Maria e Fidencio somam 2 séculos de história pra contar

Transcrição

Maria e Fidencio somam 2 séculos de história pra contar
Maranduba, 01 de Dezembro de 2010
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Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br
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Ano I - Edição 19
Destaque:
No retorno à Câmara, Frediani dispara: “Vocês vão ter de me engolir”
Notícias:
CRAS começa atender famílias da região
Bandeiras abóbora no encontro latino-americano do MST
Alunas da Tiana Luiza ganham medalhas nos Jogos Municipais
Show de talentos Gospel anima Maranduba
Tecnologia genuinamente caiçara
Um cérebro, três rodas e muita dedicação
Quilombo lança CD de memória cantada
Turismo:
Maranduba: tradição, modernidade e potencial num só lugar
Maranduba a um clique do mundo
Gente da Nossa História:
Maria e Fidencio somam 2 séculos de história pra contar
Cultura:
Saudade como fonte de emprego e renda as comunidades
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01 Dezembro 2010
Jornal MARANDUBA News
Editorial
Carta do leitor
A internet vem oferecendo
a cada dia mais facilidades
e interatividade para todos.
Nunca a informação esteve
tão disponível como agora.
O problema é a quantidade
de informação é tão grande que o difícil é encontrar
o que deseja. A tendência
mostra que os sites mais
procurados são aqueles que
se especializam em determinado nicho ou assunto.
Seguindo esta tendência,
estamos lançando no site
www.maranduba.com.br
que apresenta informações
específicas da Região Sul de
Ubatuba. Tudo concentrado
num só lugar: turismo, hospedagem, cultura, história,
mapas, fotos, vídeos e uma
infinidade de informações que
podem ser acessadas de qualquer lugar do planeta.
Aproveitando a experiência
do Litoral Virtual, desenvolvemos um site limpo, de fácil
navegação, com sistema de
busca interna com palavras-chave que utiliza a tecnologia
do Google para que usuário
encontre o que desejar em
nosso site.
Implantamos um sistema de
mapas personalizados (também do Google) que mostra os
principais pontos de interesse
turístico com a possibilidade
de encontrar endereços precisos, além de traçar uma rota a
partir do endereço do usuário
até o local apresentado.
Uma outra facilidade que
estamos em fase final de
produção serão as imagens
em 360 graus, onde se tem
uma experiência de imersão
total no ambiente visitado.
Com as belas paisagens
que a nossa região oferece,
este será um dos principais
atrativos para atrairmos turistas e alavancar a sustentabilidade local, que basicamente vive do turismo.
Além das informações
institucionais, também inserimos os anunciantes do
Jornal Maranduba News e
do site Litoral Virtual, enriquecendo ainda mais o resultado de quem consulta o
site. Com isso promovemos
os produtos e serviços da
região, colaborando assim
com o progresso local. Afinal, são os nossos colaboradores, patrocinadores e
anunciantes que proporcionam os recursos necessários para as pesquisas, desenvolvimento e produção
deste importante meio de
comunicação.
E você, vai ficar fora dessa? Consulte o site e avalie o
custo-benefício de ser nosso
parceiro.
Aproveite que ainda dá
tempo de colher ótimos resultados ainda nessa temporada.
Emilio Campi
Editor
Editado por:
Litoral Virtual Produção e Publicidade Ltda.
Caixa Postal 1524 - CEP 11675-970
Fones: (12) 3843.1262 (12) 9714.5678 / (12) 7813.7563
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e-mail: [email protected]
Tiragem: 3.000 exemplares - Periodicidade: quinzenal
Responsabilidade Editorial:
Emilio Campi
Colaboradores:
Adelina Campi, Ezequiel dos Santos, Uesles Rodrigues,
Camilo de Lellis Santos, Denis Ronaldo e Fernando Pedreira
Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores
e não refletem a opinião da direção deste informativo
Estacionamento
Segue abaixo ata escrita pessoalmente em reunião com o Sr.
Geraldo (assessor do prefeito) em
27 de maio de 2010.
1 - Nós sugerimos que a Prefeitura coloque no estacionamento
placas informando a proibição aos
veículos ali estacionados de acionar equipamentos sonoros assim
como das penalidades, que variam
desde multa até apreenção do veículo.
2 - Colocação de correntes nos
acessos ao estacionamento. Sugerimos à Prefeitura regulamentar a
utilização deste espaço no tocante
aos horários de ingresso e permanência dos veículos sendo que a
noite tais acessos estariam fechados por correntes. Lembramos
que tal procedimento já foi normal
e adotado rotineiramente pela
Prefeitura a poucos anos atrás.
3 - Na reunião foi elaborado um
croqui esquemático de parte do
estacionamento e o Sr. Geraldo se
dispos a enviar à Arquitetura para
solução da questão.
4 - O Sr. Geraldo irá interagir
com a Secretaria de Segurança e
outros Orgãos no sentido de efetuar ações conjuntas na Maranduba.
5 - O Sr. Geraldo entrará em contato com o Sr. Moralino para solucionar sobre o acúmulo de água,
em especial no piso de bloquetes na
Avenida Tenente Manoel Barbosa
da Silva - altura do n. 150 - e uma
canaleta que represa as águas pluviais. Conforme alertamos trata-se
de um foco de Dengue e que infelizmente virou bebedouro de urubus.
Prezados leitores. O estacionamento em questão está sendo
alvo de delinquentes e drogados
e a Prefeitura está ciente disto a
muitos meses.
Após um ano de ida e vindas na
Ouvidoria de Ubatuba e seis meses de conversa com o Assessor
da Prefeitura eis o balanço O que foi feito até agora????
NADA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Muita incompetência e descaso
com os cidadãos de Maranduba.
O posto policial de Maranduba
continua fechado a noite que é
quando necessitamos dele. O alto
volume dos sons dos carros também continua madrugada a fora.
Os urubus também continuam na
praia de Maranduba. Também não
foram colocadas nem placas nem
correntes no estacionamento da
prefeitura.
A mesma, foi informada de que
lá (estacionamento zona azul - em
frente posto BR - a 50 m posto policial) tornou-se ponto de uso de
drogas, e o fato de não fazer nada
a torna conivente com as drogas.
A dengue está chegando... e a
Prefeitura continua inoperante.
Parece que se torna patente que
o único instrumento que nos resta
é uma ação junto a Procuradoria e
Ministério Público.
Ainda desejo uma prestação de
contas no que se refere ao destino
do dinheiro arrecadado na zona
azul e cobrado no estacionamento
em questão.
Sem mais,
Belinda Goldberg
Via e-mail
Orquídeas
Pessoal, precisamos ter aqui
na região sul, na Enseada do
Mar Virado, uma estrutura que
possa reunir muita gente, para
se organizar eventos e exposições como da apresentação
a seguir, onde poderemos ter
produtores locais de orquídeas, tudo a ver com atividades
econômicas locais totalmente
adequadas com o meio ambiente.
Saudações Ambientais
Luiz Carlos Lima
via e-mail
Agradecimento
Quero agradecer vcs por nao
deixarem de manter-me informada dos acontecimentos de
nosso Municipio.
Desdo falecimento de meu
esposo NEY MARTINS sai muito pouco de casa, ate o falecimento da mãe dele fiquei em
Sao jose dos Campos com ela,
agora com seu falecimento estou aqui em
Ubatuba direto, mas saio
muito pouco, ainda me tras
muitas lembrancas, mas quero
agradecer de coracao o carinho e atencao por me manter informada das noticias e
aproveito para parabenizalos
pelo belo trabalho de vcs, um
trabalho serio e de uma forma
inteligente de informarmos,
obrigado de coracao.
Da leitora e admiradora
Teresa Goes Lemes
via e-mail
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Jornal MARANDUBA News
No retorno à Câmara, Frediani dispara: “vocês vão ter de me engolir”
SAULO GIL
O vereador Rogério Frediani
do PSDB era o único vereador
que permanecia afastado da
Câmara, em função do processo
que apura irregularidades nas
últimas eleições do Conselho
Tutelar do município.
Em julho, o juiz de Ubatuba
chegou a afastar seis vereadores que estariam envolvidos no
caso. No entanto, em outubro,
o Tribunal de Justiça, que é instância superior, reverteu essa
decisão e determinou o regresso de todos à Câmara.
Porém, pouco depois do retorno, uma nova denúncia do
Ministério Público local, relatou
que Frediani teria ameaçado
uma testemunha do caso. A
promotoria impetrou novo pedido de afastamento, dessa vez,
exclusivo ao tucano, e a solicitação foi acatada pelo Juiz da
cidade.
Rogério foi afastado pela segunda vez e teve de entrar com
novo recurso na instância superior. Então, nesta segunda-feira, mais uma decisão foi revertida no Tribunal Justiça de São
Paulo e o vereador teve garantido seu retorno à Casa de Leis.
De volta, Frediani protagonizou a sessão ordinária desta
terça-feira, no Legislativo ubatubense. Ele abriu o encontro
negando as acusações de ameaças e reforçando a tese de
perseguição contra seu mandato. “A testemunha que se disse
ameaçada trabalha na prefeitura e me vê como opositor. Ou
seja, tudo isso não passa de
uma situação armada contra
minha pessoa e contra minha
atuação como vereador”, disse Rogério. O vereador tucano
continuou como destaque da
sessão, desta vez, reforçando
seu posicionamento de oposição ao prefeito Eduardo Cesar.
Ele foi voto único contrário na
aprovação de dois projetos de
autoria do Executivo.
A oposição ficou evidente
quando Rogério rejeitou o texto
que concede o título de “Cidades Irmãs”, aos municípios de
Ubatuba e Benalmádena, da
Espanha. O vereador do PSDB
disse que na última viagem
promovida por cidades irmãs
da prefeitura nenhum resultado
positivo foi apresentado à população.
“Da outra vez, o pessoal só
curtiu e ninguém prestou contas de nada. Nunca mais tivemos notícias de possíveis
acordos. Agora, os espanhóis
dizem que querem produzir
azeite aqui, em um município
que tem mais de 90% do seu
território de área preservada. É
brincadeira!”, ironizou Rogério
Frediani, criticando a Prefeitura
por tanta atenção dispensada
na recente vista dos espanhóis
ao município. Como não podia
deixar de ser, o político regresso ao Legislativo ainda solicitou
uma última palavra antes do
encerramento da sessão. Com
o espaço concedido, Frediani
finalizou o encontro, parodiando uma frase do ex-técnico da
seleção brasileira Mário Lobo
Zagalo: “Vocês vão ter de me
engolir”, concluiu o tucano, arrancando risos da platéia.
Tribunal rejeita contas da Prefeitura de 2008
O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo divulgou, no
Díário Oficial desta última quarta-feira, rejeição sobre a prestação de contas elaborada pela
Prefeitura de Ubatuba, referente à gestão municipal de 2008.
Apesar da publicação oficial, o
relatório final do processo ainda não foi concluído. De acordo
com a assessoria de comunicação do TC, como os documentos estão sendo digitalizados,
os detalhes do caso, como o
parecer do relator e os votos
dos Conselheiros ainda não estão disponíveis ao público.
No entanto, a assessoria de
imprensa confirmou a rejeição
das contas de 2008 da Prefeitura de Ubatuba e citou a publicação do Diário Oficial do último
dia 24 de novembro. O documento traz a seguinte mensagem na página 46:
“Pelo voto dos Conselheiros
Cláudio Ferraz de Alvarenga,
Presidente e Relator, Antonio
Roque Citadini e Eduardo Bittencourt Carvalho, a Câmara,
diante do exposto no voto do
Relator, juntado aos autos, decidiu emitir parecer desfavorável à aprovação das contas da
Prefeitura Municipal da Estância
Balneária de Ubatuba, exercício
de 2008”, diz um trecho da decisão publicada, acrescentando
que os autos serão remetidos à
Promotoria local, para as devidas providências.
“Determinando o encaminhamento de cópia do parecer e
das correspondentes notas taquigráficas à consideração do
Ministério Público. Esta deliberação não alcança os atos pendentes de apreciação por este
Tribunal”, conclui a mensagem
contida no Diário Oficial nesta
quarta-feira.
Além da apreciação por parte
da Promotoria local, a decisão
do Tribunal de Contas também
servirá de base para a aprovação das contas de Eduardo Ce-
sar na Câmara Municipal. Caso
o Legislativo local acompanhe o
posicionamento do TC e rejeite
a prestação do Executivo sobre
as arrecadações e despesas do
ano retrasado, o prefeito Eduardo Cesar corre o risco de entrar
na lista dos inelegíveis pela Lei
da Ficha Limpa.
Segundo a assessoria de comunicação do Tribunal de Contas de São Paulo, os detalhes
sobre a decisão dos Conselheiros devem ficar disponíveis
nos próximos dias, no próprio
site do TC-SP (http://www.tce.
sp.gov.br).
A reportagem entrou em contato com a prefeitura. A assessoria de imprensa informou que
estaria difícil de conseguir alguma informação, uma vez que o
setor jurídico estaria mudando
de prédio ontem, além do representante da pasta. O setor de
comunicação ficou de averiguar,
mas até o fechamento desta
edição não obteve retorno.
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CRAS começa atender famílias da região Alunas da escola Tiana Luiza
EZEQUIEL DOS SANTOS
O CRAS - Centro de Referencia
de Assistência Social Maria Balio
está atendendo ao lado da sede
da Administração Regional Sul
na Maranduba. O centro foi inaugurado no último dia 28, aniversário de Ubatuba e começou a
funcionar efetivamente no último
dia 16 em seu próprio espaço.
Nos primeiros dias o atendimento foi realizado no espaço
da regional sul. O espaço próprio do centro de referencia
estava em fase de acabamento e adaptação dos pequenos
detalhes ao atendimento da
população. O atendimento funcionará das oito da manhã até
as 18 horas. O Centro conta
com uma assistente social, uma
auxiliar administrativo e uma
coordenadora. Em parceria com
a saúde conta ainda com uma
psicóloga que atenderá duas
vezes por semana. O CRAS vai
prestar apoio às famílias da
região sul até alcançarem autonomia e não mais necessita-
ganham medalhas nos Jogos
Escolares Municipais
rem do centro de referência. Os
projetos sociais Renda Cidadã,
Ação Jovem, palestras e outros
cursos de capacitação serão
concentrados no CRAS facilitando o acesso das famílias da
região, sem precisar do deslocamento até o centro. Segundo
os organizadores, as áreas de
quilombos e aldeias serão atendidas no local de domicilio já
que é de responsabilidade das
equipes o deslocamento até es-
tas áreas.
Maria Balio é considerada uma
das personalidades feminina
mais importantes do município e
que para muitos foi considerada
“Mãe dos Pobres”. Moradores
aprovaram o nome de Maria Balio e esperam que o atendimento seja a altura do comprometimento, da responsabilidade, da
garra e da competência de que
Maria Balio trabalhou com a
comunidade.
Bandeiras abóbora no encontro de
lideranças latino-americanas do MST
Nos últimos dias 14 e 15,
68 integrantes do movimento
MST América Latina estiveram
na praia da Caçandoca para
aprender sobre a organização
social e política do Brasil. Dos
países integrantes do Cone
Sul só o Uruguai não mandou representante. Segundo
os integrantes visitantes o
Brasil tem a maior e a melhor
organização da América, principalmente no quesito propaganda.
As visitas são partes de
um curso cuja duração é de
quatro meses, onde os integrantes visitam todos os paises latinos. O encerramento
está previsto para o próximo
dia 29, onde mostrarão para
as lideranças de seus países
suas experiências. Todos se
encantaram com Ubatuba,
principalmente com a Praia da
Caçandoca, já que costumam
freqüentar as do pacífico, que
tem águas mais frias e muitas
pedras em suas praias.
Emocionante foi o reencontro de amigos que há tempos
não se viam, o que aconteceu
com um integrante brasileiro
de Pernambuco que achou
seu amigo no grupo latino
americano.
Ficaram ainda
encantados com a diversidade
do artesanato quilombola brasileiro aqui representado pela
artesã Neide Antunes de Sá.
“Nós “cambiamos” (trocamos)
vários presentes e gentilezas,
não deu para matar toda a
nossa curiosidade sobre os
países de origem”, comenta a
artesã brasileira.
O que ninguém esperava foi
a discriminação realizada por
alguns membros da comunidade na colocação de bandeiras cor de abóbora em pontos
que serviam para delimitar
aonde os convidados podiam
ir e conversar. Muitos locais
e comércios da praia foram
excluídos. Moradores ouvidos
pelo JMN não entenderam o
porquê desta atitude que discriminou os próprios iguais no
mesmo quilombo.
Alunos da escola municipal
Sebastiana Luiza do bairro do
Araribá se destacaram nos Jogos escolares. A melhor pontuação ficou por conta de Tainara
Pereira Custódio, 10 anos, que
conquistou prata na modalidade pulo-extensão e Milena
Pereira dos Santos da mesma
idade que conquistou ouro na
corrida de 75 metros rasos. Não
é a primeira vez que a jovem
atleta conquista o pódio. Moradores e conhecidos de Milena
e Tainara encontram-se desapontados com a falta continua
de incentivo e investimento a
conquista de outras medalhas e
até mesmo ao profissionalismo.
A escola participou das atividades de atletismo, pulo-extensão e queimada num total
de 30 alunos. A queimada não
alcançou pontuação, mas animou a arquibancada. Tiraram
até fotos como Secretario de
Esportes do município. Os responsáveis pelo desempenho
e acompanhamento dos pequenos atletas foi o professor
de educação física Woldney
Moreira da Silva e do monitor de artes João Donizete. As
crianças se animaram com a
participação e aguardam para
o próximo ano o tão esperado
jogos escolares. A direção da
escola parabeniza os alunos.
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Pequenos atletas de futebol
de salão animam torcedores
EZEQUIEL DOS SANTOS
Na última tarde do dia 20,
cerca de 100 pequenos atletas participaram da 1ª rodada
de um torneio de futebol de
salão realizado pelo professor de Educação Física Pérsio
Jordano Monteiro. O evento
contou como o apoio da Secretaria Municipal de Esportes. As disputas aconteceram
na quadra da escola municipal
Nativa Fernandes de Faria no
Sertão da Quina.
O torneio terá sua final no próximo dia 27 e conta com quatro equipes masculino sub-10
e oito equipes feminino sub-
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10/13/15. Sua torcida será
muito importante na final que
acontecerá no próximo dia 27.
Pais das crianças agradecem
a determinação do professor Pérsio e dos professores
voluntários Joel e Ivan aos
quais deram seu brilho para o
sucesso do torneio. Agradecimentos também à direção da
escola. Muitos torcedores ficaram roucos por conta da torcida e para a próxima rodada é
esperado um aumento de torcedores. O evento acontecerá
a partir da 13:30hs. do dia 27.
Vale a pena conferir. Traga os
amigos e a bandeira.
Show de talentos Gospel anima Maranduba
No último sábado 27, a Igreja Assembléia de Deus Bom
Retiro do Sertão da Quina
apresentou o 1º Show de Talentos da Musica Gospel da região sul de Ubatuba. O evento
que foi realizado na praia da
Maranduba apresentou cantores, bandas e músicos evangélicos e de outras religiões,
o que agradou muita gente.
Foi possível observar famílias
inteiras no evento. O local
também teve barracas de alimentação. Segundo Pastor
Marcos, organizador do evento, trata-se de mais uma oportunidade de exaltar o nome de
Deus, além de revelar novos
talentos para a música gospel.
“É bom ver tanta família, as
religiões participando, e que
estes talentos estimulem outros jovens na busca do Divino”, comenta o Pastor Marcos.
O evento conta ainda contou
ainda com a Pastora Tatiana,
Leila, Márcia Corrêa Eventos e
Líderes da Igreja. Vale lembrar
que a musicalidade e a religiosidade desta parte do município é muito forte, o evento
deve aproveitar estes talentos
para estimular e reforçar os
laços familiares e religiosos
comenta a organização. Após
o louvor foi apresentado coral,
que em seguida foi anunciado
o show de talentos. As crianças
destacaram-se dando o ar da
graça na apresentação e nos
cantos. Percebeu-se o nervosismo nos competidores e na
torcida dos familiares. Após a
apresentação os jurados José
Correa, Márcia e Carla deram
suas notas. A premiação ficou
o seguinte: 1º- Juliano (voz e
violão), 2º - Bruno (play-back)
e 3º - Gabriel e Janine (voz e
violão). O destaque mesmo ficou por conta do jovem Bruno
que surpreendeu a todos com
sua voz forte e doce. Nem o
pequeno contratempo na qualidade do som tirou o brilho do
evento.
Pastor Marcos agradeceu os
colaboradores e principalmente ao Damião da Secretaria de
Assuntos Comunitários da prefeitura e a Regional Sul. Existe um sentimento de espera
para o um segundo evento. É
aguardar pra ver!
Em 1967 moradores são presos por defenderem a natureza
Moradores revoltados com a
aplicação do BHC em seus rios
realizaram manifestação em
frente ao armazém do Sertão
da Quina. Na ocasião um policial tentou sacar um revolver
para intimidar a manifestação
quando foi contido por um morador de nome “Zé Jean”. Na
confusão policiais solicitaram
reforço. Com a chegada de
mais policiais alguns moradores foram algemados e conduzidos a delegacia no centro da
cidade. No camburão estavam
os moradores Manoel Gaspar
dos Santos, João Correia, José
Jean, Benedito Félix e outros
moradores que não foram
lembrados. No caminho outra
viatura parou para dar apoio
na condução dos “meliantes”.
Quando anoiteceu foram liberados.
O doutor De Lucca encaminhou um memorando condenando a aplicação, segundo o
médico a continuidade do veneno nas águas causaria graves
danos a saúde da população,
além de matar todos os peixes, animais e aves que também se abastecem daquelas
águas. Policiais também foram
à casa de Antonio Gonçalo no
Araribá reprimi-lo por apoiar a
manifestação. Na época o responsável pela distribuição de
material e pessoal do governo
era um homem chamado Juca
de Caraguatatuba. A aplicação era parte de uma campanha estadual para erradicar os
pernilongos no litoral. O que se
sabe foi que os rios levaram dez
anos para se recuperar, muitos
moradores trouxeram peixes e
aves de outros lugares para o
repovoamento. Muitas aves e
pequenos outros animais foram
encontrados mortos a beira dos
rios de toda a região. Alguns
chegaram a ficar doente tamanha a tristeza em ver o rio mal-
cheiroso, cheio de limo verde e
sem vida, as lágrimas corriam
quando em um “praiado” viam
piabas, jundiás e camarões
mortos aos montes. O ciclo de
uso foi quebrado, pois o lugar
propiciava água e alimento de
peixes a população e aos animais da época. Moradores subiam as montanhas, nas grandes roças, para buscar água
limpa em novos “olhos dáguas”
e nascentes.
Para Manoel Gaspar, 75, foi a
pior desgraça que eu já vi em
toda a região. “São recordações
que não gostamos de lembrar,
no passado defendemos e fomos
presos, hoje não podemos usufruir o que cuidamos”, comenta
Manoel Gaspar desapontado. O
BHC é um inseticida e sua sigla
advém do nome inglês - Benzene Hexachloride (hexacloro-ciclo-hexano)- é um produto
que combate pragas na lavoura,
seu uso está proibido no Brasil
há mais de 20 anos. A equipe
do governo depois reconheceu
o mal que causou a natureza e
a aquela população mudando a
postura de tratamento ao povo
dos lugares afetados e na aplicação produtos no combate ao
pernilongo. Desta vez aplicadas
só aos pernilongos.
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Tecnologia genuinamente caiçara Um cérebro, três rodas e muita dedicação
Tião Plácido é um daqueles
caiçaras que representa bem
o povo tradicional de Ubatuba.
Assim como outros moradores
tem varias qualidades e uma
delas é a arte de transformar
matéria prima em arte. Nos
tempos vagos em sua peixaria
ele vai aos poucos juntando flechas para produzir gaiola, meramente decorativas. Alguns
de seu trabalho chegam quase
a dois metros de altura e 1,5
m. de largura. Mas como pode?
Como ele consegue? Muito simples, os moradores tradicionais
tem uma capacidade e visualização em 3D (três dimensões).
Ele visualiza a peça antes mesmo de estar pronta. Tudo isto
em fração de segundos. Começa assim, quando verifica-se a
lua já esta pensando no tipo
de material, quando esta com
o material, já está pensando
no seu tratamento e assim vai.
Quando está montando ele vê
o passo seguinte antes mesmo
de fazê-lo, com isto tem tempo
e material para realizar alguma
mudança.
Recentemente uma renomada arquiteta adquiriu um de
seus trabalhos para construir
uma casa em estilo de gaiola,
ela quer utilizar o sistema de
sustentação e espaços de que
a peça proporciona. A profissional ficou impressionada com a
técnica e a capacidade de visualização de Tião Plácido. Este
é apenas um dos exemplos
da tecnologia genuinamente
caiçara. Parabéns!
EZEQUIEL DOS SANTOS
Os extremos do município
tem inovadores e “professores pardais” que se utilizam da
tecnologia da escassez para
realizar alguma obra. No Ubatumirim o morador Jorge Inocêncio criou através de pecas
de caminhoneta, cambio de
gol, pecas de maquina de lavar, chassi de rural, ferro elétrico, tabuas e outras peças
sem valor comercial um trator
adaptado as roças da localidade. De tão potente e útil o trator tem o apelido de “Raçudo”.
No sul o morador Ivanildo Schuks - Nildo há tempos
vinha desenvolvendo outra
maquina, uma de três rodas.
A surpresa foi a qualidade da
peça que não deixa nada a
desejar das grandes montadoras. Muitos curiosos querem saber onde comprou, a
surpresa é quando a pessoa
descobre que não foi comprada e sim produzida “em casa”.
A informação é de que já esta
em andamento o segundo
protótipo da maquina esta em
andamento. Além do talento,
é necessária muita dedicação.
O resultado é esta peça única
e bela que desperta até um
pouco de “inveja” nos curiosos
e amantes de motores. Parabéns pela criatividade e pelo
empreendedorismo!
Sentimento de despedida na missa no encerramento de retiro na região
No ultimo dia 28 aconteceu
à missa de encerramento do
IDE: Jovem Evangelizando
Jovem na igreja de Nossa Senhora das Graças no Sertão
da Quina. O Ide trata-se de
um retiro de aprofundamento
que realiza experimentos da
realidade da própria região.
Foi um trabalho de quatro
meses de preparação. 33 jovens realizaram visitas a APAE
e ao Lar Vicentino, também a
casas para a tradicional reza
do terço. Uma família recebeu
alimentos e houve uma entrevista com o Padre Carlos sobre
sua vida sacerdotal.
Segundo o seminarista Diego Serena, é um trabalho para
que a palavra de Deus chegue
as pessoas mais simples. Na
missa de encerramento, reali-
zada pelo padre goiano Delton
Filho, foi apresentado o pai do
sacerdote recebido com muitas palmas pela comunidade.
Foi apresentado ainda um
vídeo de todo o trabalho dos
jovens e seus organizadores
além da musica campeã de um
encontro em Caraguatatuba.
Na pergunta do sacerdote aos
jovens sobre a satisfação do
encontro, houve um sonoro
sim como resposta, que valeu
a pena a experiência vivida.
Por outro lado, a missa, por
vezes animada e jovial arrancava suspiros e risos com as
colocações sobre a vida real
com e sem Deus do padre
Delton. Percebeu-se um ar
de tristeza e despedida do seminarista Diego, que ganhou
uma grande família.
Segundo Letícia Amorim,
“todos os jovens tem de
agradecer o esforço de Diego, ele é mais do que um
amigo, um irmão”.
Diego conduziu e animou o
Evangelizashow que aconteceu na noite do sábado 27 junto com a Banda do Araribá. O
seminarista informa ainda que
no próximo dia 4 de dezembro
será realizada uma Cristotéca
no bairro da Lagoinha com entrada franca. Diego confirma
sua partida em janeiro para
a cidade de Taubaté no Vale
do Paraíba. Com uma lista em
mãos agradeceu cada um que
colaborou no evento. Na igreja ficou um clima de despedida e que o jovem seminarista
partirá com o dever cumprido,
deixando muitas saudades.
Atividade espiritual antes do encerramento do retiro
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Ubatuba é alvo de pesquisas Quilombo lança CD de memória cantada
na semana da Consciência Negra
CAMILO DE LELLIS SANTOS
A famosa Ubatuba é internacionalmente conhecida pela beleza de suas praias e cachoeiras,
por sua importância histórica,
por seus campeonatos de surfe
e nas últimas décadas por oferecer um vasto campo de estudo
para pesquisadores.
Por ser uma cidade litorânea
e devido a sua proximidade com
a Serra do Mar, nossa cidade
tornou-se o laboratório permanente de muitos cientistas, que
interessados na biodiversidade
de nossa fauna e flora, submetem vários projetos a agências
de fomento para que estas possam subsidiar seus respectivos
trabalhos.
O Projeto Biota-Fapesp, é o
projeto mais integrador, pois
reúne diversos pesquisadores
e muitas universidades, com
o propósito de fornecer dados
científicos sobre a caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade do Estado de São Paulo.
Como projeto integrante do
Biota-Fapesp está o “Levantamento fisionômico das comunidades bentônicas de substrato
consolidado do litoral”, coordenado pelo professor Dr. Flávio
Berchez do Instituto de Biociências da USP. Em seu projeto, é
proposta uma nova metodologia
de estudo da ecologia de costões rochosos (conhecida aqui
por costeira). Através da análise
de imagens, já foram desvendados quatro quilômetros da
costa brasileira. E grande parte
do litoral do Parque Estadual
da Ilha Anchieta já foi estudada
pela equipe. Além de fazer ciência, o grupo mantém na ilha o
Projeto Trilha Subaquática, que
oferece atividades de educação
ambiental no próprio ambiente
marinho.
Outro caiçara por pesquisa é
o professor Dr. Adilson Fransozo, coordenador do Núcleo de
Estudos em Biologia, Ecologia
e Cultivo de Crustáceos do Instituto de Biociências da UNESP
de Botucatu, que publicou no
ano passado um artigo científico
sobre a composição e abundância dos caranguejos nas regiões
de Ubatuba e Caraguatatuba.
Segundo o estudo, na região
de Ubatuba foi encontrado um
total de 33 espécies e o estudo
pode servir de base para futuros
monitoramentos ambientais na
região e para mecanismos de
conservação e manutenção da
biodiversidade do litoral norte
paulista.
Além desses projetos, muitos
outros estão em andamento,
e instituições de nossa cidade,
como o Instituto de Pesca, Projeto Tamar, Aquário de Ubatuba,
entre outras, também realizam
atividades de pesquisa. No entanto, quando se faz uma busca
pela Scielo (uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção
de artigos científicos brasileiros)
de trabalhos relacionados com
Ubatuba, encontramos um total
de 42 publicações, um número
razoavelmente grande para a
quantidade circulante de revistas científicas nacionais, porém
minúsculo perante o potencial
natural que nossa terra oferece.
Camilo de Lellis Santos é biólogo
EZEQUIEL DOS SANTOS
No último final de semana, 20 e 21, a Federação
dos Quilombos do estado de
São Paulo em parceria com a
Associação do Quilombo da
Caçandoquinha
realizaram
varias atividades para marcar
o dia da Consciência Negra
no litoral norte paulista. Participaram das atividades as
comunidades quilombolas do
Cafundó, Brotas, Jaó e Capão
Redondo, além das centenas
de amigos e simpatizantes da
arte e cultura quilombola. A
comunidade anfitriã recebeu
os convidados com um café da
manhã e organizou um almoço
comunitário como de costume.
Participou ainda o engenheiro
florestal Clodoaldo Cajado do
Instituto Luiz Gama.
Dois dias foi pouco para as
atividades de divulgação do
movimento. Ocorreram palestras sobre saúde, teatro sobre
o combate as drogas, danças
de Jongo de Cafundó e Brotas. As crianças do quilombo
da região mais uma vez destacaram-se na apresentação
das danças de roda e ciranda.
Desta vez as mães participaram das danças abrilhantando ainda mais o trabalho dos
organizadores e das crianças.
A apresentação mais esperada foi o lançamento do CD
intitulado TURIVIMBA (Terra
de Negro) que é o resultado
de anos de pesquisa sobre a
memória falada e cantada de
Crianças ensaiam com entusiásmo para a apresentação
Kimbomdo, território do norte da África de onde vieram
os antepassados do quilombo
Cafundó. Trata-se de seis músicas na língua mãe da tribo.
Vale lembra que o quilombo
cafundó é o único do Brasil
a manter o dialeto original e
que segundo Regina Aparecida, uma das representantes
da comunidade, pretende trabalhar a língua Banto dos originais do quilombo Caçandoca
e outros.
Foi apresentada ainda partes do alfabeto Banto, o que
causou curiosidade e satisfação entre as comunidades.
O CD contou com o apoio da
Secretaria Estadual de Cultura do estado de São Paulo.
Interessante mesmo é ouvir
os membros do Cafundó con-
versando no dialeto apresentado o que causou emoção
nos mais velhos e curiosidade
nos mais novos. A noite houve
ainda um bailão e um microfone esteve à disposição para
uma tribuna livre. Todos puderam se manifestar. No centro da cidade a comunidade
participou de uma missa afro
como parte do encerramento
das festividades sobre o tema,
onde novamente as crianças
se destacaram. Quem participou e entende de cultura, arte
e musica sabe que não é todo
o lugar em que se pode apreciar um evento desta envergadura, principalmente num lugar paradisíaco como a praia
do quilombo. Parabéns aos
organizadores, já que esta tarefa é muito difícil e cansativa.
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01 Dezembro 2010
Jornal MARANDUBA News
Maranduba: tradição, modernidade e potencial num só lugar
EZEQUIEL DOS SANTOS
Cheiros, sabores, sons,
temperaturas e texturas é o
que de melhor a região pode
oferecer. Numa esfera de região praiana que por um lado
tem vestígios da formação do
povo brasileiro, consegue se
modernizar sem perder a leveza das flores e aves que a
rodeiam. Por outro lado a roça
mantém as tradições caboclas
das rodas de viola, do feijão
no fogão a lenha, das falas
caiçaras e da vontade de liberdade com a natureza que
deixa tudo aparente.
A Maranduba está localizada a 25 quilômetros do centro e possui vida própria, com
centro comercial, quiosques,
hotéis, pousadas, restaurantes, lojas, postos de gasolina,
bancas de jornais e sub-prefeitura. Sua orla disputa com a
Praia Grande como point mais
badalado da região. Tem vida
noturna agitada, barzinhos e
quiosques com música ao vivo.
Ponto de partida para as
praias do Perez, Bonete, Grande do Bonete ao quilombo
Caçandoca,
Caçandoquinha
e do condomínio do Pulso.
Ponto de partida para várias
cachoeiras no Sertão da Quina como a do Corrêa e Água
Branca. Para quem vem de
Caraguatatuba, esta é a primeira praia de Ubatuba com
acesso direto pela rodovia.
Praia com 2 km de extensão,
boa para banho, ela forma
com a praia do Sapê e a praia
da Lagoinha uma das maiores
orlas contínuas de Ubatuba,
com cerca de 7 Km de extensão e uma bela vista para ilhas
da Maranduba e do Pontal.
Maranduba e Lagoinha foram palco de espetáculos sobre o mar e seu povo. Ponto
de encontro das comunidades locais foi elo da forma-
ção cultural que marcou todas as gerações. Todos têm
o que falar desta praia. Nem
só de vinho ela viveu, muitos
pães amassou para mostrar-se como peça fundamental
de desenvolvimento aliado a
preservação histórica, cultural e ambiental da região sul
de Ubatuba. Seus parentes
mais próximos são as outras 29 praias, passando por
quilombos, condomínios, comunidades de pescadores,
desertas e escondidas. Sua
estrutura é pequena, porém
caminhando ao profissionalismo de que tanto é necessário
para o desenvolvimento ideal. O mais importante é que
as instituições privadas é que
dão o ar da graça. Suas areias
e marés têm diversidade em
toda a sua orla.
Nem só de praia vive a região. Em seu interior temos
lindas cachoeiras, ruínas espetaculares, flores e frutos ao
alcance da mão. As aves dão
um espetáculo diferenciado de
tudo que você já viu. A região
foi o maior exportador de gengibre do Brasil. Tem em suas
matas vestígios da única estrada de ferro de um século e
meio atrás, tem matas com as
maiores formações de bromélias e orquídeas já vistas. Tem
canhões e muros de pedras
que combatiam as tropas do
governo no período do trafico negreiro. Tem artesanato
de primeira. Tem opções de
estadia, mercado, postos de
combustíveis e serviços para
todos os públicos. Tem ainda
lugares que pararam no tempo: corridas de canoas, festas
religiosas, atividades esportivas, trilhas, mergulho, passeios de barcos, gastronomia.
Muitos pequenos empresários
se qualificam por isso se destacam como fazem os produtores rurais e artesãos desta
parte do paraíso. A região
tem fazenda debaixo dágua,
as de mexilhões. Tem praias
onde as areias emitem os “ics,
ics” tamanha pureza de suas
águas e areias. Tem praias
que formam verdadeiras lagoas que de tão próximas ao
mar dá para ir com um pulo.
Águas calmas e por vezes silenciosas. É possível se aventurar na chuva, na fazenda.
O lugar tem tantas qualidades que poderia ser um
município. Ele é tão bom que
muitos turistas vêm todo o
ano do município vizinho para
apreciar nossas belezas. A
serra possui uma rede de caminhos e trilhas que outrora
foi utilizado pelos índios Tupinambás e reaproveitado pelos
negros e depois pelas comunidades tradicionais, dá para ir
ao planalto, ao Rio de Janeiro
e a Santos. Até OVNIS foram
recolhidos em nossas águas.
A comunidade vai se adaptando as novas tendências,
mesmo pagando pelos pecados das grandes metrópoles. Maranduba é assim, uma
mulher bonita que vem sendo cuidada aos poucos e que
quando estiver pronta surpreenderá muita gente. Gente
que ajudou a cuidar deste lugar tão belo e tão importante
para as pessoas, as plantas e
os animais que aqui habitam e
vem nos visitar.
01 Dezembro 2010
Jornal MARANDUBA News
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Maranduba a um clique do mundo
De forma pratica, simples
e produtiva o Litoral Virtual
inova mais uma vez. O estúdio colocou no ar o www.
maranduba.com.br que é uma
versão atualizada dos dados e fotos da região sul de
Ubatuba. A diferença esta na
qualidade das informações e
nos colaboradores, que sua
grande maioria são descendentes das comunidades indígenas, quilombolas, pescadores, artesãos e produtores
rurais que viram em sua cultura algo que pode se transformar em negócio, geração de
emprego e renda e melhoria
da qualidade de vida da população da região. Os temas
são variados e sempre atualizados. Algumas fotos podem
ser observadas em 360 graus,
onde o visitante busca detalhes numa sensação de realmente estar naquele lugar.
Temas sobre turismo, cultura, historia e meio ambiente
dão a maior importância sobre
o patrimônio material e imaterial deste paraíso. A navegabilidade é fácil. O visitante
virtual pode seguir varias seqüências de visitas: pelo texto,
pelas fotos, pelo menu ou por
temas. A qualidade das fotos
é outro atrativo que mostra as
realidades e as belezas nuas e
cruas deste paraíso.
Quando se navega no site as
fotos não se repetem. Existe
um mapa de satélite do trecho
a ser visitado, guia local, hospedagens e também humor.
Todos os anunciantes do Jornal Maranduba e Litoral Virtual
fazem parte do site. Existem
outras surpresas a serem colocadas no site, principalmente sobre turismo diferenciado.
Quem quiser anunciar e só
entrar em contato via e-mail
[email protected]
De fácil navegação, o novo site maranduba.com.br tem tudo que você quer saber sobre a região. Confira algumas telas do site
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Jornal MARANDUBA News
Gente apaixonada por Ubatuba:
Eis a última parte da Saga
Patural. Foi com muita satisfação que dei uma revisada,
parte por parte, conforme ia
sendo publicada. Agradeço
aos editores (Sidney e Emílio)
e aos leitores pelo interesse na história de coragem de
Jean-Pierre e Silvia. Creio ter
alcançado o meu objetivo principal, ou seja, dar a conhecer
um pouco dessa gente apaixonada por Ubatuba. Depois da
conclusão da entrevistada, encerro com as últimas considerações que não posso omitir.
‘Infelizmente não tive sorte
com a Sesmaria, pois o meu
caseiro Melentino tentou uma
ação de usucapião, mas sem
nenhum êxito. Apesar disso
declarou-se dono da Sesmaria
e, há anos, vem vendendo pequenas áreas a compradores
de Ubatuba que sabem perfeitamente que o mesmo não é
proprietário.
A Patrícia, minha primeira filha, assim que
alcança os dezoito anos se volta para a questão. Nós temos
os documentos, os registros
dos funcionários. Até indenização o Melentino recebeu.
Em 1992, Jean Pierre Júnior,
sendo engenheiro civil, decide
vir morar em Ubatuba, iniciando a construção de seu primeiro barco de pesca de camarão
e dedicando-se exclusivamente a essa atividade. É casado;
tem uma filhinha. Aqui nesta
casa somos nós: eu e Patrícia.
Eu decidi, após me aposentar
A saga Patural (parte VI)
pela Unitau, vir também para
Ubatuba. Afinal o meu filho
já estava morando aqui, além
desta terra ter fascinado por
tanto tempo a família Patural.
Atualmente não pensamos
mais em mexer na questão
do Ubatumirim. Porém, toda a
documentação está em nosso
poder. Há alguns anos estivemos na propriedade; deu pena
ver tudo aquilo sem nenhum
investimento, as pessoas que
se apoderaram estão vivendo
numa situação de miséria e
não têm nenhuma perspectiva de vida. Vocês acreditam
que eles continuam usando as
duas casas que ainda foram
construídas por nós, sem fazerem nada de melhorias?
Antes de concluir a minha
fala, preciso dizer que até
um estudo do potencial das
águas das cachoeiras foi feito com muita dedicação pelo
Jean Pierre; já tinha o projeto
de energia gerada alí mesmo,
tornando, certamente, uma
fazenda-modelo.
Para finalizar: assim que
os meus pais souberam do
acorrido, me escreveram pedindo que retornasse à França com as crianças. Eu pensei
bem, refleti sobre a situação
da Europa e sobre os sonhos
em que eu e meu marido tanto apostamos, me alegrei da
nossa ousadia e coragem que
se baseava num grande amor.
Além do mais, eu estava empregada, ganhando razoavel-
mente bem e, as crianças estavam estudando e se dando
bem no Brasil. É lógico que
eu pensei: se voltasse para lá
teria que recomeçar tudo de
novo. E eu amo este país!”
Algumas
considerações
minhas: 1- o norte do município teria lucrado muito se
os sonhos do francês fossem
concluídos, pois sua fazenda demonstraria aos caiçaras
as alternativas tecnológicas
e as medidas mais racionais
para acreditar no potencial
produtivo que temos; 2- o
povo caiçara teria uma outra
perspectiva de vida e de resistência frente à especulação
imobiliária que acompanhou
um modelo de turismo predatório, ou seja, que condicionou melhoria de vida à renúncia das terras ancestrais;
3- a cultura, continuando
enraizada e circundada pela
realidade próxima, se fortaleceria mais e contribuiria para
a preservação de todos os aspectos implícitos no binômio
natureza-homem; 4-um povo
vivendo bem com suas raízes
também ama a cultura erudita
e fermenta as bases para uma
sociedade mais justa, solidária
e com mais amor, ou dizendo de outra maneira, re-cria a
Terra.
Entrevistada:
Sílvia Polacco Patural
Relatório:
José Ronaldo dos Santos
Moradores fazem peregrinação no socorro a
criança perdida na praia da Maranduba
No último dia 20, sábado, moradores da região
realizam uma intensa peregrinação para socorrer
um casal de turistas que
perdeu a filha na praia da
Maranduba.
Populares se sentiram indignados com a informação
dada pelo 193 no socorro
ao casal.
Do outro lado da linha foram informados que havia
apenas três bombeiros para
o atendimento em todo o
município. No momento das
ações o posto de bombeiros da praia da Maranduba
também estava fechado.
Moradores, comerciantes
e ambulantes informam que
não é a primeira vez que o
posto fica fechado, além do
mais em períodos de férias
e temporada, são poucos os
dias em que se vê a unidade de resgate no local.
Segundo
a
moradora
A.M.S., 34, os pais estavam
muito nervosos a ponto de
entrarem em choque. Felizmente a criança foi encon-
trada na praia da Lagoinha.
Os pais foram conduzidos até a criança no carro
particular de um policial
militar que estava em serviço. A praia da Maranduba
e a Lagoinha formam a segunda maior faixa de areia
do município, só perdendo
para a do Ubatumirim.
A comunidade da região
espera que nesta temporada não falte bombeiros
nem viaturas no atendimento a população e aos
turistas.
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Jornal MARANDUBA News
Cantinho da Poesia
Aos amigos Rui e Marilda
Caminhos um dia se cruzam,
A gente nem sabe os porquês.
Talvez idéias perdidas que ainda vivam
E que acabam convergindo para vocês.
Gente, pessoas, corpos ou talvez apenas almas.
Pedaços de alguma coisa que ficou no passado.
Talvez ontem vidas intensas, hoje vidas mais calmas.
Amor perdido que voltou a ser pensado.
Sabor de saudade num universo,
Confissão de amor perdida no espaço.
Sonhos escondidos num momento disperso
Dirigindo meu ser por tudo que faço.
Sei que não sou o dono de meu destino
Mas me permito escolher aqueles a quem amo.
De detalhe escondido, e com certeza o mais fino,
Meu coração me diz que quase nunca me engano!
Manoel Del Valle Neto
Aquela foto...
Antes de sair de casa
Olho para ti, pendurada na parede do meu quarto,
Passos lentos, dou, para trás, contemplando as paredes.
Daquele sonho, ainda tenho nossos olhares,
Mas, sobrou, apenas, a imensidão dos sete mares,
E, quando fecham-se as portas, sorrisos falsos aos pares.
Quero que saibas disto:
Nunca rasguei aquela foto
Que você não me deu, eu a roubei do vento... lembra??
Pois naquele simples olhar, ainda de menina,
Me reencontro, sem saber bem onde....
Por mais distante que você esteja, te encontro,
Talvez, porque não saiba, eu, viver sem você,
Mas, essa foto, roubada, te devolverei,
Não bem como ela era, pois no verso, escrevi meus amores por ti,
Deixarei onde a encontrei, voando com o vento....
Pedirei ao tempo para que lhe entregue, para que você possa ler...
Os versos de um sonho e gostaria que viesse com a resposta...
Edgar Izarelli de Oliveira
Criança na escola e no lazer
*Encoraje seus filhos a andar e brincar sempre acompanhados;
* Diga-lhes para evitarem
locais perigosos como prédios
vazios, vielas, quadras, parques isolados, terrenos baldios, etc;
*Ensine as crianças a resolver problemas com palavras;
* Tenha certeza de que
seu filho esta fazendo os percursos mais seguros de seus
caminhos rotineiros (escola,
casa dos amigos, lojas, etc).
Faça os percursos e identifique pontos arriscados e pontos de apoio;
*Encoraje seus filhos a ficar
sempre alerta e a avisar um
adulto – professor, vizinho,
policial, sobre alguma coisa
que aparentar estar errado;
*Evitar ficar parado em “rodinhas” na porta da escola,
entre assim que possível no
colégio;
*Não aceite carona de estranhos ou convites para,
entrar em casas, passear em
carros, brincar em terrenos ou
garagens, mesmo que atraídas pela promessa de doces,
refrigerantes ou presentes;
*Não aceite doces, balas,
suco, refrigerantes, etc de estranhos e desconhecidos;
*Conduza seus filhos à escola ou entregue-as a pessoas de sua confiança. Uma boa
medida é que vizinhos ou parentes se revezem na tarefa,
semanalmente;
*Oriente-as para irem e voltarem das aulas sempre em
grupo;
*Oriente-os a não pararem
em casas de jogos eletrônicos, parques de
diversão, campos ou parques, especialmente sozinhos;
Manual de Auto Proteção
do Cidadão da Polícia Militar
do Estado de São Paulo Setor
de Comunicação Social - Base
de Segurança Comunitária da
Maranduba
DISK DENÚNCIA
181
VOCÊ NÃO PRECISA
SE IDENTIFICAR
AJUDE A POLÍCIA
A AJUDAR VOCÊ
Microempreendedor individual
O microempreendedor individual (MEI) foi criado pela Lei
Complementar 128/2008 e entrou em vigor no dia 1º de julho
de 2009.
Manicure, artesão, feirante,
ambulante, sapateiro, mecânico, encanador, cabeleireiro,
pedreiro, pintor, até adestrador de animais, entre outros,
podem se formalizar e virar um
microempreendedor individual.
O objetivo da lei é legalizar
a atividade informal e dar proteção previdenciária a esses
microempresários. Além da relação de ocupações que podem
aderir ao MEI, é importante
informar-se sobre as leis da sua
cidade. O ambulante ou quem
trabalha em lugar fixo deverá
ter autorização da Prefeitura
com relação ao tipo de atividade e ao local onde irá trabalhar. A obtenção do CNPJ e
a inscrição da Junta Comercial
não substituem as normas de
ocupação dos municípios que
devem ser observadas e obedecidas.
Quem virar um microempreendedor individual terá direito a
oito benefícios da Previdência.
Entre eles, licença-maternidade, auxílio-doença e aposentadoria.
A lei garante ainda vantagens
como ter a tranquilidade de
atuar regularmente no mercado, ter a possibilidade de comprovar a renda e de participar
de licitações, principalmente
junto às prefeituras, maior facilidade no acesso a crédito e
divulgação da empresa como
microempreendedora.
A formalização de pequenos
negócios é feita pela internet no
site www.portaldoempreendedor.gov.br. O processo de legalização e a primeira declaração
anual poderão ser feitas de forma gratuita, pelos contadores.
O CNPJ provisório sairá na
hora, o que segundo o Sebrae,
muda a vida do trabalhador.
“A partir do momento em que
você está formalizado, você
pode vender para outras empresas, porque você pode, por
exemplo, emitir notas fiscais.
E você também pode comprar
diretamente dos fornecedores
e com isso ter vantagens porque você vai ter produtos mais
baratos”, diz Paulo Okamoto,
presidente do Sebrae.
O microempreendedor terá
6 meses para adquirir o alvará
definitivo junto à Prefeitura.
Atenção: No dia 09 de dezembro, quinta-feira, às 9h30,
na Associação Comercial de
Ubatuba (Rua Dr. Esteves da
Silva, 51- Centro), será realizada uma palestra gratuita sobre
o tema.
Inscrições: Posto Sebrae de
Atendimento ao Empreendedor
de Ubatuba (PAE): 3834 1445.
A entidade oferece cartilha
do MEI gratuitamente. (Fonte:
Assessoria de Comunicação
ACIU e Sebrae)
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Gente da nossa história:
EZEQUIEL DOS SANTOS
“Amar pra ser amado” foi assim, baseando-se nesta frase
que foram criados junto com
os familiares e amigos. Único
casal vivo que guarda os reais
segredos da aparição da santa
Nossa Senhora das Graças no
Morro do São Cruzeiro no Sertão da Quina, seu Fidencio e
tia Maria possuem juntos 202
anos de vida e muita história
pra contar.
Ele nasceu Fidencio Manoel
de Oliveira em 16 de novembro de 1907 na Praia da Fortaleza. Ela Maria Gaspar dos
Santos nascida em 29 de
junho de 1912 no Sertão da Maranduba (S. da
Quina), filha de Messias
Manoel Gaspar dos Santos e Antonia de Amorim,
neta de Manoel Gaspar
dos Santos e Rosa Félix
Gaspar de Jesus, um dos
casais que fundaram a
região. Ele, filho do segundo casamento de
Manoel Zacarias e Maria
Bernardina de Santana,
seus irmãos são: João
Zacarias,
Valdevino,
Sebastiana, Benedita e
Maria Conceição. O casal teve os filhos: José,
Zacarias, Braz, Fidencio,
Pedro, Sebastião, Maria
Conceição, Maria de Oliveira
e Manoel Fidencio. Todos criados com muito sacrifício mais
com muito amor para dar e
distribuir. Maria foi até “ama”
de leite de vários meninos,
hoje alguns são avós.
Casaram no dia de todas as
almas e todos os santos- 31
de novembro de 1928, isso
mesmo possuem 82 anos de
casamento. Seu Fidencio relata que ganhou de presente de
casamento 1.500 pés de café,
1.000 pés de laranja e dois alqueires de mandioca “pra ca-
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Jornal MARANDUBA News
Maria e Fidencio somam 2 séculos de história pra contar
piná”. Os noivos e convidados
foram um dia antes a cidade
para o casório, levaram quatro
horas e meia a pé. Lá fizeram
um pouso para casar na parte
da manha para dar tempo de
chegar em casa casado e fazer
a primeira refeição como marido e mulher literalmente a luz
de velas (fifó-lamparina). Na
chegada tiveram de atravessar o Rio Grande (Maranduba)
sobre um tronco talhado que
servia de ponte. Os homens
carregavam as mulheres no
colo para não se molharem.
Fidencio cavalheiro como era
foi atravessar com a Ana Correia e como o tronco estava
molhado os dois caíram na
água e o agora marido molhou
o terno branco que vestia.
Ele trabalhou na prefeitura
com o prefeito Cel. Ernesto
de Oliveira, sua função era
ascender e apagar o pavio
das lamparinas da rede publica de iluminação no centro
da cidade. Trabalhou ainda
na Santa Casa e na fazenda
Jundiaquara. Depois trabalhou na Fazenda dos Ingleses na Vila de Santo Antonio
(Caraguatatuba). Lá jogou
futebol na posição de ponta
esquerda, aprendeu Kung Fu
e Box, era 1925. Ela quando
menina participou de todas
as visitas da Imaculada a este
território. Foi peça fundamental na montagem do único documentário em vídeo sobre a
historia da aparição. Muitos
outros depoimentos não foram publicados por solicitação
de Maria.
Ela é dona de uma musica que aprendeu em sonho,
foi por indicação da Virgem,
também de uma oração para
rosário que só existe aqui em todo o
planeta.
Quando
fala sobre o tema,
lagrimas correm em
seu lindo rosto, percebe-se que é pela
descrença e perda
do respeito sobre
o tema e também
pela felicidade que
a aguarda. Suas
orações e cantos
saem de sua boca
como se não fosse
ela que esta dizendo. Sai como doce e
como canto de pássaro.
Ela ainda recorda
das grandes roças
na Pedra Preta, de mandioca brava para farinha, café,
banana, dos feijões de corda
como a fava, rama doce para
acompanhar o café e da Mulaé, segundo moradores a
rama de mandioca mais antiga do Brasil, espécie que foi
trazida pelos negros escravos. Maria é da Irmandade
Sagrado Coração de Jesus e
da Legião de Maria, devoção
deixada a pedido da Imaculada em 1915-17, a qual não
participa por conta das condições físicas, mas todos sa-
bem que participa na fé, que
é inabalável. “É tanta pouca-vergonha hoje em dia, que se
soubessem o que os aguarda
pediriam perdão a Virgem”,
desabafa Maria.
Perguntado o que eles
aguardam a resposta foi
curta: “DEUS”. Quando casaram as únicas coisas que
compravam era a querosene,
sal, “fórfi” (fósforo), sapato e
fazendas de panos. Fidencio
trabalhava com as tamancas
(calçado) de madeira, algumas eram produzidas em
Ubatuba na antiga Fazenda
Usina Velha. As mais chiques
eram trazidas de Portugal,
umas abertas e outras fechadas. A fazenda Usina Velha
tinha trazido do Porto de São
Sebastião do Rio de Janeiro
um automóvel que era a fascinação de todos. Um dia um
pneu furou e o estepe tinha
de esperar chegar de Portugal, mais um carpinteiro muito bom de Ubatuba providenciou uma roda completa de
madeira, a fama do carpinteiro cresceu ainda mais. Muita
gente passava pelo carreiro
desta fazenda para ouvir o
ronco do motor do “automóver”.
Ele ainda tem a replica de
legítima Henrique Laporte,
cartucheira de 1925 com peças de vidro calibre 40. Sempre simples o casal é hoje
Patrimônio da região. Quando
Fidencio nasceu o Sertão da
Quina tinha pouco mais de
setenta anos de vida. Chegou
a ver muitos escravos bisavós dos remanescentes quilombolas da Ubatuba atual.
Seus detalhes impressionam.
Ao conhecer a vida deles e
de tantos outros descobrimos que mesmo com
a vida dura a região era
linda e as pessoas não
eram tão gananciosas
como hoje, que a nossa
vida é cheia de frescura,
com o dizia minha avó.
Tratavam-se
pessoas
puras, mesmo com o inicio da especulação imobiliária e a tomada das
terras, como bem relata
o livro Ubatuba Terra
e População da Mestra
Maria Luiza Marcilia.
Ao ver a paz que buscam neste tempo e o
silencio mostram a sabedoria que cabe a nós
tirar o chapéu e agradecer a Deus pelo privilégio e a
honra de të-los como testemunhas oculares da história
e da formação de nosso país.
Principalmente a mim que
ouviu, sentiu, abraçou, falou
com Fidencio e Maria. Ao pedir
a benção a este casal parece-me que pedi a todos que um
dia conheci e partiram, num
coro imagino ouvir o “Deus
Te Abençoe, Te Guarde e Te
Proteja Meu Filho”. Confesso
que não tem dinheiro que pague esta sensação, uma das
prazerosas que vivenciei.
01 Dezembro 2010
Jornal MARANDUBA News
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Saudade como fonte de emprego e renda as comunidades
CRISTINA OLIVEIRA
Mesmo com a simplicidade de nossas vidas,
havia sempre alguma que
nos marcavam. Muita delas era sobre coisas simples que não envolviam
dinheiro e nem status.
Em algumas situações,
dinheiro nenhum neste
mundo pagaria por este
prazer ou privilégio. Lembro-me da comoção que
era a visita da Folia de
Reis e do Divino a nossa
região.
A folia era como o jornal da época. Através de
seus membros sabíamos
o que acontecia em todos
os cantos da cidade. Todos paravam para acompanhar os Reis. Eram servidas boas bebidas, café
com bolo, “escardado de
galinha”. Tudo debaixo
de muita alegria. Seus
membros tinham casas
marcadas para pouso.
Outra festa boa foi a da
Nossa Senhora das Graças, daquela que tinha o
leilão, bate-pé, Moçambique trazido da Serra
Acima, tinha ainda seus
moradores que faziam
peças teatrais animadas.
Era história, cultura e entretenimento tudo junto.
Era bom porque todos
participavam de todas
as etapas. Para a festa
os rapazes vestiam suas
melhores roupas, aquelas
de domingo, tudo passado a fero de brasa, pesadões, de difícil manuseio. As moças com suas
roupas de festa e com
brilhantina no cabelo, estilo “cashimere bouquet”
no rosto (pó de arroz).
Programação boa mesmo era fazer rodinha pra
contar e ouvir causos, os
mais assanhados se chegavam aos pais das moçoilas
e ficavam papeando (o tal
do xavéco). Se a menina
desse um sorriso, a noite ia
ser boa.
Naquela época era um
escândalo ver a canela de
uma moça. As modas de
viola e rodadas de truco
atraiam mais gente do que
o campeonato brasileiro.
Aos domingos as missas e
depois o campo de futebol
era o ponto de encontro do
pessoal, ali você sabia de
tudo, era um ponto de referencia para tudo, principalmente para os mutirões.
Tinha ainda o jogo de malha que era na venda do
seu Moisés, que tinha um
uniforme padrão, sunga
azul, camisa de botão e
chapéu de palha, que utiliza até hoje. Família bacana
deste homem.
Os primeiros doces comprei no bar do “Zé Leal”. Lá
tinha de quase tudo. Outro
armazém que meu pai fala
muito foi o do “Mané Gaspá”, onde é parte do prédio
da escola Tereza dos Santos. Uma ou duas vezes por
ano aparecia o barbeiro e o
dentista. Era um acontecimento ”tirar” o dente. As
romarias para Aparecida
eram por vezes realizadas a
pé, outras no pau de arara.
As vias sacras eram representadas por atos, queria
eu saber quem era aquela
mulher que subia no banquinho e cantava “Por aqui
passou um homem...”, e
os soldados que batiam
as lanças umas nas outras
quando cruzavam a procissão. Fé a parte, tratava-se
de um espetáculo ao ar livre, assim como a missa
afro realizada no quilombo
da Caçandoca.
As missas comemorativas eram aguardadas o
ano todo. Era uma beleza,
turistas vinham aos montes ver a tradição e a preparação de um povo leigo,
que se fosse profissional
não faria tão bem. Isso era
em todas as comunidades
da região. O presépio, as
luzes natalinas, as canções, os violeiros. As festas
particulares também eram
rodeadas de charme, beleza e fartura, mesmo que
a família fosse desprovida,
algo acontecia e nada faltava.
Moradores da região costumavam se consultar com
Dona Quininha (Joaquina),
mãe do João Américo, que
fazia remédios caseiros a
base de ervas da localidade. Outros iam a cidade
consultar com o Seu Juquinha, antecessor do Seu Filhinho. Juquinha tinha uma
Botica no centro, vendia
remédios por doses, tinha
também o “suador”, método usado para expulsar
a doença do corpo. O paciente tomava chá quente
e um comprimido, depois
se enrolava num cobertor
ou numa esteira de palha,
ficava quietinho por horas
deitado até o suador passar. Pronto resolvido!
O que mais me dói é saber que não trata de saudosismo e sim de formulas
antigas que com roupagens
novas podem muito bem
substituir este marasmo
que está nossa cidade por
algo que, além de animar o
povo e o visitante, poderá
proporcionar a geração de
emprego e renda a muita
gente. Quem se habilita?
“Juquinha tinha uma Botica no centro, vendia remédios por doses, tinha
também o “suador”, método
usado para expulsar a doença do corpo”
Página 14
Jornal MARANDUBA News
Cinco vidas em uma só: experiências e
desventuras de uma jornalista em livro
Izabela Vasconcelos, de São
Paulo
A vida reservou para ela momentos inéditos, um conjunto de
situações que pouca gente viveu
em 34 anos de vida. De jornalista a imigrante ilegal na Europa e
técnica de enfermagem em clínica
psiquiatra no Brasil. É assim a vida
nada comum de Cláudia Canto,
que, de cada aventura e aprendizado, fez um livro.
Empregada doméstica, enfermeira, freelancer e escritora
Chegar à Europa com 500 euros do bolso, viver como imigrante
ilegal, trabalhar como empregada doméstica em cárcere privado são algumas das lembranças
que a jornalista tem para contar.
“Cheguei a fazer frilas na Europa,
escrever para jornais, e a vender
anúncios também, mas não podia
mostrar minha cara, porque eu estava como ilegal”, conta Claudia,
que encontrou na função de empregada doméstica um caminho
para o sustento.
De um ano que ficou na Europa, oito meses foram em cárcere
privado em um Palácio em Lisboa,
onde trabalhou cuidando da mansão. Entre as experiências vividas,
essa foi a mais difícil. “Trabalhava
e cuidava de dois idosos na casa,
não tinha praticamente folga, nem
podia sair pra nada, nem pra telefonar”. Não voltar de “mãos abanando” foi o que motivou Claudia
a continuar na “prisão”.
A jornalista, que só tinha algumas horas para sair no domingo,
recebeu propostas para se prostituir, conheceu algumas pessoas
da noite, mas se negou a entrar
nessa vida. “Tive sim a opção de
ter me tornado uma prostituta,
mas descobri que, para tal, o talento é primordial, e me falta este
recurso, felizmente, ou infelizmente”, revela.
Foi dessa “aventura” que nasceu
o “Morte às vassouras – Diário de
uma jornalista que se tornou empregada doméstica em Portugal”,
publicado em 2002 pela editora
Edicon, que, de acordo com ela,
“retrata a mediocridade humana”.
O livro foi lançado em Portugal e está sendo traduzido para o
espanhol. Apesar dessas vitórias,
Claudia critica a imprensa, por não
dar espaço aos projetos alternativos. “Não saiu nada sobre o meu
livro na grande imprensa européia. Houve uma certa censura.
Foi publicado só nos jornais alternativos”, desabafa.
Transtornado e escritor: todo
mundo tem um pouco
Depois dessa obra, Claudia mal
imaginava que estava prestes a
passar por outra experiência que
lhe renderia mais um livro, a de
técnica de enfermagem, uma de
suas formações, em uma clínica
psiquiatra. No primeiro dia em seu
novo emprego, foi recepcionada
por um homem que apresentava
todos pelas suas respectivas doenças mentais.
“Agora você deve estar querendo saber o que eu tenho, né?! Eu
sou o genro do George Bush e só
não saí com a Madonna porque
eu não quis”, apresentou-se o homem com transtorno bipolar. “Isso
é para eu escrever de novo, pensei. Eu creio nas oportunidades. E
esse foi até um livro didático, de
acordo com os conhecimentos que
tenho desses casos”, diz a jornalista, que publicou seu segundo livro,
o “Bem-vindo ao mundo dos raros
– Contos e crônicas de uma psiquiatra”. Depois da passagem pela
clínica, Claudia também participou
de palestras sobre o tema, onde,
vestida como paciente, interpretava os casos que presenciou.
“Mulher Moderna Tem Cúmplice”, uma provocação aos machistas, de palntão. No livro, a
jornalista aborda o drama dos
relacionamentos atuais e violência
contra as mulheres.
A cidade dormitório virou
mulher
Nascida e criada em Cidade Tiradentes, periferia da zona leste de
São Paulo, a jornalista faz do bairro, conhecido como “cidade dormitório”, sua nova obra. “Cidade Tiradentes, de menina a mulher”, a
região é tratada como uma personagem que cresce entre desafios e
conquistas.
“Faz tempo que eu queria fazer
um livro sobre o meu bairro. Fui
então convidada pelo Instituto Polis para montar um site sobre Cidade Tiradentes e reunir material
sobre o bairro para o site. Essa foi
a oportunidade”, explica Cláudia,
que sempre atuou e ainda trabalha
em projetos e veículos alternativos, palestras, saraus, e com tudo
isso, divide também espaço entre
a enfermagem e o jornalismo, em
veículos da zona leste da cidade.
Arrependimento por alguma das
experiências? Nunca. “Não me arrependi com nada. Pelo contrário,
estou caçando outros assuntos
polêmicos. Essas experiências me
trouxeram maturidade e humildade”, diz a jornalista, imigrante ilegal, empregada doméstica, enfermeira e escritora, com suas “cinco
vidas”.
Claudia CANTO
Jornalista MTB 32.809
F 9881 1451
01 Dezembro 2010
01 Dezembro 2010
Página 15
Jornal MARANDUBA News
Túnel do Tempo
Coluna da
Adelina Campi
Qual o segredo do amor?
No dia de hoje trago uma
mensagem que nos emociona
pela grandeza de uma pequena criança com seu gesto.
Reflitam!!
Foi num dia desses. Eram
dois irmãos vindos da favela.
Um deles deveria ter cinco
anos e o outro dez. Pés descalços, braços nus. Batiam de
porta em porta, pedindo comida. Estavam famintos.
Mas as portas não se abriam.
A indiferença lhes atirava ao
rosto expressões rudes, em
que palavras como moleque,
trabalho e filhos de ninguém
se misturavam.
Finalmente, em uma casa
singela, uma senhora atenta
lhes disse: Vou ver se tenho
alguma coisa para lhes dar.
Coitadinhos.
E voltou com uma caixinha
de leite. Que alegria!
Os garotos se sentaram na
calçada. O menor disse para
o irmão: Você é mais velho,
tome primeiro...
Estendeu a caixa e ficou
olhando-o, com a boca semiaberta, mexendo a ponta
da língua, parecendo sentir
o gosto do líquido entre seus
dentes brancos.
O menino de dez anos levou a caixa à boca, no gesto
de beber. Mas, apertou fortemente os lábios para que
nenhuma gota do leite penetrasse. Depois, devolveu a
caixinha ao irmãozinho: Agora
é a sua vez. Só um pouco, recomendou.
O pequeno deu um grande
gole e exclamou: Como está
gostoso.
Agora eu, disse o mais velho.
Tornou a levar a caixinha, já
meio vazia, à boca e repetiu o
gesto de beber, sem beber nada.
Agora você. Agora eu. Agora
você...
Depois de quatro ou cinco
goles, talvez seis, o menorzinho, de cabelo encaracolado,
barrigudinho, esgotou o leite
todo. Sozinho.
Foi nesse momento que o
extraordinário aconteceu. O
menino maior começou a cantar e a jogar futebol com a caixinha. Estava radiante, todo
felicidade. De estômago vazio.
De coração transbordando de
alegria.
Pulava com a naturalidade
de quem está habituado a fazer coisas grandiosas sem dar
importância.
Observando aqueles dois irmãos e o Agora você, Agora
eu, nossos olhos se encheram
de lágrimas.
Que lição de felicidade! Que
demonstração de altruísmo! O
maior, em verdade, demonstrou, pelo seu gesto, que é
sempre mais feliz aquele que
dá do que aquele que recebe.
Este é o segredo do amor.
Sacrificar-se a criatura com
tal naturalidade, de forma tão
discreta, que o amado nem
possa agradecer pelo que está
recebendo.
Enquanto os dois irmãos
desciam a rua, cantarolando,
abraçados, em nossa mente
vários ensinos de Jesus foram
sendo recordados.
Fazer ao outro o que gostaria que lhe fosse feito.
O óbolo da viúva.
Amai-vos uns aos outros...
***
2000
2002
No começo todos remavam na mesma direção...
1993
1973
Naquele tempo, bolo de 3 andares, só com mutirão
2001
Nós continuamos os mesmos,
mas os nosso cabelos... cairam!
Já exportamos Folia de Reis para o Vale do Paraíba
Passeio de caiaque nas enchentes da Maranduba...
1985
Esse não buzinava para sair na
foto com a família na moto
1995
SPA caiçara incluia sauna seca,
biju, café e banana assada
1990
Já tivemos bom candidato...
Coloca, nas janelas da tua
alma, o amor, a bondade, a
compaixão, a ternura para
que alcances a felicidade.
***
1999
Capela antes do incêndio criminoso. Será
que os autores dormem sossegado?
1988
Amando, ampliarás o círculo
dos teus afetos e serás, para
os teus amigos, uma bênção.
Daqui saiu namoros e casamentos
***
Faze o bem, sempre que
possas. E, se a ocasião não
aparecer, cria a oportunidade
de servir. Deste modo, a felicidade estará esperando por ti.
2000
Famlia de colaboradores deste jornal
e reunião secreta
1996
1986
Se alguns não tivessam casado, hoje
estariam jogando na Eurocopa
Capitão Nascimento começou assim,
bem cedo já era orgulho da mãe

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