Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo

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Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo
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Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo
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Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 1
Índice
Dimensões da globalização: económica, social política e
cultural.
Formaçãoe expenção das empresas multinacionais.
Interdependências entre sociedades e territórios com níveis
de desenvolvimento diferentes.
Fatores responsáveis pela globalização
1- Enfraquecimento do estado-nação
2- Abertura das fronteira
3- Desenvolvimento das comunicações
4- Liberação das trocas
5- Expanção multinacionais
Centro de decisões do Sistema Mundo: E.U.A, U.E e Japão.
Novas economias emergentes: China, Ìndia e Brasil.
Efeitos da globalização na economiae na sociedade:
1- Desenvolvimento dos mercados financeiros
2- Deslocação de empresas e fluxos de mão-de-obra
3- Aumento de desigualdades
4- Incremento do consumismo
5- Homogeneização de modos de vida
Estrura do comércio mundial: bens transacionados,
organizações e acordos internacionais.
Comécio justo: principios e objetivos.
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Medidas para diminuir os impactos negativos da
globalização.
Introdução
Este trabalhao esta a ser realizado para que para que es alunos possam
aprender e tirar todas as duvídas que são apresentadas.
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Dimensões da globalização: económica, social política e
cultural.
A GLOBALIZAÇÃO
A globalização é, porventura, o fenómeno mais marcante das sociedades
contemporâneas. Ela influencia a nossa maneira quotidiana de viver, de
maneiras que não nos são imediatamente apreensíveis, mas que condicionam
fortemente os nossos comportamentos mais expostos ou mais íntimos, desde a
política e a economia, à sexualidade, à família ou à religião. Principalmente,
importa esclarecer que a globalização não é algo que tenha a ver
exclusivamente com o mundo dos negócios e da finança internacional, e os
seus actores não são apenas – nem fundamentalmente – os Estados. Como diz
Giddens, “é um erro pensar-se que a globalização só diz respeito aos grandes
sistemas, como a ordem financeira mundial. A globalização não é apenas mais
uma coisa que ‘anda por aí’, remota e afastada do indivíduo. É também um
fenómeno ‘interior’, que influencia aspectos íntimos e pessoais das nossas
vidas”.
Nesse sentido, a globalização tem consequências em praticamente todas
as esferas da nossa vida social: “Nem os cépticos nem os radicais
compreenderam inteiramente o que é a globalização ou quais são as suas
implicações em relação às nossas vidas. Para ambos os grupos, trata-se, antes
de tudo, de um fenómeno de natureza económica. O que é um erro. A
globalização é política, tecnológica e cultural, além de económica”. Ao longo
deste ensaio, indagaremos até que pontos essas consequências se reflectem
nas práticas culturais em contexto urbano.
Em sentido lato, entendemos por este conceito o processo histórico em
curso, que consiste no adensamento das redes de interdependência à escala
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planetária, produzindo fenómenos de integração e de hegemonia, mas,
simultaneamente, de cisão. Esta dinâmica observa-se nas práticas dos públicos
urbanos da arte – e é este o objectivo deste ensaio.
Devemos esclarecer que assumimos como ponto de partida que a
globalização não é intrinsecamente boa nem má. Como processo histórico em
curso, tem aspectos positivos e outros negativos – sem prejuízo de
defendermos eventualmente a necessidade de uma alter-globalização (um
sistema mais regulado). Essa discussão ficará, no entanto, para outra ocasião.
A literatura observa normalmente três dimensões da globalização:
económica, política e cultural.
●
Numa perspectiva económica, foi o comércio que pôs em contacto sistemas regionais
relativamente autónomos. As trocas mercantis andaram sempre pari passu com o alargamento
das possibilidades de circulação no globo terrestre. Actualmente, a “economia global” impõe-se
como a forma mais adequada de descrever o sistema mundial; na ordem do dia, estão também a
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globalização da democracia, dos direitos humanos e da justiça penal internacional (mais sonhada
que efectivamente realizada). Os principais obstáculos a uma globalização económica provêm da
periferia do sistema: os países mais pobres, usualmente excluídos dos circuitos das trocas
mundiais.
●
A dimensão política da globalização é indissociável da história dos impérios e das
colonizações. O facto de as duas as grandes guerras do século XX terem sido chamadas de
“mundiais” mostra que os historiadores já então se apercebiam da lógica em curso. O fim da 2ª
Guerra Mundial fez nascer uma nova ordem, marcada pela “guerra fria” bipolar; o fim desse
período deu origem à supremacia de uma “hiperpotência”; hoje, os analistas voltam a falar de
uma ordem nascente, na sequência do “11 de Setembro”. É nesta dinâmica que se inscrevem as
problemáticas nacionais e a questão ecológica (cada vez mais internacionalizada, com a
preocupação das chuvas ácidas, das nuvens radioactivas, etc.).
●
As redes supranacionais dos media ilustram bem a dimensão cultural da
contemporaneidade. A profecia de McLuhan, nos idos de 80 (a aldeia global), é hoje um lugarcomum (mas, ao contrário do que previa este autor, é a Internet, e não a televisão, que a realiza).
A globalização está no coração da cultura e da arte modernas, pelo menos desde a pop-art.
Defender o local contra o global é, de certo modo, um contra-senso, porque um existe em função
do doutro e define-se apenas em contraposição ao outro (ou, como expressa o marketing, “think
global, act local”).
Assim, ao definirmos estas três dimensões, ultrapassamos as duas
clivagens que normalmente se manifestam a este propósito: entre os que
acham a globalização uma posição ideológica (ligada ao neoliberalismo) ou
parte do processo histórico em curso, e entre os que a consideram uma
realidade positiva ou negativa. Sobre esta última, consideramo-la irrelevante;
sobre a primeira clivagem, tomamos a posição de que se trata de uma
realidade histórica que define e molda a nossa vivência contemporânea.
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A DIMENSÃO CULTURAL DA GLOBALIZAÇÃO
Antes de analisarmos em maior profundidade as práticas urbanas ligadas à
cultura, vejamos as características fundamentais que moldam a cultura
globalizada que fruímos.
●
Uniformidade versus diversidade. No senso comum, a globalização está
associada à uniformização a todos os níveis (na música, na arte, na televisão e
no cinema, nos comportamentos, etc.), num processo a que poderíamos, com
alguma propriedade, chamar de “McDonaldização” (uma vez que os
restaurantes McDonald’s são semelhantes em todo o mundo).
No entanto, é justo dizer que esta visão não é inteiramente correcta, já que, ao
mesmo tempo, produz-se maior diversidade de conteúdos. Hoje, o consumidor
comum tem ao dispor igualmente mais restaurantes italianos, franceses,
chineses, indianos, brasileiros, africanos…, tal como o espectador tem mais
telenovelas portuguesas do que antes, e mais livros e discos de autores
nacionais. O processo de globalização cultural é contraditório e é duvidoso
dizer que haja uma tendência para a uniformidade se instalar, pelo menos sem
que possa ser desafiada.
Para encerrarmos este assunto, deixemos que a cultura norte-americana, vista
como neo-colonizadora, é multicultural e suficientemente ávida de novos
inputs de outras origens. Concedemos, não obstante, que, em cada momento
específico ou em cada situação social, poderá ser mais forte uma tendência
“uniformizadora” ou “diversificadora”.
●
Novas noções. Uma das características da cultura contemporânea é a
substituição das noções tradicionais de cultura, identidade cultural nacional,
identidade em geral e, mesmo, de nação (pelo menos, nos países da UE). Hoje,
qualquer pessoa tem uma cultura mental composta por figuras, ideias e
imagens que circulam por todo o planeta, desenraizadas de uma referência
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local ou nacional. Os autores jurídicos que definiam a nação em termos de
“poder, espaço e população” encontram-se ultrapassados pelos
acontecimentos; os autores que falavam de cultura nacional em termos de
homogeneidade, de língua ou de etnia mostram-se incompatíveis com
qualquer aproximação empírica às sociedades actuais.
O multiculturalismo, a transculturalidade são as perspectivas para abordarmos
os novos contextos. Apesar de sermos forçados a constatar a presença do
fundamentalismo como actor dos novos confrontos (ideológicos, políticos,
militares…), identificamos, por contraposição, o cosmopolitismo (a abertura ao
outro, a visão abrangente do mundo) e o relativismo (a ausência de
preconceitos a priori para olhar o outro).
●
O império da imagem. Os media e a industrialização da arte tornaram as
imagens omnipresentes, numa lógica de circulação sem barreiras. Hoje, tudo
se joga na “construção da imagem”, do “look”, dos gabinetes de assessoria de
imprensa aos museus de arte contemporânea, da publicidade ao design e à
arquitectura. Andy Warholl deu voz à era da imagem, com os seus “quinze
minutos de fama”. A moda instituiu-se, a partir de meados do século XX, como
sistema, como bem analisou Barthes, com regras e leis (chegando-se ao ponto
de ser moda não estar na moda). A supremacia da imagem tomou forma no
sistema de “vedetariado” de Hollywood, prontamente copiado/adaptado a
diferentes contextos locais.
A “imagem de marca” faz com que uma obra de arte seja consumida num
circuito que depende, em larga medida, de considerações extra-artísticas.
É comum dizer-se hoje que “uma imagem vale mil palavras”… embora nem
com mil imagens seja possível dizer o que dizem aquelas cinco palavras!
●
O sistema das artes. O sistema artístico globalizado caracteriza-se por
uma segmentação em disciplinas (p.ex.: música clássica, pop, techno, re-mix,
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etc.) e por uma hierarquização (um cantor de bar não está ao nível de uma
estrela dos circuito mundial de concertos…), ao mesmo tempo que há uma
pluralidade de discursos (um filme sem imagem pode ser uma obra de arte…),
pela experimentação (sem limites: arte é aquilo que os artistas dizem que é
arte…) e, mais importante, pela mediação social da obra de arte (o
merchandising, o nome e a reputação do autor…).
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Formaçãoe expenção das empresas multinacionais.
Superada a destruição provocada pela Segunda Guerra, a economia mundial
voltou a crescer num ritmo mais acelerado. As empresas dos países
industrializados
se
expandiram
pelo
mundo,
transformando-se
em
multinacionais, e se encarregaram de globalizar a produção e o consumo. Além
disso, ao construírem filiais em países subdesenvolvidos, onde a mão de obra é
mais barata, o que é uma grande vantagem, fizeram com que estes, ao se
desenvolverem,
passassem
a
ser
chamados
países
emergentes.
Hoje em dia, sabemos que os fluxos da globalização atingem desigualmente o
mundo, e uma prova disso é que os capitais especulativos e produtivos
concentram-se
em
poucos
lugares
do
planeta.
A intensificação do fluxo de viajantes pelo mundo ocorre junto a globalização
da produção e do consumo. Essa intensificação vem acompanhada de uma
“invasão” cultural, que na maioria das vezes, se origina nos Estados Unidos,
que nos impressiona com o “american way of life”. Porem, atualmente, com a
facilidade de acesso aos vários meios de comunicação (TV, internet, radio,
jornais, revistas e etc.), temos a oportunidade de saber um pouco da cultura de
nosso
pais.
Desde a década de 1970, está havendo uma verdadeira revolução nas
unidades de produção e em outros setores. Grande parte dessa revolução,
deve-se ao chip , que possibilitou a criação de microcomputadores mais
rápidos preciosos e baratos. Com isso, o capitalismo uniu vários países do
planeta, num único sistema. Hoje, mundo é praticamente sinônimo de planeta.
Depois de muito tempo o capitalismo atingiu a atual fase de globalização, e
assim desenvolveu o sistema-mundo, que é controlado por alguns centros de
poder
econômico
e
político.
O espaço geográfico mundial é bastante desigual, pois alguns países e regiões
estão mais integrados que outros. Alguns lugares, sobretudo nas cidades
globais, apresentam melhores infra-estruturas e maior poder aquisitivo,
tornando-os privilegiados.
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Interdependências entre sociedades e territórios com níveis
de desenvolvimento diferentes.
Diferentes autores acadêmicos e autoridades políticas têm alertado para um
fato marcante da história recente da economia mundial: em muitos países hoje
não há um local - esta primeira instância da governabilidade do território - que
não tenha sofrido algum tipo dos efeitos (positivos ou negativos) conjugados
pela mutação recente do sistema produtivo e da mundialização da economia.
Esta transformação exacerba a concorrência entre as empresas, entre os
produtos industriais e agrícolas, mas também entre os modos de organização e
de governabilidade das sociedades nacionais e dos sistemas sociais locais.
O local apresenta-se como uma configuração espacial descentralizada da
territorialidade global, que integra instâncias de controle, de poder e de
estratégias. A maior integração econômica e social do território revela-se na
emergência de diferentes sistemas sociais locais nos países desenvolvidos e
em desenvolvimento, relançando em novas bases as noções e as estratégias
do desenvolvimento local. Nesse contexto, surgem várias alternativas
institucionais de descentralização espacial do desenvolvimento que procuram
integrar as potencialidades do território e os interesses de médio e longo prazo
das comunidades ou sociedades civis localizadas. Estas novas estratégias de
desenvolvimento local começam a ocupar um lugar experimental nas políticas
públicas, na grande maioria ainda compensatória, embora venham se
destacando nas discussões e metodologias recentes para atingir o
desenvolvimento econômico sustentável nas regiões.
É nesse novo contexto que o desenvolvimento local reaparece no centro das
estratégias dos estados nacionais dos países desenvolvidos e em
desenvolvimento, e, sobretudo, nos interesses dos atores políticos e dos grupos
econômicos nos processos atuais de regionalização da economia mundial,
como ilustram bem os exemplos do Nafta, da União Européia e do Mercosul.
Com isto, o papel do desenvolvimento local tem sido alvo de um intenso
debate entre vários profissionais nas áreas da economia, da administração, da
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sociologia, da política, da antropologia, da geografia e do urbanismo. Temas
como a construção e formação de identidades e vocações econômicas, sócioculturais e ambientais locais, assim como a conformação de novos atores
sociais, de novas territorialidades criadas na distribuição/integração espacial
do desenvolvimento, de novas estratégias de políticas locais, por exemplo, têm
sido re-interpretados com novos conceitos e modelos de análise que
possibilitam um novo tratamento ao mesmo tempo amplo, mas também
sistemático da questão do desenvolvimento local.
Frente a este quadro, o artigo tem por objetivo abrir um debate sobre o alcance
da estratégia de desenvolvimento local do governo brasileiro a partir de 1999,
que objetiva a sensibilização dos atores sociais das comunidades para agirem
sobre suas vocações e potencialidades, partindo das vantagens locais, através
de um processo participativo, democrático e solidário que envolve os governos
em todos os níveis (federal, estadual e municipal), entidades de classe,
organizações não governamentais e lideranças comunitárias. Na primeira
seção apresentaremos o debate das novas estratégias e principais tendências
de processos de desenvolvimento local, a partir de situações apresentadas
pelo cenário econômico mundial desde meados dos anos 90. Em seguida,
analisaremos a pertinência institucional da construção da política pública
nacional do governo brasileiro, em processos de tentativas de
"desenvolvimento local integrado e sustentável", a partir da coerência das suas
formas institucionais, do perfil das instituições e dos atores sociais envolvidos.
Na terceira seção sintetizamos as ações propostas na elaboração do Plano de
Desenvolvimento e da Agenda Local democraticamente decididos pelos Fóruns
de Desenvolvimento Local de cada localidade. Na quarta e última seção
concluimos fazendo uma análise geral da estratégia adotada e dos resultados
parcialmente obtidos desde a implantação do Programa em 1999.
GLOBALIZAÇÃO
Aspectos positivos
- turismo;
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Aspectos negativos
- o comércio é controla pelos países
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- maior produtividade pela divisão do
trabalho;
- conhecimento de outras culturas;
- maior oferta de produtos de baixo preço;
- rápida difusão do programa tecnológico.
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desenvolvidos;
- deslocalização das indústrias que origina
desemprego;
- proliferação dos crimes (comércio de armas,
drogas, terrorismo);
- dependência económica das multinacionais;
- crises financeiras afectam todos os países.
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Enfraquecimento do estado-nação
A intervenção do Estado na promoção do bem-estar econômico e social,
bem como sua soberania e todas as premissas, que durante longo
período da história foram inerentes à ação estatal, sofreram várias
mudanças e enfrentam, hoje, a mais drástica e intensa transformação
em seus paradigmas.
O Estado Nacional se estruturou inicialmente na Europa a partir do
final da Idade Média. Este Estado, em sua concepção, deriva-se da
revolução burguesa e surgiu em oposição à hierarquia feudal
existente com o objetivo de delimitar um território para a
acumulação do capital, gerando instituições e formas culturai
apropriadas, surgidas com o apoio popular.
Essa estrutura estava constituída para atender aos interesses dos
grupos sociais dominantes, com o estabelecimento da Nação, tendo o
seu território controlado pelo Estado. Com a representação desigual
dos interesses sociais, culturais e econômicos, as instituições
nacionais foram fragilizadas, originando as crises institucionais
que ocorriam quando as classes subjugadas se mobilizavam.
A delimitação territorial tem um “posto” de observação e um ângulo
de posicionamento muito especial: a Nação, afirma Weber[i] e, para
ele, o Estado Nacional não representa algo indefinido, mas a
organização mundana do poder nacional.
Com o passar dos anos, os fatores econômicos como a transformação da
sociedade agrária em industrial acabaram constituindo o Estado
assistencial ou o Estado do bem-estar, que era um sistema econômico
baseado na livre empresa, mas com significativa participação do
Estado na promoção de benefícios sociais.
Seu desenvolvimento foi considerado, por vários estudiosos, como uma
quebra da separação entre a sociedade (esfera privada ou mercado) e
o Estado (esfera pública ou política), num sistema bipolar de
alocação de recursos onde, além do mercado, também agia o Estado.
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O Estado, através de seus instrumentos políticos, passa a
proporcionar os meios de acesso, trabalho, renda, expectativas - não
mais determinados pelo mercado - com o objetivo de proporcionar ao
conjunto de cidadãos padrões de vida mínimos, desenvolver a produção
de bens e serviços sociais, controlar os ciclos econômicos e ajustar
a produção, dessa maneira, prevenindo conflitos, estabilizando o
sistema e legitimando o Estado.
Como ressalta Weber[ii], o Estado é tanto organizador como própria
organização de dominação, o espaço universal de interesses e
particularidades e seu mediador geral.
A ação estatal, resultante das pressões das classes populares ou
subalternas, e os conflitos no interior das classes dominantes e
entre as burguesias para repartir os espaços de dominação ou
imperiais impuseram limites temporários à dinâmica do capital, que
resultaram em direitos sociais e econômicos, na construção de um
patrimônio público e na ampliação da democracia.
Nesse espaço, principalmente desde o fim da Segunda Guerra Mundial,
iniciaram-se vários projetos nacionais de desenvolvimento econômico,
a maioria projetos de desenvolvimento capitalista, em que foram
contemplados os desenvolvimentos da industrialização, da
urbanização, a democratização do sistema de ensino, entre outras
reformas.
Com a economia estruturada sob a ação do poder público, muitos
avanços foram conquistados conforme salienta BOBBIO, N., MATTEUCCI,
N. & PASQUINO, G. (2002): o aumento da cota do produto nacional
bruto com a despesa pública, ampliaram-se as estruturas
administrativas voltadas para os serviços sociais e se tornaram mais
complexas, foram aperfeiçoadas as técnicas de descobertas e
avaliação das necessidades sociais entre outras.
Mas, como demonstrado em várias teses[iii], à medida que há
desenvolvimento econômico de uma nação, há também aumento na parcela
do produto nacional bruto usada para fins sociais.
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Verificou-se, em vários países da Europa e nos Estados Unidos, no
final da década de 60, que as despesas governamentais aumentavam
mais rapidamente que as receitas, gerando a crise fiscal do Estado
e, à medida que o déficit público aumentava, trazia, por
conseqüência, a instabilidade econômica, social e política afetando
as possibilidades de atuação estatal.
Como salientam os escritos de BOBBIO, N., MATTEUCCI, N. & PASQUINO,
G. (2002), não há mais equilíbrio na relação de bem-estar entre
Estado e sociedade, mas sim uma crise em que um dos pólos será
eliminado. A crise fiscal do Estado indica incompatibilidade entre
as duas funções do Estado assistencial que eram fortalecer o social
das organizações de massa e o apoio à acumulação capitalista com o
emprego anticonjuntural da despesa pública.
Aliado a esses, outros fatores contribuíram para a crise fiscal do
Estado e, por conseqüência, à Relação Estado x Mercado, entre eles a
sonegação fiscal praticada pelo setor privado que se apropria
indevidamente de significativa parcela da receita da União; os
grandes lucros do sistema financeiro com a dívida pública que se
multiplica com as altas taxas de juros tornando o Estado cada vez
mais refém desse sistema; o superfaturamento das obras públicas, dos
serviços e dos bens fornecidos pelo governo, que, em alguns, casos
chegou a 100% e a famosa burocracia que, muitas vezes, emperra o
setor público em suas iniciativas.
Mas, o determinante da nova era global foi a crise da economia
capitalista e mais especificamente na sua economia mais poderosa, a
dos Estados Unidos, que rompeu unilateralmente, em 1971, os acordos
firmados de Bretton Woods[iv] em 1944 - que criou instrumentos de
regulação internacional com a Ordem Econômica Internacional do
pós-guerra – que hegemonizou os EUA com a criação do dólar como
dinheiro mundial, o que lhe conferiu o benefício da senhoriagem[v] e
havia dado um fôlego à economia capitalista.
A crise retornou de maneira violenta no início dos anos 70 e, como
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salienta SOUZA, N.A. (1995), tinha, em sua raiz, a perda do papel de
vanguarda tecnológica da economia norte-americana, que sustentava a
força do dólar através de uma maior produtividade do trabalho[vi]
dos EUA, que se traduzia numa maior competitividade internacional de
suas mercadorias, gerando superávits em sua balança comercial,
captando, dessa maneira, recursos de outros países, os quais serviam
de lastro que sustentava a paridade e a livre conversibilidade do
dólar.
A partir da década de sessenta, os EUA passaram a perder em
produtividade do trabalho e em competitividade para o Japão e a
Alemanha devido ao esgotamento de suas tecnologias, pois os
monopólios não buscavam a conquista ou a manutenção de mercados
através de avanços tecnológicos e sim em práticas de dumping[vii],
utilização de fontes de matérias-primas baratas, redução de
salários, formação de mercados cativos, entre outras.
Os EUA quase sempre foram um dos países que mais investiram em
desenvolvimento de pesquisas tecnológicas, mas nem sempre as
aplicavam, pois era muito oneroso mudar toda uma estrutura produtiva
já instalada por outra, e esse alto custo levaria muitos anos para
ter um retorno de seu investimento, o que não compensaria em termos
da lucratividade. Já a Alemanha e o Japão tiveram suas Nações
arrasadas durante a Segunda Guerra Mundial, e a reconstrução desses
países se deu com estruturas produtivas mais avançadas
tecnologicamente que os EUA.
No período de 1960 a 1976 (segundo dados do Relatório sobre Economia
Mundial da ONU)[viii], a produtividade do trabalho nos EUA cresceu
apenas 57%, enquanto no Japão cresceu 289% e na então Alemanha
Federal cresceu 145%, o que resultou em perdas no comércio
internacional para os produtos mais baratos do Japão e da Alemanha,
desaparecendo os superávits comerciais necessários à captação de
recursos dos outros países, mantendo o persistente déficit no
balanço de pagamentos[ix] o que acarretou na perda de confiança da
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moeda norte-americana e inviabilizou a manutenção da paridade do
dólar.
Em 15 de agosto de 1971, o presidente Nixon decretou o fim da
paridade e da conversibilidade do dólar, pois não havia como
sustentá-la sem reservas, as quais tinham sido transferidas para o
Japão e para a Alemanha através de seus superávits comercial. Com
isso, a participação dos EUA no total mundial das reservas
estrangeiras e de ouro que era 43% em 1953 passou para 8,3% em 1970.
Ao mesmo tempo, a Comunidade Econômica Européia liderada pela
Alemanha aumentou de 11,5% para 37%, e a do Japão aumentou de 1,5%
para 11,2%.[x]
Havia também uma insuficiência de demanda agregada[xi] interna nas
economias capitalistas desenvolvidas, onde o crescimento de seus
mercados domésticos era significativamente menor e a taxa média de
lucro nesses países teve uma queda dramática. Segundo dados do Banco
Mundial, [xii] a taxa média de lucro dos EUA baixou de 20%, em
1947-69, para 12,4%, em 1970-83.
Essas crises, desde então, vieram se propagando sem uma solução
exeqüível, sem uma política econômica de âmbito mundial para
superá-las e sem instrumentos globais de intervenção econômica e, em
1974/75, a crise atingiu as economias mais desenvolvidas. Os EUA
passaram a “enxugar” os capitais excedentes pelo mundo através de
juros altos, com títulos rentáveis da dívida do governo norte-americano e com
o aumento dos custos das dívidas externas dos
países em desenvolvimento, o que acarretou estagnação das economias
desses países na década de oitenta.
Com o dilema da necessidade de um instrumento de regulação econômica
de âmbito mundial – gerado pela crescente integração econômica em
escala global – mas impossibilitado dentro do sistema capitalista
pela ação dos monopólios que sobrevivem controlando mercados
cativos, a saída estava em o mercado desempenhar a função da
regulação internacional.
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Para GONÇALVES, R. (1999), aglobalizaçãofoi uma estratégia de
reação à insuficiência de demanda agregada nos países capitalistas
maduros, e essa insuficiência se constitui no mais importante
determinante desse processo naquele final de século
Essa nova era mundial foi estrategicamente planejada como uma saída
à economia capitalista que, desde os anos 70, vinha amargurando
baixas taxas de crescimento econômico e havia também uma forte
estagnação dos monopólios dos países centrais que passaram a
necessitar de novos mercados e da internacionalização da produção.
Nessa busca por novos horizontes econômicos, fazia-se necessário
diminuir as fronteiras de Estados Nacionais, flexibilizando-os,
tornando-os, muitas vezes, principalmente os países menos
desenvolvidos, meros consumidores de produtos industriais e em
fontes de matéria-prima e mão-de-obra barata.
Tal estratégia foi facilitada a partir da queda do muro de Berlim,
em 1989, que não oferecia mais o perigo da Guerra Fria, e essa
desintegração do Estado socialista foi um componente político
decisivo que acabou unificando o mercado mundial num patamar
superior ao existente antes da primeira grande guerra, com os
governos agindo sob forte influência de organismos internacionais
como FMI, Banco Mundial - BIRD e Organização Mundial do Comércio OMC.
O Estado socialista começou a transformar sua estrutura e mudar os
rumos que o conduziriam ao comunismo, após a morte de Joseph Stalin
e do enorme esforço para reconstruir a União das Repúblicas
Socialistas Soviética – URSS, depois da Segunda Guerra Mundial, que
destruiu metade de sua economia e matou mais de 20 milhões de
soviéticos.
Sob a liderança de Nikita Kruschev, no final dos anos 50 e iníci
dos anos 60, iniciou-se a inserção de mecanismos de mercado e, por
conseqüência, a redução da planificação ou da ação consciente do
homem sobre as forças econômicas. Essa mudança estrutural era
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expressa por medidas como
Aumento da autonomia das cooperativas, através da desarticulação das
Estações, Máquinas e Tratores e conseqüente venda dos equipamentos
para as cooperativas; aumento da autonomia de gestão de cada
empresa; intensificação dos incentivos individuais em detrimento aos
incentivos coletivos; fortalecimento da autonomia dos dirigentes das
empresas em detrimento do papel dos coletivos de trabalhadores, ou
seja, substituição da gestão coletiva pela gestão individual; maior
poder de decisão para cada empresa em detrimento dos organismos
centrais de planejamento; intensificação das relações comerciais e
financeiras com o mundo capitalista. (SOUZA, N. A. 1995, p. 32).
O resultado dessas medidas foi o afastamento dos trabalhadores do
processo de elaboração do plano, além de diminuir o papel deste. Com
isso, reduziu-se a ação consciente da coletividade fundada nas
decisões das bases e cresceu o papel do mercado e dos burocratas na
regulação econômica. Também resultou que, ao intensificar as
relações com o mercado mundial capitalista, as economias socialistas
acabaram se subordinando a lógica deste que, por sinal, é dominado
pelos trustes e cartéis sujeitos a crises cíclicas ou mais
duradouras, como as estruturais.
O resultado foi imediato. Logo após a implantação dessas medidas, o
ritmo de expansão da produção total, que em 1960 cresceu 7%, em 1963
caiu para 3%. A produção agrícola que crescera 7% ao ano no
qüinqüênio 1954/59, cresceu apenas 1,5% no qüinqüênio seguinte. O
produto per capita que aumentara 33% no qüinqüênio 1966/70, foi
decrescendo e no qüinqüênio 1981/85 cresceu apenas 11%.[xiii]
Destaco que, com a revitalização da ação do mercado na regulação
interna, ocorrido através da integração das economias soviéticas no
mercado capitalista mundial, ampliaram-se as exportações dos países
socialistas, o que fez com que estes fossem dependentes dessas
exportações, ficando vulneráveis a choques externos.
Em alguns casos, como na Polônia, as exportações chegaram a 40%[xiv]
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 21
de seu produto nacional e sua dívida externa era maior do mundo, na
década de oitenta, em termos relativos[xv]. Na URSS, o comércio
exterior multiplicou-se por cinco, e em 1986 suas exportações
representavam 12% de sua produção nacional – índice alto para uma
economia socialista se comparados ao Brasil, EUA e Japão que era em
torno de 8%. [xvi]
O agravamento da crise da economia capitalista, nos anos setenta,
acabou atingindo, também, os países socialistas que tinham se
integrado ao mercado, e tinham, portanto, amadurecido as bases
internas para tais crises, através do livre desenvolvimento das
forças produtivas rumo ao consumismo, diminuindo consideravelmente o
ritmo do crescimento econômico.
Por fim, na segunda metade da década de oitenta, a URSS entrou em
crise e Mikhail Gorbatchev implementou uma série de medidas que
ampliou o espaço interno para a ação do mercado e tirou o caráter
diretivo dos organismos superiores de planejamento. Destacam-se
entre essas, medidas como: plena independência dos dirigentes das
empresas para disporem dos rendimentos destas; regulação da
atividade empresarial pelo comportamento do lucro e não por metas
globais e sociais de produção; autonomia contábil das empresas;
autonomia das empresas para escolher seus fornecedores;
reestruturação do sistema de crédito, levando os bancos a operarem
de acordo com a lucratividade das aplicações financeiras e não mais
conform
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Coração Apaixonado
O AMOR da minha vida é VOCÊ ♥'...
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Luiza Duarte partilhou a foto de Cruzeiro Torcedor.
HOHOHO
Curtam -> Cruzeiro Torcedor <- Curtam
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Cristiana Santos adicionou 2 fotos novas ao álbum Álbum sem título. — em Go
Between.
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9 pessoas gostam disto.
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Luis Fernando Oliveira partilhou a foto de Como Que Ta A Quebrada.
~> Curta Perolas de verão <~
____
Poderia estar matando, roubando ou enchendo a sua timeline de spam, mas
estou aqui humildemente pedindo pra voce assinar meu perfil Jocimar Santos
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Coração Apaixonado
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Pra quem ama dicas de moda e beleza Só para mulheres ◄••• Curtam ♥
Amor não se ganha, se conquista. ♥
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Beijo
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Luiza Duarte partilhou a foto de Amando Você.
CURTA•••►Frases, imagens e poesia ◄•••
CURTA•••►Versos de Música ◄•••
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Ah Manolo adicionou uma foto nova.
Gosto · · Partilhar · 655341.445 · há 10 horas ·
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Página: 270 gostam disto
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Sílvia Carvalho
e há pessoas que mesmo sem saberem nos marcam muito :D
Gosto · · há 10 horas ·
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Sara Silva alterou a sua foto de perfil. — com Tânia Costa e Juliana Silva.
Ahah, que tarde amor !!!
Vampira e tal, ui ui !! xD
Não gosto · · há 10 horas ·
Tu, Tânia Costa, Sara Silva e 18 outras pessoas gostam disto.
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Dylan Neves Filmes de pessoas que não batem bem da cabeça , tipo tu !
há 11 horas · Gosto · 1
Sara Silva Ahah, devo bater melhor que algumas pessoas !
há 11 horas · Gosto · 1
Dylan Neves Isso já não me diz respeito
há 11 horas · Gosto · 1
Sara Silva Ah pois ! Eheh..
há 11 horas · Gosto · 1
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Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 25
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Luana Sofia Pimentel
Um dia vais dar valor ao que tens e ai vai ser tarde :$
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Nuno Sousa, Maria Manuel Mexia e 2 outras pessoas gostam disto.
Bernardo Baptista Entao Luana ?
há 10 horas · Gosto
Luana Sofia Pimentel vida **
há 10 horas · Gosto
Bernardo Baptista Se precisares de falar estou aqui!!!Sabes bem não sabes ?
há 10 horas · Gosto
Luana Sofia Pimentel sim sei :) obrigado
há 10 horas · Gosto · 1
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Mais históriase as necessidades gerais do desenvolvimento; o
estabelecimento do trabalho privado, ressurgindo novos capitalistas.
Estas medidas resultaram na desintegração do Estado socialista,
eliminando a ameaça da Guerra Fria, unificando o mercado mundial e
dando espaço ao avanço capitalista impulsionado pela modernização e
pela revolução da tecnologia e da informação, hegemonizado pela
ideologia neoliberal.
O “Consenso de Washington”, [xvii] que é o sustentáculo do processo
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 26
de globalização, foi um conjunto de propostas elaborado em meados da
década de oitenta pelos Estados hegemônicos do sistema mundial que
abrangia desde o futuro da economia mundial às políticas de
desenvolvimento e especificamente o papel do Estado na economia.
Destaco que esse consenso buscava uma ideologia positiva,
legitimando o sistema e que também justificasse a nova ação dos
monopólios pelo planeta, atendendo às necessidades do capitalismo
moderno.
SANTOS, B. S. (2002), destaca os principais traços dessa nova
economia mundial que são: economia dominada pelo sistema financeiro
e pelo investimento à escala global, processos de produção flexíveis
e multilocais, revolução nas tecnologias de informação e
comunicação, desregulamentação das economias nacionais,
preeminências das agências financeiras multilaterais. Ele também
resume as implicações dessas transformações para as política
econômicas nacionais que são traduzidas pelas seguintes exigências:
as economias nacionais devem abrir-se ao mercado mundial, e os
preços domésticos devem adequar-se aos preços internacionais; deve
ser dada prioridade à economia de exportação; as políticas
monetárias e fiscais devem ser orientadas para a redução de inflação
e da dívida pública; o setor empresarial do Estado deve ser
privatizado; a tomada de decisão privada, apoiada por preços
estáveis, deve ditar os padrões nacionais de especialização; deve se
garantir a mobilidade de recursos, de investimentos e dos lucros; a
regulação estatal deve ser mínima; deve reduzir-se o peso d
políticas sociais no orçamento do Estado, reduzindo o montante das
transferências sociais, eliminando sua universalidade.
A todas essas exigências, esses ajustes estruturais, principalmente
os países periféricos tiveram que se submeter como condição para
renegociarem suas dívidas externas com as agências financeiras
multilaterais, pois, só depois que as economias fossem
liberalizadas, o capital global entraria nesses países, e estes, não
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 27
por acaso, estavam com as suas economias deterioradas após a
primeira etapa de globalização financeira na década de
oitenta[xviii].
GONÇALVES, R. (1999), ressalta que a liberdade de escolha, diante de
opções políticas e ideológicas mais liberalizantes parece ter
desempenhado um papel coadjuvante no processo de liberalização,
tendo em vista a força avassaladora e a gravidade da realidade
econômica, bem como a própria incapacidade das elites nacionais de
definirem projetos alternativos de ajuste e de desenvolvimento.
As agências multilaterais coordenaram o processo, FMI e Banco
Mundial impuseram as regras determinando as políticas econômicas e
os gastos públicos com o objetivo de disciplinar os governos d
vários países, especialmente dos países periféricos dentro da
economia capitalista, principalmente após a década de 80, contando
com governantes representando interesses internacionais.
Essa pressão política teve, na gestão de Clinton, o maior empenho,
pressionando diretamente os governos do mundo inteiro e instruindo o
FMI para implantar essa estratégia de maneira mais rígida possível
e, segundo CASTELLS, M. (1999), a meta era a unificação de todas as
economias ao redor de um conjunto de regras homogêneas do jogo, para
que o capital, os bens e os serviços pudessem fluir para dentro e
para fora, conforme os critérios de mercado.
Entendo que as metas fiscais impostas pelo FMI tornam quase
insignificativa a ação estatal no combate às desigualdades sociais,
pois um aumento dos investimentos nas áreas sociais que venham
comprometer os superávits exigidos, ou descumprir os acordos
firmados, resultará na fuga de capitais e diminuirá a credibilidade
dos “investidores globais”.
Por esse aspecto, concordo com SANTOS, B. S. (2002), quando diz que
o Estado-Nação parece ter perdido a sua centralidade tradicional
como unidade privilegiada de iniciativa econômica, social e
política, e também com CASTELLS, M. (1999), ao afirmar que o
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 28
controle do Estado sobre o tempo e o espaço vem sendo sobrepujado
pelos fluxos globaisde capital, produtos, serviços, tecnologia,
comunicação e informação.
Assim sendo, os estados acionais, que, por quase todo o século
passado, tinham como um dos seus principais objetivos a promoção do
bem-estar social e econômico da nação e eram um instrumento de
defesa desta, foram se enfraquecendo à medida que avançava o
processo de globalização ou de transnacionalização, reduzindo a
proteção externa de suas economias, adaptando-as com as economias
mundiais e diminuindo a sua capacidade de controlar os fluxos de
pessoas, bens e capital
Na visão de BAUMAN, Z.(1999), os pés do “tripé da soberania”, como
ele chama, foram quebrados sem esperança de conserto. A
auto-suficiência militar, econômica e cultural do Estado deixou de
ser uma perspectiva viável. E isso, segundo esse autor, para
preservar sua capacidade de policiar a lei e a ordem, os Estados
buscaram alianças e entregaram voluntariamente pedaços cada vez
maiores da sua soberania.
Saliento que os mercados financeiros desempenharam papel importante
nesse processo, estimulado pelos desenvolvimentos tecnológicos[xix]
e pela desregulamentação do sistema bancário pelos países centrais,
principalmente pelos EUA no governo Reagan, que tentava, dessa
maneira, atrair capitais para estancar o processo de desvalorização
do dólar e amenizar a difícil situação de permanentes déficits na
balança de pagamento dos EUA.
O capital necessitava expandir além dos limites dos mercados de
capitais dos países desenvolvidos e fugir das regulamentações
nacionais do mercado financeiro, para com isso se proteger da
instabilidade monetária e cambial resultante das crises e do fim da
paridade do dólar em relação ao ouro em 1971. A estratégia era
diversificar seus recursos, dispersando-os geograficamente.
Os grupos transnacionais, através de suas próprias instituições
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 29
financeiras, passaram a atuar diretamente no sistema financeir
internacional e, com o desenvolvimento do mercado de euromoedas nos
anos 60 e 70, começou se configurar o atual sistema financeiro
internacional.
Por outro lado, o crescimento dos fluxos de capital de origem
criminosa[xx] também foi um fator relevante e desestabilizante, pois
esses fluxos necessitam ser processados com maior mobilidade e
flexibilidade que qualquer outro, para com isso impedir o
rastreamento de seu giro constante pelas autoridades competentes.
Outro fator importante é que, na tentativa de retomada do
crescimento econômico através do aumento dos gastos públicos em
armamento pelo governo Reagan e aumento do crédito, houve um
crescente endividamento público e privado que resultou na emissão de
títulos – particularmente os públicos – para financiar essas
dívidas, e esses títulos são a base do mercado financeiro global.
Também tiveram significativa “contribuição” os empréstimos
contraídos pelos governos que superam, muitas vezes, as reservas
monetárias dos bancos centrais, colocando vários países em condições
de extrema dependência externa.
Com isso, o controle estatal, através de políticas monetárias,
políticas de crédito e fluxos financeiros, passou a ser
enfraquecido, pois com as economias nacionais inter-relacionadas,
créditos sem critérios, aumento da concorrência desenfreada no
sistema econômico mundial, e, dado ao grande volume de capital
envolvido, os movimentos especulativos e o potencial destrutivo do
capital têm conseguido condicionar até as políticas econômicas dos
países ricos.
Com o avanço da globalização econômica, as estabilidades cambiais e
monetárias são essenciais para garantir o volume de investimentos e
o livre fluxo de capitais (de curto prazo) e mercadorias, além da
arbitragem internacional das taxas de juros das quais o capital
financeiro internacional se beneficia ganhando com as diferentes
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 30
alíquotas.
Mas a globalização do mercado financeiro trouxe ao sistema grande
grau de instabilidade e alguns setores capitalistas que clamam por
uma nova regulamentação, pois a especulação desenfreada em escala
mundial, da qual participam bancos, empresas, fundos de pensão,
investidores individuais e a capacidade de instantâneas
transferências de recursos de uma praça financeira a outra tornam a
crise uma possibilidade permanente.
Essas tensões e vulnerabilidades externas[xxi] impõem às nações uma
trajetória de instabilidade e crise e enfraquecem as estruturas
econômicas a ponto de um país que desfruta de uma relativa
estabilidade do sistema econômico internacional se vê refém das
expectativas desfavoráveis quanto à manutenção de sua trajetória a
longo prazo.
A vulnerabilidade externa será maior quanto menor for o poder de
defesa de um país contra esses ataques, ou seja, quanto menores
forem as alternativas de políticas de ajustes e quanto maior for o
custo do processo de ajuste. Desse modo, são sempre mais vulneráveis
aqueles países subdesenvolvidos, e a volatilidade dos fluxos
econômicos internacionais se reflete nas economias nacionais, em
mudanças drásticas, na quantidade e no preço do capital externo e
das mercadorias.
Esse custo negativo da resistência à vulnerabilidade externa se
traduz em políticas de estabilização macroeconômica contracionistas,
reorientando e reduzindo o nível dos gastos, através dos mecanismos
tradicionais das políticas monetárias, fiscais e cambiais que afeta
os volumes de produção, da renda, dos gastos e preços relativos.
Através da política monetária, os bancos centrais modernos tentam
controlar (vendendo e comprando títulos da dívida pública no mercado
aberto) a oferta e demanda de moeda e, por conseguinte, a taxa de
juros.
Por esse instrumento, aumenta-se a taxa de juros básica, para
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 31
reduzir os preços dos títulos e remunerar alto as taxas de retorno
nesses investimentos, fazendo com que o governo venda esses títulos
retirando moeda da economia para reduzir a inflação, o que acarreta
em estagnação da economia, gerando desemprego.
Através de uma política fiscal contracionista, o governo aumenta os
impostos, diminuindo a renda disponível das pessoas, reduzindo o
consumo, as vendas, o nível de produção e os novos investimentos no
curto prazo.
Também poderão ser adotadas medidas como a centralização do câmbio,
que são medidas de controle direto sobre as contas externas em
situações extremas, quando as nações são levadas, muitas vezes, à
moratória da dívida externa.
Mas o movimento dos fluxos financeiros internacionais cria uma
instabilidade nos sistemas monetários nacionais, afetando a oferta
de moeda, o nível de preços e as taxas de juros internas, pois é
através delas que os governos conseguem uma margem de arbitragem,
estabilizando os fluxos. Com o aumento das taxas de juros internas,
ocorrem crescentes déficits nas contas públicas, e o endividamento
interno torna-se quase incontrolável.
Outra característica é que há, nesse contexto, uma predominância do
capital financeiro sobre o capital produtivo e um crescimento cada
vez maior do mercado financeiro com relação ao crescimento do
comércio global, onde as grandes corporações planejam suas
produções, seus investimos, o rumo de suas empresas, conforme o
impacto que isso irá causar no mercado de ações.
Os fluxos de capitais aumentaram drasticamente em relação às taxas
de exportação. As transações financeiras intercambiais puramente
especulativas alcançam um volume diário que ultrapassa os US$ 1,3
bilhões, superando em cinqüenta vezes os volumes de trocas
comerciais e diariamente se equivalem à soma das reservas dos
“bancos centrais” do mundo, segundo BAUMAN, Z. (1999), e, no ano,
superam em mais de dez vezes o valor do PIB global, afirma
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 32
(CASTELLS, M. 1999). Isso tudo facilitado com a integração dos
circuitos financeiros em âmbito internacional, sob o comando do
capital financeiro dos países centrais e com a contribuição dos
governos locais que emitem títulos públicos a uma taxa de juros
atrativa ao capital externo, especulativo e de curto prazo, pois,
desse modo, financiam suas contas.
BAUMAN, Z. (1999), afirma que vivemos num mundo em que o capital não
tem domicílio fixo, e os fluxos financeiros estão bem além do
controle dos governos nacionais e que muitas das alavancas da
política econômica não mais funcionam.
Outra característica desse processo é que com a diminuição do poder
de ação estatal no mundo globalizado aumentou drasticamente a
diferença entre os países pobres e ricos e também entre os pobres e
os ricos de cada país. Alguns autores afirmam que não há
globalização efetivamente, pois, à medida que se abrem as fronteiras
econômicas pelo mundo, se reforçam as fronteiras econômicas dos
países hegemônicos ou centrais, e o comércio internacional ocorre em
situações desiguais, entre países com condições sócio-econômicas e
culturais diferentes.
É a globalização da pobreza, afirma SANTOS B. S. (2002), e ela
também resulta do desemprego, da destruição das economias de
subsistência e da minimização dos custos salariais à escala mundial.
Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT)[xxii] e
dados do Banco Mundial, a maior parte dos países em desenvolvimento
apresenta taxas de desemprego e subemprego elevadas que podem chegar
até 35% da força de trabalho, ou seja, 1 bilhão de desempregados e
75% da humanidade vivendo abaixo da linha da pobreza, isto é, com
uma renda inferior a US$ 370,00 por ano ou menos de US$ 2,00 por
dia.
Em 1960, os 20% mais ricos da população mundial tinham sua renda
maior em 30 vezes aos 20% mais pobres. Já em 1990, a proporção
atingiu 60 para 1 e, em 1997, alcançou a distância de 74 para 1.
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 33
Esse fato evidencia a necessidade de se beneficiar dos avanços
conseguidos com a globalização e repensar o Estado-Nação para
encontrar a solução para o problema da pobreza mundial.
Em decorrência disso, houve nos últimos anos, um aumento em escala
mundial da violência, dos crimes, degradação da qualidade de vida do
trabalhador, pobreza e aumento das favelas, áreas irregulares sendo
ocupadas, depredação do meio ambiente, etc.
Na medida em que o Estado Nacional já não é mais o único
sustentáculo dos sistemas econômicos, este se encontra com um
elevado grau de exposição e vulnerabilidade, submetido a tensões de
diferentes lógicas de funcionamento que movem os mercados globais.
Outro fato é que o contexto internacional exerce uma forte
influência no campo da regulação jurídica da economia, no sentido da
uniformização e da normalização. Concordo com SANTOS, B. S. (2002),
quando salienta que a criação de requisitos normativos e
institucionais para as operações de desenvolvimento do modelo
neoliberal envolve, por isso, uma destruição institucional e
normativa de tal modo massiva que afeta, muito para além, o papel do
Estado na economia, a legitimidade global do Estado para organizar a
sociedade.
Com a transnacionalização da regulação estatal na economia e sua
várias políticas, como a de estabilização macroeconômica e de ajuste
estrutural, exigiram-se mudanças legais e institucionais em grande
porte, pois elas surgiram após um longo período de intervenção
estatal na economia e no campo social, por isso essa diminuição do
Estado é obtida através da forte intervenção estatal.
Como escreve SANTOS, B. S. (2002), desregular implica uma intensa
ação regulatória do Estado para pôr fim à regulação estatal
anterior.
Destaco que, mesmo restando pouca margem de ação ao encolhido
Estado-nação, após toda essa etapa de desregulamentação da economia,
privatização de empresas rentáveis e estratégicas ao desenvolvimento
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 34
social e econômico, é preciso pensar em alternativas para o Estado,
ou, como afirma GIDDENS, A.(2000) é preciso reafirmar e reinventar
o governo diante do mercado.
Apesar de toda essa conjuntura delicada e quase inflexível,
após passar por várias mudanças políticas, econômicas, culturais,
entre outras, faz-se necessário pensar alternativas que possibilitem
a reversão no papel do Estado para além de construir um orçamento
equilibrado, sem sofrer a punição dos mercados mundiais, que, em
fração de segundos, podem quebrar com pessoas, empresas e nações em
qualquer parte do mundo.
Entendo que o Estado deve buscar a possibilidade de regular o
mercado e neutralizar os efeitos desestabilizadores do ciclo
econômico, e essa busca do Estado do bem-estar não pode deixar de
ser um objetivo futuro, uma utopia a ser alcançada pelos
governantes.
É preciso adotar uma política fiscal progressiva que onere mais quem
mais dispõe ou concentra renda e riqueza, combatendo a sonegação
existente, de maneira que viabilize a execução de programas de
moradia, saúde, educação, previdência social e política de geração
de emprego e renda
Nesse contexto, é imprescindível o fortalecimento dos blocos
periféricos para conseguir maior equidade ou se contrapor aos blocos
hegemônicos nessas esferas econômicas globais, procurando a
eficiência das administrações públicas, desburocratizando-as e
aumentando os mecanismos de transparência destas e os mecanismos de
controle popular.
Acredito que também pode ser providente, principalmente aos países
periféricos, criar vantagens comparativas[xxiii] especiais como
alternativa e compensando o atraso na industrialização desses
países, gerando poupança interna, combatendo o endividamento.
É preciso se desvencilhar das armadilhas da ortodoxia do mercado
financeiro internacional – que, para manter a especulação financeira
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 35
em escala mundial, destrói com a economia de vários países - e do
conservadorismo político e reestruturar, revitalizar a soberania
nacional, redimensionando a globalização com novos limites em função
do interesse social.
Toda modernização, toda transformação do mundo econômico não tem
somente o seu lado ruim ou bom, mas cabe aos governantes avaliar
pragmaticamente, do ponto de vista do bem-estar econômico e social,
e buscar o que lhe é mais vantajoso.
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 36
Abertura das fronteiras
O Acordo de Schengen é uma convenção entre países europeus sobre uma
política de abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas entre os países
signatários. Um total de 30 países, incluindo todos os integrantes da União
Europeia (exceto Irlanda e Reino Unido) e três países que não são membros da
UE (Islândia, Noruega e Suíça), assinaram o acordo de Schengen. Liechenstein,
Bulgária, Roménia e Chipre estão em fase implementação do acordo.
A área criada em decorrência do acordo é conhecida como espaço
Schengen e não deve ser confundida com a União Europeia. Trata-se de dois
acordos diferentes, embora ambos envolvendo países da Europa. De todo
modo, em 02 de outubro de 1996 o acordo e a convenção de Schengen
passaram a fazer parte do quadro institucional e jurídico da União Europeia,
pela via do Tratado de Amsterdão. É condição para todos os estados que
adiram à UE aceitarem as condições estipuladas no Acordo e na Convenção de
Schengen.
Definição: O Espaço Schengen permite a livre circulação de pessoas
dentro dos países signatários, sem a necessidade de apresentação de
passaporte nas fronteiras. Mesmo que não haja controle nas fronteiras, os
cidadãos residentes nos países signatários devem, por norma, portar um
documento legal de identificação, como bilhete de identidade. Para os turistas
de países não signatários, a prova de identidade é sempre o passaporte ou, no
caso de longa permanência, o documento legal substitutivo, emitido pelas
autoridades de imigração de um dos países signatários.
O espaço Schengen não se relaciona com a livre circulação de mercadorias
(embargos, etc.). Nesse caso, a entidade mediadora é a União Europeia, bem
como os governos dos países membros que não participam do bloco
económico.
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 37
Estados-membros pertencentes à União Europeia
Estados-membros não pertencente à União Europeia
Estados-membros que aguardam a implementação
Estados-membros que apenas cooperam policial e judicialmente
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 38
Desenvolvimento das comunicações
Uma das maiores demandas no mundo corporativo é sem dúvida a
comunicação. Aprendemos nas escolas formais técnicas de administração
moderna, gerenciamento, planejamento, etc. Quando focamos a atenção no
avanço tecnológico, seja qual for à direção que tomemos, veremos o quanto à
ciência evoluiu e o quanto o homem é capaz. Porém, quando se trata de
comunicação, podemos observar uma lacuna, um buraco negro que algumas
vezes acaba por trazer prejuízos nas relações dentro das empresas.
Objetivos Gerais:
*
Capacitar o participante para uma comunicação elegante e eficiente.
*
Detectar e romper bloqueios e inibições na comunicação em público.
*
Potencializar virtudes e noções de marketing pessoal.
*
Aprender e exercitar técnicas de expressão corporal e teatro
Objetivos Específicos:
1.
Aprender técnicas de apresentação:
– Falar em público, para grandes e pequenas platéias.
– Congressos /mesa redonda.
– Coordenar reuniões.
– Uso de recursos: slides, vídeos, etc.
– Entrevistas: rádio e TV.
2.
Conhecer técnicas de comunicação não verbal:
– Aprender a ler o corpo do interlocutor
– Aprender a usar o corpo para comunicar (falar sem abrir a boca)
3.
Conhecer técnicas de persuasão e convencimento:
– Prestidigitação verbal.
– Mensagens subliminares.
– Usar a palavra para semear concórdia.
– Reforço positivo.
4.
Detectar e romper com bloqueios e inibições:
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 39
– Conhecer o sistema de crenças e circuitos mentais.
– Re-programar circuitos mentais potencializando virtudes.
– Adquirir recursos internos através de exercícios práticos.
5.
Conhecer e despertar em si os quatro tipos de comunicador:
– O guerreiro
– O curador
– O visionário
– O mestre
Metodologia:
*
Aulas teóricas com apostilas.
*
Exercícios práticos em grupo.
*
Apresentações filmadas em vídeo.
*
Técnicas teatrais como ferramenta de comunicação e expressão corporal.
*
Jogos lúdicos para desenvolvimento corporal e vocal.
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 40
Liberação das trocas
O comércio internacional ou comércio exterior é a troca de bens e
serviços através de fronteiras internacionais ou territórios. Na maioria dos
países, ele representa uma grande parcela do PIB. O comércio internacional
está presente em grande parte da história da humanidade (ver rota da seda),
mas a sua importância econômica, social e política se tornou crescente nos
últimos séculos. O avanço industrial, dos transportes, a globalização, o
surgimento das corporações multinacionais, o outsourcing tiveram grande
impacto no incremento deste comércio. O aumento do comércio internacional
pode ser relacionado com o fenômeno da globalização.
O comércio internacional é uma disciplina da teoria econômica, que,
juntamente com o estudo do sistema financeiro internacional, forma a
disciplina da economia internacional.
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 41
Expansão multinacionais
As empresas transnacionais são como filhos
que seguiram os passos dos pais e acabaram
superando-os em seus empreendimentos
pessoais e profissionais.
Dizendo de um modo mais objetivo,são
empresas
que
nasceram
com
uma
nacionalidade e,com seu crescimento ,
deixaram de ser apenas nacionais . Tornaramse multinacionais à medida que se expandindo e,para que seus produtos
fossem aceitos nos mercados dos países onde foram se instalando devido a
exigências locais,tiveram de passar por tantas modificações que perderam a
identidade
de
origem.
Com
isso
,
tornaram-se
transnacionais.
A maior característica das empresas transnacionais é de que ela pode produzir
os componentes de um produto num país , fazer a montagem final num
segundo país , e vender esses produtos em um terceiro país , e assim por
diante . No Brasil , os maiores exemplos são as indústrias de automóveis.
As empresas transnacionais são as maiores responsáveis pela globalização da
produção.
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 42
Centro de decisões do Sistema Mundo: E.U.A, U.E e Japão
Até à desagregação do bloco socialista, coexistiram duas vias de
afirmação de poder e de decisão: uma, que radicou na existência de ideologias
opostas, centrada sobretudo no poder militar das superpotências, conduziu à
constituição de um mundo bipolar - EUA/URSS; outra, baseada no poder
económico, consolidou um mundo multipolar, centrado em diversos espaços
geográficos cujas interacções se processam em diferentes escalas de análise.
Na 1ª Metade deste século assiste-se ao apogeu do domínio económico e
político da Europa Ocidental e à afirmação dos EUA (e de alguma forma
também da URSS e do Japão embora mais tardiamente). O seu domínio da
economia mundial era devido:
Expansão das suas áreas de influência comercial (colónias);
Crescimento da produção Industrial (carvão, ferro, produtos químicos,
electricidade e motor de combustão/automóveis);
Reorganização dos processos de produção e comercialização dos seus produtos
industriais ("Taylorismo" e "Fordismo" - divisão de tarefas, estandardização e
trabalho em cadeia);
Expansão das redes de transportes (encurtamento distância-custo e distânciatempo);
Passagem de um capitalismo industrial para um capitalismo financeiro e
tendência a formação de monopólios.
A partir da 2ª Guerra Mundial as bases económicas e políticas do sistema
mundo alteraram-se porque:
•Aumentaram os actores em presença, devido à emergência de vários
Estados-Nações e de poderes supranacionais, ao mesmo tempo que se
reafirmam os poderes locais/regionais e os das multinacionais;
•Alteração das interacções e interdependências que se estabelecem a
nível espacial, cultural e económico.
Deste modo, a afirmação do poder e decisão começou a processar-se através
de duas vias:
•Poder Militar das duas potências vencedoras da guerra (EUA e URSS)
que devido às sãs ideologias opostas estão na origem da bipolarização do
mundo;
•Poder Económico que, centrado em várias áreas geográficas e com
protagonistas diversificados, deu origem a um mundo multipolar.
Assim foi reforçado, a nível mundial, o poder económico da Europa, dos EUA,
do Japão, das empresas transnacionais e dos NPI (Novos Países
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 43
industrializados).
A Revolução Industrial ao produzir em quantidade numerosos produtos, obriga
os países industrializados a procurar novos mercados para os colocar
asfixiando as produções artesanais dos países ou territórios não europeus,
como a Índia. Ao mesmo tempo que vai retirando recursos naturais de vastas
áreas, oferecendo muito pouco em troca desta exploração.
Países como o Reino Unido, a Alemanha e a Itália lutam pelos territórios ainda
pouco povoados (disputa do mapa cor-de-rosa), Estados ainda independentes
(Etiópia) ou velhos impérios asiáticos (China, Turquia, Pérsia).
Esta luta pela partilha do mundo tem como causas a necessidade de aumentar
os mercados para exportação dos produtos fabricados pelos Países
Industrializados da Europa Ocidental e, ao mesmo tempo, procurar novas áreas
para desenvolver a agricultura de plantação ou explorar novas jazidas de
matérias-primas minerais e energéticas.
"A evolução económica do mundo inteiro, entre 1914 e 1945 está
estreitamente ligada às convulsões do Mundo "Branco". As repercussões dos
acontecimentos que têm lugar na América do norte e na Europa são profundas
tanto na África como na Ásia e estes continentes não evoluíram de maneira
autónoma."
Guillaume, P. e Delfaud, P. (1976), Nouvelle Histoire Economique, Tome 2 "Le
XXe. Siècle"
A fragilidade das economias das colónias e dos novos países foi
particularmente sentida durante a grande crise dos anos trinta:
No final da Primeira Guerra, a indústria dos EUA era responsável por quase
50% da produção mundial. Através da riqueza o país criou um novo estilo de
vida: "The American way of life". Este caracterizava-se pela aquisição de
automóveis, electrodomésticos e todos os produtos industrializados.
Entretanto, em 1929, os EUA mergulharam numa terrível crise de repercussão
mundial pois terminada a guerra, os países europeus voltaram a organizar-se e
a desenvolverem a sua estrutura produtiva. Como tal, reduziram as
importações de produtos americanos. A Inglaterra, a França e a Alemanha
foram actualizando rapidamente os seus métodos industriais. Isso colaborou
para aumentar o desequilíbrio entre o excesso de mercadorias produzidas
pelos EUA e o escasso poder aquisitivo dos consumidores Europeus.
Configurava-se assim uma conjuntura económica de superprodução capitalista.
Desta forma, os EUA deixaram de ser o país com maiores níveis de produção
industrial dando lugar aos países europeus.
Para vencer esta crise, as nações colonialistas voltaram-se para o
estreitamento das relações com as colónias, impondo medidas proteccionistas,
ao passo que países como a Alemanha optaram pelo rearmamento.
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 44
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 45
Novas economias emergentes: China, Ìndia e Brasil.
Em economia, BRIC é uma sigla que se refere a Brasil Rússia, Índia, China, que
se destacam no cenário mundial como países em desenvolvimento. O acrônimo
foi cunhado e proeminentemente usado pelo economista Jim O'Neill, chefe de
pesquisa em economia global do grupo financeiro Goldman Sachs, em um
estudo de 2001 intitulado "Building Better Global Economic BRICs".
O México e a Coreia do Sul seriam os únicos países comparáveis com os países
BRIC, de acordo com um artigo publicado em 2005, mas suas economias foram
excluídas inicialmente porque já foram considerados mais desenvolvidas. O
Goldman Sachs argumenta que, uma vez que estão em rápido
desenvolvimento, em 2050, o conjunto das economias dos BRICs pode eclipsar
o conjunto das economias dos países mais ricos do mundo atual. Os quatro
países, em conjunto, representam atualmente mais de um quarto da área
terrestre do planeta e mais de 40% da população mundial.
O Goldman Sachs não afirma que os BRICs se organizam em um bloco
econômico ou uma associação de comércio formal, como no caso da União
Europeia. No entanto, há fortes indícios de que "os quatro países do BRIC têm
procurado formar um "clube político" ou uma "aliança", e assim convertendo
"seu crescente poder econômico em uma maior influência geopolítica." Em 16
de junho de 2009, os líderes dos países do BRIC realizaram sua primeira
reunião, em Ecaterimburgo, e emitiram uma declaração apelando para o
estabelecimento de uma ordem mundial multipolar.[14] Desde então, os BRICs
realizam cúpulas anuais e, em 2011, convidaram aÁfrica do Sul a se juntar ao
grupo, formando o BRICS.
Brasil
Presidente (chefe de Estado e de Governo): Dilma Rousseff
Índia
Presidente (chefe de Estado): Pratibha Patil
Primeiro-ministro (chefe de governo): Manmohan Singh
China
Presidente (chefe de Estado): Hu Jintao
Primeiro-ministro (chefe de governo): Wen Jiabao
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 46
Desenvolvimento dos mercados financeiros
Vamos analisar esse desenvolvimento de três ângulos complementares. O
desenvolvimento do mercado acionário é medido pelo quociente entre o valor
de capitalização das empresas listadas em cada país por seu Produto Interno
Bruto (MKCAP) , como proposto por Tadesse (2002). Já o desenvolvimento do
mercado bancário pelo quociente entre o volume de débito de longo prazo e o
Produto Interno (LTD), também como em Tadesse (2002). A fonte dos dados é o
Relatório Anual do Banco Mundial (World Bank). Uma última variável
dependente indica a orientação do mercado de cada país: se é mais orientado
para mercado acionário ou mais orientado para mercado de crédito.
Utilizaremos a variável também desenvolvida por Tadesse (2002) e chamada
por ele de Arquitetura do Mercado (ARQ) e discutida na revisão bibliográfica.
Obtivemos dados de 42 países. São eles:
África do Sul
Dinamarca
Irlanda
Polônia
Alemanha
Egito
Israel
Portugal
Austrália
Espanha
Itália
Reino Unido
Áustria
Estados Unido
Japão
Singapura
Bélgica
Filipinas
Jordânia
Suécia
Finlândia
Malásia
Suíça
Canadá
França
México
Tailândia
Chile
Grécia
China
Holanda
Nova Zelândia
Colômbia
Índia
Paquistão
Brasil
Coréia
IRC2
Indonésia
Noruega
Turquia
Venezuela
Peru
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 47
Deslocação de empresas e fluxos de mão-de-obra
O fenómeno das migrações não só um fenómeno regional, mas também um
fenómeno de dimensões globais. Este processo tem consequências de grande
importância no domínio político, cultural, social, económico, religioso e
linguístico.
As migrações são movimentos ou deslocações massivos de populações que
tendem para um equilíbrio demográfico a nível global que, embora
inconsciente, tende a estabelecer um determinado equilíbrio de recursos
necessários à prosperidade de existência humana profícua. O homem tende a
procurar esse equilíbrio com o meio envolvente.
As migrações são movimentos horizontais de populações que tendem a um
equilíbrio demográfico. Há uma interdependência entre estes movimentos
horizontais e os movimentos verticais crescimento natural - condicionados pela
natalidade e mortalidade, sendo que, à medida que se acentuam os
desequilíbrios demográficos regionais, maior é a tendência para que as
populações efectuem movimentos migratórios para compensar o deficit.
Portugal como país de exploradores e mercadores sofreu múltiplas influências
ao longo da história dessas culturas exóticas, que trouxeram uma grande
mudança a nível cultural e particularmente linguístico, decorrente deste
contacto que se perpetuou durante séculos.
Nos dias que correm existe uma grande movimentação de populações para
países estrangeiros, nomeadamente Portugal, o que levanta novos problemas
decorrentes do contacto intercultural.
A Emigração é um direito universal e consiste num acto espontâneo em que o
ser humano tem de deixar seu local de origem para se estabelecer num outro
país. Trata-se do fenómeno oposto ao da imigração e a denominação aplica-se
em relação ao país em causa. Os que saem de Portugal são emigrantes e os
que entram são imigrantes. As migrações são por sua vez deslocações em
massa de populações.
O termo migração também é usado para designar os fluxos de população
dentro de um mesmo país sendo neste caso denominadas migrações internas.
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 48
A emigração e a imigração não devem ser confundidas com fenómenos de
migração involuntária.
Como imigração, considera-se o movimento de entrada, com intuito
permanente ou temporário e com a intenção de trabalhar e residir, de pessoas
ou populações, de um país para outro.
O imigrante não deve ser confundido com um nómada que é aquele que se
desloca entre fronteiras sem fixar residência. O imigrante não é um colono que
se desloca para uma região geralmente pouco povoada de seu país de origem
com espírito pioneiro. Nem escravos, banidos, deportados ou exilados que são
os deslocados que saem dos país de origem por razões compulsivas ou com os
refugiados que são deslocados temporariamente em razão de guerras ou
perseguições.
O fenómeno das migrações é, hoje em dia, não só um fenómeno regional, mas
também um fenómeno de dimensões globais. Este processo tem
consequências de grande importância em vários domínios. Dos diversos
factores que levam as populações a migrar estão uma distribuição desigual da
riqueza, existência de conflitos étnicos, religiosos, políticos ou guerra,
desemprego, fome, mas também e mais recentemente a deterioração dos
ecossistemas ambientais que forçam todos os anos milhares de pessoas a sair
do seu país de proveniência em busca de um futuro com melhores condições
de vida para si próprio e as suas famílias.
O fenómeno das migrações não é novo e pode-se encarar este fenómeno como
natural como acontece com várias espécies de aves como a andorinha, patos
entre muitas outras.
As migrações são grandes fluxos de populações que tendem para um equilíbrio
demográfico a nível global que, embora inconsciente, pretende estabelecer um
determinado equilíbrio de recursos necessários à prosperidade. O homem se
não encontra num determinado local meios de subsistência, o seu instinto de
sobrevivência leva-o a procurar outro com melhores condições.
Desde tempos pré-históricos que o ser humano, pelos mais variados motivos, é
levado a procurar melhores condições de vida. Estas migrações, na préhistoria, prolongavam-se durante várias gerações, pois não existia a mesma
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 49
mobilidade de hoje na idade do gelo. As migrações eram invariavelmente feitas
caminhando literalmente com a “casa às costas”, e de certo modo errantes,
nelas participavam a totalidade da família ou clã e não só os adultos como nos
dias de hoje.
Nas suas origens naturais as migrações do Homo erectus são tidas como os
primeiros fluxos em massa de populações, sendo depois seguidas das
migrações do Homo sapiens e trata-se de exemplos típicos de reequilíbrio
demográfico. Os fluxos seguintes já estão relacionados com guerras travadas
pela sede de conquista.
São de todos conhecidas as sucessivas invasões e relações comerciais
desenvolvidas na história de Portugal. Todas estas interacções deixaram
marcas culturais, étnicas, genéticas e linguísticas. Desde o seu inicio com os
gregos e fenícios, explorando uma perspectiva comercial e depois com as
invasões militares e ocupações de povos ditos bárbaros, Romanos e finalmente
árabes ou mais propriamente berberes do norte de África, que o território
português tem sofrido múltiplas influências.
Com os Descobrimentos, entre os séculos XV e XVI, abriram-se novos e
imensos horizontes geográficos. As colónias apresentavam grandes espaços
praticamente despovoados que permitiam uma oportunidade de emigrar para
novas paragens e a partir desta época abriu-se uma nova era na história das
migrações. É do conhecimento de todos que a partir desta data, espanhóis e
portugueses ocuparam países da América e África, Franceses e Britânicos,
ocuparam a América do Norte. Um grande impulso aos fluxos migratórios surge
na sequência do anterior e inicia-se de forma involuntária com o comércio de
escravos que foram sucessivamente introduzidos nos países americanos para
compensar a escassez de mão-de-obra nesses territórios. Os países
americanos actualmente possuem grande parte da sua população originária de
África ou descendente de africanos devido ao comércio triangular desenvolvido
pelos europeus durante séculos. O transporte destas imensas remessas de
pessoas era invariavelmente feito de barco em navios que se chamavam
negreiros.
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 50
As sociedades sempre evoluíram graças ao contacto com outras sociedades
independentemente do tipo de contacto e a história dá testemunho desta
realidade. Um dos efeitos mais profundos deste intercâmbio cultural está na
linguagem e no vocabulário. A língua Portuguesa sofreu muitas influências
fruto dos contactos desenvolvidos por razões comerciais e que se prolongaram
por séculos com povos ultramarinos durante a diáspora e que ficaram até aos
nossos dias. Os navegadores portugueses que partiram em busca do
desconhecido usaram a sua própria língua para comunicar com as novas
culturas. O intercâmbio entre culturas possui grande importância na ampliação
lexical e no desenvolvimento das línguas que sofrem interferências constantes
e o contacto próximo e massificado acentua esta evolução.
A história social de um povo reflecte-se também na história da sua língua e as
novas culturas eram também novos cheiros, sabores, costumes e novos
vocábulos.
O português é uma das cinco línguas mais faladas no mundo e estima-se em
220 milhões o número de falantes. Esta difusão começou com os
descobrimentos e consequente expansão ultramarina. O tratado de Tordesilhas
determinou a área de expansão das duas potências concorrentes, Portugal e
Espanha e como resultado a área de influência destas duas nações era enorme.
A influência da nossa língua chegou a locais tão remotos como Timor e até a
língua japonesa sofreu muitas influências da interacção comercial dos
mercadores portugueses.
A necessidade de criar e manter as colónias portuguesas exigia da Coroa
Portuguesa uma politica eficaz de colonização visto que Portugal não possuía
população suficiente para ocupar de facto os territórios. A povoação de
territórios desabitados como os arquipélagos dos Açores e Madeira levaram ao
escoamento de parte da população do interior de Portugal nomeadamente do
Algarve, Beiras e Trás-os-Montes. Mais tarde o esforço de colonização do Brasil
e outros territórios de África impulsionaram novamente este êxodo rural. Como
a população portuguesa era escassa para ocupar os territórios, foi política dos
governadores portugueses estimular os casamentos mistos como forma de
cimentar laços com as populações autóctones, tal processo foi particularmente
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 51
visível nas colónias de Goa, Damão e Diu. Ao contrário de outros países
colonizadores que proibiam os casamentos mistos, Portugal com esta politica
mantinha os seus interesses nestas possessões longínquas. O efeito foi um
sem número de influências culturais e linguísticas e a consequente
miscigenação étnica.
As primeiras influências estão necessariamente associadas à Gastronomia. A causa de
toda a expansão havia sido o comércio de especiarias muito dispendiosas na Europa.
Como consequência do comércio, o preço e abundância destes produtos decresceram
exponencialmente e as ditas especiarias começaram a ser vulgares nos temperos da
culinária da metrópole até nas classes mais baixas. Outra influência visível encontrase na língua, onde termos oriundos das culturas contactadas foram gradualmente
absorvidos pela nossa língua. Palavras de origem nas línguas nativas angolanas
Quimbundo e no Tupi-Guarani falado no Brasil e outros vocábulos oriundos línguas
africanas e asiáticas, entraram no léxico português. Os exemplos destas influências
podem ser vistos nas figuras seguintes:
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 52
Aumento de desigualdades
As desigualdades e a exploração aumentaram muito em Portugal nos últimos anos.
Mostrar isso, utilizando apenas dados oficiais, é o objectivo deste estudo. Desta forma
procura-se contribuir para chamar a atenção para uma realidade preocupante que não
poderá ser nem ignorada nem esquecida pelo governo "Sócrates 2".
De acordo com dados do Banco de Portugal, do INE e do Eurostat a percentagem que as
remunerações, quer incluindo as contribuições sociais quer sem contribuições sociais,
representam da riqueza criada, ou seja, do PIB diminuiu muito após o 25 de Abril. Assim,
em 1975, ano em que a situação foi mais favorável para os trabalhadores, as
remunerações "liquidas", ou seja, sem contribuições sociais mas antes do pagamento do
IRS, representaram 59% do PIB, enquanto este ano (2009) prevê-se que representem
apenas 34,1% do PIB, ou seja, menos 42,2% do que a percentagem de 1975 (em pontos
percentuais, menos 24,9 pontos). Se os trabalhadores recebessem em 2009 um valor
correspondente à mesma percentagem do PIB que receberam em 1975, receberiam em
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 53
2009 mais 40.860 milhões de euros de salários (Quadro I). Este valor dá uma ideia clara
das consequências para os trabalhadores do agravamento da desigualdade na repartição
da riqueza criada anualmente que se verificou depois de 1975.
Numa sociedade capitalista como é a nossa, o grau de exploração dos trabalhadores é
medido pela taxa de mais valia ou taxa de exploração. As estatísticas em Portugal assim
como as União Europeia não são elaboradas de molde a se poder calcular com precisão
a taxa de mais valia, pois isso poria em causa o próprio sistema capitalista. No entanto
mesmo com as limitações existentes pode-se utilizar os dados oficiais para calcular uma
taxa que dá uma ideia clara do aumento da exploração em Portugal nos últimos anos. E o
valor que se obtém para essa taxa é de 46,3% em 1975 e de 100,6% em 2009. Portanto,
a dimensão da exploração dos trabalhadores em Portugal mais que duplicou entre 1975 e
2009.
De acordo com um estudo recente divulgado pela OCDE, Portugal é um dos países onde
é maior a desigualdade na distribuição do rendimento. É precisamente no nosso País
onde o coeficiente de Gini, que mede a desigualdade, é mais elevado (0,385). A média
nos países da OCDE é de 0,311 (Gráfico I). Depois de Portugal, na OCDE apenas
existem dois países: Turquia e México.
A pobreza está também a atingir milhares de trabalhadores com emprego devido aos
baixos salários que auferem. No fim de 2008, 139,5 mil trabalhadores por conta de outrem
recebiam um salário liquido médio mensal inferior a 310 euros por mês, e os que
recebiam salários até 600 euros correspondiam a 40,9% do total de trabalhadores por
conta de outrem (Quadro II).
Uma camada numerosa da população muito afectada pela desigualdade na repartição do
rendimento são os reformados. Em Julho de 2009, a pensão média de velhice de
1.843.375 reformados era apenas de 384,72 euros por mês, e 981.181 mulheres
recebiam da Segurança Social uma pensão média de velhice ainda mais baixa (292,10
euros), portanto um valor muito inferior ao limiar pobreza (354,28€/mês-14 meses). Em
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 54
relação aos reformados por invalidez a situação é ainda mais grave. A pensão media dos
300.173 pensionistas por invalidez paga pela Segurança Social era, em Julho de 2009, de
apenas 321,25 euros. E o valor das pensões auferidas pelas mulheres (em média
281,10€ por mês) correspondia apenas a 77,8% das do homem. Mas existem distritos em
que as percentagens são ainda inferiores, como sucede com Lisboa (69,4%) e Setúbal
(64,4%) – (Quadros III e IV). Se a análise for feita por escalões de pensões conclui-se que
79% dos pensionistas de velhice e de invalidez recebem uma pensão inferior a 407 euros
(Quadro V)
Alterar a profunda desigualdade que existe na distribuição do rendimento e da riqueza em
Portugal é uma obrigação do próximo governo. E isto até porque a desigualdade existente
é uma das causas da fragilidade actual do tecido social e económico do país, e do atraso
de Portugal. E como refere a própria OCDE, "a única forma sustentável de reduzir a
desigualdade é travar o desfasamento de salários e rendimentos de capital que lhe está
subjacente" (Crescimento Desigual? Distribuição do Rendimento e Pobreza nos Países
da OCDE, pág.3, 2009). Para além de uma politica salarial justa que o governo de
"Sócrates I" sempre recusou é necessário também alterar um conjunto de leis que estão
também a contribuir para agravar as desigualdades: leis fiscais que protegem os
rendimentos do capital mas penalizam os rendimentos do trabalho; lei do subsidio de
desemprego que exclui centenas de milhares de desempregados do acesso ao subsidio
de desemprego; leis da segurança social que reduzem o valor das pensões dos
trabalhadores que se reformam e que também impedem a melhoria mesmo das pensões
mais baixas dos que já estão reformados; Código do Trabalho, Regime do Contrato de
Trabalho em Funções Públicas, Lei 12-A/2008, que estão a determinar a
desregulamentação das relações de trabalho, dando todo o poder às entidades
empregadoras e reduzindo drasticamente os direitos de quem trabalha; etc.
QUADRO I – A repartição da riqueza criada em Portugal (PIB) no período 1973-2009
ANOS
1973
1974
IRC2
Remunerações
Remunerações
com
Contribuições
sem
PIB
Contribuições
Sociais
contribuições % Remunerações % Remunerações
Milhões
(*)
Milhões
sociais
com Contrib./PIB sem Contrib./PIB
escudos
Milhões
escudos
Milhões
escudos
escudos
342.817
188.153
25.784
162.368
54,9%
47,4%
405.744
247.302
34.165
213.138
61,0%
52,5%
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 55
1975
1976
1980
1985
1990
1995
ANOS
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
(E)
IRC2
469.776
561.947
1.476.316
4.131.014
10.072.063
15.912.873
PIB
Milhões
euros
106.498
114.192
122.270
129.308
135.434
138.582
144.128
149.123
155.125
162.811
166.226
163.785
321.150
44.169
276.981
373.076
51.772
321.305
772.260
137.536
634.724
1.894.891
422.554
1.472.337
4.505.870
972.792
3.533.078
7.535.440
1.968.248
5.567.193
Remunerações
Remunerações
com
Contribuições
sem
Contribuições
Sociais
contribuições
(*)
Milhões euros
sociais
Milhões euros
Milhões euros
52.457
14.902
37.555
56.269
15.781
40.488
61.083
17.470
43.613
64.349
18.513
45.836
67.622
19.545
48.077
69.431
20.635
48.796
71.693
21.227
50.466
75.197
23.056
52.141
77.630
23.883
53.747
80.147
25.405
54.742
83.344
26.319
57.024
81.638
25.864
55.773
68,4%
66,4%
52,3%
45,9%
44,7%
47,4%
% Rem. c/
Contr./PIB
59,0%
57,2%
43,0%
35,6%
35,1%
35,0%
% Rem. s/
Contr./PIB
49,3%
49,3%
50,0%
49,8%
49,9%
50,1%
49,7%
50,4%
50,0%
49,2%
50,1%
35,3%
35,5%
35,7%
35,4%
35,5%
35,2%
35,0%
35,0%
34,6%
33,6%
34,3%
49,8%
34,1%
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 56
Incremento do consumismo
Consumismo - é o ato de consumir produtos e/ou serviços,
indiscriminadamente, sem noção de que podem ser nocivos ou prejudiciais
para a nossa saúde ou para o ambiente. Há várias discussões a respeito do
tema, entre elas o tipo de influência que as empresas, por meio da propaganda
e da publicidade, bem como a cultura industrial, por meio da TV e do cinema,
exercem nas pessoas. Muitos alegam que elas induzem ao consumo
desnecessário, sendo este um fruto do capitalismo e um fenômeno da
sociedade de agora.
Os comportamentos de compra
Racional: O consumidor sabe o que quer comprar e compara preços. As vezes
influencia-se pela promoção e pela publicidade, mas o resultado pode ser o
oposto caso se sentir enganado.
IRC2
Globalização e Comércio: Atores do Sistema Mundo Ruan Medeiros 57
Impulsivo: O ato de comprar serve para canalizar o estresse, reforçado pelo
próprio shopping center ou supermercado, produzindo uma sensação de prazer
imediato.
Compulsivo: Para esse tipo de comprador, a necessidade de comprar é
comparável à de umviciado em drogas. Para os psiquiatras, trata-se de um
sintoma de uma desordem emocional. O consumo se dá como uma forma de
compensar um vazio, de sentir-se acompanhado, ainda que seja por um objeto.
Tipos de consumidores
Consumidor individualista
O consumidor ndividualista é aquele que está preocupado com seu estilo de
vida pessoal. Nesse caso compra pelo desejo e prazer de ter o que quer.
Consumidor eficiente
O consumidor consome de modo eficiente, cuidando do seu bolso e do seu
gosto. Costuma pesquisar preços antes da compra e zela pela qualidade dos
serviços e produtos que consome.
Consumidor consciente
O consumidor acredita na possibilidade de contribuir para mudanças locais e
planetárias por meio de seu ato de consumo.
Consumidor responsável
O consumidor leva em consideração as informações recebidas sobre produtos e
empresas. Sendo assim, não compra um produto se receber a informação
dizendo, por
exemplo, que ele
ou empresa que o
produz prejudicam
o meio ambiente.
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Homogeneização de modos de vidaIncremento do consumismo
A publicidade e a Ciência a serviço da Globalização vêm tentando
homogeneizar o modo de vida ocidental; ou seja, tornar igual os padrões de
consumo e beleza em todo este continente, em síntese o interesse é formar
um corpo único; formando indivíduos alienados e coisificados, onde “parecer
bem determina o estar bem”. (SILVA, 2001, p. 65).
A busca obsessiva por um corpo perfeito, dentro dos padrões estéticos
referidos no primeiro parágrafo, na modernidade, é avassaladora, basta
analisar as intenções dos muitos praticantes de atividades físicas, para
perceber que muitas vezes não há naquela prática de exercícios nenhuma
preocupação com os aspectos emocionais e da saúde; o importante parece ser
o ganho imediato e muitas vezes até irresponsável do padrão de corpo
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midiático, ou seja, os praticantes querem resultados rápidos a todo custo e em
curto prazo, para ganharem o corpo que desejam, ou que lhes adestraram a
ter, sem se preocuparem com os malefícios futuros que isso possa acarretar.
A questão do “apelo social” é forte, em geral as pessoas não querem ficar
bonitas para si, mas sim para serem apreciadas pelos outros, sendo melhores
“aceitas” pelo grupo social a que pertence; pois a Ciência passou a
homogeneizar o corpo e o perfil de beleza, fazendo com que o igual venha a
ser desejável e o diferente desprezado. Essa política autoritária está
mobilizando milhões de pessoas e massacrando outros milhões de corpos,
gerando doenças como anorexia, bulimia e vigorexia; principalmente entre os
adolescentes e mulheres, pois as mesmas tem feito uma leitura simbólica que
a magreza é um caminho para superar a feminilidade doméstica e alcançar o
mundo público.
As informações de como se manter em forma e as formas de se chegar à
aparência de beleza adotada, circulam pelo mundo, atravessam as diferentes
culturas pela força de penetração dos meios de comunicação de massa,
levando a uma homogeneização das tecnologias do corpo como construção de
um sonho.
A sociedade goiana, em nível de globalidade, vem adotando um padrão magro
de beleza, onde a “estética é utilizada como estratégia no julgamento entre o
bom, o mau e o feio; evidenciando o discurso da magreza, ou seja, a favor dos
magros e contra os gordos” (KOWALSKI; FERREIRA, 2007, p.91).
O presente trabalho tem como objetivos identificar e desvelar o padrão
corporal adotado pelos acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação
Física do 4º período, matutino da Universidade Estadual de Goiás – ESEFFEGOEscola Superior de Educação Física e Fisioterapia de Goiás – Unidade
universitária de Goiânia; visualizado através da avaliação antropométrica, no
quesito IMC (Índice de massa corporal).
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-
Estrura do comércio mundial: bens transacionados,
organizações e acordos internacionais.
A Economia, ou ciência económica, consiste na produção, distribuição e
consumo de bens e serviços. O termo economia vem do gregoοικονομία (de
οἶκος , translit. oikos, 'casa' + νόμος , translit. nomos, 'costume ou lei', ou
também 'gerir, administrar': daí "regras da casa" ou "administração
doméstica".
É também a ciência social que estuda a atividade económica, através do
desenvolvimento da teoria económica, e que tem na administraçãoa sua
aplicação. Os modelos e técnicas atualmente usados em economia evoluíram
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da economia política do final do século XIX, derivado da vontade de usar
métodos mais empíricos à semelhança das ciências naturais. Pode representar,
em sentido lato, a situação económica de um país ou região; isto é, a sua
situação conjuntural (relativamente aos ciclos da economia) ou estrutural.
A economia é geralmente dividida em dois grandes ramos: a microeconomia,
que estuda os comportamentos individuais, e amacroeconomia que estuda o
resultado agregado dos vários comportamentos individuais. Atualmente, a
economia aplica o seu corpo de conhecimento para análise e gestão dos mais
variados tipos de organizações humanas (entidades públicas, empresas
privadas, cooperativas etc.) e domínios (internacional, finanças,
desenvolvimento dos países, ambiente, mercado de trabalho, cultura,
agricultura, etc.).
Outras formas de divisão da disciplina são: a distinção entre economia positiva
("o que é", que tenta explicar o comportamento ou fenômeno econômico
observado) e economia normativa ("o que deveria ser", frequentemente
relacionado com políticas públicas); a distinção entreeconomia ortodoxa,
aquela que lida com o nexo "racionalidade-individualismo-equilíbrio", e a
economia heterodoxa, que pode ser definida por um nexo "instituições-históriaestrutura social".
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Comécio justo: principios e objetivos
Trata-se de um movimento social e uma modalidade de comércio internacional
que busca o estabelecimento de preços justos, bem como de padrões sociais e
ambientais equilibrados nas cadeias produtivas, promovendo o encontro de
produtores responsáveis com consumidores éticos.
A ideia de um comércio justo surgiu nos anos 1960 e ganhou corpo em 1967,
quando foi criada, na Holanda, a Fair Trade Organisatie. Dois anos depois, foi
inaugurada a primeira loja de comércio justo. O café foi o primeiro produto a
seguir o padrão de certificação desse tipo de comércio, em 1988. A experiência
se espalhou pela Europa e, no ano seguinte, foi criada a International Fair
Trade Association, que reúne atualmente cerca de 300 organizações em 60
países.
O movimento dá especial atenção às exportações de países em
desenvolvimento para países desenvolvidos, como artesanato e produtos
agrícolas. Em poucas palavras, é o comércio onde o produtor recebe
remuneração justa por seu trabalho.
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O movimento dá especial atenção às exportações de países em
desenvolvimento para países desenvolvidos, como artesanato e produtos
agrícolas. Em poucas palavras, é o comércio onde o produtor recebe
remuneração justa por seu trabalho.
Alguns países têm consumidores preocupados com a sustentabilidade e que
optam por comprar produtos vendidos através do comércio justo. Esta opção
ética tem permitido aos pequenos produtores de países tropicais viver de
forma digna ao fazeram a opção pelaagroecologia, como agricultura orgânica.
O comércio justo é definido pela News! (a rede europeia de lojas de comércio
justo) como "uma parceria entre produtores e consumidores que trabalham
para ultrapassar as dificuldades enfrentadas pelos primeiros, para aumentar
seu acesso ao mercado e para promover o processo de desenvolvimento
sustentável. O comércio justo procura criar os meios e oportunidades para
melhorar as condições de vida e de trabalho dos produtores, especialmente os
pequenos produtores desfavorecidos. Sua missão é promover a equidade
social, a proteção do ambiente e a segurança econômica através do comércio e
da promoção de campanhas de conscientização".
Princípios
A preocupação e o respeito pelas pessoas e pelo ambiente, colocando as pessoas acima do
comerciante;
A criação de meios e oportunidades para os produtores melhorarem as suas condições de
vida e de trabalho, incluindo o pagamento de um preço justo (um preço que cubra os
custos de um rendimento aceitável, da protecção ambiental e da segurança económica);
Abertura e transparência quanto à estrutura das organizações e todos os aspectos da sua
actividade, e informação mútua, entre todos os intervenientes na cadeia comercial, sobre
os seus produtos e métodos de comercialização;
Envolvimento dos produtores, voluntários e empregados nas tomadas de decisão que os
afectam;
A protecção dos direitos humanos, nomeadamente os das mulheres, das crianças e dos
povos indígenas;
A consciencialização para a situação das mulheres e dos homens, enquanto produtores e
comerciantes, e a promoção da igualdade de oportunidades;
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A promoção da sustentabilidade através do estabelecimento de relações comerciais
estáveis de longo prazo;
educação e a participação em campanhas de sensibilização;
produção tão completa quanto possível dos produtos comercializados no país de origem.
Medidas para diminuir os impactos negativos da
globalização
A globalização afeta todas as áreas da sociedade, principalmente
comunicação, comércio internacional e liberdade de movimentação, com
diferente intensidade dependendo do nível de desenvolvimento e integração
das nações ao redor do planeta.
1 - Princípios ambientalistas
Estabeleça compromissos, padrões ambientais que incluam metas possíveis de serem
alcançadas.
2 - Investigue processos
Verifique os recursos utilizados e o resíduo gerado. Confira se há desperdício de matéria-
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prima e até mesmo de esforço humano. A meta será encontrar meios para reduzir o uso
de recursos e o desperdício.
3 - Política ecológica
Priorize a compra de produtos ambientalmente corretos. Existem certos produtos que não
se degradam na natureza. Procure certificar-se, ao comprar estes produtos, de que são
biodegradáveis. Procure por produtos que sejam mais duráveis, de melhor qualidade,
recicláveis ou que possam ser reutilizáveis. Evite produtos descartáveis não reciclados
como canetas, utensílios para consumo de alimentos, copos de papel, etc.
4 - Incentive seus colegas
Fale com todos a sua volta sobre a importância de agirem de forma ambientalmente
correta. Sugira e participe de programas de incentivo como a nomeação periódica de um
‘campeão ambiental’ para aqueles que se destacam na busca de formas alternativas de
combate ao desperdício e práticas poluentes.
5 - Não desperdice
Ajude a implantar e participe da coleta seletiva de lixo. Você estará
contribuindo para poupar os recursos naturais, aumentar a vida útil dos
depósitos de lixo, diminuir a poluição. Investigue desperdício com energia e
água. Localize e repare os vazamentos de torneiras. Desligue lâmpadas e
equipamentos quando não estiver utilizando. Mantenha os filtros do sistema de
ar-condicionado e ventilação sempre limpos para evitar desperdício de energia
elétrica. Use os dois lados do papel, prefira o e-mail ao invés de imprimir cópias
e guarde seus documentos em disquetes, substituindo o uso do papel ao
máximo. Promova o uso de transporte alternativo ou solidário, como planejar
um rodízio de automóveis para que as pessoas viajem juntas ou para que usem
bicicletas, transporte público ou mesmo caminhem para o trabalho. Considere
o trabalho a distância, quando apropriado, permitindo que funcionários
trabalhem em suas casas pelo menos um dia na semana utilizando correio
eletrônico, linhas extras de telefone e outras tecnologias de baixo custo para
permitir que os funcionários se comuniquem de suas residências com o
trabalho
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6 - Evite poluir seu ambiente
Faça uma avaliação criteriosa e identifique as possibilidades de diminuir o uso de
produtos tóxicos. Converse com fornecedores sobre alternativas para a substituição de
solventes, tintas e outros produtos tóxicos. Faça um plano de descarte, incluindo até o
que não aparenta ser prejudicial como pilhas e baterias, cartuchos de tintas de
impressoras, etc. Faça a regulagem do motor dos veículos regularmente e mantenha a
pressão dos pneus nos níveis recomendáveis. Assegure-se de que o óleo dos veículos
esteja sendo descartado da maneira correta pelos mecânicos.
7 – Evite riscos
Verifique cuidadosamente todas as possibilidades de riscos de acidentes ambientais e
tome a iniciativa ou participe do esforço para minimizar seus efeitos. Não espere
acontecer um problema para só aí se preparar para resolver. Participe de treinamentos e
da preparação para emergências.
8 - Anote seus resultados
Registre cuidadosamente suas metas ambientais e os resultados alcançados. Isso ajuda
não só que você se mantenha estimulado como permite avaliar as vantagens das
medidas ambientais adotadas.
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9 – Comunique-se
No caso de problemas que possam prejudicar seu vizinho ou outras pessoas, tome a
iniciativa de informar em tempo hábil para que possam minimizar prejuízos. Busque
manter uma atitude de diálogo com o outro.
10 - Trabalho voluntário
Não adianta você ficar só estudando e conhecendo mais sobre a natureza. É preciso
combinar estudo e reflexão com ação. Considere a possibilidade de dedicar uma parte do
seu tempo, habilidade e talento para o trabalho voluntário ambiental a fim de fazer a
diferença dando uma contribuição concreta e efetiva para a melhoria da vida do planeta.
Você pode, por exemplo, cuidar de uma árvore, organizar e participar de mutirões
ecológicos de limpeza e recuperação de ecossistemas e áreas de preservação
degradados, resgatar e recuperar animais atingidos por acidentes ecológicos ou mesmo
abandonados na rua, redigir um projeto que permita obter recursos para a manutenção de
um parque ou mesmo para viabilizar uma solução para problema ambiental, fazer
palestras em escolas, etc.
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