Certificação ambiental na construção - DECiv
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Certificação ambiental na construção - DECiv
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL A certificação ambiental na construção: boas práticas na gestão do canteiro de obra Angelo Rafael Antoniazzi Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da graduação em Engenharia Civil Orientadora: Serra São Carlos 2010 Sheyla Mara Baptista 2 DEDICATÓRIA Dedico esta monografia a todas as pessoas que conviveram comigo durante estes anos de graduação e que de alguma forma contribuíram para meu desenvolvimento como ser humano. AGRADECIMENTOS Meus sinceros agradecimentos a minha família, minha mãe Márcia, meu pai Olindo, minha avó Wilma e meu irmão Gabriel que, nos momentos mais difíceis e duvidosos da minha vida sempre estiveram ao meu lado fornecendo todo apoio e incomparável esforço para que este sonho se realizasse. Também merecedores de agradecimentos não menos significativos se faz minha orientadora Profª Drª Sheyla que sempre me auxiliou e contribuiu com seu vasto conhecimento acadêmico e minha namorada Fernanda que me fez acreditar nas atitudes sinceras e verdadeiras das pessoas e a lutar sempre pelos meus sonhos independentemente do quão difícil se mostrassem ser. Agradeço também aos professores doutores Léa Cristina e Itamar Lorenzon pela aceitação do meu humilde convite para formação desta banca avaliadora e grande contribuição ao meu estudo. 4 RESUMO RESUMO O setor da construção civil, considerado um dos que mais afetam o equilíbrio ambiental, seja através do alto consumo de recursos ou da grande quantidade de resíduos gerados, é tido como um grande alvo de ações sustentáveis e práticas construtivas que busquem a diminuição destes índices. Uma das formas adotadas para atingir este objetivo é a certificação ambiental de empreendimentos, com o fornecimento de Selos Ambientais que avaliem e comprovem a contribuição destes empreendimentos para a diminuição do impacto ambiental gerado pelos mesmos ao meio ambiente. Torna-se evidente após análise e comparação das principais certificações utilizadas atualmente que estas são pautadas em critérios de avaliação errôneos com a adoção de parâmetros e considerações indevidas para determinado país, sem contar que em muitos casos avaliações coerentes para determinado local são simplesmente utilizadas em outros locais com características totalmente diferentes. A grande e maior característica em comum a todas as certificações existentes é que todas elas consideram apenas a sustentabilidade ambiental, não levando sem consideração as sustentabilidades econômicas, sociais e culturais de onde são aplicadas. Atualmente a preocupação com o meio ambiente e as conseqüências das ações humanas sobre ele é tão grande que o tema está sendo utilizado como fonte de atrativo comercial por empresas, muitas vezes de forma indevida e com uma ideologia falsa sobre o assunto, com o intuito de atrair clientes em potencial e com isso aumentarem seus lucros. São nestes pontos que este trabalho se pauta e traz como resultado uma forma de avaliação simplificada aplicada ao Brasil, voltada apenas ao canteiro de obra e totalmente baseada em parâmetros de referência (benchmark) considerando-se as características mais amplas e abrangentes das regiões brasileiras e adotados após estudo de caso realizado ao empreendimento iTower, localizado na cidade de Barueri, próximo à Grande São Paulo e executado pela Odebrecht. Palavras-chave: certificações ambientais, sustentabilidade, canteiro de obra. ABSTRACT ABSTRACT The construction industry, considered one that most affects the environmental balance, either through the high consumption of resources or the large amount of waste produced, is considered the major target of sustained and construction practices that seek to decrease these rates. One of the ways adopted to achieve this goal is the environmental certification of enterprises, with the supply of “environmental stamps” in order to evaluate and prove the contribution of these projects in decreasing the environmental impact produced by them to the environment. Becomes evident after examination and comparison of main certificates that are currently used are based on erroneous assessment criteria with the adoption of parameters and improper considerations for a place, not to mention that in many cases consistent ratings for a place are simply used in others with totally different characteristics. The large and more common feature to all existing certificates is that they all consider only environmental sustainability, not taking the account of economic, social and cultural aspects where they are applied. Nowadays, the concern with the environment and the consequences of human actions on it is so great that the theme is being used as a source of attraction for commercial companies, often inappropriately and with a false ideology on the subject, in order to attract potential customers and thus increase their profits. These are points that this work is guided and as a result brings a simplified form of assessment applied to Brazil, directed only to the building site and fully based on benchmarks, considering the characteristics of the broader and more extensive regions of Brazil and adopted after the case study conducted in iTower, located in Barueri, near Sao Paulo and built by Odebrecht. Key-words: environmental certifications, sustainability, construction site. 6 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Ação de marketing com utilização do fator sustentabilidade .................................... 8 Figura 2 - Gráfico de participação dos agentes da cadeia produtiva da construção civil em seu PIB ...................................................................................................................................... 9 Figura 3 - Gráfico dos tipos de lesões apresentadas por trabalhadores da construção civil nos anos de 1998 e 1999. ........................................................................................................ 11 Figura 4 - Modelo da "Matriz A x I" ........................................................................................ 19 Figura 5 - Planta do empreendimento iTower .......................................................................... 22 Figura 6 - Corte esquemático do empreendimento iTower ...................................................... 22 Figura 7 - Localização do empreendimento iTower ................................................................. 23 Figura 8 - Entrada principal do canteiro de obras .................................................................... 24 Figura 9 - Alteração da fachada do iTower para adequação ao LEED Golden........................ 26 Figura 10 - Acompanhamento da pontuação do LEED ............................................................ 27 Figura 11 - Água de reuso, utilizada no canteiro de obras ....................................................... 29 Figura 12 - Utilização de “robôs” elétricos .............................................................................. 29 Figura 13 - Utilização de recursos de forma benéfica .............................................................. 30 Figura 14 - Utilização de técnicas e ferramentas adequadas para cada atividade .................... 31 Figura 15 - Central de baias de armazenamento de resíduos ................................................... 31 Figura 16 - Bambonas para coleta de material reciclável ......................................................... 32 Figura 17 - Visita à central de reciclagem de envio dos resíduos do canteiro de obras ........... 32 Figura 18 - Funcionários utilizando EPI’s adequados para cada função .................................. 33 Figura 19 - Utilização de concreto usinado .............................................................................. 33 Figura 20 - Bombeamento de água do canteiro de obras ......................................................... 34 Figura 21 - Caixas de decantação ............................................................................................. 35 Figura 22 - Lançamento da água bombeada do canteiro de obras na via pública .................... 35 Figura 23 - Lava-rodas ............................................................................................................. 36 Figura 24 - Lava-bicas .............................................................................................................. 36 Figura 25 - Resíduos sendo incorporados à construção ........................................................... 37 Figura 26 - Caixa de mitigação................................................................................................. 37 Figura 27 - Não utilização de capacete em áreas internas ao canteiro de obras ....................... 38 Figura 28 - Sedimento responsável por entupimento de galeria pluvial .................................. 39 Figura 29 - Árvores não protegidas com tela laranja para evitar danos por impacto de máquinas e veículos .......................................................................................................... 39 Figura 30 - Dutos metálicos armazenados de forma incorreta ................................................. 40 Figura 31 - Mistura de produtos contaminantes ....................................................................... 40 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Principais certificações de empreendimentos..........................................................13 8 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Avaliação realizada para a região sudeste................................................................43 Quadro 2: Avaliação realizada para a região sul.......................................................................44 Quadro 3: Avaliação realizada para a região nordeste..............................................................45 Quadro 4: Avaliação realizada para a região norte...................................................................46 Quadro 5: Avaliação realizada para a região centro-oeste........................................................47 Quadro 6: Quadro comparativo entre algumas características regionais brasileiras.................68 SUMÁRIO 1. 2. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1 1.1 Objetivos .................................................................................................................... 3 1.2 Metodologia ............................................................................................................... 4 1.3 Estrutura da monografia ......................................................................................... 5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 6 3. METODOLOGIA DE ANÁLISE, ADOÇÃO DOS PARÂMETROS, “PESOS” E APLICAÇÃO DOS CHECKLISTS ......................................................................................... 17 4. ESTUDO DE CASO E RESULTADOS ......................................................................... 21 4.1 Caracterização da obra analisada ......................................................................... 21 4.2 A busca pela certificação leed ................................................................................ 24 4.3 O processo de construção, algumas medidas sustentáveis adotadas no canteiro de obras do empreendimento iTower e algumas alterações e ajustes exigidos pela certificação LEED............................................................................................................... 28 4.4 Resultados ............................................................................................................... 41 5. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 49 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 53 7. ANEXO ............................................................................................................................ 56 7.1 Matriz de correlações Aspectos x Impactos Ambientais proposta por Araújo (2009) 56 7.2 Matriz modificada de correlações Aspectos x Impactos Ambientais................. 59 7.3 Matriz modificada de correlações Aspectos x Impactos SOCIAIS .................... 61 7.4 Matriz modificada de correlações Aspectos x Impactos ECONÔMICOS ........ 63 7.5 Exemplo de relatório de visita do profissional fiscalizador da certificação LEED 65 7.6 Matriz de correlações utilizada para avaliação do canteiro de obras do empreendimento iTower e validação teórica deste trabalho .......................................... 67 8. APÊNDICE ...................................................................................................................... 68 1. INTRODUÇÃO Frente aos problemas ambientais, assunto altamente debatido atualmente e à grande contribuição da cadeia produtiva da construção civil que engloba a indústria de materiais, serviços, comércio de materiais, outros fornecedores, máquinas e equipamentos, torna-se motivo para que este assunto alcançasse as proporções que possui hoje e faz com que o presente estudo se mostre como uma forma importante de contextualizar e aprofundar os conhecimentos sobre o estado da arte, ações e principais dificuldades para tornar o setor da construção menos “nocivo” ao meio ambiente. Justamente por se tratar de um tema atual é de grande valia para os profissionais do setor da construção que o mesmo seja cada vez mais estudado e suas informações sejam cada vez mais aprofundadas, verídicas e atuais, fortalecendo assim não somente a conscientização dos profissionais envolvidos no setor, mas evidenciando também a importância de toda sociedade na cadeia da construção civil. No âmbito social, o setor é um dos que mais empregam atualmente no Brasil, respondendo assim pela grande parte da mão-de-obra disponível e, conseqüente aumento da população brasileira. Sua colaboração social é discutível no ponto de que grande parte dessa mão-de-obra se faz ainda de forma informal e o nível de escolaridade e especialização dos mesmos são baixos. No âmbito ambiental, inúmeros estudos comprovam que a indústria da construção civil é a que mais degrada o meio ambiente, desde o consumo de energia necessário e consumido para extração e industrialização de materiais, passando pelo alto desperdício de materiais e altíssima geração de entulho, até chegar à questão do uso e manutenção dos empreendimentos. Quesitos como localização da edificação no lote, máximo aproveitamento da ventilação e iluminação natural, utilização e tratamento dos resíduos oriundos da fase executiva, da fase de utilização e da fase de manutenção, armazenamento e reaproveitamento de águas pluviais e/ou cinzas, etc., devem ser analisados para diminuição do impacto da edificação frente seu entorno e o meio ambiente. O assunto energético passou a ser discutido com mais ênfase após a grande crise energética da década de 70, sendo o real ponto de partida da preocupação humana referente a uma futura falta de energia, e por conseqüência, uma necessidade de novas fontes de energia e preservação das existentes e utilizadas na época. Estudos anteriores haviam sido realizados, inclusive direcionados à indústria da construção civil, mas foi após a 2 constatação de alterações consideráveis nas condições climáticas da Terra, no início dos anos 90, que o assunto passou a ser tratado de forma ativa e considerável. Mais especificamente no setor da construção civil, várias ações com os objetivos de diminuir os impactos do setor no meio ambiente foram adotadas, com foco em toda a cadeia de produção, desde a diminuição do consumo de energia para produção dos insumos até o descarte dos mesmos, passando pela etapa de produção e pós-ocupação dos produtos obtidos. Dentre estas ações citam-se as certificações ambientais para avaliação da sustentabilidade de empreendimentos, com ação inicial no Reino Unido e, disseminadas, principalmente pelos países desenvolvidos, visando garantir o padrão de vida alcançado e exigido pela população de tais países, sem comprometer o meio ambiente. Porém com a simples aplicação de métodos de certificação para diferentes países com climas e culturas totalmente diferentes, ou mesmo para avaliação de empreendimentos em diferentes regiões de um mesmo país, surgiram problemas como quais parâmetros de comparação adotar para que se tenha uma comparação confiável sobre qual o grau de sustentabilidade de algum empreendimento em relação a outro, como estabelecer estes parâmetros, se é que é possível ser estabelecido. É com base nestas questões a serem respondidas que este trabalho se faz necessário, é o início de um processo demorado e altamente complexo, sendo necessárias várias coletas de dados em diversas regiões com clima, economia e questões sociais, para possível estabelecimento de comparações seguras e confiáveis. Ao decorrer da revisão bibliográfica é explicado todo processo teórico e utilizado para criação desta nova avaliação. Apenas como tentativa de aplicação desta nova avaliação e visando a busca pela identificação de um caminho correto ou errôneo, partindo deste estudo, aqui se faz a análise de apenas um canteiro de obras situado na região de Barueri, próximo à Grande São Paulo, que tem por objetivo apenas avaliar a metodologia e teoria adotada para uma nova forma de avaliação de sustentabilidade em canteiros de obras e identificar parâmetros essenciais e/ou principais e parâmetros secundários, sempre se tratando para as diferentes regiões do Brasil. É necessário que os parâmetros adotados sejam pautados em parâmetros de referência determinados para uma região que considere suas características climáticas, sociais e culturais. Isso se mostra de grande importância para todos os países, dentre eles o Brasil, devido suas dimensões continentais e seu curto histórico na atuação deste tipo de ação, iniciada apenas no ano 2000. Para determinação destes parâmetros serão avaliadas as certificações ambientais mais utilizadas atualmente, principalmente certificação LEED. Essa determinação será 3 pautada em documentos, normas técnicas, artigos e teses, além de entrevista realizada com intervenientes participantes na execução de canteiros de obras com preocupações e ações sustentáveis, comparação entre os métodos de avaliação existentes e estudo das características climáticas, sociais e culturais de algumas regiões do Brasil. Logo, os parâmetros aqui obtidos terão um cunho geral e amplo para regiões do Brasil, sendo necessário um aprofundamento maior na análise dos fatores considerados quanto maior for à exigência e necessidade de especificação da avaliação. Certificações ambientais emitidas de forma errônea fornecem dados incoerentes sobre suas reais contribuições para diminuição do impacto ambiental do setor, isso por que empreendimentos certificados com alto padrão de sustentabilidade nem sempre o são, além do que certificações concedidas de forma ineficaz podem contribuir e atuar como forma ilícita para aumento na facilidade de comercialização de empreendimentos do tipo, ou seja, podem ser uma fonte de ação enganosa para garantir aumento nos lucros de empresas ligadas ao ramo além de uma falsa contribuição ao meio ambiente, se tornando assim um contratempo na busca de edificações mais sustentáveis do que propriamente uma ação benéfica. 1.1 OBJETIVOS O presente trabalho tem por objetivos: Evidenciar os diferentes e mais utilizados tipos de certificação ambiental de empreendimentos, estabelecendo uma comparação de forma global entre os mesmos; Elaboração de um checklist considerando características sociais, ambientais e econômicas de cada região brasileira, para aplicação e avaliação do canteiro de obras do estudo de caso analisado, com base nas informações coletadas durante a realização deste trabalho; Comparação e análise crítica dos resultados obtidos quando da aplicação do checklist para um mesmo canteiro de obras, considerando os “pesos” estipulados para cada item analisado conforme sua importância para cada região brasileira. 4 1.2 METODOLOGIA Com o intuito de se atingir os objetivos propostos, as atividades serão compostas de uma revisão bibliográfica que servirá de base teórica para este trabalho, sendo formado de análise conceitual e definições, revisão do histórico sobre a certificação de empreendimentos no Brasil e no mundo, estado da arte brasileira no que tange a estudos sobre a certificação ambiental nacional, análise crítica sobre a utilização do diferencial sustentabilidade por empresas da construção como meio facilitador para o aumento de lucro e venda de empreendimentos, definição de parâmetros de referência característicos a cada região brasileira para elaboração do checklist de avaliação de canteiro de obras. Toda revisão bibliográfica será pautada em documentos de valor técnico e científico com informações reconhecidamente verídicas e plausíveis, mencionando-se, por exemplo, as normas brasileiras ABNT NBR e artigos técnicos apresentados em revistas e congressos de grande reconhecimento e divulgados por grandes estudiosos do assunto. Para transição entre a fundamentação teórica e a prática será feita uma comparação de forma ampla e global entre os principais métodos de avaliação ambiental utilizados, analisando-se os principais pontos positivos e negativos, sempre tendo como ênfase o âmbito nacional. Depois de realizada a transição mencionada, o trabalho enfatiza sua parte prática que consiste na realização de um estado de caso com visitas presenciais a um canteiro de obra que utiliza conceitos sustentáveis durante sua fase de execução. Serão também obtidas informações deste empreendimento como fotos, relatórios, checklists e outros, através de informações adquiridas durante as visitas realizadas e diálogos com intervenientes atuantes e participantes ativamente da construção e elaboração da obra mencionada. Para se atingir o último fruto deste trabalho, a criação de um checklist geral considerando as características ambientais, sociais e econômicas de cada região brasileira para avaliação de boas práticas sustentáveis nos canteiros de obras, o estudo direciona-se, em um primeiro estágio, à busca pela diferenciação regional brasileira e, em um segundo estágio à aplicação deste checklist à obra iTower da Odebrecht (construtora), baseado apenas nos fatores diferenciáveis entre essas regiões porém de uma forma mais ampla e global, ou seja, sem um grande aprofundamento devido à quantidade de informações necessárias para tal. Mesmo com estas considerações, o presente trabalho se mantém confiável mesmo que sejam analisadas apenas as características diferentes das 05 regiões brasileiras justamente pelo fato de que as características em comum serão dotadas de uma mesma pontuação e todas as regiões as levariam em consideração. 5 Para aprofundamento e um refinamento maior desse checklist, sendo possível assim uma análise mais real e com diminuição na margem de erro seria necessário um maior dispêndio de tempo e de informações sobre o assunto, assim como uma grande quantidade de ensaios práticos e coleta de dados reais para análise e confirmação dos resultados obtidos após análise crítica teórica, não compatíveis com o disponível para elaboração deste trabalho. Porém fica aqui expressa a vontade do autor em dar continuidade ao estudo do tema, aprofundamento e obtenção de maiores e melhores resultados. 1.3 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA Este trabalho é dividido em capítulos e itens para facilitar a compreensão por parte do leitor. A introdução fornece as informações gerais sobre o tema em estudo e expõe a importância do tema. A revisão bibliográfica conceitua e promove todo o embasamento teórico para a elaboração do trabalho. O capítulo denominado metodologia de análise, adoção dos parâmetros, “pesos” e aplicação dos checklists apresenta toda a metodologia de análise e definição dos parâmetros pertencentes ao checklist neste trabalho aplicado, bem como sua aplicação propriamente dita. O capítulo referente ao estudo de caso apresenta as características observadas nas visitas práticas ao canteiro de obras durante este trabalho e os resultados obtidos na aplicação do checklist ao canteiro mencionado. Por fim são apresentadas as conclusões obtidas neste trabalho, referências bibliográficas e os anexos utilizados para comprovação dos fatos neste trabalho expostos. 6 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Para que o assunto sustentabilidade possa começar a ser discutido, é importante que se façam algumas definições que permitam basear os conceitos e estipular diretrizes para que uma linha de raciocínio e discussão possa ser traçada sem que ocorram equívocos ou misturas de conceitos. Araújo (2009) define meio ambiente como sendo a “circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações”. É então de se esperar que o meio ambiente no qual um canteiro de obras está envolvido englobe os meios físico (água, solo e ar), biótico (flora e fauna) e antrópico (trabalhadores, vizinhança e sociedade). Já a sustentabilidade pode ser definida simplesmente como algo que se pode sustentar. Isso pode ser analisado de forma que toda sociedade ou processo de desenvolvimento consiga satisfazer suas necessidades sem comprometer as gerações futuras. Criar um mundo sustentável, dessa forma, é criar um mundo menos agressivo (MATEUS, 2005 apud MARINELLI, 2009). Silva (2007 apud MARINELLI, 2009) define o termo sustentabilidade como “o desenvolvimento que garante as necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade de desenvolvimento das gerações futuras”. Seguindo a mesma linha de raciocínio, Araújo (s.d.) restringe o termo sustentabilidade voltado para a construção civil e define que a moderna construção sustentável ideal deve visar sua auto-suficiência e até sua auto-sustentabilidade. “Autosustentabilidade é a capacidade de manter-se a si mesmo, atendendo a suas próprias necessidades, gerando e reciclando seus próprios recursos a partir do seu sítio de implantação”. Define também, construção sustentável como “um sistema construtivo que promove alterações conscientes no entorno, de forma a atender as necessidades da edificação, habitação e uso do homem moderno, preservando o meio ambiente e os recursos naturais, garantindo qualidade de vida para as gerações atuais e futuras”. Ainda segundo Araújo (s.d.), “a construção sustentável não é um modelo para resolver problemas pontuais, mas uma maneira inovadora de pensar sobre a edificação em si e seu entorno, intervindo no ambiente, porém, preservando-o”. Assim, entende-se que a construção sustentável deve tratar o ambiente de forma sustentável em relação ao todo. 7 Shimbo (1998 apud MARINELLI, 2009) diz que “um ambiente sustentável depende da interação de diferentes sistemas, os quais devem compreender a composição de diferenciais arquitetônicos, sociais, econômicos e ecológicos”, especificados abaixo: FATOR ARQUITETÔNICO: de importância não só estética, mas principalmente a organização e disposição de cômodos e esquadrias. A chamada arquitetura orgânica, por exemplo, procura eliminar elementos desnecessários, ressaltando a natureza dos materiais e adota critérios coerentes com a política de gerenciamento ambiental tanto na escolha desses materiais como nas técnicas de aproveitamento de condicionantes naturais (sol e vento) na busca da racionalização e eficiência energética. FATOR SOCIAL: deve atender toda a sociedade, desde a população de baixa até a alta renda. Outro ponto importante a ser analisado é o caráter financeiro das pessoas que habitam o local, já que existem diversos tipos de habitações sustentáveis, seja de baixo, médio ou alto padrão, esses empreendimentos podem utilizar tecnologias de alto nível ou aproveitar recursos e conhecimentos antigos e mais simples, barateando seus custos. (MARINELLI, 2009). FATOR ECONÔMICO: analisada do ponto de vista em atrair os consumidores, ou seja, utilizam o fator sustentabilidade para atrair compradores em potencial para o produto. Com isso, muitas construtoras de empreendimentos imobiliários trazem novidades de sustentabilidade em seus edifícios, usando o termo construção sustentável como manobra de marketing para aumentar seus lucros e vendas. FATOR ECOLÓGICO: analisado durante todo o ciclo de vida da edificação, desde o processo de obtenção dos materiais até seu descarte final. A Figura 1, retirada do site de uma empresa ligada ao ramo da construção civil ilustra a exposição feita sobre o relatado no fator econômico, onde empresas utilizam-se dos conceitos de sustentabilidade para atrair clientes em potencial ou promoverem a realização de um marketing enganoso. A figura se encontra desfocada, com nitidez apenas no item de interesse a fim de manter o sigilo da empresa, e nota-se que é feita alusão à preocupação sustentável, porém de uma forma ampla, sem exposição de fatos, ações, realizações ou medidas adotadas. 8 Figura 1 - Ação de marketing com utilização do fator sustentabilidade O grande desafio da construção civil é a interação e aplicação simultânea desses fatores. A busca de um ambiente sustentável em um setor que até recentemente era tido como artesanal quase que em sua totalidade, o setor com maior consumo de recursos naturais, grande consumidor de energia para obtenção de recursos materiais e maior gerador de resíduos se faz de uma mudança radical de conceitos, relevâncias, foco e objetivos do setor, englobando os fatores ambiental, social e econômico atuais. Para uma compreensão maior, melhor e mais detalhadas da interação destes fatores estão sendo realizados diversos estudos, diversas pesquisas práticas, coleta de dados, construção de protótipos, etc. em diversos segmentos da cadeia produtiva da indústria da construção civil, desde a obtenção de matéria-prima até o descarte dos RCD (resíduos de construção e demolição). Akutsu, Brito & Vittorino (2008) exemplificam resultados de pesquisas que mostram que, “em algumas cidades do Estado de São Paulo, mais da metade do volume diário de resíduos coletados são oriundos da construção civil. Nos países do hemisfério norte, a maior parte do consumo de energia é decorrente da climatização das edificações”. A partir da análise somente deste estudo citado é evidenciada as diferentes necessidades de consumo e as diferentes ações e interferências que países com grandes diferenças culturais provocam ao meio ambiente. Esse fato é ainda mais evidenciado e 9 estudado quando da discussão da escolha e priorização de parâmetros de referência para a avaliação ambiental de empreendimentos. Nota-se, através de dados fornecidos por ABRAMAT que, no ano de 2008, a indústria da construção propriamente dita respondeu por cerca de 60,70% do PIB arrecadado pelo setor da construção civil brasileira, ou seja, responde pelo principal ponto onde deve ser direcionada a maior quantidade de ações de práticas sustentáveis dentro da cadeia produtiva do setor da construção civil, já que atuando na maior parcela geradora do problema e, desde que medidas e ações sejam aplicadas de forma correta, será visualizado um resultado mais rápido e significativo, como ilustra a Figura 2. Figura 2 - Gráfico de participação dos agentes da cadeia produtiva da construção civil em seu PIB A indústria da construção propriamente dita pode ser entendida, como sendo o canteiro de obras, definido, pela NR18, como uma “área de trabalho fixa e temporária, onde se desenvolvem operações de apoio e execução de uma obra”, promovendo a utilização transformação das matérias-primas em produtos, através da utilização de força humana ou mecanizada. Araújo (2009 apud Maia e Souza, 2003) define canteiro de obras como o “local no qual se dispõem todos os recursos de produção (mão-de-obra, materiais e equipamentos), organizados e distribuídos de forma a apoiar e a realizar os trabalhos de construção, observando os requisitos de gestão, racionalização, produtividade e segurança/conforto dos operários”. Não fica claro e totalmente evidenciado ao leigo leitor que existam diferentes canteiros de obras, diferindo em seus layouts, utilização de maquinário pesado ou não, dimensões, necessidade de rapidez na execução da obra, instalações industrializadas e 10 racionalizadas, quantidade de mão-de-obra, quantidade de materiais, etc., assim como que para diferentes etapas da obra existam diferentes canteiros para esta mesma obra. Visto isso, que uma obra possui diferentes etapas, pode também possuir diferentes canteiros, principalmente no que se refere à disposição de materiais e serviços, equipamentos, layout, configuração logística, etc. e é de se esperar que parara diferentes canteiros existam associados a eles diferentes dificuldades e facilidades para implantação de medidas e ações de gestão sustentáveis. Assim, para análise do grau de sustentabilidade e boas ações sustentáveis nos canteiros de obras e determinação dos parâmetros analisados, bem como a importância e relevância de cada um na avaliação para as diferentes regiões brasileiras, faz-se necessário o conhecimento dos elementos constituintes e encontrados na maioria dos canteiros de obra, é necessária a realização de uma divisão de etapas e estágios de uma obra, assim como a associação de cada elemento identificado a uma determinada etapa da obra, visando facilitar a análise por este trabalho proposta. Assim, será adotada aqui a mesma classificação adotada em estudo realizado e apresentado por Araújo (2009), classificação esta ilustrada no anexo 7.1. Pode-se notar a identificação de diversos elementos que constituem um canteiro de obras, associados a cada elo da mesma, desde a produção até os equipamentos necessários para que a produção seja possível de realização, incluindo-se também instalações externas à obra, como por exemplo, alojamentos de funcionários e outros lotes e/ou terrenos alugados e/ou comprados para outros fins, como estoque de materiais, manutenção de equipamentos e ferramentas, instalação de centrais de corte e dobra de aço, instalação de centrais de concreto e argamassa, etc. Nota-se também uma amplificação na determinação das atividades, passando a ser analisadas como subsistemas de uma obra e, portanto, passando a ser analisadas em um âmbito mais amplo e global, porém de igual importância à análise por elemento, principalmente quando se pretende avaliar empreendimentos de uma mesma região, com características climáticas, sociais e econômicas parecidas e da utilização de um mesmo método e sistema construtivo, que possam ser analisados e avaliados segundo a utilização de iguais critérios e priorizações. Outro ponto que deve ser analisado e mencionado aqui é o fato de que associando sustentabilidade à rotina, têm-se uma maior segurança no canteiro de obras, por exemplo, quando se possui uma programação e projetos de reutilização de madeiras, ou então uma parceria com algum ramo da economia que reutiliza restos de madeiras de obras para outros fins, pode-se diminuir a quantidade de pregos fixados à madeira que permanecem 11 espalhados pelo canteiro reduzindo assim o risco de acidentes por perfuração, reduz-se também a quantidade de material espalhado que pode ser motivo de torções, quedas, escoriações e até mesmo criador de vetores transmissores de doenças. Essas ações confrontam a “recusa” de parte da mão-de-obra em utilizar equipamentos de proteção individual, já que é uma ação que não depende exclusivamente da vontade do trabalhador. Pela análise da Figura 3 fica clara a necessidade de incluir ações mais sustentáveis não só voltadas ao canteiro em si, mas também voltadas aos trabalhadores. 30 25 20 15 10 5 0 lombociatalgia bursite hemoentorse conjuntivite… escoriações luxação torsão esmagamento ferimento… lombalgia não… tendinite traumatismo ferimento… fratura ferimento… entorse contusão Principais lesões apresentadas por trabalhadores da construção civil Figura 3 - Gráfico dos tipos de lesões apresentadas por trabalhadores da construção civil nos anos de 1998 e 1999. Assim, visto sua grande parcela de responsabilidade ambiental, social, econômico e cultural sob análise dos fatores citados acima, a construção civil está buscando a criação e implantação de maneiras para diminuir os impactos gerados pelo setor, criando novas soluções tecnológicas, que apesar de geradas em grande número, dificilmente permanecem com grande atuação no mercado, seja pela falta de disseminação da técnica ou equipamento/ferramenta, seja pelo alto custo envolvido em sua implantação ou simplesmente por falta de interesse de grande parte dos intervenientes envolvidos. Nesse contexto cita-se a preocupação atual de toda a cadeia do setor da construção, desde a produção do material até seu descarte, passando pela correta utilização, não só do material, mas também do edifício. Estudos e tecnologias inovadoras que buscam a sustentabilidade como, por exemplo, a parede trombe, estudos de ventilação e iluminação 12 natural partindo da correta disposição do edifício e localização geográfica, dispositivos que buscam economia e reuso de água, reciclagem e uso de materiais alternativos, sejam eles naturais ou não, materiais reciclados, etc. Nota-se após exposto que diversas ações podem ser aplicadas a um empreendimento para torná-lo sustentável, desde ações simples, como uso da criatividade pela utilização de materiais urbanos, como garrafas PET, até ações complexas como uma série de estudos e ensaios onerosos para desenvolvimento de novos sistemas construtivos, métodos de gestão ou novos materiais. Ao mesmo tempo em que essa grande variedade de soluções torna possível a resolução de vários problemas da falta de sustentabilidade, gera também um problema real na correta certificação e no comparativo entre níveis de sustentabilidade de edifícios e níveis de “economia” de recursos, por exemplo, energia elétrica, justamente por não haver um padrão de referências pautado em locais setorizados com características em comum. Segundo Silva, V; Silva, M e Agopyan (2003) a preocupação ambiental começou a tomar proporções globais quando da vivência da crise da década de 70. No início da década de 90, essa preocupação se intensifica frente à constatação de mudanças climáticas e o alto nível de recursos naturais exigidos pela população de países desenvolvidos para manter seu nível de vida e, a construção civil, sendo um dos setores que mais agride o ambiente, passa a desenvolver métodos para avaliar o quanto empreendimentos “deixam” de agredir o meio ambiente com a adoção de métodos de certificação ambiental. Ainda segundo os mesmos autores, o pioneirismo da criação de um método de avaliação e certificação ambiental é de honra do Reino Unido. A certificação elaborada foi denominada BREEAM e avalia a presença de dispositivos de economia (featured-based). Posteriormente foi criada a certificação LEED, nos Estados Unidos, em 1992, de estrutura mais simples e avaliação do edifício como um todo. Uma após outra as certificações foram sendo criadas, sofrendo algumas alterações, melhorias ou simplesmente sendo “copiadas” e aplicadas em diferentes países. A Tabela 1 ilustra as principais avaliações ambientais existentes atualmente, com seus enfoques, critérios e formas de avaliação: 13 Tabela 1 - Principais certificações de empreendimentos PRINCIPAIS CERTIFICAÇÕES DE EMPREENDIMENTOS Saúde, poluição, Atendimento de conforto, uso de Classificação em itens obrigatórios e energia, uso de água, vários níveis, BREEAM Ambiental classificatórios. uso de materiais, uso pontuação total Classificação do do solo, ecologia local obtida edifício. e transporte Sítios sustentáveis, Atendimento de energia e atmosfera, itens obrigatórios e uso eficiente da água, Quatro níveis, LEED Ambiental classificatórios. materiais e recursos, pontuação total Classificação do qualidade do ambiente obtida edifício. interno, inovação e processo de projeto. Não há classificação. A Atendimento de Impactos no meio certificação é obtida perfil ambiental. ambiente, gestão de a partir do HQE Ambiental Certificação ou não recursos, conforto e atendimento ao do edifício. saúde do usuário. perfil de desempenho ambiental escolhido Uso de recursos, cargas ambientais, Verificação do Pontuação global do Ambiental e qualidade do ambiente GBTOOL atendimento dos desempenho por econômica interno e dos serviços, itens. categoria aspectos econômicos, gestão de transporte. Ambiente interno, Verificação do Cinco níveis de qualidade dos atendimento dos classificação, CASBEE Ambiental serviços, ambiente itens. Classificação indicador global de externo (dentro do do edifício. eficiência. terreno) Impactos no meio Atendimento de ambiente, materiais e Cinco níveis de Ambiental e itens obrigatórios e resíduos, energia e classificação, IPT desempenho classificatórios. atmosfera, uso pontuação total técnico Classificação do racional de água, obtida. edifício. conforto e salubridade. A certificação GBTool foi a primeira experiência fundamentada em uma metodologia científica com o intuito de avaliar os empreendimentos em relação a padrões de referência. Foi formada por um consórcio de países, dentre eles o Brasil, dando origem a um software 14 de avaliação que buscava considerar diferenças regionais, porém de alta complexidade, o que não ajudou em sua disseminação. Os principais métodos de avaliação se baseiam em algumas diretrizes, de senso comum entre os mesmos: planejamento sustentável da obra, aproveitamento passivo dos recursos naturais, eficiência energética, gestão e economia da água, gestão dos resíduos na edificação, qualidade do ar e do ambiente interior, conforto termo-acústico, uso racional de materiais, uso de produtos e tecnologias ambientalmente amigáveis, porém divergem sobre a forma de avaliação, critérios de pontuação e considerações realizadas, fatores que não favorecem um setor onde os empreendimentos diferem muito entre si sejam por questões locais, da região em que se inserem, da forma em que são realizados, etc. As construções sustentáveis diferem segundo o grau de industrialização dos produtos que as conformam e a forma de utilização dos mesmos: Construção com materiais sustentáveis industriais: ecoprodutos industriais; Construção com resíduos não-reprocessados (Earthship): resíduos de origem urbana como garrafas PET, latas, etc.; Construção com materiais de reuso: demolição ou segunda mão; Construção alternativa: materiais convencionais disponíveis no mercado, com funções diferentes das originais; Construção natural: é o sistema construtivo mais ecológico, portanto, mais próximos da própria natureza, uma vez que integra a edificação com o ambiente natural e o modifica ao mínimo. Respeita o entorno e usa materiais disponíveis no local da obra ou adjacências. Visto isto, para se realizar uma correta avaliação de um empreendimento, no que se referem ao tema principal deste trabalho, boas práticas na gestão do canteiro de obras, faze-se necessária a criação de checklists baseados em parâmetros de referência que considerem as características que diferem os países entre si ou mesmo regiões de um mesmo território. Outro fator é a criação de critérios de avaliação e enfoque já que as diversas certificações ambientais mais utilizadas em todo planeta não o fazem. Para análise e comparação entre essas diferenças será utilizado aqui como base o trabalho de Araújo (2009 apud Cardoso, 2006) cujas informações são mostradas abaixo e na Tabela 1. 15 BREEAM: A avaliação é feita por pontos, assim, cada quesito ou exigência atendida equivale a pontos. Para avaliação do canteiro de obras esta certificação permite 70 pontos de um total de 695, o que corresponde a 11,7%. CASBEE Praticamente não faz exigências referentes ao canteiro de obras, exceto o incentivo ao uso de materiais reciclados e o reuso de componentes estruturais, além do emprego de madeiras provenientes de florestas sustentáveis. HQE - Haute Qualité Environnementale A avaliação é feita por níveis: Base (B) - critérios baseados em indicadores normalizados ou regulamentares ou correspondentes às práticas usuais; Intermediário (I) critérios superiores aos das práticas usuais; Superior (S) - critérios definidos a partir das melhores práticas constatadas em empreendimentos similares já realizados na França. Avaliam a otimização da gestão dos resíduos do canteiro e redução dos incômodos, poluições e consumos gerados pelo canteiro. Green Building GBTool: O GBTool avalia três pontos sobre os canteiros de obras: resíduos sólidos (diminuição da quantidade, segregação, reuso e reciclagem, a saber: 3%; prática aceitável, 15%; boa prática, 51%; prática excelente, 75%.); impactos no terreno e aspectos sociais da obra. LEED - Leadership in Energy & Environmental Design A metodologia LEEDTM é avaliada por meio da soma de pontos, com um máximo atingível de 69. Existem 04 níveis de certificação LEED: a certified que é concedida a um empreendimento quando o mesmo atinge o valor mínimo para certificação que é de 23 a 27 pontos; a certificação silver que varia de 28 a 33 pontos, a certificação golden de 33 a 44 pontos e a certificação platinum de 45 a 61 pontos. Para o canteiro de obras, exige o controle de erosão e assoreamento, além da gestão dos resíduos do canteiro. A primeira é obrigatória e não acrescenta pontos, enquanto a segunda pode render até dois pontos, ou seja, 3% do total possível. 16 AQUA: Tem sua origem no HQE e, por isso, mantém sua forma de avaliação, porém considerando as demandas e particularidades do Brasil. Segundo Silva, V; Silva, M e Agopyan (2003), no contexto brasileiro, ainda há uma grande carência em normas e legislações sobre o assunto. Embora existam várias iniciativas, estamos praticamente no início de busca por um melhor desempenho ambiental de nossos edifícios. Atualmente há grande heterogeneidade no foco das empresas da construção civil. Algumas estão se limitando à incorporação de conceitos por meio de soluções de projetos que possuem grande visibilidade, porém sem representar grandes melhorias ambientais, enquanto outras estão buscando certificação de acordo com critérios do exterior, que nem sempre são adequados às condições nacionais. (AKUTSU, BRITO & VITTORINO, 2008). Segundo Kiss (2010), “no Brasil, a despeito dos custos envolvidos, a busca pela certificação é crescente”. Isso ocorre devido à maior facilidade de alugar ou vender edifícios comerciais, principalmente para empresas com objetivos ambientais. Faz-se necessário aqui uma ressalva, a de que um edifício certificado não é necessariamente um edifício sustentável. Segundo Silva (2010), a taxa de registro de uma certificação não é o mais custoso, mesmo que significativa. Os procedimentos mais onerosos são os esforços necessários de projeto, construção, seleção de fornecedores e materiais, simulações e acompanhamentos. Segundo estudos realizados pela empresa Odebrecht, no que refere-se ao capital aplicado, os custos envolvidos para construção de um empreendimento sustentável, segue em valores, a mesma linha de construção do mesmo, ou seja, a etapa de idealização é a mais custosa, seguida pela etapa de concepção e projeto, construção e uso e operação. Já no que tange os custos de um empreendimento ao meio ambiente, tem-se justamente o contrário deste raciocínio, ou seja, a fase de uso e operação é a mais danosa ao ambiente, seguida pela fase de construção, concepção e projeto e finalmente idealização. Ainda segundo Silva (2010), nos países do exterior, por volta de 15 a 18% dos compradores aceitariam pagar até 5% a mais de um produto mais eficiente ecologicamente, além do que, atualmente um projeto norte-americano que considere preocupações sustentáveis pode custar apenas 3% a mais do que um projeto convencional, muito abaixo do que os 10 ou 15% quando do início da disseminação de edificações sustentáveis no mesmo país. 17 3. METODOLOGIA DE ANÁLISE, ADOÇÃO DOS PARÂMETROS, ―PESOS‖ E APLICAÇÃO DOS CHECKLISTS Após definição das etapas e elementos de uma obra, é necessário determinar-se quais parâmetros, aspectos e características cada região brasileira possui e devem ser consideradas, bem como avaliar o grau de importância ou de freqüência de aspectos de sustentabilidade ambiental, social e econômica a que cada parâmetro corresponde. Para definição dos parâmetros e aspectos adotados para cada região brasileira tomou-se como base as características associadas a cada região no que se refere ao clima, vegetação, relevo, aspectos sociais e econômicos. Para a determinação dos “pesos” estipulados para cada característica foi considerado como parâmetro de referência a normalidade e adotada para esta a pontuação de valor 03, numa escala que varia de 01 a 05. Por exemplo, considerando que na região nordeste a pluviosidade é muito baixa quando analisada de forma global, têm-se que, quando comparada a uma pluviosidade média normal, sua pontuação deve ser 05 e, seguindo o mesmo raciocínio, na região norte onde de forma global a pluviosidade é alta, quando comparada à normalidade sua pontuação deve ser 01. Entende-se que a pontuação será considerada sempre no sentido da importância da aplicação de ações sustentáveis referentes ao quesito em análise, logo, fica entendido que na região nordeste a preocupação com a utilização de água pluvial ou reuso de água do próprio canteiro é muito maior do que a preocupação sobre o mesmo item na região norte já que sua escassez se mostra mais elevada, por isso a pontuação referente a este quesito para a região nordeste é maior do que a pontuação referente a esse quesito na região norte. O mesmo raciocínio foi realizado para todas as demais características que definem as regiões brasileiras. Já para a procura de uma forma simples, rápida e barata de adoção dos parâmetros de referência foi utilizada a idéia de “média”, explica-se: suponhamos que uma região A possua renda per capita de 1000 unidades e uma região B possua renda per capita de 100 unidades. Temos então que uma região C com renda per capita de 550 unidades está na normalidade, ou seja, pontuação 03, a região A terá pontuação 01 e a região B pontuação 05 para o quesito renda per capita. 18 Quando não se possui números reais para avaliação dos parâmetros utiliza-se do mesmo raciocínio elaborado anteriormente, porém com o uso de termos. Por exemplo, em uma região A tem-se uma situação grave de contaminação do solo por resíduos de água de lavagem de betoneira e em uma região B têm-se uma situação de contaminação do solo oriunda de água de lavagem de betoneira praticamente nula, logo é de se esperar que uma região C considerada como parâmetro de normalidade para este caso tenha um nível médio ou controlado em aproximadamente 50% para contaminação do solo por água de lavagem de betoneira. Assim, a região A possui pontuação 05 para este quesito, a região B possui pontuação 01 e a região C possui pontuação 03 para este quesito. A relação aspecto x impacto que não for identificada não receberá pontuação e para sua identificação será adotado o símbolo X. Fica aqui a ressalva de que a adoção de “pesos” variando de 1 a 5 foi feita meramente para validação da teoria proposta, ou seja, não é baseada em nenhum método estatístico ou de análise de dados, porém sua escala de 5 pontos permite a classificação das correlações de forma desejável e oportuna já que fornece pontuação máxima (5), pontuação média ou normal (3), pontuação mínima (1) e pontuações intermediárias entre a mínima e média (2) e entre a máxima e média (4). Outra ressalva importante a ser feita é de que as correlações adotadas como existentes ou não e suas respectivas pontuações é fruto apenas da opinião e classificação do autor deste trabalho, ou seja, totalmente subjetiva e com pouco embasamento teórico sobre as características referentes a cada região brasileira. É válida então a proposta para um aprofundamento maior sobre estes parâmetros e critérios para uma avaliação mais real e verdadeira, melhor baseada em índices e dados obtidos através de ensaios, experimentos e estudos teóricos. Após definida a forma de pontuação e o método para determinação dos “pesos” referente a cada quesito comparando-se as 05 regiões brasileiras é necessário saber quais aspectos e quais impactos são conseqüências ou estão relacionados a cada aspecto adotado. Araújo (2009) propõe a utilização de uma matriz de correlação entre impactos e aspectos ambientais, para diversas atividades de uma obra, e a denomina de “Matriz Aspecto x Impacto” ou “Matriz A x I”, ilustrada na Figura 11: 19 Figura 4 - Modelo da "Matriz A x I" Nota-se pela figura acima que o autor estipula correlações com grau de relevância. Já para o checklist proposto neste trabalho, todos os parâmetros devem ser analisados independentemente da região e o fator que faz a diferenciação e consideração dos aspectos característicos a cada região é justamente a adoção dos “pesos”. Neste estudo, além dos fatores ambientais serão considerados também os fatores sociais e econômicos. Tomando como ponto de partida as matrizes de correlações propostas por Araújo (2009), ilustradas no anexo 7.1, e realizando-se algumas alterações na forma de utilização da “Matriz A x I”, relatados acima e de alguns parâmetros adotados, foi elaborada de forma simplificada a matriz de correlações para o território brasileiro, considerando as características intrínsecas a cada região, evidenciadas na forma segmentada em aspecto x impacto ambiental, social e econômico, respectivamente nos anexos 7.2, 7.3, e 7.4. A matriz de correlações do anexo 7.6, mais simplificada, será a utilizada neste trabalho para validação teórica e discussão dos resultados obtidos. O resultado final da aplicação do checklist para as 05 diferentes regiões brasileiras consiste na soma de todas as pontuações relativas a cada correlação pontuada, tornando possível a comparação e discussão dos resultados obtidos para cada região e uma avaliação da eficiência e das diferenças de certificação que podem ocorrer na adoção de avaliações errôneas. Após análise de fatores climáticos, sociais e econômicos é possível o esboço de fatores e aspectos distintos para consideração e verificação no estudo entre as diferentes regiões brasileiras. Nota-se que alguns aspectos são comuns, independentemente da região 20 analisada, e outras não possuem uma diferença discrepante e significativa quando comparadas a outras regiões. Nota-se também que alguns aspectos são totalmente diferentes entre regiões, como por exemplo, a importância de reutilização da água consumida no canteiro ou a captação de água pluvial sendo, portanto, aspectos estes dotados de alguma excepcionalidade que deve ser evidenciada e analisada quando da realização de um estudo para certificação ambiental de um empreendimento em determinada região onde este aspecto seja predominante ou desprezível de análise. Após definição dos “pesos” adotados a cada quesito passível de verificação, as informações citadas acima estão automaticamente incorporadas aos mesmos, logo, pronto para ser aplicadas e verificadas na avaliação. Vale ressaltar que a partir do momento em que as 05 regiões brasileiras foram analisadas e comparadas de forma simultânea para determinação dos “pesos” na pontuação, a avaliação torna-se totalmente baseada em um padrão de referência (aqui considerada como a normalidade), sendo assim possível o entendimento de que a pontuação final de um canteiro de obras de um empreendimento, de forma única e exclusiva, não evidencia que tal canteiro é mais sustentável do que outro canteiro de outro empreendimento realizado em uma região distinta. No item 04 – Estudo de Caso e Resultados é apresentado o canteiro de obras onde o checklist é aplicado para estudo de ações e gestão sustentável do canteiro de obras de uma mesma obra, situada na região de Barueri e, portanto, com aplicação indicada do checklist considerando as características da região sudeste. A ponto de se evidenciar as diferenças relativas a cada checklist e ao mesmo tempo evidenciar os erros cometidos ao se utilizar uma forma de avaliação errônea quando da certificação de um empreendimento, mesmo que em uma análise considerada apenas para o canteiro de obras, este checklist será aplicado também para análise como se esta obra fosse avaliada com as características relativas a cada uma das outras 04 regiões brasileiras, posteriormente sendo analisado e comparado criteriosamente em sua pontuação final, com o intuito de deixar explícito e claro um dos objetivos deste trabalho, a “falsa” certificação gerada por um mau critério de avaliação, seja pelo mau emprego do método utilizado ou mesmo pela simples desconsideração de aspectos que possam ser julgados como insignificantes ou descartáveis quando do momento da certificação. 21 4. 4.1 ESTUDO DE CASO E RESULTADOS CARACTERIZAÇÃO DA OBRA ANALISADA Situada à Alameda Xingu esquina com a Alameda Rio Negro, muito próximo às margens da Rodovia Castelo Branco, no bairro de Alphaville, na cidade de Barueri, próximo à Grande São Paulo, a obra denominada iTower aplica conceitos de boas práticas de sustentabilidade em seu canteiro de obras durante sua fase de execução. Consiste em uma obra comercial, formada por uma torre de salas comerciais construídas junto ao shopping Iguatemi Alphaville. Possui uma área real do terreno de 31.782 m² e uma área potencial de construção de 97.842 m², sendo que 46.754 m² são pertencentes à torre e 51.088 m² são pertencentes ao shopping. A construção total da obra foi dividida em duas etapas: a primeira, realizada pela própria Odebrecht e com previsão de entrega para o final de dezembro de 2010 consiste na construção da torre iTower com um total de 36 pavimentos, sendo 3garagens, 1 pavimento mezanino, 1 pavimento térreo, 1 pavimento de convenções, 1 pavimento de área técnica, 26 pavimentos comerciais, casa de máquina, ático e cobertura que inclui um heliporto; já a segunda etapa está sendo executada pela empresa Racional Engenharia e tem previsão de entrega para o mês de maio de 2011 consiste na construção de um novo Shopping Iguatemi. Nas Figuras 5 e 6 são ilustradas planta e corte do empreendimento, respectivamente. 22 Figura 5 - Planta do empreendimento iTower Figura 6 - Corte esquemático do empreendimento iTower 23 Inicialmente o empreendimento foi financiado com recursos bancários, porém na metade da construção da torre iTower o empreendimento se autosustentava financeiramente. Tal fato remete-se a um conjunto de fatores, econômico, facilidade de acesso, localização privilegiada, estrutura fornecida e, conceitos sustentáveis. A localização do empreendimento é de rápido e fácil acesso para pessoas vindas do interior paulista ou para pessoas vindas da cidade de São Paulo, localizada próximo a importantes rodovias do estado, como ilustrado na Figura 7. Figura 7 - Localização do empreendimento iTower Executada em estrutura convencional de concreto armado, fechamento com alvenaria de blocos de concreto e acabamento das áreas comuns em painéis de pedra, facilitando e diminuindo perdas no subsistema de instalações prediais, possui como uma das soluções sustentáveis a entrega feita com as lajes apenas no contra piso, prevendo a instalação de pisos elevados nos pavimentos comerciais e, portanto, diminuindo ainda mais a perda e geração de resíduos na fase de pós-ocupação quando da necessidade de ampliação ou passagem de tubulações extras. 24 4.2 A BUSCA PELA CERTIFICAÇÃO LEED Participante do Prêmio Destaque Odebrecht 2008, o empreendimento iTower, por apresentar conceitos sustentáveis tanto em sua fase de canteiro de obras como na fase de pós-ocupação apresenta soluções, aplica conceitos e ações visando a certificação LEED for Core & Shell Development – Version 2.0, a ser concedida pelo USGBC – United States Green Building Council. Figura 8 - Entrada principal do canteiro de obras Para que um empreendimento seja considerado sustentável é necessário que este seja ecologicamente correto, economicamente viável; socialmente justo e culturalmente aceito. O LEED avalia o desempenho ambiental de um edifício inteiro e seu ciclo de vida, fornecendo um parâmetro para classificação de um edifício “verde” de acordo com seis categorias: sustentabilidade do local; eficiência no uso da água; eficiência energética; materiais e recursos; qualidade do ar; e inovação e processo de projeto, ou seja, não faz referência às questões econômicas, sociais e culturais da localidade do empreendimento que almeja sua certificação. Antes, porém, para serem registrados pelo LEED, os projetos precisam atender a uma lista de pré-requisitos obrigatórios, que definem níveis mínimos de qualidade e eficiência. Uma vez aceitos, os projetos recebem uma pré-certificação para a categoria condizente com o nível de desempenho e qualidade, pretendido pelo projeto. Para esta fase, é preciso reunir extensa documentação sobre os diversos sistemas do edifício, bem como de seus projetistas, promotores e fornecedores e órgãos envolvidos. A certificação somente 25 é concedida, após a conclusão das obras sob rigorosa verificação de todos os sistemas e requisitos previstos em projetos. O edifício será certificado na categoria condizente com o nível de desempenho e qualidade, comprovados após a auditoria e comissionamento dos sistemas, mesmo que seja em uma categoria diferente daquela para a qual tenha sido pré-certificado. A edificação certificada poderá usar o selo LEED por um período de dois anos, prazo ao final do qual, se houver interesse na renovação da certificação, o edifício deve ser reavaliado, para verificação do desempenho de sua operação. Para acompanhamento, orientação sobre o processo de certificação, detalhamento informações a todas as partes interessadas, reunião de registros, relatórios, memoriais e projetos, e acompanhamento da correta interpretação dos critérios LEED, a Odebrecht optou pela contratação de um profissional credenciado LEED. Isto porque todo empreendimento que busca certificação LEED recebe visitas periódicas e quinzenais para verificação de conformidade, ações necessárias e alterações para atendimento dos itens analisados segundo o tipo de certificação que se deseja obter. Para cada visita é gerado um relatório pelo profissional visitante com todas as diretrizes, alterações, responsável por cada alteração, data limite para alteração e conformidades obtidas pelo empreendimento. No anexo 7.5 é possível visualizar um destes relatórios, gerado para a visita do dia 06/01/2009. A importância destes relatórios se mostra na figura 16, onde é feita a comparação arquitetônica das fachadas do iTower antes e depois da adoção do processo de certificação LEED, evidenciando claramente as mudanças necessárias. Na figura da esquerda nota-se uma menor área verde no passeio público e uma fachada totalmente fechada em vidro. Já na foto da direita nota-se uma maior área verde no passeio público, a alteração do material utilizado na fachada da parte inferior do edifício e a adoção de aberturas no encontro das fachadas laterais. Imaginando que estas alterações fossem esquecidas ou não realizadas, posteriormente seria impossível sua adequação à certificação golden almejada pelo empreendimento. 26 Figura 9 - Alteração da fachada do iTower para adequação ao LEED Golden Além deste relatório a cada visita, é gerado também um relatório mensal de obras com todas as informações que foram observadas durante o período, inclusive com fotos e imagens comprovando os textos. Não satisfeita apenas com o acompanhamento oferecido pela empresa certificadora, a Odebrecht promovia internamente o acompanhamento ao processo de certificação LEED, realizando vistorias internas, promovendo a solução dos problemas o mais rápido possível ao nível de pontos observados em vistorias externas como sendo não-conformes serem incluídos nos relatórios gerados como conforme, devida à velocidade de atuação da empresa para ajustes necessários. Outro ponto importante e merecedor de destaque é o acompanhamento geral de todo processo de certificação realizado pela Odebrecht, inclusive da evolução da pontuação obtida, como ilustrado na figura 10, já que se trata de uma obra pioneira no ramo para a empresa e grande se faz o conhecimento e aprendizado. 27 Figura 10 - Acompanhamento da pontuação do LEED Finalmente, para certificação definitiva, o empreendimento depois de concluído passa por uma vistoria e auditoria completa por agentes certificadores e, caso atenda aos requisitos a que se destinou, é certificado com o selo LEED correspondente ao que sua pontuação permite. Algumas das medidas avaliadas pelo LEED durante o processo de certificação do empreendimento iTower e sua satisfação ou não são evidenciados abaixo: Acesso ao transporte público – satisfeito (possui um ponto de ônibus a 380m da entrada do edifício); Bicicletário – satisfeito (possui 143 vagas para bicicletas, número maior do que os 30% da população prevista para uso do edifício, que corresponde a 2014 pessoas; Veículos com baixa emissão e baixo consumo – satisfeito (50 vagas exclusivas com proximidade maior à entrada principal); Área livre de construção – inicialmente insatisfeito (possui 39% de área não construída e a certificação exige 40%); Drenagem de águas pluviais – satisfeito (com a implantação do projeto a taxa de infiltração será reduzida em mais de seis vezes e o projeto de captação de água de chuva e reaproveitamento prevê o aproveitamento de um volume superior a 186m³/dia no próprio local); 28 Cobertura – satisfeito (utilização de 631,42 m² de área verde, o que corresponde a 56% da área de cobertura, excluindo as áreas de equipamento); Tecnologias inovadoras para esgoto – satisfeito (A adoção de água cinza e negra para o abastecimento do sistema de descarga elimina o uso de água potável para este fim); Redução no consumo de água – satisfeito (A economia de 30% foi contemplada pela a adoção de água de reuso para os vasos sanitários e mictórios, associada à utilização de torneiras economizadoras); Depósito de recicláveis – satisfeito (O edifício prevê uma área total de 80,30 m² na área comum do pavimento, dedicada exclusivamente para armazenamento de resíduos reciclados, com seguimento às diretrizes específicas do LEED quanto à acessibilidade, odor, separação e tamanho e logística de resíduos dentro do empreendimento). – O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO, ALGUMAS MEDIDAS SUSTENTÁVEIS 4.3 ADOTADAS NO CANTEIRO DE OBRAS DO EMPREENDIMENTO ITOWER E ALGUMAS ALTERAÇÕES E AJUSTES EXIGIDOS PELA CERTIFICAÇÃO LEED Em busca de uma melhor apresentação do empreendimento e de algumas das ações sustentáveis adotadas em seu canteiro de obra, todas elas utilizadas na matriz de correlações apresentada no anexo 7.6 e utilizada para avaliação do canteiro para as regiões brasileiras, faz-se o item 4.3 com algumas ilustrações e explicações a cada ação. Todas as imagens aqui apresentadas possuem como fonte o arquivo de imagens da Odebrecht. PONTOS ADOTADOS: Diminuição no consumo e desperdício de água Durante toda a etapa de execução do empreendimento foi reutilizada a água consumida no canteiro. Após sua utilização a mesma era armazenada e utilizada para atividades não nobres que exigissem uma qualidade menor dessa água, como por exemplo, lavagem de vias públicas, descarga de sanitários, lavagem de maquinários, etc. 29 O sistema de tubulações e armazenamento da água de reuso pode ser visualizado na Figura 11. Figura 11 - Água de reuso, utilizada no canteiro de obras Diminuição no consumo e desperdício de energia Para diminuir a perda de energia elétrica foi adotada a utilização de “robôs” elétricos que possuem como principal característica a utilização de ligações elétricas bem feitas, através de plugs, que evita a utilização de ligações precárias e mal feitas, fonte inclusive de possíveis choques elétricos e, portanto, dano à saúde do trabalhador. O “robô” elétrico é ilustrado na Figura 12. Figura 12 - Utilização de ―robôs‖ elétricos 30 Correta utilização dos recursos Nota-se pela Figura 13 que foi executada uma forma de escada para transpassar de forma adequada a tubulação da bomba de concreto, sem gerar riscos de acidentes aos trabalhadores e profissionais transeuntes ao canteiro de obras e ao mesmo tempo permitir o total deslocamento destes profissionais por toa área do canteiro de obra. Figura 13 - Utilização de recursos de forma benéfica Adoção de técnicas e ferramentas adequadas Apesar de ser uma técnica e procedimento altamente disseminado pelos canteiros de obras muitas vezes a moldagem de corpos de prova para análise do concreto utilizado é feito de forma errada. Na figura 14 é possível verificar a utilização de ferramentas e materiais metálicos que não alteram radicalmente a quantidade de água do concreto por absorção, a utilização de um local coberto e livre de intempéries que possam afetar a relação água/cimento dos corpos de prova e, todo procedimento é executado em superfície plana e livre de desníveis, facilitando e proporcionando maior confiabilidade nos resultados. 31 Figura 14 - Utilização de técnicas e ferramentas adequadas para cada atividade Separação de resíduos gerados no canteiro Como forma de diminuição do envio de resíduos de materiais recicláveis para aterros e lixões o canteiro de obras do empreendimento iTower foi dotado de baias (Figura 15), bambonas e cestos de coleta de materiais recicláveis (Figura 16). Esses materiais eram armazenados separadamente conforme o tipo de material e, periodicamente, retirados do canteiro por uma cooperativa de catadores de resíduos recicláveis que destinavam os mesmos à sua central de reciclagem (Figura 17). Figura 15 - Central de baias de armazenamento de resíduos 32 Figura 16 - Bambonas para coleta de material reciclável Figura 17 - Visita à central de reciclagem de envio dos resíduos do canteiro de obras Utilização de EPI’s Apesar de ser lei, a utilização de EPI’s não é rigorosamente seguida nos canteiro de obras. Não é difícil a visita a canteiros de obra onde se encontre profissionais que não utilizem equipamentos de proteção individual ou os utilizem de forma inadequada e for esse motivo a certificação LEED considera este item em sua pontuação, sendo de grande valia à saúde e bem-estar do trabalhador, seja pelo real propósito de assegurar a saúde física e mental do trabalhador ou como uma forma de conscientização dos profissionais envolvidos nos canteiros de obra. 33 Figura 18 - Funcionários utilizando EPI’s adequados para cada função Diminuição no processamento em canteiro Grande se faz a geração de resíduos e desperdício de materiais nos canteiros de obras na fase de processamento da matéria-prima para geração de algum produto. Atualmente com a aplicação mais corriqueira dos conceitos de lean construccion e racionalização, o setor da construção civil busca a diminuição e otimização dos serviços executados in loco e a utilização de materiais e peças industrializadas, como pode ser verificado na Figura 25 onde se faz a utilização de concreto bombeado e usinado, diminuindo assim a quantidade de areia, brita e cimento necessários no canteiro de obra para produção do mesmo. Figura 19 - Utilização de concreto usinado 34 Correta destinação de resíduos renováveis As figuras 20, 21 e 22 se complementam, mostrando o processo de bombeamento da água do canteiro de obras para a rede pública de água pluvial. Nota-se a diferença entre as tonalidades da água captada pela bomba e de saída para a via pública, isto porque a certificação LEED exige que não sejam lançados sedimentos (solução adotada no canteiro com o envolvimento da bomba lameeira por uma caixa de geotêxtil, como mostra a Figura 20) nas galerias de água pluvial e pela utilização de proteções nas bocas de lobo (Figura 22). Para obtenção desta diferença de “qualidade”, a água captada pela bomba é enviada através de tubulação à dispositivos denominados caixas de decantação (Figura 21) onde a parte sólida e mais pesada da mistura (sedimentos e resíduos) é decantada e somente a parte líquida e mais leve da mesma continua seu fluxo até encontrar um filtro de geotêxtil que permite somente a passagem da parte líquida com o sedimentos de granulometria muito pequena. Figura 20 - Bombeamento de água do canteiro de obras 35 Figura 21 - Caixas de decantação Figura 22 - Lançamento da água bombeada do canteiro de obras na via pública Ainda em relação à água e vias públicas, antes da saída de todos os caminhões que adentram a obra faz-se necessária sua lavagem. As rodas são lavadas em um dispositivo chamado lava-rodas que consiste em um trecho pavimentado do solo onde existe um depósito de água por onde os caminhões devem passar, ilustrado na figura 23. Os lava-rodas também são interligados às caixas de decantação. 36 Figura 23 - Lava-rodas Outro dispositivo mais específico utilizado é o lava-bicas, que possui a mesma ideologia do lava-rodas, porém ao invés de um trecho pavimento do solo com depósito de água o dispositivo constitui-se em um orifício concretado e impermeabilizado no solo onde os caminhões betoneira lançam os resíduos e restos de concreto originados nos processos de concretagem no canteiro de obra. Figura 24 - Lava-bicas É interessante salientar que o material acumulado no lava-bicas é utilizado posteriormente de forma incorporada à construção, por exemplo, no reaterramento do subsolo, como ilustrada na Figura 25: 37 Figura 25 - Resíduos sendo incorporados à construção Para a preservação do solo, uma das medidas exigidas é a adoção de dispositivos denominados caixas de mitigação, que consistem em recipientes preenchidos com material agregante a derivados do petróleo que permanecem nos pontos com potencial vazamento de óleo, graxas e afins, como por exemplo, embaixo de motores de caminhões, máquinas, etc., como ilustrado na Figura 26: Figura 26 - Caixa de mitigação 38 PONTOS ALTERADOS: O mais importante de observar-se é que as medidas sustentáveis são adotadas conforme o decorrer da execução da obra, sempre que são identificados pontos que sejam focos de ações sustentáveis, conforme as fases de construção vão se sucedendo. Os relatórios elaborados a cada visita comprovam esse fato, ainda mais, evidenciam o processo de aprendizagem e afirmação das ações exigidas por determinado processo de avaliação para certificação ambiental. Abaixo são mostradas algumas imagens onde estas ações não são atendidas inicialmente. Não utilização de EPI’s: Mesmo sendo uma obrigatoriedade exigida por lei nem sempre o uso de EPI’s é aplicado irremediavelmente. Figura 27 - Não utilização de capacete em áreas internas ao canteiro de obras Lançamento de resíduos sólidos nas galerias pluviais: A ação sustentável descrita em “Correta destinação de resíduos renováveis” só foi adotada após a verificação do fato ilustrado na Figura 28 e descrito em um relatório de visita quinzenal emitido pela empresa responsável pelo acompanhamento da certificação LEED ao empreendimento iTower. Nota-se a quantidade de sedimentos fornecidos pelo canteiro de obra às galerias de água pluvial antes da adoção das caixas de decantação e colocação de filtros de geotêxtil sobre as bocas de lobo das vias públicas. 39 Figura 28 - Sedimento responsável por entupimento de galeria pluvial Não preservação do meio ambiente original à região do canteiro de obra: Qualquer tipo de vegetação que possa ser danificada por ações ocorridas devido à atividades e serviços realizados no canteiro de obra deve ser protegida e isolada de forma a evitar que seja afetada. Esse isolamento consiste na colocação de telas e/ou estruturas em madeira ao redor da vegetação que evitem que equipamentos ou ferramentas atinjam essa vegetação ou mesmo que resíduos, entulhos ou lixo sejam depositados ao redor de tais vegetações. Nota-se abaixo que essa ação não foi adotada desde o início da execução do empreendimento. Figura 29 - Árvores não protegidas com tela laranja para evitar danos por impacto de máquinas e veículos 40 Incorreta estocagem de materiais e não separação de resíduos: Uma das maiores fontes de desperdícios de materiais e geração de resíduos e entulho é a forma inadequada de armazenamento de materiais e matérias-primas. Abaixo pode-se notar o armazenamento de peças metálicas sobre um piso com acúmulo de água, podendo originar ferrugem nas mesmas e consequente apodrecimento das peças (Figura 30). Nota-se também a inadequada estocagem de resíduos com a não separação dos mesmos (Figura 31). Figura 30 - Dutos metálicos armazenados de forma incorreta Figura 31 - Mistura de produtos contaminantes Após os fatos expostos nota-se a importância do acompanhamento realizado pela empresa responsável pela certificação do empreendimento para identificação dos pontos com problemas e exigência aos cumprimentos das ações adotadas para cada ponto problemático em tempo hábil. 41 Muitas ações são adotadas com o decorrer da execução da obra justamente pelo fato de não serem claramente evidenciadas em algumas fases, porque às vezes passam despercebidas ou mesmo são ignoradas pelos intervenientes envolvidos. Algumas ações mesmo recebendo acompanhamento técnico e fonte de grande incentivo às vezes não correspondem com as reais expectativas que caem sobre elas. No canteiro de obra do empreendimento iTower ocorreu a tentativa da utilização de uma central de tratamento de esgotos que fosse gerado dentro da mesma, mas apesar de ativa, era fonte de numerosos problemas operacionais que de certa forma inviabilizaram a ação quando se trata de total tratamento do material, justamente pelo fato de grande parte do tempo estar inoperante. 4.4 – RESULTADOS Após embasamento teórico e prático no que se refere às características e peculiaridades climáticas, culturais, sociais e econômicas de cada região e na coleta de dados do empreendimento iTower, foi possível a aplicação da matriz de correlações apresentada no anexo 7.6 considerando os aspectos das regiões, porém avaliando este empreendimento como se estivesse inserido em cada região brasileira, justamente para evidenciar os erros cometidos ao não serem considerados mudanças e diferenças entre as regiões. Quando da realização da comparação entre quesitos iguais nota-se que é de extrema importância a determinação de padrões de referência para determinação dos “pesos” para avaliação das diferentes regiões. Logo, vinculado a este processo de avaliação é necessário que seja elaborado um banco de dados com avaliações realizadas utilizando este método e determinação de parâmetros de referência realizados através de estudos e ensaios, permitindo assim uma avaliação correta e baseada em dados científicos. Do ponto de vista prático seria interessante a adoção de um método de transmissão e armazenamento de dados em tempo real, de fácil acesso e com uma forma simples de entendimento e apresentação dos dados, possibilitando uma avaliação mais rápida e confiável. Abaixo são apresentadas algumas premissas, pontuações e avaliações adotadas para as 05 regiões brasileiras, sudeste, sul, nordeste, norte e centro-oeste, respectivamente aos quadros 1, 2, 3, 4 e 5: 42 Região sudeste: Os pontos principais a serem considerados nesta região que recebem pontuação máxima, ou seja, pontuação 05 corresponde a correlação “coleta de água pluvial x alteração no tráfego de vias urbanas” devido principalmente às enchentes provocadas pelo rápido e grande volume de água quando do escoamento da mesma às galerias de água pluvial que afetam as vias públicas e da correlação “não ocupação de via pública x alteração no tráfego de vias urbanas” justamente pelo problema dos congestionamentos e lentidão em um trânsito com grande quantidade de veículos trafegando. Não existem correlações com pontuação 01, ou seja, nas considerações feitas para determinação dos “pesos” para cada correlação não foi evidenciada nenhuma delas onde fosse identificada a não necessidade de nenhuma ação prática no canteiro de obra sobre esta correlação. Vale lembrar novamente que estas correlações são de julgamento subjetivo e individual, sendo baseado apenas nas características globais de cada região e apenas na opinião do autor deste trabalho. 43 Quadro 1 - Avaliação realizada para a região sudeste Escassez de água Interferência ou obstáculo ao vento Interferência ou obstáculo à luz natural Interferência ou obstáculo à chuva Interferências na fauna/flora local Proliferação de doenças por vetores Criminalidade Desemprego IDH Valorização local Alteração nas condições de saúde Incômodo para a comunidade Alteração no tráfego de vias locais Interferência na drenagem urbana Escassez de energia elétrica Recursos Processam. e consequencias Resíduos Impactos Econômicos Diminuição no consumo e desperdício de água X 3 X X 3 4 3 X X 2 4 3 3 X 3 3 Diminuição no consumo e desperdício de energia 4 X X X 3 4 X X X 2 4 3 3 3 X 4 Aproveitamento de energia solar 4 X X 4 X 3 X X X 2 4 2 2 X X 4 Coleta água pluvial X 3 X X 3 4 3 X X 2 4 3 3 5 4 3 Correta utilização dos recursos 4 3 2 4 3 4 3 X X X 3 4 3 4 4 4 Adoção de técnicas e ferramentas adequadas 3 3 3 3 X X X X X X X 3 3 3 X 3 Separação de resíduos gerados 4 3 X X X 3 3 X X 2 X 3 3 4 X 3 Utilização de EPIs X X X X X X X 3 X X X 3 3 X X X Diminuição no processamento em canteiro 3 3 X X X 3 3 X 4 2 X 3 3 4 3 2 Ações de reciclagem de resíduos 4 3 X X X 3 3 X 4 2 X 3 3 4 X X Controle da perda de materiais por incorporação 3 3 X X X 4 X X X X X X X 4 X X Correta destinação de resíduos renováveis 4 3 X X X 4 3 X X 2 X 3 3 X 3 X Reuso de água no canteiro X 3 X X 3 4 3 X X 2 4 X 3 X 4 3 Uso de água pluvial no canteiro X 3 X X 3 4 3 X X 2 4 3 3 X 3 3 Esgotamento de águas servidas X X X X X 3 3 X X 2 3 3 3 X 3 X Não ocupação de via pública X X X X X X X X X X X X 4 5 X X Utilização de lotes externos ao canteiro de obras X X X 3 3 3 X X X X X X 3 X 3 3 Fornecimento de treinamento à mão-de-obra X X X X X X X 4 4 2 X X X X X X ASPECTOS ANALISADOS Infraestrutura do canteiro de obra Impactos Sociais Deterioração da qualidade do ar Temas Impactos Ambientais Pontuação total 447 Região sul: Para esta região, não existem correlações que fossem alvo de pontuação máxima ou mínima, ou seja, nenhuma correlação seria adotada como foco principal de boas práticas sustentáveis no canteiro de obras bem como nenhuma correlação seria adotado como um fator perfeito para a região. 44 Considerando-se os critérios pontuados com valor máximo para a região sudeste, “coleta de água pluvial x alteração no tráfego de vias urbanas” e “não ocupação de via pública x alteração no tráfego de vias urbanas”, através de julgamento individual e subjetivo do autor deste trabalho, adotou-se que para a região sul estas correlações são de menor importância para adoção de ações sobre estes, logo sua pontuação foi inferior a estipulada para a região sudeste. Quadro 2 - Avaliação realizada para a região sul Interferência ou obstáculo ao vento Interferência ou obstáculo à luz natural Interferência ou obstáculo à chuva Interferências na fauna/flora local Proliferação de doenças por vetores Criminalidade Desemprego IDH Valorização local Alteração nas condições de saúde Incômodo para a comunidade Alteração no tráfego de vias locais Interferência na drenagem urbana Escassez de energia elétrica Impactos Econômicos Escassez de água Impactos Sociais Deterioração da qualidade do ar Infraestrutura do canteiro de obras Resíduos Processam. e consequencias Recursos Temas Impactos Ambientais Diminuição no consumo e desperdício de água X 2 X X 2 4 3 X X 2 3 3 2 X 3 3 Diminuição no consumo e desperdício de energia 4 X X X 2 4 X X X 2 4 3 3 3 X 3 Aproveitamento de energia solar 3 X X 3 X 3 X X X 2 4 2 2 X X 4 Coleta água pluvial X 2 X X 2 4 3 X X 2 3 3 3 2 4 3 Correta utilização dos recursos 3 2 2 4 3 4 3 X X X 3 4 3 3 4 4 Adoção de técnicas e ferramentas adequadas 3 3 3 3 X X X X X X X 3 3 3 X 3 Separação de resíduos gerados 4 3 X X X 3 3 X X 2 X 3 3 4 X 3 Utilização de EPIs X X X X X X X 3 X X X 3 3 X X X Diminuição no processamento em canteiro 3 2 X X X 3 3 X 4 2 X 3 3 3 3 2 Ações de reciclagem de resíduos 3 2 X X X 3 3 X 4 2 X 3 3 3 X X Controle da perda de materiais por incorporação 3 3 X X X 4 X X X X X X X 3 X X Correta destinação de resíduos renováveis 4 3 X X X 4 3 X X 2 X 3 3 X 3 X Reuso de água no canteiro X 2 X X 2 4 3 X X 2 4 X 3 X 3 3 Uso de água pluvial no canteiro X 3 X X 3 4 3 X X 2 4 3 3 X 3 3 Esgotamento de águas servidas X X X X X 3 3 X X 2 3 3 3 X 3 X Não ocupação de via pública X X X X X X X X X X X X 3 4 X X Utilização de lotes externos ao canteiro de obras X X X 3 3 3 X X X X X X 3 X 3 3 Fornecimento de treinamento à mão-de-obra X X X X X X X 3 3 2 X X X X X X ASPECTOS ANALISADOS Pontuação total 360 45 Os Região nordeste: pontos principais a serem considerados nesta região correspondem principalmente no que diz respeito ao IDH da mesma, já que possui o pior índice entre todas as regiões brasileiras e à escassez de água por ser a região com menor índice pluviométrico e justamente por isso recebem pontuação máxima ou medianamente máxima, 05 e 04, respectivamente. Também não são notadas correlações com pontuação mínima. Quadro 3 - Avaliação realizada para a região nordeste Interferência ou obstáculo ao vento Interferência ou obstáculo à luz natural Interferência ou obstáculo à chuva Interferências na fauna/flora local Proliferação de doenças por vetores Criminalidade Desemprego IDH Valorização local Alteração nas condições de saúde Incômodo para a comunidade Alteração no tráfego de vias locais Interferência na drenagem urbana Escassez de energia elétrica Impactos Econômicos Escassez de água Impactos Sociais Deterioração da qualidade do ar Infraestrutura do canteiro de obras Resíduos Processam. e consequencias Recursos Temas Impactos Ambientais Diminuição no consumo e desperdício de água X 4 X X 4 4 3 X X 5 4 3 3 X 3 3 Diminuição no consumo e desperdício de energia 4 X X X 4 4 X X X 4 4 4 4 3 X 3 Aproveitamento de energia solar 2 X X 2 X 3 X X X 4 3 2 2 X X 3 Coleta água pluvial X 4 X X 4 4 4 X X 4 5 4 2 2 2 3 Correta utilização dos recursos 4 4 4 3 4 4 3 X X X 3 4 3 3 3 3 Adoção de técnicas e ferramentas adequadas 3 3 3 3 X X X X X X X 3 3 2 X 3 Separação de resíduos gerados 3 4 X X X 3 3 X X 3 X 3 3 3 X 3 Utilização de EPIs X X X X X X X 3 X X X 3 3 X X X Diminuição no processamento em canteiro 2 4 X X X 3 3 X 4 4 X 3 3 3 2 2 Ações de reciclagem de resíduos 3 4 X X X 3 3 X 4 3 X 4 3 3 X X Controle da perda de materiais por incorporação 3 4 X X X 4 X X X X X X X 3 X X Correta destinação de resíduos renováveis 3 4 X X X 4 3 X X 3 X 3 3 X 2 X Reuso de água no canteiro X 5 X X 4 4 3 X X 3 4 X 3 X 3 3 Uso de água pluvial no canteiro X 4 X X 4 4 3 X X 3 4 3 4 X 2 3 Esgotamento de águas servidas X X X X X 3 4 X X 4 4 4 3 X 4 X Não ocupação de via pública X X X X X X X X X X X X 2 3 X X Utilização de lotes externos ao canteiro de obras X X X 3 4 3 X X X X X X 2 X 2 3 Fornecimento de treinamento à mão-de-obra X X X X X X X 4 4 4 X X X X X X ASPECTOS ANALISADOS Pontuação total 391 46 Região norte: Os pontos principais a serem considerados nesta região que recebem pontuação máxima relacionam-se principalmente á fauna e flora local devido a Floresta Amazônica e nas correlações que possuem como impacto o IDH possui diversas pontuações medianamente máxima por possuir o segundo pior IDH entre as regiões brasileiras. Nota-se que nesta região a preocupação com a coleta e utilização de água pluvial nos canteiros de obra é muito baixa devido a grande pluviosidade da região norte e por isso recebem a pontuação mínima, ou seja, 01. Quadro 4 - Avaliação realizada para a região norte Interferência ou obstáculo ao vento Interferência ou obstáculo à luz natural Interferência ou obstáculo à chuva Interferências na fauna/flora local Proliferação de doenças por vetores Criminalidade Desemprego IDH Valorização local Alteração nas condições de saúde Incômodo para a comunidade Alteração no tráfego de vias locais Interferência na drenagem urbana Escassez de energia elétrica Impactos Econômicos Escassez de água Impactos Sociais Deterioração da qualidade do ar Infraestrutura do canteiro de obras Resíduos Processam. e consequencias Recursos Temas Impactos Ambientais Diminuição no consumo e desperdício de água X 2 X X 2 5 4 X X 4 2 4 3 X 4 3 Diminuição no consumo e desperdício de energia 3 X X X 2 5 X X X 4 3 4 3 3 X 3 Aproveitamento de energia solar 2 X X 4 X 4 X X X 4 4 3 3 X X 3 Coleta água pluvial X 1 X X 1 4 4 X X 4 2 4 4 2 4 3 Correta utilização dos recursos 2 2 3 3 2 4 4 X X X 3 4 3 2 2 3 Adoção de técnicas e ferramentas adequadas 2 2 3 3 X X X X X X X 4 3 2 X 3 Separação de resíduos gerados 2 2 X X X 4 4 X X 4 X 4 3 2 X 3 Utilização de EPIs X X X X X X X 3 X X X 3 3 X X X Diminuição no processamento em canteiro 4 2 X X X 4 3 X 4 4 X 3 4 2 2 2 Ações de reciclagem de resíduos 2 4 X X X 4 4 X 4 4 X 4 3 2 X X Controle da perda de materiais por incorporação 2 4 X X X 4 X X X X X X X 2 X X Correta destinação de resíduos renováveis 2 5 X X X 4 4 X X 4 X 3 3 X 2 X Reuso de água no canteiro X 2 X X 2 2 3 X X 3 2 X 3 X 2 3 Uso de água pluvial no canteiro X 2 X X 2 2 3 X X 3 2 3 2 X 2 3 Esgotamento de águas servidas X X X X X 4 4 X X 4 4 4 3 X 4 X Não ocupação de via pública X X X X X X X X X X X X 2 2 X X Utilização de lotes externos ao canteiro de obras X X X 2 2 4 X X X X X X 2 X 2 2 Fornecimento de treinamento à mão-de-obra X X X X X X X 4 4 4 X X X X X X ASPECTOS ANALISADOS Pontuação total 377 47 Região centro-oeste: Os pontos principais a serem considerados nesta região que recebem pontuação máxima, ou seja, pontuação 05 corresponde às correlações que possuem como impacto a alteração na fauna e flora locais, com mais ênfase e importância do que para a região norte, justamente pelo fato da grande diversidade do local e da presença da tão devastada área pantaneira. Nesta região também não são encontradas correlações com pontuação mínima. Quadro 5 - Avaliação realizada para a região centro-oeste ASPECTOS ANALISADOS Interferência ou obstáculo ao vento Interferência ou obstáculo à luz natural Interferência ou obstáculo à chuva Interferências na fauna/flora local Proliferação de doenças por vetores Criminalidade Desemprego IDH Valorização local Alteração nas condições de saúde Incômodo para a comunidade Alteração no tráfego de vias locais Interferência na drenagem urbana Escassez de energia elétrica Impactos Econômicos Escassez de água Impactos Sociais Deterioração da qualidade do ar Infraestrutura do canteiro de obra Resíduos Processam. e consequencias Recursos Temas Impactos Ambientais Diminuição no consumo e desperdício de água X 3 X X 3 5 3 X X 2 3 3 3 X 3 3 Diminuição no consumo e desperdício de energia 3 X X X 3 5 X X X 2 3 3 3 3 X 3 Aproveitamento de energia solar 3 X X 3 X 4 X X X 2 3 2 2 X X 4 Coleta água pluvial X 3 X X 3 4 3 X X 2 3 3 3 2 4 3 Correta utilização dos recursos 3 3 2 3 3 5 3 X X X 3 4 3 3 3 3 Adoção de técnicas e ferramentas adequadas 3 3 3 3 X X X X X X X 3 3 3 X 3 Separação de resíduos gerados 3 3 X X X 4 3 X X 3 X 3 3 3 X 3 Utilização de EPIs X X X X X X X 3 X X X 3 3 X X X Diminuição no processamento em canteiro 3 3 X X X 5 3 X 4 3 X 3 3 3 2 2 Ações de reciclagem de resíduos 3 3 X X X 5 3 X 4 3 X 3 3 3 X X Controle da perda de materiais por incorporação 2 3 X X X 4 X X X X X X X 3 X X Correta destinação de resíduos renováveis 3 3 X X X 5 3 X X 3 X 3 3 X 3 X Reuso de água no canteiro X 3 X X 3 4 3 X X 2 4 X 3 X 4 3 Uso de água pluvial no canteiro X 3 X X 3 4 3 X X 2 3 3 3 X 4 3 Esgotamento de águas servidas X X X X X 5 3 X X 3 3 3 3 X 3 X Não ocupação de via pública X X X X X X X X X X X X 3 3 X X Utilização de lotes externos ao canteiro de obras X X X 2 2 2 X X X X X X 2 X 3 3 Fornecimento de treinamento à mão-de-obra X X X X X X X 4 4 3 X X X X X X Pontuação total 433 48 Após apresentação dos resultados, tanto no que se refere à pontuação das correlações como na pontuação total de cada checklist, é possível verificar a importância da criação de um banco de dados e de parâmetros de referência para análise de empreendimentos em diferentes regiões, já que o fato da pontuação total da região sul (360) ser inferior à pontuação da região nordeste (391), por exemplo, não evidencia que a primeira seja melhor ou pior do que a segunda, já que as correlações são iguais, porém os “pesos” atribuídos a cada correlação pode ser diferente e assim ações devem ser tomadas e direcionadas a diferentes aspectos. Logo, os resultados não devem ser comparados de uma forma simples referentes à pontuação total para canteiros de obra em diferentes regiões. 49 5. CONCLUSÕES De maneira geral, as metodologias de avaliação internacionais apresentam poucas exigências em relação aos canteiros de obras, e, em alguns casos, nenhuma. O Processo AQUA e o HQE, por outro lado, dão mais atenção ao tema, ainda assim não abrangendo todos os aspectos envolvidos. A certificação BREEAM possui cerca de 11% de sua pontuação baseada no canteiro de obras. As questões sociais e econômicas estão ausentes em todos os exemplos, evidenciando a ênfase na dimensão ambiental da sustentabilidade. Nota-se ainda que as certificações não possuem “critérios”, um banco de dados ou então parâmetros de referência (benchmark) nem mesmo entre os países que utilizam as mesmas avaliações para certificarem seus empreendimentos. Tal fato pode ser fonte de discrepâncias na avaliação não só de empreendimentos situados em países diferentes que utilizam certificações diferentes como também dentro de um mesmo país que utiliza o mesmo método de certificação, ou seja, empreendimentos com proximidade de localização podem ser avaliados de forma diferente justamente pelo método de avaliação empregada não utilizar parâmetros de referência ou comparação entre técnicas sustentáveis utilizadas nestes empreendimentos. Fica claro que o Brasil possui pouca experiência quando o tema é certificação ambiental e justamente por este motivo não possua parâmetros de referência ou estudos mais aprofundados, porém o fato é de que o setor da construção civil é atualmente considerado como o “carro-chefe” da economia nacional, desbancando a indústria automobilística em participação no PIB brasileiro e, em se tratando do setor que mais “produz” resíduos, consome energia e recursos naturais é de extrema importância que avaliações nacionais sejam criadas pautadas sobre parâmetros de referência e considerando as características específicas de cada região brasileira ou ainda sub-regiões brasileiras, já que existem diversas características diferentes dentro de uma mesma região, como por exemplo, na região Nordeste onde pode-se alterar do clima tropical do oeste nordestino ao sertão semi-árido do interior. Conclusão mais óbvia ainda se faz no que se refere à avaliação de sustentabilidade social e econômica, já que apenas o método de avaliação GBTool leva em consideração aspectos econômicos em sua avaliação, não existindo outra forma de avaliação que leve em consideração tais fatores. Percebe-se ainda que mesmo que os principais métodos de avaliação tomem como base algumas diretrizes, de senso comum entre os mesmos como planejamento sustentável 50 da obra, aproveitamento passivo dos recursos naturais, eficiência energética, gestão e economia da água, gestão dos resíduos na edificação, qualidade do ar e do ambiente interior, conforto termo-acústico, uso racional de materiais, uso de produtos e tecnologias ambientalmente amigáveis, ainda sim não analisam os tópicos seguindo os mesmos critérios para uma base de pontuação correta, já que algumas certificações enfatizam mais os aspectos internos à edificação, outras enfatizam mais os aspectos externos à edificação, algumas priorizam apenas a existência ou não de equipamentos que atuem a favor da sustentabilidade, etc. A adoção e aceitação dessas diferenças de enfoque poderiam ser aceitas desde que todas as certificações avaliassem todos os aspectos comuns independentemente da localidade do empreendimento, como por exemplo, a diminuição na geração de resíduos, e posteriormente partisse para características exclusivas de áreas, regiões ou países, como por exemplo, avaliação de sistemas de aquecimento em pisos, uma característica que requer preocupação praticamente nula nos países de clima tropical, mas que nos países de clima temperado requer uma atenção e um “peso” maior na sua avaliação. Nem mesmo a forma de certificar um empreendimento segue um padrão, pois algumas avaliam através de pontuação, outras avaliam através de níveis de pontuação, outras ainda avaliam se ocorre o atendimento a um perfil de desempenho ambiental. Com a obtenção de informações através do estudo de caso realizado foi possível estabelecer quesitos e verificar as exigências do processo de certificação LEED. O empreendimento iTower é um exemplo da dificuldade de avaliação para uma certificação ambiental de empreendimentos e da dificuldade de implantação das medidas previstas no mesmo por dois motivos principais: o primeiro deles é o fato de pioneirismo deste tipo de ação à empresa Odebrecht e o segundo deles é a falta de profissionais preparados para análise e implantação das ações avaliadas no canteiro de obras. Nota-se pelos resultados obtidos na aplicação do checklist ao empreendimento iTower que os fatores sociais, econômicos e culturais não considerados atualmente pelas certificações ambientais são fontes de grandes discrepâncias e erros. Considerando apenas fatores comuns de sustentabilidade aplicadas a qualquer canteiro de obras, como por exemplo, reuso de água, e sem a consideração de “pesos” para estes fatores nota-se que as avaliações se tornam bem próximas ou até mesmos iguais em sua pontuação. Os resultados obtidos mostram que quando são considerados fatores sociais, ambientais, econômicos e culturais os resultados são mais discrepantes e com a consideração de “pesos” referentes a cada item avaliado a avaliação se mostra mais 51 próxima da realidade. Ainda neste sentido, com a consideração de “pesos” torna-se praticamente impossível a comparação entre a pontuação de dois empreendimentos avaliados em regiões distintas já que correlações diferentes podem ter “pesos” diferentes, porém, somarem-se de forma igual. É o caso, por exemplo, das avaliações feitas para a região Sudeste e Nordeste, onde a correlação “Coleta água pluvial x Alteração no tráfego de vias locais” possui pontuação de 04 e 02 para as regiões sudeste e nordeste, respectivamente, e a correlação “Diminuição no consumo e desperdício de água x IDH” possui pontuação de 02 e 04 para as regiões sudeste e nordeste, respectivamente, logo, a soma total considerando-se apenas estas pontuações seria de 06 para ambas. Para uma avaliação atual estas duas avaliações forneceriam resultados iguais e teoricamente seriam considerados com mesmo teor, porém a forma de avaliação aplicada evidencia a que correlação estes pontos estão sujeitos e qual deles é fonte de maiores ações e cuidados. Outra forma de comprovação dos fatos relacionados acima são as pontuações finais obtidas para cada região, com uma diferença máxima de 73 pontos entre as regiões centrooeste e sudeste e mínima de 14 pontos, entre as regiões sudeste e centro-oeste, ou seja, a diferença entre os resultados se mostra bem significativa porém não evidencia que um canteiro de obras de determinada região é mais sustentável do que canteiros de obra de outra região com a simples análise numérica das pontuações totais, pois as características intrínsecas a cada região diferem e portanto fornecem parâmetros diferentes com importância diferentes entre as regiões. Após análise dos resultados obtidos e expostos neste trabalho nota-se que na região nordeste onde a precipitação é mais escassa, a preocupação com a captação de água pluvial para utilização na execução do empreendimento deve ser muito maior do que para um empreendimento executado na região sul do país onde a precipitação possui um nível muito maior, porém, se utilizarmos um mesmo método de avaliação sem considerar as características locais onde cada empreendimento está inserido e tentarmos estabelecer uma base de comparação entre ambos, ficará evidenciado que ambos os empreendimentos possuem o mesmo nível de sustentabilidade e preocupação ambiental já que a pontuação final será igual, o que se torna uma afirmação falsa quando, no momento da avaliação, é considerado um “peso” maior na avaliação deste item para o empreendimento localizado na região nordeste. Aprofundando um pouco mais o assunto e abrindo caminho para novas discussões e formas de raciocínio, pode-se levantar a questão de que certificações possam ser concedidas ou emitidas de forma errônea, já que sem um parâmetro de referência pré- 52 definido torna-se praticamente impossível fazer uma comparação efetiva e correta de empreendimentos certificados. Um ponto importante a ser evidenciado é a grande dificuldade em promover as correlações entre Aspecto e Impacto, seja ele de qualquer natureza. A verificação da influência de cada aspecto na geração de um impacto se faz de forma muito subjetiva, sendo passível de validação para alguns e de reprovação para outros. Logo, as correlações aqui validadas condizem com a forma de raciocínio do autor do trabalho sendo, portanto, uma nova justificativa para a criação de parâmetros de referência, estipulados após diversos estudos e ensaios para confirmação científica das correlações a serem adotadas. O termo sustentabilidade está na moda, é atual e fonte de diferenciais que vem sendo utilizado por muitas empresas, dos mais variados segmentos e setores, talvez não propositalmente, talvez não de forma desonesta, mas de forma a atrair a atenção de clientes em potencial através de ações que não condizem com a realidade da mesma. Neste trabalho é ilustrada uma imagem, figura 1, onde o site de uma empresa claramente faz alusão à sustentabilidade, porém a única ação encontrada foi a realização da coleta seletiva. Realmente esta ação é uma ação sustentável, mas pontual, única, exclusiva. Atualmente a conscientização das pessoas em relação ao tema sustentabilidade é crescente, algumas optam por produtos de preço mais elevado ou escolhem produtos de empresas que possuem alguma forma de ação sustentável em detrimento de empresas que nada fazem. Isso se tornou um grande diferencial para se manter no mercado de forma competitiva e cada vez mais estas ações e discussões serão fontes de diferencial, porém nem sempre as informações são verídicas ou realmente são colocadas em prática pelos agentes intervenientes e responsáveis. É muito importante e difícil definir o que seria sustentabilidade de um empreendimento de uma forma ampla. Sustentabilidade não é apenas gerir resíduos ou realizar coleta seletiva no canteiro de obras. Uma empresa ou um empreendimento que deseja ser visto como sustentável, que almeja “fazer” sustentabilidade não deve apenas realizar ações pontuais, únicas, como por exemplo, apenas gerir seus resíduos e não se preocupar com a diminuição do consumo de energia, ou então promover incentivo à coleta seletiva mas utilizar meios de transporte que estejam desregulados e emitam grande quantidade de gases nocivos à atmosfera quando da queima do combustível que utiliza para circular, também não devem acreditar que o empreendimento é sustentável por si só, já que muitas vezes seu entorno não condiz com a realidade por ele adquirida. 53 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Agenda 21 for sustainable Construction Developing Countries. Disponível em http://www.sustainable-design.ie/sustain/CIBsustainConstruct_DevelopingCountries.pdf Acesso em: 17 abr. 21:26. < >. AKUTSU, M.; BRITO, A. C.; VITTORINO, F. Avaliação ambiental de edifícios. Revista Téchne, São Paulo, n.133, p72-76, abril 2008. ÂNGULO, S. 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Incômodos e Poluições Emissão de material particulado Risco de geração de faíscas onde há gases dispersos Lançamento de fragmentos X X X X X X X • • • • • X • X X X X X X X Interferência na drenagem urbana Aumento do volume de aterros de resíduos Pressão sobre serviços urbanos (exceto drenagem) Escassez de energia elétrica Interferência na drenagem urbana Vizinhança • Danos a bens edificados Alteração nas condições de segurança Pressão sobre serviços urbanos (exceto drenagem) Alteração no tráfego de vias locais Incômodo para a comunidade Alteração nas condições de saúde Alteração da qualidade paisagística Alteração nas condições de segurança Alteração nas condições de saúde Alteração da dinâmica do ecossistema global 7. • • • • Alteração da dinâmica dos ecossistemas locais Interferências na fauna e flora local Escassez de água Alteração dos regimes de escoamento Trab alhado r • • • Alteração da qualidade das águas subterrâneas Alteração da qualidade das águas superficiais Poluição sonora Deterioração da qualidade do ar Esgotamento de reservas minerais Meio físico • X • X • X • X • X • X • • X • Indução de processos erosivos ASPECTOS AMBIENTAIS Água • Emissão de vibração Emissão de ruídos X Ar Meio biótico • Geração de resíduos sólidos Contaminação química Solo • Consumo de recursos (inclui perda incorporada e embalagens) Consumo e desperdício de água Consumo e desperdício de energia Geração de resíduos perigosos • Aletração das propriedades físicas TEMAS 7.1 • Recursos 56 ANEXO MATRIZ DE CORRELAÇÕES ASPECTOS X IMPACTOS AMBIENTAIS PROPOSTA POR ARAÚJO (2009) Impactos Ambientais Meio Antrópico Sociedade • • • • • • • • • • X X X X X • X X X X X X • • • • • • X Correlação Aspecto x Impacto X X • X X X • X X • X X • • X • X • X X • X X • • • • • • • • X • X • X X • • X • • • • • • X • X X • X • • X • X • X X X X Ocupação de via pública Armazenamento de materiais X X X • • X X X X X X X • • • • • • • X • X • • X Existência de construções provisórias Circulação de materiais, equipamentos, etc. Manutenção e limpeza de ferramentas, equipamentos,et c. X • X X Impermeabiliza ção de superfícies X X X • X X X • X X X • X X • X X • X X • X • X • • X X X • • • • X • • X • • • • • X X • Infraestrutura do canteiro de obras X X X X X X Esgotamento de águas servidas Risco de perfuração de redes Geração de energia no canteiro X • Risco de desmoronament os Existência de ligações provisórias (exceto águas servidas) X X • X Remoção de edificações Supressão da vegetação • • • X • Desprendimento de gases, fibras e outros Renovação do ar Manejo de materiais perigosos Perda de materiais por entulho Manejo de resíduos Destinação de resíduos (inclui descarte de X recursos renováveis) Manejo e destinação de resíduos perigosos Queima de resíduos no canteiro • Resíduos 57 X 58 Incômodos e Poluições Geração de resíduos sólidos Emissão de ruídos Emissão de vibrações Lançamento de fragmentos Emissão de material particulado Risco de geração de faísca onde há gases dispersos Desprendimento de gases, fibras e outros Renovação do ar Manejo de materiais perigosos Fase da Obra Geração de resíduos perigosos Aspectos Ambientais • • • • • • X • X • Atividades Demolição Serviços preliminares Infraestrutura Estrutura Limpeza superficial do terreno • Fundações • • • Rebaixamento do lençol • X X Escavações e contenções • • • • • X • • • • X • X X X Esquadrias X X Telhado • X X X Divisórias Cobertura e proteção Impermeabilização • • • Revestimentos verticais Revestimento vertical Pintura Pintura • Pisos Piso • Sistemas prediais Sistemas prediais X • • • X • Alvenarias Vedações verticais X • Estrutura • • X • X • • X • • X • • • • • • • • • X X • • X X X X X • Redes enterradas e aéreas X • • • X • • X Terraplenagem • • • • X • X X Pavimentação • • • • X • • X • X X Redes e vias • Drenagem superficial • • Aspectos ambientais normalmente mais relevantes 59 7.2 MATRIZ MODIFICADA DE CORRELAÇÕES ASPECTOS X IMPACTOS AMBIENTAIS Diminuição no consumo de recursos (inclui perda incorporada e embalagens) Diminuição no consumo e desperdício de água Diminuição no consumo e desperdício de energia Aproveitamento de energia eólica Aproveitamento de energia solar Recursos Aproveitamento de energia mecânica Reuso de água Coleta água pluvial Utilização de recursos encontrados nas proximidades da obra Utilização de recursos com qualidade controlada Controle e tratamento de resíduos antes do descarte Correto armazenamento dos recursos Fornecimento de treinamento à mão-de-obra Correta utilização dos recursos Ações para diminuição na geração de resíduos perigosos Ações para diminuição na geração de resíduos sólidos Diminuição da emissão de vibração Diminuição da emissão de ruídos Adoção de técnicas e ferramentas adequadas Processamento e consequencias Separação de resíduos gerados Correto armazenamento dos resíduos gerados Ações de diminuição do tempo de permanência dos resíduos na obra Diminuição da emissão de material particulado e fragmentos Desprendimento de gases, fibras e outros Utilização de EPC’s Utilização de EPI’s Diminuição no processamento em canteiro Interferências na flora local Interferências na fauna local Interferência ou obstáculo à chuva Interferência ou obstáculo à luz natural Interferência ou obstáculo ao vento Escassez de água Alteração da qualidade das águas subterrâneas Aumento da quantidade de sólidos Alteração da qualidade das águas superficiais Deterioração da qualidade do ar Esgotamento de reservas minerais Contaminação química ASPECTOS ANALISADOS Alteração das propriedades físicas do solo Temas Impactos Ambientais 60 Fornecimento de treinamento funcional à mão-de-obra Fornecimento de treinamento de segurança à mão-de-obra Incentivo e apoio à escolaridade Apoio e incentivo às idéias Obtenção de parcerias com fornecedores e clientes para logística reversa Ações de reutilização de resíduos Ações de reaproveitamento de resíduos Resíduos Ações de reciclagem de resíduos Fornecimento de treinamento à mão-de-obra Controle da perda de materiais por entulho Ações de diminuição da perda de materiais por entulho Controle da perda de materiais por incorporação Ações de diminuição da perda de materiais por entulho Correto manejo dos resíduos Correta destinação de resíduos não-renováveis Correta destinação de resíduos renováveis Reuso de água no canteiro Uso de água pluvial no canteiro Tentativa de diminuição na remoção de edificações (Retrofit) Tentativa de diminuição da supressão da vegetação original Infraestrutura do canteiro de obras Diminuição do risco de desmoronamentos Execução de ligações provisórias (exceto águas servidas) Esgotamento de águas servidas Risco de perfuração de redes Possível fornecimento de energia do canteiro à rede urbana Utilização de materiais reciclados nas construções provisórias Diminuição na área de impermeabilização Não ocupação de via pública Circulação de materiais, equipamentos, máquinas e veículos Utilização de lotes externos ao canteiro de obras Manutenção e limpeza de ferramentas, equipamentos, máquinas e veículos Fornecimento de acompanhamento psicológico à mão-de-obra Fornecimento de atendimento médico à mão-de-obra Fornecimento de atendimento odontológico à mão-de-obra 61 7.3 MATRIZ MODIFICADA DE CORRELAÇÕES ASPECTOS X IMPACTOS SOCIAIS Diminuição no consumo de recursos (inclui perda incorporada e embalagens) Diminuição no consumo e desperdício de água Diminuição no consumo e desperdício de energia Aproveitamento de energia eólica Aproveitamento de energia solar Recursos Aproveitamento de energia mecânica Reuso de água Coleta água pluvial Utilização de recursos encontrados nas proximidades da obra Utilização de recursos com qualidade controlada Controle e tratamento de resíduos antes do descarte Correto armazenamento dos recursos Fornecimento de treinamento à mão-de-obra Correta utilização dos recursos Ações para diminuição na geração de resíduos perigosos Ações para diminuição na geração de resíduos sólidos Diminuição da emissão de vibração Processamento e consequências Diminuição da emissão de ruídos Adoção de técnicas e ferramentas adequadas Separação de resíduos gerados Correto armazenamento dos resíduos gerados Ações de diminuição do tempo de permanência dos resíduos na obra Diminuição da emissão de material particulado e fragmentos Desprendimento de gases, fibras e outros Utilização de EPC’s Utilização de EPI’s Diminuição no processamento em canteiro Fornecimento de treinamento funcional à mão-de-obra Fornecimento de treinamento de segurança à mão-de-obra Incentivo e apoio à escolaridade IDH Desemprego Escolaridade Problemas urbanos Acidentes e mortes Qualidade de vida Interferência emocional Saúde pública Criminalidade Doenças funcionais ASPECTOS ANALISADOS Proliferação de doenças por vetores Temas Impactos Sociais 62 Apoio e incentivo às idéias Obtenção de parcerias com fornecedores e clientes para logística reversa Ações de reutilização de resíduos Ações de reaproveitamento de resíduos Ações de reciclagem de resíduos Resíduos Fornecimento de treinamento à mão-de-obra Controle da perda de materiais por entulho Ações de diminuição da perda de materiais por entulho Controle da perda de materiais por incorporação Ações de diminuição da perda de materiais por entulho Correto manejo dos resíduos Correta destinação de resíduos não-renováveis Correta destinação de resíduos renováveis Reuso de água no canteiro Uso de água pluvial no canteiro Tentativa de diminuição na remoção de edificações (Retrofit) Tentativa de diminuição da supressão da vegetação original Infraestrutura do canteiro de obras Diminuição do risco de desmoronamentos Execução de ligações provisórias (exceto águas servidas) Esgotamento de águas servidas Risco de perfuração de redes Possível fornecimento de energia do canteiro à rede urbana Utilização de materiais reciclados nas construções provisórias Diminuição na área de impermeabilização Não ocupação de via pública Circulação de materiais, equipamentos, máquinas e veículos Utilização de lotes externos ao canteiro de obras Manutenção e limpeza de ferramentas, equipamentos, máquinas e veículos Fornecimento de acompanhamento psicológico à mão-de-obra Fornecimento de atendimento médico à mão-de-obra Fornecimento de atendimento odontológico à mão-de-obra 63 7.4 MATRIZ MODIFICADA DE CORRELAÇÕES ASPECTOS X IMPACTOS ECONÔMICOS Diminuição no consumo de recursos (inclui perda incorporada e embalagens) Diminuição no consumo e desperdício de água Diminuição no consumo e desperdício de energia Aproveitamento de energia eólica Aproveitamento de energia solar Aproveitamento de energia mecânica Reuso de água Coleta água pluvial Utilização de recursos encontrados nas proximidades da obra Utilização de recursos com qualidade controlada Controle e tratamento de resíduos antes do descarte Recursos Correto armazenamento dos recursos Fornecimento de treinamento à mão-de-obra Correta utilização dos recursos Ações para diminuição na geração de resíduos perigosos Ações para diminuição na geração de resíduos sólidos Diminuição da emissão de vibração Processamento e consequências Diminuição da emissão de ruídos Adoção de técnicas e ferramentas adequadas Separação de resíduos gerados Correto armazenamento dos resíduos gerados Ações de diminuição do tempo de permanência dos resíduos na obra Diminuição da emissão de material particulado e fragmentos Desprendimento de gases, fibras e outros Aumento do volume de aterros de resíduos Escassez de energia elétrica Interferência na drenagem urbana Alteração nas condições de segurança Pressão sobre serviços urbanos (exceto drenagem) Alteração no tráfego de vias locais Incômodo para a comunidade Alteração nas condições de saúde Alteração da qualidade paisagística Alteração nas condições de segurança Visibilidade do local Visibilidade da empresa Valorização local ASPECTOS ANALISADOS Custos envolvidos à vizinhança TEMAS Impactos Econômicos 64 Utilização de EPC’s Utilização de EPI’s Diminuição no processamento em canteiro Fornecimento de treinamento funcional à mão-de-obra Fornecimento de treinamento de segurança à mão-de-obra Incentivo e apoio à escolaridade Apoio e incentivo às idéias Obtenção de parcerias com fornecedores e clientes para logística reversa Ações de reutilização de resíduos Ações de reaproveitamento de resíduos Ações de reciclagem de resíduos Fornecimento de treinamento à mão-de-obra Controle da perda de materiais por entulho Ações de diminuição da perda de materiais por entulho Controle da perda de materiais por incorporação Ações de diminuição da perda de materiais por entulho Resíduos Correto manejo dos resíduos Correta destinação de resíduos não-renováveis Correta destinação de resíduos renováveis Reuso de água no canteiro Uso de água pluvial no canteiro Tentativa de diminuição na remoção de edificações (Retrofit) Tentativa de diminuição da supressão da vegetação original Diminuição do risco de desmoronamentos Execução de ligações provisórias (exceto águas servidas) Esgotamento de águas servidas Risco de perfuração de redes Possível fornecimento de energia do canteiro à rede urbana Infraestrutura do canteiro de obras Utilização de materiais reciclados nas construções provisórias Diminuição na área de impermeabilização Não ocupação de via pública Circulação de materiais, equipamentos, máquinas e veículos Utilização de lotes externos ao canteiro de obras Manutenção e limpeza de ferramentas, equipamentos, máquinas e veículos Fornecimento de acompanhamento psicológico à mão-de-obra Fornecimento de atendimento médico à mão-de-obra Fornecimento de atendimento odontológico à mão-de-obra 65 7.5 EXEMPLO DE RELATÓRIO DE VISITA DO PROFISSIONAL FISCALIZADOR DA CERTIFICAÇÃO LEED 66 67 7.6 MATRIZ DE CORRELAÇÕES UTILIZADA PARA AVALIAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS DO EMPREENDIMENTO ITOWER E VALIDAÇÃO TEÓRICA DESTE TRABALHO Diminuição no consumo e desperdício de água Diminuição no consumo e desperdício de energia Recursos Aproveitamento de energia solar Coleta água pluvial Correta utilização dos recursos Processam. e consequencias Adoção de técnicas e ferramentas adequadas Separação de resíduos gerados Utilização de EPI’s Diminuição no processamento em canteiro Resíduos Ações de reciclagem de resíduos Controle da perda de materiais por incorporação Correta destinação de resíduos renováveis Reuso de água no canteiro Infraestrutura do canteiro de obra Uso de água pluvial no canteiro Esgotamento de águas servidas Não ocupação de via pública Utilização de lotes externos ao canteiro de obras Fornecimento de treinamento à mão-de-obra Escassez de energia elétrica Interferência na drenagem urbana Alteração no tráfego de vias locais Incômodo para a comunidade Alteração nas condições de saúde Valorização local IDH Desemprego Criminalidade Proliferação de doenças por vetores Interferências na fauna/flora local Interferência ou obstáculo à chuva Interferência ou obstáculo à luz natural Interferência ou obstáculo ao vento Escassez de água ASPECTOS ANALISADOS Deterioração da qualidade do ar Temas Impactos Ambientais Impactos Sociais Impactos Econômicos 68 8. APÊNDICE O Brasil é considerado um país de dimensões continentais, com uma área territorial de 8.514.876,599 km², o que corresponde a 47% de todo território sul-americano. É formado por 26 estados e 01 distrito federal, compreendendo 5.565 municípios. É cortado pelas linhas imaginárias do Equador e do Trópico de Capricórnio e possui três fusos horários. Como toda porção de terra, para determinação de seu clima e, portanto, de sua vegetação, sofre influências de sua localização geográfica no globo, das correntes marítimas, das massas de ar e das ações antrópicas. Assim, apresentadas as principais influências e fatores que o Brasil está sujeito, é necessária a definição das principais diferenças regionais brasileiras, porém não só climaticamente ou ambientalmente, mas também econômica, social e culturalmente. Quadro 6- Quadro comparativo entre algumas características regionais brasileiras: Características Região Clima predominante Temperatura média (ºC) Pluviosidade (mm) Vegetação predominante Florestas, campos e indústrias urbanizadas Sul Subtropical entre 12 e 21 entre 1200 e 2000 Sudeste Tropical de altitude média de 22 1000 Norte Equatorial entre 24 e 26 entre 2000 e 3000 Nordeste Semi-árido entre 20 e 28 entre 300 e 2000 (alguns pontos) Centrooeste Tropical entre 18 e 25 entre 1200 e 2500 (alguns pontos) IDH Economia Pólo turístico, cultivo de grãos, Maior extrativismo mineral e pecuária Agricultura, Mata Atlântica, pecuária, indústria Floresta Segundo de tecnologia e Latifoliada e maior alto valor cerrado agregado Zona Franca de Manaus, Floresta Quarto extrativismo Amazônica maior vegetal e mineral, pecuária e turismo Agricultura de subsistência, Caatinga Pior indústria de alto valor agregado, turismo. Pecuária extensiva, Floresta indústria de Amazônica, Terceiro alimentos e cerrado e maior madeireiras, Pantanal extrativismo mineral, vegetal e turismo. Participação no PIB brasileiro (2007) Segundo maior Maior Pior Quarto melhor Terceiro maior 69