o processo de resiliência: um etudo observacional do

Transcrição

o processo de resiliência: um etudo observacional do
O PROCESSO DE RESILIÊNCIA: UM ETUDO OBSERVACIONAL DO FILME
FORREST GUMP
Autoria: Caroline Aparecida Bueno Tavares, Daphne Storópoli Tzortzis, Nildes
Raimunda Pitombo Leite, Alessandra Demite Gonçalves Freita
RESUMO
A presente pesquisa, buscando também aprofundamento na estratégia de análise fílmica,
inserida na abordagem qualitativa e em projetos educacionais, apresenta um estudo sobre a
resiliência no campo da Administração. O caso selecionado como unidade de análise foi o
filme “Forrest Gump”, dirigido por Robert Zemeckis (1994). Buscando-se responder às
questões de pesquisa verificou-se a contribuição da discussão dos resultados dessa análise
para os projetos educacionais de ensino, aprendizagem e pesquisa, tanto para os pesquisadores
mais experientes, quanto para os iniciantes, uma vez que o tempo total de observações e
análises ocorreu no período de um ano consecutivo. Para a academia, registra-se o potencial
de manutenção de uma agenda de pesquisas envolvendo a análise fílmica e formando novos
pesquisadores em Administração. Para a organização pode-se vislumbrar a exposição da
análise para elucidar comportamentos não percebidos dos integrantes das equipes, discuti-los
e encaminhá-los para os processos pertinentes, pois o filme serve como simulação de
processos organizacionais. Neste estudo, os discursos dos personagens, os silêncios
discursivos, as ações por trás dos discursos e silêncios, puderam ser explorados com rigor e
profundidade, usufruindo-se as vantagens oriundas dessa escolha metodológica, não obstante
as limitações inerentes à mesma escolha.
Palavras-chave: Resiliência. Convivencialidade. Análise Fílmica.
ABSTRACT
This research also seeking deepening in film analysis strategy inserted in qualitative research
and educational projects, presents a study of resilience in the field of Administration. The case
selected as the unit of analysis was the movie "Forrest Gump", directed by Robert Zemeckis
(1994). Seeking to answer the research questions verified the contribution of the discussion
outcome of that analysis to the educational projects of teaching, learning and research, both
for more experienced researchers as well as for beginners, since the total time of observations
and analysis occurred within one year running. To the academy, registers itself the potential
maintenance of a research schedule involving film analysis and training new researchers in
Administration. For the organization one could envisage the exposure of the analysis to
elucidate behaviors not perceived the team members, discuss them and direct them to relevant
processes, because the movie serves as simulation of organizations processes. In this study,
the speeches of the personages, the discursive silences, actions behind the speeches and
silences, could be explored with rigor and depth, enjoying the advantages derived from this
methodological choice, despite the limitations inherent to the same choice.
Keywords: Resilience. Convivencialidade. Filmic Analysis.
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
1/17
1 Introdução
Conforme afirmou Infante (2005), o constructo resiliência começou a despertar o
interesse dos pesquisadores devido à descoberta de sua relação com o conceito de risco. Tal
conceito envolve: a noção de adversidade, trauma, ameaça ao desenvolvimento humano; a
adaptação positiva ou superação da adversidade; o processo que considera a dinâmica entre
mecanismos emocionais, cognitivos e socioculturais, que influem no desenvolvimento humano.
No sentido etimológico, Noronha, Cardoso, Moraes & Centa (2009, p. 498) trouxeram
a definição de resiliência apresentada no dicionário de língua inglesa Longman Dictionary of
Contemporary English como a “[...] habilidade de voltar rapidamente para o seu usual estado
de saúde ou de espírito depois de passar por doenças e dificuldades”. Nesse mesmo sentido,
essa palavra, originária do latim, resilio, que significa retornar a um estado anterior, ser
elástico, é utilizada na Engenharia e na Física, para definir a capacidade de um corpo físico
que volta ao seu estado normal, após ter sofrido uma pressão sobre si.
Relembrado por Barlach, França & Malvezzi (2008), inicialmente, nos trabalhos sobre
resiliência, esse termo era associado à invencibilidade ou invulnerabilidade e relacionava o
fato de que algumas crianças, quando submetidas a momentos de adversidades ou stress
psicológico, demonstravam saúde emocional e alta competência. Entretanto, esses resultados
tiveram como contraponto, outro estudo em que a resiliência foi vista sem a pressuposição de
invencibilidade ou de ausência de vulnerabilidade. Do mesmo modo, estudos que associavam
o termo ao traço pessoal do individuo encontraram oposição com os outros que entendiam a
participação do contexto na produção da resiliência, incluindo o amor recebido pelo indivíduo
como base para o êxito no desenvolvimento desse indivíduo.
A presente pesquisa, buscando também aprofundamento na estratégia de análise
fílmica, inserida em projetos educacionais, apresenta um estudo sobre a resiliência no campo
da Administração. Nesse contexto, buscou-se responder às seguintes questões de pesquisa:
Como o processo de resiliência é mostrado no filme Forrest Gump? Como esse processo
contribui para os projetos educacionais de ensino, aprendizagem e pesquisa em
Administração?
Investigar o processo de resiliência no filme Forrest Gump e analisar a contribuição
desse processo para ensino, aprendizagem e pesquisa em Administração, foram os principais
objetivos desta pesquisa. Os objetivos específicos que serviram de aporte para a consecução
dos primeiro objetivo geral foram: a) observar o processo de resiliência no filme Forrest
Gump; b) analisar o processo de resiliência observado; c) discutir os resultados da análise no
campo da Administração. Os objetivos específicos que ajudaram para a consecução do
segundo objetivo geral foram: a) observar os procedimentos de microanálise; b) analisar a
contribuição desses procedimentos no campo da Administração; c) discutir os resultados
dessa análise para os projetos educacionais de ensino, aprendizagem e pesquisa.
Destaca-se a justificativa deste estudo no que se refere à simulação, por meio de
análise fílmica, pela crescente produção nesse campo, a exemplo, das publicações de
Merleau-Ponty (1983); Xavier (1983); Vanoye & Goliot-Létè (1994); Aumont et al (1995);
Leite & Leite (2007); Davel, Vergara & Ghadiri (2007); Wood Jr. (2007); Saraiva (2007);
Barros (2007); Fleury & Sarsur (2007); Baêta (2007); Ipiranga (2007); Freitas (2007);
Machado (2009); Leite & Leite (2010); Leite, Leite, Nishimura & Cherez (2010); Leite,
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
2/17
Nishimura & Leite (2010); Tavares, Ferreira, Silva & Leite (2012), Leite, Amaral, Freitas &
Alvarenga (2012).
2 Fundamentação Teórica
Diversos autores afirmaram que chegar a um consenso sobre a definição sobre o que
significa resiliência é um grande desafio (Richman & Bowen, 1997; Masten & Coatswort,
1998; Luthar, Cicchetti & Becker, 2000; Waller, 2001). Em termos gerais, pode-se definir a
resiliência, simplesmente, como a adaptação positiva de um indivíduo em resposta às
adversidades, embora também haja um consenso de que nenhuma pessoa consegue ser
resiliente o tempo todo. Observado por Infante (2005), o termo “adversidade”, também usado
como sinônimo de risco pode designar uma constelação de muitos fatores de risco ou uma
situação de vida específica. Para Taboada, Legal e Machado (2006, p. 107) “a resiliência se
caracteriza por ser uma habilidade social que pode (e deve) ser aprendida e estimulada”.
Outros fatores foram considerados importantes e apontados por Waller (2001, p. 290),
quando definiu a resiliência como “um produto – multideterminado e sempre mutável – de
forças que interagem em determinado contexto ecossistêmico”: a) determinadas condições de
estresse são inevitáveis, o que alerta para o fato de que nem sempre é o indivíduo que
apresenta carência de vulnerabilidade; b) a resiliência não é uma qualidade da personalidade
individual devido ao fato de existir uma relação entre a pessoa e o espaço em que convivem,
ou seja, o indivíduo influencia o ambiente e é influenciado por ele; c) a resiliência não é
estática, pois em situações diferentes o individuo pode reagir de maneira diferente ou
semelhante aos agentes estressores.
A definição de resiliência requer o entendimento de que o indivíduo tenha uma
adaptação positiva, apesar de estar, ou haver estado, exposto a uma situação de adversidade
conforme Kaplan (1999). Os autores Masten & Coatswort (1998) alertaram que a resiliência
tem constituído um alicerce em um histórico de casos observáveis, para atender as principais
expectativas de um cenário. Tais expectativas estão relacionadas ao desenvolvimento do
individuo, critérios de competência e ou expectativas de vida.
Considera-se, na Engenharia, que a resiliência está relacionada ao grau de elasticidade
que um material suporta sem se alterar, ou seja, é a capacidade que um material possui de
absorver energia sem sofrer deformação plástica ou permanente, tendo sido incorporado no
cenário científico moderno do vocabulário da Física e da Engenharia, em 1807, pelo cientista
inglês Thomas Young (Barlach, França & Malvezzi, 2008; Noronha, et al., 2009).
Do ponto de vista da saúde, o termo é definido como a habilidade de o indivíduo lidar
com as exigências cotidianas e enfrentar as adversidades ao longo de seu ciclo de vida de
forma positiva, sendo resultante da interação entre o indivíduo, ambiente familiar, social e
cultural. Nesse sentido, é considerado fundamental para a prevenção e promoção da saúde das
populações, porém ainda cercado de dúvidas. No campo de estudo médico-psico-social, a
utilização do conceito de resiliência, inicialmente não levou em conta a complexidade
inerente ao desenvolvimento do ser humano, sendo os indivíduos resilientes considerados
hábeis a enfrentar situações de estresse sem comprometer sua saúde emocional e competência
cognitiva. Porém, recentemente foram incluídas nessa definição, dimensões relacionadas às
condições sociais, em meio a discussões e debates, sem a existência de um consenso em
relação à sua definição (Noronha, et al., 2009).
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
3/17
Em se tratando da Psicologia, a resiliência foi definida como a habilidade de um
indivíduo ou grupo de indivíduos de reerguer-se, mesmo diante de adversidades (Barlach,
França & Malvezzi, 2008). Esses autores ressaltaram a importância do estudo realizado por
Werner e Smith, em 1992, na ilha de Kauai (Hawai). Considerados precursores na utilização
do conceito de resiliência no campo da Psicologia Social, Werner e Smith, por trinta e dois
anos, envolveram aproximadamente 500 pessoas em situação de extrema miséria. Nesse
estudo de Werner e Smith os autores Barlach, França & Malvezzi (2008, p. 102) relataram
que pelo menos um terço da população sofreu situações de estresse, dissolução do vínculo
parental, alcoolismo e abuso, dentre outros, mas “apesar da situação de risco a que estavam
expostas as crianças, elas conseguiam superar as adversidades e construir-se como pessoas”.
Anteriormente acreditava-se ser a resiliência uma característica inata do indivíduo, de
acordo com Noronha et al. (2009, p. 499). Entretanto, a partir da década de 1990, quando os
estudos sobre o tema foram aprofundados, a resiliência passou a ser reconhecida como um
elemento que pode estar presente no desenvolvimento de qualquer indivíduo, em certos
momentos e de acordo com as circunstâncias. Os autores relataram, contudo, ser necessária a
relativização, de acordo com o indivíduo e seu contexto, do significado de superação das
adversidades em algumas das definições dadas a esse termo, já que a superação não corresponde
à eliminação, mas a “uma ressignificação do problema”. Dessa forma, a resiliência passou a ser
vista como uma “estratégia, habilidade válida e competência para se enfrentar as adversidades
da vida e, assim, ser capaz de superá-las, adaptar-se, recuperar-se [...]”.
Com base na análise da literatura sobre “sobreviventes” de situações extremas Job (2003,
p. 173) procurou identificar inúmeros fatores geradores de resiliência, tais como: “[...] vontade de
viver; autoestima; amor-próprio; respeito-próprio; esperança; crença; autonomia; iniciativa
pessoal; autodeterminação; busca de significado para a vida; autoafirmação; preservação da
identidade; sorte; boa saúde; curiosidade; capacidade de estabelecer bons relacionamentos”. Esse
autor ainda afirmou que tais fatores geradores de resiliência podem ser classificados em quatro
categorias que estão inter-relacionadas ou sobrepostas umas às outras, a saber: padrões
disposicionais, padrões relacionais, padrões situacionais e padrões filosóficos ou religiosos.
Confirmando a abordagem de que a genética e a biologia determinam os limites do
que é possível, Manciaux (2001, p. 103) declarou existir ainda um grande grau de liberdade e
espaço para a intervenção de recursos pessoais e profissionais. Esse mesmo autor salientou
que a flexibilidade, característica da resiliência “[...] é uma das competências requeridas pela
dinâmica da modernidade do trabalho nas organizações, capaz de explicar a administração da
própria subjetividade diante das inúmeras situações de tensão, pressão e ruptura presentes
nesse contexto.” Conforme ressaltado por Manciaux (2001) há uma afinidade entre a literatura
predominante sobre resiliência na possível associação entre tal fenômeno e o sofrimento
criativo, apresentado por Dejours (1986). Tanto Frankl (1997), quanto Waller (2001)
salientaram que não é na ausência da adversidade que ocorre o processo de resiliência, e sim,
no enfrentamento dessa situação adversa. Nesse contexto, ocorre o crescimento psicológico
do indivíduo e, em consequência, auxilia na promoção da saúde mental.
No campo das ciências sociais aplicadas, especificamente na área da Administração, o
termo resiliência tem sido estudado no contexto do trabalho nas organizações. Tal constructo
está relacionado à construção ou à existência de recursos adaptativos, de forma a preservar a
relação saudável entre o ser humano e seu trabalho em um ambiente em transformação,
permeado por inúmeras formas de rupturas (Barlach, França & Malvezzi, 2008). Coutu (2002)
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
4/17
apontou três características da pessoa ou da organização resiliente: 1) a aceitação
incondicional da realidade; 2) a crença profunda, em geral apoiada por valores fortemente
arraigados, de que a vida é significativa; 3) uma capacidade singular para improvisar.
Essa informação pode ser corroborada pelas afirmações feitas por Walsh (2004), de que
o corpo e a alma da resiliência encontram-se no sistema de crenças pessoal e familiar, e desse
sistema faz parte a atitude de dar sentido à adversidade, ou seja, considerar a crise um desafio
significativo, compreensivo e manejável (Silveira & Mahfoud, 2008, p. 573). Em complemento,
esses mesmos autores destacaram que, “se a principal força motivadora do ser humano é a
busca do sentido da vida, conforme trabalhos de Viktor Frankl (1997) no período de 1948 a
1993, é a busca desse sentido a raiz da motivação para a pessoa construir resiliência.”
Tais afirmações encontram ressonância no que destacou Carneiro (2002, p. 150), para
quem os indivíduos se orientam por valores e conhecimentos de mundo acumulados por suas
histórias de vida. O indivíduo sempre vai ter como desafio, a conquista do ‘outro’, para que
sejam aceitas suas ‘intromissões’. Se tal convencimento for recíproco, estabelece-se o que é
chamado de consenso que, “tradicionalmente, refere-se a uma síntese de posições
heterogêneas ou contrárias, obtida por meio do diálogo”. Do mesmo modo, as afirmações
feitas por Vanistendael e Lecomte (2004), de que em situações extremas de pressão, a busca
de um sentido de vida é tida como um fator de proteção ao indivíduo, considerando-se o risco
à saúde mental, o trabalho assume um importante significado. E, nesse contexto, os
acontecimentos históricos são caracterizados por rápidas e frequentes transformações
tecnológicas e de equacionamento econômico, o que mobiliza recursos para mudanças nos
indivíduos e nas organizações (Hutton & Giddens, 2004).
Como meio de ajustamento a essas novas contingências, o indivíduo passou a ser
cobrado para apresentar habilidades de flexibilidade de ação e de estrutura de vida pessoal.
Nessas condições, o desempenho profissional sujeita esse indivíduo a administrar sua vida
profissional, uma vez que, suas referências, a partir das quais ele atribui sentido e valor para si
mesmo, estão em constante alteração (Barlach, França & Malvezzi, 2008).
A flexibilidade inerente à resiliência é uma das competências requeridas pela dinâmica
do trabalho moderno, capaz de explicar a administração da própria subjetividade diante das
inúmeras situações de tensão e pressão presentes nesse contexto. De acordo com Barlach,
França & Malvezzi (2008), o termo ‘resiliência’ empregado nas organizações, refere-se à
existência de recursos adaptativos que permitam e promovam a preservação de uma relação
saudável entre o ser humano e seu trabalho. Embora esses autores considerem que a literatura
referente à temática da resiliência no contexto do trabalho seja incipiente, em sua tese, Job
(2003) analisou a dimensão da centralidade do trabalho na vida humana e os significados que
pode assumir, mesmo quando associado à doença e ao sofrimento. Sob essas perspectivas, a
organização e as condições de trabalho são consideradas fatores de risco ao sofrimento
patológico (Dejours, 1986) e às doenças psicossomáticas.
Job (2003, p. 168) denominou de resiliência, os fatores de proteção necessários à
superação do sofrimento no trabalho. A “pressão e responsabilidade do trabalho, a incapacidade
de aceitar as próprias falhas, a falta de tempo para a família, a falta de apoio dos pares e/ou
superiores, a falta de reconhecimento, a frustração e a falta de domínio sobre o futuro” são
considerados fatores geradores de sofrimento no trabalho. Dentre os fatores de proteção,
destacam-se: autonomia; autoestima; autodeterminação; respeito; reconhecimento, participação da
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
5/17
família, amigos, esperança e fé. A resiliência está associada à autoestima, busca de significado
para a vida, esperança, preservação da identidade; autoafirmação e as crenças individuais.
Assim, conforme declararam Barlach, França & Malvezzi (2008) a resiliência está
relacionada aos recursos de que os trabalhadores dispõem para o enfrentamento das tensões e
adversidade presentes em seu campo de trabalho e em outros aspectos de suas vidas. Essas
interfaces constituem um contexto de conflitos e adaptações que são característicos do
trabalho humano nas organizações modernas. Waller (2001) afirmou que atualmente, poucos
autores insistem na classificação da resiliência como um traço pessoal, inerente ao indivíduo.
A visão que predomina, trata do fenômeno como processo dinâmico, multidimensional ou
ecossistêmico, visão essa liderada por Luthar, Cicchetti e Becker (2000), Masten (2001) e
Waller (2001), sendo Waller um dos mais importantes representantes desta abordagem.
Adicionalmente, de acordo com Carneiro (2002, p. 150), todo indivíduo é constituído
de papeis e o sentido desses papeis é produzido pelo reconhecimento do outro, a partir da
conversa e da negociação, o que justifica a importância do diálogo. Esse mecanismo pode ser
chamado de convivencialidade e sua constituição efetiva-se pelo estabelecimento de “acordos,
pela orientação de regras mutuamente reconhecidas”. A convivencialidade efetiva-se também
pela identificação do sujeito na perspectiva do desempenho de sua ação.
A convivencialidade é conceituada por Agostinho (2002), como uma alternância
saudável entre o indivíduo e o outro e expressa um padrão de atitude em relação ao outro.
Levar essa ‘filosofia’ às organizações é algo relevante, uma vez que a constante competição
oriunda do mercado de trabalho é favorável ao surgimento de situações adversas, propícias à
observação da resiliência do indivíduo. Pinheiro (2004) salientou que os diversos autores e
pesquisas acerca da resiliência parecem conduzir à conclusão que a capacidade de amar,
trabalhar, ter expectativas e projeto de vida e, em decorrência, de dar um sentido à existência,
denota ser a base em que as habilidades humanas se apóiam para serem utilizadas diante das
adversidades da vida
3 Aspectos Metodológicos da Pesquisa
No que tange ao objetivo do estudo, com o intuito de descrever as características do
fenômeno da resiliência que ocorre com o personagem Forrest Gump, as circunstâncias em
que ela aparece e a contribuição desse processo para os projetos educacionais de ensino,
aprendizagem e pesquisa em Administração, a presente pesquisa caracterizou-se por um
estudo exploratório com vistas a gerar questões para futuras pesquisas. De acordo com Gil
(2007), a pesquisa de natureza exploratória proporciona ao pesquisador maior familiaridade
com o problema investigado e permite o aprimoramento de ideias, justamente por ser flexível
e permitir a consideração de diversos e variados aspectos relacionados ao fato estudado. No
entanto, na maioria dos casos, assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso.
Utilizou-se da abordagem qualitativa que, conforme Godoi & Balsini (2010), ajuda ao
pesquisador compreender e explicar o fenômeno social com um mínimo afastamento do
ambiente natural, buscando-se não as regularidades e sim, a compreensão dos agentes e do
que os levaram a agir da maneira como agiram. Trata-se de uma compreensão da lógica
utilizada pelos agentes no momento da ação.
Destarte, Silva (2010) afirmou que há várias propostas e formas de se planejar uma
pesquisa, principalmente de se escolher um método. Esta pesquisa está apoiada no método
fenomenológico, utilizado para compreender o mundo como ele é vivido pelas pessoas, com
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
6/17
vistas ao esclarecimento de aspectos referentes à natureza da experiência. Nesse processo o
pesquisador é orientado para o fenômeno que está sendo investigado.
Quanto à estratégia de pesquisa, trata-se de um estudo de caso, o qual contemplou as
recomendações de Yin (2010) no que se refere às recomendações de escolha, a saber: as
questões propostas começam com a palavra “como”; o pesquisador tem pouco controle sobre
os eventos; o foco está sobre um fenômeno contemporâneo da vida real. Esse mesmo autor
reforçou ainda que, o estudo de caso é usado em diversas situações com o intuito de contribuir
no entendimento dos fenômenos individuais, grupais, organizacionais, sociais e políticos. O
caso selecionado, considerado como unidade de análise, nesta pesquisa específica, foi o filme
“Forrest Gump”, dirigido por Robert Zemeckis, produzido em 1994.
No que se refere à estratégia de coleta de dados foi realizado um estudo observacional
indireto e não participante e o registro de informações foi feito em um protocolo de
observação, com base em Denzin (1989); Flick (2004); Leite & Leite (2010). O tempo
utilizado para as observações foi composto de: 2 horas e 22 minutos de projeção inicial para o
filme ser visto como um todo; 40 horas e vinte e cinco minutos utilizadas para a realização
das microanálises, registradas pelas pesquisadoras/observadoras; 2 horas e 22 minutos de
projeção final para depuração do entendimento das microanálises.
No que diz respeito à estratégia de análise dos dados, contextualiza-se que foi utilizada a
análise de discurso, conforme recomendações de Godoi (2010), Bardin (2010), Orlandi (2012) e
Vergara (2005). No entanto, Godoi (2010, p. 378) alertou que o discurso não pode ser analisado
fora de um contexto, por ser inerente à vida social. Por sua vez, nos últimos anos, o discurso no
cenário organizacional vem sendo tomado como objeto de estudo. No entanto, sua prática não
pode ser reduzida a uma série de passos e procedimentos técnicos, aplicados mecanicamente, pois
é ampla e transdisciplinar e apresenta uma “inexistência de regras sistemáticas de condução e a
desvinculação, tanto da fixação do sentido quando da arbitrariedade da interpretação.”
No que concerne ao ambiente de pesquisa, destaca-se que, a base é a simulação, ou seja,
réplica de um sistema ou processo. Flick (2004) chamou atenção para a maneira como as
imagens apresentadas nos filmes e na televisão influenciam as realidades e como esses veículos
podem interferir, ou mesmo contribuir com a construção social da realidade. A combinação da
imagem, som e movimento permite que o filme seja um meio útil que oferece significados para
a experiência cognitiva, afetiva e efetiva, conforme salientou Ipiranga (2007).
4 O contexto do estudo
No filme “Forrest Gump – O Contador de Histórias”, Robert Zemeckis (1994)
abordou quarenta anos da história dos Estados Unidos, narrados por Forrest Gump (Tom
Hanks), um rapaz com QI abaixo da média e uma gama de valores humanos autênticos.
Forrest era considerado ‘idiota’ por algumas pessoas que o cercavam, por seu jeito ingênuo
que o fazia ver o mundo de uma forma diferente, sem jamais ter feito nada que pudesse ser
considerado como ‘idiotice’. Por alguma razão, ele fez parte de alguns dos momentos mais
importantes do país, como a Guerra do Vietnã e o caso Watergate. Seus pensamentos sempre
o levavam ao amor incondicional de infância, adolescência e o único de toda sua vida, Jenny
Curran (Robin Wright), sobre a qual exercia uma influência de pureza e afeto e da qual
recebia respeito e consideração. Nessa trajetória de vida, Forrest enfrentou situações adversas
sem constrangimento, arrependimento ou demonstração de falta de expectativa. Sua
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
7/17
capacidade de focar no que se fazia necessário o conduziu a atingir as metas com doçura e
humanidade, superando e/ou ressignificando as dificuldades.
5 Apresentação e análise dos dados e discussões dos resultados
Neste artigo, o filme estudado foi tomado como base para apresentação e análise dos
dados, para posterior discussão dos resultados, buscando-se cada um dos objetivos específicos
que serviram de aporte para a consecução dos objetivos principais: observar o processo de
resiliência no filme Forrest Gump; analisar o processo de resiliência observado; discutir os
resultados da análise no campo da Administração; observar os procedimentos de
microanálise; analisar a contribuição desses procedimentos no campo da Administração;
discutir os resultados dessa análise para os projetos educacionais de ensino, aprendizagem e
pesquisa. Reitera-se que os filmes podem apresentar diversos significados que permitem
diferentes interpretações, conforme ressaltado por Flick (2004). Observa-se que, para Denzin
(1989) há uma distinção entre leituras realistas e leituras subversivas. A primeira entende o
filme como uma descrição verídica de um fenômeno e a segunda, em contrapartida, entende
que as ideias do autor sobre a realidade influenciam o filme.
Os Quadros 1 e 2 apresentam os dados empíricos divididos com base em dois
constructos: resiliência e convivencialidade, sob as perspectivas dessas duas leituras.
Quadro 1 – Apresentação dos Dados
Constructo: Resiliência
Fundamentação Empírica (Cenas)
Suporte Teórico
Cena 03: Forrest conta que: “Mamãe sempre
me explicava tudo de um jeito que eu
entendia”. Sua mãe lhe dizia: “Lembre-se do
que eu disse você não é diferente dos outros.
Você é igual a todo mundo”. “Nunca deixe
ninguém dizer que é melhor do que você”.
Cena 10: Forrest e Jenny se tornaram
grandes amigos. Forrest observa que Jenny,
por alguma razão, não quer voltar para casa.
Noronha, et al. (2009, p. 499) afirmaram que a resiliência traz
resultados positivos àqueles que se encontram no contexto de
fortes ameaças em seu desenvolvimento “quando há união
familiar, qualidade no relacionamento de pais e filhos, em
práticas educativas envolvendo afetos, reciprocidade e equilíbrio
de poder”. Taboada, Legal e Machado (2006, p. 106) salientaram
que “essa capacidade seria fruto tanto de características pessoais
dos indivíduos quanto do estabelecimento de vínculos afetivos e
de confiança deles com o meio”. As cenas que se inserem nesses
dois suportes teóricos são: 03 e 29.
Cena 11: Forrest e Jenny caminham pela rua.
Meninos atiram pedras em Forrest e Jenny
pede para que ele corra. Ele corre até que os
aparelhos soltam de suas pernas.
Taboada, Legal e Machado (2006, p. 106) ressaltaram que “o
sujeito é caracterizado por um conjunto de qualidades, ora
resultantes do processo resiliente, ora propiciadores desse
processo”. A cena que se insere nesse suporte é a 10.
Cena 14: Na adolescência, Forrest e Jenny
caminham pela rua e outros adolescentes o
apedrejam. Do mesmo modo que na cena 11
Jenny lhe diz para ele correr. Forrest corre e
entra no campo de futebol americano. O
técnico se interessa por ele, por sua velocidade.
Para Vanistendael e Lecomte (2004), a busca de um sentido de
vida é considerada um dos mais importantes fatores de proteção
diante do risco à saúde mental, em situações extremas de
pressão. Taboada, Legal e Machado (2006, p. 107)
consideraram que “a resiliência se caracteriza por ser uma
habilidade social que pode (e deve) ser aprendida e estimulada”
As cenas que se inserem nesse suporte são: 11 e 14.
Cena 28: Forrest e Jenny caminham pela rua.
Jenny diz para Forrest que ele não pode ficar
protegendo-a todo o tempo. Ele disse que
iria para o Vietnã. Jenny pediu-lhe que,
quando estivesse em perigo, corresse
Werner e Smith (1992) assinalaram a presença do apoio
irrestrito de um adulto significativo – fosse ele um familiar ou
não. Considerou o amor recebido pelas crianças como a base
do desenvolvimento exitoso. Pinheiro (2004) elencou
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
8/17
independente do que acontecesse.
Cena 29: Na casa de Forrest, sua mãe o
abraça e pede-lhe para que volte são e salvo
do Vietnã.
Cena 33: Ainda a serviço no Exército,
Forrest é ensinado por uma a jogar pig pong
e ouve que o único segredo é não tirar os
olhos da bola. Forrest tornou-se excelente
jogador.
Cena 39: Forrest entrega a Jenny a medalha
que recebeu do presidente Johnson, dizendolhe que a ganhou porque fez o que ela
mandou: correu.
Cena 42: Forrest encontra o Tenente Dan na
rua e fica feliz. O Tenente lhe diz que deram a
um imbecil bobo a medalha de mérito.
Cena 47: Forrest pensa: “Acho que o Tenente
Dan percebeu que certas coisas não mudam,
ele não queria ser chamado de aleijado e nem
eu de idiota”.
Cena 62: No ponto de ônibus, Forrest conta
a um senhor que comprou 12 barcos “Bubba
Gump”. O homem não acreditou e satirizou
Forrest. Uma senhora, também sentada no
ponto de ônibus, diz que Forrest conta a
história com amor. Ele pergunta se ela
queria ver a foto do Tenente Dan. A senhora
olha com espanto a foto dos dois na revista.
Cena 65: Forrest corre para sua casa.
Encontra sua mãe deitada e lhe pergunta o
que ela tem. Ela respondeu que estava
morrendo, que sua hora havia chegado, pediulhe para não ter medo. A mãe de Forrest tinha
câncer e morreu em uma terça-feira.
Cena 68: Jenny voltou. Todos os dias,
Forrest colhia flores bonitas e enfeitava seu
quarto. Jenny o presenteou com um par de
tênis Nike dizendo-lhe que eram bons para
correr. À noite, eles dançavam e agiam
como se fossem uma família.
características definidas como fatores de proteção
relacionados às condições do próprio indivíduo, às condições
familiares e às redes de apoio do ambiente. (Noronha,
Cardoso, Moraes, Centa, p. 499) consideraram que “a
resiliência pode ser observada quando há união familiar,
qualidade no relacionamento de pais e filhos, em práticas
educativas envolvendo afetos, reciprocidade e equilíbrio de
poder” As cenas que se inserem nesses suportes são: 28 e 29.
Waller (2001, p. 291) relembrou que “o termo resiliência foi
resultado de traços típicos ou modelos de enfretamento, que se
assemelhava a conduta de algumas crianças a prosperar
mesmo em um fluxo prosaico [...], mesmo enfrentando uma
desventura considerável”. Waller (2001, p. 292-293) ressaltou
que determinadas condições de estresses são inevitáveis e
tardias como as suas consequências, tais como aspectos
psicológicos, familiares ou sociais, e que a resiliência não é a
carência de vulnerabilidade [...] A resiliência não é estática,
pois em situações diferentes o individuo pode reagir de
maneira diferente ou semelhante ao estressor. As cenas que se
inserem nesses suportes são: 33, 39, 42 e 47.
Manciaux (2001, p. 103) salientou que a flexibilidade,
característica da resiliência “[...] é uma das competências
requeridas pela dinâmica da modernidade do trabalho nas
organizações, capaz de explicar a administração da própria
subjetividade diante das inúmeras situações de tensão, pressão
e ruptura presentes nesse contexto.” A cena que se insere nesse
suporte é: 62.
Kaplan (1999) ponderou que a definição do conceito de
resiliência requer que o indivíduo obtenha uma adaptação
positiva, apesar de estar, ou haver estado, exposto a uma
situação de adversidade. Infante (2005, p. 26) ressaltou que o
termo “adversidade (também usado como sinônimo de risco)
pode designar uma constelação de muitos fatores de risco
(como viver na pobreza) ou uma situação de vida específica (a
morte de um familiar)”. A cena que se insere nesse suporte é:
65.
Masten (2001, p. 233-234) relembrou que “[...] pessoas
resilientes inserem sua vida em um contexto mais harmonioso
[...] resiliência é um processo de adaptação [...]”. As cenas que
se inserem nesse suporte são: 68, 74 e 76.
Cena 74: Forrest chega à casa de Jenny.
Uma mulher chega levando um menino.
Forrest pergunta-lhe se ela é mamãe. Ela diz:
“Ele se chama Forrest e tem o nome do pai”.
Forrest pergunta: “O pai dele chama
Forrest?” Jenny diz: “Você é o pai dele
Forrest”. Ele fica em silêncio por um
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
9/17
instante e diz: “É a coisa mais linda que eu
já vi [...] mas ele é inteligente, ou [...]”.
Jenny o interrompe dizendo: “É muito
inteligente, é um dos melhores da classe”.
Forrest aproxima-se para conversar com o
menino, que assiste TV.
Cena 76: Forrest e Jenny preparam-se para
casar-se. O Tenente Dan chega à festa com
“pernas novas” e apresenta sua noiva ao
casal. Forrest e Jenny se casam, sob o
testemunho de um seleto grupo.
Fonte: Elaborado pelas autoras
Na fundamentação teórica deste artigo viu-se ressaltado por Manciaux (2001) que há
uma afinidade entre a literatura predominante sobre resiliência na possível associação entre tal
fenômeno e o sofrimento criativo, apresentado por Dejours (1986). Tanto Frankl (1997),
quanto Waller (2001) salientaram que não é na ausência da adversidade que ocorre o processo
de resiliência, e sim, no enfrentamento dessa situação adversa. Nesse contexto, ocorre o
crescimento psicológico do indivíduo e, em consequência, auxilia na promoção da saúde
mental. No filme, além das cenas mostradas no Quadro 1, outras cenas ilustram o
crescimento psicológico de Forrest, o que implica promoção de sua saúde mental.
Na cena 06, enquanto sua mãe lê uma história para ele, Forrest a indaga sobre o
significado de “férias”, ao que ela responde: “é quando você vai para algum lugar e nunca
volta”, referindo-se à ausência do pai. Noronha, et al. (2009, p. 499) sugeriram que as famílias
devem ser incentivadas “a se reconhecerem como importantes no cotidiano de seus
integrantes, [...] e valorizar o diálogo como ferramenta para exercitar a tolerância e respeitar
as diferenças existentes entre seus integrantes”.
Na cena 12 Forrest conta a história da família de Jenny e diz que “seu pai era gentil
porque a abraçava e beijava”. Vê-se Jenny fugindo puxando Forrest pela floresta enquanto
seu pai está atrás dela. Ela reza para que Deus a transforme em um pássaro, para que possa
voar. Forrest conta que Jenny “não voou como um pássaro, mas foi morar com sua avó.
Infante (2005) considerou que o constructo resiliência tem relação com o conceito de risco,
que envolve, dentre outros fatores: trauma, ameaça ao desenvolvimento humano, o processo
que considera a dinâmica entre mecanismos emocionais, cognitivos e socioculturais, que
influem no desenvolvimento humano.
Em ambas as cenas pode ser associada a ideia de que resiliência pode ser utilizada no
sentido de fortalecer pessoas que enfrentam situações de adversidade, sofrimento emocional e
exclusão social. Masten (2001, p. 235) defendeu a premissa de que “a resiliência é adaptativa
e não se crê na ideia de que surge de um processo insignificante”.
Como visto na fundamentação teórica, no campo das ciências sociais aplicadas,
especificamente na área da Administração, o constructo resiliência está relacionado à
construção ou à existência de recursos adaptativos, de forma a preservar a relação saudável
entre o ser humano e seu trabalho em um ambiente em transformação, permeado por inúmeras
formas de rupturas (Barlach, França & Malvezzi, 2008). As cenas mostradas no Quadro 1
mostram a construção de recursos adaptativos, preservando a relação saudável, em ambientes
em transformação e permeados por diversificadas formas de ruptura.
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
10/17
Na cena 33, o poder de concentração no foco permite que Forrest aprenda com facilidade
a jogar ping pong pelo exército, após sua estada no Vietnã. O Tenente Dan Taylor não se
conforma pelo fato de Forrest ter salvado sua vida, pois acredita que o seu destino era morrer no
campo, com honra, entre seus homens. Pergunta a Forrest se ele sabe o que é não poder usar as
pernas. Com o foco no tenente e observando a literatura, percebe-se o afirmado por Waller (2001,
p.290) que não obstante a dificuldade de “[...] entender o que faz as pessoas se frustrarem, é
admirável abranger a contribuição dos resultados positivos diante das desventuras [...]”. A cena 42
ainda mostra a revolta do Tenente Dan pela deficiência física, ao tempo em que mostra a
percepção de Forrest de que a provocação não é verdadeira. A resiliência é percebida na ação de
Forrest, ao ajudar com a cadeira de rodas, o que, na cena 47 ajuda o tenente a superar sua
condição. A indignação do tenente mostra a defesa da dignidade de Forrest.
Tomando-se por base Coutu (2002) consideram-se as três características apontadas, da
pessoa ou da organização resiliente: 1) a aceitação incondicional da realidade; 2) a crença
profunda, em geral apoiada por valores fortemente arraigados, de que a vida é significativa; 3)
uma capacidade singular para improvisar. Essas características puderam ser observadas no
crescimento da relação de amizade e trabalho entre Forrest e o Tenente Dan. Na cena 76, no
reencontro entre Forrest e Dan, observa-se o tenente agradecendo com o olhar, como uma
espécie de constatação de superação das desventuras.
As cenas subsequentes estão alinhadas às afirmações feitas por Walsh (2004), de que o
corpo e a alma da resiliência encontram-se no sistema de crenças pessoal e familiar, e, desse
sistema faz parte a atitude de dar sentido à adversidade, ou seja, considerar a crise um desafio
significativo, compreensivo e manejável (Silveira & Mahfoud, 2008, p. 573). Na cena 39
Forrest e Jenny mostram a ausência de cobrança na relação de amizade permeada por crenças
e valores arraigados desde a infância. Na cena 62, Forrest, ao não se ofender com o senhor e
com a senhora que o escutavam no ponto de ônibus, denota segurança em sua realização de
dar sentido à adversidade. Tal segurança é reforçada na cena 65, diante da serenidade com que
sua mãe lhe diz que está morrendo. Até a morte, a mãe de Forrest reforça-lhe o sistema de
crenças para a condição de resiliência. Na cena 68 Forrest vive cada momento (característica
da resiliência), em completa ausência de questionamento. Na cena 74, Forrest recebeu e doou
cuidado e zelo amoroso, valores que se tronaram responsáveis por sua trajetória resiliente.
O Quadro 2 apresenta os dados empíricos com base no constructo convivencialidade.
Quadro 2 – Apresentação dos Dados
Constructo: Convivencialidade
Fundamentação Empírica (Cenas)
Suporte Teórico
Cena 07: Na casa de Forrest, um dos hóspedes (Elvis
Presley) aprende passos de dança com ele.
Cena 09: Forrest entra no ônibus escolar pela primeira
vez. Ao procurar um lugar, ninguém o deixa sentar-se
até que Jenny oferece um assento ao seu lado. Jenny
pergunta-lhe o que tinha na perna. Forrest pensa:
“ninguém falava comigo ou me fazia perguntas, além
da mamãe”. Jenny pergunta: “Você é idiota?”. Forrest
responde: “Idiota é quem faz idiotice”.
Cena 10: Forrest e Jenny se tornaram excelentes amigos.
Agostinho (2002, p. 15) destacou que o conceito de
convivencialidade é tomado de uma saudável
alternância entre o indivíduo e o outro, “aquele
breve instante em que ambos somos um”. As cenas
que se inserem nesse conceito são: 07, 10, 13 e 19.
Barlach, França e Malvezzi, p. 102 afirmaram que
“O desenvolvimento é um processo contínuo de
adaptação (assimilação e acomodação) entre
indivíduos e seus ambientes [...]”. As cenas que se
inserem nesse suporte são: 09, 15, 16 e 24.
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
11/17
Cena 13: Forrest conta que Jenny fugia no meio da
noite e ia para sua casa, porque ela tinha medo (Forrest
pensava que o medo era do cachorro de sua avó).
Cena 15: Forrest entra na Universidade, pelo contexto
desportivo e não pelo intelectual. Ele joga futebol
americano e contribui para a vitória. O técnico do time
comenta: “deve ser o filho da mãe mais idiota que já
existiu”.
Carneiro (2002, p. 150) salientou que a constituição
da convivencialidade se efetiva pelo estabelecimento
de “acordos, pela orientação de regras mutuamente
reconhecidas”. As cenas que se inserem nesse
suporte são: 07, 09 e 24.
Cena 16: Com o burburinho da entrada de negros na
Universidade, Forrest, diferente de todos ajudou,
entregando o livro que a menina negra tinha deixado cair.
Cena 19: Forrest vai visitar Jenny na faculdade em que ela
estuda e a protege do que imaginou ser uma agressão do
namorado dela. Jenny pede para ele parar e Forrest
entrega-lhe chocolates.
Cena 24: Ao entrar no ônibus do exército Forrest se
apresenta ao motorista, que grita com ele. Similar ao
contexto da cena 09, ao buscar um lugar ninguém o deixa
sentar, até que Bubba lhe oferece um lugar ao seu lado.
Eles se apresentam e Bubba conta sobre sua família e
sobre historias de camarão e diz que vai entrar para o
negócio de camarões quando terminar o exército.
Fonte: Elaborado pelas autoras com base nos dados da pesquisa
Com base no Quadro 2 e de acordo com Carneiro (2002) ao enfatizar que todo
indivíduo é constituído de papeis e o sentido desses papeis é produzido pelo reconhecimento
do outro, a partir da conversa e da negociação, observam-se no filme analisado os acordos e
os sentidos de papeis: entre Forrest e Jenny; e entre Forrest e Bubba em seus contextos de
convivencialidade, quer pela inocência, pela troca ou pela força da amizade.
Voltando à fundamentação teórica e aos Quadros 1 e 2 relembra-se: que o filme
também deixa ver a alternância saudável entre esses indivíduos, conforme elemento
constituinte da conceituação de Agostinho (2002) para a convivencialidade; o que destacou
Carneiro (2002, p. 150), para quem os indivíduos se orientam por valores e conhecimentos de
mundo, acumulados por suas histórias de vida. O indivíduo sempre vai ter como desafio, a
conquista do ‘outro’, para que sejam aceitas suas ‘intromissões’. A confiança existente nas
relações de Forrest e Jenny, de Forrest e Bubba e de Forrest e Tenente Dan mostrou, nos
discursos desses personagens, a aceitação das ‘intromissões’; o que Masten (2001, p. 233)
salientou acerca de “pessoas resilientes possuem três características: a aceitação incondicional
da realidade, uma crença profunda, muitas vezes sustentada por valores fortemente
arraigados, que a vida é significativa, e uma incrível capacidade de improvisar”.
Relembra-se, sobretudo, o que foi abordado por: Infante (2005), acerca da
contribuição dos resultados das pesquisas em resiliência, que partiram de um modelo de risco,
baseado nas necessidades e na doença e alcançaram um modelo de prevenção e promoção,
baseado nas potencialidades e recursos que o ser humano tem em si mesmo e ao seu redor;
Job (2003) que destacou como fatores de proteção: autonomia; autoestima; autodeterminação;
respeito; reconhecimento, participação da família, amigos, esperança e fé. A resiliência está
associada à autoestima, busca de significado para a vida, esperança, preservação da
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
12/17
identidade; autoafirmação e as crenças individuais; Pinheiro (2004), acerca da condução à
conclusão que a capacidade de amar, trabalhar, ter expectativas e projeto de vida e, em
decorrência, de dar um sentido à existência, denota ser a base em que as habilidades humanas
se apóiam para serem utilizadas diante das adversidades da vida.
6 Considerações finais
Ao trazer o filme Forrest Gump para ser analisado à luz da Administração, pelos
constructos resiliência e convivencialidade, buscou-se responder às seguintes questões de
pesquisa: como o processo de resiliência é mostrado no filme Forrest Gump? Como esse processo
contribui para os projetos educacionais de ensino, aprendizagem e pesquisa em Administração?
No que tange à primeira questão, o processo de resiliência mostrado no filme traz
questões para reflexão nos níveis do indivíduo, do grupo e da organização. Registra-se como
nota de cautela a necessidade de investigação, em cada organização que venha a ser estudada,
à luz desse filme, do seguinte aspecto: a resiliência tem o respaldo organizacional para a
construção ou para a manutenção de recursos adaptativos já existentes na organização, de
forma a preservar a relação saudável entre o indivíduo e seu trabalho?
No que diz respeito à segunda questão, vale indagar: a análise do processo observado
no filme pode ser utilizada em analogia com a organização? Neste estudo foi verificada a
contribuição da discussão dos resultados dessa análise para os projetos educacionais de
ensino, aprendizagem e pesquisa, tanto para os pesquisadores mais experientes, quanto para
os iniciantes, uma vez que o tempo total de observações e análises ocorreu no período de um
ano consecutivo.
As limitações deste estudo são inerentes à escolha metodológica. Todavia, as
vantagens oriundas dessa escolha favoreceram a clarificação das contribuições, não só para o
grupo desses pesquisadores, mas para o campo da Administração, quer na academia, quer na
organização. Na academia, registra-se o potencial de manutenção da agenda de pesquisas
envolvendo a análise fílmica, formando novos pesquisadores. Os discursos dos personagens,
os silêncios discursivos, as ações por trás dos discursos e silêncios, puderam ser explorados
com rigor e profundidade. Para a organização pode-se vislumbrar a exposição da análise para
elucidar comportamentos não percebidos dos integrantes das equipes, discuti-los e
encaminhá-los para os processos pertinentes, pois o filme serve como simulação dos
processos organizacionais.
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
13/17
Referências
Agostinho, M. E. (2002). Aprendizado coletivo como resposta a crises. In: Agostinho, M. E.;
Bauer, R. & Predebon, J. (Orgs.), pp.25-40. Convivencialidade: a expressão da vida nas
empresas. São Paulo: Atlas.
Aumont, J. (1995). A estética do filme. São Paulo: Papirus.
Baêta, A. M. C. (2007). Filmes no ensino e aprendizagem de questões éticas na administração
pública. In: Davel, E.; Vergara, S. C. & Ghadiri, D. P.(Orgs.) Administração com arte:
experiências vividas de ensino-aprendizagem. São Paulo: Atlas.
Bardin, L. (2010). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Barlach, L.; França, A. C. L. & Malvezzi, S. (2008). O Conceito de Resiliência Aplicado ao
Trabalho nas Organizações. Revista Interamericana de Psicologia / Interamerican Journal of
Psychology, 42(1), 101-112.
Barros, M. (2007). Kubrick e cultura organizacional. In: Davel, E.; Vergara, S. C. & Ghadiri,
D. P.(Orgs.) Administração com arte: experiências vividas de ensino-aprendizagem. São
Paulo: Atlas.
Carneiro, A. M. M. C. (2002). Linguagem na construção da convivencialidade. In: Agostinho,
M. E.; Bauer, R. & Predebon, J. (Orgs.), pp.143-151. Convivencialidade: a expressão da vida
nas empresas. São Paulo: Atlas.
Carvalho, V. D.; Borges, L. O.; Vikan, A. & Hjemdal, O. (2011). Resiliência e Socialização
Organizacional entre Servidores Públicos Brasileiros e Noruegueses. RAC, Curitiba, 15(5),
815-833.
Coutu, D. L. (2002). How resilience works. Harvard Business Review, May, 46-54.
Davel, E.; Vergara, S. C. & Ghadiri, D. P. (2007). Administração com arte: papel e impacto da
arte no processo de ensino-aprendizagem. In: Davel, E.; Vergara, S. C. & Ghadiri, D. P.(Orgs.)
Administração com arte: experiências vividas de ensino-aprendizagem. São Paulo: Atlas.
Dejours, C. (1986). Por um novo conceito de saúde. Revista Brasileira de Saúde
Ocupacional, 54(14), 7-11.
Denzin, N. K. (1989). The research act: a theoretical introduction to sociological methods.
Chicago: Aldine Publishing Company.
Fleury, M. T. L. & Sansur, A. M. (2007). Nenhum a menos: desvendando conceitos sobre
gestão por competências. In: Davel, E.; Vergara, S. C. & Ghadiri, D. P.(Orgs.) Administração
com arte: experiências vividas de ensino-aprendizagem. São Paulo: Atlas.
Flick, U. (2004). Uma introdução à Pesquisa Qualitativa. Porto Alegre: Bookman.
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
14/17
Forrest Gump - O Contador de Histórias. Direção: Robert Zemeckis. Intérpretes: Tom
Hanks; Robin Wright Penn; Gary Sinise e outros. Roteiro: Eric Roth. Música: Alan Silvestri.
Estados Unidos: Paramount Pictures. © 1994. 1 DVD. (142 min), color. Baseado homônimo
de 1986 escrito por Winston Groom.
Frankl, V. E. (1997). Em busca do sentido: um psicólogo no campo de concentração.
Petrópolis, Brasil: Vozes.
Freitas, K. (2007). O lugar da secretária: implicações históricas de gênero no trabalho e
imagem da profissão. In: Anais do EnGPR, 1. Natal: ANPAD.
Gil, A. C. (2007). Como elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas.
Godoi, C. K. & Balsini, C. P. V. (2010). A pesquisa qualitativa nos estudos organizacionais
brasileiros: uma análise bibliométrica. In: Godoi, C. K.; Bandeira-de-Mello, R. & Silva, A. B.
(Orgs.) Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos.
São Paulo: Saraiva.
Godoi, C. K. (2010). Perspectivas de análise do discurso nos estudos organizacionais. In:
Godoi, C. K.; Bandeira-de-Mello, R. & Silva, A. B. (Orgs.) Pesquisa qualitativa em estudos
organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. São Paulo: Saraiva.
Hutton, W. & Giddens, A. (Eds.). (2004). No limite da racionalidade: Convivendo com o
capitalismo global. Rio de Janeiro, Brasil: Record.
Infante, F. (2005). La resiliencia como proceso: una revisión de laliteratura reciente. In A.
Melillo & E. Ojeda (Eds.), Resiliencia: descubriendo las propias fortalezas. Buenos Aires,
Argentina: Paidós. 31-53.
Ipiranga, A. S. R. (2007). A narração fílmica no ensino de gestão de pessoas e de
comportamento organizacional. In: Davel, E.; Vergara, S. C. & Ghadiri, D. P.(Orgs.)
Administração com arte: experiências vividas de ensino-aprendizagem. São Paulo: Atlas.
Job, F. P. P. (2003). Os sentidos do trabalho e a importância da resiliência nas organizações.
Tese de Doutorado. São Paulo: FGV/EAESP.
Kaplan, H. (1999): “Toward an understanding of resilience: A critical review of definitions
and models”, en Glantz, M.; Johnson, J. (eds.), Resilience and development: positive life
adaptations, New York, Plenum Publishers, 17-84.
Leite, N. R. P. & Leite, F. P. (2007). Um estudo observacional do filme Denise Está
Chamando à luz da Teoria de Ação de Chris Argyris e Donald Schön. Revista de Gestão USP,
FEAUSP, 14(n. Especial) 77-91.
Leite, N. R. P. & Leite, F. P. (2010). A linguagem fílmica na formação e no fortalecimento de
grupos, equipes e times de trabalho: aplicações do estudo observacional. Revista de Gestão da
USP – REGE USP. FEA-USP, 17(1) 75-97.
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
15/17
Leite, N. R. P.; Leite, F. P.; Nishimura, A. T. & Cherez, R. L. (2010). Educação Tutorial:
Revitalizando Ensino-Aprendizagem e Pesquisa em Administração. Faces: Revista de
Administração (Impresso). 9(4), 01-14.
Leite, N. R. P.; Nishimura, A. T. & Leite, F. P. (2010). O Estudo do Constructo Amor em
Administração: Ciência ou Senso Comum? REUNA. 15(2), 59-81.
Leite, N. R. P. & Leite, F. P. (2012). Processo de coleta e análise de dados oriundos de filmes
comerciais sob a égide dos estudos observacionais no processo de ensino-aprendizagem e
pesquisa em Administração. Solicitação de pedido de patente, protocolada sob nº
018120023385. INPI.
Leite, N. R. P.; Amaral, I. G.; Freitas, A. D. G. & Alvarenga, M. A. (2012). Projetos
Educacionais e Estudos Observacionais em Análise Fílmica: Qual o Atual Status de Produção
no Brasil? Revista de Gestão e Projetos – GeP – UNINOVE. 3(3), 215-250.
Luthar, S. S., Cicchetti, D. & Becker, B. (2000). The construct of resilience: A critical
evaluation and guidelines for future work. Child Development, 71(3), 543-562.
Machado, R. (2009). Deleuze, a arte e a filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora.
Manciaux, M. (2001). La résilience: un regard qui fait vivre. Études, 3854, 321-330.
Masten, A. S. & Coatsworth, J. D. (1998). The development of compe-tence in favorable and
unfavorable environments: Lessons from suc-cessful children. American Psychologist, 53,
205-220.Kaplan, 1999
Masten, A. S. (2001). Ordinary magic: Resilience processes indevelopment. American
Psychologist, 56, 227-238.
Merleau-Ponty, M. (1983). O cinema e a nova Psicologia. In: Xavier, I. (Org.). A experiência
do cinema: Antologia. Rio de Janeiro: Graal.
Melillo, A. & Ojeda, E. (2005). Resiliencia: descobriendo las propiasfortalezas.Buenos Aires,
Argentina: Paidós. In: Barlach, L.; França, A. C. L. & Malvezzi, S. (2008). O Conceito de
Resiliência Aplicado ao Trabalho nas Organizações. Revista Interamericana de Psicologia /
Interamerican Journal of Psychology, 42(1), 101-112.
Noronha, M. G. R. C. S., Cardoso, P. S., Moraes, T. N. P., & Centa, M. L. (2009).
Resiliência: nova perspectiva na Promoção da Saúde da Família? Ciência & Saúde Coletiva,
14(2), 497-506.
Orlandi, E. P. (2012). Análise de discurso – Princípios & procedimentos. Campinas: Pontes Editores.
Pinheiro, D. P. N. (2004). A resiliência em discussão. Psicologia em Estudo. 9(1), 67-75.
Richman, J. M. & Bowen, G .L. (1997). School failure: An ecological-interactionaldevelopmental perspective. In M. W. Fraser (Ed.), Risk and resilience in childhood: An
ecological perspective. Washington, DC: NASW Press.
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
16/17
Saraiva, L. A. S. (2007). Tempos modernos, metrópoles e Rashomon no ensino de teorias de
administração. In: Davel, E.; Vergara, S. C. & Ghadiri, D. P.(Orgs.) Administração com arte:
experiências vividas de ensino-aprendizagem. São Paulo: Atlas.
Silva, A. B. (2010). A fenomenologia como método de pesquisa em estudos organizacionais.
In: Godoi, C. K.; Bandeira-de-Mello, R. & Silva, A. B. (Orgs.) Pesquisa qualitativa em
estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. São Paulo: Saraiva.
Silveira, D. R. & Mahfoud, M. (2008). Contribuições de Viktor Emil Frankl ao conceito de
resiliência. Estudos de Psicologia I: Campinas, 25(4), I 567-576.
Summers D. (1995). Longman dictionary of contemporary English. New York: Longman Group Ltd.
Taboada, N. G.; Legal, E. J. & Machado, N. (2006). Resiliência: em busca de um conceito.
Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano. 16(3), 104-113.
Tavares, C. A. B.; Ferreira, R. C.; Silva, M. A. B. & Leite, N. R. P. (2012). À procura da
felicidade: sucesso psicológico, felicidade e linguagem fílmica em administração. In:
Machado, D. Q., Matos, F. R. N. (Orgs). Estudos observacionais em linguagem fílmica.
Curitiba: CRV.
Vanistendael, S. & Lecomte, J. (2004). Resiliencia y sentido de vida. In A. Melillo, E. Ojeda,
& D. Rodríguez (Eds.), Resiliencia y subjetividad: los ciclos de la vida, pp.91-101. Buenos
Aires, Argentina: Paidós
Vanoye, F. & Goliot-Lété, A. (1994). Ensaio sobre a análise fílmica. Campinas, SP: Papirus.
Vergara, S. C. (2005). Métodos de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas.
Waller, M. A. (2001). Resilience in ecosystemic context: Evolutionof the concept. American
Journal of Orthopsychiatry, 71, 290-297.
Walsh, F. (2004). Resiliencia familiar: estratégias para su fortalecimiento. Madrid:
Amorrortu Editores.
Werner, E. E. & Smith, R. S. (1992). Overcoming the odds: high risk children from birth to
adulthood. Ithaca: Cornell University Press, 280 p.
Wood Jr., T. (2007). A utilização de filme e fotografia na discussão do conceito de liderança.
In: Davel, E.; Vergara, S. C. & Ghadiri, D. P.(Orgs.) Administração com arte: experiências
vividas de ensino-aprendizagem. São Paulo: Atlas.
Xavier, I. (Org.) (1983). A experiência do cinema: Antologia. Rio de Janeiro: Graal.
Yin, R. K. (2010). Estudo de Caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman.
_________________________________________________________________________
Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013
17/17

Documentos relacionados

Clique aqui para do arquivo

Clique aqui para do arquivo alunos se, além de se ocuparem da transmissão dos conteúdos acadêmicos, também os auxiliarem e os fortalecerem na capacidade de responderem de modo consistente às dificuldades da vida, superando po...

Leia mais