Osteoblastoma de forma agressiva associado a cisto ósseo
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Osteoblastoma de forma agressiva associado a cisto ósseo
Este encarte é parte integrante da edição de nº 299 do Jornal da Imagem Reunião do Clube Roentgen Maio de 2003 Escola Responsável: Departamento de Radiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (FCM/UNICAMP) Coordenador: Dr. Nelson M. G. Cazerta Caderno Dois Dr. Geovani Calixto de Alencar Azevedo Figura 1 - A radiografia simples em perfil mostra uma lesão osteolítica insuflante de localização justacortical, causando erosão com aspecto em pires no corpo do tálus. A matriz da lesão apresenta focos de calcificação irregulares localizados preferencialmente na sua base de implantação. Nota-se também aumento das partes moles adjacentes à lesão. Osteoblastoma de forma agressiva associado a cisto ósseo aneurismático História Clínica Paciente de 22 anos, branco, com queixa de aumento de volume e dor em região anterior do pé esquerdo. Há cerca de 15 meses, paciente relata início de dor de leve intensidade, que não melhora com o uso de AINEs, em região anterior do pé esquerdo, associada a aumento de volume da região de forma gradual. Apresenta ingestão acentuada de bebida alcoólica, cerca de 3l de aguardente/dia (SIC). Ao exame físico, nota-se aumento da região anterior do pé esquerdo com dor à palpação desta região. Diagnóstico Osteoblastoma de forma agressiva associado a cisto ósseo aneurismático. Discussão O osteoblastoma é um tumor ósseo primário benigno que representa cerca de 1% de todos os tumores ósseos e aproximadamente 3% dos tumores benignos. Costumava-se descrever este tumor como “osteoma osteóide gigante”, devido à sua semelhança histológica e seu grande tamanho. Atualmente, no entanto, a maior parte da literatura mundial descreve estas duas lesões como entidades clínicas distintas, devido principalmente à apresentação clínica e aspecto radiológico distintos, embora seja difícil a diferenciação histológica destas. O osteoblastoma caracteriza-se por uma lesão de natureza progressiva e, em alguns casos, localmente destrutiva. Transformação maligna é descrita, embora seja rara. Este tumor ósseo benigno ocorre mais comumente na segunda e terceira décadas de vida, sendo esta faixa etária responsável por 75% dos casos. As lesões mais agressivas ocorrem freqüentemente em uma faixa etária mais alta. Observa-se uma predominância no sexo masculino, com uma relação de aproximadamente 2:1. A apresentação clínica é insidiosa, com uma duração média dos sintomas de seis meses, sendo que alguns pacientes apresentam sintomas por até 72 meses. O quadro clínico caracteriza-se por dor São Paulo, julho de 2003 de baixa intensidade, que não interfere com o sono e não melhora com o uso de salicilatos; edema, caso a lesão seja próxima à superfície; dor à palpação da área acometida; e escoliose, quando a lesão encontra-se nas vértebras. Lesões na coluna podem levar a déficits neurológicos por compressão nervosa. O osteoblastoma pode ocorrer em qualquer osso, sendo mais comum na coluna (30-35%); ossos longos, principalmente o fêmur e a tíbia (25-30%); e ossos da mão e pé (25%), sendo o tálus o osso mais acometido. A radiografia simples é a base para o diagnóstico desta lesão. A aparência radiológica é variável, sendo a mais comum a de uma lesão óssea lítica, geralmente maior que 2 cm de diâmetro, com ou sem mineralização da matriz, circundada por um halo esclerótico fino ou espesso ou, se expansiva, pela cortical íntegra. Outra forma de apresentação é a de uma lesão agressiva simulando uma neoplasia maligna. A tomografia computadorizada é útil para determinar a extensão do tumor intra e extraóssea, se há formação óssea intra-tumoral e rompimento da cortical. O valor adicional da TC é maior na avaliação das lesões de coluna vertebral. A ressonância magnética demonstra uma lesão com um sinal de baixo a intermediário nos cortes pesados em T1 e, predominantemente, um alto sinal nos cortes pesados em T2. A principal ajuda da RM no diagnóstico, além de fornecer informações sobre a extensão da lesão, é definir a natureza das alterações nos tecidos moles e na medular óssea adjacente. Em alguns casos de osteoblastoma podem haver alterações císticas grosseiras suficientes para o diagnóstico adicional de cisto ósseo aneurismático. Martinez e Sissons descrevem uma incidência de cerca de 7%. Levy et al descrevem 57 cistos ósseos aneurismáticos secundários a outras lesões, destes 14 associamse com o osteoblastoma. O tratamento de escolha é a ressecção cirúrgica. A retirada completa da lesão é curativa, embora recorrência seja comum após ressecção ) Figura 2 - Corte axial ponderado em T1. Lesão arredondada com hipossinal erodindo a cortical do corpo do tálus associada a edema de partes moles adjacente. * Figura 3 - Cortes axial (A) e sagital (B) ponderados em T2. Lesão de contornos bem definidos, sem componente de partes moles associado, apresenta um sinal heterogêneo caracterizado por uma região central de ausência de sinal (calcificação) e uma região periférica com alto sinal. O corte sagital demonstra a erosão óssea, sem infiltração extensa da medular e com discreto edema adjacente. As partes moles também se apresentam edemaciadas. Figura 4 - (A) Observar proliferação tecidual densamente celular composta por osteoblastos epitelióides por vezes alinhados ao redor de matriz osteóide e traves de osso (azul). (B) Associação com cisto ósseo aneurismático. incompleta. Nestes casos, a tendência é a recorrência de lesões agressivas. Referências Bibliográficas 1. Capanna R, van Horn JR, Ayala A, Picci P, Bettelli G. Osteoid osteoma and osteoblastoma of the talus. Skeletal Radiol 1986; 15: 360-4. 2. Greenspan A. Benign bone-forming lesions: osteoma, osteoid osteoma, and osteoblastoma. Skeletal Radiol 1993; 22: 485-500. 3. Kroon HM, Schurmans J. Osteoblastoma: clinical and radiologic findings in 98 new cases. Radiology 1990; 175: 783-90. 4. Levy WM, Miller AS, Bonakdarpour A, Aegerter E. Aneurysmal bone cyst secondary to other osseous lesions. Am J Clin Pathol 1975; 63: 1-8. 5. Martinez V, Sissons HA. Aneurysmal bone cyst. A review of 123 cases including primary lesions and those secondary to other bone pathology. Cancer 1988; 61: 2291-304. 6. Temple HT, Mizel MS, Murphey MD, Sweet DE. Osteoblastoma of the foot and ankle. Foot Ankle Int 1998; 19: 698-704. 2 Caderno Dois São Paulo, julho de 2003 Doença de Behçet do SNC Dr. Guilherme C. Dabus e Dra. Andréia V. Farias História Clínica -ID: M.S.C., 42 anos, sexo feminino, branca, nasc. e proc. de Mirandópolis, do lar, casada, destra -QD: Cefaléia e sonolência há 1 mês -HPMA: Paciente refere que há 20 anos iniciou quadro progressivo de “embaçamento” visual bilateral, associado a lesões dolorosas na cavidade oral. Refere melhora do quadro com o uso de corticóide prescrito pelo oftalmologista, fazendo uso esporádico desde então de corticóides para alívio sintomático. Refere que há um mês iniciou quadro de cefaléia e sonolência. -Ex. Físico: sonolenta, orientada, muscular grau V, marcha lentificada, ptose palpebral direita. Diagnóstico Doença de Behçet do SNC. Discussão A doença de Behçet é uma rara vasculite imunológica multissistêmica que envolve tanto artérias quanto veias. É doença rara na Europa e nas Américas, sendo mais prevalente, bem como mais virulenta na Turquia, Oriente Médio e Extremo Oriente. Apesar de não ser considerada hereditária, a doença de Behçet é associada ao antígeno leucocitário humano B51, sendo que 51% a 62% dos pacientes com doença de Behçet são HLA-B51 positivas. Para que o diagnóstico de doença de Behçet seja feito, é necessário a presença de úlceras orais recorrentes e duas das seguintes manifestações: úlceras genitais, uveíte, vasculite dos vasos cutâneos ou dos grandes vasos, artrite e meningoencefalite. Uma forma “incompleta” foi definida pela ocorrência das úlceras recidivantes e qualquer uma das outras características. Embora as úlceras orais constituam a base do diagnóstico, o diagnóstico de possível doença de Behçet só é válido quando várias dessas características ocorrem simultaneamente. Em alguns pacientes, o estabelecimento do diagnóstico só foi possível depois de até 20 anos de Figuras 1, 2 e 3 Lesão expansiva com efeito de massa, parcialmente bem delimitada, acometendo tálamo, cápsula interna, globo pálido e putâmen à direita, aparentemente poupando o núcleo caudado direito, com iso/ hiposinal em T1 e hipersinal nas sintomas menores. Quanto aos aspectos clínicos, verificaram-se sinais sistêmicos como febre e perda de peso em até 63% dos casos, sendo que outras manifestações incluem meningoencefalite e dor abdominal. As úlceras orais são dolorosas, de formato redondo ou oval e geralmente múltiplas, podendo constituir o único sinal da doença de Behçet. Por outro lado, a observação das úlceras genitais isoladas só raramente indica doença de Behçet. As úlceras ocorrem em outros locais como intestino, pele, e são encontradas inúmeras lesões cutâneas não-ulcerativas como eritema, eritema nodoso, fotossensibilidade e pústulas espontâneas. Acredita-se que até 15% dos pacientes com cegueira adquirida no extremo oriente decorram da uveíte da doença de Behçet. A diminuição da acuidade visual é resultado de inflamação, glaucoma secundário, cataratas ou hemorragia vítrea. Não é raro haver trombose das veias retinianas resultando em cegueira súbita. Flebite ou arterite ocorre em até 25% dos pacientes predispondo à trombose ou a aneurismas. Os aneurismas são comuns sobretudo nas artérias pulmonares sendo geralmente únicos, entretanto, registrou-se a ocorrência de até 14 aneurismas em um paciente em menos de um ano. A vasculite pulmonar provoca dispnéia, dor torácica, tosse ou hemoptise, sendo causa significativa de morte. Os sinais radiográficos incluem infiltrados seqüências de TR longo, apresentando captação heterogênea após a administração do contraste para-magnético. esparsos e derrames pleurais. A artrite costuma ser intermitente, autolimitada e localizada nos joelhos e tornozelos, no entanto, já foram observadas alterações erosivas em radiografias do quadril, calcâneo, punho e pé. As úlceras intestinais podem ter tamanhos variados e causam sintomas de doença intestinal inflamatória e/ou perfuração. A doença de Behçet tem manifestações neurológicas em 10% a 45% dos casos. Meningite asséptica ocorre em quase todos os casos de doença de Behçet neurológica. Os três principais padrões de envolvimento clínico do SNC são: síndrome do tronco cerebral, síndrome meningoencefálica e síndrome confusional orgânica. Outras manifestações do acometimento do SNC seriam encefalopatia, convulsões, anormalidades corticoespinais, paralisia bulbar, ataxias, crises isquêmicas transitórias, acidentes vasculares cerebrais e pseudotumor cerebral. Essas alterações podem ser de início agudo ou gradual, podendo regredir por completo ou causar a morte do paciente. A tomografia computadorizada em geral não fornece informações significativas. A ressonância magnética demonstra focos de hipersinal no tronco cerebral, diencéfalo e nos hemisférios cerebrais nas imagens ponderadas em T2. As lesões vasculares variam de oclusões arteriais e aneurismas até tromboflebite superficial, oclusão das veias cavas superior e inferior e trombose venosa cerebral. A forma pseudotumoral evidencia lesão com efeito de massa e captação variável do contraste. A causa e a patogenia da doença de Behçet ainda não são conhecidas. As alterações histopatológicas são inespecíficas. As células mononucleares encontradas na epiderme e ao redor dos pequenos vasos nas lesões em fase inicial, são posteriormente substituídas por plasmócitos e neutrófilos. A arterite deve-se à inflamação do vasa vasorum. O tratamento da doença de Behçet é feito com altas doses de corticóides, anticoagulantes, ciclosporina e outros agentes imunossupressores como clorambucil, azatioprina e metotrexato, de acordo com os locais acometidos e com a gravidade da doença. Referências Bibliográficas 1. Hamza M: Large artery involvement in Behçet´s disease. J Rheumatol 14:554, 1987 2. Mizuki N, Inoko H, Ando H, et al: Behçet´s disease assocated with one of the HLA-B51 subantigens. Am J Ophthalmol 116:406, 1993 3. Bennet JC, Plum F: Cecil Textbook of Medicine 20th Edition. W.B. Saunders Company, Philadelphia, PA, 1996 4. Osborn AG: Diagnostic Neuroradiology. Mosby, 1999 5. Serdaroglu P, Yazici H, Ozdemir C, et al: Neurologic involvement in Behçet´s syndrome: a prospective study. Arch Neurol 46:265-69, 1989 6. Erdem E, Carlier R, Idir ABC, et al: Gadolinium-enhanced MRI in central nervous system Behçet´s disease. Neuroradiol 35 ;14244, 1993 São Paulo, julho de 2003 Caderno Dois 3 Litopédio Dr. Renato Lopes Roma História clínica Paciente do sexo feminino, 75 anos, apresentou-se ao pronto socorro com queixa de constipação intestinal. Nega qualquer acompanhamento médico prévio. Apresentava massa abdominal palpável e endurecida ao exame clínico e exames laboratoriais gerais sem anormalidades. Constatou-se presença de massa abdominal calcificada às radiografias simples de abdome. parte dos casos é descoberta incidentalmente à cirurgia, necropsia ou exames de imagem realizados por motivos diversos. As radiografias simples do abdome costumam ser suficientes para o diagnóstico, no entanto, métodos como urografia excretora, enema opaco, ultra- sonografia e, principalmente, tomografia computadorizada podem ser utilizados como métodos complementares, principalmente na investigação de complicações. O diagnóstico diferencial inclui massas abdominais e pélvicas que calcifiquem ou Diagnóstico Litopédio. Discussão Litopédio (do grego lithos = pedra e paidon = criança) é o nome dado ao feto morto retido, usualmente resultante de gestação abdominal primária ou secundária, que sofreu calcificação. Esta rara complicação obstétrica (1,5% a 2 %) das gestações ectópicas ocorre em 0,0045% de todas as gestações e tem sido descrita em mulheres com idade entre 30 e 100 anos, com retenção fetal estimada entre 4 e 60 anos (com 22 anos de média aproximada). Os casos de litopédio normalmente são divididos em (1) lithokelyphos, na qual apenas as membranas ovulares se calcificam, formando uma capa rígida ao redor do feto; (2) lithokelyphopedion, em que ambos, membranas e feto, encontram-se calcificados e (3) lithotecnon ou litopédio verdadeiro, no qual apenas o feto é infiltrado por sais de cálcio. As condições necessárias à formação de tal patologia são: (1) Gestação abdominal primária ou secundária; (2) O feto deve sobreviver mais de três meses, pois o óbito prévio a este período pode levar à reabsorção e ausência de nicho para calcificação; (3) A gestação anormal deve escapar à detecção médica; e (4) O feto deve permanecer estéril. Clinicamente não há sinais, sintomas ou exames laboratoriais específicos que favoreçam o diagnóstico. Em alguns casos pode haver massa abdominal ou pélvica palpável, porém, grande Figura 1 - Radiografia simples do abdome mostrando feto, placenta e membranas ovulares calcificadas, compatíveis com o diagnóstico de litopédio do tipo lithokelyphopedion. Figura 3 - (A) Tomografia computadorizada do abdome, com janela para osso, mostrando calcificação fetal superficial, e formação de estruturas ósseas, como o fêmur. (B) Medida do comprimento femoral para estimativa aproximada da idade gestacional. Figura 2 - Imagem ampliada do feto da figura 1. Note a diferenciação em segmentos cefálico e corporal, com nítida individualização da coluna vertebral. ) contenham cálcio, como teratomas, nos quais pode haver produção isolada de estruturas fetais (por exemplo, dentes) e estruturas ósseas formadas (osso ilíaco e vértebras), calcificação de cistoadenoma ou cistoadenocarcinoma do ovário, miomas calcificados e calcificação do apêndice epiplóico, entretanto, na prática, tais patologias raramente são confundidas com casos de litopédio. Embora muitos casos de litopédio mantenhamse assintomáticos por anos, eventualmente, podem se manifestar através de complicações como: abdome agudo, abscesso pélvico, volvos, eliminação de partes fetais por orifícios ou parede abdominal e fístulas. Por causa de tais complicações, o tratamento cirúrgico é recomendado tão logo o diagnóstico seja estabelecido, desde que a paciente tenha condições clínicas para tanto. Por causa do aumento da incidência de doença inflamatória pélvica e cirurgias das tubas uterinas, houve também aumento de gestações ectópicas, porém, os casos de litopédio tendem a se tornar cada vez mais raros devido à assistência médica e pré-natal mais acessíveis à população, com possibilidade de diagnóstico e tratamento precoces da patologia. Referências Bibliográficas * Figura 4 - Tomografia computadorizada de abdome com janela para osso. Note a formação do gradeado costal fetal. 1. Bondeson J. The earliest known case of a lithopaedion. J R Soc Med 1996; 89: 13-18. 2. Spirtos NM, Eisenkop SM, Mishell Dr Jr. Lithokelyphos. J Reprod Med 1987; 32: 43-6. 3. Korény-Both A, Pragay DA, et al. Lithopedion: Case report and ultrastructure study of the skeletal muscle. hum Pathol 1978; 9: 358. 4. Fagan CJ, Schreiber MH, Amparo EG. Lithopedion. Arch Surg 1980; 115: 764-66. 5. Hag AE, Ranesh K, Kollur SM, Salem M. Extrauterine placental site trophoblastic tumor in association with a litopedion. Histopathology 2002; 41: 446-9. 6. Jain T, Eckert LO. Abdominal pregnancy with lithopedion formation predenting as a pelvic abscess. Obstet Gyecol 2000; 96; 5: 808-10. 4 Caderno Dois São Paulo, julho de 2003 Cisto Broncogênico Dr. Winston H. A. Iwaushi História Clínica G. P. R., masculino, 54 anos, branco. Paciente tabagista desde os 18 anos, com história de fraqueza, cansaço, sudorese intensa e “desconforto torácico” em região precordial há um ano, com discreta perda ponderal no período (3 kg). Nega febre e dispnéia. Sem queixas gastro-intestinais. Exame físico sem anormalidades. Diagnóstico Cisto Broncogênico. Figuras 1 e 2 - Radiografia Simples PA e Perfil: Opacidade ovalada, radiodensa, póstero-inferior à carina. Discussão Cistos broncogênicos representam cerca de 50% a 60% de todos os cistos mediastinais. Trata-se de malformação broncopulmonar causada pelo desenvolvimento anormal da árvore traqueobrônquica, por volta da 4ª a 6ª semana de gestação, ocorrendo falha na indução do mesênquima primitivo em formar o parênquima pulmonar normal. A parede do cisto é formada por epitélio respiratório, devendo conter também tecidos cartilaginoso brônquico, glandular e muscular liso, para ser considerado cisto broncogênico verdadeiro. A lesão pode ser diagnosticada em qualquer idade, sendo geralmente em adultos abaixo dos 40 anos. Os pacientes são sintomáticos em mais da metade dos casos. Dor torácica é o sintoma mais comum. Lesões extensas podem levar à disfagia ou queixas respiratórias por compressão de estruturas adjacentes ou podem se tornar infectadas. A grande maioria, cerca de 70% a 85% do cistos broncogênicos, situa-se no mediastino, geralmente no mediastino médio, em íntima relação com a traquéia, brônquio principal ou no espaço subcarinal, podendo ocorrer no mediastino posterior. Aproximadamente 15% a 30% dos cistos são intrapulmonares, com predominância nos lobos inferiores. Pode haver associação com seqüestro pulmonar, distalmente ao cisto. Pode se localizar também no diafragma ou na pleura. Cistos broncogênicos múltiplos são raros. Pelo fato de quase dois terços dos pacientes poderem eventualmente se tornar sintomáticos (sintomas obstrutivos), a maioria das lesões são tratadas cirurgicamente. Aspectos de imagem Radiografia Simples: Massa de tecidos moles, bem definida, circunscrita, podendo haver nível hidroaéreo se houver comunicação com a árvore traqueobrônquica. Lesões extensas podem deslocar estruturas mediastinais ou levar à compressão brônquica, causando atelectasias ou hiperaeração distal. Tomografia Computadorizada: Massa homogênea com densidade de água (inferior a 20HU). Entre um terço e 43% das lesões podem apresentar valores de atenuação homogeneamente mais elevadas (alto conteúdo protéico, hemorrágico ou cálcico), podendo simular lesões sólidas. As paredes do cisto são finas, geralmente abaixo da resolução tomográfica, podendo haver calcificação em cerca de 6% dos casos. Realce das paredes do cisto pode ser visto após administração do meio de contraste, sem realce do conteúdo cístico. Lesões intrapulmonares têm aparência similar, mas geralmente associadas à áreas de hipoatenuação (enfisema) e bandas parenquimatosas (alterações fibróticas) adjacentes. Ressonância Magnética: Massa com hipersinal homogêneo nas imagens ponderadas em T2, Figuras 3 e 4 - Tomografia Computadorizada sem e com contraste: Lesão homogênea, contornos regulares, subcarinal, isodensa a partes moles, sem impregnação por contraste endovenoso. com características variando de acordo com o conteúdo protéico, desde hipo (baixo conteúdo protéico) até hipersinal (alto conteúdo protéico) nas imagens ponderadas em T1. Referências Bibliográficas 1. Chest 1997; Strollo DC, e cols. Primary mediastinal tumors. Part II: Tumors of the middle and posterior mediastinum. 112: 1344-1357 2. Radiology 2000; McAdams HP, e cols. Bronchogenic Cyst: Imaging features wuth clinical and histopathologic correlation. 217: 441-446 3. AJR 2002; Yoon YC, e cols. Intrapulmonary bronchogenic cyst: CT and pathologic findings in five adult patients. 179: 167-170
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