Certificação ambiental na construção - DECiv

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Certificação ambiental na construção - DECiv
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
A certificação ambiental na construção: boas práticas na gestão do
canteiro de obra
Angelo Rafael Antoniazzi
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade
Federal de São Carlos como parte dos
requisitos para a conclusão da
graduação em Engenharia Civil
Orientadora:
Serra
São Carlos
2010
Sheyla
Mara
Baptista
2
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a todas as pessoas que
conviveram comigo durante estes anos de graduação e
que de alguma forma contribuíram para meu
desenvolvimento como ser humano.
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos a minha família, minha mãe Márcia, meu pai Olindo, minha
avó Wilma e meu irmão Gabriel que, nos momentos mais difíceis e duvidosos da minha vida
sempre estiveram ao meu lado fornecendo todo apoio e incomparável esforço para que este
sonho se realizasse.
Também merecedores de agradecimentos não menos significativos se faz minha
orientadora Profª Drª Sheyla que sempre me auxiliou e contribuiu com seu vasto
conhecimento acadêmico e minha namorada Fernanda que me fez acreditar nas atitudes
sinceras e verdadeiras das pessoas e a lutar sempre pelos meus sonhos
independentemente do quão difícil se mostrassem ser.
Agradeço também aos professores doutores Léa Cristina e Itamar Lorenzon pela aceitação
do meu humilde convite para formação desta banca avaliadora e grande contribuição ao
meu estudo.
4
RESUMO
RESUMO
O setor da construção civil, considerado um dos que mais afetam o equilíbrio ambiental, seja
através do alto consumo de recursos ou da grande quantidade de resíduos gerados, é tido
como um grande alvo de ações sustentáveis e práticas construtivas que busquem a
diminuição destes índices. Uma das formas adotadas para atingir este objetivo é a
certificação ambiental de empreendimentos, com o fornecimento de Selos Ambientais que
avaliem e comprovem a contribuição destes empreendimentos para a diminuição do impacto
ambiental gerado pelos mesmos ao meio ambiente.
Torna-se evidente após análise e comparação das principais certificações utilizadas
atualmente que estas são pautadas em critérios de avaliação errôneos com a adoção de
parâmetros e considerações indevidas para determinado país, sem contar que em muitos
casos avaliações coerentes para determinado local são simplesmente utilizadas em outros
locais com características totalmente diferentes. A grande e maior característica em comum
a todas as certificações existentes é que todas elas consideram apenas a sustentabilidade
ambiental, não levando sem consideração as sustentabilidades econômicas, sociais e
culturais de onde são aplicadas.
Atualmente a preocupação com o meio ambiente e as conseqüências das ações humanas
sobre ele é tão grande que o tema está sendo utilizado como fonte de atrativo comercial por
empresas, muitas vezes de forma indevida e com uma ideologia falsa sobre o assunto, com
o intuito de atrair clientes em potencial e com isso aumentarem seus lucros.
São nestes pontos que este trabalho se pauta e traz como resultado uma forma de
avaliação simplificada aplicada ao Brasil, voltada apenas ao canteiro de obra e totalmente
baseada em parâmetros de referência (benchmark) considerando-se as características mais
amplas e abrangentes das regiões brasileiras e adotados após estudo de caso realizado ao
empreendimento iTower, localizado na cidade de Barueri, próximo à Grande São Paulo e
executado pela Odebrecht.
Palavras-chave: certificações ambientais, sustentabilidade, canteiro de obra.
ABSTRACT
ABSTRACT
The construction industry, considered one that most affects the environmental balance,
either through the high consumption of resources or the large amount of waste produced, is
considered the major target of sustained and construction practices that seek to decrease
these rates. One of the ways adopted to achieve this goal is the environmental certification of
enterprises, with the supply of “environmental stamps” in order to evaluate and prove the
contribution of these projects in decreasing the environmental impact produced by them to
the
environment.
Becomes evident after examination and comparison of main certificates that are currently
used are based on erroneous assessment criteria with the adoption of parameters and
improper considerations for a place, not to mention that in many cases consistent ratings for
a place are simply used in others with totally different characteristics. The large and more
common feature to all existing certificates is that they all consider only environmental
sustainability, not taking the account of economic, social and cultural aspects where they are
applied.
Nowadays, the concern with the environment and the consequences of human actions on it
is so great that the theme is being used as a source of attraction for commercial companies,
often inappropriately and with a false ideology on the subject, in order to attract potential
customers
and
thus
increase
their
profits.
These are points that this work is guided and as a result brings a simplified form of
assessment applied to Brazil, directed only to the building site and fully based on
benchmarks, considering the characteristics of the broader and more extensive regions of
Brazil and adopted after the case study conducted in iTower, located in Barueri, near Sao
Paulo and built by Odebrecht.
Key-words: environmental certifications, sustainability, construction site.
6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Ação de marketing com utilização do fator sustentabilidade .................................... 8
Figura 2 - Gráfico de participação dos agentes da cadeia produtiva da construção civil em seu
PIB ...................................................................................................................................... 9
Figura 3 - Gráfico dos tipos de lesões apresentadas por trabalhadores da construção civil nos
anos de 1998 e 1999. ........................................................................................................ 11
Figura 4 - Modelo da "Matriz A x I" ........................................................................................ 19
Figura 5 - Planta do empreendimento iTower .......................................................................... 22
Figura 6 - Corte esquemático do empreendimento iTower ...................................................... 22
Figura 7 - Localização do empreendimento iTower ................................................................. 23
Figura 8 - Entrada principal do canteiro de obras .................................................................... 24
Figura 9 - Alteração da fachada do iTower para adequação ao LEED Golden........................ 26
Figura 10 - Acompanhamento da pontuação do LEED ............................................................ 27
Figura 11 - Água de reuso, utilizada no canteiro de obras ....................................................... 29
Figura 12 - Utilização de “robôs” elétricos .............................................................................. 29
Figura 13 - Utilização de recursos de forma benéfica .............................................................. 30
Figura 14 - Utilização de técnicas e ferramentas adequadas para cada atividade .................... 31
Figura 15 - Central de baias de armazenamento de resíduos ................................................... 31
Figura 16 - Bambonas para coleta de material reciclável ......................................................... 32
Figura 17 - Visita à central de reciclagem de envio dos resíduos do canteiro de obras ........... 32
Figura 18 - Funcionários utilizando EPI’s adequados para cada função .................................. 33
Figura 19 - Utilização de concreto usinado .............................................................................. 33
Figura 20 - Bombeamento de água do canteiro de obras ......................................................... 34
Figura 21 - Caixas de decantação ............................................................................................. 35
Figura 22 - Lançamento da água bombeada do canteiro de obras na via pública .................... 35
Figura 23 - Lava-rodas ............................................................................................................. 36
Figura 24 - Lava-bicas .............................................................................................................. 36
Figura 25 - Resíduos sendo incorporados à construção ........................................................... 37
Figura 26 - Caixa de mitigação................................................................................................. 37
Figura 27 - Não utilização de capacete em áreas internas ao canteiro de obras ....................... 38
Figura 28 - Sedimento responsável por entupimento de galeria pluvial .................................. 39
Figura 29 - Árvores não protegidas com tela laranja para evitar danos por impacto de
máquinas e veículos .......................................................................................................... 39
Figura 30 - Dutos metálicos armazenados de forma incorreta ................................................. 40
Figura 31 - Mistura de produtos contaminantes ....................................................................... 40
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Principais certificações de empreendimentos..........................................................13
8
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Avaliação realizada para a região sudeste................................................................43
Quadro 2: Avaliação realizada para a região sul.......................................................................44
Quadro 3: Avaliação realizada para a região nordeste..............................................................45
Quadro 4: Avaliação realizada para a região norte...................................................................46
Quadro 5: Avaliação realizada para a região centro-oeste........................................................47
Quadro 6: Quadro comparativo entre algumas características regionais brasileiras.................68
SUMÁRIO
1.
2.
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
1.1
Objetivos .................................................................................................................... 3
1.2
Metodologia ............................................................................................................... 4
1.3
Estrutura da monografia ......................................................................................... 5
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 6
3. METODOLOGIA DE ANÁLISE, ADOÇÃO DOS PARÂMETROS, “PESOS” E
APLICAÇÃO DOS CHECKLISTS ......................................................................................... 17
4.
ESTUDO DE CASO E RESULTADOS ......................................................................... 21
4.1
Caracterização da obra analisada ......................................................................... 21
4.2
A busca pela certificação leed ................................................................................ 24
4.3
O processo de construção, algumas medidas sustentáveis adotadas no canteiro
de obras do empreendimento iTower e algumas alterações e ajustes exigidos pela
certificação LEED............................................................................................................... 28
4.4
Resultados ............................................................................................................... 41
5.
CONCLUSÕES ................................................................................................................ 49
6.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 53
7.
ANEXO ............................................................................................................................ 56
7.1
Matriz de correlações Aspectos x Impactos Ambientais proposta por Araújo
(2009) 56
7.2
Matriz modificada de correlações Aspectos x Impactos Ambientais................. 59
7.3
Matriz modificada de correlações Aspectos x Impactos SOCIAIS .................... 61
7.4
Matriz modificada de correlações Aspectos x Impactos ECONÔMICOS ........ 63
7.5
Exemplo de relatório de visita do profissional fiscalizador da certificação
LEED 65
7.6
Matriz de correlações utilizada para avaliação do canteiro de obras do
empreendimento iTower e validação teórica deste trabalho .......................................... 67
8.
APÊNDICE ...................................................................................................................... 68
1.
INTRODUÇÃO
Frente aos problemas ambientais, assunto altamente debatido atualmente e à grande
contribuição da cadeia produtiva da construção civil que engloba a indústria de materiais,
serviços, comércio de materiais, outros fornecedores, máquinas e equipamentos, torna-se
motivo para que este assunto alcançasse as proporções que possui hoje e faz com que o
presente estudo se mostre como uma forma importante de contextualizar e aprofundar os
conhecimentos sobre o estado da arte, ações e principais dificuldades para tornar o setor da
construção menos “nocivo” ao meio ambiente. Justamente por se tratar de um tema atual é
de grande valia para os profissionais do setor da construção que o mesmo seja cada vez
mais estudado e suas informações sejam cada vez mais aprofundadas, verídicas e atuais,
fortalecendo assim não somente a conscientização dos profissionais envolvidos no setor,
mas evidenciando também a importância de toda sociedade na cadeia da construção civil.
No âmbito social, o setor é um dos que mais empregam atualmente no Brasil,
respondendo assim pela grande parte da mão-de-obra disponível e, conseqüente aumento
da população brasileira. Sua colaboração social é discutível no ponto de que grande parte
dessa mão-de-obra se faz ainda de forma informal e o nível de escolaridade e
especialização dos mesmos são baixos.
No âmbito ambiental, inúmeros estudos comprovam que a indústria da construção
civil é a que mais degrada o meio ambiente, desde o consumo de energia necessário e
consumido para extração e industrialização de materiais, passando pelo alto desperdício de
materiais e altíssima geração de entulho, até chegar à questão do uso e manutenção dos
empreendimentos. Quesitos como localização da edificação no lote, máximo aproveitamento
da ventilação e iluminação natural, utilização e tratamento dos resíduos oriundos da fase
executiva, da fase de utilização e da fase de manutenção, armazenamento e
reaproveitamento de águas pluviais e/ou cinzas, etc., devem ser analisados para diminuição
do impacto da edificação frente seu entorno e o meio ambiente.
O assunto energético passou a ser discutido com mais ênfase após a grande crise
energética da década de 70, sendo o real ponto de partida da preocupação humana
referente a uma futura falta de energia, e por conseqüência, uma necessidade de novas
fontes de energia e preservação das existentes e utilizadas na época. Estudos anteriores
haviam sido realizados, inclusive direcionados à indústria da construção civil, mas foi após a
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constatação de alterações consideráveis nas condições climáticas da Terra, no início dos
anos 90, que o assunto passou a ser tratado de forma ativa e considerável.
Mais especificamente no setor da construção civil, várias ações com os objetivos de
diminuir os impactos do setor no meio ambiente foram adotadas, com foco em toda a cadeia
de produção, desde a diminuição do consumo de energia para produção dos insumos até o
descarte dos mesmos, passando pela etapa de produção e pós-ocupação dos produtos
obtidos. Dentre estas ações citam-se as certificações ambientais para avaliação da
sustentabilidade de empreendimentos, com ação inicial no Reino Unido e, disseminadas,
principalmente pelos países desenvolvidos, visando garantir o padrão de vida alcançado e
exigido pela população de tais países, sem comprometer o meio ambiente.
Porém com a simples aplicação de métodos de certificação para diferentes países
com climas e culturas totalmente diferentes, ou mesmo para avaliação de empreendimentos
em diferentes regiões de um mesmo país, surgiram problemas como quais parâmetros de
comparação adotar para que se tenha uma comparação confiável sobre qual o grau de
sustentabilidade de algum empreendimento em relação a outro, como estabelecer estes
parâmetros, se é que é possível ser estabelecido. É com base nestas questões a serem
respondidas que este trabalho se faz necessário, é o início de um processo demorado e
altamente complexo, sendo necessárias várias coletas de dados em diversas regiões com
clima, economia e questões sociais, para possível estabelecimento de comparações
seguras e confiáveis.
Ao decorrer da revisão bibliográfica é explicado todo processo teórico e utilizado para
criação desta nova avaliação. Apenas como tentativa de aplicação desta nova avaliação e
visando a busca pela identificação de um caminho correto ou errôneo, partindo deste
estudo, aqui se faz a análise de apenas um canteiro de obras situado na região de Barueri,
próximo à Grande São Paulo, que tem por objetivo apenas avaliar a metodologia e teoria
adotada para uma nova forma de avaliação de sustentabilidade em canteiros de obras e
identificar parâmetros essenciais e/ou principais e parâmetros secundários, sempre se
tratando para as diferentes regiões do Brasil.
É necessário que os parâmetros adotados sejam pautados em parâmetros de
referência determinados para uma região que considere suas características climáticas,
sociais e culturais. Isso se mostra de grande importância para todos os países, dentre eles o
Brasil, devido suas dimensões continentais e seu curto histórico na atuação deste tipo de
ação, iniciada apenas no ano 2000.
Para determinação destes parâmetros serão avaliadas as certificações ambientais
mais utilizadas atualmente, principalmente certificação LEED. Essa determinação será
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pautada em documentos, normas técnicas, artigos e teses, além de entrevista realizada com
intervenientes participantes na execução de canteiros de obras com preocupações e ações
sustentáveis, comparação entre os métodos de avaliação existentes e estudo das
características climáticas, sociais e culturais de algumas regiões do Brasil. Logo, os
parâmetros aqui obtidos terão um cunho geral e amplo para regiões do Brasil, sendo
necessário um aprofundamento maior na análise dos fatores considerados quanto maior for
à exigência e necessidade de especificação da avaliação.
Certificações ambientais emitidas de forma errônea fornecem dados incoerentes
sobre suas reais contribuições para diminuição do impacto ambiental do setor, isso por que
empreendimentos certificados com alto padrão de sustentabilidade nem sempre o são, além
do que certificações concedidas de forma ineficaz podem contribuir e atuar como forma
ilícita para aumento na facilidade de comercialização de empreendimentos do tipo, ou seja,
podem ser uma fonte de ação enganosa para garantir aumento nos lucros de empresas
ligadas ao ramo além de uma falsa contribuição ao meio ambiente, se tornando assim um
contratempo na busca de edificações mais sustentáveis do que propriamente uma ação
benéfica.
1.1
OBJETIVOS
O presente trabalho tem por objetivos:

Evidenciar os diferentes e mais utilizados tipos de certificação ambiental de
empreendimentos, estabelecendo uma comparação de forma global entre os
mesmos;

Elaboração de um checklist considerando características sociais, ambientais
e econômicas de cada região brasileira, para aplicação e avaliação do
canteiro de obras do estudo de caso analisado, com base nas informações
coletadas durante a realização deste trabalho;

Comparação e análise crítica dos resultados obtidos quando da aplicação do
checklist para um mesmo canteiro de obras, considerando os “pesos”
estipulados para cada item analisado conforme sua importância para cada
região brasileira.
4
1.2
METODOLOGIA
Com o intuito de se atingir os objetivos propostos, as atividades serão compostas de
uma revisão bibliográfica que servirá de base teórica para este trabalho, sendo formado de
análise
conceitual
e
definições,
revisão
do
histórico
sobre
a
certificação
de
empreendimentos no Brasil e no mundo, estado da arte brasileira no que tange a estudos
sobre a certificação ambiental nacional, análise crítica sobre a utilização do diferencial
sustentabilidade por empresas da construção como meio facilitador para o aumento de lucro
e venda de empreendimentos, definição de parâmetros de referência característicos a cada
região brasileira para elaboração do checklist de avaliação de canteiro de obras.
Toda revisão bibliográfica será pautada em documentos de valor técnico e científico
com informações reconhecidamente verídicas e plausíveis, mencionando-se, por exemplo,
as normas brasileiras ABNT NBR e artigos técnicos apresentados em revistas e congressos
de grande reconhecimento e divulgados por grandes estudiosos do assunto. Para transição
entre a fundamentação teórica e a prática será feita uma comparação de forma ampla e
global entre os principais métodos de avaliação ambiental utilizados, analisando-se os
principais pontos positivos e negativos, sempre tendo como ênfase o âmbito nacional.
Depois de realizada a transição mencionada, o trabalho enfatiza sua parte prática
que consiste na realização de um estado de caso com visitas presenciais a um canteiro de
obra que utiliza conceitos sustentáveis durante sua fase de execução. Serão também
obtidas informações deste empreendimento como fotos, relatórios, checklists e outros,
através de informações adquiridas durante as visitas realizadas e diálogos com
intervenientes atuantes e participantes ativamente da construção e elaboração da obra
mencionada.
Para se atingir o último fruto deste trabalho, a criação de um checklist geral
considerando as características ambientais, sociais e econômicas de cada região brasileira
para avaliação de boas práticas sustentáveis nos canteiros de obras, o estudo direciona-se,
em um primeiro estágio, à busca pela diferenciação regional brasileira e, em um segundo
estágio à aplicação deste checklist à obra iTower da Odebrecht (construtora), baseado
apenas nos fatores diferenciáveis entre essas regiões porém de uma forma mais ampla e
global, ou seja, sem um grande aprofundamento devido à quantidade de informações
necessárias para tal. Mesmo com estas considerações, o presente trabalho se mantém
confiável mesmo que sejam analisadas apenas as características diferentes das 05 regiões
brasileiras justamente pelo fato de que as características em comum serão dotadas de uma
mesma pontuação e todas as regiões as levariam em consideração.
5
Para aprofundamento e um refinamento maior desse checklist, sendo possível assim
uma análise mais real e com diminuição na margem de erro seria necessário um maior
dispêndio de tempo e de informações sobre o assunto, assim como uma grande quantidade
de ensaios práticos e coleta de dados reais para análise e confirmação dos resultados
obtidos após análise crítica teórica, não compatíveis com o disponível para elaboração deste
trabalho. Porém fica aqui expressa a vontade do autor em dar continuidade ao estudo do
tema, aprofundamento e obtenção de maiores e melhores resultados.
1.3
ESTRUTURA DA MONOGRAFIA
Este trabalho é dividido em capítulos e itens para facilitar a compreensão por parte
do leitor. A introdução fornece as informações gerais sobre o tema em estudo e expõe a
importância do tema. A revisão bibliográfica conceitua e promove todo o embasamento
teórico para a elaboração do trabalho. O capítulo denominado metodologia de análise,
adoção dos parâmetros, “pesos” e aplicação dos checklists apresenta toda a metodologia de
análise e definição dos parâmetros pertencentes ao checklist neste trabalho aplicado, bem
como sua aplicação propriamente dita. O capítulo referente ao estudo de caso apresenta as
características observadas nas visitas práticas ao canteiro de obras durante este trabalho e
os resultados obtidos na aplicação do checklist ao canteiro mencionado. Por fim são
apresentadas as conclusões obtidas neste trabalho, referências bibliográficas e os anexos
utilizados para comprovação dos fatos neste trabalho expostos.
6
2.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para que o assunto sustentabilidade possa começar a ser discutido, é importante
que se façam algumas definições que permitam basear os conceitos e estipular diretrizes
para que uma linha de raciocínio e discussão possa ser traçada sem que ocorram equívocos
ou misturas de conceitos.
Araújo (2009) define meio ambiente como sendo a “circunvizinhança em que uma
organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres
humanos e suas inter-relações”. É então de se esperar que o meio ambiente no qual um
canteiro de obras está envolvido englobe os meios físico (água, solo e ar), biótico (flora e
fauna) e antrópico (trabalhadores, vizinhança e sociedade).
Já a sustentabilidade pode ser definida simplesmente como algo que se pode
sustentar. Isso pode ser analisado de forma que toda sociedade ou processo de
desenvolvimento consiga satisfazer suas necessidades sem comprometer as gerações
futuras. Criar um mundo sustentável, dessa forma, é criar um mundo menos agressivo
(MATEUS, 2005 apud MARINELLI, 2009).
Silva (2007 apud MARINELLI, 2009) define o termo sustentabilidade como “o
desenvolvimento que garante as necessidades das gerações presentes sem comprometer a
capacidade de desenvolvimento das gerações futuras”.
Seguindo a mesma linha de raciocínio,
Araújo (s.d.)
restringe o termo
sustentabilidade voltado para a construção civil e define que a moderna construção
sustentável ideal deve visar sua auto-suficiência e até sua auto-sustentabilidade.
“Autosustentabilidade é a capacidade de manter-se a si mesmo, atendendo a suas próprias
necessidades, gerando e reciclando seus próprios recursos a partir do seu sítio de
implantação”.
Define também, construção sustentável como “um sistema construtivo que promove
alterações conscientes no entorno, de forma a atender as necessidades da edificação,
habitação e uso do homem moderno, preservando o meio ambiente e os recursos naturais,
garantindo qualidade de vida para as gerações atuais e futuras”.
Ainda segundo Araújo (s.d.), “a construção sustentável não é um modelo para
resolver problemas pontuais, mas uma maneira inovadora de pensar sobre a edificação em
si e seu entorno, intervindo no ambiente, porém, preservando-o”. Assim, entende-se que a
construção sustentável deve tratar o ambiente de forma sustentável em relação ao todo.
7
Shimbo (1998 apud MARINELLI, 2009) diz que “um ambiente sustentável depende
da interação de diferentes sistemas, os quais devem compreender a composição de
diferenciais arquitetônicos, sociais, econômicos e ecológicos”, especificados abaixo:
FATOR ARQUITETÔNICO: de importância não só estética, mas principalmente a
organização e disposição de cômodos e esquadrias. A chamada arquitetura orgânica, por
exemplo, procura eliminar elementos desnecessários, ressaltando a natureza dos materiais
e adota critérios coerentes com a política de gerenciamento ambiental tanto na escolha
desses materiais como nas técnicas de aproveitamento de condicionantes naturais (sol e
vento) na busca da racionalização e eficiência energética.
FATOR SOCIAL: deve atender toda a sociedade, desde a população de baixa até a
alta renda. Outro ponto importante a ser analisado é o caráter financeiro das pessoas que
habitam o local, já que existem diversos tipos de habitações sustentáveis, seja de baixo,
médio ou alto padrão, esses empreendimentos podem utilizar tecnologias de alto nível ou
aproveitar recursos e conhecimentos antigos e mais simples, barateando seus custos.
(MARINELLI, 2009).
FATOR ECONÔMICO: analisada do ponto de vista em atrair os consumidores, ou
seja, utilizam o fator sustentabilidade para atrair compradores em potencial para o produto.
Com isso, muitas construtoras de empreendimentos imobiliários trazem novidades de
sustentabilidade em seus edifícios, usando o termo construção sustentável como manobra
de marketing para aumentar seus lucros e vendas.
FATOR ECOLÓGICO: analisado durante todo o ciclo de vida da edificação, desde o
processo de obtenção dos materiais até seu descarte final.
A Figura 1, retirada do site de uma empresa ligada ao ramo da construção civil ilustra
a exposição feita sobre o relatado no fator econômico, onde empresas utilizam-se dos
conceitos de sustentabilidade para atrair clientes em potencial ou promoverem a realização
de um marketing enganoso. A figura se encontra desfocada, com nitidez apenas no item de
interesse a fim de manter o sigilo da empresa, e nota-se que é feita alusão à preocupação
sustentável, porém de uma forma ampla, sem exposição de fatos, ações, realizações ou
medidas adotadas.
8
Figura 1 - Ação de marketing com utilização do fator sustentabilidade
O grande desafio da construção civil é a interação e aplicação simultânea desses
fatores. A busca de um ambiente sustentável em um setor que até recentemente era tido
como artesanal quase que em sua totalidade, o setor com maior consumo de recursos
naturais, grande consumidor de energia para obtenção de recursos materiais e maior
gerador de resíduos se faz de uma mudança radical de conceitos, relevâncias, foco e
objetivos do setor, englobando os fatores ambiental, social e econômico atuais.
Para uma compreensão maior, melhor e mais detalhadas da interação destes fatores
estão sendo realizados diversos estudos, diversas pesquisas práticas, coleta de dados,
construção de protótipos, etc. em diversos segmentos da cadeia produtiva da indústria da
construção civil, desde a obtenção de matéria-prima até o descarte dos RCD (resíduos de
construção e demolição).
Akutsu, Brito & Vittorino (2008) exemplificam resultados de pesquisas que mostram
que, “em algumas cidades do Estado de São Paulo, mais da metade do volume diário de
resíduos coletados são oriundos da construção civil. Nos países do hemisfério norte, a maior
parte do consumo de energia é decorrente da climatização das edificações”.
A partir da análise somente deste estudo citado é evidenciada as diferentes
necessidades de consumo e as diferentes ações e interferências que países com grandes
diferenças culturais provocam ao meio ambiente. Esse fato é ainda mais evidenciado e
9
estudado quando da discussão da escolha e priorização de parâmetros de referência para a
avaliação ambiental de empreendimentos.
Nota-se, através de dados fornecidos por ABRAMAT que, no ano de 2008, a
indústria da construção propriamente dita respondeu por cerca de 60,70% do PIB
arrecadado pelo setor da construção civil brasileira, ou seja, responde pelo principal ponto
onde deve ser direcionada a maior quantidade de ações de práticas sustentáveis dentro da
cadeia produtiva do setor da construção civil, já que atuando na maior parcela geradora do
problema e, desde que medidas e ações sejam aplicadas de forma correta, será visualizado
um resultado mais rápido e significativo, como ilustra a Figura 2.
Figura 2 - Gráfico de participação dos agentes da cadeia produtiva da construção civil
em seu PIB
A indústria da construção propriamente dita pode ser entendida, como sendo o
canteiro de obras, definido, pela NR18, como uma “área de trabalho fixa e temporária, onde
se desenvolvem operações de apoio e execução de uma obra”, promovendo a utilização
transformação das matérias-primas em produtos, através da utilização de força humana ou
mecanizada.
Araújo (2009 apud Maia e Souza, 2003) define canteiro de obras como o “local no
qual se dispõem todos os recursos de produção (mão-de-obra, materiais e equipamentos),
organizados e distribuídos de forma a apoiar e a realizar os trabalhos de construção,
observando os requisitos de gestão, racionalização, produtividade e segurança/conforto dos
operários”.
Não fica claro e totalmente evidenciado ao leigo leitor que existam diferentes
canteiros de obras, diferindo em seus layouts, utilização de maquinário pesado ou não,
dimensões, necessidade de rapidez na execução da obra, instalações industrializadas e
10
racionalizadas, quantidade de mão-de-obra, quantidade de materiais, etc., assim como que
para diferentes etapas da obra existam diferentes canteiros para esta mesma obra. Visto
isso, que uma obra possui diferentes etapas, pode também possuir diferentes canteiros,
principalmente no que se refere à disposição de materiais e serviços, equipamentos, layout,
configuração logística, etc. e é de se esperar que parara diferentes canteiros existam
associados a eles diferentes dificuldades e facilidades para implantação de medidas e ações
de gestão sustentáveis.
Assim, para análise do grau de sustentabilidade e boas ações sustentáveis nos
canteiros de obras e determinação dos parâmetros analisados, bem como a importância e
relevância de cada um na avaliação para as diferentes regiões brasileiras, faz-se necessário
o conhecimento dos elementos constituintes e encontrados na maioria dos canteiros de
obra, é necessária a realização de uma divisão de etapas e estágios de uma obra, assim
como a associação de cada elemento identificado a uma determinada etapa da obra,
visando facilitar a análise por este trabalho proposta. Assim, será adotada aqui a mesma
classificação adotada em estudo realizado e apresentado por Araújo (2009), classificação
esta ilustrada no anexo 7.1.
Pode-se notar a identificação de diversos elementos que constituem um canteiro de
obras, associados a cada elo da mesma, desde a produção até os equipamentos
necessários para que a produção seja possível de realização, incluindo-se também
instalações externas à obra, como por exemplo, alojamentos de funcionários e outros lotes
e/ou terrenos alugados e/ou comprados para outros fins, como estoque de materiais,
manutenção de equipamentos e ferramentas, instalação de centrais de corte e dobra de
aço, instalação de centrais de concreto e argamassa, etc.
Nota-se também uma amplificação na determinação das atividades, passando a ser
analisadas como subsistemas de uma obra e, portanto, passando a ser analisadas em um
âmbito mais amplo e global, porém de igual importância à análise por elemento,
principalmente quando se pretende avaliar empreendimentos de uma mesma região, com
características climáticas, sociais e econômicas parecidas e da utilização de um mesmo
método e sistema construtivo, que possam ser analisados e avaliados segundo a utilização
de iguais critérios e priorizações.
Outro ponto que deve ser analisado e mencionado aqui é o fato de que associando
sustentabilidade à rotina, têm-se uma maior segurança no canteiro de obras, por exemplo,
quando se possui uma programação e projetos de reutilização de madeiras, ou então uma
parceria com algum ramo da economia que reutiliza restos de madeiras de obras para
outros fins, pode-se diminuir a quantidade de pregos fixados à madeira que permanecem
11
espalhados pelo canteiro reduzindo assim o risco de acidentes por perfuração, reduz-se
também a quantidade de material espalhado que pode ser motivo de torções, quedas,
escoriações e até mesmo criador de vetores transmissores de doenças.
Essas ações confrontam a “recusa” de parte da mão-de-obra em utilizar
equipamentos de proteção individual, já que é uma ação que não depende exclusivamente
da vontade do trabalhador. Pela análise da Figura 3 fica clara a necessidade de incluir
ações mais sustentáveis não só voltadas ao canteiro em si, mas também voltadas aos
trabalhadores.
30
25
20
15
10
5
0
lombociatalgia
bursite
hemoentorse
conjuntivite…
escoriações
luxação
torsão
esmagamento
ferimento…
lombalgia
não…
tendinite
traumatismo
ferimento…
fratura
ferimento…
entorse
contusão
Principais lesões apresentadas por
trabalhadores da construção civil
Figura 3 - Gráfico dos tipos de lesões apresentadas por trabalhadores da construção
civil nos anos de 1998 e 1999.
Assim, visto sua grande parcela de responsabilidade ambiental, social, econômico e
cultural sob análise dos fatores citados acima, a construção civil está buscando a criação e
implantação de maneiras para diminuir os impactos gerados pelo setor, criando novas
soluções tecnológicas, que apesar de geradas em grande número, dificilmente permanecem
com grande atuação no mercado, seja pela falta de disseminação da técnica ou
equipamento/ferramenta, seja pelo alto custo envolvido em sua implantação ou
simplesmente por falta de interesse de grande parte dos intervenientes envolvidos.
Nesse contexto cita-se a preocupação atual de toda a cadeia do setor da construção,
desde a produção do material até seu descarte, passando pela correta utilização, não só do
material, mas também do edifício. Estudos e tecnologias inovadoras que buscam a
sustentabilidade como, por exemplo, a parede trombe, estudos de ventilação e iluminação
12
natural partindo da correta disposição do edifício e localização geográfica, dispositivos que
buscam economia e reuso de água, reciclagem e uso de materiais alternativos, sejam eles
naturais ou não, materiais reciclados, etc.
Nota-se
após
exposto
que
diversas
ações
podem
ser
aplicadas
a
um
empreendimento para torná-lo sustentável, desde ações simples, como uso da criatividade
pela utilização de materiais urbanos, como garrafas PET, até ações complexas como uma
série de estudos e ensaios onerosos para desenvolvimento de novos sistemas construtivos,
métodos de gestão ou novos materiais.
Ao mesmo tempo em que essa grande variedade de soluções torna possível a
resolução de vários problemas da falta de sustentabilidade, gera também um problema real
na correta certificação e no comparativo entre níveis de sustentabilidade de edifícios e níveis
de “economia” de recursos, por exemplo, energia elétrica, justamente por não haver um
padrão de referências pautado em locais setorizados com características em comum.
Segundo Silva, V; Silva, M e Agopyan (2003) a preocupação ambiental começou a
tomar proporções globais quando da vivência da crise da década de 70. No início da década
de 90, essa preocupação se intensifica frente à constatação de mudanças climáticas e o alto
nível de recursos naturais exigidos pela população de países desenvolvidos para manter
seu nível de vida e, a construção civil, sendo um dos setores que mais agride o ambiente,
passa a desenvolver métodos para avaliar o quanto empreendimentos “deixam” de agredir o
meio ambiente com a adoção de métodos de certificação ambiental.
Ainda segundo os mesmos autores, o pioneirismo da criação de um método de
avaliação e certificação ambiental é de honra do Reino Unido. A certificação elaborada foi
denominada BREEAM e avalia a presença de dispositivos de economia (featured-based).
Posteriormente foi criada a certificação LEED, nos Estados Unidos, em 1992, de estrutura
mais simples e avaliação do edifício como um todo. Uma após outra as certificações foram
sendo criadas, sofrendo algumas alterações, melhorias ou simplesmente sendo “copiadas” e
aplicadas em diferentes países.
A Tabela 1 ilustra as principais avaliações ambientais existentes atualmente, com
seus enfoques, critérios e formas de avaliação:
13
Tabela 1 - Principais certificações de empreendimentos
PRINCIPAIS CERTIFICAÇÕES DE EMPREENDIMENTOS
Saúde, poluição,
Atendimento de
conforto, uso de
Classificação em
itens obrigatórios e
energia, uso de água,
vários níveis,
BREEAM Ambiental
classificatórios.
uso de materiais, uso
pontuação total
Classificação do
do solo, ecologia local
obtida
edifício.
e transporte
Sítios sustentáveis,
Atendimento de
energia e atmosfera,
itens obrigatórios e uso eficiente da água,
Quatro níveis,
LEED
Ambiental
classificatórios.
materiais e recursos,
pontuação total
Classificação do qualidade do ambiente
obtida
edifício.
interno, inovação e
processo de projeto.
Não há
classificação. A
Atendimento de
Impactos no meio
certificação é obtida
perfil ambiental.
ambiente, gestão de
a partir do
HQE
Ambiental
Certificação ou não recursos, conforto e
atendimento ao
do edifício.
saúde do usuário.
perfil de
desempenho
ambiental escolhido
Uso de recursos,
cargas ambientais,
Verificação do
Pontuação global do
Ambiental e
qualidade do ambiente
GBTOOL
atendimento dos
desempenho por
econômica
interno e dos serviços,
itens.
categoria
aspectos econômicos,
gestão de transporte.
Ambiente interno,
Verificação do
Cinco níveis de
qualidade dos
atendimento dos
classificação,
CASBEE Ambiental
serviços, ambiente
itens. Classificação
indicador global de
externo (dentro do
do edifício.
eficiência.
terreno)
Impactos no meio
Atendimento de
ambiente, materiais e
Cinco níveis de
Ambiental e itens obrigatórios e
resíduos, energia e
classificação,
IPT
desempenho
classificatórios.
atmosfera, uso
pontuação total
técnico
Classificação do
racional de água,
obtida.
edifício.
conforto e
salubridade.
A certificação GBTool foi a primeira experiência fundamentada em uma metodologia
científica com o intuito de avaliar os empreendimentos em relação a padrões de referência.
Foi formada por um consórcio de países, dentre eles o Brasil, dando origem a um software
14
de avaliação que buscava considerar diferenças regionais, porém de alta complexidade, o
que não ajudou em sua disseminação.
Os principais métodos de avaliação se baseiam em algumas diretrizes, de senso
comum entre os mesmos: planejamento sustentável da obra, aproveitamento passivo dos
recursos naturais, eficiência energética, gestão e economia da água, gestão dos resíduos na
edificação, qualidade do ar e do ambiente interior, conforto termo-acústico, uso racional de
materiais, uso de produtos e tecnologias ambientalmente amigáveis, porém divergem sobre
a forma de avaliação, critérios de pontuação e considerações realizadas, fatores que não
favorecem um setor onde os empreendimentos diferem muito entre si sejam por questões
locais, da região em que se inserem, da forma em que são realizados, etc.
As construções sustentáveis diferem segundo o grau de industrialização dos
produtos que as conformam e a forma de utilização dos mesmos:

Construção com materiais sustentáveis industriais: ecoprodutos industriais;

Construção com resíduos não-reprocessados (Earthship): resíduos de origem
urbana como garrafas PET, latas, etc.;

Construção com materiais de reuso: demolição ou segunda mão;

Construção alternativa: materiais convencionais disponíveis no mercado, com
funções diferentes das originais;

Construção natural: é o sistema construtivo mais ecológico, portanto, mais
próximos da própria natureza, uma vez que integra a edificação com o
ambiente natural e o modifica ao mínimo. Respeita o entorno e usa materiais
disponíveis no local da obra ou adjacências.
Visto isto, para se realizar uma correta avaliação de um empreendimento, no que se
referem ao tema principal deste trabalho, boas práticas na gestão do canteiro de obras,
faze-se necessária a criação de checklists baseados em parâmetros de referência que
considerem as características que diferem os países entre si ou mesmo regiões de um
mesmo território. Outro fator é a criação de critérios de avaliação e enfoque já que as
diversas certificações ambientais mais utilizadas em todo planeta não o fazem. Para análise
e comparação entre essas diferenças será utilizado aqui como base o trabalho de Araújo
(2009 apud Cardoso, 2006) cujas informações são mostradas abaixo e na Tabela 1.
15
BREEAM:
A avaliação é feita por pontos, assim, cada quesito ou exigência atendida equivale a
pontos. Para avaliação do canteiro de obras esta certificação permite 70 pontos de um total
de 695, o que corresponde a 11,7%.
CASBEE
Praticamente não faz exigências referentes ao canteiro de obras, exceto o incentivo
ao uso de materiais reciclados e o reuso de componentes estruturais, além do emprego de
madeiras provenientes de florestas sustentáveis.
HQE - Haute Qualité Environnementale
A avaliação é feita por níveis: Base (B) - critérios baseados em indicadores
normalizados ou regulamentares ou correspondentes às práticas usuais; Intermediário (I) critérios superiores aos das práticas usuais; Superior (S) - critérios definidos a partir das
melhores práticas constatadas em empreendimentos similares já realizados na França.
Avaliam a otimização da gestão dos resíduos do canteiro e redução dos incômodos,
poluições e consumos gerados pelo canteiro.
Green Building GBTool:
O GBTool avalia três pontos sobre os canteiros de obras: resíduos sólidos
(diminuição da quantidade, segregação, reuso e reciclagem, a saber: 3%; prática aceitável,
15%; boa prática, 51%; prática excelente, 75%.); impactos no terreno e aspectos sociais da
obra.
LEED - Leadership in Energy & Environmental Design
A metodologia LEEDTM é avaliada por meio da soma de pontos, com um máximo
atingível de 69. Existem 04 níveis de certificação LEED: a certified que é concedida a um
empreendimento quando o mesmo atinge o valor mínimo para certificação que é de 23 a 27
pontos; a certificação silver que varia de 28 a 33 pontos, a certificação golden de 33 a 44
pontos e a certificação platinum de 45 a 61 pontos. Para o canteiro de obras, exige o
controle de erosão e assoreamento, além da gestão dos resíduos do canteiro. A primeira é
obrigatória e não acrescenta pontos, enquanto a segunda pode render até dois pontos, ou
seja, 3% do total possível.
16
AQUA:
Tem sua origem no HQE e, por isso, mantém sua forma de avaliação, porém
considerando as demandas e particularidades do Brasil.
Segundo Silva, V; Silva, M e Agopyan (2003), no contexto brasileiro, ainda há uma
grande carência em normas e legislações sobre o assunto. Embora existam várias
iniciativas, estamos praticamente no início de busca por um melhor desempenho ambiental
de nossos edifícios. Atualmente há grande heterogeneidade no foco das empresas da
construção civil. Algumas estão se limitando à incorporação de conceitos por meio de
soluções de projetos que possuem grande visibilidade, porém sem representar grandes
melhorias ambientais, enquanto outras estão buscando certificação de acordo com critérios
do exterior, que nem sempre são adequados às condições nacionais. (AKUTSU, BRITO &
VITTORINO, 2008).
Segundo Kiss (2010), “no Brasil, a despeito dos custos envolvidos, a busca pela
certificação é crescente”. Isso ocorre devido à maior facilidade de alugar ou vender edifícios
comerciais, principalmente para empresas com objetivos ambientais. Faz-se necessário aqui
uma ressalva, a de que um edifício certificado não é necessariamente um edifício
sustentável.
Segundo Silva (2010), a taxa de registro de uma certificação não é o mais custoso,
mesmo que significativa. Os procedimentos mais onerosos são os esforços necessários de
projeto, construção, seleção de fornecedores e materiais, simulações e acompanhamentos.
Segundo estudos realizados pela empresa Odebrecht, no que refere-se ao capital
aplicado, os custos envolvidos para construção de um empreendimento sustentável, segue
em valores, a mesma linha de construção do mesmo, ou seja, a etapa de idealização é a
mais custosa, seguida pela etapa de concepção e projeto, construção e uso e operação. Já
no que tange os custos de um empreendimento ao meio ambiente, tem-se justamente o
contrário deste raciocínio, ou seja, a fase de uso e operação é a mais danosa ao ambiente,
seguida pela fase de construção, concepção e projeto e finalmente idealização.
Ainda segundo Silva (2010), nos países do exterior, por volta de 15 a 18% dos
compradores aceitariam pagar até 5% a mais de um produto mais eficiente ecologicamente,
além do que, atualmente um projeto norte-americano que considere preocupações
sustentáveis pode custar apenas 3% a mais do que um projeto convencional, muito abaixo
do que os 10 ou 15% quando do início da disseminação de edificações sustentáveis no
mesmo país.
17
3.
METODOLOGIA DE ANÁLISE,
ADOÇÃO DOS PARÂMETROS,
―PESOS‖ E APLICAÇÃO DOS
CHECKLISTS
Após definição das etapas e elementos de uma obra, é necessário determinar-se
quais parâmetros, aspectos e características cada região brasileira possui e devem ser
consideradas, bem como avaliar o grau de importância ou de freqüência de aspectos de
sustentabilidade ambiental, social e econômica a que cada parâmetro corresponde. Para
definição dos parâmetros e aspectos adotados para cada região brasileira tomou-se como
base as características associadas a cada região no que se refere ao clima, vegetação,
relevo, aspectos sociais e econômicos.
Para a determinação dos “pesos” estipulados para cada característica foi
considerado como parâmetro de referência a normalidade e adotada para esta a pontuação
de valor 03, numa escala que varia de 01 a 05. Por exemplo, considerando que na região
nordeste a pluviosidade é muito baixa quando analisada de forma global, têm-se que,
quando comparada a uma pluviosidade média normal, sua pontuação deve ser 05 e,
seguindo o mesmo raciocínio, na região norte onde de forma global a pluviosidade é alta,
quando comparada à normalidade sua pontuação deve ser 01.
Entende-se que a pontuação será considerada sempre no sentido da importância da
aplicação de ações sustentáveis referentes ao quesito em análise, logo, fica entendido que
na região nordeste a preocupação com a utilização de água pluvial ou reuso de água do
próprio canteiro é muito maior do que a preocupação sobre o mesmo item na região norte já
que sua escassez se mostra mais elevada, por isso a pontuação referente a este quesito
para a região nordeste é maior do que a pontuação referente a esse quesito na região norte.
O mesmo raciocínio foi realizado para todas as demais características que definem
as regiões brasileiras. Já para a procura de uma forma simples, rápida e barata de adoção
dos parâmetros de referência foi utilizada a idéia de “média”, explica-se: suponhamos que
uma região A possua renda per capita de 1000 unidades e uma região B possua renda per
capita de 100 unidades. Temos então que uma região C com renda per capita de 550
unidades está na normalidade, ou seja, pontuação 03, a região A terá pontuação 01 e a
região B pontuação 05 para o quesito renda per capita.
18
Quando não se possui números reais para avaliação dos parâmetros utiliza-se do
mesmo raciocínio elaborado anteriormente, porém com o uso de termos. Por exemplo, em
uma região A tem-se uma situação grave de contaminação do solo por resíduos de água de
lavagem de betoneira e em uma região B têm-se uma situação de contaminação do solo
oriunda de água de lavagem de betoneira praticamente nula, logo é de se esperar que uma
região C considerada como parâmetro de normalidade para este caso tenha um nível médio
ou controlado em aproximadamente 50% para contaminação do solo por água de lavagem
de betoneira. Assim, a região A possui pontuação 05 para este quesito, a região B possui
pontuação 01 e a região C possui pontuação 03 para este quesito. A relação aspecto x
impacto que não for identificada não receberá pontuação e para sua identificação será
adotado o símbolo X.
Fica aqui a ressalva de que a adoção de “pesos” variando de 1 a 5 foi feita
meramente para validação da teoria proposta, ou seja, não é baseada em nenhum método
estatístico ou de análise de dados, porém sua escala de 5 pontos permite a classificação
das correlações de forma desejável e oportuna já que fornece pontuação máxima (5),
pontuação média ou normal (3), pontuação mínima (1) e pontuações intermediárias entre a
mínima e média (2) e entre a máxima e média (4).
Outra ressalva importante a ser feita é de que as correlações adotadas como
existentes ou não e suas respectivas pontuações é fruto apenas da opinião e classificação
do autor deste trabalho, ou seja, totalmente subjetiva e com pouco embasamento teórico
sobre as características referentes a cada região brasileira.
É válida então a proposta para um aprofundamento maior sobre estes parâmetros e
critérios para uma avaliação mais real e verdadeira, melhor baseada em índices e dados
obtidos através de ensaios, experimentos e estudos teóricos.
Após definida a forma de pontuação e o método para determinação dos “pesos”
referente a cada quesito comparando-se as 05 regiões brasileiras é necessário saber quais
aspectos e quais impactos são conseqüências ou estão relacionados a cada aspecto
adotado.
Araújo (2009) propõe a utilização de uma matriz de correlação entre impactos e
aspectos ambientais, para diversas atividades de uma obra, e a denomina de “Matriz
Aspecto x Impacto” ou “Matriz A x I”, ilustrada na Figura 11:
19
Figura 4 - Modelo da "Matriz A x I"
Nota-se pela figura acima que o autor estipula correlações com grau de relevância.
Já para o checklist proposto neste trabalho, todos os parâmetros devem ser analisados
independentemente da região e o fator que faz a diferenciação e consideração dos aspectos
característicos a cada região é justamente a adoção dos “pesos”. Neste estudo, além dos
fatores ambientais serão considerados também os fatores sociais e econômicos.
Tomando como ponto de partida as matrizes de correlações propostas por Araújo
(2009), ilustradas no anexo 7.1, e realizando-se algumas alterações na forma de utilização
da “Matriz A x I”, relatados acima e de alguns parâmetros adotados, foi elaborada de forma
simplificada a matriz de correlações para o território brasileiro, considerando as
características intrínsecas a cada região, evidenciadas na forma segmentada em aspecto x
impacto ambiental, social e econômico, respectivamente nos anexos 7.2, 7.3, e 7.4.
A matriz de correlações do anexo 7.6, mais simplificada, será a utilizada neste
trabalho para validação teórica e discussão dos resultados obtidos.
O resultado final da aplicação do checklist para as 05 diferentes regiões brasileiras
consiste na soma de todas as pontuações relativas a cada correlação pontuada, tornando
possível a comparação e discussão dos resultados obtidos para cada região e uma
avaliação da eficiência e das diferenças de certificação que podem ocorrer na adoção de
avaliações errôneas.
Após análise de fatores climáticos, sociais e econômicos é possível o esboço de
fatores e aspectos distintos para consideração e verificação no estudo entre as diferentes
regiões brasileiras. Nota-se que alguns aspectos são comuns, independentemente da região
20
analisada, e outras não possuem uma diferença discrepante e significativa quando
comparadas a outras regiões.
Nota-se também que alguns aspectos são totalmente diferentes entre regiões, como
por exemplo, a importância de reutilização da água consumida no canteiro ou a captação de
água pluvial sendo, portanto, aspectos estes dotados de alguma excepcionalidade que deve
ser evidenciada e analisada quando da realização de um estudo para certificação ambiental
de um empreendimento em determinada região onde este aspecto seja predominante ou
desprezível de análise.
Após definição dos “pesos” adotados a cada quesito passível de verificação, as
informações citadas acima estão automaticamente incorporadas aos mesmos, logo, pronto
para ser aplicadas e verificadas na avaliação. Vale ressaltar que a partir do momento em
que as 05 regiões brasileiras foram analisadas e comparadas de forma simultânea para
determinação dos “pesos” na pontuação, a avaliação torna-se totalmente baseada em um
padrão de referência (aqui considerada como a normalidade), sendo assim possível o
entendimento de que a pontuação final de um canteiro de obras de um empreendimento, de
forma única e exclusiva, não evidencia que tal canteiro é mais sustentável do que outro
canteiro de outro empreendimento realizado em uma região distinta.
No item 04 – Estudo de Caso e Resultados é apresentado o canteiro de obras onde
o checklist é aplicado para estudo de ações e gestão sustentável do canteiro de obras de
uma mesma obra, situada na região de Barueri e, portanto, com aplicação indicada do
checklist considerando as características da região sudeste.
A ponto de se evidenciar as diferenças relativas a cada checklist e ao mesmo tempo
evidenciar os erros cometidos ao se utilizar uma forma de avaliação errônea quando da
certificação de um empreendimento, mesmo que em uma análise considerada apenas para
o canteiro de obras, este checklist será aplicado também para análise como se esta obra
fosse avaliada com as características relativas a cada uma das outras 04 regiões brasileiras,
posteriormente sendo analisado e comparado criteriosamente em sua pontuação final, com
o intuito de deixar explícito e claro um dos objetivos deste trabalho, a “falsa” certificação
gerada por um mau critério de avaliação, seja pelo mau emprego do método utilizado ou
mesmo pela simples desconsideração de aspectos que possam ser julgados como
insignificantes ou descartáveis quando do momento da certificação.
21
4.
4.1
ESTUDO DE CASO E
RESULTADOS
CARACTERIZAÇÃO DA OBRA ANALISADA
Situada à Alameda Xingu esquina com a Alameda Rio Negro, muito próximo às
margens da Rodovia Castelo Branco, no bairro de Alphaville, na cidade de Barueri, próximo
à Grande São Paulo, a obra denominada iTower aplica conceitos de boas práticas de
sustentabilidade em seu canteiro de obras durante sua fase de execução.
Consiste em uma obra comercial, formada por uma torre de salas comerciais
construídas junto ao shopping Iguatemi Alphaville. Possui uma área real do terreno de
31.782 m² e uma área potencial de construção de 97.842 m², sendo que 46.754 m² são
pertencentes à torre e 51.088 m² são pertencentes ao shopping.
A construção total da obra foi dividida em duas etapas: a primeira, realizada pela
própria Odebrecht e com previsão de entrega para o final de dezembro de 2010 consiste na
construção da torre iTower com um total de 36 pavimentos, sendo 3garagens, 1 pavimento
mezanino, 1 pavimento térreo, 1 pavimento de convenções, 1 pavimento de área técnica, 26
pavimentos comerciais, casa de máquina, ático e cobertura que inclui um heliporto; já a
segunda etapa está sendo executada pela empresa Racional Engenharia e tem previsão de
entrega para o mês de maio de 2011 consiste na construção de um novo Shopping
Iguatemi. Nas Figuras 5 e 6 são ilustradas planta e corte do empreendimento,
respectivamente.
22
Figura 5 - Planta do empreendimento iTower
Figura 6 - Corte esquemático do empreendimento iTower
23
Inicialmente o empreendimento foi financiado com recursos bancários, porém na
metade
da
construção
da
torre
iTower
o
empreendimento
se
autosustentava
financeiramente. Tal fato remete-se a um conjunto de fatores, econômico, facilidade de
acesso, localização privilegiada, estrutura fornecida e, conceitos sustentáveis.
A localização do empreendimento é de rápido e fácil acesso para pessoas vindas do
interior paulista ou para pessoas vindas da cidade de São Paulo, localizada próximo a
importantes rodovias do estado, como ilustrado na Figura 7.
Figura 7 - Localização do empreendimento iTower
Executada em estrutura convencional de concreto armado, fechamento com
alvenaria de blocos de concreto e acabamento das áreas comuns em painéis de pedra,
facilitando e diminuindo perdas no subsistema de instalações prediais, possui como uma
das soluções sustentáveis a entrega feita com as lajes apenas no contra piso, prevendo a
instalação de pisos elevados nos pavimentos comerciais e, portanto, diminuindo ainda mais
a perda e geração de resíduos na fase de pós-ocupação quando da necessidade de
ampliação ou passagem de tubulações extras.
24
4.2
A BUSCA PELA CERTIFICAÇÃO LEED
Participante do Prêmio Destaque Odebrecht 2008, o empreendimento iTower, por
apresentar conceitos sustentáveis tanto em sua fase de canteiro de obras como na fase de
pós-ocupação apresenta soluções, aplica conceitos e ações visando a certificação LEED for
Core & Shell Development – Version 2.0, a ser concedida pelo USGBC – United States
Green Building Council.
Figura 8 - Entrada principal do canteiro de obras
Para que um empreendimento seja considerado sustentável é necessário que este
seja ecologicamente correto, economicamente viável; socialmente justo e culturalmente
aceito.
O LEED avalia o desempenho ambiental de um edifício inteiro e seu ciclo de vida,
fornecendo um parâmetro para classificação de um edifício “verde” de acordo com seis
categorias: sustentabilidade do local; eficiência no uso da água; eficiência energética;
materiais e recursos; qualidade do ar; e inovação e processo de projeto, ou seja, não faz
referência às questões econômicas, sociais e culturais da localidade do empreendimento
que almeja sua certificação. Antes, porém, para serem registrados pelo LEED, os projetos
precisam atender a uma lista de pré-requisitos obrigatórios, que definem níveis mínimos de
qualidade e eficiência.
Uma vez aceitos, os projetos recebem uma pré-certificação para a categoria
condizente com o nível de desempenho e qualidade, pretendido pelo projeto. Para esta fase,
é preciso reunir extensa documentação sobre os diversos sistemas do edifício, bem como
de seus projetistas, promotores e fornecedores e órgãos envolvidos. A certificação somente
25
é concedida, após a conclusão das obras sob rigorosa verificação de todos os sistemas e
requisitos previstos em projetos.
O edifício será certificado na categoria condizente com o nível de desempenho e
qualidade, comprovados após a auditoria e comissionamento dos sistemas, mesmo que seja
em uma categoria diferente daquela para a qual tenha sido pré-certificado. A edificação
certificada poderá usar o selo LEED por um período de dois anos, prazo ao final do qual, se
houver interesse na renovação da certificação, o edifício deve ser reavaliado, para
verificação do desempenho de sua operação.
Para acompanhamento, orientação sobre o processo de certificação, detalhamento
informações a todas as partes interessadas, reunião de registros, relatórios, memoriais e
projetos, e acompanhamento da correta interpretação dos critérios LEED, a Odebrecht
optou pela contratação de um profissional credenciado LEED. Isto porque todo
empreendimento que busca certificação LEED recebe visitas periódicas e quinzenais para
verificação de conformidade, ações necessárias e alterações para atendimento dos itens
analisados segundo o tipo de certificação que se deseja obter.
Para cada visita é gerado um relatório pelo profissional visitante com todas as
diretrizes, alterações, responsável por cada alteração, data limite para alteração e
conformidades obtidas pelo empreendimento. No anexo 7.5 é possível visualizar um destes
relatórios, gerado para a visita do dia 06/01/2009.
A importância destes relatórios se mostra na figura 16, onde é feita a comparação
arquitetônica das fachadas do iTower antes e depois da adoção do processo de certificação
LEED, evidenciando claramente as mudanças necessárias. Na figura da esquerda nota-se
uma menor área verde no passeio público e uma fachada totalmente fechada em vidro. Já
na foto da direita nota-se uma maior área verde no passeio público, a alteração do material
utilizado na fachada da parte inferior do edifício e a adoção de aberturas no encontro das
fachadas laterais.
Imaginando
que
estas
alterações
fossem
esquecidas
ou
não
realizadas,
posteriormente seria impossível sua adequação à certificação golden almejada pelo
empreendimento.
26
Figura 9 - Alteração da fachada do iTower para adequação ao LEED Golden
Além deste relatório a cada visita, é gerado também um relatório mensal de obras
com todas as informações que foram observadas durante o período, inclusive com fotos e
imagens comprovando os textos.
Não satisfeita apenas com o acompanhamento oferecido pela empresa certificadora,
a Odebrecht promovia internamente o acompanhamento ao processo de certificação LEED,
realizando vistorias internas, promovendo a solução dos problemas o mais rápido possível
ao nível de pontos observados em vistorias externas como sendo não-conformes serem
incluídos nos relatórios gerados como conforme, devida à velocidade de atuação da
empresa para ajustes necessários. Outro ponto importante e merecedor de destaque é o
acompanhamento geral de todo processo de certificação realizado pela Odebrecht, inclusive
da evolução da pontuação obtida, como ilustrado na figura 10, já que se trata de uma obra
pioneira no ramo para a empresa e grande se faz o conhecimento e aprendizado.
27
Figura 10 - Acompanhamento da pontuação do LEED
Finalmente, para certificação definitiva, o empreendimento depois de concluído
passa por uma vistoria e auditoria completa por agentes certificadores e, caso atenda aos
requisitos a que se destinou, é certificado com o selo LEED correspondente ao que sua
pontuação permite.
Algumas das medidas avaliadas pelo LEED durante o processo de certificação do
empreendimento iTower e sua satisfação ou não são evidenciados abaixo:

Acesso ao transporte público – satisfeito (possui um ponto de ônibus a 380m
da entrada do edifício);

Bicicletário – satisfeito (possui 143 vagas para bicicletas, número maior do
que os 30% da população prevista para uso do edifício, que corresponde a
2014 pessoas;

Veículos com baixa emissão e baixo consumo – satisfeito (50 vagas
exclusivas com proximidade maior à entrada principal);

Área livre de construção – inicialmente insatisfeito (possui 39% de área não
construída e a certificação exige 40%);

Drenagem de águas pluviais – satisfeito (com a implantação do projeto a taxa
de infiltração será reduzida em mais de seis vezes e o projeto de captação de
água de chuva e reaproveitamento prevê o aproveitamento de um volume
superior a 186m³/dia no próprio local);
28

Cobertura – satisfeito (utilização de 631,42 m² de área verde, o que
corresponde a 56% da área de cobertura, excluindo as áreas de
equipamento);

Tecnologias inovadoras para esgoto – satisfeito (A adoção de água cinza e
negra para o abastecimento do sistema de descarga elimina o uso de água
potável para este fim);

Redução no consumo de água – satisfeito (A economia de 30% foi
contemplada pela a adoção de água de reuso para os vasos sanitários e
mictórios, associada à utilização de torneiras economizadoras);

Depósito de recicláveis – satisfeito (O edifício prevê uma área total de 80,30
m²
na
área
comum
do
pavimento,
dedicada
exclusivamente
para
armazenamento de resíduos reciclados, com seguimento às diretrizes
específicas do LEED quanto à acessibilidade, odor, separação e tamanho e
logística de resíduos dentro do empreendimento).
– O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO, ALGUMAS MEDIDAS SUSTENTÁVEIS
4.3
ADOTADAS NO CANTEIRO DE OBRAS DO EMPREENDIMENTO ITOWER E
ALGUMAS ALTERAÇÕES E AJUSTES EXIGIDOS PELA CERTIFICAÇÃO LEED
Em busca de uma melhor apresentação do empreendimento e de algumas das
ações sustentáveis adotadas em seu canteiro de obra, todas elas utilizadas na matriz de
correlações apresentada no anexo 7.6 e utilizada para avaliação do canteiro para as regiões
brasileiras, faz-se o item 4.3 com algumas ilustrações e explicações a cada ação. Todas as
imagens aqui apresentadas possuem como fonte o arquivo de imagens da Odebrecht.

PONTOS ADOTADOS:

Diminuição no consumo e desperdício de água
Durante toda a etapa de execução do empreendimento foi reutilizada a água
consumida no canteiro. Após sua utilização a mesma era armazenada e utilizada para
atividades não nobres que exigissem uma qualidade menor dessa água, como por exemplo,
lavagem de vias públicas, descarga de sanitários, lavagem de maquinários, etc.
29
O sistema de tubulações e armazenamento da água de reuso pode ser visualizado
na Figura 11.
Figura 11 - Água de reuso, utilizada no canteiro de obras

Diminuição no consumo e desperdício de energia
Para diminuir a perda de energia elétrica foi adotada a utilização de “robôs” elétricos
que possuem como principal característica a utilização de ligações elétricas bem feitas,
através de plugs, que evita a utilização de ligações precárias e mal feitas, fonte inclusive de
possíveis choques elétricos e, portanto, dano à saúde do trabalhador.
O “robô” elétrico é ilustrado na Figura 12.
Figura 12 - Utilização de ―robôs‖ elétricos
30

Correta utilização dos recursos
Nota-se pela Figura 13 que foi executada uma forma de escada para transpassar de
forma adequada a tubulação da bomba de concreto, sem gerar riscos de acidentes aos
trabalhadores e profissionais transeuntes ao canteiro de obras e ao mesmo tempo permitir o
total deslocamento destes profissionais por toa área do canteiro de obra.
Figura 13 - Utilização de recursos de forma benéfica

Adoção de técnicas e ferramentas adequadas
Apesar de ser uma técnica e procedimento altamente disseminado pelos canteiros
de obras muitas vezes a moldagem de corpos de prova para análise do concreto utilizado é
feito de forma errada. Na figura 14 é possível verificar a utilização de ferramentas e
materiais metálicos que não alteram radicalmente a quantidade de água do concreto por
absorção, a utilização de um local coberto e livre de intempéries que possam afetar a
relação água/cimento dos corpos de prova e, todo procedimento é executado em superfície
plana e livre de desníveis, facilitando e proporcionando maior confiabilidade nos resultados.
31
Figura 14 - Utilização de técnicas e ferramentas adequadas para cada atividade

Separação de resíduos gerados no canteiro
Como forma de diminuição do envio de resíduos de materiais recicláveis para aterros
e lixões o canteiro de obras do empreendimento iTower foi dotado de baias (Figura 15),
bambonas e cestos de coleta de materiais recicláveis (Figura 16). Esses materiais eram
armazenados separadamente conforme o tipo de material e, periodicamente, retirados do
canteiro por uma cooperativa de catadores de resíduos recicláveis que destinavam os
mesmos à sua central de reciclagem (Figura 17).
Figura 15 - Central de baias de armazenamento de resíduos
32
Figura 16 - Bambonas para coleta de material reciclável
Figura 17 - Visita à central de reciclagem de envio dos resíduos do canteiro de obras

Utilização de EPI’s
Apesar de ser lei, a utilização de EPI’s não é rigorosamente seguida nos canteiro de
obras. Não é difícil a visita a canteiros de obra onde se encontre profissionais que não
utilizem equipamentos de proteção individual ou os utilizem de forma inadequada e for esse
motivo a certificação LEED considera este item em sua pontuação, sendo de grande valia à
saúde e bem-estar do trabalhador, seja pelo real propósito de assegurar a saúde física e
mental do trabalhador ou como uma forma de conscientização dos profissionais envolvidos
nos canteiros de obra.
33
Figura 18 - Funcionários utilizando EPI’s adequados para cada função

Diminuição no processamento em canteiro
Grande se faz a geração de resíduos e desperdício de materiais nos canteiros de
obras na fase de processamento da matéria-prima para geração de algum produto.
Atualmente com a aplicação mais corriqueira dos conceitos de lean construccion e
racionalização, o setor da construção civil busca a diminuição e otimização dos serviços
executados in loco e a utilização de materiais e peças industrializadas, como pode ser
verificado na Figura 25 onde se faz a utilização de concreto bombeado e usinado,
diminuindo assim a quantidade de areia, brita e cimento necessários no canteiro de obra
para produção do mesmo.
Figura 19 - Utilização de concreto usinado
34

Correta destinação de resíduos renováveis
As figuras 20, 21 e 22 se complementam, mostrando o processo de bombeamento
da água do canteiro de obras para a rede pública de água pluvial. Nota-se a diferença entre
as tonalidades da água captada pela bomba e de saída para a via pública, isto porque a
certificação LEED exige que não sejam lançados sedimentos (solução adotada no canteiro
com o envolvimento da bomba lameeira por uma caixa de geotêxtil, como mostra a Figura
20) nas galerias de água pluvial e pela utilização de proteções nas bocas de lobo (Figura
22).
Para obtenção desta diferença de “qualidade”, a água captada pela bomba é enviada
através de tubulação à dispositivos denominados caixas de decantação (Figura 21) onde a
parte sólida e mais pesada da mistura (sedimentos e resíduos) é decantada e somente a
parte líquida e mais leve da mesma continua seu fluxo até encontrar um filtro de geotêxtil
que permite somente a passagem da parte líquida com o sedimentos de granulometria muito
pequena.
Figura 20 - Bombeamento de água do canteiro de obras
35
Figura 21 - Caixas de decantação
Figura 22 - Lançamento da água bombeada do canteiro de obras na via pública
Ainda em relação à água e vias públicas, antes da saída de todos os caminhões que
adentram a obra faz-se necessária sua lavagem. As rodas são lavadas em um dispositivo
chamado lava-rodas que consiste em um trecho pavimentado do solo onde existe um
depósito de água por onde os caminhões devem passar, ilustrado na figura 23.
Os lava-rodas também são interligados às caixas de decantação.
36
Figura 23 - Lava-rodas
Outro dispositivo mais específico utilizado é o lava-bicas, que possui a mesma
ideologia do lava-rodas, porém ao invés de um trecho pavimento do solo com depósito de
água o dispositivo constitui-se em um orifício concretado e impermeabilizado no solo onde
os caminhões betoneira lançam os resíduos e restos de concreto originados nos processos
de concretagem no canteiro de obra.
Figura 24 - Lava-bicas
É interessante salientar que o material acumulado no lava-bicas é utilizado
posteriormente de forma incorporada à construção, por exemplo, no reaterramento do
subsolo, como ilustrada na Figura 25:
37
Figura 25 - Resíduos sendo incorporados à construção
Para a preservação do solo, uma das medidas exigidas é a adoção de dispositivos
denominados caixas de mitigação, que consistem em recipientes preenchidos com material
agregante a derivados do petróleo que permanecem nos pontos com potencial vazamento
de óleo, graxas e afins, como por exemplo, embaixo de motores de caminhões, máquinas,
etc., como ilustrado na Figura 26:
Figura 26 - Caixa de mitigação
38
 PONTOS ALTERADOS:
O mais importante de observar-se é que as medidas sustentáveis são adotadas
conforme o decorrer da execução da obra, sempre que são identificados pontos que sejam
focos de ações sustentáveis, conforme as fases de construção vão se sucedendo. Os
relatórios elaborados a cada visita comprovam esse fato, ainda mais, evidenciam o processo
de aprendizagem e afirmação das ações exigidas por determinado processo de avaliação
para certificação ambiental. Abaixo são mostradas algumas imagens onde estas ações não
são atendidas inicialmente.

Não utilização de EPI’s:
Mesmo sendo uma obrigatoriedade exigida por lei nem sempre o uso de EPI’s é
aplicado irremediavelmente.
Figura 27 - Não utilização de capacete em áreas internas ao canteiro de obras

Lançamento de resíduos sólidos nas galerias pluviais:
A ação sustentável descrita em “Correta destinação de resíduos renováveis” só foi
adotada após a verificação do fato ilustrado na Figura 28 e descrito em um relatório de visita
quinzenal emitido pela empresa responsável pelo acompanhamento da certificação LEED
ao empreendimento iTower.
Nota-se a quantidade de sedimentos fornecidos pelo canteiro de obra às galerias de
água pluvial antes da adoção das caixas de decantação e colocação de filtros de geotêxtil
sobre as bocas de lobo das vias públicas.
39
Figura 28 - Sedimento responsável por entupimento de galeria pluvial

Não preservação do meio ambiente original à região do canteiro de obra:
Qualquer tipo de vegetação que possa ser danificada por ações ocorridas devido à
atividades e serviços realizados no canteiro de obra deve ser protegida e isolada de forma a
evitar que seja afetada. Esse isolamento consiste na colocação de telas e/ou estruturas em
madeira ao redor da vegetação que evitem que equipamentos ou ferramentas atinjam essa
vegetação ou mesmo que resíduos, entulhos ou lixo sejam depositados ao redor de tais
vegetações.
Nota-se abaixo que essa ação não foi adotada desde o início da execução do
empreendimento.
Figura 29 - Árvores não protegidas com tela laranja para evitar danos por impacto de
máquinas e veículos
40

Incorreta estocagem de materiais e não separação de resíduos:
Uma das maiores fontes de desperdícios de materiais e geração de resíduos e
entulho é a forma inadequada de armazenamento de materiais e matérias-primas. Abaixo
pode-se notar o armazenamento de peças metálicas sobre um piso com acúmulo de água,
podendo originar ferrugem nas mesmas e consequente apodrecimento das peças (Figura
30). Nota-se também a inadequada estocagem de resíduos com a não separação dos
mesmos (Figura 31).
Figura 30 - Dutos metálicos armazenados de forma incorreta
Figura 31 - Mistura de produtos contaminantes
Após os fatos expostos nota-se a importância do acompanhamento realizado pela
empresa responsável pela certificação do empreendimento para identificação dos pontos
com problemas e exigência aos cumprimentos das ações adotadas para cada ponto
problemático em tempo hábil.
41
Muitas ações são adotadas com o decorrer da execução da obra justamente pelo
fato de não serem claramente evidenciadas em algumas fases, porque às vezes passam
despercebidas ou mesmo são ignoradas pelos intervenientes envolvidos.
Algumas ações mesmo recebendo acompanhamento técnico e fonte de grande
incentivo às vezes não correspondem com as reais expectativas que caem sobre elas. No
canteiro de obra do empreendimento iTower ocorreu a tentativa da utilização de uma central
de tratamento de esgotos que fosse gerado dentro da mesma, mas apesar de ativa, era
fonte de numerosos problemas operacionais que de certa forma inviabilizaram a ação
quando se trata de total tratamento do material, justamente pelo fato de grande parte do
tempo estar inoperante.
4.4
– RESULTADOS
Após embasamento teórico e prático no que se refere às características e
peculiaridades climáticas, culturais, sociais e econômicas de cada região e na coleta de
dados do empreendimento iTower, foi possível a aplicação da matriz de correlações
apresentada no anexo 7.6 considerando os aspectos das regiões, porém avaliando este
empreendimento como se estivesse inserido em cada região brasileira, justamente para
evidenciar os erros cometidos ao não serem considerados mudanças e diferenças entre as
regiões.
Quando da realização da comparação entre quesitos iguais nota-se que é de
extrema importância a determinação de padrões de referência para determinação dos
“pesos” para avaliação das diferentes regiões. Logo, vinculado a este processo de avaliação
é necessário que seja elaborado um banco de dados com avaliações realizadas utilizando
este método e determinação de parâmetros de referência realizados através de estudos e
ensaios, permitindo assim uma avaliação correta e baseada em dados científicos.
Do ponto de vista prático seria interessante a adoção de um método de transmissão
e armazenamento de dados em tempo real, de fácil acesso e com uma forma simples de
entendimento e apresentação dos dados, possibilitando uma avaliação mais rápida e
confiável.
Abaixo são apresentadas algumas premissas, pontuações e avaliações adotadas
para as 05 regiões brasileiras, sudeste, sul, nordeste, norte e centro-oeste, respectivamente
aos quadros 1, 2, 3, 4 e 5:
42

Região sudeste:
Os pontos principais a serem considerados nesta região que recebem pontuação
máxima, ou seja, pontuação 05 corresponde a correlação “coleta de água pluvial x alteração
no tráfego de vias urbanas” devido principalmente às enchentes provocadas pelo rápido e
grande volume de água quando do escoamento da mesma às galerias de água pluvial que
afetam as vias públicas e da correlação “não ocupação de via pública x alteração no tráfego
de vias urbanas” justamente pelo problema dos congestionamentos e lentidão em um
trânsito com grande quantidade de veículos trafegando.
Não existem correlações com pontuação 01, ou seja, nas considerações feitas para
determinação dos “pesos” para cada correlação não foi evidenciada nenhuma delas onde
fosse identificada a não necessidade de nenhuma ação prática no canteiro de obra sobre
esta correlação.
Vale lembrar novamente que estas correlações são de julgamento subjetivo e
individual, sendo baseado apenas nas características globais de cada região e apenas na
opinião do autor deste trabalho.
43
Quadro 1 - Avaliação realizada para a região sudeste
Escassez de água
Interferência ou obstáculo ao vento
Interferência ou obstáculo à luz natural
Interferência ou obstáculo à chuva
Interferências na fauna/flora local
Proliferação de doenças por vetores
Criminalidade
Desemprego
IDH
Valorização local
Alteração nas condições de saúde
Incômodo para a comunidade
Alteração no tráfego de vias locais
Interferência na drenagem urbana
Escassez de energia elétrica
Recursos
Processam. e
consequencias
Resíduos
Impactos Econômicos
Diminuição no consumo e desperdício de água
X
3
X
X
3
4
3
X
X
2
4
3
3
X
3
3
Diminuição no consumo e desperdício de energia
4
X
X
X
3
4
X
X
X
2
4
3
3
3
X
4
Aproveitamento de energia solar
4
X
X
4
X
3
X
X
X
2
4
2
2
X
X
4
Coleta água pluvial
X
3
X
X
3
4
3
X
X
2
4
3
3
5
4
3
Correta utilização dos recursos
4
3
2
4
3
4
3
X
X
X
3
4
3
4
4
4
Adoção de técnicas e ferramentas adequadas
3
3
3
3
X
X
X
X
X
X
X
3
3
3
X
3
Separação de resíduos gerados
4
3
X
X
X
3
3
X
X
2
X
3
3
4
X
3
Utilização de EPIs
X
X
X
X
X
X
X
3
X
X
X
3
3
X
X
X
Diminuição no processamento em canteiro
3
3
X
X
X
3
3
X
4
2
X
3
3
4
3
2
Ações de reciclagem de resíduos
4
3
X
X
X
3
3
X
4
2
X
3
3
4
X
X
Controle da perda de materiais por incorporação
3
3
X
X
X
4
X
X
X
X
X
X
X
4
X
X
Correta destinação de resíduos renováveis
4
3
X
X
X
4
3
X
X
2
X
3
3
X
3
X
Reuso de água no canteiro
X
3
X
X
3
4
3
X
X
2
4
X
3
X
4
3
Uso de água pluvial no canteiro
X
3
X
X
3
4
3
X
X
2
4
3
3
X
3
3
Esgotamento de águas servidas
X
X
X
X
X
3
3
X
X
2
3
3
3
X
3
X
Não ocupação de via pública
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
4
5
X
X
Utilização de lotes externos ao canteiro de obras
X
X
X
3
3
3
X
X
X
X
X
X
3
X
3
3
Fornecimento de treinamento à mão-de-obra
X
X
X
X
X
X
X
4
4
2
X
X
X
X
X
X
ASPECTOS ANALISADOS
Infraestrutura do canteiro
de obra
Impactos Sociais
Deterioração da qualidade do ar
Temas
Impactos Ambientais
Pontuação total

447
Região sul:
Para esta região, não existem correlações que fossem alvo de pontuação máxima ou
mínima, ou seja, nenhuma correlação seria adotada como foco principal de boas práticas
sustentáveis no canteiro de obras bem como nenhuma correlação seria adotado como um
fator perfeito para a região.
44
Considerando-se os critérios pontuados com valor máximo para a região sudeste,
“coleta de água pluvial x alteração no tráfego de vias urbanas” e “não ocupação de via
pública x alteração no tráfego de vias urbanas”, através de julgamento individual e subjetivo
do autor deste trabalho, adotou-se que para a região sul estas correlações são de menor
importância para adoção de ações sobre estes, logo sua pontuação foi inferior a estipulada
para a região sudeste.
Quadro 2 - Avaliação realizada para a região sul
Interferência ou obstáculo ao vento
Interferência ou obstáculo à luz natural
Interferência ou obstáculo à chuva
Interferências na fauna/flora local
Proliferação de doenças por vetores
Criminalidade
Desemprego
IDH
Valorização local
Alteração nas condições de saúde
Incômodo para a comunidade
Alteração no tráfego de vias locais
Interferência na drenagem urbana
Escassez de energia elétrica
Impactos Econômicos
Escassez de água
Impactos Sociais
Deterioração da qualidade do ar
Infraestrutura do canteiro
de obras
Resíduos
Processam. e
consequencias
Recursos
Temas
Impactos Ambientais
Diminuição no consumo e desperdício de água
X
2
X
X
2
4
3
X
X
2
3
3
2
X
3
3
Diminuição no consumo e desperdício de energia
4
X
X
X
2
4
X
X
X
2
4
3
3
3
X
3
Aproveitamento de energia solar
3
X
X
3
X
3
X
X
X
2
4
2
2
X
X
4
Coleta água pluvial
X
2
X
X
2
4
3
X
X
2
3
3
3
2
4
3
Correta utilização dos recursos
3
2
2
4
3
4
3
X
X
X
3
4
3
3
4
4
Adoção de técnicas e ferramentas adequadas
3
3
3
3
X
X
X
X
X
X
X
3
3
3
X
3
Separação de resíduos gerados
4
3
X
X
X
3
3
X
X
2
X
3
3
4
X
3
Utilização de EPIs
X
X
X
X
X
X
X
3
X
X
X
3
3
X
X
X
Diminuição no processamento em canteiro
3
2
X
X
X
3
3
X
4
2
X
3
3
3
3
2
Ações de reciclagem de resíduos
3
2
X
X
X
3
3
X
4
2
X
3
3
3
X
X
Controle da perda de materiais por incorporação
3
3
X
X
X
4
X
X
X
X
X
X
X
3
X
X
Correta destinação de resíduos renováveis
4
3
X
X
X
4
3
X
X
2
X
3
3
X
3
X
Reuso de água no canteiro
X
2
X
X
2
4
3
X
X
2
4
X
3
X
3
3
Uso de água pluvial no canteiro
X
3
X
X
3
4
3
X
X
2
4
3
3
X
3
3
Esgotamento de águas servidas
X
X
X
X
X
3
3
X
X
2
3
3
3
X
3
X
Não ocupação de via pública
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
3
4
X
X
Utilização de lotes externos ao canteiro de obras
X
X
X
3
3
3
X
X
X
X
X
X
3
X
3
3
Fornecimento de treinamento à mão-de-obra
X
X
X
X
X
X
X
3
3
2
X
X
X
X
X
X
ASPECTOS ANALISADOS
Pontuação total
360
45

Os
Região nordeste:
pontos
principais
a
serem
considerados
nesta
região
correspondem
principalmente no que diz respeito ao IDH da mesma, já que possui o pior índice entre todas
as regiões brasileiras e à escassez de água por ser a região com menor índice pluviométrico
e justamente por isso recebem pontuação máxima ou medianamente máxima, 05 e 04,
respectivamente. Também não são notadas correlações com pontuação mínima.
Quadro 3 - Avaliação realizada para a região nordeste
Interferência ou obstáculo ao vento
Interferência ou obstáculo à luz natural
Interferência ou obstáculo à chuva
Interferências na fauna/flora local
Proliferação de doenças por vetores
Criminalidade
Desemprego
IDH
Valorização local
Alteração nas condições de saúde
Incômodo para a comunidade
Alteração no tráfego de vias locais
Interferência na drenagem urbana
Escassez de energia elétrica
Impactos Econômicos
Escassez de água
Impactos Sociais
Deterioração da qualidade do ar
Infraestrutura do canteiro
de obras
Resíduos
Processam. e
consequencias
Recursos
Temas
Impactos Ambientais
Diminuição no consumo e desperdício de água
X
4
X
X
4
4
3
X
X
5
4
3
3
X
3
3
Diminuição no consumo e desperdício de energia
4
X
X
X
4
4
X
X
X
4
4
4
4
3
X
3
Aproveitamento de energia solar
2
X
X
2
X
3
X
X
X
4
3
2
2
X
X
3
Coleta água pluvial
X
4
X
X
4
4
4
X
X
4
5
4
2
2
2
3
Correta utilização dos recursos
4
4
4
3
4
4
3
X
X
X
3
4
3
3
3
3
Adoção de técnicas e ferramentas adequadas
3
3
3
3
X
X
X
X
X
X
X
3
3
2
X
3
Separação de resíduos gerados
3
4
X
X
X
3
3
X
X
3
X
3
3
3
X
3
Utilização de EPIs
X
X
X
X
X
X
X
3
X
X
X
3
3
X
X
X
Diminuição no processamento em canteiro
2
4
X
X
X
3
3
X
4
4
X
3
3
3
2
2
Ações de reciclagem de resíduos
3
4
X
X
X
3
3
X
4
3
X
4
3
3
X
X
Controle da perda de materiais por incorporação
3
4
X
X
X
4
X
X
X
X
X
X
X
3
X
X
Correta destinação de resíduos renováveis
3
4
X
X
X
4
3
X
X
3
X
3
3
X
2
X
Reuso de água no canteiro
X
5
X
X
4
4
3
X
X
3
4
X
3
X
3
3
Uso de água pluvial no canteiro
X
4
X
X
4
4
3
X
X
3
4
3
4
X
2
3
Esgotamento de águas servidas
X
X
X
X
X
3
4
X
X
4
4
4
3
X
4
X
Não ocupação de via pública
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
2
3
X
X
Utilização de lotes externos ao canteiro de obras
X
X
X
3
4
3
X
X
X
X
X
X
2
X
2
3
Fornecimento de treinamento à mão-de-obra
X
X
X
X
X
X
X
4
4
4
X
X
X
X
X
X
ASPECTOS ANALISADOS
Pontuação total
391
46

Região norte:
Os pontos principais a serem considerados nesta região que recebem pontuação
máxima relacionam-se principalmente á fauna e flora local devido a Floresta Amazônica e
nas correlações que possuem como impacto o IDH possui diversas pontuações
medianamente máxima por possuir o segundo pior IDH entre as regiões brasileiras.
Nota-se que nesta região a preocupação com a coleta e utilização de água pluvial
nos canteiros de obra é muito baixa devido a grande pluviosidade da região norte e por isso
recebem a pontuação mínima, ou seja, 01.
Quadro 4 - Avaliação realizada para a região norte
Interferência ou obstáculo ao vento
Interferência ou obstáculo à luz natural
Interferência ou obstáculo à chuva
Interferências na fauna/flora local
Proliferação de doenças por vetores
Criminalidade
Desemprego
IDH
Valorização local
Alteração nas condições de saúde
Incômodo para a comunidade
Alteração no tráfego de vias locais
Interferência na drenagem urbana
Escassez de energia elétrica
Impactos Econômicos
Escassez de água
Impactos Sociais
Deterioração da qualidade do ar
Infraestrutura do canteiro
de obras
Resíduos
Processam. e
consequencias
Recursos
Temas
Impactos Ambientais
Diminuição no consumo e desperdício de água
X
2
X
X
2
5
4
X
X
4
2
4
3
X
4
3
Diminuição no consumo e desperdício de energia
3
X
X
X
2
5
X
X
X
4
3
4
3
3
X
3
Aproveitamento de energia solar
2
X
X
4
X
4
X
X
X
4
4
3
3
X
X
3
Coleta água pluvial
X
1
X
X
1
4
4
X
X
4
2
4
4
2
4
3
Correta utilização dos recursos
2
2
3
3
2
4
4
X
X
X
3
4
3
2
2
3
Adoção de técnicas e ferramentas adequadas
2
2
3
3
X
X
X
X
X
X
X
4
3
2
X
3
Separação de resíduos gerados
2
2
X
X
X
4
4
X
X
4
X
4
3
2
X
3
Utilização de EPIs
X
X
X
X
X
X
X
3
X
X
X
3
3
X
X
X
Diminuição no processamento em canteiro
4
2
X
X
X
4
3
X
4
4
X
3
4
2
2
2
Ações de reciclagem de resíduos
2
4
X
X
X
4
4
X
4
4
X
4
3
2
X
X
Controle da perda de materiais por incorporação
2
4
X
X
X
4
X
X
X
X
X
X
X
2
X
X
Correta destinação de resíduos renováveis
2
5
X
X
X
4
4
X
X
4
X
3
3
X
2
X
Reuso de água no canteiro
X
2
X
X
2
2
3
X
X
3
2
X
3
X
2
3
Uso de água pluvial no canteiro
X
2
X
X
2
2
3
X
X
3
2
3
2
X
2
3
Esgotamento de águas servidas
X
X
X
X
X
4
4
X
X
4
4
4
3
X
4
X
Não ocupação de via pública
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
2
2
X
X
Utilização de lotes externos ao canteiro de obras
X
X
X
2
2
4
X
X
X
X
X
X
2
X
2
2
Fornecimento de treinamento à mão-de-obra
X
X
X
X
X
X
X
4
4
4
X
X
X
X
X
X
ASPECTOS ANALISADOS
Pontuação total
377
47

Região centro-oeste:
Os pontos principais a serem considerados nesta região que recebem pontuação
máxima, ou seja, pontuação 05 corresponde às correlações que possuem como impacto a
alteração na fauna e flora locais, com mais ênfase e importância do que para a região norte,
justamente pelo fato da grande diversidade do local e da presença da tão devastada área
pantaneira. Nesta região também não são encontradas correlações com pontuação mínima.
Quadro 5 - Avaliação realizada para a região centro-oeste
ASPECTOS ANALISADOS
Interferência ou obstáculo ao vento
Interferência ou obstáculo à luz natural
Interferência ou obstáculo à chuva
Interferências na fauna/flora local
Proliferação de doenças por vetores
Criminalidade
Desemprego
IDH
Valorização local
Alteração nas condições de saúde
Incômodo para a comunidade
Alteração no tráfego de vias locais
Interferência na drenagem urbana
Escassez de energia elétrica
Impactos Econômicos
Escassez de água
Impactos Sociais
Deterioração da qualidade do ar
Infraestrutura do canteiro
de obra
Resíduos
Processam. e
consequencias
Recursos
Temas
Impactos Ambientais
Diminuição no consumo e desperdício de água
X
3
X
X
3
5
3
X
X
2
3
3
3
X
3
3
Diminuição no consumo e desperdício de energia
3
X
X
X
3
5
X
X
X
2
3
3
3
3
X
3
Aproveitamento de energia solar
3
X
X
3
X
4
X
X
X
2
3
2
2
X
X
4
Coleta água pluvial
X
3
X
X
3
4
3
X
X
2
3
3
3
2
4
3
Correta utilização dos recursos
3
3
2
3
3
5
3
X
X
X
3
4
3
3
3
3
Adoção de técnicas e ferramentas adequadas
3
3
3
3
X
X
X
X
X
X
X
3
3
3
X
3
Separação de resíduos gerados
3
3
X
X
X
4
3
X
X
3
X
3
3
3
X
3
Utilização de EPIs
X
X
X
X
X
X
X
3
X
X
X
3
3
X
X
X
Diminuição no processamento em canteiro
3
3
X
X
X
5
3
X
4
3
X
3
3
3
2
2
Ações de reciclagem de resíduos
3
3
X
X
X
5
3
X
4
3
X
3
3
3
X
X
Controle da perda de materiais por incorporação
2
3
X
X
X
4
X
X
X
X
X
X
X
3
X
X
Correta destinação de resíduos renováveis
3
3
X
X
X
5
3
X
X
3
X
3
3
X
3
X
Reuso de água no canteiro
X
3
X
X
3
4
3
X
X
2
4
X
3
X
4
3
Uso de água pluvial no canteiro
X
3
X
X
3
4
3
X
X
2
3
3
3
X
4
3
Esgotamento de águas servidas
X
X
X
X
X
5
3
X
X
3
3
3
3
X
3
X
Não ocupação de via pública
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
3
3
X
X
Utilização de lotes externos ao canteiro de obras
X
X
X
2
2
2
X
X
X
X
X
X
2
X
3
3
Fornecimento de treinamento à mão-de-obra
X
X
X
X
X
X
X
4
4
3
X
X
X
X
X
X
Pontuação total
433
48
Após apresentação dos resultados, tanto no que se refere à pontuação das
correlações como na pontuação total de cada checklist, é possível verificar a importância da
criação de um banco de dados e de parâmetros de referência para análise de
empreendimentos em diferentes regiões, já que o fato da pontuação total da região sul (360)
ser inferior à pontuação da região nordeste (391), por exemplo, não evidencia que a primeira
seja melhor ou pior do que a segunda, já que as correlações são iguais, porém os “pesos”
atribuídos a cada correlação pode ser diferente e assim ações devem ser tomadas e
direcionadas a diferentes aspectos.
Logo, os resultados não devem ser comparados de uma forma simples referentes à
pontuação total para canteiros de obra em diferentes regiões.
49
5.
CONCLUSÕES
De maneira geral, as metodologias de avaliação internacionais apresentam poucas
exigências em relação aos canteiros de obras, e, em alguns casos, nenhuma. O Processo
AQUA e o HQE, por outro lado, dão mais atenção ao tema, ainda assim não abrangendo
todos os aspectos envolvidos. A certificação BREEAM possui cerca de 11% de sua
pontuação baseada no canteiro de obras. As questões sociais e econômicas estão ausentes
em todos os exemplos, evidenciando a ênfase na dimensão ambiental da sustentabilidade.
Nota-se ainda que as certificações não possuem “critérios”, um banco de dados ou então
parâmetros de referência (benchmark) nem mesmo entre os países que utilizam as mesmas
avaliações para certificarem seus empreendimentos. Tal fato pode ser fonte de
discrepâncias na avaliação não só de empreendimentos situados em países diferentes que
utilizam certificações diferentes como também dentro de um mesmo país que utiliza o
mesmo método de certificação, ou seja, empreendimentos com proximidade de localização
podem ser avaliados de forma diferente justamente pelo método de avaliação empregada
não utilizar parâmetros de referência ou comparação entre técnicas sustentáveis utilizadas
nestes empreendimentos.
Fica claro que o Brasil possui pouca experiência quando o tema é certificação
ambiental e justamente por este motivo não possua parâmetros de referência ou estudos
mais aprofundados, porém o fato é de que o setor da construção civil é atualmente
considerado como o “carro-chefe” da economia nacional, desbancando a indústria
automobilística em participação no PIB brasileiro e, em se tratando do setor que mais
“produz” resíduos, consome energia e recursos naturais é de extrema importância que
avaliações nacionais sejam criadas pautadas sobre parâmetros de referência e
considerando as características específicas de cada região brasileira ou ainda sub-regiões
brasileiras, já que existem diversas características diferentes dentro de uma mesma região,
como por exemplo, na região Nordeste onde pode-se alterar do clima tropical do oeste
nordestino ao sertão semi-árido do interior.
Conclusão mais óbvia ainda se faz no que se refere à avaliação de sustentabilidade
social e econômica, já que apenas o método de avaliação GBTool leva em consideração
aspectos econômicos em sua avaliação, não existindo outra forma de avaliação que leve em
consideração tais fatores.
Percebe-se ainda que mesmo que os principais métodos de avaliação tomem como
base algumas diretrizes, de senso comum entre os mesmos como planejamento sustentável
50
da obra, aproveitamento passivo dos recursos naturais, eficiência energética, gestão e
economia da água, gestão dos resíduos na edificação, qualidade do ar e do ambiente
interior, conforto termo-acústico, uso racional de materiais, uso de produtos e tecnologias
ambientalmente amigáveis, ainda sim não analisam os tópicos seguindo os mesmos
critérios para uma base de pontuação correta, já que algumas certificações enfatizam mais
os aspectos internos à edificação, outras enfatizam mais os aspectos externos à edificação,
algumas priorizam apenas a existência ou não de equipamentos que atuem a favor da
sustentabilidade, etc.
A adoção e aceitação dessas diferenças de enfoque poderiam ser aceitas desde que
todas as certificações avaliassem todos os aspectos comuns independentemente da
localidade do empreendimento, como por exemplo, a diminuição na geração de resíduos, e
posteriormente partisse para características exclusivas de áreas, regiões ou países, como
por exemplo, avaliação de sistemas de aquecimento em pisos, uma característica que
requer preocupação praticamente nula nos países de clima tropical, mas que nos países de
clima temperado requer uma atenção e um “peso” maior na sua avaliação. Nem mesmo a
forma de certificar um empreendimento segue um padrão, pois algumas avaliam através de
pontuação, outras avaliam através de níveis de pontuação, outras ainda avaliam se ocorre o
atendimento a um perfil de desempenho ambiental.
Com a obtenção de informações através do estudo de caso realizado foi possível
estabelecer quesitos e verificar as exigências do processo de certificação LEED. O
empreendimento iTower é um exemplo da dificuldade de avaliação para uma certificação
ambiental de empreendimentos e da dificuldade de implantação das medidas previstas no
mesmo por dois motivos principais: o primeiro deles é o fato de pioneirismo deste tipo de
ação à empresa Odebrecht e o segundo deles é a falta de profissionais preparados para
análise e implantação das ações avaliadas no canteiro de obras. Nota-se pelos resultados
obtidos na aplicação do checklist ao empreendimento iTower que os fatores sociais,
econômicos e culturais não considerados atualmente pelas certificações ambientais são
fontes de grandes discrepâncias e erros.
Considerando apenas fatores comuns de sustentabilidade aplicadas a qualquer
canteiro de obras, como por exemplo, reuso de água, e sem a consideração de “pesos” para
estes fatores nota-se que as avaliações se tornam bem próximas ou até mesmos iguais em
sua pontuação.
Os resultados obtidos mostram que quando são considerados fatores sociais,
ambientais, econômicos e culturais os resultados são mais discrepantes e com a
consideração de “pesos” referentes a cada item avaliado a avaliação se mostra mais
51
próxima da realidade. Ainda neste sentido, com a consideração de “pesos” torna-se
praticamente impossível a comparação entre a pontuação de dois empreendimentos
avaliados em regiões distintas já que correlações diferentes podem ter “pesos” diferentes,
porém, somarem-se de forma igual. É o caso, por exemplo, das avaliações feitas para a
região Sudeste e Nordeste, onde a correlação “Coleta água pluvial x Alteração no tráfego de
vias locais” possui pontuação de 04 e 02 para as regiões sudeste e nordeste,
respectivamente, e a correlação “Diminuição no consumo e desperdício de água x IDH”
possui pontuação de 02 e 04 para as regiões sudeste e nordeste, respectivamente, logo, a
soma total considerando-se apenas estas pontuações seria de 06 para ambas.
Para uma avaliação atual estas duas avaliações forneceriam resultados iguais e
teoricamente seriam considerados com mesmo teor, porém a forma de avaliação aplicada
evidencia a que correlação estes pontos estão sujeitos e qual deles é fonte de maiores
ações e cuidados.
Outra forma de comprovação dos fatos relacionados acima são as pontuações finais
obtidas para cada região, com uma diferença máxima de 73 pontos entre as regiões centrooeste e sudeste e mínima de 14 pontos, entre as regiões sudeste e centro-oeste, ou seja, a
diferença entre os resultados se mostra bem significativa porém não evidencia que um
canteiro de obras de determinada região é mais sustentável do que canteiros de obra de
outra região com a simples análise numérica das pontuações totais, pois as características
intrínsecas a cada região diferem e portanto fornecem parâmetros diferentes com
importância diferentes entre as regiões.
Após análise dos resultados obtidos e expostos neste trabalho nota-se que na região
nordeste onde a precipitação é mais escassa, a preocupação com a captação de água
pluvial para utilização na execução do empreendimento deve ser muito maior do que para
um empreendimento executado na região sul do país onde a precipitação possui um nível
muito maior, porém, se utilizarmos um mesmo método de avaliação sem considerar as
características locais onde cada empreendimento está inserido e tentarmos estabelecer uma
base de comparação entre ambos, ficará evidenciado que ambos os empreendimentos
possuem o mesmo nível de sustentabilidade e preocupação ambiental já que a pontuação
final será igual, o que se torna uma afirmação falsa quando, no momento da avaliação, é
considerado um “peso” maior na avaliação deste item para o empreendimento localizado na
região nordeste.
Aprofundando um pouco mais o assunto e abrindo caminho para novas discussões e
formas de raciocínio, pode-se levantar a questão de que certificações possam ser
concedidas ou emitidas de forma errônea, já que sem um parâmetro de referência pré-
52
definido torna-se praticamente impossível fazer uma comparação efetiva e correta de
empreendimentos certificados.
Um ponto importante a ser evidenciado é a grande dificuldade em promover as
correlações entre Aspecto e Impacto, seja ele de qualquer natureza. A verificação da
influência de cada aspecto na geração de um impacto se faz de forma muito subjetiva,
sendo passível de validação para alguns e de reprovação para outros. Logo, as correlações
aqui validadas condizem com a forma de raciocínio do autor do trabalho sendo, portanto,
uma nova justificativa para a criação de parâmetros de referência, estipulados após diversos
estudos e ensaios para confirmação científica das correlações a serem adotadas.
O termo sustentabilidade está na moda, é atual e fonte de diferenciais que vem
sendo utilizado por muitas empresas, dos mais variados segmentos e setores, talvez não
propositalmente, talvez não de forma desonesta, mas de forma a atrair a atenção de clientes
em potencial através de ações que não condizem com a realidade da mesma. Neste
trabalho é ilustrada uma imagem, figura 1, onde o site de uma empresa claramente faz
alusão à sustentabilidade, porém a única ação encontrada foi a realização da coleta seletiva.
Realmente esta ação é uma ação sustentável, mas pontual, única, exclusiva. Atualmente a
conscientização das pessoas em relação ao tema sustentabilidade é crescente, algumas
optam por produtos de preço mais elevado ou escolhem produtos de empresas que
possuem alguma forma de ação sustentável em detrimento de empresas que nada fazem.
Isso se tornou um grande diferencial para se manter no mercado de forma competitiva e
cada vez mais estas ações e discussões serão fontes de diferencial, porém nem sempre as
informações são verídicas ou realmente são colocadas em prática pelos agentes
intervenientes e responsáveis.
É muito importante e difícil definir o que seria sustentabilidade de um
empreendimento de uma forma ampla. Sustentabilidade não é apenas gerir resíduos ou
realizar coleta seletiva no canteiro de obras. Uma empresa ou um empreendimento que
deseja ser visto como sustentável, que almeja “fazer” sustentabilidade não deve apenas
realizar ações pontuais, únicas, como por exemplo, apenas gerir seus resíduos e não se
preocupar com a diminuição do consumo de energia, ou então promover incentivo à coleta
seletiva mas utilizar meios de transporte que estejam desregulados e emitam grande
quantidade de gases nocivos à atmosfera quando da queima do combustível que utiliza para
circular, também não devem acreditar que o empreendimento é sustentável por si só, já que
muitas vezes seu entorno não condiz com a realidade por ele adquirida.
53
6.
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em
<
VASCONCELLOS, F. Construção responsável. Revista Téchne, São Paulo, n.91, p.18-20,
jan. 2004.
VILHENA, J.M. Diretrizes para a sustentabilidade das edificações. Gestão & Tecnologia
de Projetos, vol. 2, n.2, p.58-79, mai. 2007.
WINES, J. Green Architecture. Milan : Taschen, 2000. 240p.
Incômodos e Poluições
Emissão de
material
particulado
Risco de
geração de
faíscas onde há
gases dispersos
Lançamento de
fragmentos
X
X
X
X
X
X
X
•
•
•
•
•
X
•
X
X
X
X
X
X
X
Interferência na drenagem urbana
Aumento do volume de aterros de resíduos
Pressão sobre serviços urbanos (exceto drenagem)
Escassez de energia elétrica
Interferência na drenagem urbana
Vizinhança
•
Danos a bens edificados
Alteração nas condições de segurança
Pressão sobre serviços urbanos (exceto drenagem)
Alteração no tráfego de vias locais
Incômodo para a comunidade
Alteração nas condições de saúde
Alteração da qualidade paisagística
Alteração nas condições de segurança
Alteração nas condições de saúde
Alteração da dinâmica do ecossistema global
7.
•
•
•
•
Alteração da dinâmica dos ecossistemas locais
Interferências na fauna e flora local
Escassez de água
Alteração dos regimes de escoamento
Trab
alhado
r
•
•
•
Alteração da qualidade das águas subterrâneas
Alteração da qualidade das águas superficiais
Poluição sonora
Deterioração da qualidade do ar
Esgotamento de reservas minerais
Meio físico
•
X
•
X
•
X
•
X
•
X
•
X
•
•
X
•
Indução de processos erosivos
ASPECTOS
AMBIENTAIS
Água
•
Emissão de
vibração
Emissão de
ruídos
X
Ar
Meio
biótico
•
Geração de
resíduos sólidos
Contaminação química
Solo
•
Consumo de
recursos (inclui
perda
incorporada e
embalagens)
Consumo e
desperdício de
água
Consumo e
desperdício de
energia
Geração de
resíduos
perigosos
•
Aletração das propriedades físicas
TEMAS
7.1
•
Recursos
56
ANEXO
MATRIZ DE CORRELAÇÕES ASPECTOS X IMPACTOS AMBIENTAIS
PROPOSTA POR ARAÚJO (2009)
Impactos Ambientais
Meio Antrópico
Sociedade
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
X
X
X X X
•
X
X
X
X
X
X
•
•
•
•
•
•
X Correlação Aspecto x Impacto
X
X
•
X
X
X
•
X
X
•
X
X
•
•
X
•
X
•
X
X
•
X
X
•
•
•
•
•
•
•
•
X
•
X
•
X
X
•
•
X
•
•
•
•
•
•
X
•
X
X
•
X
•
•
X
•
X
•
X
X
X
X
Ocupação de via
pública
Armazenamento
de materiais
X
X
X
•
•
X
X
X
X
X
X
X
•
•
•
•
•
•
•
X
•
X
•
•
X
Existência de
construções
provisórias
Circulação de
materiais,
equipamentos,
etc.
Manutenção e
limpeza de
ferramentas,
equipamentos,et
c.
X
•
X
X
Impermeabiliza
ção de
superfícies
X
X
X
•
X
X
X
•
X
X
X
•
X
X
•
X
X
•
X
X
•
X
•
X
•
•
X
X
X
•
•
•
•
X
•
•
X
•
•
•
•
•
X
X
•
Infraestrutura do canteiro de obras
X
X
X
X
X
X
Esgotamento de
águas servidas
Risco de
perfuração de
redes
Geração de
energia no
canteiro
X
•
Risco de
desmoronament
os
Existência de
ligações
provisórias
(exceto águas
servidas)
X
X
•
X
Remoção de
edificações
Supressão da
vegetação
•
•
•
X
•
Desprendimento
de gases, fibras
e outros
Renovação do
ar
Manejo de
materiais
perigosos
Perda de
materiais por
entulho
Manejo de
resíduos
Destinação de
resíduos (inclui
descarte de
X
recursos
renováveis)
Manejo e
destinação de
resíduos
perigosos
Queima de
resíduos no
canteiro
•
Resíduos
57
X
58
Incômodos e Poluições
Geração de resíduos sólidos
Emissão de ruídos
Emissão de vibrações
Lançamento de fragmentos
Emissão de material particulado
Risco de geração de faísca onde há gases dispersos
Desprendimento de gases, fibras e outros
Renovação do ar
Manejo de materiais perigosos
Fase da Obra
Geração de resíduos perigosos
Aspectos Ambientais
•
•
•
•
•
•
X
•
X
•
Atividades
Demolição
Serviços preliminares
Infraestrutura
Estrutura
Limpeza superficial do terreno
•
Fundações
•
•
•
Rebaixamento do lençol
•
X
X
Escavações e contenções
•
•
•
•
•
X
•
•
•
•
X
•
X
X
X
Esquadrias
X
X
Telhado
•
X
X
X
Divisórias
Cobertura e proteção
Impermeabilização
•
•
•
Revestimentos verticais
Revestimento vertical
Pintura
Pintura
•
Pisos
Piso
•
Sistemas prediais
Sistemas prediais
X
•
•
•
X
•
Alvenarias
Vedações verticais
X
•
Estrutura
•
•
X
•
X
•
•
X
•
•
X
•
•
•
•
•
•
•
•
•
X
X
•
•
X
X
X
X
X
•
Redes enterradas e aéreas
X
•
•
•
X
•
•
X
Terraplenagem
•
•
•
•
X
•
X
X
Pavimentação
•
•
•
•
X
•
•
X
•
X
X
Redes e vias
•
Drenagem superficial
•
•
Aspectos ambientais normalmente mais relevantes
59
7.2
MATRIZ MODIFICADA DE CORRELAÇÕES ASPECTOS X IMPACTOS
AMBIENTAIS
Diminuição no consumo de recursos (inclui perda incorporada e
embalagens)
Diminuição no consumo e desperdício de água
Diminuição no consumo e desperdício de energia
Aproveitamento de energia eólica
Aproveitamento de energia solar
Recursos
Aproveitamento de energia mecânica
Reuso de água
Coleta água pluvial
Utilização de recursos encontrados nas proximidades da obra
Utilização de recursos com qualidade controlada
Controle e tratamento de resíduos antes do descarte
Correto armazenamento dos recursos
Fornecimento de treinamento à mão-de-obra
Correta utilização dos recursos
Ações para diminuição na geração de resíduos perigosos
Ações para diminuição na geração de resíduos sólidos
Diminuição da emissão de vibração
Diminuição da emissão de ruídos
Adoção de técnicas e ferramentas adequadas
Processamento e consequencias
Separação de resíduos gerados
Correto armazenamento dos resíduos gerados
Ações de diminuição do tempo de permanência dos resíduos na obra
Diminuição da emissão de material particulado e fragmentos
Desprendimento de gases, fibras e outros
Utilização de EPC’s
Utilização de EPI’s
Diminuição no processamento em canteiro
Interferências na flora local
Interferências na fauna local
Interferência ou obstáculo à chuva
Interferência ou obstáculo à luz natural
Interferência ou obstáculo ao vento
Escassez de água
Alteração da qualidade das águas subterrâneas
Aumento da quantidade de sólidos
Alteração da qualidade das águas superficiais
Deterioração da qualidade do ar
Esgotamento de reservas minerais
Contaminação química
ASPECTOS ANALISADOS
Alteração das propriedades físicas do solo
Temas
Impactos Ambientais
60
Fornecimento de treinamento funcional à mão-de-obra
Fornecimento de treinamento de segurança à mão-de-obra
Incentivo e apoio à escolaridade
Apoio e incentivo às idéias
Obtenção de parcerias com fornecedores e clientes para logística
reversa
Ações de reutilização de resíduos
Ações de reaproveitamento de resíduos
Resíduos
Ações de reciclagem de resíduos
Fornecimento de treinamento à mão-de-obra
Controle da perda de materiais por entulho
Ações de diminuição da perda de materiais por entulho
Controle da perda de materiais por incorporação
Ações de diminuição da perda de materiais por entulho
Correto manejo dos resíduos
Correta destinação de resíduos não-renováveis
Correta destinação de resíduos renováveis
Reuso de água no canteiro
Uso de água pluvial no canteiro
Tentativa de diminuição na remoção de edificações (Retrofit)
Tentativa de diminuição da supressão da vegetação original
Infraestrutura do canteiro de obras
Diminuição do risco de desmoronamentos
Execução de ligações provisórias (exceto águas servidas)
Esgotamento de águas servidas
Risco de perfuração de redes
Possível fornecimento de energia do canteiro à rede urbana
Utilização de materiais reciclados nas construções provisórias
Diminuição na área de impermeabilização
Não ocupação de via pública
Circulação de materiais, equipamentos, máquinas e veículos
Utilização de lotes externos ao canteiro de obras
Manutenção e limpeza de ferramentas, equipamentos, máquinas e
veículos
Fornecimento de acompanhamento psicológico à mão-de-obra
Fornecimento de atendimento médico à mão-de-obra
Fornecimento de atendimento odontológico à mão-de-obra
61
7.3
MATRIZ MODIFICADA DE CORRELAÇÕES ASPECTOS X IMPACTOS
SOCIAIS
Diminuição no consumo de recursos (inclui perda incorporada e
embalagens)
Diminuição no consumo e desperdício de água
Diminuição no consumo e desperdício de energia
Aproveitamento de energia eólica
Aproveitamento de energia solar
Recursos
Aproveitamento de energia mecânica
Reuso de água
Coleta água pluvial
Utilização de recursos encontrados nas proximidades da obra
Utilização de recursos com qualidade controlada
Controle e tratamento de resíduos antes do descarte
Correto armazenamento dos recursos
Fornecimento de treinamento à mão-de-obra
Correta utilização dos recursos
Ações para diminuição na geração de resíduos perigosos
Ações para diminuição na geração de resíduos sólidos
Diminuição da emissão de vibração
Processamento e consequências
Diminuição da emissão de ruídos
Adoção de técnicas e ferramentas adequadas
Separação de resíduos gerados
Correto armazenamento dos resíduos gerados
Ações de diminuição do tempo de permanência dos resíduos na obra
Diminuição da emissão de material particulado e fragmentos
Desprendimento de gases, fibras e outros
Utilização de EPC’s
Utilização de EPI’s
Diminuição no processamento em canteiro
Fornecimento de treinamento funcional à mão-de-obra
Fornecimento de treinamento de segurança à mão-de-obra
Incentivo e apoio à escolaridade
IDH
Desemprego
Escolaridade
Problemas urbanos
Acidentes e mortes
Qualidade de vida
Interferência emocional
Saúde pública
Criminalidade
Doenças funcionais
ASPECTOS ANALISADOS
Proliferação de doenças por vetores
Temas
Impactos Sociais
62
Apoio e incentivo às idéias
Obtenção de parcerias com fornecedores e clientes para logística reversa
Ações de reutilização de resíduos
Ações de reaproveitamento de resíduos
Ações de reciclagem de resíduos
Resíduos
Fornecimento de treinamento à mão-de-obra
Controle da perda de materiais por entulho
Ações de diminuição da perda de materiais por entulho
Controle da perda de materiais por incorporação
Ações de diminuição da perda de materiais por entulho
Correto manejo dos resíduos
Correta destinação de resíduos não-renováveis
Correta destinação de resíduos renováveis
Reuso de água no canteiro
Uso de água pluvial no canteiro
Tentativa de diminuição na remoção de edificações (Retrofit)
Tentativa de diminuição da supressão da vegetação original
Infraestrutura do canteiro de obras
Diminuição do risco de desmoronamentos
Execução de ligações provisórias (exceto águas servidas)
Esgotamento de águas servidas
Risco de perfuração de redes
Possível fornecimento de energia do canteiro à rede urbana
Utilização de materiais reciclados nas construções provisórias
Diminuição na área de impermeabilização
Não ocupação de via pública
Circulação de materiais, equipamentos, máquinas e veículos
Utilização de lotes externos ao canteiro de obras
Manutenção e limpeza de ferramentas, equipamentos, máquinas e veículos
Fornecimento de acompanhamento psicológico à mão-de-obra
Fornecimento de atendimento médico à mão-de-obra
Fornecimento de atendimento odontológico à mão-de-obra
63
7.4
MATRIZ MODIFICADA DE CORRELAÇÕES ASPECTOS X IMPACTOS
ECONÔMICOS
Diminuição no consumo de recursos (inclui perda incorporada e embalagens)
Diminuição no consumo e desperdício de água
Diminuição no consumo e desperdício de energia
Aproveitamento de energia eólica
Aproveitamento de energia solar
Aproveitamento de energia mecânica
Reuso de água
Coleta água pluvial
Utilização de recursos encontrados nas proximidades da obra
Utilização de recursos com qualidade controlada
Controle e tratamento de resíduos antes do descarte
Recursos
Correto armazenamento dos recursos
Fornecimento de treinamento à mão-de-obra
Correta utilização dos recursos
Ações para diminuição na geração de resíduos perigosos
Ações para diminuição na geração de resíduos sólidos
Diminuição da emissão de vibração
Processamento e consequências
Diminuição da emissão de ruídos
Adoção de técnicas e ferramentas adequadas
Separação de resíduos gerados
Correto armazenamento dos resíduos gerados
Ações de diminuição do tempo de permanência dos resíduos na obra
Diminuição da emissão de material particulado e fragmentos
Desprendimento de gases, fibras e outros
Aumento do volume de aterros de resíduos
Escassez de energia elétrica
Interferência na drenagem urbana
Alteração nas condições de segurança
Pressão sobre serviços urbanos (exceto drenagem)
Alteração no tráfego de vias locais
Incômodo para a comunidade
Alteração nas condições de saúde
Alteração da qualidade paisagística
Alteração nas condições de segurança
Visibilidade do local
Visibilidade da empresa
Valorização local
ASPECTOS ANALISADOS
Custos envolvidos à vizinhança
TEMAS
Impactos Econômicos
64
Utilização de EPC’s
Utilização de EPI’s
Diminuição no processamento em canteiro
Fornecimento de treinamento funcional à mão-de-obra
Fornecimento de treinamento de segurança à mão-de-obra
Incentivo e apoio à escolaridade
Apoio e incentivo às idéias
Obtenção de parcerias com fornecedores e clientes para logística reversa
Ações de reutilização de resíduos
Ações de reaproveitamento de resíduos
Ações de reciclagem de resíduos
Fornecimento de treinamento à mão-de-obra
Controle da perda de materiais por entulho
Ações de diminuição da perda de materiais por entulho
Controle da perda de materiais por incorporação
Ações de diminuição da perda de materiais por entulho
Resíduos
Correto manejo dos resíduos
Correta destinação de resíduos não-renováveis
Correta destinação de resíduos renováveis
Reuso de água no canteiro
Uso de água pluvial no canteiro
Tentativa de diminuição na remoção de edificações (Retrofit)
Tentativa de diminuição da supressão da vegetação original
Diminuição do risco de desmoronamentos
Execução de ligações provisórias (exceto águas servidas)
Esgotamento de águas servidas
Risco de perfuração de redes
Possível fornecimento de energia do canteiro à rede urbana
Infraestrutura do canteiro de obras
Utilização de materiais reciclados nas construções provisórias
Diminuição na área de impermeabilização
Não ocupação de via pública
Circulação de materiais, equipamentos, máquinas e veículos
Utilização de lotes externos ao canteiro de obras
Manutenção e limpeza de ferramentas, equipamentos, máquinas e veículos
Fornecimento de acompanhamento psicológico à mão-de-obra
Fornecimento de atendimento médico à mão-de-obra
Fornecimento de atendimento odontológico à mão-de-obra
65
7.5
EXEMPLO DE RELATÓRIO DE VISITA DO PROFISSIONAL FISCALIZADOR
DA CERTIFICAÇÃO LEED
66
67
7.6
MATRIZ DE CORRELAÇÕES UTILIZADA PARA AVALIAÇÃO DO
CANTEIRO DE OBRAS DO EMPREENDIMENTO ITOWER E VALIDAÇÃO
TEÓRICA DESTE TRABALHO
Diminuição no consumo e desperdício de água
Diminuição no consumo e desperdício de energia
Recursos
Aproveitamento de energia solar
Coleta água pluvial
Correta utilização dos recursos
Processam. e
consequencias
Adoção de técnicas e ferramentas adequadas
Separação de resíduos gerados
Utilização de EPI’s
Diminuição no processamento em canteiro
Resíduos
Ações de reciclagem de resíduos
Controle da perda de materiais por incorporação
Correta destinação de resíduos renováveis
Reuso de água no canteiro
Infraestrutura do canteiro
de obra
Uso de água pluvial no canteiro
Esgotamento de águas servidas
Não ocupação de via pública
Utilização de lotes externos ao canteiro de obras
Fornecimento de treinamento à mão-de-obra
Escassez de energia elétrica
Interferência na drenagem urbana
Alteração no tráfego de vias locais
Incômodo para a comunidade
Alteração nas condições de saúde
Valorização local
IDH
Desemprego
Criminalidade
Proliferação de doenças por vetores
Interferências na fauna/flora local
Interferência ou obstáculo à chuva
Interferência ou obstáculo à luz natural
Interferência ou obstáculo ao vento
Escassez de água
ASPECTOS ANALISADOS
Deterioração da qualidade do ar
Temas
Impactos Ambientais Impactos Sociais Impactos Econômicos
68
8.
APÊNDICE
O Brasil é considerado um país de dimensões continentais, com uma área territorial
de 8.514.876,599 km², o que corresponde a 47% de todo território sul-americano. É formado
por 26 estados e 01 distrito federal, compreendendo 5.565 municípios. É cortado pelas
linhas imaginárias do Equador e do Trópico de Capricórnio e possui três fusos horários.
Como toda porção de terra, para determinação de seu clima e, portanto, de sua
vegetação, sofre influências de sua localização geográfica no globo, das correntes
marítimas, das massas de ar e das ações antrópicas.
Assim, apresentadas as principais influências e fatores que o Brasil está sujeito, é
necessária a definição das principais diferenças regionais brasileiras, porém não só
climaticamente ou ambientalmente, mas também econômica, social e culturalmente.
Quadro 6- Quadro comparativo entre algumas características regionais brasileiras:
Características
Região
Clima
predominante
Temperatura
média (ºC)
Pluviosidade
(mm)
Vegetação
predominante
Florestas,
campos e
indústrias
urbanizadas
Sul
Subtropical
entre 12 e 21
entre 1200 e
2000
Sudeste
Tropical de
altitude
média de 22
1000
Norte
Equatorial
entre 24 e 26
entre 2000 e
3000
Nordeste
Semi-árido
entre 20 e 28
entre 300 e
2000 (alguns
pontos)
Centrooeste
Tropical
entre 18 e 25
entre 1200 e
2500 (alguns
pontos)
IDH
Economia
Pólo turístico,
cultivo de grãos,
Maior
extrativismo
mineral e pecuária
Agricultura,
Mata Atlântica,
pecuária, indústria
Floresta
Segundo
de tecnologia e
Latifoliada e
maior
alto valor
cerrado
agregado
Zona Franca de
Manaus,
Floresta
Quarto
extrativismo
Amazônica
maior
vegetal e mineral,
pecuária e turismo
Agricultura de
subsistência,
Caatinga
Pior
indústria de alto
valor agregado,
turismo.
Pecuária
extensiva,
Floresta
indústria de
Amazônica,
Terceiro
alimentos e
cerrado e
maior
madeireiras,
Pantanal
extrativismo
mineral, vegetal e
turismo.
Participação
no PIB
brasileiro
(2007)
Segundo
maior
Maior
Pior
Quarto
melhor
Terceiro
maior
69

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