Estresse e Nutrição - Clínica Dr. Queroz

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Estresse e Nutrição - Clínica Dr. Queroz
Estresse e Nutrição
(29 de junho de 2007) - - Última Atualização (20 de julho de 2007)
O estresse tornou-se um componente bastante comum no dia a dia de muitos indivÃ-duos. De maneira clara, apresenta
implicações psico neuro endócrino imunológicas. Várias estratégias são relevantes na tentativa de minimizar efeitos
deletérios, que vão desde o treino de controle do estresse, a mudanças no estilo de vida (atividade fÃ-sica, nutrição,
relaxamento). Com relação a nutrição, existem substâncias, cujos efeitos anti-oxidantes, revelaram-se valiosos na
proteção do organismo, tais como: vitamina A e carotenóides, vitamina C, vitamina E, cobre, magnésio, selênio,
zinco, glutamina, triptofano, e arginina. Entretanto, novas pesquisas são necessárias para corroborar estes resultados.
O estresse está presente quase que de maneira epidêmica na nossa sociedade (mundial) competitiva, consumista, que
impõe valores, aparentemente para serem seguidos pela maioria.
As conseqüências do estresse acabam levando os indivÃ-duos aos consultórios médicos e de psicólogos, numa
freqüência cada vez maior.
O desafio, é descobrir se a nutrição poderia contribuir para amenizar as conseqüências danosas provocadas pelo
estresse.
Pesquisas estão sendo feitas em vários paÃ-ses, mas ainda não surgiram provas irrefutáveis a respeito do assunto.
Um dos dicionários médicos define o estresse como "a soma das reações biológicas a qualquer estÃ-mulo fÃ-sico,
mental ou emocional, interno ou externo, que tende perturbar a homeostase; as reações compensatórias podem ser
inadequadas levando a doenças".
Neste contexto o estresse tem implicações psico neuro endócrino imunológicas que estão longe de serem facilmente
administradas.
Na área emocional, o estresse pode produzir desde apatia, depressão, desânimo, sensação de desalento e
hiperssensibilidade emotiva, até raiva, ira, irritabilidade e ansiedade.
O eixo neural seria o mais simples: partindo do hipotálamo ocorre ativação do sistema nervoso autônomo
prosseguindo pela medula espinhal e chegando ao órgão final. A atividade simpática provoca generalizada
estimulação do órgão final. A ativação do sistema nervoso parassimpático determina inibição e lentidão.
O sistema nervoso simpático através da noradrenalina promove elevação aguda de pressão arterial. O estresse
excessivo pode provocar vasoconstrição renal e sistêmica, aumentando a resistência vascular periférica, redução do
fluxo plasmático renal e diminuição da natriurese, com conseqüente retenção de água , aumento da volemia e
aumento da pressão arterial.
Na prática cardiológica, os transtornos da ansiedade e depressão estão relacionados com doenças cardÃ-acas, bem
como mimetizam sintomas de doenças cardiovasculares inexistentes.
Um estudo publicado na revista Psychological Sciense (março/2001) demonstra que pessoas que cultivam sentimentos
estressantes como a raiva, depressão, ansiedade e hostilidade têm maior risco de desenvolver problemas cardÃ-acos.
Quando a situação estressante se prolonga, entra em atividade o sistema neuro endócrino.
Sua ação origina-se no complexo hipocampo, os impulsos neurais atingem o hipotálamo liberando corticotropina da
hipófise anterior, que por sua vez vai atuar nas glândulas supra-renais. A resposta mediada pelo CRH causa aumento
da produção de glicocorticóides , catecolaminas e opióides.
O eixo endócrino requer grande intensidade de estimulação para ser ativado.
Um dos mais promissores estudos realizados atualmente diz respeito às inter-relações entre estresse e sistema
imunológico. Alterações induzidas pelo estresse envolvem neurotransmissores, neuropeptÃ-deos, neuro hormônios e
substâncias derivadas do sistema imune. Este sistema, através de citocininas, tem influência sobre o sistema nervoso
central. Alguns estudos mostram que, alterações imunológicas podem estar associadas com traços especÃ-ficos da
personalidade: ansiedade, depressão, isolamento, rancor, raiva, etc...
Dois caminhos principais ligam o cérebro e o sistema imune: o sistema nervoso autônomo e o fluxo neuroendócrino via
hipófise.
Órgãos linfáticos (primários e secundários) são inervados com fibras nervosas simpáticas pós ganglionares; linfócitos
possuem receptores para adrenalina, noradrenalina e dopamina.
A conexão sistema imunológico-cérebro é mediada por imunotransmissores como IL-1, IL-6, FNT-alfa e interferons. O
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sistema imune também sofre influências importantes dos esteróides adrenocorticais estimulados pelo ACTH.
DeclÃ-nio significativo da atividade mitógena linfocitária revelou-se decorrente de emoções negativas.
Estudos em animais e seres humanos mostram influência de estressores psicossociais em doenças infecciosas,
alérgicas, cutâneas, autoimunes e neoplásicas. Há evidências de que o luto conjugal predispõe a doenças como,
infarto do miocárdio, infecções e câncer.
A "personalidade oncológica" tem como traços principais a inabilidade em expressar ódio, acompanhada de culpa e
depressão.
Há estudos que mostram o estresse crônico como possÃ-vel fator predisponente ao aparecimento de infecções do trato
respiratório. Sintomas obsessivos têm sido associados aumento na freqüência, severidade e lenta recuperação de
infecções das vias aéreas superiores.
Outros estudos (recentes) mostraram que algumas citocinas (interleucinas- 1B, TNF-µ e interferon) são em parte
produzidas pelo cérebro e induzem uma sÃ-ndrome semelhante a depressão, a qual comporta anorexia, anedonia,
diminuição da libido, hipersonia, lentidão psicomotora, fadiga e função cognitiva diminuÃ-da.
É preciso esclarecer que o órgão a ser atingido preferencialmente pelo estresse depende: mecanismo de respostas
estereotipadas (quanto maior a ativação, maior a probabilidade do surgimento de doença) ; vulnerabilidade genética
ou adquirida do órgão alvo em suportar estimulação patogênica. Ou seja, indivÃ-duos diferentes, em situações
estressantes, terão também respostas diferentes com relação ao órgão de choque, e conseqüentemente doenças
distintas.
A abordagem terapêutica comporta algumas sugestões a serem avaliadas pelo profissional que estará conduzindo o
caso.
Um recurso valioso, diz respeito ao treino de controle do estresse: avaliação do nÃ-vel e sintomas; avaliação de
estressores autogerados; treino comportamental cognitivo; mudança do estilo de vida: atividade fÃ-sica, nutrição,
relaxamento.
O uso de medicação antidepressiva e ansiolÃ-tica tem um papel relevante e não deve ser negligenciada. Com
relação a nutrição, a qual é realmente o escopo deste artigo, pode-se dizer, que talvez se situe aquém das
expectativas. Isto se deve ao fato das pesquisas serem complexas e encerrarem uma série de variáveis
(particularmente o extenso número de enzimas envolvidas) de tal forma que um pesquisador não chegue ao mesmo
resultado que outro.
Nunca é demais salientar o que a grande maioria dos indivÃ-duos já sabe: a alimentação saudável, baseada na
pirâmide alimentar seria o ponto de partida para o enfrentamento de qualquer patologia. Entretanto existem indagações
a respeito da suplementação de alguns nutrientes em situações especiais.
A lista a seguir, tenta fornecer informações, as quais espera-se, sejam úteis aos profissionais que se interessarem por
esse tema.
Vitamina A: representa uma famÃ-lia de compostos alimentares essenciais lipossolúveis. Em suas diferentes formas, a
vit. A é necessária à visão, crescimento, integridade do sistema imune, proliferação e diferenciação celular.
Existem três formas de vit.A: retinol, retinaldeÃ-do e ácido retinóico (uma forma transforma-se em outra através da
oxidação).
Os carotenóides representam a pró vitamina A (origem vegetal): cenoura, morango, manga, couve e agrião.
A pré vit.A é de origem animal: gema de ovo, leite, manteiga, queijo e óleo de fÃ-gado de bacalhau.
O beta caroteno pode também desempenhar função anti oxidante. A toxicidade pela vit.A poderá ocorrer com
ingestão de altas doses em preparações farmacêuticas. Doses elvadas de beta caroteno não são tóxicas, mas
poderão causar carotenodermia (depósito de gordura sub-cutânea tornando a pele amarelada) de caráter benigno.
Sinais inespecÃ-ficos da hipervitaminose A incluem pele e mucosas secas, irritabilidade, queda de cabelo, unhas
quebradiças, mialgia e dor óssea.
Vitamina C (ácido ascórbico)
Aproximadamente 90% da vit.C nas dietas ocidentais, provém das frutas e hortaliças. Existe a ingestão através de
suplementos farmacêuticos, atualmente bastante comum.
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É prudente esclarecer que doses superiores a 2g, podem causar alterações intestinais (diarréia). Existem outros efeitos
adversos relacionados ao excesso de vit.C (não comprovados) : formação de cálculo renal, pró oxidante (aumento
na captação de ferro), escorbuto rebote.
Fontes: laranja, limão,acerola, morango, brócolis, repolho, espinafre, tomate e batata.
Estudos "in vitro" em animais e ensaios controlados de intervenção em humanos (poucos), atribuem à vit.C ações na
melhoria da função imune, na prevenção do câncer, na diminuição do surgimento de doença cardÃ-aca e na
melhora da cicatrização.
Vitamina E: é o termo genérico para um grupo de oito substâncias (4 tocoferóis e 4 tocotrienóis).
O alfa tocoferol é o que apresenta maior atividade biológica.
Fontes: germe de trigo , castanhas (nozes, amêndoas, avelãs), óleos vegetais (girassol, algodão, amendoim, milho e
soja).
Estudos epidemiológicos e ensaios de intervenção sugerem redução do risco para doença cardiovascular,
aterosclerose, câncer e catarata.
Cobre: é um metal que faz parte da estrutura de algumas importantes enzimas. O cobre é essencial para o bom
funcionamento dos mecanismos imunológicos de defesa, maturação de leucócitos e hemácias, transporte do ferro,
metabolismo da glicose e colesterol, contratilidade miocárdica, desenvolvimento cerebral, formação e resistência
óssea.
Fontes: fÃ-gado, frutos do mar, castanhas, cacau, cereais integrais e gelatina.
Geralmente uma alimentação variada contém cobre em quantidade suficiente para a maioria dos indivÃ-duos
saudáveis. Um estudo recente mostrou entretanto, que ingestão excessiva de cobre, causou dislipidemia , estresse
oxidativo e disfunção renal em animais diabéticos.
Magnésio: desempenha papel fundamental em uma grande variedade de reações biológicas ; está envolvido em mais
de trezentas reações metabólicas essenciais.
São atribuÃ-das ao magnésio ações em reações que incluem: metabolismo dos hidratos de carbono, lÃ-pides,
proteÃ-nas e ácidos nuclêicos.
Estudos em animais associam a deficiência de magnésio ao aumento da celularidade tÃ-mica e dos eosinófilos; ocorre
também elevação dos nÃ-veis plasmáticos de citocinas inflamatórias (IL1, IL6 e TNF-alfa).
Fontes: hortaliças, legumes, frutos do mar, castanhas, cereais e produtos lácteos.
A intoxicação pelo magnésio pode cursar com: hipertensão, alteração no estado mental, hiporreflexia, alteração no
ECG, dificuldade respiratória, coma e parada cardÃ-aca.
Selênio: é um elemento não metálico, relativamente raro. É um componente essencial da glutationa peroxidase (enzima
antioxidante), que conjuntamente com a vit. E, previne a peroxidação lipÃ-dica celular e das membranas. A deficiência
de selênio está associada a: diminuição da sÃ-ntese de anticorpos e resistência a infecções ; supressão da
secreção de citocinas; diminuição dos linfócitos e da citotoxidade.
Fontes: aipo, alho, atum, brócolis, cebola, cereais integrais, fÃ-gado, frutos do mar, gema de ovo, leite, pepino e repolho.
Sinais e sintomas de intoxicação por selênio incluem: diarréia, irritabilidade, fadiga, neuropatia periférica, queda de
cabelo, alterações ungueais.
Zinco: é um metal, e o mais abundante elemento- traço intracelular ; faz parte da estrutura de uma grande quantidade
de enzimas. Deficiência de zinco é associada em seres humanos à anorexia , alterações neurossensoriais , diminuiçã
da massa muscular e da testosterona, alteração do paladar, dificuldade de cicatrização e disfunção da imunidade
mediada por células.
O fitato, presente em alimentos ricos em fibras e o ferro diminuem a absorção do zinco. Por sua vez, doses elevadas
de zinco, podem prejudicar a absorção do cobre.
Fontes: carne bovina, aves, peixe, camarão, ostras, fÃ-gado, grãos integrais, castanhas, legumes e tubérculos.
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A intoxicação pelo zinco quando aguda, provoca náuseas, vômitos, dor epigástrica, diarréia; a intoxicação crônica
causa anemia, aumento do LDL, diminuição do HDL e alteração na função dos linfócitos T.
Glutamina: é um alfa aminoácido não essencial, proveniente da ionização do ácido glutâmico. O resultado dessa
reação, fornece o glutamato que é a forma salina. O glutamato transforma-se em glutamina, após adição de um
grupo amina à sua carboxila terminal.
Recentemente a glutamina foi reclassificada em aminoácido condicionalmente essencial, devido ser necessária em
maior quantidade, em situações de intenso catabolismo. Dados experimentais sugerem que, a suplementação da
nutrição parenteral com glutamina, pode melhorar o balanço de nitrogênio, reduzir a demanda catabólica relacionada
à massa muscular e manter a integridade da função intestinal. Linfócitos e macrófagos utilizam glutamina como fonte
de energia e como intermediário molecular para a sÃ-ntese de purinas e pirimidinas. As informações atuais sobre a
glutamina, demonstram o uso potencial desse aminoácido na intensificação da cura de ferimentos, em aumentar a
resistência à infecções e tumorigênese e melhorar a função imune em indivÃ-duos catabólicos, idosos e
imunocomprometidos.
Triptofano: é um aminoácido essencial, aromático, que apresenta a maior molécula entre todos os aminoácidos. É
precursor da niacina e serotonina. Com relação à niacina, preconiza-se que 60mg de triptofano são equivalentes a
1mg de niacina. O triptofano é convertido a 5- hidroxi-triptofano (5HTP) no organismo, que por sua vez é convertido a 5hidroxi-triptamina (5HT) ou serotonina.
A necessidade de triptofano em adultos é de 3,5mg/kg peso/ dia.
Fontes: carnes, leite, ovos, sementes de gergelim e girassol.
Alguns estudos tem reportado a importância da concentração do aminoácido na sÃ-ntese do neurotransmissor. A
maioria desses estudos comprovam a relação entre o aumento nas concentrações da serotonina cerebral, com a
administração do triptofano.
Arginina: é um aminoácido não essencial com participação no ciclo da uréia, sÃ-ntese de óxido nÃ-trico, de outros
aminoácidos e poliaminas. É importante para a imunidade mediada por células.
O óxido nÃ-trico foi identificado como um fator de relaxamento, derivado do endotélio e desempenha um papel na
hipertensão, disfunção miocárdica, inflamação, morte celular e na proteção contra danos oxidativos.
A arginina exerce efeito benéfico no reparo e função intestinal, após trauma ou ressecção. Também auxilia a
cicatrização através da sÃ-ntese de colágeno, ao atuar como substrato para a sÃ-ntese de prolina.
Em estudos com roedores, a suplementação com arginina, reduziu a incidência e desenvolvimento de metástases
tumorais.
Apesar de não haver recomendações formais para a suplementação com aminoácidos, minerais e vitaminas, no
estresse psicológico, na prática essa suplementação é muito freqüente.
Em contrapartida, não existem dúvidas à respeito da suplementação desses e outros nutrientes, no estresse
metabólico, cujos exemplos mais comuns são a sepse, traumas e cirurgias.
Pesquisas atuais e futuras sobre a ligação entre estresse psicológico e nutrientes, hão de esclarecer eficientemente
este vÃ-nculo, para que a suplementação possa ser feita de maneira completa e segura.
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