un1versidade católica de angola metodologia do trabalho académico

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un1versidade católica de angola metodologia do trabalho académico
UN1VERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA
António da Torre
METODOLOGIA DO TRABALHO ACADÉMICO
(SEBENTA)
Subsídios para a Cadeira de
Metodologia do Trabalho Académico
2
ADVERTÊNCIA AO LEITOR
Os presentes apontamentos foram concebidos e redigidos como roteiro do curso
de «Metodologia de Estudo» do ano académico 2001 e reelaborados, mais ou menos
profundamente, nos anos subsequentes. Dessa finalidade prática, provénl o seu estilo,
muitas vezes mais verbal do que escrito. Eles foram, por assün dizer, escritos a falar.
Destinam-se exclusivamente ao uso dos participantes da cadeira, como apoio ao seu
estudo pessoal. Qualquer outro uso destes apontamentos será considerado abusivo e
tratado como tal.
Em relação à primeira elaboração, esta apresenta um considerável aumento de
referências bibliográficas. Elas visam permitir aos estudantes um aprofundamento das
matérias apresentadas. Além disso, elas têm em vista possíveis situações futuras.
Sobretudo na altura da elaboração de trabalhos de conclusão de curso, os utentes destes
apontamentos notarão a sua insuficiência. Poderão buscar informações mais
pormenorizadas nas obras aqui referidas. Daí a abundância de referências bibliográficas
relativas à elaboração e apresentação dos trabalhos académicos. Embora o autor deva
muitas sugestões a terceiros, a responsabilidade pelo texto recai exclusivamente sobre
ele.
Para a elaboração destes subsídios, o autor serviu-se da bibl iografia a seguir
indicada. Aos autores abaixo referidos, assim como aos demais docentes da cadeira, de
quem o autor recebeu valiosa colaboração, seja expresso o seu reconhecimento.
o autor e coordenador da cadeira
António da Torre
3
INTRODUÇÃO
Colocada no início do curso universitário, a cadeira de Metodologia é como que
o !7all de entrada na Universidade; não enquanto edifício, mas enquanto instituição,
enqlJal1to Universitas Scientiarum.
Como o próprio nome - metodologia indica, ela quer apontar um caminho C'hé
hodós"); o caminho para alcançar o saber. Ela pretende ajudar os "ouvintes" a colocarse no caminho e a iniciar-se nos processos de aquisição e produção da ciência.
Pmtindo de umas considerações iniciais sobre a transição do ensino a nível
médio para o ensino a nível superior e as exigências que isso implica, teceremos nesta
parle mais preliminar
algumas considerações sobre a designação da cadeira, seus
objectivos e método de trabalho.
Seguidamente tomaremos um primeiro contacto
virtual - com a biblioteca,
lugar e instrumento privilegiado do trabalho académico: estudo e investigaç50. Faremos
algumas observações sobre a estrutura física da biblioteca, seus diversos espaços e as
respectivas finalidades: sala de catálogo, depósito de livros, sala de consulta e sala de
kitura. Mencionaremos os vários serviços que as bibliotecas co.stumam prestar:
empréstimo de livros, serviço. de fotocópias, de microfilmes, etc. Abordaremos também,
brevemente, a questão da leitura e do estudo. na biblioteca. Concluiremos este nosso
contacto virtual, com uma visita guiada à nossa biblioteca.
Dedicaremos especial atenção ao estudo pessoal. O estudante universitário é o
slüeito da sua formação. Ele deve tomar nas próprias mãos as rédeas da sua forrnação.
Daí a importância toda espeóal do estudo e investigação pessoais, quer individualmente, quer em grupo.
Sobretudo em disciplinas teóricas, o estudo e a investigação fazem-se pela
leitura. Abordaremos esse tema com especial cuidado. Veremos que há vários tipos de
leitura, cada um com os seus objectivos próprios e exigências específicas. Dedicação
especial merece a leitura analítica, que visa a compreensão exaustiva de um texto.
A elaboração de trabalhos escritos é essencial num estudo personalizado. Para
além de apresentarmos os tipos mais comuns de trabalhos académicos, exporemos os
diversos passos a dar para a elaboração de trabalhos dessa natureza: levantamento
bibliográfico, estudo da bibliografia e recolha de material, assim como a redacção dos
mesmos.
Para concluir todo esse processo daremos algumas orientações e normas para a
apresentação dos trabalhos académicos.
Detalhando um pouco mais as coisas, teríamos o seguinte programa de curso:
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PROGRAMA DO CURSO
PRELIMINARES
1.1 - Do Estudo a Nível Médio ao Estudo a Nível Superior
1.2 - Designação da Cadeira
1.3 - Objectivos da Cadeira
] .4 . Método a Seguir
2 - A BIBLIOTECA
2. J - "Definição"
- Estrutura Física
2.3 - Uso da Biblioteca
2.4 - Estudo na Biblioteca
2.5 - Biblioteca Virtual
3 O ESTUDO PESSOAL
3.1 Individualidade no Modo de Estudar
3.2 - O Tempo para o Estudo
3.3 - Um Ponto de Partida para o Estudo Pessoal
3.4 - Apontamentos de Aula
3 [- Uso e Abuso dos Apontamentos
3.4.2 - Trabalhar os Apontamentos: Individualmente ou em Grupo
3.4.3 Necessidade de Esclarecimentos
3.4.4 - Onde Trabalhar os Apontamentos de Aula
3.4.4.] - Apontamentos de Aula Trabalhados em Cadernos
3.4.4.2 - Apontamentos de Aula Elaborados em Fichas
3.4.4.3 - Apontamentos de Aula Trabalhados em Computador
3.5 Contacto Constante com o Tema cm Estudo
3.6 - Preparação dos Exames
3.6.1 - Preparação Remota - Preparação Próxima
4 - A BUSCA DE SUBSÍDIOS
4.1.- Levantamento Bibliográfico
4.1.1 - A Ficha
4.1.2 - A Ficha Bibliográfica
4.1.2.1 - A Ficha Bibliográfica de Seminário
4.1.2.2 - A Ficha Bibliográfica de Catálogo
4.1.2.3 - A Ficha Bibliográfica Pessoal
4.2 - O Preenchimento da Ficha Bibliográfica
4.2. J Os Campos da Ficha Bibliográfica
4.3 - A Elaboração da Bibliografia
43, J - Elementos que Constam na Bibliografia
4.3 - Normas para a Elaboração de uma Bibliografia
4.3.3 - Proposta Concreta
4.3.4 A Grande Excepção
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4.4 - Diversos Tipos de Obras
4.4.1 - Obras de um só Autor
4.4.2 - Obras de vários Autores
4.4.3 - Obras de Autor-Instituição
4.4.4 - Normas para Referência Bibliográfica de Material da Internet
4.4.5 - O Sistema Autor/Data
5 - A LElTURA.
5.1 - O ambiente de Leitura
5.2 - Vários Tipos de Leitura
5.3 - Leitura Analítica
5.3.1 - A Unidade de Leitura
).3.2 - Os Passos da Leitura
5.3.2.1 - Análise Textual Esquematização do Texto
5.3.2.1 - Análise Temática
5.3 1 - Análise Interpretativa - A Problematização A Síntese Pessoal
6 - A ELABORAÇÃO DE TRABALHOS
6.1 - Vários Tipos de Trabalho Científico
6.1.1 - Resumo de Textos: Relatórios de Leitura.
6.1.2 - Recensão de Livros
6.1.3 - Trabalhos de Carácter Monográfico
6.1.3.1 - Trabalhos de Seminário
6.1.3.2 - Dissertação de Licenciatura
6.1.3.3 - Tese de Doutoramento
6.2 Passos a dar na Elaboração do Trabalho Académico
6.2.1 Escolha do Tema
6.2.2 - Levantamento Bibliográfico
6.2.3 - Elaboração de um Projecto de Trabalho
6.2.4 - Recolha de Material
6.2.5 ~ Redacção
6.3 - O Texto do Trabalho Académico
6.3.1 '- Introdução
6.3.2 - Corpo ou Desenvolvimento
6.3.3 - Conclusão
6.4 - Aparato Crítico
6.4.1 - Citação e Referência.
7 - A APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS
7.1 - Parte Pré-textual
7.2 - Parte Textual
7.2.1 - O Espaço do Texto
7.2.2 - Espaçamentos: Homogeneidade e Hierarquia
- Espaçamento entre Linhas
7.2.4 - Tipo e Tamanho de Letra
7.3 - Parte Pós-textual
6
BIBLIOGRAFIA
AZEVEDO, Carlos A. Moreira I Ana Gonçalves de AZEVEDO. ~Metodologia científica: Contributo prático para a elaboração de trabalhos académicos. sa ed. Porto,
C. Azevedo, 2000 (la ed. 1994).
D'ONOFRIO, Salvatore. lvfetodologia do trabalho intelectual. 2a ed. São Paulo, Editora
Atlas S. A., 2000.
\ ECO, Umberto. Como se faz uma tese em Ciências Humanas. 3a ed. Lisboa, Presença,
1984 (la ed. em italiano 1977).
FARINA, Rafaello. Metodologia: Avviamento alia tecnica dellavoro .lcientifico. 3a ed.
Roma, Libreria Ateneo Salesiano, 1978.
FRADA, João José Cúcio. Guia prático para a elaboração e apresentação de trabalhos
cientificos. 2a ed. CoI. Microcosmos, Lisboa, Cosmos, 2000 (P ed. 1991).
GOZALO, Susana. Como estudar: Conseguir uma boa concentração. Ter êxito nos
exames. Melhorar os resultados. Esquemas de estudo. Apontamentos práticos e
adequados. Aprender com rapidez. Lisboa, Editorial Estampa, 1999.
HENRICI, Peter S.J. Guida pratica alto studio - con una bibliografia degli strumenti di
lavoro per lafilosofia e la teologia. 2a ed., Roma, Universita Gregoriana Editrice,
1980.
HENRIQUES, António I João Bosco MEDEIROS. Monografia no curso de Direito:
trabalho de conclusão de curso: Metodologia e técnicas de pesquisa: Da escolha
do assunto à apresentação gráfica. São Paulo, Editora Atlas S.A., 2003. .
LE BRAS, Florence. Como organizar e redigir relatórios e teses. Lisboa, Publicações
Europa-América, s.d. (] 996) (1 a ed. em francês 1993).
MARCONI. Marina de Andrade I Eva Maria LAKATOS. Fundamentos de Metodologia Cientifica. São Paulo, Editora Atlas S. A., 2003.
MARTINS, Gilberto de Andrade. Manual para elaboração de monografias e dissertações. 3a ed., São Paulo, Editora Atlas S. A., 2002.
PRELLEZO, José Manuel I Jesús Manuel GARCÍA. Invito alta ricerca: Metodologia
deI lavoro scientifico. Con la collaborazione di Geraldo CALIMAN - Ubaldo
GIANETTO Fabio PASQUALETTI - Miche1e PELLEREY - Albino RONCO
Natale ZANNI. 23 ed. Roma, LAS, 2001.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: Guia para eficiência nos estudos. São
Paulo, Atlas, 1977.
SEVERINO, António Joaquim. Metodologia do trabalho científico: Diretrizes para o
tabalho didático-científico na Universidade. São Paulo, Cortez & Moraes, 1978.
VIANA, Ilca Oliveira de Almeida. Metodologia do trabalho científico: Um enfoque
didático da produção científica. São Paulo, E.P.U., 2001.
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PRELIMINARES
Do Estudo a Nível Médio ao Estudo a Nível Superior
o estudo a nível superior é muito mais que uma mera continuação ou ampliação
do estudo a nível médio. Entre ambos medeia uma diferença qualitativa.! Isto
manifesta-se claramente no facto de óptimos alunos do ensino médio, que concluíram
brilhantemente o seu curso, se sentirem perdidos quando entram numa universidade.
virtude de numerosas experiências dessa natureza e no intuito de tornar esse "salto"
mais fácil, foi introduzido, em muitos institutos de ensino superior, o chamado ano zero,
curso propedêutico, ou como quer que seja designado?
Uma vez feita esta constatação, procuremos tomar consciência de alguns
elementos de diferença entre o estudo a nível médio e a nível superior.
Um prirneiro factor que poderemos mencionar é o "objecto" do estudo. A nível
do ensino médio, o objecto do estudo é bem delimitado e determinado. Há um conjunto
de conhecimentos que é necessário adquirir. Adquirido esse conjunto de conhecimentos,
plenamente realizados os objectivos do estudo. No estudo a nível superior. as
são bem diferentes; o objecto do estudo é o "sabível", aquilo que é passível de ser
sabido, aquilo que é possível saber. Se os antigos diziam que "a ciência é, de certo
modo, aquilo que se sabe" - "hé epistéme ta epísteta pôs estin" -, "a existência daquilo
que se sabe na consciência de quem sabe"; numa perspectiva mais dinâmica de
compreensão de ciência, eu tornaria a liberdade de dizer que a ciência é o conjunto
daquilo que é possível saber, daquilo que é passível de se saber.
Um outro elemento de diferença é o papel que o estudante é chamado a
desempenhar num e noutro nível de estudo. J No ensino médio o estudante tem um
papel menos activo que no estudo supenor. A nível médio, o estudante dedica-se
predominantemente a assimilar aquilo que lhe é apresentado como saber adquirido. A
nível superior o estudante é introduzido e encaminhado progressivamente para a
elaboração do saber, para "produzir" saber. Nos estudos superiores, o estudante é
chamado a uma participação muito mais activa na sua própria formação e a assumir na
mesma muito maior responsabilidade, inclusive
em algumas universídades - na
elaboração do próprio programa de estudos. Na Universidade, o estudante não será tão
"acompanhado" ou "controlado" pelo professor; nâo terá tantos "deveres de casa" e
I Cfr. João Álvaro RUIZ, Metodologia cienríjlca, 1955. (referido d'ora avante abreviadamente:
(RU
Metodologia, página); António Joaquim SEVERll\O, Metodologia do trabalho
cient{fico, 19ss. (referido d'ora avante abreviadamente: SEVERINO, Metodologia, página).
2 Na nossa universidade o curso propedêutico tem uma feição um tanto quanto atípica, quando
comparado com o curso propedêutico de outras universidades. O nosso curso propedêutico
destina-se, em grande parte, a superar possíveis deficiências do curso médio e pré-universitário.
Disciplinas como Português, Inglês e Matemática têm carácter claramente supletivo. Disciplinas
como Filosofia, Ética e Metodologia já podem ser compreendidas e abordadas como cadeiras do
ensino superior.
3 Cfr. SEVERlNO, Metodologia, 55s.
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II
coisas do género, O contacto constante com a matéria em estudo, tão necessário e útil
para o aprendizado, ficará confiado à sua responsabilidade,
Há universidades em que é o próprio estudante que "monta", em grande parte, o
seu curriculum de estudo, a partir dos cursos oferecidos e de acordo com os seus
interesses académicos pessoais, Isto acontece de modo especial nos institutos de ensino
superior que adoptam o sistema de créditos, De acordo com a carga horária, é atribuído
a cada cadeira ou seminário um certo número de créditos. Quando o estudante tem o
número de créditos exigido, pode apresentar-se para exame. Existem, naturalmente, em
cada faculdade e em cada curso, algumas cadeiras básicas, de fi'equência obrigatória. De
resto, há ampla liberdade. A amplitude de liberdade do estudante neSle campo pode
variar muito, dependo muito da orgânica de todo o programa de estudo do instituto.
Faz parte da actividade do estudante do ensino superior a elaboração de trabalhos escritos, individualmente ou em grupo. Começa-se, naturalmente, com a redacção
de textos relativamente simples, como sejam relatórios de leitura ou de estudo, passando
pela preparação e apresentação de trabalhos de "seminário" e culminando na elaboração
de disse11ações de licenciatura, mestrado e teses de doutoramento. Muito
frequentemente, os temas desses trabalhos são da livre escolha do estudante.
Além disso, a entrada no ensino superior implica, muitas vezes, uma ruptura
com a vida anterior ainda num outro sentido. Os centros de estudos superiores
encontram-se, por via de regra, em cidades maiores e muitos estudantes têm que deixar
a sua casa, a sua família, o seu meio ambiente habitual, para fíxar residência nessas
cidades; quer seja em residências estudantis, quer seja alugando quarto em casa
particular. Isto significa uma maior autonomia em relação ao ambiente familiar, mas
implica também maiores responsabilidades. Para quem está habituado sobretudo os
rapazes - a ter, na casa dos pais, mesa posta. cama feita e roupa lavada, não é pequeno
choque, de um momento para o outro, ter que cuidar de tudo isso. Kormalmente a
"mesada" de um estudante não dá para contratar alguém que cuide desses serviços.
Com os novos colegas de estudo, oriundos das mais diversas partes, integrará
novos grupos de convivência e actividades. A proveniência de vários locais será mais
acentuada em outras universidades do que nesta. Não obstante, mesmo sem virem de
outras cidades, vêm de escolas diferentes - ou de várias actividades e empresas, no caso
dos estudantes trabalhadores -, encontrarão novos colegas e constituirão novos grupos.
Após estas considerações de carácter mais preliminar, está na hora de nos
concentrarmos na cadeira que nos compete enfrentar.
Designação da Cadeira
Tem havido, no tocante à designação da cadeira, uma certa oscilação. Em anos
anteriores foi leccionada nesta universidade urna cadeira com o título de "Metodologia
do Trabalho Científico". Depois a cadeira passou a chamar-se "Metodologia de
Estudo". Agora deparamo-nos com a designação: "Metodologia do Trabalho Académico", a nível do Propedêutico, e "Metodologia do Trabalho Científico, no primeiro ano
da Faculdade de Ciências Humanas.
Sem querer especular muito sobre estas alterações na designação da cadeira, e
sem entrar em questões "de lana caprina"
no que a designação de uma cadeira
académica facilmente se pode transformar gostaria de dizer: se o título "Metodologia
do Trabalho Científico" peca por excesso, o titulo "Metodologia de Estudo" peca por
defeito.
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Comecemos com a designação: "'Metodologia do Trabalho Científico". Não há
dúvida que é um nome ao qual não falta uma certa pompa e solenidade. Um tema desta
natureza, em sua amplitude, pode assustar qualquer um. Haveria uma série de
abordagens possíveis e é fácil de ver que a metodologia, o método de trabalho, varía
também de acordo com a ciência em causa.
Não é preciso ter muita fantasia para poder imaginar que o trabalho científico
num laboratório de química se processa de modo muito diferente do de uma
investigação sociológica. Cada ciência terá a sua metodologia própria, o seu próprio
modo de caminhar para conseguir os seus conhecimentos. Seria esperar o impossível
admitir que este curso fosse uma abordagem de todas as metodologias do trabalho
científico nos seus diversos campos.
Poder-se-ia abordar o assunto numa perspeetiva epistemológica, a partir da
noção de ciência. Não faltam, na história do pensamento humano, esforços para
compreender o que é o saber, o conhecimento, o conhecimento científico, a ciência.
Com isto estaríamos remetidos aos campos da psicologia do conhecimento, da
sociologia do conhecimento, filosofia do conhecimento, etc. Há grandes pensadores que
dedicaram seu interesse e esforço intelectual a este estudo. É uma perspectiva de grande
valor e interesse. E até pode ser interessru1te. Não obstante, será o caso
nos
perguntarmos se o lugar adequado para abordar estas questões de carácter
epistemológico, será o "ano zero" de uma universidade. Questões dessa natureza são de
um grau de abstracção bastante elevado e não estão muito ao alcance de quem está a dar
os primeiros passos no ensino superior.
Fixemo-nos, agora, um pouco na designação "Metodologia de Estudo". Não há
dúvida que esta designação é muito mais restrita; talvez restrita demais. Oferecer um
contributo para que o ouvinte aprenda a estudar, a estudar bem é, sem sombra de
dúvidas, um dos objectivos centrais deste curso. Mas isso não é tudo.
pretende
familiarizar os participantes com todos os procedimentos necessários para a elaboração
dos diversos trabalhos académicos, que lhe serão exigidos durru1te o curso. Há que
pensar, sobretudo, na elaboração de trabalhos escritos aos diversos níveis, o que
ultrapassa a questão do estudo, mesmo de um bom estudo.
A designação "Metodologia do Trabalho Académico" parece suficientemente
abrangente, sem ser pretensiosa
Seja qual for a designação que escolhamos para a cadeira, uma questão que
impõe é determinar o que nos propomos fazer e do que pretendemos atingir com esta
cadeira. Propomo-nos apresentar um curso centrado naquilo de que o estudante precisa
para o desempenho cabal das tarefas que deverá desempenhar no decurso dos seus
estudos universitários. Servindo-nos do subtítulo da obra de Rafaello Farina,
Metodologia: Avviamento alla tecnica deI lavara scientijico, gostaria de compreender
esta cadeira como um "encaminhamento para a técnica do trabalho científico".
Podemos concretizar um pouco mais e dizer que pretendemos proporcionar aos
ouvintes um subsídio para o seu trabalho científico durante o curso nesta universidade.
Com isto, a nossa cadeira está caracterizada como uma cadeira eminentemente prática, o
que se tomará ainda mais claro ao vermos os objectivos que com ela se pretendem
alcançru·.
UV.tHL".>.
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Objectivos da Cadeira
Um objectivo básico da Cadeira é ajudar o estudante a familiarizar-se com o
instrumental da actividade académica: estudo e investigação; e adquirir a destreza e a
agilidade necessárias para o uso desse instrumental.
Se me permitem uma comparação com o aprendizado de uma « arte» ou um
ofício, gostaria de tomar o exemplo de um carpinteiro. Quem quer aprender essa arte
começará com familiarizar-se com os instrumentos e as ferramentas próprias do ofício,
como sejam: martelo, serrote, plaina, etc. e aprender a manuseá-los e a trabalhar com
eles. Quem quer aprender a tocar um instrumento, mesmo que seja um instrumento
simples, tem que adquirir a técnica e a destreza necessárias para o seu manuseio.
Quem se quer dedicar a uma actividade científica, que é uma actividade
intelectual, terá que se familiarizar com o instrumental do trabalho científico,
intelectual. O que se pretende basicamente com esta cadeira é ajudar o principiante
nestas lides a adquirir a destreza necessária no manuseio e uso dos instrumentos do
trabalho intelectual, científico.
:010 mundo das ciências, de modo especial no campo das ciências humanas, o
instrumental de trabalho é predominantemente de carácter escrito: livras, revistas e
outras coisas do género. Este material encontra-se catalogado em bibliotecas, arquivos,
etc. É com estas coisas e com o seu manuseio que será necessário familiarizar-se.
Hoje em dia os meios modernos da informática permitem um acesso
relativamente fácil a material muito distante, facilitando grandemente o estudo do
mesmo. Está a tornar-se cada vez mais comum trabalhar também aqui pela Internet.
Não basta, porém, familiarizar-se com esse instrumental; é necessário aprender a
fazer alguma coisa Cltil com ele. Estou a pensar na produção académica, na elaboração
de trabalhos académicos. Ajudar o estudante a aprender a elaborar esses trabalhos pode
ser considerado um segundo objectivo básico desta cadeira
Método a Seguir
No desenvolvimento da nossa cadeira servir-nos-emos de um modo misto de
trabalhar: aulas teóricas e trabalho prático. Só se aprende a nadar, nadando; só se
aprende a tocar um instrumento, com muito exercício. Também só com muito exercício
é que se adquire a destreza no manuseio do instrumental do trabalho científico,
intelectual. Daí a necessidade de muito exercício prático.
Como roteiro para o desenvolvimento da nossa cadeira propomo-nos tomar os
passos a dar no decurso da nossa formação tmíversitária. Gradualmente seremos
confrontados com tarefas cada vez mais complexas e exigentes. Começaremos, pois,
com o básico e tomaremos gradualmente contacto com as tarefas mais exigentes.
A actividade científica envolve duas dimensões básicas - que não se podem
separar, mas que é necessário distinguir - concretamente, a aquisição de conhecimento e
a produção de conhecimento, a assimilação da ciência e a produção da ciência. A fase
inicial da actividade académica é predominantemente uma fase de "aquisição" de saber,
por parte do estudante. Este vai-se apropriando do saber adquirido. A "produção de
saber", uma contribuição ao progresso da ciência, espera-se de fases mais adiantadas da
vida académica, especialmente das teses de doutoramento.
Concluindo estes preliminares, recapitulemos quais as etapas principais a
percorrer nesta caminhada. O primeiro passo levar-nos-á à Biblioteca, o instrumento
1I
principal do trabalho científico. Procuraremos tomar consciência do que é este
instrumento de trabalho e de como nos servir dele.
Se o instrumento principal do trabalho científico é a biblioteca, a actividade
primordial através da qual esse trabalho se realiza é o estudo e a investigação.
Dedicaremos a nossa atenção ao modo como o estudo se deve realizar a fim de ser
proveitoso. Não podemos estudar tudo; temos de seleccionar!
Este processo de selecção é muito importante, tanto quando procuramos
subsídios para o estudo, como quando procuramos material para a elaboração de
trabalhos académicos. Sobretudo na elaboração de trabalhos mais exigentes, é
necessário prestar muita atenção à qualidade do material. Da qualidade do material
seleccionado dependerá, em grande parte, a qualidade do próprio trabalho. Não se faz
um trabalho de primeira com material de segunda.
Como é que se deve proceder? Num primeiro momento procuramos fazer um
levantamento, na medida do possível completo, de tudo o que existe publicado sobre o
tema que nos interessa. Os dados que este levantamento nos fornece são guardados em
fichas, fichas bibliográficas - já teremos ocasião de ver o que é isso. É o que chamamos
busca de subsídios. A seguir fazemos a selecção separando o que nos parece ser mais
importante.
Uma vez na posse dos subsídios precisamos de começar a usá-los, a trabalhar
com eles. E isso faz-se através da leitura. Ela é de capital importância no trabalho
científico. É primordialmente através dela que entramos em contacto com o que está a
acontecer nos diversos campos do saber. Pela leitura tomamos conhecimento daquilo
que outros já pensaram e disseram sobre determinado assunto, dos resultados
alcançados, das dificuldades encontradas e dos aspectos que necessitam de ulteriores
estudos. É aprendendo daqueles que, antes de nós, se debruçaram sobre um determinado
assunto e num fi-utuoso intercâmbio de ideias com aqueles que, simultaneamente
connosco, se dedicam ao mesmo assunto ou a assuntos semelhantes que nos inserimos
no mundo da produção científica. É predominantemente pela leitura que tomamos
contacto, tanto com uns, como com os outros. Dedicaremos a nossa atenção aos vários
tipos de leitura, e à "colheita" dos seus frutos.
Ninguém de nós se dará~ ilusão de que a sua memória reterá tudo aquilo que ler.
Para que o conhecimento adquirido através da leitura não se perca, será necessário fíxá[o, retê-lo em apontamentos; apontamentos de leitura; novamente em fichas, as "fichas
de conteúdo". É sobre o material recolhido que poderemos trabalhar.
Ponto alto do trabalho científico, porém, é a própria participação na produção
científica através da elaboração de trabalhos. Esta etapa levar-nos-á a tomar
conhecimento dos diversos tipos de trabalho científico que serão exigidos duram e o
curso ~ e não só - e procurará capacitar-nos para a sua elaboração.
Concluiremos com algumas observações sobre a apresentação dos trabalhos. A
forma de apresentação, sem ser o mais importante, também exige os seus cuidados. Não
se serve champanhe em malgas de barro de Barcelos. Estas são muito mais adequadas
para servir caldo verde.
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A BIBLIOTECA
Um dos lugares da universidade com que nos devemos familiarizar desde o
início éa biblíoteca. É aqui que teremos acesso aos meios de estudo, investigação e
pesquisa. Quanto mais formos avançando no estudo, tanto mais precisaremos da
biblioteca. Nela encontraremos, antes de mais, o material que nos pemütirá
complementar e aprofundar os conhecimentos adquiridos nas aulas. Ela será,
posteriormente, o lugar onde realízaremos as nossas investigações e pesquisas. É bom,
por conseguinte, familiarizarmo-nos bem cedo com este lugar; melhor, com esta
institui ção.
Até ao ensino médio e pré-universitário, não precisámos muito da biblioteca. Os
m.anuais em uso na escola e que nós, em princípio, podíamos adquirir, eram suficientes
para o nosso estudo. No ensino superior precisaremos de consultar muitos livros,
revistas e outro material, que só encontraremos na biblioteca.
" Definição"
Se quisermos dar uma "definição" de biblioteca, poderemos designá-la como um
acervo de livros e material afim, devidamente ordenados e catalogados, para serviço de
estudo e investigação. O acesso a esse acervo poderá ser mais ou menos comum e mais
ou menos "fácil". Isso dependerá do carácter da biblioteca: pública, de determinada
instituição, particular.
As bibliotecas públicas são acessíveis a todas as pessoas. Quem estiver
interessado em usá-las, pode-se inscrever como utente, quando pretende frequentá-las
com uma certa regularidade. Para 11m uso esporádico, nem inscrição costuma ser
necessária.
Bibliotecas públicas podem considerar-se também as bibliotecas das
universidades e institutos estatais de ensino superior. Não obstante, no seu uso, privilegiam-se as pessoas ligadas a essas instituições, quer sejam os professores, quer sejam os
estudantes. De um modo geral, mesmo outras pessoas interessadas em usar uma
biblioteca dessa natureza são bem recebidas e atendidas. Pessoalmente tenho muito boas
recordações das várias bibliotecas de que precisei de me servir.
Rigorosamente falando, mesmo as bibliotecas de ministérios e outros órgãos de
Governo, não são bibliotecas particulares. São, por conseguinte, também bibliotecas
públicas. No entanto, o seu uso costuma ser bem mais controlado.
Quanto a bibliotecas particulares, o seu uso, por parte de terceiros, vai depender
totalmente da boa vontade dos seus proprietários.
Estrutura Física
Para poder funcionar, a biblioteca precisa de um espaço físico, melhor, de vários
espaços. A biblioteca precisará, naturalmente, de todo um sector administrativo, com os
espaços correspondentes. Vamos passar por alto esse sector da estrutura física da
biblioteca, pois tem pouco a ver com o utente habitual; e concentrar a nossa atenção
naqueles espaços que estão mais directamente ligados ao serviço que a biblioteca presta
ao seu utente.
13
o
espaço mais amplo, ao qual nós, utente da biblioteca, normalmente, não
teremos acesso, é o "depósito", onde os livros se encontram ordenados em estantes, ou
armários, de acordo com os critérios da biblioteca. O seu conteúdo é a riqueza da
biblioteca.
O primeiro espaço a que teremos acesso é a sala do catálogo. Quando procuramos uma
obra para estudo ou consulta, dirigimo-nos à sala do catálogo e, através da consulta do
catálogo, veremos se a obra que procuramos existe na biblioteca, ou não.
Há vários tipos de catálogo, de acordo com o princípio de organização. Os tipos
principais de catálogos são:
Catálogo por autor,
Catálogo por título e
Catálogo por assunto.
Estes catálogos estão ordenados em ficheiros, A cada obra corresponde uma
ficha com os dados bibliográficos da mesma o "Bilhete de ldentidade" da obra. Para
maior f~tcilidade na busca, as fichas estão ordenadas por ordem alfabética. Hoje, muitas
vezes, em bibliotecas informatizadas, este sistema tradicional é substituído pelo
computador. O catálogo poderá ser consultado num terminal do computador. Este
último sistema está em uso - ou em fase de instalação - na nossa biblioteca.
O mais simples, é chegarmos a uma biblioteca sabendo exactamente o que
procuramos. Quando sabemos quem é o autor e qual é o título da obra que procuramos,
é simples. Vamos ao catálogo por autor e logo veremos se essa obra
na biblioteca,
ou não. Caso exista, encontraremos na ficha a sigla, Ou cota o número da obra na
biblioteca. Anotamos esta sigla junto aos demais dados da obra e solicitamos a obra no
balcão de requisição de livros. O livro é colocado à nossa disposição na sala de leitura.
Antes de passarmos à biblioteca, porém, vamos deter-nos um pouco em duas
outras situações possíveis, em que nos podemos encontrar ao entrar na sala do catálogo
de uma biblioteca.
Nós podemos chegar a uma sala do catálogo sabendo apenas o título da obra que
procuramos. Neste caso deveremos procurar saber se a obra existe ou
na biblloteca
no catálogo por título. Na ficha encontraremos os demais elementos de identificação da
obra: autor, local de publicação, editora, ano de publicação, etc. Encontraremos tan1bém
a sigla, ou cota.
em diante o processo segue-se nos moldes indicados para o caso
anterior.
Não esqueçamos, no entanto, que pode haver muitas obras com o mesmo título.
Pensemos apenas em títulos como: "Gramática da língua portuguesa", ou "Introdução
ao estudo do Direito", ou "Direito penal". O mesmo vale para o campo da Economia.
Quantas obras existem com o título de "Economia e Gestão", etc. Só com muita sorte é
que encontraremos o que realmente buscamos, ou precisamos ...
Poderá dar-se ainda o caso de nós entrarmos numa biblioteca sabendo apenas o
assunto que nos mteressa, o tema que precisamos de tratar ou o problema para cuja
solução procuramos subsídios. Aí teremos que consultar o catálogo por assuntos. Aí
encontraremos as obras existentes na biblioteca sobre o assunto. Certamente haverá
muita coisa de interesse para o estudo do tema em artigos de revistas assinadas pela
biblioteca. Só catálogos muito sofisticados referirão estes artigos no catálogo por
assuntos ou temas. Apesar desta lacuna, haverá na biblioteca muitas obras sobre esse
assunto e não
muito fácil fazer uma boa selecção das obras
melhor qualidade.
Será bom fazer o levantamento completo das obras referentes ao tema que nos interessa
e consllltar alguém entendido na matéria; de preferência o professor, ou outro docente.
O bibliotecário não é a pessoa mais indicada para essa tarefa.
14
Passemos, agora, a um terceiro espaço da biblioteca: a sala de leitura. É aqui
que se trabalha. Usualmente é um espaço bem amplo, com boa iluminação e bem
arejado, de modo a permitir um bom ambiente de trabalho. Nesta sala há um balcão,
onde o utente recebe o livro ou os livros solicitados e mesas individuais, destinadas aos
utentes. Nasala de leitura há silêncio e não se fuma.
Para uma pequena pausa, para tomar um copo de água ou fumar um cigarro,
costuma haver, contígua à sala de leitura, mas isolada desta, uma pequena sala de
onde se podem encontrar jornais e outros periódicos de diversas procedências.
Mas voltemos à sala de leitura. A presença de uma série de pessoas,
concentradas a ler e a estudar, constitui um ambiente que convida à concentração e até
parece que contagia. É um óptimo ambiente de trabalho. Por vezes o chão é alcatifado,
para que os passos de quem se desloca, não perturbem os outros. Normalmente não se
vai à sala de leitura para ficar lá quinze minutos ou meia hora.
Um quarto espaço da biblioteca é a sala de consulta. Esta sala destina-se a lU11a
actividade menos demorada do que a sala de leitura. Na sala de consulta o utente tem
acesso directo aos livros, que ele próprio pode tirar da estante, consultar e, após o uso
dos mesmos, deixar mUll lugar determinado para esse efeito. Posteriormente serão
colocados no seu lugar por um funcionário da biblioteca. Isso para evitar que sejam
inadvertidamente colocados num lugar enado.
Nesta sala poderemos encontrar sobretudo dicionários e enciclopédias, quer
sejam de carácter geral, quer de carácter mais específico. Aí poderemos encontrar
também obras de carácter geral; manuais, manuais científicos e manuais académicos.
Estes dois últimos tipos, de manual têm sobretudo o nome e o facto de apresentarem
uma apresentação global da disciplina. De resto são demasiadamente amplos (vários ou
muitos volumes) paras servirem de livro base para o estudo de uma cadeira.
Nesta sala também poderemos consultar as revistas científicas do ano em curso,
assinadas pela universidade ou adquiridas por permuta. As revistas dos anos anteriores
foram encadernadas e remetidas para o "depósito", de onde podem ser requisitadas,
normalmente para a sala de leitura. Na sala de consulta encontram-se também os
repertórios bibliográficos.
Talvez nem todos saibam o que são repertórios bibliográficos. Procuremos
explicar o que são repertórios bibliográficos a partir daquilo que lhes dá origem.
Publicam-se obras científicas no mundo inteiro; e nas mais diversas disciplinas. Em
princípio, em trabalhos académicos mais avançados, sobretudo teses de doutoramento,
deveriam ser levadas em conta todas as publicações sobre o assunto. O levantamento
bibliográtlco deveria sei realnlente exaustivo. Corno será possível ter conhecimento de
tudo O que se publica sobre um assunto no mundo inteiro? Nenhum estudioso, que está
a preparar uma tese de doutoramento, poderá fazer uma investigação preliminar sobre
todos os livros e artigos de revistas da especialidade no mundo inteiro referentes ao
tema a que se dedica. Para facultar a informação sobre o que está a acontecer, a nível
dos diversos campos de saber e nas diversas partes do mundo, há um género próprio de
literatura cientifica, os repertórios bibliográficos. Estes procuram dar uma informação
exaustiva sobre as publicações cientificas de uma determinada área do saber a nível do
mundo inteiro, englobando tanto os livros, como os artigos de revistas da especialidade.
(Também há repertórios bibliográficos de carácter regional ou nacional). Os repertórios
bibliográficos, para além dos elementos bibliográficos de identificação da obra,
oferecem. muitas vezes, uma breve informação sobre o conteúdo da mesma, o que os
torna especialmente úteis. Eles são de inestimável valor para o levantamento
15
I
bibliográfico por altura de preparação de dissertações de licenciatura ou teses de
doutoramento. 4
Bibliotecas Sectoriais: De Faculdade - De Departamento
(Bibliotecas de Presença)
o
que temos vindo a referir até aqui diz respeito à Biblioteca Central da
Universidade. Há que acrescentar, no entanto, que, em universidades maiores, além da
biblioteca central, há bibliotecas sectoriais. Cada faculdade e cada departamento tem a
sua biblioteca. Nelas podem-se encontrar as obras de maior interesse para a faculdade
ou departamento, .tanto de carácter enciclopédico, como de carácter monográfico; para
além das obras de carácter geral e das revistas mais importantes para a especialidade da
faculdade ou do departamento.
Estas bibliotecas sectoriais funcionam em moldes semelhantes à sala de consulta
da biblioteca central. O utente tem acesso directo aos livros. Em princípio os livros não
podem sair da biblioteca - excepção feita ao corpo docente da faculdade ou
departamento. Daí o nome -'biblioteca de presença"; os lívros permanecem aí.
Normalmente, o espaço da biblioteca sectorial é subdividido pelas próprias estantes dos
livros em espaços menores, onde se encontram mesas à disposição dos utentes. Obtémse, assim, um espaço quase familiar, onde se pode estudar e trabalhar bem à vontade.
Para muitos estudantes são estes espaços menores o lugar preferido para o seu esludo
pessoal e para a elaboração dos seus trabalhos académicos. Aqui encontram as obras
básicas necessárias ao seu estudo e um ambiente de estudo com uma certa privacidade.
Uso da Biblioteca
O uso da biblioteca pode ser múltiplo, de acordo com os serviços que a
biblioteca preste. Em primeiro lugar a biblioteca é um lugar de estudo. Tanto pelos
meios que oferece: livros, revistas, etc., corno pelo ambiente de silêncio e tranquilidade,
a biblioteca apresenta condições muito mais favoráveis para o estudo do que uma
residência estudantil, um quartinho alugado ou um café ... Além disso, o dia de muitos
estudantes decorre na universidade. Saem de casa de manhã, participam nas aulas e
deinais actividades académicas, como sejam grupos de trabalho e seminários. O almoço,
muitas vezes, é tomado na cantina, onde fica muito mais em conta e dá menos trabalho a
preparar do que em casa. Muitas vezes há actividades académicas à noite, de modo que
os estudantes só regressam a casa no fim do dia. Nos intervalos entre as divcrsas
actividades podem estudar nos vários espaços que a universidade lhes coloca à
disposição.
Muitas bibliotecas universitárias oferecem o serviço de empréstimo de livros ao
domicílio. É um serviço de grande utilidade, pois permite o uso do livro à noite e
durante os fins-de-semana. Como ampliação deste serviço há também o serviço de
empréstimo de livros a distância. Caso o livro requisitado não exista na biblioteca, pode
ser solicitado de outra biblioteca, que o envia à biblioteca através da qual foi solicitado
para uso em sala de leitura ou mesmo para uso em domicílio. Este serviço é solicitado
predominantemente para elaboração de teses de doutoramento, das quais se espera que
considerem toda a literatura referente ao assunto tratado.
4
Cfr. SEVERINO, Metodologia, 30.
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De muita utilidade é também o serviço de fotocópias, oferecido por muitas
bibliotecas. Haverá capítulos de livros ou artigos de revista que será necessário estudar
com maior profundidade, sobretudo para a elaboração de trabalhos escritos. Será de
grande interesse para o estudante ou investigador ter esse texto consigo e poder
sublinhá-lo e fazer nele as suas anotações. Naturalmente não poderá tratar um livro ou
uma revista da biblioteca dessa maneira. Em muitas bibliotecas há fotocopiadoras onde
o próprio utente pode fazer as fotocópias do material que lhe interessa. Nos tempos em
que precisei mais de me servir delas, funcionavam com moedas. Não será
admirar
que hoje funcionem com cartão de crédito.
Sobretudo em fases mais avançadas do estudo, poderá haver a necessidade de
acesso a textos que só se encontram numa biblioteca distante. É mais prático - e
sobretudo mais económico
solicitar uma totocópia desses textos, embora também
custe alguma coisa, do que tomar o avião e ir lá consultá-los ou estudá-los.
Um serviço semelhante existe com microfilmes. Sobretudo obras mais raras,
que as bibliotecas não emprestam, são microfilmadas e os microfilmes enviados a quem
os tenha solicitado Este sistema talvez esteja um tanto quanto ultrapassado, poís o
computador, a "disquette" e a "Internet" permitem um trabalho muito mais confortável.
Estudo na Biblioteca
A biblioteca é um lugar privilegiado de estudo e leitura, que tem as suas regras
próprias. Os livros da biblioteca são livros de uso comum e não livros pessoais. Com
um li vro pessoal podemos permitir-nos liberdades, que não nos podemos permitir com
um livro de uma biblioteca. Um livro pes~oal, nós podemos sublinhar. Nele podemos
assinalar as passagens que nos interessam, a várias cores, se for~aso; e por ai adiante.
Com um livro da biblioteca não se pode fazer nada disso. Isso exige-o o respeito
para com os demais utentes da biblioteca. É sumamente desagradável deparar-se com
um livro rabiscado. O interesse com que se lê um livro varia de um leitor para outro. O
que para um é de grande interesse, para outro pode não ter interesse algum. Um livro
sublinhado irrita, pois dirige a atenção do leitor numa direcção determinada, orienta o
leitor numa perspectiva que não é necessariamente a sua; tende a desviar o leitor da
concentração naquilo que ele tem a perguntar ao livro, daquilo para o q Lle ele procura
elementos de resposta nesse livro. Há que respeítar rigorosamente esta regra.
Uma outra diferença muito significativa e que tem consequências para a leitura e
o estudo em biblioteca é: um livro pessoal está todo o tempo à disposição; é possível
recorrer a ele sempre que se considere necessário ou conveniente. Um livro de biblioteca não. Isto tem as suas implicações sobretudo em relação à tomada de apontamentos.
Em relação a um livro pessoal, os apontamentos podem limitar-se a referências
curtas aos elementos de interesse para uma determinada finalidade: elaboração de um
tema, de um trabalho de seminário, de uma aula, etc. Durante a execução do trabalho
poderemos lançar sempre mão à obra para obter informação mais detalhada ou
elementos complementares.
Com um livro de biblioteca a situação é completamente diferente. Visto que
durante a redacção do trabalho o livro não estará à nossa disposição, é importante
termos em mãos todos os elementos necessários para o trabalho. Estarão disponíveis nos
apontamentos de leitura, tirados na biblioteca. Daí a importância de tirarmos bons
apontamentos, o que só é possível através de uma boa leitura. As técnicas de leitura
serão abordadas mais adiante. Fixemo-nos, por agora, no trabalho a fazer na biblioteca.
É importante tirarmos o maior proveito possível do tempo em que dispusermos do livro,
17
colhendo, no menor espaço de tempo possível o maior número de elementos necessários
para o enriquecimento do nosso conhecimento pessoal ou para o trabalho que
estivermos a preparar. Devemos tomar nota desses elementos para nos podermos servir
deles quando da redacção do trabalho.
Para não perdermos nenhum elemento importante, a primeira tendência será
copiar tudo. Como isso demoraria um tempo infinito, podemos ter a tentação de
fotocopiar o livro inteiro.
entrarmos por esse caminho, rapidamente estaremos
enterrados em fotocópias. Nesse emaranhado dificilmente encontraremos a fotocópia
que precisamos, no momento certo. A primeira tendência da fotocópia é extraviar-se!
O mais adequado e o mais proveitoso é tomar apontamentos de leitura, fazer o
"fichamento" do livro. Não nos podemos limitar a breves referências, como no caso dos
livros próprios. Devemos tomar nota de todos os elementos importantes para o nosso
trabalho. Esses apontamentos constituirão o material com que trabalharemos directamente. Algumas passagens especialmente importantes poderão, ou deverão mesmo, ser
transcritas literalmente. Mas, por motivos de ordem prática, não poderão ser muitas,
nem muito extensas. O que interessa para o 110SS0 trabalho deve ser referido de uma
fom1a sintética em termos próprios.
Esses apontamentos devem ser feitos em fichas, devidamente rotuladas com Lima
palavra-chave, que reflicta o conteúdo da mesma, e com a indicação exacta da fonte:
autor da obra, título da mesma e a página. Outros elementos necessários na altura de
fazer a bibliografia já constam na ficha bibliográfica da obra. Essa referência é
importantíssima! Dependendo da importância da obra para o trabalho a elaborar, as
fichas devem dar uma síntese mais ou menos exaustiva da mesma. Deve-se tirar da obra
tudo o que ela tem de útil para a elaboração do trabalho,
É possível, e até prováveL, que, na fase conclusiva do trabalho, seja necessário
voltar a consultar a obra para conferir as citações, buscar um ou outro elemento de
complementação; mas isso serão pormenores.
Temos insistido em que os apontamentos sejam feitos em fichas. Porque em
fichas e não em cadernos? As fichas, em virtude do seu tamanho unitário e em virtude
de terem um conteúdo homogéneo podem ser manuseadas muito mais livremente.
Podemos mudá-las de lugar, intercalar outras fichas, extraídas de outras obras e autores,
ordenando-as de acordo com o nosso 'projecto de trabalho. Outros elementos sobre as
"fichas de conteúdo" ou "fichas de leitura" serão objecto de nossa atenção, quando
abordarmos a questão da leitura e documentação.
Neste momento o que nos interessava era chamar a atenção para a importância
da leitura em biblioteca, a especificidade da leitura em biblioteca e do uso dos livros da
biblioteca em comparação com a leitura em casa e o trabalho com livros pessoais.
Se, após o que expusemos acerca da biblioteca, suas estruturas e serviços,
passarem pela biblioteca desta universidade, notarão que não há uma coincidência a
cem por cento. Procurámos descrever a biblioteca a partir da experiência com
bibliotecas bem maiores, bem mais antigas, de países com maiores possibilidades e
recursos. Não se trata de uma biblioteca ideal, pois tudo o que foi menciona.do existe de
facto; nem se trata de uma biblioteca modelo. O facto de não dispormos de todos os
recursos não significa que não possamos trabalhar. A arte consiste em aproveitar os
recursos que há, de molde a tirar deles o maior proveito. O esforço e a dedicação
pessoais valem muito mais na formação intelectual, do que todos os recursos possíveis e
imagináveis. Com cel1eza, após cinquenta anos de fhncionamento, esta biblioteca
oferecerá recursos que não pode oferecer; e algumas das instituições, a partir das quais
elaborámos a nossa 'descrição' da biblioteca, têm centenas de anos de existência e
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funcionamento, Muito útil, quando não há uma biblioteca tradicional bem apetrechada,
é a chamada biblioteca virtual. A nossa universidade está apostada em caminhar nessa
direcção,
Biblioteca Virtual
Hoje é possível ter acesso às bibliotecas mais importantes do mundo inteiro sem
sair de casa, A 1nternet presta aqui um grande serviço, É importante, por conseguinte,
ter bem claro o que a Internet oferece e o que não oferece. Formulando em termos mais
académicos: os serviços a que temos acesso através da Internet são da mais diversa
natureza. Mesmo limitando~nos ao campo mais restrito da actividade académica, os
serviços da Internet são bem diversificados. Por esse meio podemos ter conhecimento
das publicações sobre um determinado assunto no mundo inteiro, o que possibilita um
levantamento bibliográfico pratícamente exaustivo sobre um tema que precisemos de
tratar, por exemplo num trabalho de conclusão de curso ou dissertação de licenciatura,
etc. Podemos também ter acesso a muitas obras, tanto de consulta como monográficas.
Há muitas enciclopédias que podem ser consultadas pela Internet. O acesso ao material
referido por vezes é gratuito, por vezes deverá ser pago.
É necessário ter bem em conta que o material oferecido é de qualidade muito
diferenciada. Podemos ter acesso a material (literatura) científico, material de
divulgação científica e material de vulgarização. Isso para não falar de material de
carácter marcadamente ideológico. propagandístico e proselitista etc. Daí a necessidade
de uma selecção criteriosa do material a utilizar na vida académica. O princípio geral é:
no estudo superior, o material a utilizar, de modo especial a bibliografia para os
trabalhos escritos. deve ser de carácter científico. Concretizando um pouco mais:
monografias, artigos de revistas científicas da respectiva área de estudo, ru1igos de
enciclopédias e dicionários da especialidade e manuais científicos ou académicos.
Material de divulgação científica: também chamado de "haule vulgarisation", é mais
adequado para os últimos anos de ensino a nível médio.
Tanto o material científico como o material de divulgação científica são, embora
a níveis diferentes, material de estudo. O demais material, que a Internet nos oferece é
mais adequado para leitura de formação geral e/ou de informação. Também este é de
grande valor para ampliar a cultura geral.
De grande interesse para o estudo académico podem ser as "páginas" de estudo e
as "salas de estudo" para o ensÍno superior, que algumas universidades oferecem, assim
como as "páginas" de consulta bibliográfIca, comparáveis aos repertórios bibliográficos.
O material mais qualificado, no entanto, são as monografias, as encíc10pédias e
dicionários específicos, assim como os manuais académicos e científicos. O acesso a
muito material dessa natureza precisa de ser pago, mas já há muita coisa acessível
gratuitamente,
É bom familiarizar-se desde cedo com este modo e trabalhar. Os "navegadores"
da Internet, designados trul1bém, se não me engano, por "Ínternautas", poderiam
explorar um pouco esta questão e comunicar os resultados aos outros!
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o ESTUDO PESSOAL
Individualidade no lVlodo de Estudar
~.
Num curso universitário, a actividade académica primordial é o estudo. Daí a
importância e a necessidade de a realizar devidamente, de modo a tirar dela o maior
proveito passiveI. Em termos simples: não basta estudar; é preciso estudar bem. Quanto
melhor se estudar, tanto maÍs proveito se terá do próprio estudo. É importante esforçarse por estudar bem desde o início.
Como é que se estuda bem? Aqui é que começam as dificuldades. Uma mão tem
cinco dedos, todos irmãos, mas cada um diferente dos outros. Cada pessoa humana tem
a sua personalidade própria, tem as suas características individuais específicas: um
modo próprio de se exprimir, um modo próprio de tàlar, um modo próprio de escrever um estilo próprio. Da mesma forma, cada estudioso tem o seu modo próprio de estudar;
e cada um que se inicia nas lides académicas deverá descobrir ~ talvez inventar - a sua
forma de estudar; e de estudar bem.
Esta "individualidade" no campo do estudo ref1ecte-se, entre outras coisas, no
facto de alguns gostarem mais de estudar à noite; ao passo que outros preferem estudar
de manhã cedo, ou mesmo de madrugada. Cada um terá que descobrir qual é o tempo
em que lhe é mais fácil concentrar-se para estudar. Mas não esqueçamos que o estudo é
trabalho, e o trabalho tem sempre o seu quê de árduo. Estudar também exige esforço; e
isso é uma coisa que, ao que parece, não agrada muito a alguns estudantes.
Uma vez feita esta ressalva, podem mencionar-se alguns elementos, fruto da
experiência de outros, que nos podem ajudar a encontrar o nosso caminho para um
estudo frutuoso.
O Tempo para o Estudo
Elementar é o seguinte: O estudo não é coisa que se reserve para quando não
se tem mais que fazer! É fl..mdamental determinar um tempo para o estudo e é
importante ater-se a isso. Quanto menos tempo pudermos reservar para o estudo, tanto
mais teremos que o usar racionalmente, distribuindo-o pelas diversas cadeiras, de
acordo com a importância das mesmas dentro do currículo. 5 Em qualquer currículo de
estudos há disciplinas básicas, fundamentais, disciplinas complementares e disciplinas
auxiliares. Seria errado reservar para uma cadeira auxiliar o mesmo tempo de estudo
que se dedica a uma cadeira fundamental.
Além disso, há cadeiras que podem ir de boleia; ou, em termos mais académicos.
podem ser feitas, em parte, concomitantemente com outras. Explico-me. Uma cadeira
como a metodologia de estudo, ou do trabalho académico, pode ser aprendida sobre um
asslmto de outra natureza. Podemos exercitar o método de estudar, de tirar
apontamentos, de fazer um resumo, de elaborar uma bibliografia, etc., numa cadeira.
que não seja necessariamente a metodologia. E até talvez nem seja o pior modo de o
fazer. Com isso tornar-se-á claro que a metodologia tem um carácter instrumental, está
ao serviço do nosso estudo e do nosso trabalho nas diferentes áresas. Mesmo para a
avaliação em metodologia pode servir muito bem um trabalho apresentado noutra
O modo de utilizar racionalmente Q tempo para o estlldo vem exposto de forma bastante
pormenorizada em RUIZ, Melodologia, 22-33. efr. também SEVERINO, Metodologia, 36.
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disciplina, desde que tenha sido elaborado de acordo com as normas do trabalho
científico. Isto para dar um exemplo de como se pode racionalizar o uso do tempo.
Um Ponto de Partida para o Estudo Pessoal
Mas voltemos à nossa pergunta básica: o que significa estudar, estudar bem; e
como é que se faz isso? Uma vez que as aulas desempenham um papel central na
actividade académica, apresentam-se como mTI óptimo ponto de partida para um estudo
pessoa1. Podemos dizer que o centro da nossa actividade nesta casa, são as aulas. O
docente vem aqui "dar aulas" e os estudantes vêm "assistir às aulas". Oxalá que não seja
toda a verdade! Esperemos que os estudantes não venham meramente "assistir" às aulas,
mas participar nelas; que o estudante não seja mero "espectador", como se fosse assistir
a um jogo de futebol, a um teatro ou a um shaw de variedades; mas que participe nas
aulas, para além de outras eventuais intervenções, com uma recepção activa, procurando
assimilar, tornar próprio, o saber, o conhecimento que a aula procura transmitir. 6
Mas a medalha tem o seu reverso. A aula não é a ocasião do docente dar o seu
shaw, de alardear a sua erudição, o seu saber. A aula deve ser o lugar onde o docente, a
partir da sua maior experiência na busca do saber, se esforça por ajudar o estudante na
busca de saber; o lugar onde o docente procura partilhar com os ouvintes o fruto do
seu trabalho na busca do saber.
A recepção activa, a que me referia acima, consiste no esforço de
o
raciocínio do professor, no esforço de compreender o que ele diz. A compreensão
implica não só a apreensão do sentido daquilo que o professor diz, mas também a visão
do QormL~ daquilo que é dito. Não é só entender o que o professor diz, mas porque é que
ele diz exactamente isso e não o contrário. As coisas têm a sua lógica própria e
compreender significa exactamente entrar na lógica interna das coÍsas.
Apontamentos de Aula
Durante as aulas - e quando se "assiste" a uma palestra ou conferência tiral11se apontamentos. Tirar bons apontamentos é também uma arte. A primeira tendência de
quem participa com interesse numa aula é não perder nada. Para não perder nada
procura-se escrever tudo! A não ser que se seja muito bom em estenografia, não se
consegue. Enquanto se está concentrado a escrever o que o professor acaba de dizer, já
não se capta o que ele está a dizer de momento. Há que fazer apontamentos selectivamente. Apontar o mais importante, as ideias-chave, em estilo telegráfico, usando
abreviaturas. É claro que a distinção entre as ideias-chave e as ideias derivadas
pressupõe uma compreensão do que foi exposto. A entoação da voz, eventuais
repetições de palavras ou expressões por parte do professor, etc. já nos darão uma
primeira indicação do que é essencial ou derivado, central ou periférico. Muitas vezes o
professor facilitará um tanto quanto as coisas, colocando no quadro as palavras-chave e
as ideias principais. Por vezes, no final da exposição de um tema, poderá mesmo
apresentar um esquema de recapitulação, muito útil para a compreensão da estrutura
lógica do discurso. Estes esquemas poderão ser muito úteis para ver como as ideias
estão concatenadas umas com as outras.
~
6
....
~~._--------
Algo que ajudR muito a tirar maior proveito das aulas é "prepará-Ias", familiarizando-se antes
com o assunto a tratar. A esse respeito cfr. SEVERINO, Metodologia, 37.
21
Da qualidade dos apontamentos dependerá, em grande escala, a possibilidade de
reconstituir a aula, quer seja para aprofundamento da compreensão da matéria, quer seja
para complementação e reelaboração dos apontamentos. Apontamentos bem elaborados
são um bom instmmento de trabalho para a recapitulação da matéria às vésperas dos
exames ou das "frequências".
Quando o docente, em suas aulas, segue de perto um manual ou uma sebenta
elaborada por ele próprio e à qual os estudantes tenham acesso, não será necessário tirar
apontamentos tão acurados. Nesses casos, tirar apontamentos será mais um meio de se
manter atento à aula e evitar distracções. Poder-se-á seguir a aula realçando as partes
que o docente enfatiza mais. - Devo dizer, no entanto, que não facilita nada a tarefa do
professor o facto de os ouvintes, em lugar de prestarem atenção ao que o professor está
a expor, se concentram a estudar apontamentos. Quebra a comunicação.
Uso e abuso dos Apontamentos
o que fazer com os apontamentos? Q.uso que se pode fazer dos apontamentos
pode ser muito variado; não esquecendo que pode haver uso devido e uso indevido: uso
e abuso dos apontamentos! Os apontamentos podem ser guardados cuidadosamente em
casa para serem esquecidos até às vésperas dos exames ou "frequências'" altura em que
serão tirados para arejar um pouco e perderem o mofo. Desculpem! Não era bem isso o
que eu queria dizer; o que eu queria dizer é que eles serão retirados nas vésperas dos
exames para serem "empinados" e permitirem alcançar o "dez da misericórdia".
Os apontamentos podem ser arquivados solenemente, enchendo pasta após pasta,
para aguardarem com paciência o dia em que serão retirados para abrilhantar a fogueira
na festa da "queima das fitas", Para tudo isso se prestam os apontamentos tirados em
aula. Penso que não discordarão muito de mim, se lhes disser que nâo considero ser este
o uso devido para os apontamentos. Esse fará parte do uso indevido, do abuso, de que
falávamos acima.
Acabamos de ver para que podem servir os apontamentos de aula. Com isso
estamos já a perguntar, indirectamente, para que é que os apontamentos devem servir.
Qual é o uso que se deve fazer desses apontamentos? Sendo uma coisa feita "em cima
do joelho~';~ êOO,-õdiZ"elu·os-bI;sileü-os, os apontamentos de aula apresentarão, necessariamente. muitas lacunas. Frases truncadas, ideias incompletas, etc. Para poderem ser
um instrumcnto válido de estudo e também de preparação para exames - eles deverão
ser "trabalhados". E isso deve acontecer, de preferência, logo a seguir à aula, enquanto a
matéria tratada em aula está fresca na memória. A leitura dos apontamentos logo a
seguir à aula fará vir à memória outros elementos importantes, dados pelo professor,
que não foram apontados, mas que agora podem e devem sê-lo, para complementar os
apontamentos. Isso permitirá, em principio, a reconstituir a aula na sua totalidade.
Trabalhar os Apontamentos: Individualmente ou em Grupo
Este trabalho de elaboração dos apontamentos de aula pode ser feito individualmente ou em pequenos grupos, de duas a cinco pessoas. Estudantes que moram
perto uns dos outros, ou na mesma residência estudantil, podem constituir grupos
relativamente estáveis de estudo. Isso pode permitir um estudo frutuoso, mas também
não é "receita". Haverá estudantes mais propensos a estudar individualmente, outros
mais propensos a estudar em pequenos grupos. Mesmo quem tem maior propensão para
22
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trabalhar individualmente não deve esquecer que na sua vida profissional, muito
provavelmente, terá de trabalhar ern. equipe ~ quer chefiando uma equipe de trabalho,
quer como membro de uma tal equipe. Não será bom que exactamente aqueles que
manifestam uma propensão para trabalhar individualmente se vão habituando desde
cedo a trabalhar junto com outros?
A colocação em comum e a comparação dos apontamentos de três ou quatro
participantes na aula permitirá reconstituir a estrutura e o conteúdo da aula de um modo
mais completo e perfeito do que os apontamentos de um só participante. Além disso,
três ou quatro pessoas reterão na memória mais elementos da aula do que uma só. Um
pequeno grupo de trabalho poderá reconstituir a aula muito mais perfeitamente do que
uma pessoa só.
Necessidade de Esclarecimentos
Mas isto ainda não é tudo. Nesta retomada da aula haverá pontos que não
ficaram bem claros e que será conveniente esclarecer. Conceitos dos quais temos apenas
uma vaga ideia, nomes de personalidades da História ou de pensadores e autores
actuais, dos quais gostaríamos de saber mais alguma coisa; alguns tópicos da própria
matéria que gostaríamos de aprofundar um pouco.
Para esclarecimento de termos de uso geral, que não sejam conhecidos, há os
dicionários da língua pOliuguesa. Muito possivelmente já terão algo do género. Seria
bom conferir se tem a qualidade adequada a um estudo a nível superior. A este nível não
sei
será muito conveniente contentar-se com uma miniatura! ~ão serei eu quem lhes
vai recomendar este ou aquele dicionário. Muito mais qualificados para o fazer, estão os
docentes da Língua Portuguesa.
Para o esclarecimento de conceitos mais específicos da própria área de estudos é
recomendável a aquisição de um pequeno dicionário da respectiva área. Há dicionários
desta natureza para as diversas áreas de saber. Caiu-me há dias nas vistas um Dicionário
de Economia. Haverá, certamente, algo semelhante na área do Direito; mas não serei eu,
leigo no assunto, quem terá a ousadia de lhes recomendar um em particular. Certamente
os colegas da área terão todo o gosto em aconselhá-los nesse sentido. Obras desta
natureza sâo muito úteis para uma primeira informação sobre os vários temas da
disciplina, de modo especial seus conceitos específicos, assim como para uma breve
informação sobre a biografia, a obra e o pensamento dos "clássicos" da disciplina em
causa. Também os manuais, muitas vezes eles próprios fruto de largos anos de docência
nas diversas áreas, são um óptimo subsídio para complementar e aperfeiçoar os
apontamentos tomados em aula. 7
O resultado de todo este processo será tun texto ao qual poderemos retornar
sempre que necessitemos de "refrescar" os nossos conhecimentos sobre determinado
ponto da disciplina académica em estudo, ou na altura de preparar exames e
frequências. Pode ser que o resultado de todo este processo seja um texto relativan1cn1e
extenso. É aconselhável fazer um resumo, para fins de revisão e recapitulação.
7
Cfr. SEVERlNO, A1etodologia, 21 s.
Onde Trabalhar os Apontamentos de Aula
Onde é que se deve fazer este trabalho e guardar o seu resultado? Em cadernos,
em fichas, no computador? Cadernos e fichas são métodos mais tradicionais; o
computador poderá não ser ainda acessível para o comum dos mortais. Cada um destes
sistemas tem suas vantagens e desvantagens. As orientações dos autores no campo da
metodologia variam. Uns recomendam cadernos; outros, fichas.
Apontamentos de Aula Trabalhados em Cadernos
o caderno tem a vantagem de ser algo mais estável. As folhas estão fixas, não
andarão a voar de um lado para o outro; o que pode acontecer facilmente com as fichas.
Estas, por seu lado, devido à sua mobilidade, podem ser ordenadas segundo a
necessidade do estudo a fazer ou trabalho a elaborar. Pelo pouco que pude observar nas
aulas, a maioria de vocês estão mais habituados a trabalhar em cadernos de
apontamentos. A possibilidade de trabalhar em fichas talvez represente uma novidade.
Caso se opte por trabalhar com cadernos, devem-se usar cadernos de tamanho
grande: A4 ou aproximado. Deve-se deixar uma margem bem larga à esquerda,
aproximadamente um terço da página. Além disso, deve-se escrever só de um lado da
fulha. O verso deve ficar, neste primeiro momento, em branco. Também pode ser em
amarelo, azulou cor-de-rosa, conforme a cor das folhas do caderno.
Para quê tanto espaço vazio e tanto "desperdício de papel"? Para inserção dos
novos elementos que formos encontrando. Explico-me. Como bons estudantes, não se
limitarão a "empinar" apontamentos ou sebentas, mas aprofundarão os conhecimentos
adquiridos em aula através da leitura constante de livros, artigos de revistas e de
enciclopédias da sua área de estudo. Aí encontrarão elementos de grande valor para o
enriquecimento dos seus apontamentos de aula, que não quererão perder. Será
conveniente inserir esses elementos junto às passagens dos seus apontamentos que
versanl sobre o assunto.
Essas anotações poderão ser de natureza diversa: referências bibliográficas
para o caso de quererem aprofundar determinado item dos apontamentos -, pequenos
extractos de outras obras para enriquecimento dos apontamentos; ou mesmo afirmações
que questionem a "doutrina" dos mesmos, etc.
Se não tiverem lugar suficiente no caderno para anotar "civilizadamente" essas
"achegas", terão duas alternativas. Ou forçarão a sua inserção nas entrelinhas e/ou nas
margens exíguas à esquerda e à direita, tornando o caderno ilegíveL ou terão que os
inserir em forma de folhas avulsas, Cl~jO destino será, mais cedo ou mais tarde,
extraviar-se ...
Apontamentos de Aula Elaborados em Fichas
A elaboração dos apontamentos de aula pode ser feita em fichas. 8 Até à
generalização do uso do computador, as fichas mais usadas eram de formato
aproximado a A6, mais exactamente: 150xl00mm. Nas papelarias ou nas lojas de
material de escritório encontram-se facilmente ficheiros para fichas desse formato. Para
quem pretende trabalhar com o computador, o formato mais apropriado para essa
finalídade talvez seja o formato AS (metade de A4). (A4 é o formato do papel usado
habitualmente entre nós para dactilografia, impressoras de computador, etc.).
8
Cfr. SEVERINO, Metodologia, 34.
24
Por minha parte gostaria de recomendar o uso de fichas de tamanho A6
150xl05mm. Este tamanho permite inserir num mesmo ficheiro as fichas "padrão" e as
fichas de tamanho A5, tiradas do computador- dobradas a meio. (Mostrar algumas
fichas e como se pode inserir facilmente num mesmo ficheiro as fichas A5 tiradas em
computador) .
A grande vantagem do sistema de fichas é a possibilidade de Introduzir
mais fichas com novas informações colhidas sobre o assunto. Também no caso de, em
virtude de novas informações, se tornar necessário refazer parte dos apontamentos
elaborados, é só substituir as fichas "ultrapassadas", por fichas "actualizadas".
A grande desvantagem deste sistema é o perigo de se perder no meio de tantos
papeis soltos, ou de perder as fichas... No caso de estas se extraviarem e serem
encontradas, talvez nem aquele que as elaborou, saiba onde as inserir. Este método de
trabalho exige uma série de cuidados. Antes de mais, é necessário prestar muita atenção
à identificação das fichas. Estas devem conter, em lugar bem visível, os elementos
necessários de identificação: qual a obra de onde ela provém, qual o assunto de que trata
e qual o lugar a
ela pertence. Na ficha deve constar exactamente o assunto a que sc
refere. Se é um apontamento de aula, se é um extracto de uma outra obra lida para
complembntar os apontamentos: artigo de dicionário, artigo de revista, manual, etc.
Deve ficar claro, além disso, se se trata de uma citação literal ou de um resumo, etc. De
qualquer maneira a referência bibliográfica é indispensável.
Cada ficha deve conter apenas uma unidade de pensamento, para se poderem
ordenar logicamente segundo uma ordem de raciocínio. Sobre os diversos tipos de
fichas, sua "confecção" e sua finalidade, teremos ocasião de nos debruçarmos mais
adiante. Os dados de identificação da ficha devem-nos permitir determinar sem grandes
dificuldades qual é o seu lugar no ficheiro, para poder ser recolocada no lugar devido,
caso se extravie.
Num ficheiro desta natureza, as fichas podem ser ordenadas de acordo com o
programa do curso, seguindo as suas divisões e subdivisões; por exemplo: Metodologia
1.1; Metodologia 1 . Metodologia 1.3, etc. De momento este elemento será suficiente
para sabermos que a ficha tem a ver com a cadeira da metodologia, mais concretamente
com assuntos referentes às considerações preliminares. É prudente fazer esta referência
a lápis.
tarde, precisarmos a ficha para outra finalidade, poderemos mudar
fàcilmente o cabeçalho.
Apontamentos de Aula Trabalhados em Computador
E quanto à elaboração dos apontamentos de aula em computador? Com a
expansão crescente dos computadores pessoais, será cada vez maior o número de
estudantes com acesso a este meio moderno de trabalho; e também de distracção! Ele
pode ser de grande utilidade para "trabalhar" os apontamentos de aula. Quem tem um
pouco de prática em dactilografia ou digitação de textos, não precisará de mais tempo
para digitar alguma coisa no computador, do que para escrever à mão. No mesmo tempo
em que passará os apontamentos a limpo, tê-Ios-á no computador. Que aí será mais fácil
complementá-los que no papel, nem será necessário dizê-lo. Quando os apontamentos
são "trabalhados" por um pequeno grupo de pessoas, facilmente se tirará, no fim, uma
cópia para cada um,
Os elementos de interesse para o nosso estudo, que encontrarmos em leituras
posteriores, também poderão ser integrados no respectivo lugar eom grande facilidade.
A versatilidade cada vez maior dos programas é a grande vantagem que o computador
oferece. O grande perigo do computador é a distracção. Podemos ser tentados a passar
25
mais tempo a "navegar" na Internet ou a experimentar as potencialidades de um novo
programa, do que a trabalhar em assuntos do nosso estudo. Daí também poderão sair
grandes técnicos em software ...
Contacto Constante com o Tema em Estudo
o contacto permanente com o assunto que estamos a estudar é de suma importância. Mediante a elaboração dos apontamentos de aula, o seu enriquecimento e a sua
complementação com elementos tirados de outros lados somos levados a um contacto
repetido com o assunto que estamos a estudar. Através desse contacto vamo-nos
familiarizando cada vez mais com ele, vamo-lo assimilando lentamente; vamo-lo
compreendendo cada vez melhor. Vamos entrando cada vez mais no quê e no porquê
das coisas. Esse saber vai-se tprnando cada vez mais nos::;o saber. Com isto estaremos
no bom caminho para superar uma aprendizagem reduzida a mera memorização muitas vezes sem compreensão. É claro que isto não dispensa completamente a
memória e a necessidade de guardar na memória. Mas é, inclusive, muito mais fácil
guardar na memória algo que se interiorizou e compreendeu, do que algo que não se
compreendeu. É como aprender uma música de sucesso, que toda a gente quer cantar. A
melodia é a melodia; cada um aprenderá de acordo com o seu "ouvido" e a sua memória
musical. Quanto à letra, as coisas são diferentes. Teremos muito mais facilidade em
guardar um texto numa língua que compreendemos, que numa língua que não
compreendemos. A compreensão do sentido do texto facilita grandemente a sua
memorização. O mesmo vale, "mutatis mutandis", para a aprendizagem de uma
disciplina académica.
O contacto repetido com os temas estudados é muito importante para a sua
assimilação. No decurso do ensino secundário o estudante é levado para não dizer
forçado - a este contacto através das tarefas escolares em casa, dos deveres da escola.
No ensino superior este "instrumento didáctico" já não existe; pelo menos tem um papel
muito menos relevante. O contacto repetido com aquilo que foi estudado é entregue à
responsabilidade do estudante. Ele deve fazer-se; mas pode fazer-se de muitos modos.
Podemos fazê-lo sistematicamente, relendo de quando em quando os apontamentos; ou
"ocasionalmente", talvez melhor, "na ocasião certa", O que é que se entende por isso?
Nas nossas leituras encontraremos constantemente referências a temas que já
estudámos. De acordo com as evocações que essas referências despertam em nós,
notaremos até que ponto o assunto nos é suficientemente familiar. Por essa ocasião
podemos notar que o assunto ainda se apresenta bastante nebuloso. É sinal de que é
necessário voltar a ele, para dissolver, ao menos um pouco, a nebulosidade. Poderemos
notar que o assunto ainda está bastante confuso; é necessário "tirar os fusos".
Já Cícero verberava a situação pedagógica em Roma nestes termos: "non vilae
sed scholae discimus!"- "Não aprendemos para a vida, mas para a escola!"
Frequentemente esta crítica social de Cícero é transformada, através da inversão dos
termos, em piedoso aforismo: "não aprendemos para a escola, mas para a vida!"
Como se pode estragar uma frase!
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A preocupação demasiada com os exames - ou frequências - facilmente pode
levar à situação verberada por Cícero, Se me permitem formular-me em termos
incisivos: o que se aprende para o exame, esquece-se no dia seguinte!
Quer isso dizer que não devemos dar atenção aos exames, nem preparar os
exames? Não! Os exames são uma realidade, uma realidade importante, na medida em
que dos seus resultados dependerá a transição para o ano seguinte ou a não transição com tudo o que isso acarreta, não só a nível financeiro, De mais a mais, do diploma, da
nota final da formação universitária, poderá depender, em grande parte, o nosso futuro
proflssional.
Sendo os exames uma realidade, e uma realidade importante, haverá que tomálos devidamente em conta e levá-los a sério. Agora, se me permitem uma formulação
paradoxal: a melhor maneira de levar os exames a sério é não estudar para os exames!
Estudar para os exames é enttar naquela situação verberada por Cícero. Estudar para os
exames é uma perspectiva muito limitada e limitativa. Devemos estudar para aprender mais para saber do que para os exames. O estudo "desinteressado" é a melhor
preparação para os exames. Um bom exame será a consequência lógica, quase
necessária, o fruto naturalmente amadurecido de um bom estudo.
Colocado isso, é necessário não esquecer que a proximidade dos exames causa
sempre uma certa ansiedade nos estudantes. Como enfrentar essa situação? Em primeiro
lugar com calma. Quem foi estudando durante o ano ou o semestre, não terá grandes
motivos para sobressaltos. Prevendo essa situação já foi sintetizando as várias partes do
curso frequentado e essas sínteses serão um bom roteiro para a revisão da matéria. Com
base destes resumos verá quais são os pontos que ainda precisam de alguns retoques.
Buscará os elementos que lhe faltam ..
Quem, eventualmente, não acompanhou tão intensamente o curso durante o ano,
terá necessidade redobrada de calma, tranquilidade e sangue fi-ío para se desenrascar.
Talvez a melhor maneira de tentar salvar o que der para salvar ainda seja "pedir boleia"
a um colega que se tenha preparado melhor. Formulando em termos mais académicos:
pedir ao colega que lhe faculte o acesso aos seus apontamentos e às suas sínteses de
revisão da matéria. Mas isso é quase como pedir os óculos emprestados ao vizinho.
Preparação Remota .- Preparação Próxima
Voltando mais directamente à preparação dos exames, podemos distinguir uma
preparação remota, indirecta; e uma preparação próxima. directa. Preparação remota
para os exames pode ser considerado todo o processo de estudo e aprendizagem,
Sobretudo se, prevendo os exames, as várias partes da matéria já foram objecto de sínteses de recapitulação e de "esquemas", que permitem ver com um olhar a estrutura lógica
do discurso; isto é, como os diversos elementos se relacionam uns com os outros. É a
partir destes esquemas e resumos que se poderá retomar a matéria tratada, de modo a têla em mente na altura do exame.
A preparação próxima do exame é aquela revisão da matéria tratada com vista a
tê-la presente na altura do exame. Quanto melhor for a preparação remota, mais fácil e
mais rápida poderá ser a preparação próxima. Matematicamente, poderia formular-se
neste termos: o tempo necessário para a preparação próxima dos exames é directamente
proporcional à matéria a rever e inversamente proporcional ao que foi feito na preparação remota. Aquilo que foi objecto de acompanhamento constante dm,mte o semestre,
facilmente será revisto e recapitulado. Aquilo que não foi bem estudado, necessitará de
uma atenção mais acurada.
27
É bom começar com uma antecedência mínima de umas três semanas, caso se
queira tirar desse trabalho algum proveito para a vida. Isso permitirá, inclusive, recuperar alguma coisa que deveria ter sido feita anteriormente, mas, por algum motivo, não o
foi. Com um trabalho intensivo, mesmo em duas semanas se pode preparar com uma
certa seriedade uma disciplina que ficou meio votada ao esquecimento. Mas repito: o
que se aprende na véspera do exame e em atenção ao exame, esquece-se no dia
seguinte.
Permitam-me começar, novamente, com uma comparação. Se quiserem construir
uma casa terão que buscar material. Isto pode fazer-se artesanal ou tecnicamente. A
busca artesanal consiste em dirigir-se ao "Kikolo". Na fase dos acabamentos talvez se
tome necessária uma ida ao "Golfo", A busca técnica pode começar com o estudo dos
projectos de cálculo estrutural, eléctrico, hidráulico, de corpo de bombeiros, etc. A
partir dos vários projectos pode-se fazer o levantamento exacto dos materiais
necessários, assim como das suas especificações técnicas. Procuram-se os vários
possíveis fornecedores; comparam-se os preços, condições de pagamento e tudo o mais,
que conhecem melhor do que eu!
Quem estiver com vontade, ou na necessidade, de estudar um assunto ou de
elaborar um trabalho científico, precisará também de procurar o material necessário:
aqueles elementos a partir dos quais poderá realizar essa tarefa. Da riqueza destes
elementos; da sua quantidade, mas sobretudo da sua qualidade, dependerá, em grande
parte, a qualidade do trabalho a elaborar.
Onde procurar esse material? Normalmente na literatura especializada. A
primeira tarefa a eXecutar será, por conseguinte, fazer um levantamento das obras que
poderão oferecer e1ementos pru'a o trabalho. Nisto consiste o levantamento
bíbliográfico. 9 Apontam-se as obras que pru'ecem ser de interesse.
Apontam-se como; apontam-se onde? Podem-se apontar em cadernetas, em
cadernos, etc. O mais indicado, no entanto, é apontar os dados referentes a essas obras
em fichas - as chamadas fichas bibliográficas, Já nos debruçaremos um pouco mais
detalhadamente sobre o que é isso. A grande vantagem do registo em fichas é a
versatilidade do sistema. Este método permite ordenar as fichas de acordo com diversos
critérios. O critério básico de ordenamento das fichas é a ordem alfabética. Isto permite
localizá-la facilmente, sempre que precisemos dela. Para além disso, este sistema é
novas fichas, sempre que se torne necessário.
aberto à inserção
Agora devemos perguntar-nos como é que se faz isso. O apontamento das obras
em fichas não se faz "de qualquer maneira", mas de acordo com detem1Ínadas normas,
que abordaremos em breve. Com isso somos remetidos para a questão das fichas, com
que já nos deparámos algumas vezes. Vamos a isso!
Cfr. Ul11berto ECO, Como se faz uma tese em ciências humanos, 77-81. (Referido d'ora avante
abreviadal11ente: ECO, Como se f a::. ullla tese, página).
9
28
r
A Ficha
Comecemos por dedicar um pouco a nossa atenção às fichas. O que são fichas, o
que é uma ficha? Fisicamente, uma ficha é um pedaço de papel ou de cartolina, de
fonnato rectangular, destinado ao registo, armazenagem e manuseamento de
informações. Normalmente a ficha não está isolada: "a ficha é um animal gregário!"
Está junta com outras, do mesmo formato, constituindo um ficheiro. No mesmo ficheiro
as fichas devem ser rigorosamente do mesmo formato. De resto, o formato das fichas
pode variar consideravelmente. Há fichas de vários tamanhos, de acordo com as
informações a cujo registo elas se destinam. Podemos chama-Ias pequenas, médias e
grandes. Vejá-mo-Io! (Apresentar para visualização fichas de várias dimensões!)
Para serem manuseadas com mais facilidade e para terem maior durabilidade, as
fichas costumam ser de um papel um pouco mais encorpado que o (de uma gramatura
superior ao) papel usado habitualmente nos escritórios; ou mesmo de cartolina fina.
Fichas podem ser lisadas para as mais diversas finalidades. Uma empresa
organizada tem um ficheiro de cliente, um ficheiro de fornecedores, etc. Um médico
tem um ficheiro dos seus pacientes.
Ficheiros - e fichas
são uma coisa muito generalizada. Hoje em dia os
ficheiros são guardados e geridos, muitas vezes, por computador. Em suma, as
informações registadas e guardadas em fichas podem ser de natureza muito diversa e há,
de acordo com isso, uma gama muito ampla de tipos de ficheiros e, por conseguinte, de
fichas.
Quanto a nós, que tipo de informação nos interessa e que tipos de fichas e
ficheiros nos interessam? Na actividade académica servimo-nos, basicamente, de dois
tipos de fichas:
Fichas bibliográficas e
Fichas de conteúdo.
Como já se pode ver a partir do próprio nome, a ficba bibliográfica destina-se a
registar as referencias bibliográflcas de mna obra, e a ficha de conteúdo a recolher
informações sobre o seu conteúdo. Vamos tratá-Ias separadamente. Por agora
concentraremos a nossa atenção na ficha bibliográfica, deixando a ficha de conteúdo
para quando tratarmos da leitura.
A ficha Bibliográfica ..
Como já tivemos ocasião de mencionar, a ficha bibliográfica é a menor. O seu
formato é o rectangular. i'!.ê suas dimensõe!j?odem variar. Em muitos países da Europa
usam-se fichas de tamanho A 7.
Talvez nem todos estejam familíarizados com essas designações de formato de
papel: A4, AS, etc. Estes formatos estão muito divulgados na Europa e em outras partes
do mundo. Vamos partir do formato A4. Este é o formato do papel usado habitualmente
nos escritórios; para máquina de escrever, o computador, etc. É o formato do papel
destes apontamentos. A3 é o formato correspondente ao dobro do A4; e A5 é metade do
A4; e assim sucessivamente, tanto para cima, como para baixo.
Não obstante, tomo a liberdade de recomendar fichas bibliográficas de
dimensões diferentes, concretamente: 125 x 75 mm,
... por serem o tamanho padrão usado
nos catálogos das bibliotecas em muitas partes do mundo.
Embora normalmente em branco, a superfície da ficha está dividida virtualmente
em vários campos, reservados a diversas finalídades. Veremos isso um pouco mais
~
29
detalhadamente quando tratarmos do preenchimento das fichas. Limitemo-nos, de
momento, a realçar que nas bibliotecas o preenchimento das fichas bibliográficas segue
normas bem rigorosas.
Está na hora de nos perguntarmos para que serve a ficha bibliográfica. 10 A
ficha bibliográfica destina-se ao registo dos elementos ql1e permitem identificar uma
obra: um livro, um artigo de revista, um artigo de uma enciclopédia e coisas do género.
Uma ficha biblíográfica bem preenchida é como que o bilhete de identidade de uma
obra. Quais são os dados que constam no nosso bilhete de identidade? (Tentar um
paralelismo com os dados que constam de uma ficha bibliográfical) Numa ficha
bibliográfica constam, mais ou menos exaustivamente - de acordo com o tipo de ficha
bibliográfica - as características de ordem externa que identificam a obra.
Olhando um pouco mais de perto os elementos que caracterizam uma obra e
permitem a sua identificação, podemos distinguir elementos essenciais e elementos
complementares. Elementos essenciais são aqueles que são imprescindíveis para a
identificação ineq~lÍvoca da obra. Complementares~eles que, não sendô
imprescindíveis para a identificãção da obra, fornecem outras informações sobre a
mesma.
Já mencionámos, acima, que há vários tipos de ficha bibliográfica. Esta
diversidade tem a ver com a finalidade a que a ficha bibliográfica se destina. De referir
são:
~
- A ficha bibliográfica de seminário,
-.. A ficha bibliográfica de catálogo e
--.. A ficha bibliográfica pessoal.
A Ficha Bibliográfica de Seminário
A ficha bibliográfica de seminário destina-se, como o nome indica, ao uso
comum pelos participantes de um seminário. É a ficha mais simplificada. Contém
apenas aqueles elementos referentes à obra, que constam na bibliografia. Também aqui
há uma certa divergência entre os especialistas.
De minha parte, gostaria de apresentar como elementos a constar numa
bibliografia e, por conseguinte, numa ficha bibliográfica do seminário os seguintes:
'$. nome do
título e subtítulo da obra,
(quando não é a primeira), local da
edição, ~ditora,
de edição e número de volumes, (quando se trata de uma obra em
vários volumes). Quartdo se trata de uma colaboração inserida numa obra mais ampla;
por exemplo, um artigo inserido numa revista da especialidade, um al1igo de uma
enciclopédia, um trabalho inserido numa miscelânea, é necessária a indicação da
localização exacta nessa obra, assim como dos dados essenciais da obra mais anlpla.
Mais detalhes sobre este assunto nas orientações para a elaboração de uma
bibliografia. l !
Cfr. ECO, Como sefaz uma tese, 81-95.
Para não ficarmos "num só livro", vejamos as orientações para a elaboração de ullla ficha
bibliográfica de seminário propostas por Rafaello Farina: "A ficha bibliográfica de seminário
deverá pOltanto conter só e exclusivamente: a) o nome do autor, individual ou colectivo,
colocado no alto à esquerda; b) o título e o subtítulo do livro, tirado da página de rosto; OLl o
título do a1tigo como consta, não do índice, mas da página onde começa, com o título da revista,
da miscelânea ou da enciclopédia, etc., no qual esse se encontra; c) a colecção ali obra geral da
qual o volume faz parte; d) a cidade e a data do livro; o volume ali o ano de publicação e as
páginas do aJtigo." (Metodologia, J02),
10
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30
-I
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I
I
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Há países, como a Alemanha, onde, por princípio, não é mencionado editor de
uma obra; apenas a cidade. Isto pode ter a ver com o esforço de evitar tudo o que possa
parecer promoção comercial. Noutros países não há tàntos escrúpulos dessa natureza.
Nos meios culturais que nos estão mais próximos, a menção do editor é generalizada.
A Ficha Bibliográfica de Catálogo
fA ficha de catálogo destina-se, como o nome indica, ao registo da obra no
catálogo. Esta ficha deve conter tgdo§ os elementos de descrição externa da obra:
Autor,
Título e subtítulo,
Tradutor, prefaciador, autor das ilustrações,
Número de edição (caso não seja a primeira),
Local de edição, editor, ano,
Descrição tisica: número de volumes, número de páginas, dimensões,
Série ou colecção a que pertence e nlU11ero na série.
Notas especiais. 12
Se compararmos esses elementos com os elementos enumerados nas "Normas de
Referência Bibliográfica da Associação Brasileira de l\ormas Técnicas", notaremos
algumas diferenças, que poderemos considerar de pormenor
Notar-se-á uma maior diferença, se procurarmos elaborar uma ficha de catálogo a
partir da distribuição dos elementos de acordo com os vários "campos" da ficha,
propostos por Rafaello Farina:
Campo do autor,
Campo da página de rosto,
Campo das notas bibliográficas e
Campo de notas especiais.
Não vamos entrar aqui em grandes discussões e comparações. Isto é assunto que diz
mais respelto aos responsáveis pela catalogação das obras nas bibliotecas. De mais a
mais, as normas de catalogação podem variar de uma biblioteca para outra. Para nós é
importante tomar consciência de que há uma diferença acentuada entre uma ficha de
catálogo e uma ficha de seminário, que contém apenas os elementos necessários para a
elaboração de uma bibliografia. Resumidamente pode dizer-se: uma iicha de seminário
contém apenas os elementos imprescindíveis para a identificação inequívoca da obra,
enquanto a ficha de catálogo tende a englobar todos os elementos referentes às
características exteriores da obra.
)- Na ficha de catálogo consta, ,em lugar de destaque - normJlJm~nte no can50
~rior direito - a cota, ou a siW. E o código do livro na biblioteca. E esta que nos
indica exactamente o local em que o livro se encontra e é por ela que os funcionários se
Embora aproximando-se bastante, a nossa proposta difere da de Farina em alguns pontos. Não
consideramos tão impOItante a colecção a que a obra pettence; não a englobando, por
conseguinte, nos elementos a constar na bibliografia. Acrescentámos a edição, assim como o
editor e o nllmero de volumes da obra. A inserção, nas bibliografias, destes elementos está a
tornar-se cada vez mais comum.
12Nesta amostra de elementos, a constar numa ficha de catálogo, seguimos a proposta de Carlos
A. Moreira AZEVEDO / Ana Gonçalves de AZEVEDO, Metodologia cientifica, 94, que
costumam seguir de peito a Norma POliuguesa 405, (Referido d'ora avante abreviadamente:
AZEVEDO, Metodologia, página).
31
I
guiam para ir buscar as obras solicitadas. Quando se requisitam livros de uma biblioteca
é imprescindível a indicação desta sigla. Já sabemos onde a vamos procurar; na sala do
catálogo ...
Nestas observações tomámos apenas em consideração a ficha de catálogo por
autor. Há ainda outros "modelos" para o catálogo por títulos e por assuntos, que não
abordaremos, pelo motivo aduzido acima.
A Ficha Bibliográfica Pessoal
A ficha bibliográfica pessoal, para além da descrição externa completa da obra elemento que ela tem em comum com a ficha de catálogo contém outros elementos de
interesse para o estudioso. 13 É conveniente que contenha uma primeira infonnação
sobre o conteúdo da obra; uma espécie de índice abreviado. A partir daí já poderemos
ter uma ideia da relação que a obra tem com o tema que estaremos a estudar ou
elaborar; uma relação directa ou apenas indirecta etc.
De extrema utilidade é o registo nesta ficha bibliográfica pessoal do local onde a
obra pode ser encontrada: a biblioteca onde ela é acessível e a respectiva sigla. Também
costumam ser referidos nesta ficha os locais onde a obra foi recenseada.
Caso seja de interesse apontar algumas informações mais detalhadas e mais
extensas sobre essa obra, pode-se fazer isso numa ou mais "fichas de conteúdo",
colocando na ficha bibliográfica a referência a essas outras fichas com mais
informaçõ.;:s sobre a obra. O que são "fichas de conteúdo" e para que servem, ainda
teremos ocasião de o ver, quando tratarmos da leitura e dos apontamentos de leitura.
Nos preparativos para a elaboração de um trabalho científico, sobretudo se
estivermos a trabalhar na redacção de uma dissertação ou de uma tese, precisaremos de
fazer um levantamento, tão completo quanto possível, de tudo o que foi publicado e
versa directa ou indirectamente sobre o assunto que estamos a investigar. Ainda que nos
possamos dedicar a tempo pleno à elaboração da dissertação ou tese - o que muitas
vezes não acontece ~ não poderemos estudar tudo. Termos que seleecionar. E é
importante seleccionar bem!
Será a partir das informações do ficheiro bibliográfico pessoal que faremos essa
selecção. Os dados do nosso ficheiro bibliográfico pessoal devem~nos pennitir avaliar a
importância que determinada obra tem para a nossa investigação. De acordo com isso
vamos estabelecer prioridades na leitura; prioridades de ordem temporal .- por que obra
começar o estudo e prioridades de ordem real - que tipo de leitura fazer dessa obra.
Há obras cujo estudo é imprescindível; há outras cujo estudo é necessário e outras cujo
estudo é útil. Eventualmente haverá obras com as quais não valerá a pena perder tempo.
Um ficheiro bibliográfico pessoal bem elaborado ajudar-nos-á a fazer o discernimento.
Da importância da obra dependerá a atenção que lhe deveremos dar. Há obras
que devem ser realmente estudadas a fundo. Outras obras serão objecto de uma leitura
integral atenta; as partes de maior interesse serão estudadas. A outras será necessário,
mas também suficiente, dar uma olhada - através de uma "leitura em diagonaI".
De grande importância em todo esse processo são as recensões de que essas
obras foram objecto; quer seja em repertórios bibliográficos, quer seja em revistas da
especialidade. Uma boa recensão dá-nos uma descrição sucinta do conteúdo da obra
recenseada, assim como uma apreciação crítica da mesma. Mas também as recensões
devem ser vistas com um olhar crítico. Nós não vamos fazer o nosso juízo sobre um
:3
Cfr. SEVERINO, Metodologia, 58s.
32
J
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I
I
I
filme, uma peça de teatro, um livro, (etc. a partir da crítica dos mesmos, que
encontramos na imprensa. Vamos fazer o nosso juízo sobre essas obras depois de as ter
visto ou lido e
elTI
virtude do que vimos ou lemos. A crítica da Í111prellSa pode despertar
nosso interesse ou a nossa curiosidade em ver esta ou aquela obra.
De momento é o que me pareceu necessário dizer, para nos familiarizarmos com
os diversos tipos de fichas bibliográficas. Passaremos, agora, a dedicar a nossa atenção
ao preenchimento de uma ficha bibliográfica.
O
o Preenchimento da Ficha Bibliográfica
Por vezes, meio a brincar, meio a sério, costumo dizer que há muitos modos de
fazer as coisas; que se podem resumir a dois: bem feitas e ... de qualquer maneira. O
mesmo vale do preenchimento das fichas bibliográficas. Podemos preencher bem uma
ficha e podemos preenchê-la de qualquer !nªneira. Uma ficha bem preenchida é uma
ficha preenchida criteriosamente, de acordo com determinados critérios. Uma ficha
preenchida de qualquer maneira é uma ficha preenchida como calha, de acordo com a
inspiração do momento, espontaneamente. Como a inspiração de momento pode variar,
cada ficha será preenchida a seu modo. Nem imaginam a "criatividade" que pode ser
desenvolvida neste campo.
(Pode-se fazer um pequeno ensaio. Convidar os ouvintes a elaborar urna ficha
bibliográfica de um livro que tenham consigo e depois compará-las para ver as
diferenças. Podemos ver as diferenças relativas aos elementos de identificação da obra;
à ºIQem em que esses elementos são colocados; à grafia em que esses elementos são
apresentados: maiúsculas, minúsculas, itálico, negritado, sublinhado, etc.; e o modo em
que os elementos são separados uns dos outros: a interpontuação: ponto, vírgula, ponto
e vírgula, dois pontos, travessão ... - Convidar os estudantes a comparar a bibliografia
apresentada em vários livros, guiando-se pelos tópicos acima indicados).
É claro que os critérios de preenchimento de uma ficha não são absolutos,
podendo variar consideravelmente. Uma comparação da "bibliografia" de várias obras
científicas, de preferência teses de doutoramento, apresentadas em diversas
universidades e em diversos países, pode mostrar-nos quão diversos podem ser os
modos de elaboração da "bibliografIa" e, por conseguinte, o modo de preencher uma
ficha bibliográfica. Não obstante, uma vez adoptados determinados critérios, devem ser
seguidos à risca.
Os Campos da Ficha Bibliográfica
A ficha bibliográfica, como já dissemos, está dividida virtualmente em vários
campos e é por esses diversos campos que os elementos de referência bibliográfica são
distribuídos,
(Desenhar no quadro duas fichas, conforme os modelos apresentados por Rafaello
Fmina, em dimensões lineares multiplicadas por 10: 125 x 75 cm).
A ficha começa-se a preencher pelo campo do autor; 16 mm abaixo da margem
superior da ficha, o que corresponde a quatro espaços de máquina de escrever; e a
22 mm da margem esquerda da ficha, o que conesponde a 10 espaços de máquina de
escrever. É aqui que se coloca o nome do autor, pessoal ou colectivo: a entidade
responsável pela obra.
33
I
Dois espaços abaixo do campo do autor começa o campo da página de rosto.
Começa a preencher-se um pouco mais dentro da ficha do que o anterior, a saber:
26 mm da margem esquerda da ficha = a 12 espaços de máquina de escrever.
Um espaço e meio abaixo desse campo começa o campo das potas
bibliográficas. Avança-se ainda um pouco mais para o interior da ficha: 30 mm da
margem esquerda da ficha.
Novamente um espaço e meio abaixo do campo das notas bibliográficas começa
o 9ª1]1pO de notas especiais. Horizontalmente começa-se novamente a 30 mm da
margem esquerda da ficha.
O último campo deste tipo é o ca~mpo ..9liº-111eúdo, que tem início um espaço e
meio -abaixo do anterior. Este campo diz respeito exclusivamente às fichas
bibliográficas pessoais e já vimos a que elementos se destína.
Falta ainda uma breve referência aos campos de siglas. Estes dizem respeito às
fichas de catálogo e às fichas pessoais. As fichas de catálogo têm um Único campo de
sigla, destinado à sigla da obra, que permite a sua localização na biblioteca. Em lugar de
destaque, como já foí dito: canto superior direito.
As fichas bibliográficas pessoais têm dois campos de sigla: o canto superior
esquerdo e o canto inferior esquerdo. No canto superior esquerdo faz-se referência à
natureza da obra; isto é, se se trata de uma fonte, ou se se trata de um autor. A
diferença entre uma fonte e um autor, é um assunto a abordar, quando se tratar da
elaboração do trabalho científico. Esta referência é feita escrevendo no canto a letra F
ou A - de acordo com o carácter da obra: Fonte ou Autor.
Para não ficarmos completamente no indefinido em relação ao que se entende
por "fonte" ou por "autor", podemos acrescentar o seguinte: a "fonte" coloca-nos em
contacto directo com o objecto do nosso estudo; o "autor" coloca-nos em contacto com
o objecto do nosso estudo de um modo indirecto. Tentemos exemplificar. Se o objecto
do nosso estudo é o pensamento do Dr. Agostinho Neto, as fontes, o que nos dá acesso
directo ao seu pensamento, são as suas obras: os seus livros, os seus poemas, os seus
discursos. Não obstante, não seremos os primeiros a debruçar-nos sobre o pensamento
do Dr. Agostinho Neto. Antes de nós, já outros o fizeram. Também deles podemos
aprender alguma coisa. Esses são os "autores" a que acima nos referíamos. Através
deles temos um acesso indirecto ao objecto do nosso .estudo. Deles obteremos, por
assim dizer, informações de segunda mão. Em vez de falar em "fontes" e "autores", há
quem fale de "fontes primárias" e "fontes secundárias"; de "literatura primária" e de
"literatura "secundária"; de "fontes" e de "literatura".
No canto inferior esquerdo coloca-se a informação referente à biblioteca onde a
obra é acessível e à sigla da obra na biblioteca. Isso facilita na altura em que formos
procurar a obra para consulta, leitura ou estudo. 14
.'
Não será deslocado abordar aqui já o tema da elaboração da bibliografia? Não
será colocar o carro à frente dos bois? De certo modo sim; não obstante, se queremos
começar desde agora a montar o nosso ficheiro bibliográfico pessoal, necessitamos de
conhecer as normas para o fazer bem feito.
Na designação dos campos, assim como na distribuição dos elementos pelos mesmos, segui o
modelo apresentado por FARINA, Metodologia, 96-113, apresentada na bibliografia inicial.
Devo dizer-lhes que não coincidem cem por cento com os critérios usados na nossa biblioteca.
14
34
I
I
I
I
I
I
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I
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.I
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I
i
A apresentação das normas, que aqui faremos, será necessariamente bastante
sucinta. Além disso, procuraremoS simplificar ao máximo, para não sobrecarregar a
memória. Na altura da elaboração de trabalhos académicos de maior envergadura, será
necessário lançar mão de algwn manual de metodologia e consultar a bibliografia de
duas ou três obras científicas recentes. l~ bom começar desde já a familiarizar-se com
bibliografias. Não perderão nada se dedicarem um fím-de-semana a comparar as
bibliografias de diversas obras académicas. - Têm alguns exemplos nas fichas de
trabalho.
Mas, afinal, o que é a bibliografia? A bibliografia é a lista ele obras estudadas ou
consultadas (a estudar ou a consultar no caso do levantamento bibliográfico preliminar) para a elaboração de um trabalho académico. Se pegarem 11um livro académico,
verão que, no final, há sempre uma bibliografia. São as obras usadas para a elaboração
desse trabalho. Mas a bibliografia não é só para trabalhos de maior envergadura. Desde
o início da actividade académica é bem ir-se familiarizando com o uso· de bibliografia e
com a elaboração de uma bibliografia 110 final dos trabalhos escritos a' apresentar nas
di versas disciplinas.
Elementos que Constam na Bibliogra.fia
!
Os elementos que constam na bibliografia, são os mesmos que constam na ficha
bibliográfica de seminário, isto é, os elementos impr~scindíveis para a identificação
inequívoca da obra: autor, título e subtítulo, pÚmero de edição (caso não seja a
primeira), local de edição, editora, ª110 de publicação e nÚmero de volumes (caso a obra
tenha mais que um volume).
Apesar de serem os mesmos, os elementos são distribuídos de modo diferente na
ficha bibliográfica e na bibliografia. Na ficha eles vêm distribuídos de acordo com os
diversos campos da ficha. Na bibliografia vêm um a segulr ao outro, separados por
sinais de pontuação.
r
Na elaboração de uma bibliografia há duas normas capitais: ordem e coerência.
Na bibliografia as obras vêm apresentadas ordenadamente, por ordem. A norma
de ordenação é o alfabeto. Ponto de referência é o sobrenome do autor. Deste modo,
numa bibliografia as obras vêm apresentadas por ontem alfabética do sobrenome dos
autores.
O segundo princípio capital é a coerência, ou uniformidade. Deve-se seguir um
Radrão único de referência da primeira à última obra. Não pode haver alteração de
padrão entre uma obra e outra. Aqui não se pode referir urna obra de cada maneira, ao
sabor da inspiração do momento. Não pode ser como nos rebuçados vendidos
antigamente no comboio: "cada cor seu paladar!,,15.
Mesmo quando se referem obras a partir de outras bibliografias, que seguem
outros padrões de referência, ao enquadrá-las numa bibliografia é preciso uniformizá-las
de acordo com o padrão utilizado. É preciso vesti-las todas com mesmo ''tmiforme''.
--.-.~._.
-----
Mesmo em obras cuja edição foi preparada com todo o esmero, COIll muita facilidade se
introduzem pequenas incoerências. Tenho em mente lima obra, publicada recentemente, em que
O nome próprio de UIll autor vem escrito ele três macios diferentes numa só página:
VORGRIMLER, Herbert, o que está correcto, l11as onde aparece também: Herbcr e Robert!
15
Diz um ditado popular que "não há duas sem três". Também se aplica aqui.
Além da ordem e da coerência, não se pode esquecer a simplicidade. Será bom procurar
um padrão simples, que dê para seguir sem ter de fazer uma pesquisa de três semanas
para cada obra que se queira referir.
Proposta Concretd
Depois dessas observações de carácter teórico, vamos agora apresentar uma
proposta concreta de elaboração de uma bibliografia. 16 Partimos da Norma Portuguesa
405 (NP 405), mas propomos uma simplificação acentuada, sem prejudicar, no entanto,
a identificação ineqlúvoca da obra. Nessa proposta daremos atenção especial aos tópicos
seguintes:
Elementos de referência bibliográfica que devem constar na bibliografia;
Ordem em que esses elementos devem ser colocados;
Grafia dos diversos elementos;
Interpontuação: (sinais de pontuação a separar os vários elementos).
Os elementos que devem constar numa bibliografia, são os elementos
necessários para a identificação inequívoca dessa obra. Já os conhecemos, mas não faz
mal repeti-los: Autor, título e subtítulo, número de edição (caso não seja a primeira),
local da edição, editora, ano de publicação, número de volumes (caso se trate de uma
obra em vários volumes).
A ordem que eles devem seguir é a seguinte: Autor, título e subtítulo, número
de edição (caso não seja a primeira), local de edição da obra, editora, ano em que o obra
foi editada, número de volumes (se for o caso).
A grafia que propomos para esses elementos é a seguinte:
Autor: Sobrenome em maiúsculas e nome em escrita corrente (cursivo).
Título e subtítulo: em itálico.
Demais elementos: em escrita corrente (cursivo).
A lnterpontuação
Entre o sobrenome e o nome insere-se uma vírgula (,);
Depois do nome do autor coloca-se um ponto (.);
Entre o título e o subtítulo colocam-se dois pontos (:);
Depois do título coloca-se novamente um ponto (.);
Os restantes elementos vêm separados por vírgula (,)
Após o ano de edição vem um ponto (.) .
...
_-~
...
_--
16 Normas de referência bibliográfica encontram-se em quase todas as obras de metodologia.
Das obras mencionadas na nossa bibliografia, gostaria de mencionar: SEVERINO,
,o/Jetodologia, 99-110; RUIZ, Metodologia, 144-166 (Normas de referência bibliográfica da
Associação Brasileira de Normas Técnicas); João J. C. FRADA, Guia prático para a
elaboração e apresentação de trabalhos cientificos, 46-58. (Referido d'ora avante
abreviadamente: FRADA, Guia prático, página); AZEVEDO, 1~1e{odo!ogia, 93-1 17.
36
rA Grande Excepçãt
(Inversão dos elementos do nome)
De um modo geral, os nomes dos autores são apresentados segundo a ordem
normal dos seus elementos. A\f.ibliografia e o ficheirl constituem a grande excepção.
Neles, os elementos do nome vêm em 9rdem invertida: primeiro o sobrenome e só
depois o nome próprio. Quando os nomes são compridos é conveniente colocar apenas
o nome de família principal e o primeiro nome próprio. Os outros elementos do nome
podem vir abreviados; mas não esqueçamos a norma da coerência ou uniformidade, da
primeira à última obra!
O motivo para esta inversão é facilitar a identificação e localização da obra.
Imaginem a quantidade de "Josés", "Joaquins" e "Manueis" que poderiam aparecer
numa bibliografia ordenada alfabeticamente pelo nome próprio!
Nomes Estrangeiros
Sobretudo os nomes espanhóis, franceses e alemães têm algumas peculiaridades
que é necessário ter em conta. Aqui torna-se imprescindível a consulta de obras de
metodologia, ou das Normas de Referência Bibliográfica, em uso no país. O ideal seria,
naturalmente, poder consultar obras científicas editadas nesses países e nessas línguas.
Diversos Tipos de Obras
Na elaboração de uma bibliografia é necessário ter em consideração que há
diversos tipos de obras. É necessário prestar atenção a esse pormenor. Há obras de um
só autor e há obras de vários autores. Há autores individuais e há autores colectívos, ou
institucionais, p. ex. entidades, etc. Há obras "independentes", "autónomas", e há obras
integradas em obras mais amplas. Procuraremos apresentar os principais tipos de obras,
assim como as normas para a sua referência bibliográfica.
Para facilitar as coisas vamos dividir os diversos tipos de obras em três
categorias fundamentais:
~6) \\
r r.
Obras de um autor,
Obras de vários autores e
Obras de autores institucionais.
Obras de Um só Autor
Mesmo as obras de um autor podem ser de natureza muito diversa. Para facilitar,
talvez seja melhor referir teoricamente apenas um aspecto, deixando o resto para ser
visto a partir de exemplos concretos. As obras de mn autor podem ser publicadas em si
mesmas, ou integradas em obras mais abrangentes; p. ex. em colectâneas, enciclopédias,
revistas, etc. As obras mencionadas em primeiro lugar são referidas na bibliografia de
acordo com o modelo acima indicado. As obras mencionadas em seglmdo lugar, para
além da indicação do autor e do título, devem referir o [llgar exacto em que foram
publicadas introduzido por "ln:". (Isso independentemente de se tratar de enciclopédia,
37
I
I
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I
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r
revista, colectânea etc.).17 Para maior clareza indicaremos abaixo alglills exemplos.
Obras (de um só autor) com título simples. Estas referem-se de acordo com o
modelo indicado: Autor (SOBRENOME, Nome). Título.
de edição (caso não seja a
primeira), Local de edição, Editora, Ano de publicação. Exemplificando:
DUQUESNE, Jaques. Der Gott Jesu. Düsselorf, Patmos Verlag, 1998.
KASPER, Walter. Introdução à fé. Porto, Livraria Telos Editora, 1973.
Obras (de um só autor) com título e subtítulo. Seguem o modelo acima,
acrescentando-se apenas o subtítulo a seguir ao título, também em itálico, separado
deste por dois pontos (:). Exemplificando:
KNAUER, Peter, S.1. Der Glaube komrrit vom Hôren: Okumenische Fundamentaltheologie. 6<1 ed. reelaborada e ampliada, Freiburg / Basel / Wien, Herder, 1991.
KRIELE, Martin. Libertação e iluminismo político: Uma defesa da dignidade do
homem. São Paulo, Edições Loyola, 1983.
Obras em város volumes.No final da referência bibliográfica, após o ano de
publicação, pode-se acrescentar o número de volumes. Exemplficando:
PANNENBERG, Wolíhart. Systematische Theologie. Gottingen, Vandenhoeck &
Ruprecht, 1988-1993, (3 vo1.).
HAERING, Bernard. Livres e fiéis em Crísto: Teologia Moral para sacerdotes e leigos.
São Paulo, Edições Paulinas, 1981-1984, (3 voI.).
Obras em vários volumes com subtítulos diferentes. Pode-se abstrair dos
subtítulo e fazer a referência bibliográfica de acordo com o modelo acima; mas também
se pode fazer a referência bibliográfica considerando os subtítulos dos vários volumes.
Neste caso devemos referir cada volume em particular, como segue no exemplo abaixo:
HAERING, Bernard. Livres efiéis em Cristo: Teologia A10ral para sacerdotes e leigos.
VaI. I, Teologia Moral Geral. 3a ed.; São Paulo, Edições Paulinas, 1984.
VoI. II, A verdade vos libertará. São Pauto, Edições Paulinas, 1982.
VoI. III, Vós sois a luz do mundo (Mt 5,14). São Paulo, Edições Paulinas, 1984.
Obra inserida numa miscelânea de um só autor. Após o autor e o título da
obra parcelar (escrito em tipo corrente), insere-se a partícula "ln:", seguida de IDEM e
.do título da colectânea, em itálico, assim como dos demais eleméntos da referência
bibliográfica: nO de edição, local, editora e data:
RAHNER, Karl. Dogmatische Erwãgungen über das Wissen und Selbstbewusstsein
Christi. ln: IDEM, Schriften zur Theologie V. 2a ed .. Einsiedeln / Zürich / Kõln,
Benziger Verlag, 1964,222-245.
Obra inserida numa colectânea de vários autores. Após o autor e o título da
obra parcelar (escrito em grafia corrente), insere-se a partícula "ln:", seguida da
referência bibliográfica de acordo com as normas apresentadas a baixo para a referência
de obras de vários autores.
GRECH, Prospero EI problema cristológico y la hennenéutica. ln: Renê
LATOURELLE / Gerald O'COLLlNS (eds.). Problemas y per.spectivas de Teologia
Fundamental. Salamanca, Ediciones Sigueme, 1982, 160-] 95.
Obra inserida numa enciclopédia ou dicionário da especiaJidade. Após o
autor e o título da obra parcelar (verbete - em escrita corrente), segue-se a referência da
enciclopédia ou dicionário de acordo com as normas referidas abaixo:
MARALDO, John Charles. Sincretismo. ln: Sacramentum Mundi: Enciclopedia
Teológica 6. 2a ed., Barcelona, Editorial Herder, 1978,366-371.
KASPER, Walter. Dogmática. ln: Diccionario de conceptos teológicos I. Director de la
17 Com isto estamos a afastar-nos de um uso muito comum. O motivo é o critério da
simplicidade, para evitar ter que fazer a distinção entre obra seriadas e não seriadas e outras
coisas do género. Para informações mais detalhadas, cfr. ~ Metodologia, 95-99.
I
,
.
I
38
i,
•
publicación Peter EICHER, Barcelona, Editorial Herder, 1989,276-283.
NB: Por motivos de simplificação e para poupar espaço, os títulos de enciclopédias,
revistas da área, manuais mais conhecidos, etc. vêm muitas vezes abreviados. A
referência bibliográfica completa vem na bibliografia, quando a obra é referida na sua
totalidade, ou na lista das abreviaturas.
Obra inserida numa revista. Após a referência do autor e do título do artigo
(escrito em grafia conente e tirado da página em que inicia), insere-se a partícula "ln:"
seguida do nome da revista (em itálico), do ano de publicação da revista (que
normalmente corresponde ao volume), do ano-calendário (entre parênteses) e das
páginas que o artigo ocupa. Quando a revista não segue este padrão, é necessário ver
que padrão é que a revista segue e fazer a referência bibliográfica de acordo com o
padrão seguido pela revista. Pode ser por fascículo, numerados possivelmente de forma
contínua a partir do início da publicação da revista, do ano-calendário e do número das
páginas em que o artigo foi publicado. (Ê este, aproximadamente, o caso no segundo
exemplo abaixo apresentado).
LEERS, Bernardino. A Lei Natural e a sua Problemática AtuaL ln: REB (Revista
Eclesiástica Brasileira) 35 (1975), 87-122.
DANIEL, Yvan. Análise da função política de uma paróquia cristã burguesa em França.
ln: Concilium 84 (1973/4), 399-408.
Obras de Vários Autores
Obra conjunta de dois ou três autores. Neste caso mencionam-se todos os
autores, separando o nome dos mesmos por uma barra inclinada (I): 18
ASSMANN, Hugo/ FraIlz JosefHINKELAMMERJ, A idolatria do mercado: Ensaio
sobre Economia e Teologia. SiÍüPaulo, Voz~s, 1989,
BORGES, António / Azevedo RODRIGUES I Rogério RODRIGUES. Elementos de
contabilidade geral. 14f1 ed., Lisboa, Rei dos Livros, 1995. i9
Obra conjunta de mais de três autores. Nesse caso menciona-se o nome do
autor que aparece em primeiro lugar na página de rosto seguido da observação "et alíi"
ou "e outros", entre parênteses). Segue-se um ponto, o título da obra e os demais
elementos de referência bibliográfica:
PANNENBERG, Wolfuart (et alii). La revelación como historia. Salamanca, Ediciones
,','
Sígueme, 1977.
"t~;' , i
',1
'l
,cRICOEUR, Paul (etllii2: La révélation. Bruxel1es, Facultés universitaires Saint-Louis,
~t l
"
'. '
1977.
Obra conjunta com um editor responsáveL Neste caso merlcióna-se apenas o
nome do editor responsável, seguido de "~);". Segue-se o título da obra e os demais
elementos:
'
ARNALDO, Javier (ed). Fragmentos para una teoría romântica deZ arte. Madrid,
Tecnos, ] 987.
LATOlJRELLE, René / Gerald O'COLLINS (eds:). Problemas y perspectivas de
Teologia Fundamental. Salamanca, Ediciones Sígueme, 1982.
~8 Usamos a barra inclinada (I) para separar todo o tipo de "elementos oonjuntos", quer se trate
de autores, de editoras, ou de cidades. Estes são os casos de obras de vários autores, edições em
conjl:ll1to de mais que uma editora, assim como das editoras com sede em diferentes cidades.~
19 Nestes casos a inversão dos elementos do nome só se faz no nome do autor pelo qual a obra
dá entrada. Nos demais nomes os elementos vêm na ordem normal. Isto pode parecer demasiado
preciosismo, mas é o uso actual em bibliografias de procedência diversa.
I
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-I
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í
39
...
Enciclopédias e dicionários (considerados como um todo). Neste caso as coisas
podem variar. O mais indicado parece-nos ser seguir a
rosto. Concretizemos
ltln pouco. Se observarmos algumas bibliografias, veremos que, com muita frequência,
obras desta natureza vêm referidas pelo título da obra e não pelo autor, autores ou editor
responsáveL É que, em muitos casos, estas obras tornam-se tão conhecidas que os seus
editores são "ofuscados" pela própria obra. O título da mesma torna-se então o ponto e
referência mais conhecido e, como tal, é mencjonado em primeiro lugar na bibliografia.
O mesmo vale e alguns manuais de maior envergadura.
Como se refere, então uma enciclopédia, um dicionário, ou um manual desse
tipo? Como já foi mencionado, o mais indicado é seguir a página de rosto.
Frequentemente esta dá entrada pelo título da obra, seguido do nome ou nomes dos
responsáveis pela obra (editores, organizadores, etc.).
os demais elementos
de referência bibliográfica. Obras desta natureza, normalmente não são editadas de uma
só vez. Nesse caso, no lugar do ano de edição coloca-se o ano em que a edição iniciou e
o ano em que ela terminou. Caso ainda não tenha terminado, coloca-sc o ano do início
da edição seguido e um travessão. Isso tornar-se-á mais claro a partir dos exemplos
abaixo mencionados.
SACRA}v1ENTUlvllvIU'VDI: Encíclopedia Teologica. Dirigida por Karl RAHNER (et
alii), edição castelhana dirigida por Juan ALFARO e José M. FONDEVILA. 3a
ed., Barcelona, Editorial Herder, 1982.
DICCIONARlO DE CONCEPTOS TEOLOGICOS. Versão castelhana de Xavier MOLl,
da obra de Peter EICHER (dir). Neues Handbuch theologischer Grundbegrif.fe.
Barcelona, Editorial Herder, 1989.
DIE RELIGION INGEESCICHTE UND GEGENWART. Edit. por Kurt GALLING (et
alií). 3a ed. Tübingen, l. C. B. Mohr (Paul Siebeck), 1957-1965.
Quando na página de rosto vem mencionado em primeiro lugar o nome do autor
ou editor responsável, dá-se entrada na bibliografia pelo nome ou nomes dos mesmos:
PACOMIO, L. (et alii). Diccionario teologico interdisciplinar. Salamanca, Ediciones
Sígueme, 1985-1987.
LÉON-DUFOUR, Xavier. Vocabulario de teología bíblica. Barcelona, Editorial Herder,
1967.
Obras de Autor-Instituição
Quando a responsabilidade autoral ou editorial é de uma entidade, é ela que vem
mencionada como autor da obra:
INSTITUTO PORTUGUÊS DA QUALIDADE. Catálogo de normas' referido a
1999-01-01. Caparica, Instituto Português da Qualidade, 1999.
Normas de Referência Bibliográfica para Material da Internet
o material a que podemos aceder por este meio é muito diversificado. Podemos
ter acesso a material impresso, como sejam: livros, revistas, jornais etc. Nestes casos
indicam-se os elementos habituais de identificação da obra. Acrescenta-se o endereço
electrónico através do qual se teve acesso à obra.
Quando se trata de material não impresso, isto é, cujo supOlie é exclusivamente
electrónico, devem ser indicados os elementos básicos de identificação da obra: autor e
título, o endereço electrónico, assim como a data do "sire" e a página (ou páginas).
40
•
I
Para ter uma ideia mais clara veja-se nos "Anexos" a estes apontamentos.
o Sistema Autor/Data
Desde há alguns anos vem sendo introduzido, sobretudo no mundo anglófono,
um novo modo de elaboração da bibliografia e da referência bibliográfica, chamado
sistema autor/data. Aqui limitamo-nos a referir os elementos necessários para a
elaboração de uma bibliografia de acordo com esse sistema. Os elementos necessários
para a elaboração do aparato crítico de acordo com esse sistema serão apresentados
quando se tratar do aparato crítico, no âmbito da elaboração de trabalhos científicos.
No que diz respeito à elaboração da bibliografia, a novidade consiste basicamente na colocação da dada de publicação da obra em lugar de destaque; quer seja
abaixo do nome do autor, como vem indicado na obra de Umberto Eco, p. 180-181;
quer seja logo a seguir ao nome do autor, como podemos ver na bibliografia da obra de
Gwinyai H. Muzorewa, Theo Origíns and Development ofAfrican Theology, 131-142.
As obras de um mesmo autor vêm ordenadas segundo o ano de publicação. Quando há
mais de uma obra publicada no mesmo ano, a indicação do ano vem seguida de uma
letra do alfabeto; p. ex. 1973a... , ] 973b ... etc?O
(É bom mencionar também uma forma de referência mista. A bibliografia segue
o padrão usual. Nas referências do rodapé menciona-se o nome do autor, o ano de
publicação da obra e a página).
Apesar de todos os avanços da tecnologia informática e dos recursos audiovisuais, a leitura continua, até hoje, o meio privilegiado do estudo e do trabalho académico. Através da internet, podemos ter um acesso muito mais expedito aos textos que
nos interessam, do que pelo sistema clássico de consulta e leitura na biblioteca. Isso
pode significar uma grande economia de tempo e de deslocações; o que já não é
pequena vantagem. Não obstante, isso não nos poupa o trabalho de ler e estudar os
textos. Uma primeira leitura rápida, "em diagonal", que nos diz de que é que o texto
trata, pode ser feita a partir do computador. Para um estudo mais sério, a meu ver, será
necessário imprimir o texto. Teremos o texto em mãos, poderemos sublinhar e realçar,
inclusive a vária cores; e poderemos ter, lado a lado, vários textos, que versam sobre o
mesmo tema. A leitura através do computador pode ser de grande vantagem, de modo
especial pela facilidade com que podemos "copiar" aquelas partes do texto que nos
pareçam mais imp0l1antes para o nosso propósito; evitando, inclusive, erros de grafia ou de outra natureza - ao dactilografar ou digitar um texto. Esses excertos podem ser
colados em tichas (ou impressos directamente em tichas), o que facilita muito a sua
posterior utilização na elaboração do trabalho. Mas deixemos esses meios sofisticados
As normas para LIma referência bibliográfica de acordo com este sistema encontram-se em
anexo a estes apontamentos.
Muitas vezes, neste sistema, a referência é feita dentro do próprio texto. Como exemplos concretos sejam mencionados: P.-A. KALILOMBE. La espiritualidad desde una perspectiva
africana. ln: Rosino GIBELLlNI (ed.). ltinerarios de la teología afí-icana. Estella (Navarra), Ed.
Verbo Divino, 2001,167-195; S. S. MAIMELA. La teología negracle la liberacíón. ln: Rosino
GIBELUNI (ed.), Op. cit., 269-287.
I
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1
para mais tarde! Comecemos com o mais simples, o mais terra a terra; comecemos com
um livro real e não com um livro virtual.
Um primeiro elemento a ter em consideração, quando se quer ler, são as
condições que facilitam uma leitura proveitosa. Penso que concordarão comigo se disser
que as bancadas da "Cidadela", cheias de "torcedores" a gritar, apoiando as suas
equipas em pleno jogo "Petro" "Primeiro de Agosto" não serão o lugar ideal para
a preparação de um exame empenhativo. Normalmente não se vai estudar para um
concerto de "Rock" ou para uma discoteca. Os decibéis aí produzidos não são muito
compatíveis com a concentração que o estudo ou uma leitura séria exigem. Haverá
"viciados" que nem por isso se deixarão irritar, mas não é o normal. Para o comum dos
mortais, uma leitura séria exige um ambiente tranquilo e silencioso e um mínimo de
conforto. Não precisa de ser uma cadeira almofadada, nem uma poltrona - às vezes
mais convidativa para dormir -; mas uma cadeira que permita estudar comodamente
2I
sentado. Um bom ambiente facilitará a concentração e contribuirá muito para uma
leitura proveitosa.
Se queremos estudar a sério precisaremos de descobrir ou "criar" o ambiente ou
ambientes que nos facilitem a leitura e o trabalho. Esse anlbiente poderá ser em casa, na
Biblioteca, na Universidade, ou em outro lugar. É importante ter em casa um lugar que
nos facilite essa actividade. Sobretudo em épocas de estudo mais intensivo precisaremos
de trabalhar em casa; às vezes pela noite adentro. E quando os irmãos querem ouvir
música, possivelmente, "a todo o vapor"?
Mas não esqueçamos; não menos importante do que a tranquilidade exterior, é a
tranquilidade interior. Outros pensamentos e preocupações precisam de ficar de fora .
.
•
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T .... .lV"I~'~~
O que dissemos até agora, refere-se a uma leitura de estudo; mas há vários tipos
de leitura. O que é que lemos; como é que lemos; para que é que lemos?
O que é que nós de facto lemos? O jornal? Os jornais? COlTIQ é que nós lemos os
jornais? Lemos as "manchetes"?; os títulos?; ou também lemos o corpo das notícias, dos
artigos, das análises? Para que é que lemos o jornal? Para distracção? Para buscar
infOlmação sobre um campo determinado: política; economia; desporto? Como vemos,
mesmo na leitura do jornal podemos ser guiados por interesses muito diversos. De
acordo com tudo isso, há muitos modos de ler o jornaL
Concluamos com uma pergunta indiscreta! Lemos o jornal - ou os jornais
crédula ou criticamente? Acreditamos em tudo o que o jornal diz, ou perguntamo-nos a
nós próprios se as coisas são realmente assim? Uma leitura consciente e criteriosa da
imprensa pode ser tuna boa fonte não só de informação, mas também de formação. Há
jornais, sobretudo semanários, que abordam temas da mais diversa natureza e cuja
leitura regular poderá ser muito útil para abrir os nossos horizontes e para ampliar a
nossa cultura geraL A publicações dessa natureza pode~se dedicar uma leitura atenta,
mas ninguém vai estudar umjornal- a não ser em cursos de jornalismo.
21
Cfr. RUIZ, Metodologia, 368.
42
,
Se já um jornal pode ser lido com maior ou menor profundidade ou superficialidade -, muito mais isso se pode dizer de um livro. A leitura de mn livro pode ser
de índole muito diversa, de acordo com a natureza do mesmo. O modo como lemos um
mmance é muito diferente do modo como lemos um ensaio sobre a história recente do
país, ou a situação actual. De ambos difere ainda o modo como lemos uma monogtafiª
de carácter mais científico; p. ex. sobre o "Estado de Direito", sobre os "Direitos
Humanos" etc.
Um romance lê-se para se recrear, para descontrair. É uma leitura de lazer, Um
ensaio sobre temas actuais lê-se para estar informado sobre o que acontece e para
ampliar a cultura geraL Uma monografia de carácter científico lê-se para aumentar o
conhecimento específico de uma determinada área e saber. A leitura adequada para
obras desta natureza é uma leitura-estudo.
A leitura analítica de um texto é uma leitura em profundidade. Ela visa uma
compreensão exaustiva do texto; quer tirar do texto tudo aquilo que ele tem a dar; quer
espremer o texto. Uma leitura desta natureza exige, naturalmente, um determinado
esforço e há certas orientações que nos podem ajudar a ler' desse modo e nessa
proftmdidade.
Passarei a apresentar-lhes algumas orientações para uma leitura analítica,
seguindo de pelio a obra de António Joaquim SEVERINO, intitulada: Metodologia do
trabalho cientifico. Os números que vêm entre parênteses após as citações referem-se à
página de onde foi extraída a citação.
No ensino médio já nos fomos habituando a ler e a analisar textos. Os textos
com que nos familiarizámos são textos de carácter literário e a análise que estrunos
habituados a fazer é uma análise gramatical ~ caso ainda seja legítimo usar esse termo.
No ensino superior, seremos confrontados com textos de outra natureza,
Simplificru1do um tanto quanto as coisas, pode-se dizer que os textos literários
com que estamos familiarizados são de carácter narrativo e descritivo. A imaginação e a
fantasia prestam-nos um valioso serviço para a sua compreensão. Vai-se acompanhando
o enredo da história e assim vai-se compreendendo o texto. Com textos de carácter
teórico, de cariz mais reflexivo, a imaginação já não nos ajuda muito. Trabalha-se a um
nível de abstracção mais elevado e aí a imaginação já não nos pode valer.
Provavelmente isso acarretará algumas dificuldades, sobretudo no início. Mas isso
também faz parte da transição do nível de estudo médio para o estudo superior. Com um
pouco de esforço, também essa diíiculdade será superada, É importante, desde o início,
esforçru'mo-nos por seguir o raciocínio, por compreender o porquê das coisas. Para nos
ajudar a abordar adequadamente textos desta natureza, é que servem as orientações que
passaremos a apresentar,
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1
I
I
I
I
1
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I
I
I
I
I
I
I
1
Quando nos aprestrunos a ler um texto, a primeira coisa que temos a fazer é
determinar o que queremos ler. Poderemos querer ler um livro inteiro duma assentada
só, mas poderemos ser menos gulosos e contentar-nos com menos. Poderemos propornos ler um capítulo de um livro, ou podemos limitar-nos mesmo a um parágrafo ou a
1111s parágrafos. Aquele texto, ou parte de texto, que nos propomos ler, chama-se tUna
43
J
unidade de leitura. Ela deve constituir um todo; deve ser algo com pés e cabeça, com
princípio, meio e fim. Ela deve oferecer-nos uma totalidade de sentido. Deve ser lUU
texto que possa ser compreendido em si mesmo, e em si mesmo ter sentido. Pode,
naturalmente, estar inserido e integrado numa unidade de sentido mais ampla, mas deve
ser compreensível em si mesmo. Muitos textos já indicam o que pode ser uma unidade
de leitura; p. ex. quando o texto já está dividido em partes com título próprio, e estas,
por sua parte, em trechos menores, encabeçados por um subtítulo. Outras vezes, porém,
será o próprio leitor que terá de dividir um texto em unidades menores, para o poder ler
e estudar melhor.
Quanto mais familiarizados estivermos com um determinado assunto, tanto
maior poderá ser a unidade de leitura. Se abordarmos um texto sobre um terna com o
qual não estamos familiarizados, é preferível começar com unidades de leitura menores.
Além disso, há que ter em consideração o próprio texto. Há textos simples e há textos
realmente complexos, para não dizer complicados. Há autores que se compreendem
com relativa facilidade; há outros que são de compreensão bem difícil. Há autores que
gostam de frases curtas; há outros que usam frases compridas como um comboio. 22
Neste último caso, às vezes, há que fazer uma verdadeira ginástica mental para
compreender o que o autor quer dizer. Às vezes será necessário fazer uma verdadeira
análise gramatical para poder ver o que é o quê.
Os Passos da Leitura
Uma vez estabelecida a unidade de leitura, podemos abordar o texto. Isto
também não se faz de uma vez só; serão necessárias
"investidas". Seguindo o
esquema de António Joaquim Severino, podemos distinguir cinco passos na leitura
analítica de textos:
Análise textual,
Análise temática,
Análise interpretativa,
Problematização e
Síntese.
Uma pessoa habituada a fazer uma leitura analítica de textos, dará estes passos
quase instintiva e automaticamente. Para quem está a iniciar, é bom tentar fazê-lo
conscientemente. Neste nosso curso de metodologia concentraremos a atenção nos dois
pnmelros passos.
Análise Textual- Esquematização do Texto
A análise textual é o primeiro passo na abordagem de um texto; a primeira
tomada de contacto com o mesmo. Como o nome indica, concentra-se mais no próprio
texto do que no seu conteúdo. Está mais voltada para a estrutura redaccional do texto do
que para a sua mensagem, a sua função referencial.
A frase mais comprida, que me lembro de ter encontrado, trinta e seis linhas de ponto a ponto,
é de Thomas Mann, Joseph und seíne Brüder. Não me pergLlntem a página, para não ter que a ir
procurar!
22
44
f}A
primeira coisa a fazer com a unidade de leitura, é lê-la atentamente, sem
grandes interrupções, na sua totalidade. Esta primeira "investida" visa dar-nos uma
visão panorâmica, urna visão de conjunto do texto e do pensamento do autor. Fornecernos-á um quadro geral, dentro do qual se inserem os vários pormenores. Se me
permitem uma comparação, é como o primeiro olhar sobre um jardim, que nos dá uma
impressão geral do mesmo, antes de nos dedicarmos a uma consideração detalhada dos
vários canteiros e das suas flores. Neste primeiro contacto adquiriremos uma visão de
conjunto sobre o pensamento do autor. Começaremos também a familiarizar-nos com o
modo de ele se exprimir e o seu estilo . .'
Durante esta primeira leitura deparar-nos-emos com mna série de elementos, nos
quais convirá determo-nos um pouco. O primeiro elemento que poderá despertar a nossa
curiosidade académica, naturalmente - é o próprio autor. Afinal quem é a pessoa que
escreveu este texto, o que é que ela faz, que coisas mais é que ela escreveu? Uma boa
informação "sobre a vida, a obra e o pensamento do autor da unidade fornecerá
elementos muito úteis"( 44) para compreensão do texto. Estas informações, de um modo
geral, serão de segunda mão. Devem ser tomadas com as devidas cautelas para não nos
induzirem a preconceitos em relação ao autor, o que poderia prejudicar a nossa
compreensão objectiva do texto.
É possível que, no texto abordado, nos deparemos com vocábulos desconhecidos ou pouco familiares. Termos que já ouvimos, mas cujo significado exacto nos
escapa, dos quais temos apenas uma vaga ideia. É de grande utilidade para a
compreensão do texto - e para enriquecimento do nosso vocabulário activo ~ pegar num
bom dicionário e ver qual o sentido exacto desses termos, assim como do modo como
deve ser usado. - Se não me falha a memória e não estou ultrapassado de todo, ainda
existe algo chamado "propriedade de termo". Não é só conhecer vocábulos; é necessário
saber empregá-los correctamente! Há termos-chave, Cllio sentido é determinante para
a compreensão do texto. A estes é necessário dar tuna atenção toda especial. Ouçamo-lo
em termos de A. J. Severino: "Em toda a unidade de leitura há sempre alguns conceitos
básicos que dão sentido à mensagem e, muitas vezes, o seu significado não é claro ao
leitor numa primeira abordagem. É preciso eliminar todas as ambiguidades destes
conceitos para que se possa entender univocamente o que se está lendo."(44)
Haverá também, muito provavelmente, menção de acontecimentos e factos
históricos (por ex. Acordos de Bagdolite, Acordos de Bicesse, Protocolo de Lusaka,
etc.), de personalidades históricas ou contemporâneas; pensadores, governantes,
políticos, etc.; além de referências a outros autores, que se debruçaram sobre o mesmo
tema, ou temas afins. Possivelmente aparecerão também referências a doutrinas e
correntes de pensamento (por ex. Darwinismo, MacCartismo, Malthusianismo,
socialismo, capitalismo), que marcaram alguma época da História. O autor do texto
pressupõe que tudo isso seja conhecido do leitor, o que não é necessariamente verdade.
Nesse caso, é necessário o recmso a uma ou outra obra de consulta, para esclarecer os
elementos desconhecidos.
Como fazer isso? Se interrompermos a leitura a cada elemento desconhecido que
encontramos, para ir buscar esclarecimento, passaremos a "ler aos soluços". O mais
prático e mais cómodo será ir apontando os elementos a esclarecer muna folha à parte e
procurar os esclarecimentos todos de uma vez. A falta de esclarecimento sobre esses
elementos prejudicará um pouco a leitura, mas isso será superado na segunda
"investida" .
Onde devemos buscar. os esclarecimentos nece::L$.ários? As obras em que
buscaremos os esclarecimentos necessários serão as obras de consulta habituais:
dicionários, enciclopédias, manuais. O autor que vimos acompanhando nestas consi-
45
,
I
I
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I
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derações sobre a leitura apresenta as vantagens deste modo de trabalhar: "Il~tetrabalho
<i~j>usca de esclarecimentosJemlun~tríplice vantagerl1: _Gm primeiro lugar, diversi~
ficando as atividades no estudo, torna-o menos monótono e cansativo; ein segundo
lugar, propicia uma série de informações e conhecimentos que passariám
desapercebidos numa leitura assistemática; em.-terceiro lugar, tornando o texto mais
claro, sua leitura ficará mais agradável e muito mais enriquecedora. "(45)
Resultado desta primeira abordagem do texto poderá ser um esquema do mesmo,
que apresentará a sua estrutura redaccional. O tenno estrutura redaccional poderá
impressionar um pouco, mas não é bicho-de-sete~cabeças. Trata-se de ver como os
tópicos principais vão sendo apresentados um após do outro numa sequência lógica. É a
redacção lógica do texto, o "esqueleto" do texto, suporte de sua estrutura lógica. Este
esquema permitirá ver como as coisas estão correlacionadas umas com as outras e
ligadas umas às outras. Isto pennitirá ver cada coisa no seu lugar. Voltemos a A. J.
Severino: "Este trabalho de análise textual pode ser encerrado com uma esquematização
do texto: trata-se de detalhar a visão de conjunto da unidade em várias etapas, de acordo
com a sequência redacional do mesmo. O esquema organiza a estrutura redacional do
texto que serve de suporte material, de expressão para a estrutura lógica, que é o
raciocínio. ( ... ) A utilidade do esquema está no fato de permitir uma visualização global
do texto. A melhor maneira de se proceder é dividir inicialmente a unidade nos três
momentos redacionais: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. Toda a unidade
completa comporta necessariamente estes três elementos. Depois são feitas as divisões
exigidas pela própria redação, no interior de cada urna destas etapas." (45)
Numa leitura rápida, de carácter informativo, na qual procuramos saber os
assuntos abordados numa obra e qual a perspectiva em que eles são abordados, para
além da leitura da "Introdução", é muito útil dar uma olhada às primeiras frases dos
capítulos e mesmo à primeira frase dos parágrafos. Numa obra bem redigida, as
primeiras frases do capítulo e a primeira frase dos parágrafos constituem uma míníintrodução aos mesmos e costumam dar-nos a respectiva ideia central.
Após todos estes trabalhos preliminares sobre o texto a ler, estamos em
condições de iniciar a segunda "investida" sobre o mesmo, a análise temática. Se a
primeira leitura se dedicava predominantemente ao próprio texto, ao modo em que ele
está "tecido" a sua estrutura redaccional; esta concentrar~se-á sobre o conteúdo do
texto. A pergunta orientadora da análise temática é: o que é que o texto diz? Qual é a
mensagem que ele transmite? 'Trata-se, nesta análise temática, de ouvir o autor, de
apreender, sem intervir nele, o conteúdo da sua mensagem." (45) Antes de mais, é
necessário ouvir o que o autor diz. PosterÍonnente - na fase da problematização haverá ocasião suficiente para colocar ao autor todas as questões que quisermos ou
acharmos conveniente; mas agora trata-se de ouvir e compreender!
Querem saber o que isto significa? Vamos tentar vê-lo às avessas. Já assistiram,
com certeza, a alguns debates na televisão ou na rádio. Certamente já lhes chamou a
atenção o facto de alguns participantes, mal outro começa a falar, mesmo antes de ele
terminar a exposição do seu pensamento, o interromperem e começarem logo a
responder ou a discordar. Este é exactamente o modo em que não se deve proceder na
análise temática de um texto.
Voltando a usar termos de Severino: "trata-se de fazer ao texto uma série de
perguntas, cujas respostas darão o conteúdo da mensagem." (45s) A primeira pergunta a
46
colocar ao autor é: "de que é que está a falar?" Trata-se do assunto ou do tema ao qual o
texto se dedica. Às vezes pode ser simples de identificar o assunto ou o tema de um
texto; outras vezes não será tão simples como à primeira vista pode parecer. Ouçamos
novamente o autor que nos vem servindo de "roteiro", Ouçamos com atenção, poís não
é simples demais: "A primeira questão a se levantar é a de se saber do que fala o texto.
A resposta a esta questão será o tema ou assuMo da unidade. Questão aparentemente
simples de ser resolvida, ilude muitas vezes. Nem sempre o título da unidade dá uma
ideia fiel do tema. Às vezes, apenas o insinua por associação ou analogia; outras não
tem nada a ver com o tema. O mais das vezes, o tema tem uma determinada estnltura: o
autor está falando não de um objeto, de um fato bem, mas de relações as mais variadas
entre os vários elementos; além desta possível estruturação, é preciso captar a
perspectiva de abordagem desse tema pelo autor: esta perspectiva define o âmbito
dentro do qual o tema é tratado, restringindo-o a limites bem determinados." (46)
Tentemos compreender isso um pouco melhor servindo-nos de um exemplo.
Tomemos como ponto de partida duas equipas de futebol. Pode-se falar de uma, pode-se
falar de outra, como se pode falar da relação entre ambas. Podemos escrever sobre o
"Petro" ou sobre o "Primeiro de Agosto"; mas também podemos escrever sobre as
relações entre ambas as equipas: amizade.", rivalidade." sei lá eu! No que se refere à
perspectiva, podemos pensar num texto que procure apaziguar os ânimos e num texto
que procure acirrar ainda mais os ânimos e alimentar a polémica...
A segunda pergunta seria então: O que é que o autor tem a dizer sobre o
asslmto? - a sua tese. Depois será necessário ver como o autor fundamenta a sua
posição.
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Análise Interpretativa
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Problematização - Síntese Pessoal
Na análise interpretativa trata-se, em termos simples, de colocar o texto dentro
do seu contexto. Num primeiro momento, devemos ver o texto em relação com o
pensamento global do seu autor. Seguidamente, será necessário colocar também o autor
do texto no seu mundo cultural. Concretizando um pouco, qual é a corrente de
pensamento com a qual está relacionado; os pressupostos com que trabalha etc. Tudo
isto é necessário fazer, mas parece-me ainda um pouco cedo. Uma análise dessa
natureza pressupõe uma série de conhecimentos, que eu não teria coragem de atribuir a
alguém que está a dar os primeiros passos nas lides universitárias. Num trabalho de
conclusão de curso, no entanto, será uma coisa imprescindível.
O mesmo pode dizer-se da "interpretação crítica"; isto é: da formulação de um
juízo valorativo sobre o texto e seu conteúdo; muito embora, dependendo da natureza do
texto, o leitor, mesmo no inícío dos seus estudos superiores, possa ter condições de
formular um juízo próprio sobre o texto e o seu assunto. O que será conveniente fazer, é ,
perguntar-se até que ponto os argumentos, aduzidos pelo autor do texto para demonstrar
a sua tese, são convincentes.
Na problematização, trata-se de entrar na discussão científica. Procura-se ver
quais são os problemas abordados no texto, para fazer deles oQjecto da própria reflexão
ou, melhor ainda, de uma reflexão ou discussão em grupo.
No fim de tudo isso deve estar uma síntese pessoal. Tendo em consideração
todos os elementos encontrados na leitura e tudo o mais que já sabe de qutro lado, o
47
•
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leitor deverá procurar integrar tudo numa visão de conjunto sólida e fundamentada;
formar a sua posição pessoal.
, \:eitura selectiva
De modo especial quando nos encontramos a elaborar um trabalho académico, a
nossa atenção concentra-se nesse trabalho e na sua temática. As nossas leituras são
orientadas para esse assunto. O que nos interessa não é tanto o que o autor quer dizer,
mas os elementos que ele aporta para o nosso tema. Aquilo que não diz respeito ao tema
que estamos a estudar ou ao trabalho que estamos a elaborar, para nós, é, de momento
sem interesse. Trata-se de uma leitura unilateral, realizada com um interesse
determinado e orientada por esse interesse. O fio condutor dessa leitura não é tanto o
pensamento e o raciocínio do autor, mas o objecto da nossa pesquisa.
Exercício de leitura
(Aqui dever-se-á pegar num texto para fazer um exercício de leitura com os estudantes,)
48
Precisaremos de concentrar agora a nossa atenção num aspecto muito importante do nosso curso: os trabalhos académicos. Estes são o ponto alto da actividade
académica. Neles o estudioso dá contas do que conseguiu. Abordaremos,
primeiramente, os diversos tipos de trabalhos académicos; para nos concentrarmos,
seguidamente, na sua elaboração.
Vários Tipos de Trabalho
Cieittífiç~
No decurso da sua formação académica, ao estudante serão solicitados trabalhos
escritos cada vez mais abrangentes e profundos, elaborados de acordo com um rigor
científico cada vez mais acurado. Começando pelos mais simples, podemos mencionar
como trabalhos mais comuns:
Resumo de textos e relatórios de leituras,
Recensão de livros,
Trabalhos de carácter monográfico:
Desenvolvimento de temas,
Pequenas pesquisas,
Trabalhos de seminário,
Dissertação para o Bacharelato,
Dissertação de Licenciatura,
Tese de Doutoramento.
Para além destes, de cunho rigorosamente académico, porque ligados à
academia, há outros tipos de trabalhos científicos, que nem mencionaremos.
Normalmente, é por aqui que se começa. À primeira vista pode parecer algo
banal. Será mesmo? Resumir um texto é um esforço de sintetizar aquilo que lemos. Isto
leva-nos a distinguir o que, num texto, é central do que é periférico, o que é essencial do
que é complementar. Captar o essencial e procurar formulá-lo em termos próprios levanos a uma compreensão mais plena do que lemos. Isso pode parecer muito simples, mas
não é tão simples assim. Acontece, não raras vezes, que os resumos de textos
apresentados por estudantes dos primeiros semestres - e não só .~ referem os lugares
comuns de um texto, "esquecendo'~ aquilo que ele apresenta realmente de novo.
Podemos agora perguntar-nos: para que se resume um texto, para que serve
resumir um texto. O resumo de um texto pode ser um mero exercício académico. F:
exigido; faz-se! Mas não precisa de ser, nem deve ser assim. Antes de mais, resumir um
texto ajuda-nos a disciplinar a nossa própria leitura. A quem de nós não acontece que,
ao chegar ao fim de um parágrafo ou de um capítulo, já não sabe o que acaba de ler?
Muitas vezes lemos distraidamente; muitas vezes ficamos apenas com mTI vaga ideia do
que lemos. Um primeiro fruto do resumo de um texto será Lill1R leitura melhor e uma
compreensão mais cabal do mesmo. Os resumos de textos que se furem fazendo durante
o ano, poderão ser de grande utilidade na altura da preparação de exames e frequências.
Aqui teremos o essencial. Estamos aqui diante de uma utilização estritamente pessoal
do resumo de um texto.
49
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Muitas vezes, porém, o resumo de um texto destina-se a um trabalho em grupo.
Textos afins são distribuídos para leitura e resumo a vários estudantes. Numa reunião de
trabalho cada um apresentará o resumo da sua leitura, podendo dar origem a uma boa
troca de ideias sobre o tema em estudo. Daí surgirá uma visão mais abrangente sobre a
questão do que da leitura e estudo de um único texto. Este modo de trabalhar a partir de
diversos textos e da apresentação sucinta do seu conteúdo é muito frequente em
seminários.
Em trabalhos académicos mais avançados e na vida profissional, o estudioso
ver-se-á, muitas vezes, na necessidade de apresentar em poucas ou algumas frases a
opinião de mn ou de vários autores. Quem estiver habituado a resumir textos não terá
grandes problemas para o fazer.
Mencionemos, para terminar, um outro aspecto de grande utilidade. No contacto
muito próximo com o texto, que o trabalho fe resumo exige, encontraremos elementos
novos sobre os assuntos que estamos a el:>,\udar. Seria pena perder estes elementos
enriquecedores. Aqui será o caso de fazer \una boa ficha de conteúdo com esses
elementos, a anexar ao nosso material de estudo.
,Quanto aos14!ftitribs.(}e,-le. será suficiente dizer que, em muitas instituições
de ensino superior se exige, como complemento do que foi tratado em aula, a leitura de
uma série de textos. A leitura desses textos é obrigatória. Sobre essas leituras os
estudantes devem, frequentemente, apresentar relatório. É uma prova de que a leitura foi
feita. Esse relatório pode ser feito oralmente ou por escrito.
Para além dessa função académica, o relatório de leitura pode exercer tU11U
função didáctica importante. Dar-nos conta a nós próprios daquilo que lemos leva-nos a
uma recapitulação do assunto e ajuda-nos a que o fruto da leitura não se perca tão
facilmente. Recapitulando, interioriza-se aquilo que se leu.
A recensão de um livro §__ª-_ill;1JeSentaçÃono me.sulO aos po~~íveis.J~i1or:~Ji...Após
a indicação dos dados bí'bliográficos da obra: autor, título, local e ~dição, editora e ano
de edição - muitas vezes acrescidos do número de páginas e até do preço -, é
apresentado o seu conteúdo. Esta apresentação vem, muitas vezes, seguida por uma
valorização da obra.
Recensões de obras científicas são publicadas em revistas da especialidade ou
em repertórios bibliográficos. Elas são de grande utilidade para a escolha das nossas
leituras, quer seja para leitura habitual, quer seja para elaboração de trabalhos. A partir
delas podemos ver em que medida as obras estão relacionadas com o tema que estamos
a estudar e qual é a sua importância para o mesmo. Normalmente é a partir desta
primeira informação que o estudioso vai fazer a selecção da bibliografia para o seu
trabalho e vai dar prioridade à leitura e estudo dessas obras. Será também a partir dessa
primeira informação que se ponderará a eventual aquisição da obra. Naturalmente, antes
de se decidir pela aquisição ou não, será bom dar uma olhada à própria obra.
É claro que a gente se pode decidir pela aquisição de tuna obra por muitos
motivos: por um título sugestivo, por uma capa atraente, etc.; mas não são esses os
crítérios mais científicos.
50
Trabalhos de Carácter Monográfico
São trabalhos dedicados ao tratamento de um terna. Daí o nome: mono grati a,
que eu procurei evitar, substituindo-o por outro menos imponente. Trabalhos dessa
natureza já lhes têm sido pedidos muitas vezes. Recordemos os chamados trabalhos de
pesquisa, que já tiveram que fazer; e que fizeram.
O que é que fizeram? Não quero colocar perguntas demasiadamente indiscretas;
mas do que tenho podido observar, os chamados trabalhos de pesqmsa são, muitas
vezes, urna demonstração clara daquilo que não deveriam ser. Permitam-me que comece
com um exemplo. Não há muito tempo, uma menina, acompanhada de uma amiga,
estudante de um Instituto Superior aqui de Luanda, cujo nome, por motivos éticos, não
quero mencionar, veio ter comigo a pedir material para a elaboração de um trabalho "de
pesquisa", que ela deveria entregar no dia seguinte à tarde; em termos dela: "amanhã à
tarde". Isto por volta das dezanove ou vinte horas. Disse-lhe para voltar no dia seguinte
de manhã. Entretanto iria ver se na biblioteca haveria algo sobre o assunto. Além disso,
perguntei-lhe se estava familiarizada com o inglês, ao que ela respondeu que não; e por
aí ficou. ?'Jo dia seguinte ela voltou. Coloquei-lhe nas mãos um volume de uma
enciclopédia. Ela tornou os seus apontamentos, devolveu o volume da enciclopédia,
agradeceu e retirou-se. Que trabalho "de pesquisa" pode sair daí? Nenhuma obra-prima,
com certeza.
InfeU.zmente, muitas vezes, os chamados trabalhos de pesquisa não passam da
transcrição, mais ou menos literal, sem indicação da fonte, de a\gum~':S 1'l'a%%'d~'C)\~ ~t
uma enciclopédia, de um manual ou de um ou outro "site" da Internet - para os mais
sofisticados. Também fui estudante muitos anos e sei que às vezes a gente tem que se
"desenrascar". Para além de não ser o ideal, não é isso que se entende por trabalho de
pesquisa. Um trabalho dessa natureza deve ser fruto do estudo de um tema a partir de
várias fontes e deixar transparecer algo de reflexão pessoal.
Os trabalhos de carácter monográfico mais comuns são: os trabalhos de seminário, as dissertações de bacharelato e licenciatura e as teses de doutoramento.
Iniciemos com o mais simples, os trabalhos de seminário. /~.:
Trabalho de Seminário
O que é um seminário? Pode dizer-se que um seminário é um edifício ou uma
instituição em que estudam os candidatos ao ministério eclesiástico ordenado, em
termos simples, os candidatos a padre. E não é mentira. Pensemos no Seminário do
Sagrado Coração de Jesus, em Luanda.
Não obstante, o termo seminário tem urna acepção bem mais abrangente.
Seminário é urna "instituição" académica, universitária. Seminário é uma actividade de
formação académica, ao lado das aulas e como complemento das aulas.
O que é: Enquanto actividade académica, o seminário caracteriza-se por uma
série de peculiaridades. O seminário destina-se ao estudo de um tema particular.
Enquanto as "cadeiras" visam a exposição global de um tratado, os seminários versam
sobre um terna sectorial específico. Esse pode ser um tema já tratado numa cadeira ou
um tema que não é abordado directamente muna cadeira. No primeiro caso o seminário
visa um aprofundamento do que foi tratado. No segtU1do caso o estudo de temas
complementares àqueles abordados nas cadeiras.
51
Uma segunda característica do seminário é o seu carácter opcional. É o estudante
que escolhe, de entre os seminários oferecidos pela instituição, aquele ou aqueles que
deseja frequentar; de acordo com os seus interesses académicos pessoais.
De mencionar é, em terceiro lugar, o número restrito dos participantes num
seminário. Normalmente não excede o número de doze. Esse pequeno grupo dedica-se,
sob a orientação de um docente, ao estudo de um tema determinado.
Advém que o seminário exige uma participação muito mais activa do que a
frequência de um curso. No seminário o trabalho é feito predominantemente pelos
participantes. A função do docente é orientar os participantes no trabalho pessoal e em
grupo.
Com isto teríamos já mencionado a última característica do seminário que
mencionaremos aqui: o seminário é um trabalho de gmpo e em gmpo. Daí a
obrigatoriedade da participação de todos nas sessões do seminário. Mesmo em
universidades em que a frequência às aulas é livre, nos seminários a participação é
obrigatória.
Como funciona: O trabalho no seminário processa-se, com algumas variantes,
nestes moldes: No início, o orientador apresenta brevemente o tema a ser estudado e
encaminha o trabalho dos participantes. O tema é dividido em seus diversos aspectos e
cada um destes aspectos é confiado ao estudo de um ou vários estudantes (até três ou
quatro). A paliir daí os participantes lançam-se ao trabalho. O grupo todo reúne-se
regularmente uma vez por semana ou de duas em duas semanas ~ para o trabalho
conjunto. Nos primeiros encontros há informação mútua sobre as leituras realizadas
lembrem-se do que foi dito sobre os relatórios de leitura.
Como os temas a ser estudados e desenvolvidos pelos diversos participantes são
bastante afins, os participantes podem tirar proveito também das leituras realizadas por
outros. Além disso, podem receber informações sobre obras cuja leitura se toma
necessária para a elaboração da parte que lhes compete.
A partir de certa altura, começam a ser apresentados os resultados (provisóríos
ainda) do estudo individual ou de pequenos grupos. A exposição termina com algumas
perguntas que são discutidas por todo o grupo. - Antes de ser apresentado ao grupo,
esse trabalho é apresentado, naturalmente, ao orientador.
O seminário termina com um trabalho escrito, fruto do estudo e da pesquisa
efectuados. O trabalho conclusivo do seminário pode ser um trabalho conjunto de todo
o grupo, ou podem ser vários trabalhos individuais ou dos mini-grupos mencionados,
Com muita frequência, os participantes no seminário trocam entre si os trabalhos finais.
O seminário apresenta-se assim, como um óptimo meio de iniciação ao trabalho
de pesquisa sob a orientação de alguém mais experimentado. 23 Há seminários aos mais
diversos níveis da formação académica; desde seminários para principiantes até
seminários para doutorandos. Cada nível tem as suas exigências próprias. Os temas que
serão convidados a elaborar durante o seu curso nesta universidade devem aproximar-se
desses trabalhos conclusivos de seminários.
Dentre os trabalhos de carácter monográfico sobressaem as dissertações de
licenciatura e as teses de doutoramento. Daí o facto de serem abordadas separadamente.
Naturalmente de um modo muito conciso, apenas para terem uma ideia do que se trata.
°
seminário "constitui uma parte fundamental da formação superior, enquanto se propõe
inserir o estudante no próprio processo da pesquisa em clima de colaboração activa com o
professor." (José M. Prellezo I Jesús M. qarcía, Invito alla ricerca, 228; referido d'ora avante
abrcviadamcnte: PRELLEZO, Invito, página).
23
52
Quando lá chegarem terão ocasião e necessidade de se informarem mais detalhadamente
sobre o que os espera~ e o que se espera de si.
I
Qissert...êS-.ã().qe Licenciatura
:\1uito embora a licenciatura seja um grau académico predominantemente
destinado ao exercício de uma profissão qualificada e não a uma actividade de
investigação e pesquisa, a sua consecução está ligada, muitas vezes, à apresentação de
um trabalho de carácter monográfico de uma certa envergadura, elaborado e
apresentado de acordo com a metodologia do trabalho científico.
Uma dissertação de licenciatura não pretende ser um contributo original para o
progresso da ciência. A dissertação de licenciatura deve mostrar que o autor está em
condições de estudar um determinado tema por conta própria, tendo em consideração a
maior parte daquilo que já foi publicado sobre o assunto; de expor o resultado do seu
estudo ordenada e claramente, de modo que quem lê o entenda e fique com uma boa
informação sobre o tema em questã0 24 . O resultado de tuna dissertação de licenciatura
deve ser a exposição do estado actual do conhecimento sobre um determinado tema.
O valor de uma dissertação de licenciatura está, em grande parte, no tirocínio
que ela representa para quem a elabora. Vejamos, em termos de Umberto Eco o que ela
exige: "(1) escolher um tema preciso; (2) recolher documentos sobre esse tema; (3) pôr
em ordem esses documentos; (4) reexaminar, em primeira mão, o tema à luz dos
documentos recolhidos; (5) dar uma forma orgânica a todas as reflexões precedentes;
(6) proceder de modo que quem lê perceba o que se quer dizer e fique em condições, se
for necessário, de voltar aos mesmos documentos para retomar o tema por sua conta. ,,25
Teremos ocasião de ver um pouco mais de perto o que isso significa e como se
faz isso, quando abordarmos os passos a dar na elaboração de um trabalho académico.
Já que estamos com lJ. Eco, concluamos com termos desse autor: "Fazer uma tese
significa, pois, aprender a pôr ordem nas próprias ideias e a ordenar dados: é uma
experiência de trabalho metódico; quer dizer, construir um 'objecto' que, em princípio,
sirva também para outros. E deste modo não importa tanto o tema da tese quanto a
experiência de trabalho que ela comporta.,,26
Tese de Doutoramento
A tese de doutoramento, usualmente, é reservada a pessoas que querem seguir
uma carreira académica ou dedicar-se à investigação e pesquisa. Em princípio, uma tese
de doutoramento deve ser um contributo original ao progresso da ciência, embora não
necessite de ser um progresso espectacular. A "tese de doutoramento constitui um
trabalho original de investigação, com o qual o candidato deve demonstrar ser um
estudioso capaz de fazer progredir a disciplina a que se dedica?7"
24 Falámos da maior parte daquilo que foi publicado sobre o assunto porque, a este nível, não é
exigida a consideração de tudo; mas não deve ser "esquecida" nenhuma obra realmente
importante. Quando por lá passei, falava-se na consideração das publicações dos últimos dez
anos.
-)5 Como se fiaz uma tese, 28,
2ú Ibid.
27ECO, Como se faz uma tese, 24.
53
I
I
I
I
I
I
Muitas vezes uma tese de doutoramento faz-se numa fase mais adiantada da
vida e não como conclusão de um curso universitário. Após concluir a licenciatura,
pessoas que se sentem inclinadas para isso, ou que para isso são convidadas por um
professor, continuam na universidade como assistentes e vão preparando o mestrado e,
posteriormente, o doutoramento. Muitas vezes o doutoramento faz-se numa idade
madura e, por vezes, está ligado à nomeação para a função de professor catedrático.
Mas há quem conclua o doutoramento em idade bastante mais jovem.
Penso que, com isto, terão uma ideia dos trabalhos académicos mais usuais. Está
na hora de nos dedicarmos aos passos a dar na elaboração de trabalhos académicos.
Passos a Dar na Elaboração de um Trabalho Académico
De modo especial nos estádios mais avançados, a actividade académica
consistirá, em grande parte, na elaboração de trabalhos escritos. Também na vida
profissional será necessário realizar trabalhos dessa natureza: relatórios, minutas para
palestras ou conferências, artigos para revistas ou enciclopédias. Também para isso o
nosso curso de metodologia nos deve preparar. Estamos, com isso, diante da questão da
elaboração de trabalhos escritos. Para a elaboração de um trabalho académico há vários
passos a dar. Primeiramente vai ser necessário decidir sobre o que se vai escrever:
escolher um tema. Depois há que procurar material para a elaboração do tema. Começase por tomar conhecimento do que já foi publicado sobre o assunto: faz-se o
levantamento bibliográfico. Começa-se a ler e, a partir das primeiras leituras elaborase um esquema de trabalho um esquema ainda provisório, sujeito a alterações, mas
que vai servir de roteiro para o trabalho a realizar. Segue-se uma fase de leitura e
recolha de material. Depois de todos esses preparativos é necessário passar à redacção
do trabalho. São esses os tópicos que passaremos a abordar.
Escolha do Tem-ª. /
dê:
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A primeira questão que se coloca a quem está com vontade, ou na necessidade
de elaborar um trabalho académico é o tema. Sobre o que é que vamos escrever, qual o
assunto que vamos abordar? Principalmente no início do estudo universitário, os temas
para os trabalhos escritos serão indicados pelo docente. Mesmo nestes casos caber-nos-á
a função de precisar e delimitar o tema e de lhe dar o enfoque 28 . Com o decorrer do
tempo, porém, a nossa responsabilidade na escolha do tema vai-se ampliando. Na
elaboração de trabalhos de seminário, já temos uma palavra a dizer na escolha do tema.
Em trabalhos de conclusão de curso, será a nós, primordialmente, que caberá o encargo
de escolher um tema. O tema a escolher dependerá muito dos interesses aCJid.~.micos
cada ':lm. Durante o crusororaín"abórdàdas questões que nos i~teressru:~m de modo
especial, que gostaríamos de aprofundar, mas que nunca tivemos ocasião de fazer. Há
uma questão que nos vem intrigando há bastante tempo, mas na qual ainda não
chegámos a uma resposta satisfatória. Daqui podem surgir temas muito bons para mn
trabalho de maior envergadura, como é um trabalho de conclusão de curso. É
importante que o tema seja colocado em forma de uma "questão" para a qual se procura
uma resposta; que ele constitua um problema para o qual se procura uma solução.
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28 Cfr. SEVERINO, lvfetodologia, 78ss,
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Naturalmente teremos que contactar com o orientador, para conversar com ele sobre a
viabilidade e utilidade de um trabalho sobre esse tema.
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~ ~v3!l:t~ento Bibliográfic?
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Seja qual for o tema que escolhermos para o nosso trabalho, não teremos todos
os elementos necessários para o efeito. Haverá que ir buscá-los. Podemos perguntar-nos,
para começar, onde é que encontraremos as informações necessárias para o desenvolvimento do tema. Onde encontraremos os elementos de que precisamos? Na~mIJ­
mente en?-Jj~ª",-ªrtigQ§.A~...L~i~.ta!Lda especialidadea, ~SQisas afins É necessáiÍo fazer
uma listagem das obras que nos poderão fornecer o material necessário .. Nesta fase,
toma-se nota de tudo o que se encontra sobre o assunto, inclusive daquilo que nos
parece lixo. Também é bom tomar conhecimento das "asneiras" que se disseram - e
dizem sobre determinado assunto. A selecção faz-se depois. Em termos técnicos: é
necessário fazer o levantamento bibliográfico referente ao assunto a tratar. Esse material
pode procurar-se em catálogos de' bibliotecas, repertórios bibliográficos etc?9 Mas
devemos ter em consideração uma coisa: uma ficha de catálogo dá-nos o nome da obra
e mais alguns elementos de ordem externa a respeito da mesma. Quanto ao seu
conteúdo não nos díz nada; e muito menos ainda quanto à sua qualidade. Os repertórios
bipliográficos já nos darão informações mais detalhadas sobre a obra e a sua qualidade.
O problema pode ser a quantidade. Encontramos tanta coisa que nem sabemos por onde
começar. O melhor parece-me começar modestamente. Podemos começar por ler o
verbete correspondente ao tema numa boa enciclopédia actualizada; e também não será
nada mau estudar o tema num bom manual, também o mais actualizado possível. Aí
encontraremos uma bibliografia básica seleccionada. A bibliografia aí referida será
necessariamente reduzida, mas será a bibliografia básica, as obras consideradas mais
importantes sobre o assunto. A bibliografia encontrada é registada em fichas; as fichas
bibliográficas, que já conhecemos. É pela leitura dessas obras que convirá começar. O
próprio processo de leitura e estudo se encarregará de chamar a nossa atenção para
outras obras, que também irão sendo anotadas em fichas. Com o tempo o nosso ficheiro
bibliográfico tomará dimensões consideráveis. 3o
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Iniciar com o estudo do verbete de uma enciclopédia e das partes
correspondentes ao tema de um ou dois bons manuais, tem uma outra grande vantagem.
Dá-nos uma visão global do tema, o que nos permite já elaborar um esquema básico de
trabalho. Este esquema será, necessariamente, provisório, mas permitir-nos-á trabalhar
ordenadamente. Umberto Eco, em sua linguagem um tanto quanto paradoxal, diz-nos
que devemos começar pelo fim: "Uma das primeiras coisas a fazer para começar a
trabalhar numa tese é escrever o título, a introdução e o Índice final.... ou seja,
exactamente as coisas que qualquer autor fará no fim.,,31 Isto força-nos a ter, desde o
início, uma ideia clara daquilo que queremos fazer. Este esquema inicial sofrerá,
durante todo o processo da elaboração do trabalho, alterações consideráveis, mas é
..
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Cfr. SEVERINO, Metodologia, 81 s.
30 Para termos uma ideia do que isso pode significar na prática podemos ler em ECO, Como se
faz uma tese, 95-116.
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, ECO, Como se faz lima tese, 119.
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muito útil como roteiro. 32 Este esquema inicial deve dar, no mínimo, as "grandes linhas
que serão as colunas mestras do trabalho,,33. Quanto mais detalhado for este esquema,
melhor. O ideal seria mesmo que fosse "um sumário onde, para cada capítulo se esboce
um breve resumo. Procedendo deste modo, tornamos mais claro, mesmo para nós,
aquilo que queremos fazer.,,34
b;! Recolha de Material
_ _ _ ............ ,~_,~:~"1:l'~ •• *-"""1
-
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Uma vez na posse destes primeiros elementos está na hora de começar a ler, com
o fim de recolher material para o nosso trabalho. Se tivermos feito um bom levantamento bibliográfico, isto é, um levantamento bibliográfico tendencialmente exaustivo,
estaremos diante de uma quantidade de material que será impossível ler e estudar na sua
totalidade. Será necessário seleccionar e seleccionar criteriosamente. O critério de
selecção deve ser a qualidade científica da obra e não a facilidade de acesso à mesma.
A nível do ensino superior, a bibliografia usada deve ser qualificada, isto é, de
carácter científico. Tudo o que são obras de divulgação deve ser deixado de lado.
Mesmo depois dessa primeira "limpeza", o nosso ficheiro bibliográfico ainda
conterá uma quantidade de obras que será impossível ler na sua totalidade. Será
necessário ver quais são as obras que versam directamente sobre o assunto que estamos
a estudar e dar prioridade a essas. As obras que apenas indirectamente versan1 sobre ele
poderâo ser consultadas mais tarde, dependendo da necessidade. Além disso, será
necessário procurar as obras de melhor qualidade. Para o efeito, ser-nos-ão de' grande
ajuda as recensões quer dos repertórios bibliográficos quer das revistas da especialidade.
Esta informação deverá ser complementada por uma tomada de contacto directo com as
próprias obras, que nos permitirá formar um juízo próprio sobre as mesmas "lendo seu
índice, o Prefácio, a Introdução, as 'orelhas', assim como algmnas passagens do seu
texto,,35. A frequência com que determinada obra é referida, quer seja em enciclopédias,
quer seja em manuais científicos, quer seja em monografias, também nos dá uma ideia
da importância da obra e da aceitação de que ela goza no mundo científico.
Começa-se a leituri)., naturalmente, por obras de carácter mais geral, que nos
dão uma boa visâo de conjunto sobre a área de saber em que se situa o nosso tema e,
pouco a pouco, de acordo co:ril as necessidades, vão-se lendo as obras de carácter mais
específico.
é importante; mas também não adianta ler muito para esquecer logo a seguir.
É necessário guardar tudo o que nos pareça necessário ou útil para o nosso trabalho. A
memória não será suficiente. O melhor é guardar o resultado das nossas leituras em
fichas, as fichas de conteúdo. Devidamente identificadas e catalogadas elas serão o
material com que trabalharemos directamente. Vejamos como pode ser feita uma ficha
de conteúdo. Em lugar destacado e bem visível vem 1Jm título, que nos diz de que é que
trata a ficha. A ficha deve-nos dizer também e exactamente de onde esse elemento foi
tirado, de modo a permitir uma referência exacta. Os elementos de referência já nos são
sobejamente conhecidos: autor, título da obra, etc.
32 Mais informações de grande utilidade sobre a elaboração do esquema de trabalho em ECO,
Como se fàz uma tese, 119-126; assim como em SEVERINO, Metodologia, 82 e em RC
]vfetodolagia, 62s.
33 SEVERINO, lvfetodologia, 83.
34 ECO, Como sefaz uma tese, 120.
35 SEVERINO, ]Vfetodologia, 83.
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se escreva tudo; ideias'próprias ideias de óutrem. Para alem disso, as informaçõés
e
recolhidas em ficba podem ser de natureza muito diversa. De acordo com iSSOi podem
distinguir-se vários tipos de fichas de conteúdo. Umberto Eco, a quem já 110S refel'Ímos
acima, distingue cinco tipos de fichas de conteúdo: <la) fichas de leitura de livros Otl
artigos b) fichas temáticas c) fichas de au.tor d) fichas de citações e) .fichas de
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trab AlUO""., " !
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"
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Sem podermos entrar em muitos pormenores, direi que pessoalmente, uso quase
só fichás dé Citação, dando"lhes um titulo de ácórdo com o asSl.mto de 'que tratam. Para
além' dessa observação de carácter pessoal, gostada, de dizer o seguinte: Durante as
nossas leituras encolltraremospassagens que são determinantes para o tema. Estas
passagens talvez preciselll de ser citadas
110SS0 trabalho. Daí ser. muito útil
transcrever estas passagens literalmente para fichas, de modo a poder tê-Ias presentes na
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I
I
I
í
í
I
no
altura dá. elaboração do trabalho. Para quem trabalha com computador. um "scanner"
poderá prestar, aqui, serviços consideráveis, poupando-lhe muito tempo - Mas cuidado!
POi' v~s os pro~as de reconhecimento de texto ainda não são tão perfeitos como
seria ~e desejar. Mesmo uma fotocópia pode ser muito títil. Tira-se a fotocópia da
página em questão, corta-se e cola-se na ncha. De um modo geral a superficie impressa
de wri livro (a mancha) não' ultrapassa a largura de uma ficha '~e conteúdo de tru,nanho
nonriál: 150xl05 mm. Importante é llão esquecer de dar l.nU título de identific~1o e de
es~vç~na ti,cha os elementos de referência biboo.gráfica.
.,
'.
,
o: ....
, .. 'pára outras passagens será suficiente guardar em ficha as', ideias "Pri.ncipais,
foml1il~ em termos próprios. Sinteti·zar em t-ermos próprios as ideias·de um::autor é
LUllá arte ~ pressupõe a compreensão da, obra lida. Destreza neste campo será fruto de
muito. ~~llo. e
~gum esforço. Mas é um esforço que vale a p~na fazer .
. Também haverá uma diferença significativa no modo de fazer o fichamento de
um liV'ró próprio e de um livro da biblioteca. O fichamento de lUTI livro próprio pode
limitar-se a breves referências ao conteúdo. Durante fi elaboração do trabalho poder-se~á
recorrer ao livro seÍnpre que seja necessário. O fichruuento de um livro da biblioteca
deverá ser mais exaustivo; dev~m()s tirar dele todos os elementos que nos possam ser
úteis Para o no.sso:trabalho; quer seja em fonna de transcrição literal - as passagens
maisjmpôrtantes - quer seja em fonna de síntese erutermos pessoais ou de paráfrase.
Redacção
~
,
Uma vez de posse do material Jlecessário para a elaboração do trabalho, é
preciso começar com a redacção. É bom retomar o esquema inicial e retocá-lo a partir
3S
dos 'novos conhecimentos adquiridos no processo de leitura e de recolha do materiaJ .
Mas eJ1tão é necessário começar a escrever. Às vezes não será nada fácil. Parece que a
16
ECO, Como sejáz 1tma tese, J29 .
.'1 Possivelmente ílu.::.trar Il partir d~l cxpcriéncia kit'l <10 pn:j1::lrar o IlHherial ele ilustração parti
usle curso.
com RaHiello FA RIN A, () Gsquel:!8 ,-deito (JlSycria ;tpr~se;;nLélf ~IS SCgUilllL~;
1) Clarcz.!l {. . .) 2) Cclllvt;:rgfncíll para H finalidad~ (
3) Cocrêncil1 (..,) -I)
Ctmformít1mle com a finnljd:H!c (..) 5) Tratamento rompIdo (. ,) 6) U,!~iinciH ("J"
:;/1
De ncord()
qll<llídl:'\des:
(Melodologia. 146),
!)1
~
tinta secou na caneta; parece que o nosso próprio cérebro secou; não nos vem nada à
mente. Por vezes, mesmo, começaremos a escrever uma folha e mesmo antes de chegar
a meio já terá ido parar para o cesto dos papéis. Mas é preciso superar estes momentos
de aridez. Haverá ocasiões em que as coisas correrão melhor e as palavras fluirão quase
automaticamente. Mas se vamos esperar estes momentos, dificilmente chegaremos ao
fim; ou até talvez nem cheguemos a começar.
Quem tiver o material em fichas, poderá começar por ordenar as fichas.
Possivelmente já no processo da ordenação lógica das fichas teremos alguma ideia de
como começar. Neste trabalho poderemos querer escrever logo um texto perfeito. Não
me parece ser o mais indicado. A meu ver, é melhor deixar-nos guiar mais pelas ideias e
sua sequência lógica do que pela preocupação por um texto perfeito. O trabalho para o
aperfeiçoamento do texto poderá ficar para mais tarde.
Sobretudo em obras de maior envergadura, pode-se começar a redacção por
vários lados. Pode-se começar pelo primeiro capítulo e ir redigindo, sistematicamente,
capítulo após capítulo; como se pode começar pelo que seja mais familiar e conhecido.
Isso vai depender muito da índole pessoal de cada um. Importante é procurar avançar
sem demasiadas delongas. É necessário chegar ao fim. Esta primeira redacção dar-nos-á
uma visão do trabalho no seu conjunto. Isso permítir-nos-á ver melhor as lacunas, os
pontos que precisam de aperfeiçoamento, assim como eventuais desproporções,
repetições etc.
Poderá dar-se mesmo o caso de ser necessário dar mais uns retoques no
esquema, para se obter uma ordem mais lógica dos diversos tópicos; deslocar passagens
de um lugar para outro; desenvolver mais umas partes e encurtar outras.
Daí surgirá uma nova redacção. Nesta será necessário tomar em consideração a
perfeição do texto: o estilo, a terminologia, a fluência do texto e tudo o mais que possa
tornar aprazível a leitura do mesmo. Num texto académico dificilmente se evitarão
termos técnicos, mas nem por isso o texto deve deixar de ser legível. Devemos superar a
ideia de que quanto mais hermético e ilegível for mn texto, tanto mais científico ele é.
Afinal não escrevemos para nós próprios, mas para os leitores. 39
As últimas partes a receber redacção definitiva serão a Conclusão e a Introdução.
o Texto do Trabalho Académico
Independentemente da envergadura, todo o trabalho académico, mais exacta
mente, o texto do trabalho académico consistirá de três partes: Introdução, Corpo ou
Desenvolvimento e Concl1J:são.
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Introdução
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Na introdução, o autor faz a apresentação da sua obra ao leitor. Ela visa ajudar o
leitor a entrar na obra, fornecendo-lhe "todos os elementos necessários para uma
correcta compreensão do trabalho do ponto de vista científico".4o , I ,
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39 Orientações de grande utilidade para a redacção de um trabalho académico poderão encontrar
em quase todas as obras de metodologia. Limito-me a referir a obra de Umberto Eco, Como se,," -
fazumatese,156-165.
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PRELLEZO, InVlto, 102.
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II
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Vejamos, em termos de Umberto Eco, como se pode redigir uma Introdução:
"Com este trabalho propomo-nos demonstrar uma determinada tese. Os estudos
precedentes deixaram em aberto muitos problemas e os dados recolhidos são ainda
insuficientes. No primeiro capítulo tentaremos estabelecer o ponto x; no segundo
abordaremos o problema y. Em conclusão tentaremos demonstrar isto e aquilo.,,41
Pode-se constatar, entre os autores, uma certa oscilação quanto aos elementos
que devem constar numa introdução. Para não precisarmos de entrar aqui em grandes
discussões, permitam que me limite til apresenw, como exemplo, a emmleração desses
elementos apresentada pela obra mais recente da nossa bibliografia, a obra de 1. M.
PrelleZÇ> e J. M. García: "a) _íWresep:t~ão doprobJen~_abord-ªg,Q, na sua génese,
desenvolvimento, estado actual das pesquisas (limites, lacunas, pontos a esclarecer); b)
4sdl1'Zkão~xacta do tema escolhidº e uma justificação dos seus limites, assim como a
relãção do~própiíõ~~trabifhoc~~ as pesqutsu e estudos anteriores; c) w.!'-O!~Q"
_Sill~~n~a do~~ precedentes sobre o mesmo tema: ao menos dos mais importantes
e afins; d) indicação clara dos 9ltiec1W.Ld~L~ho: que coisa se quer fazer; e)
r~Qrência à importância, significado e oportunidade da pesquisa desenvolvida: a sua
._--- --~
funcionalidaae para os leitores e para o progresso dos estudos no respectivo sectorJ,'L
a,preselltaç.ão e i.!:Istificação dQ. mélado, das téCnicas, dos instrwnentos e das fontes
utilizadas na própriã-pesquisa; dificuldades especiais encontradas; modo como foram
superadas; g~jY$1i.fiqt..Ç.ão, em grandes linhas, da estrutura ou articulação do
trabalho e uma referência à relevância dos resultados alcançados no trabalho e aos
novos horizontes abertos,142.
O tamanho da Introdução deve ser proporcional ao trabalho, mas ela não muito
longa. Deve proporcionar ao leitor uma ideia exacta do conteúdo da obra43 • U. Eco
formula~o magistralmente: "o objectivo de uma boa introdução definitiva é que Qleitor
se contente com ela, compreenda tudo e já não leia o resto,,44, Não diria tanto; mas da
leitura da introdução devemos poder deduzir com segurança se a leitur~l da obra é
importante para nós, pata o nosso trabalho ou para o nosso estudo.
A linguagem da introdução - como, aliás, de todo o trabalho científico - deve
ser sóbria, objectiva e clata.
A introdução é a última parte a receber a redacção definitiva.
------------
C0!Eº.J~U Qese.~nlvim0f1to ('~_")0T, '""
1)' '. '
O Corpo, ou desenvolvimento, .é_-ª~.ç~.IltmLç .~m.ai.s..~){..!~l1lliL cl2_~.?-J?_ª.1h0"
académico. É aqui que se expõe, argumenta e discute; é aqui que se chega aos
res1.utados do trabalho. O desenvolvimento do trabalho é o esforço de realização daquilo
que foi anunciado na introdução. Na introdução dizemos o que queremos fazer; no
corpo do trabalho devemos fazêMlo.
O corpo do trabalho consiste 00 desenvolvimento da tese. "Esta é a fase da
fundamentação lógica do tema, que deve ser exposto e provado, é a reconstrução
Como sefaz uma tese, 12L
Invito 1028. Para complementação podem consultal;r-se as obras indicadas na bibliografia
inicial, indicadas aqui apenas pelo sobrenome do autor e as páginas correspondentt:s: ECO,
1218.; FARINA, 2246.; FRADA, 238.; RUIZ, 73; SBVERlNO, 86s.
43 A Introdução deve ser "sintética e versar única e exclusivamente sobre a temática intrínseca
do trabalho" SEVERINO, Metodologia, 87.
44 Como sefaz uma tese, 122.
41
42
59
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racional que tem por objetivo explicar, discutir e demonstrar. ,,45 Elede:ve seflogic~mente estruturado e seguir o plano definitivo de trabalho.
Com muita frequência podem-se distinguir, em trabalhos académicos de nível
mais avançado, claramente, duas "partes,,46 ou dois "momentos", que eu gostaria de
designar por "parte" epistemológica e "parte" temática.
I f,'
bliLprimeira, a "parte" epistemológic~ o autor retoma, __ çleJ.Q]]lU1Jnªi~L~~len~ª, $;" fi
Ii
alguns tópicos já - mencionados-na -Introdução, com~ sejam: ta) uma "exposição
-. ,,'
fundamentada do objecto do trabalho,,47. Em termps mais simpl~s:' a identificação e );\./,,:'1_
delimitação exacta do tema da sua investigação; b) a "explanação do quadro teórico r
utilizado,,48. Traduzindo: o autor explica os pres~~ostos com os quais trabalha e a
partir dos quais vai tratar os dados recolhidos; \ç) i a "d~scJiçãCL da metodologia __.de
investigação,,49; isto é, o autor vai dar contas do método de trabalho que adoptou e
fundamentar e justificar a adopção deste método e não de outro.. Esta "parte" pode ser
mais ou menos extensa, dc-acordo cóm o t~ma e o modo mais ou menos "tradicional" de
o abordar. É claro que um modo pouco usual de abordar um tema exigirá uma
justificação e fundamentação mais extensa e profunda do que um modo habitual e já
"consagrado" (geralmente reconhecido e aceite) de abordagem.
Na "parte" temática, parecem-me merecer menção: ~Ya exposição dos dados '\
recolhidos, expos1Çãõ- essa-que dever ser feita de modo "oq~âni~o e_e.r~~ssi'yo,,50; não
basta amontoar dados. ÂÂua exposição deve ter "cabeça tronco e membros" ~j2rincíl2..i~)
meio e fim; b) a elaboração desses dados, tendo em consideraçãõ-õSõb]ectivos que .ô-atingir; c) a discussão das diversas hipóteses e opiniões sobre a questão em
causa e d) demonstração d_ª-pos.i@()_ do _~!!torL~i! su~J~se. Não é aconselhável queimar
etapas e querer passar imediatamente a esta última tarefa. Ela deve ser muito bem
preparada "mediante análise cuidadosa e discussão homada"sl. Para fundamentar a sua
tese, o autor pode referir-se a autores conceituados, de competência reconhecida. Não se
deve esquecer, porém, que, em última análise, é ele que deve fundamentar a sua tese
com argumentos de validade intrínseca, que falem por si. 52
.
Em virtude da sua extensão, mas sobretudo devido à multiplicidade de
elementos e por exigências de uma estruturação lógica e de clareza, "divide et impera! ",
o corpo do trabalho deverá ser subdividido. Para a divisão do corpo do trabalho não há
normas fixas. O próprio trabalho se encarregará de "ditar" as directrizes para a sua
divisão.
-I'
pro-curamos
ª
SEVERINO, Metodologia, 87. "Explicar é tornar evidente o que estava implícito, obscuro ou
complexo; é descrever, classificar e definir. Discutir é comparar as várias posições que se
entrechocam dialeticamente. Demonstrar é aplicar a argumentação apropriada à natureza do
trabalho. É partir de verdades garantidas para novas verdades." SEVERINO, Metodologia, 87.
46 Coloco o termo "parte" entre aspas porque não coincide necessariamente com as partes em
que o trabalho pode ser dividido.
47 AZEVEDO, l>.1etodologia, 79.
48 Ibi d.
49 [bid.
50 I bid.
45
51
RUIZ, Metodologia, 74
52 Vejamos, para comparação, descrição concisa mas rica que J. J. C. Frada apresenta do corpo
do trabalho académico: "O corpo constitui a parte mais extensa do trabalho e deve conter o
desenvolvimento da ideia ou ideias a que nos referimos na Introdução. Nele se incluem: a
revisão de literatura, a formulação do problema ou dos problemas, as hipóteses e variáveis, os
pressupostos teóricos, a descrição dos métodos e técnicas usados (quando se trata de Monografia ou Tese), a construção de argumentos, a explicação de conceitos e noções, a análise e a
interpretação de dados," Guia prático, 24s.
60
__
•
Conclusão
Finalmente, a Conclusão é o fecho do trabalho. Para além de nos dizer onde todo
o processo e reflexão levou, ela abre novas perspectivas para a continuação do trabalho
científico. A conclusão do trabalho académico é a colheita dos frutos do trabalho
anunciado na introdução e realizado no corpo do trabalho; se me permitem, é a
contagem dos peixes depois da pesca. Em linguagem mais académica: ela é a síntese
que recapitula os resultados da pesquisa desenvolvida53 . Em termos de J. M. Prellezo e
J. M. García ela deve apresentar "uma recapitulação sintética do caminho percorrido; a
indicação dos resultados que advêm da investigação para o progresso da ciência;
consequências que daí possam derivar em função de novos estudos e pistas de investigação; méritos específicos e limites do próprio trabalho; problemas ainda abertos e
lacunas a colmatar; função «prospectiva» da investigação em relação especialmente
com eventuais questionamentos da cultura e da vida contemporânea.,,54
Numa palavra, a conclusão situa o trabalho realizado no contexto da ciência em
andamento; indica os passos que foram dados, isto é, os resultados alcançados e aponta
aberturas para investigações posteriores.
As observações que fizemos sobre as partes do trabalho académico baseiam-se,
para além de alguma experiência pessoal, na literatura do ramos, à qual fizemos
abundante referência e seguindo-a, por vezes, textualmente. Nota-se que essa literatura
tem como pano de fundo de suas orientações trabalhos académicos mais avançados:
dissertações de licenciatura e teses de doutoramento. Para nós, isso poderá soar como
música de um futuro muito longínquo, que, ao menos de momento, não nos serve para
nada. Será tanto assim? Penso que não. Penso que nos podem ser muito úteis, mesmo na
fase actual do nosso estudo, se soubennos utilizar inteligentemente essas orientações.
Vejamos!
Fala-se no estado actual da questão; do que já foi feito neste ramo, etc. É claro
que no início dos estudos académicos não podemos ter uma visão geral do status
quaestionis em si; mas temos os conhecimentos adquiridos nas aulas e outras
actividades académicas. Esses são o status quaetionis para nós. É daí que devemos
partir. Podem ser dúvidas que surgiram em nós e que será conveniente esclarecer; pode
ser lUna posição apresentada pelo professor, que não consideramos suficientemente
convincente ou fundamentada. Também isso será necessário pelo menos conveniente
- tirar a limpo. Pode ser um assunto que nos interessa e que foi pouco desenvolvido, E
haverá mais, mas penso que é suficiente para vermos que, a partir do nossQ status
quaestionis, podemos partir para um estudo e uma investigação pessoais. É com estas
pequenas investigações que nos vamos preparando para as maiores. Penso que trabalhos
elaborados a partir daí poderão ser muito mais proveitosos, muito mais interessantes e
feitos com muito mais gosto do que trabalhos escritos apenas "par cumprir calendário";
em termos mais académicos: apenas para satisfazer exigências curriculares.
É claro também, que não é do trabalho de um principiante que se poderá esperar
uma contribuição para o progresso da ciência em si. Mas um avanço na nossa ciência,
uma ampliação e lUll aprofundamento do nosso conhecimento também não é de
desprezar; e esse está perfeitamente ao alcance das nossas possibilidades,
É claro, por fim, que seria irrealista esperar de principiantes a abertura de novos
horizontes para a investigação científica em si. Ma não será exagerado esperar deles a
Cfr. SEVERINO, Metodologia, 87; FRADA, Guia prático, 25.
Invito, 107; Cfr. também AZEVEDO, Metodologia, 79; FRADA, Guia prático, 25; FARINA,
Metodologia, 226.
53
54
61
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
í
í
I
abertura de novos horizontes Qara nós e de novas pistas para o nosso estudo e as nossas
leituras.
Em suma, todas essas observações, à primeira vista um tanto quanto longínquas,
podem ser muito úteis para nós, desde que as saibamos colocar ao nosso nível.
.,
))
/
.o
.~."
I'
Aparato Crítico
Se abrirem, meio ao acaso, um romance e uma monografia, algo poderá chamar
imediatamente a sua atenção. O romance apresenta-nos um texto contínuo, de cima a
baixo da página, sem outras interrupções, que não sejam os parágrafos, ou hífens, em
eventuais diálogos. Numa monografia o texto a resenta-se, muitas vezes, semeado de
.
e uenos aCIma a linha.
Para._além
disso, ..•...
no ndo ca pagma, separado
. . . ..................
..do texto por um trili'o, encontram-se os mgn:tps números, que já encontrámos serri:ead08......
no meio do texto, seguidos de umas observações, impressas normalmente em caracteres
menores do que o texto.
Esta..lIarte no fundo da página, que àsvezes é colocada no fin'!Ldo ~ítl!Lo ou
mesmo no final da obra, constitui o chamado "aparato crítico,i'~le é cQn~~
)asicamente pêTãs-"notas de rodapé:> oU "notas õe pé de págma". PafãCiüêé9ue is!.o
serve? Par"ããar Ínfõrmaçoes necessárias ou úteis- para,ruma 'meTI1orcompreensão d
.
ueo eglve, ou .mesmo
assunto, mas cu a mserçao no pro .
"intragável", Destinam-se a perml Ir aos mteressados um maIOr aprofundamento e
determinado aspecto da questão, fornecendo-lhe, p. ex., indicações sobre locais onde
pode encontrar outros elementos sobre o mesmo.
Centremo-nos um pouco nas notas de rodapé. Voltemos à questão: De que se
trata? Para que servem essas notas?
Eüüçamente, nota!). ~e J95i,ar~~ãg .aq:t:!~lªn'lrte ...q.USL.SL~l1C:Qlltrª.nQ_,ft1!l~,.da .
.página, separada do texto, propriamente.dito,p:Qf\.!IDª .linha que inicia, à esquerda, nQ
~linhamento do texto e ocupa.c:~rcª de u!l:l terç9 da. página. Normalmente esta parte vem
impressa em caracteres menores do que os do texto. O melhor é olhar para um livro,
para não ficarmos demasiadamente no abstracto.
Para que servem as notas de rodapé? João José Cúcio Frada, a quem já nos
referimos acima, apresenta três objectivos principais dessas notas. " ... as notas têm
como finalidade: a) referir a obra e o lu~~!s ci~çõ~J'-ci.tªS.~J10 Je.~..to; b) fazer
consideractões suplemeptare~ ou, marginais~_ nãQ~caQ.~r.i8.1ILnO te.x.to .;>e,m que!?rN ,a.
Sequ·êncÜiiÓgica do discurso; c) remetel'...Q..J~ Ol.lÍrag P;y:~-!r~,..llillil
obras de referência ou para determinado documento em apêndice ou anexo (indicando o
seu número de ordem, romano ou árabe). ,,56
A primcirafinalidade, apontada por Frada, não deverá causar problemas de
compreensão. Que o autor, a obra e o lugar de onde foi extraído o texto citado sejam
indicados, é mais do que evidente. As ideias também têm dono; e quem usa ideias de
outros - e quem é que não o faz? - deve ser suficientemente honesto para o reconhecer.
~-,,-""
~
~-~
55,QrientaçÕe.s sobre.o que.é o aparato crítico e a sua elaboração encontra111:~~. em @ª-~e todas as
ol:l!.~s_de_ f!1et9d.ologia. Chamamos a atellçã6 para as páginas correspondentes nas obras da nossa
bibliografia. Referimos abreviadamente: autor, páginas. AZEVEDO, 80-86; ECO, 176-187com orientações para elaboração de bibliogratia; FARlNA, 159-197; FRADA, 39-58 com
orientações para elaboração de bibliografia; PRELLEZO, 245-247; 250-290 com orientações
para elaboração de bibliografia; RUIZ, 82-84; SEVERINO, 95-99.
56 Guia prático, 39; efr. SEVERINO, Metodologia, 95; RUIZ, Metodologia, 82s.
62
É o modo académico de homenagear o autor da ideia. Em princípio, essa referência
poderia vir dentro do próprio texto; o que acontece com muita frequência em textos
eclesiásticos com as referências à Sagrada Escritura. No campo do Direito, imagino que
aconteça o mesmo, no caso de referência aos diversos códigos legislativos. 57 Tanto num
como noutro caso, trata-se de referências muito breves, que não perturbam muito a
leitura. A presença, dentro do texto, de referências mais longas, com nome do autor,
título da obra, etc., perturbaria muito a leitura. Daí que no texto apenas se insiram
breves chamadas, normalmente algarismos árabes e a referência bibliográfica venha no
fundo da página. Daí o nome: "nota de rodapé", ou "nota de pé de página". Pode darse também o caso, como já foi mencionado, de as notas referentes a um capítulo virem
todas juntas no fim do capítulo; assim como o caso de as notas de rodapé virem todas
juntas no fim do livro, nonnalmente divididas por capítulo. O mais cómodo para a
leitura é as referência no fundo da página. Por motivos de facilidade gráfica é que
muitas vezes vêm juntas.
Um pouco mais "enigmática" pode parecer a segunda finalidad~ das notas de
rodapé, mencionada por Frada: "fazer considerações suplementares ou marginais ... " De
que se trata aqui concretamente? Muitas vezes a opinião de um terceiro é expressa no
texto em termos próprios do autor do texto. Em nota de rodapé pode vir uma citação do
autor a quem se fez referência para comprovar os emmciados feitos no texto. Isto
acontece muitas vezes quando se trabalha com autores de outras línguas. No texto,
mesmo as citações devem vir trarluzidas. - Imaginem só o que seria encontrar numa
página de um livro passagens em várias línguas; essa página seria uma autêntica colcha
de retalhos. Nas notas de rodapé vêm as passagens decisivas citadas na língua original.
Isto é comum em dissertações e teses.
Em notas de rodapé podem vir também argumentos complementares em favor da
doutrina exposta, mas que tomariam o texto muito pesado e serão de maior interesse
para quem quiser aprofundar determinado aspecto da questão.
Para além disso, nas notas de rodapé pode-se fazer menção de autores que estão
de acordo e confirmam o exposto. Podem-se, igualmente referir autores que são de
opinião divergente e entabular com eles uma breve discussão.
~. Também a terceira finalidade acima mencionada é de simples compreensão. Um
assunto, mencionado numa parte do trabalho, pode vir tratado mais detalhadamente
noutra parte desse mesmo trabalho. Quem estiver interessado pode buscar aí mais
informações. Pode-se dar também o caso de o autor do texto querer fazer referência a
um assunto já tratado por ele, mais extensamente, em outra obra. A nota de rodapé será
o lugar indicado para chamar a atenção do leitor para essa circunstância,\'fA
NB: As referências bibliográficas nas notas de rodapé podem vir de forma abreviada. Os
demais dados, necessários para a identificação inequívoca da obra, constam da
bibliografia. Isto faz-se especialmente para poupar espaço e material. Mesmo assim os
livros não são nada baratos. Os elementos dos nomes dos autores vêm na ordem normal.
Hoje em dia, esse sistema está bastante em voga nos Estados Unidos da América, quando se
usa o sistema de referência bibliográfica autor-data. Sobre esse sistema, já falámos acima; aí
vêm também indicações bibliográficas.
57
63
li I;
'I'
"
( Citação e Referência
É de fundamental importância ter bem clara a diferença entre tuna citação e mna
referência~'A citação é a repetição literal, oral ou por escrito, de uma passagem da obra
de mn autor, ou das palavras de alguém: Exemplifiquemos. O professor disse: "Na
bibliografia as obras vêm apresentadas por ordem alfabética de acordo com o
sobrenome dos autores. - Escrevam isso atrás das orelhas!" Isto é uma citação.
Quando estamos a elaborar mn trabalho escrito, encontramos algumas passagens
que exprimem a ideia que nos interessa de mn modo tão perfeito, que nos dá vontade de
as assumir literalmente no nosso trabalho. É lícito fazê-lo; desde que isso seja
devidamente assinalado. Isto faz-sc destacando o texto citado; normalmente colocandoo entre aspas
como fizemos acima e indicando exactamente o local de onde o
extraímos. Citações podem vir integradas no texto e podem vir em nota de rodapé.
Q~ap.cl() a citação é integrada no texto, no fim da citação é feita uma chamada, isto é,
i.l1ª~~e-se um sinal acima da linha (normalmente um algarismo ou um número árabe).
Esse -sInal -é 'repetido nó fundo da página e aí faz~se a referência bibliográfica
correspondente a essa citação. Quan~Q.ll. citação y~rnemnota de rQ8Ll:p~.coloca:-se o
~!()ç.itado entre aspas e faz-se a referência bibliográ;f1ca logo a se gJ;1Ír:> 8 .
Ainda uma observação a respeito da citação. Quando o texto citado é curto - até
três linhas - vem colocado simplesmente entre aspas no texto. 9ua~n_textQ
mais comprido, convém que entre um pouco para dento da margem esquerda do
alinhamento do texto e venha em caracteres menores ou com mellor espaçamento ente
as linhas. 59
,"
1\.
" , ( o'
;, ,.', I
.Da citação deve-se distinguir a referência~Quando apresentamos (referimos) o
pensam--entooe"'illii-aütor; padefuÓsTazê-Io usando os termos do autor - neste caso
estamos a fazer uma citação~ ou podemos fazê-lo em termos próprios nossos. Quando a
ideia é de outro, mas a formulação, os termos em que ela é expressa, são nossos, não se
usam as aspas. Não obstante, também neste caso é imprescindível mencionar que se
trata da ideia de mn outro e indicar, em referência bibliográfica, o autor da ideia, a obra
e o local de onde essa ideia foi retirada. O procedimento é semelhante ao da citação. A
seguir ao pensamento referido insere-se uma "chamada" e em rodapé faz-se a referência
bibliográfica no modo habitual. Só que neste caso esta vem precedida de "CfI."
(confira). Como já foi dito acima, a referência, por não ser transcrição literal, não vem
entre aspas.
Vamos concluir esta parte com uma observação referente à terminoJogia. Nós
usamos aqui os termos "citação" e "referência". Como em muitos outros casos, não é
uma terminologia aceite e usada por todos. Para designar a mesma realidade J. 1. C.
Frada usa os termos: "citação formal", correspondente ao que nós designámos pura e
simplesmente citação; e "citacão ÇQºC.eptual", no mesmo sentido em que nós usamos o
termo referência. 6o .T. A. Ruiz usa a terminologia: citação textual ~e citação livre.
Umberto Eco, por seu lado distingue entre citação e naráfrase61. Y1uito embora a
paráfrase não se identifique plenamente com o que chamámos referência, apresenta
algmnas semelhanças. A diferença principal entre uma referência e uma paráfrase é que
a paráfrase segue de perto a formulação verbal do autor, enquanto a referência pode ser
em termos muito mais livres.
58 Para informações mais detalhadas sobre como e quando citar, vd. ECO, Como se faz uma
tese, 165-173; RUIZ, Metodologia, 82
59 Poderão ver concretamente o que isso significa, algumas páginas acima.
60 Cfr. FRADA, Guíaprático ( ... ), 42.
61 Cfr. ECO, Como se faz uma tese, 165-175.
64
.,
A APRESE~TAÇÃO DOS TRABALHOS
Não sendo o mais importante, a apresentação do trabalho académico é algo que
não pode ser descurado. A primeira coisa que cai nas vistas, é o aspecto exterior, a
apresentação. Urna boa apresentação dá a impressão de um trabalho feito com cuidado;
uma má apresentação dá a impressão de um trabalho feito atabalhoadamente, sem
grande cuidado, de qualquer maneira.
Não é diferente do que acontece no dia a dia. Quem está na vida profissional
sabe quão importante é uma boa apresentação; e qual a importância da primeira
impressão que se tem de uma pessoa, quando se trata de contratar alguém para um
trabalho. Quem se apresenta esfarrapado num banco, nunca vai conseguir um
empréstimo ou financiamento. Quem se apresenta bem vestido, pode até conseguir
enganar o gerente.
Com mil trabalho académico dá-se algo semelhante. Uma boa apresentação
"cativa" o leitor e predispõe-no para a leitura. O leitor enfrenta a leitura com gosto, e
não a contragosto. Podem-me dizer que isto é demasiadamente subjectivo, e eu até nem
o negarei, mas é uma realidade. O que é que nos leva a comprar um produto? A
qualidade ou a embalagem? O que nos predispõe a comprar um livro? O seu aspecto
externo ou o seu conteúdo? O conteúdo com certeza que não, pois ainda não o
conhecemos. Se o aspecto de um livro nos atrai, até pode ser que nos interessemos por
ele e consideremos se vale a pena comprá-lo.
Como deve ser a apresentação de um trabalho académico? O trabalho académico
deve primar pela sobriedade. Com desculpa para a expressão, a capa de um trabalho
académico não é um cartaz de propaganda de espectáculo de circo. Também não é o
local adequado para exibição das potencialidades do último programa de composição de
texto que adquirimos.
Depois destas observações de carácter geral está na hora de passarmos a alguns
aspectos concretos. No aspecto da apresentação, devemos distinguir três partes do
trabalho académico: a parte pré-textual; a parte textual e a parte pós-textual. Antes de
apresentar o texto, fruto do nosso trabalho de investigação, temos que fazer uma série de
coisas. Se me permitem uma comparação, o texto vai vestido. Está envolvido por um
revestimento, tanto anterior, corno posterior. O revestimento anterior constitui o prétexto e o revestimento posterior constitui o pós-texto.
Parte Pré-textual
o pré-texto é constituído por uma série de elementos; alguns obrigatórios, outros
facultativos. Vamos apresentar a emuneração desses elementos. Os obrigatórios vêm em
negrito, os facultativos em cursivo. Depois falaremos um pouco sobre cada um deles.
Alguns destes elementos podem vir tanto na parte pré-textual, como na parte póstextual, dependendo esta decisão do autor. Esses elementos vão assinalados com um
asterisco (*)62
Na enumeração destes elementos seguimos de perto a obra de FRADA, Guia prático,28. Os
números entre parênteses referem-se páginas dessa obra.
62
65
III
III
III
"II
II
It
~
~
II
II
'III
"It
-I
..
Capa
Folha de ante-rosto
Folha de rosto
Dedicatória
Agradecimentos *
Resumo analítico (summary), sinopse, (abstract) ou (resumé) * (22s)
Sumário (índice abreviado) (21s)
Índice geral * (Quando colocado no início, dispensa o sumário) (21s)
Relação de tabelas, gráficos, figuras e extratextos intercalados no corpo do
trabalho (Quando estes elementos vêm em apêndices, este item não precisa de
vir na parte pré-textual).
Advertências ao leitor
Lista de abreviaturas
Prefácio
Preâmbulo.
Vamos tecer, agora, algumas considerações sobre cada um dos elementos
indicados.
Capa: Para além de proteger a obra, a capa já nos dá uma primeira informação sobre a
mesma. De acordo com A. J. Severino, a capa deve conter apenas três elementos: Nome
do autor, título do trabalho e local e an0 63 . J. J. C. Frada apresenta um modelo
semelhante. Acrescenta apenas a editor.a64 . Outros autores, como J. A. Ruiz, R. Farina e
J. M. Prellezo / J. M. García, dão maior relevo à Instituição em que o trabalho é
apresentado, colocando, normalmente, o nome da Instituição em que o trabalho é
apresentad0 65 . Um modelo de capa e trabalhos a apresentar nesta casa, encontrarão em
apêndice a estes apontamentos.
Folha de ante-rosto: Inserida entre a capa e a folha de rosto, a folha de ante-rosto traz,
por vezes o título da obra (sem subtítulo)66; outras vezes traz a colecção em que a obra
está inserida, assim como o número da obra nessa colecçã0 67 .
Folha de rosto: Em obras publicadas, a folha de rosto traz os elementos necessário para
a identificação inequívoca da obra. É dela que se retiram os elementos a constar na
bibliografia, e na ficha bibliográfica de seminário. Para além dos elementos que
constam na capa, ela indica a edição (muitas vezes já indicada na capa, mas nem
sempre) e os demais colaboradores na obra, que não foram referidos como responsáveis
principais 68 . Em trabalhos académicos, na folha de rosto vem também a finalidade a que
63 "A capa inicial deve conter apenas três elementos: no alto da página, o nome do autor na
ordem normal com letras maiúsculas; bem no centro da página, o título do trabalho; grifado em
baixo, a cidade e o ano. Tudo o mais é desnecessário pelo menos em se tratando de trabalhos
didácticos. A capa final não comportará nenhum elemento". (Metodologia, 89. Modelos de capa
e de página de rosto, p. 125-127).
64 Guia prático, 120.
65 RUIZ, Metodologia, 78s; F ARINA, Metodologia, 263-272; PRELLEZO, Invito, 302-309
(este último traz também o subtítulo).
66 Cfr. ECO, Como sefaz uma Tese, 3; AZEVEDO, Afetadologia, 1.
67 ,C:
Clr. FRADA, 3; FARINA, 3.
68 Cfr. PRELLEZO, Invito, 3;
66
o trabalho se destina69 . Encontrarão também um modelo para a folha de rosto em
apêndice a estes apontamentos.
Dedicatória: Por vezes uma obra é dedicada a uma ou várias pessoas. É mll modo de as
homenagear. Normalmente, esta dedicatória é muito breve70 .
Agradecimentos: a pessoas ou instituições que, de algum modo, prestaram uma
colaboração valiosa para a elaboração de uma obra é costume dirigir uma palavra de
agradecimento. Temos um exemplo disso numa das obras da nossa bibliografia,
precisamente na obra de J. J. C. Frada7l .
Resumo analítico, sumário analítíco, (summery), sinopse, (abstract) ou (resume): Por
vezes insere-se no início de dissertações e teses um resumo nas línguas mais
conhecidas. Isto permite uma primeira informação sobre obras escritas em línguas que
não nos são familiares 72 •
Sumário: É um índice abreviado, onde constam apenas as partes e os capítulos da obra,
em comparação com o qual o Índice geral se apresenta como muito mais completo.
Índice Geral: É um índice detalhado correspondente às divisões e subdivisões
principais do trabalho: partes, capítulos, subcapítulos e parágrafos. As divisões e
subdivisões do índice, assim como os respectivos títulos devem corresponder
rigorosamente às divisões e títulos no corpo do trabalho 73. Já assinalámos, através de
asterisco (*), que o índice geral tanto pode vir na parte pré-textual, como na parte póstextual. Quando vem na parte pré-textual, no inicio da obra, dispensa o Sumário.
Relação de tabelas, gráficQs, figuras e extra-textos intercalados no corpo do
trabalho: Muitas vezes, estes elementos, em vez de virem intercalados no corpo do
trabalho, vêm em apêndices, no final do trabalho. Neste caso não é necessária a
apresentação desta relação. Esses elementos aparecem no Índice geral sob a rubrica:
apêndices, ou uma designação similar74 .
Cfr. SEVERINO, Metodologia, 89; FRADA, Guia Prático, 122. Neste autor não deixa de ser
interessante uma comparação entre os modelos de página de ante-rosto e página de rosto, aprecom a folha de ante-rosto e a folha de rosto apresentadas na palie
sentados nas p. 121 e
pré-textua! da obra, p. 3 e 5. Cfr. também: FARINA, ivfetodologia, passim; vd. verbete
Frontespicio no índice analítico; PRELLEZO, Invito, 100-101; 298-305.
70 Da nossa bibliografia, apenas as obras de RUIZ e de AZEVEDO apresentam uma dedicatória,
ambas na p. 5. (Há autores que dedicam obras ao cônjuge. Dizem as más línguas que é para
compensar o tempo de convivência que lhes roubaram para poder escrever a obra ... )
7l Guia prático, 11. É bom não esquecer as observações mordazes de U mberto Eco sobre o
assunto: Como sefaz uma tese, 190.
72 Esse resumo "deverá conter de forma sucinta, clara e objectiva, as questões ou informações
mais importantes tratadas no texto. Ou seja deverá ser uma sínte::;e dos objectivos a atingir, dos
métodos usados, dos resultados obtidos. ( ... )
Em provas académicas, um resumo em língua inglesa com mais de duas páginas deverá
intitular-se Summery. Num artigo científico ou num resumo de conferência, uma breve síntese
de tal matéria (até 2 páginas) designar-se-á Abstract." (FRADA, Guia prático, 22s.) Cfr.
SEVERINO, Metodologia, 132.
73 Cfr. FRADA, Guia prático, 21 s; RUIZ, Metodologia, 78; FARINA, Metodologia, 233.
74 Cfr. FRADA, Guia prático, 22. 28; SEVERINO, Metodologia, 91.
69
67
Advertência ao leitor: Quando o autor considera necessário ou conveniente chamara
atenção dos leitores para alguma coisa a ter em consideração na leitura do trabalho,
pode fazê-lo numa página própria, nesta parte pré-textual do trabalho. Nenhuma obra
mencionada na nossa literatura traz algo do género. Temos uma nota dessa natureza no
início dos nossos apontamentos.
Lista de abreviaturas: Para além das abreviaturas usuais na língua em que o trabalho é
escrito e que são de conhecimento comum, em trabalhos académicos aparece, muitas
vezes, uma lista própria de abreviaturas. É bom determo-nos aqui um pouco. O uso de
abreviaturas tem por finalidade principal simplificar as referências bibliográficas. Obras
de uso muito frequente, como sejam: encic1opédias, manuais, revistas da especialidade e
outras obras de consulta, muitas vezes sãD referidas abreviadamente. Como não se trata
de abreviaturas de uso commn, é necessário indicá-las, para que a referência
bibliográfica seja clara e inequívoca. Para não ficarmos na teoria e para podermos ter
uma ideia mais clara da coisa, olhemos para a página do nosso material de ilustração.
Não se deixem irritar pela língua. Após a abreviatura, é dada a referência bibliográfica
da obra à qual ela se refere. Quando, no decorrer do trabalho, é necessário referir essa
obra, em lugar de digitar novamente todos os dados referentes à mesma, bastará referir a
abreviatura, seguida da indicação da página, do volume e página a que a referência diz
respeito, ou coisa semelhante.
Prefácio: Limitemo-nos aqui a citar o que nos tem a dizer J. J. C. Frada: "Prefácio: não
se deve confundir com Introdução. Ao contrário desta, directamente dirigida ao asslmto
ou conteúdo do trabalho, o Prefácio relaciona-se mais com a história e os pormenores da
sua elaboração. Assim, devem aqui ser referidos as razões ou os propósitos que levaram
o autor a iniciar as suas investigações, as circunstâncias que rodearam a realização do
trabalho, as origens e as fases ou passos mais marcantes do processo de pesquisa.,,75
Preâmbulo: Em si, o Preâmbulo pode ocupar o lugar e exercer a função da Introdução;
mas também pode existir numa obra, ao lado da introdução, com outras funções 76 .
Pessoalmente, sou de opinião que, de modo especial nos primeiros trabalhos de
índole académica, nos devemos cingir aos elementos obrigatórios, deixando os demais
para trabalhos posteriores, de maior envergadura, caso isso se apresente como justificado. A não ser que nos queiramos orientar pelo lema: "se é possível complicar as
coisas, porque é que havemos de as simplificar?" Apesar desse aforismo, no meu
modesto parecer, sobriedade e simplicidade só dignificam o trabalho académico.
Guia prático, 68s; RUIZ, Metodologia, 788; Severino, 91. 131; 223. Passim; PRELLEZO,
101.
76 Vejamo-lo, pois, em termos de 1. J.C. Frada: O preâmbulo, onde também é lícito analisar
questões de delimitação temática e cronológica e definir noçõ~s, conceitos, hipóteses e variáveis métodos, tópicos e divisões gerais de trabalho [em suma, o(s) objectivo(s), as justificações
e o objecto de estudo], assume realmente um carácter introdutório e pode, portanto, substituir a
introdução. Contudo, um Preâmbulo como componente pré-textual pode coexistir com uma
Introdução no mesmo trabalho; neste caso, aquele limitar-se-á a conter notas, advertências ou
considerações do autor mais relacionadas com ele próprio ou, mesmo, com questões de natureza
genérica com afinidade ao tema, do que com aspectos, habitualmente, tratados na Introdução."
(Guia prático, 288, nota 13).
75
68
Parte Textua.l Esta~~~nuclear ~~~ntr~L~_trab~ho; é o trabalho, propriamente dito. Já
vimos queela é constituída pela Introdução, Corpo ou Desenvolvimento e Conclusão.
Já vimos também, brevemente, qual a função de cada uma delas. Aqui vamos limitarnos à forma da sua apresentação. Comecemos com o mais simples.
o Espaço do Texto
Um trabalho académico é apresentado em papel branco de formato A4; isto é,
com as dimensões de 297x21 Omm.
Da superfície total da página, só uma parte está à disposição de quem escreve. A
primeira coisa a fazer é delimitar o campo de texto. Isto faz-se estabelecendo as
margens. Para este tipo de trabalhos recomendam-se: uma margem superior de quatro
centímetros (4cm.); uma margem lateral esquerda de três centímetros e meio (3,5 cm.);
uma margem lateral direita de dois centímetros (2 cm.) e uma margem inferior de três
centímetros e meio (3,5cm.). A margem lateral esquerda é mais larga que a direita para
permitir uma leitura cómoda mesmo quando o trabalho é encadernado (ou agrafado, em
caso de trabalhos menores).
Uma vez estabelecido o espaço que temos à nossa disposição - e convém não
esquecer q!le só se escreve de um lado da folha - trata-se de colocar nesse espaço o
--fruto da nossa investigação.
Como vimos, a parte mais ampla do trabalho é a parte textual. Como é que ele se
distribui? Em manuscritos antigos encontramos textos que começam no canto superior
esquerdo e tenninam no canto inferior direito sem interrupção; sem títulos nem
subtítulos, sem capítulos nem parágrafos, sem pontos nem vírgulas; nem separação de
palavras. Hoje não se pode proceder desse modo.
4
A diferença entre um monte de blocos e uma casa consiste, basicamente, na
diferente "ordenação" dos blocos; todos juntos, ou formando paredes, separando as
diversas repartições, etc. ~~~~y.m.__ª&lºJ11~rªd.2___d_e,..E,!!9}'LaL~aJrase
<::~denação dos elem~- seguindo as regras da gramática, naturalmente.
Concretizando~arte textual de um trabalho deve ser apresentada ordenadamente: com
divisões e subdivisões, com títulos e subtítulos. Esta apresentação ordenada é o primeiro
-i~cador da estrutÚrireaaccwriãl é1õglca dotexto. Uma boa apresentação com títulos e
subtítulos, correspondentes às várias partes, capítulos, subcapítulos e parágrafos que
constituem o texto, facilita muito a compreensão do mesmo.
Já vimos que ~ii-ªpresentado em três .partes_PIinc.l.pai$: IJ?trodução, C9nlQ..
ou Desenvolvime11to ~. Ç0J.l.Qll!§ªº. Cada uma destas partes dá início a uma nova folha.
QJ[t!!I-º_"ln.tI2s.ilJ,Ç,ª.Q:_e "Ǻnchls~o" dev~YJLd~yidrunente.-J:ealçado, tanto pela grafia pode-se usar, por exemplo, wn tipo maior de letra - como pelo espaçamento. Entre o
título e o texto devem ficar algumas linhas em branco.
(NB: Mostrar alguns exemplos dos livros de metodologia. Futuramente
fotocopiar alguns exemplos para ilustração a partir de outros livros).
- Em relação ao corpo do trabalho, é necessário ter em consideração a sua
estrutura; se é dividido em partes, em capítulos, parágrafos, etc. Os títulos das várias
secções, em que o corpo do trabalho é dividido, também devem ser devidamente
realçados. Não fará mal algum se para o título de uma parte for reservada uma página
inteira. João Frada reserva, inclusive, uma página inteira para cada título de capítulo.
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'
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69
(Mostrar!) Não será necessário tanto. Ê necessário, isso sim, deixar um ,bom espaço
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J;
entre o título do capítulo e o texto propriamente dito.
"
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•
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Homogeneidade e Hierarquia
Com muita facilidade se introduz na escrita de um trabalho académico o velho
pregão dos vendedores de rebuçados "cada cor seu paladar!"; isto é, com muita
facilidade se realçam elementos idênticos de modo diferente. 77 É algo a que há que
prestar muita atenção; de modo especial no que diz respeito ao realce gráfico: tipo de
letra, tamanho, "negritado'\ etc. É bom estabelecer um padrão do modo de realçar
graficamente os títulos de capítulos, parágrafos, etc., antes de iniciar a dactilografar ou
digitar o texto; e ter esse padrão constantemente diante dos olhos ao fazer esse
sobretudo nas suas
trabalho. 78 Se examinarem os apontamentos desta cadeira
primeiras versões - sob esse ponto de vista, deseobrirão, com certeza, não poucas
incoerências.
Neste procedimento é também muito importante respeitar a ordem hierárquica
das diversas secções do texto. O título de um parágrafo não pode receber um realce
maior do que o título de um capítulo; nem o título de um capítulo maior realce que o
título de uma parte. 79
Não se deve esquecer, também, que capítulos e parágrafos são "bichinhos"
muito "ciumentos", Um capítulo não suporta que ao titulo de outro capítulo seja dada
"maior importância", isto é, maior realce do que ao seu próprio. O mesmo vale dos
parágrafos. I~ preciso ter o cuidado de não privilegiar nem de desconsiderar ninguém.
Outra fQm1a de realçar títulos",.é. _.o-_ ..espaçam~llto entre eles e o texto.
imediatamentê acima e/ou abaixo dos mesmos. O texto de um capítulo não começa na
1~1ha imediata.menteâsegü.'ir'ao'mUlcnréSSfn)àpítulo. Entre eles medeia um espaço de
várias linhas. O próprio título do capítulo que, como vimos, dá início a uma nova folha,
é colocado, muitas vezes, bastante abaixo da margem superior da "mancha".
Aqui valem os mesmos critérios de homogeneidade e hierarquia, mencionados
em relação ao realce através da grafia. O espaço que medeia entre o título de um
capítulo e o início do texto será superior ao espaço que medeia entre o título de um
parágrafo e o texto imediatamente a seguir.
porJll~nor que é bom não esquecer é que, quando um título v~J:!!l1
t~xto..acimae um texto abãrxq;.o~::~pªç&neriio'::eiitre-o título-e ~_é
,ligeiramente superior ao espaçarp.e:;nto entre o título e o r~tQiºã~ç:-'"
Seria muito útil, à semelhançã'do que foi recomendado acima, que também aqui
fosse elaborado um padrão antes de começar a digitar o texto. Teríamos dois padrões de
realce: o padrão de realce através da grafia e o padrão de realce através do espaçamento.
.um
Ao estudar esta parte é bom tomar na mão um livro - académico, naturalmente - para as
coisas se tornarem mais concretas e claras,
78 A digitação de um trabalho académico não é coisa que se confie a uma secretária; muito
menos a uma dactilógrafa; - a não ser que estejam devidamente qualificadas para o efeito. Uma
boa dactilógrafa nem toma conhecimento do que escreve. Em grandes cidades universitárias há
profissionais, e mesmo pequenas firmas, especializadas na digitação de trabalhos académicos,
dissertações e teses. Desses (normalmente dessas) profissionais pode-se esperar um serviço de
77
~ualidade.
Convém não esquecer que uma parte pode ser subdividida em capítulos; mas um capítulo não
pode ser subdividido em partes. As subdivisões dos capítulos são subcapítulos e/ou parágrafos.
7
70
I
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Espaçamento entre Lirilias
Para permitir uma leitura mais cómoda, é~lIJleIli"",~!iliLqu~._hilla um bom
entre as linhas. Quando se usava a máquina de escrever, o espaçamento
interlinear recomendido-para trabalhos académicos era de espaço e meio, espaço duplo
ou mesmo triplo; a critério do autor. O espaço triplo talvez seja um tanto quanto
excessivo; mas o espaço duplo não é exagerado. Mesmo quando se escreve com o
computador~ deve~se usar um espaçamento superior ao espaçamento standard.
~~~2amento
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Tipo e Tamanho de Letra
/I I
--'1",,' , r I .
t/
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Dentro do critério de sobriedade, em que temos vindo a insistir, devemos usar
tipos de letra correntes, quer em livros, quer em jornais; os tipos clássicos, para a
impressão de livros. Quanto ao tamanho, recomendamos tamanho 12~a o texto e 1]
p~~?-o~_~ rodapé. As notas de .rodapé e as citações mais extensas inseridas
texto devem VIr em espaçamento interlInear standard.
Com a variedade de tipos de letra que o computador oferece, podemos estar
inclinados a mostrar a nossa criatividade exactamente neste campo, escolhendo um tipo
mais sofisticado ou fantasioso de letra. No meu modesto parecer há lugares mais
adequados para o desenvolvimento desta criatividade do que um trabalho académico.
1m
Parte Pós-textual
Com a redacção e a digitação do texto, no entanto, o trabalho académico ainda
não está concluído. [)Q mesmo modo que há uma parte pré-textual; há também uma
parte pós-textual. Esta engloba os seguintes elcmentos: 8o
"Zo'{'r C("t~{I\-'rrT'
Notas e/ou referências biblíográfi.cas (quando não foram já inseridas no
~;"1,,y;11 r.~;··'D"
decorrer do trabalho no pé da página, ou no fim de cada capítulo).
Posfácio
Apêndices
Anexos
Bibliografia
Índice geral (Quando não se preferiu inseri-lo na parte pré-textual).
i' .
Outros índices
Agradecimentos (eventuais) 7
.~ I
;:'
Depois de ter enumerado os diversos elementos que constituem a parte pós
textual de um trabalho académico, passemos a comentá-los brevemente.
Notas e/ou referências bibliográficas. O que são e para que servem, já tivemos ocasião
de ver. Também já vimos que podem ser colocadas em diversos lugares dentro do
trabalho académico: ou no fundo da página, ou no fim do capítulo. Se ainda não foram
colocadas, nem num, nem noutro lugar, devem ser colocadas no final, como primeiro
elemento da parte pós-textual. Sobretudo em obras de maior envergadura, para evitar
Assumimos aqui, como em relação à parte pré-textual, os elementos apresentados por
FRADA, Guiaprático, 29.
80
71
-/
C.J
:
J
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I
I
I
I
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I
I
I
I
I
I
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I
números muito elevados, é conveniente reInICIar a numeração das notas em cada
capítulo. Quando inseridas no final, vêm apresentadas por capítulo.
Posfácio: O Posfácio é um recurso de emergência. Só se usa quando é preciso mesmo.
De acordo com 1. J. C. Frada, "surge, apenas, quando sobrevém algum conhecimento
novo, após a elaboração do texto e as circunstâncias não permítan1 a sua integração no
corpo do trabalho. &.ec estª_l1.Qvainformaçãoé,~onsideradafundliH1:enta±-à compreensão e
ao o~jectivo da pesquisa, ju.stifica-se esta parte _p§~:textuaL" Como dito no início,
recurso de emcrgência.
-- - - -,
Apêndice(s): Nesta parte são apresentados elementos complementares ao trabalho.
Elementos que, por um ou outro motivo, não se deixam enquadrar bem no texto, mas
que são de utilidade para sua ilustração. Vejamos, novamente, em 1. 1. C. Frada:
"Engloba(m) mã1éi:râi.S-Traballmâm:r--e-eraDorados pelo investigador, tais como tabelas,
quadros, ilustrações, gráficos, organogramas, etc., que não têm, necessariamente, de
figurar intercalados no texto. Nesta componente cabem também documentos, quadros
tabelas ou gráficos extraídos de fontes consultadas. Mas comentariados ou criticados
pelo autor. Em suma, estes materiais são sempre, parcial ou totalmente, da
responsabilidade do autor.,,81
Anexo(s): Os materiais apresentados em anexo ou anexos são da mesma natureza que o
material que vem em apêndice. A diferença principal é não serem da responsabilidade
redactorial do autor. Novamente em termos-de' T-rc~-'Fiãâ1i.:,wÃqúr'lnserem-se
documentos auxiliares (não elaborados pelo autor) que serviram de base ao estudo ou
facilitam o processo de compreensão do(s) objectivo(s) da pesquisa. ,,82
(Para ilustração pode-se fazer referência - mostrando inclusive uma ou outra
obra que traga tais elementos)
Bibliografia: Podemos partir, novamente, da definição de bibliografia apresentada por
J. J. C. Frada: "Considera-se Bibliografia a enumeração completa, pela habitual ordem
alfabética de apelidos ou título (quando não existe autor propriamente dito), de todos os
materiais directa ou indirectamente utilizados na pesquisa. ,,8,} Até aqui tudo bem. Frada,
no entanto, propõe uma divisão na Bibliografia: Bibliografia geral, que apresenta "obras
de interesse geral" - o que isso significa pode ver-se na página 138 da obra a que nos
vimos a referir -; e Bibliografia específica, onde constam os "materiais com infonnação
específica", que serviram para a elaboração do trabalho para cuja ilustração podemos
remeter para a página 137 da referida obra. Com isso não me consigo identificar.
Antecipando o resultado da argumentação, diria que a Bibliografia geral é supérflua.
Obras conhecidas por todos e usadas por todos, não precisam de aparecer numa
bibliografia de um trabalho académico. Todos nós precisamos de usar o dicionário para
tirar alguma dúvida. Por essa lógica, um dicionário da língua portuguesa apareceria em
todas as bibliografias! Se teria de aparecer em todas, não precisa de aparecer em
nenhuma, pois é uma evidência que quem tem dúvidas dessa natureza vá consultar um
dicionário. No meu entender, obras de carácter geral, como sejam: enciclopédias, gerais
ou especiais, manuais científicos e académicos de conhecimento geral das pessoas que
se dedica111 a esse ramo do saber -, revistas da especialidade e as séries de publicações
no ramo não precisa111 de aparecer na bibliografia. Supõem-se que sejam do
81 Guia prático, 26.
82 G'
,.
26 .
Ula pratICO,
83 G'
"
27 ,
ma pratICO,
72
conhecimento geral e de uso geral por quem se dedica a esse ramo. Num país ocidental
seria um absurdo apresentar a Bíblia numa bibliografia.
Não obstante, essas obras são referidas constantemente. Como ficamos? A meu
ver, são essas obras que vêm na lista das abreviaturas. Assim, podem ser referidas de
urna maneira simples e expedita, poupando muito tempo e espaço. Os elementos
bibliográficos dessas obras aparecem só uma vez, a saber, na lista das abreviaturas. Daí
para a frente a abreviatura, seguida do número do volume e página da obra, é suficiente
e substitui, com muitas vantagens, a repetição frequente dos elementos bibliográficos da
mesma obra.
(Procurar exemplificar isso a partir do material de ilustração e das diferentes
bibliografias constantes das fichas de material de trabalho).
Além disso, a referência, na Bibliografia, de urna enciclopédia, como um todo,
ou de uma revista da especialidade, como um todo, não nos diz nada. O que nos diz
alguma coisa são os artigos dessa revista utilizados para a elaboração de uma
determinada obra; ou os artigos de uma enciclopédia, usados na elaboração do trabalho.
Outros índices: Para além do índice geral, com o qual estamos mais familiarizados, há
mais uma série de índices usados nos trabalhos científicos. No meu campo, a teologia, é
muito frequente encontrar, no final da obra um Índice das passagens da bíblia,
mencionadas no decorrer do trabalho. Outro índice muito frequente é o índice ono111ás1içº-dê._autºJ~s. No final da obra vêm referidas, por ordem alfabética do apelido'
(sobrenome), os autores mencionados na obra. O índice, possivelmente, mais útil é o
índice analítico. Ele remete-nos para as páginas em que determinado assunto é
abordado.
Das obras da nossa bibliografia, a que apresenta o índice onomástico de autores
e o índice analítico mais detalhado é a de Rafaello Fatina. 84 No material de ilustração
apresentamos um exemplo, tanto de um, como do outro índice.
Agradecimentos: Uma vez que elcs tanto podem vir na parte pré-textual, como na parte
pós-textual, já nos referimos a eles.
Índice geral: Quando não foi colocado no início da obra, é com ele que a obra encerra.
No material de ilustração, apresentamos um exemplo, tanto de um índice onomástico de
autores, como de um índice analítico.
84
73
ANEXOS
1.
2.
3.
4.
5.
Modelo de fichas bibliográficas
Abreviaturas
Roteiro para mna leitura analítica
Exemplo de bibliografia e de referência bibliográfica de material da Internet
Normas para a elaboração de mna bibliografia e de referência bibliográfica de
acordo com o sistema autor-data, extraídas da obra de Umberto Eco, Como se faz
uma tese em Ciências Humanas
6. Modelos de capa e folha de rosto de diversos tipos de trabalho académico
7. Programa de exercícios práticos
74
FICHA DE SEMINÁRIO
Autor (sobrenome, nome),
)
('('\~,I"
I
J
!
f,
Página de rosto (tíMo e subtítulo, edição, cidade, editora,
ano de pUblicação), colecção.
FICHA DE CATÁLOGO
Autor (sobrenome, nome).
Página de rosto (título e subtítulo, tradutor, edição, cidade,
editora, ano de publicação), colecção.
Notas bibliográficas (encadernação, páginas,
ilustrações, tabelas fora do texto, mapas geográficos,
formato).
Notas especiais
FICHA BIBLIOGRÁFICA PESSOAL
Autor (sobrenome, nome).
Página de rosto (título e subtítulo, tradutor, edição, cidade,
editora, ano de publicação), colecção.
Notas bibliográficas (encadernação, páginas,
ilustrações, tabelas fora do texto, mapas geográficos,
formato).
Notas especiais
Conteúdo
I
I
I
I
I
I
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I
I
I
I
1
1
1
1
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75
ABREVIATURAS
No aparato critico e na bibliografia deparar-se-ão frequentemente com abreviaturas,
com as quais é conveniente ir-se habituando. Vamos indicar algumas mais frequentes.
Para uma visão mais abrangente de abreviaturas em uso podem consultar a obra:
FRADA, João José Cúcio. Guia prático para a elaboração e apresentação de
trabalhos cientificas. 2a edição coI. Microcosmos, Lisboa, Edições Cosmos, 2000, 42-5;
81-7.
AA. VV. - AAVV: Autores vários. (De evitar ao máximo).
Ap. (Apud): literalmente, junto de; segundo; citado por. Usado para indicar citações de
segunda mão. (Exemplificar!)
Cfr., cfr.: (eonfer); confira; ver também.
Et a!. (et alii): (Frada escreve com dois "11". Está errado) Usa-se quando uma obra tem
mais de três autores e só é mencionado um.
Ibd., Ibid. (Ibidem): No mesmo lugar.
Id. (Idem): o mesmo. Usa-se para evitar a repetição do mesmo nome.
ln (ln): Para indicar obras mais abrangentes, onde se encontram colaborações de vários
autores.
Infra: Abaixo.
L .e. ou Loe. cito (Loco citato): No lugar citado, na obra citada ..
Dp. cito (opere citato): Na obra citada.
s/a s.a. - sem autor.
s/d s.d. sem data
s/e - s.e sem editor.
s/I - s.1. (sine loco) sem local de edição
sln - s.n. - (sine nomine) sem nome de autor
s.n.t. sem notas tipográficas. Quando não constam local de edição nem editora.
Sic escreve-se (sic) ou (sic!).
Supra: acima.
76
•
I
Roteiro para uma leitura analítica
Extraído da obra: SEVERINO, António Joaquim. Metodologia do Trabalho Cientifico:
Diretrizes para o Trabalho Didático-Cientifico na Universidade. 3R ed., São Paulo,
Cortez & Moraes Ltda., 1978.
1. Análise textual
2. Análise temática
3. Análise interpretativa
Preparação do texto
Visão de conjunto
Busca de esclarecimentos
Vocabulário
Doutrinas
Factos
Autores
Esquematizaçã do texto
I
Compreensão da mensagem do autor
Tema
Problema
Tese
Raciocínio
Ideias secundárias
Interpretação da mensagem do autor
Situação filosófica
e influências
Pressupostos
Associação de ideias
Crítica
Levantamento e discussão de problemas
relacionados c<>rrl a ITlensagetn
do
Autor.
5. Síntese
Reelaboração da mensagem com base
na reflexão pessoal
77
I
I
I
I
I
~.fIiiIiIt'I":."
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
r
BIBLIOGRAFIA
Exemplo de bibliografia e de referência bibliográfica
de material da internet
(extraído de: STEIGEL, Michael T., SVD. Towards Gcnoa: Continuing the
Campaign for Debt Cancellation. ln: SEDOS 33 (2001), 131-13 5).
World BankAbandoning Structural A4justment Approach. All Amca.com. 27
March2001.
http://allafrica.comfstories/200103270418.html
Andrews, David; Boote, Anthony R. ; Rizavi, Syed S. and Singh, Sukhwinder.
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Reform in Africa: Lessons from Ten Case Studies. Wasmnton D.D.: The World Bank,
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UNCT AD 1. Criteria for Identifying LDCs.
http://www.unctad.orglenlsubsites/ldcs/documentlcriteria.htm
UNCTAD 2. The Least Developed Countdes Country Backgrounds.
http://www.unctad.org/enlsubsites/ldcs/country/country.htm
Wolfensohn, James. The Challenges ofGlobalization, The Role ofthe World
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World Bank and IMF Staff Heavíly Indebted Poor Countries (HIPC) lnitiative:
Status of Implementation. Development Committee of World Bank and the IMF. 19
AprU, 2001.
hhtp://wblnOO 18.worldbank.orgldcs/devcom.nsf7(documentsattachmentsweb)/
Apri1200 1EnglishDC200 100 12/$FILEIDC200 1-00 12-HIPC. pdf
World Bank 1. Saprin Challenges World Bank on Fai/ure of Adjustment
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http://wv.'W.igc.orgldgap/saprin/apríl2000.htmJ
78
Notes!
1. Andrews, David; Boote, Anthony R.; Rizaví, Syed S. and Singh,
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hhtp://v.rww.imf.org/extemal/pubs/ft/pamlpam51/contents.htm#glossary
2. World Bank and IMF Staff. Heavily Indebted Poor Countries (HIPC)
Initiative: Status of Implementation. Development Committee of World Bank and the
IMF. 19 April, 2001, p3. hhtp://wblnOOI8.worldbank.org/dcs/devcom.nsf/(documents
attachmentsweb)Apri1200 1EnglishDC200 100 12/$FILEIDC200 1-00 12-HIPC. pdf
3. Ibid. p. 4 ..
4. Ibid. p. 8.
5. Ibid. p. 8.
6. UNCTAD. The Least Developed Countries - Country Backgrounds.
http://WVvw.unctad.org/en/subsites/ldcs/country/country.htm
7. UNCTAD. Criteria for Identifying LDCs.
http://v.rww.unctad.org/en/subsiteslldcs/document/criteria.htm
8.Statistics taken fron the APEC homepage(http://v.rww.apecsec.org.sg/member/
indi.htm1) and ascribed to The Economist Pocket World in Figures, 2000 Edition.
9. UNCTAD. The Least Developed Countries - Country Backgrounds.
http://v.rww.unctad.orglen/subsites/ldcs/country/country.htm
10. Heavily Indebted Poor Countries (HIPC) Initiative : Status of Implementation. p. 9.
11. UNCTAD. The Least Developed Countries Country Backgrounds.
http://v.rww.unctad.orglen/subsites/ldcs/country/country.htm
12. Devarajan, Shantayanan ; Dollar, David; Holmgren, Torgny (edd.) Aid and
Reform inAfrica: Lessonsfrom Ten Case Studies. Washinton D.D.: The World Bank,
2001.
hhtp://v.rww.wor1dbank.org/research/aid/africa/release/aid.htm
13. World Bank Abandoning Structural Adjustment Approach. AlI Africa.com.
27 March 2001.
http://allafrica.com/stories/200103270418.htmI
14. Ibid. p. 9.
15. SAPRIN Secretriat and Executive Comittee. SAPRIN Challenges World
Bank on Failure ofAdjustment Programs. April2000. http://www.igc.org/dgap/saprin/
apri12000.htmI
16.(http://v.rww.worldbank.org/hipc/about/about.htm1)
17. World Bank HIV7AIDS Project Lending. http://v.rww.worldbank.orglhtmI/
extdr/pb/pbaidsactivities.htm
79
I
I
I
I
í
I
VA.3.
osistema autor-data
Em muitas disciplinas (e cada vez mais nos últimos tempos) usa-se um
sistema que permite eliminar todas as notas de referência bibliográfica
conservando apenas as de discussão e as remissivas.
Este sistema pressupõe que a bibliografia final seja construída pondo em
evidência o nome do autor e data de publicação da primeira edição do livro ou
do artigo. A bibliografia, assim, assume uma das fonnas seguintes:
Corigliano, Giorgio
1969
Marketing-Strategie e tecniche, Milão, Etas Kompas S.p.A. (21.1 ed.,
1973, Etas Kompass Libri), pp. 304.
CORIGLIANo, Giorgio
1969
Marketing-Strategie e tecniche, Milão, Etas Kompas S.p.A. (2a ed.,
1973, Etas Kompass Libri), pp. 304.
Corigliano, Giorgio, 1969, Marketing-Strategie e tecniche, Milão, Etas Kompass S.p,A. (2a cd., 1973, Etas Kompass Libri), pp, 304,
o que permite esta bibliografia? Pennite, quando no texto se tem de falar
deste livro, proceder do seguinte modo, evitando a chamada, a nota e a citação
em rodapé:
Nas investigações sobre os produtos existentes «as dimensões da amostra são também
função das exigências específicas da prova» (Corigliano, 1969: 73). Mas o mesmo
Corigliano advertira de que a definição da área constituí uma defrnição de comodidade
(1969: 71).
o que faz o leitor? Vai consultar a bibliografia final e compreende que a
indicação «(Corigliano, 1969:73)>> significa «página 73 do livro Marketing
etc., etc,»,
Este sistema permite simplificar muito o texto e eliminar oitenta por cento
das notas. Além disso, leva-nos, ao redigir, a copiar os dados de um livro (e de
muitos livros, quando a bibliografia é muito grande) uma só vez.
f:, pois, um sistema particulannente recomendável quando se têm de citar
constantemente muitos livros e o mesmo livro com muita frequência, evitando
assim fastidiosas pequenas notas à base de ibidem, de op, cit., etc, É mesmo
um sistema indispensável quando se faz uma resenha cerrada da literatura
referente ao tema. Com efeito, considere-se uma frase como esta:
°
problema foi amplamente tratado por Stumpf (1945: 88-100), Rigabue
(1956), Azzimonti (1957), Forlimpopoli (1967), Colacicchi (1968), Poggibonsi
(1972) e Gzbiniewsky (1975), enquanto é totalmente ignorado por Barbapedana (1950), Fugazza (1967) e Ingrassia (1970).
Se para cada uma destas citações se tivesse de pôr uma nota com a
indicação da obra, ter-se-ia enchido a página de uma maneira inacreditável e,
além disso, o leitor não teria à vista de modo tão evidente a sequência temporal
e o desenvolvimento do interesse pelo problema em questão.
No entanto, este sistema só funciona em certas condições:
a) se se tratar de uma bibliografia muito homogénea e especializada, de
que os prováveis leitores do trabalho estão já ao corrente. Se a resenha acima
transcrita se referir, por exemplo, ao comportamento sexual dos batráquios
(tema muito especializado), presume-se que o leitor saberá imediatamente que
«Ingrassia 1970» significa o volume A limitação de nascimentos nos
batráquios (ou que pelo menos concluirá que se trata de um dos estudos de
Ingrassia do último período e, portanto, focado diversamente dos já conhecidos
estudos do mesmo. autor nos anos cinquenta), Se, pelo contrário, fizerem, por
exemplo, uma tese sobre a cultura italiana da primeira metade do século, em
que serão citados romancistas, poetas, políticos, filósofos e economistas, o
sistema já não funciona, pois ninguém está habituado a reeonhecer um livro
pela data e, se alguém for capaz disso num campo específico, não o será em
todos.
b) se se tratar de uma bibliografia moderna, ou pelo menos dos últimos
dois séculos. Num estudo de filosofia grega não é costume citar um livro de
Aristóteles pelo ano de publicação (por razões compreensíveis).
c) se se tratar de bibliografia científico-erudita: não é costume escrever
«Moravia, 1929» para indicar Os indiferentes. Se o trabalho satisfizer estas
condições e corresponder a estes limites, então o sistema autor-data é
aconselhável.
(X)
o
II
bibliografias, uma de ciências naturais e outra de medicina:
c:o
......
---,
A sucessão das obras de um mesmo autor salta à vista (note-se que
quando duas obras do mesmo autor aparecem no mesmo ano é costume
especificar a data acrescentando-lhe letras alfabéticas), as referências internas
à própria bibliografia são mais rápidas.
Repare-se que nesta bibliografia foram abolidos os AAVV, e os livros
colectivos aparecem sob o nome do organizador (efectivamente (~VV,
1971» não significaria nada, pois podia referir-se a muitos livros).
Note-se também que, além de se registar artigos publicados num volume
colectivo, por vezes pôs-se também na bibliografia - sob o nome do
organizador - o volume colectivo de onde foram extraídos; e outras vezes o
volume colectivo só é citado no ponto que se refere ao artigo. A razão é
simples. Um volume colectivo como Steinberg & Jakobovits, 1971, é citado
por si porque muitos artigos (Chomsky, 1971; Lakoff, 1971; MeCawley, 1971)
se referem a ele. Um volume como The Structure 01 Language organizado por
Katz e Fodor é, pelo contrário, citado no corpo do ponto que diz respeito ao
artigo «The Structure of a Semantic Theory» dos mesmos autores, porque não
há outros textos na bibliografia que se refiram a ele.
Note-se finalmente que este sistema permite ver imediatamente quando
um texto foi publicado pela primeira vez, embora estejamos habituados a
conhecê-los através de reedições sucessivas. Por este motivo, o sistema
autor-data é útil nos estudos homogéneos sobre uma disciplina específica, dado
que nestes domínios é muitas vezes importante saber quem primeiro apresentou urna determinada teoria ou quem foi o primeiro a fazer uma dada
pesquisa empírica.
Há uma úaima razão pela qua1, se se puder, é aconselhável o sistema
autor-clata. Suponha-se que se acabou e se dactilografou uma tese com muitas
notas em rodapé, de ta] modo que, mesmo numerando-as por capítulo, se
chegava à nota 125. Apercebemo-nos de súbito que nos esquecemos de citar
um autor importante que não podíamos permitir-nos ignorar; e, além disso, que
devíamos tê-lo citado logo no início do capitulo. Seria necessário inserir uma
nova nota e mudar todos os números até ao 125!
Com o sistema autor-data não há esse problema: basta inserir no texto um
simples parêntese com, nome e data, e depois acrescentar a referencia à
bibliografia geral (a tinta ou apenas voltando a escrever (passar) uma página).
Mas não é necessário chegar à tese já dactilografada: acrescentar notas
mesmo durante a redacção põe espinhosos problemas de renumeração,
enquanto com o sistema autor-data não haverá aborrecimentos.
Embora ele se destine a teses bibliograficamente muito homogéneas, a
bibliografia final pode também recorrer a múltiplas abreviaturas no que
respeita a revistas. manuais ou actas. Vejamos dois exemplos de duas
.. ..
..
Mesnil, F. 1896. Études de morphologie externe chez les Annélides. Buli. Sei. France
Belg. 29: 110-287.
AdIer, P. 1958. Studíes on the Eruption ofthe Permanent Teetk Acta Genet. et Statist
Med., 8: 78: 94.
Não me perguntem o que isto quer dizer. Parte-se do princípio de que
quem lê este tipo de publicações já o sabe.
~
... ..
~
Quadro 1S vê-se a mesma pagma do Quadro 16 reformulado
segundo o novo sistema: e vemos, como primeiro resultado, que ela fica mais
curta, apenas com uma nota, cm vez de seis. A bibliografia correspondente
(Quadro 19) é um pouco mais extensa, mas também mais clara (p. 183; 186)
QUADRO 18
A MESMA PÁGINA DO QUADRO 16 REFORMULADA
COM O SISTEMA AUTOR-DA TA
Chomsky (1965a: 162), embora admitindo o prinCIpIO da semântica
interpretativa de Katz e Fodor (Katz & F odor, 1963), segundo o qual o
significado do enunciado é a soma dos significados dos seus constituintes
elementares, não renuncia, porém, a reivindicar em todos os casos o primado
da estrutura sintáctica profunda como determinante do significado
A partir destas primeiras posições, Chomsky chegou a uma posição mais
articulada, prenunciada também nas suas primeiras obras (Chomsky, 1965a:
163), através de discussões de que dá conta in Chomsky, 1970, onde coloca a
interpretação semântiea a meio caminho entre a estrutura profunda e a
estrutura de superfície. Outros autores (por ex., Lakoff, 197 I) tentam construir
uma semântica generativa em que a forma lógico-semântica do enunciado gera
a própria estrutura sintáctica (cf. também McCawley, 197
e).
(1) Para uma panorâmica satisfatória desta tendência, ver Ruwet, 1967.
(Modelo extraído de Umberto ECO, Como fazer uma tese... , 184)
QUADRO 16
EXEMPLO DE UMA PÁGINA COM O SISTEMA
CITAÇÃO-NOTA
Chomsky (1), embora admitindo o prinCIpIo da semântica interpretativa de
Katz e Fodor (2), segundo o qual o significado do enunciado é a soma dos
significados dos seus constituintes elementares, não renuncia, porém, a
reivindicar em todos os casos o primado da estrutura sintáctica profunda como
determinante do significado (3).
A partir destas primeiras posições, Chomsky chegou a uma posição mais
articulada, prenunciada também nas suas primeiras obras através de discussões
de que dá conta no ensaio «Dcep Structure, Surface Structure and Semantic
Intcrprctatiom> (4), colocando a interpretação semântica a meio caminho entre
a estrutura profunda e a e~trutura de superfície. Outros autores, como, por
exemplo, Lakoff (5), tentam construir uma semântica generativa em que a
forma lógico-semântica gera a própria estrutura sintáctica (6).
N
00
(1) Para uma panorâmica satisfatória desta tendência, ver Nicolas Ruwet,
lntroduction à la grammaire générative, Paris, Plon, 1967.
(2) Jerrold J. Katz e Jerry A. Fadar, «The Structure of a Semantic
Theory», Language 39, 1963.
(3) Noam Chomsky, Aspects of a Theory of :;j'yntax, Cambridge, M.LT.,
1965, p. 162.
(4) No volume Semantics, organizado por D. D. Steinberg e L. A.
J akobovits, Cambridge, Cambridge University Press, 1971.
(5) «On Generative Sernantics», in AAVV, Semantics, cit.
(8) Na mesma linha, ver também: James McCawley, «Where do noun
phrases come fram?», in AAVV, Semantics, cit.
(Extraído de Umberto ECO, Como fazer uma Tese ... , 1.80)
.
QUADRO 19
QUADRO 17
EXEMPLO DE BIBLIOGRAFIA STANDARD
CORRESPONDENTE
AAVV, Semantics: An lnterdisciplinary Reader in Philosophy, Linguistics and
Psychology, organizado por Steínberg, D. D. e Jakobovits, L. A.,
Cambridge, Cambridge University Press, 1971, pp. X-604.
Chomsky, Noam, Aspects of a Theory of Syntax, Cambridge, M.I.T. Press,
1965, pp. XX-252 (tr. it. in Saggi Linguistici 2, Turim, Boringhieri,
1970).
» «De quelques constantes de la théorie linguistique», Diogene 51, 1965 (tr.
it. in AAVV, 1 problemi attuali della linguística, Milão, Bompiani, 1968).
»
CD
W
«Deep Structure, Surface Structure and Semantic Interpretatiom>, in
AA VV, Studies in Oriental and General Linguistics, organizado por
Jakobson, Roman, Tóquio, TEC Corporation for Language and
Educational Research, 1970, pp. 52-91; agora in AAVV, Semantics (v.),
pp. 183-216.
Katz, Jerrold J. e Fodor, Jerry A.,- «The Structure of a Semantic Theory»,
Language 39, 1963 (agora in AA VV, The Structure of Language,
organizado por Katz, J. J. e Fador, 1. A., Englewood Cliffs, Prentice-Hall,
1964, pp. 479-518).
Lakoff, George, «On Generative Sernantics», in AAVV, Semantics (v.), pp.
232-296.
McCawIey, James, «Where do noun phrases come from?», in AAVV,
Sernantics (v.), pp. 217-231.
Ruwet, Nicolas, Introduction à la grammaire générative, Paris, PIon, 1967, pp.
452.
(Extraído de Umberto ECO, Como fazer uma tese ... , 181).
EXEMPLO DE BIBLIOGRAFIA CORRESPONDENTE
COM O SISTEMA AUTOR-DATA
Chomsky, Noam.
a
1965
Aspects of a Theory of Syntax, Cambridge, M.I.T. Press, pp.
XX-252 (tr. ít. in Chomsky, N., Saggi Linguistici 2, Turim,
Boringhieri, 1970).
1965 b
«De que1ques constantes de la théorie linguistique»,
Diogene 51 (tr. it. in AAVV, I problemi atluali della
linguistica, Milão, Bompiani, 1968).
1970
«Deep Structure, Surface Structure and Semantic
Interpretatiom), in Jakobson, Roman, org., Studies in Oriental
and General Linguistics, Tóquio, TEC Corporation
Language and Educational Research,pp. 52-91; agora in
Steinberg & Jakobovits, 1971, pp. 183-216.
Katz, Jerrold J. & Fodor, Jerry A.
1963
«The Structure of a Semantic Theory», Language 39 (agora in
Katz, J. 1. & Fodor, J. A., The Structure of Language,
Englewood Cliffs, Prentice-HalI, 1964, pp. 479-518).
Lakoff, George
1971
«On Generative Semantics», in Steinberg & J akobovits, 1971,
pp. 232-296.
McCawley, James
1971
«Where do noun phrases come [rom?», in Steínber &
Jakobovits, 1971, pp. 217-231.
Ruwet, Nicolas
1967
lntroduction à la grammaire générative, Paris, Plon, pp. 452.
Steinberg, D. D. & Jakobovits, L. A., orgs.
1971
Semantics: An lnterdisciplinary Reader in Philosophy,
Linguistics and Psychology, Cambridge, Cambridge University Press, pp. X-604.
UNIVERSDIDADE CATÓLICA DE ANGOLA
FACULDADE DE DIREITO
TÍTULO DO TRABALHO
NOME DO ALUNO
Número de matrícula
Trabalho para a disciplina de Metodologia
do Trabalho Académico do Professor ...
LUANDA
2002
1\ H
': 1
84
UNIVERSDIDADE CATÓLICA DE ANGOLA
FACULDADE DE DIREITO
A DEFESA DA VIDA HUMANA
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"i.
OSVALDO MIGUEL FONSECA
LUANDA
2002
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
1
85
,
UNIVERSDIDADE CATÓLICA DE ANGOLA
FACULDADE DE DIREITO
A DEFESA DA VIDA HUMANA
Dissertação para o Seminário de Moral Fundamental
i
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...,.!
Do estudante: Osvaldo Miguel FONSECA
(N° .... )
Orientado pelo professor: Pedro da Silva PEREIRA
LUANDA
2002
86
•
UNIVERSDIDADE CATÓLICA DE ANGOLA
FACULDADE DE DIREITO
f
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.
r.
,
TITULO DA TESE
NOME DO AUTOR
LUANDA
2002
87
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
.I
I
I
I
I
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lJNIVERSDIDADE CATÓLICA DE ANGOLA
FACULDADE DE DIREITO
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TÍTULO DA TESE
Dissertação para o Bacharelato
do aluno:
Apresentada ao Professor:
{T N R
LUANDA
2002
88
I
I
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I
I
I
I
I
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UNIVERSDIDADE CATÓLICA DE ANGOLA
FACULDADE DE DIREI TO
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TÍTULO DA TESE
I
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I
I
NOME DO AUTOR
{ f \i R
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LUANDA
2002
I
I
i
i
89
UNIVERSDIDADE CATÓLICA DE ANGOLA
FACULDADE DE DIREITO
TÍTULO DA TESE
Tese de Licenciatura
Do aluno:
Orientador: Professor ...
LUANDA
2002
{I
~,.
\
90
,i
Programa de Exercícios Práticos
Contacto com livros - Folheando:
Capa
Contra-capa,
Orelha _
Página de ante-rosto
Página de rosto ~"
Página de copy right: ©'" 'i·
' )
Ficha de catalogação
Introdução
Corpo
Conclusão
Índice
, 1
i
Como formar um primeiro juízo sobre o livro?
Título, Autor, Editora;
Ficha de catalogação,
Contra-capa, orelha;
Introdução, Conclusão, índice.
(Mostrar a partir de material de ilustração; Recomendar que em casa ou na biblioteca
peguem em alguns livros e exercitem um pouco. Isto é importante para a decisão sobe a
compra de um livro; antes de comprar devemos ver se nos serve. Necessário na altura de
precisarmos de decidir o que vamos ler e por onde devemos começar, na altura de ter de
elaborar trabalhos mais exigentes.)
Trabalhar apontamentos de aulas
Completar os apontamentos tirados em aula com dados dos apontamentos dos colegas,
com os elementos que ficaram na própria memória e na memória dos colegas e com
elementos tirados de outros lados: manuais, enciclopédias etc. O resultado seria uma
espécie de sebenta. Para fins de revisão da matéria, são muito úteis os resumos dos
apontamentos trabalhados.
(De preferência fazer este exercício em pequenos grupos, em casa, em fichas,
apresentação para correcção. Um grupo corrige o trabalho do outro)
Contacto com bibliografias:
(Este exercício pode ser feito com as fichas de trabalho)
1. Identificação dos elementos bibliográficos: (autor, título, nO de edição, local de
edição, editora, ano de edição).
2. Identificação do tipo da obra referida:
2.1: Em relação ao autor:
.
Obras de um só autor,
Obras de vários autores,
Obras de vários autores com editor responsável,
Obras de autor-instituição.
91
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
2.2: Em relação à natureza da obra:
2.2.1: Obras de carácter monográfico:
Monografia em sentido próprio,
Artigo de revista,
Artigo de Enciclopédia,
Colaboração em colectânea própria,
Colaboração em colectânea de vários autores,
Material publicado através da "Internet"
2.2.2: Obras de carácter não monográfico
Enciclopédia
Dicionário da Especialidade
Revista
Manual (científico ou não)
Colectânea (Miscelânea)
Colectânea (miscelânea) com editor responsável
3. Comparação entre diversos modelos de referência bibliográfica:
Em relação aos elementos apresentados: (refere a editora, ou não?)
Em relação à ordem dos elementos: (o local de edição vem antes ou depois da
editora?),
Em relação à grafia dos elementos:
Autor,
Título,
Outros elementos,
Em relação à interpontuação.
4. Comparação entre os diversos modos de referir:
Artigos de revista,
Artigos de enciclopédia...
Elaborar fichas bibliográficas (Levantamento bibliográfico para um trabalho - em
fichas!)
Apresentação de temas para levantamento bibliográfico; fontes para o mesmo:
Enciclopédias, Manuais, Monografias:
Repertórios bibliográficos;
Revistas da especialidade;
Catálogos de editoras
Internet
Elaborar uma Bibliografia (Colocar as fichas em ordem alfabética pelo sobrenome do
autor e escrever como se escreve numa bibliografia: seguidamente!).
Exercido de leitura analítica
Ver: Roteiro para uma leitura analítica nos anexos a estes apontamentos!
(Complementar estes anexos com a fotocópia das pg. 43-53 da obra de A. Joaquim
Severino, Metodologia do Trabalho Cientifico).
Fichamento de um artigo: transcrições literais, paráfrases honestas, reprodução em
termos próprios.
Elaboração de um trabalho escrito com bibliografia e aparato crítico, dentro das
normas metodológicas.
92
1...
•
ÍNDICE
Advertência ao Leitor
Introdução
Programa do Curso
Bibliografia
3
4
5
7
8
1 - PRELIMINARES
1.1 - Do Estudo a Nível Médio ao Estudo a Nível Superior
1.2 - Designação da Cadeira
1.3 - Objectivos da Cadeira
1.4 - Método a Seguir
8
9
11
11
2 - A BIBLIOTECA
2.1 - "Definição"
2.2 - Estrutura Física
2.3 Uso da Biblioteca
2.4 - Estudo na Biblioteca
2.5 - Biblioteca Virtual
13
13
13
16
17
19
3 - O ESTUDO PESSOAL
3.1 - Individualidade no Modo de Estudar
3.2 - O Tempo para o Estudo
3.3 - Um Ponto de Partida para o Estudo Pessoal
3.4 - Apontamentos de Aula
3.4.1 - Uso e Abuso dos Apontamentos
3.4.2 - Trabalhar os Apontamentos: Individualmente ou em Grupo
3.4.3 - Necessidade de Esclarecimentos
3.4.4 - Onde Trabalhar os Apontamentos de Aula
3.4.4.1 - Apontamentos de Aula Trabalhados em Cadernos
3.4.4.2 Apontamentos de Aula Elaborados em Fichas
3.4.4.3 - Apontamentos de Aula Trabalhados em Computador
3.5 - Contacto Constante com o Tema em Estudo
3.6 - Preparação dos Exames
3.6.1 - Preparação Remota - Preparação Próxima
20
20
20
21
21
22
22
23
24
24
24
25
26
26
27
4 - A BUSCA DE SUBSÍDIOS
4.1.- Levantamento Bibliográfico
4.1.1 - A Ficha
4.1.2 - A Ficha Bibliográfica
4.1.2.1 A Ficha Bibliográfica de Seminário
4.1.2.2 - A Ficha Bibliográfica de Catálogo
4.1.2.3 - A Ficha Bibliográfica Pessoal
4.2 - O Preenchimento da Ficha Bibliográfica
4.2.1 - Os Campos da Ficha Bibliográfica
43 A Elaboração da Bibliografia
4.3.1 - Elementos que Constam na Bibliografia
4.3.2 - Normas para a Elaboração de urna Bibliografia
4.3.3 - Proposta Concreta
4.3.4 - A Grande Excepção
28
28
29
29
30
93
I
I
I
I
I
I
I
I
I
í
í
í
--
I
í
I
31
32
33
33
34
35
35
36
37
í
...
I
í
4.4 - Diversos Tipos de Obras
4.4.1 - Obras de um só Autor
4.4.2 - Obras de vários Autores
4.4.3 - Obras de Autor-Instituição
4.4.4 - Normas para Referência Bibliográfica de Material da Internet
4.4.5 - O Sistema Autor/Data
37
37
39
40
40
41
5 -A LEITURA
5.1 - O ambiente de Leitura
5.2 - Vários Tipos de Leitura
5.3 - A Leitura Analítica
5.3.1 - A Unidade de Leitura
5.3.2 - Os Passos da Leitura
5.3.2.1 - Análise Textual- Esquematização do Texto
5.3.2.1 - Análise Temática
5.3.2.1 - Análise Interpretativa - Problematização Síntese Pessoal
5.4 - Leitura selectiva
41
42
42
43
43
44
44
46
47
48
6 - A ELABORAÇÃO DE TRABALHOS
6.1 - Vários Tipos de Trabalho Científico
6.1.1 - Resumo de Textos: Relatórios de Leitura.
6.1.2 - Recensão de Livros
6.1.3 - Trabalhos de Carácter Monográfico
6.1.3.1 - Trabalhos de Seminário
6.1.3.2 - Dissertação de Licenciatura
6.1.3.3 - Tese de Doutoramento
6.2 - Passos a Dar na Elaboração do Trabalho Académico
6.2.1 - Escolha do Tema
6.2.2 - Levantamento Bibliográfico
6.2.3 - Elaboração de um Projecto de Trabalho
6.2.4 - Recolha de Material
6.2.5 -- Redacção
6.3 - O Texto do Trabalho Académico
6.3.1 - Introdução
6.3.2 - Corpo ou Desenvolvimento
6.3.3 - Conclusão
6.4 - Aparato Crítico
6.4.1 - Citação e Referência
49
49
49
50
51
51
53
53
54
54
55
55
56
57
58
58
59
61
62
64
7 - A APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS
7.1 - Parte Pré-textual
7.2 - Parte Textual
7.2.1 - O Espaço do Texto
7.2.2 - Homogeneidade e Hierarquía
7.2.3 - Espaçamento entre Linhas
7.2.4 - Tipo e Tamanho de Letra
7.3 - Parte Pós-textual
65
65
69
69
70
71
71
71
ANEXOS
74
94
l
I
I
J
MODELOS DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Na elaboração destes modelos, procurámos reproduzir as
bibliografias originais do modo mais fiel possível. Deste modo, eles
permitem comparar entre si alguns modos de referência bibliográfica em
uso.
Os números à esquerda, escritos sobre fundo cinza, não constam nas
bibliografias. Foram acrescentados por nós para facilitar o trabalho com
essas fichas.
FICHA DE TRABALHO N° 1
MODELO DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
(RlCHARD, PabIo. Morte das cristandades e nascimento da Igreja: Análise histórica e
interpretação teológica da Igreja na América Latina. São Paulo, Edições Paulinas, 1982)
!
i
~
I. ·.,'
ti
í
I
DI
ABESAMIS, C. H., AMALORPAVADASS, D. S., CHANDRAN, J. R., COUCH, 8. M.,
DICKSON, A, GUTIÉRREZ, G., E OUTROS, Théo/ogies du Tiers Monde. Du
conformisme à I'indépendance. Le Colloque de Dar es-Salam et ses pro/ongements,
L'Harmattan, Paris, 1977, 274 p. Ed, brasileira, O Evangelho emergente, Ed. Paulinas,
s. Paulo, 1982.
ALBA, Víctor, Le mouvement ouvrier en Amérique la tine , Ed. Ouvriéres, Paris,1953, 238 p.
ALCÁNTARA M., Domingo, Cien atlos de presencia protestante en Centro-America, Prensa
Latina, Santiago, 1973, 105 p.
ALLAZ G., Tomás, Hambre o revolución? La Iglesia contra la pared, Nuestro Tiempo,1971,
244 p.
F
ALVES, Márcio M., L'Église et la politique au Brésil, Cerf, Paris, 1974,266 p.
ALVES, Márcio M., O Cristo do povo, Rio de Janeiro, 1968.
ALVES, Rubem, SHAULL, Richard, NIILUS, Leopoldo, e OUTROS, De la Iglesia y la
sociedad, Tierra Nueva, Montevidéu, 1971, 286 p.
ANTOINE, Charles, L'Églíse et le pouvoir au Brésil. Naissance du militarísme, Desclée de
Brouwer, 1971,270 p.
ANTOINE, Charles, L'intégrisme brésílíen, Centre Lebret, Paris, 1973, 121 p.
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FICHA DE TRABALHO N° 2
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Festschrift Michael Schmaus (München, Paderborn, Wien 1967) II, 1447-1466
1~ Bacht, H., Die Kollegialitatsidee am Vorabend des Vaticanum I, em: Catholica 24 (1970)
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FICHA DE TRABALHO NU 3
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}i'ICHA DE TRABALHO N° 4
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H.-Ch. Desroches, Significatíon du marxisme (Paris 1949) (B).
Marxisme et religions (París 1962). P. Dognin, lnitiation à Karl Marx (París 1970).
D. Dubarle, Pour un dialogue avec te marxisme (Paris 1964).
J. Lacroix, Le sem de l'athéisme moderne (Paris 6 1958).
--~~- Marxisme, existentialisme, personnalisme (Paris 7 1950).
2. Reflexiones sobre lafe a partir de la crítica marxista
l. Bauberot, La marche et I 'horizon (Paris 1979); jalones para una fe
posmarxista.
R. Coste, Analyse marxiste et foi chrétienne (Pads 1976).
G. Girardi, Marxisme et Christianisme (París 1968).
Cristianismo y liberación dei hombre (Salamanca 1976).
H. de Lubac, EI drama dei humanismo (Epesa, Madrid).
M. Simon, Comprendre les idéoiogies (Lyon 1978).
Varias, Le marxisme vivam, Dossier de la Lettre, núms. 233-234 (Paris
1978).
FICHA DE TRABALHO
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Comte, t. L De lafoi à l'amour; 1. II: De l'amour à lafoi. París, PUF, 1957,754 pp. (En
este erudito estudio Abbousse-Bastide saca la conclusión de que Cornte no era un ateo:
«EI único Dios que destierra Cornte es aquel que no necesitaría de los hombres», p, 689).
Anónimo, I deslÍni della sociologia in Polonia: «Soviet Survey», 28 (abril-junio 1959), pp.
46-55, (Un artículo muy informativo sobre el debate entre las escuelas más o menos
revisionistas de la sociología polaca. Es de particular interés el problema de la autonomia
de la sociología con respecto a la ideología).
---, Cercetari filozofice. Academia Republicií Populare Romíne, Institutul de Filozofie,
Bucarest, 10 (1963), (Contiene una sede de contribuciones aI problema de las relaciones
entre el materialismo histórico y los estudios sociales). Cf. «Bulletin Signalétique», 18-21,
2253,2255,2256.
Arvon, H, Ludwig Feuerbach ou la transformation du sacré, París, PUF, J957, 188 pp.
(Arvon afirma que el ateísmo de Feuerbach ha sido mal comprendido por la
(trivial izaciól1» que de é] hizo Engels. Feuerbach fue un humanista religioso, que
pretendia tan sólo la destrucción de las falsas muestras de teísmo. Sin embargo, él
reconoce la irreducibílidad de la experiencia religiosa).
Bausani, A., La religione nell'URSS, bajo los auspicios de Alessandro Bausani, Milán,
1961,416 pp. (Informativo, pero más descriptivo que analítico),
Birnbaum, N., The Sociological Study of Ideology (1949-60): «Current Sociology», 9
(1960), 11.2, pp. 91-117. (Importante informe, con amplía bibliografia).
Bloch, E., Das Prinzip Hoffnung. Berlin, Aufbau, r, 1953,477 pp.; II, 1955,512 pp.;
III, 1956,518 pp, (Una nueva tentativa de afrontar la relaciónn existente entre el
marxismo, la religión y la sociologia mediante un análisis de la función de la
esperanza en el pensamiento humano,)
Le Bras, G., Sociologie des religions: tendances actuelles de la recherche: «Current
Sociology», 5 (1956), n. 1, pp, 5-87.
Buettner, Th., y Werner, E., Circumcellionen und Adamiten. Zwei Formen mittelatter/icher
Haeresie, Berlin, Akademie Verlag, 1959, Vil + 141 pp.
Cantoni, R., La sociologia religiosa di Durkheim: «Quaderni di Sociologia», 12 (1963), pp.
239-71. (Redactado como introducción a la edición italiana de Formes élémentaires).
Carríer, H., y Pín, E" Sociologia dei cristianesimo. Bibliografia internazionale. Roma,
Università Gregoriana, 1964, 316 pp, (La más amplia bibliografía publicada hasta el
momento).
Chambre, H" Le marxisme en Union Soviétique. Idéologie et inslitutions, París, Ed, du
Seuil, 1955,510 pp, (EI capítulo L'idéologie scientifique anti-religieuse está dedicado aI
estudio de la sociologia marxista de la reJigión).
---, Christianisme et communisme, Paris, Fayard, 1959, 128 pp. (Un buen estudio de la serie
{~e sais,je crois»).
Chesneaux, l., Les hérésies colanfales. Leur rôle dans le développement des mouvements
natíonaux d'Asie et d'Afrique à l'époque conternporaine: «Recherches Internationales à la
Lumiere du Marxisme», 6 (marzo-abril 1958), pp, 170-88. (Importante estudio escrito por
Ul1 marxista, en el que se senaJa la dependencia deI milenarismo de St! contexto social).
---, Le millénarisme des Taiping «Archives de Sociologie des Religions», 16 (1963), pp.
122-24. (ena recensiónn en la que se propone una tipologIa de los movimientos
milenaristas).
FICHA DE TRABALHO N° 7
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FICHA DE TRABALHO N° 10
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FICHA DE TRABALHO N° 15
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Temporin/Wolfgang Haase, Berlim, 1972ss.
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Schne ider, Stuttgart e outras, 1980-1983.
KP: Der Kleine Pauly. Lexikon der Antike 1-5, elaborado e editado por Konrat Ziegler/Walther
Sontheimer, Munique, 1975.
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por Georg Wissowa, Stuttgart, I 894ss.
RAC: Reallexikon für Antike und Christentum, editado por Theodor Klauser, Stuttgart, 1950s8.
RGG: Die Relígion in Geschichte und Gegenwart I-VI, 3" edição, editado por Kurt Ga/ling,
TUbingen, 1956-1962.
ThWNT: Theologisches W5rterbuch zum Neuen Testament, I-IV editado por Gerhard Kitte/,
V-X editado por Gerhard Friedrich, Stuttgart, 1933-1979.
TRE: Theologische Realenzylopadie, editado por Gerhard Krause/Gerhard Müller, Berlim,
1977s5.
b) Revistas e Séries são citadas abreviadamente segundo Theologische Realenzyklopãdie.
Abkürzungsverzeichnis, compilado por Siegfried Schwertner, Berlim/NovaYork 1976. Não está
incluído aí OTK: Okumenischer TaschenbuchKommentar zum Neuen Testament.
c) As abreviaturas dos livros biblicos seguem a edição da Bíblia de Jerusalém. As abreviaturas
dos livros do NT quando designam comentários a esses livros foram deixadas na forma
apresentada pelo autor (nota do tradutor) - As abreviaturas ( ... ) dos escritos cristãos da Idade
Antiga e de escritos judaicos fora da Bíblia são tiradas igualmente de Schwertner.
d) As obras de autores eclesiásticos da Idade Antiga, citados abreviadamentc, podem-se
conhecer a partir da Bibliografia, c.
e) Autores não-cristãos da Idade Antiga são citados segundo KP (vid. supra, sob a), voI. 1, p.
XXI-XXVI. Visto estas abreviaturas conterem sempre os caracteres iniciais dos autores,
podem-se deduzir da Bibliografia.
f) Coleções de fontes não-cristãs da Idade Antiga
Bill.: Vid. Bibliografia b sob Billerbeck.
MMCRomEmp: Coins ofthe Roman Empire ln the British Museum, editado por
H Mattingly, Londres, 1923ss.
Dig.: Digesta, vid. Bibliografia b sob Corpus Iuris.
HIRK, Historische lnschriften zur romischen Kaiserzeit, vid. Bibliografia b sob
Freis.
OGIS: Orentis Graeci Inscriptiones Selectae, vid. Biblio grafia b sob Dittenberger.
Sylloge 3: Syl10ge Inscriptíonum Graecarum, vid. Bibliografia b, sob Dittenberger.

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