AMMA tem nova diretoria pg 04

Transcrição

AMMA tem nova diretoria pg 04
Maranduba, 1º de Maio de 2010
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Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br
-
Ano I - Edição 06
Segurança:
Assoreamento do Rio Maranduba atrasa resgate de pescador
pg 03
Comunidade:
AMMA tem nova diretoria
pg 04
Meio Ambiente:
SABESP poderá construir barragem em ponto turístico
pg 05
Dica de Turismo:
Praia da Lagoa: segredos e belezas de uma época pg 08
Fazenda era porta de entrada para o tráfico de escravos
pg 09
Gente da Nossa História:
Sebastiana Luiza: enfermeira das famílias
pg 10
Crônica:
Manhas e artimanhas do cacique Cunhambebe
pg 11
Cultura:
Maranduba: árvore, ilha, lago, terra, lenda ou tudo junto?
Saúde:
O que é a Dengue?
pg 15
pg 12
Página 2
Jornal MARANDUBA News
Editorial
1º Maio 2010
Cartas à Redação
É impressionante o número de
leitores que nos solicitam a versão impressa do jornal. Mesmo
disponível na web, os leitores
pedem a versão em papel para
guardar. Tem gente colecionando o Jornal Maranduba.
Isso é muito gratificante para
nossa equipe, pois nos dedicamos a veicular tanto a nossa
história como o cotidiano da
região. Fato semelhante aconteceu com a primeira versão
do Jornal Maranduba em Foco,
veiculado entre 1993 a 1996.
Até hoje encontramos pessoas
que alegam ter as antigas edições guardadas.
Graças a uma dessas pessoas conseguimos reaver grande
parte deste acervo. A empresária Marlene Graf nos presenteou com mais de 30 exemplares do antigo jornal. Folheando
essas edições pude sentir porque as pessoas querem o papel. É nostálgico
manusear
essas folhas amareladas pelo
tempo, sentir o cheiro do papel guardado, reler as matérias
e artigos que, graças ao jornal,
podemos relembrar. Será que
daqui a alguns anos teremos a
mesma sensação ao visualizar
os arquivos na web?
Tenho minhas dúvidas...
Faço o possível para chegar
às mãos destes leitores que nos
solicitam a versão em papel do
jornal Maranduba News.
Compreendi o que é folhear
fragmentos do passado sentindo a textura da lembrança com
cheirinho de saudade.
Emilio Campi
Emancipação I
Há 20 anos a Região Sul foi
palco de um dos episódios mais
marcantes na história recente
de Ubatuba: O movimento polêmico pela criação do Município Costa Verde.
A pressão pela gestão
participativa e descentralizada
deu alguns frutos, ainda que
verdolengos, como as Administrações Regionais Sul e Norte.
Mas os Distritos Administrativos (Sul, Centro-Sul, Sede,
Oeste e Norte) e os Conselhos
Distritais continuam letra morta de uma lei não cumprida, o
Plano Diretor Participativo de
Ubatuba. Entretanto, o Município é sobretudo a Comunidade.
É gratificante, mais uma vez,
ver a Região Sul, com o jornal
Maranduba, contribuir com o
fortalecimento da parte, para o
desenvolvimento do todo.
José Nelio de Carvalho
Ubatuba, SP
Emancipação II
Já era tempo de retomar o
movimento de emancipação da
região que teve enorme repercussão na época.
Continuamos isolados, distantes de tudo, porém com um
crescimento que já comportaria
um novo município.
Parabéns pela iniciativa do
Jornal Maranduba que vem de
encontro aos anseios da população e mostra além dos atrativos, informações e notícias
desta esquecida região.
Lourival da Silva
via e-mail
Editado por:
Litoral Virtual Produção e Publicidade Ltda.
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Responsabilidade Editorial:
Emilio Campi
Colaboradores:
Adelina Campi, Ezequiel dos Santos, Uesles Rodrigues,
Camilo de Lellis Santos, Denis Ronaldo e Fernando Pedreira
Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores
e não refletem a opinião da direção deste informativo
Calçadas
Gostei muito da objetividade
deste jornal, parabéns. Aproveito para fazer um pedido as
autoridades municipal: com
urgência seja feitas calçadas
ligando a praia de Maranduba
ate o Sertão da Quina devido
os pedestres terem que dividir
a rua com carros, motos e bicicletas. Para circular entre o
Beira Rio e o Sertão da Quina
as crianças que saem das escolas estão correndo perigo de
serem atropeladas, principalmente na temporada quando
aumenta o numero de veículos.
Infelizmente os motoristas fazem da estrada do Sertão pista
de corrida.
Paulo Barbosa
São Paulo, SP
Cadê a cadeira de rodas?
Gostaria de relatar um fato
que me deixou muito apreensiva na última terça-feira,
13/04/2010, quando estive a
noite na Regional Sul acompanhando uma criança que necessitava de cuidados médicos.
Enquanto aguardava o atendimento do menor (e aqui vale
um esclarecimento quanto ao
ótimo atendimento prestado
pelo médico de plantão que
gentil e prontamente atendeu
a criança), aproveitei para verificar alguns fatos que me causaram espanto.
Em 2007 fizemos a compra
de 6 cadeiras de rodas e doamos aos seguintes locais de
Ubatuba:
- 1 cadeira de rodas para o
posto da Regional Sul
- 1 cadeira de rodas para o
posto de saúde do Sertão da
Quina
- 1 cadeira de rodas para o
posto de saúde do Araribá
- 1 cadeira de rodas para o
Asilo dos Velhinhos no Centro
- 2 cadeiras de rodas para a
APAE de Ubatuba.
Certos de termos cumprido
com nossas obrigações hu-
manas, solicitamos em cartas
endereçadas a Prefeitura de
Ubatuba, devidamente protocoladas, que as cadeiras fossem destinadas as pessoas
necessitadas da comunidade.
Inútil frisar que até hoje nunca
recebi por parte do poder público qualquer manifestação, de
que esse nosso desejo tenha
sido cumprido. Também cabe
esclarecer que nossa ação foi
uma iniciativa de caráter particular e não teve qualquer conotação político-partidária.
Acontece porém, que numa
rápida revista pela Regional
Sul, não encontrei a cadeira
doada e também foi-me dito
posteriormente por alguns moradores do local, que nunca viram a cadeira por lá e que as
pessoas carentes continuam
sofrendo com a falta de cadeira de rodas.
Não contente com essa situação, continuei minha pesquisa e na mesma época em
2007 participei de uma ação
voluntária com pessoas na região que promoveram bingos
para a arrecadação de dinheiro para a compra de um eletrocardiograma para atender
a nossa região que não contava (e continua não contando)
com a mínima estrutura para o
atendimento de pacientes com
suspeita de problemas cardíacos. Chegamos a arrecadar
R$2.800,00 que correspondia
ao preço de um Eletrocardiógrafo marca Schiller, o qual foi
comprado e doado a Regional
Sul em setembro de 2007. Para
minha surpresa, a maquininha
que salva-vidas não está na
Regional Sul e no lugar foi colocado um aparelho velho que
não funciona e põe em risco a
nossa vida.
ONDE FOI PARAR A CADEIRA
DE RODAS QUE DOEI????
ONDE FOI PARAR O ELETROCARDIÓGRAFO SCHILLER QUE
A POPULAÇÃO LOCAL SE ESFORÇOU PARA DOAR?????
Esses equipamentos são nossos!!! Quem responderá essas
perguntas???
Por favor, encaminhem ao
Poder Público para que se averigue o fim dos equipamentos
acima, como também as outras
cadeiras das quais não tenho
notícias...
Grata pela sua dedicação e
não parem de editar esse jornal, tão importante para os cidadãos da região Sul.
Ana Cristina
via e-mail
Resposta da Prefeitura
A Secretaria de Saúde da Prefeitura de Ubatuba informou
que o aparelho de eletrocardiógrafo da marca Schiller, que
foi doado em 2007, teve a sua
placa queimada. Encaminhado
para a manutenção foi constado que o conserto do mesmo
ficaria muito alto se comparado
a compra de um novo aparelho. Diante disso, a Secretaria
de Saúde realizou então a compra de um novo aparelho que
hoje está na Unidade Mista de
Saúde da Maranduba. Ainda na
Unidade Mista da Maranduba
existem duas cadeiras de roda,
sendo uma especial, que é utilizada por pessoas obesas.
Quanto às cadeiras de rodas
doadas aos Postos de Saúde do
Araribá e do Sertão da Quina as
mesmas se encontram nos devidos locais e sendo utilizadas
quando necessário. Já quanto
ao uso das cadeiras que foram
doadas ao Lar Vicentino e a
APAE, a Prefeitura solicita que
a leitora Ana Cristina verifique
diretamente nos referidos locais. Mais uma vez a Prefeitura
de Ubatuba, por meio da Secretaria de Saúde, agradece a
doação da leitora e dos outros
munícipes, como já foi feito por
meio de uma carta entregue
em mãos para a leitora Ana
Cristina, assinada pelo Secretário de Saúde, Clingel Antonio
da Frota.
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Jornal MARANDUBA News
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Assoreamento do Rio Maranduba atrasa resgate de pescadores
O acúmulo de areia no leito do rio impediu a saída de embarcações para o salvamento de pescador a deriva próximo a Ilha dos Búzios
No inicio da ressaca do último
dia 30/03, os pescadores Miler
de Oliveira Santos, 23, e Eronides Alexandre (Ni), 42, ficaram
a deriva no mar há 14 quilômetros da ilha do Mar Virado, próximo as ilha dos Búzios.
Os pescadores saíram por
voltas das 17 h. da barra do
Rio Maranduba em direção a
rede, aonde chegaram por
volta das 18 horas do mesmo
dia. Depois de tirar três panos
de rede, com o mar começando a engrossar, os pescadores mudaram de posição para
a retirada da água que havia
na parte de trás da embarcação. Na mudança de posição,
Eronides soltou a rede e isto
fez que o barco facilitasse a
entrada de água, o que causou o afundamento de popa
e o embicamento da lancha.
A embarcação virou e os dois
ficaram apoiados na parte do
fundo do barco. Diante da
emergência, Eronides nadou
cerca de 6 horas até chegar à
ilha do Mar Virado, deixando
Miler junto a embarcação naufragada. Lá usou o celular de
Messias, dono de uma marisqueira e pode avisar a família.
Em terra, o pai de Miler, o
pescador Clementino Quintino, 49, buscava maiores informações. O barco havia virado
por volta das sete da manhã
e foi resgatado as duas horas
da tarde. Miler fala que ficou
exausto, sempre pensando que
a qualquer momento alguém ia
chegar. As pernas e os olhos
estavam inchados e sentia
muita sede. Se o resgate demorasse mais uma hora, poderia não dar tempo de encontrálo com vida, mas a esperança
prevaleceu, comenta Miler.
Clementino tentava, sem sucesso, sair do rio Maranduba
para verificar o que tinha
Fotos: Emilio Campi
acontecido, já que estava
apreensivo com a demora dos
dois. Aguardou até o meio-dia
para conseguir sair para o resgate. O acumulo de areia no
leito do rio Maranduba foi o
que impediu a saída com embarcações do canal.
Por outro lado moradores
ligavam para o Corpo de Bombeiros solicitando ajuda. A comunidade percebeu muita boa
vontade dos homens dos Bombeiros em ajudar no resgate,
mas a falta de material ficou
evidente naquele momento.
Segundo pescadores, mesmo
com a falta de material aos
bombeiros como rádios, unidade de resgate, barcos e
telefones, havia grande chan-
ce de resgatar os homens no
mar. O principal problema foi
à quantidade de areia que está
acumulada no fundo do canal
que precisa ser desassoreado
imediatamente. Isto impediu
que os barcos saíssem para o
resgate. “O Corpo de Bombeiros não tem barco adequado
para realizar o resgate, pra
salvar vidas, enquanto a florestal tem barco grande para
encher o saco de quem tá trabalhando, de quem sustenta a
família”, desabafa Clementino.
A marina Porto Vitória cedeu
uma lancha aos bombeiros
para resgatar os pescadores.
Felizmente eles já estavam
voltando para casa em outro
barco, em segurança.
Barra do Rio Maranduba: durante a maré baixa as embarcações ficam impossibilitadas de sair devido ao baixo calado que o assoreamento provoca
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Produtores expõem em feira Internacional
EZEQUIEL DOS SANTOS
Duas propriedades da região
sul de Ubatuba foram convidadas para participarem da Feira
Internacional de Artesanato em
São Jose dos Campos – SP. O
evento acontece entre os dias
30 de abril até 9 de maio no
espaço Cassiano Ricardo (Mini
Anhembi) naquela cidade.
O evento mostra a arte e
o artesanato de todos os países. O Sitio Recanto da Paz
e Matsumoto apresentam aos
visitantes produtos a base de
gengibre e plantas ornamentais, e foram convidados pela
organização a representar o
Japão. Os produtores que são
descendentes de japoneses se
sentiram honrados e outros
produtores da região se sentiram prestigiados pelo reconhecimento e o convite feito
às duas propriedades.
Milhares de visitantes são
esperados no evento e a organização prevê um aumento de
20% no volume de negócios
em relação ao ano passado.
No final da década de 1970,
Ubatuba também foi representada em feira internacional
em São José dos Campos, na
época, organizado por Tereza
dos Santos.
O destaque foi um utensí-
lio de uso para a fabricação
de farinha artesanal - o Tipiti
- feito pelo morador Manoel
Hilário, do Sertão do Ingá, e
uma escultura do Mestre Bigode, do Centro. As duas peças
receberam prêmios pela originalidade e inovação de técnicas e representaram o Brasil.
Região Sul tem condições de receber a Copa de 2014
EZEQUIEL DOS SANTOS
A Secretaria Estadual de
Esporte e Lazer escolheu
Ubatuba como um dos 41 municípios candidatos a sediar
a base da Copa de 2014. Os
campos de futebol da região
sul de Ubatuba possuem todas
as condições de servirem para
os treinamentos das seleções
que participarão da Copa do
Mundo de 2014.
Ubatuba, por encontrar-se
no eixo Rio-São Paulo, é mais
próxima da sede da Copa e
possui grandes chances de ser
escolhida para atender o Comitê Organizador da Copa.
O Secretario Estadual de Esporte, Claury Alves da Silva,
recebeu as propostas e se colocou a disposição de Ubatuba.
A região sul de Ubatuba
possui uma boa rede hotelei-
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AMMA tem nova diretoria
A Associação de Moradores de Maranduba e Amigos
(AMMA) se reuniu em assembléia no último dia 22/04 onde
foi aprovada a nova diretoria
composta por:
Presidente:
Robson Enes Virgilio
Vice-Presidente:
Marcelo Cabral dos Reis
1º Secretário:
Alessandra Cristina F. Reis
2º Secretário:
Nelson Fontes
1º Tesoureiro:
Dante Gasparetto
2º Tesoureiro:
Tatiana Cruz das Chagas
Conselho Fiscal:
Valdir B. de Souza
Dalva de Oliveira Virgilio
Maria Chagas Cancellier
Suplentes:
Márcia Bruske
Vera Elidia Silvério
Próxima Reunião
A AMMA agradece, parabeniza e convoca os moradores
e amigos de Maranduba a participarem de sua próxima reunião, que se realizará as 20hs
do dia 06/05/2.010, na Escola
Insight Digital, à Rua Geraldo Berthi,135, Maranduba –
Ubatuba – SP. Informações:
(12) 3849-5522
Crime ou Maldade?
ra além de atrações diversas
para o descanso dos atletas e
turistas. A gastronomia pode
ser destaque para os visitantes. A atividade pode alavancar a economia da região que
sofre por falta investimentos e
políticas públicas para o setor.
A região possui os campos
da Maranduba, do Sertão da
Quina e do Sertão do Ingá,
que atendem as dimensões
exigidas. As áreas encontramse próximas uma das outras e
são de fácil acesso. Falta ainda uma melhor manutenção
da localidade e maior atenção
aos campos de futebol. Enquanto a decisão não sai, vale
a pena aguardar.
Recebemos denúncia que
algumas palmeiras imperiais
plantadas entre os canteiros
da Marginal da Maranduba e a
Rodovia SP-55 estavam sendo
“envenenadas”.
Constatamos através de
fotos que as palmeiras receberam furos, por onde provavelmente foi inserido algum
produto, ainda desconhecido.
Caso se confirme ser produto
nocivo a planta, fica a dúvida:
crime ou maldade?
Segundo Pedro Felix dos
Santos, “Crime ambiental é
quando um morador é processado ou vai preso por limpar
seu terreno para fazer uma
roça de mandioca para seu
sustento. Isso que fizeram é
maldade, pois atacaram uma
planta indefesa, que não faz
mal a ninguém”.
Esperamos que os “verdes”
de plantão tomem uma providência para apurar os fatos e
punir os responsáveis.
Palmeiras imperiais da marginal:
o que injetaram nesses furos?
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Jornal MARANDUBA News
Sabesp poderá construir barragem em ponto turístico
EZEQUIEL DOS SANTOS
A Sabesp vem há pelo menos um ano realizando estudos na região para a implantação de mais um ponto de
captação de água para atender a demanda da temporada.
Presume-se que o ponto escolhido foi a Cachoeira da Renata, local de relevante interesse
turístico e ambiental. O local é
parte do patrimônio histórico e
ambiental da região, faz parte de um conjunto de poços e
cachoeiras da mata atlântica,
que bem ou mal vem sendo
preservada por turistas e moradores locais. Técnicos já estiveram realizando medições
para a construção de uma
barragem, instalação de encanamentos necessários e local
de filtragem.
Moradores se preocupam
da forma como está sendo
conduzido o processo. Talita Jan, 38, tenta entender o
que está acontecendo. “Já
perguntei para todo mundo
da empresa e parece que ninguém sabe o que está acontecendo”. Segundo Talita, “o
engenheiro de Ubatuba não
sabe, os de Caraguatatuba
não informam e só o de São
José dos Campos é quem
sabe sobre a obra”. Segundo
Talita, os canos passarão nas
propriedades próximas a cachoeira e será em seu terreno
que a Sabesp pretende edificar o filtro de limpeza.
Heraldo dos Santos, 40,
também quer entender o que
vai acontecer de fato. Para ele
está tudo ainda meio no escuro. Informa ainda que já foi
consultado sobre a documentação de suas terras e está
aguardando o resultado.
Moradores temem que a
obra atenda apenas turistas,
que são proprietários das casas que permanecem a maio-
ria dos dias do ano fechados.
Visitantes, turistas e moradores temem que com a construção da barragem, o local fique
fechado para visitação, também pela alteração substancial do local. A área possui um
poço de média profundidade e
é conhecida em todo o Brasil
pelas águas frias, pontos de
saltos para mergulho, escorregador natural e as belezas
naturais em seu entorno.
Embora seja muito explorado, o local é de baixa periculosidade e boa parte do tempo
fica vazia, tempo o suficiente
para a mata se recuperar. Por
conta dos questionamentos,
o vereador Rogério Frediani,
encaminhou a ao engenheiro
Iberê Fábio Horie Kumcevicius - gerente da Sabesp de
Ubatuba, oficio CM RF 027/10
solicitando as seguintes informações: Valor da obra, previsão de seu término, trecho a
ser percorrido, se vai fechar
o acesso a cachoeira, se terá
alguma área que será desapropriada. Até o momento a
empresa não havia encaminhado resposta ao gabinete
de Frediani.
Outros problemas
Em 1995, a Sabesp tentou
construir uma caixa dágua
no morro do Emaús, ainda
no Sertão da Quina. Na ocasião a comunidade também
não sabia sobre a obra e foi
por conta das várias visitas de
engenheiros da empresa ao
morro que despertou a curiosidade de Manoel Gaspar dos
Santos, 75.
Na busca de informações
Manoel descobriu que a obra
já estava na eminência de ser
construída. Com a surpresa,
políticos da época e a comunidade se mobilizaram. Através de um levantamento histórico, responsáveis pela obra
Fotos: Emilio Campi
Cachoeira da Renata: local onde possivelmente será construída a barragem da SABESP
descobriram que o local é de
relevante interesse cultural e
religioso, já que foi ponto de
visitação de uma mensageira
religiosa em 1915, que depois
descobriram ser de Nossa Senhora das Graças. Com isto
a Sabesp parou as visitas e a
obra.
Outro caso parecido aconteceu no bairro do Corcovado,
onde a Sabesp realizou vários
estudos e tentou construir
uma barragem na cachoeira da
Bacia. A comunidade se manifestou e parou a obra, já que
era tão somente para atender
também as casas de veraneio.
Comunidade se mobilizou em 2005 para impedir a SABESP de realizar obra no Emaús do Sertão da Quina
Água própria
No final da década de 1970,
cerca de 200 pessoas se reuniram e com o material doados
pela prefeitura construíram
uma rede própria de captação de água. A obra contou
com quase todas as famílias.
Quem não pode colaborar com
mão de obra ajudava com dinheiro, com almoço e assim a
rede que abastece o bairro foi
concluído. Atualmente, a rede
abastece melhor que a rede da
Sabesp, que em períodos de
férias e chega a faltar.
A taxa de manutenção cobrada é baixa perto da facilidade do
serviço e da difícil manutenção
da rede. A comunidade teme
que a Sabesp assuma a rede
e cobre outros valores. Muitos
moradores não poderão pagar
e muitas casas provavelmente
não poderão ser ligadas conforme a legislação vigente.
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Jornal MARANDUBA News
Vamos falar sobre turismo V
FERNANDO PEDREIRA
Olá Amigos. Cá estamos para
dar andamento na divulgação
dos Projetos que elaboramos
em 2005/06 em parceria com o
Sebrae para o desenvolvimento do turismo receptivo PDTR,
em nossa querida Ubatuba.
Tínhamos como objetivo inicial o Extremo Sul de Ubatuba,
que denominamos de Baia do
Mar Virado. Mas na seqüência
estes projetos iriam ser repicados por toda a Cidade.
Já falamos sobre:
a) Sensibilização das Comunidades para a importância do
Turismo.
b) Sensibilização das Escolas
para a importância do Turismo.
c) Capacitação dos Empresários e Operacionais da Cadeia
Produtiva do Turismo
E agora falaremos sobre a
Formatação dos Produtos Turísticos.
Este projeto é muito importante, pois trata-se como o
próprio nome diz da elaboração do produto em si, aquilo
que queremos vender.
Antes devemos relembrar
a diferença entre Recurso e
Produto turístico. E nada melhor do que exemplificar, uma
trilha é um recurso turístico,
para se tornar um produto é
preciso que tenha, Guias Capacitados, Transporte, Horários de partida, Segurança
para os Turistas, Avaliação
do Grau de Dificuldade enfim
não se pode colocar os turistas
“numa roubada”.
Aí Vocês começam a perceber a necessidade da participação coletiva que falamos no
número anterior, pois estamos
formatando os atrativos para
a composição dos “pacotes
de turismo” que sem Hospedagem, sem Refeições, sem
Guias, sem Transporte, sem
Recepção, sem Artesãos, fica
impossível e foi o que aconteceu, e a oportunidade passou.
Os técnicos do Sebrae aqui
estiveram e fizeram visitas
técnicas nos primeiros dois recursos que achamos os mais
fáceis de serem formatados.
Ruínas da Lagoinha e Trilha
do Bonete fizeram um relatório de cada recurso os quais
disponibilizamos no Site, bem
como o projeto na íntegra.
Por falar em oportunidades
perdidas, aproveito então para
falar das Oportunidades Perdidas na esfera governamental,
porém ainda acredito que se
tivéssemos um apoio de algum
segmento da comunidade pudesse ser diferente.
Estamos falando da primeira
gestão da atual administração.
a) Politicamente éramos a
dupla PLxPT enquanto o governo federal PTxPL.
b) O Ministério das Cidades
exigia dos Municípios o Plano
Diretor.
c) Assinava-se o Convenio
entre Associação Comercial e
SEBRAE para a aplicação do
PDTR – Plano de Desenvolvimento do Turismo Receptivo.
d) O discurso era que seríamos governados através dos
Conselhos.
e) Criaram-se então os CONSELHOS MUNICIPAIS DE DESENVOLVIMENTO, TURISMO
e outros.
f) O Litoral Norte era foco,
tanto do Governo Federal
quanto do Estadual, pois projetos de Ampliação do Porto
de São Sebastião, Centro de
Detenção Provisória, Duplicação da Rodovia dos Tamoios,
Hospital Regional, Saneamento Básico em virtude dos investimentos citados e nada mais
nada menos que o Pré Sal com
a descoberta do Gás, que Evo
Morales nos regulava. Tudo fazia crer que era a nossa vez.
Fizemos parte dos Conselhos
Municipais de Desenvolvimento dentro do núcleo gestor do
Plano Diretor, e do de Turismo
sendo Vice Presidente e Conselheiro Regional.
Foram quase dois anos para
entender que, repito LEGISLAR, NORMATIZAR, ORGANIZAR, PLANEJAR eram verbos
indeclináveis.
Até hoje não temos nem a
Lei de Uso e Ocupação do Solo
“LUOS”, nem um PLANO MUNICIPAL DE TURISMO.
No Conselho de Desenvolvimento a esperança que fossem
levados até nós Conselheiros,
os principais problemas da Cidade, pois ali estavam reunidos todos os representantes
de todos os seguimentos da
Sociedade Civil, bem como os
secretários de todas as pastas,
inclusive o Ministério Público.
O então Secretário de Arquitetura e Planejamento Urbano
que Presidia as reuniões fez
questão de desmotivar todos
os Conselheiros que participavam na esperança de ajudar
a Cidade, pois ficamos meses
discutindo o “sexo dos anjos”
para se elaborar o Regimento
Interno e nada se trouxe para
discutir efetivamente.
No do Turismo o mesmo se
aplicou e abdicava-se de tudo
para se elaborar o “PLANO MUNICIPAL DE TURISMO”, que
como dissemos, até hoje...
No Conselho Regional de Turismo, a primeira medida do
Prefeito foi retirar a Cidade do
Circuito Litoral Norte alegando falta de verba, enquanto
que nas Jornadas do Turismo
Paulista, elaborado pelo Governo Estadual, era tudo gratuito e nem assim participávamos.
Perdemos a oportunidade,
mas perdemos quem? Nós
empresários, nós população,
nós jovens que buscam por
emprego e renda, perdemos
todos.
Muita coisa ainda está aí,
o Circuito Litoral Norte vem
substituir o PDTR, com a vantagem de ter verbas, e, além
disso, teremos a Copa 2014,
fomos selecionados entre diversas Cidades para sermos
uma das Sub-Sedes.
Os Técnicos do Projeto
Geor estiveram aqui e visitaram novamente as Ruínas da
Lagoinha e agora a Fazenda
de Gengibre, as empresas que
se inscreverem terão Consultorias e Capacitações e poderão
participar do Site e de outras
divulgações a serem realizadas, pelo Circuito. Procurem a
Associação Comercial.
Não deixem esta oportunidade passar, já perdemos a
anterior.
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Regional realiza melhorias
Fotos: James Ricardo
A Adminstração da Regional
Sul vem realizando uma série
de melhorias para a população
do sul do município. Segundo
o adminstrador regional, Moralino Valim Coelho, mesmo
com poucos recursos e equipamentos, a prefeitura está
fazendo o possivel para manter a região em condições.
Na última quinzena, em parceria com moradores, foram
realizadas obras de colocação de tubos na Rua Sena, no
Sertão da Quina, eliminando
o problema de enchentes no
local durante as chuvas. Também foram realizados serviços
de limpeza e manutenção da
estrada do Corcovado.
Já na Maranduba foram relizados manutenção na Rua Cabo
Noberto Henrique Weber e também o nivelamento e manutenção de várias ruas do bairro.
No Araribá também foi realizada a implantação de tubos para
escoamento de águas pluviais.
Moralino ressalta que é de
extrema importância a parceria com os moradores que viabilizam com mais agilidade os
reparos a serem efetuados.
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Jornal MARANDUBA News
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1º Maio 2010
Jornal MARANDUBA News
Praia da Lagoa: segredos e belezas de uma época
A praia possui areia grossa e muitas conchas. Seu nome deve-se à existência de uma lagoa no lado esquerdo da praia.
EZEQUIEL DOS SANTOS
Região de uma antiga fazenda colonial onde os traficantes
escondiam ilegalmente os escravos e usavam o café como
fachada de negócios, o local
tem uma pequena enseada do
lado sul da Caçandoca e possui acesso por terra tanto pela
Tabatinga e Caçandoca, como
por mar.
A Fazenda da Lagoa está no
limite de uma área reconhecida como o primeiro Quilombo
do Litoral Norte, o da Caçandoca. A região é cercada de
trilhas históricas com a beleza
selvagem da mata e das praias quase intactas: do Frade
ou Simão, do Saco das Bananas, da Raposa, da Caçandoca
e da Caçandoquinha.
Ora ladeada por matas
virgens, ora por matas rasteiras, a trilha é de nível médio e de esforço razoável.
Pelo morro da Caçandoca, o
visitante poderá contemplar
ainda várias outras belezas
e vestígios da cultura quilombola e caiçara. O acesso por
este lado é longo e provido
de muitas subidas e descidas.
A trilha ainda é aquela usada
pelos primeiros colonizadores.
A beleza natural, as imagens
inesquecíveis e a tranqüilidade do local, faz valer todo o
sacrifício, já que é necessário
várias paradas para um relaxante descanso e muitas fotos.
Pelo lado da Tabatinga, o
acesso é de aproximadamente
1,5 Km por estrada de cascalho e terra através da estrada
da Ponta Aguda (aberta pela
Superintendência do Desenvolvimento do Litoral Paulista SUDELPA). Os veículos tem de
ficar no final da estrada e depois de cinco minutos caminhando chega-se ao paraíso.
De barco também possível
alcançar a Praia da Lagoa,
porém tem que se verificar
o tempo e as condições das
marés. A praia possui areia
grossa e muitas conchas. Seu
nome deve-se à existência de
uma lagoa no lado esquerdo
da praia. As areias desta antiga fazenda são brancas e
límpidas. Quando pisamos
podemos ouvir ela literalmente cantar, é possível ouvir
os “ics, ics, ics” produzidos
pela frição que provocamos
quando pisamos com mais
força na praia.
A praia é de tombo, não
abrigada e suscetível a mudanças bruscas de marés, já que
está de frente para o mar aberto. Possui cerca de cem metros, tem a forma de uma fer-
radura um pouco mais aberta.
Em sua abertura, que aponta
para o mar aberto, o local é
fundo. É preciso resguardar os
devidos cuidados para a prática do banho e mergulho.
As águas por vezes verdeclaras, por vezes azuis e em
mares de piratas, escura
quase negra. O estrondo
das ondas é um espetáculo
a parte, um bom observador
dos sons da natureza, poderá
ouvir as areias sendo levadas
pelas ondas, para cima e para
baixo. A mata que protege a
frente da praia respeita o repouso intacto do jundú. O mar
é mais agitado em seu canto
direito, as espumas levantando-se por conta das ondas estourando nas pedras causam
um atrativo diferenciado. Em
seu canto esquerdo o mar é
mais calmo e tem uma particularidade, a lagoa de água
doce que se forma imponente
e maravilhosa, separadas apenas por uma faixa de areia a
apenas três ou quatro metros
do mar. Nela é possível observar espécies raras de peixes e
aves, alguns como o Carapicu,
um tipo de peixe parecido ao
lambari, mas que também
vive em água salgada.
O mar do local é ótimo para
observar peixes mariscando
durante a noite e durante o
dia eles buscam cada um o seu
canto. É possível ainda ver tartarugas marinhas em seu balé
tranqüilo dando o ar da graça.
Ótimo ponto para namoro,
levar as crianças, curtir o dia
com a família, local ideal para
Fotos: Emilio Campi
relaxar o corpo e a mente.
Gostoso mesmo é se empanar nas areias grossas da
Lagoa e depois entrar nas ondas fortes. A lagoa transforma-se numa piscina particular,
ideal para tirar o sal do corpo
e descansar em período de sol
mais intenso. Lindo também é
a vegetação que cobre a lateral do caminho. Parece que foi
colocada a mão. São jardins de
bromélias e caraguatás numa
disposição de dar inveja. É
fácil ainda descobrir pegadas
de aves e animais em busca de
sombra, água e frutas como o
araçá e o maracujá. Para um
melhor aproveitamento do dia
e uma maior segurança é recomendável realizar o trecho
acompanhado de um guia.
Bom passeio!
1º Maio 2010
Página 9
Jornal MARANDUBA News
Fazenda era porta de entrada para o tráfico de escravos
Em 1850, após a Lei do Abate de Navios Negreiros de Euzébio de Queiroz, o trefego de escravos continuava na região
EZEQUIEL DOS SANTOS
Beleza natural à parte, por
trás do jundú e pela trilha
é possível avistar um lindo
jardim de sapé e flores tropicais, vestígios de casas e de
algumas pilastras erguidas.
Mas, ao caminhar em direção
ao centro da fazenda, em
meio a mata, avistamos uma
grande estrutura que teria
sido um imenso porão construído por peças de pedras
coladas com conchas moídas
misturadas a areia e óleo de
baleia. Acima, umas pilastras
que teriam dado sustentação
as paredes que agüentava
um enorme galpão. É assim
que está guardada uma das
últimas jóias de estrutura arquitetônica
surpreendente:
ruínas, marcas do tempo da
escravatura, do processo civilizatório e da formação genealógica de nosso País.
A estrutura lá existente nos
remete ao um passado triste
de exploração e sofrimento.
Ao tocar nas ruínas e fechar os
olhos, dá para sentir emoções
fortes. Parece que a parede
quer falar alguma coisa. Muitos dizem que é assombrado.
A construção impressiona pelos detalhes arquitetônicos, o
local escolhido, os detalhes de
encaixe das madeiras, reboco
(novidade para a época), a
disposição dos espaços, a organização das salas, a saída e
a entrada do local, o desenho
que esconde os porões e a
proximidade da lagoa, onde
os traficantes afogavam os
negros secretamente e depois
enterravam ou lançavam ao
mar seus corpos.
Segundo estudiosos, a fazenda era realmente uma
fachada para o tráfego negreiro. Eram trazidos na maio-
Fotos: Emilio Campi
ria homens que ficavam presos
no porão da grande casa, que
é o que sobrou, o que vemos
hoje. Os humanos que eram
negociados eram vendidos a
peso de ouro. Havia escolha
até para os tons de negro
da pele, quanto mais escuro
mais caro. Observavam seus
dentes brancos e fortes, as
canelas, que quanto mais fina
mais valor tinham para venda.
Eram itens importantes que
mais valorizavam sua negociação no mercado.
Temos informações que o
penúltimo proprietário foi Carlos José Robillar, natural da
Ilha de São Domingos – França. Ao que tudo indica chegou
ao Brasil por volta de 18211822 para adquirir um tanto de
terras. Chegou com a condição
de lavrador proprietário. Em
1823-1824 teve como sócio
um tal de Glucht, que aparece
como agregado de Rubillar em
1825. O feitor de Robillar foi
Pacifique Guiamon, que veio a
falecer em 1827. Em 1829 sua
propriedade consta em nome
de sua mãe Dona Catarina
Francisca Robillar. Em 1830 o
fogo aparece novamente em
seu nome e seu feitor é Elias
Romeira. O último proprietário
a que se tem notícia foi Bernardino Antunes de Sá, que
por volta de 1858, trouxe das
Minas Gerais José Antunes de
Sá, um parente para comprar
outra fazenda, a da Caçandoca.
Em 1850, com a aplicação
da Lei do Abate de Navios, de
Euzébio de Queiroz, muitos
traficantes de escravos utilizaram rotas alternativas para
venderem negros ao planalto.
Na nossa região ainda constam às trilhas do Campo, Água
Branca e da Pedra Preta, do
Sertão da Quina do lado de
Ubatuba, e outras do lado de
Caraguatatuba, como a subida
até Pouso Alto e do Poço Verde.
Não precisa ter estudo para
entender o valor histórico e
cultural do lugar, que através
da tradição oral fomos representados na formação de
nossas raízes. Não precisa ter
estudo para entender o valor
ambiental que o lugar possui,
já que se trata de um ponto em
que a especulação imobiliária
ainda não desfigurou, como
aconteceu com as ruínas no
entorno da entrada da Estrada
da Ponta Aguda. Não precisa
ter estudo para entender que
esse ecossistema mantém os
seres vivos livres para transitar entre a mata e a praia.
Até a década de 1970 o lugar
ainda teve outros moradores
que viviam exclusivamente da
pesca, da caça e da agricultura
familiar. Havia ainda a criação
de pequenos animais.
Sebastião Pedro de Oliveira, 85, lembra dos seguintes
moradores: Horácio, Aristeu,
João da Lagoa e Ernesto. Conta ainda que com a orientação
do Padre Pio foi construída
uma escola na propriedade
de João da Lagoa, onde ele,
João Cabral, Pedro Celestino, Guido Correa e Antonio
Pedro Rosa trabalharam por
volta de 1954. Diz ainda que
eles atravessavam a trilha da
Tabatinga a Caçandoca com
um saco de açúcar mascavo
misturado a farinha de milho,
que eram comidos com frutas
apanhados no caminho e por
vezes café oferecidos por moradores.
Parte interna do que sobrou dos galpões que escondiam os escravos
Página 10
Jornal MARANDUBA News
Gente da nossa história:
EZEQUIEL DOS SANTOS
Sebastiana Luiza de Oliveira
Prado foi peça fundamental na
qualidade de vida na região. Era
ela quem fazia o papel de “enfermeira da família”, trabalhava
de forma preventiva.
Muitos homens e mulheres
hoje lembram com muito carinho da Dona Tiana Luiza. Embora
fosse festeira, carregava muitas
responsabilidades. Parteira de
profissão, realizada varias ações
medicamentosas, dona de um
raro saber, ela conseguia transformar folhas e raízes nos mais
importantes remédios. Tinha
remédios para todos os problemas da época. Sua fé nunca
foi contestada, seus benzimentos em nome de Deus hoje são
questionados, mas quem precisou que o diga.
Vinha gente de todo lugar do
país e de todas as religiões para
conversar com Tiana. Ela quase
não tinha tempo para descansar, por vezes ficava semanas na
casa de um doente até que ele
se recuperasse. Derradeira (última) filha de Bertolina Catarina
de Jesus, de origem indígena e
portuguesa e de Luiz Jesuíno de
Oliveira um luso/italiano, nasceu
na Praia Grande do Bonete pelas
mãos de Ana Sobrinha da Praia
da Tabatinga, aos dez dias do
mês de Junho de 1923.
De família simples, casouse aos 16 anos com Manoel
Cesário do Prado, e tiveram três
filhas: Maria, Rosalia e Conceição, além de um filho adotivo, Luiz Celso, mais conhecido
como Mosquito.
Curiosa, Tiana descobriu cedo
o dom da cura e da manipulação das plantas, seu primeiro
trabalho de parto realizou na
casa de Benedita Apolinário.
Num deslize de Ana Sobrinha,
Tiana entra no quarto, minutos
depois, rompendo os gemidos
da parturiente, houve-se o choro de uma criança... era uma
menina a qual deram o nome
de Maria Apolinário. Depois de
1º Maio 2010
Sebastiana Luiza - Enfermeira das Famílias
muitos puxões de orelhas, Ana
Sobrinho comentou que tinha
achado uma substituta ideal,
senão a melhor para o assunto
e já poderia descansar em paz.
Detalhe - Sebastiana Luiza tinha
apenas dezessete anos e nunca
tinha visto um parto, era seu
primeiro parto como ajudante
de parteira. Seu conhecimento
se deve em partes da transferência dos saberes de seu pai.
Morou no bairro do Araribá
por muito tempo onde de tudo
plantava, viviam da pesca e
da caça. Como de costume, a
casa era na beira do rio onde
buscavam água para os banhos
e cozimentos. Com o respeito
adquirido de uma das parteiras
mais experientes, ela era a
única pessoa com idade inferior aos costumes da época que
podia participar de um trabalho
de parto. Ela preferia cuidar
daqueles que eram mais pobres
e que possuíam pouca informação sobre saúde, cuidados com
a casa e com as crianças.
Dotada de personalidade
forte, sabia das coisas como se
tivesse um filtro e conseguia
distinguir uma pessoa má de
uma pessoa boa, todavia, sabia o momento certo de dizer
as coisas, tudo sem rodeios, na
lata, como costumam dizer.
Como trabalhava muito e
morava longe, muitas vezes as
crianças nasciam pela metade
das mãos de outras pessoas.
Tiana então chegava, lavava as
mãos com sabão e partia para o
serviço. No mesmo ano, realizou
um parto muito complicado. Era
um menino muito grande que
estava com o cordão umbilical
em volta do pescoço. Calmamente colocou as mãos na barriga da mulher, fazendo movimentos aleatórios, depois pegou
pés da criança e foi virando-a,
até que finalmente conseguiu tirar o cordão do pescoço. Pronto,
à criança saiu!
Havia outro problema: a criança estava com uma coloração
arroxeada, o que fazer agora?
Para algumas mulheres a criança já estava morta, mas Dona
Tiana era mais paciente que
o paciente, pegou a criança,
começou a soprar a “moleira”
e a balançá-la para cima e para
baixo, nada até então. Levou a
um quarto, trancou a porta e
começou a dizer umas orações
que ninguém conhecia. De repente ouviu-se o choro da criança. A mesma chorou por um dia
inteiro, pois estava com outro
problema: não conseguia sugar
o leite da mãe, o cordão havia
machucado seu pescoço. Lá vai
Dona Tiana atrás de ervas para
um bálsamo, que acompanhado
de uma massagem, resolveu o
problema, pelo menos parcialmente. Ela começou a dar em
uma colher chá para que ele
aos poucos movimentasse os
músculos da face que faziam
com ele sugasse a tão rica fonte
de vida, o leite materno.
Esse era o segundo parto
de sua vida. Essa criança lhe
ocupou sete dias de dedicação.
Hoje é seu afilhado, ainda vivo,
e seu nome é Antônio Amorim,
mais conhecido pela alcunha de
Antônio Lagarto. O porquê do
apelido ninguém sabe. Antônio
relembra com saudades de
muitas coisas que sua querida
madrinha era capaz de resolver.
Para resolver os problemas ficava vários dias sem comer. Seu
conhecimento lhe rendeu entrevistas com religiosos e cientistas. Todos que nasciam por
suas mãos a visitavam, mesmo
que isto demorasse dias de viagem. Não há registros de que
alguma criança viesse a falecer
em suas mãos em função do
parto, pois seu cuidado maior
era com a prevenção antes do
nascimento. Ela sem saber já
fazia o que conhecemos hoje
como pré-natal, tanto que as
mulheres ou homens que “pulavam a cerca” vinham pedir-lhe
para fazer à famosa “garrafada”, só que eles a pediam para
um aborto, o que nunca acon-
tecia, a garrafada dela era para
dar “sustância” à criança.
Seus remédios por muitas
vezes foram questionados, até
que um milionário da Tabatinga levou várias amostras para
o renomado Instituto Adolpho
Lutz, sem ela saber. Depois um
médico trouxe a notícia: todas
as amostras examinadas tinham
fundamentos medicinais. Solicitou mais amostras para analises
e pesquisas.
Sebastiana realizou partos nas
cidades de Ubatuba, Caraguatatuba, Ilha Bela, São Sebastião,
Natividade da Serra, Vargem
Grande, Taubaté, São José dos
Campos, Aparecida do Norte,
São Luiz do Paraitinga, Parati
e São Paulo. Nunca cobrou um
centavo por seu trabalho. Às
vezes recebia presentes de pessoas que não se identificavam.
Em meados de 1955, Dona Tiana recebeu a visita de um Arcebispo que, para não chamar
atenção, chegou em trajes comuns e fez várias perguntas a
Tiana. Posteriormente seu marido, que trabalhava na época em
Santos, recebeu a incumbência
de entregar-lhe uma pequena
caixa, que para sua surpresa
era um crucifixo assinado pelo
Santo Padre, o Papa João Paulo
II, e um livro com trechos em
que suas orações estavam lá
impressas, junto com rezadeiras escravas e índias de todo o
Brasil. Esse livro foi publicado
até 1975.
Para ela a televisão era o maior
culpado pela destruição das famílias e da fé verdadeira, aquela
que não foi inventada para dinheiro, mas sim para salvação.
Tiana era analfabeta e tinha
imensa vontade de aprender
a ler e escrever, mas ensinou
muita coisa aos que a conhecia.
Em 25 de Janeiro de 1995, Tiana nos deixou, porém como homenagem foi eleita patrona da
escola do Araribá, que leva seu
nome: E. M. Sebastiana Luiza
de Oliveira Prado – Tiana Luiza.
1º Maio 2010
Jornal MARANDUBA News
Manhas e Artimanhas do Cacique Cunhambebe
RENATO NUNES
Depois que eu decidi contar
neste jornal o que é, como
surgiu e o que deve ser feito
com a “maldição de Cunhambebe” que inferniza Ubatuba
há mais de três séculos, fui
procurado por muitas pessoas
interessadas em maiores detalhes sobre o veterano cacique. Pouco pude acrescentar
ao que eu já havia dito, mas
para espanto meu, aconteceu
uma coisa extraordinária.
O próprio Cunhambebe apareceu em minha casa anteontem durante a madrugada.
Como moro na avenida do
Cruzeiro, disse-me que é por
ali que passa seus dias, organizando todos os movimentos
para ver permanentemente
cumprida sua conhecida maldição, e depois que eu a revelei resolveu se apresentar,
quis me conhecer e se dar a
conhecer.
Realmente a história tem
razão, é um tipo grandalhão,
de fala mansa e gago. Me
pareceu um sujeito alegre e
gozador apesar do aspecto
sombrio, dos olhos terríveis
e duros e da enorme cicatriz
que vai de um lado a outro
do peito. Contou que observa
quem chega, quem sai e o que
fazem na cidade, aí então vai
desfazendo as iniciativas, pondo pedras no caminho e trabalhando há séculos para irritar
e prejudicar os descendentes,
amigos e convidados daqueles
portugueses que humilharam
seu povo.
* * *
Disse-me que anda meio
cansado desse assunto mas,
como foi ele que lançou a
maldição, ficou eternamente
comprometido com sua perfeita realização. Outros caciques
o ajudaram nos primeiros
duzentos e cinqüenta anos,
porém acharam que já era demais e se foram. Ele, teimoso
e determinado como sempre,
se mantém ligado em tudo
que acontece. Comentou que
a cidade cresceu muito ultimamente, com muita gente que
veio de fora sendo também
vítimas de sua maldição, mas
que era isso mesmo que ele
queria. Quanto mais gente,
mais problemas e pior os governantes, foi o que ele disse.
* * *
Conversa vai, conversa vem
convidei-o a dar uma volta
para que me mostrasse como
agia para que as coisas não
dessem certo por aqui. Levoume para o alto do morro do
Matarazzo que ele chamou de
Curuçá-mirim dizendo que de
lá, onde estava antigamente
sua aldeia, podia avistar toda
a baía e a cidade, acompanhando os passos das pessoas
e o que faziam. Disse que ficava por lá porque se sentia
bem naquele terreno velho
conhecido, e que sua condição
de cacique secular o permitia
estar em todos os lugares e
ver tudo ao mesmo tempo.
Contou que a primeira coisa que fazia era retirar das
pessoas sua capacidade de
reclamar e de cooperar, introduzindo em seu lugar o
sentimento de inveja e a
prática da futrica. Só isso,
disse ele, era suficiente para
paralisar tudo porque as
pessoas se destruíam sozinhas. Deu como exemplo o
seguinte: qualquer um que
começasse a se destacar em
algum trabalho comunitário
seria logo chamado de candidato a prefeito para que
despertasse naqueles que
pretendiam
candidatar-se,
a preocupação com o futuro
concorrente. Aí então trabalhavam contra ele. O pessoal
da administração pública,
vereadores e chefes partidários passavam-lhe toda
espécie de rasteira, negandose ainda a atendê-lo em seus
pedidos em favor do bairro
para destruí-lo perante a
população, só porque achavam que chegaram antes na
fila dos candidatos a prefeito.
Como a população já tinha
sido privada da capacidade
de reclamar e cooperar, viravam as costas para o sujeito,
acreditando nas futricas que
lançavam contra ele, negando-lhe qualquer apoio. Assim
era mais um que se ia e tudo
ficava na mesma.
* * *
Outra artimanha do velho
cacique, contada em meio
a enormes gargalhadas, era
a cegueira seletiva que aplicava nas pessoas. Produzia
uma cegueira no cidadão que
o impedia de ver só o que
ele, cacique, não queria que
a pessoa visse. Por exemplo,
os policiais encarregados de
manter a ordem para criar
um clima favorável aos turistas que deveriam trazer dinheiro para a cidade, ficavam
cegos em relação ao montão
de mendigos que perseguem
as pessoas atrás de uns trocados, ou cegos quanto aos motoristas de cidades do interior
que ligam um som altíssimo
nos seus automóveis toda
noite nas principais ruas da cidade, embolando as calçadas
e xingando as pessoas que estiverem a passeio ou em suas
casas que, aborrecidos e ofendidos vão-se embora achando
que a cidade não oferece segurança. Os policiais são bem
intencionados, mas o cacique
se diverte criando neles a cegueira seletiva porque isso
reforça os efeitos da sua maldição sobre a cidade.
Também se diverte muito
com o golpe da cegueira aplicado na privatização do espaço público, isto é, o que é
de todos fica sendo apenas
de um, com a concordância
e prejuízo de todos, e todos
riem. Funciona assim : vêm
uns caras e montam um quiosque no meio da calçada ou
na beira da praia, de preferência em algum lugar bonito
e tranqüilo. A seguir, enchem
a sua volta de mesas e cadeiras, metem um som barulhento durante a noite toda
até a madrugada. Ninguém vê
o abuso, mas o pessoal da cidade, os moradores do lugar,
todos se aborrecem. Sua paz
vira um inferno mas todos toleram porque dizem que a zorra é para alegrar os turistas. E
é aí que o cacique se diverte
mais. Diz que conseguiu pôr
na cabeça das pessoas que
aquela zorra atrai turistas, e
ninguém percebeu que é justamente o contrário, espanta
os visitantes.
Assim, os próprios chefes da
cidade afugentam aqueles que
tem dinheiro e gostariam de
gasta-lo em Ubatuba, ficando
por aqui, rebolando “quinem
doidos nos quiosques”, como
disse o velho morubixaba,
apenas as pessoas que andam de Kombi 79, Opala 68
e Brasília qualquer ano. Esses não tem dinheiro nenhum
mas como são muito numerosos, enganam as pessoas da
cidade que, sem saber que
estão afetadas pelo golpe da
cegueira, dizem que o futuro
vai ser bom porque a cidade
está cheia. Cheios ficaram
aqueles que viraram as costas
para Ubatuba e foram gastar
seu rico dinheirinho noutras
cidades do litoral, menos bonitas mas mais organizadas
e inteligentes, arrematou às
Página 11
Crônica de Renato Nunes
Publicada em 21 de março de 2005
gargalhadas o gigante Cunhambebe.
* * *
Nesse momento, como o
sol já estava querendo aparecer no horizonte do mar do
Itaguá, lançando uns raios de
fogo contra as nuvens ainda
escuras da noite e fazendo
as águas da baía parecerem
uma enorme planície negra,
o cacique, voltando-se para
mim com um olhar sério e
cansado, disse que estava na
hora de caminhar sozinho por
aquela superfície em direção
ao astro rei.
E foi-se. Ainda vi seu
enorme vulto andando contra o vermelho da alvorada
quando parou, virou a cabeça
em direção à praia e gritou,
“qualquer noite voltarei para
contar mais uns truques que
faço com alguns chefes desse
vilarejo, para que aceitem
umas galinhas e um pouco de
peixe com farinha para mudar
as leis e desorganizar tudo, e
ainda assim continuando a ser
respeitados e tratados como
pessoas importantes”. Ouvi
uma enorme gargalhada e o
perdi de vista.”
* * *
Renato Nunes
25/03/2005
Página 12
Jornal MARANDUBA News
Ruas receberam nomes de pracinhas da FEB
EMILIO CAMPI
A Segunda Guerra Mundial,
arquitetada pelo alemão Hitler,
envolveu 72 Países e travou
combate em todos os continentes. Durou de 1° de setembro
de 1939, quando os exércitos
nazistas invadiram a Polônia,
até 8 de maio de 1945, quando
eles se renderam.
O número de mortos durante as batalhas superou 50
milhões,
aproximadamente
28 milhões foram mutilados e
cerca de 110 milhões de homens e mulheres foram mobilizados, somente 30% da
população não sofreu nenhum
ferimento.
O que a Maranduba tem a
ver com isso?
Em 1956 a Construtora
Jequitibá realizava a terraplenagem do Balneário Maranduba
quando solicitou a Associação
dos Ex-Combatentes do Brasil uma relação de nomes de
ex-combatentes falecidos nos
campos de batalha da Itália. O
propósito era homenagear esses valentes brasileiros dando
seus nomes as ruas do empreendimento.
Ao lado temos a carta dirigida a Construtora e Imobiliária
Jequitiba enviada pela Associação dos Ex-Combatentes
do Brasil, agradecendo a homenagem, datada de 31 de
outubro de 1956.
Saiba mais sobre o assunto
em
http://www.brasil2gm.
hpg.com.br/htm/principal.htm
Fotos: Arquivo pessoal de Fabio Hanna
1º Maio 2010
Um convite a Transformação
ALESSANDRA REIS
Era uma vez uma escola muito parecida com aquela que
freqüentávamos quando éramos pequenos, tinha mesa, tinha cadeira, a professora era
quase a mesma. Tinha à hora
de entrar e sair, a diretora que
ainda ficava ali, em sua sala a
observar a rotina de seus alunos e o mundo a mudar. Tinha
alunos, tinha merenda, tinha
parque e também tinha prova,
ah as prova, só de pensar até
da um frio na barriga, mas além
de sua estrutura física e do material humano, tinha uma coisa
que não lembro de ter em minha época de vida escolar. Fora
dos muros dessa escola existia
uma vida muito agitada, cheia
de problemas sociais e de violência que por mais que todos
que estavam naquele espaço
não quisessem, conseguia invadir os muros e mudar a nossa
escola.
E a cada dia chegava um problema diferente, uma hora era o
aluno que não conseguia aprender, porque sentia fome! Outra
hora era o aluno com dificuldades de relacionamento com
outros colegas, porque estava
acostumado a presenciar com
freqüência brigas em seu lar.
Ora aparecia um professor observando a falta de afetividade
na vida de seu aluno. E essa escola o que faz? E os problemas
continuam a chegar e ultrapassar os muros da nossa escola e
a vida continua a mudar.
Muda tão rapidamente que o
que era verdade absoluta ontem, hoje passa ser história,
pois os meios de comunicação
como jornal, televisão e internet, nos dizem uma nova verdade, que infelizmente ainda
não conseguiu ultrapassar os
muros da escola. Como não?
Pergunto com indignação... As
mudanças que ocorreram de
ontem para hoje não chegaram
na escola não? Mas a violência
chegou, o aluno mudou e a escola, continua com carteiras e
lápis na mão?
E ai eu te pergunto meu caro
leitor que outrora já foi aluno
com lápis e papel na mão, Se
o mundo muda, porque nossa
escola não?
- Ah mais ouvi dizer que nos
país do lado a escola não é assim não, tem alunos aprendendo com o mundo da informação.
- Mas nesse país tem problemas iguais com que aqui estão?
- Tem sim, muitos problemas, mas a diferença é que lá
eles decidiram mudar, uniramse todos, para fazer uma transformação.
- Transformação!
- Além de lápis e papel na
mão, pai, professor, diretor, comunidade, fizeram um mutirão.
Mudaram sua posição e tomaram uma grande decisão.
A escola não pode ser igual
a nossa não, pois nossos problemas e nossas crianças encontram hoje novas condições
e é justamente por conta dessas condições que convido você
aluno, professor, diretor, pai e
comunidade a realizar a mesma
transformação.
- Como?
- Contribuindo muito mais
com sua participação.
A educação que semeamos
em nossa escola é de responsabilidade de todos nós e as
janelas desse novo futuro devem nós mostrar um horizonte
muito melhor. Eu acredito nisso, por isso vou partilhar com
vocês nesse novo espaço, muito mais informação, para que
juntos possamos encontrar novas soluções para uma melhor
educação!
Alessandra Reis
Insight Digital
1º Maio 2010
Jornal MARANDUBA News
Página 13
Maranduba: árvore, ilha, lago, terra, lenda ou tudo junto?
EZEQUIEL DOS SANTOS
Nas caixas 190 e 191 dos
maços da População da Vila
de Ubatuba, do Arquivo Público do Estado de São Paulo,
pesquisa esta realizada pelo
historiador Euclides Vigneron,
acredita-se que o topônimo
BRAJAHIMERINDUBA, já transcrito em 1827, designado a
área de terra conhecida atualmente como Maranduba,
bairro e praia de Ubatuba que
conhecemos bem, poderia ainda ser aquela oriunda da junção de BREJAÚVA (espécie de
palmeira) e MASSARANDUBA
(árvore parecida com a Urucurana), existentes em grande
quantidade na região.
Considerada a maior área
de terras cultiváveis e plana,
próxima a faixa costeira, da
2ª. CIA., era da propriedade
de João Agostinho Stevenné
(França) ou região de Brejahimirinduba. Massaranduba,
ou
Maçaranduba(Pouteria
Ramiflora), árvore da família
das Sapotáceas, de madeira
vermelho-escura, fibra fina,
boa de ser trabalhada, boa
para dormentes de estrada
de ferro, de fruto e suco saboroso, produz látex que dá
borracha de qualidade inferior. ‘‘Massaranduba não e do
número de paus preciosos por
sua cor... é porém merecedor
de muita estimação pela sua
muita dureza e fortidão, com
ser mais leve que muitos outros e muito dura, e por ela as
embarcações que se fazem da
sua madeira são quase eternas...’’ ( Pe. João Daniel).
‘‘Massaranduba é fruta mais
saborosa das nossas matas...
só de uma Massarandubeira eu
tirei dois litros de leite.’’ ( Visconde Chermont de Miranda).
‘‘Massaranduba ou arvore de
leite, cuja seiva se bebe misturada com café. ’’(E. Reclus).
Foto: Emilio Campi
Para outro pesquisador J.
David Jorge do Arquivo do
Estado refere-se à denominação de Maranduba como
uma pequena ilha, um rio
e um lugar no município de
Ubatuba. Descreve ainda que
se trata de uma ilha marítima, pequena e de formação
granítica, localizada bem de
frente a foz do Rio conhecido
pelo nome de Brejamirinduba.
Para o pesquisador e pai
do Dicionário Geográfico da
Província de São Paulo, Dr.
João Mendes de Almeida, o
verdadeiro nome desta ilha é
Merinbuba e não Maranduba
(conhecida também como
ilha do Tamerão). Na época
da pesquisa, o rio de que se
fala, é aquele que conhecemos que corre entre Ubatuba
e Caraguatatuba, desaguando
no mar. O lugar deste nome
é antigo bairro do município
de Ubatuba, hoje um dos mais
importantes distritos de paz.
No dicionário ainda menciona
ainda, a ilha, com praia e enseada para abrigo e ainda com
arrecifes do lado de leste onde
o mar bate rijo as rochas.
Desta forma o vocábulo Maranduba é composto: Maranduba, significando: mar estrondoso ou estrondo do mar.
De Mara (mbará, bará, porá):
mar, rio caudaloso. Nduba:
estrondar. Ndu: rumor, rumoroso. No linguajar dos índios do Nordeste brasileiro, o
termo que designa rumor ou
estrondo é teapú ou teapuaçú, tanto que rumorejante é
teapú-monhangauá, rumorejar é munhã-teapú e estrepidar é teapú-açú.
Deve-se para tanto grafar
Mara-nduba e não “Maran-duba”,
porque nos falar dos brasilindios
não existe o som do “d “mudo,
mas sempre o grupo “nd.”
Então temos ainda do nome
Maranduba os possíveis e
seguintes significados:
A) O estrondar da batalha,
da luta ou da guerra, se ao
invés de Mara, dissermos a
começar pelo composto Marã,
como falamos.
B) Local de muitos conflitos,
desordem, batalhas ou guerras,
se o “nduba”for uma variante
de “tuba” ou “tyba”, portanto,
sufixo, tendo como equivalente
à terminação portuguesa” ai”,
este sufixo indica sitio, local,
pouso, lugar onde há reunião
ou abundancia de indivíduos ou
coisas da mesma espécie.
C) Lugar que se junta grande
quantidade de água do mar ou
do rio.
D) Contado, dado notícia, se
Maranduba for uma corrupção
de “Maranduua”.
E) Conto, notícia, história, se
houve alteração do vocábulo
“Marandyua” para Maranduba.
F) Também na língua dos
índios, Maranduba ou “Poranduba”, significa o conjunto de
histórias bonitas, que umas
gerações contam as outras, sobre a origem da tribo,
os seus feitos e valores, ou
os seus atos de heroísmo, o
que nós conhecemos como
Tradição Oral.
Independente da origem do
nome Maranduba, cabe a nós
preservá-lo não só da forma
elitizada das leis ambientais,
mais ainda de seu potencial de
que foi no passado e perspectiva de futuro. Nossa região é
uma mulher bonita que todos
querem namorá-la, mas está
mal cuidada, porém poucos
reconhecem seu devido valor.
Sem comprometimento e sem
vinculo com a nossa história,
fica difícil.
Página 14
Classificados
IMÓVEIS
Sertão da Quina - Casa térrea,
2 dormitórios, sala, cozinha,
banheiro social, área com churrasqueira e banheiro. Área do
terreno 400 m². Área construída 125 m². Valor R$ 70.000.00
Tratar (12) 3849.8393
------------------------------------Sertão da Quina - Casa térrea c/
3 dormitórios, sendo uma suíte,
sala, cozinha e lavanderia. Escritura definitiva. 150 metros
da praia. Valor R$ 115.000,00
Tratar (12) 3849.8393
------------------------------------Tabatinga - Casa térrea, 3 dorms
(uma suíte), terreno grande c/
gramado, piscina, churrasqueira coberta. R$.170.000,00
Tratar (12) 3849.8393
------------------------------------Condomínio Sapê - Casa térrea,
2 suítes, 2 dorms, 2 banheiros, sala, cozinha, lavanderia,
varanda e churrasqueira, 50
metros da Praia do Sapé. R$
200.000,00 - (12) 3849.8393
------------------------------------Maranduba - Casa térrea, 3
dorms, 1 suíte, banheiro, sala,
churrasqueira, cozinha e garagem coberta. Localizada á 50
metros da praia, de frente para
rodovia. Valor R$ 300.000,00 Tratar (12) 3849.8393
------------------------------------Estufa II - Terreno 275m2 doc
OK, atrás Toninho Terraplenagem (antigo Flat Club). Valor
R$ 70.000,00. Aceito proposta.
(12) 9135.3998 Lucimara
1º Maio 2010
Jornal MARANDUBA News
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VEÍCULOS
Buggy, motor novo, pneus e
freios novos. Doc. OK. Ótima
oportunidade. R$10.000,00.
Tratar: (12) 8126-8052 ou
8186-8005.
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NAUTICA
Escuna 30 passageiros, Doc
OK. Completa, motor Yanmar
novo. Tr. (12) 3832.4192 ou
9601.5472 c/ Eduardo
Isso é Maranduba!
Fotos: Emilio Campi
O “Serrote”
Nossa editora, Adelina
Campi, foi conferir no
Restaurante Tropical um
“serrote” todo especial:
um pássaro preto que visita as mesas dos clientes.
Na foto “pretinho”, como
é conhecido, dá uma
conferida no copo. Como
era refrigerante, não quis
papo. Ele gosta mesmo é
de cerveja...
No comando
Quem está de volta a
nossa região é Dona Cida,
do restaurante Delícias da
Cabocla.
Comandando aquele já
tradicional fogão à lenha,
trouxe de volta aquele
sabor das feijoadas aos
sábados que só ela sabe
proporcionar.
ATENÇÃO: Os anúncios classificados representa um serviço do Jornal Maranduba News à
comunidade da região sul de Ubatuba e norte
de Caraguatatuba. O jornal não tem qualquer
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propostos. Para facilitar o acesso aos usuários
deste serviço, o jornal aceira anúncios através
de telefone ou e-mail não exigindo qualquer
procedência dos mesmos. Portanto, o Jornal
Maranduba News não se responsabiliza pelos
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De passagem para Santos
Com seu triciclo e uma barraca o técnico
em eletrônica Marildo Gustavo acampou
por alguns dias na orla da Maranduba.
Ele saiu há quatro meses do Rio de Janeiro
com destino a Santos. Disse que aprecia
esse tipo de aventura, pois anteriormente
fez uma viagem à Bahia que durou três
anos e meio. Discriminado em alguns
locais, relata que foi bem recebido na
Maranduba.
Inconsolável
Pedro Fofoca, presidente da CEFOM
(Central de Fofocas da Maranduba)
estava inconsolável com a
morte do jacaré da Salete.
Segundo Pedro, o bichinho ficou sem
água e morreu de sede.
Mas sede mesmo estava ele, que diante
de tamanha tristeza, não tinha cerveja
que afogasse suas mágoas.
Tudo isso em nome da preservação.
1º Maio 2010
O que é a Dengue
ADELINA CAMPI
A dengue é uma doença infecciosa febril aguda causada
por um vírus da família Flaviridae e é transmitida através
do mosquito Aedes aegypti,
também infectado pelo vírus.
Atualmente, a dengue é considerada um dos principais problemas de saúde pública de
todo o mundo.
Tipos de Dengue
Em todo o mundo, existem
quatro tipos de dengue, já que
o vírus causador da doença
possui quatro sorotipos: DEN1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4.
No Brasil, já foram encontrados da dengue tipo 1, 2 e
3. A dengue de tipo 4 foi identificada apenas na Costa Rica.
Formas de apresentação
A dengue pode se apresentar - clinicamente - de quatro
formas diferentes formas: Infecção Inaparente, Dengue
Clássica, Febre Hemorrágica da
Dengue e Síndrome de Choque
da Dengue. Dentre eles, destacam-se a Dengue Clássica e a
Febre Hemorrágica da Dengue.
- Infecção Inaparente
A pessoa está infectada
pelo vírus, mas não apresenta nenhumsintoma. A grande
maioria das infecções da dengue não apresenta sintomas.
Acredita-se que de cada dez
pessoas infectadas apenas
uma ou duas ficam doentes.
- Dengue Clássica
A Dengue Clássica é uma
forma mais leve da doença e
semelhante à gripe. Geralmente, inicia de uma hora para
outra e dura entre 5 a 7 dias.
A pessoa infectada tem febre
alta (39° a 40°C), dores de cabeça, cansaço, dor muscular e
nas articulações, indisposição,
enjôos, vômitos, manchas vermelhas na pele, dor abdominal
(principalmente em crianças),
entre outros sintomas.
Página 15
Jornal MARANDUBA News
Os sintomas da Dengue
Clássica duram até uma semana. Após este período, a pessoa pode continuar sentindo
cansaço e indisposição.
- Dengue Hemorrágica
A Dengue Hemorrágica é
uma doença grave e se caracteriza por alterações da
coagulação sanguínea da pessoa infectada. Inicialmente se
assemelha a Dengue Clássica,
mas, após o terceiro ou quarto
dia de evolução da doença surgem hemorragias em virtude
do sangramento de pequenos
vasos na pelo e nos órgãos internos. A Dengue Hemorrágica pode provocar hemorragias
nasais, gengivais, urinárias,
gastrointestinais ou uterinas.
Na Dengue Hemorrágica, assim que os sintomas de febre
acabam a pressão arterial do
doente cai, o que pode gerar
tontura, queda e choque. Se
a doença não for tratada com
rapidez, pode levar à morte.
- Síndrome de Choque da
Dengue
Esta é a mais séria apresentação da dengue e se caracteriza por uma grande queda ou
ausência de pressão arterial. A
pessoa acometida pela doença
apresenta um pulso quase imperceptível, inquietação, palidez e perda de consciência.
Neste tipo de apresentação da
doença, há registros de várias
complicações, como alterações neurológicas, problemas
cardiorrespiratórios, insuficiência hepática, hemorragia digestiva e derrame pleural.
Entre as principais manifestações neurológicas, destacam-se: delírio, sonolência,
depressão, coma, irritabilidade
extrema, psicose, demência,
amnésia, paralisias e sinais de
meningite. Se a doença não
for tratada com rapidez, pode
levar à morte.
Convite Dia das Mães
Convidamos toda a comunidade escolar e do entorno para
prestigiar a homenagem ao dia das mães no Programa Escola da
Famíla na E.E.PROFº ÁUREA MOREIRA RACHOU cito á rua Padre
Joaõ Bayle nº 1763 no Sertão da Quina – Ubatuba S.P
Neste sábado dia 08 de Maio das 10:00 ás 14:00 hs, o evento contará com apresentações culturais realizadas pelos alunos,
voz e violão, exibição de clips musicais, bingos, sorteio e exposição de artesanato. Venha e traga sua família.
Túnel do Tempo
Registro de fatos do século passado em nossa região
Foto: Claudia Félix
1955
Ô paiê... encalhei seu carro na praia da Lagoinha...
1966
Dona Idalina já fazia deliciosa farinha de mandioca
1962
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quinze quilos. Isso
porque era filhote...
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quietinhos... era bom
ir tomando cuiiidado!
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sair na foto...
1975
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futebol, se revelou um
destacado político...

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