruz, a que
Vulgarmente Chamamos Brasil
Panorama histórico
Gabriel Soares de Sousa — Tratado Descritivo do

Este primeiro século da história do Brasil, de 1500 a
1601, ainda não pode ser considerado como uma
verdadeira literatura. Os textos são informações que
viajantes e missionários europeus colheram sobre nossa
terra. Quanto ao estilo, não passa de uma manifestação
da literatura portuguesa no Brasil. Quanto ao aspecto
ideológico, nota-se que os escritores tinham uma visão
aportuguesada da nossa realidade, então, registravam
curiosidades da terra recém-descoberta. Os escritos
apresentam uma visão ufanista dos valores da terra, que
serviam de incentivo à imigração e aos investimentos da
Metrópole na Colônia.
Brasil
Ambrósio Fernandes Brandão — Diálogos das

Grandezas do Brasil
Padre José de Anchieta — Poesias de José de
Anchieta; Na Festa de São Lourenço; Na Festa de
Natal; Na Visitação de Santa Isabel; Arte de
Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil;

Cartas, Informações,
Sermões
Fragmentos
e
 Fique ligado! Pesquise! 

Assistir: aos filmes Como era gostoso o meu
francês; 1492, a conquista do paraíso; Cristóvão
Colombo e Dança com lobos; compare a visão
sobre o índio apresentada nesses filmes com
aquela presente nos filmes que tratam do trabalho
da cavalaria no Oeste americano.

Pesquisar: sobre as relações da literatura do século
XVI com o movimento Pau-Brasil, de Oswald de
Andrade, e com o Tropicalismo (século XX).

Ouvir: a música Tropicália, de Caetano Veloso, que
se encontra no disco Tropicália ou Panis et circensis
(1968), prestando atenção na parte inicial, falada.
 *ATENÇÃO, ESTUDANTE!* 
Para complementar o estudo deste Módulo,
utilize seu LIVRO DIDÁTICO.
 Detalhe de Brasil, mapa de Giovanni Battista Ramusio, 1557 (Cid
Collection – Instituto Cultural Banco Santos)
Verifica-se que os textos encontrados variam de
acordo com os interesses da Coroa portuguesa: alguns
são meramente informativos, outros são tipicamente
propagandísticos, e existem aqueles que são de caráter
catequético. Todos eles, porém, têm como assunto
básico a terra do Brasil, sua flora e fauna, seus
habitantes e curiosidades locais e culturais.
Nos períodos literários nacionalistas, Romantismo e
Modernismo, os autores costumavam recuperar os textos
quinhentistas e reaproveitar as informações neles
contidas. Os românticos exaltavam ingenuamente e os
modernistas analisavam criticamente a colonização.
*********** ATIVIDADES ***********
.1. (ENEM-MEC)
Quando os portugueses se instalaram no Brasil, o
país era povoado de índios. Importaram, depois, da
África, grande número de escravos. O Português, o Índio
e o Negro constituem, durante o período colonial, as três
bases da população brasileira. Mas no que se refere à
cultura, a contribuição do Português foi de longe a mais
notada.
Durante muito tempo o português e o tupi viveram
lado a lado como línguas de comunicação. Era o tupi que
utilizavam os bandeirantes nas suas expedições. Em
1694, dizia o Padre Antônio Vieira que “as famílias dos
portugueses e índios em São Paulo estão tão ligadas
“E depois de acabada a missa, [...] muitos deles [os índios]
se levantaram e começaram a tocar corno ou buzina,
saltando e dançando por um bom tempo.”
(Carta de Caminha)
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Históricos
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hoje umas com as outras, que as mulheres e os filhos se
criam mística e domesticamente, e a língua que nas ditas
famílias se fala é a dos Índios, e a portuguesa a vão os
meninos aprender à escola”.
Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e
o trecho do texto de Caminha, conclui-se que
(A) ambos se identificam pelas características estéticas
marcantes, como tristeza e melancolia, do
movimento romântico das artes plásticas.
(B) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto,
representando-o de maneira realista, ao passo que o
texto é apenas fantasioso.
(C) a pintura e o texto têm uma característica em
comum, que é representar o habitante das terras que
sofreriam processo colonizador.
(D) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a
cultura europeia e a cultura indígena.
(E) há forte direcionamento religioso no texto e na
pintura, uma vez que o índio representado é objeto
da catequização jesuítica.
TEYSSIER, P. História da língua portuguesa. Lisboa:
Livraria Sá da Costa, 1984 (adaptado).
A identidade de uma nação está diretamente ligada à
cultura de seu povo. O texto mostra que, no período
colonial brasileiro, o Português, o Índio e o Negro
formaram a base da população e que o patrimônio
linguístico brasileiro é resultado da
(A) contribuição dos índios na escolarização dos
brasileiros.
(B) diferença entre as línguas dos colonizadores e as
dos indígenas.
(C) importância do Padre Antônio Vieira para a literatura
de língua portuguesa.
(D) origem das diferenças entre a língua portuguesa e as
línguas tupi.
(E) interação pacífica no uso da língua portuguesa e da
língua tupi.
.3. (ENEM-MEC)
No Brasil colonial, os portugueses procuravam ocupar
e explorar os territórios descobertos, nos quais viviam
índios, que eles queriam cristianizar e usar como força de
trabalho. Os missionários aprendiam os idiomas dos
nativos para catequizá-los nas suas próprias línguas. Ao
longo do tempo, as línguas se influenciaram. O resultado
desse processo foi a formação de uma língua geral,
desdobrada em duas variedades: o abanheenga, ao sul,
e o nheengatu, ao norte. Quase todos se comunicavam
na língua geral, sendo poucos aqueles que falavam
apenas o português.
.2. (ENEM-MEC)
De acordo com o texto, a língua geral formou-se e
consolidou-se no contexto histórico do Brasil-Colônia.
Portanto, a formação desse idioma e suas variedades
foram condicionadas
(A) pelo interesse dos indígenas em aprender a religião
dos portugueses.
(B) pelo interesse dos portugueses em aprimorar o saber
linguístico dos índios.
(C) pela percepção dos indígenas de que as suas
línguas precisavam aperfeiçoar-se.
(D) pelo interesse unilateral dos indígenas em aprender
uma nova língua com os portugueses.
(E) pela distribuição espacial das línguas indígenas, que
era anterior à chegada dos portugueses.
________________________________________________
ECKHOUT, A. Índio Tapuia (1610-1666). Disponível em:
http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 9/7/2009.
*Anotações*
A feição deles é serem pardos, maneira
d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem
feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem
estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas
vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência
como têm em mostrar o rosto.
CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.
Acesso em: 12/8/2009.
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.4. (MACKENZIE-SP)
A
produção
literária
do
Quinhentismo
I.
O olhar do viajante europeu é contaminado pelo
imaginário construído a partir de textos da
Antiguidade e por relatos produzidos no contexto
cultural europeu.
II.
Os artistas viajantes produziram imagens
precisas e detalhadas que apresentam com
exatidão a realidade geográfica do Brasil.
III.
Nas
representações
feitas
por
artistas
estrangeiros coexistem elementos simbólicos e
mitológicos oriundos do imaginário europeu e
elementos advindos da observação da natureza
e das coisas que o artista tinha diante de seus
olhos.
IV.
A imagem de Debret registra uma cena cotidiana
e revela a capacidade do artista em documentar
os costumes e a realidade do indígena brasileiro.
brasileiro
caracterizou-se pela preocupação com:
(A) a descrição da terra recém-descoberta e a educação
dos nativos e colonos.
(B) a
denúncia
de
desmandos
dos
governantes
portugueses e a salvação da alma.
(C) a
defesa
dos
indígenas
escravizados
pelo
colonizador e o elogio da vida bucólica.
(D) a recusa de modelos culturais europeus e a pesquisa
do “caráter nacional”.
(E) o combate a formas poéticas decadentes e a
valorização dos sentimentos.
.5. (INEP-MEC)
A exuberância da natureza brasileira impressionou
artistas e viajantes europeus nos séculos XVI e XVII. Leia
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas
corretas.
o texto e observe a imagem a seguir:
(A) I e II.
(B) I e III.
[...] A América foi para os viajantes, evangelizadores e
filósofos uma construção imaginária e simbólica. Diante
da
absoluta
novidade,
como
explicá-la?
Como
(C) II e IV.
(D) I, III e IV.
(E) II, III e IV.
.6. (INEP-MEC)
compreendê-la? Como ter acesso ao seu sentido?
[...] Certa ocasião ouvimos, quase à meia-noite, gritos
de mulher [...] acudimos imediatamente e verificamos que
se tratava apenas de uma mulher em hora do parto. O
pai recebeu a criança nos braços, depois de cortar com
os dentes o cordão umbilical e amarrá-lo. Em seguida,
continuando no seu ofício de parteiro, enxugou com o
polegar o nariz do filho, como é de praxe entre os
selvagens do país. Note-se que nossas parteiras, ao
contrário, apertam o nariz aos recém-nascidos para dar
maior beleza, afilando-o.
Colombo, Vespúcio, Pero Vaz de Caminha, Las Casas,
dispunham de um único instrumento para aproximar-se
do Mundo Novo: os livros. [...] O Novo Mundo já existia,
não como realidade geográfica e cultural, mas como
texto, e os que para aqui vieram ou os que sobre aqui
escreveram não cessam de conferir a exatidão dos
antigos textos e o que aqui se encontra.
CHAUÍ, M. apud FRANZ, T. S. Educação para uma compreensão
crítica da arte. Florianópolis: Letras Contemporâneas
Oficina Editorial, 2003, p. 95.
LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil, 1578. In: AMADO,
Janaína; GARClAS, Leônidas Franco. Navegar é
preciso – descobrimentos marítimos europeus.
São Paulo: Atual, 1989, p. 46-7.
A descrição do viajante francês no final do século XVI
sobre os habitantes nativos das terras portuguesas na
América nos possibilita identificar no texto:
(A) a absorção das práticas médicas das populações
nativas pelos europeus.
(B) a violência do colonizador em relação às práticas
higienizadoras dos nativos considerados bárbaros.
(C) o choque do europeu em relação às práticas
indígenas, denotando o confronto entre as duas
culturas.
(D) a aceitação do método adotado pelos indígenas, no
parto, considerado superior à prática médica
europeia.
(E) a surpresa das populações nativas diante do espanto
dos europeus em relação às práticas de pajelança.
 MUSEUS CASTRO MAIA
DEBRET, J. B. Tribo Guaicuru em busca de novas pastagens, 1834-1839.
Com base no texto e na imagem, é correto afirmar:
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.7. (PSC/UFAM-AM)
.9. (INEP-MEC)
Caracterizam a literatura dos viajantes as afirmativas
abaixo, exceto:
Esta gentilidade nenhuma cousa adora, nem conhece
a Deus; somente aos trovões chama TUPANE, que é
como quem diz “cousa divina”. E assim nós não temos
outro vocábulo mais conveniente para os trazer ao
conhecimento de Deus, que chamar-lhe PAI TUPANE.
(A) Os escritos dos viajantes refletem a visão, os
conceitos e os interesses dos europeus em relação
às terras do além-mar.
(B) Observa-se a necessidade de informar a Coroa
portuguesa sobre as potencialidades econômicas da
nova terra.
(C) O conjunto do registro dos viajantes tem, sobretudo,
valor documental e histórico.
(D) As crônicas dos viajantes surgiram como o
desdobramento de um processo de mudanças
estruturais na Europa.
(E) Havia, por parte dos cronistas, uma preocupação
estética, um apuro literário formal.
(Manuel da Nóbrega)
No texto,
(A) o missionário apresenta as razões de sua
condenação às atitudes profanas entre os gentios,
que busca catequizar.
(B) explicita-se a predominância da função fática, pois o
emissor tematiza a busca da melhor palavra para
designar a divindade.
(C) o emissor nega o sentimento de veneração entre os
gentios, mas se apropria de uma manifestação
linguística deles por reconhecer nela traços de
sacralidade.
(D) o autor revela sua estratégia de missionário: tenta
influenciar a prática religiosa dos nativos pelo
descrédito que passa a atribuir à palavra Tupane.
(E) o religioso informa sobre as práticas dos nativos e
defende a urgência de a metrópole adotar medidas
para a alfabetização dos gentios.
.8. (INEP-MEC)
José de Anchieta, o “Apóstolo do Brasil”, trouxe em
sua bagagem, vindo das Canárias, onde nasceu, mais do
que seu pendor poético. Vinha ele com mais meia dúzia
de bravos com a espantosa missão de converter e
educar os índios, que a seus olhos e dos outros, a
princípio, não reconheciam qualquer cultura.
________________________________________________
DELACY, M. Introdução ao teatro. Petrópolis: Vozes, 2003.
*Anotações*
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a prática
de catequização de José de Anchieta, considere as
afirmativas a seguir:
I.
Para catequizar, Anchieta valeu-se de sua
criatividade, usando cocares coloridos, pintura
corporal e outros adereços que os indígenas lhe
mostravam.
II.
Com a missão de levar Jesus àqueles “bugres e
incultos”, Anchieta se afastou de suas próprias
crenças convertendo-se à religião daquele povo.
III.
Com a finalidade de catequizar, Anchieta
começou a escrever autos, baseados nos autos
medievais, nas obras de Gil Vicente e em
encenações espanholas.
IV.
Para implantar a fé como lhe foi ordenado,
Anchieta representava os autos na língua pátria
de Portugal.
Estão corretas apenas as afirmativas:
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
I e III.
I e IV.
II e IV.
I, II e III.
II, III e IV.
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*MÓDULO 3*

Histórias em quadrinhos: utilizam, geralmente, um
tipo de discurso direto que é apresentado dentro de
balõezinhos. Sua principal característica é o uso da
linguagem verbal (palavras) e da não verbal
(ilustração).

Charge: faz uso de linguagem não verbal (caricatura)
e, na maioria das vezes, também da verbal. Costuma
satirizar algum fato em evidência com uma ou mais
personagens envolvidas.

Classificado: gênero de texto vinculado ao universo
jornalístico, em que indivíduos ou empresas
oferecem um produto ou um serviço. É escrito de
forma breve e concisa, apresentando alguns
elementos básicos do produto ou serviço que
possam interessar ao leitor.
Gêneros textuais – Conceito e organização
Um para cada ocasião
Os gêneros textuais são praticamente infinitos.
Escolhemos qual deles usar conforme o momento, a
situação e a intenção da comunicação.
Você sabia que, ao ler o horóscopo do jornal ou
escrever um scrap (recado) para algum amigo no site de
relacionamentos Orkut, você está exercendo sua
capacidade de compreender e aplicar diferentes formas
de expressão textual? Sem perceber, você transita de um
gênero de texto para outro o tempo inteiro. Usamos a
expressão
gênero
textual
como
uma
noção
propositalmente vaga para nos referir aos textos
materializados que encontramos em nossa vida diária e
que apresentam características sociocomunicativas
definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e
composição característica.
Observe o texto reproduzido abaixo. Sobre ele, você
diria que se trata de um anúncio, parte de uma
campanha publicitária cujo objetivo é estimular os
estabelecimentos de saúde a notificarem casos de
violência contra crianças, mulheres e idosos. Ele é um
exemplo de que, para nos comunicarmos, utilizamos
determinados gêneros textuais, de acordo com a
intenção comunicativa, o momento e a situação em que
ocorre essa comunicação. Temos, assim, uma forma-padrão de estruturação do texto. No dia a dia,
reconhecemos e utilizamos cada um desses padrões e
estruturações, sem pensar em sua existência teórica. O
ENEM, e também diversos vestibulares, avalia com
frequência a capacidade do estudante de reconhecer os
gêneros de texto. Dessa forma, vamos listar aqui alguns
gêneros presentes em nosso cotidiano.
Esses são apenas alguns exemplos de gêneros de
texto. Nos estudos da literatura, temos, por exemplo,
crônicas, contos, prosa etc. Os gêneros textuais
englobam esses e todos os textos produzidos por
usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do
conto, vamos também identificar a carta pessoal, a
conversa telefônica, o e-mail. São muitos os gêneros de
texto que circulam por aí. São as situações que definem
qual utilizar. É importante frisar que o conceito de texto
não se limita à linguagem verbal, ou seja, às palavras. O
texto pode ter várias dimensões, como o texto
cinematográfico, o teatral, o coreográfico (dança e
música) ou o pictórico (pintura). Uma obra de arte ou
uma ilustração, portanto, são formas de expressão
textual, providas de significado.
Alguns exemplos de gêneros textuais que
encontramos no dia a dia: telefonema, sermão, carta
comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem
jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio,
notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de
remédio, lista de compras, cardápio de restaurante,
instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha,
edital de concurso, piada, conversação espontânea,
conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador,
aulas virtuais, e assim por diante.
 O texto
publicitário
costuma se
estruturar em
frases curtas e
em ordem direta.
Também faz uso
de elementos
não verbais para
reforçar sua
mensagem –
como a imagem
utilizada no
anúncio ao lado
Conteúdo, estrutura e estilo
Como se organizam os gêneros textuais
Não importa qual o gênero, todo texto pode ser
analisado sob três características:
 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE/SP
125

O conteúdo temático: refere-se aos traços que
marcam a função social do gênero nas situações de
uso. É o que define para que ele serve, quem são
seus destinatários preferenciais, seu tipo de
conteúdo básico.

A construção composicional (ou estrutura): é como o
gênero se estrutura, como é seu acabamento. Na
estrutura, indicam-se como são as bases, os
alicerces que sustentam o gênero em questão.

O estilo: são as marcas Iinguísticas próprias do
gênero. Alguns usos sintáticos, escolhas lexicais
mais comuns no uso do gênero dado.
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A seguir está reproduzida uma página da revista Veja com resenhas. Vamos analisar a resenha de acordo com suas
características como gênero textual:
Fonte: Veja, 18/4/2012, p. 164.
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1.




2.



3.



Conteúdo temático:
Constrói-se baseada em outra obra.
Sintetiza informações consideradas relevantes
dentro da obra resenhada.
É uma análise dos principais pontos (ideias ou
acontecimentos) da obra resenhada.
Há um posicionamento crítico diante da obra ou de
um tema relacionado, baseado em critérios como:
composição interna (coerência e consistência de
suas ideias), relevância (ou não) dentro do universo
de referências em que se insere etc.
*********** ATIVIDADES ***********
Textos para as questões de 1 a 3.
Entre a vitória e a crise
Barack Obama, o primeiro presidente negro dos
Estados Unidos, assumiu prometendo mudanças
e herdou o maior déficit fiscal em seis décadas
No início de janeiro de 2009, poucas semanas antes
de assumir o posto de presidente dos Estados Unidos,
Barack Obama, filho de um queniano negro e de uma
norte-americana branca, falou ao comando editorial do
jornal The Washington Post sobre o significado de os
Estados Unidos terem seu primeiro presidente negro: “Há
uma geração inteira que vai crescer achando normal que
o posto mais elevado do planeta seja ocupado por um
afro-americano”, declarou. “É algo radical. Muda como as
crianças negras olham para elas mesmas e muda
também como as crianças brancas olham para as
crianças negras. E eu não subestimaria a força disso.”
A véspera da posse, 20 de janeiro, foi marcada por
eventos do chamado Dia de Martin Luther King (1929-1968), feriado nacional que homenageia o ativista
político que se tornou um ícone da luta pelos direitos civis
de negros e mulheres. “Amanhã [referindo-se ao dia da
posse], vamos nos unir como uma só pessoa no mesmo
local em que o sonho de Dr. King ainda ecoa”, disse
Estrutura:
Apresenta dados da obra resenhada em forma de
ficha técnica.
Não há, normalmente, uma tese definida.
Há informações extraídas da obra resenhada (ou de
outras obras semelhantes) e comentários analíticos
sobre
ela,
baseados
em
exemplificação,
contextualização histórica, importância do autor ou
da obra em seu universo de referências etc.
Estilo:
Uso preferencial da terceira pessoa.
Uso preferencial de orações em ordem direta.
Uso preferencial de períodos e parágrafos curtos.
Abordar criticamente um texto consiste em opinar
sobre ele, apresentando problemas e qualidades que o
autor da resenha julga importante destacar para o leitor.
Portanto,
a
abordagem
crítica
não
significa,
necessariamente, um levantamento dos problemas
detectados no objeto do texto. Pode constituir-se também
no destaque de certas qualidades. Em resumo: a
resenha é a apresentação de um texto resultante da
apreciação crítica por parte do autor.
Obama, numa alusão ao discurso “Eu Tenho um Sonho”,
sobre o desejo de coexistência harmoniosa entre brancos
e negros, feito por Luther King em Washington, em 1963.
Sonhos à parte, Obama assumiu a Casa Branca como
o presidente em um momento em que o país registra a
maior dívida em sua história recente. Herdou um rombo
orçamentário estimado em 1,2 trilhão de dólares para
2009, o maior desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A
carranca da crise surge, inevitavelmente, por trás do
clima festivo.
Os sinais de desequilíbrio não param de aparecer.
Pouco antes da posse, a crise projetou-se sobre o
Citigroup e o Bank of America, o maior banco americano,
que pediu ao governo um socorro financeiro de 20
bilhões de dólares. “As dificuldades de Obama são muito
mais profundas e mais globais”, escreveu o colunista
Martin Wolf, em artigo no jornal inglês Financial Times
que teve repercussão entre economistas.
Tipos de texto
Atenção: não confunda gêneros textuais com tipos de
texto. Os gêneros textuais são organizados com base
em vários tipos de texto (descrição, narração,
dissertação, exposição, injunção — que serão
detalhados ao longo do curso). Assim, um tipo textual
pode aparecer em qualquer gênero textual, da mesma
forma que um único gênero pode conter mais de um
tipo textual. Uma carta, por exemplo, pode ter
passagens narrativas e descritivas. Outro exemplo:
um conto de fadas e uma piada são gêneros textuais
diferentes, mas ambos são textos narrativos.
Como primeiro negro a presidir os Estados Unidos, a
posse de Obama é o coroamento de uma jornada
histórica. A dúvida é saber se seu governo marcará uma
nova era, aprumando os EUA para manterem seu status
de potência dominante do século 21, ou se será o
começo do fim de uma supremacia que moldou o planeta
tal como conhecemos hoje.
 *ATENÇÃO, ESTUDANTE!* 
Para complementar o estudo deste Módulo,
utilize seu LIVRO DIDÁTICO.
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.2. (AED-SP)
Carta de leitor
Em uma sociedade letrada como a nossa, são
construídos textos diversos que variam de acordo com as
necessidades cotidianas de comunicação. Assim, para
utilizar-se de algum gênero textual, é preciso que
conheçamos seus elementos. Tendo em mente a carta
de leitor apresentada, pode-se afirmar que ela é um
gênero textual que
Obama terá grandes desafios pela frente, ainda mais
com a herança que Bush deixou. Chama a atenção
dos americanos ao ser sincero quanto às dificuldades
que seu governo enfrentará. Agora, só nos resta
esperar os impactos da nova hegemonia ou da queda
americana.
Lígia Paiva, Araguari, MG.
(A) apresenta sua estrutura por parágrafos, organizados
pela tipologia da ordem da injunção (comando) e
estilo de linguagem com alto grau de formalidade.
(B) se inscreve em uma categoria cujo objetivo é o de
descrever os assuntos e temas que circularam nos
jornais e revistas do país semanalmente.
(C) se organiza por uma estrutura bastante flexível, em
que o locutor encaminha a ampliação dos temas
tratados para o veículo de comunicação.
(D) se organiza em torno de um tema, de um estilo e em
forma de paragrafação, representando, em conjunto,
as ideias e opiniões de locutores que interagem
diretamente com o veículo de comunicação.
(E) se constitui por um estilo caracterizado pelo uso da
variedade não padrão da língua e tema construído
por fatos políticos.
Veja, 28/1/2009.
.3. (AED-SP)
O Estado de S. Paulo, 31/1/2009.
Observando a charge, é possível afirmar que seu autor
(A) demonstrou conhecimento insuficiente de fatos ou
personagens relevantes na história recente dos
Estados Unidos.
(B) expressou graficamente sua visão sobre o novo
contexto político e econômico norte-americano por
meio do humor e da sátira.
(C) optou por um gênero textual caracterizado pelo
caráter burlesco e pela total carência de conteúdo
crítico.
(D) priorizou a qualidade da ilustração e o aspecto
estético, deixando a criticidade e a abordagem de
temas em evidência em segundo plano.
(E) usou um dos personagens retratados para revelar
sua crença na solidez da atual conjuntura econômica
norte-americana.
.1. (AED-SP)
Embora tratem do mesmo tema, a reportagem, a carta de
leitor e a charge acima representam diferentes gêneros
de texto. Com base na leitura dos textos, indique, para
cada gênero representado, uma característica que
permita diferenciá-lo dos demais.
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Textos para as questões de 4 a 6.
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Instruções dos medicamentos devem
facilitar a leitura e a compreensão
___________________________________________________
Em setembro de 2009, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que todos os
laboratórios passassem a fornecer bulas de remédio com
letras maiores do que o tamanho atual nas caixas dos
medicamentos. O objetivo da resolução foi facilitar a
leitura pelos pacientes e obrigar as empresas a dar
informações
mais
claras
sobre
quantidade,
características, composição e apresentação dos
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medicamentos. Segundo as novas orientações, a bula do
paciente deve ser organizada em formato de perguntas e
respostas às principais dúvidas sobre o remédio, como
as indicações e contraindicações. A seguir, um modelo
do novo tipo de bula:
Medicamento Anvisa®
Paracetamol
.6. (AED-SP)
Com base nas novas orientações da Anvisa para a
formulação das bulas de remédio, pode-se dizer que
(A) somente as pessoas que possuem vasto
conhecimento de termos técnicos conseguirão
compreender as informações presentes nesse
gênero de texto.
(B) as dificuldades para ler a bula do remédio receitado
pelo médico podem diminuir sensivelmente.
(C) a bula de remédio sempre foi um gênero de texto
conhecido por ser de fácil leitura e compreensão
para todos os leitores, tanto no âmbito linguístico,
quanto no material e no de conteúdo.
(D) as informações, que antes eram expostas de forma
clara neste gênero de texto, serão fornecidas de
forma mais confusa e menos compreensível.
(E) todas as alternativas anteriores estão corretas.
.
.
APRESENTAÇÕES
Comprimidos revestidos de:
- 500 mg em embalagem com 20 ou 200 comprimidos
- 750 mg em embalagens de 20 ou 200 comprimidos
USO ORAL
USO ADULTO ACIMA DE 12 ANOS
COMPOSIÇÃO
Medicamento Anvisa® 500 mg
Cada comprimido revestido contém 500 mg de
paracetamol
Excipientes: ácido esteárico, amido pré-gelatinizado,
hipromelose, macrogol e providona
.7. (ENEM-MEC)
Diferentemente do texto escrito, que em geral
compele os leitores a lerem numa onda linear — da
esquerda para a direita e de cima para baixo, na página
impressa —, hipertextos encorajam os leitores a
moverem-se de um bloco de texto a outro, rapidamente e
não sequencialmente. Considerando que o hipertexto
oferece uma multiplicidade de caminhos a seguir,
podendo ainda o leitor incorporar seus caminhos e suas
decisões como novos caminhos, inserindo informações
novas, o leitor-navegador passa a ter um papel mais
ativo e uma oportunidade diferente da de um leitor de
texto impresso. Dificilmente dois leitores de hipertextos
farão os mesmos caminhos e tomarão as mesmas
decisões.
1. PARA QUE ESTE MEDICAMENTO É INDICADO?
Medicamento Anvisa® é indicado para o tratamento de
febre e de dores leves a moderadas, de adultos, tais
como dores associadas a gripes e resfriados comuns,
dor de cabeça, dor de dente, dor nas costas, dores
associadas a artrites e cólicas menstruais.
2. COMO ESTE MEDICAMENTO FUNCIONA?
Medicamento Anvisa® reduz a febre atuando no centro
regulador da temperatura do Sistema Nervoso Central
(SNC) e diminui a sensibilidade para a dor. Seu efeito
tem início 15 a 30 minutos após a administração oral e
permanece por um período de 4 a 6 horas.
Disponível em: http://www.portal.anvisa.gov.br.
Acesso em: 30/6/2010.
MARCUSCHI, L. A. Cognição, linguagem e práticas
interacionais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.
.4. (AED-SP)
No que diz respeito à relação entre o hipertexto e o
conhecimento por ele produzido, o texto apresentado
deixa claro que o hipertexto muda a noção tradicional de
autoria, porque
No exemplo apresentado, o texto caracterizado como
gênero bula de remédio é construído com base em
(A) fatos e dados narrativos sobre medicamentos.
(B) teses defendidas pelo produtor da bula acerca do
uso de medicamentos.
(C) procedimentos relativos ao uso de medicamentos.
(D) crítica sobre o uso de medicamentos.
(E) relatos de especialistas sobre as reações acerca do
uso de medicamentos.
.5. (AED-SP)
é o leitor que constrói a versão final do texto.
o autor detém o controle absoluto do que escreve.
aclara os limites entre o leitor e o autor.
propicia um evento textual-interativo em que apenas
o autor é ativo.
(E) só o autor conhece o que eletronicamente se dispõe
para o leitor.
Assinale, entre as alternativas a seguir, aquela que não
apresenta características do gênero de texto em questão.
*Anotações*
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
(A)
(B)
(C)
(D)
________________________________________________
Prescrições ao usuário.
Descrição das características do produto.
Informações sobre a composição do produto.
Indicações e contraindicações do produto.
Narrações e depoimentos sobre o uso do produto.
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Ao escolher este gênero textual, o produtor do texto
objetivou
.8. (ENEM-MEC)
La Vie en Rose
(A) construir uma apreciação irônica do filme.
(B) evidenciar argumentos contrários ao filme de
Scorcese.
(C) elaborar uma narrativa com descrição de tipos
literários.
(D) apresentar ao leitor um painel da obra e se
posicionar criticamente.
(E) afirmar que o filme transcende o seu objetivo inicial
e, por isso, perde sua qualidade.
.10. (ENEM-MEC)
ITURRUSGARAI, A. La Vie en Rose. Folha de S. Paulo, 11/8/2007.
Os quadrinhos exemplificam que as Histórias em
Quadrinhos constituem um gênero textual
(A) em que a imagem pouco contribui para facilitar a
interpretação da mensagem contida no texto, como
pode ser constatado no primeiro quadrinho.
(B) cuja linguagem se caracteriza por ser rápida e clara,
que facilita a compreensão, como se percebe na fala
do segundo quadrinho: “</DIV> </SPAN> <BR
CLEAR = ALL> < BR> <BR> <SCRIPT>”.
(C) em que o uso de letras com espessuras diversas
está ligado a sentimentos expressos pelos
personagens, como pode ser percebido no último
quadrinho.
(D) que possui em seu texto escrito características
próximas a uma conversação face a face, como pode
ser percebido no segundo quadrinho.
(E) em que a localização casual dos balões nos
quadrinhos expressa com clareza a sucessão
cronológica da história, como pode ser percebido no
segundo quadrinho.
Disponível em: http://www.uol.com.br. Acesso em: 10/5/2009.
Observe a charge, que satiriza o comportamento dos
participantes de uma entrevista coletiva por causa do que
fazem, do que falam e do ambiente em que se
encontram.
Considerando-se os elementos da charge, conclui-se que
ela
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
.9. (ENEM-MEC)
defende, em teoria, o desmatamento.
valoriza a transparência pública.
destaca a atuação dos ambientalistas.
ironiza o comportamento da imprensa.
critica a ineficácia das políticas.
________________________________________________
Em Touro Indomável, que a cinemateca lança nesta
semana nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a
dor maior e a violência verdadeira vêm dos demônios de
La Motta — que fizeram dele tanto um astro no ringue
como um homem fadado à destruição. Dirigida como um
senso vertiginoso do destino de seu personagem, essa
obra-prima de Martin Scorcese é daqueles filmes que
falam à perfeição de seu tema (o boxe) para então
transcendê-lo e tratar do que importa: aquilo que faz dos
seres humanos apenas isso mesmo, humanos e
tremendamente imperfeitos.
*Anotações*
Veja, 18/2/2009 (adaptado).
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cidade, ontem por volta do meio-dia. O homem ainda
tentou apoiar-se no guarda-chuva que trazia, mas
não conseguiu. Aos populares que tentaram socorrê-lo não conseguiu dar qualquer informação.
.11. (ENEM-MEC)
(C) Eu logo vi que podia se tratar de um ataque. Eu
vinha logo atrás. O homem, todo aprumado, de
guarda-chuva no braço e cachimbo na boca, dobrou
a esquina e foi diminuindo o passo até se sentar no
chão da calçada. Algumas pessoas que passavam
pararam para ajudar, mas ele nem conseguia falar.
(D) Vítima
Idade: entre 40 e 45 anos
Sexo: masculino
Cor: branca
Ocorrência: Encontrado desacordado na Rua da
Abolição, quase esquina com Padre Vieira.
Ambulância chamada às 12*h*34*min por homem
desconhecido. A caminho.
Disponível em: http://www.heliorubiales.zip.net. Acesso em: 7/5/2009.
A figura é uma adaptação da bandeira nacional. O uso
dessa imagem no anúncio tem como principal objetivo
(A) mostrar à população que a Mata Atlântica é mais
importante para o país do que a ordem e o
progresso.
(B) criticar a estética da bandeira nacional, que não
reflete com exatidão a essência do país que
representa.
(C) informar à população sobre a alteração que a
bandeira oficial do país sofrerá.
(D) alertar a população para o desmatamento da Mata
Atlântica e fazer um apelo para que as derrubadas
acabem.
(E) incentivar as campanhas ambientalistas e ecológicas
em defesa da Amazônia.
(E) Pronto socorro? Por favor, tem um homem caído na
calçada da rua da Abolição, quase esquina com a
Padre Vieira. Ele parece desmaiado. Tem um grupo
de pessoas em volta dele. Mas parece que ninguém
aqui pode ajudar. Ele precisa de uma ambulância
rápido. Por favor, venham logo!
.13. (ENEM-MEC)
S.O.S Português
Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito
diferente da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto
da língua com base em duas perspectivas. Na primeira
delas, fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o
ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de
que a escrita é mais complexa que a fala, e seu ensino
restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais,
sem a preocupação com situações de uso. Outra
abordagem permite encarar as diferenças como um
produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e
a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta
disso.
.12. (ENEM-MEC)
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço
esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o
passo até parar, encostando-se à parede de uma casa.
Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida
da chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se
não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios,
não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco,
sugeriu que devia sofrer de ataque.
S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano
XXV, n.° 231, abr. 2010 (fragmento adaptado).
TREVISAN, D. Uma vela para Dario. Cemitério de Elefantes.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964 (adaptado).
O assunto tratado no fragmento é relativo à língua
portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a
professores. Entre as características próprias desse tipo
de texto, identificam-se as marcas linguísticas próprias
do uso
No texto, um acontecimento é narrado em linguagem
literária. Esse mesmo fato, se relatado em versão
jornalística, com características de notícia, seria
identificado em:
(A) Aí, amigão, fui diminuindo o passo e tentei me apoiar
no guarda-chuva... mas não deu. Encostei na parede
e fui escorregando. Foi mal, cara! Perdi os sentidos
ali mesmo. Um povo que passava falou comigo e
tentou me socorrer. E eu, ali, estatelado, sem
conseguir falar nada! Cruzes! Que mal!
(A) regional, pela presença de léxico de determinada
região do Brasil.
(B) literário, pela conformidade com as normas da
gramática.
(C) técnico, por meio de expressões próprias de textos
científicos.
(D) coloquial, por meio do registro de informalidade.
(E) oral, por meio do uso de expressões típicas da
oralidade.
(B) O representante comercial Dario Ferreira, 43 anos,
não resistiu e caiu na calçada da Rua da Abolição,
quase esquina com a Padre Vieira, no centro da
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(A) ridicularizar a forma física do possível cliente do
produto anunciado, aconselhando-o a uma busca de
mudanças estéticas.
(B) enfatizar a tendência da sociedade contemporânea
de buscar hábitos alimentares saudáveis, reforçando
tal postura.
(C) criticar o consumo excessivo de produtos
industrializados por parte da população, propondo a
redução desse consumo.
(D) associar o vocábulo “açúcar” à imagem do corpo fora
de forma, sugerindo a substituição desse produto
pelo adoçante.
(E) relacionar a imagem do saco de açúcar a um corpo
humano que não desenvolve atividades físicas,
incentivando a prática esportiva.
.14. (ENEM-MEC)
No capricho
O Adãozinho, meu cumpade, enquanto esperava pelo
delegado, olhava para um quadro, a pintura de uma
senhora. Ao entrar a autoridade e percebendo que o
cabôco admirava tal figura, perguntou: “Que tal? Gosta
desse quadro?”
E o Adãozinho, com toda a sinceridade que Deus dá
ao cabôco da roça: “Mais pelo amor de Deus, hein, dotô!
Que muié feia! Parece fiote de cruis-credo, parente do
deus-me-livre, mais horríver que briga de cego no
escuro.”
Ao que o delegado não teve como deixar de
confessar, um pouco secamente: “É a minha mãe.” E o
cabôco, em cima da bucha, não perde a linha: “Mais
dotô, inté que é uma feiura caprichada.”
.16. (ENEM-MEC)
Prima Julieta
BOLDRIN, R. Almanaque Brasil de Cultura Popular. São Paulo:
Andreato Comunicação e Cultura, n.º 62, 2004 (adaptado).
Prima Julieta irradiava um fascínio singular. Era a
feminilidade em pessoa. Quando a conheci, sendo ainda
garoto e já sensibilíssimo ao charme feminino, teria ela
uns trinta ou trinta e dois anos de idade.
Apenas pelo seu andar percebia-se que era uma
deusa, diz Virgílio de outra mulher. Prima Julieta
caminhava em ritmo lento, agitando a cabeça para trás,
remando os belos braços brancos. A cabeleira loura
incluía reflexos metálicos. Ancas poderosas. Os olhos de
um verde azulado borboleteavam. A voz rouca e ácida,
em dois planos: voz de pessoa da alta sociedade.
Por suas características formais, por sua função e uso, o
texto pertence ao gênero
(A) anedota, pelo enredo e humor característicos.
(B) crônica, pela abordagem literária de fatos do
cotidiano.
(C) depoimento, pela apresentação de experiências
pessoais.
(D) relato, pela descrição minuciosa de fatos verídicos.
(E) reportagem, pelo registro impessoal de situações
reais.
MENDES, M. A idade do serrote. Rio de Janeiro: Sabiá, 1968.
.15. (ENEM-MEC)
Entre os elementos constitutivos dos gêneros,
modo como se organiza a própria composição
tendo-se em vista o objetivo de seu autor:
descrever, argumentar, explicar, instruir. No
reconhece-se uma sequência textual
está o
textual,
narrar,
trecho,
(A) explicativa, em que se expõem informações objetivas
referentes à prima Julieta.
(B) instrucional, em que se ensina o comportamento
feminino, inspirado em prima Julieta.
(C) narrativa, em que se contam fatos que, no decorrer
do tempo, envolvem prima Julieta.
(D) descritiva, em que se constrói a imagem de prima
Julieta a partir do que os sentidos do enunciador
captam.
(E) argumentativa, em que se defende a opinião do
enunciador sobre prima Julieta, buscando-se a
adesão do leitor a essas ideias.
________________________________________________
*Anotações*
Disponível em: http://www.ccsp.com.br. Acesso em: 27/7/2010 (adaptado).
O texto é uma propaganda de um adoçante que tem o
seguinte mote: “Mude sua embalagem”. A estratégia que
o autor utiliza para o convencimento do leitor baseia-se
no emprego de recursos expressivos, verbais e não
verbais, com vistas a
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metaforicamente nos textos: o claro e o escuro; o
belo e o feio; o prazer e o sofrimento; o quente e o
frio.
Literatura brasileira
Barroco (1601-1768)
Marco inicial

Fusionismo: na arte barroca, o artista não se limita a
expor os contrários, porém quer fundi-los, conciliá-los, integrá-los, através de uma linguagem
profundamente metafórica.

Feísmo: trata-se de uma preferência pelos aspectos
cruéis, dolorosos e sangrentos, pelo “belo horrendo”,
pelo espetáculo trágico, deformando as imagens pelo
exagero, a resvalar pelo grotesco.

Pessimismo: vivendo na órbita do medo e da dúvida,
o Barroco manifesta-se por uma visão desencantada
do mundo. A morte é uma constante preocupação,
ao lado da consciência da fugacidade do tempo e da
incerteza e inconstância da vida.

Atitude lúdica: o termo “lúdica” deriva de “ludo”, que
significa “jogo”. Portanto, podemos notar que a arte
barroca nos proporciona um eterno jogo de
contrastes, enredando-nos em verdadeiros labirintos
sintáticos e semânticos que, muitas vezes, levam-nos a um niilismo temático.

Cultismo: também conhecido como “gongorismo” ou
“culteranismo”, designa um processo construtivo que
excede nas utilizações das figuras de linguagem,
causando um rebuscamento formal, uma excessiva
ornamentação estilística ou um preciosismo.
Normalmente, os textos cultistas são extravagantes,
herméticos e, não raro, de gosto duvidoso.

Conceptismo: trata-se de um processo construtivo
também conhecido como “quevedismo”, por causa
do escritor espanhol Quevedo, e que resulta,
finalmente, numa elaboração racional, numa retórica
aprimorada, através de um jogo de conceitos.
Quando analisamos um raciocínio, devemos
perceber se ele foi estruturado em bases
verdadeiras, um silogismo, ou se em bases falsas ou
metafóricas, um sofisma.
Publicação do poema Prosopopeia, de Bento Teixeira.
Panorama histórico
O Barroco brasileiro coincide, historicamente, com a
época da colonização e absorve as influências do ideal
do colono português. Em termos sociais, temos como
centros dessa cultura a Bahia e Pernambuco.
Não podemos falar de período barroco sem falar de
uma cultura gerada por essa fase, resultado de uma
tentativa angustiada de conciliar ideias opostas: o
teocentrismo medieval e o antropocentrismo clássico. O
Barroco, de certo modo, já vinha se manifestando no final
do Renascimento, época em que se iniciam os conflitos.
Além do padre Antônio Vieira, prosador português,
devemos citar a poesia do baiano Gregório de Matos.
Principais autores e obras

Gregório de Matos (1633-1696) — I. Poesia Sacra; II.
Poesia Lírica; III. Poesia Graciosa; IV e V. Poesia
Satírica; VI. Poesia Última
(Nada publicou em vida; a compilação de sua poesia,
a partir de cópias manuscritas, realizou-se entre
1923 e 1933, pela Academia Brasileira de Letras.)

Padre Antônio Vieira (1608-1697) — 500 Cartas; 200
Sermões; História do Futuro; Esperanças de
Portugal, Quinto Império do Mundo; Clavis
 MUSEUS ESTATAIS DE BERLIM
 Amor Victorius, Michelangelo Caravaggio, 1602-03. Óleo sobre tela,
156 x 113 cm
Características barrocas

Dualismo: trata-se de uma atitude que designa o
culto do contraste tão tipicamente barroco. Assim, o
homem sempre estava entre dois aspectos: o
racionalismo mundano e o espiritual teocêntrico.
Essas posturas antagônicas em geral se relacionam
Prophetarum (A Chave das Profecias)

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Bento Teixeira (1560-1618) — Prosopopeia
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.3. (UFPE/UFRPE)
 Fique ligado! Pesquise! 
O estilo barroco — que nos séculos XVII e XVIII se
destacou com a arte de Diogo Velázquez, Rubens,
Caravaggio, entre outros — pode ser considerado como:
Assistir: ao filme Caravaggio, que trata da vida e da
obra de um dos mais importantes pintores do Pré-Barroco.


Pesquisar: sobre a obra de grandes artistas
plásticos
barrocos
e
pré-barrocos,
como
Caravaggio, Tintoretto, Giuseppe Arcimboldo,
Georges de la Tour e Antoon Van Dyck; e também
sobre o genial Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho, arquiteto, pintor e escultor brasileiro,
que deixou significativas obras no Barroco mineiro.
(A) expressão do respeito aos princípios da arte clássica
greco-romana.
(B) imitação dos pintores renascentistas florentinos.
(C) reflexo das concepções estéticas do Antigo Oriente.
(D) consagração do racionalismo e cartesianismo na
arte.
(E) resultado de uma arte que desafiava os padrões
clássicos.

Ouvir: a música de Vivaldi, a maior celebridade da
música barroca.
.4. (INEP-MEC)

Ler: a obra Boca do Inferno, de Ana Miranda
(Editora Companhia das Letras), que trata da vida
do poeta baiano barroco Gregório de Matos e inclui
também o padre Antônio Vieira.
 *ATENÇÃO, ESTUDANTE!* 
Para complementar o estudo deste Módulo,
utilize seu LIVRO DIDÁTICO.
*********** ATIVIDADES ***********
.1. (FGV-RJ)
 MARISTELA DO VALLE / FOLHA IMAGEM
Observe as afirmativas referentes ao Barroco:
I.
A poesia caracteriza-se pelo culto do contraste e
consciência da efemeridade da vida.
II.
Percebe-se uma postura antitética entre o
pensamento teocêntrico e o antropocêntrico.
III.
Tem em Gregório de Matos seu
representante na literatura brasileira.
ALEIJADINHO. Cristo do carregamento da Cruz. Enciclopédia Barsa, 1998.
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
maior
Obras poéticas de Gregório de Matos.
Rio de Janeiro: Record: 1990.
Assinale a alternativa correta.
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
Apenas I e II são verdadeiras.
Apenas I e III são verdadeiras.
Apenas II e III são verdadeiras.
Todas são verdadeiras.
Nenhuma é verdadeira.
Durante o período colonial brasileiro, as principais
manifestações artísticas, populares ou eruditas foram,
assim como nos demais aspectos da vida cotidiana,
marcadas pela influência da religiosidade. Nesse sentido,
com base na análise da presença da religiosidade na
obra de Aleijadinho e Gregório de Matos, é correto
afirmar:
.2. (INEP-MEC)
(A) Ambas são modelos da arte barroca, uma vez que se
inspiram mais na temática cristã do que em
elementos oriundos da mitologia greco-romana.
(B) A presença da temática religiosa em ambos deve-se
à influência protestante holandesa na região da
Bahia e de Minas Gerais.
(C) No trecho do poema, tem-se a expressão de um
pecador que, embora creia em Deus, não tem
certeza de que obterá o perdão divino.
(D) A pobreza estética da obra de Aleijadinho e Matos
deriva da censura promovida pela Santa Inquisição
às obras artísticas no Brasil.
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas, a alegria.
Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos, a
principal característica do Barroco é:
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
culto da natureza.
a utilização de rimas alternadas.
a forte presença de antíteses.
culto do amor cortês.
uso de aliterações.
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LCP  Português 
LCP  Português 
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(A) A utilização da alegoria, da comparação, como
recursos oratórios, visando à persuasão do ouvinte.
(B) A tentativa de convencer o homem do século XVII,
imbuído de práticas e sentimentos comuns ao
semipaganismo renascentista, a retomar o caminho
do espiritualismo medieval, privilegiando os valores
cristãos.
(C) A presença do discurso dramático, recorrendo ao
princípio horaciano de “ensinar deleitando” —
tendência didática e moralizante, comum à
Contrarreforma.
(D) O tratamento do tema principal — a denúncia à
cobiça humana — através do conceptismo, ou jogo
de ideias.
(E) O culto do contraste, sugerindo a oposição bem X
mal, em linguagem simples, concisa, direta e
expressiva da intenção barroca de resgatar os
valores greco-Iatinos.
.5. (UFPA)
Assinale a alternativa correta a respeito de Gregório de
Matos ou do Barroco.
(A) Gregório de Matos é considerado o autor mais
importante do Barroco brasileiro por ter introduzido a
estética no país e ter escrito poemas épicos, de
herança camoniana, em louvor à pátria, traço do
nativismo literário da época.
(B) A crítica reconhece a obra lírica de Gregório de
Matos como superior à satírica, porque, nela, o autor
não trabalha com o jogo de palavras que instaura o
erótico e às vezes até o licencioso.
(C) Tematicamente, a poesia de Gregório de Matos
trabalha a religião, o amor, os costumes e a reflexão
moral, às vezes por meio de um jogo entre erotismo
idealizado X sensualismo desenfreado; temor divino
X desrespeito pelos encarregados dos cultos.
(D) Conceptismo e cultismo são processos técnicos e
expressivos do Barroco que dão simplicidade aos
textos, principal objetivo da estética que repudiava os
torneios na linguagem.
(E) O Barroco se destaca como movimento literário
único, uma vez que somente em sua estética
encontramos o uso de sugestões de luz, cor e som,
bem como o uso de metáforas, hipérboles,
perífrases, antíteses e paradoxos.
.7. (INEP-MEC)
O pregar há de ser como quem semeia, e não como
quem ladrilha ou azuleja. Ordenado, mas como as
estrelas. [...] Todas as estrelas estão por sua ordem; mas
é ordem que faz influência, não é ordem que faça lavor.
Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os
pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se
de uma parte há-de estar branco, da outra há-de estar
negro; se de uma parte está dia, da outra há-de estar
noite; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer
sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão-de
dizer subiu. Basta que não havemos de ver num sermão
duas palavras em paz? Todas hão-de estar sempre em
fronteira com o seu contrário? Aprendamos do céu o
estilo da disposição, e também o das palavras.
.6. (INEP-MEC)
Leia atentamente o fragmento do sermão do padre
Antônio Vieira:
A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é
que comeis uns aos outros. Grande escândalo é este,
mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos
VIEIRA, A. Sermão da Sexagésima.
comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os
pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os
No texto, Vieira critica um certo estilo de fazer sermão,
que era comum na arte de pregar dos padres
dominicanos da época. O uso da palavra xadrez tem o
objetivo de
pequenos comeram os grandes, bastara um grande para
muitos pequenos; mas como os grandes comem os
pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um
só grande [...]. Os homens, com suas más e perversas
(A) defender a ordenação das ideias em um sermão.
(B) fazer alusão metafórica a um certo tipo de tecido.
(C) comparar o sermão de certos pregadores a uma
verdadeira prisão.
(D) mostrar que o xadrez se assemelha ao semear.
(E) criticar a preocupação com a simetria do sermão.
cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns
aos outros. Tão alheia causa é não só da razão, mas da
mesma natureza, que,
sendo criados no mesmo
elemento, todos cidadãos da mesma pátria, e todos
finalmente irmãos, vivais de vos comer.
________________________________________________
VIEIRA, Antônio. Obras completas do padre Antônio Vieira:
sermões. Vol. III. Prefaciados e revistos pelo Pe. Gonçalo
Alves. Porto: Lello & Irmão, 1993, p. 264-5.
*Anotações*
O texto de Vieira contém algumas características do
Barroco. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela
em que não se confirmam essas tendências estéticas.
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LCP  Português 
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Para aferir essas capacidades, o ENEM avalia cinco
competências que, segundo os idealizadores do exame,
são importantes não apenas para a resolução de
questões, mas para toda a vida. Mas o que são
competências? Eis a explicação de Philippe Perrenoud,
especialista em educação:
*MÓDULO 4*
A interpretação de textos
As competências avaliadas pelo ENEM
Saber ler e interpretar um texto adequadamente é
condição essencial para qualquer pessoa obter sucesso
na vida pessoal e profissional. Nos exames oficiais, como
o ENEM e o vestibular, a interpretação de textos vem
ocupando boa parte da prova e cumprindo, por isso, um
papel decisivo no ingresso à universidade.
[Competência é a] capacidade de agir eficazmente em um
determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos,
mas sem limitar-se a eles.
Construir as competências desde a escola.
Porto Alegre: Artmed, 1999, p. 7.
As cinco competências avaliadas pelo ENEM são
estas:
.1.
DOMINAR LINGUAGENS (DL)
Dominar a norma culta da língua portuguesa e fazer
uso das linguagens matemática, artística e científica
e das línguas espanhola e inglesa.
.2.
COMPREENDER FENÔMENOS (CF)
Construir e aplicar conceitos das várias áreas do
conhecimento, para a compreensão de fenômenos
naturais, de processos histórico-geográficos, da
produção tecnológica e das manifestações
artísticas.
 FOLHA IMAGEM
Neste Módulo, você vai conhecer as competências
(eixos cognitivos) que são avaliadas nas provas do
ENEM e observar como elas são utilizadas nas questões
de interpretação de textos.
.3.
ENFRENTAR SITUAÇÕES-PROBLEMA (SP)
Selecionar, organizar, relacionar e interpretar dados
e informações, representados de diferentes formas,
para tomar decisões e enfrentar situações-problema.
O que é o ENEM?
O ENEM é um exame oferecido anualmente a
estudantes que estão cursando ou já concluíram o
Ensino Médio. Criado em 1998, contou, em sua primeira
versão, com a participação de 157 mil inscritos; hoje,
cerca de 6 milhões de estudantes participam do exame
anualmente.
Aos poucos, o ENEM ganhou projeção e
reconhecimento nacional, principalmente porque a
pontuação obtida pelos participantes passou a servir para
o ingresso em várias universidades federais, estaduais e
particulares ou passou a compor a nota final de alguns
exames vestibulares. Além disso, a concessão de bolsas
de estudo em universidades públicas ou em faculdades
particulares está vinculada a resultados do ENEM.
.4.
CONSTRUIR ARGUMENTAÇÃO (CA)
Relacionar
informações,
representadas
de
diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em
situações concretas, para construir argumentação
consistente.
.5.
ELABORAR PROPOSTAS (EP)
Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na
escola, para elaboração de propostas de
intervenção solidária na realidade, respeitando os
valores humanos e considerando a diversidade
sociocultural.
< www.enem.inep.gov.br >.
A avaliação no ENEM
As provas do ENEM não têm em vista avaliar se o
aluno é capaz ou não de memorizar informações. Seu
principal objetivo é avaliar se o aluno tem estruturas
mentais desenvolvidas o suficiente para lhe possibilitar
interpretar dados, pensar, tomar decisões adequadas,
aplicar conhecimentos em situações concretas. E
também se tem, na vida social, uma postura ética,
cidadã.
Em maio de 2009, o MEC publicou o documento
Matriz de Referência para o Enem 2009, reiterando as
cinco competências gerais, mas chamando-as de eixos
cognitivos. Divulgou também uma relação com as
competências específicas de cada área a serem
avaliadas no ENEM. Conheça o documento na íntegra
acessando o site www.enem.inep.gov.br.
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LCP  Português 
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(A) Brasil: inflação acumulada em 12 meses menor que
a dos EUA
(B) Inflação do Terceiro Mundo supera pela sétima vez a
do Primeiro Mundo
(C) Inflação brasileira estável no período de 2001 a 2006
(D) Queda no índice de preços ao consumidor no
período 2001-2005
(E) EUA: ataques terroristas causam hiperinflação
*********** ATIVIDADES ***********
As questões a seguir foram extraídas de provas do
ENEM. Depois de resolvê-las, indique as competências
(eixos cognitivos) que estão sendo avaliadas em cada
uma delas.
.1. (ENEM-MEC)
Competências avaliadas: ____________________________
.3. (ENEM-MEC)
Os efeitos dos anti-inflamatórios estão associados à
presença
de
inibidores
da
enzima
chamada
ciclooxigenase 2 (COX-2). Essa enzima degrada
substâncias liberadas de tecidos lesados e as transforma
em prostaglandinas pró-inflamatórias, responsáveis pelo
aparecimento de dor e inchaço.
Os anti-inflamatórios produzem efeitos colaterais
decorrentes da inibição de uma outra enzima, a COX-1,
responsável pela formação de prostaglandinas,
protetoras da mucosa gastrintestinal.
O esquema abaixo mostra alguns anti-inflamatórios
(nome genérico). As setas indicam a maior ou a menor
afinidade dessas substâncias pelas duas enzimas.
As linhas nas duas figuras geram um efeito que se
associa ao seguinte ditado popular:
(A) Os últimos serão os primeiros.
(B) Os opostos se atraem.
(C) Quem espera sempre alcança.
(D) As aparências enganam.
(E) Quanto maior a altura, maior o tombo.
Competências avaliadas: ____________________________
.2. (ENEM-MEC)
O gráfico abaixo foi extraído de matéria publicada no
caderno Economia & Negócios do jornal O Estado de S.
Paulo, em 11/6/2006.
Com base nessas informações, é correto concluir que
(A) o piroxicam é o anti-inflamatório que mais pode
interferir na formação de prostaglandinas protetoras
da mucosa gastrintestinal.
(B) o rofecoxibe é o anti-inflamatório que tem a maior
afinidade pela enzima COX-1.
(C) a aspirina tem o mesmo grau de afinidade pelas
duas enzimas.
(D) o diclofenaco, pela posição que ocupa no esquema,
tem sua atividade anti-inflamatória neutralizada pelas
duas enzimas.
(E) o nimesulide apresenta o mesmo grau de afinidade
pelas enzimas COX-1 e COX-2.
É um título adequado para a matéria jornalística em que
Competências avaliadas: ____________________________
esse gráfico foi apresentado:
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.4. (ENEM-MEC)
.5. (ENEM-MEC)
Os mapas a seguir revelam como as fronteiras e suas
Tendências nas migrações internacionais
representações gráficas são mutáveis.
O relatório anual (2002) da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
revela transformações na origem dos fluxos migratórios.
Observa-se
aumento
das
migrações
de
chineses,
filipinos, russos e ucranianos com destino aos países-membros da OCDE. Também foi registrado aumento de
fluxos migratórios provenientes da América Latina.
Trends in international migration – 2002. Disponível em:
www.ocde.org. Acesso em: 9/2/2006 (com adaptações).
No mapa seguinte, estão destacados, com a cor
preta, os países que mais receberam esses fluxos
migratórios em 2002.
Essas significativas mudanças nas fronteiras de países
da Europa Oriental nas duas últimas décadas do século
As migrações citadas estão relacionadas, principalmente,
XX, direta ou indiretamente, resultaram
à
(A) do fortalecimento geopolítico da URSS e de seus
(A) ameaça de terrorismo em países pertencentes à
países aliados, na ordem internacional.
OCDE.
(B) da crise do capitalismo na Europa, representada
(B) política dos países mais ricos de incentivo à
principalmente pela queda do muro de Berlim.
imigração.
(C) da luta de antigas e tradicionais comunidades
(C) perseguição religiosa em países muçulmanos.
nacionais e religiosas oprimidas por Estados criados
(D) repressão política em países do Leste Europeu.
antes da Segunda Guerra Mundial.
(E) busca de oportunidades de emprego.
(D) do avanço do capitalismo e da ideologia neoliberal
no mundo ocidental.
(E) da necessidade de alguns países subdesenvolvidos
Competências avaliadas: ____________________________
ampliarem seus territórios.
________________________________________________
*Anotações*
Competências avaliadas: ____________________________
________________________________________________
*Anotações*
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(C) variabilidade genética, mutação e evolução lenta.
(D) gametogênese, troca de material gênico
complexidade.
(E) clonagem, gemulação e partenogênese.
.6. (ENEM-MEC)
Com base em projeções realizadas por especialistas,
prevê-se, para o fim do século XXI, aumento de
temperatura média, no planeta, entre 1,4 ºC e 5,8 ºC.
Como consequência desse aquecimento, possivelmente
o clima será mais quente e mais úmido bem como
ocorrerão mais enchentes em algumas áreas e secas
crônicas em outras. O aquecimento também provocará o
desaparecimento de algumas geleiras, o que acarretará o
aumento do nível dos oceanos e a inundação de certas
áreas litorâneas.
e
Competências avaliadas: ____________________________
Texto para as questões 8 e 9.
O Aedes aegypti é vetor transmissor da dengue. Uma
pesquisa feita em São Luís-MA, de 2000 a 2002, mapeou
os tipos de reservatório onde esse mosquito era
encontrado. A tabela abaixo mostra parte dos dados
coletados nessa pesquisa.
As mudanças climáticas previstas para o fim do século
XXI
(A) provocarão a redução das taxas de evaporação e de
condensação do ciclo da água.
(B) poderão interferir nos processos do ciclo da água
que envolvem mudanças de estado físico.
(C) promoverão o aumento da disponibilidade de
alimento das espécies marinhas.
(D) induzirão o aumento dos mananciais, o que
solucionará os problemas de falta de água no
planeta.
(E) causarão o aumento do volume de todos os cursos
de água, o que minimizará os efeitos da poluição
aquática.
tipos de reservatórios
2000
2001
895
1.658
974
6.855
46.444
32.787
vaso de planta
456
3.191
1.399
material de construção/peça de
carro
271
436
276
garrafa/lata/plástico
675
2.100
1.059
poço/cisterna
44
428
275
caixa-d’água
248
1.689
1.014
recipiente natural, armadilha,
piscina e outros
615
2.658
1.178
10.059
58.604
38.962
pneu
tambor/tanque/depósito de barro
Competências avaliadas: ____________________________
total
.7. (ENEM-MEC)
população de A. aegypti
2002
Caderno Saúde Pública, vol. 20, n.º 5, Rio de Janeiro, out./2004 (com adaptações).
.8. (ENEM-MEC)
De acordo com essa pesquisa, o alvo inicial para a
redução mais rápida dos focos do mosquito vetor da
dengue nesse município deveria ser constituído por
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
pneus e caixas-d’água.
tambores, tanques e depósitos de barro.
vasos de plantas, poços e cisternas.
materiais de construção e peças de carro.
garrafas, latas e plásticos.
Competências avaliadas: ____________________________
.9. (ENEM-MEC)
Se mantido o percentual de redução da população total
de A. aegypti observada de 2001 para 2002, teria sido
encontrado, em 2003, um número total de mosquitos
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
GONSALES, Fernando. Vá Pentear Macacos! São Paulo: Devir, 2004.
São características do tipo de reprodução representado
na tirinha:
(A) simplicidade, permuta de material gênico
variabilidade genética.
(B) rapidez, simplicidade e semelhança genética.
menor que 5.000.
maior que 5.000 e menor que 10.000.
maior que 10.000 e menor que 15.000.
maior que 15.000 e menor que 20.000.
maior que 20.000.
e
Competências avaliadas: ____________________________
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LCP  Português 
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.10. (ENEM-MEC)
.11. (ENEM-MEC)
Representar objetos tridimensionais em uma folha de
papel nem sempre é tarefa fácil. O artista holandês
Escher (1898-1972) explorou essa dificuldade criando
várias figuras planas impossíveis de serem construídas
como objetos tridimensionais, a exemplo da litografia
Belvedere, reproduzida abaixo.
A diversidade de formas geométricas espaciais
criadas pelo homem, ao mesmo tempo em que traz
benefícios, causa dificuldades em algumas situações.
Suponha, por exemplo, que um cozinheiro precise utilizar
exatamente 100 mL de azeite de uma lata que contenha
1.200 mL e queira guardar o restante do azeite em duas
garrafas, com capacidade para 500 mL e 800 mL cada,
deixando cheia a garrafa maior. Considere que ele não
disponha de instrumento de medida e decida resolver o
problema utilizando apenas a lata e as duas garrafas. As
etapas do procedimento utilizado por ele estão ilustradas
nas figuras a seguir, tendo sido omitida a 5.ª etapa.
Qual das situações ilustradas a seguir corresponde à 5.ª
etapa do procedimento?
Considere que um marceneiro tenha encontrado algumas
figuras supostamente desenhadas por Escher e deseje
construir uma delas com ripas rígidas de madeira que
tenham o mesmo tamanho. Qual dos desenhos a seguir
ele poderia reproduzir em um modelo tridimensional real?
(A)
(B)
(A)
(D)
(B)
(E)
(D)
(C)
(E)
Competências avaliadas: ____________________________
________________________________________________
*Anotações*
(C)
Competências avaliadas: ____________________________
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Em Portugal, corresponde à época do Marquês de
Pombal
(1750-1777),
que
operou
profundas
transformações administrativas e educacionais, como a
expulsão dos jesuítas, o fim da submissão à Santa
Inquisição, a laicização do ensino, a reforma universitária
e a divulgação das ideias científicas.
No Brasil, corresponde ao apogeu da mineração do
ouro em Minas Gerais e à transferência do centro
econômico e cultural da Colônia do Norte (Pernambuco e
Bahia) para o Centro-Sudeste (Minas Gerais e Rio de
Janeiro). Corresponde, também, à fase das primeiras
rebeliões contra o estatuto colonial, como a Inconfidência
Mineira, a Revolução dos Alfaiates, etc. Daí o nativismo,
que passa a ser reivindicatório, e não mais apenas
descritivo e pitoresco, como ocorrera no Quinhentismo e
no Barroco.
A vida literária ganha novo alento com o surgimento
de um público leitor. Estabiliza-se, dessa forma, a relação
autor-obra-leitor, vale dizer, surgem escritores brasileiros,
que escrevem sobre o Brasil, para leitores brasileiros.
Literatura brasileira
Arcadismo (1768-1808)
Marco inicial
Publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da
Costa.
Características árcades

Volta aos modelos clássicos: revalorização dos
princípios poéticos greco-romanos e renascentistas.
Daí a denominação Neoclassicismo.

Arte como imitação dos grandes autores: o poeta
imita, não a natureza, como propugnava Aristóteles
na Antiguidade, mas os autores antigos ou
renascentistas (Horácio, Ovídio, Virgílio, Petrarca,
Camões). O poeta arcádico não visa à originalidade,
mas à perfeição na imitação do modelo.

Bucolismo e pastoralismo: os árcades tematizam a
natureza, vista sempre como cenário ameno e
aprazível. A natureza é convencional e serve de
cenário para a vida serena dos pastores e suas
musas, ou de testemunha impassível dos lamentos e
desenganos do poeta.

Temas clássicos: o carpe diem (= aproveita o dia),
quando o pastor, tendo em vista que o tempo passa
e tudo degenera, convida a pastora a viver e gozar o
momento presente; o aurea mediocritas (= mediania
de ouro), ideal de vida pacata e sem excessos ou
extremos; o fugere urbem (= fugir da civilização), que
consiste na exaltação da vida simples, e o locus
amoenus (= lugar ameno), que significa buscar a
felicidade na natureza. Os poetas árcades adotavam
como lema o inutilia truncat
(= cortar o inútil),
exprimindo a oposição aos exageros ornamentais do
Barroco.

Fingimento e afetação: os poetas árcades adotavam
pseudônimos pastoris e se referiam a suas amadas
como musas. Sempre estavam envolvidos em cenas
poéticas e musicais que exaltavam a vida campestre.
Não existe, porém, a subjetividade melancólica que
ainda vai assolar o homem romântico; os
sentimentos são “fingidos”, usados como motivos
estéticos, e não espontâneos.
 ARQUIVO / UFMG
 Vários poetas árcades participaram do movimento contra o
governo português conhecido por Conjuração Mineira, mas somente
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, pagou com a vida a ousadia
de querer lutar pela nossa independência. Na ilustração, uma
representação impressionante do suplício de Tiradentes, obra do pintor
Pedro Américo (1843-1905)
Panorama histórico
O Arcadismo ou Neoclassicismo corresponde ao
período de superação dos conflitos religiosos da época
barroca. No século XVIII, a fé e a religião perdem
importância, e a Razão e a Ciência passam a explicar o
homem e o mundo.
O Arcadismo coincide com o Século das Luzes,
marcado pelo Iluminismo (Rousseau, Montesquieu,
Voltaire); pelo Empirismo Científico (Newton, Lavoisier,
Lineu, Locke); pelo Enciclopedismo (Diderot, D’Alembert)
e, no âmbito político, pelo Despotismo Esclarecido.
Representa, historicamente, o último período de
dominação da aristocracia e as primeiras investidas da
burguesia emergente na Revolução Comercial. A partir
da Revolução Francesa (1789), a burguesia assume a
condição de classe dominante.
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Principais autores e obras

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789; pseudônimo:
Glauceste Satúrnio) — Obras Poéticas; Vila Rica

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810; pseudônimos:
Dirceu e Critilo) — Marília de Dirceu; Cartas Chilenas

Basílio da Gama (1741-1795; pseudônimo: Termindo
Sipílio) — O Uraguai

Frei Santa Rita Durão (1722-1784) — Caramuru

Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805;
pseudônimo: Elmano Sadino) — Idílios Marítimos;
Rimas; A Pena de Talião
*********** ATIVIDADES ***********
Texto para as questões 1 e 2.
Pré-Romantismo (1808-1836)
Denomina-se Pré-Romantismo a fase de transição
entre a Era Colonial e a Era Nacional (1808-1836). Essa
fase foi marcada, no plano histórico, pela transmigração
da Família Real Portuguesa e pelos desdobramentos de
sua presença no Brasil (Abertura dos Portos, Imprensa
Régia, primeiros cursos superiores de Medicina e Direito,
etc.). No plano literário, destacam-se: o jornalismo
político (Evaristo da Veiga, Hipólito da Costa e Januário
Barbosa da Cunha); a oratória sacra (Frei Francisco de
Monte Alverne) e a poesia didática e moralizante (Padre
Sousa Caldas e Américo Elísio, pseudônimo de José
Bonifácio de Andrada e Silva).
Assistir: aos filmes Danton – O processo da
Revolução (1982), de Andrzej Wajda; Ligações
perigosas (1988), de Stephen Frears; Casanova e a
Revolução (1982), de Ettore Scola; Amadeus
(1984), de Milos Forman — todos relacionados com
o contexto político e cultural europeu da época. Veja
também A Missão (1986), de Roland Joffé, cujo
tema também foi tratado pelo poeta árcade
brasileiro Basílio da Gama, em seu poema épico
O Uraguai.

Pesquisar: sobre as ideias e as obras dos filósofos
iluministas Voltaire, Montesquieu, Rousseau,
Diderot e D’Alembert. Procure saber também sobre
a Enciclopédia, escrita por eles, e sobre o
Despotismo Esclarecido.

Ouvir: os compositores de destaque da época,
como Johann Sebastian Bach e Wolfgang Amadeus
Mozart.

Comparar: os princípios que regem a Constituição
brasileira e as ideias políticas dos iluministas do
século XVIII.

Conhecer: a pintura da época, especialmente a do
pintor francês Antoine Watteau.
Torno a ver-vos, ó montes; o destino
05
06
07
08
Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
09
10
11
Se o bem desta choupana pode tanto,
12
13
14
Aqui descanse a louca fantasia,
Aqui me torna a pôr nestes outeiros,
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte, rico e fino.
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.
Que chega a ter mais preço, e mais valia
Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,
E o que até agora se tornava em pranto
Se converta em afetos de alegria.
COSTA, Cláudio Manoel da. In: FILHO, Domício Proença.
A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.
 Fique ligado! Pesquise! 
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01
02
03
04
.1. (ENEM-MEC)
Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os
elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale
a opção correta acerca da relação entre o poema e o
momento histórico de sua produção.
(A) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira
estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou
seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico
e fino”.
(B) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como
núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada
pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo
urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da
Colônia.
(C) O bucolismo presente nas imagens do poema é
elemento estético do Arcadismo que evidencia a
preocupação do poeta árcade em realizar uma
representação literária realista da vida nacional.
(D) A relação de vantagem da “choupana” sobre a
“Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária
que reproduz a condição histórica paradoxalmente
vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.
(E) A realidade de atraso social, político e econômico do
Brasil Colônia está representada esteticamente no
poema pela referência, na última estrofe, à
transformação do pranto em alegria.
 *ATENÇÃO, ESTUDANTE!* 
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.2. (ENEM-MEC)
.4. (INEP-MEC)
Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de
Cláudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao
seu interlocutor.
Assinale a opção que se refere ao texto de modo correto.
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
(A) Observa-se o elogio do pastoralismo, com a
consequente crítica aos males que o meio urbano
traz ao homem.
(B) A natureza é cenário tranquilo, retratada sem levar
em conta o estado de espírito de quem a descreve.
(C) A antítese “Foi cena alegre, e urna é já funesta”
resume o poema, indicando a passagem do tempo e
a lembrança do amor perdido.
(D) Exemplo típico do Arcadismo, constata-se o
predomínio da razão sobre a emoção, o que revela a
influência da lógica iluminista.
(E) Recomenda que se aproveite o dia (carpe diem),
embora fazendo referência à constância da vida e à
previsibilidade do destino.
“Torno a ver-vos, ó montes; o destino” (v. 1).
“Aqui estou entre Almendro, entre Corino” (v. 5).
“Os meus fiéis, meus doces companheiros” (v. 6).
“Vendo correr os míseros vaqueiros” (v. 7).
“Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto” (v. 11).
.3. (FATEC-SP)
Sobre o Arcadismo brasileiro só não se pode afirmar que:
(A) tem suas fontes nos antigos autores gregos e latinos,
dos quais imita os motivos e as formas.
(B) teve em Cláudio Manuel da Costa o representante
que, de forma original, recusou a motivação bucólica
e os modelos camonianos da lírica amorosa.
(C) nos legou os poemas de feição épica Caramuru (de
Frei José de Santa Rita Durão) e O Uraguai (de
Basílio da Gama), no qual se reconhece qualidade
literária destacada em relação ao primeiro.
(D) norteou, em termos dos valores estéticos básicos, a
produção dos versos de Marília de Dirceu, obra que
celebrizou Tomás Antônio Gonzaga e que destaca a
originalidade de estilo e de tratamento local dos
temas pelo autor.
(E) apresentou uma corrente de conotação ideológica,
envolvida com as questões sociais do seu tempo,
com a crítica aos abusos do poder da Coroa
portuguesa.
.5. (INEP-MEC)
Ainda a respeito do poema, assinale a opção incorreta.
(A) A métrica regular e a estrutura — um soneto —
indicam a proximidade do Romantismo.
(B) Apresenta construções em ordem indireta, mas sem
o radicalismo da escrita barroca.
(C) Percebe-se uma identificação entre o poeta e a
natureza que o rodeia.
(D) A organização em dois quartetos e dois tercetos é de
natureza greco-latina.
(E) Há uma contenção do poeta no uso de figuras de
linguagem, como a metáfora “e urna é já funesta”.
.6. (UESPI-PI)
Assinale a alternativa correta acerca do Arcadismo
brasileiro e de seus autores.
(A) Foi um movimento literário posterior ao Romantismo,
que teve repercussão em todo o Brasil,
especialmente em Minas e São Paulo.
(B) A obra lírica mais divulgada foi Marília de Dirceu,
longo poema de Tomás Antônio Gonzaga. Nele, o
poeta se transforma em Dirceu, pastor que se
enamora da pastora Marília, tendo como cenário um
ambiente bucólico.
(C) Cláudio Manuel da Costa, também árcade, escreveu
Cartas Chilenas, uma crítica à colonização
portuguesa.
(D) Silva Alvarenga é o autor de O Uraguai, único poema
épico do Arcadismo.
(E) Entre as características árcades estão: a volta aos
padrões greco-latinos, a visão idílica da natureza, o
uso exacerbado da linguagem figurada, das
contradições e dos contrastes.
Leia o texto abaixo, de autoria de Cláudio Manuel da
Costa, para responder às questões 4 e 5.
Este é o rio, a montanha é esta,
Estes os troncos, estes os rochedos;
São estes inda os mesmos arvoredos;
Esta é a mesma rústica floresta.
Tudo cheio de horror se manifesta,
Rio, montanha, troncos e penedos;
Que de amor nos suavíssimos enredos
Foi cena alegre, e urna é já funesta.
Oh quão lembrado estou de haver subido
Aquele monte, e as vezes que, baixando,
________________________________________________
Deixei do pranto o vale umedecido!
*Anotações*
Tudo me está a memória retratando;
Que da mesma saudade o infame ruído
Vem as mortas espécies despertando.
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.7. (SEE-AC)
e)
A finalidade é depurar a língua, voltando ao “cattivo
gusto”. (________________)
Assinale E nas erradas e C nas corretas.
01. (**)
A literatura brasileira da fase colonial é
autônoma em relação à Metrópole.
f)
“Inutilia truncat” é o lema, a expressão de vanguarda
para os seus princípios estéticos. (________________)
02. (**)
Toda a literatura colonial é basicamente
advinda dos membros da Companhia de
Jesus, sem nenhuma contribuição dos
colonos.
g)
O estilo é contornado, rebuscado, com uma série de
raciocínios, ficando o homem em certo dilema.
(________________)
03. (**)
A Carta de Pero
considerada como
nascimento”.
h)
O Iluminismo é um dos princípios básicos, isso na
França, numa época em que o Enciclopedismo é
uma nota marcante. (________________)
04. (**)
A literatura dos cronistas é basicamente
informativa, geográfica e curiosa das coisas
locais.
i)
A arte é o reflexo de todo o luxo que caracteriza a
escultura e a pintura das igrejas. (________________)
j)
Nos poemas, a ordem da frase passa a ser mais
direta, embora ainda se procure certa perfeição
formal. (________________)
Vaz de Caminha é
nossa “certidão de
05. (**)
Autores românticos e modernistas valeram-se
de sugestões temáticas e formais das crônicas
de viagem.
06. (**)
A literatura dos viajantes é ocorrência
exclusivamente brasileira, não tendo nenhum
similar em nenhuma outra parte do mundo.
07. (**)
A poesia de Anchieta está presa aos modelos
renascentistas e reflete, em seus sonetos,
uma transparente influência de Camões.
08. (**)
A literatura de informação ressalta a
importância do trabalho com o estilo, com a
forma.
09. (**)
A atitude de Caminha em frente à terra recém-descoberta é de decepção e de repulsa pelo
índio.
10. (**)
A produção informativa do Quinhentismo tem
maior valor histórico-documental que literário.
11. (**)
.9. (UFPE)
Ao longo da história da literatura, ocorrem vários estilos.
O Barroco, por exemplo, é o nome de um estilo que
predominou no século XVII. Podemos dizer que estilo
literário
(A) é a síntese das características do principal escritor
de uma época.
(B) são os procedimentos artísticos e as concepções de
mundo predominantes nas obras de uma certa
época.
(C) é o conjunto dos estilos individuais de todos os
autores de uma certa época.
(D) é a expressão exata do modo de pensar de todos os
escritores de uma certa época.
(E) n.d.a.
________________________________________________
*Anotações*
A exaltação das virtudes da terra prestava-se,
também, ao incentivo à imigração e aos
investimentos da Europa na Colônia.
.8. (SEE-AC)
Coloque o nome do estilo a que se referem as definições
seguintes (Barroco ou Arcadismo).
a)
Procurou-se o campo, a sua pureza, para uma
motivação estética contra certa conturbação anterior
nas letras. (________________)
b)
Os pastores seriam o modelo, procurando-se, acima
de tudo, simplicidade. (________________)
c)
A arte é complexa, cheia de contrastes e hesitações.
(________________)
d)
É um tempo místico, religioso, com o homem
tentando obter uma resposta para os seus problemas
nos valores espirituais. (________________)
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