Leia o texto e responda a questão

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Leia o texto e responda a questão
Platão 1. Leia o texto e responda a questão: “Frequentemente, a quem tem visão deficiente vê antes que os de visão mais aguda”. Contextualize essa frase no texto de Platão, indicando quem é o sujeito (de quem se fala) da frase e qual o senFdo dessa descrição. Platão está se referindo aos poetas em geral ou a Homero. Quem tem visão deficiente é uma referência àqueles que se contentam com o que é apresentado pelos sen>dos. Quem tem visão mais aguda não se contenta com isto, precisa usar a razão para analisar o que vê. Desta forma, como demora um pouco mais para a razão agir, vê depois daqueles que se contentam apenas com os dados dos sen>dos. 2. Leia o texto e responda a questão. “Não é diIcil, disse eu, mas pode ser realizado de muitas maneiras e com rapidez, se quiseres dar voltas por aí levando um espelho nas mãos.” Esta frase está mencionando uma ironia de Platão em relação aos poetas. Explique essa referência de Platão ao espelho no contexto da ironia apresentada. Platão u>liza o exemplo do espelho para explicar que o poeta, assim como o espelho, apenas mostra o reflexo da realidade, mas não a realidade mesma, a Ideia. 3. Leia o excerto reFrado do Livro X de A República de Platão: E o moveleiro? Há pouco não dizias que ele não cria a idéia, aquilo que afirmamos ser o que a cama é, mas uma certa cama? ─ É o que dizia... ─ Então, se não cria o que a cama é, ele não cria o que é, mas algo que é tal qual o que é, mas que não é. Se alguém afirmasse a respeito do trabalho do moveleiro ou de outro arAfice que ele é de maneira perfeita aquilo que é, correria o risco de fazer afirmações não-­‐verdadeiras? ─ Não! disse. Pelo menos, na opinião dos que tratam de questões como essas. ─ Ah! Não estranhemos que também a essa obra falte niJdez, em relação à verdade! ─ Não! (597ª) a. Por que Platão afirma que o moveleiro não cria as ideias, apenas olha para elas ao construir? Explique o que Platão quer com esse aspecto, situando o construtor em relação ao poeta, isto é, como ambos são caracterizados na relação com as ideias. Segundo Platão, as Ideias são en>dades perfeitas e eternas criadas pela divindade. O construtor, através de seu pensamento, reconhece a Ideia de um móvel e se põe construí-­‐
lo. Platão quer mostrar que o construtor faz uma cópia da Ideia, assim como o ar>sta faz uma cópia de uma cópia, isto é, sua arte é uma cópia de objetos sensíveis que, por sua vez, são cópias das Ideias. b. Explique, conforme o texto, o senFdo da frase: “Então, se não cria o que a cama é, ele não cria o que é, mas algo que é tal qual o que é, mas que não é”. Para Platão o moveleiro não cria a Ideia de cama ─ o que a cama é. Ele cria a cama que se apresenta aos sen>dos, aquela que é tal qual o que é, tal qual aquilo que se apresenta aos sen>dos, mas que não é a cama mesma, isto é, não é a Ideia de cama. 4. Leia o texto e responda a questão: “... se fostes capaz de discernir que ocupações tornam melhores ou piores os homens em sua vida privada ou pública e dizer-­‐nos que cidade graças a F teve melhor governo, como a Lacedemônia, graças a Licurgo, e muitas outras cidades grandes e pequenas, graças a muitos outros. Que cidade reconhece que fostes bom legislador e lhe prestaste serviço? Como bom legislador, Itália e Sicília têm Carondas e nós, Sólon... E a F que cidade tem como bom legislador? Serias capaz de citar uma?” Qual a intenção de Platão aqui ao indicar a falta de conhecimento do poeta sobre leis? A intenção é desqualificar o poeta como um representante de qualquer referência na cidade, seja referência moral, polí>ca ou jurídica. O poeta fala de todos esses assuntos em suas obras, mas não detém o conhecimento de nenhum. 5. Leia o texto e responda a questão: É agindo sobre essa fraqueza de nossa natureza que a pintura em claro-­‐escuro nada fica a dever à arte do charlatão, como também o ilusionismo e muitos expedientes como esses. ─ É verdade. ─ Será que a medida, o cálculo e o peso não são vistos como recursos ó>mos para que não prevaleça em nós o que parece maior ou menor, mais numerosos ou mais pesados, mas a parte que calcula, que mede ou pesa? ─ Sem dúvida. Como Platão caracteriza essa aplicação da medida na avaliação do conteúdo da arte? Para Platão, a medida é o instrumento de comparação que deverá ser u>lizado pela razão para avaliar as rela>vidades apresentadas pela arte. 6. Leia o texto e responda à questão: Num determinado momento, disse eu, afirmávamos que, para um homem de bom temperamento a quem coubesse uma sorte como esta, a perda de um filho ou de algo que lhe fosse muito caro seria mais fácil de suportar que para os outros. ─ Foi bem isso que afirmamos. ─ Mas examinemos agora este ponto... Ele não sen>rá dor alguma, ou isso é impossível, mas será moderado em relação à sua dor? ─ A segunda resposta, disse, será a verdadeira. ─ Agora, dize-­‐me isto... Crês que, mais que tudo, ele lutará contra a dor e resis>rá a ela, quando es>ver diante dos olhos de seus pares ou quando es>ver a sós consigo mesmo, num lugar deserto? ─ Resis>rá, disse, muito mais quando es>ver sendo visto... ─ Quando es>ver sozinho, creio eu, ousará fazer muitas queixas de que se envergonharia, se alguém o ouvisse, e pra>cará atos que não admi>ria pra>car quando es>vesse sendo visto. ─ É isso que acontece, disse. Explique o contexto dessa passagem na obra de Platão. Platão procura demonstrar que a razão deve estar no controle das emoções. Assim, ele denuncia a farsa apresentada pelos ar>stas na qual se chora e manifesta-­‐se desespero diante da plateia, coisa que, na prá>ca, raramente acontece, uma vez que tendemos a controlar nossas emoções diante de pessoas estranhas. 7. Leia o texto e responda a questão: — Sim, afirmaremos. — Então, uma parte, a irascível, admite muitas e variadas imitações, mas a outra, o caráter sábio e sereno, o que é e sempre semelhante a si mesmo, nem é fácil de imitar, nem se dá a conhecer rapidamente, sobretudo quando é imitado para uma mul>dão em festa e para gente de origem diversa, reunida num teatro. É que para eles se trata de imitação de uma experiência que lhes é estranha.” Por que Platão diz que a parte sábia e serena da alma humana não é fácil para o poeta imitar? A parte sábia e serena da alma é a parte racional. A razão, segundo Platão, é uma experiência que os poetas têm dificuldade de imitar por que lhes é uma experiência estranha, uma vez que seu trabalho está voltado para o emocional e não o racional. 8. Leia o texto e responda a questão: Se, porém, meu caro companheiro, isso não acontecer, como os que um dia, apaixonados por alguém, quando consideram que esse amor não lhes traz proveito, mesmo à força, dele se afastam, assim também nós, por causa do amor que sen>mos por essa poesia e que nasceu da educação propiciada por nossas belas cons>tuições, estaremos bem dispostos a tê-­‐la como ó>ma e muito verdadeira. Enquanto, porém, não for capaz de defender-­‐se, nós escutaremos o que ela diz, repe>ndo para nós mesmos, como numa can>lena*, essa argumentação que apresentamos, tomando cuidado para não reincidir naquele amor infan>l e vulgar. Sen>mos, então, que não se deve ter verdadeiro interesse por tal poesia, como se ela a>ngisse a verdade e devesse ser levada a sério, mas, ao contrário, deve quem a ouve tomar cuidado e temer pela cons>tuição que traz dentro de si e também acatar a respeito da poesia as normas que enunciamos. ─ Concordo em tudo, disse ele. ─ Grande, disse, é a peleja, meu caro Gláucon, grande e não do porte que se espera, a peleja com que se busca ser bom ou mau. Sendo assim, levado nem pelas honras, nem pelo dinheiro, nem por nenhum comando, nem pela poesia, vale a pena descuidar da jus>ça e das outras virtudes. Concordo con>go, disse, a par>r da revisão que fizemos. Creio que qualquer outro também concordará.” (607e-­‐608b) Explique a associação que Platão faz entre o abandono da poesia e o abandono de uma amor prejudicial. Uma vez que Platão demonstrou, ao longo do livro X, os male_cios que a poesia pode trazer ao cidadão que não apresenta a razão como an`doto, fica evidente que deve-­‐se abandoná-­‐la para evitar tais prejuízos, da mesma forma como se deve abandonar um amor prejudicial em função dos males que ele pode trazer. 9. Leia o texto e responda à questão: “É preciso que tenhamos em mente a que obje>vos ela [alma] visa e com quem deseja conviver, porque é da mesma es>rpe que o divino, o imortal e o eterno; e também o que ela seria, se buscasse, com todos os seus recursos, um alvo com que >vesse afinidade e, sob esse impulso, fosse por esse mo>vo arrebatada do mar onde está agora e despojada da grande e grosseira camada de terra e cascalho que a recobre, porque tem a terra como conviva sua, em virtude dos chamados banquetes a bem-­‐
aventurados. E se veria, nesse momento, se sua verdadeira natureza é simples ou composta, em que ela consiste e como é. Agora, porém, expusemos bastante bem, penso eu, as afecções e as formas que ela tem na vida humana.” (612ª) Explique a ideia de que a alma está tem uma “grande e grosseira camada de terra e cascalho”. A ideia é que a alma, por natureza, é pura, mas a vida humana co>diana faz com que o homem adquira uma série de vícios e hábitos equivocados. Platão faz com isso uma relação com a sua crí>ca à arte imita>va, uma vez que, segundo ele, a poesia homérica ajuda a “enlamear” a alma do cidadão com suas afirmações baseadas no sensível e no irascível. Merleau-­‐Ponty 10. Porque Merleau-­‐Ponty afirma que noções mecanicistas não dão conta de explicar a realidade humana? Por que o a realidade humana é um complexo que não consegue ser resumido ao dualismo mecanicista de causa e efeito. As leis do mecanicismo não conseguem prever o comportamento. 11. Caracterize a críFca que Merleau-­‐Ponty faz ao racionalismo ciencfico da ciência atual. A crí>ca de Merleau-­‐Ponty ao racionalismo cien`fico é no sen>do de mostrar que este racionalismo despreza toda a experiência subje>va humana, uma vez que não é capaz de quan>ficar a subje>vidade. Para este método o valor de verdade se encontra na obje>vidade absoluta. Apesar desta insistência de negar a experiência vivencial o fato é que esta experiência existe e é por meio dela que vivemos nossas vidas. 12. Explique o contraste entre objeFvidade e especulação em ciência. A busca da obje>vidade é feita por meio de um método rigoroso que busca eliminar todas as variáveis subje>vas da experiência. No entanto, o princípio da reflexão cien`fica se dá de forma totalmente irracional, subje>va e aleatória. Trata-­‐se das especulações, atos da imaginação que se processam na mente do cien>sta com o obje>vo de simular condições para obtenção de uma explicação racional do mundo. A tão perseguida obje>vidade cien`fica tem em sua base a subje>vidade e a irracionalidade do pensamento! 13. Comente a frase “o tempo do filósofo não é o mesmo que o do Isico.” Nesta frase Einstein insinua que o conceito de tempo apresentado pela ciência é diferente do tempo que os filósofos estudam. Pelo fato de não ser possível quan>ficar o tempo sen>do na experiência humana, o _sico desconsidera esta perspec>va de tempo como um conceito diferente daquilo que a _sica define como tempo. Nas entrelinhas encontra-­‐se uma visão dogmá>ca de somente a ciência e seu método saberem compreender o tempo e seu significado. 14. Como Merleau-­‐Ponty explica a origem da crença de que o cienFsta é um taumaturgo? Na medida em que o público se dá conta de que não é mais possível uma razão universal, fica sob a responsabilidade do cien>sta e sua imaginação especula>va fazer milagres e descobrir as leis do universo. 15. Explique por que Merleau-­‐Ponty diz que o conhecimento ciencfico desenvolveu um simbolismo sobre a natureza que ainda não foi inteiramente compreendido. O conhecimento cien`fico está baseado numa linguagem matemá>ca e simbólica que foi criada pelo homem e existe somente dentro do universo humano. Esta linguagem não é bem entendida por que até hoje nunca entendemos o próprio pensamento que é o meio pelo qual esta linguagem se processa. 16. Leia o texto que segue: “De um canto ao outro do mundo, quer a exaltem, quer a reprimam, a obra “selvagemente especula>va” de Einstein provoca um desenvolvimento da desrazão. Mais uma vez, ele nada fez para colocar seu pensamento nessa luz, permanecia um clássico. Mas não seria isso apenas o fado de um homem bem-­‐nascido, a força de uma boa tradição de cultura? E, quando es>ver esgotada essa tradição, não poderá a nova ciência ser, para aqueles que não são _sicos, senão uma lição de irracionalismo?” (216) Por que Merleau-­‐Ponty afirma que a obra especulaFva de Einstein provocou um desenvolvimento da desrazão? A desrazão está no fato de parte do trabalho cien`fico de Einstein passar a ser relacionado com temas que nada tem a ver com a _sica, como aconteceu com a teoria quân>ca sendo relacionada com religião e mis>cismo. 17. Caracterize a misFficação que se formou em torno à figura de Einstein e destaque a opinião de Merleau-­‐Ponty sobre esta aFtude. A mis>ficação que se formou em torno de Einstein pode ser caracterizada pela sua suposta capacidade de ver a realidade que ninguém mais é capaz de ver, como foi o caso da teoria da rela>vidade. Sua capacidade de subverter conceitos do senso comum como espaço e tempo leva o público leigo a achar que ele é dotado de forças que estão além da compreensão, daí todo o mis>cismo atribuído a ele. 18. Por que existência humana não tem senFdo sem um conceito de tempo como “duração”? Por que o tempo como duração permite à consciência estabelecer significados e constância às experiências vividas. 19. Descreva a aFtude de Einstein diante da proposta do conceito de tempo de Bergson. Apesar de entender a discussão proposta por Bergson, Einstein assume uma postura dogmá>ca e não aceita a noção de tempo vivido em sua formulação cien`fica. Para ele, o tempo vivido não tem nenhuma significação no conceito cien`fico de tempo. 20. Qual a saída para superar a crise da razão segundo Merleau-­‐Ponty? Segundo Merleau-­‐Ponty é preciso recuperar o sen>do filosófico da razão, definir o papel da razão cien`fica e englobar a experiência vivencial humana, tão negligenciada pela razão cien`fica ao longo dos úl>mos tempos. Tchau, nééé!!! 

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